SALVADOR, SÁBADO, 6 DE SETEMBRO DE 2014 Fotos Margarida Neide/ Ag. A TARDE
Desde os tempos dos faraós
Crianças aceitam o desafio de trocar os brinquedos eletrônicos por produtos naturais
B
ELES GOSTARAM!
Mas quem achava que os brinquedos naturais, como cordas, bonecas de pano e carros de madeira, iriam deixar os meninos e
meninas entediados, se enganou. A maioria se divertiu com todos os itens e quase ninguém sentiu falta de celular, tablet ou computador. Para Geovana Moura, 8, a experiência foi bem divertida. “Eu consegui interagir melhor com os meus amigos”, contou. Já para Isabelle Lavínia, 8, esse tipo de brinquedo faz com que ela se sinta mais próxima da natureza: “Quando a pessoa só joga videogame, ela acaba
ficando isolada do mundo”. Marcello Picoggi, 8, discordou. Ele até gostou, mas prefere os digitais. “Acho que eles são mais divertidos. No videogame tenho muitas opções, brinco de corrida, luta, todo tipo de coisa”. Ana Lima Rego, 8, que nunca tinha dado muita atenção a esses brinquedos, acabou achando que eles eram bem mais interessantes do que pensava. “Gostei. Eu brinco bastante no tablet, mas acho a brincadeira ao ar livre bem mais legal”.
Marco Aurélio Martins / Ag. A TARDE
Pássaro feito de papel. Ao lado, alunas do Colégio Villa-Lobos brincam de roda com boneco de madeira
“Esses brinquedos têm formas, texturas e cheiros variados. Por isso, possibilitam sensações e sentidos diversos”, disse. Para a especialista, brinquedo de plástico não conta como natural. “O plástico não permite explorar tanto os sentidos como o tato”, considerou.
Quando se fala em brinquedos eletrônicos, as pessoas costumam achar que eles podem prejudicar a educação infantil. Mas será que isso é verdade? Segundo a pedagoga Cristina D’Ávila, os eletrônicos também podem ser educativos, desde que possibilitem a aprendizagem de novos conhecimentos. Mas a brincadeira deve ser saudável. “Os jogos eletrônicos só são prejudiciais quando roubam as horas de sono ou, então, quando prejudicam a convivência com a família e os amigos”, disse Cristina. Para a educadora Titina Corso, todo brinquedo educa. “Eles estimulam o desenvolvimento dos sentidos, como a visão e a coordenação motora. O mais importante é que eles consigam estabelecer uma relação entre a criança e o mundo”, contou. Os irmãos Caio, 3, e Rudá Pimenta, 5, com brinquedos de madeira. Ao lado, bonecas e casa de pano
RENATA FREIRE
rincar de bola ou jogar videogame? Pular corda ou zerar Angry Birds no tablet? Tudo vale a pena quando o assunto é diversão. Mas, no confronto entre os digitais e os brinquedos analógicos, parece que os digitais andam levando vantagem na escolha. Pensando nisso, A Tardinha propôs que um grupo de crianças deixasse seus eletrônicos de lado e passasse um tempo brincando com peças que lembram a época das vovós. A psicóloga Lorena Pimenta chama esses de brinquedos naturais. São peças feitas de lã, madeira, tecido e papel.
Todo brinquedo pode ser educativo
Os brinquedos são tão antigos quanto a história da humanidade. Tatiana Azevedo, diretora do Museu do Brinquedo, de Minas Gerais, contou que eles sempre refletiram o contexto social dos homens. “Eles eram fruto do que o homem compreendia sobre a natureza”, disse. A invenção tem tanto tempo que existe registro de peças encontradas na China antiga três mil anos antes de Cristo e no túmulo de múmias egípcias. A peteca, por exemplo, já tinha sido criada pelos índios antes mesmo de os portugueses chegarem ao Brasil.
Brincadeira desplugada
4e5
[ Na história ] BONECA
Os primeiros registros desse brinquedo são do Antigo Egito. Eram feitas em madeira banhada em argila.
BOLA
Há 6.500 anos, já eram feitas bolas de fibra de bambu, no Japão, e de pelos de animais, na China. Romanos e gregos usavam tiras de couro, penas de asas e até bexiga de boi para confeccionar bolas.
QUEBRA-CABEÇA
Inventado em 1763 pelo inglês John Spilsbury. Ele teve a ideia de criar um mapa dividido em peças de madeira para ajudar os professores a ensinarem geografia para as crianças. Na sala de aula, elas gostaram tanto que logo virou um passatempo divertido.
VIDEOGAME
O Odyssey, da marca Philips, foi o primeiro console de videogame que possuía jogos como basquete e futebol. Ele era bastante similar ao Atari, outro modelo que foi lançado, posteriormente, e alcançou sucesso mundial.
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