A p r e s e n taç ão Equipe de colaborador@s do CCEA, sob coordenação da Profª. Drª. Nadir Esperança A zibeiro
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ais do que um roteiro a ser seguido, o PPP de uma entidade viva constitui-se na sistematização de uma prática, remetendo à sua qualificação e multiplicação. Assim, o PPP do CCEA foi-se constituindo a partir do repensar coletivo sobre sua própria origem e os desafios que período a período a Entidade vem sendo chamada a assumir. Tendo sua sede, até o primeiro semestre deste ano, incrustada na Comunidade do Monte Serrat, uma das integrantes do Maciço do Morro da Cruz, região a um tempo central e periférica da Capital do estado de Santa Catarina, trabalhar com as pessoas que a sociedade coloca mais à margem, para com elas construir possibilidades de inserção social e garantia de direitos, vem-se estabelecendo como uma de suas escolhas prioritárias.
Essa Comunidade, de origem quilombola, viu crescer, a partir de meados dos anos 1980, o empobrecimento e a violência, aumentada pela expansão do tráfico nos Morros. Em meados dos anos 1990, um grupo de mulheres, negras em sua maioria, decidiu dar um basta a essa situação. Com o apoio de pessoas voluntárias, começaram a buscar formas de organizar atividades que ocupassem seus filhos e filhas nos horários em que não estavam na escola, e lhes abrissem possibilidades de outras alternativas de futuro. Para isso, bem cedo, além das atividades lúdicas e formativas, começaram a procurar parcerias para buscar, na Cidade, vagas de trabalho para @s jovens do Morro, ampliando a garantia de seu direito à vida e trabalho com dignidade. Em seguida, uniram-se também à Comissão de Educação do Fórum
do Maciço, para ampliar as vagas em escolas e universidades, e bolsas de estudo, para a elevação da escolaridade e qualificação profissional de seus filhos e filhas. Em 2005, o CCEA iniciou uma importante parceria com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) do Governo Federal, no âmbito do Programa Primeiro Emprego, o Projeto Aroeira, que levou à qualificação profissional de 3.200 jovens e inserção laboral de mais de 50% del@s. Esta grande iniciativa alavancou o trabalho com adolescentes e jovens para a conquista e garantia de seus direitos, expandindo a ação da entidade para outras áreas e comunidades empobrecidas da Grande Florianópolis. Ampliando sua rede interna, o CCEA manteve sua ação focada nas juventudes de Comunidades empobrecidas, buscando também a ampliação de sua rede externa, de modo a obter a sustentabilidade política e financeira. Nesse percurso, ações foram surgindo e se transformando, a partir dos desafios da realidade e das possibilidades d@s parceir@s envolvid@s, buscando alargar horizontes e possibilidades d@s jovens e suas famílias e impactar as Políticas Públicas, nos âmbitos municipal, estadual e federal, através da participação em Conselhos e Fóruns.
Este Projeto Político Pedagógico quer ser a Expressão desse compromisso coletivo, tendo incidência direta e imediata sobre as ações e relações estabelecidas pela Entidade e na Entidade, no micro, no dia-a-dia, e no macro, através da participação efetiva nos espaços de controle social, imprimindo sua marca nos processos de formulação, implementação e avaliação de Políticas Públicas, que promovam a ampliação da conquista e garantia de direitos às populações mais vulnerabilizadas, e aos seus territórios. Um projeto político-pedagógico escolhe um rumo, um sul: uma direção e um sentido para o sersentir-pensar-agir individuais e coletivos. Ao falarmos em escolher um sul, ao invés de um norte, como se faz habitualmente quando se quer definir um direcionamento, já estamos demonstrando uma escolha, fazendo uma denúncia e um anúncio. Ao mesmo tempo em que denunciamos o jeito de ser hegemônico em nosso mundo, que exclui ou desqualifica o diferente para se sentir vitorioso, que o explora, destrói, subalterniza, anunciamos a escolha de uma outra lógica, um outro jeito de ser, que não precisa subjugar o outro ou destruir o meio ambiente para poder se afirmar.
Assim, entendemos que um Projeto Político Pedagógico é um propósito e um processo, uma ação intencional continuada e sempre retomada, um compromisso definido e assumido coletivamente, a cada dia, por um grupo que sabe que não basta a vontade política para se atingir qualquer objetivo. Mas sabe também que sem essa vontade, retomada e reafirmada coletivamente a cada instante, não se atinge nenhum objetivo. Por isso, ao apresentarmos o PPP do Centro Cultural Escrava Anastácia - CCEA, tornamos explícito nosso compromisso com a implementação de Políticas Públicas que viabilizem a geração de oportunidades para as juventudes das periferias, ao mesmo tempo em que a possibilidade de vivermos numa sociedade mais justa e menos violenta.
m i s s ão
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CCEA surgiu a partir da força, intuição e decisão de um grupo de mulheres da comunidade do Mont Serrat, que queriam abrir possibilidades para que seus filhos não se deixassem enredar nas malhas do tráfico e da criminalidade. Por isso, assumiu como missão o
empoderamento de pessoas e coletivos na superação de suas vulnerabilidades, para que se tornem protagonistas na construção de uma vida digna e de um mundo mais solidário e sustentável.
Essa missão se operacionaliza no cotidiano, através das ações específicas de cada projeto, definida nos Planos de Trabalho dos Convênios ou parcerias, com base no PPP do CCEA. O foco das ações do CCEA é o Cuidado com a Vida, manifestado na desconstrução de qualquer tipo de discriminação e no apoio à inserção laboral efetiva d@s jovens.
Ao definir como prioridade o trabalho com as periferias, o CCEA explicita sua escolha por pensar e agir a partir das margens. Nesta perspectiva ético-políticoepistemológica, as periferias não se definem pela oposição ou afastamento de um centro, mas pela opção pelo fronteiriço, pelo marginal, como a possibilidade da emergência de vozes, culturas, histórias, linguagens e interesses silenciados ou excluídos na modernidade ocidental. Opção que trabalha não por oposições e exclusões, mas que busca a possibilidade da emergência do novo no encontroconfronto dos diferentes. Ao se dispor à articulação de sujeitos coletivos, o CCEA expressa sua escolha por um trabalho que se organiza e desenvolve em redes e a partir de redes. Pensar na articulação em redes supõe o entendimento de ações e relações que mantêm ao mesmo tempo as conexões e a autonomia, a coerência com escolhas ético-políticas que possibilitem a desconstrução de subalternidades e a flexibilidade, que permite a criatividade e o crescimento.
escolha s teórico -metodológicas
A
o optarmos por andar na contracorrente do jeito de ser dominante na modernidadecolonialidade ocidental, estamos fazendo escolhas com implicações teóricas e metodológicas, ou seja, que questionam – todo o tempo – nosso jeito de ser-sentirpensar-agir. Em outras palavras, escolhas que vão dirigir nossas intencionalidades, nossas ações e as relações que estabelecemos com @s jovens e com tod@s @s parceir@s deste processo educativo. Essas escolhas – ou valores - que vão nos ajudar a definir critérios e metas no trabalho e nas relações de cada dia são: o cuidado com a vida,
a opção pela desconstrução de subalternidades, pensar e agir a partir das margens e a sustentabilidade. Os moradores e moradoras de comunidades de periferia urbana não são apenas marginalizados, mas também liminalizados, ou seja, vivem em um entrelugar, na fronteira entre dois mundos. Ao invés de olhar essa situação como carência, percebemos – e queremos possibilitar que escolas, ong’s, governos e, sobretudo, el@s mesm@s também percebam – as intensidades de vida, desejo, criatividade e curiosidade que carregam consigo, e que definem suas imensas potencialidades. Por isso escolhemos pensar e agir a partir das margens, trazendo para o centro das atenções modos de ser, sentir, pensar e agir que foram silenciados, ignorados ou desclassificados na modernidade ocidental. Ao mesmo tempo entendemos como Maturana e Varela que, vivendo no mundo, somos parte integrante dele e o constituímos, do mesmo modo que somos por ele constituídos. A vida é um processo de conhecimento. Os seres vivos constituem esse
processo – e são constituídos por ele - a partir da interação. Por isso o cuidado com a vida, em todas as suas instâncias e dimensões – e a qualidade da vida vivida – é o primeiro critério de nossas escolhas. Mas esse critério está o tempo todo entrelaçado a outros três: a opção pela desconstrução de subalternidades, por pensar e agir a partir das margens e pela busca da sustentabilidade, entendida como o equilíbrio que cria a possibilidade de continuar, de avançar, de compartilhar e crescer. A epistemologia hegemônica na modernidade ocidental entende o conhecimento como um fenômeno baseado em representações mentais que fazemos do mundo. Este conteria informações. E nossa tarefa seria extraí-las por meio da cognição. Essa posição teórica tem o mesmo direcionamento das disposições práticas e éticas hegemônicas, que vêem o mundo como uma coisa a ser explorada em busca de benefícios. Essa é a base da cultura extrativista e exploratória da modernidade ocidental. A idéia de extrair recursos desse mundo-coisa estendeu-se às pessoas. E a exploração do outro e da natureza tornou-se o jeito de ser, naturalizado e definido como normal. Mais ainda, esse jeito passou a ser entendido como
o único válido, desclassificando e desprezando não apenas os jeitos diferentes, mas as pessoas e contextos diferentes. Enquanto a modernidade se centra num jeito de olhar que admite uma única perspectiva como correta ou verdadeira, que podemos chamar de monotópico, o reconhecimento da modernidadecolonialidade, proposta pelo pensamento fronteiriço, ou por esse jeito de pensar e agir a partir das margens, quer se abrir para a pluralidade ou pluri-versalidade epistêmica, isto é, possibilitar a emergência e o acolhimento de outras lógicas, outros jeitos de ser-sentir-pensar-agir. Este outro pensamento não quer se colocar como o oposto do pensamento hegemônico, instituindo, não é demais reafirmar, uma outra universalidade, uma outra verdade absoluta. Quer antes se constituir como suas outras faces, alternativas e complementares, que com ele coexistem e interagem. Pensamento complexo, dialógico, polifônico, pluritópico, intercultural, que busca ativar saberes locais, ainda que descontínuos, desqualificados, não legitimados, contra a instância teórica unitária que pretenderia depurá-los, hierarquizá-los, ordená-los em nome de um conhecimento verdadeiro, em nome de uma ciência detida apenas por alguns.
Esta perspectiva exige ir além do reconhecimento e do acolhimento das diversidades, da crítica aos racismos e discriminações, da lógica das exclusões ou inclusões resultantes de preconceitos ou estereótipos. Pede atenção à própria produção dos significados, sempre ambivalente, deslizante, intercambiante. Atenção ao jogo de forças que se produz a cada momento, em cada situação, em cada relação. Atenção aos contextos culturais, políticos, históricos e sociais em que se movem – e des-locam – os sujeitos em relação. Atenção às possibilidades de reinscrição, de alteração dos significados, das relações e das políticas de verdade vigentes: da transformação das pessoas, das relações, da realidade. Escolhendo pensar, agir e cuidar da vida, a partir das margens, escolhemos ainda a desconstrução de
subalternidades como critério de nossos planejamentos e intervenções político-pedagógicas. Entendemos que desconstruir a relação de subalternidade é transformá-la em relação de reciprocidade, não como um pacífico, conciliador e amorfo face a face, mas como a potenciação dos paradoxos, das contradições, explodindo na construção de significados e relações solidárias, dialógicas, respeitosas do jeito de ser-sentir-pensar-agir de cada outr@, ao mesmo tempo que insatisfeitas com qualquer situação de acomodação, injustiça ou exploração. Desconstrução de subalternidades, cuidado com a vida, pensar e agir a partir das margens e sustentabilidade constituem-se, desse modo, em escolhas políticas, teóricas e metodológicas que vão ser nossos critérios no planejamento, ação e avaliação. Por isso nos desafiamos a nos posicionarmos não como salvador@s dess@s jovens, ou de todas as pessoas e comunidades com que trabalhamos, mas junto com el@s pensar e constituir caminhos que gerem possibilidades, impactando as políticas públicas, de forma a estender a toda a sociedade a possibilidade de experimentar um outro mundo possível.
CUIDADO COM A VIDA Cuidar da Vida é respeitar-se, respeitar cada Outr@. Respeitar a Natureza e a Vida em toda a sua diversidade. É reafirmar com gestos e atitudes do dia a dia a dignidade da Vida e o empenho por viver e apoiar cada outr@ na busca por uma vida digna e um mundo mais justo e solidário. É assumir que com a ampliação dos horizontes, das possibilidades, dos direitos garantidos, aumenta também a responsabilidade e o
compromisso com o bem comum. É a busca do entendimento mútuo, da solidariedade, da cooperação. “A Vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isto pode significar escolhas difíceis. Entretanto, necessitamos encontrar caminhos para harmonizar a diversidade com a unidade, o exercício da liberdade com o bem comum, objetivos de curto prazo com metas de longo prazo” (Carta da Terra).
DESCONSTRUÇÃO DE SUBALTERNIDADES Quando assumimos a perspectiva da desconstrução de subalternidades, cada pessoa se olha e é olhada a partir de sua resiliência: da força que tem para superar as adversidades, para seguir adiante. Cada pessoa, nessa perspectiva, se torna protagonista de sua história, comprometendose com a transformação de sua realidade, responsabilizando-se
pelo seu próprio crescimento e do seu entorno. “O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo dom da vida e com humildade em relação ao lugar que o ser humano ocupa na natureza” (Carta da Terra).
SUSTENTABILIDADE O Jeito de ser ainda hegemônico é ecologicamente predatório, socialmente perverso, politicamente injusto. Leonardo Boff, ao falar sobre a Carta da Terra, lembra que “sustentabilidade é toda a ação destinada a manter as condições energéticas,
informacionais, físico-químicas que sustentam a Terra e todos os seres que nela habitam”. “A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida” (Carta da Terra).
PENSAR E AGIR A PARTIR DAS MARGENS No jeito de ser da modernidade ocidental, foram subalternizadas as periferias e as pessoas que as habitam, foram colonizados o pensamento, os sentimentos, as falas e as ações de tod@s @s que se colocam como diferentes do padrão hegemônico. “Os padrões dominantes
de produção e consumo estão causando devastação ambiental, esgotamento dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos equitativamente” (Carta da Terra).
eixos articuladores dos processos educativos
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ara ser coerente com essas escolhas, os processos educativos desenvolvidos pelo CCEA buscam ter como ponto de partida as histórias de vida das pessoas envolvidas nesses processos, seus contextos sócio-culturais e perspectivas de inserção crítica na sociedade. A consideração desse chão em nenhum momento perde de vista o compromisso com a transformação das relações de exploração em relações de respeito e solidariedade e com a luta pela construção de uma cidadania planetária, baseada na saúde da Terra e na igualdade entre as pessoas. A comunidade humana é una e diversa. A modernidadecolonialidade ocidental se constituiu a partir de um olhar que rotula @ Outr@, diferente, como selvagem, primitivo, ignorante, inferior... Seus territórios são tratados como
“terra-de-ninguém” e alvos de uma postura exploradora, extrativista, mercantilizadora. Acreditar num outro mundo possível, nos remete a escolher dar outra direção a nossas ações, tendo como seus eixos articuladores o Cuidado com a Vida, a Desconstrução de Subalternidades, o Pensar e Agir a partir das Margens e a Sustentabilidade. A cidadania planetária não pode ser apenas ambiental, porque a pobreza, o analfabetismo, o preconceito, o consumismo, a corrupção tiram a Vida do Planeta. Então, o Respeito pela Comunidade de Vida, a Integridade Ecológica, a Justiça Social e Econômica, a Democracia, Não Violência e Paz constituem-se em nossas grandes escolhas e nos eixos articuladores de todos os processos desenvolvidos nos vários projetos do CCEA, entendidos, todos eles, como educativos.
monitoramento e avaliação Para aferir e comunicar as aprendizagens decorrentes dos processos desenvolvidos, assim como os resultados dessas
ações, o CCEA definirá metas de desempenho, ou indicadores, sobretudo no que diz respeito à sustentabilidade e inserção.
rede de projetos e projetos em rede Uma das características / especificidades do trabalho do CCEA é sua organicidade. O que estamos entendendo por isso? O CCEA se apresenta como uma rede de projetos que se apoiam e interatuam. Dessa forma, adolescentes e jovens circulam pelos vários espaços, onde são
conhecid@s e acolhid@s, o que estimula sua autonomia e criatividade. Ao mesmo tempo, essa ampliação do seu território desperta nel@s a vontade de participar de fóruns ainda mais amplos, onde se propõem e avaliam as políticas públicas.
impacto nas políticas públicas Não nos entendemos como uma entidade que executa serviços ou assume o papel de implementar políticas sociais, das quais o Estado não dá conta. Entendemos, sim, que como organização oriunda de um movimento da sociedade civil, assumimos o papel de estar junto aos setores mais vulnerabilizados, implementando processos que apoiem o aumento da consciência
dos direitos e o envolvimento na conquista de políticas públicas mais efetivas. Participamos, ao mesmo tempo, dos espaços de controle social e gestão das políticas, marcando presença na busca da conquista e ampliação do acesso aos direitos e à participação efetiva da sociedade na gestão das Políticas Públicas.
CCEA 2013 – Garantia de Direitos, Formação, Inserção
projetos desenvolvidos pelo centro cultural escrava anastácia Casa de Acolhimento Darcy Vitória de Brito Acolhimento institucional a crianças e adolescentes, organizado segundo princípios, diretrizes e orientações do Estatuto da Criança e Adolescente. Tem por objetivos: acolher e garantir proteção integral a crianças e adolescentes, de ambos os sexos; contribuir para a prevenção
do agravamento de situações de negligência, violência e ruptura de vínculos; restabelecer vínculos familiares e/ou sociais; possibilitar a convivência comunitária; promover acesso à rede socioassistencial, aos demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos e à ticas públicas setoriais; favorecer o surgimento e o desenvolvimento de aptidões, capacidades e oportunidades para que os indivíduos façam escolhas com autonomia; promover o acesso a programações culturais, de lazer, de esporte e ocupacionais internas e externas, relacionandoas a interesses, vivências, desejos e possibilidades do público, além de preservar vínculos com a família de origem, salvo determinação judicial em contrário; e desenvolver, sobretudo com os adolescentes condições para a independência e o autocuidado (Resolução CNAS Nº 109/2009).
Frutos do Aroeira Casa de Convivência vinculada ao Departamento de Ações Socioeducativas da Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania, que acolhe adolescentes e jovens, de 15 a 21 anos, em cumprimento de medida socioeducativa de semiliberdade. Pautando-se pelas diretrizes do SINASE, busca reaproximar adolescentes e jovens de suas famílias e comunidades,
buscando também a articulação das várias políticas setoriais que visam à integração da população mais vulnerabilizada ao mundo do trabalho e a aproximação com órgãos e entidades governamentais e não governamentais que ofertam ações de formação profissional, inclusão produtiva e intermediação de mão de obra (Resolução CNAS Nº 18/2012).
Procurando Caminho Ação do Centro Cultural Escrava Anastácia – CCEA, iniciada em março de 2007, por solicitação de jovens da Comunidade Chico Mendes – bairro Monte Cristo. Tem como objetivo: Apoiar adolescentes e jovens de comunidades empobrecidas do estado de Santa Catarina, envolvidos com a criminalidade e o narcotráfico, para que encontrem outras oportunidades em suas vidas e se tornem protagonistas de sua própria história. A maioria dos adolescentes e jovens, quando inicia sua participação no Projeto, está fora da escola, não possui documentos, vive à margem da família e tem forte envolvimento com o narcotráfico. Até 2012, 1402 adolescentes e jovens passaram pelo Projeto. Destes, 90% voltaram
a estudar e 95% não vendem nem usam mais nenhum tipo de droga. Diante desses resultados, o CCEA buscou apoio junto ao Governo do Estado para expandir o projeto para outras comunidades. Em 2013, o projeto recebeu o Prêmio ANU, oferecido pela CUFA em reconhecimento como a melhor iniciativa social do estado de Santa Catarina. A premiação, somada aos bons indicadores de resultados, reforçam que o projeto está tendo o impacto proposto apresentando-se como opção viável (técnica e financeiramente) para ser ampliado e replicado em outras comunidades.
Casa de Acolhimento para Populações em Situação de Rua Presta serviço de acolhimento institucional para adultos em processo de saída das ruas, em fase de reinserção social, de restabelecimento dos vínculos sociais e construção de autonomia. O tempo de permanência é
definido em função do projeto individual, formulado em conjunto com os profissionais de referência da equipe. O atendimento apoia a qualificação, a (re)inserção laboral e escolar e a (re)construção de seu projeto de vida. (Resolução CNAS Nº 109/2009).
Programa Jovem Aprendiz Ação de qualificação profissional e inserção laboral de adolescentes e jovens que mobiliza e encaminha adolescentes de 16 a 17 anos para cursos de capacitação profissional e os insere no mundo do trabalho através do Programa de Aprendizagem (Lei Nº 10.097/2000). Como Entidade Formadora, o CCEA busca a articulação das várias políticas setoriais que visam à integração da população mais vulnerabilizada ao mundo do trabalho e a aproximação com
órgãos e entidades governamentais e não governamentais que ofertam ações de formação profissional, inclusão produtiva e intermediação de mão de obra (Resolução CNAS Nº 18/2012). Esta ação promove a integração do mundo do trabalho, de forma articulada com as demais políticas públicas relacionadas. A formação se dá em grupos, com foco no fortalecimento de vínculos e desenvolvimento de atitudes e habilidades para a inserção efetiva no mundo do trabalho, inclusive após o período de atuação como jovem aprendiz.
Incubadora Popular de Empreendimentos Solidários (IPES) Promove a integração de adolescentes, jovens e pessoas adultas ao mundo do trabalho, através do desenvolvimento de oficinas de formação em arcos ocupacionais específicos e do apoio a empreendedores individuais e empreendimentos coletivos, no formato de capacitação, assessoria, incubação, assistência técnica e de gestão (administrativa, contábil e jurídica), organização de meios de comercialização, potencializando
PROVITA Presta serviço de apoio, atenção integral e proteção a pessoas vítimas e testemunhas ameaçadas, pelo crime organizado. O programa, além da proteção à vida, com a garantia da integridade física de vítimas e testemunhas e seus familiares, está voltado para a defesa dos
o desenvolvimento do empreendedorismo e da capacidade de autogestão na perspectiva da Economia Solidária e do Comércio Justo e Solidário. Nesta perspectiva, o CCEA busca a articulação das várias políticas setoriais que visam à integração da população mais vulnerabilizada ao mundo do trabalho e a aproximação com órgãos e entidades governamentais e não governamentais que trabalham nesta direção.
direitos humanos, com o objetivo de romper com a cultura do medo e da violência, garantindo a melhoria da qualidade de vida dos seus usuários, através do acesso à formação e qualificação profissional, inserção no mundo do trabalho, elevação da escolaridade, acesso à cultura e cuidado com a saúde.
CRDH Lages e Joinville Presta serviço de apoio, orientação e acompanhamento a pessoas em situação de ameaça ou violação de direitos, compreendendo atenções e orientações nas áreas de serviço social, psicologia e direito, dentre outras, direcionadas para a promoção e proteção de direitos, a preservação e o fortalecimento de
vínculos familiares, comunitários e sociais diante do conjunto de condições que as vulnerabilizam e/ou as submetem a situações de risco pessoal e social. Esta ação conta com a parceria do Governo do Estado de Santa Catarina, através da Secretaria de Estado da Segurança Pública.
Grupo da Terceira Idade Rosário de Luz Reúne as mulheres da comunidade Monte Serrat que deram origem ao Centro Cultural, além de outras pessoas com mais de 60 anos da comunidade. Contribui com a promoção do acesso de pessoas idosas aos serviços de convivência e fortalecimento de vínculos e a toda a rede socioassistencial,
aos serviços de outras políticas públicas, serviços setoriais e de defesa de direitos e programas especializados de habilitação e reabilitação. Esta ação é também extensiva aos familiares, através do apoio, informação, orientação e encaminhamento, com foco na qualidade de vida, exercício da cidadania e inclusão na vida social.
rede interinstitucional
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CCEA é uma das Entidades integrantes da Rede do IVG – Instituto Pe. Vilson Groh (www.ivg.net.br/), rede integrada também pelo Centro de Educação e Evangelização Popular – CEDEP, Associação de Amigos da Casa da Criança e do Adolescente do Morro do Mocotó – ACAM, Centro Social Elizabeth Zarkamp, Centro Educacional Marista Lucia Mayvorne, Centro Educacional Marista São José e Associação João Paulo II. Além disso, com a finalidade de fortalecer as capacidades institucionais específicas de
acompanhamento a jovens em sua inclusão laboral efetiva, numa perspectiva transversal a toda a organização, o CCEA participa, desde o início de 2013 do PROGRAMA FORTALEZAS (www.fortalezas.org.ar/pt-br), uma iniciativa da Fundação Jacobs, da Suíça, em parceria com Fundação SES, da Argentina. As demais Organizações Sociais integrantes dessa rede são: Instituto Aliança, Brasil; Comitê Departamental de Cafeteiros de Cauca, Colômbia; Microempresas de Colômbia; Fundação UOCRA, Argentina; Fundação CREAR, Argentina.
Algumas referências para aprofundamento das escolhas teóricometodológicas e dos eixos articuladores
AZIBEIRO, Nadir Esperança. Educação Intercultural e Comunidades de Periferia: limiares da formação de Educador@s. Tese. Florianópolis: PPGE-UFSC, 2006. A primeira parte do primeiro capítulo discute a questão da modernidadecolonialidade ocidental e a produção subalterna do outro. A segunda parte desse mesmo capítulo explicita um entendimento das possibilidades de desconstrução de subalternidades. O segundo capítulo discute a questão da produção das periferias como subalternas e perigosas pelo pensamento e pelo jeito de ser dominantes na modernidade ocidental. O texto encontra-se nas bibliotecas da UFSC e da UDESC e está disponível em www.tede.ufsc.br/teses/PEED0538.pdf. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. _____. Pedagogia dos sonhos possíveis. Ana M. Araújo Freire (org.). São Paulo: Editora da UNESP, 2001. É a partir da leitura de Freire que começamos a adotar o termo sulear, ao invés de nortear, para indicar um rumo, uma orientação. Paulo Freire chama a atenção para algumas obviedades que explicitam a naturalização do ponto de vista do norte como hegemônico: “Enquanto centro de poder, o Norte se acostumou a perfilar o Sul. O Norte norteia” (2001, p.49). Ver a esse respeito também a nota 15 (p.218-21) em Pedagogia da Esperança, que transcreve o texto do físico Márcio Campos, falando sobre a representação do norte na parte superior do mapa que assim “deixa escorrer o conhecimento que nós no hemisfério sul engolimos sem conferir com o contexto local” (1992, p.218).
GALEANO, Eduardo. De pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso. Tradução de Sérgio Faraco. Porto Alegre: L&PM, 1999. Foi Eduardo Galeano quem nos chamou a atenção para o significado e a importância da utopia que, como o horizonte, mesmo não podendo ser alcançado, serve para nos fazer caminhar, mantendo acesa a esperança e certeiro o foco. GROH, Vilson. Labirintos de esperanças. O significado pedagógico das histórias de vida de lideranças populares. Dissertação. Florianópolis: PPGE-UFSC, 1998. Padre Vilson aprofunda a discussão da perspectiva utópica que brota cotidianamente do sangue e do riso presentes na vida das comunidades e das agoridades que ao mesmo tempo em que nos calcam os pés no chão abrem possibilidades de re-leituras das histórias de sofrimento e opressão e perspectivas de um futuro tecido em redes das quais brotam possibilidades de mudança. MATURANA, Humberto R. & VARELA, Francisco J. A árvore do conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana. Tradução: Humberto Mariotti e Lia Diskin; ilustração Carolina Vial, Eduardo Osório, Francisco Olidares e Marcelo Maturana Montañez. São Paulo: Palas Athena, 2001. Maturana e Varela discutem as bases biológicas do conhecimento e da própria vida como processo de conhecimento. Ajudam-nos a entender como os seres vivos se constituem nesse processo e sua interação vital com o meio ambiente. SOUZA SANTOS, Boaventura de. Para um novo senso comum: a ciência, o direito e a política na transição paradigmática. v. I.
A crítica da razão indolente: contra o desperdício da experiência. 4ª ed. São Paulo: Cortez, 2002. _____ (org.). Conhecimento prudente para uma vida decente: um discurso sobre as ciências revisitado. São Paulo: Cortez, 2004. O sociólogo português Boaventura de Souza Santos nos ajuda a entender a necessidade da substituição do pensamento único, vigente na modernidade ocidental, para possibilitar a emergência de histórias, linguagens, culturas, pessoas, povos inteiros massacrados ou subalternizados. CARTA DA TERRA. http://www.cartadaterrabrasil.org/prt/text.html, ONU, 1987. A Carta da Terra é um documento e um movimento. Surgiu da iniciativa de movimentos sociais rurais e urbanos, no final da década de 1980, com a perspectiva de es-
palhar a busca de um jeito mais sustentável de Vida para Humanidade e para o Planeta. Seus grandes compromissos são: Respeitar e Cuidar da Comunidade de Vida; Integridade Ecológica; Justiça Social e Econômica; Democracia, Não Violência e Paz. PNDH 3. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Brasília, 2010. Ao assinar o decreto presidencial que instituiu o Programa Nacional de Direitos Humanos, PNDH3, o presidente Lula afirmou que o Brasil fez “uma opção definitiva pelo fortalecimento da democracia”. Seus grandes eixos são: Interação Democrática entre Estado e Sociedade Civil; Desenvolvimento e DH; Universalizar os DH num contexto de desigualdades; Segurança Pública, acesso à Justiça e combate à violência; Educação e Cultura em DH; Direito à Memória e à Verdade.
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