Anuário 2014

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Anuรกrio

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Anuรกrio

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Editorial Neste ano de 2014 completamos quatro anos no ar e seguimos formando novas parcerias e consolidando ainda mais as antigas. Apoiamos e participamos de grandes eventos, importantes no circuito da fotograa prossional, como as principais feiras do segmento, Fotografar e PhotoImage, os congressos Encontro do Fotógrafo Prossional, Semana da Fotograa, Wedding Brasil, PhotoShow, Estúdio Brasil, Estúdio Evolution, além de festivais como o tradicional Paraty em Foco, Fotógrafos em Ouro Preto e FotoRio. Lançamos ainda uma versão do site em espanhol e demos início a uma série de passeios fotográcos, com objetivo de tirar muitas fotos, exercitar a criatividade e conhecer pessoas novas. Esse ano acompanhamos a crescente ampliação de um novo segmento na didática fotográca com o surgimento de diversos congressos online. Fomos novamente testemunhas da violência que os fotógrafos prossionais vêm sofrendo. Foram estúdios invadidos, equipamentos furtados e danicados, repressões policiais, agressões físicas e verbais. No ano de 2014 tivemos o lançamentos de diversos fotolivros. Muitos deles independentes, como "Centro", de Felipe Russo, que encabeçou a nossa lista de livros e gurou entre os melhores do ano em seleção realizada pelos editores de fotograa da revista Time. Foram mais de 500 publicações no site só neste ano e por isso, um grande desao separar todo esse material. Para esta edição, ao contrário da anterior, que teve como prioridade o fotojornalismo, decidimos destacar os ensaios editoriais e autorais. Espero que aproveitem mais esse anuário. Boa leitura.

Colaboradores O Resumo Fotográco é um canal de notícias colaborativo. Conheça nossa equipe:

Cris Tristão Natural de Belo Horizonte, atua como designer de interiores e fotógrafa na Relicário Fotograa.

Gabriel Barrera Fotógrafo paulistano. Estudante na Focus Escola de Fotograa e formado pela Canon College.

João Braga Filho Carioca, programador de computadores e fotógrafo amador.

Juliana Foini Formada em Psicologia, atua como fotógrafa social em Belo Horizonte.

Roberta Clarissa Leite Jornalista e radialista radicada em Praga.

Rodrigo Jordy Cid Costa Neto (Editor) cidcostaneto@resumofotograco.com

Carioca, fotógrafo amador, é o criador do blog Foto Fácil e responsável pelas principais novidades em equipamentos. Editoração e diagramação Cid Costa Neto

O ANUÁRIO RESUMO FOTOGRÁFICO é uma publicação independente, de cunho informativo e com distribuição gratuita.

RESUMO FOTOGRÁFICO Rua Deputado André de Almeida, 551 - 3º andar Belo Horizonte - MG | CEP: 30160-906 www.resumofotograco.com

Colabore: Se você, assim como nós, também é apaixonado por Fotograa e gostaria de compartilhar e divulgar informações relacionadas, entre em contato e candidate-se a ser um colaborador.

Os textos publicados no Resumo Fotográco são licenciados com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso não-comercial 3.0 Brasil.


Sumário Panorama ............................... 08 Notícias e novidades

Mercado ................................. 18 Alguns dos principais acontecimentos e tendências do mercado

Equipamentos ......................... 26 Veja alguns dos principais lançamentos em equipamentos

Premiados .............................. 32 Veja quem foram os prossionais vencedores dos principais prêmios

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Ensaios .................................. 44 Relembre alguns ensaios que tiveram destaque em nossas páginas

Livros ..................................... 58 Principais lançamentos publicados neste ano

Opinião ................................... 74 O futuro da arte fotográca

E ainda O melhor do mundo

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Violência contra fotógrafos

24

Duopólio Canon/Nikon no Brasil

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Paparazzo

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O triunfo de um amor interracial

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O fotógrafo eleito pela Vogue como o melhor do mundo da moda

Furtos e agressões direcionadas aos prossionais

Uma análise sobre o domínio das marcas japonesas no mercado Até onde vai a ética e o prossionalismo? O registro da luta de um casal que mudou a história

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Insight Opinião do leitor Dúvida do leitor: Como montar uma exposição? Adorei a dica, vou fazer uma festa em minha casa e usar o meu quintal como espaço de arte. Vai dar um charme ao evento. Obrigado. Alan de Oliveira

Máquina do tempo: Cronologia das câmeras fotográcas Puxa, Cid... Muito bom mesmo... Poucas pessoas, tem a sensibilidade necessária para no dar esse suporte histórico. Espero que seu projeto, realmente, continue. Parabéns, mesmo.

Fotógrafa cria ensaios de gestantes nuas em locais públicos As mulheres são lindas, mas achei o conceito ruim! Independente das

O Resumo Fotográco é um espaço aberto para o debate sobre fotograa em vários aspectos, onde a participação de nossos leitores é fundamental.

mulheres estarem gravidas ou não, criou-se um impacto desnecessário... Acho que em um ambiente mais natural caria mais bonito!! Cassio Macambirra Resposta do editor: Acredito Cassio, que a escolha dos locais seja signicativa para a história daquelas mulheres que se dispuseram a car nuas e não apenas escolhas aleatórias. Entendo que cada um tem o seu gosto pessoal quando nos referimos ao que é mais "bonito". Neste caso, o "impacto" foi proposital e portando necessário para o conceito que foi determinado pela artista.

Curso de fotograa online viola direitos autorais e de imagem Em 2011 uma escola de fotograa de São Paulo copiou e plagiou diversos artigos sem indicação de crédito. Foi descoberto e tirou muita coisa do ar prometendo mudar de

Quer participar dando sua opinião? Envie um e-mail:

atitude. Agora em 2014 foi novamente descoberto fazendo as mesmas coisas e até piores, inclusive pegou entrevistas que outras pessoas deram para revistas e publicou como se ele fosse o entrevistado, mantendo as respostas do verdadeiros entrevistados. Fotos no perl de no Facebook e no Flickr da escola são quase na totalidade de outras pessoas, mas indicada como sendo do dono da escola e de alunos. Isso não acaba nunca? Mesmo eles sendo descobertos ainda continuam fazendo o mesmo? Oziel O Futuro da arte fotográca (pág.74) Excelente artigo. O futuro da fotograa digital não tem limites porém a alma da fotograa não é autorizada. A arte na fotograa vem de muito trabalho ou então não é arte apenas reprodução. Jairo Araujo

contato@resumofotograco.com

© 2007 Aaron Johnson - Tradução: Cid Costa Neto

Para ver todas as tirinhas traduzidas, acesse: www.resumofotograco.com/what-the-duck. 06 - Anuário Resumo Fotográco Nº 2


Rolezinho Fotográfico No dia 23 de fevereiro, aconteceu nosso primeiro Rolezinho Fotográco, um passeio com objetivo de tirar muitas fotos, exercitar a criatividade e conhecer pessoas novas. Nosso ponto de encontro foi às 9 da matina na Praça 7, em Belo Horizonte para percorrer no total 4,3 km, conforme roteiro disponibilizado para os participantes no dia anterior. A previsão do tempo, era de "dia com nebulosidade". Não poderiam ter se enganado mais. As nuvens duraram pouco no céu e o calor reinou o dia todo. Exercitar um olhar pela cidade que não faltou e muitos confessaram que sempre tiveram essa vontade de sair pela cidade a fotografar mas a insegurança infelizmente é nosso maior medo, assaltos e realmente fotógrafos são muito visados. Turminha que começou tímida nos cliques e nos papos, no nal já estávamos com muitas fotos no cartão de memória e com muitas idéias para o próximo passeio. No dia 13 de abril aconteceu no Parque das Mangabeiras o segundo Rolezinho. Diferente do que aconteceu na edição anterior, este passeio aconteceu em um local especíco e contou com a presença da modelo Jú Terra para que os participantes pudessem praticar e trocar ideias sobre técnicas de composição, direção e iluminação, na criação de um book feminino. Nosso ponto de encontro foi às 9h na Praça das Águas e logo em seguida seguimos para o Parque Esportivo, a Ciranda dos Brinquedos e terminamos o passeio no Lago dos Sonhos.

CRIS TRISTÃO

A segunda edição do evento contou com uma modelo para que os fotógrafos praticassem Dezembro 2014 - 07


Panorama Encontro do Fotógrafo Prossional Por Cris Tristão FOTOS: CRIS TRISTÃO

O Resumo Fotográco marcou presença no Encontro do Fotógrafo Prossional, que aconteceu no dia 25 de março no Hotel Caesar Business Belvedere, em Belo Horizonte. O evento realizado pela Encadernação Luiz Fotógrafo contou com apoio das empresas Painel, Kodak, Revista FHOX. Os fotógrafos que chegaram para o encontro marcado às 9h foram recepcionados com um gostoso café da manhã onde acontecia ao lado uma minifeira de produtos e serviços. A sala de eventos para o encontro, apesar de ser pequena, foi muito bem montada para o encontro que teve uma organização bem competente. A primeira palestra, "Oportunidade e Número do Mercado" com Leo Saldanha, começou pontualmente como programado. O jornalista e editor da revista FHOX mostrou um resumo de dados de pesquisas de mercado e falou um pouco de algumas tendências. Armou que o mercado de foto-

Saldanha deu dicas preciosas de como não devemos negar o poder das redes sociais e ainda mais um nicho no mercado que está crescendo que é o chamado Pink Money ou Dinheiro Rosa, que é uma referência ao poder de compra da comunidade gay, oferecendo trabalhos diferenciados e serviços exclusivos para este público. A segunda palestrante foi da fotógrafa Karim Scharf, umas das

graa de família é gigantesco e ainda pouco explorado, destacou a importância do prossional de fotograa ter um site para divulgar seu trabalho e estar preparado para interface de tablets e smartphones.

pioneiras em fotograa newborn no Brasil. Karim contou um pouco de seu processo de trabalho, desde a preparação das fotos até a importância de rmar parceria com prossionais da saúde como pediatras e sioterapeu-

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tas, para ajudarem na preparação do fotógrafo ou durante as sessões de fotos. Logo após retornamos a pausa do almoço, a empresa Painel apresentou seu software que ajuda no gerenciamento de estúdios e trabalhos fotográcos . A terceira palestra foi de Arlindo Namour Filho sobre o tema "O fotógrafo completo de casamento". Deu dicas e passou um pouco de sua grande experiência sobre a fotograa de casamentos, como aprender a dizer não aos maus clientes, a sempre prestar atenção nos sinais do mercado e que nem tudo são ores mas com trabalho de qualidade e respeito aos clientes o prossional só tem a crescer. Namour também gerou polêmica e bastante curiosidade ao armar que optou pelo conforto e trocou suas câmera DSLR que era pesada para uma mirrorless da Fuji, além de ser menor , tem um visual vintage e moderno ao mesmo tempo. E a última palestra que na verdade foi um animado e esclarecedor batepapo de Paulo Bettio e Mozar t Mesquita com os participantes do evento sobre como o fotógrafo deve se posicionar corretamente no mercado. O nal do evento foi marcado com


Os altos e baixos da 22ª Photoimage Brasil Por Gabriel Barrera Em Agosto, aconteceu em São Paulo/SP a maior feira de fotograa da América Latina, a PhotoImage Brasil, que chegou a sua 22ª edição. A feira é uma grande oportunidade para que prossionais da área fotográca conheçam os lançamentos do mercado e uma opor tunidade de negócios para fabricantes e distribuidores, além de networking entre prossionais e marcas. São mais de 500 marcas e 220 expositores. O Resumo Fotográco esteve presente durante a feira e acompanhou de perto os três dias do evento. Em relação a edição anterior, a feira teve uma aparente redução de espaço físico (já que ano passado foram usados dois pavilhões, neste ano apenas um), o que pode ter causado a ausência de grandes marcas como Nikon, Sony, Panasonic e Samsung, gerando uma surpresa negativa para alguns prossionais. Por outro lado, marcas como Canon, Fuji, Kodak e Polaroid marcaram presença e foram os destaques dessa edição. A Canon aproveitou para montar o seu grande estande logo na entrada da feira, e além de trazer sua linha de câmeras e lentes, levou também o Canon College, que realizou cursos durante a feira, e apresentou o seu mais novo serviço de publicação de fotograas, o Canon Image Gateway (www.canon.com/cig). A Polaroid trouxe duas novidades para a feira, a primeira foi câmera Polaroid Socialmatic, que é uma mistura de fotograa analógica e digital, já que imprimi fotos instantaneamente (recurso que consagrou a Polaroid) e também permite a postagem automática de imagens nas principais redes sociais como Facebook e Instagram, via wi-. A outra foi o lançamento da Polaroid Cube, que promete concorrer dire-

FOTOS: GABRIEL BARRERA

Estúdio Brasil

tamente com a GoPro, já que mede apenas 3,5cm², possui weather sealing, lente sheye de 124º e grava vídeos em HD. Estúdio Brasil Junto com a Photoimage Brasil, também aconteceu o 6º Congresso Brasileiro de Fotograa de Estúdio, ou Estúdio Brasil 2014, que levou experts de algumas áreas da fotograa para compartilharem seus conhecimentos,

como: Clício Barros, que falou sobre pós-produção e uxo digital; Michel Teo Sin, fotograa gastronômica e seu mercado; Diogo Pedro, falando sobre fotograa de moda; e os americanos Christa Meola, com fotograa boudoir e Kevin Kubota, que deu algumas dicas de iluminação criativa. A próxima edição da Photoimage Brasil está prevista para acontecer entre os dias 25 a 27 de agosto de 2015. Dezembro 2014 - 09


Panorama Paraty em Foco Por João Braga Filho O Paraty em Foco, considerado um dos mais importantes festivais de fotograa do Brasil, desta vez foi mais compacto. A Nikon, a Epson e o estúdio de impressão do Clício Barroso, que antes cavam mais espalhados pelo Centro Histórico, caram na Casa Paraty em Foco. Idem para as ocinas, que chegavam a ocorrer até fora do Centro, mas neste ano boa parte delas também foram na Casa Paraty em Foco. Nikon Um dos destaques desse ano foi a Nikon. Ela trouxe uma bancada do serviço de NPS (Nikon Professional Ser vices) para fazer pequenas manutenções em câmeras e lentes, limitando a uma câmera e uma lente por pessoa. A la foi grande, mas conseguiu atender muita gente com manutenções básicas. O mostruário da Nikon também melhorou. Desta vez trouxeram câmeras e lentes tops para as pessoas experimentarem. Estavam lá a D4s, a D810, a D610, a Df, a D7100, as DSLRs de entrada atuais, as compactas etc. Só faltou a recém lançada D750. Segundo eles não tiveram tempo de trazer, pois era recente demais. Neste ano também não teve nenhuma da série Nikon 1. A variedade de lentes foi muito boa. Epson A Epson fez uma campanha interessante, montando uma exposição com as fotos das pessoas. Os interessados imprimiam uma foto no stande deles, mas não a recebiam na hora. A foto ia para um contêiner ao lado da Igreja da Matriz para car em exposição. No domingo a pessoa poderia pegá-la. Mas aí começaram os problemas. A Epson não controlou direito a retirada das fotos e muitas foram furtadas. A recepcionista não 10 - Anuário Resumo Fotográco Nº 2


conseguiu controlar sozinha o local, e passaram por cima dela. Muitas pessoas que imprimiram suas fotos caram sem suas impressões. Casa da Cultura de Paraty Neste ano, o auditório da Casa da Cultura de Paraty foi usado de forma diferente. Nos anos anteriores as entrevistas e palestras eram feitas nele, sendo transmitidas para o pátio da Casa da Cultura de Paraty e para a tenda montada na quadra do Centro Histórico. Neste ano as entrevistas e palestras foram feitas diretamente na tenda montada na quadra. O auditório foi usado para ocinas. Foram poucas exposições em lugares fechados, ao contrário do que aconteceu em anos anteriores, mas a Casa da Cultura abrigou 3 exposições. A sobre o concurso Wiki Loves Earth, com uma grande quantidade de fotos. Resultado de um concurso da Wikipedia para coletar fotos para seu acervo. No segundo andar estava a exposição M.E.D.O., que abordava a repressão política e ideológica, tor tura, violência do estado, e a ditadura militar. Era algo meio pesado, assustador. A terceira exposição era de Max Pinckers em uma viagem à Índia. Ele relata também problemas de casais de castas diferentes, e outras situações, que são proibidos de se casaram, mas com a ajuda da organização Coma-

ndos do Amor eles fogem para realizar o sonho de se casarem e terem uma vida juntos. Galeria Zoom Na galeria Zoom, do italiano Giancarlo Macarelli, fundador do evento, era possível ver a exposição "Retratos", do fotógrafo Luiz Garrido. Silo Cultural O Silo Cultural estava com a exposição Eu Sou Caiçara com as fotos escolhidas por um concurso organizado pela Secretaria de Edu-

Outro ponto legal do evento, foram as câmeras de Zaus Gomes. Ele fabrica câmeras em madeira, para Pin Hole, para lambe-lambe, câmeras de médio formato com fole, câmeras escuras etc.

cação de Paraty com crianças de escolas do município. É um resgate à identidade dos habitantes locais, mostrando a sua importância cultural. Esta exposição foi inaugurada antes mesmo da abertura do evento. Foi um projeto de meses, que incluiu aulas de fotograa básica, enquadramento etc, aos alunos de quarto e quinto ano escolar, e eles fotografavam o dia a dia das suas comunidades. Conclusões Senti falta de algumas coisas, como o Paraty Invertida, que é uma ocina de Pin Hole, com um trailer que é uma câmera e um laboratório. Também não vi os fotógrafos presentes em suas exposições, como aconteceram em alguns anos. Podiam até estarem presentes, mas não vi. Não tiveram projeções noturnas neste ano. Mas o evento foi rico em coisas para se ver. Dezembro 2014 - 11


Panorama PhotoShow Por Juliana Foini Nos dias 28, 29 e 30 de julho aconteceu o PhotoShow, congresso de fotograa promovido pela editora iPhoto. Realizado em Salvador (BA), no Teatro Sesc Casa do Comércio, o evento foi dividido em 11 palestras, com mais de 27 horas de aprendizado e prática ao vivo. Primeiro dia Adriano Gonçalves, um dos fotógrafos de casamento mais inovadores e criativos do Brasil, abriu o PhotoShow falando sobre a importância da luz para a fotograa. Após a demonstração prática de como fotografar a entrada dos noivos, Adriano ainda compar tilhou suas técnicas de iluminação, equipamentos e fotometria, fechando a sua participação com algumas dicas sobre como estimular a criatividade na hora fotografar. Em seguida, Patrícia Prado, especialista em fotograa sensual de mulheres comuns, falou sobre a importância do brieng para conhecer os gostos e desejos da cliente que quer realizar um ensaio como esse. De acordo com ela, o trabalho de direção do fotógrafo deve ser sutil, respeitando a personalidade da mulher fotografada e sempre destacando as suas qualidades. Ela também preza a simplicidade nos looks e nas locações em seus ensaios. Simone Di Domenico, fotógrafa de pessoas e famílias, falou sobre a importância da empatia com o cliente. Desde o momento do primeiro contato até a entrega do trabalho pronto, ela se preocupa em perceber e conhecer a essência mais pura dos seus clientes, para torná-la visível na hora da fotograa. Simone deu várias dicas teóricas e práticas sobre todos as etapas dos ensaios de família e enfatizou que belas imagens são 12 - Anuário Resumo Fotográco Nº 2

sempre compostas por emoções verdadeiras e dependem muito mais de um bom olhar do que de um bom equipamento. Segundo dia Abrindo o segundo dia do evento, a fotógrafa Erika Muniz, expert em fotograa de recém-nascidos, falou um pouco sobre a sua experiência no ramo. No primeiro contato com os pais, ela frisou a impor tância de explicar com clareza todos os detalhes do ensaio, trazendo conança e prossionalismo para o trabalho. Ela também passou instruções sobre a preparação do ambiente, poses e composição, truques sobre iluminação e cuidados com o bebê. Em seguida, Nelson Neto, falou

sobre a grande presença da arte nas fotograas de casamento. Para ele, a história da arte nos oferece uma base sólida e consistente para os conhecimentos sobre composição, luz, cores e perspectivas, que podem e devem ser diretamente aplicadas na fotograa. No mesmo conceito, ele também falou sobre a importância da geometria, da linguagem corporal, do movimento e da percepção dos detalhes para captar imagens únicas e impactantes. Mari Righez é especialista em books de gestantes e apaixonada por moda. Na sua palestra, ela falou sobre a junção dessas duas paixões, que deu origem ao seu estilo único de fotografar, delicado e, ao mesmo tempo, com uma pitada de ousadia. Para ela, a


FOTOS: JULIANA FOINI

moda, a feminilidade e a sensualidade resgatam a autoestima de muitas grávidas, que geralmente não estão satisfeitas com a aparência durante a gestação. Ela também revelou truques sobre produção, criatividade, Photoshop e pós-venda. Fechando o segundo dia de congresso, o fotógrafo de casamentos Anderson Miranda deu dicas e técnicas para criar a luz perfeita em cada situação: making of, cerimônia, recepção e trash the dress. Ele falou sobre suas maneiras de utilizar a luz do ash mesclada à luz natural, criando efeitos diferenciados e inovadores. Terceiro dia O terceiro e último dia do evento começou com uma palestra impecável

do fotógrafo Primo Tacca Neto, que falou sobre books em estúdio. Ele deu várias dicas sobre empreendedorismo, mercado e marketing, destacando o seu diferencial no atendimento e na atenção às peculiaridades e gostos de cada modelo. Tacca mostrou, na prática, como transformar mulheres comuns em Deusas. Em seguida, Altair Hoppe, demonstrou, ao vivo, as etapas e truques do tratamento de vários tipos de imagens no Adobe Photoshop. Ele priorizou o tratamento e a suavização da pele, alertando para os limites da manipulação, que não deve descaracterizar o indivíduo na fotograa. Renata Bitencour t dividiu sua experiência como designer de álbuns fotográcos. Ela armou que o grande

diferencial do seu trabalho é saber como contar uma história através das fotograas, valorizando o trabalho do fotógrafo ao diagramar os álbuns. Renata também deu dicas sobre a utilização das ferramentas para organização, seleção e diagramação através do Adobe Bridge e InDesign. Fechando o congresso com chave de ouro, a fotógrafa de casamentos Ana Correa fez uma palestra emocionante, sobre os sentimentos e as emoções que vão além do que a câmera enxerga. Para ela, o mais importante é o olhar único de cada fotógrafo, que com muita paciência e dedicação, deve car atento aos detalhes das expressões corporais, para transmitir com delidade e sensibilidade cada momento capturado. Dezembro 2014 - 13


Panorama Estudio Evolution Por Juliana Foini O Estudio Evolution, congresso realizado pela editora iPhoto, aconteceu em São Paulo nos dias 3, 4 e 5 de novembro, no Teatro das Artes, no Shopping Eldorado. Nessa edição, foram reunidos grandes especialistas da fotograa em estúdio para revelar os seus tr uques e técnicas de iluminação, direção e equipamentos. Altair Hoppe foi o apresentador. Primeiro dia Paloma Schell iniciou o primeiro dia do Estúdio Evolution falando sobre a fotograa de recém nascidos. Ela explicou sobre a rotina de quem atua nessa área e compartilhou experiências e dicas sobre a composição e as poses usadas desse tipo de fotograa. Para ela, o mais impor tante é o cuidado e o amor com os bebês. A segurança deve vir sempre antes de uma boa foto! Foi realizada uma prática ao vivo, na qual os congressistas puderam aprender também sobre os equipamentos utilizados por Paloma, além da iluminação, acessórios e gurino. Em seguida, Brasilio Wille passou um pouco da sua experiência em iluminação de pessoas e books em estúdio. Para ele, mais importante que o valor e a complexidade dos equipamentos de um fotógrafo, é o domínio que ele possui sobre as suas ferramentas de trabalho: o funcionamento da câmera e da inuência da luz na fotograa. A prática ao vivo demonstrou todas as dicas e técnicas usadas por Brasilio em suas fotos e trabalhos. Renato dPaula falou sobre um tema bastante discutido na fotograa, mas que ainda gera muitas dúvidas para alguns. Sua palestra foi sobre a importância de um marketing pessoal de qualidade para fotógrafos. De acordo com ele, a propaganda e a divulgação são essenciais para que o nosso trabalho seja conhecido pelas 14 - Anuário Resumo Fotográco Nº 2

pessoas e atinja os clientes em potencial. Esse marketing deve ser honesto e presente em cada detalhe do fotógrafo, começando pela maneira de apresentar a proposta até a nalização do serviço, a entrega das fotos. Renato também deu diversas dicas para a criação de portfólio e sobre o atendimento diferencial que deliza clientes. Pela primeira vez como palestrante, o fotógrafo Junior Luz encerrou o dia com uma palestra sobre criatividade e dedicação. Ele contou um pouco sobre a sua trajetória na fotograa e deu dicas para aorar o lado criativo de cada um nos trabalhos autorais. Para exemplicar e desmisticar algumas fotograas, Junior fez uma prática ao vivo com simulação de ensaio externo, light painting e luz neon, que surpreendeu todos os congressistas.

Segundo dia Começando o segundo dia, Bob Wolfenson falou sobre as suas experiências como fotógrafo, exibindo suas fotos e trabalhos antigos, da era analógica até a fotograa digital. Ele também explicou a diferença entre os trabalhos realizados para revistas, tanto ensaios sensuais como editoriais de moda. Bob colocou seus ensinamentos em prática no ensaio sensual ao vivo, mostrando suas técnicas de iluminação e direção de modelo. Simone Di Domenico, fotógrafa de pessoas, fez uma palestra sobre a direção e atendimento no estúdio. Além do aprimoramento constante das técnicas de iluminação e do conhecimento do fotógrafo sobre direção e equipamento, para obter sucesso em um book ou ensaio também é essenci-


FOTOS: JULIANA FOINI

al uma boa apresentação, organização e conança. Simone também frisou a impor tância de estarmos sempre atentos à linguagem não verbal, que é composta pelo nosso tom de voz, aparência e expressão facial. Rogério Ehrlich tem um estilo único de fotografar famílias. Com uma boa divulgação e dedicação ao marketing pessoal, ele acredita que é possível conquistar vários trabalhos; e com uma boa técnica, estilo e simpatia, o fotógrafo deliza seus clientes. Uma das várias dicas que Rogério passou sobre a fotograa de famílias e pessoas foi a importância de car atento e capturar os momentos únicos, se preocupando, após o clique, com o enquadramento e tratamento nal. A prática ao vivo foi realizada com muita descontração e

improviso, priorizando a espontaneidade dos modelos. Diego Rousseaux, fotógrafo de produtos, falou sobre os desaos e particularidades dessa área. Para ser um bom still photographer, é preciso muita atenção aos detalhes, paciência para montar a composição e, principalmente, entender os conceitos da luz e da física nos reexos dos diversos tipos de materiais. Diego fez a prática ao vivo com três exemplos básicos: culinária, bebidas e jóias. Drausio Tuzzolo encerrou o segundo dia do evento com uma palestra sobre a sua visão do mercado fotográco no Brasil. Ele dividiu com a platéia dicas, inspirações e reexões sobre a dedicação diária para se tornar um fotógrafo competente e reconhecido.

Terceiro dia Danilo Siqueira abriu o ultimo dia do congresso com uma palestra sobre a fotograa de famílias e a simplicidade da vida real. Além do cotidiano, ele consegue registrar a personalidade das pessoas em seus cliques. A prática foi realizada com uma família ao vivo e um dos conselhos que Danilo deixou foi que a simplicidade deve estar presente também na atitude do fotógrafo, nos equipamentos que ele usa e na iluminação, que quanto mais natural, melhor. Para falar sobre gestão nanceira, Rafael Schveitzer preparou uma palestra direcionada para a prosperidade nanceira e formalização dos prossionais da fotograa, apresentando conhecimentos básicos de economia empresarial para micro e pequenos empresários. Para manter o seu negócio com uma boa margem de lucro, o conselho de Rafael é ter o controle de todas as nanças por meio de um planejamento estratégico, estabelecendo metas desaadoras e analisando os resultados. Pela primeira vez no Estudio Evolution, Ana Carolina e Manoela Trava Dutra falaram sobre a fotograa de bichos de estimação. As duas irmãs atuam nessa área há quatro anos e acreditam que o amor pelos animais deve ser a principal característica do fotógrafo que quiser seguir essa carreira. Elas deram dicas de como ter o controle dos pets dentro do estúdio, com teorias de comportamento e treinamento positivo. Na prática, elas fotografaram um cachorro de grande porte e um lhote, aplicando ao vivo as técnicas ensinadas durante a palestra. E para fechar o Estudio Evolution 2014 em São Paulo, o maquiador e fotógrafo Fernando Torquatto fez uma palestra sobre a maquiagem ideal para os ensaios fotográcos. Ele deu dicas sobre os produtos e suas funções, sobre o contorno da luz no rosto e sobre a inuência das luzes de estúdio na maquiagem. Dezembro 2014 - 15


Panorama Nitro lança revista nos muros da zona portuária de Santos A agência Nitro Imagens inovou na publicação da quinta edição da revista ND, que foi aplicada nos muros da região portuária da cidade de Santos! A revista foi produzida durante ocina ministrada no E.CO - Encontro de Coletivos, que aconteceu durante o mês de Agosto. Em cada edição da revista/ocina, é explorado um tema comum. Está edição teve como proposta o resgate da memória de pessoas que de alguma maneira estiveram envolvidas na construção e no dia a dia do Porto de Santos, desde sua origem até os dias atuais. Por meio de derivações da palavra “porto”, os participantes produziram histórias visuais que resgatam a memória e valorizam um patrimônio cultural que é impor tante para a

cidade. Além de ex.porto, os participantes também buscaram novas derivações da palavra, como re.porto, a.por to, entre outras, que foram utilizadas como o condutor deste laboratório de produção de conteúdo multimídia.

Desde 2013 a Nitro, agência sediada na cidade de Belo Horizonte, vem desenvolvendo este laboratório de produção de conteúdo com o objetivo de experimentar e fomentar novas fronteiras narrativas e de linguagem.

Para ler a versão digital da revista, acesse: wsnd.com.br/05.

Festival Erro99 O coletivo fotográco Erro99, que cou conhecido por suas propostas inusitadas e bem-humoradas, lançou o seu primeiro festival, que ocupou as ruas de Belo Horizonte na segunda metade de Novembro. Além das ações fotográcas que tornaram o coletivo conhecido (como o Show de Likes, a Assembléia Popular dos Pixels e o Queimão Fotográco), o festival promoveu palestras, exposições e workshops com grandes prossionais do mercado. Estiveram presentes o diretor e editor da TV Folha, João Wainer, a fotógrafa Raquel Brust (do projeto Giganto), SelvaSP (coletivo de São Paulo), Nitro Imagens (coletivo de

FACEBOOK/REPRODUÇÃO

BH), o fotógrafo e artistas visual belohorizontino Pedro David, o foto antropólogo Francilins Castilho Leal e o fotógrafo ativista Rafael Lage. Para custear o evento, foi lançada

Para saber mais sobre o festival, Acesse: www.erro99.com. 16 - Anuário Resumo Fotográco Nº 2

campanha de nanciamento através do site Variável 5, superando a meta de 17 mil Reais que serviram para bancar a infraestrutura do próprio evento e as despesas dos convidados.


Fotógrafo holandês coleciona 'seles' com tubarões PETER VERHOOG/FACEBOOK/REPRODUÇÃO

A prática do sele virou uma constante na atualidade e cada dia seus adeptos descobrem maneiras diferentes de se colocar no quadro da câmera. O fotógrafo e ambientalista Peter Verhoog acumula seles com tubarões. Ele compar tilha as imagens através do Facebook e garante que todas as imagens são autênticas. O último retrato foi feito durante um mergulho Guadalupe, ilha no Caribe, em que aparece com um tubarão branco ao fundo. Acesse: www.peterverhoog.com.

Em Outubro de 2014, Peter tirou uma sele com um Tubarão Branco

Revista Life disponibiliza mais de 10 milhões de fotos online A revista norte-americana “Life” criou uma parceria com o Google para disponibilizar online um acervo com mais de 10 milhões de fotos históricas, separadas em cinco categorias: pessoas, lugares, eventos, esporte e cultura. Em média e alta resolução, as diversas imagens podem ser baixadas em média e alta resolução. É possível encontrar fotos inéditas de personalidades como Louis Armstrong, Marilyn Monroe, Pablo Picasso e Walt Disney. As fotos estão licenciadas

apenas para uso não-comercial. Para fazer uma pesquisa pelo acervo através do Google Images, basta adicionar no campo de pesquisa "source:life", logo após digitar o assunto que pretende pesquisar. Fundada em 1883 por John Ames Mitchel, a Life tornou-se popular pelas imagens publicadas na capa. A revista encerrou a circulação impressa em 2007 mas é possível acessar uma série de publicações através de seu site: life.time.com.

Cafeteria na Coreia do Sul tem formato de câmera fotográca A Dreaming Camera Cafe, na Coréia do Sul é, provavelmente, a única cafeteria do mundo onde é possível apreciar uma bebida dentro de uma Rolleiex. Localizada no condado coreano de Yangpyeong, a leste de Seoul, a cafeteria em formato de câmera fotográca era o sonho de um ex-piloto de helicóptero da Força Aérea há

vários anos, até que nalmente se tornou realidade quando ele a construiu ao lado do bangalô onde mora com sua mulher e sua lha. Além do inusitado projeto arquitetônico, a decoração do interior do café também é temática, com diversas fotograas e equipamentos em exposição, além de outros objetos em formato de câmeras e ans. Dezembro 2014 - 17


Mercado A invasão dos bichos de estimação no mercado da fotograa Se em 2013 a grande sensação do mercado foi a fotograa de recémnascidos (newborn para quem preferir), parece que agora é a vez dos bichos de estimação (ou pets). O Brasil tem cerca de 106 milhões de animais de estimação, que movimentam um mercado de quase 15 bilhões de Reais. É o segundo maior mercado do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Esses dados são sucientes para explicar porque investir em um estúdio especializado em bichos é bom pra cachorro. Com três cães em casa, a procuradora federal Dorothy Gesziktr gasta quase 2 mil Reais por mês. “Ele tem que ter uma pessoa pra passear com ele pelo menos três vezes por dia, como eu passeio, uma alimentação legal, veterinário. Um cachorro bem tratado é muito caro”, contou em entrevista ao Jornal da Globo, enquanto passeava com o Hulk, um pit-bull. Só em São Paulo há pelo menos 10 estúdios especializados, mas o mercado vem crescendo e há quem gaste até mil Reais em um ensaio com seu amigo peludo. Em Julho entrevistamos a fotógrafa Annie Luna, que montou o primeiro estúdio especializado em fotograa de animais de estimação de João Pessoa. Ela revelou que paciência é um fator fundamental. Como é o desenvolvimento do ensaio? O que os clientes querem com esse tipo de fotograa quando te procuram? A.L. Estou em fase de divulgação, porque esse ramo da fotograa aqui na minha cidade e estado é muito novo. É o primeiro estúdio exclusivo de animais e aqueles clientes que conseguem enxergar a importância de

REPRODUÇÃO

se ter um registro prossional do mascote que tanto amam, estão adorando a novidade. Mas ainda é preciso fazê-los entender que não é algo supéruo, é um registro para a vida toda de seres que passam tão pouco tempo conosco e fazê-los valorizar um trabalho que não deve ser mais "barato" porque se trata de animais. É um trabalho fotográco prossional, de certa forma ainda mais difícil. Animais são como crianças, só que mordem, costumo brincar com isso. [risos] Cães podem ser um pouco imprevisíveis. Nesse período você já teve algum modelo que deu muito trabalho? A.L. Sim, um labrador com seis meses [de idade], que parecia um furacão no estúdio. [risos] Cheguei a fotografar seis lhotes, fora os pais da ninhada. É muito trabalhoso, mas é muito divertido. Sempre quando chegam, os deixo o mais à vontade possível. Sempre peço para que os donos os deixem livres da guia, para

Acesse: www.resumofotograco.com/top5-caes 18 - Anuário Resumo Fotográco Nº 2

que eles explorem o local, a m de se familiarizarem. E como você resolveu esse furacão? A.L. Com esse furacão especicamente, [risos] no nal deu tudo certo, o dono ajudou muito. Sempre tenho petiscos, brinquedinhos e sempre [mantenho] o dedo no gatilho, pois para esse tipo de fotograa temos que ser rápidos. Sempre digo que temos que ir no tempo deles, porque quanto mais os forçamos, mais eles se estressam, e o animal estressado não é legal, eles sofrem e as fotos, os registros, não saem naturais. Ainda existe pouco material de pesquisa sobre o assunto, mas se você quer entrar nesse meio, uma dica é o site Eduk que já está oferecendo um curso online com esse tema, ministrado pelo fotógrafo Lionel Falcon. Para se inspirar, você pode ainda dar uma conferida no nosso Top 5 com as melhores séries fotográcas com cães.


Editora britânica decide dispensar fotógrafos de jornais Depois do jor nal americano Chicago Sun-Times demitir toda a sua equipe de fotógrafos no primeiro semestre de 2013, a editora britânica Johnston Press anunciou em Janeiro de 2014 que seus jornais na região central da Inglaterra não terão mais fotógrafos prossionais contratados. A partir de então, as publicações da região das Midlands contam com imagens de fotógrafos freelancers e fotos enviadas por leitores e tiradas por repórteres com telefones celulares. Segundo informou um porta-voz da Johnston Press, a decisão de eliminar os cargos foi tomada a partir de uma revisão sobre “como o conteúdo fotográco é gerado”.

THE HUFFINGTON POST

Há relatos de que a companhia tem planos similares para seus jornais na Escócia. Em 2012, o posto de editorchefe foi eliminado no The Scotsman,

de Edimburgo. Na ocasião, a Johnston Press armou que pretendia criar uma estrutura mais linear e eciente de gerenciamento do jornal.

Galeria compra mais de 17 mil negativos de Vivian Maier Em meio a uma complicada batalha legal sobre os direitos autorais da obra de Vivian Maier, uma galeria em Toronto adquiriu toda a coleção de negativos que era de propriedade de Jeffrey Goldstein. Vivian Maier foi uma fotógrafa de rua, antes desconhecida, que se tornou famosa após grandes coleções de seu trabalho serem leiloadas em 2007 e compradas por três colecionadores de fotograas diferentes. Eventualmente dois colecionadores renomados, John Maloof e Jeffrey Goldstein chegaram a possuir praticamente todo o trabalho de Maier. Depois de localizarem o herdeiro de Maier e pagarem por seus direitos autorais, os dois começaram a promover e vender o trabalho. As coisas estavam indo muito bem até recentemente, quando um advogado e fotógrafo chamado David C. Deal começou a desaar judicialmente os então proprietários, alegando que ele

tinha localizado um herdeiro mais próximo que era o legítimo proprietário dos direitos autorais. Com a legalidade das coisas cando cada vez mais complicada, Goldstein decidiu vender seus ne-

gativos para a Stephen Bulger Gallery. O acordo aconteceu no dia 17 de dezembro de 2014 e a venda envolveu cerca de 17.500 negativos fotográcos que representam cerca de 15% de toda a coleção Maier conhecida. Dezembro 2014 - 19


Mercado Editora brasileira aposta em fotolivro no Paris Photo 2014 Em Novembro aconteceu o Paris Photo, maior feira de fotograa de arte do mundo, com mais de 143 galerias de 35 países e fotos de todas as épocas, desde as dos pioneiros, passando por grandes mestres e chegando às novas tendências. O evento, além de servir de termômetro do mercado da fotograa, acolhe encontros, distribui prêmios e promove encontros prossionais. Entre os derivados importantes da fotograa está a parte editorial. A editora Madalena, de São Paulo, recém-criada, aposta no conceito do fotolivro. “O fotolivro está ocupando um lugar cada vez maior no mundo da fotograa”, explica Marta Nin, uma das responsáveis da editora Madalena. A ideia surgiu a partir do encontro de artistas, fotógrafos e editores que compartilham do conceito do livro

como uma obra em si. “É uma linguagem que vai além da fotograa pendurada na parede, é um novo esperanto”, acrescenta. “Conceber um fotolivro é diferente de fazer uma compilação de imagens, é um processo autoral muito forte”, diz

a fotógrafa Cláudia Jaguaribe, também da editora Madalena. “Meus dois últimos trabalhos – Sobre São Paulo e Entre Vistas – foram criados antes como fotolivros e depois viraram fotos de parede”, conta.

Shutterstock alcança a marca de 40 milhões de imagens A Shutterstock, fornecedora líder global de imagens comerciais digitais, anunciou em 4 de agosto que alcançou a marca de 40 milhões de imagens em sua coleção. “A coleção da Shutterstock de 40 milhões de imagens reforça o crescimento e demanda diversicada de clientes para conteúdo de qualidade em todo o mundo”, disse o VP de Conteúdo Scott Braut. “A cada dia nós adicionamos dezenas de milhares de fotos novas, ilustrações e vetores das Américas, Europa e Ásia”. Site em português do Brasil No mesmo mês, a empresa anunciou também a tradução de seu site para colaboradores para o por tuguês do Brasil. Essa adição 20 - Anuário Resumo Fotográco Nº 2

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mostra a importância do mercado brasileiro para a empresa, que tem uma rede de mais de 60.000 artistas colaboradores no mundo todo, dos quais centenas estão no Brasil. Desde 2013, os colaboradores brasileiros adicionaram mais de 50.000 imagens ao site. Beto Chagas, um colaborador de São Paulo, está entre os principais fotógrafos de

acervo do país e tem um portfólio de mais de 6.700 imagens. Em relação à adição do idioma, ele disse: “Para colaboradores brasileiros como eu, a tradução do novo site permitirá que tenhamos um processo de envio mais fácil e um uxo de trabalho mais simplicado. É maravilhoso ver a Shutterstock se envolvendo com os artistas brasileiros desta forma”.


Fotograa de Peter Lik é vendida por 6,5 milhões de dólares No dia 11 de dezembro, a fotograa "Phanton" de Peter Lik foi vendida por 6,5 milhões de dólares a um colecionador particular, tornando-se a fotograa mais mais cara da história. A imagem quebrou o recorte alcançado pela obra "Rhein II", do fotógrafo alemão Andreas Gursky, leiloada em 2011 por 4,3 milhões de dólares. "Phanton" é uma representação em preto e branco da fotograa icônica de Lik, "Ghost". A imagem realizada no Antelope Canyon, nos Estado Unidos, mostra um feixe de luz do sol iluminando grãos de areia suspensos no ar. Misteriosamente, o jogo de luz e poeira criou uma silhueta similar a de uma gura humana, lembrando um fantasma. Lik é reconhecido por sua abordagem ar tística na fotograa de paisagem, capturando sempre cores vibrantes. Seu uso de imagens em preto e branco é algo raro. "Certas

uma das imagens mais poderosas que já criei". Na mesma ocasião, Lik também vendeu outras duas fotos: "Illusion" por US$ 2,4 milhões e "Eternal Moods", por US$ 1,1 milhão.

texturas e contornos encontrados na natureza se prestam muito bem para a fotograa em preto e branco", disse o fotógrafo. "A intensidade da luz contrastando com os espaços escuros foi surpreendente, mas serviu para

A Nikon do Brasil inaugourou em Novembro, na Vila Madalena, bairro nobre da cidade de São Paulo, a Galeria Nikon. Segundo a empresa, o objetivo é que o local torne-se "ponto de encontro dos apaixonados por fotograa". A gestão cultural será feita pela DOC Galeria, responsável por diversos projetos na capital paulista. Neste novo espaço, com 180m²,

serão promovidas diferentes atividades culturais, como exposições, encontros, cursos, palestras e saídas fotográcas. O espaço possui ainda dois displays com demonstração e experimentação de produtos, além de um balcão de informações sobre a Nikon Store - canal de compras online da empresa lançado recentemente no Brasil.

INOVAFOTO/DOC GALERIA/REPRODUÇÃO

Nikon inaugura espaço cultural em São Paulo

Galeria Portfolio coloca obras à venda Em Dezembro, a Galeria Portfolio de Curitiba re\alizou o COLECIONE. Evento que comercializou a preços especiais, imagens em ne art, em dois diferentes formatos, dos fotógrafos que durante o ano foram

representados pelo espaço cultural no Centro Cívico. Também foram vendidas obras das nove exposições que estiveram este ano na Galeria Portfolio, e outros trabalhos autorais dos fotógrafos. Dezembro 2014 - 21


O melhor do

MUNDO Em 2014, Mario Testino foi eleito pela revista Vogue o melhor fotógrafo de moda do mundo

A última colaboração de Testino para a revista foi para o ensaio de capa da edição de Junho da Vogue Espanha, que reuniu o casal formado pelo jogador Cristiano Ronaldo e a modelo russa Irina Shayk, vestida de noiva para ocasião. Na imagem, o jogador de futebol aparece sem roupas, com parte do corpo coberto apenas pela namorada. O fotógrafo disse sobre o jogador que "quem não gostaria de ver Ronaldo nu? Ele tem um corpo para o mundo ver". No entanto, se eu tivesse que imortalizar os novos reis da Espanha, levaria uma imagem "mais elegante" para a ocasião. Embora seja o grande nome da fotograa de moda atual, carreira de Testino teve um começo humilde, vendendo portfólios para mulheres que sonhavam tornar-se modelos, por £25 libras esterlinas, incluindo cabelo e maquiagem. Em Agosto, o Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), em São Paulo recebeu a exposição In Your Face, do fotógrafo peruano.

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VOGUE ESPAÑA/REPRODUÇÃO

Em Junho, a revista Vogue realizou em Madrid, uma homenagem ao fotógrafo peruano Mario Testino, vencedor do prêmio Vogue Who's On Next, como Melhor Fotógrafo do Mundo. Testino, apesar de acostumado a receber prêmios em todo o mundo, reconheceu que se sentia "um pouco nervoso" e "encantado" por receber este prêmio das mãos do diretor da Vogue Espanha, Yolanda Sacristan.



Violência contra fotógrafos Furtos e agressões contra fotógrafos continuaram frequentes em 2014 MÍDIA NINJA/REPRODUÇÃO

Fotógrafos e outros jornalistas foram agredidos deliberadamente durante manifestações

N

Assim como noticiamos em 2013, o ano de que passou também foi de muitos riscos para os fotógrafos, que seguiram sendo alvos constantes de criminosos e também da repressão policial. Em 9 de fevereiro, um ladrão invadiu o estúdio fotográco Cris Hapen, no bairro São Francisco, em Curitiba, e fugiu com equipamentos avaliados em mais de R$ 50 mil. Foram levadas 4 câmeras fotográcas (Canon 50D, Canon 5D Mark II, Canon 60D, Sony HX1) e três objetivas (Canon 24-70mm, Canon 18-135 e Canon 50mm 1.8), além de, HDs e gravadores de CDs. Cristiane Hapen, dona do estúdio, armou ao site Banda B, que imagens de câmeras de segurança agaram a

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ação do marginal. “Ele possivelmente desarmou o alarme, passou pelo portão e entrou rastejando, como se fosse um rato, com medo de algum censor”. No dia seguinte, a fotógrafa informou que o suspeito já se encontrava preso mas, infelizmente, meus equipamentos não estavam com ele. Uma semana depois, no dia 16, o fotógrafo Pedro Bicudo, 49 anos, teve seus equipamentos fotográcos furtados de dentro do carro em um restaurante às margens da BR-116, em Dois Irmãos, município de 28 mil habitantes, no Vale do Sinos, RS. O fotógrafo integrava a equipe de repórteres especializados em automobilismo que seguia para Gramado, onde fariam um trabalho para a HarleyDavidson, para o lançamento de uma

motocicleta da multinacional. A ação foi rápida e não chamou a atenção. Em poucos minutos, os criminosos arrombaram os carros alugados em Porto Alegre - e levaram os equipamentos, fugindo em seguida. A Polícia Civil acredita que os bandidos tenham utilizado um scanner, que bloqueia o alarme com controle remoto e não deixa rastros. Foram levadas ao menos oito câmeras, 10 objetivas, 10 ashes, três notebooks e três GoPro. Um total avaliado em R$ 150 mil. "Saímos de uma cidade violenta e deparei com isso logo aqui, nessa região linda e pacíca. Penso agora que eles sabiam o que queriam e estavam atrás de nós. Viemos traçando a rota de Porto Alegre até a Serra no GPS


e não prestamos atenção se estávamos sendo seguidos. É difícil acusar alguém, mas é muito estranho. Só percebemos tudo quando entramos nos carros para seguir viagem." lamenta o fotógrafo. Agressão deliberada No dia 13 de julho, cerca de 300 pessoas deixaram a Praça Saens Peña, na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro, com destino ao Estádio do Maracanã, em manifestação contra os 26 mandados de prisão temporária expedidos pela Justiça no sábado contra ativistas e pediam liberdade de manifestação. O protesto era pacíco até o momento em que os manifestantes tentaram sair da praça em direção ao estádio. A Polícia Militar fez um cerco no local, impedindo a passagem das

pessoas e atirou bombas de efeito moral para dispersar a multidão, dando início ao tumulto. Mauro Pimentel, fotógrafo do portal Terra, foi agredido deliberadamente quando tentava passar uma barreira de PMs para registrar um principio de confronto. Três policiais o acertarem com cassetetes no rosto e pernas. O fotógrafo armou ainda que estava identicado como jornalista, portando crachá e utilizando um capacete preto escrito 'imprensa' e com a logo do portal Terra. “Não tinha como fazer confusão”. O fotógrafo peruano Boris Mercado, foi jogado no chão pelos PMs ao tentar fotografar a polícia agredindo os manifestantes. Ele chegou a ser detido e foi liberado após dizer que era repórter. "É triste ver a polícia reprimir comu-

nicadores, que são observadores, nada mais. Usam a violência como primeira ferramenta", armou. A fotógrafa freelancer Ana Carolina Fernandes, que trabalha para a Reuters, entre outros veículos, caiu no chão na correria. Segundo ela, um PM arrancou a máscara de gás dela e jogou spray de pimenta em seu rosto. Outro fotógrafo freelancer, Samuel Tosta foi atingido por estilhaços de bomba de efeito moral nas costas. O cinegrasta canadense Jason O'Hara foi esmurrado por diversos policiais quando registrava o protesto. Em um vídeo publicado pelo Jornal A Nova Democracia, é possivel ver quando Jason, mesmo caído no chão, leva um chute de um policial, na altura do rosto. Ele arma que, além de ser agredido, também teve a sua câmera GoPro roubada pelos policiais.

Justiça nega indenização a fotógrafo que perdeu olho em protesto SEBASTIÃO MOREIRA/AE

Judiciário afirma que culpa é da vítima, que se colocou em risco ao cobrir greve O Tribunal de Justiça de São Paulo, em decisão de segunda instância, considerou culpado o fotógrafo Alex Silveira (43), atingido no olho esquerdo por uma bala de borracha disparada pela Tropa de Choque da Polícia Militar durante manifestação na Avenida Paulista, em 2000. A sentença anterior condenava o estado de São Paulo a indenizar o fotógrafo em 100 salários mínimos. Para o relator Vicente de Abreu Amadei, a reação “mais enérgica da Tropa de Choque”, com a utilização de bombas de efeito moral e disparos de balas de borracha, foi justicada, "fato que exclui a ilicitude e a responsabilidade estatal no episódio". A sentença ainda aponta que "ao buscar informações do que ocorria, o fotógrafo colocou-se em situação de perigo". “Permanecendo no local

do tumulto, dele não se retirando ao tempo em que o conito tomou proporções agressivas e de risco à integridade física, mantendo-se, então, no meio dele, nada obstante seu único escopo de reportagem fotográca, o autor colocou-se em quadro no qual se pode armar ser dele a culpa exclusiva do lamentável episódio do qual foi vítima”, concluiu.

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Equipamentos

A Tokina AT-X 70-200mm f/4 PRO FX VCM-S (desenvolvida para full frame, mas equivalente a 105-300mm para sensores APS-C) foi anunciada em Maio deste ano. Primeira objetiva estabilizada da Tokina, possui abertura mínima f/22; possui estabilização óptica de até 3 stops; sua construção

interna possui 19 elementos em 14 grupos; diafragma de 9 lâminas; distância mínima de foco de 1 metro; diâmetro do ltro de 67mm; mede aproximadamente 8.2x16.8cm e pesa cerca de 980 gramas. Um colar de tripé (TM-705) será vendido separadamente ao custo de 24 mil ienes.

DIVULGAÇÃO

Primeira objetiva Tokina com estabilização

para microfone estéreo. Atenção para o limite de duração de cada vídeo que é de apenas 20 minutos. Seu monitor LCD mede 3 polegadas e a bateria possui capacidade para cerca de 700 fotos por carga. Possui entrada para adaptadores wi- e GPS. A lente do kit é uma redesenhada 18-55mm f/3.5-5.6 que é 30% menor e 20% mais leve que o modelo anterior.

Nova câmera de entrada da Nikon chegou ao mercado com novidades

Nikon D3300 No começo do ano, a Nikon lançou sua nova reex de entrada, a D3300, com várias funções normalmente encontradas apenas em compactas como panorâmicas de um só clique, efeitos de edição de imagem e wi- opcional. Traz um novo sensor CMOS de 24.2 megapixels e processador Expeed 4; 11 pontos de autofoco (sendo o central um ponto cruzado); tempo de exposição entre 1/4000 e 30 segundos com sincronia de ash a 1/200; modo contínuo de até 5fps; sensibilidade ISO 100-12800 (expansível até 25600); e ash pop-up com alcance de até 12 metros em ISO 100. A Nikon D3300 faz vídeos em Full HD com taxas de 24, 25 e 30fps ou HD com taxas de 50 e 60fps em formato MOV e som mono, mas há entrada

Canon 7D Mark III Depois de muitos rumores, a Canon nalmente anunciou em Setembro, o lançamento da EOS 7D Mark II, atualização do modelo que há cinco anos é carro-chefe das câmeras com sensor APS-C da marca. Um dos destaques nesse novo modelo, é a adoção do sistema Dual Pixel AF da nova geração de câmeras

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da Canon - que originalmente estreou na Canon 70D - e possui 65 pontos de foco, todos do tipo cruzado. Outra novidade é a estreia do novo processador DIGIC 6 no mundo EOS, proporcionando melhor qualidade de imagem e uma velocidade de 10 disparos por segundo.


Hasselbald lança primeira câmera médio formato com sensor CMOS

A Hasselblad, empresa suéca especialista em câmeras de médio formato, anunciou em Janeiro o lançamento da H5D-50c, primeira câmera da categoria a adotar a tecnologia de sensor CMOS, que é utilizada nas principais câmeras DSLR. Ove Bengtson, gerente de produtos da emprea, disse: "Esta câmera pioneiracom sensor CMOS de 50 megapixel, é baseada em nosso mo-

delo H5D-50, mas vai oferecer uma taxa de captura mais rápida; capacidade maior de velocidade de obturação e melhor performance de ISO. Ela irá fornecer [a função] Live Video in Phocus melhorada e também estará disponível com a funcionalidade Multi-Shot." Ele acrescentou: "Nós acreditamos que isso vai proporcionar uma opção altamente atraente para os fotógrafos prossionais que preferem uma câme-

ra mais versátil que lhes permite adotar imediatamente uma ampla gama de foto-disciplinas, mas ainda, encapsulando a qualidade de imagem excepcional high-end associada à Hasselblad" O novo CEO, Ian Rawcliffe, disse: "Estamos muito animados sobre esta nova câmera altamente adaptável, que irá oferecer uma paleta ainda maior de opções de disparo para os nossos clientes."

Lytro anuncia sua nova câmera A Lytro - empresa americana que cou famosa ao lançar em 2011 um modelo de câmera que permite a regulagem de foco pós registro lançou sua segunda câmera, a Lytro Illum, que apresenta grande mudanças em relação à sua antecessora. O novo modelo possui um sensor de 1 polegada e não mais 1/3, capturando imagens com 40 megarays (unidade de medida de campo de

luz de captura de dados do sistema Lytro). A objetiva tem zoom óptico de 8x (equivalente a 30 mm - 250 mm) com abertura constante de f/2. Os modos de disparo Programa, Prioridade de ISO e prioridade do obturador estão presentes, além de outros recursos como monitor de 4 polegadas touchscreen articulado e entrada para cartões SD e wi-.

Lytro Ilum representa um novo passo para a marca

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Duopólio Canon/Nikon Bom para quem? ELMO ALVES/FLICKR/REPRODUÇÃO

Por Rodrigo Jordy

As duas marcas japonesas seguem seu duelo pelo mercado brasileiro sem serem incomodadas por outras concorrentes

C

anon e Nikon são as duas marcas que mais vendem câmeras no mundo todo, principalmente a prossionais ou aspirantes a prossionais, e isso é algo incontestável. Até porque a Nikon é uma empresa já quase centenária (fundada em 1917) e a Canon surgiu 20 anos depois, a experiência que estas duas empresas possuem é absurda e como o investimento nesta área é muito alto, ca difícil outras empresas suplantarem essas duas. Mas elas não estão sozinhas, aliás, nunca estiveram. Sempre tiveram sombras lhes acompanhando e a qualidade destas outras concorrentes não cava muito atrás, mas o mito que envolve Canon e Nikon é fortíssimo. No mundo todo. Quando a fotograa digital começou a se popularizar no nal dos anos 90 (graças a Kodak e Sony, muito mais importantes do que Canon e Nikon nesse processo de transição) algumas

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pessoas imaginaram que uma nova ordem seria estabelecida, mas a concorrência foi minguando e abrindo espaço para as duas grandes reinarem mais uma vez lado a lado, lembrando que este duplo reinado nunca deixou de existir pois nas câmeras SLR de lme elas ainda mandavam e desmandavam. E eis que sobrevivem, além das poderosas, Sony (que adquiriu a Minolta), Olympus e Pentax. Sony e Pentax permanecem até hoje neste segmento: a Sony com um "novo" sistema SLT de espelhos translúcidos (a Canon já havia usado sistema semelhante décadas atrás) e a Pentax ainda nas DSLR (produzindo ótimos modelos de câmera, alguns acima da média) mas com uma patética política de marketing quase se restringindo ao oriente. Tem muito fotógrafo novo por aqui que sequer já ouviu falar em Pentax, mas isso não vem ao caso agora.

Faltou a Olympus, ela se juntou a Leica e Panasonic em um ambicioso projeto chamado Quatro Terços, ou simplesmente 4/3, do qual a Kodak também já fez par te (e resolveu retornar agora). O sistema 4/3 consistia em uma baioneta comum entre elas e um sensor que media 4/3 de polegada (com fator de corte 2x), daí o nome do sistema. A primeira câmera foi a Olympus E1, ainda uma DSLR, lançada no ano de 2003. Em 2006 a Panasonic fez sua primeira câmera DSLR neste sistema, a Panasonic L1, bem menor do que as DSLR existentes no mercado e aquele era o embrião de um novo sistema de câmeras mirrorless que viriam logo a seguir. No ano de 2008 foi anunciada a Panasonic G1, a primeira câmera sem espelhos do sistema agora rebatizado de Micro 4/3, que possuía o sensor com o mesmo tamanho de antes mas


a baioneta estava menor (daí o nome Micro). As câmeras ainda estavam grandes e precisavam de mais desenvolvimento para alcançar o objetivo que era ter câmeras menores e mais leves do que as DSLR, mas com lentes intercambiáveis. Então a Olympus ressuscita sua série PEN anunciando a Olympus PEN E-P1 com um corpo bem diminuto e com o tempo as duas marcas foram criando câmeras cada vez menores perdendo muito pouco em qualidade de imagem para as "poderosas".

Só que todo o esforço de Olympus e Panasonic não adiantaria se a Sony não criasse seu próprio sistema mirrorless, o NEX, que começaria a popularizar (de novo ela) este tipo de câmera no mundo todo. Foi aí que os novos fotógrafos começaram a se interessar mais em ter uma câmera quase de bolso com lentes intercambiáveis, isso aconteceu em 2010. Daí para a frente vieram Samsung, Pentax, Nikon, Fuji e Canon, era inevitável, era um novo caminho e era necessário trilhá-lo. Mas Canon e Nikon zeram sistemas que pouco ou nada acrescentaram: a Canon parece que fez só por fazer, seu sistema EOS-M está limitado a duas câmeras (uma delas lançada apenas na Ásia) e a penas 4 objetivas ociais de fábrica, enquanto a Nikon produziu um sistema com um sensor muito pequeno (medindo 1 polegada) mas com preços pouco

competitivos e um tamanho que poderia ser bem menor já que o sensor é bem pequeno para os padrões mirrorless. Como a Pentax fez um sistema bem meia-bomba (a baioneta é a mesma das suas DSLR com lentes grandes e pesadas) e a Samsung nunca conseguiu se acertar, quem arriscou e tem se dado bem é a Fuji. Com seu inovador sensor que dispensa completamente o uso de ltro low pass mantendo uma nitidez acima da média e uma política mais agressiva de marketing, vem se tornando a maior ameaça ao bastante consolidado sistema Micro 4/3 que possui dezenas de câmeras e objetivas no mercado com tecnologia de ponta e qualidade que não deve quase nada a Canon e Nikon. A Sony também se mexeu e criou a primeira mirrorless com sensor full frame que já mostrou resultados espantosos para quem acha que Canon e Nikon estão acima do bem e do mal. O sensor inovador da Fuji também consegue, em algumas situações, conseguir resultados em APS-C semelhante ao das full frame Canon e Nikon. Qualidade é o que não falta a Olympus, Panasonic, Sony e Fuji para derrubar as duas gigantes da fotograa (procurem por reviews nos seus sites de conança e vejam o que estou falando). As mirrorless fazem mais sucesso no Oriente mas já são usadas em bom número na Europa e os EUA começam a abrir os olhos para este mercado. Falta o Brasil. E por que falta o Brasil? Porque aqui, mais do que em qualquer outro lugar do mundo, tem-se a imagem de que não existe nada além de Canon e Nikon. Juntemos a isso a enorme diculdade de se obter equipamentos fotográcos a preços justos e camos privados de ter sistemas menores e mais leves, com qualidade suciente para uso prossional sem maiores problemas.

Sistemas mirroless da Nikon e da Canon não emplacaram

Se os fotógrafos não tem olhos para outros sistemas que não sejam Canon e Nikon, por que os vendedores se interessariam em trazer produtos de outros sistemas para vender aqui se não haveria interesse neles? Então que continuemos neste círculo vicioso: só se fala em Canon e Nikon e só se vende Canon e Nikon. Quem tem facilidade em comprar no exterior tem a oportunidade de conhecer outros sistemas, quem não tem (como eu) ca preso a Canon e Nikon, mesmo morrendo de vontade de ter um outro sistema em mãos. A própria Canon é tão descrente do seu sistema mirrorless que a segunda câmera só foi lançada na Ásia E termino com a pergunta do título: o duopólio Canon/Nikon é bom para quem? Para os fotógrafos que cam presos a duas marcas e impedidos de conhecer outros produtos que podem, em alguns casos, ser do mesmo nível ou até melhores que o destas duas? Para os vendedores que com ou sem novas marcas irão vender do mesmo jeito, já que comprador sempre vai ter? Ou para as duas fabricantes que mantém seus reinados intactos aqui no Brasil mesmo oferecendo o porco serviço de assistência técnica em uma única cidade do quinto maior país do mundo? Canon e Nikon agradecem pois sempre terão os seus eis fanboys a defendê-las...

Este artigo foi publicado originalmente no blog Foto Fácil, no dia 13 de outubro de 2014. www.foto-facil.com

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Paparazzo Até onde vai a ética e o profissionalismo? Por Cid Costa Neto

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aparrazo ou paparazzi (no plural) é um termo em língua italiana usado para designar os repórteres que fotografam pessoas famosas sem autorização, expondo ao público as atividades que eles exercem em seu cotidiano. Por trás dessa movimentação, está o produto de mídia conhecido como celebridade, que faz com que a vida de determinadas pessoas tenha "interesse público". Normalmente essas fotos servem para ilustrar manchetes como "Gêmea do nado beija muito em Salvador" ou ainda "Grazi Massafera deixa a academia com o celular na mão". Segundo o inglês Frank Grifn, 52, ex-paparazzo que mora em Los Angeles há vinte anos, não há muita diferença entre o fotógrafo de guerra e o paparazzo. "Claro que um é considerado um herói. Mas é tudo fotojornalismo", disse. "É um absurdo quererem criar leis para que Justin Bieber tenha uma vida mais confortável".

Cultura popular Além das publicações em diversas mídias, a prática tornou-se tão popular que ganhou até um jogo eletrônico online, o "Paparazzi Attack", que consiste em "perturbar os famosos". O jogador controla um personagem que 30 - Anuário Resumo Fotográco Nº 2

deve correr atrás de uma atriz para tirar fotos enquanto ela joga objetos para atrapalhar. A reputação da prossão é tão questionável, que foi tema do primeiro episódio da série de vídeos "You Hate my Job" (Você odeia meu trabalho) , produzida pelo site Marketplace.org, mostrando prossões que têm má reputação e são odiadas por alguns. Quem participou deste episódio foi o fotógrafo Giles Harrison, que atua na área há 17 anos e é fundador da London Entertainment Group, uma agên-

cia que tem representantes em oito cidades no mundo. Em Março, uma exposição no Centro Pompidou-Metz, no nordeste da França gerou bastante polêmica por ser dedicada aos paparazzi, levantando discussões sobre a ética da prossão e também sobre o aspecto estético. Clément Chéroux, um dos curadores da mostra, armou que os paparazzi não são artistas, mas que a prática criou uma produção fotográca com características particulares. “O


que nos interessou mostrar foi como é que essa estética involuntária acabou interessando alguns artistas, principalmente a partir dos anos 60, com a arte pop”, ressalta. Saldo negativo Essa espetacularização em torno da vida das celebridades cria uma urgência incomoda que vem gerando saldos negativos para ambos os lados. O fotógrafo brasileiro Marcos Serra Lima, já admitiu durante um congresso que não gostava de trabalhar como paparazzo e que já esteve inclusive prestes a ser agredido por um de seus alvos. O lme de 2004, intitulado "Paparazzi", mostra a história de um astro de cinema que é perseguido por paparazzi inescrupulosos e que causam um

terrível acidente. O lme teria sido inspirado no que aconteceu com a princesa Diana, que foi morta em Agosto de 1997, durante uma perseguição em Paris. A morte de Diana foi o estopim para as leis contra paparazzi começarem a mudar em alguns países. Foram ampliadas as penas para quem captar imagens em propriedades privadas e, mais recentemente, também para quem as publicar. Em Junho de 2013, um fotógrafo suspeito de ter tirado as fotos de Kate Middleton, a duquesa de Cambridge em topless, foi indiciado. No início de 2013, um paparazzi que seguia a Ferrari do cantor Justin Bieber morreu atropelado. Ironicamente, o fotógrafo perseguia a pessoa errada. O carro estava sendo dirigido por um amigo de Bieber e o

cantor encontrava-se longe de onde ocorreu o incidente. Ainda no mesmo ano, o jogador de basquete da NBA Lamar Odom destruiu o equipamento de um fotógrafo ao ser abordado no trânsito. O soft paparazzi Enquanto algumas pessoas demonstram um evidente descontentamento com o assedio destes fotógrafos, outros utilizam isso como artifício para se manterem na mídia. Em 2011, a modelo Carol Abranches deixou os seios a mostra ao mergulhar no mar. O que deveria aparentar ser um acidente com o biquine, no entanto, teria sido combinado com um paparazzo. "Vai lá, mostra o peito, é assim que rende matéria", teria dito o prossional. Dezembro 2014 - 31


Premiados CREDITO

Foto da série "Life In War" de Majid Saeedi

Majid Saeedi Lucas Dolega O fotógrafo iraniano Majid Saeedi venceu a terceira edição do Prêmio de Fotojornalismo Lucas Dolega, com a série "Life In War" ("Vivendo em Guerra" em tradução livre). Saeedi, nascido em Teerã em 1974, é colaborador de veículos como a Time Magazine e Getty Images, e registrou imagens da vida cotidiana de homens e mulheres no Afeganistão, um país assolado por mais de uma década de guerra e que não conhece a paz duradoura por mais de 50 anos.

O fotógrafo recebeu o prêmio do Chefe de Relações Internacionais da Cidade de Paris, Pierre Schapira, mais o presidente do júri e diretor de fotograa do semanário Nouvel Observateur, Béatrice Tupin, em cerimônia na Câmara Municipal na capital francesa. Cerca de 300 pessoas participaram do evento que coincidiu com o terceiro aniversário da morte do fotojornalista Lucas Dolega enquanto cobria os tumultos na Tunísia em 2011.

Saiba mais sobre o prêmio: www.lucasdolega.com. 32 - Anuário Resumo Fotográco Nº 2

O prêmio, organizado pela associação que leva seu nome, com o apoio do prefeito de Paris, Nikon, Repórteres Sem Fronteiras (RSF) ea revista Polka Magazine, entre outros, procura apoiar os fotógrafos que atuam em condições difíceis áreas de alto risco. O vencedor recebe um prêmio de 10 mil euros (cerca de 31 mil Reais ), uma exposição em Paris e uma publicação no álbum RSF, além da produção de um outro artigo para a revista Polka Magazine.


John Stanmeyer World Press Photo O fotógrafo John Stanmeyer foi o vencedor da edição 2014 do prestigioso concurso World Press Photo, por sua foto de migrantes africanos na costa de Djibuti. As pessoas retratadas estão com seus celulares levantados para tentar obter sinal barato, vindo da vizinha Somália. O concurso também premiou fotos em categorias como Natureza, Espor te, retratos e cober tura de eventos noticiosos importantes, como a guerra civil síria e o ataque ao shopping queniano Westgate.

Marcelo Carnaval Vladimir Herzog Na categoria Fotograa do 36º Prêmio Jornalistico Vladimir Herzog, Marcelo Carnaval do jornal O Globo levou o prêmio com o trabalho intitulado “De Herói a Vilão”, imagem realizada durante manifestações no Rio, quando ônibus foram incendiados.

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Premiados CREDITO

O lme "Gravidade", estrelado por Sandra Bullock rendeu à Lubenzki o primeiro Oscar de Direção de Fotograa

Emmanuel Lubezki Oscar O diretor de fotograa mexicano Emmanuel Lubezki foi o ganhador do Oscar de melhor fotograa da 86ª edição dos Academy Awards pelo lme "Gravidade", em cerimônia realizada no dia 2 de março, em Hollywood. Esse foi o primeiro Oscar do cineasta, que já foi indicado em outras 5 oportunidades: Em 1996 por "A Princesinha", em 2000 por "A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça", em 2006 por "O Novo Mundo", em 2007 por "Filhos da Esperança" e em 2012 por "A Árvore da Vida". Endereço na internet 34 - Anuário Resumo Fotográco Nº 2

Os demais indicados para essa edição foram Philippe Le Sourd por "The Grandmaster", Bruno Delbonnel por "Inside Llewyn Davis", Phedon Papamichael por "Nebraska" e Roger Deakins por "Prisoners". No começo de Fevereiro, Lubezki já havia vencido o prêmio do Sindicato dos Diretores de Fotograa (ASC), pela terceira vez. Ele já havia conquistado o prêmio antes por "Filhos da Esperança" (2006), também dirigido por Cuarón, e "A Árvore da Vida" (2011), de Terrence Malick.


Pulitzer Os repórteres fotográcos Tyler Hicks e Josh Haner, ambos do jornal The New York Times conquistaram as duas categorias de fotojornalismo do prestigiado prêmio Pulitzer nas categorias “Breaking News” e “Fotograa”, respectivamente.

Tyler Hicks Tyler Hicks levou seu prêmio pela cobertura do ataque terrorista a um shopping em Nairóbi, no Quênia, em setembro do ano passado. Sessenta e sete pessoas morreram e 170 caram feridas. O fotógrafo estava numa loja próxima ao shopping quando o ataque ocorreu e seguiu para o local, acompanhando o trabalho de evacuação das forças de segurança. Segundo o anúncio do Pultizer, Tyler demonstrou “conhecimento e bravura ao documentar o desenrolar do ataque”.

Josh Haner Josh Haner, 34, recebeu o prêmio pelas imagens que fez enquanto testemunhou o processo de recuperação de uma das vítimas do atentado a bomba na Maratona de Boston, ocorrido em abril de 2013. Jeff Bauman, 28, foi ver sua namorada correr e foi atingido por uma das explosões. Ele teve ambas as pernas amputadas. Josh esteve dois meses e meio com Jeff e sua família, acompanhando suas sessões de sioterapia e os momentos privados e dolorosos de sua convalescença.

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Premiados CREDITO

“O Livro do Sol”, do fotógrafo pernambucano radicado no Rio de Janeiro Gilvan Barreto

Gilvan Barreto Conrado Wessel A Fundação Conrado Wessel divulgou em Março os vencedores da 12ª edição do Prêmio FCW de Arte (Fotograa). O primeiro lugar cou com o trabalho “O Livro do Sol”, do fotógrafo pernambucano radicado no Rio de Janeiro Gilvan Barreto, que registrou a seca pelo sertão durante o verão de 2013. Barreto viaja pelo sertão pernambucano há mais de 20 anos registrando os contrastes da região. Em entrevista ao site G1, durante o lançamento

do livro, contou que "a viagem nasceu de duas ideias xas: a busca pela água e a poesia de João Cabral de Melo Neto." A segunda colocação foi para Lalo de Almeida, de São Paulo, com “Belo Monte – Os Impactos de Uma Megaobra”, e o terceiro lugar cou com Roberta Pereira Santana, de Porto Alegre, com “Parque Aquático”. Os dois receberão o valor de R$ 42,8 mil. Esta edição do prêmio contou com a inscrição 305 fotógrafos, com en-

Para conhecer mais sobre a premiação, acesse: www.fcw.org.br. 36 - Anuário Resumo Fotográco Nº 2

saios publicados e inéditos, originários de 18 estados e do DF. A comissão julgadora foi composta por professores da Universidade da Amazônia, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), da Universidade Federal de Pernambuco, da Universidade de Brasília e da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP). A coordenação foi de Rubens Fernandes Jr, professor da FAAP.


Foto da série "Life In War" de Majid Saeedi

Letícia Ramos BES Photo No início de Julho, a brasileira Letícia Ramos foi anunciada a vencedora da décima edição do Prêmio BESPhoto, o principal prêmio de arte contemporânea em Portugal, organizado pelo Banco Espírito Santo (BES) em parceria com o Museu Coleção Berardo, em Lisboa. A série “Nós Sempre Teremos Marte” foi escolhida por unanimidade pelo júri, constituído por Elvira Dyangani Ose, curadora de arte internacional da Tate Modern de Londres; Luis Weinstein, fotógrafo e organizador do Festival Internacional de Fotograa de Valparaíso; e María Inés

Rodríguez, diretora do CAPC, Musée d’Art Contemporain de Bordeaux. “Decidido por unanimidade, a atribuição do prémio BESphoto 2014 vai para Letícia Ramos, pela série Nós sempre teremos marte, projeto revelador de uma trajetória consistente, centrado na investigação, e cujo processo de trabalho reete uma coerência da linguagem fotográca. É de destacar a percepção pelo incerto deste processo, que permite evocar outros imaginários possíveis. A sua obra transmite um compromisso constante do meio com as diversas possibilidades ccionais e poéticas.”

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Premiados

Marko Korosec National Geographic Traveler

Michael Nichols Wildlife Photographer of the Year O título máximo do concurso internacional Wildlife Photographer of the Year, que premia os melhores fotógrafos de natureza do mundo, foi para o americano Michael ‘Nick’ Nichols, da National Geographic. O seu clique "A última grande foto" traz um grupo de leões africanos descansando no Parque Nacional do Serengeti. A imagem, que também ganhou na categoria preto e branco, ilustra a reportagem "Rei leão: vida breve e feliz" da edição de agosto de 2013 da National Geographic Brasil.

38 - Anuário Resumo Fotográco Nº 2


CREDITO

«Carnaval de rua do Onodi"

Bruno Covello Prix Photo Web A Aliança Francesa do Brasil realizou no nal de Novembro, a entrega dos prêmios do Prix Photo Web 2014. Esta edição teve como tema "Dia de Festa na França e no Brasil", privilegiando o olhar sobre a essência desses dois países para além dos cartões postais. Foram premiados três fotógrafos: dois eleitos pelo júri ocial e um escolhido pelo júri popular através de votação pelo site do concurso.

O primeiro lugar, eleito pelo júri ocial, cou com o fotógrafo Bruno Covello, com a série "Carnaval de rua do Onodi". Francisco Gustavo Costa de Lima e Moura cou em segundo lugar com a série "Festa N. Sr.ª do Rosário - PB" e a série "Carnavais de Outrora" de Daniel Caron de Castro Deus foi eleita por voto popular. Receberam ainda menções honrosas, Jorge Aguiar com "A

dança da Fê...Iemanjá", Tadeu Vilani com "O pradinho" e Rodrigo Aparecido Morbidelli Cunha Lima com "Carnavaliza". O prêmio é promovido pela Aliança Francesa do Brasil, EDF Nor te uminense, Total E&P do Brasil e Air France, com objetivo de estimular a expressão artística por meio da fotograa, registrando o olhar crítico e contemporâneo da cultura franco-brasileira.

Para conhecer mais sobre a premiação, acesse: www.prixphotoaliancafrancesa.com.br. Dezembro 2014 - 39


Premiados

Merryn Fawssett Faith Through a Lens O concurso de fotograa Faith Through a Lens 2014 (Fé Através de uma Lente) escolheu as melhores imagens relacionadas à fé, caridade e religiosidade. A foto de Merryn Fawssett, foi apontada como a vencedora geral, da quinta edição do concurso. A imagem intitulada 'Círculo de Fé', foi eleita por um juri formado por fotógrafos, fotojornalistas, reverendos e membros de ONGs. Os vencedores doaram seus prêmios em dinheiro para organizações de caridade britânicas que promovem a integração em comunidades e a compreensão entre as várias religiões.

Edimar Soares Anamatra de Direitos Humanos O fotógrafo cearense Edimar Soares, do jornal O Povo, foi premiado com a obra "Reciclando Vidas". Na imagem registrada em 2013, logo antes de uma partida de futebol pela Copa das Confederações, no estádio Arena Castelão, uma catadora de lixo reciclável estava dentro de um container. Sem ser vista, os torcedores que passavam por ali jogavam lixo sobre ela. A imagem evidencia a invisibilidade desses trabalhadores e suas condições degradadas de trabalho.

40 - Anuário Resumo Fotográco Nº 2


DOMINGOS PEIXOTO/REPRODUÇÃO

Santiago Andrade, cinegrasta da TV Bandeirantes, é atingido por um foguete disparado por manifestantes

Domingos Peixoto Esso No dia 12 de novembro, a ExxonMobil anunciou os vencedores da 59ª edição do Prêmio Esso de Jornalismo. Coube ao repór ter-fotográco Domingos Peixoto, do jornal O Globo, o Prêmio Esso de Fotograa. A foto "Crime à liberdade de imprensa", realizada durante protesto violento ocorrido no Centro do Rio de Janeiro em fevereiro, registrou o momento exato em que Santiago Andrade, cinegrasta da TV Bandeirantes, é atingido por um foguete disparado por manifestantes. "Esse acontecimento levou à morte de um companheiro, o

Santiago, e à prisão de jovens que com certeza estão morrendo aos poucos", observou Peixoto, que foi foi o único a registrar a tragédia. Esta foi a terceira premiação que a foto de Domingos recebeu. Ela também venceu o Prêmio CNT de Jornalismo e o MPT de Jornalismo, concedido pelo Ministério do Trabalho. Foram inscritos no Prêmio Esso deste ano 519 reportagens e séries de reportagens impressas; 175 trabalhos fotográcos; 291 trabalhos de criação gráca e 62 trabalhos de telejornalismo. Além do prêmio principal, foram contemplados outros 13 trabalhos.

Para conhecer mais sobre a premiação, acesse: www.premioesso.com.br. Dezembro 2014 - 41


Premiados

3º Concurso Fotograa de Casamento Em parceria com a Editora Photos, o Resumo Fotográco realizou masi uma edição do Concurso Fotograa de Casamento. Os vendedores dessa que foi a terceira edição, foram o paulistano Alexandre Matushima, na categoria "Ensaio" e a cuiabana Emanuelle Rigoni na categoria "Evento". Cada um dos vencedores recebeu como prêmio um passaporte para os três dias do congresso Wedding Brasil 2014, que foi realizado entre os dias 15 e 17 de abril, em São Paulo. A fotografa Michela Costa dos Santos cou com o segundo lugar na categoria Evento e recebeu Menção Honrosa. Para seleção das fotos vencedoras foram convidados a fazer parte do juri os colaboradores Gabriel Barrera e Cristina Tristão, a fotógrafa Francielle Santos, o fotógrafo Lucas Souza e a jornalista Ana Izaura Duarte, autora do blog sobre casamento Rumo ao Altar.

ALEXANDRE MATUSHIMA

A foto "Noiva Urbana", de Alexandre Matushima, foi a vencedora na categoria Ensaio EMANUELLE RIGONI

MICHELA COSTA DOS SANTOS

Michela Costa dos Santos cou com o segundo lugar na categoria Evento e recebeu Menção Honrosa 42 - Anuário Resumo Fotográco Nº 2

A foto "Mais alegria e menos tristeza", de Emanuelle Rigoni, foi a vencedora na categoria Evento


FÁBIO MOTTA/O ESTADO DE S. PAULO

Foto de Fábio Motta mostra professora diante de soldados da tropa de choque da Polícia Militar durante protesto no Rio de Janeiro

Fábio Motta Líbero Badaró Na noite de segunda-feira (24), o Portal Imprensa divulgou os ganhadores da 11ª edição do Prêmio Líbero Badaró de Jornalismo, durante evento realizado na Câmara Municipal de São Paulo. O repórter fotográco Fábio Motta, da sucursal do Rio de Janeiro do jornal O Estado de S. Paulo foi o vencedor na categoria Fotojornalismo. A foto intitulada "Em defesa da Democracia", mostra uma professora com dedo em riste, diante de soldados da tropa de

choque da Polícia Militar, após ser quase atingida por uma bomba, durante manifestação em Outubro de 2013, na Cinelândia, Centro do Rio. A imagem foi publicada na edição de Nº 43814 do jornal. Iniciativa da revista e Por tal IMPRENSA, a premiação distribuiu R$ 72 mil para o reconhecimento de reportagens de excelência veiculadas de 8 de abril de 2013 a 7 de abril de 2014 em dez categorias. Conra a lista completa dos vencedores.

Para conhecer mais sobre a premição, acesse: www.premioliberobadaro.com.br. Dezembro 2014 - 43


Ensaios

Um protesto contra a manipulação nas fotos

PATRICK DEMARCHELIER/INTERVIEW

Para a edição de Agosto da revista Interview, a atriz Keira Knightley posou com os seios nus em ensaio realizado pelo fotógrafo Patrick Demarchelier. Em entrevista, ela armou que foi motivada por um "protesto" contra o Photoshop. "Tive meu corpo manipulado tantas vezes, por tantas razões. Para este ensaio, falei que só faria um topless se não mostrassem meus peitos maiores ou retocados. Porque é importante dizer que não importa como você é", contou. "A fotograa tem culpa nisso."

Lana Rhodes 44 - Anuário Resumo Fotográco Nº 2

Paulinho Vilhena


Retratos do Oscar por Mark Seliger

Este ano, a revista Vanity Fair, em parceria com o Instagram construiu um estúdio ao lado da festa do Oscar. Foi nesse espaço com um piso de tábuas de madeira e alguns móveis velhos que o fotógrafo Mark Seliger - conhecido por fotografar para revistas como Rolling Stone, GQ e Vanity Fair - capturou os retratos de alguns dos mais celebres artistas de Hollywood.

Para ver mais fotos, acesse: www.resumofotograco.com/oscar-2014. Dezembro 2014 - 45


Ensaios

Serafina Para celebrar o aniversário de 6 anos da revista, o fotógrafo Miro ficou incumbido de registrar alguns dos principais nomes da nossa cultura, representando quadros famosos da pintura brasileira.

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As verdades veladas de Hossein Fatemi O Hijab, um lenço usado por mulheres muçulmanas na presença de homens com os quais elas não possuem relação intima, tornou-se uma prática controversa e gera debates em todo o mundo. Ele divide opiniões mesmo dentro dos países muçulmanos. Na República Islâmica do Irã, a lei que determina que as mulheres devem cobrir a cabeça em público é rigorosamente aplicada independentemente do nível de observância religiosa que ela adere em casa. A vestimenta imprópria pode incorrer em prisão e multas pesadas. O fotógrafo Hossein Fatemi reuniu 20 mulheres, algumas das quais usam o hijab de forma voluntária, e fotografou-as através de seus véus mas por trás da lente velada, elas eram livres para aparecer como desejavam. Assim, "Veiled Truths" (Verdades Veladas) oferece uma visão rara nas esferas privadas das mulheres iranianas, mostrando as diferenças entre as idéias individuais de identidade e uniformidade imposta pela sociedade iraniana.

Acesse: www.resumofotograco.com/veiled-truths.


Ensaios

Esquire Ellen Von Unwerth fotografou a cantora Rihanna para a edição especial de Dezembro da publicação.

Para ver mais fotos, acesse: www.resumofotograco.com/esquire-rihanna. 48 - Anuário Resumo Fotográco Nº 2


Dezembro 2014 - 49


Ensaios

Playboy PLAYBOY/REPRODUÇÃO

A atriz Jessika Alves foi fotografada para a edição de aniversário da revista

50 - Anuário Resumo Fotográco Nº 2


BOB WOLFENSON/PLAYBOY/REPRODUÇÃO


Ensaios Calendário 2014

Campari Koto Bolofo fotografou Uma Thurman em ensaio inspirado em celebrações populares

FOTOS: KOTO BOLOFO/CAMPARI/REPRODUÇÃO

O fotógrafo de moda Kristian Schuller foi o responsável por fotografar a atriz espanhola Penélope Cruz para a edição de 2013 do Calendário Campari, um dos mais famosos do mundo. O tema escolhido foi "Adeus às Superstições" e apresentou a atriz em 13 situações que desaam o azar nas mais populares superstições.

52 - Anuário Resumo Fotográco Nº 2



Ensaios Calendário 2014

Pirelli

Para a edição de 2014, a marca italiana decidiu publicar fotos feitas por Helmut Newton em 1986 nunca vistas O calendário Pirelli completou 50 anos em 2014 e publicou nesta edição fotos realizadas por Helmut Newton em 1986 e guardadas até então no arquivo histórico da marca. Entre as razões para abrir a gaveta e puxar a pasta com as imagens, está o fato de que este calendário não chegou a ser lançado no ano para o qual foi criado e, por uma feliz coincidência, os dias da semana são os mesmos de 1º de janeiro a 31 de dezembro, tanto em 1986 quanto em 2014. FOTOS: HELMUT NEWTON/PIRELLI/REPRODUÇÃO

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Dezembro 2014 - 55


Ensaios

Interview Madonna foi fotografada pela dupla Mert Alas & Marcus Piggott para a edição de Dezembro da revista.

Para ver mais fotos, acesse: www.resumofotograco.com/interview-dez-2014. 56 - Anuário Resumo Fotográco Nº 2



Livros Em 2014, a publicação de fotolivros continuou a prosperar como nunca, quebrando os padrões de formatos e nivelamento da hierarquia das plataformas de publicação tradicionais.

Centro Felipe Russo Autopublicação apresenta 21 imagens que mostram os rastros vazios do centro da cidade de São Paulo. Felipe Russo se contrapõe ao que sabemos e entendemos sobre as cidades. Ao invés de pessoas, a massa que transita e se esbarra diariamente, congestionamento e correria, o fotógrafo mira o seu olhar para a solidão e o anonimato da grande metrópole. São os rastros vazios, nem sempre compreensíveis, como as pegadas sobre o cimento fresco, lixos no chão, calçadas remendadas e azulejos quebrados, por exemplo. O fotógrafo pesquisou e desenvolveu essa temática durante o seu mestrado na Hartford Art School, nos EUA. “Percorri o centro de São Paulo antes dele acordar. Carrego uma câmera 4×5 por longas e repetidas caminhadas em busca de uma experiência inversa desse espaço, marcada pelo silêncio, pelo vazio e pela possibilidade de olhar com calma”, explica. A tese desenvolvida por Felipe Russo deu origem ao livro “Centro”, que foi lançado no dia 4 de outubro, na Fauna Galeria, em São Paulo. Beatriz Matuck foi a responsável 58 - Anuário Resumo Fotográco Nº 2

pelo projeto gráco da obra, que conta com 21 fotograas, e Guilherme Wisnik assina o texto de apresentação do livro. Felipe Russo escolheu fotografar o centro de São Paulo sempre muito cedo, geralmente às 5h, o que deu às imagens uma atmosfera ainda mais intimista, quando a luz é suave e as ruas estão desertas. Guilherme Wisnik acredita que a ausência de densidade é recompensada justamente por oferecer ao fotógrafo o rastro vivo da passagem das pessoas, mas não só isso: “Se o anêur de Baudelaire é o artista que se mistura e se perde no meio da multidão, isto é, do tumulto urbano, o fotógrafo Felipe Russo ana por São Paulo em sentido inverso. Seu olhar procura os rastros vazios. Mas não apenas os vestígios da passagem humana recente. Através de suas fotos, a cidade parece ter ela mesma algo como uma existência própria, autogerada, visível nas placas de piso que se levantam levemente como se fossem placas tectônicas deslizando,

no poste que se dobra estranhamente sobre o chão, nas portas que se abrem para o nada (o que será que elas fecham?), ou no concreto carcomido do poste”, diz. “Centro” é uma autopublicação, viabilizado pelo próprio Felipe Russo, com tiragem de 1000 exemplares. “O livro foi pensado como objeto, fruto de um trabalho intenso de pesquisa e exercício prático. É através desse suporte que o discurso chamado de


centro se faz inteiro. Quis traduzir todo o peso presente no silêncio, para que haja uma reexão sobre a nossa existência dentro de uma grande metrópole”, arma o fotógrafo. Martin Parr, fotógrafo da agência Magnum. descreveu a obra de Russo como um “charmoso e pequeno livro sobre São Paulo, que combina pontos de vista mais amplos da anarquia da cidade com detalhes aparentemente simples e surreais das ruas, reunidos

para fazer um livro fascinante”. A publicação gurou entre os melhores fotolivros de 2014 selecionados pelos editores de fotograa da revista Time.

Ficha técnica Livro: Centro Autor: Felipe Russo Editora: Dimensões: Número de páginas:


Livros

Relíquias Fernando Chiriboga DIVULGAÇÃO

O fotógrafo equatoriano Fernando Chiriboga lançou em Fevereiro, o livro 'Relíquias – Patrimônio Arquitetônico do Nordeste do Brasil'. A publicação reúne mais de 250 páginas com fotograas de edicações seculares dos nove estados da região.

Ficha técnica Livro: Relíquias Autor: Fernando Chiriboga Editora: Dimensões: Número de páginas: 250

Arquivo Urbano Jussara Romão Jussara Romão lançou em Abril o livro "Arquivo Urbano", um registro das mudanças no modo de vestir dos brasileiros através da fotograa, no período de 1900 a 2000. “Tudo o que acontece na sociedade se reete na forma de vestir”, comenta a autora.

Ficha técnica Livro: Arquivo Urbano Autor: Jussara Romão Editora: Luste Editores Dimensões: 23 x 30 cm Número de páginas: 232 60 - Anuário Resumo Fotográco Nº 2


Crônicas do Ateliê Nailson Moura DIVULGAÇÃO

Em maio foi lançado o livro “Crônicas do Ateliê”, de Nailson Moura. O livro que faz parte do projeto “Brotando das mãos”, que é uma pesquisa realizada em campo aberto e tem como objetivo localizar e registrar os esboços aos produtos de artíces, artistas plásticos, artesãos, entre outros que lancem mão da artesania. O processo de materialização das suas obras e as impressões acerca das próprias atividades estão sendo capturados pelas lentes do fotógrafo e transcritos para livros. “Crônicas do ateliê” é o primeiro livro da série. A ideia de realização desse projeto surgiu nas viagens de Nailson que, atento, observava como as pessoas,

distante dos centros urbanos, se utilizavam de recursos técnicos singelos e às vezes relativamente complexos para resolveram, prontamente, suas questões práticas, como a confecção de peças artesanais para uso próprio. Neste primeiro livro, Nailson Moura captura o maruinense Antônio da Cruz no decurso de seu trabalho no ateliê. São 27 fotograas sequenciais em que o artista é mostrado desenhando, cortando, modelando, lixando, soldando, e polindo, entre outras tarefas, sobre o aço, material com o qual ele faz suas esculturas e telas. Cruz completa 40 anos desenvolvendo suas habilidades no universo das

artes visuais. Nailson Moura é sertanejo, beradeiro, nascido, no alto sertão sergipano, na bela cidade de Gararu, às margens do Velho Chico. Sua iniciação em fotograa deu-se em 2008, em São Paulo.

Ficha técnica Livro: Crônicas do Ateliê Autor: Nailson Moura Editora: Dimensões: Número de páginas:

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Livros

Céu de Luiz Tiago Santana e Audálio Dantas DIVULGAÇÃO

Livro em homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga retrata o universo de Gonzaga, a partir de sua identicação com o sertão, particularmente a região do Pernambuco e do Cariri cearense, que é culturalmente uma das mais representativas da cultura popular do Nordeste. Exu, onde Luiz Gonzaga nasceu, foi o ponto de partida para sua carreira artística, é também o ponto de partida do livro, que reete o que podemos chamar de Céu de Gonzaga. O o condutor é o homem Luiz e o lugar onde ele nasceu, passou sua infância, descobriu o mundo e 62 - Anuário Resumo Fotográco Nº 2

construiu a sua obra. O livro, lançado em Abril, conta com o ensaio fotográco realizado pelo fotógrafo Tiago Santana, e os textos do jornalista e escritor Audálio Dantas, repetindo assim a dupla de sucesso no livro O Chão de Graciliano (Ed. Tempo d’Imagem, 2006) - livro que recebeu, entre outros prêmios, o APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte e o Prêmio Conrado Wessel, em 2007. O livro tem apoio cultural do Governo do Estado do Ceará e do Governo do Estado de Pernambuco. “Ainda hoje, e creio que por muito

tempo, ou para sempre, escutaremos sua voz trovejante e veremos seu semblante altivo toda vez que andarmos pelos lugares do Brasil. Cidade grande e interior, interior e cidade grande, Luiz Gonzaga andará sempre com a gente por ai,” Gilberto Gil.

Ficha técnica Livro: Céu de Luiz Autor: Tiago Santana e Audálio Dantas Editora: Tempo d’Imagem Número de páginas: 156


Do céu, Brasília Bento Viana DIVULGAÇÃO

Apaixonado pela capital federal, o fotógrafo Bento Viana lançou em Abril o livro “Do céu, Brasília”, com 200 fotos feitas a bordo de um helicóptero. O processo de captação das imagens levou dois anos e quase 100 horas de voo. Os registros foram selecionados dentre 30 mil cliques. “Do alto, os desenhos de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer fazem mais sentido em minha cabeça”, explica Viana. “O Museu da República visto de cima me trouxe a leveza que o concreto pode ter dentro de toda sua densidade. À tarde, a cidade volta a se

colorir para a chegada da noite. As luzes da cidade se acendem, e a Esplanada dos Ministérios parece uma grande pista de pouso.” O fotógrafo chegou à cidade em 1979, aos 8 anos. Ele arma que desde então se encantou pelo céu de Brasília, “que parece não ter m”. Viana também é formado em geograa. O livro, produzido de forma independente, traz textos dele, da fotógrafa Zuleika de Souza – que assina a curadoria – e do poeta e jornalista Tetê Catalão. As legendas

das fotos foram feitas por Patricia Herzog e Tatiana Petra, do projeto Experimente Brasília.

Ficha técnica Livro: Co Céu, Brasília Autor: Bento Viana Editora: Dimensões: Número de páginas:

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Livros

As Donas da Bola Diógenes Moura (org) MONICA ZARATTINI/DIVULGAÇÃO

Sýn Criativa lança o livro As Donas da Bola, com curadoria e edição de Diógenes Moura, reunindo 11 dos mais representativos nomes da fotograa brasileira: Ana Araújo, Ana Carolina Fernandes, Bel Pedrosa, Eliária Andrade, Evelyn Ruman, Luciana Whitaker, Luludi Melo, Marcia Zoet, Marlene Bergamo, Mônica Zarattini e Nair Benedicto. O livro traz um conjunto de 110 imagens, cor/ preto e branco, as quais retratam a presença da mulher e suas relações com a cultura do futebol, esporte tão característico do universo masculino. Para este projeto, as imagens foram feitas em diversos locais do país 64 - Anuário Resumo Fotográco Nº 2

- como São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Amapá e Bahia, entre outros -, mostrando, além das peculiaridades de cada região, que o fanatismo e o amor pelo time também pertencem ao universo feminino. As Donas da Bola reúne fotógrafas prossionais com grande experiência no fotojornalismo, seja em trabalhos autorais ou em ensaios, e mostra o lado delas acerca desta tradição, por meio de um modo de ver especial, sensível, de um ponto de vista interior – sem a pretensão de considerá-lo material de consumo. “Essa iniciativa pretende preencher uma lacuna importante ao aplicar a percepção e a

consciência social sobre a importância da mulher no futebol enquanto espor te, dentro de uma cultura nacional ainda em formação.”, comenta Diógenes Moura.

Ficha técnica Livro: As Donas da Bola Autor: Diogenes Moura (org) Editora: Sýn Criativa Dimensões: Número de páginas:


Os Tapetes Voadores da Mata Atlântica Cristina Schleder Luste Editores lançou em Junho o livro Os Tapetes Voadores da Mata Atlântica, da artista plástica Cristina Schleder, com fotograas autorais que registram texturas, tramas e detalhes de sua inspiração maior – a Natureza. As imagens e espelhamentos de alguns fragmentos possibilitam novos signicados à importância e beleza deste ecossistema. Para a criação da série, Cristina adentrou a área da Mata Atlântica munida de olhos treinados em busca do inusitado, do oculto, e não de uma mera imagem. Em seus momentos preferidos, os pós chuva ou os dias nublados de luz prateada, quando a vegetação atinge seu pico de beleza, a artista vislumbrava detalhes de cores que surgiam em troncos e musgos, criando uma inédita fábula visual formada por fotograas marcantes. Sua imersão era tamanha que encontrava novos personagens, os quais a acolhiam e descortinavam um novo cenário, levando-a a lembrar das estórias em que os seres viajavam em tapetes voadores. Desenhos, formatos, cores e padronagens surgiam diante da artista, leves e harmônicos, que possibilitavam a imaginação de Cristina alçar vôo. Os Tapetes Voadores da Mata Atlântica não versa apenas sobre o lúdico: também nos permite acesso à precisão da técnica e a conquista da verdade, visto que as formas e tons são exibidos em sua verdade máxima sem interferência ou alteração; o titulo de cada fotograa é o código da

DIVULGAÇÃO

própria maquina quando apertado o disparador – sendo que cada imagem é realizada por um único clique, enfatizando a o momento único de cada cena. Nas palavras da própria artista, travestida em uma personagem de contos “...a verdade deste pensamento mágico conseguia levá-la para todos os lugares imaginados, sentada em seu próprio tapete voador que a mata, com seus os, tramas e bordados, teceu especialmente para ela.”

Através do espelhamento, Schedler resignica a iconograa do ecossistema

Ficha técnica Livro: Os tapetes voadores da Mata Atlântica Autor: Cristina Schleder Editora: Dimensões:

Dezembro 2014 - 65


Livros

Florianópolis Vista de Dentro Danisio Silva e Paulo Clóvis Schmitz DIVULGAÇÃO

Em Julho, o Centro Integrado de Cultura de Florianópolis recebeu o lançamento do livro "Florianópolis Vista de Dentro", que apresenta a união das fotograas de Danisio Silva

e textos do jornalista Paulo Clóvis Schmitz, em uma publicação da editora Vitelli Publisher, com patrocínio da Prefeitura Municipal de Florianópolis por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura. Este é o sexto livro lançado pela dupla. "É uma viagem pelas praias, prédios, praças, pontes, pranchas. Os autores tecem, como as rendeiras no bilro, um cenário sagrado e profano, num registro daquilo que é mais essencial para que o ser humano continue a ser humano."

Ficha técnica Livro: Florianópolis Vista de Dentro Autor: Danisio Silva e Paulo Clóvis Schmitz

Cadets Paolo Verzone O fotógrafo italiano Paolo Verzone viajou pela Europa, registrando os jovens cadetes de 20 academias militares com um único objetivo: entender a "alma" militar dos países europeus. O projeto surgiu a partir de uma curta atribuição para uma revista italiana em 2009, quando foi enviado para fotografar militares franceses. A curiosidade de Versone a respeito da vida militar o levou a perseguir estes registros ao longo de cinco anos. "Eu queria ver esses lugares [as bases militares] nesses países, muitos dos quais já lutaram uns contra os outros", diz Verzone.

Nem toda academia militar respondeu aos seus pedidos. E mesmo quando o zeram, demorou um longo tempo para que ele, sendo civil, tivesse permissão para entrar. "Eu queria ver quem são esses jovens. Ir além dessa ideia de que quem entra no exército permanece lá por toda a vida ", diz ele. "Agora, as academias militares são lugares muito diferentes; você pode obter um grau completo e, em seguida, para muitos, pode sair. Os tempos estão mudando." Sediado em Paris, Verzone tem trabalhos publicado pela Time, Newsweek, The Wall Street Journal, The Independent e The Guardian.

Para ver mais fotos, acesse: www.resumofotograco.com/cadets.

66 - Anuário Resumo Fotográco Nº 2

Ficha técnica Livro: Cadets Autor: Pailo Verzone Dimensões: Número de páginas:


Retratos Sonoros Daryan Dornelles CRÉDITO

A música na vida do fotógrafo Daryan Dornelles sempre ocupou um amplo e generoso espaço. Ouvinte visceral e colecionador de discos dos mais inquietos, ele acumulou milhares de registros fotográcos nessa área nos últimos 18 anos. Era só uma questão de tempo para que esses trabalhos saíssem dos negativos e dos HDs e se transformassem no livro ‘Retratos Sonoros’, que pode ser considerado, sem exagero nenhum, uma espécie de identidade fotográca da música brasileira. ‘Retratos Sonoros’ se notabiliza principalmente pela versatilidade. Ao

longo do tempo em que o livro foi sendo construído, as lentes de Daryan Dor nelles capturaram as mais diversas vertentes da nossa música, seja nas capas dos discos ou nos ensaios publicados nas principais revistas do País e no exterior. De Chico Buarque a Criolo, de Marisa Monte a Tiê, de Nelson Sargento a Kiko Dinucci, ele está sempre em busca da sintonia entre a imagem e a personalidade musical do artista. “É preciso conhecer música e história da música, das artes, da moda. Não tem jeito, esse é o caminho. É preciso pesquisar. Quando vou fotografar um músico,

ouço bastante o som dele”, diz o fotógrafo.fotógrafo participou e uma outra série foi produzida especialmente para o livro.

Ficha técnica Livro: Retratos Sonoros Autor: Daryan Dornelles Editora: Dimensões: Número de páginas:

Dezembro 2014 - 67


Livros

The Angel’s Nude Photography Book Russell James RUSSELL JAMES/REPRODUÇÃO

O fotógrafo de moda australiano Russell James, lançou em Outubro, o livro “The Angel’s Nude Photography Book”, com 304 páginas e um total de 107 fotos de nus artísticos em preto e branco de modelos como as brasileiras Adriana Lima e Alessandra Ambrósio, a sul-africana Candice Swanepoel e a americana Lily Aldridge. A publicação pode ser adquirida por 199 dólares (aproximadamente 495 Reais) no site Nomad Two Worlds. Também é possível comprar uma versão autografada pelo autor. Em Novembro, as fotos ganharam uma exposição na Flórida. Acesse: russelljames.com.

Ficha técnica Livro: The Angel’s Nude Photography Book Autor: Russell James Editora: Nomad Two Worlds Número de páginas: 304


Rio Roberto Rosa CRÉDITO

As imagens que compõem o livro "Rio" mostram o olhar singular de Roberto Rosa, um paulista que trocou a pauliceia desvairada pela cidade maravilhosa e, até hoje, enxerga o Rio de Janeiro como alguém que acabou de chegar. Para a criação do livro, o fotógrafo tentou se distanciar um pouco dos pontos turísticos, que já são famosos e conhecidos ao redor do mundo, sem deixar de retratá-los. “Os pontos turísticos estão lá, mas vistos por uma ótica diferente. Não dá para fugir deles, mas procurei enfatizar os mercados, as feiras, rodas de samba, comunidades, morros, esquinas. Fui guiado por músicas que me levaram a esses

lugares e queria mostrar o cotidiano da cidade e as personagens que se fundem aos cenários escandalosamente belos e são emolduradas por eles”, detalhou o fotógrafo. A curadoria e apresentação do livro caram por conta do antropólogo e também fotógrafo, Milton Guran. “Sua presença no projeto foi fundamental; criou um discurso visual em que nos apresenta a cidade desde o nascer do dia, atravessa as horas evoluindo pelas r uas, mor ros, parques, mares e lagos, até entrar no entardecer, se extasiar com o poente e culminar na noite fechada e na explosão vermelha dos fogos do Réveillon de 2011, em Copacabana”,

detalha o fotógrafo paulista. Em 2015, Rosa pretende transformar o livro em uma exposição que homenageará os 450 anos da cidade do Rio de Janeiro.

Ficha técnica Livro: Rio Autor: Roberto Rosa Editora: Dimensões: Número de páginas:

Dezembro 2014 - 69


Livros

Periscope José Diniz DIVULGAÇÃO

Para chegar às 54 imagens eleitas para o livro “Periscope”, José Diniz percorreu o litoral do país, do Maranhão até o Sul, por mais de oito anos. São pessoas, prédios, o horizonte, o céu e o próprio mar, de uma perspectiva bem particular, “nem submarina, nem terrestre, sempre na superfície”, diante, sob e sobre o mar. Diniz é de Niterói e vive entre idas e vindas ao Rio de Janeiro. “Desde criança vivo com o pé na água. Escritores, poetas e lósofos se utilizam da imagem do mar, em todos os seus aspectos. O ser humano está em permanente desao diante dessa imensidão de água”, diz. Sobre a fotograa em que aparece o hotel Copacabana Palace, Diniz 70 - Anuário Resumo Fotográco Nº 2

comenta: “frequentemente estou fotografando nessa perspectiva marterra, onde diferentemente de outros lugares quero cunhar a paisagem do bairro que têm no mar o sangue que pulsa dando vida ao lugar”. Para reproduzir este olhar contemplador, o fotógrafo optou pelo trabalho imerso, com o objetivo de passar sensações como a ausência de equilíbrio, vertigem, tensão, harmonia, movimento contínuo, o som do mar e o sabor do sal. “Não basta apenas a visão para fotografar nestas condições. É necessário todo o corpo, usando os cinco sentidos. A máquina fotográca está num ponto abaixo do horizonte e as ondas são montanhas em movimento. Na água, o equipa-

mento incorpora lentes diferenciadas criando novas leituras”, arma Diniz. O livro é uma narrativa construída pelo inocente periscópio que saiu do fundo da água e descobre que o homem está pondo em risco o próprio planeta. A foto que encerra a série mostra as águas inundando de forma simbólica o Copacabana Palace, como se fosse o ato nal do Rio de Janeiro.

Ficha técnica Livro: Periscope Autor: José Diniz Editora: Madalena Dimensões: Número de páginas:


Pagode Russo Iatã Cannabrava

Iatã Cannabrava esteve na Rússia em 1985. Foi testemunha do início do m da Guerra Fria, ou do desmonte da cortina de ferro – “quem sabe, o fato mais impor tante do milênio que ndava”, diz o fotógrafo. O resultado desta viagem, seu primeiro ensaio fotográco, pode ser visto no livro Pagode Russo, lançado em Outubro. O título, escrito no idioma russo na capa do livro, é uma referência à canção mais tocada naquele verão, o baião de Luiz Gonzaga – “Ontem eu sonhei que estava em Moscou, dançando pagode russo na boate Cossacou”. Nas imagens, aquela União Soviética, que se mostrava ao Ocidente como um mau supremo, se

revela ingênua, generosa e delicada. O autor explica: “onde esperava encontrar rostos duros, encontrei generais repartindo maçãs”. As 47 fotograas são um passeio cromático pela cidade de Moscou. Atual, longe de ser um livro histórico, Pagode Russo confunde o que seria passado, presente ou futuro em imagens que caram congeladas. Realizado há quase 30 anos, o ensaio carrega o estilo que acompanha o trabalho do fotógrafo: o olhar dirigido a cenas urbanas, temas comuns, gente simples, onde ordinário tem maior importância e o banal vale mais que o especial. Estas imagens guardadas - e

quase esquecidas por 25 anos -, só vieram à tona quando casou-se com a r ussa Ekaterina Kholmogorova, designer do livro e cer tamente a pessoa responsável por tirar do arquivo os originais que o autor não havia dado importância quando feitos.

Ficha técnica Livro: Pagode Russo Autor: Editora: Dimensões: Número de páginas:

Dezembro 2014 - 71


O triunfo de um amor interracial

Em março de 1966, a revista LIFE publicava o artigo "O Crime de ser casado", com fotograas de Grey Villet, que contava a história de Richard e Mildred Loving, um casal interracial que lutava contra os estatutos de antimiscigenação do estado da Virginia, nos Estados Unidos. As fotos de Villet revelaram uma família muito unida, vivendo suas vidas em oposição a uma lei obviamente injusta -, mas também capturaram momentos eloquentes, gestos e expressões que armavam o quão fortemente os Lovings desaavam a lei que pesava sobre eles. Ambos nasceram e foram criados isolados, nas colinas do condado de Caroline, ao norte de Richmond, onde 72 - Anuário Resumo Fotográco Nº 2

sempre houve tolerância em relação a questão racial. As coisas caram um pouco barulhentas quando o casal, que já namorava por um longo período, decidiu viajar para Washington para se casar em 1958. Cinco semanas depois, o xerife do condado tirou-os da cama às 2 da manhã e levou-os para a prisão. Um juiz local proferiu a sentença de um ano, que foi suspensa após eles concordarem em deixar o estado imediatamente e carem longe por 25 anos. O casal, apesar de tudo, estava à espera de um recurso da decisão judicial que os havia banido de sua cidade natal. Na época, os Lovings foram inexíveis na recusa em serem

projetados como heróis pelos direitos civis. Tudo o que queriam era viver suas vidas e criar seus lhos em paz. "[Nós] não estamos fazendo isso só porque alguém tinha que fazer e queríamos ser os únicos", diz Richard. "Estamos fazendo isso por nós porque queremos viver aqui." As pessoas nas fotograas publicadas por Villet - um Richard Loving carrancudo e uma Mildred Loving de olhos baixos - poderiam ter esperado e rezado, mas nunca poderiam contar que um ano depois, em 1967, a Suprema Corte dos EUA decidiria, por unanimidade, a favor do casal, tornando inconstitucionais todas as leis anti-miscigenação no país.



Opinião O futuro da arte fotográca Por Luli Radfahrer Nos últimos anos falou-se muito na inuência que os avanços nas tecnologias de digitalização, captação, manipulação e compartilhamento de imagens tiveram na democratização da expressão visual. Mas nem tudo é boa notícia. Apesar da enorme conveniência e na popularização de uma técnica que até há pouquíssimo tempo era de domínio exclusivo de prossionais especializados, a banalização da fotograa tem seu lado negativo. Não me rero ao culto à imagem na autoestima de uma geração crescida sob as ditaduras do bizarro, do perfeito, do formidável ou do retocado, porque isso está além da minha área de especialidade. Minha preocupação é outra. Ela se refere aos golpes profundos e silenciosos que as novas tecnologias tem realizado na ar te fotográca. A facilidade na manipulação da imagem digital acabou se transformando, quem diria, em um problema. É comum entre os novos prossionais um descuido na produção, deixando qualquer deslize para retoque posterior. O volume de imagens produzidas é cada vez maior, e todas podem ser imediatamente revistas, alteradas, apagadas ou retocadas posteriormente. O processo pode garantir um uxo de trabalho mais rápido e eciente, mas dicilmente garantirá melhores imagens. E raramente gerará uma reexão ou aprendizado sobre elas.

O Photoshop, que surgiu como assistente para a nalização de imagens, passou a realizar tanta falsicação que colocou em dúvida a ideia de “verdade” fotográca, no melhor estilo soviético. De tanto usado, o neologismo se tornou pejorativo. Muitos se orgulham em conseguir imagens “sem Photoshop”, o que é um preciosismo supéruo, como um ator sem maquilagem. Nova estética Prossionais experientes sabem que a riqueza da expressão fotográca não está no suporte nem no retoque, mas na riqueza e imprevisibilidade da produção de imagens, o que sempre demandou grande cuidado. As novas câmaras digitais parecem ter como meta a eliminação de todo e qualquer defeito possível. Fabricantes anunciam modelos capazes de registrar imagens em fantásticos ISO 204800, mais de duas mil vezes mais sensíveis do que o velho lme ASA 100. Tecnologias de controle do movimento em novas objetivas parecem capazes de remover qualquer borrado que não seja intencional. Até mesmo o foco pode ser, via Instagram, decidido mais tarde. Estaremos condenados a um mundo de fotos perfeitas, alteradas apenas por intenção de seus fotógrafos, desfeitas a qualquer instante? Acredito que não. Da mesma forma que os problemas de comportamento

das mídias sociais não são resultados da tecnologia, mas dos vícios de seus usuários, a redução da qualidade artística na fotograa contemporânea não é causada pelas novas técnicas, mas por seu abuso. E pode ser facilmente revertida. À medida que novos prossionais começarem a desenvolver suas assinaturas artísticas é provável que surjam novas estéticas, rediscutindo muito do que se entende hoje por registro de imagens. Recursos como a fotograa panorâmica, combinada a técnicas de renderização 3D poderão criar novos ambientes fotográcos mais próximos da cenograa do que da ilustração. Câmaras de foco dinâmico, do tipo Lytro, podem ser usadas para criar movimentos cinemáticos em fotograas. Novas imagens imersivas valorizarão o trabalho de composição tridimensional, ainda restrito às técnicas complexas e caras dos prossionais de cinema e animação. Isso sem falar do uso criativo de drones e da criação colaborativa, associado a novas tecnologias de captação e visualização. Uma nova estética fotográca está para surgir. Ela deverá ser mutante, dinâmica, revista e alterada como uma memória. Os novos fotógrafos não deverão rejeitar a tecnologia, mas abraçar seu potencial para contar as novas histórias.

Luli Radfahrer é professor-doutor de Comunicação Digital da ECA (Escola de Comunicações e Artes) da USP, autor do livro Enciclopédia da Nuvem; www.luli.com.br. Este texto foi publicado originalmente no site da Folha de São Paulo em 15/12/2014 e reproduzido no Observatório da Imprensa em 23/12/2014 na edição 830, sob Licença Creative Commons.

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O ANUÁRIO RESUMO FOTOGRÁFICO é uma publicação independente, colaborativa, de cunho informativo e com distribuição gratuita, que reúne os principais destaques do ano nas diferentes esferas que fazem parte do mundo fotográco.

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