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Gráfico 3 - Perfil das vítimas por raça e etnia em 2021
from O Culpado
by Rede Código
E, por fim, um levantamento dos elementos mais comuns nos casos analisados nesses últimos anos, até 2021.
Gráfico 3 - Perfil das vítimas por raça e etnia em 2021 (%)
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Fonte: Fonte: Dossiê (2022)
À vista destes apontamentos, conseguimos ter um panorama claro de como as pessoas transexuais, especialmente as mulheres trans negras,são tratadas no Brasil. São diversos índices que mostram a necessidade de pessoas trans terem visibilidade, representatividade. Levando em consideração o que diz a pesquisa, As séries são as grandes protagonistas do entretenimento audiovisual da atualidade, da NBCUniversal, fechamos este tópico com a seguinte afirmação: “Por entenderem o movimento da sociedade em buscar pertencimento, as séries exercemseu caráter democrático e representativo para mostrar nas telas os mais diferentes grupos e comunidades. E isso contribui demais para gerar empatia e diversidade” (GENTE.GLOBO, 2021).
3 BÍBLIADEPRODUÇÃO
3.1 Título do Projeto
Adefinição dotítulo induz o raciocínio central da série aotelespectador, já enquadrando o suspense a ser exibido na história e evidenciando de forma intrínseca o sentido de que o personagem principal é/ou está em busca do transgressor que cometeu um assassinado. Em contraponto, O Culpado traz também uma reflexão no que diz respeito à expressão de culpa e suas vertentes. O que é a culpa? É a ação que causou o delito? Ou a culpa é a ação do crime em si? Quem presenciou um ato de dano a alguém e não interferiu é intitulado culpado? Quem endossa atitudes de outras pessoas de forma indireta pode ser culpado também? E se o indivíduo foi criado seguindo preceitos não éticos e imorais, é responsável por seus danos? Ou seus responsáveis são os autores? Para melhor esclarecimento, o dicionário Michaelis (2022) define o termo culpa: 1 Responsabilidade por algo, condenável ou danoso, causado a outrem. 2 Transgressão à lei; crime, delito. 3 Atitude ou omissão que possa causar dano ou desastre a outrem. Contudo, segundo a Academia Escola de Filosofia Livre (2021), a denominação culpa advém dos seguintes juízos, sendo o primeiro: “A culpa sempre advém de um posicionamento
contra nós mesmos e a favor da ignorância. Culpa é atribuir a outrem ou a si mesmo a responsabilidade por um comportamento repreensivo ou criminoso, um mal ou erro cometido” (ACADEMIA ESCOLA DE FILOSOFIA LIVRE, 2021). E o segundo: “O início da culpa é quando nos acusamos assumindo um fardo, seu término é quando reconhecemos asverdadeiras causase decidimos mudar”(ACADEMIA ESCOLA DE FILOSOFIA LIVRE, 2021). Este título pretende instigar essas e outras questões ao longo dos episódios, abordando reflexões associadas à culpa, à responsabilidade ética, moral e social principalmente tratando de casos vividos por pessoas transexuais.
3.2 Premissa
Baseado no livro Story (2006), de Robert Mckee, a premissa de O Culpado foi escrita embasada no questionamento “E se...?” Que é a primeira frase da criação sobre o que quer abordar no projeto. Ela vai te guiar por todo o desenvolvimento.
➢ E se um jovem que perdeu uma parte de sua memória por um trauma sofresse com flashes que revelariam um assassinato de uma mulher transexual?
3.3 Logline
Um policial federal atormentado pela morte de sua noiva sofre com lapsos de memória que dão indícios de um assassinato.
3.4 Storyline
Edu, um policial federal, é afastado de seu cargo devido à amnésia dissociativa após a morte de sua noiva, a promotora Valentina. Intrigado, ele busca por respostas e descobre um segredo de ocultação sobre morte de pessoas transexuais no Brasil e desconfia que o culpado seja seu parceiro na polícia. Em paralelo, ele está sendo investigado por seu cunhado, Pedro. Edu terá que correr contra o tempo para provar sua inocência e encontrar o verdadeiro culpado.
3.5 Sinopse Curta da Temporada 1
O Culpado
Eduardo é um jovem mineiro, policial federal que acabou de perder sua noiva. Com sua memória afetada pelo trauma, passa a sofrer com fortes dores de cabeça como flashes que dão indícios de um assassinato. Intrigado,elee seu cunhado buscamrespostas, atése depararcomum segredo e comum esquema de ocultação. O culpado está mais perto do que ele imagina.
3.6 Sinopse dos Episódios
Episódio 01 – O fim (Piloto)
Um policial federal sofre de amnésia dissociativa após presenciar um trauma, a morte de sua noiva. Abalado e confuso, ele decide tirar férias no distrito Monte Verde-MG, até que dores de cabeça expõem cenas de um suposto assassinato.
Episódio 02 - Nem tudo é o que parece
Eduardo volta ao trabalho e inicia uma investigação de um suposto suicídio. Em paralelo, as dores de cabeça continuam, e ele decide anotar as cenas que aparecem. Desconfia ser algo relacionado à sua noiva, porém, seu psicólogo da polícia faz de tudo para ele
desvencilhar essa ligação.
Episódio 03 – Quem é ele?
Pedro desacredita que a morte de sua irmã tenha sido acidental, ele tem certeza de que a polícia esconde algo. Ele relembra conversas com Valentina em que ela expunha atitudes grosseiras e agressivas de Edu, e decide se aproximar para investigá-lo ilegalmente. Até descobrir que Edu não era tão honesto assim.
Episódio 04 – Caminho certo
Eduardo descobre que o suposto suicídio foi, na verdade, um assassinato e começa a ligar os flashes com a morte de Valentina. Ao compartilhar essa informação com seu chefe, ele decide trocá-lo de função alegando estar delirando.
Episódio 05 – Amigo da onça
Após o afastamento entre Edu e seu parceiro de trabalho, Guto, Augusto tenta se reconciliar com o amigo, dizendo estar arrependido de tudo que fez. Edu decide pedir a ajuda de Guto para descobrir a história real sobre a morte de sua noiva.
Episódio 06 – 1° Culpado
Augusto tenta encontrar alguns arquivos para descobrir algo sobre a morte de Valentina. Porém, é impedido por alguns colegas. Eduardo tenta contato com Pedro para ajudar na investigação. Pedro, sabendo de toda a verdade, decide que é hora de enfrentá-lo.
Episódio 07 – O remorso
Eduardo volta a Monte Verde e faz uma análise sobre ele, suas atitudes, as pessoas à sua volta e busca em sua crença respostas. A desconfiança das pessoas sobre ele o faz acreditarque sua parcela de culpa é muito maior do que a do assassino.
Episódio 08 – A razão
Próximo da descoberta o círculo começa a fechar, proibições severas em seu serviço o impedem de encontrar com maior facilidade os suspeitos. Em sua igreja, ele decide desabafar com o padre que o conhece desde criança. Reflexivo, ele passa a buscar uma razão pelo assassinato e, através de uma frase, ocorrerá seu conflito: Amor vs. Religião.
Episódio 09 – Peça final
Eduardo,GutoePedroestãoembuscadoverdadeiroculpado.Algunssuspeitos,algumas provas, mas nada que concretize sua desconfiança. Até que um último flashe é a peça final desse quebra-cabeça.
Episódio 10 – O começo
A descoberta de quem assassinou Valentina é inesperada. Guto pega Eduardo e o leva ao manicômio alegando ter enlouquecido. Edu não resiste ao saber que o culpado estava mais próximo do que ele imaginava e comete uma ação inusitada.
3.7 Argumento do Episódio Piloto
Belo Horizonte. Numa manhã cinzenta, Edu (32anos) anda cabisbaixo por umcemitério (Placa: Cemitério do Bonfim). Ele caminha até o local onde sua noiva Valentina tinha sido enterrada dias atrás. Edu senta-se próximo ao túmulo, analisa a vista, abaixa a cabeça e,olhando para as flores, começa a chorar. Entre lágrimas conversa com o túmulo de Valentina buscando entender o que houve – ele olha para o céu e questiona Deus o porquê de ter tirado a vida de Valentina tão repentinamente? Edu se debruça e abraça suas pernas chorando desesperadamente, ele ergue a cabeça e toca a lápide (Lápide: Valentina Novais ★ 1990 – 2022 ✟) com cuidado, como se estivesse fazendo um carinho, e diz em voz alta: “Eu ainda não entendi o que aconteceu com você, amor. Desde quando eu soube da notícia sofri um apagão, acordei no hospital horas depois e não consigo me lembrar de nada desde o ocorrido, o que aconteceu?” Edu bate na cabeça com as mãos, e em seu rosto lágrimas correm, ele continua: “Ninguém quer me falar nada, a única coisa que lembro é que acordei em um hospital aquela madrugada. Eu preciso de respostas, você não merecia isso. Eu juro que vou investigar o que aconteceu, nem que seja a última coisa que eu faça” . Edu se despede acariciando a lápide e diz que voltará amanhã como tem feito todos os dias. Edu se levanta limpando o rosto e, ao erguer a cabeça,avista de longe,perto de uma grande árvore, seu amigo e parceiro da polícia chamado Guto (33 anos). Edu automaticamente franze as sobrancelhas e sem acreditar no que está vendo, ao reconhecer Guto, começa a ranger os dentes e serrar os punhos, sua expressão mostra braveza e descontentamento.
Edu rapidamente dá as costas e anda de forma acelerada rumo à saída. Cinco passos depois, olha para trás e vê Guto andando, vindo em sua direção. Edu se desespera e começa a correr até seu carro, e Guto passa a acelerar o passo para ir ao encontro do amigo. Edu chega em seu carro, procura as chaves no bolso e abre a porta rapidamente, solta a arma do coldre e, ao sentar-se, coloca-a em cima do banco do passageiro junto com sua carteira da polícia e seu distintivo.
Edu vira-se para a frente e soca o volante inúmeras vezes, mostrando um comportamento agressivo, xingando palavrões. Guto corre até o carro de Edu e fica batendo no vidro, e diz que quer conversar. Edu olha para o lado com a cara fechada, sisudo e balança a cabeça em negação com um ar de incredulidade.Guto,através da janela, diz não ter culpa pelo que aconteceu com Valentina. Edu vira para frente, coloca as mãos no volante e abaixa a cabeça, liga o carro, mas não sai do lugar. Guto insiste em bater no vidro chamando por ele, pedindo para esperar. Edu ergue a cabeça com um olhar explosivo, rangendo os dentes, ao mesmo tempo começa a acelerar o carro, engata a ré e lentamente abaixa o vidro, respirando fundo. Ele diz para Guto: “Você sabe o que você fez e vai pagar por isso, mais cedo ou mais tarde”. Edu pega a arma no banco do lado e mostra para ele. O carro sai acelerado do estacionamento. Guto demonstra surpresa com a atitude de Edu, ele coloca suas mãos sobre a cabeça, respira fundo e diz: “Você nunca foi assim!”
Edu coloca o carro numa vaga de estacionamento de um prédio, ele desliga o carro e olha em direção ao banco do passageiro, tira a arma de lá e coloca-a em seu colo. Edu passa a mão sobre o banco de um lado para o outro, com um olhar vazio. Vira-se novamente com o corpo para frente, olha ao redor e fixa seu olhar no retrovisor, onde ele nota algo com uma expressão de desconfiança. Após 5 segundos, ele desvia o olhar, observando o estacionamento silencioso e sem ninguém. Quando rapidamente ele vê um vulto pelo retrovisor e se mantém olhando por mais um tempo. Ele então não avista mais nada, abre a porta do carro, se projeta para fora já inserindo a arma de volta no coldre e cobrindo com a camisa.
Edu se levanta e anda em direção ao elevador, desconfiado, vira-se para direita de forma disfarçada sem quase nenhum movimento, apenas enxergando com sua visão periférica, mas não avista ninguém. Já com a mão direita posicionada no coldre, ele volta seu rosto para frente e olha o reflexo na porta do elevador e vê uma sombra. Edu rapidamente olha para trás e não vê ninguém.
Ele solta o coldre, cobre com a camisa e sobe as mãos até o rosto, esfregando a mão nos olhos, murmurando que deve estar delirando. Edu chega até o elevador e aperta o botão, aguardando o elevador, ele fica de cabeça baixa mexendo nas chaves que estão em suas mãos. Após a chegada no elevator, Edu aperta o botão do andar X, as portas se fecham e começa a subir. O elevador chega em seu andar, Edu caminha até uma porta, olha o molho de chaves em sua mão esquerda e pega a chave certa, coloca na porta e a abre lentamente. Edu entra em casa e olha ao redor, seu olhar para na sala de estar. Na mesa de centro se encontra uma caixa com a tampa meio aberta, com alguns pertences: fotos, cartas, arquivos, celular e outros. Ao redor da caixa e no chão algumas garrafas de vodca e outras bebidas. Edu respira fundo e joga as chaves em cima da mesa, anda até a cozinha e pega mais uma garrafa, abre e vira um gole. Edu anda para a sala com a garrafa na mão, acende a luz, senta-se no chão, tira o coldre e coloca a arma ao lado no chão e começa a retirar algumas coisas da caixa. O primeiro objeto é uma pasta cheia de arquivos do serviço de Valentina na promotoria. Edu coloca-os de lado, em seguida, ele tira de um porta-retrato com três partes uma foto de Edu e Valentina, uma foto com um casal mais velho e uma foto com um rapaz. Edu abre o porta-retrato, acaricia a parte das fotos que contém Valentina, até que repentinamente ecoa o som do interfone rompendo o silêncio e tirando Edu do transe. Edu posiciona o porta-retrato no rack da sala e rapidamente se levanta, anda até a cozinha e atende o interfone.
No interfone, o porteiro pede para Edu retirar uma encomenda. Edu pergunta quem fez a entrega? O porteiro diz não saber “um garoto deixou aqui”. Edu acha estranho, mas diz que vai descer para buscar. Ao retornar, Edu revira a encomenda à procura de informações e não encontra nada, nenhum nome, nenhum endereço, apenas uma frase “A expurgação de Deus começou, estejaivos preparados. Ass. Um de seus discípulos” . Edu acha que foi engano e liga para a portaria, perguntando: “Tem certeza que isso é pra mim?” – o porteiro responde: “Sim, senhor, o garoto disse seu nome, para Eduardo Xavier, apartamento número 702”. Edu agradece e desliga o interfone. Olha intrigado para encomenda. Edu coloca a encomenda sobre a mesa e quando começa abrir o interfone toca novamente. Edu anda até a cozinha e atende o interfone. O porteiro diz que o senhor Ramos deu uma carteirada e está subindo, pede desculpas e diz que não conseguiu avisar antes. Edu
murmura: “caracas, o chefe!” . Edu se mostra desesperado e desliga na cara do porteiro. Edu corre até a sala e pega algumas garrafas, alguém bate na porta com muita força assustando Edu. Ele derruba uma garrafa no chão quebrando-a. Edu solta as outras garrafas e novamente batidas na porta, chamando-o: “Xavier, eu sei que está aí, abra logo esta porta”. Edu corre prontamente e abre a porta, bate continência e pede desculpas pela demora. Ramos diz que tudo bem e pergunta: “Não vai me convidar para entrar?” Edu fica sem graça, olhando para
baixo e diz que a casa não está apresentável. Ramos possui um envelope nas mãos, entra de forma forçosa e diz “eu não tenho frescuras, precisamos conversar” . Edu olha assustado, fecha a porta e corre para retirar as garrafas da sala e limpar a garrafa que quebrou. Ele pede desculpas pela desordem e diz para seu chefe se sentar no sofá. Ramos fica reparando em toda a desordem: roupas jogadas, pia cheia de louça, bebidas espalhadas pela sala, papéis espalhados no rack e na mesa da cozinha. Ramos olha para Edu arrumando as coisas na sala e questiona-o: “Como você está
hoje?” Edu olha para trás e diz “Estou indo, chefe. O luto é um processo que não imaginei
passar nem tão cedo, ela era o amor da minha vida e morreu tão jovem”. Os olhos de Edu se enchem de lágrimas. Ele vira as costas para Ramos e enxuga as lágrimas, pedindo desculpas por não se segurar. Ramos o chama para sentar-se, ele larga tudo e senta-se de frente para Ramos. Ramos começa a falar sobre o suporte psicológico que a polícia vai oferecer para ele, contando que vão entrar em contato e que será obrigatório esse acompanhamento durante um tempo.
Ramosconduz a conversa de maneira que aparente uma certa preocupação por ele, como um cuidado de pai para filho, pois mesmo o chefe sendo rígido e sério, sempre reconheceu todo o trabalho e esforço de Edu nos casos, assim como sabe de sua capacidade de investigação, levando em consideração que ele já ganhou inúmeras condecorações. Por fim, a proposta sugerida para Edu é que ele seja transferido para outro departamento de forma temporária, até ele conseguir organizar sua vida e se recuperar do incidente. Edu abaixa a cabeça reflexivo e tenta arrancar alguma informação sobre a morte de Valentina com Ramos. Ele, irredutivel, diz “Não posso falar sobre esse caso com você e você
sabe disso, na hora certa, vamos saber o que ocorreu. Agora o que você acha sobre essa proposta?” Edu se desespera, dizendo que agora o trabalho seria o seu escape e a ajuda que ele precisaria “é a única coisa que posso fazer”. Ramos pede calma e diz que ele não vai ser
demitido, apenas vai trabalhar em um ambiente mais pacato, sem ir para as ruas, alegando “nós
nos preocupamos com você” e expondo “eu já passei por isso, perdi o amor da minha vida. Eu, como ninguém, sei como fica a cabeça de um soldado nessas situações, você vai precisar desse outro ritmo de trabalho e nós estaremos te esperando assim que o psicólogo te liberar” . Ramos abre um envelope que estava em seu colo, conta que é um aviso de férias e diz “Aproveita esses dias e vá visitar sua família, vá respirar novos ares, vai te fazer bem”. Edu mostra-se inquieto, mexendo as mãos, o pé não para de balançar, estende a mão e pega o envelope, abaixa a cabeça com o olhar mirando no papel, leva a mão até o pescoço e aperta demonstrando tensão. Edu olha para os lados e fala “Eu não posso te deixar na mão” –
Ramos diz “Não deixará, se eu precisar de algo, mando te chamar”.
Edu levanta-se e sai em direção ao quarto. Ramos levanta-se e olha em cima da mesa, verifica se a encomenda foi realmente entregue, põe a mão no bolso e tira uma caneta, olha para ela. Ramos com a caneta em mãos levanta levemente a tampa da caixa olhando para dentro e ouve Edu soltar um grito do quarto “Achei!
Ramos se assusta e rapidamente volta a se sentar na mesma posição de antes. Edu volta para a sala com uma caneta nas mãos. Ramos está no mesmo lugar.Edu sentase, pega o papel das férias, assina e entrega de volta para Ramos. Edu oferece um café e Ramos aceita. Edu levanta-se anda até a cozinha e Ramos
continua a puxar assunto, perguntando “Você já recebeu as coisas dela?” Edu, distraído, responde que sim e acaba soltando “inclusive recebi uma encomenda hoje que não sei quem
enviou, não tem nenhuma informação, mas acho que pode ser mais coisas dela” . Ramos acena que sim com a cabeça e diz “Sim, é preciso olhar, né?!” E Ramos puxa conversa com Edu, perguntando sobre a família de Valentina, o trabalho dela etc.; Edu fala de forma natural sobre ela, mas sempre escondendo o fato de ela ser uma mulher transexual. Após uma xícara de café, Ramos tenta confortá-lo dizendo: “Deus sabe o que faz. Não podemos questionar os planos de Deus”. Edu se surpreende com a frase de Ramos e faz uma cara de incredulidade, ele junta as sobrancelhas e abaixa levemente a cabeça expressando sua decepção com Deus e faz balanço de negação com a cabeça olhando para baixo. Ramos coloca a mão sobre o ombro de Edu e diz “Deus te abençoe, espero que volte a frequentar nossa igreja novamente” . Edu diz “É, um dia quem sabe... ”
Ramos se despede e diz que precisa ir . Edu agradece a visita e agradece por Ramos se preocupar com ele, leva-o até a porta e se despedem. Ao fechar a porta e caminhar em direção à sala, Edu repentinamente sobe as mãos em
cima da cabeça, pisca inúmeras vezes, tentando manter os olhos abertos. Edu vai recostando na parede e desce escorrendo lentamente, até sentar-se no chão, com a cabeça baixa e os olhos fechados.
– Surge um flash de luz. (Flashback) É noite. Edu entra num carro, senta-se. O celular toca, Edu põe a mão no bolso, pega-o e desbloqueia-o. Na tela do celular aparece a foto de Valentina e o contato que está ligando “Meu amor” (fim do Flashback). Edu abre os olhos com dificuldade, franzindo a sobrancelha e balançando a cabeça, ele sobe as mãos e segura a cabeça, tonto tenta se levantar devagar, ao ficar de pé ele sai em direção à cozinha. Edu entra na cozinha, abre o armário, pega um cápsula de remédio, pega um copo d’água e toma-o ollhando para janela, ao virar-se ele fica encarando a encomenda que recebeu mais cedo.
Ele respira fundo, olhando fixamente para a encomenda, decide abri-la. Ao levantar as bordas da caixa, surge um diário. Edu intrigado tira-o da caixa e se depara com um bilhete preso na capa escrito “Para o seu bem, foi melhor assim” . Edu automaticamente se enfurece e dá um tapa na caixa que vai ao chão. Ao lado de Edu no balcão da cozinha tem uma garrafa de vodca. Edu rapidamente pega-a, abre-a e vira vários goles direto da garrafa. A feição de Edu se transforma, seu olhar fica vazio e maldoso, ele expressa raiva, seu rosto vai ficando vermelho como se estivesse prestes a explodir. Ele fecha uma das mãos e dá uma porrada na mesa, pega as chaves do carro em cima da mesa, anda em direção à porta, abrea, fecha a porta e anda em direção ao elevador. Edu desce do elevador no estacionamento e anda até o carro com as chaves na mão. Edu
pensa em voz alta “Não acredito que o Guto teve coragem de fazer isso comigo!” Edu se aproxima do carro, coloca a chave na porta e abre-a. Após abri-lá , Edu senta-se no banco, coloca a chave na ignição e passa o cinto pelo tórax. Edu vira a chave e sai acelerando do estacionamento.
Edu dirigindo passa por algumas ruas, acessa uma avenida e em poucos minutos pega uma rua principal, larga e reta. Edu vai parando o carro de forma abrupta, rapidamente tira o cinto e abre a porta do carro. Edu sai do carro e solta a porta, caminha batendo os pés de forma forte no chão. Edu para na frente de uma bela casa e começa a socar a porta de forma violenta, gritando palavrões “Aparece seu filho da puta, frouxo!” e chamando por Guto “Se você for homem apareça”.
A porta se abre e Guto rapidamente espia. Guto esta terminando de abrir a porta quando Edu parte pra cima de Guto, empurrando-o e dando murros e pontapés. Guto tenta contê-lo, empurrando-o de volta, mas leva um murro. Guto tem um reflexo de devolver o murro e acerta-o no rosto, deixando a bochecha de Edu vermelha. O soco de Guto em Edu foi tão forte que deixa o Edu desnorteado. Edu cambaleia e dá alguns passos para trás, levando sua mão até sua bochecha, verificando se há sangue no local. Edu enfurecido anuncia “Sorte a sua eu ter esquecido minha arma em casa. Você ainda vai pagar por isso!”
Guto se estressa com Edu, pega-o pelo braço de forma bruta e grita na cara dele “Você
está me culpando por quê? Pela morte dela ou pela sua vergonha em ter se relacionado com um traveco?
Edu bate com os cotovelos em Guto e consegue se soltar, Edu volta a ir pra cima de Guto, dando chutes e socos. Guto, após levar um murro no estômago, curva seu corpo para frente, respira fundo e quando se levanta, segura os braços de Edu novamente. Guto olha no fundo dos olhos de Edu e diz “Eu juro que eu não tenho culpa do que
aconteceu com ela, eu juro, me deixa provar”. Edu se sacode e Guto solta-o. Edu dá as costas e vai em direção à porta, olha para trás e articula “Isso ainda não acabou, eu sei do que você é capaz e assim que eu tiver provas contra
você, vou me vingar da pior maneira possível”. Edu sai pela porta aberta da casa de Guto. Começa a garoar. Edu anda em direção ao carro e abre a porta que estava encostada. Edu se senta no banco, vira a chave da ignição e sai acelerando. Guto fica parado em frente à porta de sua casa, balançando a cabeça em negação. Virase para dentro e fecha a porta. Edu segue dirigindo em alta velocidade na avenida principal, está sem cinto de
segurança. Começa a chover forte. Edu estende a mão e pega o celular e desbloqueia-o. Edu digita algo. De repente, em um cruzamento, o carro de Edu colide, violentamente, do lado direito, com um outro carro.
O carro de Edu automaticamente dispara o airbag. Mas o corpo de Edu é lançado para o lado da porta do motorista, ele bate a cabeça e começa a sangrar também no rosto e tem diversos ferimentos pelos braços e no tórax. Após alguns instantes, pessoas começam a rodear os carros, alguns pegam o celular para
ligar para o bombeiro, outros abrem as portas e verificam se há algum batimento cardíaco nos envolvidos do acidente.
Um rapaz vai chegandoperto do carro de Edu e tenta identificar algum movimento, olha para o tórax tentando ver se há respiração. O rapaz olha com estranheza como se lembrasse da fisionomia de Edu de algum lugar. O rapaz pega o celular rapidamente, desbloqueia-o e abre o Instagram, rola o feed e acessa uma foto, onde um homem tem semelhança com a aparência de Edu.
O rapaz liga para alguém e avisa que houve um acidente de carro na avenida X em que ele mora, porém, alguns quilômetros à frente. A voz do outro lado estranha e questiona “Mas
o que aconteceu?”
O rapaz continua “eu acho que ele era seu amigo, Guto!”. Guto na linha pergunta “Como
você acha isso?” O rapaz diz que viu uma foto que se assemelha muito ao homem do acidente. Guto desliga o telefone, passa a mão na chave e sai às pressas, pega sua moto e corre até o local. Guto chega ao local do acidente minutos depois de desligar o celular, ele desce da moto e com o rosto expressando surpresa ergue as mãos na cabeça reconhecendo o carro de Edu, ele questiona o que aconteceu. As pessoas o olham com dó. Guto vai chegando lentamente e seus olhos vão se enchendo de lágrimas, ele se aproxima até o lado do motorista e observa Edu desacordado todo machucado e com seu rosto sangrando.
3.8 Resumo da Temporada
Belo horizonte é a capital de um dos estados mais belos do Brasil, Minas Gerais – um lugar que atrai todos os gostos. Savassi é um bairro nobre situado no centro-sul de Belo Horizonte, com uma arquitetura moderna, diversos atrativos como barzinhos, shoppings, lugares culturais e outros, carrega um ritmo dinâmico e contemporâneo, sendo o lar atual do nosso protagonista. Eduardo Xavier, um jovem policial federal de 32 anos, nascido em Monte Verde (Distrito de Minas Gerais) teve uma infância complexa e cheia de questões intrigantes, sua criação se baseou segundo o termo anacrônico na “família tradicional brasileira”, sendo
interlandinos, católicos, com uma criação mais conservadora e rígida. Seu pai, o senhor José Xavier, era extremamente conservador e seguia a bíblia segundo seus próprios preceitos, tinha um pensamento machista e misógino e suas características muitas vezes trazia um ar de ambiguidade, um fator que sempre trouxe questionamentos para Eduardo, sobre moralidade,
religião, caráter e outros. Contudo, sua mãe, Maria Aparecida, era uma mulher mais amorosa, que sempre tentou (de forma velada) quebrar alguns preceitos que o pai empregava ao garoto, entretanto, ela infelizmente fundamentava algumas crenças enraizadas. Eduardomoraatualmenteem BeloHorizonteefoi láqueconheceu Valentina, sua futura noiva. Valentina Novais, uma mulher transexual de 30 anos, nasceu e viveu em BeloHorizonte, é formada em Direito, cursa sua pós-graduação visando alcançar seu maior sonho, se tornar uma juíza de renome no Brasil, lutando pelo direito à vida de pessoas da comunidade LGBTQIA+, ela almeja desvendar mortes suspeitas e criar uma rede para ajudar esse grupo. Todavia, poucaspessoassouberam de sua mudança de gênero, poisocorreu em seu intercâmbio na Europa. Contudo, Valentina sofre muito internamente devido às agressões que passou ao longo de sua vida e ainda sofre nas redes sociais. Augusto é um amigo do casal, ele trabalha com Edu na polícia e conheceu Valentina na faculdade, porém é um homem com severas falhas de caráter, sempre acha um meio de se aproveitar e é extremamente preconceituoso e autoritário, ele não sabe do “segredo” de Valentina. Descobre meses depois, e ele passa a fazer da vida de Eduardo um inferno, fazendo ameaças, tirando sarro, prometendo expor seu segredo caso não faça certos “favores” para ele
na polícia e aqui procede a complicação progressiva no emprego de Eduardo. Eduardo, no início da amizade com Valentina, quando soube seu segredo, não teve uma boa reação, ficaram dias sem se falar e suas atitudes foram agressivas. O primeiro conflito se desponta, Valentina abre o jogo sobre sua transexualidade, que num primeiro momento choca Eduardo. Alguns dias depois, ele volta atrás e decide que quer se desculpar por sua atitude grosseira. Eles, então, namoram e ficam noivos um ano e meio depois. Tudo fluía bem, Eduardo com um ótimo emprego conseguia ser um destaque na polícia, o queridinho do chefe, (porém sempre amarrado por seu segredo a Augusto) conseguia desvendar os casos e prender os assassinos. Valentina trabalhando como promotora de justiça empenha-se em resolver as causas e ser uma ativista social. Juntos acabaram de comprar uma casa e aguardavam ansiosos o dia do casamento, porém, nem tudo são flores, em diversos momentos Eduardo repetia atitudes de seu pai e Valentina se assustava a ponto de se questionar com quem ela estava se relacionando. Alguns momentos de tensão no relacionamento sempre eram ligados à transexualidade, manter segredo para os familiares dele, alguns amigos, poucas fotos expostas em redes sociais, poucos amigos próximos. Ao mesmo tempo que ele pensava estar protegendo-a, ele a sufocava. Próximo aodia davisitada casa que estáem reforma, o pior acontece. Valentina aparece
morta em uma ocorrência muito suspeita. Pedro, seu irmão de 22 anos, é o primeiro a receber a notícia e automaticamente liga para Eduardo. Ao informar o ocorrido, Eduardo sofre um lapso de memória e desmaia.
Posteriormente ao velório de sua noiva, ele é afastado da polícia por ter atitudes estranhas e perdas de memória. Ao iniciar o processo do luto, ele decide voltar a Monte Verde, para relembrar momentos com a noiva e refletir sobre a vida. Quando surge um flash repentino que indica a cena de um assassinato, a partir daí ele começa a questionar a declaração de óbito recebida. E cada flash acompanhado de fortes dores de cabeça era um indício que ia desvendando esse quebra-cabeça. Um mêsdepois,eleretornaaotrabalho ecomeça adesconfiar de algumas pessoas, em paralelo às investigações de seu trabalho, ele silencioso vai em busca de compreender o ocorrido e descobrir o verdadeiro culpado. Enquanto isso, Pedro, o irmão de Valentina, se revolta após a morte da irmã e passa a desconfiar de Edu. Sendo Pedro um expert de internet, consegue obter inúmeras informações ocultas sobre Eduardo e seus amigos de profissão. O decorrer da série acontece de forma não linear, iniciando na saída dele do cemitério e ao longo do episódio voltar a essas cenas de brigas, ameaças de Augusto em serviço e outros conflitos, todos dando indícios de que Eduardo é o culpado. Pedro também consegue obter muitas informações e conclui que foi um assassinato e que ele teria tido muita ajuda de seus companheiros para bolar o crime. Contudo, Eduardo em cada episódio vai desvendando certas pistas e, ao final do último episódio,eledescobreque,naverdade,quemmatouelafoiumpastoreamigodeanosdafamília dele. Mediante ao preconceito,ele decidiuque tirar a vida dela era oque Deus queria,afinal, ela estava perto de desvendar que ele era o assassino de diversas vítimas, fazia parte de uma seita religiosa que fazia “justiça” na terra, matando pessoas LGBTQIA+, alegando estar fazendo a vontade de Deus.
Ao descobrir, Eduardo tem um surto psicótico, corre até a igreja e começa a torturá-lo. Ele confessa com um sorriso no rosto e nenhum arrependimento, pois dizia estar fazendo aquilo para um bem maior. Eduardo o mata na presença de Augusto, que também frequentava aquela igreja. O amigo, para protegê-lo, tira-o dali às pressas e leva ele a um manicômio, alegando que ele perdeu o juízo. A série encerra com Eduardo sendo medicado na veia e sendo jogado num canto de um quarto branco e vazio. Após meses, ele passa a acreditar que ele a matou, pois deixou ela vulnerável a diversos ataques, em alguns momentos era agressivo e não soube enfrentar pessoas para defendê-la. Ele se mata, pois não aguenta conviver com a culpa de não
ter sido diferente para ela, de não entender a realidade e não lutar com a sua amada. A estória se aprofunda em questões sobre criação que acarreta formação de caráter, dubiedade sobre moral e ética, aborda sobre conceitos de culpa, preconceito e, principalmente, sobre o sistema de ocultação ocorrido no Brasil de assassinatos de pessoas trans, sempre apontando como morte acidental ou natural e quase nunca encontrando seus verdadeiros culpados. Ao final de cada episódio, homenagear pessoas LGBT’Scontando um breve relato de sua história.
3.9 Arco da Temporada
O arco da temporada se regerá a partir da trama principal, que é a investigação sobre a morte de Valentina e a suspeita de alguns assassinos. O segundo é o arco do personagem, a transformação que vai ocorrer com Eduardo ao longo da narrativa. No primeiro momento ele será um cara ingênuo, religioso, conservador que ignora e esconde o fato de ela ser uma mulher transexual. Após a investigação de Pedro, será apresentado um outro Edu, mais agressivo, impaciente e que faz de tudo para ninguém saber que se relaciona com uma mulher trans. Em alguns momentos, as características negativas da criação dele serão dilatadas, ocasião em que se mostram seus conflitos pessoais, em determinadas situações ele mostrará seu pior lado, expondo o que é ser uma pessoa em evolução, ninguém é 100% o tempo inteiro, todos temos conflitos pessoais que divergem com nossas criações, e o processo de evolução provoca a instabilidade. Todavia, sempre buscando evoluir por amor a Valentina. Ao final, ele alcança essa compreensão, frente ao sofrimento da perda dela.
3.10 Plot da Temporada
O plot central será a busca de Edu por respostas sobre a morte de Valentina, pois algumas pessoas dizem que foi morte acidental, e outros dizem ter sido suicídio, porém nenhum documento é concreto. Outros plots serão os suspeitos do assassinato. O fato de Pedro alcançar informações e arquivos que colocam Edu como o principal suspeito será outro plot. E, por fim, o desenrolar das pistas obtidas pelos flashes, a descoberta de quem matou Valentina e a ação de Edu após 5 anos no manicômio.