SALVADOR, SÁBADO, 23 DE AGOSTO DE 2014
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Conheça alguns livros da coleção Um Dia na Aldeia DAS CRIANÇAS IKPENG PARA O MUNDO
Os antepassados dos índios Wajãpi caçavam animais, como o macaco-prego, e esse gesto hoje é contado em uma lenda impressionante
Cocar na cabeça e câmera nas mãos Crianças indígenas contam suas histórias em filmes e livros RENATA FREIRE
Já pensou em ser um cineasta? Pegue câmeras e microfones e escolha uma história para contar. Foi assim, com o projeto Vídeo
nas Aldeias, que crianças indígenas puderam falar sobre o dia a dia nos lugares onde moram. As narrativas das tribos mostram que a vida nas
aldeias Wajãpi, Ikpeng, Panará, Ashaninka, Kisêdjê e Mbya-Guarani são bem diferentes do que se lê nos livros de história. Eles vão para a universidade e usam a internet. Mas também continuam festejando os antigos rituais que aprenderam com seus ancestrais. Além dos filmes, as histórias viraram a coleção de livros Um Dia na Aldeia (cada livro vem com um DVD). Pelos desenhos da escritora e ilustradora Rita Carelli, é possível descobrir do que as crianças das tribos brincam, que lendas contam e que línguas
falam. Para se ter uma ideia, só no Brasil existem mais de 180 línguas diferentes. “As crianças indígenas crescem bem mais livres, brincam na chuva, no mato. Os índios acreditam que elas são mais próximas dos espíritos antigos, por isso dão muito valor à infância”, explicou. A autora também contou que, em algumas regiões, essas crianças têm sofrido muito. “Os Guarani Kaiowá, por exemplo, vivem uma guerra constante para preservar suas terras. Lá as condições de vida são muito difíceis”.
O livro mostra como é o dia na aldeia Ikpeng. Nele, você acorda comendo mangaba e tomando banho de rio. Na hora da brincadeira, encontra animais no mato, brinca com objetos dos antigos ancestrais e constrói flechas com taboca e pena de gavião. O povo Ikpeng habita a região do Xingu, no Mato Grosso. A língua deles também se chama “Ikpeng”.
DEPOIS DO OVO, A GUERRA
Durante muito tempo, o povo Panará viveu em guerra contra o povo Txucarramãe. Eles disputavam o território da bacia do rio Peixoto de Azevedo, no Mato Grosso. No livro, as crianças Panará contam sobre a guerra entre essas tribos. Elas encenam como eram as pinturas, as armas e os acampamentos. Os Panarás também são conhecidos como “Kenakore”, que quer dizer “índios gigantes”. A língua deles é a “panará”. Hoje, eles habitam partes do Mato Grosso e do Pará.
A HISTÓRIA DE AKYKYSIA, O DONO DA CAÇA
Na aldeia Wajãpi, as crianças contam uma antiga lenda. O monstro Akykysia mora dentro da árvore sumaúma e é um canibal. Ele, que atacou a aldeia quando ela ainda era jovem, até hoje mete medo em muita gente. Os Wajãpi falam uma língua do tronco tupi-guarani. Eles vivem no Amapá, no Pará e no país Guiana Francesa.
[ leia ]
Panarás reencenam a guerra de seu povo contra os Txucarramães
Os índios Kamatxi e Eruwó apresentam a aldeia Ikpeng
Das crianças Ikpeng para o mundo, Depois do ovo, a guerra e A história de Akykysia, o dono da caça Adaptação e ilustração: Rita Carelli, exceto em Depois do ovo, a guerra, que foi adaptado por Ana Carvalho Editora Cosac Naif, 48 páginas, cada Preço: R$ 39,90, cada