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Cultura e arte
Relatos que me chegaram à mão de quando os Irmãos Lassalistas assumiram a unidade de ensino, idos de 60, dão a entender que a Banda Marcial La Salle tinha grande renome: “todos os anos, no desfi le por ocasião da Semana da Pátria, [...] a imponente Banda Marcial, composta de cento e dez fi guras e que no recente concurso patrocinado pela Rádio Record obteve o primeiro lugar entre bandas marciais de Colégios Particulares do interior do
Arquivo histórico do Colégio La Salle
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Exposição do Colégio em diferentes locais da cidade nos idos de 1976.
Arquivo histórico do Colégio La Salle
Atividades artísticas dos idos de 1975.
Folha de Botucatu, 1951.
Hino do Colégio. Não consegui tomar conhecimento do autor. Muito provavelmente seja obra de um Padre Lazarista.
Folha do Povo, 1966, anuncia a I
Além da Banda Marcial, os estudantes Lassalistas sempre se destacaram no que Semana Cultural.
dade ou exposições; algumas sendo levadas para aprecia
Estado” [...] brindava com garbo e civismo a celebração em honra à Pátria”. 22
se refere a mostras de criativi
ção em outras cidades.
Tratando especifi camente da Banda Marcial, durante a pesquisa tomei conhecimento de ofícios trocados entre o Colégio, a Banda e o Sr. Amácio Mazzaropi, isso lá pelos idos de 1977. A proposta era de que Mazzaropi cedesse um de seus fi lmes para
22 Cf. nota 8.
exibição nos cinemas de Botucatu. O dinheiro da bilheteria seria revertido para a Banda Marcial do Colégio, que faria compra de instrumentos e adereços, algo que o Sr. Mazzaropi prontamente concedeu.
Para a juventude de hoje, que provavelmente desconhece ou conhece muito pouco sobre o nosso querido Mazzaropi, faz-se necessário uma apresentação. Ele foi um dos maiores atores que o Brasil teve. Mas não atuava somente, cantava, compunha, dirigia, enfim, era um artista de “mão cheia”. Dentre os filmes estrelados por Mazzaropi, se encontra Betão Ronca Ferro de 1970; filme requisitado pela Banda Marcial.
Ao tomar conhecimento da história do Colégio La Salle, indubitavelmente se verifica o esmero com que os colaboradores realizam as atividades artísticas. Desde as apresentações em honra à pátria nos idos das décadas de 60 e 70, até as apresentações artísticas dos nossos dias, é possível tomar contato com o zelo típico Lassalista na condução das atividades. Em especial, cito, ainda que de passagem, o carinho todo especial que o Irmão Felipe dedicava às atividades artísticas desta unidade.
Essa forma toda carinhosa de conduzir a obra educativa que fica patente nas apresentações artísticas, vem de há muito tempo, ainda antes da fundação do Colégio. São João Batista de La Salle, fundador da Rede La Salle, já exortava os primeiros mestres das escolas a tomar posse do espírito peculiar do Instituto nascente, qual seja, o espírito de fé que desabrocha em zelo ardente.
Contribuição da Professora de Matemática Patrícia Mahilo.
Eu estudava numa escola estadual, pois era prático, ia e voltava a pé para a casa. Mas meu sonho sempre foi estudar no La Salle. Participava das datas comemorativas na cidade e ficava deslumbrada ao assistir ao desfile da Banda Marcial do Colégio La Salle, até que aos 11 anos fui matriculada no Colégio e, consequentemente, na banda. No início eu tocava Marimba, rapidamente fui para a linha de frente e, em menos de um ano, já era porta bandeira do Brasil, posição que permaneci por mais ou menos 15 anos.
Posso afirmar que o tempo que permaneci na banda foram os melhores da minha vida.
Tínhamos o “Bolinha”, como nosso Mestre, pai e amigo. Ele nos ensinava 3 vezes por semana com o maior prazer do mundo. Fazíamos questão de nunca faltar, pois era muito produtivo e saudável.
Viajávamos por várias cidades, perto ou longe, sempre fomos muito bem recebidos, com refeições, lanches, sorvete e aplausos.
A banda sempre era a última atração de todos os desfiles em qualquer cidade por onde passávamos. Aqui em Botucatu, o povo esperava debaixo de sol escaldante até o final do desfile para nos aplaudir, ninguém arredava o pé das ruas.
Ganhamos vários prêmios, trocamos várias vezes de uniforme, para mantermos a tradição e o nome do Colégio.
Os integrantes eram amigos de verdade, cuidávamos uns dos outros, tínhamos nossas responsabilidades cada um com seu uniforme, adereços e instrumentos.
Nas festas juninas do Colégio, nossa barraca era garantida e sempre foi a da pesca, a de maior alegria para a criançada. Passávamos 1 mês antes arrecadando brindes e muitas vezes chegamos até a viajar para São Paulo em busca de “prendas” mais em conta para que as crianças saíssem felizes com seu prêmio. Brincávamos muito, mas devíamos obediência e também levávamos bronca quando necessário.
Fonte: Wikipédia
Amácio Mazzaropi
A Gazeta de Botucatu, 11 de maio de 1979.
Arquivo histórico do Colégio La Salle
Feira de ciências década de 80.
Tenho tantas lembranças dessa turma invadindo a casa da minha mãe para comer coxinha, cantando músicas com batuques após os desfi les nos jardins das cidades por onde viajávamos. Lembro das risadas e bagunças no fundão do ônibus, dos aniversários surpresa, da minha calça que não servia porque eu engordava 1 grama (risos), de colocar esparadrapo no dedo dos meninos da marcial, pois ralava tudo. Lembro igualmente de professores e pais que nos acompanhavam nas viagens, da vez que desmaiei no desfi le no Playcenter, acho que era vontade de ir para os brinquedos logo (mais risos), enfi m, me vem à lembrança amigos que hoje são pais de alunos meus, que foram e são grandes companheiros de vida e que agora me fez engolir seco e encher os olhos de lágrimas, tempos que não voltam mais, mas que com certeza marcaram minha vida para sempre de uma forma incrível.
Arquivo histórico do Colégio La Salle
Fragmento do agradecimento ao Sr. Amácio Mazzaropi.
No aspecto de que trata este capítulo, devo salientar que a criatividade e a desenvoltura artística dos nossos estudantes e professores são de dar inveja. Tal envergadura artística não só fi ca patente na história como nas ações presentes. Em plena pandemia causada pela COVID-19, os professores organizaram um Sarau (on-line) com vistas a descontrair os estudantes e os colaboradores. Com músicas, poesias e um espírito benfazejo nestes tempos calamitosos, os professores fi zeram o maior sucesso e se comprometeram a fazer ao vivo quando do retorno às aulas presenciais.
Os nossos estudantes parecem fazer coro junto aos professores no que diz respeito à desenvoltura artística. Como Diretor do Colégio, ainda que apenas no cumprimento do segundo ano do meu mandato, tive a oportunidade de observar diversas de
monstrações artísticas/culturais que dão a devida dimensão do aspecto artístico presente no meio estudantil. Ainda que, quando de forma espontânea, tenhamos a sensação de ser o funk a única via artística de ex
pressão dos estudantes, quando desafi ados, demonstram grande desenvoltura na dança,
Do arquivo histórico do Colégio La Salle, temos uma homenagem da Câmara de Vereadores de Botucatu nos idos de 1988
Facebook do Colégio La Salle
Tarde de ensaio para o Sarau Virtual 2020.
no canto, na pintura, em instrumentos musicais; nas mais diversas interpretações.
A arte, ou as formas artísticas, que encontraram e encontram apoio do Colégio, estão de acordo com a proposta pedagógica da unidade que, por seu turno, encerra uma concepção antropológica, uma concepção de ser humano. De tal forma que, estudando a história desta unidade e presenciando os festivais de arte, as festas, as apresentações de pintura, enfim, sempre se pode averiguar traços típicos da educação Lassalista.
Enquanto arte tipicamente voltada para a cultura Lassalista, podemos observar que sempre houve cuidado com as expressões artísticas na unidade. Não podemos ser ingênuos de, uma vez analisando a história desta unidade e conhecendo a história do
Instituto dos Irmãos das Escolas Cristãs de La Salle, permitir que formas artísticas desrespeitosas ao corpo da mulher, que menospreze o ancião, que faça ironia com os pobres, que se identifique com políticas genocidas, que façam apologia às drogas (flagelo do nosso país) sejam estimuladas em nosso ambiente de ensino; elas já o são estimuladas suficientemente em outros locais.
O cuidado para que a arte sempre cumpra o seu papel de cultivar boas relações, enaltecer o conhecimento, prestigiar os grandes homens e mulheres do passado e de hoje, fazer coro às pessoas que defendem a vida, incentivar o cuidado para com os outros e a natureza... Sempre estará presente na ação educativa Lassalista, em especial no que tange às expressões artísticas.