Associação Nacional de Defesa Vegetal Rua Capitão Antonio Rosa, 376 – 13º andar Jardim Paulistano – São Paulo – SP www.andef.com.br
POSICIONAMENTO DA INDÚSTRIA
A necessidade de políticas públicas em sanidade vegetal e ampliação do Vazio Sanitário na cultura da soja
I. Importância socioeconômica da sojicultura para o País A cultura da soja tem importância estratégica não apenas para o agronegócio, mas para o desenvolvimento econômico brasileiro. O País é o segundo maior produtor mundial de soja e segundo maior exportador de grão, óleo e farelo de soja. Em 2014, deve-se se tornar o primeiro produto agropecuário brasileiro a alcançar um Valor Bruto da Produção (VBP) de R$ 100 bilhões. Com este expressivo desempenho, a cadeia produtiva gera expressivos impactos socioeconômicos: reúne cerca de 245 mil sojicultores e um mercado de trabalho de 1,4 milhões empregos (dados da Aprosoja). A competitividade da soja no mercado nacional e internacional e, por outro lado, o cenário desfavorável à cultura do milho, estimula aos plantios. Este cenário, sob o aspecto fitossanitário, traz preocupações especialmente considerando que a introdução de cultivares mais precoces de soja criou condições favoráveis ao plantio de soja também na “safrinha”.
II. Severidade e perdas causadas por pragas na sojicultura Nos países sob clima tropical, há ampla incidência das pragas e doenças nas lavouras do que em países temperados e frios, o que exige muito maior rigor na adoção de técnicas,
manejos adequados e uso de tecnologias de acordo com as recomendações da Pesquisa. Com números mais detalhados, eis o que indicam recentes estudos (Daniel R. Sosa-Gómez, Embrapa Soja): Mofo Branco: estimativa de área afetada, 2012: 6.3 milhões/há; 25,3% da área de soja. Mancha Alvo: perdas de até 32% Oídio: perdas de 10% a 50% Percevejos: redução média de 20% na produtividade. Nematóides: estima-se que as perdas sejam de 30% da produção em muitas áreas. Ferrugem Asiática: o Brasil é um dos países onde a Ferrugem Asiática causa mais impactos no sistema produtivo da soja: a doença pode diminuir em até 90% a produtividade de uma lavoura. O custo da Ferrugem Asiática da soja no Brasil desde 2002, as primeiras epidemias severas até a safra de 2011/12, foi estimado em aproximadamente US$ 19 bilhões, incluindo as perdas em produção, arrecadação e o custo com o controle dessa doença (Consórcio Antiferrugem, 2012).
III. A urgência de medidas mais eficazes para a sanidade vegetal na cultura da soja Considerando a agressividade e capacidade de adaptação do agente causador da ferrugem asiática da soja, há uma clara necessidade de discussão de políticas públicas de defesa sanitária vegetal. Dessa forma, a Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), entidade que congrega as indústrias que atuam em pesquisa e desenvolvimento de defensivos agrícolas no país, manifesta sua preocupação quanto à necessidade de reforçar a adoção de medidas mais eficazes de manutenção da sanidade vegetal, especialmente na cultura da soja. Conquanto respeitemos o direito de escolha do produtor rural e defendamos a livre iniciativa, considerando a agressividade e capacidade de adaptação do agente causador da ferrugem asiática da soja, vemos uma clara necessidade de discussão de políticas públicas de defesa sanitária vegetal. Entre as medidas de ação e recomendações, em consonância com as indicações da pesquisa em Ciências Agronômicas, os preceitos da Extensão Rural e das boas práticas agrícolas, destacamos como importantes:
a) Vazio Sanitário: Medidas como a ampliação do período de vazio sanitário, maiores incentivos a medidas de prevenção de infestações como o manejo da soja voluntária em campos de produção, estradas e carreadores, ampliação dos recursos para a fiscalização. Desta forma, com a preocupação de garantir a segurança fitossanitária nas plantações, apoiamos as orientações da pesquisa e reiteramos como recomendável praz0-limite para início do Vazio Sanitário da soja em todo o país comece no final de março. b) Planejamento de safra: Órgãos de agricultura de governos (federal, estadual e municipal), juntamente com especialistas de instituições públicas e privadas devem se empenhar numa ampla rediscussão dos zoneamentos agrícolas e uso de defensivos agrícolas com modos distintos de ação fazem-se necessárias para a manutenção de condição de plantio da cultura da soja em longo prazo; c) Manejo Integrado de Pragas, MIP: É necessário recuperar e incentivar o sistema de controle de pragas que procura preservar e aumentar o controle das pragas pelo uso integrado dos métodos selecionados com base em parâmetros técnicos, econômicos e ecológicos; d) Agilidade no sistema regulatório: Ressaltamos também a necessidade de maior agilidade governamental na análise de pleitos de registro e extensões de uso de produtos registrados para outras culturas, especialmente de produtos contendo novos ingredientes ativos; produtos contendo misturas de ingrediente ativos e produtos com mais de um modo de ação, considerando a necessidade de utilização de defensivos agrícolas de modos de ação distintos para evitar o surgimento de focos de resistência a campo e preservar as alternativas atualmente viáveis de manejo para salvar a soja nacional; e) Rotação de culturas: Como decisão estratégica para garantir a sustentabilidade agronômica da sojicultora e, portanto, sua viabilidade comercial, é imprescindível que os produtores rurais voltem a praticar rigorosamente a consagrada prática de rotação de culturas. O sucesso da pesquisa brasileira ao desenvolver variedades de soja precoce adaptáveis ao plantio de inverno (safrinha), somente deveria ser utilizado pelos agricultores com a extrema cautela. O alerta é para que evitem uma decisão de altíssimo risco para o seu patrimônio. É fato que concorrência no plantio Soja X Milho, atualmente, tem um mercado favorável à soja. Porém, o agricultor deve ser alertado para evitar dois grandes
riscos nesta decisão mal planejada: a) a volatilidade do mercado internacional de commodities não garante preços por longo prazo; isto é, um cenário favorável pode se deteriorar rapidamente; b) no aspecto agronômico, a decisão imediatista do agricultor costuma revelar, em médio prazo, um grave descontrole fitossanitário e provocar elevados prejuízos, com a altíssimo risco para o seu patrimônio.
Assim considerando: Dada a importância da cultura da soja no agronegócio e na balança comercial brasileira, fica claro que tais medidas devem ser encaradas como medidas de segurança nacional, justificando esforços de todos os envolvidos na cadeia de produção. As indústrias representadas pela Andef continuarão sua tarefa de oferecer tecnologias que auxiliem o agricultor – o grande responsável pela sustentabilidade econômica que o agronegócio tem possibilitado ao País – no desafio de produzir alimentos e suprir as demandas crescentes à produção agrícola.
14 de Agosto de 2014 Associação Nacional de Defesa Vegetal – ANDEF