14 Abril 2012
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100 anos de gl贸rias, craques e paix茫o
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100 14 de abril de 1912 As primeiras sugestões para batizar o clube foram Concórdia, Brasil Atlético e África Foot-Ball Club
Enquanto o navio Titanic afundara do outro lado do Atlântico, o alvinegro praiano dava o pontapé inicial de sua história com as cores azul, branco e dourado
No dia 14 de abril de 1912 nascia um gigante, enquanto outra afundava. Imponente desde a construção, o navio Titanic não suportou uma colisão com um iceberg ao norte do Oceano Atlântico. No mesmo dia, mas ao Sul do Atlântico, a cidade de Santos assistiu o nascimento de um dos maiores clubes do planeta. Diferente do Titanic, o Santos foi concebido de maneira discreta, porém organizada. E com um futuro pra lá de promissor. Francisco Raymundo Marques, Mário Ferraz de Campos e Argemiro de Souza Júnior foram os propulsores do Santos Foot-Ball Club. O time tomou for-
ma com a chegada de 36 jovens que compareceram à sede do Clube Concórdia, na Rua do Rosário, hoje João Pessoa, número 18, após lerem uma nota no jornal três dias antes. Nome e as cores que seriam adotadas foram as pautas da primeira reunião. Azul, branco e dourado foram as escolhidas e Concórdia, Brasil Atlético e África Foot-Ball Club foram as sugestões para o nome. No entanto, ao perceberem o quão difícil seria confeccionar roupas nestas cores, logo o branco e preto fora adotado. E quanto ao nome, Edmundo Jorge de Araújo foi o responsável pelo simples, forte e promissor ‘Santos’.
Corinthians, o primeiro a sofrer com o
Em 1914, o Santos já tinha dois jogadores campeões com a camisa da seleção brasileira
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Santos
Fundado e definido, o Santos ingressou sua caminhada vitoriosa nos campos da cidades e, posteriormente, do mundo. A primeira peleja aconteceu dia 15 de setembro de 1912, contra o Athletic Club, que hoje se tornou o Clube dos Ingleses. Em partida realizada no campo da avenida Ana Costa, o Santos venceu logo de cara por 3 a 2, e Arnaldo Silveira entrou para a história ao marcar o primeiro gol do Peixe. Em 1913, após receber convite para disputar o Campeonato Paulista, o Santos encarou o que seria seu primeiro grande desafio. O início foi trágico. 8 a 1 para o Germânia. Mas, talvez, o destino reservara algo especial para os santistas. Na segunda rodada, a primeira vitória santista em jogos oficiais veio em
cima do Corinthians, hoje seu grande rival. 6 a 3 incontestável. Neste mesmo ano, o Santos comemorou seu primeiro título. Com seis vitórias em seis jogos, o Peixe levou o Campeonato Santista de Futebol. Mas sua sala de troféus começaria a ficar farta a partir de 1935, com a conquista do Campeonato Paulista, após longo período de ausência por falta de recursos para subir a Serra. Antes disso, o Santos teve o grande orgulho de ceder dois jogadores para a seleção brasileira apenas dois anos após sua fundação. Adolfo Millon Júnior e Arnaldo Silveira vestiram a camisa do Brasil e foram campeões da Copa Rocca, antiga disputa contra os Argentinos, em 1914.
Os maiores ídolos alvinegros: Alex • 2002 a 2004 Araken Patusca • 1923 a 1929 e de 1935 a 1937 Calvet • 1960 a 1964 Carlos Alberto • 1965 a 1975 Cláudio • 1965 a 1968 e de 1972 a 1973 Clodoaldo • 1966 a 1980 Coutinho • 1958 a 1967 e 1969 a 1970 Dalmo • 1957 a 1964 Del Vecchio • 1953 a 1957 e 1965
Diego • 2002 a 2004 Dorval • 1956/1957-1964/1965-1967 Edinho • 1991 e 1994 a 1998 Edu • 1966 a 1976 Elano • 2001 a 2005 Gilmar • 1962 a 1969 Giovanni • 1994 a 1996, 2005 a 2006 e 2010 Jair da Rosa Pinto • 1956 a 1960 João Paulo • 1977 a 1983 e 1992
Lala • 1959 a 1961 Léo • 2000 a 2005 e 2009 até dias atuais Lima • 1961 a 1971 Manga • 1951 a 1960 Manoel Maria • 1968 a 1973 e 1976 Marinho Peres • 1972 a 1974 Mauro • 1960 a 1967 Mengálvio • 1960 a 1969 Oberdan • 1965 a 1969, 1971 a 1972 e 1974 a 1975
Pagão • 1955 a 1963 Pelé • 1956 a 1974 Pepe • 1954 a 1969 Pita • 1976 a 1984 Renato • 2000 a 2004 Robinho •2002 a 2005 e 2010 Rodolfo Rodríguez • 1984 a 1987 Serginho Chulapa • 1983 a 1984, 1986 e 1988 a 1990 Zito • 1952 a 1967
Gloriosos
anos 60 Numa década em que Pelé se tornou Rei e o Santos conquistou absolutamente tudo, até a Guerra parou para os mestres da bola
Anos 60. O auge de uma geração, de um clube, de um mito. A década mais marcante da história do Peixe dificilmente será repetida por qualquer clube no planeta. O domínio santista era absurdo, desigual, praticamente um reinado. E como todo reinado necessita de um rei, o Santos já tinha o seu: Pelé. Até 64, o alvinegro da Vila Belmiro conquistou 11 títulos de 12 possíveis. Entre 61 e 63 protagonizou uma séria espetacular ao se tornar bicampeão paulista, bicampeão da Taça Brasil (equivalente ao Campeonato Brasileiro), bicampeão da Copa Libertadores, bicampeão Mundial e campeão do Torneio Rio-São Paulo. Foram 24 títulos numa década de ouro do Santos. Nesse período, Pelé vivera o ápice de uma carreira jamais vista num jogador de futebol. Sempre fantástico, surpreendente e incomum, Pelé também deu a “sorte” de ter ao seu lado um esquadrão de craques que não se via em nenhum time do Brasil e da Europa. Zito, Pepe, Jair da Rosa Pinto, Lima e Mengálvio faziam parte daquela verdadeira seleção e eram o suporte para Pelé mostrar todo seu repertório. Pelé é Pelé, mas, talvez, Pelé não seria Pelé em outro clube. Acusado de ser um distribuidor de coletes de um time que parecia jogar por música, Lula marcou seu nome na história como o técnico mais vencedor do país até dos dias atuais. O condutor desse time inesquecível era Luís Alonso Peres, mais conhecido como Lula. Em 14 anos no Santos, conquistou 31 títulos, entre eles oito paulistas, 5 Taças Brasil, além dos bicampeonatos da Libertadores e do Mundial.
Pelé e mais 10 Com uma fidelidade rara no futebol dos dias de hoje, Pelé vestiu a camisa santista de
O Santos conquistou 11 títulos em 12 possível entre 61 e 63. Foram 24 títulos numa década
Ao lado, a máquina alvinegra dos anos completa. Abaixo, o time campeão do mundo em 63 sem Pelé, Calvet e Zito
1956 a 1974. Marcou 1.091 gols e conquistou todos os títulos possíveis e imagináveis. Apesar de sua enorme capacidade técnica e a certeza que poderia levar a bola até o gol, sozinho, na hora que quisesse, a maioria dos gols do Rei do Futebol tiveram participações efetivas de seus companheiros. Mesmo assim, Pelé anotou gols inesquecíveis em jogadas individuais, como o famoso “Gol de Placa’ contra o Fluminense, no Maracanã, e o misterioso gol na Rua Javari, campo do Juventus. A quem diga que foi o gol mais bonito de todos os tempos. Mas, como não há registros do feito, este fica guardado na memória dos que estavam presentes no estádio. Mais uma que só poderia acontecer com Pelé. O maior atleta do século ainda encontrava seus companheiros de Santos na seleção brasileira, já que a base era formada pelo clube da Baixada Santista e do Botafogo. Em
1957, Pelé já atuava com a amarelinha.
Desafio europeu Assim como o Santos era soberano nas Américas, o Benfica dominava a Europa. O time comandado por Eusébio fora bicampeão da Copa dos Campeões em cinco finais na década de 60. No entanto, foram sete duelos com a turma de Pelé e o máximo que o Benfica conseguiu foi um empate. Mas foi em 1963, contra outro grande clube do velho continente que o Santos mostrou do que era capaz. Num dos jogos mais marcantes da história, o Peixe, desfalcado de Pelé, Zito e Calvet perdia de 2 a 0 para o Milan diante de quase 133 mil torcedores no Maracanã. Mas uma tempestade começou a cair e com ela o encanto do Milan. Com dois gols de Pepe, um de Lima e outro de Mengálvio o Peixe virou o jogo e levou o Bi-mundial de uma maneira jamais vista.
O único time do planeta a paralisar uma Guerra Mesmo sem a tecnologia e as mídias que desfrutamos hoje em dia, o Santos era muito conhecido no mundo todo já na década de 60. Seus títulos, seus jogadores e principalmente Pelé recebiam inúmeros convites para atuar em todas as partes do Planeta. “O Santos só não levou o Brasil à Lua”, disse Pelé recentemente. Todos queria assistir de perto Pelé e cia. Inclusive os africanos, que viviam uma inten-
100
sa Guerra civil. Em 1969, o Santos recebeu um convite para jogar na África. A diretoria gostou da ideia, mas mudou de ideia assim que soube dos conflitos. O cancelamento da viagem comoveu até os no antigo Congo Belga. Mesmo em guerra, eles não queriam perder a oportunidade de saudar Pelé e o Santos. Diante disso, as partes em conflito entraram num acordo e fizeram uma pausa para
receber o Santos. Assim sendo, o Peixe chegou à África e realizou duas partidas amistosas, para delírio de uma nação que seguia o time pelas ruas até o estádio. A paz reinou por 48 horas. Foram dias marcantes para quem vivenciou aquilo e uma sensação única, porém passageira, que o Santos passou àquelas pessoas. Logo após o retorno do time santista a guerra recomeçou.
“O Santos só não levou o Brasil à Lua”, disse Pelé
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100 Títulos sem expressão marcaram uma época negra:
De 1984 a 2002, o Santos viveu sua pior fase. Seca de títulos, derrotas dolorosas e administrações conturbadas quase arruinaram o Glorioso A torcida santista sempre se sentiu privilegiada pelos craques e pelos títulos que presenciou até os anos 70. Mas máquina alvinegra não se preparou para os anos que sucederam o fim de uma geração tão vitoriosa. O Campeonato Paulista de 1984, conquistado em cima do Corinthians, no Morumbi, com gol de Serginho Chulapa, foi o início de um calvário que martirizaria os santistas até 2002. As más administrações deixaram o clube endividado, sem prestígio e num jejum de títulos que envergonhava qualquer torcedor. Em 1993, o Santos se sujeitou a jogar contra times amadores na China, inclusive times formados por soldados. Para piorar a situação, que não era fácil, algumas derrotas machucaram demais. Em 95, liderado pelo ídolo Giovanni, o Peixe chegou à final do Brasileirão de maneira espetacular e tinha pela frente o Botafogo de Túlio Maravilha. O grito de campeão estava engasgado e a nação santista não conseguia mais controlar a ânsia de pôr fim àquele jejum. No entanto, diante de um Pacaembu lotado, o ex-árbitro Márcio Rezende de Freitas teve uma de suas piores atuações na carreira. Ele validou dois gols irregulares, um de Marcelo Passos e um de Túlio. E, para piorar, anulou um gol legítimo de Camanducaia. O empate deu o título para o clube carioca e o Pacaembu, vestido de branco, chorou. O Santos demorou para se reerguer, mas em 2001, mais uma chance de acabar com aquele incômodo jejum apareceu. O Botafogo de Ribeirão Preto, surpresa naquele ano, chegou a final do Paulistão ao eliminar a Ponte Preta. Do outro lado, Santos e Corinthians duelavam por uma vaga na decisão e, consequentemente, pelo título, já que dificilmente seriam barrados pelo time do interior. Após um empate na primeira partida, o Peixe só precisava de mais uma igualdade para ir à final. E assim estava sendo até o último minuto de jogo, no Morumbi. Mas, numa jogada de Gil pela esquerda, deixando André Luiz no chão, Marcelinho Carioca fez o corta-luz e Ricardinho acertou um chute milimétrico no canto direito de Fábio Costa. Faltavam 10 segundos para o fim e o Santos caia mais uma vez.
1985 Torneio Copa Kirim (Japão) 1987 Torneio Cidade de Marseille - 1ª edição (França) 1990 Super Copa Americana (China) 1994 Copa Denner 1996 Torneio de Verão (Santos) 1997 Torneio Rio/S. Paulo 1998 Copa Conmebol
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Calvário
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Os 10 que mais vestiram o manto:
Giovanni, o Messias, virou ídolo da torcida mesmo sem ter conquistado um grande título
Administrações polêmicas Os resultados que não aconteciam no campo eram puro reflexo das administrações polêmicas, conturbadas e mal dirigidas que afligiam o Santos. Miguel Kodja Neto é um exemplo de que ponto chegou a situação do time de Vila Belmiro. O dirigente teve a petulância de demitir Pelé, o grande ídolo santista e maior jogador de todos os tempos, durante sua administração. Pelé participava das decisões do clube naquela época. Em 1994, Miguel Kodja Neto deixou a presidência ao ser acusado de desviar US$ 1,3 milhão. No mesmo ano, o Peixe teve dificuldades para saudar contas de água, luz e telefone, além ter a conta corrente bloqueada pelo Banco Central. O Santos estava se tornando um clube sem respeito, mas a maré virou e os Meninos da Vila colocaram o Peixe no seu devido lugar.
Os maiores artilheiros santistas: Nome
Gols
Período
Posição geral
Após Era Pelé
Pelé
1091
1956-1974
1º
-
Jogador
Partidas
Colocação
Pepe
405
1954-1969
2º
-
Pelé
1.106
1º
Coutinho
370
1958-1970
3º
-
Pepe
750
2º
Toninho Guerreiro
283
1963-1969
4º
-
Zito
727
3º
Feitiço
216
1927-1932/1936
5º
-
Lima
696
4º
Dorval
612
5º
Nome
Gols
Período
Posição geral
Após Era Pelé
Edu
584
6º
João Paulo
104
1977-1984/1992
18º
1º
Clodoaldo
510
7º
Serginho Chulapa
104
1983-1984/1986/1988/1990 18º
1º
Tite
475
8º
Juary
101
1976-1979/1989
21º
3º
Coutinho
457
9º
Neymar
97
2009-2012
24º
4º
Carlos Alberto
445
10º
Robinho
94
2002-2005/2010
25º
5º
‘Diego Robinho joga bola,
Em 1978, o Santos consagrou a primeira geração de Meninos da Vila, com o título do Campeonato Paulista. Chico Formiga mesclou os experientes Clodoaldo, Vitor, Aílton Lira, Gilberto Sorriso, Joãozinho, Neto e Nelsinho Baptista com os novatos Juary, João Paulo, Pita, Nilton Batata, Rubens Feijão, Zé Carlos, Toninho Vieira e Claudinho. O time fez história com seu futebol envolvente, ofensivo e vitorioso. Mas mal sabiam eles que se tornariam inspirações para um time que também encantou e acabou uma era de fracassos. Celso Roth teve o prazer de promover Diego e Robinho ao time profissional. O meia estreou com apenas 16 anos numa vitória por 3 a 0 sobre o América-RJ. Robinho, que parecia um ‘filé de borboleta’, entrou no time profissional do Santos pela primeira vez na vitória de 2 a 1 sobre o São Paulo. Daí em diante, os dois não parariam mais de crescer e logo se tornaram os líderes de uma geração. Comandado por Emerson Leão, o Santos encontrou dificuldades no início desta reformulação. Normal, para um time com tantos garotos inexperientes. O time jogava para frente, agradava os olhos dos torcedores, surpreendia, mas pagava por ser imaturo demais e perdia pontos bobos no concorrido Campeonato Brasileiro. E graças a uma goleada inesperada do Gama, que apenas cumpria tabela na última rodada da primeira fase, sobre o Coritiba, o Peixe avançou para a segunda fase em oitavo, o último a garantir vaga. Foi então que Diego, Robinho, Renato, Elano, Alex e Léo assumiram de vez a responsabilidade e, destemidos, encararam os grandes favoritos de cabeça erguida. A primeira vítima foi o São Paulo, que contava com Ricardinho, Kaká e Luis Fabiano. O Grêmio, adversário nas semifinais, nem viu a cor da bola, e o Peixe chegou à final após sete anos.
bi ao pedalar oito vezes na frente de Rogério antes de ser tocado. Pênalti. E ele, que não era o batedor oficial, pediu a bola. Era seu dia. Gol do Santos. A festa começara. O Corinthians reagiu. Mas nada parecia ser capaz de tirar o título brasileiro dos Meninos da Vila naquela tarde de 15 de dezembro: Fábio Costa fez defesas milagrosas e Robinho deu assistências para Elano e Léo marcarem, selando a vitória por 3 a 2. O Santos, enfim, era campeão de novo. O time que encantou o Brasil por pouco não conquistou a América em 2003. O Peixe parou no Boca Juniors, liderado por Carlitos Tevez. No Brasileirão daquele ano, mais um vice, ficando atrás do Cruzeiro de Luxemburgo, que assumiu o lugar de Emerson Leão no ano seguinte. Luxemburgo levou o Peixe até às quartas da Libertadores, quando o time caiu para o Once Caldas. No entanto, no fim do ano, a torcida santista começava a voltar a ter a rotina de gritar ‘É campeão’. Mais uma vez liderados por Robinho, o Peixe levantou o caneco do Brasileirão e consagrou uma geração.
A nova geração de Meninos da Vila encanta o Brasil e acaba com o jejum de títulos do Santos
deita e rola’
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Fábio Costa, Alex, Léo, Renato, Elano, Diego e Robinho eram as grandes estrelas do famoso time de 2002
Celso Roth foi o técnico responsável pela promoção de Robinho e Diego ao time profissional do Santos
Pedala, Robinho grande final chegou e o Corinthians, grande rival do Peixe, era o adversário. Com jogadores renomados e com dois títulos conquistados naquele ano (Copa do Brasil e Rio-São Paulo), o Corinthians tinha cara de favorito. Mas, logo no primeiro jogo, o Peixe não se intimidou e abriu a vantagem de dois gols. Alberto e Renato marcaram. Na segunda e decisiva partida, o Santos tomou um baque logo no início. Diego sentiu contusão e saiu de campo. Robert entrou. Mas o dia estava reservado para Robinho. O moleque, negro, de pernas finas, sacudiu o Morum-
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100 “O raio caiu três vezes no mesmo lugar”, disse presidente Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro
“Joguei com muitos craques e comandei muita gente boa, mas nunca vi ninguém como o Neymar”, chegou a dizer o sempre sério Muricy Ramalho.
Moicano vira moda Preparado para brilhar desde criança, Neymar superou todas as expectativas e, mesmo tão jovem, já se tornou ícone de uma geração
Predestinado. Talvez essa seja a palavra que melhor defina a maior joia santista dos últimos anos. Neymar foi programado para ser craque desde criança. Uma aposta que deu mais certo do que imaginavam os mais otimistas. Nas categorias de base do Peixe, Neymar já recebia um salário acima da média com uma multa de 30 milhões de euros e contrato até 2014. Em 2009, aos 17 anos, diante do Oeste, no Pacaembu, Neymar entrou pela primeira vez numa partida oficial do time profissional do Santos. Rodeado de expectativa, o garoto, que de tão magro parecia vestir uma camisola, jogou aproximadamente 30 minutos e acertou uma bola na trave. Mas aquele ano servira apenas como adaptação para Neymar. Já em 2010, com o retorno de seu ídolo Robinho e acompanhado de Paulo Henrique Ganso, que além de seu amigo, também já despontava como um raro camisa 10 de ofício, Neymar começou a deslanchar. O time do Santos parecia reviver os áureos tempos dos Meninos da Vila, agora com Ganso, Robinho, Neymar e André. Juntos, eles levaram o Paulistão e recolocaram o Peixe na Libertadores ao conquistarem o inédito título da Copa do Brasil ante o Vitória.
Soy loco por ti, América
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Com Neymar mais maduro, o Santos iniciou o ano de 2011 com fome de títulos. Enfrentou um período conturbado com trocas de técnicos e a interminável polêmica sobre os direitos federativos de Ganso. Foi então que chegou Muricy Ramalho. O técnico, tantas vezes campeão na carreira, colocou ordem na questionada defesa santista, resgatou Ganso e viu Neymar dar show atrás de show. Dessa forma, o Santos se vingou da derrota sofrida para o Corinthians na final do Paulistão de 2009. Mais uma taça para a coleção de Neymar. Agora o foco era total na Libertadores. Um dos títulos mais difíceis do planeta e que o Santos não conquistava desde 1963. Apesar de atuar em ambientes hostis, com gramados ruins e com um time muito jovem, o Peixe tinha a seu favor o experiente técnico Muricy, a calma e sabedoria de Ganso e a improvisação e poder de decisão de Neymar. Numa final contra o tradicional Peñarol, do Uruguai, o Peixe suportou a enorme pressão da torcida amarela e preta e veio para o Pacaembu precisando de uma vitória simples. E aí, Neymar mais uma vez fez questão de colocar seu nome na história do clube da Vila Belmiro. Com um gol seu, em jogada iniciada por Paulo Henrique Ganso e Arouca, e outro de Danilo, o Santos mais uma vez conquistou a América e coroou uma era. A era Neymar.
Fim de ano de aprendizado Com o título da Libertadores, o Santos garantiu presença no Mundial de Clubes da Fifa, disputado no Japão. Com o Barcelona provando a cada jogo ser praticamente imbatível e Lionel Messe honrando o título de melhor do mundo, criou-se uma grande expectativa para o confronto entre os times e entre os craques sulamericanos. Mas, logo no início da partida, o time espanhol mostrou que ainda estava num nível muito superior como equipe. O Barça ganhou com sobras por 4 a 0, com gols de Messi (2), Xavi e Fábregas, e sagrou-se campeão mundial. “Aprendemos como se joga futebol. Vamos levar essas lições para o Brasil”, lamentou um abatido Neymar. Pouco tempo depois, Neymar voltara a encontrar seus algozes do Barcelona. Desta vez para uma disputa individual. Messi, inquestionável, levou o prêmio de Melhor Jogador do Mundo pela terceira vez. Mas Neymar também foi reconhecido pela Fifa por seus belos lances. O craque alvinegro ganhou o prêmio Puskas pelo gol mais bonito de 2011, anotado na derrota por 5 a 4 para o Flamengo, na Vila Belmiro, pelo Campeonato Brasileiro. Quem sabe o troféu de Melhor do Mundo não mude de mãos na próxima temporada?
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Lista de títulos do Santos FC 1913 - Campeão Santista (invicto) 1915 - Bicampeão Santista (invicto) 1928 - Campeão Torneio Início (Apea) 1935 - Campeão Paulista (LPF) 1937 - Campeão do Torneio (LPF) 1948 - Campeão da Taça Cidade de Santos 1948 - Vencedor da Taça das Taças 1949 - Campeão da Taça Cidade de São Paulo 1951 - Torneio Quadrangular de Belo Horizonte (Campeão Invicto) 1952 - Campeão do Torneio (FPF) 1952 - Campeão da Taça Santos 1955 - Campeão Paulista (2º) 1956 - Campeão da Taça Gazeta Esportiva (24 jogos invicto) 1956 - Torneio Internacional da FPF 1956 - Campeão do Torneio de Classificação (17 jogos invicto) 1956 - Bicampeão Paulista (3º) 1958 - Campeão Paulista (4º) 1959 - Troféu Dr. Mário Echandi 1959 - Torneio Pentagonal do México 1959 - Torneio Roberto Gomes Pedrosa (Rio/S. Paulo) 1959 - Troféu Tereza Herrera (Espanha) 1959 - Torneio de Valencia (Espanha) 1960 - Troféu de Gialorosso (Itália)
1960 - IV Torneio de Paris 1960 - Campeão Paulista (5º) 1961 - Torneio da Costa Rica 1961 - Torneio Pentagonal de Guadalajara (México) 1961 - Bicampeão do Torneio Paris 1961 - Torneio Itália/61 1961 - Bicampeão Paulista (6º) 1961 - Campeão Brasileiro (1º) Taça Brasil 1962 - Bicampeão Brasileiro - Taça Brasil 1962 - Campeão Sul-Americano Interclubes 1962 - Tricampeão Paulista (7º) 1962 - Campeão Mundial Interclubes 1963 - Tricampeão Brasileiro - Taça Brasil 1963 - Torneio Roberto Gomes Pedrosa (Rio/S. Paulo) 1963 - Bicampeão Sul-Americano Interclubes 1963 - Bicampeão Mundial Interclubes 1964 - Bicampeão do Torneio Roberto Gomes Pedrosa(Rio/S. Paulo) 1964 - Campeão Paulista (8º) 1964 - Tetracampeão Brasileiro - Taça Brasil 1965 - Torneio Hexagonal do Chile 1965 - Torneio de Caracas (Venezuela) 1965 - Torneio Quadrangular de Buenos Aires (Argentina) 1965 - Bicampeão Paulista (9º)
1965 - Pentacampeão Brasileiro - Taça Brasil 1966 - Torneio Roberto Gomes Pedrosa (Rio/S. Paulo) 1966 - Torneio de Nova York 1967 - Campeão Paulista (10º) 1967 - Torneio Triangular de Florença 1967 - Torneio Rubens Ulhoa Cintra 1968 - Torneio Amazônia 1968 - Torneio Octogonal Chile (Nicolau Moran) 1968 - Bicampeão Paulista (11º) 1968 - Torneio Pentagonal de Buenos Aires 1968 - Hexacampeão brasileiro - Torneio Roberto Gomes Pedrosa (1ª Taça de Prata) 1968 - Recopa - Sul-Americano Interclubes 1968 - Recopa - Mundial Interclubes 1969 - Tricampeão Paulista (12º) 1969 - Torneio de Cuiabá 1970 - Torneio Hexagonal do Chile 1970 - Taça Cidade de São Paulo 1971 - Torneio de kingston - Jamaica - Triangular 1972 - Fita Azul do Futebol Brasileiro (17 partidas invicto) 1973 - Campeão Paulista (13º) 1975 - Torneio Governador do Estado - Taça Laudo Natel 1975 - Torneio Governador da Bahia (Roberto Santos)
1977 - Torneio Hexagonal do Chile 1977 - Torneio Triangular do México (Leon) 1978 - Campeão Paulista (14º) 1983 - Torneio Vencedores da América (Uruguai) 1983 - Torneio Cidade de Barcelona (Espanha) 1984 - Torneio Início 1984 - Taça dos Invictos da Gazeta Esportiva Nova Série 1984 - Campeão Paulista (15º) 1985 - Torneio Copa Kirim (Japão) 1987 - Torneio Cidade de Marseille - 1ª edição (França) 1990 - Super Copa Americana (China) 1994 - Copa Denner 1996 - Torneio de Verão (Santos) 1997 - Torneio Rio/S. Paulo 1998 - Copa Conmebol 2002- Heptacampeão brasileiro-Campeonato Brasileiro (1º) 2004- Copa Federação Paulista de Futebol (Santos B) 2004- Octacampeão brasileiro- Campeonato Brasileiro (2º) 2006 - Campeão Paulista (16º) 2007 - Bicampeão Paulista (17º) 2010 - Campeão Paulista (18º) 2010 - Campeão da Copa do Brasil (1º - nono título nacional) 2011 - Bicampeão Paulista (19º)
Com a palavra, o 100 11 vezes artilheiro do Campeonato Paulista. 1957 - Santos (17 gols) 1958 - Santos (58 gols) 1959 - Santos (45 gols) 1960 - Santos (33 gols) 1961 - Santos (47 gols) 1962 - Santos (37 gols) 1963 - Santos (22 gols) 1964 - Santos (34 gols) 1965 - Santos (49 gols) 1969 - Santos (26 gols) 1973 - Santos (11 gols)
Com uma vida dedicada ao Santos, Pelé elege momentos inesquecíveis, parceiros especiais e faz um pedido à torcida santista
58 gols em um único campeonato, o Paulista de 1958. Abaixo só aparece ele próprio, com 49 gols em 1965
Nome: Edson Arantes do Nascimento Posição: meia-atacante Filiação: João Ramos do Nascimento (Dondinho) e Celeste Arantes do Nascimento Data e Local de Nascimento: 23/10/1940, em Três Corações (MG) - Brasil
1 vez artilheiro da Copa América(8 gols em 1959)
Chuteira: 39 Estreia como profissional: Santos FC 7 X 1 Corinthians de Santo André
2 vezes artilheiro da Taça Brasil 1961 - Santos (9 gols) 1963 Santos (12 gols)
Jogos: 1.365 jogos Gols: 1.281 gols Jogos pelo Santos: 1.116 jogos
4 vezes artilheiro do Torneio Rio-São Paulo 1961 - Santos (7 gols) 1963 - Santos (15 gols) 1964 - Santos (3 gols) 1965 - Santos (7 gols) 1 vez artilheiro do Mundial interclubes 1962 - Santos (3 gols) 1 vez da Taça Libertadores da América 1963 - Santos (11 gols) 7 milhões de dólares pagos pelo Cosmos para ter Pelé
P.8 14 Abril 2012
encarte Especial
Gols pelo Santos: 1.091 gols Jogos pela Seleção Brasileira: 114 jogos Gols pela Seleção Brasileira: 95 gols Clubes: Santos FC (1956 a 1974) e Cosmos (1975 a 1977)
É sempre muito complicado falar de Pelé. Faltam adjetivos, sobram feitos para citar. Mas o maior jogador de todos os tempo sempre se coloca em segundo plano quando o assunto é o Santos Futebol Clube. “Agradeço a Deus por ter me colocado no Santos”, diz Pelé costumeiramente. Neste centenário santista, não havia maneira do eterno camisa 10 não ser o protagonista em todas as homenagens e citações. Foram 18 anos vestindo o manto alvinegro, mais de mil gols e todos os títulos possíveis para um jogador de futebol da época. Mesmo com uma carreira que transborda boas lembranças, Pelé consegue eleger seus momentos mais especiais. “É difícil citar apenas um momento numa carreira de 18 anos de sucesso num clube. O mais emocionante e inesquecível foi quando eu me ajoelhei no meio do campo do Maraca-
nã na minha despedida, contra a Ponte Preta. Outro momento inesquecível também aconteceu no Maracanã: o milésimo gol. E não podia deixar de citar o meu 1º jogo e 1º gol na minha estreia, com 16 para 17 anos, contra com o Corinthians de Santo André”, disse Atleta do Século XX. O Brasil sempre foi um grande seleiro de craques. O país borbulha de garotos talentosos a todo momento e grandes jogadores não para de surgir. Mas, na época de Pelé, esses craques eram ainda maiores. Talvez, gênios com a bola nos pés. Mesmo rodeado por uma porção deles tanto no Santos quanto na seleção brasileira, Pelé não titubeia quando questionado sobre quem foram os melhores que atuaram ao seu lado. “Tive excelentes parceiros, mas sem dúvida os que mais marcaram foram Zito no meio de campo, Dorval, Coutinho e Pepe”.
Uma curiosidade na vida de Pelé é que o seu maior momento como torcedor aconteceu quando ele ainda era jogador do Peixe. “Como torcedor, tive várias alegrias. A maior foi ver o Santos ser bicampeão mundial, no Maracanã, contra Milan”, contou o Rei do Futebol, lembrando do jogo de 1963, quando teve que assistir de fora a incrível virada do Santos pra cima dos europeus. Neste dia tão especial, no qual o clube completa o seu primeiro centenário, Edson Arantes do Nascimento, natal de Três Corações, Minas Gerais, com a autoridade de ser Pelé, faz um pedido para toda a nação santista. “O Santos é o time brasileiro mais conhecido no mundo. Peço aos torcedores que nos ajudem para nunca perdermos este título. Com as nossas excursões pelo mundo nós ajudamos a tornar o Brasil conhecido. Meus Parabéns ao Santos!”.