Anuário 2013

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Anuรกrio

2013

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Anuรกrio

2013


Editorial O ano de 2013 foi muito importante para o RESUMO FOTOGRÁFICO e, por isso, resolvemos registrar em uma única publicação os fatos mais marcantes para nossa trajetória e para a fotografia como um todo. Ao longo destes 3 anos de existência, concretizamos parcerias importantes com grandes empresas do ramo fotográfico. Apoiamos e participamos de grandes eventos como os congressos Wedding Brasil, PhotoShow, Estúdio Evolution e PhotoDay, levando conosco alguns dos nossos leitores, além de estarmos presentes nas coberturas de festivais como o Paraty em Foco. Neste ano, realizamos ainda a abertura da nossa sede física em Belo Horizonte, que estará aberta para receber diversas atividades promovidas por nossos amigos e parceiros. Recebemos também novos colaboradores, que têm se empenhado para produzir artigos cada vez melhores. Testemunhamos a onda de manifestações que se espalharam pelo país, onde os fotojornalistas desempenharam papel fundamental na mídia. Foram alguns dos principais interpretes dos fatos, pela força de suas imagens e, por consequência da proximidade, foram também vítimas da violência, por parte de manifestantes e principalmente pela repressão policial. Os fotógrafos também sofreram com o crime. As ocorrências de furtos foram diversas, desde eventos esportivos a cerimônias de casamentos. O ano de 2013 também marcou a publicação de uma variedade de grandes livros (literalmente), como “Genesis” de Sebastião Salgado e “Brasil Litoral” de Valdemir Cunha, dentre vários outros nomes importantes. Foi um grande desafio organizar e diagramar tantas notícias importantes em uma única publicação. Espero que aproveitem desse que é o nosso primeiro anuário, e que venham muitos outros. Boa leitura. Cid Costa Neto (Editor) cidcostaneto@resumofotografico.com

O ANUÁRIO RESUMO FOTOGRÁFICO é uma publicação independente, de cunho informativo e com distribuição gratuita.

RESUMO FOTOGRÁFICO Edifício Arcângelo Maleta Rua da Bahia, 1148, sala 740 Belo Horizonte - MG | CEP: 30160-906 www.resumofotografico.com

Colaboradores O Resumo Fotográfico é um canal de notícias colaborativo. Conheça nossa equipe:

Cristina Tristão Natural de Belo Horizonte, atua como designer de interiores e fotógrafa na Relicário Fotografia. Gabriel Barrera Fotógrafo paulistano. Estudante na Focus Escola de Fotografia e formado pela Canon College. Natália Nunes Fotógrafa de Belo Horizonte e estudante de Psicologia.

João Braga Filho Carioca, programador de computadores e fotógrafo amador. Roberta Clarissa Leite Jornalista e radialista radicada em Praga. Rodrigo Jordy Carioca, fotógrafo amador, é o criador do blog Foto Fácil e responsável pelas principais novidades em equipamentos. Tatiane Maria Natural de Belo Horizonte, atua como fotógrafa e professora de fotografia em Santa Maria, RS. Editoração e diagramação Cid Costa Neto

Os textos publicados no Resumo Fotográfico são licenciados com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso não-comercial 3.0 Brasil.


Sumário Panorama ................................. 08 Notícias e novidades

Equipamentos ........................... 26 Veja alguns dos principais lançamentos em equipamentos

Premiados ................................ 34 Veja quem foram os profissionais vencedores dos principais prêmios

Ensaios .................................... 52

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Relembre alguns ensaios que tiveram destaque em nossas páginas

Livros ....................................... 60 Principais lançamentos publicados neste ano

Imagens ................................... 76 Fotos que marcaram e os relatos de seus autores

Opinião ..................................... 86 Você tem medo da crítica?

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E ainda Jolie à venda Imagens da atriz ganham destaque em leilão

A ética e a estética das manifestações A construção das imagens dos protestos

Retrato da violência O fotojornalista que perdeu a visão de um olho durante os protestos

Furtos a fotojornalistas Repórteres fotográficos podem ser vítimas de crime organizado

A corrida pelo melhor equipamento A importância exagerada que se dá aos novos equipamentos

Praga A cidade que inspira os fotógrafos nas quatro estações

Fotografia de cinema na era digital Premiação para melhor fotografia gera polêmica

Uma homenagem a Nelson Mandela David Turnley narra o dia em que o líder sul-africano deixou a prisão

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Insight Opinião do leitor Você sabe o que é Síndrome de Aquisição de Equipamento? “Muito boa a matéria, que se aplica a um monte de compulsões de compra, não só de equipamentos fotográficos. E o texto recomendado, de Eric Kim, está excelente, com dicas valiosas não só para aqueles portadores da tal síndrome, mas para todos que em algum momento se vêem estimulados a comprar coisas não tão necessárias.” Luis Fernandes “Com efeito, é que se pode aplicar a todo tipo de equipamentos. Mas a pergunta é se não será uma questão da época e do sistema económico, que condiz a comprar todo tipo de aparatos e gadgets, não só fotográficos, como também smartphones, tvs, computadores, etc. O gasto em equipamento tecnológico na meia deve estar bem mais acima do que há uns anos, relativamente à percentagem sobre o salário, não é? Então o GAS é um problema real. Ótima matéria.” Fototekne

O Resumo Fotográfico é um espaço aberto para o debate sobre fotografia em vários aspectos, onde a participação de nossos leitores é fundamental.

cerca de 1.500 habitantes, onde os termômetros chegaram a registrar quase 70 graus Celsius negativos.” Marcos Roberto Saraiva

Jornal dos Estados Unidos demite toda equipe de fotógrafos “O efeito do famoso trabalho colaborativo, que cresce no mundo todo, sempre com a intenção das grandes empresas, de manterem bancos de imagens, sem terem que pagar aos profissionais.” Maxwell Vilela “Absurdo, porque não demitem os jornalistas e contratam adolescentes do Twitter pra escrever agora ?” Vitor Hugo Da Silva “Uma empresa do por te e histórico do ‘Chicago Sun-times’ tomar uma atitude como esta demonstra total falta de respeito e descaso com os profissionais que fizeram a história deste grande jornal, LAMENTAVEL...” Roberto Esteves

Yakutsk: A cidade mais fria do planeta

A legitimidade de uma foto e a paranóia da manipulação digital

“Yakutsk é uma cidade relativamente grande, pois tem 270.000 habitantes, e nessa faixa populacional deve ser mesmo a mais fria cidade do planeta. Mas o local habitado mais frio do mundo é a bem menor cidade de Verkhoyansk, também na Sibéria, com

“Ótimo artigo. Hoje em dia isto não é tão comum, mas até um tempo atrás você achava com bastante facilidade os ‘profissionais’ que condenavam a edição da fotografia. Na minha opinião, a edição realizada pelo

Quer participar dando sua opinião? Envie um e-mail:

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Hansen é totalmente aceitável, e criou um resultado estupendo, maravilhoso. Esses profissionais que dizem não realizar edições em suas imagens não devem ser chamados de profissionais. Não compreendem os processos que se passam por trás de uma imagem digital, e devido a sua ignorância julgam os demais. Provavelmente o que aconteceu foi isto. A ignorância, que veio a calhar devido a interesses políticos.” Luiz Ricardo Silveira

Site utiliza foto do apresentador do canal DigitalRev para ilustrar notícia sobre violência sexual “Sinto muito pesar pelos jornalistas sérios de hoje. É muita, mas muita gente denegrindo seriamente a profissão, seja com textos colados direto de tradutores, seja de republicação de notícias falsas e outros indicativos de total descaso.” Tatiana Cunha

Você tem medo da crítica? “Caro Cid Costa, parabéns pelo seu comentário sobre ‘A Critica’, percebi muita sabedoria em sua palavras, gosto muito da crítica inteligente, pois, ela nos faz evoluir como pessoa, e como profissional, seja qual for a área. O difícil é encontrar pessoas dispostas à criticar para o bem da evolução. Abraços!!” Milton Sonbração

contato@resumofotografico.com


Sede

FACEBOOK/REPRODUÇÃO

Após completar três anos online, o RESUMO FOTOGRÁFICO ganhou, em Agosto, uma sede física localizada no Conjunto Arcângelo Maletta, edifício tradicional de Belo Horizonte, ponto de encontro de artistas, jornalistas, músicos, intelectuais e notívagos. Nós sujamos as mãos (literalmente) para podermos realizar neste novo espaço diversas atividades relacionadas às ar tes fotográficas, como cursos, oficinas, palestras, concursos e exposições.

What The Duck #200 Em Novembro, alcançamos a marca de 200 tirinhas do ‘What The Duck’ traduzidas e publicadas em nosso site. As tiras de autoria de Aaron

Johnson, foram publicadas pela primeira vez em 2006 e são uma paródia ao cotidiano do fotógrafo profissional, através das histórias de um pato, que decide fazer sua

incursão nesse meio. As tiras são publicadas em nosso site duas vezes por semana (quartasfeiras e sábados). Veja abaixo as de número 200 e 201, respectivamente:

© 2007 Aaron Johnson - Tradução: Cid Costa Neto

Para ver todas as tirinhas traduzidas, acesse: www.resumofotografico.com/what-the-duck Dezembro 2013 - 07


Panorama REPRODUÇÃO

A polêmica da revista Viva! Mais Em Março, uma grande polêmica em torno do aprendizado da fotografia agitou a comunidade fotográfica. Na chamada na capa da revista Viva! Mais!: "VIRE FOTÓGRAFA EM 1 DIA e ganhe até R$ 4 mil por mês". A grande maioria dos fotógrafos são profissionais apaixonados, que dedicam a vida ao que fazem. Investem muito dinheiro e tempo, abrem mão de estar com a familia e arriscam até a própria vida no trabalho. Por isso, quando surge uma publicação informando que é possível fazer isso em um dia, é logo tratada como

uma grande afronta, que desvaloriza o trabalho do profissional, uma completa falta de respeito. Não é preciso dizer que diversos fotógrafos ficaram indignados. Várias pessoas manifestaram-se através da página da revista no Facebook, cada uma a sua maneira. Alguns mais exaltados, outros mais comedidos. Um leitor chegou inclusive a citar uma grande ironia: a mesma editora da revista (Abril) é responsável também por um cobiçado curso de fotografia oferecido anualmente pelo Curso Abril de Jornalismo.

Cientistas criam sensor mil vezes mais sensível NANYANG TECHNOLOGICAL UNIVERSITY/REPRODUÇÃO

Em Maio, Cientistas da Nanyang Technological University, em Cingapura, desenvolveram um novo sensor de imagens para câmeras digitais que deve revolucionar o mercado em um futuro muito próximo. O novo sensor é mais de mil de vezes mais sensível do que os sensores CCD e CMOS atuais, permitindo registros mais rápidos e com mais nitidez, mesmo em ambientes com pouca luz. As nanoestruturas do sensor, criadas com grafeno puro (folha plana de átomos de carbono), armazenam por bastante tempo os elétrons gerados pelo impacto dos fótons de luz, produzindo um sinal elétrico muito mais forte em cada pixel, que são processados e reunidos para formar imagens mais claras e mais nítidas. O novo sensor é também mais econômico, funcionando com uma tensão muito menor e gastando 10 vezes menos energia do que os sensores atuais. Isso permite realizar muito mais imagens, gastando 08 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1

menos bateria. Segundo o Professor Assistente Wang Qijie, criador do projeto, é possível fabricar sensores mais sensíveis e mais baratos através dessa tecnologia. Ele espera que isso cause um grande impacto na indústria da imagem e conta que o desempenho do dispositivo pode ainda ser melhorado. "O desempenho do nosso sensor de grafeno pode ser melhorado,

assim como a velocidade de resposta, por meio de engenharia de nanoestruturas de grafeno, e os resultados preliminares já verificaram a viabilidade de nosso conceito." conta o Professor Wang. O projeto levou dois anos para ser concluído e custou cerca de 200 mil dólares (cerca de 425 mil Reais), sendo financiado pela bolsa de pesquisa de Wang, com apoio parcial do Ministério da Educação do país.


Museu George Eastman House ganha versão online GEORGE EASTMAN HOUSE/GOOGLE ART PROJECT

Em Abril, o George Eastman House, mais antigo museu sobre fotografia do mundo, em Rochester, nos Estados Unidos, anunciou a disponibilização de 50 imagens de suas coleções em alta resolução na web como par te do Google Art Project. Foi a primeira vez que um museu de fotografia participou do projeto, que possui uma ferramenta de zoom que "permite aos usuários a habilidade para descobrir detalhes nunca antes vistos", segundo o museu. Além disso, todas as informações sobre

cada imagem foram disponibilizadas, possibilitando pesquisas pela web que antes não podiam ser feitas. E a ferramenta de mapa permite localizar onde a imagem foi feita. O museu foi aberto em 1949 e possui em seu acervo obras raras, como um retrato de Louis Daguerre [ao lado], um dos precursores da Fotografia. Também estão disponíveis peças de outros pioneiros e lendários fotógrafos, como Fox Talbot, Mathew Brady, Eadweard Muybridge, William Henry Jackson, Eugene Atget e Alfred Stieglitz.

Acesse: www.google.com/culturalinstitute/collection/george-eastman-house

Jornal dos EUA demite toda equipe de fotógrafos SCOTT OLSON

O jornal americano Chicago SunTimes anunciou no dia 30 de maio, a demissão de toda a sua equipe de fotógrafos, com quase 30 profissionais, incluindo John H. White, vencedor do prêmio Pulitzer. O motivo seria a reestruturação na administração dos formatos multimídia. A empresa passou contratar apenas fotógrafos freelancers para a cobertura de eventos importantes e pedir aos jornalistas que façam eles mesmos as fotografias e vídeos para ilustrar suas matérias. Segundo o The New York Times, o sindicato que representa muitos dos fotógrafos anunciou a intenção de apresentar uma acusação de “negociação de má-fé” com o Conselho Nacional de Relações do Trabalho. Os cortes aconteceram em um momento em que a indústria de mídia impressa tentava se recuperar de uma forte crise, após grande mudança na maneira como o público consome notícia, dando preferência para meios digitais e imagens audiovisuais. O

Chicago Sun-Times encerrou o mês de Setembro de 2012 com uma circulação paga de 263.292, contra cerca de 341.448 em 2006. Protesto No dia 6 de junho, os fotógrafos demitidos protestaram em frente à sede do jornal.

A repórter Kathy Routliffe do jornal Pioneer Press, juntou-se aos manifestantes carregando um cartaz que dizia “Droga Jim! Eu sou repórter, não um fotógrafo!” [foto acima], em referência ao editor do Sum-Times, Jim Kirk e a ideia de que os jornalistas devam realizar eles mesmos as fotos para ilustrar suas matérias. Dezembro 2013 - 09


Panorama TEO SCOPARO

Wedding Brasil Em 2013 fomos mais uma vez apoiadores do congresso Wedding Brasil, realizado no mês de Abril em São Paulo e estivemos presentes para mostrar o que rolou por lá.

Por Tatiane Maria Primeiro dia Para abrir o evento, tivemos a apresentação emocionante do grupo Cia. Arte & Manha - "Uma volta ao Mundo". Em seguida, tivemos no palco a presença do fotógrafo catarinense Jared Windmüller com a palestra "O Fotógrafo Completo: os pequenos detalhes que fazem a diferença" que compartilhou conosco de suas experiências e falou sobre a importância do networking. Na sequência, o fotógrafo esloveno Samo Rovan falou sobre "A Composição Extrema: Como e quando quebrar as regras". Samo compartilhou conosco sua trajetória profissional e falou sobre a complexidade do casamento, da fotografia e do fotógrafo. Em seguida, a mexicana Citlalli Rico falou sobre "Paixão: O sentimento que move todo bom fotógrafo". Citlalli falou com entusiasmo sobre sua carreira e pontuou tópicos que considera importantes para melhorar nossas imagens e para o crescimento profissional. No dia seguinte, durante o Happy Hour, em uma oportunidade que tive de falar com ela, Citlalli me disse que está muito feliz por estar no Brasil e que está encantada com a recepção calorosa dos brasileiros. Para finalizar o primeiro dia, o videomaker Santi falou de "Estratégias para expandir o seu negócio" mostrando ao fotógrafo estratégias para fazer vídeos. Enquanto as palestras aconteciam no palco do auditório Simón Bolívar do Memorial América Latina o Núcleo de Tecnologia mantinha palestras lotadas 10 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1

durante todo o dia com temáticas diversas que agregaram conhecimento aos fotógrafos presentes. Segundo dia No segundo dia de Wedding Brasil o primeiro ao subir ao palco foi o italiano Edoardo Agresti para falar sobre "A filosofia e a essência do verdadeiro fotojornalista" e nos deu uma aula de retratos criativos e de fotojornalismo com técnica e planejamento. Seguido pelo gaúcho Robson Cruz, "Em busca da fotografia autoral" que nos contou sobre sua fotografia, sua carreira e como tudo começou, ainda como congressista, no Wedding Brasil. Em seguida, tivemos a presença do casal canadense, Davina e Daniel em, "O Equilíbrio é a base para o sucesso", o casal nos conta também sobre a carreira, como trabalham juntos e como gerir o negócio de forma eficiente. Para falar de "Um empreendimento chamado fotografia de casamento" recebemos Marco Costa, que explica como sair da invisibilidade e se destacar em meio à multidão de fotógrafos de casamento que existem no mercado, a impor tância do marketing pessoal. Jose Guardia, Pai e Filho abordaram a composição das imagens, iluminação e poses mostrando a aplicabilidade de suas técnicas

em vídeos. Ao final do segundo dia, fotógrafos de todo Brasil dançaram, conversaram, fotografaram e se divertiram no Happy Hour. Para animar a galera tivemos a presença da DJ Jéssica Tribst e os dançarinos do Cia. Arte Manha apresentaram performances artísticas. Terceiro Dia Iniciamos o último dia com a presença do fotógrafo russo Emin Kuliyev em "Lifestyle Wedding: a irreverência e a inovação na fotografia" surpreendeu a todos com as fotografias que registrou nas ruas de São Paulo e dos congressistas, que registrou durante o Happy Hour no dia anterior. Na sequência, o fotógrafo Renato d'Paula, "A história nunca se repete: quebrando os padrões", nos conta a importância das vivências do fotógrafo e como elas reetem em suas fotografias. Evandro Rocha em, A Luz e a Magia: Transforme a sua maneira de fotografar", logo de cara emocionou aos congressistas com imagens de tirar o fôlego e um time lapse fantástico com fotos que fez em Las Vegas, além das dicas práticas aos congressistas. Para finalizar com chave de ouro, tivemos o nor te-americano Kevin Kubota falando dos 25 segredos do fotógrafo de sucesso.


Festival Internacional de Fotografia de Belo Horizonte DIVULGAÇÃO

Em Julho, aconteceu na capital mineira, a primeira ediçao do FIF-BH Festival Internacional de Fotografia de Belo Horizonte. Com o objetivo de absorver a produção de diferentes lugares do mundo, o evento teve como tema os Espaços Compartilhados da Fotografia e contou com diversas palestras, oficinas e exposições. Para a exposição, dividida entre o Centro de Ar te Contemporânea e Fotografia, o Museu Mineiro, o Espaço Cultural Cento e Quatro e estações do metrô de Belo Horizonte, foram recebidas mais de 1.000 inscrições, de 73 países.

Restauração revela fotos íntimas de Frida Kahlo Um total de 369 fotografias do acervo pessoal da celebre pintora m e x i c a n a Fr i d a K a h l o ( 1 9 0 7 1954) e seu marido, Diego Rivera (1886-1957) vem sendo restauradas pelo Projeto de Conservação de Ar te do Bank of America Merrill Lynch. As imagens - registradas entre 1880 e 1950 - são parte de um acervo de documentos pessoais do casal e começaram a ser catalogados em 2005. Após a conclusão do projeto, as fotos serão tema de exposição e livro. Trata-se de uma seleção entre as 6.500 fotografias guardadas na Casa Azul, residência da artista, na Cidade do México, transformada em museu quatro anos após sua morte. "Cada foto representa uma peça de um grande quebra-cabeças da com-plexa vida de Frida. Permitem entender muitos aspectos de sua personalidade, sua visão política, social e sexual, sua doença, sua frustração por não poder ter um

GUILLERMO KAHLO

filho, sua intensa vida social e, claro, sua relação com Diego." - disse a diretora da Casa Azul, Hilda Trujillo à publicação The Art Newspaper. Os registros abarcam 70 anos de momentos e pessoas relacionados à trajetória de Kahlo, como, por exemplo, os artistas David Alfaro

Siqueiros, André Breton e José Clemente Orozco, e o revolucionário comunista Leon Trótski. Entre os autores estão nomes como Henri Car tier-Bresson, Man Ray, Sergei Eisenstein, Tina Modotti e Edward Weston, além de Lola e Manuel Álvarez Bravo. Dezembro 2013 - 11


Panorama Kodak recebe aprovação para sair da concordata No dia 20 de agosto, a Kodak ganhou aprovação judicial do Tribunal de Falências do distrito Sul de Nova York, para sair da concordata, que teve pedido realizado em janeiro de 2012. No começo de Junho, o plano da Eastman Kodak para se reconfigurar como uma empresa comercial de imagens já havia sido aprovada pelo juíz Allan Gropper, do Tribunal de Falências dos EUA e o fim da concordata representa o último passo para o plano de reestruturaração para uma empresa menor. Com as mudanças, a Kodak concentrará seus negócios na impressão comercial e de embalagens. "A (nova) Kodak é uma empresa diferente daquela que faz parte do

ADAM FENSTER/REUTERS

imaginário popular e muito diferente daquele que entrou em falência." disse o advogado da empresa, Andrew Dietdericha, durante a audiência. Em Abril deste ano, a divisão de fotografia da empresa foi comprada

pelo fundo de pensão britânico KPP. A marca, no entanto, segue no mundo da fotografia através da JK Imaging que criou um acordo para lançar câmeras com tecnologia Micro 4/3 sob o nome Kodak.

Museu da Fotografia de Manaus Antiga FACEBOOK/REPRODUÇÃO

O fotógrafo peruano Jorge Herrán, que há mais de 30 anos vive no Brasil, é o autor do Museu da Fotografia de Manaus Antiga, iniciativa que prevê a inauguração de um espaço onde serão expostas centenas de imagens históricas da capital amazonense. Há 25 anos, desde a "época da borracha", Herrán vem resgatando a história da fotografia de Manaus. São mais de 400 fotografias das quais 240 já foram restauradas e digitalizadas. Segundo ele, o exemplar mais antigo data de 1865. O lugar escolhido para servir de sede do Museu, é um casarão erguido no início do século passado, situado no Centro de Manaus. “Trata-se de uma casa antiga, do início de 1900, que está em estado precário. Dá para restaurar e deixá-la linda como era. Basta disposição e a ajuda de quem quiser e puder.” contou o fotógrafo, através da conta no Facebook. 12 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1

Antes da construção do porto, passageiros que desciam do navio ancorado no Rio Negro eram transportados em "catrais" até Manaus. A foto de 1901 pertencia ao acervo da César & Cia, hoje faz parte da coleção de Jorge Herrán.

Para arrecadar fundos para a reforma da sede do Museu, as imagens resgatadas por Herrán foram reunidas em um CD que pode ser

adquirido por 30 Reais através de contato pelos telefones (92) 91113065 e 8143-1310 ou pelo Facebook: www.facebook.com/jorge.herran.


FOTOS: JOÃO BRAGA FILHO

Paraty em Foco Por João Braga Filho O Paraty em Foco é considerado um dos mais importantes festivais de fotografia do Brasil, se não o mais importante. É uma boa chance para trocar experiências, fazer workshops, ver exposições, bater papos, fazer fotos, fazer amigos, conhecer grandes fotógrafos etc. Normalmente o evento é realizado na segunda quinzena de Setembro, na lua nova ou na lua cheia, para que tenha uma atração extra - a maré alta que invade Paraty nestes dias, especialmente o Centro Histórico. Inclusive a Casa do Paraty em foco, onde era a sede da organização, ficou cercada pela maré. Neste ano a maior parte das exposições foi ao ar livre, e não em galerias, incluindo os muros da Casa de Cultura. Uma grande novidade foi "O Grande Cubo", também chamado de "Torre de Babel", no estacionamento ao

O Grande Cubo, ou Torre de Babel

mas a exposição The Afronauts, de Cristina de Middel, ocupou o Largo da Santa Rita com muitos cubos e peças maiores. Uma das exposições estava fora do Centro Histórico, na Praia do Pontal, às margens do Rio Perequê-Açú. Era Portraits, de Jorge Fuembena, Ela seguia um formato próprio, com peças de três faces, cada uma contendo um retrato, e cada bloco seguindo um tema.

"The Afronauts" de Cristina de Middel

lado da praça da Matriz. Muitas exposições eram em cubos de cerca de um metro de lado com uma foto por lado. De noite estes cubos acendiam, se iluminando por dentro. Geralmente eram um cubo por artista,

A exposição mais impressionante foi na Galeria Zoom do fundador do Paraty em foco, Giancarlo Mecarelli. Era Bangladesh de Pep Bonet. Nela eram contadas as histórias de meninos e meninas de 11 a 13 anos que tinham

que trabalhar e largar a escola por casa da miséria. Eles ganhavam cerca de um dólar por dia em fábricas de tijolos, comércio, mercados etc. Elas ganhavam de 10 a 15 dólares por dia como prostitutas atendendo até cinco clientes por dia. As entrevistas aconteciam no auditório da Casa de Cultura, e eram transmitidas para o pátio da Casa de Cultura e para a tenda montada na quadra do Centro Histórico. Só quem pagasse poderia assistir no auditório e fazer perguntas, mas o acesso aos outros pontos eram livres. Os temas das entrevistas foram bem variados. As entrevistas encerraram no sábado de noite. O bureau de impressão do Estúdio Lupa, o Lounge Nikon e o estande da Epson também fecharam sábado de noite. O encerramento do evento foi no domingo de manhã, mas isto não encerrou todas as atividades. Alguns workshops aconteceram no domingo, e as exposições ao ar livre começaram a ser desmontadas a noite. O ponto alto dos workshops foi o encerramento de "Desconstruindo o Olhar", do Claudio Feijó. Foi uma sessão de exorcismo na Praça da Matriz, por volta das raízes de uma árvore que caiu meses atrás, com velas, barbante, desejos, queixas etc. Dezembro 2013 - 13


Panorama Tubarão 'rouba' câmera de fotógrafo nas Bahamas MIGUEL LASA/REPRODUÇÃO

O fotógrafo britânico Miguel Lasa fazia imagens submarinas durante uma expedição nas Bahamas quando teve a sua câmera “roubada” por um tubarão curioso, que abocanhou o equipamento e saiu nadando. Segundo o profissional de 49 anos, o animal teria sido atraido pelo fato do equipamento ter luzes e articulações. Apesar de ser surpreendido, Lasa ainda conseguiu registrar o momento em que teve a máquina roubada. “Não fiquei preocupado com a minha câmera, mas com minha segurança. Nunca vi algo assim, foi incrível.” - contou Lasa ao New York Daily News. Felizmente para o fotógrafo, o tubarão ficou desinteressado e largou o equipamento (avaliado em mais de 40 mil Reais) cerca de 100 metros depois.

CID COSTA NETO

PhotoDay BH Em Outubro, Belo Horizonte também foi palco do PhotoDay BH, realizado no auditório do Izabela Hendrix e que contou com palestras de diversos profissionais da fotografia. Francielle Santos e Romulo Ozolio [foto ao lado], abriram o evento falando sobre um nicho ainda pouco explorado do mercado da fotografia de casamento, conhecido como “Save the Date” (“guarde essa data” em tradução livre do inglês). O evento seguiu com a apresentação da carioca Raquel Cunha que introduziu brevemente o conceito de criatividade na fotografia e terminou discursando sobre as técnicas de composição. O terceiro a subir ao palco foi Felipe Conde, que abordou o medo que o fotógrafo iniciante sente diante dos primeiros trabalhos e suas diversas causas. 14 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1

Após o intervalo, Mateus Augusto, professor de fotografia na Escola de Fotografia BH, que iria palestrar no início do evento, fez uma apresentação sobre os aspectos mais relevantes para se conseguir uma boa foto. Americo Sperandio, fotógrafo de casamento em São Paulo, responsável pelo StudioVivace, fez a última e principal palestra do dia. O fotógrafo mais experiente da seleção de

profissionais, especialista em direção de pessoas, contou um pouco de sua trajetória e métodos de trabalho desde a maneira de agir com o cliente no ensaio até o marketing pessoal. Em resumo, o evento esteve de parabéns pela iniciativa na capital mineira, que recebe poucos eventos do tipo e por dar oportunidade para novos profissionais compartilharem as suas experiências.


Estudio Evolution FOTOS: CID COSTA NETO

Em Novembro, aconteceu no Teatro das Artes, em São Paulo, a segunda edição do congresso Estúdio Evolution. Promovido pela editora iPhoto e com o apoio do RESUMO FOTOGRÁFICO, o evento apresentou palestras de grandes fotógrafos do país. O primeiro palestrante a subir ao palco foi Primo Tacca Neto, que falou um pouco sobre sua experiência na produção de ensaios pessoais femininos, destacando a relevância da realização dos sonhos das clientes/modelos retratadas. Tacca ressaltou ainda alguns aspectos sobre métodos de trabalhar o marketing e manter sempre o mesmo nível de realização. “Se não conseguir manter meu padrão de atendimento, paro de ser referência”, disse. No início da tarde, a dupla/casal The Kreulichs apresentou sua visão sobre ensaios de família em locação, realçando importância de utilizar a fotografia como uma linguagem para contar as histórias dos fotografado. Em seguida, o carioca Renato Miranda apresentou a utilização do

J.R. Duran

ash dedicado como uma alternativa para realizar imagens com iluminação artificial bem elaborada, mesmo fora do estúdio. Altair Hoppe finalizou o primeiro dia do evento apresentando 10 técnicas para transformar suas fotos, efetivamente, através do software Photoshop.

Ivan Berger

Segundo dia Para abrir o segundo dia, o evento recebeu a palestra de J.R. Duran, um dos mais famosos e míticos fotógrafos no país. O fotógrafo natural da Espanha apresentou um pouco de suas inspirações - muito ligadas ao cinema - e sua forma de lidar com as ideias para os ensaios: “No fim dia só tenho problemas. As soluções, as tenho no início do dia”, explicou o fotógrafo referindo-se ao fato de resolver seu problemas criativos pela manhã. Duran destacou ainda a sua maneira de utilizar a iluminação, seja natural ou ar tificial: “Eu não sou escravo do fotômetro. Eu uso o fotômetro como guia”. O segundo palestrante foi Ivan Berger, que contou um pouco da sua experiência e sua introdução no mercado publicitário e apresentou com prática ao vivo algumas técnicas de iluminação com luz de recorte. À tarde, Fernando Castelhano apresentou seus métodos para a criação de ensaios de noivos em estúdio e a utilização de fontes de iluminação alternativas, como o led. Durante o intervalo, o estudioso sobre composição fotográfica Ernesto

Tarnoczy Júnior apresentou uma “mini-palestra” que não estava na programação, explicando as diferenças entre linguagem fotográfica e composição e quando o fotógrafo utiliza um ou outro. Em seguida, Valter Menezes apresentou técnicas e dicas para realizar belas imagens de produtos através do conhecimento das propriedades de reexão dos objetos. Rodrigo Vipych finalizou o dia de palestra apresentando a aplicação do estilo de fotografia de moda em ensaios pessoais. Terceiro dia Pela manhã, Manoel Guimarães apresentou ao vivo seu método para fotografia de gestante. Em seguida, foi a vez de Vanuza Amarante e a diagramação de álbuns. Na parte da tarde, Michelle Vilanova deu dicas e técnicas sobre como vender a fotografia e crescer no mercado fotográfico e foi aplaudida de pé. O retratista Luiz Garrido famoso por clicar celebridades como Gilberto Gil e John Lennon, fechou o dia e o evento, ensinando como desenvolver o olhar e fazer ótimos retratos. Dezembro 2013 - 15


STEVEN KLEIN/REPRODUÇÃO

Fotos de Angelina Jolie e Brad Pitt feitas por Steven Klein, para a divulgação do filme "Sr. e Sra. Smith", foram colocada a venda

Jolie à venda Colaboração de Natália Nunes No mês de Maio, a casa Christie's de Londres colocou a venda a fotografia [ao lado] de um famoso ensaio da atriz Angelina Jolie no qual ela posou de topless para David LaChapelle. As imagens foram feitas para uma edição da revista Rolling Stone em 2001. Na foto, a atriz aparece desnuda da cintura para cima e tem seu colo acariciado por um cavalo, sua postura é descontraída, de quem se diverte e sente prazer com a situação. É possível ver algumas das várias tatuagens de Jolie,

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incluindo a feita em homenagem a seu exmarido, Billy Bob Thornton, a qual ela apagou após a separação e substituiu pelas coordenadas geográficas dos locais de nascimento de seus seis filhos. O leilão recebeu o oportuno nome de "The Wild Side of Photography" e também contou com outra foto de Jolie, mas, desta vez, ao lado de Brad Pitt: em 2005, para a divulgação do filme "Sr. e Sra. Smith", os dois posaram para Steven Klein em um ensaio para a W Maganize chamado "Domestic Bliss".


DAVID LACHAPELLE/REPRODUÇÃO

Dezembro 2013 - 17


A ética e a estética das

Manifestações A série de protestos sem precedentes na história do Brasil gerou uma nova percepção da mídia e colocou os fotógrafos como alguns dos principais interpretes dos fatos pela força de suas imagens LEANDRO MORAES/FOTO PROTESTO SP

Viaduto Jaceguai, São Paulo, 13 de junho de 2013

N

o dia 13 de junho de 2013, mais de cinco mil pessoas se reuniram para manifestar contra o aumento das passagens do transporte público de São Paulo. O ato ocupou algumas das principais vias da cidade e os manifestantes foram recebidos com uma forte repressão da Polícia Militar. A violência empregada pela Polícia e a insatisfação com o governo impulsionaram uma onda de protestos que tomaram também as capitais de

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outros Estados. O que começou como manifestações contra os aumentos das tarifas do transporte público se transformou em uma variedade de reivindicações, unidas pelo desejo de sair às ruas e expressar uma revolta contida. Ação e reação A violência dos protestos gerou diversas vítimas entre profissionais da mídia, principalmente os repórteres fotográficos. De acordo com a Abraji -

Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, 102 casos de agressão contra jornalistas foram registrados durante a cobertura de manifestações em todo o país. Em São Paulo, foram 39 casos, sendo que seis foram cometidos por manifestantes e 33 por policiais. Os mais atingidos foram os fotógrafos e cinegrafistas. Para Esdras Martins, secretário da Associação dos Repórteres Fotográficos de São Paulo (Arfoc-SP), isso se deve principalmente por causa da ação desses profissio-


IGNÁCIO ARONOVICH/FOTO PROTESTO SP

“Foi um dia histórico. Eu estava do lado da Tropa de Choque quando o primeiro tiro foi disparado na esquina da Maria Antônia com a Consolação.” - Ignácio Aronovich EDUARDO ANIZELLI/FOTO PROTESTO SP

“Um grupo de policiais queria fechar um bar a força e invadiu o local gritando para os fregueses irem embora. Foi então que eu vi um casal cercado por PMs e passei a acompanhar a cena. Um dos policiais bateu neles e eu apertei o disparador da câmera com muita raiva por estar presenciando aquilo.” - Eduardo Anizelli Dezembro 2013 - 19


VICTOR CAIVANO/AP/REPRODUÇÃO

A foto de Victor Caivano virou capa do “The New York Times”

Três policiais da tropa de choque se aproximaram da mulher e disseram para ela sair. Quando ela resistiu - a mulher questionou a ordem e insistiu que não estava fazendo nada de errado - recebeu um jato de gás de pimenta. “Este policial não pensou duas vezes”, diz Caivano.

nais durante a cobertura, que é muito próxima das ocorrências. “Eles precisam estar perto. É muito próximo o contato do cinegrafista e do fotógrafo com a manifestação”, disse em matéria para a Agência Brasil. Para Adriano Lima, fotógrafo da Agência Brazil Photo Press, uma das razões que explicariam as agressões contra jornalistas é a falta de melhor identificação dos profissionais e a falta de um preparo melhor para cobrir os protestos. “Nosso posicionamento pode estar errado por falta de orientação da Polícia Militar”, disse. Muitos profissionais, no entanto, foram agredidos, mesmo após se identificaram e, principalmente por se identificarem, em tentativas de im20 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1

pedirem a veiculação de determinadas imagens que poderiam comprometer (e comprometeram) o decoro da ação policial. Um estudo realizado em 2012, pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) apontou que o Brasil ocupa o 11º lugar no ranking de países que não punem os crimes cometidos contra os profissionais de imprensa. Imagem e mídia À medida que os protestos ganhavam força, as câmeras tornaramse ferramentas importantes para o registro dos fatos e para denunciar a violenta repressão que acontecia em diversos lugares. As manifestações resultaram em

uma avalanche de imagens que foram compartilhadas com velocidade pela mídia digital, principalmente por veículos independentes, que confrontavam os meios oficiais e tradicionais. Diante de imagens fortes, autônomas em seus significados pictóricos, conceituais, históricos e políticos, foi comum ver alguns veículos tentarem mudar o discurso, quando já não era mais possível manipulá-lo. A repressão do Estado a uma manifestação legítima, estava escancarada. A estética Embora as manifestações muitas vezes representem uma situação difícil, pela qual preferimos não ter que testemunhar, segundo a comunicóloga,


mestre e doutora em Design pela Pontifícia Universidade Católica, Barbara Szaniecki, “esses registros são interessantes em si, na sua superfície imagética. Em termos de composição e uso (ou não) da cor, algumas fotografias são belíssimas”. Parece estranho falar em beleza quando estamos diante de imagens que remetem situações de indignação e dor, mas não há como negar. São imagens poderosas, emocionantes, que cumprem o seu papel. Muitas dispensam legendas. A estética está ali, na maneira de dispor os elementos em cena, na escolha do sentido do quadro, nas particularidades da linguagem fotográfica que permitem a narrativa dos fatos de maneira independente. Exposições públicas Passados os conitos, esse acúmulo de registros passou a figurar diversas exposições, seja por meios tradicionais ou alternativos, criando novamente um contraste com as informações dos veículos oficiais. “As recentes manifestações vão ficar registradas na história, e também no nosso imaginário, como uma mobilização jovem. Com esta exposição queremos contribuir para o amplo debate que surgiu a partir das manifestações. A partir desta reexão

FOTO PROTESTO SP

Coletivo Foto Protesto SP criou uma exposição com imagens das manifestações em avenida de São Paulo

é possível discutir muitos temas como: maneiras de registro e comunicação, a atuação da grande mídia, participação política e cultura policial”, comenta Amanda Prado, coordenadora da exposição “Autonomídia – Olhares independentes sobre manifestações populares”, que aconteceu em Agosto, no Centro Cultural da Juventude, em São Paulo. Em Setembro, com o lema “Desculpem-nos pelo transtorno, estamos fotografando a mudança do país”, o FOCUPAÇÃO

Em Outubro, o coletivo Focupação também realizou uma série de exposições públicas, nas ruas do Rio de Janeiro

grupo Foto Protesto SP colou uma série de fotografias das manifestações realizadas em São Paulo, em um muro da avenida Dr. Arnaldo, próximo ao Metrô Clínicas. A ação, que mistura protesto e exposição, apresenta imagens marcantes e causaram reação das pessoas que passam pelo local. "Achei a exposição importante porque faz a gente lembrar de algo que aconteceu há tão pouco tempo, mas... o brasileiro tem uma memória tão curta e tem a tendência de fazer as coisas muito na superficialidade que é necessário esse tipo de ação para lembrar algo que aconteceu há dois meses. O que a gente fez foi tão pouco, e é só o começo. A gente tem que continuar fazendo. Então, acho que isso [exposição] é um lembrete para a gente voltar a fazer alguma coisa, e não deixar de fazer. A sensação que eu tenho ao falar com as pessoas é que, nossa, a gente já fez muito. Pô, a gente não fez nada, a gente fez muito pouco, tem que ser mais incansável." Flávio Barros, 34, administrador de empresas, enquanto esperava o ônibus próximo à exposição. Dezembro 2013 - 21


Retrato da violência Foto: Ignacio Aronovich

No dia 13 de junho, durante a manifestação contra o aumento da tarifa do transporte público na capital paulista, o fotógrafo Sérgio Silva, 31, perdeu a visão do olho esquerdo após ser atingido por um tiro de bala de borracha disparado pela Polícia Militar. Silva estava trabalhando na cobertura jornalística do protesto pela agência de fotografia Futura Press. O fotógrafo tentava se proteger atrás de uma banca de jornal, na

esquina da Consolação com a Rua Caio Prado e foi atingido enquanto olhava, no monitor de sua câmera, a foto que tinha tirado. Ele ficou desacordado e foi levado para o hospital Nove de Julho. Silva teve um trauma ocular, além de lesões oculares e fratura de órbita, e teve de passar por duas cirurgias ao longo dos meses. Em Outubro, o fotógrafo teve negada pela Justiça, a liberação de R$ 3.894,67 para custear as despesas hospitalares.

Estou tentando me reencontrar como fotógrafo. Todo fotógrafo fecha um olho e deixa o outro aberto para fotografar. Mas, antes disso, você precisa ter um campo de visão ampliado, noção de profundidade. E hoje tenho isso reduzido.”

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Furtos a Fotojornalistas Infelizmente, o furto a fotógrafos em eventos virou destaque em 2013 REPRODUÇÃO/FACEBOOK

Heuler Andrey teve todo seu equipamento furtado na sala de imprensa da Vila Capanema, em Curitiba

N

o dia 20 de novembro, o fotojornalista esportivo Heuler Andrey, da agência Dia Esportivo, teve todo seu equipamento furtado na sala de imprensa do estádio Durival Britto e Silva (também conhecido como Vila Capanema), em Curitiba, durante a primeira partida da final da Copa do Brasil de Futebol, entre Atlético Paranaense e Flamengo. Andrey teria saído da sala por 3 minutos e quando retornou, todo seu equipamento, que incluia duas câmeras, um notebook e diversas objetivas, havia sido levado. O valor total do equipamento foi avaliado em cerca de 100 mil Reais.

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Durante o mesmo evento a repórter Daiane Cordeiro também teve sua câmera furtada na sala destinada aos profissionais da imprensa. No começo do mês, Diego Vara e Lucas Uebel, tiveram seus equipamentos furtados na área do gramado da Arena do Grêmio, antes da partida entre Grêmio e Atlético Paranaese, pela semifinal da Copa do Brasil. E a lista não para por aí. Em maio deste ano, Flávio Alves teve o equipamento roubado durante evento de inauguração da Arena Pernambuco. Segundo seu relato no Facebook, uma pessoa desconhecida o teria distraído, enquanto uma terceira subtraia uma de suas câmeras de sua bolsa.

Ele ressaltou ainda que o incidente ocorreu em uma área de acesso restrito ao pessoal credenciado da imprensa. Em maio o fotógrafo entrou com ação de indenização por danos materiais e morais contra a Arena Pernambuco. Em Julho, os fotógrafos André Lemes, Rodrigo Ruiz, Rafael Gagliano e André Santos, tiveram seus equipamentos furtados dentro da sala de imprensa do autódromo de Interlagos durante a etapa paulista do Campeonato Brasileiro de Marcas. As ocorrências vão além dos eventos esportivos. Em Setembro, o fotógrafo Buda Mendes, da agência Getty Image teve seu equipamento furtado


dentro da sala de imprensa do festival Rock in Rio, durante o período de 10 mim que se ausentou para ir ao banheiro. Outras duas câmeras da empresa que fazia assessoria de comunicação do festival também desapareceram. Crime organizado? A frequência de furtos a fotógrafos ocorridos em áreas restritas à imprensa e a rapidez com que os equipamentos "somem", levam a crer que exista uma quadrilha especializada neste tipo de crime. Suspeita que já havia sido levantada pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul, após os furtos acontecidos na Arena do Grêmio em Porto Alegre. Não há confirmação de que os

crimes tenham ligação ou sejam isolados, mas o fato é que os repórteres fotográficos estão sendo alvos constantes. Responsabilidade Imagine você deixando o seu telefone móvel ou notebook sobre a mesa do escritório onde trabalha. Enquanto você se ausenta por dois ou três minutos, para pegar algum acessório, conversar com algum colega ou mesmo para ir ao banheiro, ao retornar seu aparelho não está mais lá. É mais ou menos esta a sensação de um profissional que tem o seu equipamento subtraído nas situações descritas acima. A sala de imprensa é o local de

trabalho dos repórteres e tem que ter segurança. Não há como um profissional concentrar-se em sua atividade tendo que ficar preocupado com a segurança de seu equipamento. Em todos os casos as organizadoras dos eventos isentaram-se de qualquer responsabilidade pelos incidentes, mesmo nos casos em que as câmeras de vigilância não estavam funcionando. Não há como julgar tais casos como sendo mera negligência do próprio profissional. É importante que as entidades de classe, associações e sindicatos que representam os repórteres, posicionem-se para que exista uma maior segurança nos locais de trabalho.

Fotojornalistas do Rio Grande do Sul pedem mais segurança REPRODUÇÃO/FACEBOOK

Profissionais querem maior rigor no acesso à área da imprensa dos eventos Com os recentes furtos de equipamentos fotográficos ocorridos em Porto Alegre, São Paulo e Curitiba, um grupo de repórteres fotográficos do Rio Grande do Sul passou a utilizar as redes sociais para pedir maior rigor na fiscalização do credenciamento e circulação nas áreas restritas aos profissionais da imprensa nos eventos.

Que o acesso ao campo no momento dos jogos seja restrito aos profissionais de imagem. Entendemos que as Arfocs estaduais em conjunto com Arfoc Brasil devem ter uma ação mais incisiva quanto aos fatos já ocorridos."

Dezembro 2013 - 25


Equipamentos Sigma 18-35mm f/1.8 DC HSM

Canon EOS 70D

Primeira lente zoom com abertura máxima de f/1.8 em todo o range DIVULGAÇÃO

Por Gabriel Barrera

Em Abril, a Sigma anunciou o lançamento da lente Sigma 18-35mm f/1.8 DC HSM, sendo a primeira lente zoom do mundo a ter abertura de f/1.8. A lente foi desenvolvida para câmeras com sensor APS-C. No caso do fator de corte em 1.5x, a objetiva será equivalente a 27-52.5mm f/1.8. A abertura máxima do diafragma em f/1.8 abriu um novo ramo no mercado de lentes, já que as lentes zoom das grandes fabricantes (Canon e Nikon) ficam em f/2.8. Segundo a empresa, o desenvolvimento desta lente foi um grande desafio tecnológico, e que foi necessário um grande know-how obtido durante anos para enfrentar alguns obstáculos que, aparentemente, as outras empresas não consegui-

35mm

CONTRASTE

18mm

ram passar. Um desses obstáculos é a redução de aberrações cromáticas e o design da estrutura da objetiva. Outras novidades da 18-35mm f/1.8 DC HSM incluem um novo parassol com conector de borracha, um novo botão AF/MF, um novo motor hipersônico para foco rápido e silencioso, foco manual "Full Time", um mount em bronze e uma estrutura resistente. Como acontece com as outras lentes da Sigma, a 18-35mm f/1.8 será compatível com o software Optimization Pro da Sigma, que permite através de um conector especial, conectar a lente à um computador para ajuste de foco preciso e outros ajustes oferecidos pelo software.

Graficos MTF da objetiva operando em 18mm e 35mm 26 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1

Depois de alguns rumores, em Julho a Canon anunciou oficialmente , o lançamento da sua nova DSLR, a Canon EOS 70D. Equipada com processador de imagem Digic 5+ e sensor APS-C CMOS de 20mp (duas vezes mais sensível que a sua antecessora), a grande novidade do lançamento é o seu sistema de auto-foco Dual-Pixel CMOS, que torna mais rápida e precisa a focalização do objeto. "O recém-desenvolvido sensor Dual-Pixel CMOS AF da Canon é uma nova tecnologia AF de "phasedetection", que utiliza um sensor CMOS em que todos os pixels são capazes de registrar a imagem e realizar o foco através de "phasedetection" simultaneamente. Cada pixel do sensor CMOS incorpora dois fotodiodos independentes (elementos que transformam a luz em sinais elétricos) que liberam dois sinais diferentes que podem ser usados tanto para a imagem quanto para "phasedetection". Ao usar a função Live View na EOS 70D, a tecnologia permite a focagem automática com facilidade, exibilidade, velocidade e precisão semelhante ao disparo através do visor. E, porque o modo Live View pode ser usado de uma forma semelhante ao uso do visor, o desempenho rápido e suave do AF permite que os usuários prestem mais atenção ao compor a fotografia." - Canon


FOTOS: DIVULGAÇÃO

Nikon Df

Nikon lançou sua mais nova DSLR full frame Por Gabriel Barrera

E

m Novembro, a Nikon Df foi finalmente lançada oficialmente, depois de diversos vazamentos de informações, a Nikon se viu obrigada a divulgar o seu grande lançamento, a sua nova DSLR Full Frame. Com um visual vintage, a Df é a câmera que possui o menor corpo na linha FX da Nikon. Ela conta com um sensor CMOS Full Frame com 16.2MP e um processador de imagem EXPEED 3, que é o mesmo processador usado na D4. Com sensibilidade ISO de 100 à 12800, e expansível a equivalente ISO 50 e 204800 quando necessário. A objetiva no kit da Df é uma AF-S Nikkor 50mm f/1.8G Special Edition, cuja a diferença para a AF-S Nikkor 50mm f/1.8G é o seu designer e o seu conjunto de lentes. O design também é

vintage e mais ergonômico. A objetiva possui um pouco mais de textura em seu corpo, um anel de alumínio e um anel de foco que reproduzem as lentes antigas da Nikon. O conjunto de lentes é formado pelas lentes asféricas mais modernas da Nikon, que entregam mais nitidez e áreas de desfoque mais suaves. A Df possui o Nikon F mount padrão, que permite acoplar tanto as objetivas Nikkor mais antigas, quanto as objetivas mais modernas e avançadas de sua linha, criando uma ampla diversidade de opções para os usuários. O grande diferencial da Nikon Df está em seus dials, que seguem o mesmo formato das câmeras SLR analógicas. As configurações de dis-

paro como Velocidade, Diafragma e ISO são controladas por dials dedicados, proporcionando ao usuário uma experiência mais intuitiva e "tátil", que é o que a Nikon Df oferece, a qualidade e facilidade da tecnologia digital, com a conforto e nostalgia do analógico.

A lente AF-S Nikkor 50mm f/1.8G Special Edition acompanha o kit Dezembro 2013 - 27


Equipamentos

Novas câmeras alteram o panorama da fotografia digital O mundo foi bombardeado com vários lançamentos que deagram uma clara revolução na fotografia digital, evolução esta que vinha acontecendo gradativamente com a abertura de novos nichos como as câmeras mirrorless, sensores de diversos tamanhos, misturas de smartphones com câmeras digitais, acessórios de última geração, novas tecnologias em busca de melhor qualidade, lentes muito claras, conectividade sem fio, entre outras coisas. Porém, o que se viu em Outubro foi uma demasiada aceleração desse processo de evolução: são câmeras mirrorless com sensor Full-frame, compactas premium com sensor de absurda nitidez, e até câmeras que tentam misturar isso tudo. Graças à evolução dos smartphones, os fabricantes de câmeras tiveram que correr atrás do público perdido e lançaram mão de todo tipo de novidade. Ninguém discorda que as câmeras mirrorless são o futuro da fotografia digital, o que não dizer que as compactas e reex irão acabar, há espaço para todas. O que acontece no Brasil, em que não há penetração nem suporte deste tipo de câmera aqui, é um caso à parte, o que importa é que o mundo abraçou este tipo de câmera, sobretudo os asiáticos. E, mais cedo ou mais tarde, os sensores full-frame chegariam a este tipo de câmera. E chegou pelas mãos da Sony com as revolucionárias A7 e A7R. A Sony A7 possui um sensor de 24 megapixels e a Sony A7R é equipada com um de 36 megapixels, e ambas são dotadas de conexão wi-fi e NFC, tendências naturais do panorama atual da fotografia. E a Sony A7R ainda 28 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1

DIVULGAÇÃO

Por Rodrigo Jordy

Sony A7R é equipada com sensor de 36 megapixels e conexão Wi-fi

possui mais alguns atrativos que são a redução de ação do filtro low-pass e uma nova tecnologia chamada gapless on chip que reduz o espaço entre um pixel e outro aumentando a absorção de luz e prometendo redução de ruído. As compactas premium também vem sofrendo uma espécie de evolução acelerada desde o final de 2011 com lentes cada vez mais claras e sensores de vários tamanhos diferentes chegando até ao Full frame, mas o que chama atenção agora são a Fuji XQ1 e a Sony RX10 com sensores medindo, respectivamente, 2/3 de polegada e 1 polegada. A Fuji aposta no seu maior trunfo que é o X-Trans (usado anteriormente nas suas câmeras mirrorless), um sensor diferente do padrão Bayer que elimina por completo a necessidade de uso do filtro low-pass garantindo absoluta nitidez sem sacrificar nada na qualidade de imagem. A Sony RX10 joga todas as suas fichas na lente com abertura f/2.8 constante em 8.3x de

zoom embutida em um corpo bastante robusto e comandos semelhantes ao de uma câmera reex, incluindo até um monitor LCD no alto da câmera mostrando os dados de exposição. Por fim, a Ricoh (detentora da marca Pentax) também aproveitou a onda do filtro low-pass mas fez diferente em sua nova reex, a Pentax K3: o uso efetivo deste filtro pode ser ligado e desligado, como se houvesse um simples interruptor para isso na câmera. Neste caso, a reex de 23 megapixels permite que o usuário opte a qualquer momento por nitidez máxima ou resolução total. Infelizmente, toda tecnologia custa muito caro. Só para se ter um exemplo, a Sony RX10 possui preço sugerido de 1300 dólares, enquanto uma reex de nível intermediário como Canon 60D e Nikon D7000 podem ser encontradas a este mesmo preço com kit, não é apenas o corpo. Mas isso tudo são apenas amostras do que virá em 2014.


REPRODUÇÃO/EFOTO.IT

A menor câmera DSLR do mercado Confirmando os rumores que que se espalharam pela internet, em Março a Canon anunciou oficialmente o lançamento da Rebel SL1, a menor e mais leve câmera DSLR já fabricada. A câmera mede aproximadamente 11 × 9 centímetros e pesa apenas 446,65 gramas. É 25% menor e 28%

mais leve do que a Rebel T4i. Veja abaixo uma comparação do modelo em relação à uma mirrorless [em cinza] e uma T4i [em azul]: A câmera é equipada com sensor APS-C CMOS 18 megapixels que tem uma faixa de sensibilidade ISO de 100 a 12800 (expansível a 25600). O tempo

de exposição vai de 1/4000 e 30 segundos. Possui ainda 9 pontos de autofoco e modo contínuo de até 4 frames por segundo. Assim como as demais câmeras da linha Rebel, ela também filma em Full HD em formato MOV. O monitor LCD de 3 polegadas é sensível a toque.

Sem muitas novidades, Canon lançou também a SL1 Branca No fim de Outubro, a Canon do Japão mostrou em seu site que uma nova câmera chegaria em Novembro. Era a Canon Kiss X7 White como é conhecida por lá, ou Rebel SL1 aqui.

DIVULGAÇÃO

Colaboração de Gabriel Barrera A única novidade neste lançamento está no design da câmera, que agora conta com uma versão branca com detalhes cinzas. Todas as configurações são iguais ao seu modelo padrão. Dezembro 2013 - 29


A corrida pelo Melhor Equipamento ELMO ALVES/FLICKR/REPRODUÇÃO

Por Rodrigo Jordy

A

fotografia digital trouxe inúmeras facilidades para nós como, por exemplo, o fato de não precisarmos mais "queimar" filme, com a capacidade praticamente ilimitada dos cartões de memória em vez dos filmes de 12, 24 e 36 poses. Outra coisa que melhorou muito foi a facilidade em se editar as fotos. O formato digital é muito mais fácil de se retocar do que o analógico. O live view, modo de visualização ao vivo pela tela do LCD ajudou a popularizar as câmeras reex. Os ashes em TTL, uma forma de se ajustar automaticamente a iluminação de acordo com a cena a ser fotografada. Por fim, os automatismos fazem com que, hoje em dia, qualquer um esteja apto a usar uma câmera mais avançada. 30 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1

Vimos no parágrafo acima várias situações que permitem corrigir os erros, situações que não aconteciam antigamente com as câmeras de filme em que era preciso saber fotografar "na marra" para conseguir a exposição correta e não gastar filme além do necessário. Tudo isso fez a fotografia chegar onde chegou, qualquer um é capaz de fazer belíssimas fotos, capturar imagens impressionantes, e com isso muitas pessoas se aventuram (no sentido literal da palavra) a trabalhar com fotografia. Mas não é esse o ponto que quero abordar aqui e quero deixar claro que há pessoas conscientes que não se encaixam no que escrevo aqui, mas muitos comentários que leio na internet me fizeram pensar neste texto.

O que acontece é que, cada vez mais, as pessoas dão mais importância ao equipamento do que ao ato de fotografar. É muito comum ouvir alguém falando que com câmera A ou B não dá para fazer boas fotos. É lógico que dá! Com qualquer câmera você pode fazer boas fotos, é óbvio que alguns modelos são melhores do que outros, alguns nos dão maiores chances de acertar, mas sempre vai existir foto boa com câmera ruim e foto ruim com câmera boa. E a importância dada ao equipamento cria um fenômeno interessante e preocupante: o da câmera descartável. Os fabricantes lançam centenas de novas câmeras todos os anos e isso atiça a curiosidade do público consumidor que sempre quer mais novidades,


ELMO ALVES/FLICKR/REPRODUÇÃO

mas a armadilha está justamente no fato de uma nova câmera fazer a sua parecer velha e/ou inadequada. Hoje parece que as câmeras possuem um prazo de validade de um ano. Após um ano parece que é obrigatório trocá-la e as justificativas são as mais variadas possíveis, e uma delas fica difícil de engolir: "minha câmera não está mais atendendo as minhas necessidades". Que necessidades? Em um ano ela deixou de fazer o que fazia antes? Ou em um ano o usuário se tornou tão exigente com a câmera? Será que ele se tornou tão exigente assim com ele mesmo? Bem difícil. Ninguém é obrigado a estudar fotografia, ninguém é obrigado a aprender a compor ou expor corretamente uma imagem, ninguém é obrigado a explorar todos os recursos da sua câmera, mas se você não faz nada disso então é a câmera que não atende mais suas necessidades ou você que está ávido demais por uma nova tecnologia que nem irá aproveitar completamente já que não utiliza todos

Minha primeira câmera, com ela não podia errar

os recursos da câmera? Por que não tentar explorar tudo que a câmera oferece e extrair o máximo de desempenho da sua câmera? Custa muito menos ou até nada se tiver tempo e boa vontade para ler o que está disponível de graça na internet. Será que aquela Nikon D7000 (que é uma câmera espetacular em quali-

dade de imagem e cheia de recursos) que você comprou ano passado não lhe atende mais? Será que todos os recursos que ela lhe oferece não são mais suficientes para que faça suas fotos? Será que uma câmera mais nova lhe dará imagens melhores? Minha Canon T1i vai fazer 4 anos de serviços bem prestados, mas ainda não penso em me livrar dela tão cedo, até porque não tenho dinheiro para isso e não me permito acomodar em relação ao meu trabalho como fotógrafo, não me permito errar, tento usar minha reex digital como se fosse uma analógica (sem ficar fazendo vários cliques da mesma cena até acertar uma vez) e tento sempre aprender mais e mais, lendo sites especializados, e pegando dicas preciosas com minha professora Marcia. E ainda assim eu erro, erro muito, mas não é uma câmera nova e mais moderna que irá me fazer errar menos. Então reitam, será que é preciso investir tanto em câmeras todos os anos? Vamos investir em nós mesmos, eu garanto que os resultados serão bem mais satisfatórios.

Meu primeiro clique com uma câmera digital minha. Pavoroso, não? Mas eu me aperfeiçoei...

Este artigo foi publicado originalmente no blog Foto Fácil, no dia 11 de novembro de 2013. www.foto-facil.com

Dezembro 2013 - 31


Praga A cidade que inspira os fotógrafos nas quatro estações Por Roberta Clarissa Leite

Q

ual a primeira atitude quando se chega a uma cidade belíssima, rica em arquitetura, história e com uma atmosfera mágica? Não é difícil de responder, fotografá-la. Manter em uma imagem um instante de beleza é como guardar um pedaço das sensações vividas, e a fotografia tem o poder de manter vivo em formas, cores, informações a experiência individual. A capital da República Tcheca, Praga, recebe centenas de turistas diariamente, a quantidade de ashes disparados é incontável e os cenários para fotografias peculiares estão por toda parte.

O calor do verão tcheco No verão a temperatura chega até 32 graus, o sol brilha e o calor é visto nos rostos de cada transeunte, a cidade neste período está abarrotada de visitantes que se espremem nas ruas estreitas da cidade secular, com a tarefa de visitar todos os pontos mais famosos da cidade. O relógio astronômico a cada hora cheia exibe a performance de 12 apóstolos e ao final um galo cantarola, neste 32 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1

momento os olhares atentos dos turistas procuram as melhores posições para registrar os movimentos das pequenas estátuas que chamam a atenção de todos. Ao lado do relógio está a Praça da Cidade Velha, onde um vasto pátio de paralelepípedos é a base para os prédios renascentistas, barrocos que vencem os séculos e dão um ar de romantismo à cidade com suas impressionantes fachadas. Praga conseguiu sobreviver a maior parte dos bombardeios da Grande Guerra Mundial e por isso até hoje tem monumentos intactos, que foram construídos há séculos passados. O país dos castelos, impõe um dos seus maiores acima do rio Moldava, é o Castelo de Praga que se ergue acima da cidade e à noite suas luzes brilham e formam um dos mais belos cartõespostais da cidade. Um jantar em um barco-restaurante com vista para ele é inesquecível. Nas águas paradas do principal rio que corta a cidade patos e gansos nadam próximo às margens, onde visitantes passeiam e jogam farelos de comida.

O colorido de Praga na rica primavera Na primavera, ipês oridos são o palco para a tradição local dos namorados, abaixo da Torre Petrin, no parque que leva o mesmo nome no centro da cidade, casais se beijam na sombra dos ipês, eles acreditam que traz felicidade. Esse costume é mais forte do que o Dia dos Namorados, celebrado em 14 de fevereiro. Nos parapeitos dos prédios ores enfeitam as janelas, esse é o


ROBERTA CLARISSA LEITE

tempo do colorido. As tonalidades das folhas no outono O verde dos parques perde a força para o marrom-avermelhado das folhas no outono, os raios de sol douram essa aquarela, é o cenário para as lentes da câmera capitarem as mudanças da natureza entres as estações do ano. Como outras cidades da Europa no outono, Praga se

cobre com uma natureza de folhas que caem, secas de tons amarelados. A brancura de uma cidade gelada O inverno chega colocando a temperatura abaixo de zero e a neve cobre toda cidade com sua brancura. É neste período que começa no país a temporada de esqui nas várias cidades montanhosas, como ao norte da

Boêmia, em Harrachov. Casas com os telhados cobertos de neve, chaminés soltando fumaça e uma natureza silenciosa, é assim que o inverno pode ser lembrado. Nas quatro estações, que não só modificam a natureza, mas também os hábitos, o humor dos habitantes é possível registrar o encanto do tempo que não para, mas que através das lentes de uma câmera podem permanecer sempre. Dezembro 2013 - 33


Premiados Em 2013 tivemos uma um bom nível entre as premiações. Algumas, no entanto, foram permeadas por polêmicas em seus bastidores.

Paul Hansen World Press Photo Premiação foi alvo de suspeitas quanto a sua legitimidade e provocou a alteração das regras do concurso O fotógrafo sueco Paul Hansen, que fazia um trabalho para o jornal "Dagens Nyheter", foi o grande vencedor da 56ª edição do prêmio World Press Photo, o maior do fotojornalismo mundial. A foto de homens carregando duas crianças mortas na faixa de Gaza em novembro foi capturada durante a ofensiva de Israel na região, que é dominada pelo grupo radical palestino Hamas. "A força da imagem surge pela forma como contrasta a raiva e a tristeza dos adultos com a inocência das crianças. É uma fotografia que nunca esquecerei", disse Mayu Mohanna, um dos membros do júri da edição de 2012. Paul Hansen recebeu 10 mil pelo prêmio, que foi entregue em uma exposição realizada entre 25 e 27 de abril. Foram premiadas fotos de nove categorias, em que foram agraciados 54 fotógrafos de 32 países. A legitimidade de uma foto Com o advento e popularização dos dispositivos de criação e edição de imagens digitais, temos testemunhado uma grande transformação na maneira como a imagem fotográfica é vista e, por consequência, no seu valor como reprodução do real. Em Maio, seguindo as supeitas levantadas por fotojornalistas e 34 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1

blogueiros pró-Israel, o especialista (será?) em computação Neal Krawetz publicou em seu blog uma avaliação a respeito da fotografia vencedora do World Press Photo, realizada pelo fotógrafo sueco Paul Hansen. Com base na avaliação de Krawetz, a imagem seria resultado de uma montagem feita a partir de três arquivos diferentes. Ele também sugeriu a manipulação na maneira como a luz incidia sobre as pessoas que aparecem no cortejo fúnebre da imagem, de modo a clarear o rosto de algumas mais que de outras. A organização do World Press Photo, no entanto, confirmou a legitimidade da imagem. Diante das suspeitas, o fotógrafo entregou o arquivo RAW e o ficheiro em formato JPEG (que foi visto pelo júri que lhe atribuiu o prémio) para que fossem submetidos à análise de peritos independentes. "Revisamos o arquivo Raw original e a imagem resultante em formato Jpeg. É evidente que a foto foi retocada no que diz respeito ao tom e à cor de determinadas zonas e em seu conjunto. Além disso, no entanto, não encontramos nenhuma prova de que tenha sido feita uma manipulação relevante da imagem ou uma composição. Além do mais, a análise propondo manipulação é

profundamente deficiente." - comunicou a fundação em seu site. Hansen já havia confirmado que sua manipulação se restringia à edição de tons e balanceamento das luzes, aproveitado o maior alcance dinâmico que o formato de arquivo proporciona, "com a intenção de recriar o que o olho vê". Essa alegação seria suficiente para a organização do evento, não fosse a polêmica criada. Em outras palavras, o fotógrafo manteve o índice do acontecimento, trabalhando em cima das informações contidas na própria imagem e que estariam ocultas antes da edição.


PAUL HANSEN/REUTERS

Mudança de regras Depois da polêmica, a organização do concurso anunciou em Dezembro uma alteração no regulamento visando “endurecer” os critérios de uso da pós-produção nas imagens. Embora as investigações empreendidas pela organização refutassem a hipótese de fraude levantada por alguns especialistas, a entidade reconheceu existir “certa pósprodução sobre a imagem”. Michiel Munneke, diretor do concurso, explicou que serão tomadas novas medidas para evitar situações semelhantes no futuro. Para isso,

serão “endurecidos alguns protocolos” e os membros do júri contarão com a ajuda de especialistas em matéria de tratamento de imagem. Os participantes também terão que apresentar os arquivos RAW para que especialistas independentes os examinem antes que o júri dê seu veredito. Caso sejam observadas irregularidades, o concorrente em questão será eliminado. “Esperamos que os repórteres profissionais respeitem as normas jornalísticas e éticas, e não alterem o conteúdo das suas imagens, adicionando ou retirando elementos”, declarou Michiel.

Fotografia do sueco Paul Hansen, mostra enterro de crianças após ataque de Israel à Cisjordânia.

Dezembro 2013 - 35


Premiados ANDRÉ PENTEADO

André Penteado fotografou o funeral do próprio pai na série "Suicídio de Meu Pai"

André Penteado Pierre Verger Em Abril, a Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB) anunciou o resultado do Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger 2012/2013. Nesta quinta edição, foi contabilizado um recorde de inscritos com um total de 317 propostas – quase três vezes maior que a edição anterior. Na categoria principal, ‘Livre Temática e Técnica’, o selecionado foi André Penteado, de São Paulo, com o trabalho “O Suicídio de Meu Pai”.

O fotógrafo vivia em Londres quando soube da morte de seu pai. Voou para São Paulo para comparecer ao velório e funeral, que decidiu fotografar. Nas imagens, foram registrados três momentos do luto: a dor e o choque pelo recebimento da notícia, passando pelo velório; o processo de “despedida” vivido nas semanas seguintes; e as consequências emocionais da perda a longo prazo. “Este trabalho surgiu tanto de

minha reexão sobre a teatralidade do suicídio quanto da minha decisão em usar um fato tão pessoal como objeto de uma exposição”, define André. Na categoria ‘Fotografia Documental’, André Hauck, de Minas Gerais, venceu com a série “Desvios”. Em ‘Trabalhos de Inovação e Experimentação na Área de Fotografia’, o prêmio ficou para Letícia Lampert, do Rio Grande do Sul, com o ensaio “Conhecidos de Vista”.

Para conhecer mais sobre o trabalho de André Penteado, acesse: www.andrepenteado.com. 36 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1


Pedro David Conrado Wessel No dia 31 de Abril, a Fundação Conrado Wessel, organizadora do prêmio FCW de Arte anunciou os os vencedores da mais recente edição do concurso. Pedro David, teve seu trabalho “Sufocamento” honrado com o primeiro lugar, seguidos de Mauro Restiffe com a série “Planos de Fuga” e Bob Wolfenson em terceiro com o trabalho intitulado “Belvedere”. Os vencedores receberam o Troféu FCW de arte e o respectivo prêmio durante cerimônia realizada no dia 17 de junho na Sala São Paulo, onde foi realizada também a exposição dos demais finalistas.

Deparei‐me com uma plantação de eucalipto que tinha estas árvores inteiras dentro. Foi a primeira vez que vi algo deste tipo, pois normalmente desmata‐se toda a área a ser plantada. Quando vi esta imagem da árvore presa dentro da mata ‘artificial’, imediatamente exerguei todo o trabalho, e vi a oportunidade de expressar tudo o que sempre senti ao ver plantações de eucaliptos: prisão, desolação, secura, sufocamento.”

Para conhecer mais sobre o trabalho de Pedro David, acesse: http://pedrodavid.com.


Premiados JAVIER MANZANO/AFP/GETTY IMAGES

Manzano registrou dois soldados rebeldes sírios, entrincheirados em suas posições

Javier Manzano Pulitzer No dia 15 de abril a Universidade de Columbia, em Nova York, anunciou os vencedores da 97ª edição do prêmio Pulitzer. O fotógrafo mexicano freelancer Javier Manzano ganhou na categoria ‘Feature Photography’ por sua cobertura do conito na Síria. Na foto, feita em 18 de outubro de 2012, dois soldados r ebeldes tomam posições de tiro no bairro de Karmal Jabl, centro de Alepo. O comitê do prêmio descreveu a

imagem de Manzano como "uma foto extraordinária (...) de dois soldados rebeldes sírios, entrincheirados em suas posições, enquanto a luz do dia passava pelos buracos de bala deixados em um muro de metal próximo". O fotógrafo recebeu um prêmio de 10 mil dólares. Também foram nomeados como finalistas nesta categoria, Liz O. Baylen do Los Angeles Times, por seu ensaio íntimo documentando as vidas

destroçadas de pessoas presas em abuso de medicamentos, e Renee C. Byer do Sacramento Bee, por suas fotografias de um avô que cria três netos após a morte violenta de sua filha e a perda de sua esposa para o câncer. Na categoria ‘Breaking News Photography’, foram premiados Rodrigo Abd, Manu Brabo, Contreras Narciso, Khalil Hamra e Muhammed Muheisen da Associated Press.

Para conhecer mais sobre o trabalho de Javier Manzano, acesse: www.javiermanzano.com. 38 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1


Mulher apavorada depois que a vidraça de sua loja em Barcelona foi atingida por pedras durante conito

Emilio Morenatti Ortega y Gasset O fotojornalista espanhol Emilio Morenatti ganhou a edição 2013 do prêmio "Ortega y Gasset de Periodismo" - promovido pelo jornal espanhol "El País" - na categoria Periodismo gráfico. A imagem tirada em 30 de março de 2012 mostra Mireia Arnau, de 39 anos, apavorada depois que a vidraça de sua loja em Barcelona, na Espanha, foi atingida por pedras durante um conito civil. O júri declarou se tratar

de uma imagem emocionante que "ao observá-la sente-se o medo da funcionária". Em agosto de 2009, Morenatti perdeu parte da perna esquerda durante um ataque a bomba enquanto realizava uma cobertura pela agência Associated Press no Afeganistão. Apesar do choque físico e emocional, o fotógrafo recuperou a mobilidade e voltou a fotografar e seguiu atuando em campo.

"Eu sempre tive em mente que um acidente poderia ocorrer durante o meu trabalho, seja ele um acidente de carro, doméstico ou profissional. Dirigir um carro também é muito perigoso e todos nós sabemos o número de mortos ao volante, mas não é por isso que as pessoas param de dirigir", reetiu o fotógrafo. Morenatti recebeu uma premiação em dinheiro no valor de 15 mil Euros (cerca de 48 mil Reais).

Para conhecer mais sobre o trabalho de Morenatti, acesse: www.emiliomorenatti.com. Dezembro 2013 - 39


Premiados

Pedro Motta BES Photo Em Maio, durante evento em Lisboa, o fotógrafo brasileiro Pedro Motta foi anunciado vencedor da nona edição do BES Photo, principal prêmio de fotografia de Portugal. Foi a segunda vez que um

escolhida por unanimidade pelo júri, composto pelo escritor britânico Geoff Dyer, pela crítica de arte Rosa Olivares, de Madri, e pelo escritor belga Luc Sante, que vive em Nova York.

"É de destacar a forma como o artista desenvolve a percepção do real e do falso através da adivinha, da sugestão e do imprevisto, na utilização da paisagem enquanto gênero tradicional da história da arte." - diz o texto divulgado pelo júri. estrangeiro venceu a premiação, desde 2011, quando foi aberta a participação de candidatos de outros países lusófonos. Motta receberá um prêmio de 40 mil euros. A série “Natureza das Coisas” foi

Esta edição do Prêmio contou com a parceria do Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, que promoveu uma exposição com as obras selecionadas para o concurso entre 18 de junho e 6 a 11 de agosto. REPRODUÇÃO/TVI24

Motta em frente as suas obras, no Museu Coleção Berardo, em Lisboa 40 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1


Dezembro 2013 - 41


Premiados ALESSIO ROMENZI

Foto da série “Surviving in Syria”, do italiano Alessio Romenzi, vencedor de 2013 do prêmio Lucas Dolega

Alessio Romenzi Lucas Dolega O fotojornalista italiano Alessio Romenzi foi o vencedor da segunda edição do prêmio Lucas Dolega, com a série “Surviving in Syria”. A agitação civil na República Árabe da Síria vem ocorrendo desde 2011 e continua a afetar a população, especialmente nos segmentos mais vulneráveis. A situação continua a deteriorar-se em vilas e cidades, deixando as pessoas sem proteção, abrigo, comida e água. Muitos foram

mortos, enquanto outros estão enfrentando o medo, constantemente expostos a conitos e violência. “Eu estava interessado na Síria desde o começo da revolta do mundo árabe e da guerra civil que se seguiu me chamando a atenção desde o início”, conta Romenzi. Em um momento crucial e decisivo para mim, eu resolvi ir para o Líbano e esperar o momento certo para entrar na Síria. Levei muito tempo para encontrar um caminho e

Saiba mais sobre o prêmio: www.lucasdolega.com. 42 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1

não foi sem perigos. Uma vez dentro, eu tive a oportunidade chegar ao cerne do conito e compartilhar com os civis suas experiências trágicas e perigosas. Eu passei mais de dois meses com famílias sírias, assim como com membros do Exército Sírio Livre, tentando entender o que eles estavam pensando, sentindo e experimentando. Esta é a forma como aconteceu de eu ser convidado para capturar suas vidas em momentos muito particulares”.


WAGNER ARAÚJO

Wagner Araújo foi premiado com a imagem Dig me River, realizada durante campeonato de aquathlon

Wagner Araújo National Geographic Traveler Em Agosto, o fotógrafo brasileiro Wagner Araújo foi anunciado o grande vencedor do Concurso de Fotos de Viagem da revista National Geographic Traveler. A imagem intitulada “Dig me River” foi realizada durante o Campeonato Brasileiro de Aquathlon, em Manaus. “Estavam todos os fotógrafos fazendo imagens dos atletas de costas, e, confesso, que estava muito chato e óbvio. Decidi entrar na água e tentar

algo diferente. Essa foi a largada da prova juvenil. Havia tanta energia naqueles garotos e garotas que eu nem me importei com a câmera completamente molhada, pois havia tirado a caixa estanque. O contraste entre a água escura do rio, os atletas, a água clara no ar e os prédios pedia uma imagem em p&b. Sabia que, naquela sequência, teria a imagem do dia. Quando abri a imagem no Lightroom, vi que era uma das me-

lhores do ano”, conta. Araújo foi premiado com uma expedição às Ilhas Galápagos, com direito a um acompanhante, a bordo da embarcação Endeavour, da National Geographic. Foram enviadas mais de 25 mil fotografias, de mais de 15 mil fotógrafos de todo o mundo. As imagens vencedoras foram publicadas na edição de Dezembro de 2013/Janeiro de 2014 da revista .

Para conhecer mais sobre o trabalho de Wagner Araújo, acesse: http://waguinhoa.com.br. Dezembro 2013 - 43


Premiados GREG DU TOIT/NATURAL HISTORY MUSEUM

Greg Du Toit Wildlife Photographer of the Year O Museu de História Natural de Londres divulgou em Outubro o resultado da quadragésima nona edição do concurso “Wildlife Photographer of the Year”. O grande ganhador foi o sul-africano Greg Du Toit, que fotografou uma manada de elefantes. “A foto foi tirada em um poço em Northern Tuli Game Reserve , no Botswana, desde um container de carga afundado, que forneceu-me

uma visão ao nível do solo . Escolhi usar uma velocidade lenta no obturador para criar a atmosfera que estava atrás do animal, quase fantasmagórica. Usei uma lente grande-angular inclinando-a para cima para enfatizar o tamanho de tudo, o elefante entrou no primeiro plano, e escolhi uma abertura pequena para criar uma grande profundidade de campo de forma que qualquer elefantes no fundo também

permanecessem focados. Anexei um filtro polarizador e regulei o balanço de branco para uma temperatura fria. A velocidade do obturador lenta transmitiu o movimento, e uma breve explosão de ash no final da exposição congelou um pouco desse fugaz de detalhe. O elemento surpresa e que acrescentou o toque final à imagem, foi o bebê elefante, que correu raspando o couro em mim”, explicou o fotógrafo.

Para conhecer mais sobre o trabalho de Greg Du Toit, acesse: www.gregdutoit.com. 44 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1


Tony Bennett Take a View A imagem da névoa pairando sobre um lago da região da Cúmbria, norte da Inglaterra, conquistou o prêmio principal em uma competição britânica de fotografias de paisagens. A imagem foi feita por Tony Bennett, de Derbyshire e conquistou o prêmio máximo no concurso ‘Take a view Landscape Photographer of the Year’. Bennet e os vencedores de outras 15 categorias fazem parte de uma exposição no Teatro Nacional de Londres que entrou em cartaz no dia 7 de dezembro.

TONY BENNETT

Victor Dragonetti Esso O fotojornalista Victor Dragonetti Tavares, foi o vencedor da 58ª edição do Prêmio Esso de Jornalismo na categoria Fotografia. Victor registrou o momento em que um policial, ferido na cabeça, imobilizava um manifestante e apontava a arma para o grupo que havia acabado de agredi-lo, durante manifestação ocorrida em Junho, em São Paulo. A imagem “ PM ferido afasta agressores”, foi publicada nos jornais Folha de São Paulo e Estado de São Paulo.

VICTOR DRAGONETTI/FOLHA DE S. PAULO

Dezembro 2013 - 45


Premiados LUIS ROBAYO/AFP

Sargento colombiano chorando, depois que indígenas desalojaram os militares do posto na colina Berlín

Luis Robayo Simón Bolívar O fotógrafo correspondente da AFP na cidade de Cali, Luis Robayo, foi anunciado vencedor do Prêmio Simón Bolívar de Jornalismo, na categoria Fotografia, por uma série de imagens realizadas durante uma revolta indígena ocorrida em Cauca (sudoeste do país) em 2012. Nas fotos, um sargento do exército colombiano chorando, depois que os indígenas da comunidade Nasa desalojaram os militares do posto que

ocupavam no topo da colina Berlín, onde guardavam antenas de comunicação. O território é palco frequente de conitos entre a força pública e a guerrilha comunista Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e a comunidade pede que a segurança desta zona seja realizada pela guarda indígena. O prêmio Simón Bolívar, é promovido anualmente pela empresa privada Seguros Bolívar, premiando

os melhores profissionais do jornalismo da Colômbia em onze categorias. O júri deste ano foi composto pelo escritor Héctor Abad, pelo sociólogo Carlos Castillo, pelos jornalistas Gustavo Gómez e Diego Martínez, pelas advogadas Juanita León e Nora Sanín e pelo historiador Jorge Melo. Robayo foi premiado com um valor em dinheiro de mais de 20 mil Reais.

Para conhecer mais sobre o trabalho de Luis Robayo, acesse: luisrobayo-photojournalist.blogspot.com. 46 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1


Timothy Allen Cutty Sark

TIMOTHY ALLEN/TRAVEL PHOTOTOGRAPHER OF THE YEAR 2013

O site Travel Photographer of the Year anunciou em Dezembro, o britânico Timothy Allen, ganhador da edição de 2013 do do Cutty Sark Award, prêmio máximo do concurso de fotografia de viagem. Allen realizou um um ensaio sobre o festival do barro, celebrado no Mali, em que pessoas rebocam paredes de uma mesquita com camadas de barro. Crianças ajudam a rebocar parede durante festival em Mali

Timo Lieber Pano

O fotógrafo britânico Timo Lieber foi o grande vencedor do Pano Awars, concurso australiano dedicado a fotografias panorâmicas e 360º. Lieber venceu o prêmio máximo com uma foto realizada no deserto de Mojave. Acesse: www.timolieber.com

Dezembro 2013 - 47


Premiados

2º Concurso Fotografia de Casamento CLEBER GELLIO

Cleber Gellio foi o vencedor da categoria Evento, com a foto "Amor e criaturas"

EMANUELLE RIGONI

"Convidado de honra" de Emanuelle Rigoni ficou em 2º lugar na categoria Ensaio e recebeu menção honrosa

48 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1

Em 2013, o Resumo Fotográfico, em parceria com a editora Photos, realizou mais um concurso de fotografia de casamento. Os vencedores foram o paulista Lupércio Pandim, na categoria "Ensaio" e o sul-mato-grossense Cleber Gellio na categoria "Evento". Cada um dos vencedores recebeu como prêmio um passaporte para os três dias do congresso Wedding Brasil 2013, que foi realizado entre os dias 23 e 25 de abril, em São Paulo. A fotografia "Convidado de honra" de Emanuelle Rigoni ficou com o

segundo lugar na categoria Ensaio e foi a segunda melhor votada no geral, recebendo Menção Honrosa. Como prêmio, ela ganhou um exemplar do DVD "Direção na Fotografia de Casamento" de autoria da fotógrafa de casamento Márcia Charnizon. Para seleção das fotos vencedoras foram convidados a fazer parte do júri, Rodrigo Jordy, nosso colaborador, o fotógrafo de casamento Thiago Máximo, o professor e fotógrafo de moda e publicidade Daniel Marins e a jornalista Ana Izaura, uma das autoras do blog Rumo ao Altar.


LUPÉRCIO PANDIM

A fotografia de Lupércio Pandim foi a vencedora da categoria Ensaio Dezembro 2013 - 49


A fotografia de cinema na era digital Por Cid Costa Neto O cinema, em termos técnicos, nada mais é do que fotografia em movimento. Por isso, é imprescindível a participação de um diretor de fotografia na produção de qualquer filme. Ele é o profissional que irá proporcionar a criação da atmosfera adequada à história que será contada, orientando o diretor principal, o diretor de arte e toda a produção em relação aos equipamentos mais adequados a serem utilizados (câmaras, películas, lentes, fresnéis, etc) e a melhor composição 50 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1

para iluminação das cenas. Em Fevereiro, o diretor de fotografia chileno Claudio Miranda ganhou o Oscar por "Life of Pi", em cerimônia realizada no dia 24, em Hollywood. Dirigido pelo cineasta taiwanês radicado nos EUA Ang Lee, o filme é baseado no livro de mesmo nome, escrito por Yann Martel e publicado em 2001. Esse foi o primeiro Oscar de Miranda, que já tinha sido indicado em 2008 por seu trabalho no filme "O


FOTOS: REPRODUÇÃO

Curioso Caso de Benjamin Button". Apesar do prêmio de fotografia, é curioso observarmos, no entanto, que o filme foi rodado quase que na sua totalidade utilizando estúdios com fundo azul e com cenários digitais que foram adicionais durante a pósprodução. Em alguns casos, como vemos nas imagens [acima, à direita], a iluminação é direcionada (possivelmente por um fresnél), para criar sombras e luz de recorte similares as produzidas pela luz do sol. Em outras situações, porém, foram utilizadas fontes mais homogêneas, para ter o mínimo de sombra e uma boa definição de todas as áreas, permitindo que, durante a edição, fosse possível escolher quais partes seriam iluminadas e quais seriam sombreadas, conforme a fonte de luz do cenário

digital a ser aplicado. Pode-se perceber isso na cena da tempestade, onde é inserida a luz de um raio, criando uma imagem em contra-luz. É o trabalho do diretor de fotografia fazer essa avaliação e previsão de onde será inserida a luz antes e depois (nos filmes digitais) das filmagens. Esses aspectos colocam em discussão quais são os limites da técnica fotográfica nos filmes atuais. Onde termina a fotografia e quando começa a manipulação digital? Em Março, o diretor de fotografia australiano Christopher Doyle fez duras críticas à premiação de "Life of Pi". "Eu estou tentando achar um jeito de dizer isso educadamente, e sem ofender - Eu não o conheço [Miranda] pessoalmente - mas que pedaço de merda. Deixe-me ser franco. Ah, fodas, eu não me importo. Eu tenho certeza que ele é um cara maravilhoso e tenho certeza que ele se importa, mas, uma vez que 97% das imagens do filme não estiveram sob seu controle, que merda você está falando sobre fotografia de cinema… Eu acho que é a porra de um insulto para a fotografia de cinema.”disse Doyle ao site Blouin. Uma boa solução, como sugeriu nosso leitor Sergio Zambrozuski, na nossa página no Facebook, poderia ser criar uma outra categoria voltada para arte digital e "deixar a fotografia para as lentes e o olho humano".

A maior parte do filme Life of Pi foi filmada em estúdio com fundo azul

Dezembro 2013 - 51


Ensaios

Um protesto contra a violência

FOTOS: YURI SADENBERG/REPRODUÇÃO

O fotógrafo de moda Yuri Sadenberg publicou na internet, no dia 16 de junho, uma série de imagens em repúdio à violência sofrida pela jornalista Giuliana Vallone, da “Folha de São Paulo”, que foi agredida com uma bala de borracha no olho durante a manifestação que parou o centro da cidade de São Paulo, no dia 13 de junho. Nas fotos, diversas celebridades indignadas com a violência e a injustiça, foram retratadas com o olho direito roxo.

Miguel Rômulo

Fernanda Rodrigues

Lana Rhodes

Paulinho Vilhena

52 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1


FERNANDA KIRMAYR

As formas e ritmos de Fernanda Kirmayr

Ensaio retrata o balé em meio ao caos de São Paulo Por Cristina Tristão Em Setembro, o Armazém Piola, em São Paulo, recebeu a exposição “Formas e Ritmos” da fotógrafa Fernanda Kirmayr. Com curadoria de Alex Penedo, a mostra foi composta por 13 imagens que retratam o balé em meio ao caos da cidade de São Paulo. A fotógrafa captou com suas imagens, paisagens muitas vezes esquecidas com a correria da grande metrópole em harmonia com o balé, trazendo um olhar contemplativo e harmonioso do caos da cidade grande à leveza da dança clássica. Conversei com a Fernanda para saber um pouco sobre como foi criada a série:

fotos realizadas em estúdio, resolvi começar. Os primeiros ensaios foram feitos em estúdios e em uma locação, um apartamento vazio, com apenas um piano para compor a cena. Amei as fotos, mas acreditava que precisava de mais elementos para compor a ideia. Tomei conhecimento de alguns fotógrafos internacionais que realizavam projetos de balé na rua e achei que São Paulo seria um pano de fundo perfeito para as fotos, uma cidade tão dinâmica e acolhedora das artes. Gosto da fuga do convencional, de realçar as belezas da cidade e o de mostrar que o balé não precisa de um palco para acontecer, que ele é belo em qualquer situação.

De onde veio a ideia do projeto? FK. A ideia surgiu no meio do ano passado (2012), em uma época que estava cada vez mais inteirada no mundo da dança. Sempre achei o balé a mais bela de todas, e após ver algumas

Você se inspirou no “Ballerina Project”, feito em Nova York pelo Dane Shitagi, dentro dessa mesma ideia? FK. Esse trabalho ao qual você esta se referindo é belíssimo! Havia visto

alguns trabalhos de balé na rua, mas esse de Nova York eu tomei conhecimento depois que havia começado. Tornou-se uma grande referencia! Qual sua formação acadêmica? Eu vi que você terminou sua pós-graduação. Tem alguma relação entre o seu projeto de pós e o “Formas e Ritmos”? FK. Sou formada em design de fotografia pela Escola Panamericana de Artes, bacharel em fotografia pela Faculdade Senac e acabei de terminar a pós graduação em Direção de Arte, na Faculdade Belas Artes. O projeto “Formas e Ritmos” começou como meu projeto de pós-graduação, mas se tornou muito maior! Pretendo seguir com ele por muito anos. O mestrado é o próximo passo na minha formação, mas pretendo começar apenas em 2015, quero ter tempo para desenvolver bem o “Formas e Ritmos” em 2014. Dezembro 2013 - 53


Ensaios

A atriz Nanda Costa, foi fotografada por Bob Wolfenson para a edição de aniversário da revista, publicada em Agosto deste ano BOB WOLFENSON/PLAYBOY/REPRODUÇÃO

PLAYBOY/DIVULGAÇÃO

As fotos foram realizadas em Havana, capital de Cuba

Quando vejo as fotos, parece que tudo é mais quente do que realmente estava lá. A gente assumiu a coisa natural, o suor.” - Nanda Costa

Bastidores do ensaio 54 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1


BOB WOLFENSON/PLAYBOY/REPRODUÇÃO

Dezembro 2013 - 55


Ensaios

Kristian Schuller fotografou Penelope Cruz para calendário inspirado em superstições populares O fotógrafo de moda Kristian Schuller foi o responsável por fotografar a atriz espanhola Penélope Cruz para a edição de 2013 do Calendário Campari, um dos mais famosos do mundo. O tema escolhido foi "Adeus às Superstições" e apresentou a atriz em 13 situações que desafiam o azar nas mais populares superstições.

56 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1


FOTOS: KRISTIAN SCHULLER/CAMPARI/REPRODUÇÃO

Dezembro 2013 - 57


Ensaios

Para a edição de 2013, a marca italiana prescindiu dos nus ousados e de fotógrafos sonantes do mundo da moda e escolheu Steve McCurry

As fotos foram realizadas no Rio de Janeiro

Bastidores do ensaio

58 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1

O Calendário Pirelli 2013 foi realizado no Rio de Janeiro, pelo fotógrafo Steve McCurry, que alterna retratos de modelos e atrizes com fotos de pessoas comuns. “Eu passeei bastante pelas ruas, procurando todos esses momentos da vida cotidiana e tirando uma infinidade de fotos”, disse McCurry. Ao todo são 34 imagens coloridas, encadernadas como um livrocalendário: 23 retratos de atrizes e modelos, nove imagens retratando

pequenos instantes e detalhes da vida cotidiana e duas fotos compostas inteiramente de pinturas urbanas. O Calendário apresenta onze modelos, atrizes e cantoras: as brasileiras Isabeli Fontana e Adriana Lima, a atriz Sonia Braga e a cantora Marisa Monte; a atriz ítalo-egípcia Elisa Sednaoui, a modelo tcheca Petra Nemcova, a modelo tunisiana Hanaa Ben Abdesslem, a modelo etíope Liya Kebede e as modelos americanas Karlie Kloss, Kyleigh Kuhn e Summer Rayne Oakes.


FOTOS: STEVE MCCURRY/PIRELLI/REPRODUÇÃO

“Tentei retratar o Brasil, sua paisagem, sua economia e cultura, junto com o elemento humano.” - McCurry

Dezembro 2013 - 59


Livros Em 2013 tivemos uma gama de publicações importantes na fotografia, com os mais variados conteúdos históricos, conceituais e gráficos.

Genesis Sebastião Salgado “Uma jornada às paisagens terrestres e aquáticas, às pessoas e aos animais que permaneceram intocados, preservados do mundo acelerado dos nossos dias. Um testemunho de que nosso planeta ainda abriga vastas e remotas regiões onde a natureza reina em silenciosa e imaculada majestade” O fotógrafo Sebastião Salgado cruzou o mundo entre 2004 e 2012 visitando 32 regiões extremas, entre elas o Alasca, a Patagônia, a Etiópia e a Amazônia. O resultado desses oito anos de trabalho foi condensado no livro "Genesis", lançado em Abril de 2013 pela editora alemã Taschen. Viajando a pé, de ônibus, em pequenos barcos, aviões e até mesmo em balões, ele registrou desertos gigantes, terras geladas, icebergs, vulcões, selvas, cadeias de montanhas e animais em seu ambiente natural: dos pinguins, leões-marinhos e baleias do Antártico e do sul do Atlântico aos leopardos, gnus e elefantes da África. Na busca por comunidades primitivas, descobriu tribos com costumes ancestrais, com pouco ou nenhum contato com o mundo exterior, como as que vivem ainda “isoladas” nas selvas da Amazônia e da Nova Guiné. Famoso por registros documentais impressionantes que retrataram as adversidades da humanidade, como o da Serra Pelada na década de 1980 e o ensaio "Êxodos" mostrando povos migrantes pelo mundo, o brasileiro teve 60 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1

em "Genesis" as primeiras experiências fotografando animais para um grande projeto, que faz uma homenagem à natureza. Exposição A série ganhou uma exposição, inaugurada no Natural Histor y Museum, em Londres. Com curadoria da esposa, Lélia Wanick Salgado, e mais de 200 imagens, a mostra chegou ao Brasil em Maio, no Museu do Meio Ambiente, no Rio de Janeiro e depois seguiu para São Paulo. Dividida em cinco seções, a mostra foi apresentada parte ao ar livre e parte em ambiente fechado. Na seção "Terras do Norte", imagens do Alasca e das montanhas rochosas do Colorado, nos Estados Unidos, assim como o norte da Sibéria e o norte da Rússia. Os gorilas do Parque Virunga, na divisa de Ruanda, Congo e Uganda; as tribos da Etiópia; e a vida selvagem na Botswana são retratados na seção intitulada "África". Em "Amazonia e Pantanal", além de orestas e rios, Sebastião apresenta

imagens de tribos no alto Rio Xingu e da isolada tribo Zo'e. Patrocínio Com um custo de 1 milhão de euros por ano, o projeto foi financiado em parte por revistas e jornais que publicaram as reportagens de Salgado ao longo do trabalho. A outra parte dos custos foi coberta por patrocinadores, a exemplo da mineradora brasileira Vale do Rio Doce, além de duas fundações norte-americanas. O projeto recebeu criticas no Brasil


SEBASTIÃO SALGADO/REPRODUÇÃO

e no exterior por conta do patrocínio de uma mineradora, mas Salgado defendeu essa visão, dizendo que uma mudança na direção de um mundo mais sustentável não vai partir das grandes empresas. "A mudança não vai partir deles, vai ser de todos nós". Segundo a Vale, "Gênesis é uma ilustração artística de alto nível da missão, visão e valores da empresa" e ressalta que o projeto mostra que a coexistência harmônica entre o homem e a natureza é primordial para o equilíbrio do planeta e desempenha

função informativa e educacional, motivando a preservação da natureza. Entre os povos fotografados em "Genesis" estão indígenas da região do Xingu. A Vale tem participação no consórcio Norte Energia, que irá construir e administrar a futura hidrelétrica. Considerada uma das principais obras de infraestrutura em andamento no país, ambientalistas e o Ministério Público são contra a construção por considerar que a usina vai prejudicar a comunidade indígena e a natureza da região.

Perseguidos por caçadores na Zâmbia, os elefantes têm medo dos homens e dos veículos e entram rapidamente no mato. Parque Nacional de Kafue. 2010

Ficha técnica Livro: Genesis Autor: Sebastião Salgado Editora: Taschen Dimensões: 33,5 x 24,3 cm Número de páginas: 520


Livros

Brasil Litoral Valdemir Cunha Valdemir Cunha, um dos mais renomados fotógrafos brasileiros especializados em imagens que retratam o meio ambiente, natureza e viagens, lançou em Outubro, pela editora Origem, Brasil Litoral, um misto de livro de arte/ fotografia com literatura de viagem. O livro mostra lugares em nossa costa que ainda guardam beleza primária e riquezas escondidas. Lugares em que se percebe a herança deixada pelos grandes navegadores e sua relação com o mar e resquícios da cultura do povo que já estava aqui antes da “dita” descoberta do Brasil. Brasil Litoral é o segundo da série Lugares do Brasil, iniciada em 2011 com o lançamento de Brasil Natural, que exibia paisagens e riquezas naturais captadas em sete parques nacionais localizados em oito estados brasileiros. Dessa vez, o trabalho de Valdemir esteve focado em sete regiões que revelam a diversidade cultural e geográfica de nossa costa. Lagamar (PR e SP), Costa Verde (SP e RJ), Costa do Cacau (BA), Foz do Rio São Francisco (SE e AL), Costa do Sal (RN), Delta do Parnaíba (PI e MA) e Reentrâncias Maranhenses (MA). Brasil Litoral traz textos do escritor e jornalista Xavier Bartaburu com informações importantes para que o leitor conheça, valorize e preserve as belezas do país. “O livro aborda detalhes sobre a população, geografia e características naturais de cada região, ilustradas com belas imagens e mapas com padrão de cartografia internacional”, conta Valdemir. Além disso, trata-se de uma excelente ferramenta educacional, que 62 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1

DIVULGAÇÃO

servirá também de estímulo para que as pessoas viajem e conheçam melhor o Brasil”, finaliza. Este ano, Valdemir completou 20 anos de atividades ligadas ao meio ambiente e ecologia. Trabalhou durante seis anos na Editora Abril como editor de fotografia das revistas Terra e Viagem & Turismo e viajou por mais de 80 países produzindo imagens para esses títulos.

Ficha técnica Livro: Brasil Litoral Autor: Valdemir Cunha Editora: Origem Dimensões: 25 x 20 cm Número de páginas: 216


Geração 00 Eder Chiodetto Geração 00 – A nova fotografia brasileira é o projeto mais amplo de documentação da produção artística fotográfica já realizado sobre os anos 2000. Organizado pelo jornalista e curador Eder Chiodetto, o livro apresenta um inédito mapeamento da fotografia brasileira ligada às artes visuais e ao documentarismo. A primeira década deste novo século marca a consolidação da (r)evolução tecnológica e dos novos parâmetros de produção e circulação das imagens a partir da disseminação das câmeras digitais e da internet, popularizados na segunda metade da década anterior. Essa massificação do uso da fotografia evidenciou, ainda, o fato de que qualquer fotografia incorpora realidade e ficção em sua trama, como já afirmavam vários teóricos da comunicação. A pesquisa se pautou pela busca de trabalhos e autores que, de diversas formas, contribuíram para expandir o repertório conceitual e simbólico da fotografia brasileira nessa década. Para enfatizar essa expansão da linguagem fotográfica, todas as obras selecionadas foram criadas entre os anos 2001 e 2010. O título Geração 00 da publicação surgiu em razão de todos os anos da década possuírem dois zeros. 2001 a 2010 (ou 01-10) remete ao sistema binário, que é a base eletrônica dos computadores e dos pixels das imagens digitais, e que possibilitou uma transformação total no modo de vida da humanidade devido a sua imensa capacidade de circulação de informações. O projeto gráfico do livroinspirase neste conceito e resulta, ainda,

DIVULGAÇÃO

numa sobrecapa que, a escolha do leitor, pode ser montada em quatro versões diferentes. A primeira parte da publicação bilíngue (português/inglês) traz textos do professor da Universidade Paris VIII e do Instituto Nacional de História da Arte e autor de vários livros sobre arte contemporânea e fotografia François Soulages; do historiador e doutor em comunicação pela ECO/UFRJ Maurício Lissovky; e do próprio Eder Chiodetto.

Ficha técnica Livro: Geração 00 Autor: Eder Chiodetto (org) Editora: Edições Sesc São Paulo Dimensões: 24 x 24 x 3 cm Número de páginas: 272

Dezembro 2013 - 63


Livros

Photographic Darkroom Michel Campeau DIVULGAÇÃO

Desde 2003, o fotógrafo canadense Michel Campeau viaja pelo mundo para fotografar estúdios de fotografia abandonados, que se dedicaram ao trabalho com fotografia em película. Toronto, Cidade do México, Havana, Paris, Bruxelas, Berlim, Niamey, Ho Chi

Minh e Tóquio foram algumas das paradas para registrar o declínio e abandono da fotografia tradicional. A série transformou-se em livro “Photographic Darkroom - Photogenic Obsolescence”, que documenta a transformação de locais onde eram utilizados para produção fotográfica em depósitos de produtos químicos, papel de gelatina de prata e equipamentos obsoletos. “Meu projeto, construído sobre a observação do declínio da fotografia à base de prata, teve como objeto central o quarto escuro, procedimento rapidamente abandonado por causa do crescimento fenomenal em tecnologias

de informática. Tanto um ator e uma testemunha desse período crucial na história da arte e da fotografia, preso entre os processos analógicos e digitais”, relata Campeau.

Ficha técnica Livro: Photographic Darkroom Autor: Michael Campeau Editora: Heidelberg Dimensões: 24 x 30 cm Número de páginas: 144

Um Olhar Sobre Elas Doris Bicudo A Luste Editores lançou o livro “Um Olhar Sobre Elas”, com concepção e texto de Doris Bicudo e imagens de doze fotógrafos contemporâneos, cujos trabalhos investigam, questionam e valorizam o universo feminino. André Schiliró, Daniel Aratangy, Debby Gram, Felipe Morozini, Guilherme Licurgo, Hanna Vadazs, Isabel Garcia, Mariana Maltoni, Mauricio Nahas, Paulo Bega, Thomas Baccaro e Vania Toledo expressam suas visões únicas sobre as mulheres de nosso tempo. O livro apresenta uma discussão visual sobre a subjetividade feminina no momento presente, através dos múltiplos olhares dos fotógrafos convida64 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1

dos. Os trabalhos selecionados discorrem temas como: Mulher Mundo, Mulher Solidão, Mulher Movimento, Mulher Fragmento, entre outros. ‘Mulheres’ sempre foi tema recorrente em obras de toda a história da arte, geralmente retratando e difundindo determinados estereótipos femininos de determinados períodos. Do mesmo modo, hoje a mulher vive um momento único de transformações, possibilidades, e conquistas do que antes não lhe era permitido. A arte contemporânea e a fotografia, como uma de suas expressões, atingem nos dias atuais, um grau de

possibilidades altamente diversificado. Os fotógrafos que compõem esta edição, homens e mulheres, exibem um conjunto que representa a maneira como cada artista enxerga o universo feminino.

Ficha técnica Livro: Um Olhar Sobre Elas Autor: Doris Bicudo Editora: Luste Editores Dimensões: 32 x 26 cm Número de páginas: 138


The Nu Project Matt Blum MATT BLUM/REPRODUÇÃO

Em Agosto deste ano, a famosa série de fotografias de “nus honestos” realizada pelo norte-americano Matt Blum virou livro. Realizada desde 2005 com mulheres de todo o mundo, suas imagens são feitas sem modelos profissionais, maquiagem mínima e nenhum glamour. O foco do projeto intitulado “The Nu Project”, são os sujeitos e suas personalidades, espaços, inseguranças e peculiaridades. Mais de 150 mulheres em toda a América do Norte e Sul já participaram

do projeto. Em Novembro do ano passado, o fotógrafo e sua esposa, Katy, que o auxilia no trabalho, estiveram inclusive no Brasil, onde ele fotografou cerca de 30 voluntárias. O livro de 152 páginas reune as imagens realizadas nos últimos 7 anos, bem como histórias das mulheres que participaram do projeto. O lançamento aconteceu no dia 22, no estúdio de Blum em Minneapolis, Estados Unidos. É possível encomendar o livro através do site shop.mattblumphoto-

graphy.com por 64 dólares (cerca de 146 Reais) ou se preferir uma cópia autografada, 99 dólares (aproximadamente 226 Reais).

Ficha técnica Livro: The Nu Project Autor: Matt Blum Editora: Independente Dimensões: 25,4 x 30,4 cm Número de páginas: 150

Visite: www.thenuproject.com Dezembro 2013 - 65


Livros

German Lorca Eder Chiodetto (org) GERMAN LORCA/REPRODUÇÃO

A editora Cosac Naify lançou no mês de Outubro, o livro “German Lorca”, que apresenta os trabalho de um dos pioneiros do modernismo fotográfico no Brasil. O paulistano German Lorca teve o auge de sua produção autoral durante a década de 1940. Segundo o livro, ao ingressar no Foto Cine Clube Bandeirante em 1948, o fotógrafo teria, em muitos momentos se rebelado contra os padrões do que era considerado uma “boa fotografia”, utilizando-se de várias experimentações técnicas e de composição: Sombras, geometria, múltiplas ex66 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1

posições, baixas velocidades, fotomontagens e solarizações Lorca tornou-se fotógrafo profissional, trabalhando com publicidade, retratos e reportagens, sem nunca deixar de lado suas fotos autorais. Este livro é o primeiro inteiramente dedicado a sua vasta e multifacetada obra. Além do ensaio fotográfico principal, com as imagens mais experimentais, o volume traz textos do organizador Eder Chiodetto e da crítica portuguesa Tereza Siza, que situam a obra de Lorca no contexto brasileiro e mundial e propõem chaves de leitura. Ao fim, há um saboroso depoimento do

próprio fotógrafo, uma criteriosa cronologia organizada pela pesquisadora Daniela Maura Ribeiro – fartamente ilustrada com imagens publicitárias e de seu arquivo pessoal - e uma bibliografia.

Ficha técnica Livro: German Lorca Autor: Eder Chiodetto (org) Editora: Cosac Naify Dimensões: 20 x 32 cm Número de páginas: 192


Across the Ravaged Land Nick Brandt NICK BRANDT/REPRODUÇÃO

Nick Brandt, conhecido fotógrafo britânico especializado em fazer fotografias da África, lançou em Outubro o livro "Across the Ravaged Land” (“Pela Terra Devastada”, em tradução livre) durante uma exposição realizada na Atlas Gallery, em Londres. A publicação completa uma trilogia de livros dedicada à beleza selvagem do continente africano. Os livros anteriores de Brandt são “On This Earth” (“Nesta Terra”, em tradução livre) e “A Shadow Falls” (“Uma Sombra Cai”, em tradução livre). As fotos, realizadas com uma

câmera médio formato e filme preto e branco, exploram, além de impressionantes retratos de animais, a presença humana e o repovoamento da paisagem com restos de animais na região de Amboseli, na África Oriental um extraordinário ecossistema a sombra do Monte Kilimanjaro, abrangendo o Quênia e a Tanzânia. “A África é a África por causa dos animais de lá. Os elefantes, leões, girafas, guepardos, rinocerontes, eles todos são criaturas icônicas que exercem uma atração poderosa, profunda, emocional e mítica em nos-

sas imaginações. Mas não podemos mais tomar a presença deles como algo garantido.”

Ficha técnica Livro: Across the Ravaged Land Autor: Nick Brandt Editora: Harry N. Abrams Dimensões: 38 x 33 cm Número de páginas: 120

Dezembro 2013 - 67


Livros

Apartamento 302 Jorge Bispo JORGE BISPO/REPRODUÇÃO

Através do site de ‘crowdfunding’ (financiamento coletivo) Catarse, o fotógrafo carioca Jorge Bispo contou com a ajuda dos internautas para transformar a série “Apartamento 302” em livro. O projeto foi destaque na mídia por mostrar a beleza da nudez feminina de maneira simples, sem artifícios, tendo como cenário apenas a parede branca de um apartamento no Rio de Janeiro. O fotógrafo arrecadou R$ 38.666 Reais para a publicação. Mais de 3 mil do que era esperado. O projeto recebeu apoio de 449 pessoas, com contribuições de R$ 15 (com agradecimento no livro) até 1,5 mil Reais (um livro do apartamento 302 assinado + foto do livro em papel algodão 24x30 assinada). 333 apoiadores contribuíram com 70 Reais e receberam em casa uma cópia autografada. Com direção de arte de Lila Botter e texto de apresentação de João Paulo Cuenca, o livro foi lançado no dia 18 de novembro, no Rio de Janeiro. Acesse: apartamento302.tumblr.com.

Ficha técnica Livro: Apartamento 302 Autor: Jorge Bispo Editora: Independente Dimensões: 15,7 x 23 cm Número de páginas: 256


Hotel Tropical João Castilho JOÃO CASTILHO/REPRODUÇÃO

O artista mineiro João Castilho lançou em Dezembro o seu quinto livro, “Hotel Tropical”. O ensaio nasceu conceitualmente para uma exposição em 2011, depois de um trabalho bem realizado de edição em fotografias feitas por Castilho em vários pequenos hotéis, durante anos de viagens. Nos últimos anos, o fotógrafo retratou quartos de hotel no Mato Grosso, na Bahia, em Minas Gerais, em São Paulo, em Goiás, no Amazonas e no Mali, retratando principalmente a

arquitetura da gambiarra presente nessas construções de cores improváveis. Na maioria das fotos, usou uma câmera digital com lente de 28 mm. A publicação é organizado em núcleos de cores – azul, branco, vermelho e verde – o ensaio foi exposto como uma fotoinstalação. Segundo Castilho, esses conjuntos assimétricos que foram uma espécie de mosaico, lembram a planta dos hotéis: “Essas construções têm a capacidade de desenvolver tentáculos, que se es-

tendem para cima, para os lados, para baixo. Foi esse movimento que tentei passar para os blocos.”

Ficha técnica Livro: Hotel Tropical Autor: João Castilho Dimensões: 21 x 29,7 cm Número de páginas: 80

Dezembro 2013 - 69


Livros

Rio Pictoresco Cesar Barreto CESAR BARRETO/REPRODUÇÃO

No dia 10 de dezembro aconteceu na Galeria Tempo, em Copacabana, o lançamento do livro "Rio Pictoresco" do fotógrafo Cesar Barreto. A exemplo de fotógrafos pioneiros como Augusto Malta e Marc Ferrez, que eternizaram em imagens a cidade maravilhosa, Barreto trabalha com câmeras de grande formato, algumas feitas de madeira, com até 80 anos de idade. Essas câmeras possuem negativos maiores, capazes de fazer registros mais amplos e preservar detalhes, texturas e nuances de tons. “De forma resumida, diria que a fotografia em preto e branco se 70 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1

sustenta e se justifica por seu caráter necessariamente interpretativo. Aponto aí a grande chance que temos de impor uma visão pessoal e criar com mais liberdade um discurso que, mesmo preso à realidade, sempre há de se diferenciar da produção de outros fotógrafos”, explica o fotógrafo. As 63 imagens impressas em papel fotográfico que serviram de base para as reproduções do livro serão doadas ao Museu de Arte do Rio (MAR). Até janeiro de 2014, será realizada uma exposição com as imagens do fotógrafo. "Cesar Barreto é um dos principais

intérpretes contemporâneos de nossa cidade. O conjunto será um dos pontos capitais de nosso acervo", comentou o curador e diretor do MAR, Paulo Herkenhoff.

Ficha técnica Livro: Rio Pictoresco Autor: Cesar Barreto Editora: Casa da Palavra Dimensões: 35 x 25 cm Número de páginas: 120


Out of Nowhere Miguel Rio Branco DIVULGAÇÃO

A Luste Editores lançou "Out of Nowhere", do pintor, fotógrafo, diretor de cinema e artista plástico multimídia Miguel Rio Branco. O livro é um registro da instalação homônima, criada para a 5ª Bienal de La Habana (1994), e apresenta uma reexão do artista sobre a obra e suas inspirações. A exposição Out of Nowhere passou por diversos países, sendo composta por fotografias, recortes do jornal nova-iorquino Police Gazette (anos 1920), além de stills de filmes antigos e “ashbacks” de suas criações anteriores. As imagens que permeiam o livro foram capturadas na Academia de

Boxe Santa Rosa (Lapa, Rio de Janeiro) e mostram figuras do bairro encontradas pelo artista: boxeadores, meninos de rua, jovens prostitutas, policiais, marginais. Além deste trabalho, a publicação conta com registros - feitos pelo próprio artista - da instalação, fotografias de outras séries, um texto curatorial de Ligia Canongia, e um depoimento de Rio Branco. Em visada mais atenta, o trabalho surge como uma retrospectiva das imagens e dos assuntos da própria obra de Miguel, numa recuperação geral de seu olhar e das coisas que lhe interessam, ainda que captadas por fragmentos espaciais e memoriais.

Nas palavras de Ligia Conongia: “Out of Nowhere coloca de imediato, a partir do próprio título (“Fora de Lugar Nenhum”), a questão da superação dos limites, espaciais e temporais. Funde passado e presente, descentraliza todo e qualquer eixo de percepção (...).”

Ficha técnica Livro: Out of Nowhere Autor: Miguel Rio Branco Editora: Luste Editores Dimensões: 24 x 24 cm Número de páginas: 160


Livros

Rio Infravermelho Renan Cepeda DIVULGAÇÃO

No dia 3 de dezembro, no Foyer do Espaço Tom Jobim - Jardim Botânico do Rio de Janeiro, foi realizado o lançamento do livro "Rio Infravermelho" do fotógrafo Renan Cepeda. A publicação é composta por imagens de diversos cartões postais da cidade, revistos com uma técnica que até

1992 era de uso exclusivo das forças armadas, a fotografia infravermelha. Apesar dos efeitos inusitados, Cepeda explica que a maioria de suas fotografias são realizadas à moda antiga sem manipulação da imagem, através de um processo pouco comum. “O infravermelho é uma radiação invisível de luz. O controle remoto da TV, por exemplo, nada mais é do que uma verdadeira lanterna de infravermelho. As plantas, para fazerem a fotossíntese, reetem todo o infravermelho incidente sobre elas em uma determinada frequência que, quando captada pelos filmes especiais, produz efeitos incomuns nas paisagens. Ao fazer minhas fotos, aponto o visível, e

acerto o invisível.” - resume o fotógrafo. Segundo o fotógrafo, o infravermelho permite "camuar" os prédios e destacar toda a beleza natural da cidade.

Ficha técnica Livro: Out of Nowhere Autor: Miguel Rio Branco Editora: Luste Editores Dimensões: 24 x 24 cm Número de páginas: 160

Ofício da Fotografia em Minas Gerais no Século XIX Rogério Arruda DIVULGAÇÃO

No dia 12 de dezembro, no Museu Mineiro, em Belo Horizonte, aconteceu o lançamento do livro “O Ofício da Fotografia em Minas Gerais no Século XIX 1845-1900”, de Rogério Arruda, 72 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1

contemplado com o XII Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia 2012. A publicação apresenta um panorama sobre a chegada e a expansão da fotografia nas cidades mineiras. Ele traz uma síntese sobre a atuação de cada fotógrafo, a partir das notícias e anúncios publicados na imprensa mineira do século XIX. O ofício da fotografia em Minas Gerais no século XIX, 1845-1900 expõe uma consolidação de dados que podem colaborar para a compreensão da história da fotografia em Minas e

promover futuros desdobramentos. Durante o evento foi realizada uma palestra do autor com distribuição gratuita de livros.

Ficha técnica Livro: Ofício da Fotografia em Minas Gerais no Século XIX Autor: Rogério Arruda Dimensões: 24,5 x 17,5 cm Número de páginas: 232


Direito Autoral para Fotógrafos Marcelo Pretto DIVULGAÇÃO

A iPhoto Editora, em parceria com o fotógrafo Marcelo Pretto, lançou em Dezembro, o livro “Direito Autoral para Fotógrafos”. Com o objetivo de fornecer uma visão geral sobre o Direito na fotografia, a obra esclarece dúvidas do dia a dia, como, por exemplo, qual lente usar para não ser processado por invasão de privacidade. Este livro inclui modelos de contrato de prestação de serviço, cessão de direitos, autorização de uso de imagem e licença. Além de uma sessão com casos práticos e dúvidas mais frequentes. A obra se destina a fotógrafos, designers, ilus-

tradores, modelos, agências de modelos, produtores, diretores de arte, o próprio cliente e a todos os profissionais que trabalham com imagens, criação e arte. Destina-se também aos alunos e profissionais de Direito, e todos aqueles que desejam aprofundar seus conhecimentos na área. Marcelo Pretto é advogado especialista em Direitos Autorais pela (Fundação Getúlio Vargas). Atua como professor de fotografia e consultor jurídico de fotógrafos em São Paulo. É autor do módulo “Direitos Autorais, Direito de Imagem e Direito de

Fotografar”. Através de sua experiência como fotógrafo conviveu no dia a dia com as dificuldades e dúvidas sobre como trabalhar com os direitos autorais.

Ficha técnica Livro: Direito Autoral para Fotógrafos Autor: Marcelo Pretto Editora: iPhoto Acabamento: Brochura Número de páginas: 148

Dezembro 2013 - 73


Uma homenagem a

Nelson Mandela Por David Turnley Fotógrafo vencedor do Prêmio Pulitzer David Turnley passou 28 anos fotografando as lutas do apartheid na África do Sul. Tendo documentado a vida de Nelson Mandela e seu povo, Turnley reflete sobre suas memórias de Mandela no dia da sua libertação da prisão. Eu fui dormir cedo em 10 de fevereiro de 1990, quando o dia seguinte se tornaria um dos dias históricos mais importantes da minha carreira. Recebi um telefonema de um querido amigo e colega fotojornalista. Ele me disse que lamentava informar, mas a associação de fotógrafos sulafricanos decidira fazer libertação de Nelson Mandela da prisão um evento restrito e que apenas cinco fotógrafos seriam permitidos em frente à prisão. Eu respondi, respeitosamente, que podia garantir que na manhã seguinte estaria em frente a prisão - este era um momento de importância para o mundo inteiro ver. Eu cheguei em frente a prisão Victor Verster com meu irmão gêmeo fotojornalista Peter Turnley às 5h30 da manhã seguinte. Um punhado dos nossos colegas também chegaram. Fomos aos dois guardas prisionais afrikaaner às portas da prisão, nos apresentamos e pedimos ajuda. Nós explicamos que aquele era um dia importante para a África do Sul, e para o mundo testemunhar. Propomos que nos permitisse criar uma área de isolamento na frente da prisão, onde fotojornalistas de todo o mundo estariam, e certificariamos de que o decoro deste evento fosse respeitado. Estes guardas prisionais decidiram que 74 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1

FOTOS: DAVID TURNLEY/TIME

O jovem segurando o retrato de 'Madiba' na faculdade, é um parente distante que vive na aldeia de Mqhekezweni, no Transkei

também queriam ser magnânimos neste dia histórico e nos deram o mandato para definir a nossa área. Centenas de fotógrafos e repórteres começaram a chegar, e enquanto explicávamos nosso plano, todo mundo arrumava o seu espaço, onde ficávamos ombro a ombro na expectativa para o que seria, inevitavelmente, apenas alguns segundos em que pudemos ver Nelson Mandela, antes da multidão cobrir o próximo líder da África do Sul. Após aproximadamente 11 horas mantendo a posição, às 4:20 horas da

tarde, com helicópteros de TV zumbindo no alto, vimos uma comitiva fazendo o seu caminho em direção à porta da prisão. A adrenalina subiu - de repente a porta da prisão se abriu, e marchando em direção a nós, Nelson Mandela, punho no ar, segurando a mão de Winnie, com urros soando em todo o mundo. Eu tive tempo para fazer três quadros em foco - os três quadros mais felizes da minha vida - antes da comitiva de Mandela ir em direção ao centro da Cidade do Cabo. Eu diriji freneticamente para me manter com a comitiva, uma vez que o


caminho para Cidade do Cabo fica a uma hora de distância. Quando a comitiva chegou, a multidão de mais de cem mil sul-africanos animadamente sacodiam o carro de Madiba. A comitiva escapou da multidão e foi embora. Pela primeira vez, eu senti que poderia ser esmagado por uma multidão. Subi sobre os ombros deste mar da humanidade e segui o meu caminho para a varanda da Câmara Municipal. Eu sentia urgência por estar fora da posição de Madiba caso ele aparecesse. Corri pelo corredor da Prefeitura à procura de uma janela para espreitar. Na minha frente, vi o arcebispo Desmond Tutu, o reverendo Allan Boesak, Walter Sisulu, companheiro de prisão de Madiba de 27 anos, Jesse Jackson e um punhado de outros. Eu havia desembarcado por acaso no comitê de recepção. Todos eles me conheciam e sorrindo, me disseram para entrar e esperar pacientemente. Ninguém sabe por onde Madiba fugiu, e enquanto a multidão do lado de fora gritava com antecipação e euforia, um telefone tocou. Tutu pegou o telefone. Era Madiba explicando que eles o levaram para fora da cidade, abalado pela multidão agitada depois de se sentar sozinho em uma cela de prisão por 27 anos. O arcebispo disse: "Baba [na África do Sul xhosa, papa], você tem que vir e pelo menos mostrar o seu rosto ou eles vão despedaçar a cidade esta noite. E então, depois de um silêncio, o Arch desligou o telefone e sorriu. "Ele está vindo." Minutos depois, sem o conhecimento de qualquer um de nós, incluindo a multidão, ele foi levado para a parte traseira da Prefeitura. A porta se abriu e entrou Nelson Mandela. Ele cumprimentou cada pessoa na sala, com o

Nelson Mandela foi enviado para Robben Island com uma pena de prisão perpétua por traição por sua participação no Congresso Nacional Africano (ANC) em 1964.

charme e a confiança de alguém que nunca foi embora. Madiba é alto e em forma inacreditável. Sua presença é poderosa. Ele dá a todos um abraço de urso. Sorrisos se estendem pelos nossos rostos. E o arcebispo Tutu bate em um copo com uma colher. Diretamente na frente de Madiba, a multidão do lado de fora está frenética de excitação, sem saber que Madiba está conosco. Arcebispo Tutu olha nos olhos de Nelson, e com lágrimas escorrendo pelo rosto, diz: "Eu tenho que lhe dizer o que você significou para a minha vida ...." E assim seguiu-se cada pessoa na sala. Madiba recebia orgulhosamente cada palavra sincera. Era como se você pudesse ver palpavelmente a dignidade de Nelson Mandela, de cada segundo de 27 anos, com orgulhosa e claramente contida para estar pronta para este momento. E então, ele olha para todos nós. "Vocês terão que me perdoar. Eu tenho que cuidar de algo." Ele passa a

caminhar até a janela, saindo para a varanda para de direcionar a povo sulafricano, e do mundo, pela primeira vez em quase três décadas. Enquanto o sol se põe, a família e os amigos de Mandela se poe à janela, os punhos de todos levantados no ar, as lágrimas escorrendo pelo rosto, enquanto a multidão saúda o seu líder com o hino nacional africano Nikosi Sikelela. Ele termina o seu discurso com as mesmas palavras que falou no final do julgamento de traição que o enviou à prisão perpétua em 1964. "Durante toda a minha vida tenho me dedicado a esta luta do povo africano. Lutei contra a dominação branca, e eu lutei contra a dominação negra. Eu estimo o ideal de uma sociedade democrática e livre na qual todas as pessoas convivam em harmonia e com oportunidades iguais. É um ideal que espero viver e alcançar. Mas, se for preciso, é um ideal pelo qual estou preparado para morrer."

David Turnley é o vencedor do Prêmio Pulitzer de Fotografia, a medalha de ouro Robert Capa por coragem e dois World Press Pictures of the Year. Turnley é altamente reconhecido por sua cobertura da África do Sul ao longo dos últimos 28 anos. Ele também é um documentarista bem sucedida, tendo acabado de concluir seu filme mais recente, SHENANDOAH e é Professor Associado da Universidade de Michigan. Texto traduzido do blog LightBox Dezembro 2013 - 75


Imagens A fotografia, mais do que nunca, tornou-se um meio predominante na comunicação. Um número incrível de imagens são compartilhadas diariamente. Selecionamos algumas imagens que se destacaram no ano. JOHN TLUMACKI/GETTY IMAGES

Boston, EUA. 15 de abril de 2013

Maratona de Boston John Tlumacki

A primeira bomba explodiu na Maratona de Boston cerca de duas horas e quarenta minutos depois do vencedor da corrida dos homens cruzar a linha de chegada na Boylston Street. Eu estava de pé sobre a linha de chegada fotografando os corredores, alguns vestidos com trajes, outros estavam segurando as mãos das crianças e dos membros da família, eles compartilhavam a alegria de terminar juntos.”

76 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1


OSMAN ORSAL/REUTERS

Praça Taksim, Istambul, 28 de maio de 2013

A mulher de vermelho Osman Orsal

Um grupo de ativistas ambientais ocupavam Gezi Park Taksim, a fim de frustrar um plano de reconstrução, em que dezenas de árvores estavam sendo arrancadas. A polícia de choque, equipada com spray de pimenta e granadas de fumaça pediu para sairem. Eles resistiram. Eu fotografei um policial pulverizado uma explosão de gás de pimenta em uma manifestante, uma mulher com um vestido vermelho que estava na frente dele, carregando uma bolsa e nada mais. À medida que os protestos pacíficos no parque evoluíram para violentos confrontos em uma escala nacional, em que sete pessoas perderam suas vidas, a minha imagem, ‘a mulher de vermelho’, tornou‐se uma das imagens icônicas do conflito.” Dezembro 2013 - 77


Imagens TASLIMA AKHTER

Savar Dhaka, Bangladesh. 24 de abril de 2013

O último abraço Taslima Akhter

Toda vez que eu olho novamente para essa foto, eu me sinto desconfortável ‐ ela me assombra. É como se eles estivessem dizendo a mim, 'não somos um número ‐ não somos apenas mão de obra barata e vidas baratas. Somos seres humanos como você. Nossa vida é preciosa como a sua, e os nossos sonhos são preciosos também.'"

Shahidul Alam, fotógrafo, escritor e fundador da Pathshala, o Instituto Sul-Asiática de Fotografia, descreveu a foto como uma 'imagem, enquanto profundamente perturbadora, tam-bém é assombrosamente bela. Um abraço na morte, sua ternura se eleva acima dos escombros para nos tocar onde estamos mais vulneráveis'. Akhter contou que muitas pessoas perguntavam sobre o casal morto. Ela, no entanto, não sabe dizer quem são, embora tenha tentado descobrir suas identidades. “Eu não sei quem são ou qual a relação entre eles”. Para saber mais sobre o trabalho de Taslima Akhter, acesse: www.taslimaakhter.com. 78 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1


KEVIN LAMARQUE/REUTERS

A despedida Kevin Lamarque

Fui enviado para o Cemitério Nacional de Arlington para fotografar a lápide de um soldado sobre quem a Reuters estava fazendo uma história. Enquanto estava lá, eu vagava sobre a Seção 60, onde os mortos no Iraque e no Afeganistão estão enterrados. Eu vi uma família de joelhos diante de um túmulo, e me aproximei para fotografá‐los e conversar um pouco. Os pais ficaram vermelhos quando me aproximei, mas a filha apenas deitou em frente ao túmulo em uma posição quase que fetal. Ela ficou assim enquanto apontei minha câmera para capturar esse momento muito convincente. Minha visita me inspirou a acompanhar dias depois, com uma história de imagens das lembranças que os entes queridos deixam em cima das lápides de quem amaram e agora perderam. Esta foto, combinada com as imagens das lembranças, é uma recordação do quanto as feridas desses conflitos estão recentes.”

Dezembro 2013 - 79


Imagens DANIEL ETTER/REDUX

Istanbul, Turquia. 1 de junho de 2013

Jovens conflitantes Daniel Etter

A escala dos protestos me pegou de surpresa. Vivendo perto de Praça Taksim de Istambul, estou acostumado a ver manifestações. O protesto no parque Gezi a primeira vista não parecia nada de excepcional. Então eu deixei a Turquia para uma história na Ucrânia. Mas enquanto estava viajando, o movimento para salvar o parque Gezi se transformou em protestos contra o governo do primeiro‐ministro Erdogan. Eu decidi voar de volta. Na noite seguinte, fotografei jovens entrando em confronto com a polícia perto do escritório do primeiro‐ministro no Palácio de Dolmabahce. Os manifestantes seguiram em direção ao seu escritório e a polícia reagiu com canhões de água e enormes quantidades de gás lacrimogê‐ neo. Para tornar mais difícil para a polícia para avançar, os manifestantes construíam barrica‐ das com tudo o que podiam encontrar.”

A foto de Etter virou um viral após ser publicada no no Facebook e um amigo turco compartilhar. Em poucas horas mais de 10.000 pessoas se apropriaram da imagem utilizando-a em seu perfis. 80 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1


KAMID KHATIB/REUTERS

Aleppo, 7 de setembro de 2013

Pequeno fabricante de armas Hamid Khatib

Quando eu tirei a foto, não sabia que iria ver nela como a guerra está acelerando o crescimento de uma criança, obrigando‐a a trabalhar nesta fábrica de armas junto com seu pai. Fui para tirar fotos da fábrica de armas, onde encontrei Issa trabalhando com seu pai durante todo o dia. À noite, Issa ia para casa, alimentar o seu pássaro, tomar um banho e jantar com sua família, durante os cortes de energia regulares. Em seguida, ele ia para a cama apenas para acordar cedo de manhã para voltar novamente para carregar armas e fazer suas tarefas na fábrica.”

Na foto, Issa, de 10 anos, carrega um morteiro em uma fábrica de armas do Exército Livre Sírio em Aleppo. Issa trabalha com o pai na fábrica durante dez horas todos os dias, exceto às sextas-feiras Dezembro 2013 - 81


Imagens TYLER HICKS/REDUX

Nairobi, Quênia. 21 de setembro de 2013

Tiroteiro em Nairobi Tyler Hicks

Ficou claro que algo catastrófico estava acontecendo quando cheguei ao Westgate Mall de Nairobi. Um tiroteio tinha sido relatado e eu testemunhei centenas de vítimas correndo para fora do prédio, muitas delas baleadas e ensanguentadas. Eu percebi que era o ataque que as pessoas avisavam desde que me mudei para cá há dois anos. Militantes da Al Shabab travavam um violento ataque a um alvo lotado frequentado por estrangeiros. Depois de fotografar o pânico do lado de fora, eu me foquei em encontrar uma abordagem dentro do shopping, onde eu encontrei um pequeno número de policiais quenianos desorgani‐ zados e o exército, misturados com massas aterrorizadas tentando fugir dos ataques. De um andar superior eu me movi para a varanda do átrio para ver um derramamento de sangue abaixo. Corpos de vítimas jaziam sem vida onde caíram e entre eles uma mulher apavorada permaneceu presa com dois filhos em um café. Eles permaneceram ali, petrificados, com uma música calma, cotidiana, que tocava no sistema de som do shopping. Tirei algumas fotos e, em seguida, saí daquela posição de exposição. A mulher e os filhos foram mais tarde resgatados ilesos.” 82 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1


SUSANA VERA/REUTERS

Pamplona, 12 de julho de 2013

O dia do touro Susana Vera

Minha mãe cresceu vendo os touros de San Fermin, a partir da mesma varanda na Rua Estafeta, da qual eu tirei a foto de Diego Miralles sendo chifrado por um touro chamado "Langostero". Eu ia para essa mesma varanda, que fica na clínica odontoló‐ gica do meu tio, a cada festival de San Fermin desde 2005, quando comecei a fotografar a corrida de touros em Pamplona. Mas eu nunca tinha documentado um momento tão terrível antes. Naquela manhã, meu sangue gelou em minhas veias quando testemunhei, por um minuto inteiro, "Langostero" repetidamente investir contra Diego Miralles, chifrando‐o três vezes, em sua virilha e pernas. Eu nunca pensei que 60 segundo podiam demorar tanto tempo. Continuei tirando fotos, tentando manter o foco, enquanto o drama se desenrolava diante da minha câmera. Por um tempo eu não ouvia nada. Eu não tenho certeza se meu cérebro bloque‐ ou o ruído externo ou se as pessoas ficaram mudas por alguns segundos .” Outro corredor ajudou Diego Miralles a atravessar a cerca para receber tratamento médico. “Langostero”, o touro que poderia tê-lo matado, foi morto durante a tourada à tarde. Os outros cinco touros que corriam o “encierro” com ele naquela manhã, tiveram o mesmo destino na areia da praça de touros de Pamplona. Dezembro 2013 - 83


Imagens

Saxony Anhalt, Alemanha, 10 de junho de 2013

A piscina e o rio Thomas Peter

Apenas de cima você pode mostrar a extensão de uma inundação. Ou, como no caso da imagem, escolhendo certos detalhes gráficos, você pode trazer o absurdo da situação para a atenção do espectador. Quando o mundo em que estamos, feliz‐ mente abrigados com todas as nossas instalações feitas pelo homem, tornam‐se submersas pela água suja, tudo assume uma qualidade irreal. Quando as casas das pessoas se transfor‐ mam em caixas abandonadas, cercadas por um lago que se estende até o horizonte, você entende que a ordem que conhecemos é uma mera ilusão diante de caprichos da natureza. Em algum momento o helicóptero fez uma curva à direita, mergulhando o lado em que eu estava sentado para baixo do horizonte. E lá estava, logo abaixo de mim, o epítome da absurda imagem da inundação: uma piscina oval azul‐bebê, uniformemente cercada por água barren‐ ta. Eu preparei minha lente 300 milímetros em linha reta e compus o melhor que podia, o que era um desafio com a corrente de ar subindo e que quase tirou a câmera das minhas mãos . Eu disparei cerca de 10 quadros antes de o helicóptero nivelar.” 84 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1


CHRIS PERRY/NASA/WALLOPS FLIGHT FACILITY

A rã astronauta Colaboração de Cristina Tristão Durante o lançamento de um foguete da missão LADEE - Lunar Atmosphere and Dust Environment Explorer, realizado no dia 7 de setembro, pela Agência Espacial Norte Americana (Nasa), uma rã roubou a cena. A "rã-voadora", que aparece no alto, à esquerda na foto, foi registrada

no momento em que o foguete se desprendia da sua base em Virgínia, Estados Unidos. A Nasa afirmou que a rã era real e foi capturada por câmeras controladas remotamente durante o lançamento do foguete. A agência, no entanto, informou que desconhece o destino final do animal. Dezembro 2013 - 85


Opinião

Você tem medo da crítica? Por Cid Costa Neto Os fotógrafos, assim como muitos profissionais que trabalham com a criatividade, depositam em suas obras não apenas os seus conhecimentos técnicos, mas também muitos sentimentos. Por terem essa relação tão intima com seus trabalhos, é muito comum que alguns sintam-se atacados pessoalmente quando recebem uma crítica sobre suas fotos. Muitas vezes, recusam-se a reetir sobre elas e tentam rebatê-las da pior maneira possível: querendo diminuir o trabalho do crítico, como se a sua competência em realizar devesse ser obrigatoriamente a mesma em perceber. Mas, sendo assim, deveríamos, ser obrigados a engolir qualquer prato de comida, sem o direito de criticar e opinar, caso não tenhamos conhecimentos culinários? Ao publicar algumas fotos nas redes sociais, é comum que fotógrafos recebam diversos elogios, os quais, na maioria das vezes, não representam na verdade uma qualificação da obra, mas sim uma demonstração de apreço pessoal para com o autor. Ou seja, quanto mais popular a pessoa, maior será o número de comentários do tipo: "que lindo", "maravilhoso", "perfeito", etc... Nada contra os elogios, eles são sempre bem vindos. Mas muitas vezes são apenas gentilezas oriundas de leigos e não servem para medir a qualidade de um trabalho de forma objetiva e muito menos proporcionar uma reexão construtiva a respeito do mesmo. Vivemos em um universo selecionado, onde é possível escolhemos o que ouvir (ou ler) criando uma redoma em torno de nós mesmos. Eu mesmo já fui 86 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 1

bloqueado do Facebook, por criticar uma atitude de uma colega fotógrafa. Da mesma forma, conheço outras pessoas que foram expulsas de grupos por fazerem o mesmo. Em nenhum dos casos as criticas foram desrespeitosas ou direcionadas de forma a prejudicar a pessoa, mas aparentemente, o ego tomou as dores. Recebendo e reconhecendo a crítica Para saber receber uma crítica é importante, antes de tudo, não ignorála. Se você considera a crítica uma atitude arrogante ou indelicada, ignorar (ou bloquear) a pessoa, não será mais digno. Tenha paciência para entender o que a pessoa quis dizer com a sua colocação e tente interpretá-la. A crítica sobre um trabalho deve ir muito além do gosto pessoal. Comentários como: "não gostei", "achei feio", "não gosto dessa cor", etc, não dizem nada a respeito da obra em si, mas sim sobre quem está criticando. São apenas opiniões baseadas no gosto de quem vê. Algo meramente subjetivo. Como não existe em uma obra a intenção de agradar a todos - mesmo porque seria impossível - esse tipo de posicionamento não chega a ser de fato uma crítica, mas apenas uma expressão pessoal de quem está fruindo da imagem. Comentários sarcásticos ou ainda ofensivos, também não devem ser, de forma alguma, considerados uma crítica. Como já comentei, essa é uma área onde existe muito ego envolvido e por vezes eles entram em conito. Ou seja, em muitas ocasiões, a motivação do seu "crítico" vem de um sentimento de competitividade ou pura inveja,

tentando diminuir seu trabalho. É importante saber diferenciar as duas coisas, para não levar para o lado pessoal uma critica que pode ajudar a reetir sobre seu trabalho ou ainda, para não perder a motivação por receber um comentário cujo único interesse é depreciar sua obra. A crítica genuína é feita quando o autor (da crítica) tenta se concentrar em aspectos objetivos da percepção, geralmente respaldado por estudos teóricos (mesmo quando não citados) que proporcionam aos leitores da obra e ao autor uma reexão a respeito do que é visto e do meio em que está inserido. Embora o crítico seja um apaixonado pela arte, é desejável que sua avaliação seja analítica. Rebatendo a crítica Mesmo que muito bem gabaritados, os críticos não têm sempre razão. Por mais pertinentes e objetivos que sejam na maioria de seus comentários, algumas vezes não conseguem escapar de algumas inuências, sejam pessoais ou externas. Como suas interpretações estão relacionadas - além dos conhecimentos histórico, conceitual e técnico também à parte sensorial da percepção da imagem, não é impossível que sua sensibilidade possa se alterar em determinados momentos. Da mesma forma, pode ser inuenciado por determinados conceitos de outros críticos ou mesmo de outros trabalhos. Nesse momento, é importante que o artista tenha consciência do seu trabalho e, após avaliar a crítica recebida, ponderar se é ou não relevante, reconhecendo-a ou assumindo sua obra como é.



O ANUÁRIO RESUMO FOTOGRÁFICO é uma publicação independente, colaborativa, de cunho informativo e com distribuição gratuita, que reúne os principais destaques do ano nas diferentes esferas que fazem parte do mundo fotográfico.

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