Revista MAM

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Repórter MAM Exposição comemora centenário da imigracão japonesa e propõe um novo olhar sobre a cultura contemporânea.

39 artistas brasileiros e japoneses expõem trabalhos de arquitetura, moda, design, escultura e artes visuais.

É ���r� de ���d�r �e�� �����e����� ���bre �r�e


MAM re���� ú��� ne arte, ������ hist������ ���������� ó����� ria, cultura ����������� em S��� ���� ão Paulo ����� Uma aranha de bronze com cerca de 200 quilos e 3 metros de altura parece ser algo estranho para você? Pois esta é a primeira obra vista pelo visitante que chega ao Museu de Arte Moderna, o MAM, localizado próximo ao portão 3, no Parque do Ibirapuera. A aranha é de autoria

da artista Louise Bourgeois e integrou a Bienal Internacional de São Paulo em 1996. No ano seguinte, foi instalada e inaugurada ao lado do Museu, onde está exposta dentro de uma redoma de vidro, construída para abrigá-la. O MAM está sediado em uma área privilegiada do Par-

que do Ibirapuera, integrando a estrutura paisagística e arquitetônica projetada por Oscar Niermeyer, entre 1953 e 1954, na região central da cidade. O prédio, desenhado por Lina Bo Bardi, foi construído sob a marquise do Parque, por ocasião da 5ª Bienal de São Paulo, em 1959, e transformou-se definitivamente em sede para o Museu de Arte Moderna. Fundado pelo empresário ítalo-brasileiro Francisco Ma-

É inaugurado por Francisco “Ciccillo” Matarazzo Sobrinho o Museu de Arte Moderna de São Paulo. Como primeira sede, o prédio dos Diário Associados.

tarazzo, hoje o MAM faz parte da história cultural da América Latina como um dos primeiros museus de arte moderna no continente. Ele constitui e preserva um acervo de cerca de 4.000 obras da arte contemporânea brasileira, criado no pós-guerra. Entre pinturas, esculturas, gravuras, fotografias e vídeos, há peças modernas de artistas como Candido Portinari, Emiliano Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral e Victor Bre-

O MAM promove a primeira edição da sua Bienal de Arte com o intuito de atrair visibilidade e obras de grandes artistas modernos para o seu Acervo.

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A segunda edição da Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo é realizada em comemoração aos aniversário de quatrocentos anos da cidade.


cheret, além de performances de Laura Lima, instalações de Regina Silveira, Nelson Leirner e José Damasceno. A o redor do Museu, em um jardim que ocupa cerca de 6 mil metros quadrados, estão distribuídas 30 obras de arte de seu próprio acervo, em uma exposição permanente concebida para o espaço público. Conhecido como “Jardim das Esculturas”, o ambiente foi idealizado pelo paisagista Roberto Burle Marx e inaugurado em 1993, como forma de dinamizar os limites entre o interior e o exterior do Museu. Um elefante ou algo muito parecido. Uma seqüência de ondas metálicas. Estruturas vermelhas, que lembram o formato de um cano ou até mesmo de um avião. Ossos dispostos em círculo (é arte, mas também serve como assento para o visitante que passa cansado pelo local). Essas são apenas algumas das curiosas esculturas, que podem ser visualizadas por quem caminha pelo gramado verde localizado em frente ao Museu. A integração entre o público e as obras é também reforçada pela parede principal do prédio, que por ser toda em vidro espelhado, possibilita que as esculturas do jardim sejam observadas por quem está do lado de dentro do Museu. O objetivo é fazer com que os visitantes vejam o jardim como parte integrante e complementar das exposi-

A segunda edição da Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo é realizada em comemoração aos aniversário de quatrocentos anos da cidade.

A VI Bienal de São Paulo é organizada pela última vez sob os auspícios do MAM. No ano seguinte, é criada a Fundação Bienal-SP, autônoma ao Museu.

ções em cartaz no Museu. Uma marquise branca acompanha toda a extensão do prédio, dando a ele um acabamento imponente e moderno, além de oferecer uma sombra agradável a quem passeia pelo local em um dia de Sol. O MAM está aberto de terça a domingo, das 10 da manha às 6 da tarde. O ingresso durante a semana custa R$ 5,50 e é grátis aos domingos. Para auxiliar pessoas interessadas em arte, mas com pouco conhecimento sobre o assunto, o Museu disponibiliza três serviços diferenciados ao público: a monitoria, com profissionais treinados na área de arte para explicar o sentido das obras, cursos de história da arte voltados para adultos e adolescentes e um ateliê de oficinas artísticas para o público em geral. Para agendar uma visita monitorada ao Museu durante a semana, é necessário formar um grupo de 10 ou mais pessoas. No entan-

Separadas as duas instituições, MAM e Bienal, Ciccillo Matarazzo decide extinguir a sociedade que sustentava o Museu de Arte Moderna e realizar doação de

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to, é possível encontrar monitores disponíveis em dias menos movimentados, como feriados e finais de semana. É mais vantajoso visitar o Museu com o acompanhamento de um monitor, já que trata-se de um profissional treinado, capaz de oferecer explicações interessantes e complementares sobre as obras. Ao entrar no MAM, o visitante logo encontra a bilheteria, onde pode receber informações e folhetos com a programação das exposições em cartaz. Há também uma loja de conveniências, o shopmam, que vende produtos e acessórios como livros, CDs e réplicas de obras de arte em miniatura. O ambiente é complementado por outros espaços, como a biblioteca Paulo Mendes de Almeida, considerada umas das principais bibliotecas do seu gênero, com cerca de 35.000 livros, um restaurante e um auditório. Há duas salas voltadas para as exposições: a Grande Sala, onde encontram-se a maioria das obras expostas e a Sala Paulo Figueredo, um segundo ambiente, de menor tamanho, para as obras complementares. Atualmente, o MAM apresenta ao público a exposição “Quando vidas se tornam forma: dialogo com o futuro – Brasil/Japão”, que reúne 18 artistas japoneses e 21 brasileiros para celebrar os 100 anos da imigração japonesa para o Brasil.

todo o patrimônio (avaliado à época em 700 milhões de cruzeiros) à USP, para a criação do Museu de Arte Contemporânea da universidade.


M����r� �e�ebr� 100 ����� d� ����gr�ç��� j�p���e�� O MAM é palco, até o dia 22 de junho, do encontro entre duas grandes e importantes culturas da atualidade, a brasileira e a japonesa. Inúmeros trabalhos de artes plásticas, arquitetura, moda e design fazem parte da exposição, que totaliza certa de 140 obras. São 39 artistas participantes, quase todos já renomados em bienais internacionais e em grandes mostras culturais, que usam a tecnologia e o cotidiano e guardam relações entre si, mesmo vindos de culturas tão diferentes. O objetivo da exposição é mesclar a milenar tradição japonesa com as matrizes das raízes brasileiras, construindo um panorama da cultura de ambos os países. O público é levado a experimentar os pontos em comum que existem entre esses dois povos tão distintos, unidos por uma história centenária. As obras são surpreendente, capazes de transformar sentidos e aguçar percepções. Elas podem parecer simples a primeira vista, mas um contato mais íntimo com cada uma delas acaba por passar diversas e interessantes mensagens ao expectador. Os artistas, de certa forma, transitam entre o real

Apenas cinco anos após a perda de seu acervo, o MAM ganha nova sede, sob a marquise do Ibirapuera, obra projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer

UM TESOURO GUARDADO À 30 CHAVES o contexto histórico artístico nacional. Embora tenha nascido de forma um tanto quanto amadora, na sede dos Diários Associados, na Rua Sete de Abril, o museu, mais exatamente a partir do final da década de 1980, começou a traçar um plano a longo prazo. “Se forem planejados com sólidos princípios, os museus poderão contribuir para abreviar a danosa distância entre os grandes segmentos populacionais e o saber, como também para incentivar o pensar e o criticar, Museus demandam envolvimento com as diferentes comunidades circundantes e devem eleger o aprimoramento humano como meta maior”. Outro fato importante que potencializa a importância do MAM é a sua localização: o Pavilhão Bahia, no Parque do Ibirapuera. O Ibirapuera foi inaugurado em 1954, em comemoração ao aniversário de quatrocentos anos da cidade de São Paulo. Seu projeto arquitetônico foi criado por Niemeyer (incluindo o Pavilhão Bahia) e o paisagístico por Roberto Burle Marx, renomado paisagista de estilo moderno. Ou seja: o MAM não somente está cercado de modernidade como insere-se compulsoriamente num dos mais tra-

O Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) já passou por diversos momentos de altos e baixos ao longo de sua história. O mais agudo deles, sem dúvida alguma, foi a perda de todo o seu patrimônio para o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), em 1963, e sua conseqüente extinção. No entanto, apesar de alguns contratempos, o MAM provou seu valor para a história da arte brasileira. Após uma relativamente longa negociação junto à Prefeitura de São Paulo para conseguir uma sede, o novo Museu de Arte Moderna de São Paulo se estabelece sob a marquise do Ibirapuera, obra projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer que “concebeu aquele belo gesto de concreto armado para ligar os edifícios que projetara para o Parque”. Nada mais óbvio: o museu que surgiu como a primeira instituição de arte moderna do país abrigar-se num edifício projetado por um dos maiores arquitetos do século XX, de notório estilo modernista. Toda essa aura moderna que circunda o Museu de Arte Moderna de São Paulo, talvez por obra do acaso ou não, evidencia sua importância para

O MAM realiza o 1º Panorama de Arte Brasileira, um mapeamento da produção artística emergente no Brasil, visando a renovaçãoo do acervo com obras recentes

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dicionais locais de visitação dos paulistanos. No fim dos anos 1980, como já foi dito, o MAM começou a modernizar-se. Não apenas estruturalmente, com renovação de seu acervo e seu espaço físico, mas também administrativamente. O museu iniciava sua trajetória de se posicionar como um espaço mais democrático, dedicado á atividades voltadas para o público. Dois fatos evidenciam isso com mais clareza. O primeiro é a criação, em 1993, do Jardim das Esculturas, que, composto por 30 obras, sugere trazer a arte para o cotidiano do público. O segundo é a criação do Departamento Educativo, responsável por criar o programa de visita escolar ao MAM, que atrai crianças das escolas públicas e privas da cidade. Além disso, ele promove cursos de história da arte e oficinas artísticas que desmistificam a arte para o grande público. Tudo isso mostra a preocupação do Museu de Arte Moderna de São Paulo com o contexto social no qual está inserido. Além do que, demonstra como ele está entranhado com a história da cidade, e como é relevante sua contribuição para a cultura e para a arte brasileira, sobretudo moderna.

O Panorama de Arte é reformulado e, a cada ano, até 1981, segue um rodízio de linguagens (pintura, desenho e gravura, escultura e objeto).

O MAM dá início a uma série de retrospectivas da obra de artistas brasileiros, acompanhadas de catálogos com ensaios críticos e documentação.


e o conceitual, produzindo obras que transmitem profundas mensagens para a sociedade e enriquecem o espírito humano. As obras dialogam entre si na distribuição museográfica, que ocupa a Grande Sala e a Sala Paulo Figueiredo, com núcleos que subdividem os trabalhos por temas como: propostas de coexistência; geometria como a nova ordem; aproximações do pop; relação do indivíduo com a política e a sociedade; entre outros. Paralelos são traçados entre obras de artistas brasileiros e de japoneses, para evidenciar as semelhanças e diferenças no desenvolvimento das várias questões artísticas exploradas. Fica clara também a crítica aos valores individualistas e contraditórios que marcaram o século XX. Em muitos aspectos, as obras retratam questões paradoxais e até mesmo estranhas, mas que passaram a ser comuns para os indivíduos ao longo do tempo.

O prédio do MAM, sob a presidência de Paulo Egydio Martins, é submetido à reforma projetada pela arquiteta Lina Bo Bardi. Neste ano, não há Panorama de Arte.

Quem diria que um rato, referência de nojo para a maioria das pessoas, se transformaria em um famoso ícone da arte pop, ganhando grande reconhecimento internacional? Este foi o processo pelo qual passou o personagem Mickey Mouse, criado por Walt Disney, um dos personagens mais queridos e comercializados entre as crianças do mundo todo. O mesmo processo vem acontecendo com os ratinhos do desenho animado “Picachu”, que viraram febre entre crianças e adolescentes recentemente. Dos esgotos para a fama, os ratos não causam mais nojo ou repulsa. Muito pelo contrario: são vistos como animaizinhos fofos e queridos entre os jovens da modernidade. Outro trabalho da exposição mostra uma animada metáfora sobre garotas que sofrem de anorexia. O vídeo chega a ser nojento, mas essa “supervalorização do nojo” explora um tema bastante atual e constantemen-

Ainda com o intuito de maximizar o uso expositivo de seus espaços físicos, o MAM cria o “Painel do Café”, atividade que consistia em convidar artistas para realizar um

te debatido. De uma forma geral, o objetivo das obras é conscientizar o expectador sobre alguns valores que têm sido substituídos ou até deixados de lado, em função de outros valores distorcidos e vendidos pela mídia para a sociedade. A mostra também conta com obras que explicam e valorizam o sentido da vida, enaltecendo-a de um modo particular e característico, de acordo com o estilo de cada um dos artistas. O japonês Takehito Koganezana expõe uma seqüência de “rabiscos” em luzes neon, florescentes e suspensos no ar por fios de nylon. A primeira vista, o trabalho pode não fazer nenhum sentido para

painel a ser exposto no antigo Café do MAM, durante meses. Ao final do período de exposições, era comum os artistas doarem os trabalhos para o acervo do museu.

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quem vê, mas segundo o próprio artista, sua obra “fala por si mesma” e não precisa de explicações. As formas luminosas representam o movimento da vida, ou seja, a sustentação de uma forma de viver e o esforço para continuar vivo. Em oposição a esta idéia, o artista também expõe uma “forma parada” e em descanso, sobre um banco de madeira. Ela representa um movimento sem sustentação, isto e, em repouso e sem o esforço de continuar vivo como os demais. Outra obra muito peculiar, cujo conteúdo pode parecer completamente subjetivo, é o trabalho da artista japonesa Haruka Kojn, que

Criado o Clube de Colecionadores de Gravura do MAM, com o objetivo de incentivar o colecionismo entre os visitantes do museu. A cada ano, um grupo de artistas é con-

vidado a conceber trabalhos com tiragens de 100 exemplares, distribuídos aos sócios do clube. Um exemplar de todos os trabalhos passa a integrar o acervo do MAM.


expõe uma bela paisagem suspensa no ar, composta por flores e borboletas de tecido e plástico perfeitamente simétricas. A obra reflete um momento imaginado pela artista, enquanto caminhava pela margem de um rio. Haruka descreve exatamente o instante e o cenário de sua inspiração: “Ao levantar a cabeça, parecia haver uma coluna esculpida que se estendia até o céu, ou um gigante parado no ar. A aparição desse ser flutuante fez-me ter uma estranha sensação de gravidade, perdida em um espaço sem referencia. Era o medo desse desconhecido, nauseante. De algo vivo totalmente paralisado no

Inauguração do Jardim das Esculturas, idealizado em 1988. Localizado ao redor do museu o jardim abriga 25 esculturas de 21 artistas brasileiros.

material reciclado. Segundo a monitora da exposição, Ana Ruth, é como se a modelo estivesse emergindo de dentro do lixo. Ao fundo, ainda é possível observar a projeção de imagens vindas de um grande lixão. Em sua grande parte, a exposição faz alusão a uma construção e desconstrução das formas geométricas e dos movimentos. Muitas obras mostram diferentes maneiras de enxergarmos as formas, muito além do que elas realmente representam. É o caso, por exemplo, dos quadros do artista Helio Oiticika, que desconstrói uma forma com o objetivo de criar várias outras. Dependendo do ponto de vista do expectador, é possível apreciar a mesma obra por ângulos e maneiras diferentes, a partir da simples desconstrução de suas formas. À primeira vista, o trabalho da artista Lucia Koch,

ar... Aquela forma parecia ser uma forma viva em sua perfeição, mas seu contorno naquele instante no qual estava, em estado incompleto, era forte o suficiente para dar-me a falsa impressão de que continuaria assim para sempre”. De muito bom gosto e originalidade é também o trabalho da estilista japonesa Jum Nakao, intitulado “Luxdelix”, que quer dizer, o luxo do lixo. Nele, a autora faz uma critica a sociedade do luxo e da ostentação, que acaba por produzir cada vez mais lixo, em quantidades que fogem ao controle. A obra consiste em um manequim trajando um longo vestido preto, todo composto por sacos de lixo e

Reforma da reserva técnica do museu sinaliza preocupação sobre a manutenção do patrimônio e efetivo interesse na produção científica fundamentada a partir dele.

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não é o que mais chama a atenção em meio a todos os outros da exposição. Mas, quando paramos para analisá-lo de perto, vemos que ele tem um significado muito maior do que parecia ter. A obra consiste em uma caixa de leite, cortada na metade e observada pelo lado de dentro. Sim, mas e aí? Quando observamos o interior da caixa com o olhar fixo, dependendo da nossa posição, vemos que seu fundo pode se aproximar ou se afastar de nossas vistas, dando-nos uma impressão diferente a medida que nos movimentamos. Ana Ruth explica que, com esta obra, a artista procurou passar uma sensação de amplitude, ou seja, da abertura de um universo muito mais amplo aos nossos olhos do que aquele que conseguimos enxergar, até mesmo (e principalmente) nas coisas mais simples do dia-a-dia.

O MAM atravessa a terceira reforma desde 1968, agora para a execução do auditório previsto no projeto original de Bo Bardi e agregar novo espaço ao restaurante.

Criação do departamento Educativo do Museu de Arte Moderna, dividido em três áreas: serviço de monitoria, cursos e ateliê de arte.


A exposição também permite ao publico interagir com algumas obras, o que acaba sendo uma experiência muito enriquecedora e estimulante. Um exemplo disso é o “parangolé”, que consiste em uma roupa composta por formas geométricas, algo como uma capa ou um estandarte. Ela fica em exposição para quem quiser vesti-la, de várias e diferentes maneiras. A idéia é fazer com as pessoas incorporem a forma de um modo conceitual, vestindo-a literalmente, ao invés de apenas apreciála de longe. “Arte em Heliópolis” é um documentário exibido ao visitante durante na mostra, em que é retratada a idéia e o trabalho do artista japonês Rui Otaki de pintar a fachada das casas da favela Heliópolis. Por dentro, as casas não passaram por nenhuma transformação ou reforma, mas só pelo fato de terem ganhado uma nova

Cria-se o Grupo de Estudos em Curadoria, formado por profissionais do MAM e jovens curadores, que discute questões relativos à Curadoria com base na coleção do MAM.

nhos e as palavras possuem movimentos próprios, além de complementarem uns aos outros. Os artistas experimentam diferentes texturas e materiais na composição de seus quadros, além de escreverem poesias inteiramente “bordadas” em tecido com lã e linha. As obras transmitem uma sensação de movimento, leveza e simplicidade, o que faz com que o expectador precise analisá-las por um bom tempo e ainda consiga descobrir detalhes que não havia percebido anteriormente. Quem visita a exposição ainda é convidado a viver uma experiência individual dentro de uma “cabine”, onde ao som de uma música extremamente alta, pode fazer o que bem entender durante alguns minutos. O único detalhe é que a pessoa pode ser observada por todos que estão do lado de fora. A cabine é uma replica de alguns ambientes similares, que foram instalados pelas ruas de

fachada, com cores vivas e tons alegres, a favela já parece ser completamente diferente do que era antes. As paredes sem acabamento e o aspecto de pobreza e sujeira deram lugar a arte e ao forte colorido proposto pelo artista. No documentário, os moradores do local expressam a sua grande satisfação com o trabalho realizado e dizem que a favela ganhou um ar bem mais aconchegante. “Transformar um ambiente simples, feio e popular em arte foi o grande desafio do artista”, diz Ana Ruth. A s obras dos artistas José Leonilson e Zon Ito ganham destaque em uma parede inteira da exposição e aparecem próximos em uma viagem pelo mundo interior da arte. Os dese-

No ano de 1998, o MAM inaugura o espaço MAM Higienópolis num prédio tombado pelo Patrimônio Histórico., projetado por Ramos de Azevedo. Em 2000, é criado o MAM Villa-Lobos, no shopping de mesmo nome.

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Tokio, possibilitando que os pedestres entrassem e imergissem em um “mundo próprio e particular” para fugir da realidade cotidiana. A maioria das pessoas não se importa com o fato de estarem sendo observadas, comportandose das maneiras mais engraçadas e surpreendentes. Depois, elas saem de lá de dentro normalmente, como se nada tivesse acontecido... Muito moderna e atual, a exposição “Quando vidas se tornam forma: dialogo com o futuro – Brasil/Japão” é uma ótima dica cultural para quem procura um programa tranqüilo e inteligente para o final de semana. Vale à pena conferir, prestigiar, conhecer diversas obras e descobrir os aspectos da vida japonesa e brasileira que ganham forma nesta grande mostra.

Deborah Franco e Renato Santana prestigiam a exposição “Quando vidas se tornam formas: diálogo com o futuro Brasil/Japão”, em cartaz no MAM até junho.


Renato é estudante de Jornalismo, palhaço, amante da natureza e extremamente charmoso.

Issey Miyake: prisão da forma

Como pode ser boa a vida

e padronização do estilo

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trabalho de Issey Miyake foi um dos que mais chamou a minha atenção em meio a toda a exposição “Quando vidas se tornam forma: diálogo com o futuro – Brasil/ Japão” (embora, todos os demais sejam de enorme bom gosto e criatividade). Apesar de grande parte das obras abordarem o tema da desconstrução da forma e da “fuga” dos padrões de normalidade, essa obra em especial conseguiu transmitir-me uma idéia muito mais clara sobre o conceito em si. Trata-se de uma enorme caixa, localizada em um dos vários cantos da Grande Sala, de onde surge uma serie de pernas e pés jogados a sua volta. A disposição e a sensação de movimento dada a cada uma dessas pernas passam a impressão de que elas procuram liberdade, ou seja, buscam

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livrar-se desta grande caixa que as prende, para poder “sair andando”, literalmente. Toda a obra revestida em jeans, o que acentua ainda mais a questão da uniformidade e da padronização, uma vez que o jeans o tecido do momento, “o tecido que todo mundo usa”, como explica a monitora da exposição, Ana Ruth. No interior da caixa, ainda temos mais uma surpresa. É passado um vídeo, em que vários bonequinhos animados caminham em uniformidade, mas ao poucos, começam a se transformar e ganham as mais variadas formas. Todo o contexto serve para transmitir a idéia de “desconstrução” dos padrões rotulados de comportamento e fazer com que as pessoas enxerguem uma nova maneira de ser e de agir, cada uma segundo o seu próprio estilo, sem medo de ser diferente.

dentro de uma caixa

a mais recente exposição do MAM, uma obra se sobressai no quesito inovação. Denominada simplesmente como “A Caixa”, ela expõe o espectador a uma experiência inesquecível, Para poder sentir tudo aquilo que A Caixa pode proporcionar, é necessária vê-la por dentro. O seu exterior é o que menos importa, aliás, de nada significa. Seu interior é composto por duas superfícies de vidro: a superior e a inferior. Nos lados da Caixa, revestidos de uma espécie de lona branca, são projetadas imagems em movimento que transportam o espectador a locais inimagináveis. A projeção, por exemplo, de uma queda d’água a toda a velocidade, transmite a sensação de quem contempla a imagem de es-

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tar ele próprio no interior da cachoeira. Para aqueles que preferem algo menos ortodoxo, nada mais incomum do que presenciar o funcionamento do inteiror do corpo humano como se visto por um telescópio de alta resolução. Seja quais forem os lugares para os quais o visitante seja levado, o mais interessante da Caixa é esse contato direto entre obra e espectador, que sai da mera posição passiva de apreciação da arte e sente-se, ele próprio, parte dela. A obra consegue estimular sensações das mais divertidas como estar em plena queda livre. Tudo isso somado à sua potencialidade como despertadora das percepçoes humanas, pois faz com que as pessoas exerçam o máximo de sua capacidade imaginativa e sensorial.

Trabalho realizado pelos alunos Deborah Franco e Renato Santana, da turma 4J, para a disciplina de Estética e História da Arte, com orientação da professora Mirtes de Moraes. Bibliografia: O Museu de Arte Moderna de São Paulo, Banco Safra; Museus Acolhem Moderno, Maria Cecília França; MAM, Vera D’Horta.

Deborah é estudante de Jornalismo, futura primeira presidente mulher do Brasil e quase mãe.


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