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ANDREI KAMPFF

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© Andrei Kampff Diretor editorial Marcelo Duarte Diretora comercial Patty Pachas Diretora de projetos especiais Tatiana Fulas Coordenadora editorial Vanessa Sayuri Sawada Assistente editorial Mayara dos Santos Freitas

Capa Vanessa Sayuri Sawada Diagramação Carla Almeida Freire Preparação Beatriz de Freitas Moreira Revisão Ana Maria Barbosa Fotos Alexandre Battibugli Antonio Costa Cesar Greco Gustavo Ferro Impressão Loyola

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ Kampff, Andrei #Prass38 / Andrei Kampff. – 1. ed. – São Paulo: Panda Books, 2017. 240 pp. ISBN: 978-85-7888-646-2 1. Prass, Fernando, 1978-. 2. Goleiros de futebol – Brasil – Biografia. I. Título. 17-39147

CDD: 927.9633426 CDU: 929:796.056.222

2017 Todos os direitos reservados à Panda Books. Um selo da Editora Original Ltda. Rua Henrique Schaumann, 286, cj. 41 05413-010 – São Paulo – SP Tel./Fax: (11) 3088-8444 edoriginal@pandabooks.com.br www.pandabooks.com.br Visite nosso Facebook, Instagram e Twitter. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização da Editora Original Ltda. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei no 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.


Pai, mãe, nestas páginas vocês se encontrarão. Afinal, Batista e Olenca, vocês me apresentaram dois dos meus maiores prazeres: ler e escrever.


SUMÁRIO Apresentação..........................................................7 #1

Glória e dor.....................................................11 #2 Um cotovelo....................................................19 INFÂNCIA #3 Um piá.............................................................25 #4 Vocação............................................................30 #5 Um caminho diferente.....................................34 #6 O acaso............................................................38 #7 Moleque Bom de Bola.....................................41 #8 Ponto fraco......................................................44 #9 Renúncias........................................................48 #10 O encontro......................................................53 #11 Deu pra ti, Viamão..........................................58 O FUTEBOL #12 Cadê meu dinheiro?.........................................65 #13 Ídolo pela primeira vez.....................................71 #14 A primeira taça.................................................75 #15 Em Curitiba.....................................................80 #16 Fominha..........................................................84 #17 Uma batalha na Europa....................................89 #18 A maior conquista............................................96


#19 Recomeço......................................................100 #20 Monotemático...............................................105 #21 Uma decisão dolorida.....................................110

PALMEIRAS #22 O acerto.........................................................121 #23 Ele e um santo...............................................126 #24 Um começo violento......................................130 #25 Tchau, crise!..................................................139 #26 De frente........................................................145 #27 2015: que ano!...............................................150 #28 Um presente especial......................................156 #29 A final............................................................160 #30 O auge...........................................................168 SELEÇÃO #31 A notícia em 13 letras....................................179 #32 O Everest.......................................................184 #33 Dor................................................................189 #34 A fratura de um sonho...................................194 #35 Um título fora de campo................................200 O BRASILEIRO #36 A volta...........................................................207 #37 Campeão.......................................................212 #38 Um número mágico.......................................218

Ficha técnica...........................................................220 Agradecimentos......................................................222


O FUTEBOL


#12 CADÊ MEU DINHEIRO? Na galeria de fotos do smartphone de Fernando Prass, churrasco tem um espaço generoso. Nos dias de folga, ele mesmo compra a carne, encara a churrasqueira e põe a chaminé da casa em Alphaville para funcionar. Ovelha, bife ancho, costela, o gaú­ cho se diverte assando para amigos ou mesmo somente para a família e depois aproveita ainda mais saboreando essa comida típica do Rio Grande do Sul que conquistou o Brasil. Nos dias de recuperação, sem as viagens, concentrações e cansaço da vida profissional, ele pilotou a churrasqueira com mais frequência. “Ele é bom nisso”, garante a esposa Letícia, que lembra que churrasco era algo impensável para o casal em 2000. Naquele ano Fernando foi parar em Franca. Essa cidade do interior paulista é a maior produtora de calçados do Brasil e da América Latina, com mais de mil indústrias de grande e médio portes. Além disso, também se destaca como uma das mais importantes regiões produtoras de café do mundo. Ape­ sar de o café ser quase um vício no dia a dia desse gaúcho, o que levou Fernando para lá foi a Associação Atlética Francana, um time tradicional do futebol. Fundada em 1912, foi campeã paulista da Segunda Divisão em 1977, mas a equipe nunca conseguiu mostrar em campo a mesma força que a economia da cidade sempre exibiu. 65


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O goleiro foi para a Francana de graça. Seu salário era de 2 mil reais, o que não era pouco para um jogador em início de carreira e sem grandes luxos. Ele não tinha carro, nem com­ prava roupas de marca, nem precisava mandar dinheiro para casa. O dinheiro seria para comprar comida, cartões telefôni­ cos para ligar para Letícia e guardar o que sobrasse, já que des­ de aquela época Fernando se preocupava com a aposentadoria. “Nem concentração tinha na véspera dos jogos em casa. Então, nós nos encontrávamos com os outros jogadores no lugar que eles moravam e quase todos compravam uns biscoi­ tos, algumas coisas, já que o clube não nos dava muito. O Fer­ nando não comprava nada, mas comia o que o clube oferecia feito um leão. Ele era pão-duro”, lembra sorrindo o amigo e companheiro de time e casa em Franca, André Cemin. A fama de pão-duro o acompanha até hoje. “Pão-duro, não. Sou disciplinado”, se defende o goleiro. Nessa receita fi­ nanceira estava caminhar um pouco mais até encontrar um orelhão com um defeito muito comemorado pelo goleiro: “Tinha um telefone que não descontava os créditos do cartão. Ele ia até lá para ligar pra mim”, entrega Letícia. Essa malandragem e a autopropagada “disciplina” o aju­ daram na passagem por Franca em 2000. Os empresários que montaram o time para a Série A2 do Paulista, prometendo investimento e condições de trabalho, foram afastados por um grupo ligado ao clube. “Agora eu estou abraçando a causa e vou dar todo o au­ xílio para vocês. Joguem!”, disse o diretor de futebol recém­ -empossado Ruy Pieri, dono de um cemitério e também radialista na cidade. Depois desse discurso, os jogadores só 66


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receberam dois meses de salário, nos cinco meses que ainda teriam de trabalho. Dezesseis anos depois, e já com oitenta anos, o então diretor de futebol da Francana, Pieri, garante que a memória já não o ajuda mais: “Não lembro muito desse trem, não”, diz ele por telefone e com o sotaque carregado, típico do interior paulista. Fernando e André moravam em uma casa simples, de dois quartos, que precisava de reparos. Chovia, e várias goteiras bro­ tavam do teto. Os dois iam a pé para o treino e, mesmo sem receber, apesar da promessa, sobrava dinheiro para comprar um chocolate Charge a cada caminhada. Era glicose, a energia que ele precisava para os treinos. Para outros luxos, não: “Eu saía uma vez por mês e tinha que optar entre cinema ou jantar”. Letícia e Fernando estavam longe, mas o amor entre eles crescia na proporção geográfica do afastamento. Os dois fa­ ziam planos de morar juntos, mesmo com ela tendo ainda 19 anos e ele, 21. Os dois alimentavam sentimentos e projetos por cartas. Em uma delas, de 14 de março de 2000, Letícia fala sobre essa ideia. Nô, meu grande amor. Não me sai da cabeça de ir ficar junto contigo. Penso muito e já conversei com a Cíntia (minha colega) para saber a opinião dela, pois é experiente e casou com 19 anos. Ela deu força, mas me disse que depois que eu fosse morar contigo eu não consegui­ ria me separar e voltar a estudar em 2001. Por isso, mesmo que tu volte pra cá, a gente vai sentir a necessidade de morar junto. Não vamos conseguir que cada um fique na sua casa. É uma decisão que precisa ser muito bem pensada. 67


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E foi muito pensada, tanto que não levaram o projeto adiante. Eles só iriam morar juntos três anos depois, em Curi­ tiba. Em Franca, continuaram se falando por telefone público, por cartas e se vendo quando a namorada conseguia viajar até a cidade do interior paulista. Assim, quando Letícia ia visitá-lo, sem dinheiro, resta­ vam poucas alternativas de lazer. Era ficar em casa e entrar na dieta do elenco. Como ele não recebia o salário, e sem vocação para gastar o pouco dinheiro que restava, Fernando e André buscavam a comida no clube e levavam para casa, onde estava a namorada. Companheira, ela também entrava em uma dieta nada saudável. “Eu lembro que todo o dia o cardápio era o mesmo: arroz e salsicha”, conta Letícia. E foi assim por muito tempo, mesmo nos dias em que ela já tinha voltado para Via­ mão. Apesar de não ter a alimentação indicada para quem vive da saúde do corpo, o desempenho de Fernando impressionou desde a primeira partida pela Série A2 do Paulistão. “O cara jogava muito. Chamava mesmo a atenção”, diz Cemin. O Santo André, adversário da Francana no campeona­ to, tinha começado mal a competição e decidiu trocar de téc­ nico. Contratou Sérgio Ramírez, nascido no departamento uruguaio de Treinta y Tres, mas que passou a maior parte da carreira como jogador no Brasil. Como lateral direito, ele che­ gou à Seleção Uruguaia na década de 1970. Em 1977 foi con­ tratado pelo Flamengo, onde ficou três anos. Jogou também pelo Sport Recife, sendo campeão pernambucano em 1980. Tão logo assumiu o comando da equipe do ABC Paulis­ ta, o uruguaio pediu para ver os vídeos dos primeiros jogos do time. Quando assistiu à partida contra a Francana e as defesas de 68


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Fernando, indagou: “Mas que guapo é esse?”, com o sotaque por­ tenho que jamais perdeu. Apesar das partidas memoráveis do go­ leiro, a Francana não conseguiu subir de série. Segundo as pessoas com quem conversei, a equipe era muito fraca. Ficou em último lugar, em um grupo com Santo André, São Caetano e América de Rio Preto. O projeto de levar o time ao convívio com os grandes do futebol paulista ficou muito longe de ser concretizado. Omar Feitosa, que reencontraria o goleiro no Coritiba e, depois, no Palmeiras, era o preparador físico da Francana. Ele lembra como foi complicada a missão do goleiro. “O time ad­ versário atacava umas 13 vezes. O Fernando salvava dez. A gen­ te só perdia de 3 X 0”, diz sorrindo Omar. Com o fim da participação da Francana na Série A2 do Paulistão, Fernando não tinha mais emprego nem motivo para continuar em Franca. O pai já tinha viajado de carro de Via­ mão para a cidade para buscar o filho. Mas, antes de ir em­ bora, Artur, Fernando e Cemin precisavam fazer uma visita: “Nós decidimos ir até o escritório do Ruy e pegar o nosso dinheiro a qualquer custo”, conta Fernando. O escritório do Cemitério Parque Jardim fica no centro de Franca. O prédio é um sobrado antigo, sem luminosidade natural e com pouca luz artificial. Já na sala de entrada tinha uma secretá­ ria sentada atrás de uma mesa de escritório bege e uma câmera na parede. André notava Fernando muito nervoso. O goleiro perguntou pelo diretor de futebol. A secretária, visivelmente preocupada com a presença dos três, informou que Ruy não poderia recebê-los. “Ele está em reunião”, disse a secretária. Depois de alguns minutos esperando, Fernando perguntou mais uma vez pelo dono da empresa. “Ele já saiu”, 69


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respondeu, ainda demonstrando preocupação. As explicações da secretária irritaram o trio, que invadiu o escritório. Procura­ ram pelo diretor de futebol pelas salas da sede do cemitério. Depois de se depararem com alguns caixões pelo caminho, como relatou Cemin, nada de Ruy Pieri. “Eu acho que ele nos viu pelas câmeras de segurança e fugiu”, pensa até hoje Fernando. Pieri se lembra da história, mas garante que não fugiu de lá: “Eu lembro que ele e o pai foram atrás de mim. Queriam receber dinheiro, mas eu não estava”. Não ter encontrado o diretor acabou sendo bom para Fernando. Irritado como estava, ele poderia ter perdido a ca­ beça e provocado uma confusão que terminaria na delegacia. “A coisa poderia ter ficado feia”, diz Cemin. Fernando voltou para Porto Alegre de carro, desempregado e sem o dinheiro que tinha para receber. “Acho que ele tinha um pouco para re­ ceber. Não sei bem. Com oitenta anos, não ando com a cabeça boa”, encerra a conversa Ruy Pieri. Apesar de ter recebido apenas metade do que tinha direito, o “disciplinado” Fernando foi embora de Franca levando com ele um par de alianças. Comprou a surpresa com o dinheiro que ainda conseguiu economizar do salário recebido e das ligações que fez de graça. Ele decidiu que ficaria noivo de Letícia. Foi com esse par de alianças na mala e mais nada de dinheiro no bol­ so que Fernando subiu no Corsa do pai e tomou o caminho de Viamão. Foram 1.500 quilômetros de estrada, que ele percorreu desiludido e achando que aquela passagem por Franca não tinha ajudado em nada no futuro dele como goleiro, mas o destino mais uma vez surpreendeu Fernando, porque o uruguaio Sérgio Ramírez continuava se perguntando: “Mas que guapo é esse?”. 70


#13 ÍDOLO PELA PRIMEIRA VEZ Fernando tinha operado o cotovelo vinte dias antes e almo­ çávamos em um restaurante na Vila Romana, zona Oeste da capital paulista. Um lugar agradável, com pouca gente, ideal para um bate-papo sem muitas interrupções. “Desculpa, posso tirar uma foto contigo?”, perguntou um dos clientes, com um sorriso no rosto e o celular já na mão. E, olhando para mim, disse: “Meu filho é muito fã do Prass. Se eu digo que almocei no mesmo lugar que ele e não levo uma foto, ou vai dizer que é mentira ou vai brigar comigo por não levar uma recordação”, explicou o pai do fã. Não dá para dizer que momentos como esse se tor­ naram novidade por causa do Palmeiras. Ele começou a se acostumar com a fama já no Vila Nova, em 2000, depois que o técnico uruguaio descobriu quem era Fernando: “Eu cheguei no Vila e vi que precisava buscar um goleiro. Na hora lembrei daquele guapo da Francana. Descobri que ele tinha voltado para o Grêmio. Liguei para o seu Verardi. Ele aceitou liberar o Fernando de graça”, conta sorrindo Sérgio Ramírez, que tinha assumido o comando técnico do colorado goiano. 71


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Fundado em 1943, o Vila Nova é um dos maiores e mais tradicionais times da região Centro-Oeste do Brasil. Junto com Goiás e Atlético Goianiense, formam o trio de ferro do futebol goiano. Mas apesar da grande torcida, da história de muitos títu­ los e grandes jogadores, o Tigrão, como é conhecido por conta do mascote que representa o time, vivia um momento complicado. Além de sofrer com uma seca de títulos, a grana andava curta. O começo no Vila Nova foi diferente do que Fernando esperava. O time tinha Cássio Ferrari como goleiro titular, ex­ periente, trinta anos, com prestígio entre os jogadores e com a torcida. Estava difícil colocar Fernando para jogar. Ramírez não conseguiu, já que logo depois de uma derrota para o Clube de Regatas Brasil, o CRB de Maceió, pelo módulo amarelo da Copa João Havelange, acabou demitido, menos de um mês de­ pois da chegada do goleiro. Fernando dividia um apartamento de dois quartos com Careca, um atacante carioca que chegou ao clube na mesma época e era reserva de Túlio Maravilha. O goleiro não era muito de sair, nem de beber. “Eu bebia por mim e por ele”, diz Care­ ca, que ficou preocupado com o guarda-roupa do parceiro. No calor de Goiânia, Fernando usava jeans e botas. “Aqui é um sol para cada um, tchê. Vamos até o shopping comprar umas rou­ pas”, convidou o meio-campista. Essa não foi a principal preocupação de Careca nos primeiros dias na nova cidade, capital de Goiás. Em crise financeira, havia o boato de uma lista de dispensa no Vila Nova. Careca descobriu que não era boato. O atacante não só viu a lista, como também conseguiu enxergar que o nome de Fernando estava nela. O futu­ ro estava decidido. Sem jogar, como se manter no elenco? 72


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A lista sairia na segunda-feira e já era sábado, véspera do jogo contra o Paysandu pela Copa João Havelange de 2000. Ele concentrava com o goleiro titular, Cássio, que passou uma noite que parecia normal, só com algumas saídas do quarto. Como dormiu logo, Fernando não se deu conta de quantas vezes o goleiro titular deixou o quarto. No aquecimento antes do jogo, já no estádio Serra Doura­ da, o técnico Roberto Oliveira, depois de conversar com o prepa­ rador de goleiros, Gilberto Aparecido, o Giba, foi até Fernando. – Está pronto para jogar? – Como assim? – respondeu Fernando, surpreso. – O Cássio está mal desde ontem. Acabou de vomitar, não vai dar pra ele. E assim, com o acaso se manifestando, a carreira de Fer­ nando deu uma reviravolta. Segundo o jornalista Fernando Lima, que além de repórter é um estudioso da história do Vila Nova, Fernando Prass se destacou. A partida terminou empatada: 1 X 1. O goleiro teve o nome gritado pela torcida no Serra Dourada já naquele jogo contra o time paraense e não saiu mais da equipe titular. Na segunda-feira, a lista de dispensados tinha uma rasura: o nome de Fernando foi ris­ cado e escrito ao lado de Cássio. Já nos primeiros treinos, a dedicação dele chamou a aten­ ção do treinador de goleiros: “O dia a dia dele impressionava. Ele sempre dava mais do que os outros nos treinamentos”, diz Giba. “Nunca vi alguém treinar como ele”, completa salien­ tando os mais de vinte anos na função. Dedicação recompensada. Poucos jogos e muitas defesas depois, Fernando já era considerado um dos ídolos da torcida. 73


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O amigo Careca teve a chance de sentir e se aproveitar do pres­ tígio do goleiro em uma situação emergencial. Em 2001, o Vila Nova do técnico Arturzinho vinha mal na Série B. Membros da torcida uniformizada Esquadrão organizaram uma manifes­ tação em frente ao estádio Onésio Brasileiro Alvarenga (OBA), a casa do Tigrão. Uma multidão. Mais de mil torcedores. Eles forçaram a entrada e invadiram o local. Carros foram danifica­ dos, os jogadores ficaram presos dentro do vestiário e a polícia apareceu. Só dois jogadores foram poupados: o meio-campista Tim e o goleiro Fernando. “A torcida gritava o nome deles,” lembra Careca. Assustado, e também alvo da fúria da torci­ da, Careca viu no grito dos torcedores a senha para escapar do cerco montado. Ele foi atrás do goleiro, os dois entraram rapidamente no Gol prata de Fernando, sem serem incomoda­ dos pela torcida que continuava por lá, e conseguiram sair: “O homem tinha moral e eu ia atrás dele”. Moral conquistada com uma briga, um jogo inusitado e uma vitória muito esperada.

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