Revista Integração Ed. 107

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Expediente

Editorial “Um bom professor, um bom começo” é o conceito da campanha Todos pela Educação, lançada recentemente na mídia. O movimento, promovido pela sociedade civil organizada, reascende o debate sobre a importância do educador para o crescimento sustentável de um país com perspectivas tão boas quanto o Brasil. Se os gigantes da Ásia já haviam se dado conta da centralidade da educação e do educador décadas atrás, ainda falta ao nosso continente um olhar especial para esse profissional que é central para a formação das novas gerações. Diante da necessidade de reflexão e de debate sobre esse assunto, a Revista Integração apresenta, nesta edição, um olhar acerca do educador e do fazer docente na atualidade. Para isso, partimos das seguintes quentões: Com as mudanças do século 21, batizado de “século do conhecimento”, surge um novo perfil de educador. Quem é esse profissional? Quais seus anseios? Suas debilidades? Seus desafios? Perguntas que estimularam o debate entre especialistas convidados a participar das editorias principais da publicação. Na edição - totalmente direcionada aos educadores e colaboradores da Rede La Salle no Brasil e no Chile – também são destaques as iniciativas dos Colégios, Instituições de Educação Superior e Obras Assistenciais que integram esta imensa família. Acrescentamos a “Carta aos Educadores”, publicada por São João Batista de La Salle, em sua época, ressaltando a importância da profissão do educador. As seções Experiências & Práticas Inovadoras e Diário de Classe apresentam um pouco das diversas atividades desenvolvidas durante o primeiro semestre letivo nas comunidades educativas da Rede La Salle. Através dos artigos, também possibilitamos aos colaboradores lassalistas que apresentem suas produções acadêmicas e trabalhos práticos para multiplicar o conhecimento sobre o tema central proposto para a edição. O educador do século XXI precisa compreender que, além de dominar o tema de sua disciplina, a nova educação precisa valorizar as relações humanas. Hoje, mais do que nunca, para uma sociedade que se reinventa, urge a necessidade de um educador disposto a se reinventar constantemente. Desejamos uma excelente leitura. Comissão Editorial

CINCO OUROS!!! A Revista Integração detém a premiação máxima do Prêmio Destaque em Comunicação do SINEPE/RS com o ouro na categoria Mídia Impressa - Mantenedora. A publicação foi premiada em 2003, 2004, 2005, 2007 e 2009.

ANO XXXV – Nº 107 MAIO DE 2011 A Revista Integração é o orgão oficial de comunicação das Comunidades Educativas das Províncias Lassalistas de Porto Alegre e de São Paulo (Reg.Esp.Matr.N.º170), com tiragem de 3 mil exemplares e circulação semestral. Está inscrita sob o ISSN 1982-3991. Província Lassalista de Porto Alegre Diretor Presidente Jardelino Menegat Diretor Administrativo Olavo José Dalvit Diretor de Educação e Pastoral Cledes Antonio Casagrande Diretor Secretário João Angelo Lando Província Lassalista de São Paulo Presidente Paulo Petry Vice-Presidente Arno Francisco Lunkes Tesoureiro Waldemiro José Schneider Secretário Provincial Israel José Nery Revisão Ir. Arnaldo Hillebrand Comissão Editorial Cledes Antonio Casagrande - coordenador Adriana Beatriz Gandin Arno Lunkes João Angelo Lando Lúcia Rosa Mary Rangel Tiago Schmitz Jornalista Responsável Tiago Schmitz - Mtb 12842 Redação e Expediente Setor de Marketing da Rede La Salle Rua Honório Silveira Dias, 636 Porto Alegre-RS - Brasil - 90550-150 Fone: +55 (51) 3358-3600 Fax: +55 (51) 3343-2322 marketing@lasalle.edu.br Editoração Roberto Monte Maior de Oliveira Tiago Schmitz Foto da Capa A professora do Unilasalle Canoas, Vera Castro (foto de Clarissa Thones Mendes) Os artigos são de responsabilidade dos seus respectivos autores

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Nos tempos de La Salle

Índice

Carta ao Educador Lassalista

Sou Lassalista Depoimentos de alunos, professores e colaboradores lassalistas sobre sua vivência na Rede La Salle

Eventos 12. Juntos e por Associação - Lassalistas brasileiros participaram de Congresso da Rede La Salle em Roma 14. Educação Infantil com novo prédio 15. Calourada Unilasalle 16. Copa La Salle no Rio de Janeiro

Aniversários 17. Excelência educativa na Serra Gaúcha 18. De La Salle de Talca está em fiesta

Rede 19. Preservação da Memória e da Identidade Lassaliana e Lassalista 20. Reestruturação das Províncias - Região Latino-Americana Lassalista

Cultura Moacir Scliar

Experiências 23. Viajar é aprender muito mais 24. Motivo de superação 25. Acampamento no Colégio 26. BioBlogs: Aprendizado no ambiente virtual 27. Educador é artesão dos sonhos 28. Por um mundo melhor 29. Entrando nas Redes Sociais 30. O lúdico e o cálculo na Escola

31. Portas abertas para o mundo 32. Viagem de estudos ao Canadá 33. Fraternidade e Vida no Planeta 34. Os desafios diante da Inclusão 35. Seminário Integrado de Pedagogia 36. Formação Integral Lassalista 37. Novas Fronteiras

Capa O Educador Lassalista diante dos novos desafios no século XXI

Diário de Classe Breves relatos de atividades desenvolvidas nos Colégios Lassalistas

Artigos

Entrevista 06 Sou Educador Lassalista - a arte

58. Os desafios do educador - Configurações e manejos familiares 60. Estudo e atualização constantes: eis o desafio 61. A Educação vem de casa, já o ensino vem da escola 62. A efetividade na vida escolar 64. Profetas da Missão Educativa 65. Educar no Amor 66. A Formação do Educador no Brasil 68. Educação com arte 69. A formação continuada e a valorização do profissonal da educação

Canal Aberto Da janela para o mundo

de educar no Século XXI

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Nossos Ícones Indica uma página na internet ou um e-mail.

Referências bibliográficas ou mesmo indicações de leituras que digam respeito à matéria em pauta.


Revista Integração Edição 70 - 1996

FIDELIDADE CRIATIVA Em seu 25º ano, na edição 70 de junho/julho de 1996, a Revista Integração trouxe o tema “Viver com fidelidade criativa nossa missão de Lassalistas no mundo de hoje”. Ao comemorar seu jubileu de prata, a publicação mais uma vez promoveu reflexões importantes sobre a educação da época. A equipe editorial destacou a dimensão constitutiva do Instituto dos Irmãos das Escolas Cristãs expressa em comunidade e ressaltou a vocação como um mandato universal para que os Irmãos e Leigos vivam a missão de “fecundar com o Evangelho o mundo da educação”. Nesta época a publicação, coordenada pela Direção Provincial, estava sob a responsabilidade do jornalista, Ir. Auri Lanius. FORMAÇÃO INTEGRAL O primeiro artigo da Revista, de autoria do Ir. Paulo Lari Dullius, apresenta o tema da formação integral: “Da idéia de formação integral se depreende a importância de uma revisão profunda do conteúdo do conceito de pessoas que os educadores, os pais... têm. Quais as variáveis que têm presente? Qual a metodologia mais adequada para uma correção, um despertar e um desenvolvimento das características fundamentais da pessoa? O primeiro passo é, portanto, avaliar a importância que se dá quanto à aceitação desta vocação a um diálogo e a uma união com o Transcendente, a dimensão de eternidade de sua vida. Depois, é interessante inclusive, elencar as variáveis antropológicas que consideramos no dia-a-dia e a metodologia usada em nossas interferências na educação. A que se dá maior importância: ao conteúdo ou à metodologia? Há conexão e unidade clara entre conteúdo e método correspondente? (...)”. A MISSÃO EDUCATIVA DE UM COLÉGIO Traduzido pelo Ir. Arnaldo Mário Hillebrand, o texto do Ir. Álvaro Llano, ressalta a importante harmonia entre a qualidade administrativa e pedagógica de uma instituição de ensino. “(...) Qualidade é um tema que apenas começa a ser abordado no campo educativo. É, portanto, um tema ainda inexplorado, o que deverá ser feito com muita sabedoria e não menos diligência. (...) Devemos criar unidade e coesão entre todas as categorias da comunidade educativa, para que todos saibam o que querem e para onde se dirigem. Quando a missão está bem definida criam-se corresponsabilidades, interdependências, cogestão, consciência de missão partilhada, o que enriquece e amadurece os copartícipes. Quando todos aprovam atitudes e atividades, alimenta-se melhor o processo de qualidade da missão (...)”. PROPOSTA DE PASTORAL ESPECÍFICA LASSALISTA O atual diretor administrativo da Rede La Salle, Ir. Olavo José Dalvit, quando atuava ainda no La Salle Sapucaia do Sul/RS, contribuiu para a Revista com artigo sobre a proposta de pastoral. “(...) Olhando nossa história podemos constatar que temos pensado pequeno em relação à

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nossa missão junto aos jovens. Por circunstâncias diversas nos desviamos dos jovens, nos acomodamos em uma estrutura que aparentemente nos dá segurança e que transparece, para o senso comum, que estamos sendo muito eficazes naquilo que nos compete. Talvez nossa maior limitação esteja em termos confundido Proposta Educativa com Proposta Pastoral. (...) Quando falamos em um Agente de Pastoral em uma Comunidade Educativa pensamos logo em alguém dinâmico, criativo, que toca violão, que se expressa bem... Ser Animador de Pastoral não ocorre de uma hora para outra, ou de um curso para outro. É um processo que precisa de muito investimento pessoa e institucional e, sobretudo, amor e vocação (...)”. UM COMPUTADOR SEM MAIS NADA, DE NADA SERVE Uma importante reflexão apresentada pela equipe do então Colégio Nossa Senhora das Dores (hoje La Salle Dores) na edição 70 foi sobre o uso dos computadores na escola. “O setor de informática pode ser uma “arma” muito poderosa e com capacidade de trabalho muito diversificado. É quase verdade que não há limites para aquilo que podemos fazer com as máquinas. Todavia, se este setor ficar encerrado dentro de quatro paredes não será capaz nem mesmo de sustentar-se (...)”.


Nos de Lade Salle São tempos João Batista La Salle

Carta aos Educadores Por Irmão Edgard Hengemüle promoção dos mais necessitados, através da educação. Trabalhando com alunos de melhores condições, abre-lhes os olhos e sensibiliza-lhes o coração para o mundo dos desprotegidos, e desenvolve neles a responsabilidade que, como privilegiados, têm com esse mundo. E, independente das condições sócio-econômicas dos teus alunos, presta atenção a todo tipo de pobreza que os possa estar atingindo. A meus mestres, procurei passar a ideia de que todo o potencial físico, técnico e humano da escola está a serviço do aluno. Cultiva o zelo por ele, isto é, desenvolve em ti o interesse criativo por seu bem integral.

Meu caro educador e minha cara educadora: Para dedicar-me à educação, eu mudei todo o rumo de minha vida. Eu sei que tu tens clara consciência da necessidade da educação. E, se possível, passa a acreditar ainda mais no seu poder. Preparado para outro tipo de atividade, tive que ir aprendendo toda a vida a ser educador e pedagogo e a sê-lo sempre melhor. Não te canses nunca de aprender a arte e a ciência de educar.Essa arte e ciência eu não as aprendi sozinho. Eu as fui assimilando, e assimilando sempre melhor, partilhando experiências e reflexões com aqueles aos quais Deus me uniu. Assume a educação como trabalho não de livre atirador, mas como tarefa complexa que exige ação cooperativa de um coletivo de educadores. Aos mestres com os quais me fui comprometendo, inicialmente os considerava como pessoas inferiores ao meu lacaio. Mas, ao ponderar sobre sua missão e ao ver os frutos de seu labor, acabei vendo claramente a transcendência de sua missão, uma das mais excelentes entre todas. Cultiva auto-imagem positiva de ti, como educador ou educadora, pensando em todo o bem que já fizeste e naquele que ainda estás chamado a fazer. Junto com a excelência da função magisterial, procurei passar a meus

mestres a consciência da responsabilidade que é educar. E, por isso, trabalhei para formá-los intelectual, técnica e espiritualmente para o exercício de sua missão. Assume para ti que a responsabilidade de educar não permite professor ou professora medíocre. Esta responsabilidade te pede que sejas profissional competente: que não só estuda pedagogia como algo dado, mas faz pedagogia como algo a construir; que não só executa o que outros pensam, mas se atreve à elaboração própria; que associa reflexão e prática, e faz que sua prática e sua reflexão se questionem contínua e reciprocamente. Eu quis, portanto, o mestre como excelente profissional. Mas o quis, antes de tudo, como mestre de vida. Faze teus alunos aprender o que é vital para todos os níveis da existência deles. Sobretudo, aceita ser referência teórica e prática de vida para as crianças e jovens com que trabalhas. Nas variadas oportunidades que se oferecem, especialmente em tua reflexão com os alunos ao início de cada dia de aula, transmite-lhes a experiência que a vida te deu. E corrrobora com tua própria vida as palavras com que os estimulas. Minha escola estava aberta a todos. Mas as crianças que ela atendia eram pobres, em sua maioria. Toda vez que puderes, colabora para a

Em meu tempo, ainda não se acentuavam muito ideias como a do aluno sujeito da própria educação, e do professor sendo junto a ele mediação com o mundo e facilitador de aprendizagem. Mas já tive muito presente que educação mesmo se faz na relação professoraluno, que educar é estabelecer relação educativa.Segue com a norma de aliar, em tua relação com os alunos, a bondade e flexibilidade com a exigência e energia. Ternura de mãe e firmeza de pai. A educação que promovi é a educação cristã. E o cerne do cristianismo, como bem sabes, é a construção da fraternidade, que não existe sem a justiça.Procura fazer de tua escola e sala de aula um laboratório de relações humanas e de fraternidade cristã. Os que estudam a história da educação me situam entre os que contribuíram para transformar o magistério em verdadeira profissão. Trabalhei para que ele passasse a ser ofício digno de ocupar a pessoa inteira e por uma existência toda, transcorrida em nível digno de vida. A prová-lo, está a Escola Normal que criei. E estão os textos orientadores que escrevi. Mas, junto a isso, ensinei meus mestres a verem o magistério à luz da fé e a viverem sua profissão como missão. Não sejas dicotômico, pensando que essas duas coisas são incompatíveis. Faze a experiência, e verás que a fé viva é fonte de novo significado para teu magistério, motivo a mais para seres excelente profissional e força nova para que o sejas ainda melhor.Recebe a minha bênção. E obrigado por trabalhar na obra que Deus começou através de mim. Assinado: São João Batista de La Salle

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Entrevista

SOU EDUCADOR LASSALISTA

a arte de educar no Século XXI Por Daniele Lopes Jornalista

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nsinar e aprender no século XXI tem se caracterizado como um permanente desafio à construção de um cenário escolar que cada vez mais acresce às competências do educador o enfoque humano para a formação de valores. Aliado a isso, processos e métodos tem transformado a velocidade de produção e disseminação de informações, estabelecendo novas relações entre o sujeito e o conhecimento. Diante desse universo efervescente de inovações e revisões de conceitos e paradigmas, o professor tem o compromisso de formar seus alunos em um mundo fragmentado, competitivo, imediato e globalizado. A educação do século XXI confronta o professor com o desafio de reinventar a si como profissional, fazendo um balanço sobre práticas e teorias que atravessaram os tempos. Buscando conhecer como pensa, reflete e age o educador do século XXI, a Revista Integração conversou com um grupo de professores da Educação Básica e do Ensino Superior da Rede La Salle. Movidos pela paixão por educar, a professora e Coordenadora do Curso de Letras do Unilasalle Canoas, Lucia Regina Lucas da Rosa, o professor do Colégio La Salle Canoas, Raul Rois Schefer Cardoso, e a professora do Colégio La Salle Niterói, Haislana Tavares, contam, nesta edição, como atendem às demandas atuais nos ambientes escolares e acadêmicos e destacam a importância do perfil do educador como mediador do conhecimento diante de um aluno que passa a ser o sujeito da sua própria formação. Vivemos em um mundo complexo marcado por grandes mudanças e revisões de paradigmas. Diante desse cenário, quais os principais desafios da educação no século XXI?

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Lucia - Houve uma época em que a grande exigência do professor era dominar conteúdo. Hoje também, e cada vez mais, mas aliado a várias outras características das relações humanas. O professor precisa entender que ele está com um grupo e que estão crescendo juntos, retirando aquela ideia do professor que detém e passa conhecimento. Acredito que a ideia de construir conhecimento é um grande desafio. Raul - Um bom percentual dos professores vive do passado. Eles fazem uma projeção de turma, de escola e aluno da década de 60 e nós estamos no século XXI. Eu sempre falo que silêncio não é sinal de aprendizagem e barulho não é sinal de bagunça. Posso estar com a turma quieta e todo mundo pensando o que vai fazer hoje à noite no shopping. Enquanto que pode haver barulho na minha sala e o pessoal estar produzindo. O mundo hoje é mais agitado, os alunos são diferentes. O mundo está totalmente transformado e o professor precisa saber disso. O aluno não é o mesmo. Ele interage com o mundo recebendo informações através de novos hábitos e formas de comunicação. Nesta realidade, o professor precisa se reinventar. Como se define esse novo perfil do professor? Lucia - Tem uma imagem nos escritos de de São João Batista de La Salle que eu gosto muito, do professor como um anjo. O professor é um anjo, um condutor. Professor tem que mostrar como chegar lá, tem que amarrar todas as informações. O conhecimento dos alunos hoje é muito superficial. Eles têm informação, eles sabem como ter acesso à informação, muito mais do que nós professores. O professor tem que problematizar. Tem que desacomodar. Ser importante e “descartável” ao mesmo tempo. O aluno tem que ser autônomo e cada vez mais o professor é o mediador. O professor tem que saber fazer perguntas mais do que dar respostas.


Entrevista professor. Sempre digo que eu quero que eles sejam os melhores alunos porque eles são os meus alunos. Na escola, Eu sempre salientei esse possessivo com eles, vocês são meus e eu quero que sejam meus. Aceitá-los também é importante. Aceitá-los do jeito que eles são. Quando eles percebem que são aceitos, respeitam mais e ficam mais acessíveis para trabalhar questões de conteúdos mais cognitivos, se sentem mais compromissados. Porque se eu digo que eles são meus, eles precisam me dar uma resposta.

Haislana - Construir conhecimento e também compreender a linguagem do aluno. O professor também precisa preparar-se, estar atualizado, com uma formação completa. O professor tem que saber o que o aluno está pensando, qual o interesse do aluno. Ele tem a Internet, uma gama de informações. E o que nós podemos fazer? Direcionar essas informações. Acho que este é o grande desafio: deter tudo isso, conhecer pelo menos um pouco e dar uma direção com um projeto pedagógico consistente. Dar uma direção às informações e transformá-las em conhecimento de fato. Raul - O professor tem que ter “feeling”. Eu estava dando uma aula de Imperialismo no século XIX quando um aluno levantou a mão e perguntou o que estava acontecendo na África naquele momento. Parei a aula e propus uma reflexão do agora com o século XIX. O professor tem que ter esse jogo de cintura. Certo dia cheguei na sala de aula e eles estavam desenhando o símbolo dos times de futebol. Fui para o quadro desenhar com eles. Perdi ou investi cinco minutos? Eu acho que o novo professor precisa ter essa sensibilidade. Encontrar as condições necessárias para o professor se sentir valorizado é um desafio que se intensifica no século XXI? Como vocês percebem essa questão? Lucia - A cobrança em relação ao professor é muito grande. Nós ficamos “dando muito colo” para os alunos e quem é que “dá o colo” para o professor? Eu acho que está faltando, na educação do século XXI, pensar no professor, como as instituições podem ajudar a formar o seu profissional. Participei durante muito tempo de reuniões pedagógicas em que se discutia como trabalhar os conteúdos, como problematizá-los. É importante resgatar isso nas escolas. Como coordenadora de curso, tento dar muito apoio para os professores. É o mesmo processo: se o professor em sala de aula tem que ouvir o aluno, as instituições tem que ouvir o professor. Eu acho que o professor é muito cobrado e pouco amparado. Raul – Eu acho que nós precisaríamos ter algumas horas para produzir melhores aulas, para o professor criar, ter momentos para se renovar no aspecto pedagógico e no conteúdo. Trabalhamos em casa como no colégio. Se por um lado nós temos uma carência de tempo para formação, em contrapartida, aqui no Colégio La Salle Canoas temos uma receptividade muito grande por parte da direção, e isso é vital para o professor se sentir estimulado. Os conteúdos programáticos não mudam, o que muda é a maneira de trabalhar esses conteúdos. Como conciliar os conteúdos programáticos com o contexto do aluno trazido para a sala de aula?

“Ser professor é ser um líder. É ter uma plateia definida e saber que mexemos com o pensamento das pessoas. Isso também me move, me instiga” Lucia Regina Lucas da Rosa Professora do Unilasalle Canoas

Raul - Precisamos ter a sensibilidade de perceber que o conteúdo é um instrumento para algo muito maior, que é o conhecimento da língua, reconhecimento do conceito, gosto pela leitura e pelo descobrimento. O que o professor deve fazer é transformar isso. Se alguém observar os livros de História dos meus alunos vão ver que estão repletos de marcações. Um livro bonito, que está intacto, não serve para nada. A grande questão é: O que eu quero em sala de aula? O que eu quero com meu aluno? Estou pensando o meu aluno para este mês, este semestre, este ano? Ou para quando chegar lá na universidade, pegar um texto e se sentir familiarizado com a construção das ideias? Lucia - Como o professor Raul falou anteriormente, o aluno está pensando em tudo. O que ele vai fazer hoje à noite no shopping também é assunto de aula, não precisa tirar isso da sala. Um shopping é uma rica aula de linguagem. A grande pergunta é: qual é o conteúdo? Como eu vou problematizar o conteúdo? Que metodologia eu vou usar, como vou planejar minha aula? Eu insisto na problematização. Eu acho que a grande questão do conteúdo é problematizar. Educadores afirmam que a construção do conhecimento se dá a partir de um intenso processo de interação entre as pessoas. Qual o papel da afetividade na sala de aula? Lucia – Eu sempre procurei ouvir muito o aluno e falar com autoridade, não autoritarismo. Falo com firmeza, mostrando pra eles que se eu os respeito, também quero ser respeitada. Tem uma hora em que é preciso estabelecer que eu sou o

Raul - Eu tenho a bênção de ter uma relação muito forte com meus alunos. Digo que antes de ser professor eu sou amigo deles. Mas com uma diferença. Eu não sou aquele amigo que vai dar o tapa nas costas e dizer que ele está certo. Eu sou aquele amigo que vai olhar no olho e dizer, como professor, que ele está errado, que precisa mudar. Em muitos momentos eu tiro alguns minutos da aula para conversar e apresentar dados. Quando o professor começa a falar sobre o futuro dos alunos, ele consegue fazer com que eles realinhem muito as suas atitudes. Então eu pergunto o que eles querem. Mostro que se eles trilharem os caminhos que todo mundo já trilhou, eles vão chegar aonde todo mundo chegou. Eles têm que criar novos caminhos e é isso que o mercado lá fora quer. Eu sou só a ponte. Quem vai ter que fazer o caminho são eles. Haislana – Acredito, como professora, que essa é a minha meta: fazer com que o aluno aprenda, , mas também transforme a realidade que está sendo ditada por um mundo captalista e com valores distorcidos. Ser feliz, autêntico, transformador e protagonista da sua realidade. Mas só é possível obter bons resultados através da afetividade. Amo meus alunos e sou amada por eles, sei que devo cativá- los para que nossas aulas sejam prazerosas, pois num clima de amor e respeito o apreender a apreender se torna mais fácil. Especialistas afirmam que o professor deve conhecer as possibilidades de aprendizagem nas novas tecnologias e desafiar o aluno a aprender com elas. Por que há resistência por parte do professor quanto ao seu uso? Lucia – Acredito que a resistência é pela falta de conhecimento do professor e pela falta de tempo para dominar as tecnologias. Há, também, o medo do professor de perder o seu espaço. Tecnologia é um meio, não o mais importante da aula. Se o professor for utilizar a tecnologia como um meio, ele não terá medo de descobrir junto com os alunos. Não pode ser em primeiro lugar a tecnologia e depois o conteúdo. Tem que tornar válido, discutível, problematizado o conteúdo. As novas tecnologias estão forçando o professor a pensar. Então, se eu não for o detentor do conhecimento, qual será o meu papel?

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Entrevista Raul – Eu acho que o principal foco é o temor da exposição. Nós não fugimos disso. Nós estamos nos expondo, as redes sociais estão nos expondo. Nós trabalhamos com educação. Não adianta eu ter um aparato tecnológico dentro da minha Escola e não utilizá-lo. Não adianta minha aula virar um espetáculo.

Quando se é muito próximo do aluno, ele estranha quando se faz uma exigência maior. O aluno não quer um professor igual a ele, ele quer um professor que na hora de chamar atenção, chame. Acho que o professor obtém respeito com o aluno pela seriedade do trabalho. Isso já garante muito do respeito, da troca, da aula.

Haislana – Se tu conheces bem todas as tecnologias, tu começas a te apropriar de muitas delas. Eu acho que a gente pode usá-las para enriquecer nossas aulas, porque também é do interesse do aluno.

Pesquisas recentes indicam que, mesmo com uma carreira desvalorizada, a maioria dos professores é motivada a entrar em sala de aula pelo amor à profissão. O que alimenta essa paixão por educar?

Quanto à educação inclusiva, os professores estão, hoje, preparados para atender os alunos com necessidades educacionais especiais? O que é necessário para promover a educação inclusiva? Lucia - O professor precisa estudar o que é inclusão. Quando eu comecei a dar aula para alunos surdos no Unilasalle, eu achava que a surdez era deficiência. Comecei a conversar com um interprete e percebi que eles não são deficientes, eles tem uma forma diferente de comunicação. Quando eu entendi isso, mudou tudo. Nós damos aula para os iguais e quando vem o diferente, precisamos entendê-lo, saber como ele pensa e se comunica. Haislana – Primeiramente aceitar. Fazer o possível para incluir, para que essa criança não seja discriminada pela sociedade, mas que seja visto por suas grandes possibilidades e habilidades. Muitas crianças estão chegando às nossas escolas com dificuldades de aprendizagem. Optei pela Especialização em Psicopedagogia porque senti necessidade de buscar tais conhecimentos. Raul – Falta preparo. Na época da faculdade deveria haver uma disciplina direcionada para isso. A gente aprende na sala de aula, mas deveria ser ao contrário. Em face das novas dinâmicas familiares, a escola assume, com maior responsabilidade, ser a instância de desenvolvimento de relações humanas. Quais os principais reflexos dessa prática educacional? Raul – Eu tenho um hábito: no inicio ou no final da aula eu abraço e beijo meus alunos. Beijo as meninas e abraço os rapazes. Isso em todas as séries. Eu acho que se oferecemos afeto, recebemos afeto. É reflexo. Os meus alunos são muito afetivos e não é só comigo, com todos. Os meus colegas são afetivos também. Lucia – O professor tem que ser muito firme para saber o limite e avaliar se o aluno não fez um bom trabalho e uma boa prova e dar a nota que deve dar, para que o aluno aprenda, para que ele sofra com aquela situação e ultrapasse essa barreira. É um sofrimento que o professor acompanha.

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Lucia – Eu gosto muito de ser professora, de dar aula, porque todo dia é um desafio novo. A sala de aula é mágica. É a magia do conhecimento, da construção do conhecimento. Acompanhar um aluno durante um semestre inteiro ou um ano inteiro, e verificar que o aluno cresceu, não tem preço. Ser professor é ser um líder. É ter uma plateia definida e saber que mexe com o pensamento das pessoas. Isso também me move, me instiga. Saber que estou trazendo discussões para a sociedade e criando a “ilusão” de pensar que eu posso contribuir para uma sociedade melhor. Raul – Eu digo para os meus alunos todo dia que eu amo o que eu faço. Digo que eles vão se formar em alguma coisa no futuro. Se eles pensarem no dinheiro, serão infelizes para o resto da vida cheios de dinheiro. Às vezes estou cansado, não dormi bem, trabalhei o dia inteiro, quando eu entro na sala de aula me transformo. A minha felicidade é estar trabalhando com os alunos. Haislana – O amor pela educação é o que me move. Quando eu entro numa sala de aula eu penso em meus sonhos e também nos sonhos dos pais dos meus alunos e nos sonhos que os meus pequenos têm. Sonhar é o primeito passo para traçar uma meta e possibilidades de alcançá-las. Através do amor é possível compreender, ouvir, auxiliar. Eu acho que o amor realmente é a base, amar com firmeza e ternura. Falando no cenário atual da educação, é possível acreditar em um salto de qualidade? Que perspectivas podemos apontar? Lucia – É possível, e eu só acredito numa melhora pela educação. Com acesso à educação. Nós temos no Rio Grande do Sul uma realidade terrível. Nas escolas públicas sobram vagas. Isso quer dizer que há muitas crianças fora da escola. Infelizmente o acesso a uma escola de qualidade ainda é para poucos. Raul – Há cinco ou seis anos atrás meus alunos pediam que eu deixasse os incrementos e fosse direto para o conteúdo. Eles não queriam dialogar ou refletir, queriam saber o que era necessário para passar na prova e no vestibular. Ano passado, com as eleições, eles pediam que eu explicasse como se dava o processo eleitoral que estava acontecendo no Brasil. Muda, e muda a passos

largos a cada ano. Os alunos vêm mais críticos, vêm de casa querendo saber. Para finalizar, quais os diferenciais de ser um educador lassalista? Lucia – É importante um olhar para o professor, não deixá-lo desanimar. A escola também precisa ficar atenta e motivar o professor, elogiá-lo quando faz um bom trabalho, acompanhar, conhecer. Eu ficava muito realizada quando a minha supervisora sabia o que eu estava fazendo em sala de aula. Tudo isso eu vejo na Rede La Salle. Há um interesse, um olhar para o professor. Nós sabemos que há um amparo quando é preciso, há liberdade, incentivo e valorização da figura do professor. Raul – Eu acho que o Colégio La Salle Canoas tem o privilégio de ter a presença dos Irmãos. A figura dos Irmãos para os alunos é muito importante. Estamos no pátio, há um Irmão caminhando, um Irmão brincando com as crianças. Nós vamos fazer as reflexões, os Irmãos estão fazendo as reflexões junto conosco. Este é um diferencial: ter cotidianamente a presença dos Irmãos. A presença e a troca. Eles têm uma função muito importante. Haislana – O educador lassalista é um educador cuidadoso, que necessita ter um olhar diferenciado, para cada aluno que recebe. Ser educador lassalista é olhar para cada aluno como um presente recebido a cada início de ano. No La Salle Niiterói temos na sala dos professores um rico momento de preparação para iniciarmos as aulas – o momento de reflexão – ali conversamos, aprendemos e ensinamos. Neste momento vivemos o espirito de comunidade educativa de forma intensa e voltada para a educação cristã que acreditamos.

Quem são eles? Lúcia Regina Lucas da Rosa É coordenadora do curso de Letras e professora do Unilasalle há 14 anos. Integra o Conselho de Pesquisa e Extensão e o Núcleo de Apoio Pedagógico da Instituição. Doutoranda em Literatura Brasileira pela UFRGS, foi professora do Colégio La Salle Santo Antônio por dez anos. Raul Róis Schefer Cardoso É professor do Colégio La Salle Canoas e professor convidado do Unilasalle. É graduado em Estudos Sociais – Licenciatura Plena em História e possui Especialização em História Contemporânea, ambos pelo Unilasalle. Conquistou o título de Mestre em História pela Unisinos. Haislana Conceição Picoral Tavares É professora do Ensino Fundamental – Séries Iniciais do Colégio La Salle Niterói – Canoas/RS. Possui graduação em Letras – Licenciatura Plena pela Universidade Luterana do Brasil – Ulbra e pósgraduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional pelo Unilasalle.


Sou João La Salle São Batista de La Salle Quem? Ir. Eucledes Casagrande Vice-diretor e Supervisor Educativo do Colégio La Salle Carmo, de Caxias do Sul/RS

Quem? Rogério Ferraz de Andrade Diretor Acadêmico da Faculdade La Salle Estrela/RS e professor do Colégio La Salle São João Um ser humano sedento por aprendizagem. Preocupado em contribuir com o tempo presente para que as pessoas vivam melhor e possam encontrar-se na vida. Espelhado em seu pai, que foi educador, desde muito cedo ele decidiu que sua vocação também seria a educação. Ao ingressar no seminário, percebeu que este poderia ser um espaço extraordinário de humanização e de encontro com as pessoas. Rogério Ferraz de Andrade, ou Padre Rogério como é conhecido dentro da Rede La Salle, fez graduação em Letras e mestrado em Educação. Foi diretor do Curso de Letras e coordenador da Pós-Graduação em Educação da UNICRUZ. Atualmente é diretor acadêmico da Faculdade La Salle Estrela/RS e professor do Colégio La Salle São João, de Porto Alegre/RS. Para ele, ser lassalista representa, numa expressão usada pelo Apóstolo Paulo: " esperar contra toda a esperança". “É acreditar na possibilidade singular de transformação que a educação pode operar na vida das pessoas e das comunidades. É acreditar que a educação transforma o homem e, transformando o homem, transforma o mundo”, afirma este grande exemplo de educador lassalista. Um fato marcante para sua vida dentro da Rede La Salle Um dos momentos mais fortes de minha experiência como educador na Rede La Salle foi a visita às obras assistenciais em Belém do Pará. Ver os Irmãos inseridos naquela realidade de pobreza, sofrimento e, ao mesmo tempo de esperança, me ajudou a perceber ainda com maior intensidade e a visualizar ali o ideal de La Salle, que em seu tempo, dedicou-se aos pobres a fim de que eles pudessem ter mais vida e vida digna.

Foi quando estava na 8ª série do Ensino Fundamental que ele decidiu atender ao chamado vocacional para se tornar Irmão Lassalista. Criativo, alegre e realizado com o que faz, desde janeiro de 2011, Irmão Eucledes Casagrande assumiu o desafio de atuar na vice-direção de um dos Colégios mais tradicionais de Caxias do Sul/RS, o La Salle Carmo. Aos 28 anos, ele já passou por diferentes instituições mantidas pela Rede La Salle onde realizou grande parte de sua formação. Formou-se no curso normal (magistério) do Colégio La Salle Carazinho/RS e em Teologia e Filosofia, no Unilasalle Canoas/RS, onde atualmente cursa especialização. Em seu quinto ano como Irmão Lassalista, está centrado no trabalho e na sua formação continuada, buscando sempre a excelência no que faz e na educação que é oferecida no La Salle Carmo, onde também atua como Supervisor Educativo. Para ele, ser lassalista hoje é assumir, no campo da educação, o legado pedagógico de São João Batista de La Salle, e torná-lo atual nas comunidades educativas. Em sentido mais amplo é acreditar na educação e, através dela, construir um mundo melhor para todos. Um fato marcante para sua vida dentro da Rede La Salle Um fato especial, na Rede foi nossa ida, minha e de mais 30 jovens lassalistas da Pastoral da Juventude, para a Jornada Mundial da Juventude e para o Encontro Internacional de Jovens Lassalistas, em 2008, na Austrália. Na vida dos jovens, estes encontros constituíramse em um tempo especial de celebração, fé, amizades, esperança e principalmente de encontro entre povos e culturas do mundo inteiro. A arte de educar no Século XXI Creio que ao falarmos da escola e do educador deste século não podemos deixar de levar em conta que estamos inseridos num mundo que inova, cria, recria e avança com rapidez sem precedentes. É tempo de transformações rápidas e profundas em todos os níveis e espaços, notadamente no campo da tecnologia da informação e na gestão do conhecimento. Novos saberes são construídos, reconstruídos, socializados e globalizados. Este constante desenvolvimento das ciências contemporâneas exige, do educador lassalista, entre suas principais características, a formação continuada e o desejo constante de aprender e se atualizar.

A arte de educar no Século XXI O educador deste novo século necessita, antes de tudo, ser alguém preocupado com os valores que ultrapassam o material. O educador precisa conciliar capacidades cognitivas, afetivas e relacionais a fim de poder trabalhar de forma holística o seu fazer pedagógico e transcendendo a sala de aula. Costumo dizer que "só gosta de ensinar, quem gosta de viver". Talvez, como educadores precisemos re-inserir , re-ligar a educação ao gosto de viver e de aprender para apaixonar os que nos são confiados, contagiando-os com nossa motivação existencial.

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Sou La Salle QUEM? Os Irmãos Lassalistas QUANDO? No dia 09 de abril. ONDE? No auditório da Província Lassalista de Porto Alegre/RS. POR QUÊ? Estavam reunidos para o Encontro de Diretores das Comunidades Religiosas da Rede La Salle quando foram convidados a refletir sobre os desafios da vida religiosa na atualidade em conferência com o Padre Carlos Palácio .

QUEM? A bibliotecária, Silvana Corrêa, acompanhada de um grupo de alunos. QUANDO? Na manhã do dia 18 de abril. ONDE? Na Biblioteca do Colégio La Salle Dores, em Porto Alegre/RS. POR QUÊ? Apresentando a exposição sobre a vida e a obra do imortal escritor gaúcho, Moacyr Scliar, que recentemente nos entristeceu com sua ausência.

QUEM? Alunas do Ensino Fundamental do Colégio La Salle São Carlos/SP . QUANDO? No dia 18 de abril. ONDE? Na sala de aula do Colégio La Salle São Carlos, em São Paulo. POR QUÊ? Estavam elaborando trabalhos sobre a vida de Monteiro Lobato e o Sítio do Picapau Amarelo.

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Sou João La Salle São Batista de La Salle QUEM? Alunos de Turismo da Faculdade La Salle, de Estrela/RS. QUANDO? No dia 09 de outubro. ONDE? No Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul. POR QUÊ? Estavam visitando um dos jornais mais antigos do Estado, O Taquaryense, analisando a participação do poder público e do setor privado nas atividades de turismo no Município de Taquari, com as professoras Bel e Juliana.

QUEM? Estudantes do Ensino Médio. QUANDO? Na manhã do dia 31 de março. ONDE? No pátio do Colégio La Salle Brasília, no DF. POR QUÊ? Participando de uma das tarefas mais divertidas da Gincana La Salle quando a equipe deveria colocar o maior número possível de integrantes dentro de uma Kombi.

QUEM? Pequenos alunos da Educação Infantil. QUANDO? No dia 19 de abril. ONDE? No pátio do Colégio La Salle Manaus, no Amazonas. POR QUÊ? Crianças estavam participando de atividade alusiva ao Dia do Índio quando fizeram trabalhos artísticos e se caracterizaram para homenagear a cultura indígena.

PARTICIPE! Mande com a descrição situações a dia PARTICIPE! Mande suasua fotofoto com a descrição de de situações do do diadia a dia nosnos ambientes instituições lassalistas para a Revista, através e-mail ambientes dasdas instituições lassalistas para a Revista, através do do e-mail marketing@lasalle.edu.br . As fotos devem mínimo 2 mega . As fotos devem terter no no mínimo 2 mega de de marketing@lasalle.edu.br resolução. resolução.

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Eventos

JUNTOS E POR ASSOCIAÇÃO Lassalistas brasileiros participaram de Congresso da Rede La Salle em Roma Por Sonia Maria da Silva Fraga Vice-Diretora e Supervisora Educativa da Escola La Salle Esmeralda, Porto Alegre/RS

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onstantemente o educador é levado a pesquisar nas mais diversas fontes, as dúvidas, a confirmação de hipóteses e outras necessidades impostas por sua prática educativa. Como lassalista, inquietações me acompanharam na minha caminhada, entre essas, a expressão “Associação” que se apresentou de uma forma bastante interrogativa em várias situações da minha vivência. O inusitado e incomum foi a forma como consegui compreender o seu significado. Juntamente com alguns brasileiros (quatro Irmãos, dois leigos de Brasília e dois de Porto Alegre), tivemos a graça de participar do Encontro CIL 2010, na Casa Generalícia, em Roma, Itália, no mês de novembro passado. Lá estiveram representadas várias Regiões Lassalistas da Europa, Oriente Médio, América do Norte, Ásia, Austrália, América Latina e África, divididos em três grupos lingüísticos (espanhol, francês e inglês). O tema central deste Encontro que contou com a presença e a participação efetiva de setenta e sete lassalistas, Irmãos,

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leigos/as e uma Irmã Guadalupana de La Salle, foi de congregar leigos e leigas cristãos e não cristãos seguidores de La Salle que querem viver a Missão Lassalista. A Equipe de Coordenação do CIL, com seis representantes de vários países (Irmãos e leigos), destacou-se pela organização e acolhida aos participantes. Desde a chegada percebemos um ambiente amistoso, um excelente clima de fraternidade e cordialidade. Usufruímos momentos preciosos de reflexão pessoal e em pequenos grupos, conferências, oportunidades de oração, de convivência e de comunhão. Um sorriso ou um pequeno gesto facilitava o entendimento, apesar da diversidade lingüística; era a união de pessoas em resposta a um chamamento interior. Num clima de surpresa, fomos gradativamente entendendo que nos 82 países marcados pela presença lassalista, é crescente o número dos que perpassam a dimensão profissional e se comprometem por certo tempo ou ao longo da

vida com o carisma de La Salle. Há um compromisso vocacional de fé assumido com os Irmãos. Este comprometimento é iluminador e orientador do estilo de vida pessoal, familiar, profissional, social e eclesial. Cabe ressaltar que em todo o mundo há manifestações neste sentido, inclusive, leigos/leigas optam por fazer o voto de “viverem juntos e por associação, com os Irmãos, a missão educativa junto aos pobres”. Durante o Encontro do CIL, em Roma, presenciamos experiências belíssimas e encorajadoras, de pessoas leigas ou religiosas vivendo de acordo com o carisma e os valores de São João Batista de La Salle. A participação em cursos, retiros, ações voluntárias, leituras, grande disposição em aprofundar conhecimentos sobre a missão e o compromisso de fé, seja cristã ou de outra religião, de se dedicar com gratuidade e qualidade aos mais desassitidos, são características observáveis nos relatos dos participantes do CIL/2010. No Brasil, existe significativo investimento na formação cristã lassalista dos educadores (professores e funcionários), seja nas Jornadas


Eventos São João Batista de La Salle Pedagógicas, na Assembléia da Missão Lassalista, no Curso de Formação para Colaboradores Lassalistas Programa 2, além de incentivo a leituras, espiritualidade e pedagogia lassalista. Mas, até agora, as iniciativas e movimentos por parte dos leigos/as para se associarem, de forma efetiva e publicamente, caminham a passos lerdos e inexpressivos. Conforme as reflexões do grupo brasileiro presente ao CIL/10, a idéia da formação de comunidades de associados leigos e Irmãos não está bem clara, pois há implicações jurídicas de acordo com a legislação do pais. Merece destacar que em 1976, por iluminação do nosso Fundador, alguns leigos/as instituíram a Fraternidade Lassalista Signum Fidei que atualmente conta com expressivo número de associados/as que comungam entre si, desenvolvendo aspectos da vida cristã e dos fundamentos lassalistas com ênfase na educação dos pobres. Através de consulta a todo o Instituto dos Irmãos, foi elaborado pelo Conselho Geral a Circular 461, cujo objetivo é “destacar os aspectos essenciais da Associação Lassalista, examinando a realidade vivida, definindo os termos significativos e discernindo suas diretrizes”. Este documento, também tema de estudos no CIL/10, está sendo divulgado em todas as comunidades, escolas e entidades com orientações e esclarecimentos para que Irmãos e leigos/as vivam como São João Batista de La Salle entendia ser o ato de

companheiro de viagem. Inclusive, vali-me de muitas de suas idéias referidas neste artigo. Nossa ida à Roma foi uma forma privilegiada e aprazível de compreender e reforçar o sentido de outros conceitos como vocação, identidade, compromisso, relação entre pessoas. Como afirma o Irmão Antonio Botana (2006), esses matizes estão presentes no termo “associação”, quando a participação no carisma lassalista é a temática central.

Saiba Mais Durante o Encontro do CIL, em Roma, presenciamos experiências belíssimas e encorajadoras, de pessoas leigas ou religiosas vivendo de acordo com o carisma e os valores de São João Batista de La Salle. associar-se para a missão lassalista. Os saberes adquiridos por nós, brasileiros, em Roma, foram bastante ricos para nosso crescimento pessoal e espiritual lassalista. Cabe registrar que boa parcela disso foi a presença, o apoio e a partilha dos conhecimentos do Ir. José Israel Nery, da Província de São Paulo, nosso guia turístico e

O Centro Internacional Lassaliano – CIL 2010, aconteceu na Casa Generalícia, em Roma. A atividade é destinada aos Irmãos e Colaboradores Lassalistas que se dedicam aos estudos, à reflexão e ao diálogo sobre a Associação Lassalista durante duas semanas. Ao todo, o CIL contou com a participação de 77 pessoas dos cinco continentes, sendo 35 Irmãos, uma Irmã Guadalupana de La Salle e 41 Colaboradores. Lassalistas do Brasil participantes: Província de Porto Alegre: Ir. Andre Luiz Dall’Acqua, Ir. Roberto Carlos Ramos, Ir. Valdir Leonardo da Silva, Maria Regina Coronet Laner e Sônia Maria da Silva Fraga. Província de São Paulo: Ir. Israel José Nery, Ivana Carvalho Araújo de Oliveira e Saulo Vieira.

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Eventos

Educação Infantil com novo prédio Por Joana Bendjouya Assessora de Comunicação e Marketing do Colégio La Salle Canoas/RS om design moderno, cores vibrantes, ambientes diferenciados e adaptados para faixa etária dos primeiros anos estudantis. Assim é o novo prédio do Turno Integral e da Educação Infantil do La Salle Canoas.

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Outra inovação é a cozinha integrada com o refeitório, que além de ajudar muito na preparação exclusiva das refeições dos alunos, abre uma oportunidade maior para as atividades e oficinas de culinárias, ministradas pelos próprios professores das turmas.

Desde o início 2011, estes alunos foram recebidos em uma nova estrutura física, que contempla salas de aulas mais amplas e modernas, com temas e cores muito mais infantis, refeitório exclusivo para alunos e playground, tudo pensado e adaptado com muito cuidado para as necessidades dos pequenos.

Ainda referente à segurança, um fator muito positivo é a questão, das proximidade entre os prédios da escola, que agora ficaram todos concentrados próximos ao pátio, facilitando assim o trabalho dos funcionários da segurança e Serviço de Coordenação de Turno (SCT).

Projetado para melhor atender os pequenos estudantes, o prédio é constituído de dois andares e um terraço. As salas da educação infantil além de amplas são equipadas com banheiros masculino e feminino separados e os corredores de circulação com telas de proteção. Segundo o Diretor do Colégio, Ir. Alvimar D'Agostini, essa é mais uma forma de proporcionar conforto e segurança para pais, alunos e professores, além de modernizar as dependências do educandário. “Os alunos não precisam sair do alcance dos olhos dos professores e monitores, para uma maior segurança”, destaca.

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Além desta, outras adaptações foram feitas para receber não só a Educação Infantil, mas principalmente os alunos do Turno Integral. Ambientes para assistir filmes e DVD, local para que os alunos possam guardar material escolar e seus pertences, espaço para descanso e para realização das tarefas de casa. “A proposta é fazer com que se sintam em casa”, afirma o diretor. A primeira fase da ampliação contemplou a construção dos dois primeiros andares do novo prédio, as obras iniciaram em agosto de 2010, sendo concluída no inicio deste ano. A inauguração oficial do prédio esta prevista para ocorrer no mês de maio, deste ano.

Estrutura - Térreo com 657,54m² - 3 pavimentos cada um com 675,90m² - Playground na cobertura com 675,90m² - Totalizando 3.361,14 m²

Projetado para melhor atender aos pequenos estudantes, o prédio é constituído de dois andares e um terraço.


Eventos São João Batista de La Salle

CALOURADA UNILASALLE Evento promove integração para quem está dando o primeiro passo em sua trajetória universitária Por Clarissa Thones Mendes Unilasalle Canoas/RS

ara marcar o início das aulas, o Unilasalle promoveu, no dia 17 de março, a Calourada Unilasalle. A recepção deste ano, além de promover um espaço de integração e diversão entre quem está dando o primeiro passo em sua trajetória universitária e quem está retornando das férias, contagiou o Unilasalle com o clima do rock and roll.

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A banda escolhida para recepcionar os mais de quatro mil acadêmicos presentes foi a Acústicos e Valvulados, que este ano completa 20 anos de estrada, com músicas que se consolidaram no playlist da juventude gaúcha. A conexão do público com a banda foi a principal característica do show. A cada nova música, a representatividade da Acústicos e Valvulados ficava evidenciada: acompanhando as letras e pedindo músicas, os acadêmicos consideraram a Calourada um evento marcante “Achei legal buscar uma

banda daqui do Rio Grande do Sul, identificada com a gente, reconhecida e que todo mundo curte. Tá bem mais animado do que as Calouradas anteriores” disse a aluna do 2º semestre de Psicopedagogia, Mariáh Passos. Interagindo intensamente com o público, o líder da Acústicos e Valvulados, Rafael Malenotti fez questão de declarar a satisfação em fazer parte da recepção da festa dos calouros. “Acho que o investimento em uma recepção especial para os acadêmicos, como está fazendo o Unilasalle, deveria se tornar uma regra entre universidades e colégios, pois é um cartão de boas-vindas que valoriza o aluno. E afinal, os alunos são a razão de ser de uma instituição de ensino, não é mesmo?” declarou o vocalista da banda, aplaudido pelos presentes.

Unilasalle também curtiram a Calourada em uma área vip. O Magnífico Reitor Prof. Dr. Paulo Fossatti, fsc, também subiu ao palco para saudar o público presente. “Obrigado a vocês, que fazem parte de um grupo de um milhão de alunos em todo mundo que participam e constroem a rede do conhecimento”, disse Fossati, lembrando a importância da integração do Unilasalle com as demais instituições de ensino superior lassalistas do mundo.

O show também foi marcado pela participação de integrantes da ONG Grupo Sócio Cultural Canta Brasil com sede no Bairro Matias Velho, em Canoas, que animaram o público antes da chegada da atração principal. Ao lado do palco, a Reitoria, Diretorias e professores do

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Eventos

Copa La Salle no Rio de Janeiro Por Jeline Rocha Assessora de Imprensa do Colégio La Salle Abel, de Niterói/RJ

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omo forma de tornar as aulas de Educação Física do Colégio La Salle Abel, em Niterói, Estado do Rio de Janeiro, ainda mais atrativas para os alunos dos 1º e 2º anos do Ensino Médio, o professor João Álvaro Martins, à frente da coordenação da disciplina, implantou em março deste ano mais um projeto esportivo na escola. É a Copa La Salle que (aos moldes do projeto Copa do Mundo lançado ano passado também no Abel durante o mundial da África do Sul) envolve dez dos quinze professores de Educação Física e vai até o fim de maio. A novidade foi tão bem recebida pela garotada que os professores já pensam em repetir o campeonato no segundo semestre de 2011, incentivando até a retomada das torcidas organizadas que há anos agitavam a escola de forma diferenciada. É o La Salle Abel mandando mesmo ver...

O projeto A partir da divisão dos alunos em equipes de jogadores, treinadores, médicos, fisiologistas,

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assessores de imprensa e tudo o mais que integra uma seleção de futebol de verdade, o projeto começou no dia 29 de março com os alunos do 1º ano EM, chegando às turmas do 2º ano no dia 31. Para os não interessados em rolar a bola, há professores coordenando partidas de minivôlei, basquete, tênis de mesa, dama e xadrez, com disputas que acontecem sempre no Abel, movimentando o campo e a quadra de grama com as partidas de futebol, e as

A Copa La Salle que (aos moldes do projeto Copa do Mundo lançado ano passado também no Abel durante o mundial da África do Sul) envolve dez dos quinze professores de Educação Física e vai até o fim de maio.

quadras de cimento com os demais esportes. “Opção é o que não falta para atrair os alunos às atividades oferecidas pela disciplina. O que buscamos é simplesmente adequar ainda mais a Educação Física aos interesses de nossos jovens”, diz João Álvaro, alertando que o projeto não tem apenas atividades práticas. “Cada turma está produzindo um trabalho escrito a partir de pesquisas com detalhes sobre a seleção que representa. Afinal, futebol é o motivo da Copa La Salle”, explica o professor, lembrando ainda que a atividade vale nota.


75 anos

Excelência educativa

na Serra Gaúcha ma secretaria. Duas salas de aula. Uma sala de professores. Uma recepção. Foi assim que em 14 de fevereiro de 1936, a partir da iniciativa da Associação de Ex-alunos do Colégio La Salle Carmo, fundou-se o Colégio La Salle Caxias, no bairro São Pelegrino. O espaço onde funcionava uma serraria, transformado em educandário para tão nobre missão de educar, teve apoio dos caxienses para sua construção. Em 1958, com a criação do Curso Ginasial, foi preciso ampliar a escola com a aquisição do terreno onde hoje funciona a instituição. Na presença do Governador do Estado, Dr. Ildo Meneghetti, foi lançada a pedra fundamental para a construção do atual prédio do Colégio. A construção seguiu vagarosa e somente em março de 1964, efetuou-se a transferência definitiva para o seu imponente novo endereço.

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A partir desta inauguração, o La Salle prosseguiu na sua caminhada educativa. Uma evolução gradativa, constante, a partir de raízes sólidas. Em 1963 fundouse o Grêmio Estudantil. Em 1968, a criação da Associação de Pais e Mestres. Em 1970, criação da Pré-Escola e 2º Grau Noturno. Também neste ano, foi adotado o regime misto de alunos. O Ginásio de Esportes foi inaugurado em 1977. O Curso de 2º Grau diurno instalado em 1979. Em 1982, criação do Centro de Professores. Com a missão de promover o desenvolvimento integral da pessoa, através de uma educação humana, cristã, solidária e participativa, hoje, graças ao apoio da comunidade caxiense, o Colégio La Salle comemora seus 75 anos. A instituição oferece ensino de qualidade nos níveis de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, com cerca de 900 alunos e 81 colaboradores. Integra, desde sua fundação, a Rede La Salle de Educação com presença em mais de 80 países e em 11 estados brasileiros. Oferece ainda ensino da mais alta qualidade com promoção de cultura, através de suas oficinas de música, estímulo ao conhecimento científico, através da sua Multifeira, além de proporcionar educadores preparados para ensinar e aprender diante de um mundo em transformação. Nos seus 75 anos de presença na Serra Gaúcha, o La Salle Caxias destaca-se pela solidez no "aprender a aprender", na organização, relações humanas e na interação com a comunidade local.

“A caminhada de 75 anos do Colégio La Salle Caxias o qualifica na galeria das instituições que significam. Os alunos do La Salle, desde sua tenra idade, são orientados à sua estatura cidadã, na vivência de valores consistentes e, sobretudo, na construção de um projeto de vida, sentido de viver. A contínua atualização, a religiosidade, o trabalho conjunto, o respeito à pessoa humana, as disposições vanguardeiras e a sua sintonia social, dentre outros, enriquecem o inventário dos 75 anos de educação lassalista no bairro São Pelegrino. Em 2011, caminhos, celebração, estudos estão previstos com docilidade pedagógica. E virão outros jubileus, é o que desejamos, com as bênçãos do padroeiro, São João Batista de La Salle. Parabéns à comunidade educativa e todos que construíram esta bela história do La Salle Caxias” - Mensagem do Diretor, Ir. Ivan José Migliorini Revista Integração • Maio 2011

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100 anos

De La Salle de Talca está de fiesta C

on uno acto simbólico el Colegio La Salle de Talca dio inicio a uma srie de actividades que se enmarcam en la conmemoración de los 100 años que cumple la institución en la ciudad de Talca. De esta primera jornada, ralizada el 7 de abril dia de San Juan Bautista De La Salle, participó la comunidad lasallana compuesta por alumnos, docentes, apoderados, ex alumnos, y los hermanos Ulisses Vera, Eduardo Muñoz y Juan Báez, quienes son hoy los encargados de formar comunidad. Durante esta fiesta también se contó con la presencia del Padre Pedro Duítano, de la parroquia San Luis, quien fue el encargado de bendecir el colégio para que este siga siendo um pilar fundamental en la educaión de Talca, “Queremos dar inicio a estas actividades sin pasar desapercebidos y la mejor manera de celebrar a nuestra querida y apreciada institución educativa lasallista es rescatando y viviendo los valores que nos identifican: la Fe, la fraternidad y el servicio”, señaló el representante legal del Colegio De La Salle de Talca, el Hermano Juan Báez. A estas palabra se sumó la rectora de institución, Andrea Mundana, quien afirmó que “El ser participes de esta fiesta es um privilegio porque 100 años no los cumple cuaquier institución. Este es um colégio con tradición, conocido por muchos en la ciudad y por donde hen pasado personas renobre”. En la actualidad la comunidad educativa sigue trabajando bajo lo aleros de los princípios católicos, pero principalmente sebasan en la honestidad, la responsabilidad y la autonomia de los alumnos, princípios que quieren seguir introduciento en futuras generaciones, “Esta es la gran tarea que tenemos, retornar el camino, seguir por el sendero de los valores cristianos y hacer que lãs nuevas generaciones se sientan orgulhosas de su colegio y Sean un ejemplo en la comunidad”, afirmó la rectora.

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El ser participes de esta fiesta es un privilegio porque 100 años no los cumple cualquier institución.


Rede La Salle

Preservação da Memória e da Identidade

LASSALIANA E LASSALISTA Por Ir. Jardelino Menegat Provincial da Província Lassalista de Porto Alegre/RS

Exemplos de trabalhos e estudos interdisciplinares: §

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aul Valéry, poeta francês, afirma que a verdadeira tradição das grandes coisas não consiste em refazer o que outros fizeram, mas sim, reencontrar o espírito com o qual foram feitas e que possibilitaria a realização de muitas outras em outros tempos. Para não cairmos no erro de apenas refazermos o que outros já realizaram é preciso saber o que foi feito. Para saber o que os outros fizeram é necessário que isso esteja registrado em alguma parte, e para reencontrar o espírito com o qual essas coisas foram feitas é fundamental que alguém o tenha percebido e registrado. Ainda, sabemos que não é possível para todos afirmar que a história é mestra da vida, mas sim, somente para os que a conhecem e sabem ser seus discípulos, isto é, sabem interpretá-la. A preservação do Patrimônio Cultural e da Identidade Lassaliana e Lassalista tem importância fundamental para o desenvolvimento e enriquecimento cultural do Instituto dos Irmãos das Escolas Cristãs e da Família Lassalista. Os bens culturais guardam informações, significados, mensagens, registros da história lassaliana e lassalista, e refletem ideias, crenças, costumes, conhecimentos etc. O Patrimônio Cultural e a Identidade Lassaliana e Lassalista são dinâmicos e transformadores, pois os registros culturais nos propiciam um momento de reflexão e de crítica que ajudam a nos situarmos e re-situarmos dentro do mundo lassaliano e lassalista. Portanto, o Patrimônio Cultural e a Identidade Lassaliana e Lassalista não são algo estático, mas sim, algo que poderá tornar-se justamente o que nos impulsiona à transformação, à criatividade e ao enriquecimento cultural; por isso a importância de sua preservação, estudo e análise. A memória do passado pode ser feita por meio acadêmico, mas também por ações ordinárias e quotidianas, como:

1. O registro ilustrado da história da Comunidade Religiosa e Comunidade Educativa. 2. O preenchimento, ao final do ano, dos formulários solicitados pelo Secretariado Geral do Instituto, guardando cópia na Comunidade e, se possível, na pasta de cada Comunidade Religiosa e Educativa no Arquivo da Província. 3. A publicação e a encadernação das Revistas e informativos da Província. 4. A organização técnica e profissional do arquivo da Província. Em nível acadêmico, desde 1994 professores do Centro Universitário La Salle, da Província Lassalista de Porto Alegre, que atuavam em áreas de conhecimentos próximas e mantinham interesses convergentes, começaram a vivenciar trabalhos e estudos interdisciplinares .

Memória oral dos bairros onde a Universidade está inserida. Este Projeto resultou na publicação de 10 livros, contando a história de 10 bairros da cidade de Canoas. § Criação do Museu e Arquivo Histórico La Salle, onde está reunido tudo o que se refere a La Salle, e o que os seguidores escreveram e fazem hoje. § Arquivo Sonoro e Visual da Memória Lassalista da Província Lassalista de Porto Alegre, que recolhe depoimentos de pessoas sobre algum momento de suas vidas relacionado com a educação lassalista. Este grupo de pesquisa estuda a memória, os bens culturais, as identidades sociais e culturais, as formas de expressão e de recepção das culturas, as instituições e produções culturais em seus aspectos políticos, sociais, éticos, religiosos e econômicos. Analisa, ainda, a preservação do patrimônio cultural e o desenvolvimento histórico-social das diversidades culturais. O grupo de pesquisa interdisciplinar ajudou na criação do Mestrado em Memória Social e Bens Culturais do Centro Universitário La Salle. Com a oferta deste Mestrado, abriu-se o espaço para uma linha de investigação e recursos lassalianos, além da continuidade dos projetos do Museu e Arquivo Histórico La Salle, e do Arquivo Sonoro e Visual da Memória Lassalista. O Programa de Mestrado colabora no resgate da história lassaliana e lassalista do Brasil, do Instituto dos Irmãos das Escolas Cristãs e da Família Lassalista. Um bom número de dissertações de Mestrado já foi defendido com a temática de investigação Lassaliana e Lassalista, e outras estão em andamento. O Centro Universitário La Salle, por meio do Mestrado em Memória Social e Bens Culturais, convida, a cada ano, o Coordenador do Serviço de Investigação e Recursos Lassalianos, Irmão Diego A. Muñoz León, para colaborar nesta linha de pesquisa da preservação da memória cultural e da identidade lassaliana e lassalista. Além do Irmão Diego, o Irmão Edgard Hengemüle, coordenador do Setor de Investigação do Instituto, colabora com o Centro Universitário La Salle e com a Província para a preservação cultural e a identidade lassaliana e lassalista em nível acadêmico, além de outras ações ordinárias do dia a dia. Há dez anos, por decisão dos Conselhos Provinciais das duas Províncias Lassalistas do Brasil, decidiu-se traduzir e publicar as Obras Completas de La Salle. Neste ano de 2011, sob a coordenação do Irmão Edgard Hengemüle, estas Obras serão publicadas. Esta tradução e publicação são o resultado de um longo trabalho realizado pelo Irmão Edgard Hengemüle, com a colaboração e a dedicação de outros Irmãos das Províncias do Brasil. Em tempos como os que estamos vivendo, que pedem a preservação e o cuidado da vida, não podemos nos esquecer de cuidar da nossa história e da tradição lassaliana e lassalista, pois fazem parte da nossa vida.

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Rede La Salle

Reestruturação das Províncias Região Latino-Americana Lassalista | RELAL Por Ir. Jardelino Menegat Provincial da Província Lassalista de Porto Alegre/RS Durante os últimos anos, no nosso Instituto, e também em outros Institutos Religiosos, o tema da reestruturação tem recebido considerável atenção por parte do Irmão Superior Geral e seu Conselho, bem como dos Irmãos Provinciais e seus Conselhos. O resultado mais visível desta preocupação é a fusão de Regiões e Províncias no Instituto. Ninguém duvida que essas reestruturações tornaram-se necessárias, e que novas mudanças na atual estrutura como Instituto se farão necessárias num futuro próximo.

As atitudes implicam em simplicidade, alegria, amor, cuidado e gratidão. As atitudes devem permitir olhar e valorizar o positivo das pessoas e dos processos. As estratégias fomentam parcerias e alianças. As estratégias transcendem as dimensões geográficas de um Distrito. As estratégias exigem planejamento a curto, médio e longo prazo numa perspectiva de futuro. As estratégias numa reestruturação precisam investir na formação continuada dos Irmãos e dos Colaboradores Lassalistas e, ainda, qualificar as relações fraternas.

Mesmo necessárias, as reestruturações, por não se constituírem no desafio mais significativo, não são suficientes por si mesmas se não se centrarem nos elementos constitutivos da vida do Irmão: consagração, vida comunitária e missão apostólica.

As estruturas nos ajudam a rever as funções, as atribuições e as rotinas que sugam o tempo e a energia, e não produzem os resultados necessários. As estruturas precisam permitir o equilíbrio entre o formal e o informal da vida comunitária.

Percebemos em nosso Instituto, mas também em outros, que o advento de uma nova estrutura não é o suficiente para resolver os desafios mais profundos do nosso Ser Irmão Hoje. Como pessoas, necessitamos de uma estrutura mínima para viver nosso carisma e nossa espiritualidade. A experiência nos mostra que empenhar-se a reorganizar internamente a estrutura de um Instituto, de uma Província ou mesmo de uma Comunidade pouco adianta se este esforço não estiver acompanhado por uma entrega plena a Deus, no serviço à missão que a Igreja nos confia.

A reestruturação, para ser eficiente e eficaz, precisa estar atenta na animação da Vida Religiosa. Que estruturas precisam permanecer? O que é possível deixar? O que de novo é preciso criar? Sabendo que o novo nasce a partir de mentes e corações que se preocupam em promover a vida. O novo nasce com as pessoas que se envolvem ou são envolvidas em processos.

Apesar da reestruturação já realizada e daquela por realizar em nosso Instituto e em outros Institutos, a crise da Vida Religiosa Consagrada ainda persiste. Por isto, somos convidados a passar de um enfoque centrado na reestruturação das Províncias para um enfoque também centrado na renovação de nossa vida consagrada, por meio do nosso ser e fazer.

REESTRUTURAÇÃO DOS DISTRITOS DA RELAL Os Distritos da RELAL estão em processo de reestruturação. Alguns deram passos significativos, outros ainda precisam avançar. De modo geral, o caminho tem sido o seguinte:

A reestruturação é extremamente necessária, mas não podemos deixar de cuidar, perceber e sentir os Irmãos individualmente, comunitariamente, como integrantes de um Instituto, de uma Província e de uma Comunidade. Isto significa que temos que estar atentos para questões do nosso ser e viver como consagrados. Colocar-se, ainda, numa atitude de escuta dos apelos do Espírito de Deus.

1. Reunião do Conselheiro Geral para a RELAL com a Conferência dos Visitadores demonstrando a necessidade de reagrupação de Distritos.

Creio que ao pensar e organizar a reestruturação é necessário rever a qualidade de nossas relações humanas, a nível pessoal, comunitário e provincial. Não seria honesto de nossa parte atribuir à vontade de Deus a extinção de um Distrito, de um Instituto, se os membros não se empenharem a viver coerentemente de acordo com o patrimônio espiritual do Fundador que lhes foi confiado pela Igreja. Portanto, a reestruturação é uma conversão. Conversão focada na consagração, na vida comunitária e na missão apostólica. Reestruturação é uma mudança de atitudes, de estratégias e de estruturas.

3. Constituição de uma Equipe Interprovincial para estudo e acompanhamento do processo de Reestruturação Distrital.

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2. Reunião do Conselheiro Geral para a RELAL com os Visitadores com proximidades geográficas e afetivas.

4. Sensibilização dos Irmãos sobre a necessidade de aproximação afetiva entre Distritos com o objetivo de reestruturação. 5. Estudo e aprovação da Reestruturação, em Capítulo Distrital.


Rede La Salle

REESTRUTURAÇÃO BRASIL-CHILE § Levantamento das debilidades, ameaças, forças e oportunidades dos

Distritos e Delegação envolvidos. § Constituição de uma Comissão de Reestruturação. § Elaboração de um Plano de Reestruturação dos Distritos: - Objetivos,

estratégias e ações. § Constituição de Comitês de estudo: - Missão e Pastoral; - Formação e

§ § § § § § § §

Vida Consagrada; - Comunicação; - Governo (animação, estatuto, gestão...) Encontro de Irmãos para sensibilização sobre a Reestruturação. Sondagens para escolha do nome do novo Distrito. Criação de uma página web sobre a Reestruturação. Convocatória para a Assembleia Constitutiva do novo Distrito. Oração de intercessão para a Reestruturação. Elaboração de documentos prévios para a Assembleia Constitutiva: Regimento da Assembleia; - Estatuto para o Novo Distrito. Realização da Assembleia Constitutiva - Realização em julho de 2011; Constituição do Novo Distrito. Início do Novo Distrito – janeiro de 2012.

DISTRITOS EM FORMAÇÃO Distrito de Brasil-Chile - Delegação do Chile - Distrito de Porto Alegre - Distrito de São Paulo Distrito de Bolívia-Peru - Distrito de Bolívia - Distrito de Peru Distritos em processo de maior integração entre si: - Distrito do Equador - Distrito de Bogotá - Distrito de Medelín - Distrito de Venezuela

E para concluir, aproveito para citar alguns versos do poeta e escritor chileno Pablo Neruda, nos diz que morre lentamente quem evita a paixão da mudança e quem prefere o preto sobre o branco e os pontos sobre os “is” em detrimento a um redemoinho de emoções... Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos projetos... quem não muda de marca, quem não arrisca vestir uma nova cor E não conversa com quem não conhece... Morre lentamente quem abandona um projeto antes mesmo de iniciá-lo, quem não pergunta sobre um assunto que desconhece e se cala quando é perguntado sobre algo que sabe. Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples fato de respirar. * Pronunciamento do Irmão Provincial realizado na Assembleia Intercapitular ocorrida em Roma, na Casa Generalícia dos Irmãos das Escolas Cristãs, entre os dias 21 de março a 02 de abril de 2011.

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Cultura

MOACYR SCLIAR Por Cristiane Pozzebon Coordenadora da Rede de Bibliotecas Lassalistas - REDEBILA Faleceu em 27 de fevereiro de 2011, aos 73 anos, um dos mais importantes escritores gaúchos Moacyr Jaime Scliar. Nascido em 23 de março de 1937 em Porto Alegre, trazia desde seu nascimento a inspiração para a literatura. Sua mãe escolheu o nome Moacyr, após a leitura de Iracema, de José de Alencar, significando “filho da dor”. Ele próprio dizia: “os nomes são recados dos pais para os filhos e são como ordens a serem cumpridas para o resto de vida. (ACADÊMIA BRASILEIRA DE LETRAS). Seus estudos iniciaram em 1943, na Escola de Educação e Cultura, também conhecida como Colégio Iídiche. Em 1955, foi aprovado no vestibular de Medicina pela Faculdade de Medicina Da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Moacyr era filho mais velho de imigrantes com ascendência russo-judaica, e viveu sua infância na comunidade israelita no bairro Bom Fim. Vivência essa que influenciou fortemente a sua obra, como nas obras “A Guerra do Bom Fim, O exército de um Homem só e Os deuses de Raquel, onde começa a aparecer a figura do judeu expatriado no Bom Fim, a tradição milenar, o sangue e a cultura herdados. Outra influência em suas obras foi a medicina que lhe oportunizou a vivência com a doença, o sofrimento e a morte, bem como o conhecimento da realidade brasileira. Foi professor visitante na Brown University (Department of Portuguese and Brazilian Studies) e na Universidade do Texas. Frequentemente era convidado para conferências e encontros. Da extensa trajetória desse escritor e de sua importância na literatura brasileira elencamos alguns aspectos mais relevantes: § Sua primeira obra foi publicada em 1962, História de Médico em formação. Contos baseados na sua experiência de estudante; § Scliar publicou 74 livros em vários gêneros; romance, conto, ensaio, ficção infanto-juvenil e escreveu, também, para a imprensa; § Obras suas foram publicadas em vários países como; Estados Unidos, França, Alemanha, Portugal, Inglaterra, Rússia entre outros; § Durante 15 anos foi colunista do jornal Zero Hora, escrevendo sobre medicina, literatura e fatos do cotidiano; § Foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras em 31 de julho de 2003, na sucessão de Geraldo de Lima; § Recebeu diversos prêmios importantes, dos quais destacamos Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Artes (1980), Prêmio Jabuti (1988, 1993, 2000 e 2009), Prêmio Açorianos (Prefeitura de Porto Alegre, 1997 e 2002), Prêmio José Lins do Rego, da Academia Brasileira de Letras, com a obra A Majestade do Xingu, Prêmio Mário Quintana (1999) entre outros tantos de mesma importância; § Escritores que marcaram o autor: Monteiro Lobato, Érico Veríssimo e Jorge Amado na infância. Clarice Lispector e Franz Kafka também foram citados como influências para Scliar.

Moacyr Scliar é considerado um dos escritores mais representativos da literatura brasileira contemporânea. É reconhecido pelo estilo altamente humanista, pela abordagem acerca da realidade social da classe média urbana brasileira e pelos temas envolvendo a medicina e o judaísmo.

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Experiências Projetos Inovadores

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Viajar é aprender muito mais Por Giordano Fontoura Bombardelli Professor do Colégio La Salle Esteio/RS Através do projeto “Viajar é aprender muito mais”, no qual foi idealizado que os nossos alunos pudessem fazer uma leitura com seus próprios olhos das diversas regiões do Rio Grande do Sul, o Colégio La Salle Esteio, realiza anualmente, a partir do ano de 2008 em todas as séries, viagens para os mais diversos lugares. Este artigo retrata uma experiência exitosa que gostaria de compartilhar com os demais colegas lasallistas, com o intuito de conhecer e vivenciar o Rio Grande do Sul. Muitos são os lugares onde os alunos podem enriquecer-se culturalmente, assim ampliando seus horizontes e pensamentos. Geografia e história são disciplinas fundamentais para o desenvolvimento desse projeto, mas, como sempre buscamos um ensino multidisciplinar - e transversal - as demais disciplinas podem perfeitamente trabalhar a partir dessas viagens. Vamos pontuar que esse projeto não é um simples passeio, pois todas as viagens possuem as mesmas características: disciplina, organização dos alunos, companheirismo,

divisão de tarefas, conhecimento cultural adquirido, avaliação, respeito, compromisso e diversão. Essa mescla faz das viagens um prazeroso projeto a ser desenvolvido. Para cada turma que viaja é exigido um relatório, no qual os alunos anotam as informações essenciais que a guia de turismo e o professor explicam, assim como as impressões de viagem de cada aluno, o que eles acharam do local visitado, o que aprenderem com a viagem. Minha experiência foi no ano de 2010, com as turmas 71 e 72, onde eram consideradas “agitadas” em sala de aula. Os alunos fizeram a “Rota Paleobotânica”, que inclui a visita às cidades de Santa Maria, Mata e Itaara. Pudemos ver troncos petrificados há milhões de anos, bem como outros aspectos relacionados à paleontologia (museus, parques, ...), da mesma maneira pudemos conhecer como ocorreu o processo inicial de ocupação na cidade de Santa Maria. Em dois dias conhecemos lugares incríveis. Na etapa final do projeto, quando fiz a leitura dos relatórios, pude observar,

principalmente nas impressões dos alunos, que eles de fato estavam interessados na viagem. Como eles poderiam escrever de maneira informal (mas sem assassinar o português, deixei isso bem claro) eles desenvolveram uma habilidade que possuem e, até então desconhecida por mim, escrever de maneira muito inteligente, usando uma linguagem tipicamente adolescente. Muitas escolas não fazem mais viagens com suas turmas. Entendem que pode gerar (dependendo do caso) muita bagunça e incomodação, mas nós continuamos acreditando na capacidade do aluno, de procurar desenvolver outras habilidades que, muitas vezes, não identificamos em sala de aula, bem como mostrar e valorizar o nosso Rio Grande. Devemos sair do nosso bairro, da nossa cidade e do nosso estado. O mundo fora dos muros da escola está aí para nos mostrar como podemos mudar e treinar o olhar dos nossos alunos, para assim vir a ser verdadeiros agentes protagonistas na sociedade.

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Motivo de superAÇÃO Por Renato Oliveira Filho Colégio La Salle Águas Claras/DF Desde 2001, o Colégio La Salle de Águas Claras DF, realiza uma grande gincana: Superação, projeto idealizado pelo vicediretor Tércio Mendes. O evento visa o reforço de valores e a integração de todos os estudantes, educadores, funcionários e pais da comunidade escolar. Os temas da gincana baseiam-se na Campanha da Fraternidade de cada ano. Neste é Fraternidade e a Vida no Planeta e a partir daí formaram-se dezesseis equipes, em média com 100 participantes composta por estudantes do 1º ano do Ensino Fundamental ao 3ª série do Ensino Médio, que realizaram dezesseis provas inusitadas como puxar o trator, andar no cabo de aço, debulhar o milho em equipe, atravessar a ponte, entre outras provas. Tudo isso com muita força de vontade, inteligência, paciência, organização e, impreterivelmente, muita animação. Este ano o nome das equipes foram animais em extinção: lobo-guará, onça-pintada, tamanduá-bandeira, tucano-de-peito-amarelo, tartaruga-da-Amazônia, jaburu, boto-cor-derosa, jacaré-do-papo-amarelo, arara-azul, peixe-

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boi, mico-leão-dourado, papagaio-do-peito-roxo, cisne-do-pescoço-preto, coruja-buraqueira, ema e preguiça. O evento acontece durante três dias no turno matutino em todo espaço físico da escola, onde tudo é transformado em um grande cenário de competição saudável. As equipes se reúnem diariamente no Ginásio de Esportes para receberem as orientações gerais do dia. Para que tudo aconteça em sintonia, o compromisso de unir o grupo é fundamental. Os educadores junto com estudantes da 3ª série do Ensino Médio, são responsáveis de cuidar dos menores, experiência que depende da união e da colaboração de todos.

às contribuições, também são premiados os fiscais de provas (funcionários do administrativo e pais) que, com muito empenho, viabilizaram o sucesso de todas as etapas do Superação 2011.

No sábado à noite na culminância do Superação, as equipes são acolhidas num ambiente temático e farto de atrações. É neste dia que os pais se envolvem no evento e participam da premiação tão esperada por todos. Todas as crianças são homenageadas e recebem lembranças como ato simbólico de uma premiação. Em reconhecimento à dedicação e

Há onze anos realizando este evento, percebemos como é grandioso e o quanto aprendemos com ele, pois proporciona a grandeza dos esforços de cada estudante em superar seus limites e até mesmo seus medos. São dias de muita alegria que nos fazem compreender que a FÉ, FRATERNIDADE e SERVIÇO conduzem a vida no nosso planeta!


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Acampamento no Colégio Por Ir. Plácio José Bohn e Andréia Demossi Colégio La Salle Peperi, São Miguel do Oeste/SC Na tardinha do dia 19 março o campo de futebol suíço do Colégio La Salle Peperi se transformou num camping com 32 tendas. O acampamento envolveu 97 pais, alunos e professoras do 1º, 2º e 3º Anos do Ensino Fundamental e colaboradores lassalistas. A atividade mesclou reflexões, celebração e recreação, as quais foram coordenadas pelos Serviços Pedagógicos do Colégio junto com as professoras das turmas.

família e escola, pois uma educação integral precisa levar em conta essa parceria. Para Luís Gustavo Spazzini, pai da Luíza, “momentos como este são o melhor marketing para a escola: vale mais que meio ano de propaganda”.

A convivência entre Direção, Serviços Pedagógicos, professores e alunos fora da sala de aula auxiliam na construção de vínculos afetivos e torna-se uma contribuição importante para a condução do processo educativo. Outrossim, sabe-se que cada vez mais precisamos estar próximos dos nossos educandos, conhecendo sua história e seus familiares para a aprendizagem ser mais prazerosa e próxima da realidade.

Tendo inicio na tarde do dia 19 e término na manhã do dia 20, o encontro foi bem diversificado: construção das barracas, churrasco feito pelos pais, saladas pelas mães, filmes e reflexões feitas pelo Ir. Mauro, Volmar e Andréia, mães cuidando das crianças no parquinho. “Foi um momento ímpar de convivência, integração e partilha de vida”, afirma o Diretor, Ir. Plácio. Segundo o Volmar, Supervisor Educativo e pai do Rômulo, o colégio pretende cada vez mais estreitar os vínculos entre

aventura, a oportunidade de união com os filhos, o jantar em comunhão”. Para Lígia Villani, mãe da Giovana, “foi legal para a convivência e interação com as outras famílias. Precisa ser feito mais vezes. Gostei demais”.

O Dr. Arnildo Schultz, pai do Mateus, foi categórico: “Não parece, mas foi a primeira vez que acampei na vida e teve que ser na escola com meu filho”. Para Patrícia Rüppel, mãe da Emanuelle, “o que valeu foi o espírito de

Quem não esteve ficou arrependido e espera pelo próximo. Pais e alunos foram unânimes: encontros como este precisam se repetir, pois criam laços, formam a coesão, envolvem a comunidade educativa e geram o verdadeiro espírito lassalista.

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Fotos: Maurício Concatto

Experiências

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BioBlogs: aprendizado no ambiente virtual Por Telmo Castaman Professor do Colégio La Salle Santo Antônio, de Porto Alegre/RS O desenvolvimento de atividades escolares em ambientes virtuais de aprendizagem representa a oportunidade de colocar em cheque os paradigmas educacionais. A elaboração desses ambientes incorpora novas concepções nos processos formativos que mudam a construção do conhecimento e fortalecem o posicionamento analítico-crítico dos alunos. No projeto “BioBlogs”, os estudantes da 1ª série do Ensino Médio criaram um blog pessoal em que postam notícias semanais relacionadas à Biologia. Cada notícia é acompanhada de um comentário do estudante, de forma a incentivar o educando a entender o que acontece no mundo. O projeto objetiva estimular os jovens a utilizar a Internet de maneira ampla, educativa e INFORMATIVA. A ideia é proporcionar um espaço de informação científica em relação aos eventos que ocorrem no Planeta. Conforme o estudante Leonardo Nunes, “O Blog de Biologia é importante em relação à informação e estudo. É uma ótima forma de aprendizado, pois todo o jovem gosta de usar a Internet e, podendo realizar tarefas na Web, fazemos o que gostamos e nos mantemos informados”. A incorporação de recursos atraentes aos alunos, principalmente relacionados à Web, proporciona novas possibilidades para a educação.

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A jovem Rafaella Corletto opina: “Achei interessante a dinâmica do trabalho. Faz com que tenhamos de realmente ler a notícia para comentar. As atualizações semanais do blog fazem com que o aluno tenha de ficar em contato com o trabalho, com a Biologia, sempre”.

Com a proposta da utilização do Blog como ambiente educacional de aprendizagem virtual, tem-se uma experiência motivadora de metodologias alternativas às aulas tradicionais. Ambientes virtuais destinados a conectar pessoas surgem a todo o momento. Sites como Twitter, Facebook e Formspring, entre outros, acabam por fazer com que o aluno utilize boa parte do seu tempo neles. Com a proposta da utilização do Blog como ambiente educacional de aprendizagem virtual, tem-se uma experiência motivadora de metodologias alternativas às aulas tradicionais, além de facilitar a relação estudante-professor e

possibilitar a discussão de conceitos, socializando o conhecimento entre os participantes, principalmente no que se refere à motivação dos estudantes com a Biologia. Os endereços dos blogs ficam disponíveis na página do professor, permitindo assim que possam ser acessados por quem tiver interesse(https://sites.google.com/site/prof telmolssa/home/blogs). A aluna Giovana Talisz cita a mudança na realização dos trabalhos escolares: O trabalho realizado com os blogs mudou a forma com que nós, alunos, utilizamos a internet, passando a visitar mais os sites de notícias ou variedades, deixando os sites de relacionamento um pouco de lado. O blog nos ajuda a nos atualizarmos sobre fatos relacionados à Biologia do mundo todo. Sem dúvida é algo que nos mantém informados!". A escolha semanal de notícias de Biologia cria a expectativa de que os blogs funcionem como uma fonte de informação, discussão e partilha de assuntos Biológicos, nas suas diversas perspectivas... Afinal, a Internet vai muito além das redes sociais!


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Educador é artesão dos sonhos Por Mary Villasboas e Suellen Estupinhã Professoras do Centro Educativo e de Promoção La Salle, de Niterói/RJ Hoje, em nossa sociedade, o jovem manifesta um desinteresse constante pela educação. A sua relação afetiva encontrase comprometida pelo aceleramento das informações, pela falta de atenção, pelo descaso, e porque não dizer, pelo abandono das relações sociais. Estamos vivendo numa sociedade da época das barbáries, não humanista. As relações afetivas encontram-se esvaziadas de sentido. As famílias já não são as mesmas, a sociedade já não tem o apoio deste núcleo para se firmar e fortalecer suas bases. Mediante este cenário fragmentado em que nos deparamos com a desestruturação da identidade familiar, a escola passa a assumir um papel ainda mais relevante e significativo na vida de seus alunos, pois temos como missão, corresponder às necessidades e anseios de nossos estudantes incentivando-os a enfrentar e modificar este quadro para que no futuro outras bases possam ser estruturadas na solidez dos laços cristãos. Como dizia La Salle, vós exerceis um emprego que vos coloca na obrigação de mover os corações , o fim de sua vocação é trabalhar para o estabelecimento e a consolidação do Reino de Deus no coração dos alunos .

A semente do amor plantada com fé, desde sua mais tenra idade, gera harmonia, respeito, sensibilidade, desenvolvendo a personalidade e maturidade pessoal. Na visão de La Salle a escola é muito mais do que escola, ultrapassa uma proposta pedagógica, não aprisiona... liberta, vai para além dos muros e pousa sua essência na sociedade como uma audácia renovadora. A escola humana, moderna e cristã, transcende paradigmas.

As famílias já não são mais as mesmas, a sociedade já não tem o apoio deste núcleo para se firmar e fortalecer suas bases. No Ceplas, nosso compromisso é com as crianças e seus familiares numa visão integral e personalizada, cada um é único, um ser digno de respeito e peculiar na sua formação como ser humano.

La Salle teve um sonho e por ele despojou-se de sua vida pessoal e foi viver em prol do próximo, dos pobres. Foi pioneiro de uma educação voltada para Jesus Cristo. Mesmo sendo educado pela pomposidade da burguesia francesa, não se deixou levar, um só instante, pela materialidade dos nobres de sua época. Direcionado pela sua sólida espiritualidade e missão educativa, foi com convicção inabalável nos princípios cristãos que resgatou os jovens de Reims inserindo-os na sociedade como sementes desafiadoras de um novo tempo.

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Por um mundo melhor Por Daniele Lopes Assessora de Comunicação do Colégio La Salle São João, de Porto Alegre/RS No ano em que a Igreja do Brasil reza a Campanha da Fraternidade com o tema “Fraternidade e vida no planeta”, as Jornadas de Formação do Colégio La Salle São João chegam com ideia de proporcionar uma reflexão em torno da matéria homem versus natureza. Os alunos são convidados a se reconhecerem como templos sagrados e responsáveis pela construção de um mundo melhor através das práticas diárias e, principalmente, da transformação da sua consciência, que vai proporcionar fundamentos críticos para opinar e refletir as práticas contra o meio ambiente. “Acho válido tentar fazer com que as pessoas entendam e se preocupem com o que acontece ao nosso redor”, afirmou a aluna do Ensino Médio, Francielle Schroeder. No encontro, que envolve alunos da 5ª série do Ensino Fundamental ao Ensino Médio, os jovens recebem uma formação com base no trabalho “Carta da Terra”, do teólogo brasileiro Leonardo Boff. O documento nasceu como resposta às ameaças que pesam sobre o planeta como um todo e como forma de se pensar articuladamente os muitos problemas

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ecológico-sociais, tendo como referência central a Terra. Divididos em grupos, os alunos são convidados a organizar uma carta que narre como estará a terra daqui a 70 anos se continuarmos com as práticas atuais. A apresentação das cartas é seguida de um material explicativo que oferece dados científicos mostrando o grande desafio que será viver no mundo futuramente. Mas as Jornadas não ficam só na esfera teórica. Os jovens assumem compromissos práticos de cuidado com a vida. “Podemos começar com atitudes simples, dando mais valor a nossa vida, não deixando os momentos passarem sem significado. Espero que a maioria dos meus colegas tenha levado a sério a reflexão e tome alguma atitude”, declarou Francielle. Para selar o final do encontro, cada turma é presenteada com um lírio da paz. Este lírio deverá ser cuidado pela turma ao longo do ano letivo como símbolo de um esforço coletivo para um mundo melhor. Individualmente, cada aluno ganha um squeeze da Pastoral Vocacional.

Além de promover a Pastoral Vocacional Lassalista entre os estudantes, a intenção é reduzir o número de copos descartáveis usados na Escola, que ultrapassa o numero de mil por dia. As Jornadas de Formação são organizadas pela Pastoral da Escola em parceria com os Serviços Pedagógicos e educadores e vai ao encontro dos propósitos de educação e formação integral priorizada pela Rede La Salle.

CARTA DA TERRA Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que, nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações. (Leonardo Boff)


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Entrando nas Redes Sociais Por Ir. Jackson Luiz Nunes Bentes Colégio La Salle Botucatu/SP Continuamos nossa reflexão sobre “Novas tecnologias na educação” , conjeturando o avanço do Colégio La Salle de Botucatu nos espaços das redes sociais. As redes sociais como, Facebook, Orkut, MySpace, Twitter, LinkedIn e outras presentes entre nós podem simbolizar o isolamento social, mas para muitas pessoas significam uma oportunidade de contato com o “mundo” e “com todo mundo”. Mas, de que “mundo” se fala nas redes sociais? As redes sociais podem ser entendidas como uma ferramenta interativa entre as pessoas. Mas são muito mais que isso. Temos de nos curvar diante dessa magnífica ferramenta que rompeu com os limites das comunidades físicas e ampliaram as formas de comunicação entre os filo-tecnológicos. Estas redes sociais potencializadas pela tecnologia, podem ampliar o vazio existente na ausência de conteúdo comunicativo ou nos atentar para o “sentido das nossas relações”. Este é mais um desafio que cabe à escola discutir de forma holística: como utilizar as redes sociais virtuais para oferecer conteúdo aos estudantes? E como usufruir dos recursos das redes sociais no processo educacional? As tecnologias em geral não modificam e, sim, potencializam as nossas habilidades. Podemos escolher entre olhar a questão através do microscópio ou do

telescópio, ampliando nossa visão, da mesma forma que as redes sociais virtuais ampliam nossa sociabilidade. A amálgama fundamental emerge na definição das redes que é a “sua abertura e porosidade, possibilitando relacionamentos horizontais e não hierárquicos entre os participantes”. Para a escola, estrutura conservadora, essa mudança de postura custa muito, pois significa mudar um paradigma. Os pontos de referência mudam e os jovens e adolescentes que crescem como protagonistas destas redes, terão parte importante de sua identidade também construída nesta diversidade da tecno-imagem, “a imagem escrita, de Flusser” não mais feita de planos ou superfíciesmas de pontos, grânulos e pixels. As redes sociais virtuais são onipresentes, cabendo a escola contextualizá-las no processo educativo afim de que seus educandos as assimilem e as transformem em conhecimento e a escola não caia na banalização fashion da conexão com “perturbações de informações irradiadas” . Para Tiburi o “desejo de conexão” não teria motivo para ser criticado, se ele não servisse de “trunfo exploratório sobre as massas”, referindo-se à indústria da comunicação digital que se “aproveita desse

desejo que o jovem tem em conectar-se e viajar pelo mundo”. No filme A Rede Social (The Social Network, 2010), de David Fincher, que retrata a vida de Mark Zuckerberg, (criador do Facebook), um jovem excluído dos grupos sociais, que decide criar seu próprio grupo (anti) social, ignorando a ética nas suas relações virtuais e trazendo perdas reais a sua vida. Isto nos ajuda a pensar sobre nossos valores aprendidos “como função fraterna no laboratório familiar e na escola”, enquanto nos preparam para um reto agir. Nesse sentido, a afirmação de Flusserde que “nossas decisões livres são resultados de combinações extremamente complexas entre informações recém-adquiridas, informações armazenadas e processos intercerebrais programados”, é consonante com a realidade das redes sociais. Por isso, não podemos entender as redes sociais limitadas a sua promessa de conexão entre amigos e os novos gadgets, nosso papel, enquanto educadores, é mediar seu uso em nossas escolas. Mas, se o bom aprendizado referenda reflexões mais profundas a partir do iguais-diferentes, não podemos desconsiderar as pessoas que falam a mesma linguagem, têm os mesmos hábitos e usam as mesmas tecnologias, ou seja, os filotecnologicos.

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O lúdico e o cálculo na escola Por Adriana Pianura Queiroz Colégio La Salle São Paulo/SP A História da Matemática, segundo Giovanni e Giovanni (1996), mostra-nos que os números negativos não eram aceitos e eram considerados “números absurdos” ou “fictícios”. Considerava-se como inadmissível a obtenção de resultados negativos. Mesmo assim, tais números eram utilizados por alguns povos, como os chineses. Hoje, ao contrário de antigamente, é comum realizarmos operações de adição e subtração de inteiros para verificar a temperatura, por exemplo. O conjunto dos números inteiros, apresentado no 7º ano do EF, é identificado por muitos pesquisadores como uma questão que apresenta sérias dificuldades no ensinoaprendizagem de Matemática. Consoante esta afirmação, também constatamos tal problemática no processo de aprendizado de nossos alunos. Por conta disso, e considerando a história dos números negativos, decidimos introduzir jogos que pudessem servir de auxílio na construção do conhecimento sobre os números inteiros. Preocupados em tornar a aula de Matemática mais significativa e lúdica, decidimos por trabalhar com os jogos. Eles contribuem para desencadear a imaginação e propiciar um

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ambiente favorável à motivação, já que os educandos se encontram em uma fase de transformação, na qual estas capacidades não podem ser interrompidas. Nessa perspectiva, aplicamos o jogo do Vai e Vem. Um jogo de percurso que envolve basicamente a sorte. Ele é destinado a: construir e resgatar a noção de números inteiros e a vivência com as somas algébricas.

Material necessário para o jogo: 1 tabuleiro, 1 dado e 5 dedais, de cores diferentes. No percurso há 27 casas, sendo que 7 são escuras e 20 são claras. Quando um participante jogar o dado e parar em uma casa escura, na próxima

rodada, ele deverá recuar. O jogo consta de 3 rodadas.Ganha o participante que chegar primeiro ao final do percurso. Os pontos obtidos pelos jogadores em cada partida devem ser assim distribuídos: 1º Lugar: 5 pontos ganhos; 2º: 3 pontos ganhos; 3º: 1 ponto ganho; 4º: 1 ponto perdido; 5º: 2 pontos perdidos. Ao final das 3 rodadas, cada participante calculou a sua pontuação. O grupo, por sua vez, fez a conferência de todos os cálculos. Neste momento, os alunos se valeram dos conhecimentos prévios para fazer a representação do resultado negativo e determinaram a classificação dos jogadores, construindo uma tabela. Durante a atividade, percebemos uma atmosfera lúdica, de criatividade e interação entre os jogadores, haja vista o prazer de ser ativo, pensante, questionador e reflexivo no processo de aprendizagem. A atividade permitiu concluir que os alunos identificaram e compreenderam o maior e o menor número inteiro, pois as classificações do desempenho do grupo e de todos foram realizadas coerentemente. Esse resultado permitiu trocar a lista exaustiva de exercícios, por situações problemas.


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Portas abertas para o mundo Por Clarissa Thones Mendes Analista de Comunicação do Unilasalle Canoas/RS Integrar uma rede de ensino presente em mais de 80 países torna o Unilasalle um centro universitário naturalmente conectado com instituições de ensino superior de todo o mundo. Mesmo com este componente em seu DNA, o ano de 2011 vem se destacando pela efetivação de importantes parcerias com instituições de diferentes continentes, o que evidencia o investimento do Unilasalle na consolidação de um posicionamento internacional. Apresentado pelo Reitor Prof. Dr. Paulo Fossatti, fsc, em Portugal como sede da segunda edição do Congresso Internacional da Qualidade da Educação Superior , que acontecerá de 20 a 22 de março de 2012, o Unilasalle foi reconhecido pelos representantes de universidades de todo o mundo como instituição referência, tanto em ambientes de aprendizagem, quanto em corpo docente e linhas de pesquisa. Segundo o Reitor Prof. Dr. Paulo Fossatti o cenário mundial é extremamente favorável para as instituições brasileiras. “Os dirigentes internacionais estão vendo o Brasil como um gigante do desenvolvimento, pois temos todos

os elementos necessários para o desenvolvimento de pesquisas: uma economia em crescimento, diversidade populacional e extensão territorial” enfatizou Fossatti. Com condições favoráveis, a primeira missão internacional do ano foi enviada à Espanha, onde o Vice-Reitor do Unilasalle, Ir. Cledes Casagrande, a Pró-Reitora Acadêmica Profª. Vera Lúcia Ramirez e o Diretor de Marketing Prof. Giovane Martins cumpriram uma extensa agenda de encontros e reuniões. Além de conhecer a estrutura geral das universidades lassalistas de Madrid e Barcelona, o foco das discussões foram as áreas de gestão e saúde, onde os representantes do Unilasalle concentraram esforços para futuras parcerias e convênios. Um dos frutos da missão à Espanha já será conhecido pela comunidade acadêmica no segundo semestre de 2011. A Business School do Unilasalle já está sendo estruturada, baseada em uma nova concepção dos cursos de pós-graduação na área de gestão e negócios, com a chancela das Universidades de Madri e Barcelona, que têm

mais de 25 anos de atuação na Europa. Entre as inúmeras vantagens para a comunidade acadêmica, a Business School possibilitará o intercâmbio de alunos e vinda de professores europeus para o Brasil. Além das Universidades de Madri e Barcelona, também está em fase de conveniamento com o Unilasalle, a Universidade de Jaén, localizada na cidade de mesmo nome, distante 250km de Madri. A Vice-Reitora de Relações Internacionais, Maria Victoria López-Ramón manifestou interesse por convênios em todas as áreas do conhecimento. O Unilasalle também prepara, no momento, duas missões institucionais para firmar parcerias com a Argentina e Canadá. As instituições contatadas no vizinho da América Latina são o Instituto Universitário Italiano de Rosário - IUNIR, a Universidade Católica Argentina e os Institutos Superiores de Educação La Salle. No Canadá, a Assessoria de Relações Internacionais programa visitas à Universidade de Ottawa, a Universidade Laval, a Universidade do Quebeq em Montréal e a Universidade de Montreal.

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Viagem de estudos ao Canadá Por Eloísa de Ávila Pauletto Diretora do Colégio La Salle Carazinho/RS O Canadá é um país que ocupa grande parte da América do Norte, sendo o segundo maior país do mundo em área total, atrás apenas da Rússia. Sem dúvida, é um dos países mais desenvolvidos do mundo, tendo uma economia diversificada, um país bilíngue e multicultural, com o Inglês e o Francês como línguas oficiais. É uma federação composta por dez províncias (estados) e três territórios, uma democracia parlamentar e uma monarquia constitucional. Foi neste belo cenário que foi realizada, uma viagem de estudos por um grupo de 30 gestores educacionais, os quais participaram de um grupo organizado pelo SINEPE-RS, para conhecer o Columbia International College em Hamilton. Da Rede La Salle, a diretora do Colégio La Salle de Carazinho, Eloisa de Avila Pauletto, integrou esse grupo e, a seguir, relata suas considerações. Uma experiência assim nos permite conhecer um outro país, sua cultura, o clima, seu povo e, nesse caso, a oportunidade vivenciada em uma proposta muito interessante de Escola para estudantes do mundo inteiro, pois são mais de 60 países distintos, representados por seus 1.500 jovens, nos níveis que correspondem a nossas 7ª e 8ª séries do Ensino Fundamental e nosso Ensino Médio. Percebe-se a cultura de

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jovens que têm muita clareza em seu foco de estudos. De forma rigorosa, investem seu tempo e esforço em estudar muito para alcançar êxito em sua caminhada. A possibilidade para o jovem cursar o quarto ano do Ensino Médio no Canadá, tem sido muito procurada por estudantes brasileiros, os quais concluem o Ensino Médio no Brasil e vão cursar o quarto ano em Hamilton, no Columbia. Dizem que essa oportunidade permite fazer um “upgrade” em seu currículo, uma vez que as melhores Universidades Canadenses analisam o histórico escolar para o ingresso dos estudantes. Ao conhecer um sistema de ensino de outro país, inevitavelmente nos deparamos com as análises de nosso sistema educacional. Com certeza, não pretendíamos julgar, apenas conhecer a proposta do Columbia. Estávamos encantados por estar numa escola de primeiro mundo e com uma trajetória tão exitosa, pois seus alunos realmente alcançam excelentes Universidades, o que sabemos que é de grande exigência acadêmica. Então a sede para aprendermos com quem faz a diferença, era grande e foi sendo alimentada. Nossos olhares, escutas, análises foram ampliando nossos horizontes de quem atua na gestão de muitas escolas particulares do nosso estado do RS.

Percebemos que os estudantes naquele Colégio, são muito dedicados e disciplinados. Estão inseridos num ambiente escolar e residencial, onde estudam de dia e de noite, isto é, pela manhã e à tarde estão no Columbia estudando muito. O Columbia também possui um Centro de Treinamento de Lideranças, utilizado por muitas Empresas Canadenses, mas especialmente para os alunos do Columbia, é o Park Lake, um parque belíssimo, distante 4 horas de viagem de ônibus; tivemos o privilégio de conhecer também este parque. Nesse espaço, junto à natureza, as habilidades e competências de lideranças são aprimoradas através de esportes na neve como esqui, arborismo, caminhadas com sapatinho de neve, tobogã, a canoagem no verão e muitas outras atividades que permitem a descontração, mas também a superação dos próprios limites, além do constante incentivo ao trabalho em equipe. São utilizadas estratégias que promovem a formação de líderes conscientes e atuantes. Apesar do frio intenso que o grupo enfrentou, com temperaturas abaixo de zero, às vezes, chegando a enfrentar até 25 graus negativos, o calor humano foi percebido através das inúmeras gentilezas que a equipe do Colúmbia demonstrou.


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Fraternidade e Vida no Planeta Por Laís dos Santos Boneli Pastoral da Juventude Estudantil da Rede La Salle A Campanha da Fraternidade deste ano – Fraternidade e a Vida no Planeta – aborda um tema que está cada vez mais latente em nossa sociedade, mas que, às vezes, não recebe a devida atenção. Vivemos um tempo de alterações climáticas que fogem das causas naturais, e é através delas que o homem passa a perceber que tem uma parcela de responsabilidade com a situação do planeta. Porém, preocupar-se com o meio ambiente, relacionar as catástrofes ambientais com as atitudes do dia a dia, são assuntos que nem sempre estão pautados em nossas agendas, apesar de estarem ganhando cada vez mais espaço no cenário internacional. Antoine Laurent Lavoisier, baseado em reações químicas afirmou certa vez: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Como seria possível então, a ação antrópica prejudicar a Terra? Para os céticos, o planeta está apenas passando por mais uma mudança; para os ambientalistas, o planeta está pedindo socorro. Independentemente da posição, falar de meio ambiente está na moda, todos os formadores de opinião têm algo a dizer.

A evolução tecnológica possibilita transformações, e estas podem ser positivas ou negativas. A sociedade acredita erroneamente que as positivas sobressaem-se às negativas, porém, a longo prazo, as evidências apresentam o contrário dessa afirmativa. A partir disso, a CF nos faz repensar a parcela negativa das transformações que estamos promovendo no meio ambiente e buscar alternativas para reverter essa situação. Em consonância com o desafio de formar pessoas conscientes do seu papel enquanto cidadãs, e propor uma educação diferenciada que compreende a pessoa como um ser integral e participativo, faz-se necessário trazer esses questionamentos também para o cenário educacional. La Salle nos instiga a desenvolver instrumentos para os estudantes se orientarem no mundo e atuarem sobre ele, através de um processo de construção pessoal e coletiva do conhecimento. Diante disso cabe a nós, enquanto Instituição Lassalista, fomentar uma visão crítica e holística da realidade, fornecendo subsídios que auxiliem as pessoas a refletir sobre as informações, ao invés de apenas reproduzi-las.

Com o objetivo de dedicar um tempo para aprofundar as reflexões acerca da relação homem e meio ambiente, o Centro de Assistência Social La Salle Canoas realizou no dia 26 de março de 2011 o seu 1º Encontro de Educadores, no Morro do Coco, Zona Sul de Porto Alegre. Nesse dia, professores, funcionários e voluntários trabalharam a temática da Campanha através de dinâmicas com argila, e tendo como pano de fundo o Mito do Cuidado, de Leonardo Boff. Além de propor unidade nas considerações sobre a Campanha da Fraternidade, a atividade oportunizou integração entre os membros da Comunidade Educativa, acolhida aos novos colaboradores e motivação para o início do ano letivo.

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Os desafios diante da Inclusão Por Bruna Mainardi Rosso Borba Psicopedagoga do Colégio La Salle Santo Antônio, de Porto Alegre/RS Diante de inúmeros desafios e transformações da educação no Século XXI nos quais surgem significativos avanços tecnológicos, científicos e culturais que geram novos estilos de vida e formas de organização social, torna-se indispensável ressaltar a presença de alunos com necessidades educativas especiais nas instituições educativas lassalistas, bem como a reorganização do trabalho pedagógico em face desse desafio. A prática educativa lassalista zela pelos conteúdos e pelos processos coerentes que constroem a verdadeira identidade humana, pelo desenvolvimento harmônico do afeto, da inteligência e da vontade. Com isso, o Colégio La Salle Santo Antônio, a cada ano, vem recebendo um número significativo de alunos com necessidades especiais, o que leva à criação de uma cultura organizacional favorável à diversidade e à tolerância, para que as singularidades desses alunos sejam respeitadas, desenvolvidas e integradas às do grupo que os receberá; que deverá estar preparado para acolhê-los de forma adequada e construtiva. Assim, lidar com todas essas questões expostas anteriormente é tarefa desafiadora, visto que, apesar de a inclusão ser uma obrigatoriedade legal, trabalhar com um enfoque inclusivo na escola desperta certo

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desconforto, pois, na prática diária lidamos com o inesperado, o imprevisto, o não planejado e o desconhecido; tudo isso gera muitos questionamentos e ansiedades por parte dos educadores a respeito das novas demandas que lhes são apresentadas. Alguns alunos com necessidades especiais, que recebemos em nossa escola, diferenciam-se acentuadamente de seus pares por apresentarem dificuldades na aprendizagem decorrentes da qualidade das respostas educativas que lhes são oferecidas e da natureza das limitações impostas pelas suas condições físicas, sensoriais, intelectuais e mentais. Tais dificuldades não nos autorizam a estabelecer limites em sua capacidade de aprender. Dessa forma, o Colégio La Salle Santo Antônio realiza uma adequação curricular para esses alunos, através da construção de um documento individual de adaptação curricular (D.I.A.C) que consiste em modificações do currículo quanto à flexibilização nos objetivos, conteúdos, metodologia de ensino, temporalidade e prática de avaliação. Para a construção do documento, é primordial que a equipe pedagógica e professores dialoguem sobre as percepções em relação as habilidades e competências apresentadas por estes educandos pois, somente assim, os conteúdos serão adaptados e os procedimentos didáticos

definidos. Porém, anteriormente a elaboração do D.I.A.C., torna-se fundamental no trabalho inclusivo o estabelecimento de uma relação vincular entre o professor e o aluno. Bowlby (1989 p. 39) refere que se “o conhecimento de que uma figura de apego está disponível e oferece respostas, fornece um sentimento de segurança forte e de grande extensão e, então, encoraja a pessoa a valorizar e a continuar a relação”. Ou seja, só haverá aprendizagem se existir vínculo, pois, ainda que haja desacertos, a confiança será uma característica presente na relação, e o aluno se sentirá amparado. Os educadores precisam, diante de todos esses desafios, ter conhecimento bem construído em sua área de atuação, bem como manter-se em permanente atualização e estar em contato com seu modo de aprender para melhor acolhimento e compreensão das singularidades de seus alunos (Fabrício; Souza; Gomes, 2007). É necessário que haja uma disponibilidade interna dos educadores que estão envolvidos com a prática inclusiva, visto que alguns trazem uma bagagem de preconceitos em relação à deficiência. É preciso ser resiliente, poder lidar com frustrações, permitir-se viver experiências de inclusão, fazendo de uma “educação de todos” uma plena e enriquecida “educação para todos”.


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Seminário Integrado de Pedagogia Por Felipe Wandscheer Assessor de Comunicação da Faculdade La Salle Lucas do Rio Verde/MT Com o objetivo de oferecer uma aprendizagem mais profunda e intensa, com maior integração da prática pedagógica, proporcionando a interação de conceitos e temas desenvolvidos em cada componente disciplinar, o Curso de Pedagogia da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde-MT realizou o seu primeiro Seminário Integrador. Segundo a Coordenadora do Curso, Profª. Janete Rosa da Fonseca, o Seminário Integrador “é um grande desafio e também uma grande realização, através de um curso de Pedagogia que tem uma proposta totalmente diferenciada. Podemos ver isso na prática do Seminário Integrador, em que os alunos discutem todos os aspectos que perpassam todas as outras disciplinas, caracterizando, dessa forma, uma abordagem interdisciplinar, pluridisciplinar e transdisciplinar. Estamos debatendo tudo aquilo que é discutido em cada disciplina de uma forma ainda mais profunda nos encontros do Seminário Integrador”. A cada semestre, um novo Seminário Integrador será organizado e realizado pelos próprios acadêmicos do curso. O primeiro dos Seminários teve como tema central “A constituição do “ser” professor e as

Souza, “é muito gratificante para todos nós, do curso de Pedagogia, pois, com esse trabalho, pretendemos mostrar para a sociedade o que estamos aprendendo durante a realização do curso de Pedagogia”.

especificidades do trabalho docente” e foi realizado dia 14 de abril, no auditório da Sede da Faculdade. Ao todo, cinco grupos apresentaram temas diretamente ligados ao tema central: 1º O Propósito de ser Educador; 2º O Sujeito Educador; 3º Formação Docente; 4º Educação Ambiental; e 5º Ecopedagogia.

Segundo Ir. Nelso Bordignon, Diretor Geral da Faculdade, “educar é tirar de dentro da pessoa as qualidades que ela tem e que a sociedade tem para ajudá-la a ser melhor. Isso traz todo o universo do conhecimento, todo o universo da pessoa para dentro do processo de educação. Realizamos esse Seminário Integrador justamente para que cada um desses educadores inicie esse crescimento do ser educador, ou seja, do amor, da perspectiva pessoal, da melhoria do conhecimento, para que eles realmente cresçam como pessoa e se tornem um ser educador”.

Ao final de sua apresentação, a acadêmica Daniela Miketen destacou que “o Seminário Integrador incentiva o futuro educador a desenvolver a pesquisa, a procurar novos meios, uma formação diferenciada e isso vai ser, com certeza, um diferencial na nossa carreira”. Já para o acadêmico Odair José de

O evento contou também com a palestra da Profª. Saledja Alana Sales Santana, Assessora Pedagógica da Secretaria de Educação de Lucas do Rio Verde-MT, apresentações culturais dos acadêmicos de Pedagogia e exposição de fotografias dos cursos de Turismo e Educação Física.

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Formação Integral Lassalista Por Ir. Kárliton de Nazaré da Silva Pereira; Laís dos Santos Boneli; e Roberta Spohr Schreiner Integrantes da Pastoral da Juventude da Rede La Salle Século XXI: Qual a palavra que te salva? O que ainda te faz viver? A Equipe de Jovens Missionários Lassalistas Panela Velha traz consigo desde 2007, ano de sua fundação, o desejo de reproduzir na prática toda a formação obtida nos espaços da pastoral durante a educação básica. Nessa perspectiva, o seu principal foco de trabalho é a organização e realização de Missões Jovens na Província Lassalista de Porto Alegre, além de motivar outros jovens das Comunidades Educativas a percorrer este caminho. Ainda que o mundo contemporâneo apresente formas fragmentadas de conceber a vida – paradigma consumista, há jovens que pensam no poder da mudança e na construção de uma sociedade na qual prevaleçam a igualdade e a humanidade, e que planejam e projetam ações de cidadania. A partir disso, inspirados no Voluntariado Juvenil Lassalista realizado no Equador, e em parceria com as Pastorais da Juventude e Vocacional, o “Panela Velha” passará a oferecer, a partir deste ano, um curso

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de formação integral destinado a jovens que desejam viver uma experiência de inserção social. Enquanto Província, a Equipe Panela Velha sente-se provocada pelos clamores da juventude, a qual precisa de auxílio em seu processo de crescimento e de amadurecimento, principalmente nestes tempos em que a educação formal precisa dedicar-se ao máximo aos conceitos teóricos, deixando de lado a formação humana e cristã do jovem. Baseado nisso, o “Crescer” vem a ser um espaço de discernimento vocacional, em que o jovem terá uma formação que lhe permitirá um desempenho eficaz na vida pessoal e na sociedade. Além de possibilitar uma vivência comunitária e experiência de fé, o curso também motivará os jovens a engajar em projetos como a Missão Jovem Lassalista e o Voluntariado Juvenil Lassalista, propondo ações e projetos comprometidos com a transformação da realidade em que vivem. Dividido em três etapas que acontecerão durante o ano de 2011 – crescer por dentro,

para o outro e para o serviço – o curso procurará despertar o espírito humano e cristão do jovem através de um processo contínuo, trabalhando temáticas que aprofundem, entre outros, as Realidades Juvenis, a Pedagogia Lassalista e a Experiência Missionária. Enquanto Lassalistas, a Equipe de Jovens Missionários busca perpetuar os ensinamentos de São João Batista de La Salle através do fortalecimento da identidade e mística lassalistas junto aos jovens das Comunidades Educativas. Apoiados no tripé Lassalista – fé, fraternidade e serviço – o “Panela Velha” acredita na força de transformação da juventude e na concretização de um projeto de Voluntariado Juvenil no Brasil. La Salle nos ensina a bem viver, e isso se torna possível através de uma educação que compreenda a vida de uma forma mais global, seja preocupada com seu semelhante e protagonista da sua história. Só assim será possível responder com criatividade qual é realmente a palavra que nos salva; o que ainda nos faz viver.


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Novas fronteiras Por Aline Marin Centro de Assistência Social La Salle - Canoas/RS

Para este primeiro semestre de 2011, o Centro de Assistência Social La Salle está atendendo só no primeiro trimestre, em torno de 1.500 alunos em Canoas e nas cidades vizinhas da região metropolitana. Os cursos e atividades que o Centro oferece, atendem as diversas áreas e para diferentes públicos, provenientes de cidades próximas a Canoas. Para as pessoas mais idosas, o Centro de Assistência oferece atividades de dança e informática. Para os adolescentes que estão à procura do primeiro emprego, há cursos nas áreas de informática, administração básica e idiomas. Paras as crianças, está sendo desenvolvido um projeto de reforço escolar para alunos de 1ª à 4ª série. Para as mães, a procura maior são as oficinas de artesanato que a cada trimestre oferece mais de 10 opções de cursos. Para quem está retornando ao mercado de trabalho, os cursos mais procurados são da área de administração, como Gestão Administrativa, Marketing ou Recursos Humanos. Outros dois cursos bastante procurados e já tradicionais do Centro são Cabeleireiro Básico e Embelezamento de Pés e Mãos. Para este primeiro trimestre de 2011, o Centro está desenvolvendo um curso que atualmente está sendo bastante procurado no mercado de trabalho na área de Construção Civil. Os alunos do curso fazem suas aulas práticas dentro do Centro, com supervisão de um profissional da

área. Outro curso bastante procurado pelos alunos, desde o ano passado na área de idiomas, é o curso de Libras.

Parcerias Na Escola La Salle Esmeralda, o Centro está oferecendo em Porto Alegre, o curso de Informática Básica. Em São Leopoldo, o curso oferecido foi Rotinas Básicas de Serviços Administrativos. Em Nova Santa Rita, a parceria foi com a Associação do Comércio e Industria da cidade onde estão acontecendo os cursos de Secretariado Básico e Gestão de Marketing, Vendas e Logística. Em Esteio, a parceria foi feita com a Escola Ezequiel Nunes com os cursos de Libras e Montagem e Configuração de Computadores. Na última semana, o Centro de Assistência fechou mais uma parceria com a Escola Estadual de Ensino Médio Emílio Sander, em São Leopoldo, onde acontece o curso de Rotinas Básicas de Serviços Administrativos. Para dar continuidade a estas parcerias, o Centro pretende pensar em projetos que visam a fortalecer o trabalho já desenvolvido com o setor público e privado, para atender cada vez mais pessoas, nas mais diversas cidades. Esta atitude é um importante mecanismo para o desenvolvimento social, pois caminha no sentido de agregar força e legitimidade às políticas públicas dos governos.

Milhares de pessoas buscam os cursos profissionalizantes da instituição lassalista localizada em Canoas.

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Capa Mudança de Perfil

O Educador Lassalista

diante dos novos desafios em Sala de Aula Por Tiago Schmitz | Jornalista Colaboração de Jeline Rocha | Jornalista

Recentemente, o movimento Todos pela Educação, lançou a campanha “Um bom professor, um bom começo” reforçando a centralidade da profissão de educador e alertando sobre as necessárias melhorias na sua formação. Está com os dias contados aquela velha cena de um professor diante da lousa, com a autoridade de detentor do saber, repassando conteúdos para os seus alunos. Com as mudanças do século 21, batizado de “século do conhecimento”, surge um novo perfil de educador. A Revista Integração, acompanhando os movimentos que buscam uma educação integral, eficiente e eficaz. apresenta nesta edição como tema central a figura do educador. Com isso, intencionamos promover reflexões sobre a vocação e a formação desse profissional que tem posição estratégica para uma educação de qualidade e para o desenvolvimento social e econômico de nossa sociedade.

Nova realidade educativa

O bom professor, ressaltam especialistas, deve ter em mente que sua missão não se resume a apresentar os conteúdos da sua disciplina. Hoje, mais do que nunca, ele deve ser um guia, um exemplo a ser seguido. Cabe ao mestre, juntamente das famílias, difundir valores éticos e morais, trabalhar para que crianças e adolescentes sejam capazes de refletir criticamente e apontar que existem valores e atitudes humanas que não podem ser desconsideradas. Já o estudante da atualidade, interage com o mundo recebendo informações cotidianas através de novos hábitos e renovadas formas de comunicação. Nesta realidade o professor precisa se reinventar. Não se trata de adotar as gírias ou se comunicar como um adolescente, Os desafios da educação no século XXI mas de entender o universo desses estudantes e planejar aulas que levem em “A educação de hoje deve focar Para o secretário regional de Gestão e conta esse jeito particular de ver e viver o sua atenção em formar cidadãos Organização da Região Lassalista mundo de hoje. “Somos chamados a Latinoamericana (RELAL), Irmão Cristhian capazes de comprometer-se interagir com as novas realidades que James Dáz Meza, o principal desafio da ativamente na construção de fazem parte do contexto social, cultural, educação consiste em contribuir para a comunidades sociais e políticas, econômico e político e não podemos construção de uma sociedade democrática através das quais sejam visíveis ignorar esta realidade no nosso fazer com efetiva cidadania transformadora. “A educação de hoje deve focar sua atenção em os valores de justiça, paz, igualdade, educativo”, destaca Ir. Cristhian. É preciso inclusão e solidariedade” formar cidadãos capazes de comprometer-se manter os princípios de São João Batista Irmão Cristhian James Dáz Meza ativamente na construção de comunidades de La Salle que entendia o aluno como Região Latino-americana Lassalista sociais e políticas, através das quais sejam sujeito capaz de crescer e de evoluir. “Um visíveis os valores de justiça, paz, igualdade, desafio fundamental para os Lassalistas inclusão e solidariedade”. Segundo Ir. Cristhian , é preciso de hoje é compreender e aceitar a nova realidade social para impulsionar a educação como fator decisivo para o desenvolvimento acompanhá-la e, quem sabe, alterá-la com base na formação de humano e a sustentabilidade. “A educação é uma oportunidade para pessoas respeitosas, com compromisso social e que estimulem a resolvermos a evidente e dramática desigualdade econômica, social convivência pacífica”, reitera. e cultural que ainda caracteriza a América Latina”.

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Capa

A escola deve incorporar uma formação afetiva com base em princípios claros de respeito, diálogo, solidariedade e aceitação. A educação, conforme a Pedagogia Lassalista, é essencialmente voltada ao carinho, ao amor e ao respeito ao próximo.

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Capa As novas tecnologias na educação O educador do século 21 não pode ignorar os avanços tecnológicos. Ignorar a influência da internet na vida dos alunos pode criar um abismo entre o professor e o estudante. Mas não basta, porém, dominar a tecnologia. É preciso entendê-la e aplicála criticamente. Fazer parte das redes sociais, nas quais os jovens se relacionam, interagem, trocam informações, é um bom começo. Também é importante explorar o potencial das inúmeras ferramentas disponíveis e úteis para exercício da docência. Por que utilizar apenas o mapa-mundi se pode-se usar o Google Earth para mostrar países e continentes em detalhes? Por que não estimular a criação de contos em blogs, no twitter? As portas que se abrem são infinitas. Segundo Ir. Cristhian, o Projeto Regional de Educação Lassalista Latinoa-americana (PERLA), em sua abordagem fundamental, ressalta a emergência educacional das Novas Tecnologias, prevendo compreender esta realidade como um aspecto inerente à vida atual. “Orientamos os Lassalistas para que reconheçam que as novas tecnologias têm um grande potencial que pode ser utilizado para beneficiar o aprendizado dos nossos alunos”. Sobre a resistência de muitos professores em utilizar de forma adequada as novas ferramentas, Irmão Cristhian acredita que seja pelo medo do desconhecido. “Alguns podem ter medo do desconhecido e insegurança. Por isso, precisamos promover na formação dos educadores o uso das tecnologias da informação e da comunicação, tentando com isso, incentivar processos de aprendizagem que podem ser energizados com nossos alunos”. A afetividade é fundamental A escola deve incorporar uma formação afetiva com base em princípios claros de respeito, diálogo, solidariedade e aceitação. Irmão Cristhian acredita que a educação, conforme a Pedagogia Lassalista, é essencialmente voltada ao carinho, ao amor e ao respeito ao próximo. “O perfil do educador que se propõe a partir deste olhar, incorpora um ardente desejo de ensinar, mas acima de tudo, um amor profundo através da sua ação como professor”. Para ele, definitivamente, a afetividade desempenha um papel fundamental na vida humana e, especialmente, na sala de aula. “Nós somos seres emocionais por excelência, orientados com base em emoções, sentimentos e estados emocionais. Por esta razão, o afeto não é uma adição à nossa vida, mas é a capacidade de viver e expressar-nos como somos”. Além disso, ele acredita que o educador precisa promover o sentido ético da responsabilidade conjunta e aceitar as emoções como um valor, uma dimensão que nos conecta com os outros e com o transcendente. “A adequada formação humana e cristã, incorporando as emoções, pode e deve ser um fator decisivo para o desenvolvimento harmonioso pessoal e coletiva dos nossos alunos”. A educadora lassalista, Tassiana Barros Rodrigues,concorda com a afirmação. Para ela, ensinar é muito mais que passar algumas frases no quadro e pedir que o aluno copie. “Para mim, o ato de ensinar consiste em oportunizar, orientar, despertar potencialidades para que o indivíduo encontre suas opções e formule seus próprios conceitos. Escolhi essa profissão por ser uma das mais belas e por ter contato com outras pessoas, podendo me relacionar através das mais variadas linguagens, passando adiante os ensinamentos que me foram passados com tanto carinho, com tanto amor e dedicação”.

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Quem ensina precisa GOSTAR DO QUE FAZ Mais do que qualquer profissional, quem opta pelo magistério tem de ter paixão por ensinar e se orgulhar de seu papel na sociedade. Quanto mais os alunos sentirem essa empatia, garantem especialistas, mais abertos estarão à aprendizagem e melhor será o desempenho em sala de aula. “O bom professor não apenas deve ter orgulho da profissão, como deve defendê-la com garra. Ele é um otimista, um sonhador. Tem a utopia de um mundo melhor, sem a ingenuidade da busca de resultados fáceis e sem se abater frente aos obstáculos”, afirma Francisco Aparecido Cordão, presidente da Câmara Nacional da Educação Básica do Conselho Nacional de Educação. Em contrapartida, reconhecem gestores e estudiosos, o educador que ama o que faz e se dedica de corpo e alma ao trabalho também precisa ser valorizado por isso.

TER UMA BOA FORMAÇÃO O professor ideal deve ter formação sólida e ampla. Esse processo, segundo a superintendente de Educação e Pesquisa da Fundação Carlos Chagas, Bernardete Gatti, deve incluir o domínio dos conteúdos da disciplina escolhida e, em igual peso, o conhecimento das metodologias e práticas de ensino. “De nada adianta saber o conteúdo, se o educador não consegue transmitilo aos alunos. A maioria dos cursos não tem nem 10% de formação pedagógica, e esse é um problema sério, que precisa ser repensado”, alerta. Além de uma boa base, a diretora do Sindicato do Ensino Privado do RS (SINEPE), Cecília Farias, destaca a importância de haver continuidade nos estudos. Para acompanhar a velocidade das mudanças na sociedade atual, os mestres precisam se manter atualizados.

FALAR A LÍNGUA DOS ALUNOS O professor precisa entender o universo dos estudantes. Isso significa, por exemplo, estimular a interatividade e evitar falar sozinho durante toda a aula. Significa, também, não subestimar os adolescentes. Foi-se o tempo em que o mestre era o dono do conhecimento. No passado ele falava e os estudantes ouviam em silêncio. Hoje, ele deve estimular o diálogo. Se, para isso, for possível utilizar-se de recursos audiovisuais, como projeção de imagens, vídeos e músicas, será muito melhor.

IR ALÉM DOS CONTEÚDOS O bom professor deve saber que sua missão não se resume a repassar o conteúdo da disciplina. Espera-se que o educador abrace a diversidade com práticas pedagógicas diferenciadas. O aluno já chega com alguma bagagem e com um turbilhão de informações sem filtro. O professor deve estar atento a isso e ser um bom orientador. Conteúdo publicado no Jornal Zero Hora de 28 de abril de 2011


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O Educador Lassalista Ser educador lassalista é assumir a educação como projeto de vida e como missão socioeducacional. É sentir-se feliz por participar da formação integral dos alunos e motivar-se pelo que realiza nessa formação. É estudar, valorizar e, com convicção, praticar os princípios da Pedagogia de La Salle. Partindo deste princípio, buscamos exemplos de educadores da Rede La Salle que amam esta pedagogia que conquista cada vez mais alunos, pais e, é claro, educadores pelo mundo afora. Afinal, já somos mais de 1.500 unidades em 82 países presentes em todos os continentes. Amor pelo que faz Ela já participou inúmeras vezes das edições da Revista Integração e integra a Comissão Editorial da publicação sempre trazendo importantes reflexões. Mas ao destacar exemplos de educador lassalista, não poderíamos deixar de ressaltar a pedagoga Mary Therezinha Alexandre Simen Rangel - ou simplesmente professora Mary Rangel, como gosta de ser chamada esta mega profissional com mestrado e doutorado em Educação, pós-doutorado em Psicologia Social e autora de diversos livros. Prestes a completar 32 anos de serviços prestados à Rede La Salle, Mary Rangel é um dos exemplos de amor especial pela educação. Com noções dos princípios da Pedagogia de La Salle que conheceu nos idos na década de 70, ainda como estudante de Pedagogia na Universidade Federal Fluminense, em Niterói/RJ, Mary Rangel chegou ao então

Irmão Hilário Arraldi, 82 anos, ministrando um curso sobre Parapsicologia para os professores da Universidade Aberta da Terceira Idade. Irmão Hilário é filósofo e foi professor na Rede La Salle por mais de 43 anos, além de diretor do La Salle São João. Hoje, troca de papéis na UNATI, como aluno e professor. "Aqui os papéis se invertem com frequência, pois incentivamos também os alunos a ministrarem seus cursos, para que exerçam sua autonomia e possibilitem a troca de conhecimentos", conta Juliana Justo, uma das coordenadoras da UNATI.

Instituto Abel (hoje Colégio La Salle Abel) em 1979 para um estágio de Supervisão Pedagógica na conclusão da Graduação, e não saiu mais. “Comecei a aprofundar os princípios de La Salle e até hoje estudo e publico obras sobre essa admirável pedagogia que tem por base a formação integral (cognitiva, física, ética, política, cidadã) e ganhou como acréscimo o entendimento de La Salle de que a moral é pré-requisito para a formação ética, sendo a formação espiritual parte indispensável no processo educativo. E como o ser humano é integral (corpo, mente e espírito), só se pode educá-lo na sua integralidade”, garante Mary sem titubear. Como todos os que decidem abraçar verdadeiramente esta encantadora arte que é educar, Mary se diz uma apaixonada pela Educação. “A paixão é uma condição básica para persistirmos nesta carreira ímpar que, tão importante quanto às demais tem, no entanto, o diferencial de cuidar da formação todas as outras”, diz Mary, denunciando a felicidade na escolha profissional que permitiu a ela ser também feliz como pessoa, esposa (faz 50 anos de casada em dezembro deste ano), mãe, avó, enfim, educadora. Questionada sobre como vê as diferenças dos alunos de ontem em relação aos de hoje - quadro cada vez mais apontado pela maioria dos educadores, Mary tem uma resposta simples, mas com um entendimento nem sempre bem aceito pelos colegas. “Vejo os alunos de ontem e de hoje como alunos. São seres humanos a quem temos o privilégio de, junto às suas famílias, educar. Não considero diferenças nas condições dos alunos. Se há alguma diferença relacionada ao tempo, limita-se apenas à evolução da tecnologia e da informática aplicadas à Educação. Podíamos no ontem e

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Capa continuamos podendo no hoje incentivar nossos alunos ao estudo, desde que dinamizemos nossas aulas, motivando-os e estabelecendo com eles uma relação afetiva, de firmeza e ternura, como bem orientou La Salle”. Sem dúvida, uma lição para os que se sentem ameaçados por alunos cada vez mais questionadores. Como conselho aos colegas lassalistas, Mary é enfática: “estudem sempre a vida e a obra de La Salle. Ampliar o conhecimento sobre quem foi e o que realizou esse admirável educador representa ampliar também a consciência de sua importância e do quanto podemos fazer para a transcendência de seu legado educativo”. Apaixonado pelo meio ambiente Mestre em educação e especialista em educação ambiental, o professor de Química do Colégio La Salle Canoas, Cláudius Jardel Soares, acredita que o grande desafio dos educadores é o de construir um elo entre o saber escolar e o mundo cotidiano dos estudantes. “Começamos o século XXI com a concepção dissipada de que a escola, no século passado, não formou de uma maneira eficaz, em questões ambientais, os cidadãos em idade ativa, sendo necessário formar crianças e jovens para uma educação responsável e mais crítica sobre a vida em toda a sua extensão”, afirma Soares, que é professor da Rede La Salle desde 2005. Para ele, o exercício da educação deve oferecer os conhecimentos necessários, aos docentes e discentes, para a elaboração de uma sociedade mais informada e, como resultado, mais ativa e consciente. “É preciso que a escola e o educador estejam dispostos a desenvolver atitudes na comunidade escolar, além de conceitos e informações, com a aprendizagem de procedimentos e

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habilidades, com formação de valores, de sorte que comportamentos ambientalmente corretos sejam apreendidos na prática quotidiana”. Formando pessoas com conteúdo A professora de história do Colégio La Salle Toledo/PR, Maria Claudete Portugal, acredita que a educação deve transcender os conteúdos programáticos da disciplina que leciona. Lassalista há 13 anos, para ela, trabalhar a disciplina de História é permitir que os alunos encontrem significado no que estudam em sala de aula. “Essa identidade com conteúdo permite que a construção do saber seja realmente atingida”, pondera. Ela explica que, para atingir tal aprendizado, desenvolve trabalhos com fotos dos próprios alunos quando eram menores, permitindo assim a reconstrução dos registros históricos desde lugares, hábitos, culturas. “Esse trabalho permitiu aos alunos perceberem e concluírem que os documentos, fotos, objetos, são importantes para a reconstrução histórica de cada um de nós, são eles que mostram a nossa identidade como pessoas humanas”. Contribuindo na construção da identidade Para a educadora da Educação Infantil do Colégio La Salle Peperi, de São Miguel do Oeste/SC, Carline Werlang Kraemer, ser professora deste nível de ensino é saber que as crianças têm uma maneira peculiar de pensar e interagir com o mundo. “A criança é um sujeito social e histórico, profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve. Cabe ao professor, mediar a leitura e a compreensão deste mundo, possibilitando o reconhecimento da importância de

No Mato Grosso, a Faculdade La Salle promove aulas da graduação com outra dinâmica entre alunos e professores.


Capa

Um bom exemplo

A paixão é uma condição básica para persistirmos nesta carreira ímpar que, tão importante quanto as demais tem, no entanto, o diferencial de cuidar da formação de todas as outras.

cada criança para o processo social, cultural, histórico e humano”, acredita. Para isso, a professora, que está na instituição desde 2006, desenvolve junto aos seus alunos o Projeto “Eu Sou Importante” com o objetivo de integrar momentos de interação e socialização de experiências. “É na convivência diária com as diferenças, que as crianças percebem o quanto são importantes para as famílias, para a sociedade, para os amigos e o educador precisa estimular isso”, acredita. Desafiados a um novo olhar A animadora de pastoral e professora do Colégio La Salle Carmo, de Caxias do Sul/RS, Clari Slomp, acredita que o educador enfrenta um novo paradigma social, no qual o ser humano e a sociedade são compreendidos como frutos da cooperação. “O momento pelo qual passamos exige de nós cooperação. Se não formos capazes de ser mais cooperativos, caminhamos a passos largos em direção à aniquilação da sociedade humana”, pondera. Segundo ela, o educador do novo século é desafiado a um novo olhar, com novas posturas, sobretudo, para estimular a construção de espaços de vida e humanização. Para uma sociedade em mudança, um novo educador Discussões diversas nos diferentes fóruns e espaços de debates destacam há algum tempo tempo que melhorar a qualidade da educação é um passo fundamental para garantir um crescimento sustentável da América Latina nos próximos anos. Seja através das novas tecnologias, da educação para o meio ambiente, da afetividade e até mesmo dos conteúdos, o educador do século XXI precisa compreender que, além de dominar o tema de sua disciplina, a nova educação precisa valorizar as relações humanas. Se, em sua época, São João Batista de La Salle já orientava seus educadores para que não se cansem de aprender a arte e a ciência de educar. Hoje, mais do que nunca, para uma sociedade que se reinventa, urge a necessidade de um educador disposto a se reinventar constantemente.

Foto capa: Professora Vera Lúcia Castro lecionando uma aula de Didática para alunos da Pedagogia e demais licenciaturas. Ela também ministra aulas de Supervisão, Avaliação e Intervenção Pedagógica, formando professores que atuarão na Educação Básica. "É um compromisso muito grande, porque são esses alunos que irão para as salas de aula formar a nova geração", comenta Vera, que é professora do Unilasalle há 20 anos. Graduada em Pedagogia - Supervisão Escolar, Vera é mestre em Educação pela Unisinos e alfabetizou crianças por 10 anos na Educação Básica.

Vida dedicada à educação Educar com a firmeza de Pai e a ternura de Mãe foi um dos tantos ensinamentos deixados por São João Batista de La Salle no século XVII e início do século XVIII. Como educadora lassalista, Ana Rita Gurski Sniadower foi um exemplo dessa premissa desde a época em que era professora da Fundação O Pão dos Pobres. Com simplicidade que lhe era peculiar, fez sua carreira no Colégio La Salle Dores onde foi professora, coordenadora pedagógica, supervisora educativa, vicediretora antes de assumir a direção da escola em 2010. No dia a dia escolar, Ana parecia estar sempre realizada. Era sorridente. Atuante. Firme, quando necessário. Como Diretora, não mediu esforços para que as estruturas administrativas e pedagógicas funcionassem de maneira perfeita, graças a sua ampla compreensão do funcionamento de todos os setores existentes no colégio. Ana Rita deixou muitas saudades ao envolver-se em um acidente de trânsito que tirou sua vida, de sua irmã Débora e de sua Filha Gabriela, no dia 10 de Janeiro deste ano. O Colégio La Salle Dores prepara um livro em sua homenagem, contendo memórias e depoimentos dessa mulher especial, cuja perda é imensurável para todos os seus amigos, colegas e familiares. A educadora também deu importantes contribuições para a Rede La Salle como integrante da Comissão de Educação e Pastoral, além de ser membro da Comissão Editorial da Revista Integração. Fez muito pela educação. Deixou lembranças que não se apagarão com sua partida.

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Diário de Classe Cuidados com o Corpo Desde pequenos, a curiosidade em torno do nosso próprio corpo é um indício de que esta é uma forma de nos constituirmos como sujeitos únicos no mundo que nos cerca. A turma da Creche despertou para esse autoconhecimento através de desenhos e pinturas dentro do projeto Corpo Humano. Na primeira etapa do projeto, os estudantes identificaram as partes do corpo humano através da colagem de figuras geométricas. Depois, cada um fez seu autoretrato desenhando de forma livre em uma folha de papel. O estudo continuou com a pintura das mãos e do desenho do corpo de cada um em tamanho real em grandes cartolinas. O trabalho encerrou com a pintura dos painéis, que proporcionou uma alegria especial aos alunos. Em casa, o trabalho ganhou um espaço privilegiado e foi exibido com orgulho aos pais. Paulo César, de 3 anos, passou a ficar atento ao seu crescimento e pede para a mãe medir sua estatura diariamente. “O projeto favoreceu aos alunos a construção de uma imagem positiva de seu corpo, que perceberam como parte integrante do ambiente e da sociedade”, explica a professora Raquel Jaeschke.

Colégio La Salle Medianeira - Cerro Largo/RS

Excel e Matemática

Valores no Cotidiano Escolar

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A integração de valores com o currículo das séries iniciais é algo inerente à proposta pedagógica de nossa instituição, já que trabalhamos com um conjunto de ações que levam à criação de condições para vivenciar regras de conduta para um bom desenvolvimento psicopedagógico. Baseados nessa premissa, o Colégio La Salle Águas Claras/DF implantou em 2006 o projeto Valores no Cotidiano Escolar. O intuito é de oportunizar possibilidades concretas de ação no que se refere à criação de condições para vivenciar valores na infância. Para isso cada turma elabora uma atividade: cuidar de um bichinho, de um boneco com necessidades especiais, uma caixa-surpresa para ser preenchida com a família, dentre outros. Há seis anos desenvolvendo o projeto, podemos ver os efeitos em nossos estudantes e suas famílias. Atitudes como companheirismo, respeito ao próximo e cidadania são exemplos de resultados obtidos ao final de cada projeto. As famílias cada vez mais ratificam sua parceria, contribuindo de forma significativa com as atividades que lhes são designadas, fazendo com que as crianças também se comprometam com o projeto.

No Colégio La Salle Santo Antônio os estudantes da 1ª série do Ensino Médio estão aprendendo as funções do programa Excel como ferramenta de apoio no estudo da Matemática. A ideia é do professor Leonardo Mota de Moraes, que explica: “A utilização do programa Excel no desenvolvimento do conteúdo de funções permite ao aluno entender com mais facilidade tópicos importantes da matemática, tais como par ordenado, relações, domínio e contradomínio de uma função, variável dependente e independente”. Assim, nas aulas de matemática os estudantes estão deixando de lado as tradicionais classes da sala de aula, passando a ocupar seus lugares no Núcleo de Informática Educacional – NIE – e transformando os computadores em estações de estudo e aprendizagem. O Microsoft Office Excel (nome popular Microsoft Excel) é um programa de planilha eletrônica de cálculo escrito e produzido pela Lols Smoken Microsoft. Seus recursos incluem uma interface intuitiva e capacitadas ferramentas de cálculo e de construção de gráficos que tornaram o Excel um dos mais populares aplicativos de computador até hoje.

Colégio La Salle Águas Claras/DF

Colégio La Salle Santo Antônio - Porto Alegre/RS

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Diário de Classe Através da Observação

Formação Lassalista No mês de março, teve inicio as manhãs e tardes de formação, onde todas as turmas do ensino fundamental até o ensino médio realizam diversas atividades propostas dentro da missão educativa lassalista. As docentes Sabrine Basso Batalha e Suani S. Kohn dispuseram algumas atividades com o intuito de causar reflexões sobre educação moral e Virtudes, a fim de estabelecer um dialogo sobre diversos temas utilizando também vídeos motivacionais, firmando a responsabilidade social e educativa de todos, assim, como Tema geral foi aproveitada a seguinte frase de motivação “O sol nasceu para você”. As tardes de formação ocorrem no Juvenato que é um ambiente que favorece o contato com a natureza onde os alunos das séries iniciais gostam muito de estar. Já os alunos do 1ª ano do ensino médio promoveram a escrita de uma carta, sendo o destinatário o próprio educando, que teve a oportunidade de registrar as expectativas, situações atuais e objetivos em relação à sua vida escolar. Após o termino da composição da carta os alunos as puseram dentro de uma “Cápsula do Tempo”, que abrirão somente no ano de 2013 nas últimas semanas que acompanham o dia da formatura.

No século XVIII, Rousseau (1727 - 1778), ao considerar a Educação como um processo natural do desenvolvimento da criança, ao valorizar o jogo, o trabalho manual, a experiência direta das coisas, seria o percursor de uma nova concepção de escola. Uma escola que passa a valorizar os aspectos biológicos e psicológicos do aluno em desenvolvimento. As dificuldades encontradas por alunos e professores no processo ensino-aprendizagem da matemática são muitas e conhecidas. Por um lado, o aluno não consegue entender a matemática que a escola lhe ensina, muitas vezes é reprovado nesta disciplina. Sempre que aprendemos através da observação e construção, o processo ensino-aprendizagem torna-se mais eficaz, pois o aluno estará elaborando conceitos do conteúdo a ser desenvolvido. Pensando em uma maneira diferenciada de repassar os conceitos de circulo, circunferência e seus elementos, o Colégio La Carmo desenvolveu junto aos alunos da 5ª série uma atividade diferente. Através da utilização de material concreto: giz, barbantes, os alunos aprenderam em um ambiente diferenciado que proporcionou uma experiência de aprendizagem significativa.

Colégio La Salle Carazinho/RS

Colégio La Salle Carmo - Caxias do Sul/RS

Meio Ambiente em debate Orientados pelo tema da Campanha da Fraternidade 2011 – Fraternidade e Vida no Planeta “A criação geme em dores de parto(Rm 8,22)” , alunos do Ensino Religioso da 5ª Série do Ensino Fundamental do Colégio La Salle Dores debatem maneiras de concretizar ações que auxiliem na restauração do meio ambiente. O trabalho é coordenado pelo professor Ricardo Backes e desenvolve-se através de três eixos norteadores: Ver, Julgar e Agir. No primeiro momento, os alunos são motivados a observar situações que revelem como se apresenta o meio-ambiente próximo aos locais como casa, bairro, escola e outros que estejam próximos as suas situações cotidianas. A observação resulta em fotos, imagens e entrevistas sobre o assunto, que são apresentadas aos demais colegas durante as aulas com a intenção de conscientizá-los e comprometê-los para enfrentamento destes problemas. A última etapa do trabalho consiste no comprometimento da situação abordada com ações propriamente ditas. Nesse momento, após amplo debate do panorama do problema, alunos irão colocar em prática suas ideias para avaliar os resultados práticos.

Colégio La Salle Dores - Porto Alegre/RS Revista Integração • Maio 2011

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Diário de Classe Projeto EcoDesign Os alunos das turmas 181 e 182 da Escola La Salle Hipólito Leite desenvolveram, durante as aulas de Artes, juntamente com a Prof.ª Sabrine Evangelista, o projeto Eco Design, cujo encerramento ocorreu com uma mostra dos trabalhos na escola, entre os dias 13 e 15 de abril. No presente projeto, buscou-se um diálogo entre os conhecimentos sobre design com uma formação de consciência sociocultural e crítica. Foi exigido dos alunos um entendimento do design como um método de projeto. Durante as aulas foram feitos desenhos do que se pretendia desenvolver, textos de defesas sobre o projeto criado, criação de um nome e desenvolvimento de um logotipo, buscando sempre uma forma sistemática e criativa de desenvolver um trabalho durante as aulas de Artes. Também buscou-se uma reflexão sobre o tema da Campanha da Fraternidade 2011, com enfoque na sustentabilidade, relacionando-a atualmente à preservação do meio ambiente. Já foram produzidos: pufes, bancos e poltronas de garrafa pet; luminárias de jornal, de potes de iogurte, de filtro de café; cortina, divisória de ambientes com copos descartáveis de café, entre outros materiais.

Escola La Salle Hipólito Leite - Pelotas/RS

Gincana La Salle

Intercâmbio Cultural

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Os estudantes da segunda série do ensino médio do Colégio La Salle Lucas do Rio Verde iniciaram um intercâmbio entre os estudantes que cursam a 2ª série do Colégio La Salle São João de Porto Alegre. O Objetivo é consolidar práticas pedagógicas teóricas e experimentais contemplando a Proposta Educativa Lassalista. Valorizar diferentes saberes e o aprender com o outro é de suma importância para uma vocação humanizadora considerando que o ensino médio é a etapa final de uma educação de caráter geral, afinada com a contemporaneidade e que há um novo perfil de alunado nas escolas: aquele que compreende que não basta ser passivo em sala de aula, mas que também precisa participar e apropriar-se dos conteúdos científicos para participar da sociedade em que vive. Portanto, o intercâmbio culminará em um encontro entre os educandos envolvidos, bem como visitas a centros culturais, buscando a propensão, a autoconfiança, o diálogo, o conhecer, o investigar, o pesquisar e o apreciar outros lugares como fonte de aprendizagem e experiência sem substitutivos possibilitando novas descobertas que fortalecerá a significação de apreender por toda e para toda a vida.

A Gincana La Salle, realizada de 08 a 13 de abril, possibilitou a Comunidade Educativa do Colégio La Salle Botucatu vivenciar momentos de fé. A atividade iniciou com uma celebração na catedral de Botucatu, recordando a morte de nosso fundador - São João Batista de La Salle. Depois, aconteceram atividades culturais e esportivas, nas quais participaram alunos de todos os níveis, pais e funcionários do Colégio. Os participantes, inspirados e orientados pelo tema da Campanha da Fraternidade 2011, realizaram também, atividades solidárias de visita e arrecadação à instituições de caridade. Durante 05 dias os alunos participaram de atividades, jogaram, exercitaram seus conhecimentos, divertiram-se emostraram que a Fraternidade e a Vida no planeta devem ser cultivadas no cotidiano da escola como uma ação educativa integrada. A Gincana La Salle é uma reflexão na ação, onde os alunos exercitam seu SERVIÇO à comunidade local e, orientados por estes princípios Lassalistas, os levam a todos os locais do planeta por onde passarem. A Direção do Colégio La Salle de Botucatu parabeniza a todos os participantes e aos envolvidos na coordenação do evento.

Colégio La Salle Lucas do Rio Verde/MT

Colégio La Salle Botucatu/SP

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Diário de Classe Vida Urgente em Carazinho

Estimulando valores Nas aulas de Artes, os estudantes da 7ª e 8ª séries e do 1º ano do Ensino Médio dedicaram-se a projetos que ajudaram a refletir sobre aspectos pessoais e o comprometimento social. Os trabalhos, orientados pela professora Carla Machado, deram origem a maquetes que foram expostas no Colégio. Os alunos da 7ª série recriaram cenas carnavalescas no projeto Carnaval, Fábrica de Sonhos, que abordou a questão da ética e da estética na sociedade moderna. Eles construíram miniaturas de carros alegóricos e a exibição de itens que identificam a maior festa popular brasileira, como a beleza das passistas. As representações foram feitas através de materiais recicláveis e criativos, como CDs, máscaras e bonecas. No projeto Comovendo O Mundo, os alunos da 8ª série fizeram painéis e cartazes que buscaram sensibilizar as pessoas para o cuidado com a vida no planeta através da arte. Em um dos painéis, os estudantes fixaram dezenas de copos plásticos, sobras de um recreio. A proposta ajudou a refletir sobre a quantidade de lixo que fica jogado no meio ambiente quando falta consciência ecológica. Já os estudantes do 1º ano do Ensino Médio mergulharam em seu mundo interior para criar maquetes que pudessem representar a imagem que cada um faz de si mesmo.

Colégio La Salle Medianeira - Cerro Largo/RS

Como se constroem as grandes mudanças no planeta? Transformar o mundo em um lugar mais humano e menos violento depende do protagonismo de jovens que podem provocar grandes revoluções. Para formar lideranças capazes de mobilizar a sociedade para uma mudança de cultura, a Fundação Thiago Gonzaga realizou a Capacitação de Voluntários do Vida Urgente para os alunos do Colégio La Salle de Carazinho, no dia 14 de abril, em Porto Alegre. O grupo formado por 12 voluntários do Núcleo Vida Urgente La Salle Carazinho participou de dinâmicas que os instigaram a lutar pelos interesses coletivos e se tornarem verdadeiros empreendedores sociais e, também, estimulou a criação de ações práticas de conscientização voltadas a públicos específicos, com foco nos diferentes atores do trânsito. Preparados para desenvolver as ações propostas pela Fundação, o grupo de voluntários voltou cheio de energia e com muitas ideias para espalhar a Borboleta da VIDA! A campanha VIDA URGENTE é um conjunto de ações que visam, através da conscientização, minorar os acidentes de trânsito, principalmente os que envolvem jovens.

Colégio La Salle Carazinho/RS

Conhecimento com sabor A Turma do 1º ano do I Ciclo do Ensino Fundamental da Escola La Salle Sapucaia trabalhou o Projeto Corpo Humano com muita criatividade e com sabor de quero mais. Os professores Adriana Pinheiro e Arlisson Peres trabalharam de forma lúdica e muito saborosa. Tudo iniciou com o conhecimento do seu próprio corpo na frente de um espelho, seguindo com desenhos e construção do corpo com massinha de modelar. Entre outras atividades, a que mais chamou atenção dos educandos, foi o pão preparado por eles e seus educadores em forma de Corpo Humano. Cada um modelou na massa de pão, o seu corpo, dando o melhor de si, como se realmente estivessem se tocando. Todos adoraram realizar a atividade e estavam muito eufóricos e realizados. Quando, literalmente, todos estavam com água na boca, os pães ficaram prontos. Os educandos puderam saborear e ainda partilharam os pãezinhos em forma de Corpo Humano, com professores e funcionários da escola, levando também para a casa a fim de mostrar para seus familiares.

Escola La Salle Sapucaia do Sul/RS Revista Integração • Maio 2011

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Diário de Classe Minidicionário Ilustrado Dentro do projeto permanente de estímulo à leitura do Colégio La Salle Carmo, os alunos das turmas 51 e 52 foram incentivados pela professora Maria Cristina Z. Bergamaschi, de Língua Portuguesa, a ler o livro O encafronhador de trombilácios, da escritora Rosana Rios. O enredo apresenta um pai desempregado e um casal de filhos adolescentes. Surge a possibilidade de um novo emprego, e ele se torna um encafronhador num lugar muito tranquilo e agradável, a alameda Reta. Porém, o inevitável acontece: a expansão imobiliária chega a este local tão especial. Inconformados com isso, os moradores se unem e percebem o poder das palavras. Eles protestam e saem vitoriosos. Após o debate sobre o livro, e, como na 5ª série um dos conteúdos iniciais é o do uso do dicionário, os alunos em grupos foram instigados a elaborar um minidicionário ilustrado com os neologismos utilizados por alguns personagens da história. Esta atividade tornou-se uma maneira de aliar a teoria à prática de forma desafiadora, criativa e lúdica.

Colégio La Salle Carmo - Caxias do Sul/RS

Liderança Estudantil

Leitura na Família

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Uma sacola cheia de surpresas! Além do colorido de sua decoração externa, o conteúdo da sacola literária que marca o projeto “Bibliosacola na minha casa” está mexendo com a curiosidade e a imaginação dos alunos do 3º ano do Ensino Fundamental do Colégio La Salle São João. Não só dos alunos, pois o projeto proporciona a participação dos pais na vida escolar e na formação dos filhos através de uma experiência de leitura familiar. Na sacola literária os alunos encontram livros e acessórios que fazem parte das obras disponibilizadas. O propósito é usar e abusar da imaginação utilizando os acessórios no desenrolar da história, criando cenários, brincando e se divertindo. Junto aos livros, vai um Álbum de Registros. É nele que as crianças relatam de forma criativa como foi a atividade, a experiência com os livros, a contação de histórias, etc. O projeto tem como objetivo estimular o hábito da leitura entre os alunos, transformando esse hábito em um momento prazeroso e divertido. A sacola passará um dia na casa de cada aluno, de acordo com o critério definido pela professora.

No dia 1º de abril, a Equipe Diretiva do Colégio La Salle Niterói realizou a cerimônia de posse dos Líderes e Vice-Líderes de Turma eleitos para o ano de 2011. A posse aconteceu no Salão de Atos do Colégio e contou com a presença do Irmão Diretor Gilmar Staub, da Supervisora Administrativa Sandra Radaeli Atanásio, do Supervisor Pedagógico André Alves e da Orientadora Educacional Janaína Zarpelon, que compuseram a mesa das autoridades. Após a entoação do Hino Nacional, os alunos ouviram uma reflexão sobre liderança fundamentada na leitura do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas (Lc. 22, 24-27), cujo tema é “Quem é o maior?”. Nesta puderam perceber que o líder deve estar disposto a servir e ajudar os seus semelhantes nas dificuldades. Em seguida, os alunos prestaram o juramento diante da mesa da Equipe Diretiva e receberam o certificado de liderança para o ano de 2011 e Guia da Escola Lassalista. A cerimônia foi encerrada com a mensagem do Irmão Diretor, que ressaltou a importância de os alunos Líderes de Turma ajudarem suas respectivas turmas a conviverem de forma saudável e harmoniosa e com a foto oficial do grupo.

Colégio La Salle São João - Porto Alegre/RS

Colégio La Salle Niterói - Canoas/RS

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Diário de Classe Todos contra a Dengue

Projeto Alfabetização O projeto de alfabetização no 1º Ano do Ensino Fundamental do Colégio la Salle Niterói está realizando diversas atividades de incentivo a leitura e a escrita. O “Mundo das Letras” é o nosso projeto inicial de 2011, onde buscaremos despertar nas crianças o desejo pelo mundo letrado. Uma das atividades que compõe este projeto é o Sr. Alfabeto, um boneco de pano que irá visitar as residências de todas as crianças do 1º ano. O projeto partiu da leitura do livro Aniversário do Senhor Alfabeto. A história conta que a esposa do senhor alfabeto preparou uma festa para ele, e assim no dia da festa as letras foram chegando uma a uma com presentes cujos nomes iniciavam com a sua letra...O que gerou uma imensa festa. Como acontecerá a atividade: A criança levará o Sr. Alfabeto, para a sua residência pelo período de um dia. Durante a visita, a criança deverá escrever tudo que for vivenciado com seu novo amigo em um caderno, como: contar-lhe historinhas, brincar com ele, o que comemos no almoço, no jantar, entre outros. Esta atividade inicialmente visa um incentivo à leitura, envolvendo-se o faz-de-conta e o lúdico. O Sr. Alfabeto ajuda, inclusive, a desenvolver valores nas crianças, como: Amizade, carinho, responsabilidade, cuidado, higiene, etc.

Com a chegada das chuvas diárias, o aumento de água parada e a proliferação do mosquito Aedes aegypti, os alunos da 5ª e 6ª série do Ensino Fundamental II do Colégio Estadual La Salle foram aos bairros da cidade fotografar o descaso da população em relação ao lixo acumulado, consequentemente água parada e um criadouro para o mosquito. As fotos foram coletadas durante 15 dias ,após os alunos foram reunidos no salão do colégio e juntos com a professora realizaram a separação das fotos e a colagem montando painéis com os nomes dos respectivos bairros e expostos para todos os alunos, professores, pais e funcionários do colégio. Segundo a professora de Ciências, Karin Manfroi, o projeto surgiu da preocupação com a proliferação do mosquito na cidade. Sabe-se que o problema só será solucionado com a conscientização da população, iniciando pelos alunos que são os nossos maiores aliados neste combate. A transmissão da Dengue se faz pela picada da fêmea contaminada do mosquito Aedes aegypti, pois o macho se alimenta apenas de seiva de plantas. Após infectado, o mosquito está apto a transmitir o vírus, depois de 8 a 12 dias de incubação.

Colégio La Salle Niterói - Canoas/RS

Colégio La Salle Pato Branco/PR

Com aroma especial Quem é mãe já deve estar acostumada a receber presentes no Dia das Mães feitos na Escola pelos filhos, não é?! A emoção que sente ao receber o mimo das mãos da pessoa que ela mais ama no mundo é indescritível. Pensando nisso, as educadoras do La Salle São João propuseram a produção de um presente que promete exalar um perfume todo especial, além de ser uma grande experiência, literalmente. Trata-se do projeto “Momento Cientista”, no qual os alunos do Ensino Fundamental – Anos Iniciais desenvolveram três tipos de produtos de higiene e limpeza como lembrança para o Dia das Mães: Sabonete Líquido, Aromatizador de Ambiente e tubos de Álcool em gel. Segundo a professora de Química, Ildanice Mansan, e a Monitora de Laboratório, Sula Miranda, a escolha dos produtos se deu a partir da análise de viabilidade da produção interna, com materiais seguros e possíveis de serem manuseados pelas crianças. A genialidade do “Momento Cientista” não para por aí. Sabe quem orientou os pequenos cientistas nos processos experimentais? Os alunos do Ensino Médio, que partilharam com os mais novos os conhecimentos adquiridos em sala de aula.

Colégio La Salle São João - Porto Alegre/RS Revista Integração • Maio 2011

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Diário de Classe Atitudes que fazem a diferença As turmas de 2º ano do Ensino Fundamental do La Salle Santo Antônio deram início a um projeto de conscientização e preservação do Meio Ambiente a partir da prática de atitudes simples, que fazem diferença. O projeto, inspirado na Campanha da Fraternidade 2011 “Fraternidade e a Vida no Planeta”, tem o objetivo de trabalhar as questões que envolvem a preservação do meio ambiente de forma interdisciplinar, criando um ambiente de aprendizagem e desafios. As turmas iniciaram os debates para conhecerem melhor o Planeta Terra. Foram realizadas leituras de apoio, rodas de conversas, pesquisa de campo, organização e separação do lixo da sala de aula e pátio do Colégio. Em casa as famílias também estão contribuindo. Metas para a divulgação das descobertas foram planejadas e serão apresentadas através de um jornal informativo e da criação do Clube dos Amigos da Natureza. Estão sendo criados ainda jogos com material reciclado, mutirão de limpeza após o recreio para recolher o lixo, campanha de separação do lixo em casa e na escola e a gravação de uma propaganda produzida pelas crianças. As ações têm foco no incentivo, preservação, reciclagem e reutilização.

Colégio La Salle Santo Antônio - Porto Alegre/RS

Aluno Nota 10

Campeonato Internacional

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Os dois alunos do Colégio La Salle Abel integrantes da equipe que representou o Brasil no 9° Campeonato Aberto Internacional de Taekwondo, no Equador, retornaram no dia 27 de abril com excelentes resultados obtidos na prova. Bruno Wermellinger (de 16 anos e aluno do 2º ano A do Ensino Médio) conquistou as medalhas de ouro e bronze, sagrando-se campeão na faixa vermelha. Daniel Morais Rosa (de 11 anos e aluno do 5° ano I) mandou ver na faixa verde e faturou o prata e o bronze, saindo vice-campeão do torneio que reuniu em Cuenca, durante uma semana, mais de 600 pessoas, a maioria atletas de 12 países da América do Sul. Bruno e Daniel saíram do Aeroporto Internacional do Galeão de ônibus com toda a delegação, desembarcando adivinhem aonde? Na portaria do La Salle, onde foram recebidos pelo Irmão Alberto Körbes, coordenador da Pastoral da Juventude do Abel. Apoiando Daniel com as passagens aéreas para a competição, a Rede La Salle reforça a importância das ações de incentivo aos esportes e parabeniza toda a equipe brasileira, em especial, aos dois alunos lassalistas pelo excelente nível demonstrado no Sulamericano.

A escolinha de futebol do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, dentro de suas propostas esportivas mantém um programa denominado “Atleta Nota Dez”. Este é destinado a um acompanhamento permanente do desempenho escolar de cada atleta que participa da escolhinha, com o objetivo de criar motivação e incentivo aos estudos. Segundo os organizadores da premiação, esta é uma forma de formar uma conscientização maior com relação à disciplina e ao senso de responsabilidade. E foi dentro deste princípio, que a coordenação do programa selecionou os vencedores da temporada de 2010, e entre eles o aluno do Colégio La Salle Canoas, Luan Vieira, 14 anos. Segundo o estudante está foi uma surpresa maravilhosa, pois quando recebeu a notícias estava a apenas um mês treinando do time. Tricolor declarado o jovem diz que essa foi uma ótima noticia e incentivo para começar mais um ano de treino e um dia, quem sabe, ser um grande goleiro, posição por ele almejada no futebol. “Eu tava um dia em casa, de férias e recebi a correspondência de que tinha sido escolhido o aluno nota 10, quando abri o envelope eu não acreditava, era muita felicidade”, conta.

Colégio La Salle Abel/RJ

Colégio La Salle Canoas/RS

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Diário de Classe História pra contar

Palestra de conscientização Imbuídos no tema da Campanha da Fraternidade, após sensibilização realizada por todos os docentes, os alunos do III Ciclo da Escola Fundamental La Salle Sapucaia, na disciplina de Ensino Religioso, dividiram-se em grupos de interesse, para escolherem temas referentes ao meio ambiente nos quais realizaram extenso estudo. Após esta etapa os alunos organizaram mini–palestras, teatro, música, confecção de cartazes, demonstrações práticas, cursos , entre outros, a fim de realizar workshop para as turmas da escola. Além de sentirem-se motivados por apresentarem temas de conscientização aos colegas, os alunos demonstraram interesse na atividade por perceberem-se protagonistas de ações que podem mudar a vida no planeta. O tema da Campanha da Fraternidade de 2011 é “Fraternidade e a Vida no Planeta” voltada para o meio ambiente. O lema é “A Criação Geme com Dores de Parto”. A campanha procura promover reflexões sobre a questão ecológica, com foco, sobretudo, nas mudanças climáticas.

As histórias estão presentes em nossa cultura há muito tempo e o hábito de contá-las e ouvi-las tem inúmeros significados. A leitura de histórias aproxima a criança do universo letrado e colabora para a democratização de um de nossos mais valiosos patrimônios culturais; a escrita. Por isso, é importante favorecermos a familiaridade das crianças com as histórias e a ampliação de seu repertório. As aulas de contação de histórias têm possibilitado, aos alunos de do Ensino Fundamental do Colégio La Salle Toledo, momentos de audição de histórias e de empregá-las como elemento no processo de desenvolvimento da aprendizagem, além de incentivar a leitura objetivando transmitir valores que determinam atitudes éticas, que possibilitem uma melhor convivência no ambiente escolar. Os espaços utilizados para o desenvolvimento da atividade são: biblioteca, sala de aula, campo ou ainda o pátio da escola, isto é determinado pela professora de acordo com a história a ser contada . Para que tudo fique bem real e encantador utilizam-se também fantoches, adereços, fantasias e outros materiais que se fizerem necessários.

Escola La Salle Sapucaia do Sul/RS

Colégio La Salle Toledo/PR

Máquina do Tempo Dominar o conceito de História, ser capaz de localizar acontecimentos em linhas do tempo, conhecer, relatar e valorizar a história vivida. São alguns dos inúmeros objetivos do trabalho desenvolvido com as turmas de 5ª série do Colégio La Salle Esteio. Desde 2010, após construção de um memorial em que relataram suas histórias de vida, utilizamos filme 'De volta para o Futuro'. O filme serviu de inspiração para que a turma criasse sua própria Máquina do Tempo. Com sucata e muita imaginação os grupos criaram suas máquinas, métodos de viajar, relógios, e tudo o mais que fosse necessário para uma verdadeira viagem pelo tempo. Cada aluno escolheu o destino do passado que mais lhe interessava, pesquisou muito sobre sua época e local. Escreveram textos narrativos contando como foram suas viagens no tempo. No dia da apresentação, demonstraram como funcionava a máquina, relataram como foram suas viagens ao passado e o que aprenderam sobre os locais e épocas que visitaram. Os objetivos foram atingidos de forma lúdica e muito prazerosa, além de possibilitar diversos momentos de troca de experiências e conhecimentos.

Colégio La Salle Esteio/RS Revista Integração • Maio 2011

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Diário de Classe Linha do Tempo Para ilustrar na prática o que alunos do 2º ano do Ensino Fundamental já aprenderam este ano nas aulas de História no capítulo “Lembranças de Cada Um”, o La Salle Abel promoveu nos últimos dias 12 e 13 de abril uma atividade bem diferente. É a exposição “Linha do Tempo” que, com envolvimento direto das famílias, reuniu objetos antigos e documentos que resgatam um pouquinho da história de vida de cada um dos alunos do ano de escolaridade. Animados com o projeto, os alunos capricharam na seleção de objetos que deram vida à mostra, com visitação aberta nos horários de entrada e saída da escola. Implantado ano passado, o projeto foi tão bem aceito por pais e alunos que a Coordenação do Fundamental I (1º a 5º ano) decidiu este ano montar a exposição no salão de festas do Centro Cultural La Salle. Máquinas antigas (como as fotográficas e até de costura), ferro de passar roupas a carvão, sino utilizado para rebanhar ovelhas, LPs, lupas, agendas da pré-escola, moedas fora de circulação, objetos de arte (como xícaras de porcelana pintadas a ouro) deram um colorido especial e ajudaram a registrar peculiaridades de cada família.

Colégio La Salle Abel - Niterói/RJ

Jornal em sala de aula

Despertar da Consciência Dentre os vários trabalhos apresentados dentro do Projeto Leitura, a Escrita e Reescrita: O Despertar da Consciênci, do Colégio La Salle Xanxerê, o destaque fica por conta da “História do Chapeuzinho Vermelho contada em Libras”. Sob a coordenação da Professora de Português Marli Salete Goedel, os alunos da 7ª série e algumas turmas de aulas de Matemática, em uma ação interdisciplinar, buscaram interação com estudantes Surdos do Centro de Educação de Jovens e Adultos - CEJA. Os convidados, contagiados por uma atmosfera acolhedora e de respeito, relataram suas experiências em trabalhos com marcenaria, artesanatos e alguns com o curso superior já em fase de conclusão. Fazendo uso da linguagem de sinais – Libras - encerraram a visita com a contação, , da História do Chapeuzinho Vermelho. Os momentos compartilhados despertaram nos alunos (lassalistas) novos olhares voltados ao respeito, às possibilidades e potencialidades de que ser diferente também é normal.

Colégio La Salle Xanxerê/SC

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O Colégio La Salle Peperi iniciou, em março, as atividades com o jornal na sala de aula. Os primeiros alunos a utilizarem o jornal foram os das 8ª séries, na disciplina de Língua Portuguesa, ministrada pela professora Monaliza Zucchi. Conforme a professora, o trabalho começou com uma pesquisa oral, onde os alunos responderam sobre quais famílias assinam jornal, se os pais lêem jornal e qual seria o posicionamento de cada um, se o jornal fosse colocado em sala, como uma ferramenta educativa. “Depois de conversarmos com eles (os alunos), tivemos a certeza de que deveríamos inserir o jornal em sala de aula como complemento didático”, ressaltou a professora. A primeira atividade foi a leitura do jornal, em seguida a análise de matérias, propagandas, fotos e os pontos negativos e positivos. Assim como a professora Monaliza, o jornalista Gilberto Dimensthein, defende que o jornal deve complementar a educação, pois o objetivo de se trabalhar o jornal no cotidiano do aluno é aproximá-lo ao máximo da realidade. O jornalista ressalta, em seu livro Cidadãos de Papel que a linguagem do jornal nem sempre é acessível a determinadas idades, portanto é preciso que o professor traduza essas informações aos alunos: “Nem todo mundo consegue entender o que está escrito no jornal, nem sempre os jornais são claros e explicam as coisas como deveriam ser”, descreve ele. O fato de levar o jornal para dentro da sala de aula não é tão simples quanto parece; Há de se analisar a recepção dos alunos aos conteúdos dos jornais, quais são os efeitos das notícias no cotidiano dos educandos e qual é o posicionamento deles a esse material que se propõe auxiliá-los em sala. O Colégio La Salle Peperi sempre buscou inovar no campo da educação. “Esse é um desafio, temos que ir com cuidado e buscar entender como os alunos se sentem trabalhando com essa nova ferramenta, queremos a partir desta experiência começar a avaliar o que mudou no comportamento dos nossos alunos”, afirma Monaliza.

Colégio La Salle Peperi - São Miguel do Oeste/SC


Educação Superior Missão e Compromisso A educação especializada e diferenciada tem sido elemento importante na Missão Educativa Lassalista. Podemos dizer que a Educação Superior Lassalista tem sua origem no Fundador devido à sua preocupação com a formação dos professores. A educação de seus próprios Irmãos como professores e a educação dos professores rurais foram suas primeiras iniciativas que lhe mostraram respostas às necessidades educativas de seu tempo. A Educação Superior está se beneficiando das produções de contextos comuns de significados, conhecimentos, valores e condutas compartilhadas, que agora contribuem para a definição da Família Lassalista. A comunicação, a confiança e o compromisso estão garantindo o êxito desta conectividade em expansão. Para o Superior Geral Ir Álvaro Rodríguez Echeverria (2007), ser Lassalista com os olhos abertos e os corações ardentes é estar atento às necessidades do mundo de hoje, como a pobreza, a fome e a injustiça, para que sejamos um laboratório de paz, solidariedade e sabedoria. Assim, os Institutos Superiores La Salle - RJ cumprem a sua missão institucional, de acordo com a experiência e atuação da mantenedora e a luz da contribuição histórica de São João Batista de La Salle, no que diz respeito à interação constante com os seus seguidores: valores éticos de liberdade e equidade e compromisso político-social.

Institutos Superiores La Salle - Niterói/RJ

Comemorando os resultados No início de 2011, duas comissões do MEC estiveram na Faculdade La Salle a fim de realizar a avaliação in loco de dois cursos: Gestão da Tecnologia da Informação (autorização) e Turismo (reconhecimento). Ambos receberam, em primeira instância, o conceito 4, em uma escala de 1 a 5. Considerando os referenciais de qualidade dispostos na legislação vigente, nas diretrizes da Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior-CONAES e no instrumento de avaliação aplicado in loco, nossos cursos de Bacharelado em Turismo e Gestão da Tecnologia da Informação apresentam um perfil BOM de qualidade. O conceito poderia ser ainda melhor, não fosse a grande dificuldade que a Faculdade encontra quanto à titulação e regime de trabalho do corpo docente de alguns cursos. É um aspecto regional que ainda influencia para a melhoria da qualidade de educação da IES. No curso de Turismo, por exemplo, apenas 14% dos professores possui titulação de Mestre e não há doutores. São resultados que colocam a Faculdade La Salle entre as melhores IES de Mato Grosso e mostram que, apesar de algumas fragilidades, a Instituição mantém o compromisso com a educação de qualidade daqueles que escolhem os seus cursos para a formação profissional. Neste momento, a Faculdade aguarda a publicação oficial dos atos regulatórios. Novidade A partir do segundo semestre de 2011, a Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde-MT pretende ofertar o seu primeiro curso de graduação tecnológica: Gestão da Tecnologia da Informação. A expectativa é que o MEC publique a Portaria de Autorização nos próximos dias para, em julho, a IES realizar um vestibular especial para este curso. O curso terá ingresso anual, através de processo seletivo, e a Faculdade pleiteia junto ao MEC a oferta de 120 vagas anuais. A duração mínima será de dois anos e meio e seus egressos receberão a titulação de “Tecnólogo em Gestão da Tecnologia da Informação”. Cabe destacar que os cursos tecnológicos, diferentemente dos cursos técnicos, são equivalentes à graduação, ou seja, integram a formação de terceiro grau, conforme descrito em trecho do Projeto Pedagógico do curso: “Os Cursos Superiores de Tecnologia são cursos de graduação, que formam profissionais de nível superior, especializados em segmentos de uma ou mais áreas profissionais com predominância de uma delas”.

Formação para educadores Através de uma parceria entre a Faculdade La Salle e a Prefeitura Municipal de Paverama, está acontecendo um curso de formação para professores da cidade. Ao longo do ano, os educadores receberão 40h de formação divididas em 10 encontros que abordam temáticas como: Transdisciplinaridade; Metodologia da Aprendizagem Baseada em Projetos; Diretrizes do novo Plano Nacional de Educação, dentre outras. Através desta iniciativa, a instituição cumpre com seu propósito de contribuir com a formação de pessoas em todos os níveis, colocando-se a serviço da comunidade local e regional seu seleto quadro de professores e a experiência de uma rede de ensino com mais de um século de atuação no país.

Faculdade La Salle Estrela/RS

Faculdade La Salle Lucas do Rio Verde/MT Revista Integração • Maio 2011

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Educação Superior MBA em Gestão Educacional Gestores de Instituições da Rede La Salle do Rio Grande do Sul e Santa Catarina foram recepcionados no dia 16 de abril em um café da manhã no Qoppa Café, Prédio 15 do Unilasalle. A confraternização entre os alunos do MBA em Gestão de Instituições Educacionais também foi a abertura oficial do curso, que teve sua primeira aula na sexta-feira, dia 15 de abril. A cerimônia contou com a presença do Presidente da Rede La Salle, Ir. Jardelino Menegat, do Reitor do Unilasalle, Prof. Dr. Paulo Fossatti, fsc, do Vice-Reitor do Unilasalle Ir. Cledes Casagrande e dos Pró-Reitores Vera Ramirez e Luiz Carlos Danesi, além dos alunos do curso, aproximadamente 50 gestores escolhidos para realizar o MBA in company, formatado especialmente para líderes lassalistas. Falando sobre a importância da formação continuada, Ir. Jardelino Menegat agradeceu aos gestores que aceitaram o convite de dedicarem seu tempo para mais uma formação, mesmo tendo títulos de mestrado e doutorado As aulas do MBA em Gestão de Instituições Educacionais in Company tem duração prevista de 18 meses. Os alunos reúnem-se uma vez ao mês, com aulas pela tarde e noite da sexta-feira e manhã e tarde do sábado. Algumas atividades são realizadas à distância.

Unilasalle Canoas/RS

Ação Solidária Logo nos primeiros dias de aula, os futuros educadores formaram oito equipes para participar de uma Gincana Recreativa-Cultural e Ação Solidária da Faculdade La Salle Lucas do Rio Verde. As ações visaram à valorização da vida através do exercício da cidadania fraterna e solidária, do respeito à dignidade humana, da adoção de valores éticos, da realização de ações humanitárias e da inibição do trote violento e desrespeitoso. Cada equipe elegeu o seu líder, escolheu seu nome e grito de guerra e sorteou um dos temas para o momento cultural. Segundo os organizadores, Profª. Janete Rosa da Fonseca e Prof. Moacir Juliani, coordenadores dos respectivos cursos, os temas estão entre os conteúdos do ENADE para a Formação Geral do ano de 2011: “os temas objetivaram proporcionar momentos de aprendizagem em que o acadêmico se torne protagonista de suas práticas, desenvolvendo autonomia e criatividade”, comentaram os professores Janete e Moacir. Em conjunto com as atividades e com a intenção de colaborar com entidades beneficentes, foi desenvolvida uma Ação Solidária através da coleta e doação de materiais de uso diário e não perecíveis a Entidades Beneficentes do Município de Lucas do Rio Verde - MT.

Faculdade La Salle Lucas do Rio Verde/MT

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Gestão em Administração O Curso de Administração da Faculdade La Salle Manaus realizou o 4º Prêmio de Gestão e Inovação e laureou quatro projetos que foram aplicados em empresas que acreditaram na capacidade dos acadêmicos da instituição. Os mesmos responderam ao desafio com projetos inovadores que foram aplicados e renderam resultados positivos às empresas. O evento ocorreu em 24 de março tendo como participantes os alunos que cursam o 7º período do curso. Confira os dois projetos que ficaram com os primeiros lugares da premiação: 1º LUGAR: OPÇÃO MIX – MELHOR SOLUÇÃO DE NEGÓCIO Com o objetivo de alcançar resultados relacionados ao aumento de lucro do empreendimento da Sra. Elizabeth Araújo dos Santos, a proposta de inovação e melhoria trouxe mudança física interna e externa, assim como mudanças, após pesquisas de novos fornecedores. Os produtos e serviços oferecidos atualmente são: sorvetes, produtos de papelaria, cosméticos/perfumaria e serviços informatizados: como pesquisas e trabalhos escolares. Desses, o que sofreu maior mudança foi o sorvete, pois sendo o principal produto oferecido no estabelecimento, e consequentemente o que oferece maior receita ao negócio, teve maior atenção junto à proposta deste trabalho. Assim, implantaram-se mudanças no processo de venda do sorvete, que passou a utilizar uma balança, reduzindo as perdas na irregularidade dos tamanhos das bolas vendidas, além de proporcionar ao cliente opção de servir-se de acordo com sua necessidade. A outra mudança neste produto esta atrelada à redução dos custos dos materiais que compõe sua venda, garantindo com isso o aumento do lucro bruto. 2º LUGAR: UNIMED – MELHOR REDUÇÃO DE CUSTOS O trabalho teve como objetivo apresentar um sistema de Gerenciamento Eletrônico de Documentos – GED. A idéia de criar o projeto surgiu em virtude da observação do grande número de cópias que são feitas mensalmente no setor de Contas Médicas da Diretoria Operacional, e as dificuldades encontradas pelos gestores no que tange ao arquivamento desses documentos, e os transtornos diversos no momento de consultar determinado dado, bem como o custo com papel e mão de obra. O Gerenciamento Eletrônico de Documentos (GED) tem como proposta melhorar essa deficiência encontrada na organização através da digitalização desses documentos e arquivamento em um servidor central, de forma a elevar a qualidade e agilizar os processos envolvidos neste processo pode ainda dinamizar de forma eficaz o acesso e a disseminação da informação no âmbito da empresa.

Faculdade La Salle Manaus/AM


Educação Superior

Estudantes estrangeiros em intercâmbio no Unilasalle Eles vieram de seus países buscando aprendizado em suas áreas do conhecimento e na cultura de um novo país. O objetivo é comum, mas as histórias de vida têm nuances, experiências e aprendizados próprios: Guillermo, Andrea, Eva, Olivia, Francisco, Amapola, Beatriz e Carlos. Cursando diferentes graduações do Unilasalle, equivalentes àquelas que cursavam em suas instituições de origem no México e na Espanha, depois de aproximadamente três meses os acadêmicos já colecionam muitas histórias para contar quando voltarem aos seus países. Carlos, Olivia, Beatriz e Andrea saíram do México em fevereiro buscando a vivência de uma nova cultura. Olivia e Beatriz contam que seu desejo inicial era ir para o Canadá. “Os trâmites eram muito complexos então vimos que havia a possibilidade de vir para o Brasil estudar no Unilasalle” contam as duas. Beatriz confessa que no início achou tudo muito estranho e distante “Eu tinha uma grande expectativa e não conhecia nada do Brasil além do Carnaval e do Cristo Redentor. Falaram que o povo brasileiro era quente e receptivo, mas não achei isso”. Depois de alguns meses, Beatriz notou que a população riograndense, por ter colonização europeia, difere um pouco do estereótipo de brasileiro cultivado no exterior “Hoje eu vejo que por mais que existam dificuldades no início, tudo é aprendizagem” conclui ela. Guillermo e Francisco, espanhóis que estão no Brasil cursando Educação Física no Unilasalle desde fevereiro, concluíram que um país com a extensão territorial do Brasil abriga diferentes culturas “O brasileiro do Rio Grande do Sul não é o brasileiro típico”, conclui Guillermo. Eles também observaram que no Unilasalle tiveram mais contato com os professores e ajuda dos colegas. “Aqui as turmas são menores, na Espanha dividia a aula com muitos alunos, além de todas as aulas serem extremamente teóricas”. Amapola, também espanhola e cursando Educação Física, observou que o mercado de trabalho no Brasil é mais aberto para os estudantes do que na Espanha “Lá você só consegue ser remunerado quando é formado. Aqui existem muitas oportunidades”, frisou a acadêmica. Eva, estagiária do Programa Tecnosocial fala que a melhor coisa de sua experiência no Brasil foi poder conhecer pessoas que têm sede por conhecimento. “Na Espanha as pessoas têm mais acesso à educação e não valorizam isso. Aqui, trabalhando nas cooperativas, vejo pessoas com muita vontade de aprender e evoluir. Com certeza vou valorizar muito todas as oportunidades que tive na minha vida depois de minha experiência no Brasil” conta a aluna, que já fez mestrado na área de trabalho social na Espanha e veio ao Brasil para conhecer na prática a realidade da economia social. Beatriz, Olivia e Andrea, todas mexicanas, estranharam um pouco o fato de a maioria de seus colegas conciliarem a jornada de trabalho com os estudos. “No México nós só trabalhamos ou só estudamos. Isso foi estranho no começo, pois tínhamos que entender os atrasos dos colegas ou o fato de estarem mais cansados nas aulas. Mas depois, quando começamos a fazer trabalhos em grupos, sentimos o quanto íamos aprender com a experiência profissional deles” contou Beatriz. Andrea, que é acadêmica do Tecnólogo em Design de Produto sentiu algumas dificuldades de adaptação ao curso. “No México meu curso é Design Gráfico e aqui a proposta do curso é bem específica na questão do produto”, contou ela.

“Na Espanha as pessoas tem mais acesso à educação e não valorizam isso. Aqui, trabalhando nas cooperativas, vejo pessoas com muita vontade de aprender e evoluir. Com certeza vou valorizar muito todas as oportunidades que tive na minha vida depois de minha experiência no Brasil” Eva, estudante espanhola que está estagiando no Programa Tecnosocial do Unilasalle Canoas Entre as diversas adaptações que precisaram fazer nos primeiros meses no Brasil, os estudantes também notaram muitas diferenças culturais. “Aqui o povo é um pouco mais liberal, no México muitas coisas são proibidas e a questão de valores é muito forte. Também notei que existe um culto maior ao corpo, a necessidade de ter uma forma física ideal” observou Carlos, estudante mexicano do curso de Administração do Unilasalle. Eva também notou alguns traços machistas na cultura brasileira. “Na Espanha você não vê homens brincando com as mulheres que passam na rua. É uma questão de educação, você não precisa reprimir, todos sabem que é errado fazer algo assim”, falou a aluna. O mês de agosto é a data marcada para o retorno para a Espanha e o México. O que no início parecia muito tempo, agora já causa uma certa angústia entre os estudantes. “Nossa, fico pensando que faltam só três meses e eu gostaria de ter conhecido bem mais do Brasil” fala Beatriz. Amapola sorri quando questionada se ficaria mais tempo no Brasil. “Eu adorei tudo aqui, as pessoas te ajudam, os professores são mais abertos”. Eva diz que tem certeza que depois que um tempo passar, ela conseguirá entender bem mais o que aprendeu “Eu acho que por mais que as pessoas falem que não foi bom, sempre levarão algo de uma experiência como essa para suas vidas”. Guillermo finaliza a conversa dando um conselho para aqueles que quiserem um dia fazer intercâmbio “Aproveitem, façam um esforço para fazer mais amigos e estar mais abertos. É uma experiência difícil de ser vivida novamente”, finaliza o acadêmico.

Unilasalle Canoas/RS Revista Integração • Maio 2011

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Obras Assistenciais

Em defesa das crianças Projeto Oásis da Esperança acontece em Altamira/PA Por Ir. Valdir Leonardo Silva e Derivan Augustos dos Santos Reis Centro de Assistência Social La Salle - Altamira/PA

O projeto Oásis da Esperança nasceu a partir da necessidade de incluir socialmente crianças e adolescentes através da cultura e do esporte, ocupando o tempo livre da escola com atividades educativas que os mantêm longe das drogas e/ou criminalidade. Um problema de cunho social, que vem gerando grande preocupação na sociedade altamirense e desestruturando muitas famílias é a questão do elevado aumento do envolvimento de crianças e adolescentes com ato infracional. Quase diariamente, a mídia local, expõe reportagem sobre furtos, drogadição e até homicídios perpetrados pela população infanto-juvenil. A perspectiva da construção da Usina Hidroelétrica de Belo Monte, já está causando um aumento significativo no fluxo de imigrantes para o município. No entanto, os investimentos em políticas sociais permanecem estáveis; assim, se percebe que os serviços de saúde, educação e assistência social estão se desgastando e, em muitos casos não suprem as necessidades da população, principalmente das crianças e adolescentes em condição de vulnerabilidade e risco social. Diante do exposto, fica evidente o quanto os direitos das crianças e adolescentes estão sendo violados. Apesar de existirem algumas políticas sociais públicas para o atendimento a essa parcela da sociedade de Altamira, é evidente que essas não preenchem a demanda. Projetos sociais como o Oásis da Esperança, são de grande importância para elas mesmas não ficarem na ociosidade e se envolverem no mundo da criminalidade, além do que, complementa e subsidia o fortalecimento da rede de serviços socioassistenciais do município que atende o segmento infanto-juvenil. O Projeto iniciou em 2010 e atendeu 393 crianças e adolescentes. A previsão de atendimento para este ano é de 600. O projeto está alcançando bons resultados e é bem aceito pela comunidade local. Além das atividades Capoeira, Dança ou Escolinha Esportivas em que o aluno freqüenta é oferecido outros atendimentos: lanche, biblioteca, laboratório de informática e jogos de descontração e integração. Pretendemos aprimorar os trabalhos, para garantir de forma eficiente e eficaz a continuidade das atividades, buscando sempre a qualidade dos serviços, assim como, satisfação, empenho e dedicação para proporcionar um ambiente acolhedor, que de fato possa contribuir para aumento da qualidade de vida das crianças e adolescentes, bem como subsídio para o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, formação cidadã e cristã.

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DEPOIMENTOS “Minha filha melhorou o comportamento na escola, até em casa, essa convivência é muito boa”. Lucirlene Targino, 35 anos, mãe de aluno

“O projeto é uma ajuda principalmente para crianças que passaram por um problema psicológico, como a minha filha, hoje ela tem mais alegria, mais carinho e mais desenvolvimento. Elizângela Santos de Lima, 31 anos, mãe de aluno

“A atividade está ajudando no seu desenvolvimento e desempenho escolar, muita atenção e boas notas. São atividades como estas que incentivam as crianças para o lado bom, ou seja, a ter um bom caráter”. Maria do Carmo Filha, 26 anos, mãe de aluno


Obras Assistenciais

Encontro para reflexão Por Marília de Moura da Silva, Maria Regina Laner e Sergio Hiram Ceroni Província Lassalista de Porto Alegre/RS

Com o objetivo de propor caminhos, estratégias e políticas institucionais em vista da excelência e da subsistência da assistência social da Rede La Salle, realizou-se, de 14 a 19 de março de 2011, o III Encontro dos Centros de Assistência Social da Província Lassalista de Porto Alegre, sob a responsabilidade das Direções Administrativa e de Educação e Pastoral e acompanhamento dos setores de contabilidade, de assessoria educacional e assistência social.

Na esfera contábil foram apresentadas as formas de contabilizações das contas de despesas em geral e, principalmente a contabilização de Projetos na área de Assistência Social/Educacional, para adequação da Lei mencionada no parágrafo primeiro. Com o objetivo de colocar em todas as Escolas o mesmo padrão na execução da contabilidade, foram trabalhados processos, métodos, digitações e simulações de lançamentos contábeis para conhecimento de todos os presentes. No primeiro trimestre de 2011, os Centros de Assistência Participaram do encontro os diretores, os estão atendendo 8.379 pessoas em situação de A sustentabilidade vem Social coordenadores de ensino e os auxiliares vulnerabilidade social, buscando a inserção no mercado ganhando força cada vez de trabalho ou a melhoria de suas condições de vida. administrativos de seis Centros de Assistência Social da Rede La Salle: Centro de Assistência Social La Salle, maior no Terceiro Setor Com o crescimento do atendimento das obras Canoas/RS; Centro de Assistência Social La Salle, com projetos políticos, assistenciais cada vez mais é importante e significativa Altamira/PA; Escola Assistencial La Salle, a efetivação de parcerias com o Poder Público. Estas planejamentos Ananindeua/PA; Centro Educacional La Salle, parcerias dependem da qualidade dos serviços estratégicos e captação ofertados, principalmente registro junto aos conselhos Presidente Médici/MA; Centro de Educação Popular La Salle (CEPLAS), Zé Doca/MA; Centro de Formação La de recursos financeiros e municipais de assistência social, prestação de contas, Salle, Uruará/PA. Participaram também, o Diretor e a humanos que incentivam contrapartida e resultados alcançados. A partir destes Vice-diretora da Escola Celina Del Tetto, Ananindeua registros, o Centro de Assistência está habilitado para tais ações. participação de editais, podendo obter incentivos fiscais, /PA. O Encontro proporcionou a reflexão sobre várias contratos, convênios e parcerias. É importante se questões que envolvem o cenário atual, principalmente relacionar e conhecer bem as instâncias públicas, podendo vincular à a mudança na legislação (Lei 12.101/2009, Resolução 109/2009 e causa do projeto do Centro de Assistência, pois existem recursos Resolução 16/2010) e a sustentabilidade da assistência social na Rede específicos para as áreas de atuação da Assistência Social. A La Salle. Na oportunidade foi trabalhado o aprimoramento dos sustentabilidade vem ganhando força cada vez maior no Terceiro Setor, conhecimentos de gestão, projetos, editais, troca de experiências e o em projetos políticos, planejamentos estratégicos e captação de recursos diálogo sobre assuntos que envolvem a formação de uma sociedade mais financeiros e humanos que incentivam as ações de sustentabilidade na justa e sustentável, através de estratégias políticas Institucionais, área social e mantém um atendimento qualificado ao público alvo. Com o construção do conhecimento e habilidades para planejar, buscar os apoio e monitoramento da Mantenedora e os setores responsáveis, a recursos para aquela ação, rascunhar, fazer contatos, enfim, visualizar do Assistência Social se fortalecerá na Rede La Salle. outro lado de uma ponte. Revista Integração • Maio 2011

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Artigos

OS DESAFIOS DO EDUCADOR Configurações e manejos familiares Por Ana Paula Oliveira da Silva e Mychele Kamianecky Professora e coordenadora pedagógica do Colégio La Salle São João, de Porto Alegre/RS

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m olhar sobre a profissão de educador é decorrente de uma observação da realidade dos educandos e consideramos esse um dos principais desafios da modernidade: enxergar o sujeito humano e suas potencialidades e intervir junto a um sujeito ou a um grupo de sujeitos que aprendem, em múltiplas situações, considerando o dito e o não dito e a ação do sujeito sobre o objeto de aprendizagem. É um olhar que tem a intenção de perceber um sujeito humano que aprende, de forma inteira, em relação com os outros sujeitos, com a cultura, com a história, com os objetos de aprendizagem e com as normas estabelecidas nos múltiplos contextos familiares em que vivem. Definimos o ser humano como pessoa-relação, isto é, como alguém que é singular, mas que não pode existir sem o outro. Esta idéia coloca uma condicionalidade da existência do outro na existência de cada um. Isso quer dizer que na dimensão física percebemos que o ser humano carrega em si um corpo, dotado de identidade e uma história de vida que se utiliza do ser psíquico, isto é, da capacidade de perceber, sentir, julgar, interagir e comunicar-se com o outro. Neste nível, o humano orienta-se pelos seus significados de ideias, pessoas, valores e relacionamentos. No nível espiritual, aproximase da sua essência, sentido de vida, sua transcendentalidade. Pela vivência em uma instituição lassalista, entendemos que a pessoa humana se expressa através do seu jeito de ser e do seu agir, e relacionamos a isso as três potencialidades apresentadas no projeto de formação da Rede La Salle: afeto, desejo e inteligência que vão determinar o modo como o sujeito humano se desenvolve e, por fim, aprende. Fernandez (1991) pensa que o ser humano, para aprender, deve colocar em jogo seu organismo individual herdado, seu corpo construído especularmente, sua inteligência autoconstruída e o desejo. A inteligência e o desejo podem ser entendidos como fatores externos se considerarmos que têm sua existência interrelacionada entre si e com o ambiente externo, do

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qual sofre constante interferência. Sendo assim, o aspecto afetivo deve ser visto como essencial no processo de aprendizagem, uma vez que existe a determinação de um saber inconsciente, o qual se molda a partir de um desejo e que difere quanto à vontade de aprender. Não obstante, a história do sujeito que aprende tem íntima relação com o processo de aprendizagem, considerando que as novas experiências se configuram a partir do seu passado, ou seja, a estrutura cognitiva atua sobre os símbolos e sobre as experiências prévias (adequação). Além disso, qualquer experiência pode fazer aflorar ou bloquear o processo cognitivo que, por sua vez, possibilita a construção de outros conhecimentos.

Aqui está um dos grandes desafios do educador lassalista: buscar conhecer a individualidade de cada aluno, estendendo a sua família quando sinais são apresentados mediante sintoma na aprendizagem. A dificuldade de aprendizagem pode configurarse quando a inteligência e o desejo passam a viver no sintoma, desarticulando o todo dinâmico do sujeito. Assim, quando um sintoma se instala, significa que uma mensagem surge com uma determinada função para aquele sistema. É nessas abordagens que parece perceptível a construção da modalidade de aprendizagem, a qual pode ser refletida tanto na maneira de se relacionar com os outros (comportamento) como na forma de se relacionar com a aprendizagem formal. Acontece que essas regras familiares que buscam isolar a dor e o desconforto familiar são ensinadas e

aprendidas de forma não-declarada com injunções implícitas acerca daquilo que pode, ou não, ver, ouvir, sentir e comentar. Logo, se a aprendizagem da sua vida lhe ensinou limitar as informações recebidas, a aprendizagem formal poderá estar comprometida por essa forma de agir diante do desconhecido que aprendeu ao longo de sua trajetória. Eleição feita de forma inconsciente pela criança para representar essa situação. Aqui está um dos grandes desafios do educador lassalista: buscar conhecer a individualidade de cada aluno, estendendo a sua família quando sinais são apresentados mediante sintoma na aprendizagem. A família corresponde a um tipo especial de sistema, com carga emocional, que se move através dos tempos. Quando falamos em família estamos considerando o relacionamento entre os membros do grupo. (Polity, 2001, p.39). Além disso, conforme a família reage aos eventos e mudanças que acontecem no ciclo de vida familiar, o reflexo se dará também no modo de ser e agir do aluno. Contudo, hoje, não há uma configuração familiar tida como modelo, ideal ou normativa. Sobre isso, Ceccarelli (2007, p.89) diz que a humanidade sempre precisou produzir novas organizações (ou reorganizações) simbólicas. Isso porque é necessário que nos adequemos a novas leituras de mundo. Contudo, “o novo é sentido como uma ameaça, pois nos obriga a reavaliar as representações que confortam nossas angústias” (p.90). Para tal é preciso que façamos o trabalho de luto em face das antigas organizações. Além disso, as verdades de que defendemos e, até certo ponto resistimos, não passam de construções históricas. A história corresponde a uma trajetória percorrida pela humanidade e revelam-se, neste caminho, crises e acontecimentos significativos, os quais promovem mudanças, transformações. As novas configurações familiares fazem parte, assim, das ameaças da atualidade. Isso porque as tendências desses novos arranjos afastamse dos padrões tradicionais, a saber: famílias monoparentais, homoparentais, adotivas, recompostas, concubinárias, temporárias, de


Artigos

produções independentes, ... É válido ressaltar que tais organizações não surgiram magicamente, isto é, sempre existiram, mas eram mascaradas, abafadas por um padrão tido como oficial e válido socialmente. Ocorre que muitos estudos começaram a confrontar os modelos tidos como aceitos socialmente com aqueles marginalizados, o que se verifica até hoje.

casa, promovendo uma redução nas funções reprodutivas culturais e sociais e a educação, por sua vez, cresceu num sentido mais sistemático e especializado em educação. Por isso, a escola tornou-se o contexto central do desenvolvimento individual, assumindo em suas atribuições também as funções sociais e emocionais que antes eram veementemente reproduzidas pelos pais.

O sentimento de pertença a uma família vai além de um filho ou filha ser proveniente de um pai e uma mãe biologicamente falando. Este é somente o fato físico. Além disso, há o fato social (reconhecimento de uma linguagem, de uma filiação) e político, e fato psíquico (organização simbólica) para que a criança se constitua enquanto sujeito. Logo, existem lugares simbólicos de pai e de mãe das mais variadas formas, sem ser, exclusivamente, por um pai e mãe genitores ou por irmãos consangüíneos. Com isso, chamamos a atenção para este simbólico.

Para exemplificar, citamos Osório e Valle (2002, p.76) que dizem que o divórcio se tem transformado numa transição familiar normativa, que se equipara a outras crises que ocorrem no ciclo de vida familiar. Para tais autores, o divórcio só é disfuncional quando há um sofrimento para os cônjuges e para aos filhos que impeça, ao longo do tempo, as suas demais tarefas desenvolvimentais. Assim, episódios de agressões verbais e emocionais têm efeitos tão negativos quanto as agressões físicas. No que tange a razão do conflito, esse pode ser outro fator estressante para a criança, haja vista que ela pode ser o motivo das discussões em virtude de opiniões opostas.

O que se reforça e sobre o que queremos chamar a atenção aqui é que o determinante não está nesses novos arranjos familiares e, sim, no lugar que o bebê ocupa no imaginário e no desejo de quem o acolhe no mundo. Ceccarelli (p.50) salienta que conforme as famílias se foram nuclearizando e se isolando. Tanto os pais quanto as mães passaram a trabalhar fora de

Com o que foi posto aqui, vemos que o espaço da escola e o educador lassalista tem sua importância ao ser desafiado a desconstruir conceitos tidos como ideais e normativos para si e passar a ter um olhar reflexivo às mais variadas configurações familiares, e, mais

importante ainda, ao lugar que ocupa esta criança na família e ao lugar que ela passará a ocupar na escola e na visão do educador em sua prática.

REFERÊNCIAS - CARTER,Betty; GOLDRICK, Mônica. As mudanças no ciclo de vida familiar: uma estrutura para a terapia familiar. Porto Alegre: Artmed, 1995. - CECCARELLI, Paulo Roberto. Novas Configurações Familiares: Mitos e Verdades. Jornal da Psicanálise, São Paulo: Jun.2007. - CORDIÉ, A. Os atrasados não existem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. - FERNÁNDEZ, Alicia. A inteligência aprisionada: abordagem clínica da criança e sua família. Porto Alegre: Artmed, 1990. - FREUD, Sigmund. Sobre uma introdução ao narcismo. Rio de janeiro: Imago, 1974 - ______________. O inconsciente. Rio de janeiro: Imago, 1974. - LACAN, J. Escritos. Rio de Janeiro: forense Universitária, 1975. - LA TAILLE, Yves de; OLIVEIRA, Marta Khol de; DANTAS, Heloisa. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992. - MALDONADO, Maria Teresa. Comunicação entre pais e filhos: a linguagem do sentir. 5ªed. Petrópolis: Vozes, 1984. - PAÍN, Sara. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto Alegre, 1985-87. - POLITY, Elisabeth. Dificuldades de aprendizagem e família: construindo novas narrativas. São Paulo: Vetor, 2001.

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Estudo e atualização constantes:

eis o desafio Por Roseli Simone Pinto Professora do Colégio La Salle Carmo, de Caxias do Sul/RS

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trabalho do professor de Língua Portuguesa e Literatura é transformar seu aluno num poliglota dentro de sua própria língua, ou seja, facultando-lhe escolher a língua funcional mais adequada a cada contexto. O professor de português tem de que ser um profissional competente, precisa conhecer profundamente a Língua Portuguesa e saber Linguística Textual. Do contrário, não poderá realizar sua tarefa com inteligência e exatidão. Assim, o professor precisa dos conhecimentos linguísticos – não para conceituar ou falar difícil – mas para saber fazer as escolhas certas, possibilitando que o aluno perceba o quão são ricas e variadas as possibilidades de comunicação oral e/ou escrita. Outra questão não menos importante é que o professor deve ser capaz de perceber que seu aluno sabe¹ sua língua, apenas precisa desenvolver, crescer, praticar em outros níveis e situações comunicativas. Para que isso possa ser alcançado é necessário que o professor se atualize e compreenda a importância da teoria linguística e literária. Se assim não o fizer fará com que seus alunos detestem sua língua – “cheia de regras e exceções” – “memorização de obras e autores” -confundida com aulas “chatas” de Português e Literatura. Por meio da leitura e da discussão de textos adequados, o professor poderá propiciar elementos para a prática do falar e do escrever. Sabe-se que ao trazer diferentes tipologias textuais (notícia; editorial; resenha; entrevista; charge, cartum, entre outros), bem como gravações de programas de rádio, vídeos, filmes sem esquecer as redes sociais pode-se alargar ao máximo as múltiplas competências, bem como aproximar os conteúdos da realidade, fazendo com que o aluno vislumbre o estudo da linguagem como um processo construtivo, interativo e, até certo grau, criativo. Em relação ao estudo da Literatura, acredita-se que a análise comparativa e relacional pode ser 1

uma boa estratégia, ou seja, relacionar a escola literária com a História e a cultura a fim de que o aluno possa situá-lo no interior do texto que o gerou, de modo que a linguagem literária seja percebida como uma linguagem ligada às outras manifestações artísticas do mesmo período, sendo todas elas, simultaneamente, tradução das condições econômicas, sociais e culturais². A literatura indubitavelmente ocupa um lugar de destaque na vida das nações, uma vez que ela instiga a busca por respostas, promove a discussão dialética e permite a profusão de vozes³. Por seu caráter provocador, ela pode ser uma fonte bastante rica para a discussão acerca da sociedade, da cultura e da identidade (regional/nacional) de um povo. Esses exemplos possibilitam perceber que a literatura é, além de um fenômeno estético, uma manifestação cultural, pois permite o registro do movimento que realiza o homem na sua historicidade, seus anseios e suas visões do mundo. Portanto, pela via do discurso, a literatura favorece o conhecimento da história do homem. Giselle Mantovani, por exemplo, a fim de destacar o entrelaçamento entre literatura, história e sociedade, observa: “Falar em literatura nesse raiar de um novo milênio e limitar-se à apreciação estética é, no mínimo, menosprezar todas as potencialidades dessa arte que acompanha a humanidade desde antes mesmo do desenvolvimento da escrita. Sem perder de vista a busca do belo, o extravasamento da alma, a expressão do eu, a literatura, especialmente no último século, tem acrescido a suas fontes de inspiração uma importante preocupação com a sociedade em que se insere e com a história que a permeia. Falamos, assim, do entrelaçamento da literatura, da história e da sociedade, que acontece de diferentes formas e com diferentes funções. (...) a literatura não raro tem servido de veículo de denúncia social, contando a história do ponto de vista do oprimido, do dominado, das minorias, e retratando, assim, de forma mais real e menos idealista, a evolução das 4 sociedades (MANTOVANI, Giselle) .”

Entende-se como uma gramática natural, ou seja, o conhecimento interiorizado pelo falante. (LUFT, 1985). CEREJA e MAGALHÃES (2000). BAKHTIN, Mikhail. (Voloshinov, V.N.) (1992). 4 MANTOVANI, Giselle. Apresentação. In Revista Chronos. Caxias do Sul: EDUCS, jul/dez.2000, p. 109. 2 3

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Importante destacar que antes de “ensinar” Língua Portuguesa e Literatura é imprescindível levar em conta as condições de produção e recepção, os mecanismos de coesão e coerência, a intertextualidade, a análise de discurso... Essa teorização pode ser dada de modo natural ao se trabalhar nas diversas situações de interação verbal, fazendo com que o aluno reflita sobre os recursos que a língua lhe oferece para as suas análises e produções. Nessa concepção, acredita-se ser urgentíssimo promover uma mudança em nossas aulas de língua e literatura, deixando de lado uma postura meramente normativa, purista e alienada. O ensino desses componentes curriculares deve privilegiar o estudo a partir do texto por meio do qual estruturamos o mundo em nosso interior e nos ligamos a ele. Assim, o espírito crítico, a reflexão, o trabalho com diferentes tipologias textuais, entre outros, poderão possibilitar atividades prazerosas e eficazes. Portanto, reafirma-se a necessidade de se apropriar dos conceitos e das estratégias da Linguística Textual e aplicá-las no ensino de nossos jovens.

REFERÊNCIAS - BAKHTIN, Mikhail. (Voloshinov, V.N.) Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1992. - BRAIT, Beth. (org.). Bakhtin, dialogismo e construção do sentido. São Paulo: Unicamp, 1997. - GURGEL, Thais. Textos de Qualidade. (novaescola@atleitor.com.br) Acesso em: 20 mar.2011. - LUFT, Celso Pedro. Língua & liberdade: por uma nova concepção da língua materna e seu ensino. Porto Alegre: L&PM, 1985. - MAGNANI, Maria do Rosário M. Leitura, Literatura e Escola: sobre a formação do gosto. São Paulo: Martins Fontes, 2001. - MANTOVANI, Giselle. In. Chronos. Revista da Universidade de Caxias do Sul, v.33, nº 2, jul./ dez. 2000.


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A EDUCAÇÃO VEM DE CASA,

já o ensino vem da escola Por Mariela Mazzoncini Martinez e Suzi Marne Fleischauer Figueiredo Professoras do Colégio La Salle Dores, de Porto Alegre/RS

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o vivenciar a realidade escolar de nossa região, percebeu-se que o aluno é um reflexo do contexto social no qual está enquadrado.

Percebe-se que ao olhar para o passado, assim como o faz Arroyo (1995, pg. 64) gera-se “[...] um saudosismo romântico misturado ao medo e à prevenção quanto ao futuro [...]” e ainda é predominante no meio educativo este pensamento, pois: [...] como educar para o futuro, para a realidade sociopolítica, com esse olhar constante voltado para o passado mitificado? Se dependesse da concepção pedagógica, se eternizaria o passado. Não o passado real, mas o passado idealizado: voltar à infância da história social e política como o ideal do convívio humano (Arroyo, 1995, p.64). Questionamo-nos sobre a real diferença entre educação e ensino, embora para a maioria das pessoas sejam sinônimos, pois pensam que quem educa ensina e quem ensina educa, encontramos muitas diferenças que, por serem desconhecidas ou desconsideradas, causam conflitos. Para Kant, a educação tem a função de transformar o ser humano em ser humano: "O homem não pode tornar-se um verdadeiro homem senão pela educação. Ele é aquilo que a educação dele faz" (Kant, 1996, p. 15). Boa educação é aquela que dá origem a tudo o que há de bom no mundo. Para tanto, basta desenvolver princípios e disposições para o bem que existem no interior do ser humano. Em contraposição ao bem, que é a ordem, o mal decorre da desregulamentação da natureza. Para Kant, o homem é um ser inacabado que tem em si uma disposição para o bem, que precisa ser desenvolvida. Entendendo Kant que cada um de nós decide quais são as leis que considera próprias das pessoas, Habermas e Apel afirmam que quem deve decidir isso são as pessoas afetadas por elas. Esta decisão deve ser tomada com base num entendimento alcançado mediante um diálogo entre os agentes em condições iguais

de racionalidade. A exemplo do que fazem ao nível da razão teorética, Habermas e Apel entendem que a razão moral não é uma razão monológica, mas uma razão dialógicocomunicativa. É pelo diálogo e não individualmente que devemos chegar à conclusão se uma norma moral é correta ou não. Trata-se de um diálogo entre todos aqueles que são afetados pelas normas e que os leva ao convencimento de que as normas em discussão são as melhores para todos. "As argumentações servem para tematizar e examinar as pretensões de validez que as pessoas erguem a princípio implicitamente e levam consigo ingenuamente no agir comunicativo" (Habermas, 1989, p. 193). É este consenso que confere autoridade à norma de modo que ela possa ser considerada obrigatória para todos. "O conceito da legitimidade das normas de ação", diz Habermas (op. cit., p. 196), "é decomposto nos componentes do reconhecimento factual e da qualidade de ser digno de reconhecimento". Trata-se, portanto, de uma nova forma de legitimação de normas e valores que passa não pela autoridade externa, nem simplesmente pela autoridade das práticas objetiva e positivamente existentes, mas pelo agir comunicativo das pessoas que, mediante o discurso, buscam consensos a respeito daquilo que, do ponto de vista do comportamento moral, é melhor para cada um e para todos. Dentro destas diferenças estão os bons hábitos de conduta que podemos perceber perfeitamente como vindos de uma boa educação e isso independe da instrução da pessoa. Por outro lado, maus hábitos de conduta, bem como uma falha na educação da pessoa, vindos de casa, podem também ser vistos em pessoas bem instruídas, com isso concorda Silva: “[...] a família, pode ser considerada a base de todas as experiências futuras da criança, uma vez que exerce uma forte influência sobre seus componentes, podendo facilitar ou entravar o seu desenvolvimento.” Com certeza professores também devem ter a preocupação em passar valores aos seus educandos, mas a real formação destes hábitos está nos seus lares, no convívio familiar, na base de cada ser. O

problema está em delegar esta obrigação de formação de caráter, bem como outras situações advindas destes hábitos à escola, colocando esta responsabilidade que, na verdade, cabe aos pais. Quando há uma falha no que tange ao cumprimento do seu papel, seja vindo do lar ou da escola, com certeza haverá uma resposta visível no aluno, sejam problemas de desempenho ou de comportamento na escola. As falhas mais comuns, diagnosticadas nos últimos tempos, é a de os pais ou responsáveis, delegarem os mais simples princípios de respeito, de comportamento para com o próximo, à escola como sendo esta responsável de incuti-los em seus filhos. Ao longo dos anos, a família tem sofrido modificações, segundo Nathan W. Ackerman (1980 p. 29), essa instituição “permanece como unidade básica de crescimento e experiência, desempenho ou falha”; sendo assim, é responsável tanto para um desenvolvimento saudável quanto patológico. O papel da escola de ensinar vai muito além dos conteúdos programáticos, é ensiná-los a reagir diante das situações, a conviver com tudo e todos, a compreender o outro, fazer-se compreender e respeitar, principalmente, tudo!

REFERÊNCIAS - ACKERMAN, N. Diagnóstico e Tratamento das Relações Familiares, Porto Alegre: Artes Médicas, 1986. - ARROYO, Miguel; BUFFA, Ester; NOSELLA, Paolo. Educação e Cidadania: Quem educa o cidadão? São Paulo: Cortez, 1995. - HABERMAS, J. Consciência moral e agir comunicativo. Trad. Guido A. de Almeida. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1989. - KANT, I. Sobre a pedagogia. Trad. Francisco Cock Fontanella. Piracicaba: UNIMEP, 1996.

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Afetividade na vida escolar Por Giseli Fernandes Professora do Colégio La Salle Canoas/RS

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ara abordar um tema como a importância da afetividade na arte de educar, temos que ter como eixo central a relação professor e aluno. Devendo haver um envolvimento positivo de ambas as partes para que se possa desenvolver a empatia. A afetividade é a dinâmica mais profunda e complexa de que o ser humano pode participar. Compartilhamos desse tipo de relação geralmente desde o nascimento. Dentro do cotidiano escolar não poderia ser diferente. Na teoria de Jean Piaget, o desenvolvimento intelectual é considerado como tendo dois componentes: o cognitivo e o afetivo. Paralelo ao desenvolvimento cognitivo está o desenvolvimento afetivo. Afeto inclui sentimentos, interesses, desejos, tendências, valores e emoções em geral. Nos primeiros anos de Escola a criança passa por um processo de pressões e mudanças. Saindo de um ambiente estritamente familiar, portanto, bastante pessoal, e passa a interagir com o mundo, sem a presença dos pais, integrando-se na sociedade, dividindo atenções e amores. Segundo Vygotsky, o ser humano constitui-se como tal na sua relação com o outro social. O professor por sua vez deve ter plena consciência da importância de seu papel, envolvendo-se com sua profissão. Participando de cada etapa destas novas vivências, ou seja, fazendo parte da vida de seu aluno legitimamente. Receber os alunos, em todas as fases de sua formação escolar carregando uma bagagem de conhecimentos prévios escolares, vivências pessoais e muitas expectativas é difícil e nunca igual. Cada criança tem suas próprias características. Aquelas mais tímidas, que demoram a interagir com o grupo, precisam de estímulos para garantir o entrosamento, neste caso, o papel do educador é fundamental. Outras mais extrovertidas interagem com maior facilidade, aproximandose rapidamente do grupo. O professor tem de conhecer a sua turma para saber lidar com todos os tipos de situação, porque o educando necessita na maioria das

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vezes de um mediador, para que ele se sinta seguro para relacionar-se com o grupo e assim garantir uma troca de saberes. Por sua vez, na psicogenética de Henry Wallon, a dimensão afetiva ocupa lugar central, tanto do ponto de vista da construção da pessoa quanto do conhecimento (LA TAILLE, 1992, p. 85). Para este pensador, a emoção ocupa o papel de mediadora. O processo de desenvolvimento infantil se realiza nas interações, que objetivam não só a satisfação das necessidades básicas, como também a construção de novas relações sociais, com o predomínio da emoção sobre as demais atividades. As interações emocionais se devem pautar pela qualidade, a fim de ampliar o horizonte da criança e levá-la a transcender sua subjetividade e inserir-se no social. Na concepção walloniana, tanto a emoção quanto a inteligência são importantes no processo de desenvolvimento da criança, de forma que o professor deve aprender a lidar com o estado emotivo da criança para melhor poder estimular seu crescimento individual. No âmbito da educação infantil, a inter-relação do professor com o grupo de alunos e com cada um em particular é constante, dá-se o tempo todo, na sala, no pátio ou nos passeios, e é em função dessa proximidade afetiva que se dá a interação com os objetos e a construção de um conhecimento altamente envolvente. Como afirma Saltini (1997, p. 89), “essa inter-relação é o fio condutor, o suporte afetivo do conhecimento”. Complementa o referido autor: “Neste caso, o educador serve de continente para a criança. Poderíamos dizer, portanto, que o continente é o espaço onde podemos depositar nossas pequenas construções e onde elas tomam um sentido, um peso e um respeito, enfim, onde elas são acolhidas e valorizadas, tal qual um útero acolhe um embrião (SALTINI, 1997, p. 89)”. Na Educação Infantil o sentimento de amor e gestos de afetividade devem estar sempre presente, pois é realmente o primeiro contato com a escolarização, onde deverá ser desenvolvida a motivação pelos estudos. Para Piaget, “o pleno desenvolvimento da personalidade, sob seus aspectos mais

intelectuais, é inseparável do conjunto dos relacionamentos afetivos, sociais e morais que constituem a vida da escola” (1994, p.61). A recepção ao aluno, deve ser um momento para proporcionar certa identificação, conversando, questionando suas vivências, tendo a sensibilidade de perceber se algo não está bem, enfim, dando o colo nos momentos de insegurança, passando assim a ideia de que está ali para dar a proteção de que o aluno necessita. Nunca se esquecendo de dar espaço para que ele fale como se sente, seus desejos e pensamentos. A criança deseja e necessita ser amada, aceita, amparada e ouvida para que possa despertar para a vida da curiosidade e do aprendizado. E o professor é quem prepara e organiza o microuniverso da busca e do interesse das crianças. A postura desse profissional se manifesta na percepção e na sensibilidade aos interesses das crianças que, em cada idade, diferem em seu pensamento e modo de sentir o mundo. Deverá sentir-se segura, acolhida e protegida por todos os envolvidos no seu processo de aprendizagem. Na realidade o professor, com sua compreensão e participação, passa a ser um sujeito que faz parte da história pessoal de cada aluno, e não apenas um mero transmissor de conhecimento. Nesse momento é fundamental que ele abra espaço para que o aluno possa expressar suas ideias, demonstrando compreensão para não retraí-lo na construção de suas hipóteses. É a partir da interação entre aluno e professor, que se estabelecem as afinidades e afetividade. Gardner, afirma que “Se decidimos abraçar os objetivos e os métodos da educação centrada no indivíduo, não tenho dúvida de que podemos fazer progressos significativos” (1995, p.71). É necessário que o professor compreenda o aluno enquanto sujeito do conhecimento em sua totalidade. Vygotsky (1994), ao destacar a importância das interações sociais, traz a ideia da mediação e da internalização como aspectos fundamentais para a aprendizagem, defendendo que a construção do conhecimento ocorre a partir de um intenso processo de interação entre as pessoas. Portanto, é a partir de sua inserção na cultura que a criança, através da interação social com as pessoas que a rodeiam, vai se desenvolvendo, ou seja


Artigos deve-se ser livre para expor o que desejar aos alunos e estes devem sentir-se da mesma maneira. Esse discurso não quer dizer que não possa haver limites. Quando os limites são colocados com conversa, explicações, abrindo a cena para discussões, as coisas fluem naturalmente. Assim a criança nunca se sentirá acuada ao expressar sua opinião, formando-se uma pessoa mais crítica. Saltini também se refere à questão da manutenção da serenidade por parte da professora e da criança. Como explica o autor: “A serenidade e a paciência do educador, mesmo em situações difíceis faz parte da paz que a criança necessita. Observar a ansiedade, a perda de controle e a instabilidade de humor, vai assegurar à criança ser o continente de seus próprios conflitos e raivas, sem explodir, elaborando-os sozinha ou em conjunto com o educador. A serenidade faz parte do conjunto de sensações e percepções que garantem a elaboração de nossas raivas e conflitos. Ela conduz ao conhecimento do si mesmo, tanto do educador quando da criança (SALTINI, 1997, p. 91) “ Assim, quando a criança nota que o professor gosta dela, e que apresenta certas qualidades como paciência, dedicação, vontade de ajudar e atitude democrática, a aprendizagem torna-se mais facilitada; ao perceber os gostos da criança, o professor deve aproveitar ao máximo suas aptidões e estimulá-la para o ensino. Ao

contrário, o autoritarismo, inimizade e desinteresse podem levar o aluno a perder a motivação e o interesse por aprender, já que estes sentimentos são consequentes da antipatia por parte dos alunos, que por fim associarão o professor à disciplina, e reagirão negativamente a ambos.Dentro deste contexto, jamais poderíamos deixar de mencionar João Batista de La Salle. Sua filosofia de educar com amor, frisando que os mestres deveriam agir com a firmeza de pai e a ternura de mãe, só nos traz a certeza de que este é o caminho correto a ser trilhado. “Se tendes para com os vossos alunos a firmeza de pai para tirá-los ou afastá-los do mal, deveis ter-lhes também a ternura de mãe para atraí-los e fazer-lhes todo o bem que depende de vós. Dentro desta perspectiva se confirma que o professor pode sim ser firme, para apontar o caminho certo, mas jamais esquecer que está frente a um ser humano dotado de enorme sensibilidade. Se este sujeito sentir-se em algum momento ferido ou perceber que não está sendo compreendido, nem mesmo recebendo amor, a possibilidade de quebra na relação é grande. A criança é terna por natureza, mas uma educação machista ou até mesmo experiências negativas, podem colocar em risco esta característica, fazendo-a fecharse egocentricamente em si mesma, o que não traria benefícios para seu desenvolvimento.

Desenvolver esta forma de educar, é a maior demonstração de respeito e carinho com a profissão e com as pessoas que fazem juntas a Escola. Finalizo trazendo um trecho em que Saltini expressa uma crítica em relação a algumas Escolas, “As escolas deveriam entender mais de seres humanos e de amor do que de conteúdo e técnicas educativas. Elas têm contribuído em demasia para a construção de neuróticos por não entenderem de amor, de sonhos, de fantasias, de símbolos e de dores (SALTINI, 2002, p.15)”. REFERÊNCIAS - V. & SASTRE, G. Cognición. Sentimientos y educación. Barcelona, Educar, v. 27, 2002. - SALTINI,Cláudio. A afetividade e inteligência. Rio de Janeiro,Editora: DPA, 2002. - COLL, César. Contribuições da Psicologia para a Educação: Teoria Genética e aprendizagem escolar. in LEITE, Luci Banks (org.). Piaget e a Escola de Genebra. São Paulo: Cortez, 1987. 205p. - DANTAS, Heloysa. A afetividade e a construção do sujeito na psicogenética de Wallon. In: - DE LA TAILLE, Piaget. Vygotsky e Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992. - OLIVEIRA. M. K. de. O Problema da afetividade em Vygotsky, In: La Taille, Y; Dantas, H; Oliveira, M, K. Piaget, Vygotsky e Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992. - PIAGET, Jean. Inteligencia y afectividad. Buenos Aires: Aique 2001. - CERVANTES, Hernandes José. Tocar os corações: Educar a partir do amor . POA: Rede La Salle 2010

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Profetas da Missão Educativa Por Irmão Arnaldo M. Hillebrand Província Lassalista de Porto Alegre/RS

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Província, como é tradição e norma do Instituto, proporcionou a todos os Irmãos a oportunidade de fazerem o Retiro Anual. A síntese dos temas de reflexão está impressa na capa do livro SEGUIR JESUS, editado pela CLAR: “ Uma Vida religiosa místico-profética a serviço da vida”. O que segue visa a recordar as referências, aliás muito poucas, e não diretas, ao carisma do “nosso” Instituto que pede que nós também ouçamos o clamor de hoje, e que atendamos ao brado por uma presença profética, de acordo com “nosso” carisma. Aliás, acredito que não foi simples acaso que nosso Superior Geral desse à sua Carta Pastoral de 2010, o título, tão próximo ao do tema do nosso Retiro: “Consagrados pelo Deus Trindade como Comunidade Profética de Irmãos apaixonados por Deus e pelos Pobres”. O nosso modo de atender ao clamor de hoje não é possível sem a partilha do nosso ministério com nossos colaboradores leigos. Por isso, todas as referências têm de ser entendidas como Missão Partilhada, que desempenhamos numa convivência lidimamente evangélica com os leigos que trabalham conosco, aliás, em grau majoritário. Nosso carisma específico é o da Educação. Nossos colaboradores fazem educação conosco. Dom Dadeus Grings, nosso arcebispo, em seu livro “Em Busca de Deus”, (Padre Reus,2010), no capítulo “A Revolução da Informática de Bill Gates”, diz: “Viver é necessariamente conviver. Hoje, a convivência se expressa pela comunicação, pela informática. Conviver é estar conectado. O quê, porém, não pode faltar é o amor, como condimento necessário para a convivência. E, onde existe amor verdadeiro ali está Deus. (...) Quem ama conhece Deus, porque Deus é Amor. O futuro está em Deus: é o céu, que juntos queremos e devemos construir aqui na terra, pelo amor com que atuarmos” ( pág. 148). Não é preciso que isto seja explicado. A Carta do Superior Geral, bem que poderia ser distribuída também aos nossos colaboradores, para que, mutatis mutandis a lessem para sua atividade conosco, os Irmãos, e fazer crescer sempre mais entre nós a mais familiar convivência. A seguir aparecem referências a nosso ministério, em uma leitura que, assim como no meu retiro, deve ter surgido à mente de outros Irmãos. Aparece uma primeira referência, aliás, restrita só às Comunidades religiosas, na qual em vez de lermos nossas comunidades, teríamos de ler com mais

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abrangência, nossas Escolas Lassalistas. Para nós, a pergunta mais atual só pode ser “como nós e nossos colaboradores leigos acolhemos e nos situamos em face do clamor de hoje”. “Na comunidade cristã, leiamos escolar, banhados pelo fogo do Espírito, todos, homens e mulheres são um em Cristo sem que ninguém tenha de negar sua condição”. - ”É o Espírito de Jesus que deve animar a vida e a história das comunidades educativas, e transformar em discípulos toda a comunidade escolar”. - “O Espírito orienta nos momentos em que uma mudança se faz necessária”. Esta mudança, entre nós, já aconteceu. - ” A presença do Espírito faz com que se ampliem as fronteiras da comunidade, incluindo aqueles e aquelas que antes eram vistos como exteriores à comunidade”. “O Espírito distribui os seus dons entre todos os membros da comunidade escolar. Cada um recebe um dom, não para si, mas para a edificação da comunidade. Vamos compreender que a Comunidade Escolar necessita de uma possivelmente inumerável quantidade de dons. Os poucos Irmãos em nossos Colégios, por vezes nenhum, não podem satisfazer a essa necessidade. Cabe a nossos colaboradores preencher essa lacuna, pela ação do Espírito Santo. “ A experiência no Espírito está encarnada em ações ordinárias e comuns da vida nas comunidades educativas, como falar, rezar, caminhar, viajar, orientar, cantar, criticar, decidir, crescer, anunciar, servir...- É isto que justifica o título destas linhas: É preciso que em vida místico-profética se vivencie uma verdadeira Convivência entre Irmãos e Colaboradores, isto é, viver em proximidade, ter relacionamentos cordiais, querer-se e dar-se bem, compartilhar... Caso contrário, nas nossas Escolas Lassalistas não haverá educação nem humana, nem cristã, nem social, nem cultural, nem... o quê? Aqui uma elipse literária, isto é, espaço para ser respondido pelos que lerem estas linhas. É possível discernirmos, malgrado a insistência de a Escola Lassalista dar precedência à educação dos pobres, como podemos atuar nas escolas onde as famílias pagam. La Salle, aceitando em sua escola os filhos dos nobres irlandeses nos ensina o quê fazer: Educar para a JUSTIÇA, a SOLIDARIEDADE, a ÉTICA e MORAL, e a CONVIVÊNCIA aqueles que possuem mais recursos e serão possíveis futuros patrões e administradores dos bens públicos. Com mais razão vale para nossas Escolas de Educação

Superior. Evangelizar os melhor providos de bens é também prestar serviço aos pobres. Ensinar-lhes a descobrir os pobres, ampará-los nas suas necessidades, respeitá-los como pessoas, honrar seus direitos humanos, filhos de Deus iguais a eles, quando tiverem em suas mãos dar emprego aos pobres, e tantas coisas mais, é educar humana e cristãmente. De alguém foi dito: “Foi uma pessoa muito pobre; só possuía muito dinheiro”. É necessário cristianizar os que possuem mais; é um dos jeitos de solucionar um grande problema social. Esta necessidade é um sinal dos tempos. – “Deus não é encontrado nas coisas prontas, mas nas carências a serem preenchidas”, nos diz D. Dadeus, em “Em Busca de Deus”, acima citado, 180. E mais adiante assevera: “Viver humanamente é conviver. Portanto, a pergunta fundamental a ser respondida pela vida não é: por quê? Nem para quê? Mas, para quem. Em outras palavras, devemos questionar nossa convivência: para quem vivemos: com quem vivemos? Como convivemos. (...) Conviver é viver bem” (pág. 190, 191). Uma observação bem válida aparece neste teor no comentário referente ao fortalecimento do testemunho pelo cultivo da memória: ”Abandonar o primeiro amor é o mesmo que abandonar o impulso que, na origem, fez nascer a vocação, a comunidade, a Igreja, a congregação. Cultivar o primeiro amor é voltar às origens. (...) Voltar às origens é perguntar: o que faria Jesus se ele vivesse hoje e estivesse aqui no meu lugar, no nosso lugar? O que o fundador faria se ele vivesse hoje nas condições em que nós hoje somos obrigados a viver o nosso carisma? Como ser fiel ao espírito originário que nos fez nascer e existir até hoje?” O parágrafo que segue dá a resposta: Fortalecer o testemunho pela oração e a partilha. E o capítulo seguinte fala em manter o ânimo, não se deixar levar pelo cansaço, a falta de vitalidade, de criatividade, da alegria e da festa, da esperança transformadora. A vida em Cristo inclui a alegria de comer juntos, o entusiasmo para progredir, a paixão por trabalhar e por aprender, a alegria de servir a quem necessite de nós, o contato com a natureza... todas as coisas que o Pai nos presenteia como sinais do seu amor sincero”. (cf. Doc. de Aparecida, 356). Orar com nossos colaboradores e trabalhar com eles, em espírito de oração. Uma asserção de valor em “Seguir a Jesus: Deus não quer muitas orações; Ele quer uma vida orante”. O quê é “vida orante”? (Esta é uma elipse literária...cabe ao leitor definir).


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Educar no Amor Por Aurea Maria de Abreu Machado Coordenadora Pedagógica do Colégio La Salle Carmo, de Caxias do Sul/RS

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ducar com afeto é um aprender que tem como princípio a importância da qualidade nas relações estabelecidas entre professores e alunos e comunidade escolar. La Salle viveu há trezentos anos, porém ainda hoje há elementos perenes de valores: - A importância do professor e de seu preparo e vivência. O magistério como profissão, mas também como paixão. - Equilíbrio nas relações do professor com o aluno: “Firmeza de pai e ternura de mãe”. Educar é uma obra de amor, o educador ama os seus alunos, não só por motivos naturais como também por motivos sobrenaturais. E, o amor do mestre manifesta-se, de um lado, no votarse sem medida, à sua missão de educar, e de, outro, na profunda relação criada com os educandos. Entre professor/aluno é preciso levar em consideração a relação com a escola e a sua proposta. La Salle tinha dentre as suas preocupações, que em suas escolas a proposta não ficasse presa somente ao repasse de conteúdo, mas que houvesse uma inteiração entre professor e aluno, é necessário que o professor conheça o seu aluno. Percebe-se que tanto na visão original quanto na atualidade, não se pode esquecer, de forma alguma, que a relação educativa professor/aluno é necessariamente uma relação de amor. Se a relação afetiva com os alunos não se estabelecer, é complicado querer acreditar que o sucesso de educar será completo. O crescimento do aluno não se encontra somente na sua habilidade para fazer ou armazenar conhecimentos, mas na qualidade ou intensidade de seus ideais em relação. E este aprendizado não surge espontaneamente, precisa ser ensinado e cultivado pela escola. Seguindo a mesma linha de pensamento, Chalita, cuja obra “A solução está no afeto” (2001), comenta sobre a importância da

afetividade na relação professor/aluno, propondo uma mudança neste sentido, já que a escola, muitas vezes, se encontra perdida em meio a tantos acontecimentos desenfreados e tecnológicos. Para Chalita a tarefa de todo o educador, não apenas do professor, é a de formar seres humanos felizes e equilibrados, para isso, um bom relacionamento é essencial, já que possibilita a construção da autonomia do ser humano. Mauco (1986) comenta que a educação afetiva deveria ser a primeira preocupação dos educadores, porque é ela que condiciona o comportamento, o caráter e a atividade cognitiva da criança. A afetividade sempre pareceu ligada à educação. Hoje já no século XXI,a ciência tem mostrado através de pesquisas, que não podemos mais compreender o ser humano de uma forma fragmentada e dividir os dois componentes básicos do comportamento humano: a razão e a emoção, o que, de acordo com La Salle, são fundamentais para a formação integral do educando. Sabemos que o afeto desempenha um papel essencial no funcionamento da inteligência. Sem o afeto não haveria interesse, nem necessidade, nem motivação, e consequentemente, perguntas ou problemas seriam colocados e, portanto, não haveria inteligência. A afetividade é uma condição necessária na constituição da inteligência. É a afetividade que determina a atitude das pessoas diante de qualquer experiência, promovendo, muitas vezes, os impulsos motivadores e inibidores. A educação pode ser uma tarefa de amor, a qual fornece aos seres humanos a real possibilidade de inventar, fazer coisas novas, aprender a descobrir por isso novos caminhos, desenvolver a autonomia intelectual e emocional, dar suporte para que o aluno tenha meios para ser um sujeito de ação e não objeto de outros sujeitos ou, por que não, do próprio objeto.

Para o irmão José Cervantes Hernández em seu livro “Tocar os corações – Educar a partir do amor”, mover ou tocar os corações é uma pedagogia de ternura baseada em atitudes de empatia e de carinho por parte do educador, e que se expressa numa linguagem afetiva, amorosa, entusiasta, que ampara, acolhe, rompe as barreiras da desconfiança, do desamor. A pedagogia da ternura, afeto, amor é construída no cotidiano, não necessita de capacitação especializada, trata-se apenas de sintonizar em empatia com o outro, basta ter como base os ensinamentos de La Salle, ver o aluno como um todo sabendo enaltecer as suas qualidades e transformar os seus possíveis defeitos em aprendizados positivos. Educar através do amor é um ato de doação.

REFERÊNCIAS - CERVANTES HERNÁNDEZ, José. Tocar os corações: educar a partir do amor. Porto Alegre: Rede La Salle, 2010. - CLEMES, Harris; BEAN,Reynold. Castigo e Afeto. São Paulo: Editora Gente,1995 - HENGEMÜLE, Edgard. Educação lassaliana: que educação?. Canoas, RS: Salles, 2007. 336 p. ISBN JUSTO, Henrique, FSC. A Pedagogia da bondade. - KRONBAUER, Luiz Gilberto. Autoridade e educação: atualidade da pedagogia kantiana. La Salle : Revista de Educação, Ciência e Cultura, Canoas, RS , v. 14, n. 2, p. 11-28, jul. 2009. - SILVA, Ana Paula Oliveira da; KAMIANECKY, Mychele. Um olhar entre o saber e o sentir: trabalhando com a afetividade e a inteligência na escola. Porto Alegre: Colégio La Salle São João, 2005. 165 p. - TIBA, Içami. Disciplina: limite na medida certa. 36ª edição -São Paulo: Editora Gente,1996. - TIBA, Içami. Quem ama educa. 39ª edição - São Paulo: Editora Gente,2001. - ZAGURY, Tania. Educar sem culpa: a gênese da ética. 18. ed. Rio de Janeiro: Record, 2002.

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Artigos

A FORMAÇÃO DO EDUCADOR NO BRASIL Qualificar a educação é fazê-la capaz de dar ao homem cultura Por Nelson Lage da Costa Professor Universitário

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interesse pelo assunto que originou este estudo deve-se ao fato de que, como profissional da educação, algumas questões formaram-se com a observação e a experiência da prática diária. Na definição do problema, aqui estudado, foram desenvolvidos os seguintes temas: Entendendo a educação - Porque dar ao homem cultura? Dilemas da educação - A qualidade da educação. Temas que estão diretamente envolvidos com a formação do educador no Brasil. Para chegar ao entendimento do tema apresentado, o título escolhido refere-se à “qualidade da educação”. E qualificar a educação, é fazer com que ela seja capaz de dar ao homem cultura. Mas que cultura? Nos dias atuais, a palavra cultura é uma palavra um tanto quanto “poluída”. E tem sido usada com múltiplas significações. Hoje, para tudo, o que se nota é a total falta de cultura. E não se deve confundir cultura com talento ou dotes naturais. Mesmo porque esses dotes naturais, quando existem, precisam de cultura para que possam ser plenamente desenvolvidos. A educação, cujo entendimento é abordado logo na primeira parte da pesquisa, é, antes de qualquer coisa, a conquista da liberdade e da plenitude, mas está sempre cheia de entraves, está sempre sendo suprimida. É aprendendo que se faz cultura, é aprendendo que as pessoas ganham cultura. Mas como transferir esta cultura através da educação se há educadores, em sua maioria, totalmente despreparados para esta prática? Na abordagem apresentada na segunda parte da pesquisa, intitulada "Por que dar ao homem cultura?", foram apresentados os motivos julgados importantes para a busca da resposta aos dilemas educacionais. Na linha dessa confusão de linguagem, até a qualificação de "intelectual" assume feições equívocas. Intelectuais, não raro, se intitulam como artistas primitivos que, em sua grande maioria, nunca fizeram funcionar a inteligência. Outro equívoco que obscurece a noção da cultura é o "saber especializado", que cada vez mais é o proporcionado pelas universidades. Essa tendência do ensino superior é irreversível. Cabe às universidades formar profissionais; e profissionais cada vez mais especializados. Na

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verdade, muito de muito pouco. Isto é, de incultos. Devemos estar atentos para o risco da "deformação especialista". É pela educação e aprendizado que o homem adquire cultura. Cultura é então, o objetivo maior e o fruto da educação e do ensino. É a cultura que descortina o horizonte e apura a capacidade de avaliar, para poder escolher. É a cultura, portanto, que faz do homem uma pessoa livre. É a cultura semeada na educação e no aprendizado do ensino fundamental e médio que germinará e com certeza, formará os nossos mais excelentes professores e educadores. E afirma-se, desta forma, que “qualificar a educação é fazê-la capaz de dar ao homem cultura”, que é plenitude humana, tornando-o pessoa livre. Para isso, já que a universidade é um conjunto de escolas profissionais, tende cada vez mais à especialização e, por outro lado, o homem, para ser homem, precisa de cultura, a tarefa de oferecê-la, que o ensino fundamental e médio sempre exerceu, passa a ser mais decisiva e indispensável nesses níveis de ensino. Se estes níveis não o fizerem, ninguém mais o fará.

Com a implantação do ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio em 1998 e com a sua constante aplicação, alguma coisa realmente mudou, afinal de contas, o ENEM é uma avaliação diferente das avaliações já propostas pelo Ministério da Educação. Isto porque se dirige a quem deseja conhecer suas possibilidades de enfrentar problemas do dia a dia, sejam eles de natureza pessoal, relacionada ao trabalho, envolvendo tarefas previstas para a universidade e, até mesmo, de relacionamento social. Na quarta e última parte da pesquisa, abordou-se a qualidade da educação, cujo desenvolvimento é descortinado diante de pontos que visam à excelência da educação e que orientam, de certa forma, a linha do pensamento atual para que se possam encontrar os métodos ideais de transmissão do ensino. Os métodos de ensino são o resultado da prática e devem ser continuamente ajustados, pois existem muitos talentos desperdiçados em virtude apenas da falta de estímulo e da maneira incorreta de lhes serem apresentados os assuntos.

Não restam dúvidas que entre os fatores que contribuem para o sucesso da educação, dois fatores que são indiscutivelmente fundamentais são: bons alunos e um quadro de professores qualificados e competentes. Ninguém mais no país duvida da necessidade de mais e melhor educação. Mas, no sentido não apenas de que todos tenham oportunidades e condições de estudar, mas também no de que existam mais formas de oferecer e adquirir educação, inclusive em novos campos do conhecimento e em novas áreas e atividades profissionais.

Somente o ensino cuidadoso, planejado, variado e estimulado, preparará o futuro profissional e o encorajará ao desenvolvimento de suas próprias aptidões. Uma orientação adequada tem importância maior, pois, facilitará a formação profissional em menor espaço de tempo. Com a “nova” LDB, (não tão nova assim, pois é datada de 1994) é possível afastar os que não caminham o bom caminho, separar o joio do trigo e realizar avanços inadiáveis. Mas, são necessárias ainda, novas medidas, mesmo após 17 anos de vigência. Medidas firmes e criteriosas, porém urgentes e substantivamente inovadoras.

O fato, entretanto, é que o estado brasileiro, ao contrário do que muitos supõem, não gasta pouco com educação. O que acontece na prática são basicamente três coisas. Primeira: boa parte dos gastos públicos no setor termina subsidiando a educação superior de quem menos precisaria de ajuda do estado para financiá-la. Segunda: há uma voragem predatória e criminosa no recolhimento e dispêndio de verbas públicas em educação. Terceira: existe uma grande fragilidade no tipo de aferição sistemática da qualidade do ensino fundamental e médio em nível nacional.

CONCLUSÃO Nesta conclusão, afirmar que, na atualidade, observa-se uma necessidade imperiosa de um número maior de pensadores sistêmicos e de professores interdisciplinares. As complexidades resultantes de informações produzidas em abundância e de sua circulação com maior rapidez (vide avanços da INTERNET) exigem muita versatilidade, interesse e entusiasmo de todos os profissionais


Artigos envolvidos com a educação. É urgente que se estimule o interesse para uma nova forma de busca de soluções para os problemas nacionais, imaginando maneiras diferentes de debates, reformulando questões, dando, em suma, caráter amplamente interdisciplinar às atividades extracurriculares. A escola que permanece em constante construção e reconstrução acha-se completamente distanciada ou em permanente conflito com as expectativas atuais. As inovações da reforma do ensino estão se confundindo e se desgastando sem trazer propostas para a adequação do encontro de duas verdades que se arrastam para fugir às mentiras: a escola e o aluno. Mais do que nunca há que se propiciar ambiente e clima favorável para o desenvolvimento da imaginação criadora, para continuar a desenvolver o raciocínio, a cultivar a conceituação, a capacidade de desenvolver ideias abstratas, de ordenar experiências, a partir do sentimento e da intuição. É de fundamental importância acreditar nos ideais do educador. O verdadeiro educador vem reagindo e submergindo em todas as dificuldades, sacudindo as poeiras de ideias impostas que nada têm a ver com a nossa cultura e prometendo um verdadeiro milagre pedagógico. Não se pode esquecer que foi pela intuição, uma das qualidades mais valiosas da inteligência humana, que, desde a mais remota antiguidade, o homem conseguiu fazer suas construções estáveis, naturalmente tomando como modelo as admiráveis soluções observadas na natureza. O grande profissional do ensino, o verdadeiro professor, se forja somente com o desenvolvimento em alto grau de sua intuição inata, embora não possa prescindir do instrumental necessário à formação fundamental. Não se conseguem criar novas concepções para os professores que estão habituados a colher nos livros soluções particulares de problemas já resolvidos por outros, evitando ou contornando “pseudo dificuldades” que podem ser resolvidas simplesmente pela conceituação básica. Sabe-se que, no processo de formação do educador, poucos são aqueles que continuam a estudar com a intensidade desejável depois de graduados; essa continuidade do estudo, tão necessário, só poderá ser estimulada dando ao futuro diplomado a infraestrutura necessária para implantar a futura cognoscência, alargando-lhe os horizontes e dando-lhe uma visão mais ampla dos problemas. Para atenuar o conflito de

gerações, ou de temperamentos é necessário que o bom professor conheça profundamente a sensibilidade dos seus alunos, admire-lhes as virtudes, toque-lhes a alma, e estimule-os ao máximo, com a comunicação de seu próprio entusiasmo. Há, pois a necessidade permanente de preparar profissionais e professores em pouco tempo, em grande quantidade e de alto nível. Não se pode esperar pela revelação de vocações naturais. Para isto, é forçoso melhorar a qualidade do ensino tanto no nível fundamental, no médio e no universitário. Uma orientação adequada tem importância maior, pois facilita a formação profissional em menor espaço de tempo. Hoje se fala muito em interdisciplinaridade na construção do conhecimento, em diretrizes curriculares nacionais, mas, de uma maneira geral, os professores ainda ficam perplexos diante de todas essas novidades. E essa perplexidade traduzida basicamente em dois sentimentos. O primeiro diz respeito à necessidade da incorporação das novidades tecnológicas e educacionais. O outro é o sentimento de insegurança, gerado pela falta de base para mexer com todas essas novidades. No geral, os professores sabem que precisam mudar, mas não sabem como. Isso gera angústia, também causada pela percepção de que o mundo muda tão rapidamente que a escola não consegue acompanhar. Os professores, em sua maioria, não conseguem acompanhar as mudanças pelas quais os alunos passam. Há a necessidade urgente de um movimento sincronizado para que se possa mudar as instituições de formação, e trabalhar forte e progressivamente na educação continuada dos professores que atuam hoje no ensino fundamental e no ensino médio, incentivando as atualizações e especializações, seja pelo ensino presencial ou pelo ensino à distância. Precisase, basicamente, de formação permanente do educador em serviço e uma ação institucional das unidades formadoras, que estão um tanto quanto obsoletas. Há que se habituar os acadêmicos a determinar as relações entre causa e efeito utilizando meios descritivos e especulativos para análise dos fenômenos investigados. Justifica-se, pois, o estudo histórico, um dos sustentáculos da percepção humanística, como também o estudo comparativo. Hoje, até mesmo os processos de livre avaliação começam a ser reconhecidos como de feição científica. São também aceitos os processos por ensaio e erro. Devem ser cultivadas também, a verdadeira pesquisa e a

verdadeira investigação readaptando-se continuamente a universidade à época em que vivemos. A luta pela qualidade na educação é um processo que expressa a necessidade da Nação. Somente com a consciência clara de suas responsabilidades sociais, a escola poderá superar as dificuldades e inaugurar novos caminhos. Caminhos que deverão ser abertos por educadores bem formados, bem orientados e decididos a fazer o melhor pela educação, pela cultura, pelo povo, pelo país.

REFERÊNCIAS - ALMANAQUE ABRIL. São Paulo, Editora Abril, 1999. - BOECHAT, Ivone. Escola, Doce Escola. Rio de Janeiro, AFE, 1993. - BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Brasília. DF: INEP, 1999. - _______, Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais – terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental. Secretaria de Ação Fundamental. Brasília. DF: SEF, 1998. _______, Ministério da Educação e do Desporto. Referenciais para a Formação de Professores. Brasília. DF: SEF, 1999. - CERVO, Amado Luiz. Metodologia Científica. 3. ed. São Paulo, McGraw-Hill do Brasil, 1983. - DEMO, Pedro. Princípio Científico e Educativo. 5. ed. São Paulo, Cortez, 1997. - KLUCKHOHN, Clyde. Antropologia - Um Espelho para o Homem. Belo Horizonte, Itatiaia, 1963. - LÜDKE, Menga. Avaliação Institucional: Formação de Docentes para o Ensino Fundamental e Médio (as licenciaturas). In: Série: Cadernos CRUB, V. 1, n. 4, Brasília: 1994. - MARTINS, Pura Lúcia Oliver. Didática Teórica / Didática Prática. São Paulo: Loyola, 1989. - NAGLE, Jorge. As unidades universitárias e suas licenciaturas: educadores x pesquisadores. In: CATANI, D. B. et al. (Orgs). Universidade, escola e formação de professores. São Paulo: Brasiliense, 1986. - OLIVEIRA, Pérsio Santos. Introdução à Sociologia. 20. ed. São Paulo, Ática, 2000. - PATTO, Maria Helena Souza. A Produção do Fracasso Escolar: histórias de submissão e rebeldia. 1. ed.. São Paulo, Casa do Psicólogo, 1999. - REVISTA EXAME, São Paulo, Editora Abril, 1997. - SALOMON, Délcio Vieira. Como Fazer Uma Monografia. 9. ed. São Paulo, Martins Fontes, 1999. - SILVA, Ezequiel Theodoro. Magistério e Mediocridade. 4. ed. São Paulo, Cortes, 1999.

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Artigos

Educação com arte Por Angelina Acceta Rojas e Mary Rangel Faculdade La Salle Niterói/RJ

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s princípios da Pedagogia de La Salle incorporam e realçam a formação humana, com a sensibilidade necessária à prática de valores cristãos que orientam a vida, a convivência e a preservação do meio ambiente natural e social. A educação com princípios estéticos e artísticos, que incorporam o olhar sensível, voltado ao contexto real, pode formar a consciência crítica, auxiliando, desse modo, o aluno a tornar-se um ator social, que expressa e constroi valores de promoção humana. Ver é projetar a realidade exterior no interior do espírito, como um reflexo que amplia alternativas de compreender este mundo de contradições no qual o eu, ao mesmo tempo em que se distingue, deve aproximar-se progressivamente do outro. Compreende-se, portanto, a arte como meio de desenvolvimento do processo pessoal e social de observar e sentir. Observar é uma habilidade que depende do olhar com interesse, dirigido, determinado. Desse modo, examinar minuciosamente, focalizar a atenção, concentrar o pensamento e os sentidos com a vontade de ver, de apreender, de perceber o mundo, e nele, o outro, para além de si próprio, são percepções sensíveis do ser humano. O olhar sensível educa a atenção e a observação, acrescentando perspectivas de entendimento do contexto social com mais critério e profundidade. Tratase, portanto, de um estímulo permanente a que se acredite que é viável construir um mundo possível, melhor, com novas oportunidades humanas e transcendentes de vida e convivência. Por isso, é possível e preciso acreditar num projeto educacionalartístico, no qual a arte desempenhe um papel prioritário, e não apenas participe como coadjuvante. O desafio de buscar valores significativos à compreensão do real requer dos educadores uma percepção sensível que tem efeitos importantes na produção do conhecimento comprometido com a necessidade imperiosa

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de preservação da Terra. É necessário utilizar uma base mais ampla que estude como o ser humano se apropria do mundo por meio do sensível em toda sua atividade e, especialmente, na arte. A arte nos obriga a repensar o que temos por realidade, fazendo-nos perceber a possibilidade concreta da inauguração de outras realidades, nas quais os valores humanos sejam priorizados. É a arte que nos convence de que o mundo em que vivemos não é único mundo possível.

A arte nos obriga a repensar o que temos por realidade, fazendo-nos perceber a possibilidade concreta da inauguração de outras realidades, nas quais os valores humanos sejam priorizados. Se arte é produção sensível, se é relação de sensibilidade com a existência e com experiências humanas capazes de gerar um conhecimento de natureza diverso daquele que a ciência propõe, é na valorização dessa sensibilidade, na tentativa de desenvolvê-la que poderemos contribuir de forma inegável com um projeto educacional-artístico, no qual a arte desempenhe um papel preponderante e não apenas participe como coadjuvante. Arte e cultura estão intrinsecamente relacionadas. A todo momento o ser humano se relaciona com a arte produzindo, criando, apreciando ou interpretando, e isso porque a arte faz parte da subjetividade humana. A arte é possuidora de uma codificação específica, pois é construção não-verbal e inter-relação entre sujeito e objeto, entre conhecimento e sensações, entre pensar, sentir, fazer e refletir.

A educação alarga horizontes com os parâmetros da arte, na medida em que é próprio da arte estimular a sensibilidade humana. O ato de criação artística passa necessariamente pelo interrogar e pelo fazer, por invenções, criação, descobertas. O pensamento bachelardiano auxilia a compreender que não se apreende senão aquilo que se constroi, ou seja, o que se faz. Para o filósofo, a inteligência “constroi sua própria surpresa” e se apaixona por suas próprias perguntas, o que representa o enfrentamento da complexidade dos fenômenos e das suas formas de manifestação através da atividade artística, laboriosa e compartilhada (BACHELARD, 1988, p. 17) Para que a educação seja realmente transformadora, é preciso ampliar o grau de consciência dos educadores em todos os níveis. Apropriamo-nos da palavra consciência como a possibilidade de tematização e reflexão da própria prática de trabalho. Como nos diz Freire: Transformar o mundo através de seu trabalho, dizer o mundo, expressá-lo e expressar-se é próprio dos seres humanos. A educação qualquer que seja o nível em que se vê se fará tão mais verdadeira quanto mais estimule o desenvolvimento desta necessidade radical dos seres humanos, a sua expressividade (1982, p.24). Os tempos contemporâneos e a sociedade atual requerem a presença lassalista: uma presença expressiva que se inspira na sensibilidade humana cristã, que amplia a visão da realidade e seus apelos à educação e aos educadores inspirados em La Salle e, portanto, envolvidos com a arte e a beleza do ambiente, dos valores, dos princípios e práticas da escola lassaliana. REFERÊNCIAS - BACHELARD, Gastón. A poética do devaneio. São Paulo: Martins Fontes, 1988. - FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade. Rio de janeiro: Paz e Terra, 1982.


Artigos

A Formação Continuada e a valorização do profissional da educação Por Francine Bohne Ritta Pedagoga do Colégio La Salle Carazinho/RS

Diariamente estamos formando nossos alunos, ajudando-os a construir o conhecimento e aprendendo com suas conquistas e dificuldades. É como professores que necessitamos manter-nos atualizados, buscando na pesquisa e na formação continuada os alicerces para a oferta de aulas significativas e nosso aprimoramento. Antunes (2008, p.52) afirma que aprender significa ser protagonista de sua própria aprendizagem... Toda pessoa é livre para agir, o único limite é a liberdade do outro. Por isso que a formação continuada deve partir de um desejo individual, é uma busca por novos conhecimentos ou para reafirmar práticas sabidas e vividas, e essa busca deve sempre estar relacionada com as teorias. Por mais bem preparado que seja o professor, é impossível ignorar que se vive em um mundo de aceleradas mudanças e que a globalização dos conhecimentos impõe uma consciência de atualização e estudos permanentes, além de uma busca de conhecimentos sobre sistemas educacionais e suas práticas no Brasil e exterior.

(Antunes, 2008, p. 57) Infelizmente, assim como alguns alunos se negam aprender e realizar atividades, professores também o fazem, evitando ou boicotando cursos de formação continuada. Mas se desejarmos continuar na profissão, ou melhor, na tarefa de educar devemos procurar aprimoramento acadêmico para exercermos a cada dia melhor nosso trabalho. Lemosse (1989) in Perrenoud (2001, p.86) afirma que o ensino é uma atividade intelectual que envolve a responsabilidade

daquele que a exerce. Por isso, a importância de nos reconhecermos responsáveis pelos nossos alunos, por estimular e desenvolver o conhecimento. Não podemos ignorar as dificuldades de nossos alunos nem ficar buscando sempre culpados pelos fracassos, mas devemos agir e refletir sobre nossa prática. Ensinar é um trabalho criativo que implica também o domínio de um bom número de técnicas. E onde encontramos técnicas variadas? Além dos livros, as metodologias, técnicas, encontramos nos cursos de formação, os quais são de responsabilidade do professor buscar e das instituições ofertar.

O professor precisa ativar em si mesmo uma constante busca do conhecimento como alimento para seu crescimento profissional e pessoal. Segundo Perrenoud (2001, p.94) a prática não é espontaneamente didática. Para ser formadora ela deve ser teorizada. A formação é concebida de forma a ajudar o professor a realizar esse distanciamento necessário à construção de novos saberes e suas utilizações na classe. O professor deve ser um profissional capaz de dialogar, trocar experiências, aberto às mudanças. Sendo assim reconhecerá seu valor, estendendo sua importância à sociedade.

Nossas escolas precisam de crescimento e da aprendizagem que tem origem na diversidade individual e na criatividade que brota nos limites de nossa escola e fora dela. Precisamos vivenciar e descobrir maneiras melhores de trabalho cooperativo que mobilizem o poder do grupo, ao mesmo tempo em que fortaleçam o desenvolvimento individual (Fullan & Hargreaves, 2000). E unidos seremos capazes de demonstrar e comprovar nossa importância. A docência numa escola é uma ação que sempre é exercida entre pessoas e com pessoas e, por isso, guarda em si mesma uma relação dialética entre o agir individual e o trabalho coletivo. A formação continuada deve ser uma busca individual. Acredito que deve partir do educador, mas ela nos faz pensar no coletivo, refletir sobre o que não está dando certo e as boas práticas, fazendo-nos agir diferente, refazendo nossa prática. Ao buscarmos qualificação profissional nos estamos reciclando e dando voz a nossa classe: somos educadores e clamamos por respeito e reconhecimento.

REFERÊNCIAS - ANTUNES, Celso. Uma escola de excelente qualidade. São Paulo : Ciranda Cultural, 2008. - PERRENOUD, Philippe. Marguerite Altet, Évelyne Charlier; trad. Fátima Murad e Eunice Gruman. Formando professores profissionais. Quais estratégias? Quais competências? 2ª ed.

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Canal Aberto

Da janela para o mundo Adriano Cicolella Núcleo de Comunicação Digital do Setor de Marketing Rede La Salle

A partir da participação do Setor de Marketing da Rede La Salle na palestra "A importância do Google como ferramenta de trabalho", com o Diretor de Comunicação do Google Brasil, Félix Ximenes, surgiram algumas reflexões sobre o atual momento da internet como ferramenta de comunicação e marketing. Nada mais fácil que abrir a janela e ter o mundo inteiro à disposição do outro lado. Notícias em tempo real, conteúdos diversos, documentos online, e-mails, pessoas e muita informação. Nessa perspectiva, podemos compreender que partimos de uma Janela através do programa Windows, para a grande janela que nos conecta com o mundo em apenas um click, a internet. Sabemos que hoje, a internet, além de facilitar o acesso a conteúdos, informação, produtos e serviços, ela encurta distâncias e aproxima pessoas, possibilitando que elas interajam entre si. Para entendermos melhor essas mudanças, basta analisarmos o comportamento dos usuários, seus hábitos de navegação, formas de expressão e o tamanho do mercado digital nos últimos dois anos. Refletir um pouco sobre alguns conceitos de WEB, e também retroceder no tempo é fundamental olharmos para a denominada "Nova geração de Internautas". Partimos então da WEB 1.0, a chamada era dos "Grandes Portais" como UOL, IG, Terra, entre outros. Nessa fase, o conceito principal partia da publicação de alguns para muitos. Com a WEB 2.0, a internet de hoje, o mundo passou por uma revolta radical em meados de 2007. Uma nova arquitetura de desenvolvimento online expandiu a rede ao alcance da interatividade. Alguns exemplos são os sites de pesquisa como Google, de conteúdo como Wikipedia e as Redes Sociais como Facebook, Orkut e Twitter. Com isso, o internauta também passou a atuar de forma participativa, gerando conteúdo e informação a partir da sua própria mídia pessoal. Ou seja, uma comunicação de muitos para muitos, aumentando de forma exponencial a geração de conteúdo. O próximo desafio é a WEB 3.0, uma internet que permita interpretar, conectar e disponibilizar os dados sob medida para cada necessidade e interesse do usuário. A chamada era da segmentação e personalização dos ambientes, conforme dizem alguns especialistas. Contudo, para onde iremos com as estratégias mercadológicas a fim de englobar essa nova geração? Em uma recente pesquisa realizada pela comScore, Inc (NASDAQ:SCOR), um líder em estatísticas do mundo digital, revelou o perfil do internauta brasileiro. Os usuários entre 6 e 14 anos passam cerca de 60% do seu tempo online em sites de comunicação e entretenimento como Youtube, Orkut, Facebook, Twitter. Esses somam 12% do total da população online no Brasil que hoje chega a 73 milhões. Pessoas com idade entre 15 e 34 anos representam 56% do total de internautas enquanto usuários com idade de 35 anos ou mais somam os restantes 32%. Outro dado revela o crescimento da região sul, que hoje soma 15% dos acessos a páginas, ficando atrás somente da região sudeste que consome cerca de 67%. O Brasil é o 5º país que mais acessa redes sociais no mundo. De oito a cada dez pessoas conectadas, possuem perfil em sites de relacionamento e entretenimento. Quando bem planejadas, essas

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Integrantes do Setor de Marketing participaram de palestra, em São Paulo, com o diretor de Comunicação do Google no Brasil.

plataformas se tornam uma importante ferramenta de marketing, pois através delas, é possível entrar em contato diretamente com público-alvo, monitorando o que estão falando sobre seu produto ou serviço, bem como identificando as ações e informações sobre a concorrência. Para potencializar ao máximo o alcance dessa mídia, em primeiro lugar, é preciso definir as estratégias de onde se quer chegar, e a quem se quer atingir identificando onde seu público realmente está inserido. Pesquisar sobre os hábitos de navegação, o tipo de informação e conteúdo desejado, bem como a linguagem utilizada na comunicação. Partindo desses princípios, já é possível ganhar mais visibilidade, interação e relevância nas ações e nos processos de comunicação nas redes sociais. A interação pode ser considerada o objeto fundamental nesse meio, portanto, planeje para que as ações não sejam feitas de mão única, onde só os outros interagem e você fica parado. Crie uma comunicação direta com as pessoas em uma via de mão dupla, informando, conversando e resolvendo problemas se necessário, de forma a surpreender sempre. Outra dica importante é definir as pessoas que serão responsáveis pelas ações nas mídias sociais dentro da empresa. Como elas deverão se portar nesse ambiente? Qual a forma de comunicação, padrão e formal ou informal? Além disso, as ferramentas de monitoramento web auxiliam diretamente para melhor potencializar seu desempenho. O Google Analytics é uma delas. Através dele é possível conhecer o total de acessos ao site, bem como o perfil detalhado dos visitantes. Outras ferramentas como o Google Alertas também tem um papel importante de monitoramento das discussões, assim como o TweetAuditor que ajuda a monitorar a sua conta no Twitter através de estatísticas de seguidores, retweets recebidos, citações feitas da sua marca. A partir destas reflexões, é fundamental reconhecermos verdadeiramente a potencialidade das mídias sociais como uma importante ferramenta de marketing. Também vale lembrar que antes de qualquer ingresso ou ação, um bom planejamento é fundamental para o sucesso. Para este ano, a Rede La Salle está planejando sua entrada em diferentes redes sociais, além do já consolidado trabalho no Twitter (@RedeLaSalle). Estamos cientes do crescimento dessa nova geração de internautas, cada vez mais exigentes e sedentos por conteúdos, novidades e interatividade.


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