Religião

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Edison Veiga

“Ao contrário de muitos padres católicos que, ainda hoje, acabam indo para os seminários extremamente jovens, a vocação do mais famoso padre brasileiro brotou só na idade adulta. Antes, pensou em ser bombeiro. Ou – corintiano como o pai, Antonio – jogador de futebol. Ou, ainda, piloto de Fórmula 1, fã

Desde 1997, Edison Veiga nunca deixou de prestar

que era do depois tricampeão mun-

atenção nos passos de padre Marcelo Rossi. Primeiro, dade. Em seguida, mais maduro e com certo distanciamento crítico, com um profundo interesse jornalístico. Neste livro, o autor apresenta um perfil daquele que se tornou o padre mais famoso do Brasil – desde a sua juventude e a escolha tardia pelo sacerdócio, até o reconhecimento nacional e a superação dos problemas e das adversidades que a vida lhe apresentou. “Padre Marcelo não é um personagem, obviamente; Jornalista e escritor, Edison Veiga é repórter do jornal O Estado de S. Paulo. Na mesma publicação, assi-

ele é um religioso e transmite, em cada gesto, em cada olhar e com cada resposta, a crença convicta e constante na fé que professa.”

na a coluna semanal “Paulistices” e mantém um blog (blogs.estadao. com.br/edison-veiga). É autor de outros seis livros, entre eles O Theatro Municipal de São Paulo: Histórias surpreendentes e casos insólitos (Se-

dial Ayrton Senna, conterrâneo do

PADRE MARCELO ROSSI

© Mariana Veiga

pela novidade que ele representava. Depois, por curiosi-

bairro de Santana. Questões filosóficas, como a existência de Deus, passavam longe da cabeça do adolescente cuja maior

X

preocupação era mesmo se livrar do bullying de que se tornara alvo. O maiorzão da turma – sua altura até

Padre

ele recebeu o apelido de Garibaldo,

MARCELO ROSSI

em referência àquela ave alta, desen-

a superação pela fé

ele, rindo, em uma conversa que ti-

gonçada e cabeçuda que protagonizava o seriado Vila Sésamo, sucesso da televisão na década de 1970. – Assim me chamavam, da quinta até a oitava série – recordou-se vemos sobre sua vida antes da batina. – Meus colegas do Salesiano

ISBN 978-85-7888-529-8

nac), Mingutas (Patuá) e O menino

tiravam muito sarro de mim. Essa

que sabia colecionar (Panda Books).

foi a época em que mais sofri.” 9 788578 885298

capa padre.indd Todas as páginas

hoje chama a atenção: 1,94 metro –,

Edison Veiga

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Padre

MARCELO ROSSI a superação pela fé

Edison Veiga

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© Edison Veiga Diretor editorial Marcelo Duarte

Projeto gráfico Carolina Ferreira

Diretora comercial Patty Pachas

Diagramação Victor Malta

Diretora de projetos especiais Tatiana Fulas

Foto de capa Letícia Moreira/Folhapress

Coordenadora editorial Vanessa Sayuri Sawada

Preparação Beatriz de Freitas Moreira

Assistentes editoriais Juliana Silva Mayara dos Santos Freitas

Revisão Carmen T. S. Costa

Assistente de arte Carolina Ferreira

Colaboração Rodrigo Burgarelli Mariana Sanches Impressão Loyola

CIP – BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ Veiga, Edison Padre Marcelo Rossi: A superação pela fé / Edison Veiga. – 1. ed. – São Paulo: Panda Books, 2015. 152 pp. ISBN 978-85-7888-529-8 1. Rossi, Marcelo Mendonça, 1967-. 2. Padres da Igreja – Biografia. 3. Vida espiritual – Igreja Católica. I. Título. 11-26618

CDD: 200.92 CDU: 27.726.3

2015 Todos os direitos reservados à Panda Books. Um selo da Editora Original Ltda. Rua Henrique Schaumann, 286, cj. 41 05413-010 – São Paulo – SP Tel./Fax: (11) 3088-8444 edoriginal@pandabooks.com.br www.pandabooks.com.br twitter.com/pandabooks Visite nosso Facebook, Instagram e Twitter. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização da Editora Original Ltda. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei n 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.

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AGRADECIMENTOS Gratidão imensa a alguns amigos que me ajudaram em diversos momentos da produção deste livro: Filipe Vilicic, com parte da pesquisa; Fabiana Cambricoli, com uma animadora leitura crítica; Rodrigo Burgarelli e Mariana Sanches, na reorganização das ideias que pareciam ainda muito desordenadas; Vitor Hugo Brandalise, com os conselhos e pitacos da reta final. Também cito aqui, com carinho, minha tia Adriana Cristina Castellucci – que prontamente me emprestou os livros escritos pelo padre Marcelo. E o sempre obrigado a Mariana e Francisco, por serem minha família.

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SUMÁRIO Introdução............................................................... 7 Capítulo 1. Noites traiçoeiras.................................. 11 Capítulo 2. A alegria............................................... 15 Capítulo 3. Quem me segurou foi Deus................... 21 Capítulo 4. Eu navegarei......................................... 27 Capítulo 5. O Senhor tem muitos filhos.................. 33 Capítulo 6. O meu lugar é o céu.............................. 37 Capítulo 7. Força e vitória . .................................... 51 Capítulo 8. Deus do impossível............................... 55 Capítulo 9. Deus, quero louvar-Te........................... 61 Capítulo 10. O vira de Jesus................................... 71 Capítulo 11. Maria, mãe de todos nós..................... 81 Capítulo 12. Misericórdia........................................ 87 Capítulo 13. Quem é esse povo............................... 97 Capítulo 14. O povo de Deus................................. 107 Capítulo 15. Não desista....................................... 111 Capítulo 16. Segura na mão de Deus.................... 125 Capítulo 17. Cura-me, Senhor.............................. 133 Capítulo 18. Reunidos aqui................................... 137 Capítulo 19. Sonda-me......................................... 143 Capítulo 20. Já deu tudo certo.............................. 147

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INTRODUÇÃO

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erminada a entrevista, quando já estávamos em pé nos despedindo, ele me perguntou se havia alguém de minha família que costumava ouvir seu programa de rádio. – Minha tia – respondi. – Desde o começo, desde os anos 1990, desde a época da Rádio América.... Então ele tirou um terço do bolso, entregou-me e pediu uma página de meu bloquinho. – Escreva o nome dela que eu vou falar no programa de amanhã – disse. – E o terço é para ela. Edite Costa de Oliveira. Letra de forma. Tentei caprichar na caligrafia para que o padre não desistisse de entender meus costumeiros garranchos. Foi inevitável pensar em minha tia durante toda a conversa com padre Marcelo Rossi, naquela tarde de outubro de 2012, em uma ampla sala da Cúria Diocesana de Santo Amaro. Eu estava diante do sacerdote que havia conhecido 15 anos antes, por meio do radinho dela. E que, com suas animadas coreografias e seu apelo pop, transmitia uma imagem jovem e carismática ao adolescente católico que eu era. Fato é que desde 1997 nunca deixei de prestar atenção nos passos daquele que se tornaria o religioso mais famoso do Brasil. Primeiro, pela novidade que ele representava. Depois, por curiosidade. Em seguida, mais maduro e com certo distanciamento crítico, com um profundo interesse jornalístico. A partir de 2010, quando o projeto deste livro nasceu, passei a ler e reler tudo o que já fora publicado

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· Padre Marcelo Rossi

sobre o padre Marcelo. Dos grandes jornais, não deixei de conferir uma notinha sequer – e, aqui vale destacar, entre 1998 e 2001 eram raros os dias em que o religioso não rendesse pauta em publicações como O Estado de S. Paulo e Folha de S.Paulo, apenas para citar os dois mais importantes periódicos da capital paulista. Assisti a dezenas de entrevistas dadas por ele a emissoras de televisão. Vi e revi momentos importantes de sua trajetória na mídia. Consultei seus livros. Mergulhei no universo de padre Marcelo Rossi. Agendada por meio de sua assessora de imprensa, a jornalista Ana Paula Aschenbach, a entrevista serviu, portanto, para dirimir algumas dúvidas e tentar conhecer um pouco do padre que ainda não havia aparecido ao público pela imprensa. A maior parte dessas questões, confesso, dizia respeito à sua vida pré-batina: colégios onde estudou, descoberta vocacional, relação com o pai. Mas também – faltava menos de um mês para a inauguração de seu definitivo templo – conversamos sobre os problemas enfrentados na construção da igreja e como o best-seller Ágape salvou financeiramente o empreendimento. Padre Marcelo estava mais gordo do que o seu normal e, quando questionei sobre sua saúde, atribuiu o aspecto aos efeitos colaterais de medicamentos que havia tomado após a fratura sofrida no pé dois anos atrás. Cerca de uma hora antes do horário combinado, sua assessora me ligou perguntando se era somente entrevista, sem nenhuma fotografia. Diante de minha confirmação, portanto, ele me recebeu sem batina nem clesma. Usava camisa, calça e sapatos pretos.

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A superação pela fé ·

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Sentamo-nos em uma das pontas da enorme mesa da sala de reuniões. Eu em um canto, ele à minha esquerda. Ao lado, apenas sua assessora de imprensa, que nos apresentou e ficou o tempo todo usando seu laptop, não fazendo nenhuma intervenção ao longo da hora seguinte, a não ser justamente para avisar que o tempo estava se esgotando e que o padre teria de interromper a conversa no horário combinado porque a agenda do dia estava cheia. Ao longo da entrevista, olhos nos olhos e timbre de voz mais do que reconhecido, padre Marcelo era o retrato da empatia: cativava com seu jeito aconchegante de se comunicar. Entretanto, calejado por anos e anos de exposição midiática, dificilmente demonstrava oscilações emocionais, mesmo com a diversidade de temas abordados. Por vezes, dava a impressão de que já tinha um roteiro pronto para as perguntas que viriam. O que posso dizer, de qualquer forma, é que ele me pareceu um homem honesto e autêntico em seus propósitos. Em outras palavras: padre Marcelo não é um personagem, obviamente; ele é um religioso e transmite, em cada gesto, em cada olhar e com cada resposta, a crença convicta e constante na fé que professa. De 1997 até hoje, foram muitas as pedras em seu sapato (número 46). Mas ele também colecionou alegrias, amigos e sucessos. E conseguiu superar, um a um, os problemas – com uma destreza que nos faz supor que também vai tirar de letra os que se apresentarem a ele no futuro. Do radinho da casa da minha tia, padre Marcelo peregrinou por programas televisivos, celebrou megamissas para multidões e acabou con-

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decorado pelo Vaticano. Mas, garante: ĂŠ o mesmo ser humano, o mesmo sacerdote. Minha tia segue sendo sua ouvinte. Este livro ĂŠ dedicado a ela, Edite Costa de Oliveira. Minha tia Di.

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A superação pela fé · 11

Capítulo 1

NOITES traiçoeiras E ainda se vier noites traiçoeiras Se a cruz pesada for, Cristo estará contigo O mundo pode até fazer você chorar Mas Deus te quer sorrindo

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e terno preto e óculos, um agente da Polícia Federal barrou o padre Marcelo Rossi. – Com essa credencial – disse ele, apontando para o documento que o sacerdote portava –, o senhor não pode entrar aqui. Sua credencial não vale nada neste setor. – Deve estar havendo algum engano. Eu vou cantar. – Desculpe-me, mas nada posso fazer. O senhor precisa procurar pela assessoria da organização do evento. Caso contrário, não vai entrar. Durante mais de dez minutos, o padre mais famoso do Brasil teve à sua frente o policial, barrando-o. Tempo suficiente para que ele remoesse um sonho cristão, um sonho católico, um sonho pessoal que cultivava havia bastante tempo: cantar para o papa, o supremo sacerdote da Igreja, em sua terra, o Brasil. Madrugada de 11 de maio de 2007. Àquela hora, por volta das cinco, fazia um frio de dez graus no Campo de Marte, aeroporto localizado na zona Norte de São Paulo. Padre Marcelo chegava para comandar a abertura do evento que culminaria na canonização de frei Antônio de Sant’Ana Galvão, o primeiro santo nascido no Brasil, em missa celebrada pelo papa Bento XVI. Com a intervenção de uma autoridade católica e de um delegado da Polícia Federal, que o acompanharam até o palco, o padre acabou liberado para fazer seu show, previsto para iniciar às seis horas. – Ainda bem que você não criou um problema entre a Polícia Federal e a Igreja – disse ao agente que tentou impedi-lo de entrar. – Seria desagradável. Naquela manhã fria de outono, sua apresentação foi acompanhada por cerca de 60 mil pessoas – estima-se

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que 1,2 milhão de fiéis tenham participado da missa de canonização, celebrada um pouco mais tarde. Os desencontros entre o padre Marcelo e o papa Bento XVI começaram duas semanas antes do evento. Inicialmente, foi aventado que o sacerdote carismático faria um show após a canonização de frei Galvão, o que ajudaria, no entender dos organizadores da celebração, a tornar mais lenta e ritmada a dispersão dos fiéis. No dia 23 de abril, um comunicado do administrador apostólico da Arquidiocese de São Paulo, dom Manuel Parrado Carral, feito no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, causou polêmica: dizia que, por decisão do núncio apostólico, dom Lorenzo Baldisseri, e do arcebispo de São Paulo, dom Odilo Pedro Scherer, o padre Marcelo não cantaria. Padre Michelino Roberto, assessor de imprensa da Comissão da Visita do Papa, apressou-se em tentar conter a polêmica: – Não houve veto, mas apenas razões técnicas. Constatamos uma dificuldade na montagem do palco necessário para tal apresentação. Dois dias depois, em meio a uma repercussão negativa de tal “mudança de planos”, a mesma Comissão reviu a situação. Ficou decidido que o padre Marcelo participaria, mas não mais no fim do evento, como anteriormente previsto, e sim durante a vigília da madrugada, anterior à chegada do papa ao Campo de Marte. – Sou um soldado da Igreja – limitou-se a dizer o padre, ao comentar a alteração. Fato é que em nenhum momento padre Marcelo conseguiu ficar a menos de cinquenta metros de dis-

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tância do papa durante os cinco dias em que ele esteve no Brasil, apesar de ter se programado, meses antes, para visitar o sumo sacerdote; apesar de ter tentado, ao menos duas vezes, encontrá-lo no Mosteiro de São Bento, no centro de São Paulo, onde o papa ficou hospedado e recebeu, em audiências particulares, diversas autoridades religiosas e políticas; apesar de ser ele o padre Marcelo, o mais famoso sacerdote católico brasileiro – um pop star da fé.

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Marilu Torres se instaurou no Brasil desde a chegada dos portugueses. A autora apresenta a biografia dos santos católicos, revela a origem da umbanda e do candomblé, mostra a crença dos povos indígenas e conta a história das festividades religiosas e os rituais que as antecedem. Tudo isso acompanhado das rotas de peregrinações, dos locais das comemorações e dicas do turismo religioso. O livro traz ainda um DVD com documentário sobre todas as festas e procissões do país e depoimentos emocionantes de devotos. É a história do Brasil revelada pela fé de seu povo. Esta é a terra de todos os santos.

ISBN 978-85-7888-374-4

9 788578 883744

BRASIL – Terra de todos os santos

Neste livro, a jornalista Marilu Torres conta como a fé

Marilu Torres

BRASIL Terra de todos

os santos

DVD com documentário

Roteiros dos principais destinos para romeiros, peregrinos e festeiros


Brasil Terra de todos

os santos


Marilu Torres

Brasil Terra de todos

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ACORDO ORTOGRテ:ICO

o novo

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ACORDO ORTOGRテ:ICO

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os santos

Roteiros dos principais destinos para romeiros, peregrinos e festeiros


© Marilu Torres Diretor editorial Marcelo Duarte Diretora comercial Patty Pachas Diretora de projetos especiais Tatiana Fulas Coordenadora editorial Vanessa Sayuri Sawada Assistentes editoriais Juliana Silva Mayara dos Santos Freitas Assistentes de arte Carolina Ferreira Mario Kanegae Projeto gráfico, capa e diagramação Carolina Ferreira

Fotos Getty Images Marilu Torres Thiago Travesso Produção e edição do DVD Alexandre Moreira Guilherme Lefèvre Nilton Travesso Sérgio Kuwahara Zhé Ricardo Souza Mapas Daniel Almeida Preparação Beatriz de Freitas Moreira Revisão Fernanda A.Umile Andréa Vidal Impressão RR Donnelley

CIP – Brasil. Catalogação na fonte Sindicato nacional dos editores de livros, RJ Torres, Marilu Brasil – Terra de todos os santos / Marilu Torres – 1. ed. – São Paulo: Panda Books, 2014. 248 pp. ISBN 978-85-7888-374-4 1. Peregrinos e peregrinações – Brasil. 2. Religiosidade. 3. Fé. 4. Esperança. 5. Religião. I. Título. 14-13702

CDD: 248 CDU: 2-584

2014 Todos os direitos reservados à Panda Books. Um selo da Editora Original Ltda. Rua Henrique Schaumann, 286, cj. 41 05413-010 – São Paulo – SP Tel./Fax: (11) 3088-8444 edoriginal@pandabooks.com.br www.pandabooks.com.br twitter.com/pandabooks Visite também nossa página no Facebook. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização da Editora Original Ltda. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei n 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.


Certa vez perguntaram ao escritor francês Maurício Barrès: – Para que servem os santos? Respondeu: – Eles deleitam a alma. Com suas lutas e conquistas, os santos demonstraram que o ser humano, pode sim, se transformar na criatura concebida por Deus, mensageira do amor, da consolação, da esperança. A eles, minha eterna admiração


Sumário APRESENTAÇÃO................................................................................................. 8 O PARAÍSO É AQUI!...........................................................................................15

José de Anchieta: O apóstolo do Brasil.........................................................18

Os Sete Povos das Missões............................................................................ 28

O martírio dos santos mártires......................................................................37

HERANÇAS DE PORTUGAL...............................................................................41

Minas Gerais: Semana Santa como manda a tradição.................................43

Paraty: História preservada........................................................................... 59

Aparições de Nossa Senhora..........................................................................72

Devoção à Nossa Senhora em Portugal e no Brasil.....................................79

Nossa Senhora de Nazaré.............................................................................. 82

BRASIL NEGRO..................................................................................................91

Roma Negra: São Salvador da Bahia de Todos os Santos................................. 93

Irmandades ou confrarias.............................................................................111

Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte...............................................117

Umbanda: A busca do sagrado.................................................................... 127

OS SANTOS NEGROS......................................................................................141

São Benedito: O nosso “santinho preto”.................................................... 143

O mistério das virgens negras......................................................................150

Nossa Senhora da Conceição Aparecida ....................................................155

OS SANTOS MAIS POPULARES NO BRASIL.................................................167

São Judas Tadeu: O santo das causas impossíveis................................... 170

Santo Expedito: O santo das causas urgentes............................................ 175


São Jorge: O santo guerreiro........................................................................184

Santo Antônio: O santo do coração ........................................................... 191

São Francisco de Assis: O santo do amor fraterno.....................................201

Santa Rita de Cássia: A santa das causas perdidas................................... 212

Frei Galvão: O primeiro santo brasileiro ....................................................219

OUTROS DESTINOS PARA ROMEIROS, PEREGRINOS E FESTEIROS........ 235 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................... 243 A AUTORA........................................................................................................247


Apresentação

S

empre acreditei que de tempos em tempos novos caminhos se

abrem à nossa frente, novas oportunidades surgem para reciclar

nossos conhecimentos, renovar nosso cotidiano, revigorar nossas emoções, testar nossa coragem. Percebê-los depende da prontidão

de nossa alma. Aceitá-los, de nosso livre-arbítrio. Quando em 2004 arrisquei-me a percorrer uma das rotas de peregrinação mais famo-

sas do planeta ‒ o Caminho de Santiago de Compostela ‒, senti que

um ciclo de minha vida estava terminado e outro se configurava. Eu embarcava, literalmente, em uma nova aventura.

Com alguma experiência como repórter e alma de peregri-

na, decidi registrar em um livro-reportagem anotações e histó-

rias do Caminho que servissem de inspiração ou simplesmente como guia aos peregrinos que desejam trilhar aqueles caminhos

através de terras de Portugal. Eu continuaria atuando na mesma área, mas naquele momento pautando as minhas prioridades.

O livro foi publicado em julho de 2006 com o título Caminhos da fé – Santiago de Compostela via Portugal. Gostei tanto da experiência que decidi dar continuidade a outros caminhos de fé,

dessa vez no Brasil, ressuscitando um antigo projeto esquecido há anos nas gavetas da minha memória. Assim nasceu Brasil ‒ Terra de todos os santos.

No início eu pretendia realizar apenas um registro sobre as

principais festas religiosas de nosso país que, ainda hoje, mobili-

zam devotos de todas as classes sociais e faixas etárias, em busca de experiências com o sagrado e com os mistérios da vida, que apenas as “coisas do céu” parecem preencher. Enquanto me deixava envolver pelas pesquisas, fui percebendo que eu também andava

em busca de um elo perdido, um fio mágico que me conduzisse à infância, quando temerosa e encantada assistia às procissões do 8 Marilu Torres


Senhor Morto ou às festas dos santos e suas histórias de milagres. Particularmente, nunca precisei de razões lógicas para acreditar

em Deus. Acredito, simplesmente. A beleza incomparável da Cria-

ção, a meticulosa precisão do Universo, a fabulosa diversidade dos seres vivos e o milagre da Vida são evidências que me bastam.

Ao me aventurar pelo tema, fiquei impressionada com uma

pesquisa realizada pelo biólogo molecular americano Dean Hamer, chefe do setor de estrutura genética do National Cancer Institute, e publicada em seu livro The God gene: How faith is hardwired

into our genes (O gene de Deus: Como a fé está gravada em nossos genes). Hamer afirma ter localizado no ser humano o gene responsável pela espiritualidade, produtor dos neurotransmissores que re-

gulam o temperamento e o ânimo das pessoas. Segundo o biólogo, os sentimentos profundos de espiritualidade seriam o resultado de uma descarga de elementos químicos cerebrais controlados pelo nosso DNA.

Crer em Deus é uma escolha entre viver na aridez da descrença ou na esperança da fé. ... Ouço a tua voz triste, triste, A tua voz religiosa, magoada e triste... E, na tua voz magoada e triste, Eu cuido ouvir a voz que nunca ouvi, A voz entre todas desejada, A voz das promessas maravilhosas Que nunca me fizeram, Das promessas felizes que nunca ainda tive...

Apresentação 9


Esse trecho do poema “Tua voz” foi escrito pelo poeta Fontes

Torres, meu pai, ao ouvir minha mãe cantar pela primeira vez, em 1930.

Nasci em uma família de “igrejeiras”, mulheres de muita fé.

Minha mãe, a caçula dos 18 filhos de meus avós, dona Tereza e

seu Chico, cantava no coro da Igreja Matriz de Araçatuba, interior de São Paulo, cidade onde nasci. Ela tinha uma bela voz de

soprano leggero e contava com orgulho que nas missas aos domingos, quando entoava o “Glória”, monsenhor Adauto Rocha ficava embevecido e esquecia a celebração.

As oito irmãs da minha mãe eram religiosas. Tia Terezinha, a

mais velha, morava em São Paulo e era devota de Frei Galvão décadas antes de ele se tornar o primeiro santo brasileiro. Todas as quartas-feiras ela saía de casa empertigada e solene com seu vestido preto, “afogado” ao pescoço, os cabelos brancos enrolados em um coque, brincos de prata e marcassitas, que dançavam a cada movimento seu. Eu era fascinada por aqueles brincos! Na avenida

Paulista, ela tomava o bonde para o Mosteiro da Luz, onde as freirinhas enclausuradas preparavam e distribuíam as pílulas milagro-

sas do Frei Galvão, indicadas para a cura de todos os males – de problemas na gravidez à neurastenia de velhos maridos. Com certeza, ela incluía nessa categoria seu marido Saturnino, o Teté,

nosso tio quase centenário conhecido na família por suas exigências e picuinhas. Impressionada, eu escutava as histórias que ela contava sobre o Frei Galvão, o frade que construiu o Mosteiro da

Luz e morreu em uma cama improvisada atrás do altar-mor, local onde está enterrado até hoje.

Tia Alice também morava em São Paulo e dela guardei a gar-

galhada contagiante e a total falta de pudores religiosos – ela transitava tranquilamente entre a bênção do pão dos pobres na

Igreja de Santo Antônio às consultas aos astros através das cartas 10 Marilu Torres


de dona Concheta, sua misteriosa vizinha. Frequentava também sessões espíritas e falava muito de dona Filhinha, célebre vidente

à época. Eu me lembro de percorrer assombrada os longos cor-

redores e os muitos quartos do casarão da alameda Santos, onde

tia Alice morava. Sobre a cômoda em frente à cama ela mantinha uma lamparina acesa dia e noite, aos pés de uma imagem de Nossa Senhora das Dores, cujas lágrimas sofridas eu tocava para verificar se eram verdadeiras...

Considerado o maior país católico do mundo, com 68% de popu-

lação cristã, o Brasil herdou dos tempos coloniais as manifestações culturais e religiosas dos primeiros europeus que aqui chegaram. O catolicismo de raízes medievais trazido por Portugal, logo no início

da colonização, defrontou-se com o misticismo e a magia dos povos indígenas que habitavam o Novo Mundo, e, mais tarde, com os

deuses das diversas etnias africanas que vieram para este território

como escravos. Esse encontro de religiões resultou em um mosaico cultural raramente encontrado em outro lugar do mundo.

Apesar das novidades religiosas registradas em nosso país ao

longo desses mais de quinhentos anos ‒ os desdobramentos de algumas religiões, a diversidade de igrejas, as incursões às religiões

orientais ‒, penso que cada ser humano, salvo algumas exceções,

continua ansioso de Infinito, sempre à espera de uma Luz inconfundível que algum dia iluminará o seu caminho.

Durante mais de quatro anos procurei nos meandros da história,

nem sempre coerente, e na alma humana, quase sempre carente, o

sentido mágico que caracteriza a religiosidade das pessoas. E, aci-

ma de tudo, busquei o segredo dessa força que alimenta, em seus corações, a chama da Fé.

Marilu Torres

Apresentação 11


Melhor que persuadir as pessoas a ter fé é mostrar a elas a radiância de nossa própria descoberta. Joseph Campbell (1904-1987), historiador e escritor



O paraíso é aqui!


O

descobrimento da América e, logo depois, em 1500, o do Brasil, provocaram um verdadeiro choque na cultura europeia. Imagine o deslumbramento dos primeiros portugueses ao encontrar uma terra coberta de vegetação exuberante, árvores imensas, flores coloridas e pássaros nunca vistos, habitada por nativos quase nus, que se enfeitavam com penas e pinturas exóticas? Era como ter chegado ao paraíso! Calcula-se que perto de 8 milhões de índios povoavam estas terras havia pelo menos cinco milênios. Divididos em mais de 1.500 grupos tribais de etnias diferentes, eles falavam dezenas de línguas diversas, e suas vidas eram regidas por tradições sociais e religiosas herdadas de seus ancestrais. Ao desembarcar, os portugueses construíram, com madeira encontrada na praia, uma grande cruz e com ela tomaram posse do território. A cruz de Cristo fincada na areia revelava sua intenção – o catolicismo deveria ser a religião de todos. Nessa época a Igreja Católica se sentia enfraquecida e tentava recuperar o prestígio perdido. A grande parceira da Coroa portuguesa nessa luta foi a Companhia de Jesus, que se propunha a expandir pelo mundo a Palavra de Cristo do ponto de vista católico. As missões evangelizadoras tinham como finalidade criar escolas e seminários e a Coroa confiou aos jesuítas (cujo nome significa “companheiros de Jesus”) a catequização dos índios.


Para formar verdadeiros cristãos acreditava-se que era preciso combater certos elementos de algumas culturas indígenas: a antropofagia, a nudez, a poligamia e o espírito primitivo de suas crenças e rituais. Com o intuito de “proteger” os índios da perseguição de colonos e subsequente escravidão, os jesuítas ergueram aldeamentos ao redor das igrejas, núcleos da nova fé. Esses aldeamentos tornaram-se conhecidos como missões ou reduções e se multiplicaram de norte a sul do país. Cinquenta anos mais tarde haviam colégios ao longo de grande parte do litoral brasileiro – do Rio Grande do Sul ao Ceará. A ação pedagógica exercida pelos jesuítas no Brasil durou 210 anos e vem sendo questionada até os dias de hoje. Há décadas antropólogos e historiadores com diferentes óticas questionam a intromissão colonialista dos estrangeiros no Brasil, em especial a ação dos jesuítas. Mesmo levando em conta suas falhas reveladas pela pesquisa moderna, não se pode negar que as missões jesuíticas exerceram um impacto profundo na vida das Américas.


José de Anchieta: O apóstolo do Brasil Nascido na ilha de Tenerife, no arquipélago das Canárias, Anchie-

ta era neto de judeus cristãos. Aos 14 anos foi para Portugal onde estudou filosofia no Colégio das Artes, anexo à Universidade de Coimbra. Sua ascendência judaica foi determinante para que o enviassem a Portugal, já que na Espanha a Inquisição era rigorosa. Com 17 anos,

logo após ter ingressado na Companhia de Jesus, Anchieta foi acome-

tido por uma misteriosa doença, que a medicina do século XVI não conseguiu detectar – ele sofria de fortes dores na coluna, que com o tempo envergava, dando-lhe a estranha aparência de corcunda.

José de Anchieta foi enviado pela Companhia de Jesus ao Brasil

com a esperança de que o clima melhorasse sua saúde. Aportou em Salvador e, três meses depois, instalou-se na Capitania de São Vicen-

te. Exemplo de coragem e determinação, abriu caminhos em direção ao sertão, subiu a Serra do Mar e, com a ajuda de caciques da região, fundou o Colégio de Piratininga, origem da cidade de São Paulo. Ele

vivia a verdadeira prática religiosa ‒ comia e dormia muito pouco,

vestia-se humildemente. Anchieta foi um dos primeiros sacerdotes a descobrir que era preciso aprender a língua tupi. Dramaturgo, ele

criou e dirigiu peças teatrais com elenco indígena. Nessas, era comum encontrar a Nossa Senhora mestiça, o São Francisco indígena e o menino Jesus com características dos povos da região.

Aos 43 anos de idade foi nomeado provincial, o mais alto cargo

na Companhia de Jesus. Anchieta continuou viajando e chegou a percorrer distâncias incríveis ‒ da Capitania de Pernambuco até

Itanhaém, litoral de São Paulo, passando por Bahia, Espírito Santo

e Rio de Janeiro, sem esquecer as missões estabelecidas em São Paulo. Em suas viagens quase sempre dispensava as sandálias ‒ ele andava quilômetros com os pés descalços na areia à beira-mar. 18 Marilu Torres


Aos poucos, a doença, que lhe havia dado trégua durante tan-

tos anos, se agravou. Cansado e doente, foi substituído no cargo

de provincial e se retirou para a aldeia de Reritiba, no litoral do Espírito Santo. Ali viveu os últimos dez anos de sua vida.

Curas e milagres

Dos tempos da fundação de São Paulo, vários são os relatos de

curas milagrosas obtidas por José de Anchieta. O milagre das “três almas salvas”, descrito em seu processo de beatificação, que se arrastou por mais de trezentos anos, conta como Anchieta converteu

três pessoas em um só dia: um índio às portas da morte, um velho colono português e um menino que não conseguia andar ‒ ao simples toque do bastão de Anchieta ele começou a caminhar.

Sua atuação lhe valeu o respeito e o carinho dos índios. Quando

Anchieta morreu, quase cinquenta anos após a sua chegada ao Bra-

sil, centenas de índios acompanharam seu esquife pelas praias do Espírito Santo entoando preces da aldeia de Reritiba a Vitória, na época a vila em que foi enterrado.

Embora a campanha para a beatificação de Anchieta tenha sido

iniciada na Capitania da Bahia em 1617, ele só foi beatificado em junho de 1980 pelo papa João Paulo II. Seus devotos, até hoje, se empenham em comprovar um milagre que o levará ao altar dos santos. Anchieta escreveu o célebre poema à Virgem Maria – “De Beata Virgine dei Mater Maria” – composto por 5.732 versos latinos. Ele escrevia com um bastão nas areias da praia de Iperoig. Os versos que o mar apagava, ele guardava na memória.

O paraíso é aqui! 19


Passos de Anchieta ‒ De Vitória a Anchieta, Espírito Santo 10

Início de junho

Criada em 1998, a rota de peregrinação Passos de Anchieta reconstitui a trilha habitualmente percorrida pelo padre José de Anchieta entre a antiga aldeia de Reritiba, atual Anchieta, e a Vila de Nossa Senhora da Vitória, atual Vitória, no Espírito Santo. Esse trecho de cem quilômetros entre Anchieta e Vitória é também denominado Caminho das 12 Léguas, percurso que o jesuíta vencia muitas vezes na companhia dos guerreiros temiminó, que o acompanhavam na missão de cuidar do Colégio de São Tiago, em Vitória. Os idealizadores da rota Passos de Anchieta conceberam uma caminhada anual de quatro dias, percorrendo a mesma trilha do padre Anchieta em sentido inverso, de Vitória a Anchieta ‒ iniciada sempre no dia consagrado a Corpus Christi, é concluída no domingo. Nada impede, entretanto, que se faça o caminho em outras épocas do ano: a Associação Brasileira dos Amigos dos Passos de Anchieta (Abapa) mantém convênio com a agência de viagens Tour Espírito Santo e é possível montar pacotes personalizados para esse roteiro. A rota de peregrinação Passos de Anchieta é cumprida em jornadas diárias de quatro a cinco horas, por pessoas que têm o hábito de caminhar regularmente, ou em períodos de seis a sete horas, por pessoas menos acostumadas ao exercício. Com a celebração de uma missa, o ponto de partida em Vitória é a Catedral Metropolitana e o trajeto termina na Igreja Matriz em Anchieta. O caminho passa por Vila Velha e Guarapari, vilas onde Anchieta costumava pernoitar. Passos de Anchieta (caminhada oficial) – Trajeto e distâncias 1o dia: de Vitória a Barra do Jucu, em Vila Velha – 25 km 2o dia: de Barra do Jucu a Setiba, em Guarapari – 28 km 3o dia: de Setiba a Meaípe, ainda em Guarapari – 24 km 4o dia: de Meaípe a Anchieta – 23 km

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A Abapa, com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura (Setur), monta pontos de apoio aos andarilhos em intervalos constantes, chamados oásis, para lhes fornecer água, frutas e, se necessário, medicamentos, além de carros que ficam à disposição durante todo o trajeto. As credenciais dos peregrinos devem ser carimbadas nos postos indicados para que ao final do percurso o andarilho receba seu certificado de participação. É preciso ter pelo menos metade dos 16 carimbos para comprovar que o trajeto foi cumprido. Para saber mais: <www.abapa.org.br> Para outras informações: <atendimento@abapa.org.br> • Tel.: (27) 3227-2661 | (27) 3244-2323 | (27) 99706-7001

O paraíso é aqui! 21


Não perca...

... em Vitória Projeto Visitar No Espírito Santo turistas e moradores contam com o Projeto Visitar: visitas monitoradas gratuitas a sete pontos de interesse no Centro Histórico da cidade. Abaixo, três igrejas que vale a pena conhecer. As visitas são realizadas de terça a domingo, das 9:00 às 17:00 horas. Capela de Santa Luzia: Construída no século XVI com pedras e cal de ostra, a capela é a mais antiga edificação da cidade e conserva suas características originais, como as telhas de barro e a torre sineira. Erguida sobre uma rocha, era a capela particular de uma sesmaria doada no tempo das capitanias hereditárias. Abrigou por muitos anos o Museu de Arte Sacra de Vitória. Igreja de São Gonçalo: Igreja construída no século XVIII pela Irmandade de Nossa Senhora do Amparo em conjunto com a Irmandade da Boa Morte, uma irmandade de homens pardos. Possui imagens que pertenceram à igreja do Colégio de São Tiago, o mesmo que o padre Anchieta ia cuidar em Vitória quando saía de Anchieta na companhia dos índios temiminó. Igreja de Nossa Senhora do Rosário: Ela teve sua construção iniciada em setembro de 1765, e sua estrutura principal foi erguida em dois anos, a partir da mão de obra negra. As festas de Nossa Senhora do Rosário despertavam interesse na capitania, mas para os escravos da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos apenas a devoção à Maria não era suficiente. Queriam, também, cultuar São Benedito, com o qual se identificavam tanto na cor quanto na pobreza. Um pequeno museu, localizado no andar superior da igreja, apresenta imagens e peças utilizadas pela irmandade de São Benedito, inclusive antigas vestes e um andor que pesa cerca de quatrocentos quilos, usados pelos fiéis durante as procissões ao santo. Para saber mais: <www.institutogoia.org/pg/2996/visitar/> Horário de funcionamento: De segunda a sexta, das 9h às 13h e das 14h às 18h Para outras informações: <projetovisitar@vitoria.es.gov.br> • Tel.: (27) 3235-7078 | (27) 3235-2002

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... em Vila Velha Convento de Nossa Senhora da Penha Localizado em um penhasco de 154 metros de altura, de frente para o mar, o convento da Penha abriga séculos de história e de devoção franciscana. Formado por construções de diferentes épocas, do século XVI ao século XVIII, sua capela original recebeu a imagem de Nossa Senhora da Penha em 1569, vinda de Portugal. É o primeiro convento mariano construído no Brasil. Festa da Penha, ou de Nossa Senhora das Alegrias: A devoção inicial era à Nossa Senhora das Alegrias, nome originado das sete alegrias de Maria, também chamada Dos Prazeres. Com a construção da capela sobre o penhasco, a imagem do altar-mor passou a ser denominada Nossa Senhora da Penha, fazendo referência ao penhasco, palavra cujo significado é “penha (pedra) elevada”. Todos os anos, no Domingo de Páscoa, tem início o Oitavário que festeja a padroeira do Espírito Santo. A Festa da Penha é celebrada durante sete dias – com missas, romarias e shows que atraem peregrinos de todo o país – e no oitavo dia é encerrada com uma missa em homenagem à Nossa Senhora da Penha. Localização: Rua Vasco Coutinho, s/n, Prainha, Vila Velha, ES • Tel.: (27) 3329-0420 Horário de funcionamento: De segunda a sábado, das 5h15 às 16h45 | Domingo, das 4h15 às 16h45 Para saber mais: <www.conventodapenha.org.br>

... em Guarapari Igreja de Nossa Senhora da Conceição Construída em 1585 por Anchieta no alto de uma colina, essa igreja começou o povoamento de Guarapari. Ao lado da capela está localizada a casa dos jesuítas. No início dedicada a Sant’Ana, Anchieta escreveu um auto em tupi para a inauguração. Depois a matriz passou a homenagear Nossa Senhora da Conceição, instituída padroeira da aldeia. É também conhecida como Igreja das Conchas – as

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conchinhas que revestem as paredes externas hoje são pouco visíveis. Na antiga sacristia, há um museu com acervo sacro: castiçais, cálices, crucifixos e imagens do século XVIII. Localização: R. João Cavati, s/n, Morro da Igreja, Guarapari, ES Para saber mais: <www.pnscguarapari.org.br> Para outras informações: Tel.: (27) 3261-0881

Poço dos Jesuítas Os jesuítas construíram diversos poços ao redor do morro do Atalaia para obter água potável no século XVI. O único que restou foi construído em forma de cúpula com pedras sobrepostas, unidas por massa feita de barro, areia, conchas trituradas e óleo de baleia. Boa parte da população utilizava a água do “poço da fonte” para cozinhar, lavar roupa e tomar banho até haver fornecimento de água na cidade. Muitos acreditam no poder curativo de sua água. Localização: Praia da Fonte, Morro do Atalaia, Guarapari, ES

Igreja de Sant’Ana ‒ Meaípe Construída em 1619 no alto de uma pedreira no Balneário de Meaípe, essa pequena igreja tem boa visão do mar. Sua localização estratégica permitiu guardar a costa e dificultou o ataque dos índios. Restaurada diversas vezes, é um dos marcos da passagem da catequese dos jesuítas por Guarapari. Localização: R. Belo Horizonte, s/n, Praia do Meaípe, distante 8,5 quilômetros do centro de Guarapari, ES

Passos dos Jesuítas: Anchieta ‒ De Peruíbe a Ubatuba, São Paulo

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Durante todo o ano

Com trajeto de 360 quilômetros, a rota Passos dos Jesuítas: Anchieta inclui 13 cidades do litoral paulista – de Peruíbe a Ubatuba –, remontando os passos trilhados pelos missionários jesuítas, sobretudo pelo

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padre Anchieta, durante suas expedições de catequização por terras paulistas. Há placas de sinalização durante todo o percurso, e é possível iniciar a caminhada de qualquer cidade participante, desde que seja sempre rumo ao norte, em direção a Ubatuba. No entanto, para receber o certificado de participação, é preciso percorrer pelo menos 12 dos municípios estipulados pelo traçado oficial. Para saber mais: <www.caminhasaopaulo.com.br/jesuitas> Para outras informações: atendimento@passosdosjesuitas.com.br <www.passosdosje suitas.com.br> • Tel.: 0300 745 0000

Não perca...

... em Peruíbe Ruínas de Abarabebê Considerada marco histórico da fundação da cidade, essa capela construída com argila e pedras foi o primeiro local utilizado por Anchieta para a catequese indígena. O paraíso é aqui! 25


Localização: Outeiro de São João Batista, com acesso pela avenida Padre Anchieta e rua Dr. João Atala, Balneário Maria Helena Novaes, Peruíbe, SP Horário de funcionamento: De quarta a sexta, das 10h às 16h | Sábado e domingo, das 11h às 17h | Departamento de Cultura • Tel.: (13) 3454-1215

... em Itanhaém Cama de Anchieta Formação rochosa utilizada como refúgio pelo padre jesuíta para repouso e meditação junto ao mar. Embora seja um dos pontos mais visitados de Itanhaém, não há registro de que realmente ele repousasse ali. O acesso é feito por uma passarela. Localização: Praia do Sonho, Itanhaém, SP

... em São Vicente Biquinha de Anchieta Construída em 1553 com azulejos que retratam uma cena de catequização indígena, abastecia a vila de água potável e era ponto de encontro para a catequese. Na praça há uma estátua de Anchieta em tamanho natural escrevendo na areia. Localização: Praça 22 de Janeiro, junto à avenida Getúlio Vargas, São Vicente, SP

... em Bertioga Forte São João Construído em 1547 para defender as vilas em formação no litoral, chegou a abrigar Manoel da Nóbrega e José de Anchieta durante o período de enfrentamento com os indígenas conhecido como Confederação dos Tamoios. Localização: Canal de Bertioga, Bertioga, SP Horário de funcionamento: Diariamente, das 9h às 17h

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... em Ubatuba Praia de Iperoig ou do Cruzeiro Palco da “Paz de Iperoig”, que pôs fim à Confederação dos Tamoios. Em suas areias Anchieta teria escrito o poema à Virgem Maria enquanto aguardava o acerto final do tratado de paz. No calçadão que margeia a praia há uma estátua do jesuíta. Localização: Avenida Iperoig, Centro, Ubatuba, SP

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