Miguel Andrade SĂŠrgio Augusto Domingues
Este livro pretende apresentar as razões que levaram uma rede de organizações e de cidadãos do mundo a se envolver no esforço de propor à UNESCO a criação da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço − uma maneira de chamar a atenção para esse importante complexo socioambiental que, além de sua relevância histórica, tem atributos únicos no mundo, por significar verdadeiros tesouros para a humanidade. E, sobretudo, este livro é uma homenagem a Danielle Mitterrand, que, com entusiasmo e paixão, passou por essa região do planeta deixando seu legado de força e uma grande saudade. Nossa querida e valente lutadora pelas causas humanitárias, falecida em 2011, deixou em todos nós um sentimento de irreparável perda, em especial naqueles que, junto com Danielle Mitterrand, cerraram fileiras pela proteção e pelo direito fundamental ao acesso livre ao bem comum mais precioso e insubstituível da humanidade − a água. Sua preocupação em manter esse santuário para as gerações atuais e futuras foi decisiva para termos hoje este diploma do Programa MAB-UNESCO e o reconhecimento desse território como Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço.
The purpose of this book is to present the reasons that led a network of organizations and citizens from all over the world to engage in the effort of proposing to UNESCO the creation of the Serra do Espinhaço Biosphere Reserve – a way of attracting attention to this important social and environmental complex which, in addition to its historical relevance, has unique attributes in the world, for keeping real treasures to mankind. And, above all, this book is a tribute to Danielle Mitterrand, who, with her enthusiasm and passion, has been to this region of the planet, leaving her legacy of strength and now greatly missed. Our dear and brave fighter of humanitarian causes, who passed away in 2011, left in all of us a feeling of irreparable loss, especially in those of us who, with Danielle Mitterrand, came together for the protection and the fundamental right to free access to the most precious and irreplaceable shared good − water. Her concern with preserving this sanctuary for the current and future generations was decisive for us to have, today, this diploma of the MAB-UNESCO Program and the recognition of this territory as the Serra do Espinhaço Biosphere Reserve.
Ailton Krenak
Ailton Krenak
Presidente da Fundação France Libertés Brasil
President of the Fundação France Libertés Brasil
DO ESPINHAÇO
Miguel Andrade e Sérgio Augusto Domingues convivem com
Miguel Andrade and Sérgio Augusto Domingues have lived with
as paisagens do Espinhaço desde a infância. De explorações
the landscapes of the Espinhaço ever since their childhood. From
nas montanhas à participação ativa nos movimentos ambien-
exploring the mountains to actively taking part in environmental
tais para conservação em Minas Gerais, desde a adolescência,
movements for preservation in Minas Gerais, Sérgio and Miguel
Sérgio e Miguel compartilham da mesma escola: convívio com o
have shared the same school: life in the rural area, with technical
meio rural, com ambientes técnicos e científicos para a gestão
and scientific environments for the environmental management of
ambiental de territórios e promoção do diálogo entre atores
territories and the promotion of dialogue among the social actors
sociais e os interesses para a conservação dos patrimônios natu-
and the interests for the preservation of the natural and cultural
ral e cultural. Ambos foram, em conjunto com outros técnicos,
heritages. They both were, with other technicians, protagonists
protagonistas para o reconhecimento da Reserva da Biosfera da
for the recognition of the Serra do Espinhaço Biosphere Reserve
Serra do Espinhaço junto a UNESCO e coordenam atualmente seu
by UNESCO and currently coordinate its Steering Committee.
Comitê Gestor.
DO ESPINHAÇO
DO ESPINHAÇO Minas Gerais B r asi l
Patrocínio
Serra do Espinhaço Reserva da Biosfera
Serra do Espinhaço A Biosphere Reserve
A Serra do Espinhaço é uma longa cadeia montanhosa que atravessa os Estados de Minas Gerais e Bahia e que, graças à riqueza de paisagens e alta diversidade de espécies, foi declarada pela UNESCO como Reserva de Biosfera. Ela abriga três grandes biomas, o Cerrado, a Mata Atlântica e a Caatinga, e se configura como de grande importância para a preservação ambiental. Mas não é só. A diversidade cultural é outro diferencial: aqui a abundância de alimentos, água e proteção, atraiu o homem pré-histórico e grupos indígenas. Posteriormente, chegaram os portugueses, os africanos e outros tantos povos atraídos pela busca do ouro que brotava a céu aberto. Foram se formando vilas e belas cidades coloniais, a maior parte delas ainda hoje preservada. Esse rico patrimônio histórico, cultural e ambiental é mostrado pelas imagens de Miguel Andrade, um professor universitário que tem a fotografia como paixão e conhece como poucos os segredos e tesouros aqui revelados. Visite a Serra do Espinhaço.
Serra do Espinhaço is a long mountain range that crosses the states of Minas Gerais and Bahia and that, thanks to the richness of landscapes and the high diversity of species, was declared by UNESCO as a Biosphere Reserve. It houses three large biomes, the Cerrado, the Atlantic Forest and the Caatinga, and has great significance for the environmental preservation. But not just that. Cultural diversity is another differential: here the abundance of food, water and protection has attracted the pre-historic man and indigenous groups. Later on arrived the Portuguese, the Africans and many other peoples attracted by the search for gold that broke out in open skies. Villages and beautiful colonial cities began to appear, being that most of them are still preserved today. This rich historic, cultural and environmental heritage is shown by the images of Miguel Andrade, a college professor who is passionate about photography and knows the secrets and treasures revealed here as few others do. Pay the Serra do Espinhaço a visit.
Serra do Espinhaço
Serra do Espinhaço
Miguel Andrade e Sérgio Augusto Domingues nos surpreendem com o olhar, o compreender e sobretudo com o registro dos tesouros naturais, imateriais e poéticos que caracterizam a Serra do Espinhaço, como uma das regiões mais intrigantes, belas, complexas e emocionantes do Brasil. Paisagens com horizontes amplos, cascatas e cachoeiras em que as quedas d’água parecem reverenciar a Mãe Natureza, plantas cujas formas e contornos desafiam a criatividade humana e hábitos culturais próprios dos seus habitantes fazem com que percebamos o Brasil profundo das Minas Gerais. Fábio Ávila, Editor
Miguel Andrade and Sérgio Augusto Domingues surprise us with the look, the understanding and, above all, the record of the natural, immaterial and poetic treasures that characterize Serra do Espinhaço as one of the most intriguing, beautiful, complex and touching regions of Brazil. Landscapes with wide horizons, cascades and waterfalls that seem to reverence Mother Nature, plants with shapes and contours that challenge human creativity and the cultural habits typical of the local population lead us to perceive the profound Brazil of Minas Gerais. Publisher
Prefácio
Preface
Este livro, da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, desperta a nossa imaginação e criatividade pelas maravilhosas paisagens, sua gente e sua cultura. Este território vem sendo explorado e conservado ao longo de quatro séculos. Na história moderna, o território nasceu da descoberta do ouro e diamante, na época do Brasil Colônia, na segunda metade do século XVIII, deixando um conjunto arquitetônico e histórico único no mundo. São muitas as cidades históricas, mas e três delas são sítios do Patrimônio Mundial da UNESCO: Ouro Preto, Diamantina e o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas. Toda essa riqueza natural e cultural, única no Brasil e no mundo, é ainda pouco conhecida e divulgada. A Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço é uma mostra representativa dos biomas que compõem essa cordilheira. Com uma área total de 3,1 milhão de km², foi planejada para ser estendida posteriormente para toda a cordilheira, interconectando-se com as Reservas de Biosfera da Mata Atlântica, Caatinga e Cerrado, já nos domínios do Estado da Bahia. Enquanto isso, a reserva da biosfera da Serra do Espinhaço (fase 1) vai se consolidando e fortalecendo socialmente, expandindo os seus parceiros e realizando atividades de educação, pesquisa e gestão ambiental, colocando-a em uma posição de destaque, como uma das mais ativas da Rede Mundial de Reservas da Biosfera do Programa MaB-UNESCO. Nossas felicitações aos autores e gestores da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço por mais esta bela obra de conscientização e sensibilização dos seus valores, riquezas naturais e culturais. Certamente este livro de fotografias vem estimular a curiosidade do público em geral, além de abrir perspectivas para novos trabalhos nas áreas científica, cultural e artística. Convidamos a todos para uma imersão nesse esplendoroso território através dos textos e imagens deste livro.
This book, about the Serra do Espinhaço Biosphere Reserve, awakens our imagination and creativity with its wonderful landscapes, its people and its culture. This territory has been explored and preserved for four centuries. On modern history, the territory was born from the discovery of gold and diamond, at the time of Colonial Brazil, on the second half of the 18th century, leaving an architectural and historical collection that is unique in the world. Many are the historic cities, and three of them are World Heritage sites by UNESCO: Ouro Preto, Diamantina and the Sanctuary of Bom Jesus de Matosinhos, in Congonhas. All this natural and cultural richness, unique in Brazil and the world, is still not widely known and publicized. The Serra do Espinhaço Biosphere Reserve is a representative sample of the biomes that make up this range. With a total area of 3.1 million km², it was planned to be later extended to the entire range, interconnecting with the Biospheres Reserves of the Atlantic Forest, the Caatinga and the Cerrado, already in the state of Bahia. Meanwhile, the biosphere reserve of Serra do Espinhaço (phase 1) consolidates and strengthens itself socially, expanding its partners and conducting activities turned to environmental education, research and management, thus standing out as one of the most active of the World Network of Biosphere Reserves of the MaB-UNESCO Program. We congratulate the authors and managers of the Serra do Espinhaço Biosphere Reserve for this beautiful work to raise awareness to its values and its natural and cultural richness. This photography book will certainly arouse the curiosity of the public in general, and will also open perspectives for new works in the scientific, cultural and artistic fields. We invite all to immerse into this splendorous territory through the texts and images of this book.
Miguel Clüsener-Godt
Ecological and Earth Science Division The United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization UNESCO
Miguel Clüsener-Godt
Divisão de Ciências Ecológicas e da Terra Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura UNESCO
Sumário O Programa Homem e a Biosfera
As Reservas da Biosfera
14
Patrimônio Mundial
Reconhecimento pela UNESCO
26
Serra do Espinhaço
A Grande Cadeia Ocidental
Os Primeiros Naturalistas e Viajantes
36
A Ocupação do Território
Caleidoscópio Cultural
118
Riqueza Mineral
72
Diversidade Biológica
Biomas e Ecossistemas
Tesouros da Estrada Real
O Dilema do Desenvolvimento
142
Fauna e Flora
92
O Desafio da Conservação
158
14
O Programa Homem e a Biosfera
As Reservas da Biosfera
15
O Programa Homem e Biosfera (MaB – Man and the Biosphere) foi criado como resultado da “Conferência sobre a Biosfera” realizada em Paris pela UNESCO em setembro de 1968, sendo lançado oficialmente pelas Nações Unidas em 1971. O MaB é um programa de cooperação internacional que, há 40 anos, é coordenado pela UNESCO. Trata das interações entre o homem e o meio onde vive. Busca o melhor entendimento dessa convivência em todas as situações do Planeta Terra.
O principal instrumento de gestão do Programa MaB são as Reservas da Biosfera, reconhecidas em âmbito internacional e propostas pelos governos dos mais diversos países. Após a sua designação permanecem sob a jurisdição nacional. O MAB conta com uma Rede Mundial constituída atualmente por 580 Reservas da Biosfera em 118 países, compartilhando conhecimento, pesquisas, estratégias de monitoramento e educação, sempre visando a tomada de decisão participativa.
As Reservas da Biosfera são locais de excelência em áreas representativas dos diversos ecossistemas, onde se promovem soluções para conciliar a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento sustentável.
Funções integradas de uma Reserva da Biosfera: Conservação das paisagens, dos ecossistemas e da variabilidade genética; desenvolvimento econômico e humano. Fornecer logística e sustentação à pesquisa, monitoramento e educação.
Com caracterĂsticas especiais de biodiversidade e cultura, as Reservas da Biosfera sĂŁo ambientes de aprendizagem e locais ideais para demonstrar abordagens inovadoras para o desenvolvimento sustentĂĄvel.
26
Patrim么nio Mundial
Reconhecimento pela UNESCO
27
A proposta de elevar a Serra do Espinhaço à categoria de Reserva da Biosfera foi referenciada por trabalhos científicos que indicavam-na como área prioritária para conservação, motivada por sua importância histórica e cultural no Brasil.
Apoiados por um forte movimento conservacionista em Minas Gerais, diversas entidades governamentais e não governamentais se mobilizaram para elevar a Serra do Espinhaço à categoria de Reserva da Biosfera.
Foram criados espaços de diálogo, apresentações de ideias, estudos, eventos e articulações, que possibilitaram a estruturação de um grupo de trabalho para elaboração do documento que seria submetido à apreciação da UNESCO em 2005.
No dia 26 de junho de 2005 a Comissão Mundial do Programa MaB examinou a proposta que foi aprovada com louvor por seu mérito técnico, demonstrando a competência e cooperação das diversas instituições de Minas Gerais.
36
Serra do Espinhaรงo
A Grande Cadeia Ocidental
37
A reserva contribui para a conservação da biodiversidade, incluindo os ecossistemas, espÊcies e variedades, bem como as paisagens onde se inserem.
A Serra do Espinhaço é formadora de bacias de drenagem e corredores ecológicos. Assim, assume um caráter de integração hidrográfica e biogeográfica, desempenhando papel estratégico na conexão dos biomas Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga.
Para possibilitar a conservação de espécies raras, ameaçadas e endêmicas, além de locais representativos da paisagem, optou-se por um mosaico de unidades de conservação: parques, estações ecológicas, reservas particulares entre outras.
Esse mosaico visa à manutenção de corredores entre áreas de interesse ambiental, reforçando a premissa da conectividade entre as unidades de conservação e ambientes de valor ecológico, reconhecidos como prioritários em Minas Gerais.
A impressionante beleza cênica de toda a cadeia do Espinhaço, com suas montanhas, vilarejos, cachoeiras, águas cristalinas e campos floridos oferecem condições excepcionais para os esportes de aventura e o turismo rural, ecológico e científico.
No zoneamento da Reserva foram consideradas a formação geológica e geomorfológica, a distribuição dos campos rupestres, as unidades de conservação, bacias hidrográficas, áreas prioritárias para conservação da biodiversidade, cidades históricas e os caminhos da Estrada Real, e assim fomentar o desenvolvimento econômico sustentável do ponto de vista sócio-cultural e ecológico, em uma perspectiva histórica.
Na região do Quadrilátero Ferrífero encontram-se grandes empreendimentos mineradores e de expansão urbana da Região Metropolitana de Belo Horizonte, impondo um desafio permanente na busca de diálogo entre os diversos setores.
Existem grandes empresas na região do Espinhaço, cujas operações estão relacionadas com a extração e utilização dos recursos naturais, renováveis e não-renováveis. Destaque para as companhias de mineração, silvicultura e siderurgia.
Instrumentos econômicos para conservação, tais como compensação ambiental, ICMS ecológico e royalties da mineração estão relacionados com a gestão ambiental e influenciam diretamente os municípios e as suas unidades de conservação, refletindo diretamente na melhoria da gestão do território da RBSE.
Além de se destacar como uma das regiões de maior exploração mineral do mundo, outras atividades econômicas tais como a pecuária extensiva, agricultura de subsistência e o extrativismo vegetal são evidentes na Serra do Espinhaço ao longo de sua história de ocupação.
O século XXI trouxe para as populações a necessidade de aprofundar a reflexão sobre o paradigma da sustentabilidade, e assim estabelecer um modelo mais adequado para o desenvolvimento humano.
Todo o patrimônio histórico, cultural e ambiental tem atraído o interesse de diversas instituições. Assim, pode-se constatar a existência de um valioso acervo de informações que tenta desvendar os segredos das montanhas de Minas.
Criar condições logísticas para a efetivação de projetos demonstrativos, produção e difusão do conhecimento, educação, bem como pesquisas científicas e monitoramento da conservação e desenvolvimento sustentável é uma estratégia prioritária para a gestão da Reserva.
A arte popular também possibilita o desenvolvimento econômico e social. Nas pequenas cidades manifesta-se a diversidade de expressões culturais através do artesanato, literatura, música, folclore, festas e a culinária, a arte de doceiras e quituteiras.
Surpreendentes vilarejos com características que ainda preservam antigas culturas foram incluídos e reconhecidos como comunidades tradicionais, e representam espaços de festas religiosas e outras manifestações.
Na årea proposta, estão inseridos alguns dos maiores centros urbanos do estado, e em cidades como Belo Horizonte, Diamantina e Ouro Preto localizam-se algumas das mais importantes instituiçþes de ensino e pesquisa de Minas Gerais.
Dados gerados pelas pesquisas e os conhecimentos tradicionais favorecem a adoção de políticas públicas de conservação e desenvolvimento, estimulando parcerias entre as comunidades, governos, empresas, ONGs e universidades.
72
A Ocupa莽茫o do Territ贸rio
Caleidosc贸pio Cultural
73
A geodiversidade da Serra do Espinhaço caracterizou o processo de ocupação, que se deu fundamentalmente através da exploração de suas riquezas minerais, um marco na história brasileira.
Os impactos ambientais de três séculos de exploração mineral intensa deixaram marcas profundas na paisagem geográfica, além de influenciar a constituição social e cultural das comunidades da região.
O Quadrilátero Ferrífero é marcado pela ocorrência de uma delicada vegetação sobre canga, onde ocorrem muitas espécies endêmicas. É nessa região que se observa a maior atividade econômica de base mineradora e a mais alta densidade populacional.
As cidades de Belo Horizonte, Contagem, Betim, Nova Lima, Itabira, Ouro Preto, Mariana, Conceição do Mato Dentro, Serro, Diamantina encontram-se situadas estrategicamente como importantes centros urbanos ao longo do Espinhaço.
Os fatores de perturbação antrópica vêm se intensificando nos últimos anos e não se tem idéia das proporções desses impactos sobre a flora, especialmente nas inúmeras espécies raras e endêmicas.
Atividades econômicas importantes são a agricultura e a criação de gado, favorecidas pela existência de extensas áreas naturais. Entretanto, a destruição desses ecossistemas contrasta com as novas paisagens.
Parte da diversidade etno-cultural do país está presente no Espinhaço, desde a pré-história do homem de Lagoa Santa, passando pelo rico patrimônio indígena até os descendentes africanos e europeus no contexto da colonização.
De modo geral, a Serra do Espinhaço retrata o que foi a origem dos povoamentos de Minas Gerais. Esta história está representada na paisagem e nos aspectos ecológicos e culturais, num ambiente rico de possibilidades interpretativas do patrimônio material e imaterial deste território.
Foco da colonização, a região abriga cidades como Sabará e Caeté, além de outras como Diamantina e Ouro Preto, classificadas como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO e que possuem ricos conteúdos de arte e tradição, formando um caleidoscópio cultural.
92
Diversidade Biol贸gica
Biomas e Ecossistemas
93
O Brasil possui 7 Reservas da Biosfera: Mata Atlântica, Cerrado, Pantanal, Caatinga, Amazônia Central, Cinturão Verde da Cidade de São Paulo (parte integrante da RB da Mata Atlântica) e Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço.
O que faz da Serra do Espinhaço um lugar único no mundo e tão especial para a conservação, sabendo que todos os biomas brasileiros já estão designados como Reservas da Biosfera?
O Espinhaço apresenta uma paisagem heterogênea, pois abriga ecossistemas de três importantes biomas, o Cerrado, a Mata Atlântica e a Caatinga. Essa diversidade propicia a formação de áreas de transição, complexas e com espécies raras.
O campo rupestre é o ecossistema que distingue a Serra do Espinhaço de outras regiões do mundo. Ambiente extremamente frágil e de baixa resiliência com uma megadiversidade formada por um complexo mosaico de comunidades.
Mais da metade das espécies de plantas que correm risco de extinção em Minas Gerais está na Serra do Espinhaço, além de um número significativo de espécies da fauna ameaçada.
Na cadeia do Espinhaço encontra-se o maior grau de endemismo da flora brasileira e um notável endemismo também da fauna, especialmente associada à flora e aos ambientes aquáticos.
A Serra do Espinhaço é um importante sistema de drenagem de bacias como as do São Francisco, Jequitinhonha, Mucuri, Doce e muitos outros, associado a isso, há ainda uma alta diversidade biológica aquática.
As características biológicas e geomorfológicas do maciço do Espinhaço oferecem condições excepcionais para o fluxo gênico das espécies, estabelecendo-se como um imenso corredor ecológico no sentido norte-sul.
118
Os Primeiros Naturalistas e Viajantes
Tesouros da Estrada Real
119
Os primeiros relatos históricos que traduzem as belezas naturais brasileiras aparecem nos diários e na arte em ilustrações dos viajantes e naturalistas estrangeiros que aqui estiveram, sobretudo no início do século XIX.
Livros de viajantes naturalistas tais como Spix e Martius, Langsdorff, Peter Lund, Richard Burton, Auguste de Saint-Hilaire, dentre outros, têm sido usados e interpretados como manancial de informações sobre ciência e história.
Um olhar estrangeiro não somente para a interpretação botânica, zoológica e biogeográfica, mas também, uma percepção crítica sobre as relações associadas ao modos de vida, à economia, à sociedade e aos valores políticos daquela rica época brasileira.
Os naturalistas estrangeiros atribuíam às suas descrições zoológicas e botânicas valores utilitaristas, baseando-se sobretudo nas informações da cultura de coleta e de caça utilizadas pelos nativos e os africanos.
As viagens exploratórias no Brasil eram, sobretudo, realizadas por holandeses, franceses e ingleses com interesse de conquista e administração de territórios. Confeccionavam mapas, espionavam e relatavam potencialidades econômicas.
Muitos são os testemunhos ainda preservados da Estrada Real, neste trecho histórico do passado colonial e do Império. A velha rota apresenta pontilhões que atravessam o “mato dentro”, rumo a Ouro Preto e variantes que levam às fazendas antigas.
Durante o Império se formou um eixo geográfico e administrativo da primeira capital da Província, Vila Rica, atual Ouro Preto, até o arraial do Tejuco, hoje Diamantina, onde foi descoberta a existência de diamantes por volta de 1730.
Os caminhos da exploração e da administração das riquezas minerais que, de tão importantes, lhes deram os codinomes Caminho do Ouro e Caminho do Diamante, moldaram o jeito mineiro de ser.
Com intensa atividade econômica baseada na extração de ouro e diamantes, das picadas rústicas dos primeiros desbravadores, abriram-se as “estradas reais”, ou estradas oficiais, rotas rigidamente controladas pela Coroa.
Estrada Real, estradas reais, caminhos reais, caminhos coloniais, Estrada da Corte, Caminho Geral do Sertão. São diversas as nomeações para as rotas da ocupação e do transporte das Minas Gerais da Colônia e do Império.
Em Minas Gerais, a Estrada Real e a Serra do Espinhaço se confundem. A “Grande Cadeia Ocidental” divide povos e costumes, delimita bacias hidrográficas e estabelece regiões biogeográficas entre o sertão (cerrado), a oeste, e o “mato dentro” (mata atlântica), a leste da Serra.
142
Riqueza Mineral
O Dilema do Desenvolvimento
143
A Serra do Espinhaço configura-se como um planalto de grande extensão, alinhado no sentido norte-sul. Possui um ciclo geológico muito antigo que se completou há aproximadamente 1,75 e 1,30 bilhões de anos atrás.
Uma grande diversidade de rochas representadas por quartzitos, filitos, metaconglomerados, metassedimentares, metavulcânicas, itabiritos, calcários e dolomitos tornam o Espinhaço uma das maiores províncias de mineração do mundo.
Depois dos ciclos históricos de exploração mineral, ainda é feita hoje a extração de ouro e diamantes. A coleta de cristais de quartzo também ocorre com frequência, havendo lavras de pedras preciosas e semipreciosas em várias localidades.
Recursos naturais não-renováveis, a extração do minério de ferro e outros minerais metálicos é feita nas encostas das serras. O Quadrilátero Ferrífero destaca-se pelo elevado volume de reservas, qualidade do minério e produção.
Dos 53 municípios da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, 32 desenvolvem atividade de mineração. Sendo uma exploração de um recurso natura não-renovável é fundamental que esses municípios tenham uma perfeita compreensão do ciclo dessa atividade a fim de planejar o futuro.
A intensa atividade de mineração, praticada em larga escala na Cadeia do Espinhaço, exerce um alto grau de impacto socioambiental. Seja na alteração dos ecossistemas, na interferência sobre mananciais hídricos ou nos distúrbios sociais urbanos e na cultura tradicionalmente rural.
158
Fauna e Flora
O Desafio da Conservação
159
Na Mata Atlântica, restam apenas 7% da sua cobertura original. São conhecidas cerca de 20 mil espécies de plantas, 40% das quais exclusivas deste bioma. É considerada como um dos 25 hot spot, ou seja, trata-se de um dos ecossistemas mais ameaçados da Terra.
Das 17 espécies de primatas da Mata Atlântica 9 delas são endêmicas. São conhecidas 261 espécies de mamíferos, 1.020 de aves, 340 de anfíbios, 197 de répteis e 350 de peixes.
A Mata Atlântica abriga hoje 383 dos 633 animais ameaçados de extinção em todo território brasileiro, de acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
O Cerrado é caracterizado por apresentar uma variedade de ecossistemas, de campos abertos a formações florestais com árvores relativamente baixas, troncos retorcidos, folhas grossas e raízes profundas.
Boa parte da cadeia montanhosa é dominada pelos campos rupestres, que acima de 900m de altitude formam ricos mosaicos de comunidades, onde está concentrado o maior número de espécies endêmicas, aproximadamente 30% de sua flora.
As matas de galeria são compostas por árvores frondosas que se distribuem ao longo dos cursos d’água em solos aluviais. Elas têm extrema importância para a manutenção e proteção das nascentes dos rios e de toda a biodiversidade.
O Cerrado brasileiro é conhecido também como a savana de maior biodiversidade do mundo. Com mais de 10 mil espécies de plantas sendo 4.400 endêmicas, destaca-se por uma incrível variedade de insetos associados à flora e à vida aquática. A característica vegetação com troncos tortuosos, cascas espessas e folhas grossas, não está relacionada à falta de água, que é abundante, mas sim a outros fatores, como desequilíbrios de nutrientes do solo.
Os campos rupestres são ecossistemas muito complexos de megadiversidade, ao mesmo tempo são extremamente frágeis e com baixa resiliência, isto é, uma vez rompido seu equilíbrio natural, são poucas as chances de regeneração.
O conhecimento científico ainda é incipiente e a necessidade de ações efetivas de conservação dos Campos Rupestres são urgentes. Do total de 538 espécies de plantas ameaçadas em Minas Gerais, 67%, ou seja, 351 espécies ocorrem ali.
O uso medicinal de plantas e animais está relacionado com o conhecimento das populações tradicionais. A etnobotânica reflete a riqueza de usos da flora, guardada na cultura milenar dos povos que habitam a Serra do Espinhaço. Grande parte das lavouras precisa de polinizadores que por sua vez dependem da flora regional.
Florestas mantêm as nascentes e os rios, controlam a erosão, prevenindo a perda de solo e a desertificação. Promovem a estabilidade climática favorecendo as chuvas, contribuindo para safras produtivas e fartas.
O Espinhaço foi enquadrado pelo Atlas para a Conservação da Biodiversidade como de importância biológica extrema para conservação, constituindo-se numa área única no contexto mundial, por sua formação geológica e florística.
Serra do Espinhaço
Municípios que integram a área da Serra do Espinhaço em Minas Gerais (Cities that integrate the Serra do Espinhaço area in Minas Gerais)
Decreto de Criação do Comitê Estadual da RBSE Norma: Decreto 44281/2006 Data: 25/04/2006 Zoneamento Área total: 3.076.457,8 ha Área das zonas núcleo: 204.522,14 ha Área da zona de amortecimento: 1.979.996,65 ha Área da zona de transição: 991.939,01 ha
Brasil
Serra do Espinhaço
Fonte: http://rbse-UNESCO.blogspot.com.br
MINAS GERAIS
Alvorada de Minas Augusto de Lima Barão de Cocais Belo Horizonte Belo Vale Bom Jesus do Amparo Brumadinho Buenópolis Caeté Catas Altas Conceição do Mato Dentro Congonhas Congonhas do Norte Couto de Magalhães de Minas Datas Diamantina Felício dos Santos Francisco Dumont Gouveia Ibirité Itabira Itabirito Itambé do Mato Dentro Jabuticatubas Jequitaí Joaquim Felício Lassance Mariana Moeda Monjolos Morro do Pilar Nova Lima Nova União Olhos D’água Ouro Branco Ouro Preto Presidente Kubitschek Raposos Rio Acima Rio Vermelho Sabará Santa Bárbara Santana de Pirapama Santana do Riacho Santo Antônio do Itambé Santo Hipólito São Gonçalo do Rio Preto Sarzedo Senador Modestino Gonçalves Serra Azul de Minas Serro Taquaraçu de Minas Várzea da Palma
45°0'0"W
44°0'0"W
43°0'0"W
17°0'0"S
17°0'0"S
Jequitai Francisco Dumont Olhos-D'agua
Varzea Da Palma
Joaquim Felicio
Lassance
PN das Sempre Vivas
Buenopolis
Senador Modestino Goncalves Sao Goncalo Do Rio Preto
18°0'0"S
PE do Biribiri
Santo Hipolito
18°0'0"S
Couto De Magalhaes De MinasFelicio Dos Santos
Augusto De Lima
PE do Rio Preto
Diamantina Rio Vermelho
Monjolos
Serra Azul De Minas PE Pico do Itambé
GouveaDatas
Santo Antonio Do Itambe
Presidente KubitschekSerro
Alvorada De Minas Congonhas Do Norte
195 Santana De Pirapama
19°0'0"S
Conceicao Do Mato Dentro
19°0'0"S
PNM Salão de Pedras
PNM Ribeirão do Campo
Santana Do Riacho Morro Do Pilar
PN da Serra do Cipó
Itambe Do Mato Dentro
Jaboticatubas Itabira Taquaracu De Minas
Nova Uniao Bom Jesus Do Amparo
Belo Horizonte Caete
Sabara Nova Lima
20°0'0"S
Raposos
Barao De Cocais Santa Barbara
Sarzedo PE da Serra do Rola Moça Ibirite EEE de Fechos Rio Acima
20°0'0"S
Catas Altas
Brumadinho Itabirito
Ouro Preto
Moeda Belo Vale
EEE de Tripuí
Congonhas
Mariana
PE do Itacolomi
Ouro Branco
Imagem Landsat 7 - 2002/2003 Sedes Municipais - IGA - 2001 Unidades de Conservação IEF - 2005 Setembro de 2005 Sistema de Coordenadas UTM Projeção - Sad 69 Coordenação: Miguel Angelo Andrade / Dartagnan Lino Viana
0
12,5
25
45°0'0"W
50 Km
44°0'0"W
43°0'0"W
Bibliografia
Bibliography
196
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Agradecimentos
Acknowledgement
A todos que tem contribuído para a gestão, desenvolvimento e conservação do vasto território da Serra do Espinhaço. A equipe da Empresa das Artes pelo belo trabalho e condução deste livro. A Localiza, pela visão e patrocínio de uma obra que veicule as informações e imagens para a manutenção da cultura, paisagens e biodiversidade da Serra do Espinhaço. Agradecemos a PUC Minas, na pessoa de seu Magnífico Reitor, Professor Dom Joaquim Giovanni Mol Guimarães e a equipe do Departamento de Ciências Biológicas: ao Cássio Xavier e Elvira Horácio e aos professores Eugenio Batista Leite, Henrique Paprocki, Virginia Abuhid, Fernando Laureano Verassani e Luciana Barreto Nascimento, que têm participado diretamente de iniciativas no território da RBSE. Aos biólogos Luiz Gluckii Lima, Pedro Viana e Tadeu Guerra pelo auxílio na identificação de espécies. A equipe da UNESCO, representada por Natarajan Ishwaran, Miguel Clüsener-Godt, Cláudia Karez, bem como os coordenadores e gestores das Reservas da Biosfera Brasileiras e a UNESCO Brasil, na pessoa de Celso Salatino Schenkel.
Aos gestores municipais, estaduais e representantes do governo do Brasil, além dos representantes de ONGs, setor privado e universidades que compõem democraticamente o Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço. Na pessoa do Dr. José Carlos de Carvalho e a equipe do governo do Estado, que a época não mediram esforços e apoio institucional, estendemos os agradecimentos a todos que participaram ativamente na construção do documento de referência para o reconhecimento da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço junto a UNESCO. Agradecemos especialmente à Madame Danielle Mitterrand, que enxergou tão longe quanto as visões que conseguimos alcançar ao olharmos dos altiplanos da Serra. Ao Ailton Krenak, André Abreu, Clair Izinho Benfica e aos amigos da Fundação France Libertés, nossos agradecimentos também especiais. Dedicamos esta obra aos nossos familiares e amigos e, sobretudo ao povo simples e hospitaleiro que dá som, sabor e cor as paragens da “Grande Cadeia Ocidental”.
To all of you who have contributed to the management, development and preservation of the vast territory of Serra do Espinhaço. To the team at Empresa das Artes for the beautiful work and execution of this book. To Localiza, for the vision and sponsorship of a work that brings information and images for the preservation of the culture, landscapes and biodiversity of Serra do Espinhaço. We thank PUC Minas, represented by its Magnificent Rector, Professor Dom Joaquim Giovanni Mol Guimarães and the team of the Biological Science department: Cássio Xavier and Elvira Horácio, professors Eugenio Batista Leite, Henrique Paprocki,Virginia Abuhid, Fernando Laureano Verassani and Luciana Barreto Nascimento, who have engaged directly in initiatives at the RBSE territory. To biologists Luiz Gluckii Lima, Pedro Viana and Tadeu Guerra, for helping identify the species. To the UNESCO team, represented by Natarajan Ishwaran, Miguel Clüsener-Godt, Cláudia Karez, as well as the coordinators and managers of the Brazilian Biospheres Reserves and UNESCO Brazil, represented by Celso Salatino Schenkel. To city and state authorities and representatives of the federal government of Brazil, in addition to representatives from NGOs, the private sector and universities that democratically compose the State Committee of the Serra do Espinhaço Biosphere Reserve. In the person of Mr. José Carlos de Carvalho and the state government team, who at the time spared no efforts and provided institutional support, we also thank all of those who actively participated in the construction of the reference document for the recognition of the Serra do Espinhaço Biosphere Reserve at UNESCO. We especially thank Madame Danielle Mitterrand, who was able to see as far as the visions we can reach when we look upon the highlands of the Serra range. Our special thanks to Ailton Krenak, André Abreu, Clair Izinho Benfica and the friends at the France Libertés Foundation. We dedicate this book to our families and friends and, above all, to the simple and hospitable people who add sound, flavor and color to the landscapes of the “Large Western Chain”. Apoio:
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Índice Visual
Visual Contents
Eriocaulon sp., Parque Estadual do Rio Preto, São Gonçalo do Rio Preto
Serra da Lapa, Lapinha, Santana do Riacho
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199
Pico do Itacolomi, Parque Estadual do Itacolomi, Ouro Preto
Santuário N. Sra. da Piedade, Caeté
RPPN Santuário do Caraça, Catas Altas
Serra da Lapa, Lapinha, Santana do Riacho
Cânion do Peixe Tolo, Parque Estadual da Serra do Intendente, Conceição do Mato Dentro
Córrego Águas Claras, RPPN da Mata do Jambreiro, Nova Lima
Travessão, Parque Nacional da Serra do Cipó
Cachoeira Rabo de Cavalo, Parque Est. da Serra do Intendente, Conceição do Mato Dentro
Cachoeira da Capivara, Serra do Cipó
Campos rupestres (rupestrian fields), Cachoeira do Bicame, Serra do Cipó
Pico do Guardião, Serra do Cipó
Detalhe de orquídea (orchid detail)
Pipridae, Antilophia galeata
Paepalanthus chiquitensis, campos rupestres (rupestrian fields), Serra do Cipó
Actinocephalus sp.
Parque Est. da Serra do Intendente, Conceição do Mato Dentro
Cachoeira do Tabuleiro, Parque Est. da Serra do Intendente.
Estátua do Juquinha, escultora Virgínia Ferreira (sculptor), Serra do Cipó
Liquens (lichens), Serra do Cipó
Rio Cipó, Parque Nacional da Serra do Cipó, Santana do Riacho
Ouro Preto
Santuário N. Senhora da Piedade, Caeté
Vesperata, exibição de música em Diamantina (music presentation)
Ornamentos da Marujada (Marujadas ornament)
Serra do Cipó
Marco geográfico da RBSE (RBSE geographic mark), Parque Estadual do Pico do Itambé, Itambé do Mato Dentro
Cachoeira dos Crioulos, Parque Estadual do Rio Preto, São Gonçalo do Rio Preto
Vellozia sp., Conceição do Mato Dentro
Cânion do Peixe Tolo, Parque Est. da Serra do Intendente
Cava de mineração no Quadrilátero Ferrífero (mining excavation)
Topázio imperial (imperial topaz), Ouro Preto
Topázio imperial (imperial topaz), Ouro Preto
Garimpo no Rio Jequitinhonha (projecting)
Mineração no Pico do Itacolomi (mining), Quadrilátero Ferrífero
Barragem de rejeito de mineração (mining tailings dam), entorno da RPPN Santuário do Caraça
200
201
Transporte de minério de ferro em Nova Lima (iron ore transportation)
Rio Cipó e Cachoeira Grande
Parque Est. da Serra do Intendente
Dona Mariinha e carro de boi (oxcart), Comunidade do Parauninha, Peixe Tolo, Conceição do Mato Dentro
Afloramentos rochosos em Diamantina (rock outcrops)
Serro
Distrito de Lavras Novas, Ouro Preto
Belo Horizonte
Casa de João-de-barro
Queimada (forst fire)
Lagoa Dourada, Serra do Cipó
Cachoeira do Tabuleiro, entorno do Parque Est. da Serra do Intendente, Conceição do Mato Dentro
Peixe Tolo, Conceição do Mato Dentro
Cânion do Peixe Tolo, Parque Est. da Serra do Intendente, Conceição do Mato Dentro
Visitante encontra morador (visitor meets resident)
Indígenas e afro-descendentes em rito pela água (indians and afrodescendants in rite in water), Cachoeira do Tabuleiro
Tambor, “caixa” da Marujada com chocalhos de cascavel (drum, Marujada “box” with rattlesnakes’ rattles)
Marujada, São Gonçalo do Rio Preto
Santuário N. Senhora da Piedade, Caeté
Ouro Preto
Parede de adobe, processo construtivo tradicional (brickwall)
Fogão a lenha (fire woodstove)
Vila do Mato Grosso, Conceição do Mato Dentro
Diamantina
Dona Mariinha, Conceição do Mato Dentro
Quaresmeiras (purple glories), Ouro Preto
Cambessedesia hilariana
Olho de anfíbio (eye of amphibian), Itapotihyla langsdorffii
Caatinga
Tapiti, Sylvilagus brasiliensis
Afloramentos rochosos (rock outcrops), Parque Nacional das Sempre-Vivas
Microlicia sp.
Microlicia sp.
chuveirinho, Actinocephalus bongardii
chuveirinho, Actinocephalus bongardii
Vellozia sp.
Eriocaulaceae
Textura de folha (leaf texture)
Peripatus acacioi, Onycophora
Lepidóptera
Ipomoea sp.
Vellozia
Vellozia sp.
Cachoeira no Parque Est. da Serra do Intendente, Conceição do Mato Dentro
Cachoeira das Congonhas, Parque Est. da Serra do Intendente, Conceição do Mato Dentro
Simetria no mundo vegetal (simmetry in the vegetable world)
Prosthechea pachysepala
Família Vespidae, sub–família Polistinae
Falsa coral (false coral)
Gavinha
202
203
Cachoeira da Capivara, Serra do Cipó
Perereca-de-folhagem-com-pernareticulada, Phyllomedusa ayeaye
Phyllomedusa burmeisteri
Scinax gr. catharinae
Physalaemus cuvieri
Calolisianthus pendulus
Rio Cipó, Parque Nacional da Serra do Cipó
Bicame de Pedras, Catas Altas
Parque Natural Municipal Salão de Pedras, Conceição do Mato Dentro
Parque Estadual do Itacolomi, Ouro Preto
Itapotihyla langsdorffii
Dendropsophus minutus
Aplastodiscus arildae
Sapo ferreiro, Hypsiboas faber
Rhinella sp.
Ponte antiga (old bridge), Fazenda Alto Palácio, entorno do Parque Nacional da Serra do Cipó
Parede de pau-a-pique, processo construtivo tradicional (mud wall)
Diamantina
Altiplano (plateau), Parque Nacional da Serra do Cipó
Parque Estadual Pico do Itacolomi, Ouro Preto. Marco geográfico da RBSE (RBSE geographic mark)
Bacia (river basin) do Rio Jequitinhonha, Medanha
Phyllomedusa burmeisteri
Cachoeira do Bicame, Serra do Cipó
Representação dos relatos dos Naturalistas do século XIX (representation of the 19th century’s naturalists’ accounts)
Actinocephalus sp.
Travessão, Parque Nacional da Serra do Cipó
Pinturas rupestres (rupestrian pictures), Lagoa Santa
Lagoa Dourada, Serra do Cipó
Campo Rupestre (rupestrian field)
Parque Estadual do Pico do Itambé, Itambé do Mato Dentro
Bacia (basin) do rio Jequitinhonha
Cachoeira do Tabuleiro, Parque Est. da Serra do Intendente, Conceição do Mato Dentro
Lagoa da Lapinha, Serra do Cipó
Cava de mineração no Quadrilátero Ferrífero (mining excavation)
APA Morro da Pedreira, Serra do Cipó
Ordem Hymenoptera, Família Formicidae, Gênero Atta
Chelicerata, Arachnida
Ordem Hymenoptera, Família Formicidae, Gênero Camponotus
Ordem Odonata, Família Aeshnidae
Coruja (owl), Strigidae
Cânion do Peixe Tolo, Parque Est. da Serra do Intendente, Conceição do Mato Dentro
Formas em harmonia natural (shapes in natural harmony)
Onça pintada, Panthera onca
Chelicerata, Arachnida
Chelicerata, Arachnida
Tityridae
Abre-asa-de-cabeça-cinza, Mionectes rufiventris
Hylodes uai
Hylodes uai
Hylodes uai
204
205
Suçuarana, Puma concolor
Gavião, Accipitridae
Enyalius sp.
Enyalius sp.
Enyalius sp.
Hylodes uai
Barbacenia sp.
Aristolochia smilacina
Xyris trachyphylla
Cachoeira das Congonhas, Parque Est. da Serra do Intendente
Ordem Lepidoptera
Ordem Lepidoptera, Família Nymphalidae
Campo Rupestre (rupestrian field)
Barbacenia sp.
Ponte de Pedra, RPPN Santuário do Caraça
Actinocephalus sp.
Movimento nos mistérios da criação (movements in the mysteries of creation)
Spigelia sp.
Lychnophora sp.
Fungo com gota de chuva (fungus with raindrop)
Lagarta de Caligo, Ordem Lepidoptera, Família Nymphalidae
Argia sp., Ordem Odonata, Família Coenagrionidae
Abelha (bee) sem ferrão, Ordem Hymenoptera, Família Apidae, Sub-família Meliponinae
Besouro-serra-pau, Ordem Coleóptera, Família Cerambycidae
Ordem Coleóptera, Família Chrysomelidae
Bacia (basin) do rio Doce
Pico do Itacolomi, Parque Est. do Itacolomi, Ouro Preto
Paepalanthus chiquitensis
Paepalanthus chiquitensis
Bryophyta
English Version
The Man and the Biosphere Program Biosphere Reserves in the World •
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The MaB (Man and the Biosphere) Program was created as a result of the “Conference on the Biosphere” carried out by UNESCO in Paris in September 1968, being launched officially by the United Nations in 1971. MaB is an international cooperation program which has been coordinated by UNESCO for 40 years. It deals with interactions between man and the environment where they live. It seeks the best understanding of this co-existence in all situations on Planet Earth. • The MaB Program’s main management instrument is the Biosphere Reserves, which are recognized internationally, as well as propositions by the governments of many countries. After their designation, they stay under national jurisdiction. MAB has a World Net currently composed of 580 Biosphere Reserves in 118 countries, sharing knowledge, research, monitoring and education strategies, always aiming at participative decision making • Biosphere Reserves are places of excellence in areas that represent the many ecosystems, where solutions are promoted to conciliate biodiversity conservation and sustainable development. • Integrated functions of a Biosphere Reserve: conservation of landscapes, ecosystems and genetic variability; economic and human development; providing logistics and support for research, monitoring and education. • With special biodiversity and culture characteristics, biosphere reserves are learning environments and ideal places to demonstrate innovative approaches to sustainable development.
World Heritage Site Recognized by UNESCO •
The proposal of raising the Serra do Espinhaço to the Biosphere Reserve category was referred to in scientific works
that indicated it as a priority area for conservation and was motivated by its historic and cultural importance in Brazil. • Supported by a strong conservationist movement in Minas Gerais, many government and non-governmental entities were mobilized to raise Serra do Espinhaço to the category of Biosphere Reserve. • Spaces were created for dialog, presentation of ideas, studies, events and articulations, which allowed the structuring of a work group to draw up the document that would be submitted to UNESCO’s appreciation in 2005. • On June 26, 2005, the MaB Program World Commission examined the proposal that was approved with honors for its technical merit, which demonstrated the competence and cooperation of the many Minas Gerais institutions.
Serra do Espinhaço The Large Western Chain •
The reserve contributes to biodiversity conservation, including ecosystems, species and varieties, as well as the landscapes where they are found. • The Serra do Espinhaço forms drainage basins and ecological corridors. Thus, it takes on a character of hydrographic integration and plays a strategic role in the connection of the Atlantic Forest, Cerrado and Caatinga biomes. • In order to allow the conservation of rare, threatened and endemic species, as well as representative places in the landscape, a mosaic of conservation units has been chosen: parks, ecological stations, private reserves, among others. • This mosaic aims at maintaining the corridors among areas of environmental interest, reinforcing the premise of connectivity among the conservation units and environments of ecological value recognized as overriding in Minas Gerais. • The impressive scenic beauty of the entire Espinhaço chain with its mountains, villages, waterfalls, crystalline waters and flowered fields offers exceptional conditions for adventure sports and rural, ecological and scientific tourism. • In the Reserve zoning there were considered the geological and geomorphologic formation, the distribution of rupestrian fields, conservation units, hydrographic basins and areas overriding for the conservation of biodiversity, the historic cities and the Royal Road, and thus foment an economic development that is sustainable from the socio-cultural and ecological point of view, in a historic perspective. • In the Quadrilátero Ferrífero region there are large Belo
Horizonte Metropolitan Region mining and urban expansion enterprises, which means a permanent challenge for the search for dialog among the many sectors. • There are large companies in the Espinhaço region whose operation is related to the extraction and use of natural resources, both renewable and non-renewable. Highlights are Mining, Forestry and Ironworks companies. • Economic instruments to conservation, such as environmental compensation, ecological ICMS and mining royalties are related to the environment management and directly influence the counties and their conservation units, reflecting directly in the improvement of RBSE’s territory’s management. • In addition to distinguishing itself as one of the regions with the largest mineral exploration in the world, other economic activities such as extensive cattle-raising, subsistence agriculture and vegetal extraction are evident in the Serra do Espinhaço during its occupation history. • The 21st century has brought to populations the need to deepen the reflection about the sustainability paradigm in order to establish a model more appropriate to human development. • The entire historic, cultural and environmental heritage has been attracting the interest of several institutions. Thus, we can ascertain the existence of a valuable collection of information that tries to unveil the secrets of the Minas mountains. • Creating logistical conditions for the materialization of demonstrative projects, production and diffusion of knowledge, education, as well as scientific research and monitoring of conservation and sustainable development, a priority strategy for managing the reserve. • Popular art also brings economic and social development. In the small towns the diversity of cultural expressions manifests itself through handicrafts, literature, music, folklore, festivals and culinary, the eatable art of candy makers. • Surprising villages with characteristics that still preserve traditional cultures have been included and recognized as communities, and represent places for religious festivals. • Some of the largest urban centers of the state are located in the proposed area, and in cities such as Belo Horizonte, Diamantina and Ouro Preto there are found some of the most important teaching and research institutions in Minas Gerais. • Data generated by research and traditional knowledge favor the adoption of public policies of conservation and development, stimulating partnerships among the communities, governments, companies, NGOs and universities.
The Occupation of the Territory Cultural Kaleidoscope •
The Serra do Espinhaço’s geodiversity has characterized the occupation process, which happened basically through the exploration of its mineral resources, a milestone in Brazilian history. • The environmental impacts of three centuries of intensive mineral exploration have left deep marks in the geographical landscape, in addition to deeply influencing the social and cultural shaping of the region’s communities. • The Quadrilátero Ferrífero is marked by the occurrence of delicate vegetation above the canga, where many endemic species occur. In this region we observe the largest miningbased economic activity and the highest population density. • The cities of Belo Horizonte, Contagem, Betim, Nova Lima, Itabira, Ouro Preto, Mariana, Conceição do Mato Dentro, Serro, Diamantina are located strategically as important urban centers across the Espinhaço. • The factors of anthropic disturbance have been growing in the last few years, and the proportions of such impacts on plant, especially in the countless rare and endemic species, is unknown. • Cattle-raising and agriculture are an important economic activity, which is favored by the existence of extensive natural pastures. However, the destruction of these areas is accelerated by the cattle treading and frequent fires. • The ethno-cultural diversity of the country is present in the Espinhaço: from the pre-historic presence of the Lagoa Santa man, through the rich Indian heritage up to the African and European descendants in the colonization context. • Generally, the Serra do Espinhaço portrays what the origin of the Minas Gerais populations was. This history is represented in the landscape and the ecological and cultural aspects in an environment rich in interpretative possibilities of this territory’s material and immaterial heritage. • A focus of colonization, the region houses cities such as Diamantina, Sabará and Ouro Preto, which are classified as World Heritage Sites by UNESCO and possess rich contents of art and tradition that form a cultural kaleidoscope.
Biological Diversity Biomes and Ecosystems •
Brazil has 7 Biosphere Reserves: the Atlantic Forest, the Cerrado, the Pantanal, the Caatinga, Central Amazon, the
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Green Belt of the City of São Paulo (an integral part of the Atlantic Forest’s RB) and the Serra do Espinhaço’s Biosphere Reserve. • What makes the Serra do Espinhaço a unique place in the world and, in addition, a so special one for conservation, knowing that all Brazilian biomes are already designated as Biosphere Reserves? • Espinhaço presents a heterogeneous landscape because it houses ecosystems of three important biomes: the Cerrado, the Atlantic Forest and the Caatinga. This diversity allows the formation of complex transition areas with rare species. • The rupestrian field is the bioregion that distinguishes the Serra do Espinhaço from other regions in the world. It is an extremely fragile and low-resilient environment with a megadiversity formed by a complex mosaic of communities • More than half of the plant species threatened with extinction in Minas Gerais is in the Serra do Espinhaço, in addition to a significant number of species of the threatened fauna. • In the Espinhaço chain, we find the highest level of endemism of the Brazilian flora and a remarkable endemism of the fauna as well, especially that associated with the flora and aquatic environments. • The Serra do Espinhaço is an important drainage system of basins such as those of São Francisco, Jequitinhonha, Mucuri, Doce and many others, and, associated with that, a high aquatic biological diversity. • The biological and geomorphic characteristics of the Espinhaço massive offer exceptional conditions for the species’ gene flow, established as an immense ecological corridor in the northsouth direction.
The First Naturalists and Travelers Treasures of the Royal Road •
The first historic accounts that translate the Brazilian natural beauties appear in the journals and illustration art of foreign travelers and naturalists who were here especially in the early 19th century. • Books by naturalist travelers such as Spix and Martius, Langsdorff, Peter Lund, Richard Burton, Auguste de SaintHilaire, among others, have been used and interpreted as a source of information on science and history. • A look not only at the botanical and biogeographical interpretation, but also a critical perception about the relations associated with ways of life, the economy, society
and political values of that rich Brazilian epoch. • Foreign naturalists have attributed utilitarian values to their zoological and botanical descriptions based on the information of the collection and hunting culture used by natives and Africans. • Exploratory travels in Brazil were made above all by Dutchmen, Frenchmen and Englishmen interested in conquering and administrating territories. They drew maps, spied and reported economic potentialities. • There are several testimonies still preserved in this historic stretch of colonial and imperial past. The old route presents bridges that cross the “inside forest” bound to Ouro Preto and variables that lead to the old farms. • During the Empire, there has formed a geographical and administrative axis of the first capital of the Province, Vila Rica, now Ouro Preto, up to the Arraial do Tijuco, now Diamantina, where the existence of diamonds was discovered around 1730. • The paths of exploration and administration of the mineral resources that, being so important, have given them their codenames Gold Path and Diamond Path have molded the mineiro lifestyle. • With an intense economic activity based on the extraction of gold and diamonds, from the rustic pathways of the first trail blazers there were opened the “royal roads”, or official roads, routes rigidly controlled by the Crown. • Royal Road, royal roads, royal paths, colonial paths, Court Road, General Path of the Sertão – there are several nominations to the routes of occupation and transportation of the colony and the Minas Gerais Empire. • In Minas Gerais, the Royal Road and the Serra do Espinhaço get confused. The “Great Western Chain” has divided peoples and customs; it delimits hydrographic basins and establishes biogeographical regions between the sertão (Cerrado) and the “inside forest” (Atlantic Forest), east of the Serra.
Mineral Richness Development Dilemma •
The Serra do Espinhaço is a plateau of large extension aligned in the north-south direction. It has a very old geological cycle that was completed approximately 1.75 and 1.3 billion years ago. • A great diversity of rocks represented by quartzites, phyllites, metaconglomerates, metasedimentaries, metavolcanics, itabirites, limestone and dolomites makes the Espinhaço one of the world’s largest mining provinces.
•
After the historic cycles of mineral exploration, the extraction of gold and diamonds still exists to this day. The gathering of quartz crystals occurs frequently, and there are mines of precious and semiprecious stones in several locations. • Non-renewable natural resources, the extraction of iron ore and other metallic minerals is made on the sierras’ slopes. The Quadrilátero Ferrífero stands out by its high volume of reserves, ore quality and production. • Out of the 53 counties in the Serra do Espinhaço’s Biosphere Reserve, 32 develop mining activities. Being the exploration of a natural and non-renewable resource, it is essential that these counties have a perfect understanding of this activity’s cycle, so they can plan their future. • The intense mining activity broadly practiced in the Espinhaço Chain produces a high level of socio-environmental impact. Be it in the alteration of the ecosystems, the interference on hydric sources or urban social issues and the traditionally rural culture.
Fauna and Flora The Challenge of Conservation •
In the Atlantic Forest there is only 7% left of its original cover. Around 20,000 plant species are known, being that 40% of them are exclusive of this biome. It is considered as one of the 25 hotspots, i.e., one of Earth’s most threatened ecosystems. • Out of the 17 Atlantic Forest’s primate species, 9 are endemic. 261 mammal species, 1,020 bird species, 340 amphibian species, 197 reptile species and 350 fish species are known. • The Atlantic Forest houses today 383 out of the 633 animals threatened with extinction in the entire Brazilian territory, according to the Brazilian Institute for the Environment and Renewable Natural Resources (IBAMA). • The Cerrado is characterized for presenting a variety of ecosystems, open fields and forest formations with relatively low trees, twisted trunks, thick leaves and deep roots. • Most of the mountain chain is dominated by rupestrian fields, which above 900m altitude form rich mosaics of communities, where the largest number of endemic species is gathered, approximately 30% of its flora. • Gallery forests are composed of leafy trees that are distributed across the water courses in alluvial soils. They are extremely important for the maintenance and protection of river sources and the entire biodiversity. • The Brazilian Cerrado is also known as the savanna with the
greatest biodiversity in the world. With more than 10,000 plant species and 4,400 endemic ones, it distinguishes itself for an incredible variety of insects associated with the flora and aquatic life. The characteristic Cerrado vegetation with tortuous trunks, thick barks and leaves is not related to the lack of water, which is abundant, but rather to other factors, such as unbalances of soil nutrients. • Rupestrian fields are very complex megadiversity ecosystems and at the same time extremely fragile and low-resilient, i.e., once their natural balance is broken, chances of regeneration are scarce. • Scientific knowledge is still incipient and the need for effective conservation actions of rupestrian fields is urgent. Out of the total 538 plant species threatened in Minas Gerais, 67%, i.e., 351 species occur in the Rupestrian Fields. • The medicinal use of the biodiversity’s plants and animals is related to the knowledge of traditional populations. Ethnobotany reflects the richness of uses of the flora, embedded in the millenary culture of the people who inhabit the Serra do Espinhaço.Most of the farming needs pollinators that depend on the forest. • Forests keep sources and rivers, control erosion, preventing soil loss and desertification. They promote climatic stability by favoring rains, contributing for productive and plentiful crops. • Espinhaço was included in the Atlas for Biodiversity Conservation as an extreme biological importance for conservation, becoming a unique area worldwide for its geological and flowery formation.
Decree for the Creation of the RBSE State Committee Norm: Decree 44281/2006 Date: 25/04/2006
Zoning
Total area: 3,076,457.8 ha Core zones area: 204,522.14 ha Buffer zone area: 1,979,996.65 ha Transition zone area: 991,939.01 ha
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Serra do Espinhaço: Minas Gerais: Brasil [fotografias/photos Miguel Andrade; pesquisa de textos/research and texts Miguel Andrade, Sérgio Augusto Domingues; tradução/translation Vértice Translate]. São Paulo: Empresa das Artes, 2012. 212 páginas.
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Edição bilíngue: português/inglês ISBN 978-85-7910-117-5 1. Serra do Espinhaço (MG e BA) – Descrição 2. Serra do Espinhaço (MG e BA) – Fotografias 3. Reserva da biosfera I. Andrade, Miguel II. Domingues, Sérgio Augusto 12-12975 Índices para catálogo sistemático: 1. Fotografias: Serra do Espinhaço: Bahia 2. Fotografias: Serra do Espinhaço: Minas Gerais
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