SALVADOR, SÁBADO, 17 DE JANEIRO DE 2015 Fotos: Jocildo Andrade/ Divulgação
Sem exagerar na dose
DESAFIO NO MAR RENATA FREIRE
N
ão é preciso nascer peixe para ter uma relação especial com o mar. Os surfistas domam altas ondas usando apenas uma prancha. Há ainda aqueles que querem virar profissionais e levam o esporte a sério desde cedo. Foi assim com o paulista Gabriel Medina, 21, que se tornou a pessoa mais nova a ser campeã mundial de surfe. Também foi a primeira vez que um brasileiro conquistou o título na categoria profissional. Medina começou a competir profissionalmente aos 14 anos, a idade mínima permitida para isso, mas já pegava onda desde os 9. O baiano Hawaii Chan, 10, quer chegar lá e começou a participar dos torneios no ano passado. O pai, que é surfista, batizou o garoto com o nome da capital mundial do surfe. No campeonato Smolder Pro Kids Nordeste, Havaii ficou em primeiro lugar na categoria sub-10. “Treino forte duas horas por dia”, contou. O paraibano Yuri Barros, 8, é o bicampeão da categoria sub-8 do Smolder Pro Kids. Ele também foi o campeão do Pena Little Monster Nordeste na categoria sub-8. Yuri começou a surfar aos 5 anos. “Surfe é tudo para mim”, disse. O baiano Bruno Marroche, 12, participa dos campeonatos há três anos. Ano passado, ficou em terceiro no Pena Little Monster na categoria sub-12. “Gosto dos torneios porque me divirto”. Edson Souza, conhecido como Jabes Local, é dono de uma escola de surfe em Ilhéus. Ele explicou que nos campeonatos infantis o que vale não é o prêmio. Quem ganha não leva dinheiro, como na categoria profissional. Pode levar para casa apenas equipamentos ou brinquedos. O instrutor de surfe Wagner Barros, pai de Yuri, defende que a decisão de encarar os torneios tem que ser da criança e não dos pais ou treinadores.
4e5
Torneios infantis de surfe são o começo para ser profissional, como Gabriel Medina
Bruno Marroche, 12; Hawaii Chan, 10 e Yuri Barros, 8, querem chegar aos campeonatos profissionais
O instrutor de surf Neto Dunga explicou que é importante se dedicar, mas sem esquecer que o esporte deve ser algo divertido. Se não for assim, competir pode ficar chato e virar uma obrigação. Também é importante ter uma alimentação saudável para aguentar os treinos. Vegetais e muita água ajudam. Ele contou que não existe idade para começar a participar dos torneios, basta a pessoa demonstrar que já tem habilidade e coragem para encarar o mar. Até garotos de 3 anos já se aventuraram. O diretor técnico da Federação Baiana de Surf Marco Pellegrino disse que quem quer se profissionalizar deve buscar os estudos para melhorar. “É importante
aprender outros idiomas para viajar pelo mundo, ter a família do seu lado e muita disciplina”, explicou. William Sampaio, 11, descobriu que o surf é um incentivo para estudar. Ele passou um ano sem ir a escola para acompanhar o pai no trabalho. Tudo mudou quando conheceu, na praia do Corsário, em Salvador, o surfista Roberto Moraes, que emprestou sua prancha para que ele experimentasse o surf. Depois William não parou mais e chegou a ganhar o segundo lugar na etapa de Stella Maris do Smolder Pro Kids de 2014. A medalha ele guarda com orgulho. “Meu sonho agora é virar um profissional”, contou. Ela já planeja voltar para a escola quando as férias acabarem. Fernando Vivas/ Ag. A tarde
Manobras iniciais, sorte e uma bronca Sophia Medina, 9, irmã de Gabriel Medina, também quer ser campeã mundial. Em entrevistas, ela contou que tinha medo de surfar, mas o irmão a ensinou. A primeira vez foi em uma piscina de ondas. Ela sempre segue Gabriel pelos torneios e
ficou conhecida por dar sorte ao irmão, seu grande amigo. A americana Oliver Bowers, 13, se orgulha de surfar. Por isso, deu uma bronca na revista americana de surfe Tracks, que só mostrava garotas usando biquini e não surfando. Ela
escreveu para a revista dando uma lição: “Peço que vocês cubram muito mais as fantásticas mulheres surfistas que existem”. Na Bahia, há meninas que disputam torneios, mas elas fazem parte das categorias acima dos 12 anos. William Sampaio, 11, vice-campeão no Smolder Pro Kids