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2.5 – RESERVAS EXTRATIVISTAS – RESEX

2.3.5) Te apruma aí!

Apesar de toda sua força e proteção, é importante mencionar que o manguezal também é um ambiente muito sensível a alterações humanas. A ocupação urbana desordenada, a pesca predatória, a carcinicultura, a exploração de petróleo, o turismo predatório, por exemplo, são atividades humanas que podem prejudicar esse ambiente. Por isso, conhecer e defender os manguezais é defender as raízes sociais, culturais e econômicas das comunidades. Atualmente os manguezais são considerados APP (Áreas de Proteção Permanente), sendo proibidas alterações com retirada de árvores e demais impactos. Além disso, as Reservas Extrativistas contribuem para a conservação do mangal. Além de dar valor aos fazeres extrativistas, como a pesca, a tiração de caranguejo, extração de óleos, coleta de semente, tecer paneiros, participar e se envolver nas atividades da Resex é uma das formas da juventude atuar diretamente e ativamente como guardiões desses territórios. Outra maneira é tu, como guardião ou guardiã desses lugares, organizar eventos, ações e campanhas locais que falem da importância dos manguezais para as populações locais, além de realizar ações que valorizem o modo de vida da sua comunidade e a vida dos bichos e árvores que fazem parte do mangal. Te apruma nisso! Te organizas em grupos, procure órgãos governamentais, movimentos sociais e ONGs para o apoio das tuas ações. Somos filhos e filhas dos mangais e agora ele precisa de nós.

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2.4 – RESERVAS EXTRATIVISTAS – RESEX

Autoras: Angélica Mendes (Comitê Chico Mendes), Bruna Martins.

2.4.1) Dando o papo

Uma jovem liderança deve aprender com a História. A ditadura militar e a campanha de ocupação da Amazônia desconsideraram as populações tradicionais que viviam na floresta em nome do ideal de progresso baseado na destruição ambiental. A organização dos seringueiros, nesse período, foi de extrema importância para a resistência dessas comunidades e da Amazônia. Lá pelos anos 70 e 80, no Acre, Wilson Pinheiro, Chico Mendes e Raimundão Barros organizaram os primeiros sindicatos dos extrativistas, iniciando uma jornada de protagonismo em defesa dos povos e das florestas. Foi nesse momento histórico, com envolvimento de muitas outras pessoas e grupos, incluindo os povos indígenas, que foi formada a Aliança dos Povos da Floresta. Essa aliança gerou muitas conquistas, dentre elas a criação das Reservas Extrativistas. A Reserva Extrativista, está no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Ela é um modelo que lida com a conservação da natureza junto com a manutenção dos modos de vida das comunidades tradicionais. Esse modelo que inspirou o mundo inteiro a incluir as populações tradicionais como aliados na defesa da vida foi alcançado com muita luta e infelizmente derramamento de sangue. Chico Mendes, meu avô, sonhou com um modelo de defesa da vida, baseado no cuidado coletivo e na garantia do território para aqueles que vivem em harmonia com a natureza. Chico foi assassinado em 22 de dezembro de 1988 na cidade de Xapuri, no Acre. A luta de Chico deu vida a esse sonho que hoje é um dos seus legados e é graças a esse esforço que comunidades em todo Brasil vêm lutando pela garantia de seus territórios. Atualmente, ano de 2021, o litoral do estado do Pará tem 12 Reservas Extrativistas Marinhas que protegem os manguezais e as comunidades extrativistas que dele dependem.

• O QUÊ É A RESEX? As Resex é a nossa casa! Garantida por lei com objetivo de proteger os meios de vida e a cultura de populações tradicionais, e assegurar o uso sustentável dos bens naturais comuns. • QUEM CUIDA DA RESEX? A Resex somos nós! E quem organiza a casa é o Conselho Deliberativo! • COMO SÃO TOMADAS AS DECISÕES? Por meio do conselho deliberativo, os representantes das comunidades, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e as Associações de Usuários das Reservas Extrativistas

Marinhas (AUREMs) tomam decisões e estabelecem acordos de cuidado com os bens comuns. 2.4.2) Te ligas nas referências! 1) Para informações sobre as Resex, acesse:

• https://bit.ly/2YpeDot

2.4.3) Te conectas com... • Comitê Chico Mendes: @chicomendescomite • E tem essa live pai-d′égua sobre as reservas ex-

trativistas: https://youtu.be/2IkIDMX99Es

2.4.4) Te apruma aí!

É importante que tu tenhas orgulho da tua história, da tua comunidade, orgulho de quem és e tome atitudes para participares ativamente desse modelo, como por exemplo:

• Continuar, valorizar e manter o fazer ancestral, a pesca, a coleta, a extração. Nunca esqueça de valorizar as suas raízes e manter vivos os saberes tradicionais; • Participar do conselho deliberativo da Resex, é possível articular uma representação da juventude no conselho; • Mesmo sem cadeira própria o jovem pode participar de reuniões como ouvinte; • Atuar como voluntário em Associações representativas dos extrativistas; • Se organizar em grupos!

Chico Mendes deixou uma carta aos jovens do futuro, comemorando a revolução feita por estes, por um mundo mais justo, sem dor, sofrimento e morte. Um testamento por um mundo com justiça socioambiental. Sejamos a revolução que Chico sonhou. Bora!

“No começo pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras, depois pensei que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica. Agora, percebo que estou lutando pela humanidade.” (Chico Mendes)

2.5 – PESCA ARTESANAL E OS BENS NATURAIS COMUNS

Autores: Mayra Nascimento e Bruna Martins – Rare Brasil

2.5.1) Dando o papo

Ei, maninho, ei, maninha, tu sabias que a pesca é uma atividade ancestral ? Uma das primeiras atividades realizadas na costa brasileira? Até hoje a pesca é um dos fazeres mais importantes na Amazônia e, é nesse costeiro, que os parentes tiram seu sustento e ainda contribuem com a alimentação de diversas pessoas no mundo inteiro. Só para ti ficares por dentro dos números, cerca de 200 milhões de pessoas dependem da pesca artesanal no mundo para sobreviver. Segundo informações do Registro Geral da Pesca (RGP) de 2012, em todo Brasil, há cerca de 1,2 milhões de pescadores, isso quer dizer que a cada 200 brasileiros, 1 é pescador ou pescadora! É muita gente que depende do mar, né?! Dizem alguns pesquisadores que as populações de peixes têm capacidade limitada de repor aquilo que retiramos dos mares e rios todos os dias (capacidade de suporte). Ou seja, o mar não é mina! Temos que estar atentas e atentos de que algo está errado em nossas águas, alguns sinais podem ser:

• O pescado em falta; • Encontrar cada vez mais peixes miúdos ovados; • E encontrar cada vez menos aqueles peixes porrudos;

Sabemos que tem vários tipos de pescaria, e que a pesca obedece o relógio da maré, o ritmo das chuvas. Tem muitos tipos de redes e jeitos de pescar, tem gente que joga a tarrafa, outras pessoas usam arrastos, tem gente que usa matapi e por aí vaí. São muitos conhecimentos que só quem sabe mesmo são os pescadores e pescadoras que dedicaram sua vida a esse fazer. É por isso que a participação de pescadores, pescadoras e de toda comunidade é muito importante para que possamos cuidar dos nossos peixes, camarões, ostras, caranguejos e de tantos outros seres vivos que sustentam as famílias. Di rocha mano(a)!

2.5.2) Te ligas nas referências!

• Gestão participativa e pesca artesanal (Youtube): https://youtu.be/3VIeM7CXd4k • Pesca sustentável e reserva extrativista (Youtube): https://youtu.be/rEQJt4Lvfv0 • Pesca para Sempre (Youtube): https://youtu.be/QZEiKzjFx0I

2.5.3) Te conectas com...

• Conselho Pastoral dos Pescadores (Site/Instagram): http://www.cppnacional.org.br/ | @cpp • Rare Brasil (Instagram): @rare_brasil • Food and Agriculture Organization - FAO (Instagram): @fao

2.5.4) Te apruma aí!

Juventude protagonista tem que saber que segundo o último Registro Geral da Pesca (RGP) o estado do Pará concentra 224 mil pescadores e possui a maior frota artesanal do Brasil. Também é o estado que tem o maior número de mulheres envolvidas na atividade pesqueira, são 95 mil mulheres pescadoras. Todos os pescadores e pescadoras artesanais contribuem com o sustento de famílias em suas comunidades e fora delas. Nossos pais, mães, avôs e avós, aprenderam a tecer suas redes, levantar seus currais, capturar e preparar o pescado, e esse conhecimento foi passado por gerações. Esse saber faz parte da cultura e identidade das comunidades. Hoje, sabemos que muitos pais nem querem que seus filhos se envolvam na pescaria, e tem jovem que nem se interessa na pesca. Mas, sabemos que a Juventude dos Manguezais Amazônicos é cuíra por um assado, por isso vamos te dar uns caminhos de como tu podes te envolver e contribuir com o fortalecimento dessa atividade:

• Continue a pescaria! É um orgulho trazer alimento para a mesa da sua família e de outras também; • Mesmo sem pescar você pode dar valor a pesca. Faça registros, como fotos, vídeos, desenhos e aprenda também sobre as práticas ancestrais, tecer redes, paneiros, receitas e preparo de pescados e mariscos. Tudo isso ajuda a manter a cultura pesqueira viva! • Participe das discussões das suas comunidades!

Seja os ouvidos e a voz de quem está no mar defendendo o nosso sustento. Então fique por dentro do que é falado sobre a pesca no seu setor! • Se liga nas atividades que acontecem nas Associações de Usuários das Resex. Existe uma Coordenação de Juventude em cada AUREM, faça parte! • Dê uma força no monitoramento da produção!

A gente protege o quê a gente conhece. Então saber o quanto se pesca é essencial para cuidar da vida marinha. Procure órgãos gestores, universidades e ongs e veja como pode contribuir e desenvolver um monitoramento na sua comunidade.

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