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Anuรกrio
2015
Imagens que marcaram o ano
Editorial Neste ano de 2015 completamos cinco anos no ar e seguimos formando novas parcerias e consolidando ainda mais as antigas. Nosso quadro de colaboradores dobrou e batemos recordes de visualizações. No mês de Novembro foram mais de 60 mil vizualizações. Apoiamos e participamos de grandes eventos, importantes no circuito da fotograa prossional, como as principais feiras do segmento, Fotografar e PhotoImage, os congressos PhotoWeek, Wedding Brasil, PhotoShow, Estúdio Brasil, além de festivais como o tradicional Paraty em Foco, Fotógrafos em Ouro Preto. Estivemos presentes apoiando o workshop internacional com o fotógrafo Peter Colson, promovido pela Fine Art Brasil em três capitais brasileiras: Rio de Janeiro, Curitiba e São Paulo. Testemunhamos uma mudança na fotografia de nu, com o fim do segmento em uma das principais publicações da história. A revista Playboy deixou de publixar fotos de mulheres nuas. No Brasil, a editora Abril, responsável pela publicação há 40 anos, anunciou o fim da revista. Paralelo a isso, diversos trabalhos autorais de nu foram publicados, seguindo uma vertende mais natural. Para esta edição, ampliamos as seções Panorama, Equipamentos, assim como o número de ensaios editoriais e autorais. Além disso, voltamos a dar destaque ao fotojornalismo e a fotografia documental. Uma novidade é a adição de uma parte dedicada a tutoriais. Com esse grande volume de imagens, o número de páginas aumentou significamente. Boa leitura. Cid Costa Neto (Editor) cidcostaneto@resumofotograco.com
Expediente Editor
Cid Costa Neto
Colaboradores
Adriana Prado Ana Paula Lepsch Cesar Grossmann Flavio Franco Gabriel Barrera João Rocha Braga Filho Juliana Foini Ligia Ribeiro Matheus Mourão Pedro Nicoli Rodrigo Jordy Wendley Souza
Autor convidado Daniel Marins
Diagramação Cid Costa Neto
Revisão
Bom Texto
Site
www.resumofotografico.com
contato@resumofotografico.com
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Anuário
2015
Imagens que marcaram o ano
O ANUÁRIO RESUMO FOTOGRÁFICO é uma publicação independente, de cunho informativo e com distribuição gratuita.
RESUMO FOTOGRÁFICO Rua Deputado André de Almeida, 551 - 3º andar Belo Horizonte - MG | CEP: 30160-906 www.resumofotografico.com
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Colabore: Se você, assim como nós, também é apaixonado por Fotografia e gostaria de compartilhar e divulgar informações relacionadas, entre em contato e candidate-se a ser um colaborador. Os textos publicados no Resumo Fotográfico são licenciados com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso não-comercial 3.0 Brasil.
Insight Opinião do leitor 8 dicas para quem quer entrar no ramo da fotografia “Uau, que texto maravilhoso. Senti mesmo você falando diretamente para mim, como se estivesse do meu lado.” Rondney Sousa “Impressionante a quantidade de fotógrafos medíocres que estão ganhando dinheiro no mercado. Alguns são quase analfabetos. E a razão é muito simples. São excelentes vendedores! Enquanto alguns viajam na maionese e passam a vida toda lendo e fazendo cursos, se aprimorando com exposições e experimentos, outros sem metade dessa experiência vão à luta, mobilizam network, visitam empresas e dão a cara a tapa. Conselho de ouro para fotógrafos em início de carreira: Não deixe que o lado direito do cérebro o domine. Sucesso em fotografia profissional, paradoxalmente, exige doses cavalares de disciplina, foco, metas cumpridas, habilidade em negócios e em network.” Mario Delio
8 motivos para você experimentar a fotografia com filme “Concordo com este artigo ,o digital é uma porcaria em relação ao analógico. Hoje o fotografo não pensa. Com 6x6 , a foto estava feita logo na nossa cabeça. Sou do tempo de revelar rolos á mao.” José Bonito
O Resumo Fotográfico é um espaço aberto para o debate sobre fotografia em vários aspectos, onde a participação de nossos leitores é fundamental.
Dúvida do leitor: Como montar uma exposição? “Perfeito. Vou montar uma expo aqui na minha casa mesmo só para receber os amigos e amei as dicas. Parabens!” Karine Ferreira “Ótimas informações. Vou tentar fazer uma exposição de fotos esportivas de Trindade-PE. Tenho um arquivo com mais de 2.000 fotos.” Tichico Izídio
Tutorial: Iluminação na água com flash e pôr do sol “Extremamente útil ! E que talento Daniel...continue postando, seu trabalho e dicas valem ouro.” Amanda Pironato Daniel Marins: “Obrigado Amanda! Fico feliz que tenha gostado! :)”
Como fica uma câmara após enfrentar temperaturas de -25º C
“Cid, parabéns pela matéria! Tenho várias câmeras antigas e me ajudou muito sua compilação. Se tiver algo sobre as “Lambe-Lambe”, ou souber onde consegui alguma matéria, me informe por favor. Obrigado!” Silveira Pedro
Como fotografar raios em 12 passos “Eu tenho um trigger que facilita muito tudo isso. Com a vantagem que ele permite que eu fotografe raios mesmo durante o dia.” Mauro Celso “Outra forma é colocar no modo B (bulb - ao invez do M) Deixe o ISO baixo também, DIspare e deixe capturando, quando der um raio bonito, vc para a captura.” Marcelo Cerri Rodini
“Interessante saber sobre as baterias... Lembro quando eu era pequeno que colocavamos as pilhas no freezer para dar mais uma carguinha nelas!” Marcelo Cerri Rodini
Máquina do tempo: Cronologia das câmeras fotográficas “Olá, achei muito interessante essa sua pesquisa e esse seu post.
Quer participar dando sua opinião? Envie um e-mail: 5 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 3
Isso me ajudou com as câmeras que tenho aqui do meu projeto! Muito obrigada!” Mallu Girardi
contato@resumofotografico.com Dezembro 2015 - 5
Panorama PhotoWeek em Uberlândia: aprendendo e reciclando Por Matheus Mourão Um congresso que atende tanto a quem está há muito tempo no mercado, quanto quem está inciando no universo fotográfico. Assim posso resumir em uma frase como foi a 3ª edição da Photo Week realizada do dia 26 a 30 de janeiro no CDL em Uberlândia. O evento teve em seu primeiro dia os palestrantes Wender Prado e Breno Koscky explicando sobre a importância de se fazer um bom marketing segmentado no ramo fotográfico, teve uma boa repercussão entre o público. Segundo dia O segundo dia foi repleto de boas surpresas, com as presenças dos profissionais voltados para a área de casamentos, Anderson Miranda e Márcio Sheeny, apresentando um rico portfólio ao público e mostrando que é possível chegar a um nível profissional e reconhecido no mundo com persistência, dedicação e estudo da fotografia, com conselhos que agregaram a todos os presentes. Anderson, que participa da WPJA (Federação Internacional de Fotógrafos de Casamento) e que também é criador do aplicativo Photo Manager, nos passou os 4 principios da fotografia de casamento, que são a Atra-
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ção, o Encantamento, a Experiência e o Retorno. Em cada um deles, ele ressaltou a importância de se tentar entregar o melhor que você pode para o seu cliente, estabelecendo metas de onde se quer chegar, e inspirando-se em trabalhos de fotógrafos que são referências nacionais e internacionais. Já a palestra do Márcio Sheeny foi feita com uma carga maior de motivação, enfatizando que nunca é tarde demais para aprender. Márcio, que começou a fotografar com 40 anos, é reconhecido hoje como um dos melhores fotógrafos de casamento do país, mesmo iniciando a carreira tardiamente. O profissional mostrou a necessidade de
se criar um estilo para se sobressair no mercado, sendo o “Fashion Wedding” (elementos da fotografia de moda no ramo dos casamentos) a sua marca registrada. Sheeny também falou sobre os LEDS como iluminação alternativa aos flashes que ele utiliza nos pré-weddings e cerimônias, e sobre os seus workshops ao redor do mundo, principalemente no ensino de como fazer um bom “Trash the dress” com as noivas. Terceiro dia No terceiro dia, o foco foi o estúdio, analisando duas áreas diferentes, o Newborn com Laura Alzueta e a fotografia de moda, produto e publicidade com Newton Medeiros. Laura nos deu um panorama sobre o universo dos recém-nascidos, e a infra-estrutura necessária para tirar fotos dos pequenos, desde mantê-los aquecidos e alimentados até o posicionamento das mãos e dos pés. A sessão teve uma abordagem prática, com a fotógrafa ensinando toda a sua técnica aos congressistas, e demonstrando que todo cuidado é pouco. Ela ainda passou o método pelo qual calcula suas horas de trabalho e como faz para colocar o preço para os seus clientes baseado em sua logística.
World Press Photo retira prêmio dado a fotógrafo italiano Em Março, a 58ª edição do World Press Photo foi alvo de mais uma controvérsia com acusações de premiar imagens manipuladas. O júri da maior competição dedicada ao fotojornalismo no mundo, decidiu retirar o prêmio dado ao italiano Giovanni Troilo. O fotógrafo havia vencido na categoria de ensaios contemporâneos com o trabalho “La Ville Noir – The Dark Heart of Europe”, em que, supostamente, teria registrado a cidade belga de Charleroi. A polêmica começou após o prefeito de Charleroi, Paul Magnette, entrar em contato com a organização pedindo para que fosse retirado o prêmio ao fotógrafo italiano. “Não sou especialista em fotografia mas sei reconhecer o mau jornalismo quando o vejo”, afirmou o autarca belga, alegando que o fotógrafo tinha usado luzes muito dramáticas e frias para intensificar a sensação de uma cidade abalada pela crise econômica e social. “Se fosse uma obra de arte, não seria uma problema. Mas o fotógrafo não apresenta seu trabalho como tal. Ele afirma fazer jornalismo investigativo; um ensaio fotográfico que reflete uma realidade simples. Mas isso está longe de ser o caso: as legendas são falsas, é uma caricatura da realidade,
uma construção de imagens impressionantes e encenadas”, defende. Magnette chama a atenção para uma das fotos enviadas ao concurso, cuja cena teria sido construída. “Meu primo aceitou ser fotografado enquanto transava com uma garota no carro de um amigo”, descreveu o fotógrafo na inscrição. Mas segundo o júri da organização, o que foi determinante para a
retirada do prêmio foi outra foto. O registro de um pintor criando uma obra com modelos vivos foi produzido na região de Molenbeek, próximo à Bruxelas e não em Charleroi, ao contrário do que o fotógrafo havia informado. Em nota, o diretor do concurso Lars Boering afirmou que o concurso “precisa se basear na confiança nos fotógrafos que enviam seus trabalhos e em suas éticas profissionais”.
20% dos finalistas foram desqualificados Em 2013, o fotógrafo sueco Paul Hansen, então vencedor do concurso, foi acusado de manipulação. Após uma série de avaliações do arquivo original, a organização constatou que a imagem era legitima e manteve o resultado. No ano seguinte, para evitar outras polêmicas, as regras do concurso foram alteradas. Nos últimos dois anos, passou a ser obrigatório o envio dos arquivos raw, caso a imagem fosse selecionada para as fases finais do concurso. “Nossas regras do concurso afir-
mam claramente que o conteúdo da imagem não deve ser alterado”, disse Lars Boering em um comunicado. “O júri deste ano ficou muito desapontado ao descobrir como alguns fotógrafos estavam sendo descuidados com o pós-processamento de seus arquivos para o concurso. Quando isso significava uma adição ou subtração de material no conteúdo da imagem, isso leva às imagens a serem rejeitados pelo concurso.” Ele acrescenta: “Parece que alguns fotógrafos não podem resistir à
tentação de melhorar esteticamente as suas imagens no pós-processamento, quer através da remoção de pequenos detalhes para ‘limpar’ uma imagem, ou às vezes por tonificação excessiva que constitui uma alteração significativa para a imagem. Ambos os tipos de retoque claramente comprometem a integridade da imagem. Consequentemente, o júri rejeitou 20% dessas entradas que atingiram a penúltima rodada da competição e, portanto, não foram considerados para prêmiação”. Dezembro 2015 - 7
Panorama Mostra discute relação de moradores com festivais culturais O sábado amanheceu diferente na rua Sílvio Vasconcelos, em Tiradentes. No lugar onde há anos reina o abandono, estava uma bela exposição fotográfica. Os moradores da região, que há tanto tempo fingem que aquela casa esquecida não existe, resistiram um pouco antes de entrar. Olharam primeiro pelas janelas, reconheceram um vizinho, um amigo, até o marido nas fotos. Entraram. Se emocionaram – e comoveram, assim, os realizadores da exposição. Idealizada por um grupo de fotógrafos e jornalistas, a exposição, batizada de Envelopa, buscou discutir a relação entre os moradores e os festivais realizados ao longo do ano na
cidade mineira de Tiradentes. Os moradores foram entrevistados e fotografados. O material coletado foi transformado em lambe-lambes e cobriu as paredes de um imóvel abandonado em uma rua que fica na fronteira ideológica entre o badalado centro histórico e a pacata cidade interiorana. Durante o Festival Foto em Pauta, realizado entre os dias 18 e 22 de março, um manifesto sobre o trabalho foi distribuído nas ruas da cidade como forma de incentivar os participantes a conhecerem também esse espaço. A casa acabou se tornando um local onde moradores e turistas finalmente se encontraram.
Para ler o manifesto, acesse: http://bit.ly/envelopa-tiradentes-2015.
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Workshop Portrait Master Class com Peter Coulson Durante o mês de Abril, o premiado fotógrafo australiano Peter Coulson esteve no Brasil para ministrar três workshops promovidos pela Fine Art Brasil, com apoio da L’Oreal e do Resumo Fotográfico. Especialista em fotografia de beleza e moda, Coulson mistura uma variedade de estilos, fundindo as últimas tendências da moda com suas reflexões pessoais. Seus registros são fortes, sensuais, misteriosos e
elegantes, com um toque de senso de humor. O workshop foi concebido para fotógrafos de todos os níveis e ministrado em 2 dias, com 8 horas de duração em cada dia. Foram realizadas aulas teóricas e práticas sobre iluminação, composição e produção, ensaio real com presença de modelos profissionais, fluxo digital e edição de imagem em preto e branco. De uma maneira descontraída e
com muita simpatia, Peter apresentou maneiras simples de criar belas imagens de retrato, moda e beleza, dentro e fora do estúdio. Ele deu várias dicas de iluminação de flash e de aproveitamento da luz natural, além de pós -processamento digital. O primeiro workshop aconteceu nos dias 13 e 14, no Rio de Janeiro, Nos dias 20 e 21 foi a vez de Curitiba e em seguida, nos dias 23 e 24, Peter passou pela capital paulista.
Para conhecer mais sobre o trabalho de Peter, acesse: www.peter-coulson.com.au. Dezembro 2015 - 9
Panorama Inhotim inaugura galeria dedicada a obra de Claudia Andujar
Em 26 de novembro, o Instituto Inhotim, em Brumadinho, Região Metropolitana de Belo Horizonte, inaugurou sua 19ª galeria permanente, dedicada ao trabalho da fotógrafa Claudia Andujar, nascida na Suíça e radicada no Brasil desde a década de 1950. O pavilhão de 1.600 m² é o segundo maior do Parque e exibe mais de 400 fotografias realizadas pela artista entre 1970 e 2010 na Amazônia brasileira e com o povo indígena Yanomami. Ao longo dos anos, Andujar registrou o ambiente, as tradições e o contato dos índios com o homem branco. Para o evento de abertura, o Inhotim convidou dez lideranças indígenas para realizar uma pajelança durante o dia, que foi acompanhada pelos visitantes. Dividida em quatro blocos, a exposição inaugural da galeria apresentou o resultado de cinco anos de pesquisa da curadoria do Inhotim em conjunto com Andujar no arquivo da artista. Grande parte das fotografias é inédi10 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 3
ta, como as séries Rio Negro (197071) e Toototobi (2010), esta última realizada durante uma assembleia da Hutukara Associação Yanomami. Mesmo as imagens mais conhecidas da artista foram organizadas em séries amplas, que combinam fotografias icônicas a outras nunca antes ampliadas. Também será possível ver o maior conjunto já exibido dos registros que compõem Marcados. Trabalho mais reproduzido de Andujar, foi elaborado a partir de fotos feitas por ela para os cadastros de saúde utilizados pelas equipes de vacinação da região, numa tentativa de proteger os índios da dizimação por doenças até então desconhecidas por eles, como sarampo e poliomielite. Para o diretor artístico do Inhotim e curador da mostra, Rodrigo Moura, Andujar está entre os raros artistas que conseguem, de forma poética, atribuir engajamento ao trabalho artístico. “A singularidade e a potência da trajetória de Claudia Andujar vêm da
construção de um trabalho com um poder efetivo de intervenção no real, porém feito de costas para o sistema de arte do Brasil. De certa maneira, seu trabalho diz que esse encontro com outro, essa busca da arte para a constituição da identidade, tanto do autor quanto daquele que é fotografado, só é possível se dar fora de um sistema codificado e de interesses imediatos, como mercado e celebridade. Essa visão ética é uma fonte de inspiração para as novas gerações”, avalia. Além das fotografias, fazem parte da mostra publicações de época, livros da artista e o documentário “A estrangeira”, produzido pelo Inhotim com direção de Moura. A partir de quatro entrevistas, realizadas em São Paulo, no Instituto e na aldeia Demini, no Amazonas, o filme conta a trajetória de Anjudar, desde a infância tumultuada pela Segunda Guerra Mundial até o envolvimento com os Yanomami e a causa indígena.
Fotógrafo abandona concurso após descoberta de manipulação Um fotojornalista teve sua candidatura retirada do mais prestigioso concurso australiano de fotografia após descobrirem que ele havia utilizando a ferramenta cloning do Photoshop para retirar um pedaço de palha que estava “atrapalhando” a sua foto. A Fundação Walkey anunciou em Novembro que o fotógrafo David Caird, da News Corp, retirou voluntariamente sua candidatura para o Nikon-Walkley Awards para “fotógrafos de imprensa do ano” após ser nomeado como um dos finalistas. A foto que teria sido alterada mostra um bebê gorila Kimye do zoológico de Melbourne (Austrália). A foto foi apenas uma das imagens submetidas para o concurso, como parte de um conjunto de trabalhos de Caird. A manipulação da foto passou aparentemente desper-
cebida até que foi descoberta por outro fotógrafo anônimo que havia tirado praticamente a mesma foto no mesmo momento. Mas na foto do fotógrafo anônimo, aparecia um pedaço de palha próximo a cabeça do filhote. Fazia parte das regras do concurso que algumas formas de manipulação de imagens não seriam aceitas, entre elas estava o cloning, então o fotógrafo anônimo alertou à Walkey sobre sua foto um tanto suspeita. Caird logo retirou sua candidatura para o título de fotógrafo de imprensa do ano de 2015 da Nikon-Walkey. “Foi uma pequena violação em uma única foto”, escreveu a fundação Walkley. “Porém a integridade no processo de julgamento da Walkley é fundamental e a retirada da candidatura demonstra o comprometimento de David com este ideal.”
A foto de cima, submetida por Caird, não mostra o pedaço de palha, que teria sido removido digitalmente
Fotógrafa salva criança durante cobertura de casamento Para muita gente, os preparativos para um casamento significam meses de planejamento e estresse. O dia em si, é mais relaxante e o casal pode ser perdoado por não notar qualquer coisa que aconteça além da troca de votos com o parceiro. Felizmente para um menininho de cinco anos, a fotógrafa de um casamento em uma praia na África do Sul desconcentrou-se do casal apenas o tempo suficiente para perceber que algo muito grave estava acontecendo na beira da água. A fotógrafa Chantelle Botha relatou ao MailOnline que ela e seu colega da CC Fotografia preparavam-se para o “sim” de seus clientes quando tiveram uma vontade súbita de olhar para trás, em direção ao Oceano Índico. “Eu vi duas crianças arrastando o corpo de uma criança menor para fora do mar. Foi o tempo de largar minha
câmera, sussurrar ao meu colega que voltaria logo e correr”, conta Botha. “Quando cheguei até o menino ele não tinha pulso. Chequei suas pupilas e ele estava espumando pela boca. Limpei suas vias aéreas e iniciei as compressões. Levei 15 minutos até poder detectar uma pulsação fraca.” Neste ponto o salva-vidas assumiu e Botha voltou para ajudar seu colega na cobertura do casamento. Por incrível que pareça os noivos não estavam cientes do drama que se passava na beira da água enquanto trocavam vo-
tos e alianças. “Eu não sei o que me levou a parar de tirar fotos e me virar – eu estava ocupada trabalhando e era um momento crucial da cerimônia, onde eles estavam prestes a dizer o sim”. “Continuei com meu trabalho assim que o menino ficou nas boas mãos do salva-vidas. Eu não acho que o casal feliz tinha noção do que acontecia durante a cerimônia – Trabalhei na recepção depois e foi como se nada tivesse acontecido.” O marido da fotógrafa trabalha como paramédico e ela o tinha visto executar o CPR várias vezes, mas nunca tinha feito sozinha. Ela é uma socorrista, e esta foi a primeira chance de colocar seu treinamento em prática para salvar uma vida. No momento em que ela conseguiu verificar um pulso, ela disse: “Foi um sentimento incrível, me senti cheia de alívio.” Dezembro 2015 - 11
Panorama Este livro pop-up se transforma em uma câmera de verdade Após meses de aperfeiçoamento, a artista Kelli Anderson criou um livro pop-up intitulado “This Book is a Camera” (Este livro é uma câmera). Como você pode imaginar pelo título, o livro contém uma câmera pop-up que funciona de verdade. “Eu queria fazer uma câmera funcional dentro de um livro educativo – que liga os pontos entre as funcionalidades do design e da ciência”, declara Anderson. Este livro faz exatamente isso – ele explica e demonstra como a câmera utiliza a luz para produzir uma fotografia. Dentro do livro há instruções detalhadas e um pacote de papel fotográfico Ilford preto e branco. Abrindo o livro surge uma câmera entre as páginas. Fechando as abas nos cantos superiores a câmera fica no formato de caixa. A partir daí é fotografia pinhole básica: é só carregar a câmera com papel ou filme no escuro, abrir o obturador quando você quiser expor a foto e revelar o papel ou o filme. Com papel fotográfico preto e branco, você pode tirar um negativo e depois invertê-lo digitalmente para obter a imagem final. “This Book is a Camera” é uma publicação independente de Anderson, e pode ser comprado por US$ 29 em seu site. Se você gosta de projetos DIY, Anderson generosamente disponibilizou o design de sua câmera em PDF gratuitamente por uma licença Creative Commons. Acesse: http://bit.ly/book-camera.
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Como fica uma câmara após enfrentar temperaturas de -25º C Para o projeto One Day on Earth em 2012, que propunha a documentação de um dia na Terra por todo o mundo, o fotógrafo Alessandro Della Bella decidiu realizar um timelapse do céu nos Alpes suíços. Foi no dia 12 de dezembro, em um período do ano
onde as temperaturas noturnas a mais de 3400 metros são extremas. Durante essa noite, Alessandro utilizou 5 câmaras que tiveram de enfrentar temperaturas de -15º C a -25º C. Felizmente, as câmaras não apresentaram problemas durante a cap-
tação de imagens nem depois. O maior problema aconteceu com as baterias: tiveram de ser trocadas frequentemente e aquecidas, porque em temperaturas negativas, as suas performances estavam muito limitadas. Veja algumas imagens das câmaras:
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Panorama
MEMÓRIA
Fotógrafo recupera negativos e refaz memória de pessoas que perderam lembranças em tragédia
Moradores que perderam tudo no desastre de Mariana, na Região Central de Minas, estão tendo a chance de recuperar parte da memória de um passado que acreditavam estar totalmente enterrado pela lama. A pedido das vítimas, fotógrafos profissionais e donos de estúdio da cidade histórica estão conseguindo recuperar negativos antigos de fotografias e reconstituindo álbuns de casamentos, batizados e festas de 15 anos de antigos clientes dos subdistritos de Paracatu de Baixo e Bento Rodrigues. Élcio Rocha, de 52 anos, que é fotógrafo desde os 15, já foi procurado por sete pessoas. Por sorte, os negativos de cinco delas haviam sido salvos de uma infiltração que danificou grande parte do arquivo, há seis anos. Todo o material está identificado por nomes e datas. Os álbuns de casamento serão refeitos e doados pelo fotógrafo, que decidiu não cobrar nada pelo trabalho. “Tudo que eu puder fazer para diminuir um pouco a dor dessas pessoas, vou fazer. Se esse tipo de recordação não tem preço para elas, para mim também não vai ter”, disse Élcio. A dona de casa Luciene Araújo Lopes da Silva, de 37, tem esperança de conseguir refazer o seu álbum de casamento, que aconteceu há 15 anos, em Paracatu de Baixo. “Meu álbum, o DVD com a filmagem, a lama levou a casa com tudo dentro”, lamenta. Ela conta que visitou uma única vez os escombros da antiga residência e seu maior desejo era localizar o álbum de casamento. “Achamos muitas 14 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 3
coisas, menos as fotos. O freezer foi parar dentro do rio. Meu marido tinha matado um boi para comemorar o aniversário de 11 anos da nossa filha, que foi agora no dia 25. A carne foi embora junto com os refrigerantes”, comentou. Na pressa de fugir da lama, o marido dela, o lavrador José Geraldo Marcelino, de 42, saiu correndo usando apenas uma bermuda, sem camisa. A filha do casal, Luciele Aparecida, só se preocupou em salvar a sua máquina fotográfica digital, com as últimas fotografias que havia feito do lugar. “O sonho dela sempre foi ser jornalista”, disse a mãe, demonstrando orgulho. Emoção O casamento de Luciene foi registrado por dois fotógrafos na cidade, Élcio Rocha e Maria Clara Celestino Souza. A esperança dela é que os
seus negativos ainda estejam com Élcio. Já Maria Clara abandonou a profissão há dois anos para abrir uma ótica. “Infelizmente, me desfiz de todo o material”, lamenta ela, que jogou fora 40 anos de histórias. Élcio conta que desde 2005 começou a fazer apenas fotos digitais e que todo esse material está preservado. O fotógrafo, que é dono de um estúdio na Rua Direita, no Centro de Mariana, se emociona ao falar sobre a recuperação das fotos: “Recuperar uma parte da memória dessas pessoas é muito gratificante para mim. Estou muito feliz em saber que vou conseguir reconstruir para da história de vida dessas pessoas. Carro, casa, tudo isso que perderam eles conseguem adquirir de novo, mas memória a gente não imprime”. Do G1
Getty Images lança galeria com os principais acontecimentos que marcaram o Brasil em 2015 A ação faz parte do Year in Focus, curadoria especializada das imagens de notícias e eventos determinantes que tiveram destaque neste ano Líder mundial do segmento de comunicação visual, a Getty Images acaba de lançar seu Year in Focus 2015, curadoria especializada das imagens e vídeos das notícias e eventos determinantes do ano. A novidade é que o Brasil ganhou uma galeria exclusiva (disponível em http://gtty. im/1NlR90P), preparada pelos três fotógrafos que a empresa mantém no país: Matthew Stockman, Buda Mendes e Mario Tama. “As imagens oferecem um vislumbre da vida de outros seres humanos, mas também paralisam, confrontam e fazem pensar”, afirma Jonathan Klein, cofundador e chairman da Getty Images, sobre a seleção internacional. Neste ano, os fotógrafos premiados da Getty Images cobriram mais de 130 mil eventos de notícias, esportes e entretenimento ao redor do globo. O Year in Focus registra o melhor do melhor, exibindo os momentos mais importantes de 2015 tanto no noticiário mundial quanto nas celebrações e obituários de arquivo. Da compilação brasileira fazem parte acontecimentos como os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, em Palmas, e a Regata Internacional de Vela, no Rio de Janeiro. Dentre os eventos de UFC que ocorreram no país, estão imagens da luta en-
tre Wendell Oliveira e Darren Till, em Goiânia, e entre Ronda Rousey e Bethe Correia, no Rio de Janeiro. Futebol está presente com cliques do Brasileirão. Além disso, diversas imagens do Rio de Janeiro mostram desde a poluição na Guanabara até eventos esportivos preparatórios para os Jogos Olímpicos do próximo ano. Por fim, o registro de várias manifestações marcam o ano brasileiro, como os protestos de 15 de março e 16 de agosto contra a presidente, as declarações de apoio após os ataques no Charlie Hebdo, e um protesto sobre o rompimento da barragem em
Mariana. Na seleção internacional há imagens fortes da crise de migração europeia, dos ataques em Paris no início e fim de ano, do terremoto no Nepal e da explosão em Tianjin, na China. Momentos deslumbrantes desde o festival de cinema de Cannes, as semanas de moda internacionais e a Copa do Mundo de Rubgy são apresentados ao lado de imagens comoventes que recordam o bombardeio de Hiroshima e a fala de Martin Luther King Jr. na marcha dos direitos civis em Montgomery, no estado americano de Alabama.
Para ver a curadoria completa com imagens de todo o mundo, acesso o site www.gettyimages.com/yif. Dezembro 2015 - 15
Mercado Top 10 câmeras mais usadas por brasileiros no Shutterstock A Shutterstock, líder no fornecimento de imagens comerciais, revelou quais foram os 10 modelos de câmeras mais utilizados por colaboradores brasileiros para submeter imagens na plataforma em 2014. A empresa obteve esses números ao extrair os dados EXIF (Exchangeable Image Format) de milhares de fotos enviadas, o que possibilita a identificação das câmeras fotográficas preferidas. Com mais de 500 milhões de downloads, a Shutterstock recebe fotos de fotógrafos de 150 países. O Brasil está se destacando e aumentando sua presença no banco de imagens.
Demanda por imagens multiculturais cresce no mundo Em Agosto, a Shutterstock, lançou um infográfico para mostrar como a demanda por imagens de pessoas tem mudado ao longo dos anos, representando uma linha muito mais autêntica, real e multicultural. As análises das buscas e downloads no banco de imagens revelaram como as empresas, anunciantes e agências de marketing estão trazendo o elemento humano cada vez mais para sua realidade. Em 2012, pela primeira vez na Shutterstock, uma imagem multicultural entrou para os “25 Top Downloads de Pessoas”. Este ano, esta lista de downloads inclui cinco imagens de pessoas de etnias diferentes. Ao explorar dados sobre gênero, descobrimos também que o download de imagens de homens e mulheres cresceram no mesmo ritmo ano após
ano; no entanto, imagens masculinas foram escolhidas duas vezes mais do que femininas. Outro dado interessante é que a busca por imagens de pessoas transexuais está crescendo
cada vez mais desde o ano passado – cerca de 100 países baixaram pelo menos uma imagem de uma pessoa transgênera no primeiro semestre deste ano.
Veja o infográfico completo: www.resumofotografico.com/info-shutterstock-2015 16 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 3
Foto com Billy the Kid é avaliada em 5 milhões de dólares Uma fotografia comprada por 2 dólares em uma loja de quinquilharias e antiguidades em Fresno, Califórnia (EUA), foi analisada por especialistas, que confirmaram a presença do criminoso Billy the Kid jogando cróquete com comparsas. A foto passou a ser avaliada em US$ 5 milhões de dólares. A imagem foi adquirida por um colecionador e submetida à análise da Kagin’s Inc, empresa especializada em numismática. Após um ano de estudos, foi comprovada a autenticidade da foto de aproximadamente 13x10 cm, tirada no verão de 1878 no que acredita-se ser um casamento. O criminoso aparece jogando cróquete com vários integrantes de sua gangue, conhecida como “The Regulators” (Os Reguladores). A única outra foto em que Billy the Kid aparece da qual se tem notícia foi feita em 1880 em Fort Sumner, no Novo México. Com dimensões de cerca de 5x8 cm, a imagem foi vendida por US$ 2,3 milhões em 2010, de acordo com a Kagin’s.
Detalhe da fotografia mostra o criminoso Billy the Kid (esq.) jogando cróquete com comparsa
Lucro da Canon tem queda de 21% no trimestre Em Outubro, a Canon anunciou seus resultados trimestrais, revelando que seu lucro operacional para o trimestre (~ $ 665.000.000) caiu 21% em relação ao ano passado e que a receita total caiu 4,5%. Ao mesmo tempo, a empresa elevou sua estimativa para o ano inteiro, devido a uma queda no valor do iene japonês. Uma mudança no panorama das câmeras digitais tem sido o motivo do enfraquecimento nas vendas da Canon. A evolução dos dispositivos de imagens dos smartphones está causando uma queda na demanda dos
consumidores por câmeras compactas, enquanto as câmeras mirrorless estão tomando a cota de mercado das câmeras DSLR, que têm margens de lucro mais elevadas. Aparentemente, os fotógrafos que que têm migrado das câmeras DSLR para câmeras mirrorless não estão escolhendo a Canon. A empresa anunciou recentemente uma nova câmera da linha mirrorless EOS M, a Canon M10, e planeja se concentrar neste segmento a partir de 2016.
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Mercado Nova política mundial da Reuters proíbe fotos em RAW A Reuters implementou uma nova política mundial para fotógrafos freelance que proíbe fotos processadas a partir de arquivos RAW. A partir de agora, os fotógrafos devem enviar apenas fotos salvas originalmente em suas câmeras como JPEG. O anúncio foi feito essa semana aos fotógrafos freelance por esse breve e-mail do editor de fotos da Reuters: “Eu gostaria de fazer um pedido aos nossos colaboradores freelance em virtude de uma mudança de política no mundo inteiro. Futuramente, por favor não enviem à Reuters fotos processadas a partir de arquivos RAW ou CR2. Se quiserem capturar fotos raw, não há problema, basta capturarem JPEGs ao mesmo tempo. Enviem apenas as fotos originalmente em JPEG, com o mínimo de processamento (corte, correção de nível, etc).” Um porta-voz da Reuters disse que a decisão foi tomada para aumentar tanto a ética quanto a velocidade de transmissão. “Como testemunhas
de eventos cobertos por jornalistas dedicados e responsáveis, as fotos da Reuters devem refletir a realidade. Ao mesmo tempo em que buscamos fotos da mais alta qualidade estética, nosso objetivo não é interpretar artisticamente a notícia.” A restrição que permite apenas JPEGs originais também reduzirá o tempo que as fotos levam da câmera até o cliente, diz a Reuters. “Velocidade também é muito im-
portante para nós. Portanto, pedimos aos nossos fotógrafos que deixem para trás processos trabalhosos e demorados para que nossas fotos cheguem mais rapidamente aos nossos clientes.” Fotos RAW permitem mais flexibilidade no pós-processamento; então, com base na nova política, parece que a Reuters considera fotos processadas a partir do formato RAW mais suscetíveis de distorção da verdade
Aumento no número de assinantes da Creative Cloud duplica os lucros da Adobe A Adobe anunciou no começo de dezembro seus resultados trimestrais: a empresa superou as expectativas do mercado dobrando os lucros de um ano para cá graças ao crescimento dos assinantes da Creative Cloud. Parece que a mudança do software em caixa para os planos de assinatura digitais trouxe êxito para a empresa. A empresa teve 833.000 novos assinantes da Creative Cloud no quarto trimestre deste ano, um número bem maior do que os analistas esperavam. 52% dos clientes pagam $50 18 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 3
por mês pelo plano “All Apps” completo, e o resto paga por aplicativos individuais — o Lightroom CC é o que cresce mais rapidamente. “Seu crescimento é grande assim porque está atraindo novos usuários… amadores, consumidores e pessoas que nunca tinham comprado os produtos Creative, portanto expandiu nossa oportunidade de mercado,” disse à Reuters Mark Garrett, diretor financeiro da Adobe. A receita de negócios de mídia e da Creative Cloud da Adobe saltou
35% para $875,3 milhões, a receita total aumentou para $1,31 bilhão, e o lucro líquido saltou para $222,7 milhões, um aumento de $88,1 milhões de um ano para cá.
Playboy encerra a publicação de fotos de mulheres nuas A revista Playboy anunciou no dia 12 de outubro o fim da publicação de fotografias de de nu feminino. Lançada em 1953 com um ensaio de Marilyn Monroe, a publicação está à procura de uma nova imagem, diante dos sites pornográficos que oferecem conteúdo gratuito. Em agosto de 2014, a Playboy já havia removido de seu site todas as fotos nuas, o que fez com que a média de idade de seus leitores passasse de 47 a 30 anos, e o número de visitas aumentasse quatro vezes, de 4 a 16 milhões por mês. No Brasil No dia 19 de novembro, a editora Abril anunciou que decidiu pelo fim da publicação da versão brasileira da revista. A Playboy é editada no Brasil há 40 anos. Em comunicado, a Abril informou que a retirada de circulação da
revista dá “continuidade à estratégia de reposicionar-se focando e dirigindo seus esforços e investimentos às necessidades dos leitores e do mercado”. No dia 7 de dezembro, a Playboy
Enterprises anunciou que assinou com a PBB Entertainment, empresa recém-formada,um novo contrato de licenciamento para relançar a revista no Brasil, nas versões impressa e digital.
Número de pessoas fotografando aumentou em 8 vezes nos últimos 10 anos As vendas de câmera não andaram tão bem nos últimos anos, mas o número de pessoas fotografando aumentou. Enquanto a indústria dedicada às câmeras tem passado por anos de baixa, os smartphones transformaram todos em fotógrafos ocasionais: atualmente há 8 vezes mais gente tirando foto no planeta do que há dez anos. Esta nova categoria de fotógrafo amador foi descrita com base em um novo relatório publicado por uma empresa de pesquisa de marketing, a Futuresource Consulting, que entrevistou 4.251 pessoas em 6 países (EUA, Reino Unido, França, Alemanha, Canadá e Austrália). A última estimativa é que hoje existam mais de 4 bilhões de pessoas
fotografando no mundo, criando 1.2 trilhões de fotos por ano, a grande maioria a partir de câmeras de smartphones. De acordo com a pesquisa da Futuresource 79% dos usuários
de smartphones clicam regularmente com eles, no entanto, as câmeras possuem atrativos que deixam as pessoas tentadas a migrar para elas – ou seja, sensores e lentes maiores. Dezembro 2015 - 19
Fofografar
deixa você mais
sexy
Estudo sugere que criar fotografias artísticas deixa as pessoas mais atraentes sexualmente Uma pesquisa realizada pela Universidade da Pensilvânia. nos Estados Unidos, apresenta a ideia de que algumas áreas da criatividade são mais atraentes sexualmente do que outras. Durante o estudo, foi pedido para que 815 participantes (principalmente mulheres jovens) classificassem 43 comportamentos criativos de acordo com quão sexualmente atraentes lhes parecia. “Criar fotografias artísticas” apareceu em sétimo lugar dentre os dez comportamentos criativos mais sexy. “Para ambos os homens e mulheres, em média, formas estéticas 20 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 3
e ornamentais de criatividade foram consideradas mais atraentes sexualmente do que as formas tecnológicas e aplicadas de criatividade”, diz o psicólogo Barry Scott Kaufman, em seu texto para a Scientific American. Obviamente existem algumas falhas no sistema de analise: os participantes eram quase 100% mulheres, e todas muito jovens, com uma idade média de 24 anos. Kaufman reitera que, embora exista uma classificação definitiva, “o encontro assertivo” é algo muito real, o que traduzindo para a linguagem popular quer dizer: há uma tampa para todo tipo de panela.
Trabalho dos sonhos!
Fotógrafa viaja o mundo como instagrammer profissional iajar o ano inteiro, fotografar e ganhar dinheiro para postar imagens no Instagram, parece o emprego dos sonhos, não é mesmo? E é assim que Lauren Bath pode definir. Aos 33 anos, Lauren abandonou seu emprego de chef em um restaurante na Austrália para se tornar uma Instagrammer Profissional – profissão cada vez mais ascendente, tanto no Brasil quanto ao redor do mundo. Confira um pouco mais sobre o trabalho da australiana. O Instagrammer Profissional é pago por empresas e Órgãos Governamentais, que promovem destinos turisticos, para viajar, conhecer o local, capturar belas imagens e postá-las em seu perfil no Instagram. Durante seu tempo como chef no restaurante, Lauren acumulou quase 200.000 seguidores, agora, em sua nova profissão, o número já chega à 368 mil. Em entrevista ao site australiano News, ela contou que aderiu à plataforma em agosto de 2011, e, até então, fotografava apenas com seu
iPhone. “Eu me demiti pois vi potencial no Instagram, tinha dinheiro guardado para viajar e explorar a fotografia por seis meses, mas um dia me demiti, vi três oportunidades de trabalho em meu e-mail e comecei imediatamente”, contou. Lauren aconselha seguir perfis diferenciados, como chance de crescer na plataforma; conhecer diversos nichos e interagir com essas pessoas é uma das melhores formas de divulgar seu trabalho, não deixe de seguir o perfil dela. E você, já pensou na carreira de Instagrammer Profissional? Tudo indica que a rede social veio para ficar, pelo menos por mais alguns anos, e o investimento pode valer a pena, afinal, fotógrafos como Lauren Bath, Paulo Del Valle e Liz Eswein estão faturando verdadeiras fortunas para viver um emprego dos sonhos. O medo de deixar tudo para trás e seguir em uma aventura pelo mundo é grande, mas as oportunidades trazidas pela profissião, só tendem a aumentar o portfólio e as habilidades de cada fotógrafo.
Artigo publicado em parceria com a FastCom Dezembro 2015 - 21
Sem Photoshop Fotografia de 1902 é um dos exemplos mais antigos de manipulação de imagem A foto do General norte-americano Ulysses S. Grant montado em seu cavalo, em frente a um grande numero de soldados é na verdade uma montagem com 3 fotos. A foto, encontrada no catalogo da Galeria do Congresso americano, é atribuída ao fotógrafo Levin Corbin Handy, sobrinho (por casamento) do fotógrafo da guerra civil Matthew Brady. Handy trabalhou no final do seculo 19 e inicio do seculo 20 fazendo retratos e prestando serviços ao exercito americano. Essas são as fotos utilizadas para a montagem da imagem acima: A cabeça é de um retrato do general Grant de 1864, feita pelo fotografo Edgar Guy Fowx. O cavalo e corpo
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do cavaleiro são de uma foto do major general Alexander M. McCook, de 1864. E por ultimo, o fundo é de uma foto de 1864, dos prisioneiros Confederados capturados na batalha de Fisher’s Hill, na Virginia. Handy herdou os negativos do renomado fotografo Mattew Brady após sua morte em 1896, e começou a licenciar seu uso em diversas publicações. Para atender a demanda por fotografias, ele começou a criar novas imagens que entortaram linha entre o real e imaginação. E assim ele criou essa bizarra imagem que nunca existiu, do General Grant posando em cima de um cavalo, com o corpo de outra pessoa.
A foto acima foi criada com a junção de três outras, abaixo.
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The Rain Maker Uma obra prima em colódio úmido
Enquanto vivemos em uma época de excesso de imagens, o fotógrafo holandês Alex Timmermans constrói minuciosamente cada aspecto de suas fotografias antes de clicar, sem qualquer retoque posterior. Auto-didata, ele se especializou na técnica do colódio úmido, desenvolvida em 1851. Nas últimas semanas ele trabalhou na construção de uma fotografia intitulada “The Rain Maker” (o fazedor de chuva em tradução livre). A imagem fantástica apresenta um personagem misterioso que possui o dom de fazer chover. Para criar a cena, Timmermans encontrou uma estufa antiga que havia sido inundada e pediu per-
missão para usá-la para sua ideia. Ele confeccionou algumas nuvens e uma construção de tubos e mangueiras para que elas realmente derramassem chuva durante as sessão. Segundo Timmermans, o primeiro resultado não foi um sucesso - “as condições meteorológicas não eram boas e de alguma forma a placa não era interessante o suficiente”. Durante a segunda sessão, tudo funcionou perfeitamente. Ele usou uma placa de 26,5 × 26,5 centímetros e uma lente Petzval Dallmeyer 16 antique em f / 5.6 com uma exposição de 2 segundos.
Veja o making of: www.resumofotografico.com/the-rain-maker
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Os domadores de águias O fotógrafo da Getty Images Kevin Frayer acompanhou o tradicional festival cazaque de caça com águias nas montanhas do noroeste da China O festival de caça com águias, realizado nas montanhas de Qinghe County, Xinjiang, noroeste da China, foi organizada pela comunidade de caçadores locais, em um esforço para promover e desenvolver as práticas
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tradicionais de caça para as novas gerações. A formação e manejo das grandes aves de rapina segue um rigoroso conjunto de regras antigas que os caçadores cazaques esperam preservar para as gerações futuras.
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Kate Moss 30 anos de carreira Annie Leibovitz, 1999
A modelo Kate Moss soma 30 anos de carreira e há 27 que posa para os mais conceituados fotógrafos do mundo. Para uma exposição de fotografia que chega a Londres nesta quarta-feira (25), a modelo britânica, de 41 anos, elegeu 11 de seus melhores retratos feitos ao longo dos anos. Em muitos deles a modelo aparece completamente nua. Entre a rara seleção Moss aparece 30 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 3
coberta por jóias em uma foto de Annie Leibovitz para capa da “Vogue” norte-americana, em 1999. A fotografia mais famosa da exibição foi tirada em 1993, por Mario Sorrenti para a Calvin Klein. a uma das primeiras sessões fotográficas que Moss protagonizou , e na qual surge de perfil, com o cabelo molhado e com os seios expostos.
A foto mais famosa de Kate foi tirada em 1993, por Mario Sorrenti para a Calvin Klein Dezembro 2015 - 31
Forte é o novo bonita Por Juliana Foini Kate T. Parker é fotógrafa e mãe de duas filhas, Alice e Ella. Em seu novo trabalho, chamado ‘Strong is the New Pretty’ (‘Forte’ é o novo ‘bonita’, em tradução livre) ela encoraja as filhas, de 5 e 8 anos, a serem fotografadas em seu cotidiano, deixando de lado a necessidade de se embelezar para isso. Essa foi a maneira que a fotógrafa encontrou de incentivá-las a fugir dos estereótipos que são impostos às garotas e enaltecer suas qualidades e diferenças. É rara a aparição de bonecas e roupas cor de rosa na série, que é cheia de energia e relata o que significa ser uma menina nos dias atuais. O resultado é um trabalho belíssimo e incentivador, com uma mensagem muito importante para todas as garotas, de todas as idades: “você não precisa ser bonita e perfeita para ser amada, ser forte é ser você mesma e amar quem você é”.
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Para conhecer mais sobre o trabalho de Kate, acesse: www.katetparkerphotography.com Dezembro 2015 - 35
Sharon Stone por Mark Abrahams A atriz Sharon Stone, aos 57 anos, foi fotografada por Mark Abrahams em um ensaio de nu para a edição de setembro da revista americana Harper’s Bazaar. Na série de imagens em preto e branco, ela “veste” apenas joias e sapatos assinadas por marcas de grande nome, como Bulgari e Cartier.
Para conhecer mais sobre o trabalho de Mark Abrahams, acesse: www.markabrahams.com.
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Legenda
Sébastien van Malleghem Lucas Dolega
No dia 17 de janeiro, o fotógrafo belga Sébastien van Malleghem venceu, a quarta edição do Prêmio de Fotojornalismo Lucas Dolega, com a série “Prisons”, projeto auto-financiado em que Van Malleghem registrou o interior de uma dúzia de prisões. Van Malleghem é fotógrafo e escritor freelance nascido na Bélgica, em 1986. Formou-se em fotografia pela Escola de Artes “75”, em Bruxelas, em 2009, dirigiu uma fotografia engajada trabalhando há vários anos sobre Site 38 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 3
o tema da justiça na Bélgica, bem como em toda a Europa. De 2008 a 2011, ele fotografou o dia a dia dos inspetores de polícia em suas relações com os cidadãos. Desde 2011, Sebastian continua este trabalho sobre o sistema judicial fotografando a vida dentro da prisão. Seu primeiro livro “Polícia”, lançado no Yellow Agora edições, foi publicado em Janeiro de 2013.
Legenda
Emmanuel Lubezki Oscar
O diretor de fotografia mexicano Emmanuel Lubezki foi o ganhador do Oscar de melhor fotografia da 87ª edição do prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, pelo filme “Birdman”, em cerimônia realizada na noite de domingo (23). Na semana passada, Lubezki já havia vencido o prêmio do Sindicato dos Cinematógrafos. Esse foi o segundo Oscar do cineasta, que venceu no ano passado por por “Gravidade” e já foi indicado
em outras 5 oportunidades: Em 1996 por “A Princesinha”, em 2000 por “A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça”, em 2006 por “O Novo Mundo”, em 2007 por “Filhos da Esperança” e em 2012 por “A Árvore da Vida”.
Veja todas as imagens vencedoras: www.dronestagr.am/contest. Dezembro 2015 - 39
Premiados
Legenda
Ricardo Matiello Drone Aerial Photography Contest
O maringaense Ricardo Matiello foi o vencedor do 2015 Drone Aerial Photography Contest, concurso que premia as melhores fotografias realizadas com drone. Ele venceu na categoria Lugares, com a imagem da catedral de Maringá envolta em névoa. O prêmio é uma parceria entre o Dronestagram e a Revista National Geographic e recebeu mais de 5 mil inscritos. Os vencedores terão suas obras publicadas nas páginas da National Geographic. Veja todas as imagens vencedoras: www.dronestagr.am/contest. 40 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 3
Legenda
Manish Mamtani ND Popular Choice Award Mamtani estava no parque nacional de Yosemite, quando fez este belo registro da lua cheia entre duas rochas. A imagem intitulada ‘The Moonrise’ lhe rendeu o prêmio de 500 dólares e o título ND Popular Choice Award 2014. “Eu estava fora, em Yosemite, para o Natal e estava nevando o tempo todo. Após 2 dias de neve, finalmente, o céu clareou em Yosemite. Cheguei a Valley View, no parque nacional de Yosemite, logo após o pôr do sol. De-
cidi ficar para tirar algumas fotos sem saber que se tratava de uma noite de lua cheia e que a lua surgiria entre EL Capitan e Cathedral Rocks. Foi uma das mais belas vistas que já vi na minha vida.” - descreveu Mamtani. Um total de 1.987 votos foram computados da edição deste ano.
Confira os demais participantes, que receberam menção honrosa: http://bit.ly/nd-awards-2014. Dezembro 2015 - 41
Premiados
Helder Santana
World Wetlands Day Youth Photo Contest O fotógrafo Helder Santana, de 23 anos, foi o vencedor do concurso internacional de fotografia. World Wetlands Day Youth Photo Contest, que reuniu registros de lugares alagados. Ele dividiu o primeiro lugar com a italiana Francesca Negrini, de 17 anos. Na página oficial do concurso, os jurados descrevem a fotografia de Helder como “uma combinação perfeita de movimento e luz”. A imagem foi feita em Limoeiro, num trecho do Rio Capibaribe. O garoto retratado é um cuidador de cavalos conhecido da região. “Senti uma emoção estranha, me pareceu algo muito surreal, a ideia de vencer uma competição internacional de fotografia com uma foto feita aqui tão perto, de uma cena tão simples e corriqueira pra grande parte de nós pernambucanos. É um orgulho imenso o que sinto, e acredito que ainda vou sentir muito mais coisa depois que a ficha realmente cair!” - contou Helder em entrevista ao Diário de Pernambuco. O fotógrafo recebeu como prêmio uma câmera compacta Hasselbad Stellar.
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Premiados
Legenda
Domingos Peixoto Prêmio Rei da Espanha O fotógrafo brasileiro Domingos Peixoto, de 50 anos, foi o vencedor do Prêmio Internacional Rei da Espanha, com a série de fotos “Crime à liberdade de imprensa” publicadas em Fevereiro de 2014. As imagens mostram o cinegrafista Santiago Andrade, da Rede Bandeirantes, sendo atingido por um rojão lançado por manifestantes durante um protesto contra a alta das tarifas dos ônibus no Rio de Janeiro. O júri destacou a habilidade do fotógrafo no Site 44 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 3
momento exato da explosão da bomba que causou a morte do cinegrafista e reconheceu o risco que em algumas ocasiões colocam em perigo a vida dos jornalistas. Esta foi a segunda vez que Peixoto, que trabalha para o jornal O Globo, ganhou o Rei da Espanha. A primeira vez foi em 2003 com uma foto intitulada “Retrato do desemprego”. Em Novembro do ano passado, ele venceu também o Prêmio Esso de Fotografia.
Jon e Alex, um casal gay, durante um momento íntimo em um apartamento em São Petersburgo, Rússia
Mads Nissen World Press Photo Fotógrafo dinamarquês vence a edição do World Press Photo 2015 com foto que mostra Jon, 21, e Alex, 25, casal gay, durante um momento íntimo. A foto trata da questão das lésbicas, gays, bissexuais ou transgêneros (LGBT) na Rússia. O país reprime estas orientações sexuais e as minorias enfrentam discriminação legal e social, assédio e ataques de crimes de ódio, mesmo violentas de grupos religiosos e nacionalistas conservadores.
Mads Nissen nasceu na Dinamarca em 1979. Depois de se formar em 2007 em fotojornalismo pela Escola Dinamarquesa de Jornalismo, mudou-se para Xangai para documentar as consequências humanas e sociais no processo de ascensão econômica da China. Em 2009, ele foi selecionado para o Joop Swart Masterclass. Depois de trabalhar na China para publicações como Time, Newsweek, Der Spiegel e Stern, ele retornou ao seu país de origem, onde reside atu-
almente.
Veja mais fotos: www.worldpressphoto.org/collection/photo/2015. Dezembro 2015 - 45
Premiados
Legenda
Mustafah Abdulaziz Syngenta Photography Award O fotógrafo americano Mustafah Abdulaziz foi o grande vencedor da categoria profissional do concurso internacional Syngenta Photography Award, cujo tema foi escassez e desperdício. Um dos maiores desafios que enfrentamos hoje em um mundo de recursos cada vez mais limitados. Seu ensaio, intitulado ‘Water’, é descrito como uma exploração fo-
tográfica de um recurso natural em crise. Suas imagens documentam as causas e efeitos do surto de cólera em Serra Leoa, descrevendo o papel da água, um elemento essencial da vida que nem sempre pode ser confiável. Os vencedores foram escolhidos entre mais de 2.000 inscrições de fotógrafos de mais de 100 países, se-
Veja a exposição online: scarcitywaste.syngentaphoto.com. 46 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 3
lecionados por sua qualidade artística e técnica fotográfica, essas respostas instigantes e poderosa para o assunto fornecer uma perspectiva única sobre a escassez, o desperdício e as tensões entre eles.
Legenda
Daniel Berehulak Pulitzer
O australiano Daniel Berehulak, fotógrafo freelancer do New York Times, foi o vencedor do prêmio Pulitzer de fotografia pela cobertura do surto de ebola na África. Em Fevereiro deste ano, Berehulak foi o vencedor do Prêmio George Polk e também do POYi - Pictures of the Year International. A editora de fotografias internacionais da revista TIME e presidente do
júri Alice Gabriner disse que se lembra como se sentiu afetada com a imagem poderosa que viu pela primeira vez no The New York Times. Ela disse: “Vai muito além da imagem. A fotografia faz você querer saber mais. E depois você descobre esta história incrível”. “A epidemia de ebola foi uma história muito poderosa no ano passado
e é por este motivo que escolhemos esta fotografia.” O premio para melhor fotografia na categoria ‘Breaking News’ foi para a equipe de fotógrafos do St. Louis Post-Dispatch pela cobertura das manifestações em Ferguson, Missouri, nos Estados Unidos.
Veja todos os vencedores: www.pulitzer.org. Dezembro 2015 - 47
Premiados
Legenda
Mauricio Lima
Pictures Of the Year Latin America O fotógrafo brasileiro Mauricio Lima foi eleito Fotógrafo do Ano pelo prêmio bienal POY Latam - Pictures Of the Year Latin America, um dos maiores e mais importantes da região ibero-americana. O prêmio recebeu mais de 31.100 fotos e 168 projetos multimídia inscritos por 1.300 fotógrafos de diversos países da América Latina e da Península Ibérica. A seleção de imagens do fotógrafo na página do concurso destaca seu trabalho nos protestos de 2013 em Site 48 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 3
São Paulo e no Rio, o contraponto da vida na Amazônia durante a Copa do Mundo, a vida e os costumes no Afeganistão e a guerra separatista na Ucrânia. O brasileiro também ficou em primeiro lugar na categoria Notícias, com a série que mostra a situação de conflito no leste da Ucrânia. Mauricio Lima, é considerado um dos 10 melhores fotógrafos do mundo pela revista Time. Desde 2001, ele documenta questões sociais e conflitos bélicos. O fotógrafo realizou trabalhos
em países como Afeganistão, Iraque, Israel, Líbia, Portugal e regiões palestinas.
Legenda
Michał Koralewski iPhone Photography Awards O iPhone Photography Awards, concurso internacional de fotografia por telefone móvel, anunciou os vencedores de sua oitava competição anual. O fotógrafo polonês Michał Koralewski foi o principal vencedor e eleito o fotógrafo do ano. Koralewski ganhou como melhor fotógrafo do ano com a foto Sounds of the Old Town (Sons da Cidade Velha, em tradução livre), que retrata um acordeonista mais velho tocando músicas tradicionais polacas na praça do
mercado de Varsóvia. Ele capturou a cena com um iPhone 5 equipado com uma lente foto COVR - uma lente de câmera deslizante que permite que as fotos sejam tomadas discretamente a partir da cintura. Como um fotógrafo amador, Koralewski aprecia a portabilidade e baixo perfil do dispositivo: “Eu tenho comigo o tempo todo. É rápido e está sempre pronto para usar de forma que eu quase nunca percoo momento fugaz “, disse em entrevista à Time.
“Se você quiser tirar uma boa fotografia, primeiro você precisa cortar as distrações em segundo plano e se concentrar nas partes essenciais do quadro. É especialmente importante se você tirar fotos com um smartphone “, diz Koralewski que também incentiva atenção à luz e experimentar com diferentes ângulos para diferentes perspectivas.
Vejas os demais vencedores: www.ippawards.com. Dezembro 2015 - 49
Premiados
Legenda
Don Gutoski
Wildlife Photographer of the Year O Museu de História Natural de Londres, no Reino Unido, anunciou os ganhadores do prêmio ‘Wildlife Photographer of the Year’ (Fotógrafo de Natureza Selvagem do Ano). O fotógrafo amador canadense Don Gutoski
foi o grande ganhador com sua foto de uma raposa vermelha com o corpo ensanguentado de uma raposa do Ártico em sua boca. A competição tem como objetivo destacar cenas incríveis encontradas
Confira as demais fotografias vencedoras: www.nhm.ac.uk. 50 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 3
na natureza, com foco no comportamento de animais ou em paisagens sublimes. Mais de 42 mil fotos foram enviadas de 96 países para competir em 18 categorias.
Legenda
Jean Souza Los trabajos y los días Jean Souza Lopes foi um dos vencedores do Concurso latino-americano de Fotografia Documental “Os Trabalhos e os Dias”, cuja premiação aconteceu no dia 7 de outubro, em Medellín, na Colômbia.
Lopes foi vencedor da categoria “Hombres Trabajadores” com a série “Bravos”, que retrata os homens que trabalham de forma rudimentar e extenuante na extração de cera de carnaúba no nordeste brasileiro.
Mais de 1.300 fotógrafos de 39 países participaram da edição de 2015. A exposição com as fotos vencedoras ocorre até 15 de novembro na praça de La Alpujarra, no Centro Administrativo de Medellín, na Colombia.
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Premiados
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Jackson Carvalho
Moscow International Fotography Awards O fotógrafo Jackson Carvalho, alagoano radicado em Caruaru, recebeu a medalha de ouro na categoria Advertising – Travel/Tourism no concurso Moscow International Fotography Awards – MIFA, na Rússia. A série premiada, intitulada Adventures in Savannah, foi realizada durante um safári em Port Elizabeth, na África do Sul, em 2010, e mostra um leão diante do pôr do sol. As imagens foram feitas com uma lente 400mm. Jackson recebeu ainda a medalha
de prata na categoria Fine Art Nudes e duas medalhas de bronze, nas categorias Archtecture – Bridges, e Advertising – Travel Tourism.
Veja todos os vencedores: moscowfotoawards.com. 52 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 3
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Sujan Sarkar Intrepid Photo Competition O fotógrafo indiano Sujan Sarkar foi o grande vencedor do Intrepid Photo Competition, realizado em Melbourne, na Austrália. Intitulada “Subtle Whimsy and Moody Colours” (Fantasia Sutil e Cores Alegres), a foto premiada mostra crianças brincando com um guardachuva em um rio de Cooch Behar, na Índia. Sarkar, ganhou um prêmio em dinheiro no valor de 2.200 dólares. O concurso recebeu mais de 7 mil inscrições de todo o mundo. Confira as fotografias finalistas: Dezembro 2015 - 53
Legenda
Anuar Patjane
National Geographic Travelers Photo Contest A imagem de uma baleia jubarte e seu filhote recém-nascido foi a grande vencedora do National Geographic Travelers Photo Contest. Foram mais de 17.000 inscrições de todo o mundo. O grande prêmio do concurso anual de fotografia promovido pela revista National Geographic foi para Anuar Patjane, que registrou o mergulho com uma baleia jubarte e seu filhote recém-nascido, em torno da ilha Roca Partida, em Revillagigedo, Site 54 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 3
no México. “Este é um lugar excelente e único, cheio de vida pelágicas, por isso precisamos de acelerar na Unesco, a incorporação desta ilhas como patrimônio natural, a fim de aumentar a proteção das ilhas contra as corporações prevalecentes de pesca ilegal e pesca desportiva”. Como prêmio, Patjane receberá uma expedição de 8 dias à Costa Rica e Canal do Panamá, com acompanhante, incluindo passagens aéreas. Faisal Azim ficou com o segundo
lugar com a imagem de três trabalhadores de cascalho olhando pela janela, em Chittagong, Bangladesh. Como prêmio, ele receberá uma expedição de 6 dias em Yellowstone, com acompanhante. O terceiro lugar foi para Ahmed Al Toqi, com o registro de um dos estilos tradicionais de corridas de camelo em Omã, chamado de Camel Ardah. Ele receberá uma viagem de 6 dias da Schooner American Eagle and Heritage, com acompanhante.
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Fernando Guerra
Arcaid Images Architectural Photography Award O fotógrafo de arquitetura português Fernando Guerra foi o vencedor da edição de 2015 do Arcaid Images Architectural Photography Award, cujo resultado foi anunciado na última sexta-feira (6) no jantar de gala do World Architectural Festival, em Singapura. Fernando Guerra foi premiado na categoria “Buildings in Use” (Edifícios em Uso) com uma fotografia que retrata o EPFL Quartier Nord, em Ecublens, na Suíça. A obra foi projetada pelo atelier de arquitetura Richter Dahl
Rocha & Associés.
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Premiados
Julian Rad
Comedy Wildlife Photography Awards Em seu primeiro ano, o Comedy Wildlife Photography Awards celebra fotos de vida selvagem tecnicamente excelentes e com humor para chamar a atenção para a situação de animais e habitats em perigo. O concurso foi realizado em parceria com a Fundação Born Free, uma instituição internacional de caridade cujo trabalho é pôr fim ao sofrimento
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de animais e espécies de vida selvagem. Foram recebidas mais de 1.500 inscrições de 52 países. Acima, você confere a foto vencedora do fotógrafo Julian Rad, que ganhou o grande prêmio de um safári fotográfico na Tanzânia com o fundador do concurso Paul Joynson-Hicks como guia e tutor, além de uma Nikon D570 com uma lente 24-85mm.
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Sandro Baebler ND Awards
O suíço Sandro Baebler foi eleito o “Fotógrafo do Ano” pelo ND Awards, premiação promovida pela revista americana ND Magazine. Ele apresentou uma série de cinco retratos realizados na África do Sul. As fotos fazem parte de uma série maior sobre surfistas. Baebler é fotógrafo de retrato, beleza e editorial. Ele cresceu em Mollis,
Suíça - uma pequena aldeia de montanha. Ele cursou design gráfico em Zurique e durante seus estudos, descobriu sua paixão pela fotografia. Seu trabalho pode ser visto em revistas como Elle, GQ e L’Officiel Hommes.
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Premiados
Legenda
Marsel van Oosten Travel Photographer of the Year O grande vencedor do Travel Photographer of the Year foi o fotógrafo neerlandês Marsel van Oosten com duas séries de fotos. A primeira mostra os ciprestes na bacia do rio Atchafalaya, na Louisiana, Estados Unidos. A outra é registra os pelicanos em Walvis Bay, na Namíbia. Segundo os juízes do concurso, “estas duas carteiras exigem habilidades muito diferentes para fotografar, mas ambas são elegantes e bem compostas e mostram o uso maravi-
lhoso da luz.” Oosten é um fotógrafo de natureza profissional da Holanda. Suas imagens são mais conhecidos por sua abordagem gráfica para a composição, o resultado direto de sua carreira anterior como diretor de arte na publicidade.
Veja todas as imagens vencedoras: www.tpoty.com/winners/2015. 58 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 3
Legenda
Hugo Schmitt Takemoto Metro Photo Challenge O diretor de fotografia catarinense Hugo Schmitt Takemoto, de Balneário Camboriú, SC, foi um dos vencedores do concurso internacional Metro Photo Challenge, promovido pelo jornal Metro. Ele ganhou na categoria A Alma da Cidade. “Foi uma experiência totalmente nova, já que é o primeiro concurso de fotografia do qual participo. O que me motivou a me inscrever foi minha paixão por esta arte e a oportunidade de viajar para a Índia, o que, até agora,
era um sonho distante”, disse Takemoto em entrevista ao jornal Metro. Os outros dois vencedores globais foram o russo Eduard Gordeev (Os Segredos da Cidade) e o húngaro Mark Mervai (O Amor na Cidade). Cada um dos vencedores vai receber como prêmio uma expedição fotográfica à Índia com tudo pago. Neste ano, o concurso recebeu mais de 36 mil inscrições. Só no Brasil, 15 mil pessoas se inscreveram. No total, 148 mil imagens foram en-
viadas, com nada menos do que 68 mil fotografias só de brasileiros.
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Llámame
Marta A fotógrafa russa Katia Repina registrou o cotidiano de uma atriz pornô espanhola A fotógrafa russa Katia Repina conheceu Marta quando ela tinha 23 anos de idade e estava há apenas duas semanas atuando como atriz pornô. Repina e Marta viraram amigas e, durante dois anos, a fotógrafa passou a registrar o dia a dia da atriz. O resultado é a série de fotos em preto e branco intitulada “Llámame Marta”, que narra a história de Marta nas esferas pessoal e profissional. O ensaio mostra desde momentos íntimos e corriqueiros, como passear com o cachorro a cenas tomadas durante o trabalho. “Ela é uma pessoa incrível com um coração grande, e se ela ama alguém, é para valer”, disse Repina.
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Histórias que vós me nordestes
A série “Histórias que vós me nordestes”, desenvolvida por um grupo de fotógrafos, exibe o cotidiano dos trabalhadores da Feira Central de Campina Grande, na Paraíba. A Feira passa pelo processo de reconhecimento enquanto Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, pelo IPHAN. Paralelo a este processo, há
um projeto de “Requalificação” da Feira, que prevê reformas estruturais, que envolvem a reformulação das políticas de gestão do espaço e dos trabalhadores. Ainda no papel, este projeto já tem despertado discussões acerca da cultura local, permeada por tensões entre o tradicional e o moderno, o erudito e o popular, o hegemônico e o subalterno.
integrantes Gabriel Mendes Jussara Costa Lucas Medeiros Milla Pizzi Rebeca Souza Victor Rafael PARTICIPAÇÃO: Coletivo GAIA - Campina Grande 64 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 3
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Terra Pilhada Imagens de paisagens alteradas pelo homem Estas fotografias aéreas impressionantes são o trabalho de David Maisel, especializado em grandes paisagens modificadas pela mineração e exploração de outros recursos naturais. Maisel fotografa áreas de degradação ambiental há cerca de 30 anos. Onde que quer vá, ele contrata pilotos e aviões locais para sobrevoar a altitudes de 150 a 3300 mil metros, de onde tira suas fotos. As imagens sem edição são ao mesmo tempo lindas e desanimadoras. O que exatamente aconteceu para gerar essas mutilações na beleza natural?
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Em 1950, o fotógrafo Ed Clark recebeu um telefonema de um amigo que trabalhava na 20th Century Fox. O amigo estava delirante a respeito de um rosto novo com o qual o estúdio tinha assinado recentemente:
Marilyn Poucas estrelas dos anos 50 foram tão convincentes e singulares, chegando a definir a época em que viveram enquanto criavam seus principais trabalhos. Marilyn Monroe foi uma destas estrelas. De seus primeiros dias como atriz até o final de sua carreira – quando, contra sua vontade, havia sido lançada ao público como a derradeira deusa do sexo de Hollywood – Marilyn posou para os fotógrafos da revista LIFE. Nesta matéria, LIFE.com apresenta uma galeria de fotos – ainda inédita na revista – produzida pelo fotógrafo Ed Clark, do Tenesee, que possui o talento especial de capturar a essência das pessoas, sejam elas mundialmente famosas ou completamente anônimas. Seus retratos de Marilyn oferecem um raro vislumbre dos primórdios da carreira de um eventual ícone da cultura pop, quando uma jovem atriz vivia alegremente inconsciente do que viria com os próximos anos, e parecia apenas estar feliz por fazer parte da “cena” e ser notada. Em uma entrevista de 1999, Clark descreve como, em 1950 ele recebeu uma ligação de um amigo da 20th Century Fox sobre uma “nova cocota” que o estúdio acabara de contratar: uma tal de Marylin Monroe. “Ela era praticamente desconhecida, então pude gastar bastante tempo para fotografá-la”, recordou-se Clark. Afinal ela estava apenas iniciando sua
carreira e ainda estava começando a ganhar alguma atenção: Três meses antes desta sessão de fotos ela havia aparecido como a namorada de um advogado corrupto em “The Asphalt Jungle” (conhecido no Brasil como “O segredo das Jóias) e dois meses depois ela teve um papel como aspirante à estrela em “All About Eve”(A Malvada, no Brasil). Saíamos para Griffith Park (em Los Angeles) e ela lia poesia. Enviei muitos rolos de filme para a LIFE, em Nova York, mas eles telegrafaram perguntando: “Quem diabos é esta Marilyn Monroe?” (Três anos depois, Marilyn apareceu na capa da LIFE, na famosa foto de Clark onde posava com a co-estrela Jane Russel de Gentlemen Prefer Blondes - Os Homens Preferem as Loiras). Por que a LIFE não publicou esta mina de ouro em fotos após Marilyn tornar-se uma grande estrela permanece um mistério. A única pista: Uma pequena nota sobre esta sessão de fotos nos arquivos da LIFE, dirigida a seu editor de fotos indicando que este trabalho de Clark foi um dos “mais elaborados, porém pobremente reproduzido”. Seja qual for a verdadeira razão de estas fotos nunca terem sido publicadas na LIFE, algo ficou absolutamente claro: aos 24 anos, quer o público cinéfilo tenha ou não percebido isso na época, em 1950, Marilyn Monroe já era algo especial.
Fonte: Life/Time | Autor: Ben Cosgrove | Tradução: Ligia Ribeiro 74 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 3
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Walter Astrada
e a volta ao mundo em mais de 80 fotos
O que leva uma pessoa a deixar a rotina de sua vida e seu trabalho – nem que seja de forma parcial – a embarcar em uma viajem de moto ao redor do mundo? Motivos pessoais, inquietudes profissionais e uma paixão crescente por motos desencadearam no fotojornalista Walter Astrada o interesse por dar a volta ao mundo sobre duas rodas levando sua câmera (por razões de peso, somente um corpo reflex com duas objetivas de 35 e 50mm) e um notebook de 11 polegadas. E nisto anda o argentino desde maio, quando partiu de Barcelona encima da Atenea, como foi batizada sua moto, uma Royal Enfield Classic com a qual cruzou o continente euroasiático até chegar a Vladivostok. Desde aí atravessou a finais de setembro o Mar do Japão em barco até a Coreia do Sul. Nesta primeira parte da viajem o conta quilômetros de Atenea já indicava que rodaram juntos 26.684 km. Tranquilo não só por seu caráter habitual, senão também pela calma com 78 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 3
que fala das dificuldades da viajem em moto. “Perigoso, não. Difícil, diria eu. É duro pelas quedas, os choques”, conta. Astrada, ganhador de nada menos que três prêmios World Press Photo, gosta de falar dos momentos de azar da viajem com sua companheira: “A partir de Usbekistão, exceto na Rússia, as estradas estavam muito mal. Ou quase não haviam. Travam as rodas ou derrapa e você cai, mesmo não viajando muito rápido. E ao final tem que levantar a moto sozinho.” Tem que levar em conta outro clássico das grandes viajens em moto: o clima. “Comecei na primavera, e durante a viajem tive temperaturas de até 45 graus em Usbekistão enquanto cruzava sua parte desértica. Agora, ao princípio do outono, já cheguei a temperaturas negativas.” E está chegando o inverno. Outro aspecto importante desta viajem é a liberdade com a qual a enfrento: “A rota está improvisada completamente. Só tinha claro o início e o final da primeira parte, Barcelona e
Vladivostok (no extremo sul oriental da Rússia). Haviam alguns lugares que queria visitar, como os Balcanes, Atenas, Estambul, Tibilisi (Tiflis) ou uma parte da Rota da Seda em Usbekistão, mas entre estas etapas da rota, fui marcando dia a dia.” A solidão também é capital nesta aventura: “É parte da viajem e não é algo ruim. Muitas vezes me permiti ter tempo para analisar coisas que quanto estou acompanhado não posso. Te obriga a abrir-se e estar sempre atento ao que te rodeia, e enfrentar a situações diferentes porque não fala o idioma ou tem que resolver algum problema.” Apesar que nem tudo é sentir-se só: “Se cruza com muitas pessoas, e muitas vezes não poderia haver seguido se não fosse a ajuda de outros.” Os vistos, o seguro da moto em diferentes países, um par de incidentes com troca de peças para Atenea e o tempo que queria investir para percorrer os dois primeiros continentes foram as únicas condicionantes desta primeira parte. “No Google Maps escrevi o lugar de saída e o de chegada e moví a rota pelos países que cruzaría. Tendo em conta os 23.000 km que daria, oque fiz foi dividir em 150 dias, oque deu uma média de uns 160 km por dia. Mas em alguns lugares estive mais tempo. Isso significa que em alguns dias percorri 500 km. O argentino confessa que alguns lugares o surpreendeu de forma muito gratificante, e inclusive sua voz mudou ao falar da cidade turca: “Estambul é impressionante! A mistura entre Europa e Ásia é interessante. Os turcos são muito amáveis, e as pessoas também ajudam que você goste mais de um lugar doque outro. Pois eu mesmo cada dia gosto menos das cidades grandes, mas me pareceu uma cidade fantástica.” Astrada destaca também o país do Grande Kan: “Um país que tinha muita vontade de percorrer era a Mongolia. Estive 22 dias, e a verdade é que foi pouco tempo. Estou desejando dar toda a volta para voltar a percorrer a outra parte do país
que me falta.” Através das fotografias que tomou nestes lugares se pode ter ideia de como debe ter-se sentido. Assim, enquanto nas imagens de Estambul as pessoas são protagonistas e se respira nelas o caos de uma cidade urbana de quase 15 milhões de habitantes, as montanhas, as ranhuras, as pessoas e os animais transmitem harmonia e calma nas fotos da paisagem mongol. Outros lugares não previstos inicialmente no caminho podem trazer surpresas agradáveis. Como a Estrada Militar em Georgia. “Improvisei o caminho e continuei pela Rússia em vez de voltar a descê-la até Azerbajão. A paisagem é espetacular! Fotografias e textos – as primeiras mais abundantes – percorrem esta experiência. “Não faço vídeo porque não queria passar o dia diante do computador editando, e escrever gasta meu tempo e necessito tempo para guiar a moto e fazer fotos.” Astrada depende de um acesso a internet para manter o Blog atualizado, mas nem sempre isto está garantido. As fotografias curiosamente em preto e branco. “Quase sempre trabalhei a cores, e este é um projeto sem um tema em concreto, mais aleatório, em que vou fotografando oque me chama a atenção. E gostaria de fazer-lo em preto e branco. Também me permite maior variação quanto a
temperatura (da cor). Se tivesse feito a cores, haveriam fotos ao meio dia que teriam sido muito complicadas e teria ficado pouco homogêneo. O preto e branco me permite trabalhar como um projeto mesmo que as fotos tenham sido individuais, e queria também diferenciar este de outros projetos. O plano é que não há plano “Ao não ter um tema específico depende muito da sorte, de encontrar-me com algo interessante. O plano é que não existe plano, e isto é oque eu gosto na verdade.” Astrada está desfrutando da viajem, e isso se nota nas imágens. As cenas onde o espaço é protagonista e a ação secundária tem grande presença. Não faltam silhuetas de pessoas, um pouco de street photografy nas cidades, fotografias atmosféricas ( muitas vezes em clave baixa ) e paisagens desoladas de ranhuras e montanhas que apresentam magia e orações próprias da Ásia Central. “Eu gosto muito de fazer fotografias quando não há pessoas. Todo meu trabalho está baseado em fotografar pessoas. Mas justamente as fotos que eu mais gosto desta viajem são aquelas que não apresentam pessoas. Eu gostei muito de uma foto de uns lencóis que fiz em Armenia (em Noratu), a do carro (em ktismata, GreDezembro 2015 - 79
cia), a do Prozor (na Croacia)...Mas normalmente necessito que tenha alguém e que esteja fazendo algo.” Tem outras muitas cenas que tem pessoas que chamam a atenção: O Lada solitário pouco antes do cair da noite em frente a uns containers de Osh, em Quirguistão, as cadeiras e mesas vazias de um restaurante iluminado pelas luzes noturnas que caem por uma janela, na localidade russa de Kosh Agach, as portas de ferro abertas que davam acesso a um parque de atrações abandonado que em Baikalsk, a margem do lago Baikal, que dão a sensação de final de trajeto, ou a tranquilidade e a calma que transmite a lua cheia sobre as montanhas e as ranhuras mongois, perto do lago Üüreg. A meio caminho entre estas fotos e as que tem as pessoas como protagonistas estão outras em que a presença de uma pessoa (ou um animal) destacam a importância da geometria e da composição, dão dimensão humana a cena e reforçam a idéia de solidão de uma viajem assim. É o caso do cachorro encharçado que atravessa uma estrada descomposta e cheia de poças em Davi (Mongolia) ou o ponto de luz de uma moto que se aproxima pelas trilhas que servem de caminho perto do lago Üüreg. Também essa mulher que lê na metade de uma ponte que inspira pouca confiança sobre o rio Gulcha, em Quirguistão, ou o menino que corre meio que brincando em umas rochas sinuosas em Capadocia. Financiamento “Quando você não tem nem sua própria sombra como compania”, explica Astrada no seu blog, daí se deduz a diferença entre viajar sozinho através de grandes estenções praticamente despovoadas ou por uma metrópole. O fotógrafo conta-nos divertindo-se: “Percorrendo Mongolia, tirando a capital e uma ou outra cidade maior, os pequenos saem correndo
dos gers (as clássicas barracas do país) para cumprimentar. No tráfico de Ulán Bator, procurando o pequeño hotel onde iria ficar, ví um menino no ônibus. Minha reação típica foi cumprimentar, e ele me olhou como que dizendo: ‘E este corajoso porque me cumprimenta’.” Uma viajem desta dimensão necessita financiamento adequado, e a ideia de Astrada é que suas fotos gerem dinheiro a medida que avança em sua peripécia. Descartada a ideia do patrocínio antes do início (“era demasiada pretensão e muito difícil que alguém colocasse dinheiro sem ver fotos”), então se propôs o inverso, e obter rentabilidade das imagens que fosse fazendo. “As pessoas podem comprar a foto que queiram a partir de uma determinada quantia. Também me ocorreu os ítens que as pessoas colaboram sem receber uma imagem em troca, mas eu não descreveria como se fosse uma assinatura de uma revista de viagens. Por enquanto tem funcionado bem. A parte das doações é a que tem dado maior resultado, enquanto que a venda de fotos nem tanto ainda.” As oficinas de fotografia também são outra forma de financiamento: “Nesta primeira parte da viajem era complicado pelo problema dos vistos,
mas na Índia estou tentando organizar um e também na Tailândia.” A publicação de um livro é algo desejado quando Astrada finalize a viajem: “Ainda é cedo para falar, mas creio que terminarei fazendo um livro com as fotos e o texto.” Terminada esta primeira etapa européia e euroasiática, agora encaro a segunda fase no sudeste asiático, uma terceira na América Latina (dependendo do dinheiro, também nos Estados Unidos) e uma última no continente negro. “É olhar muito adiante, mas se tudo for bem e tenho dinheiro, o ideal seria fazer África ou uma parte dela.” Antes de acabar a conversa Astrada destaca a esse conjunto de pessoas anônimas que vivem em terras inóspitas. “A 200 km em volta não existe nada, mas teem sua vida, sua família. Sem eles eu não poderia ter continuado minha viajem: não haveria encontrado um posto de gasolina no meio do nada e onde comprar comida. Na entrada de Uzbekistão, em um lugarejo na fronteira onde não havia nada, um homem me ajudou a concertar minha moto. Todas as pessoas que vivem em lugares afastados tem este capacidade, que na Europa por desgraça nós perdemos, de improvisar com o mínimo. Para eles qualquer coisa tem um valor terrível.”
Fonte: Quesabesde | Texto: Ivan Sánchez | Tradução: Flavio Franco 80 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 3
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Matheus Nachtergaele, por Daryan Dornelles em ensaio para o Itaú Personnalite
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Rodrigo Santoro, por Daryan Dornelles para ensaio da revista Rolling Stone
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Bill Clinton e George Bush por Mark Selinger Em Julho deste ano, quando o fotógrafo Mark Seliger entrou em uma sala no Bush Center, em Dallas, ele ficou cara a cara com George W. Bush e Bill Clinton, dois ex-presidentes norte-americanos que tinham acabado de anunciar uma nova joint venture educacional entre suas respectivas bibliotecas. O ensaio inédito - Seliger já tinha fotografado presidentes antes, mas nunca dois ao mesmo tempo - é apenas um dos muitos realizados pela revista Time neste ano.
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Steven Spielberg e Tom Hanks por Peter Hapak O cineasta Steven Spielberg e o ator Tom Hanks foram fotografados por Peter Hapak no hotel Ritz Carlton, em New York, 4 de outubro de 2015. A foto ilustrou a matéra “Para duas lendas, a história é pessoal”, publicada na edição de 19 de outubro de 2015.
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O astronauta da NASA Scott Kelly foi fotografado por Marco Grob sentado em um simulador de treinamento em Star City, Rússia, 4 de março de 2015. 94 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 3
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As imagens do Calendário Pirelli 2015 foram realizadas pelo fotógrafo Steve Meisel em um estúdio de Nova York, EUA. Esta edição do calendário tem 12 protagonistas, dentre elas estão as brasileiras Isabeli Fontana (que já apareceu no Calendário Pirelli 2003 de
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Bruce Weber, em 2005 de Patrick Demarchelier, em 2009 de Peter Beard, em 2011 de Karl Lagerfeld, em 2012 de Mario Sorrenti e em 2013 de Steve McCurry), Adriana Lima (presente no Calendário Pirelli 2005 de Patrick Demarchelier, e em 2013 de Steve McCurry) e Raquel Zimmermann.
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O Calendário Campari 2015, batizado de The Mythology Mixology, é estrelado por Eva Green e dedicado aos doze coquetéis mais clássicos da marca. O ensaio mostra a atriz percorrendo diversos cenários para homenagear os momentos mais importantes da história da bebida italiana. Eva foi fotografada pela alemã Julia Fullerton-Batten, que utilizou de muita criatividade nos cenários e uma iluminação cinematográfica para contar visualmente as histórias que seguem a narrativa do tema escolhido. Primeira mulher a ser escolhida para
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produzir o calendário, ela revelou ter ficado “encantada pela oportunidade” de participar do projeto. “O que mais gostei sobre o tema deste ano foi a flexibilidade que me deram como fotógrafa. Meu trabalho se baseia em contar histórias, portanto fazer as fotos do calendário fez com que as sentisse muito perto do meu coração.” - contou Fulerton-Batten. A nova edição do calendário de luxo terá 9.999 cópias impressas e não será vendido, mas distribuído aos amigos da Campari ao redor do mundo.
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Para ver todas as fotos, acesse: www.resumofotografico.com/campari-2015 Dezembro 2015 - 107
Cabocla Durante viagens pelo interior do Amazonas, o fotógrafo Rodrigo Reis Vale conheceu de perto a realidade das etnias indígenas e se inspirou para criar a série fotográfica ‘Cabocla’, que mostra a miscigenação típica dos povos amazônicos através da beleza dos corpos femininos.
“Trata-se de um trabalho que envolve o estilo de vida ribeirinho, caboclo, indígena, a utilização de elementos do artesanato local e a beleza da mulher cabocla. Há algo mais natural que o corpo despido em meio a mãe natureza?” As fotografias foram feitas nas ruínas da Vila de Paricatuba, a 20 km de Manaus, e contaram com a participação das modelos Rayara Bernardes e Paloma Sena. “O projeto visa contextualizar a mulher amazônica atual com as influências e culturas de um passado que resiste até hoje. Para desenvolvê-lo, era necessário criar imagens que contassem uma história e retratassem cenas do cotidiano caboclo, com influências indígenas. A produção das fotografias contou com o cenário verde e natural”. No dia 4 de dezembro, a série ganhou uma mostra na Galeria de Arte do ICBEU, em Manaus.
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O fotógrafo Richard Ross visitou centenas de instalações e fotografou milhares de menores em prisões juvenis americanas O que caracteriza um objeto como propriedade de uma galeria e não de uma comunidade? Quem definiu esses limites? É possível a criação de uma arte que ocupe ambos os grupos? Por fim, a arte pode provocar uma mudança real em cada um desses grupos? Não se deve responder nenhuma das perguntas acima de maneira apressada, e nem tentar. O trabalho fotográfico de Richard Ross atreve-se a tratar dessas questões. Ross é artista e professor, embora, em todos os sentidos, seu trabalho seja moldado e impulsionado pela causa da justiça social. Há muito tempo as imagens (e a prática docente) de Ross fornecem acesso a cenas invisíveis que controlam corpos por meio de disciplina e contenção. Seu trabalho fotográfico de 2007 intitulado Architecture of Authority mostrou escolas, corredores de mesquitas, salas de reuniões das Nações Unidas, celas na Prisão de Abu Ghraib e uma câmera de execução para condenados à pena de morte. As imagens são sombrias, porém impressionantes; as composições e paletas de cor assemelham-se a pinturas. Enquanto fotografava em um centro de detenção em El Paso para o projeto, Ross perguntou ao diretor se ele já tinha tido tanto êxito a ponto de deixar o trabalho para trás e ouviu o seguinte: “Não enquanto o Texas continuar encarcerando crianças de 10 anos.” Pesquisas posteriores revelaram que crianças a partir dos 7 anos podem ser julgadas como adultos em 22 estados. Ross iniciou sua série Juvenile in Justice (e depois Girls in Justice) naquele momento e trabalhou nela 4 anos — viajando para centenas 112 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 3
de instalações e fotografando milhares de menores — sem publicar uma única foto. Nos encontros com seus assuntos, cujos rostos não parecem nas fotos finais, Ross procura ser respeitoso e nunca afirmar poder sobre eles. Em vez disso, ele tira os sapatos e senta-se no chão para conversar e fotografar. “Eu lhes concedo autoridade sobre mim,” diz ele. Na maior parte do tempo ele escuta. Essa troca, talvez mais do que qualquer outra coisa, é sinal de uma verdadeira colaboração criativa, social e emocional. No final das contas, essas trocas assombram Ross. “É impossível deixá-los,” diz ele. “Semana passada conversei com uma menina que tentou o suicídio várias vezes. Ela foi espancada, estuprada, não tinha um lar. Ela soluçava convulsivamente. Como ela precisa de assistência psicológica, é mulher e menor de idade, eu não podia tocá-la. Eu só queria abraçá-la e dizer que tudo ficaria bem. Mas não tenho permissão para isso, e não vai ficar tudo bem.” Esses encontros podem ser emocionalmente desgastantes e despertam um sentimento de impotência, mas Ross, que é um dos poucos canais para suas histórias, não se deixa esmorecer. A resposta para a pergunta inicial — como podemos medir a possibilidade de impacto da arte nos seres humanos e vice-versa — é impossível de encontrar. Entretanto, o que fica claro é que as fotos de Ross representam corajosos avanços para mudanças por meio da inversão (ou revelação) de sistemas de poder e do retorno dos assuntos ao seu senso de valor e humanidade.
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Educação para todos “Educação para todos”, do artista visual Guilherme Bergamini, foi produzida em 2014 e apresenta uma metáfora sobre a educação no Brasil por meio de imagens registradas em uma escola pública de Belo Horizonte. A série ganhou reconhecimento internacional, ficando em segundo lugar do Experimento Bio 2015, em Bilbau, Espanha; além de ter participado da 5ª Edição do Projeto “SeAlquila/Público” da
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Universidade das Artes, com exposições simultâneas nas cidades de Guaiaquil, no Equador; e em Madri, Espanha. O trabalho do artista participou ainda do Festival Internacional “Vídeo Arte nodoCCS”, em Caracas, Venezuela; do “Sem fronteiras” na Aliança Francesa em Madrid, Espanha; do Festival de Fotografia “Foto em Pauta Tiradentes”, em Tiradentes, Minas Gerais; e do Iberencontros 1, “Olhares do Futuro”, em Castelo Branco, Portugal.
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Filhos da Guerra O fotógrafo Gabriel Chaim retratou por dois anos a realidade de quem vive em meio ao conflito que já matou mais de 200 mil pessoas Fotojornalista independente, Chaim foi um dos poucos estrangeiros a conseguir cruzar a fronteira da Síria com a Turquia e entrar na cidade de Kobane, um dos locais onde os conflitos são mais intensos. No começo de Maio deste ano ele chegou a ser deportado da Turquia. O fotógrafo foi detido na cidade de Sanliurfa, ao tentar cruzar ilegalmente a fronteira com a Turquia. Dois outros fotógrafos que estavam com ele, um alemão e um turco, também foram detidos. Chaim contou em entrevista ao site G1 que seu telefone celular e seu computador foram mantidos em seu poder e que, após ser detido ao tentar entrar em território turco, foi interrogado durante 14 horas, sem poder
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comer nem dormir nesse período. “Ficamos 16 horas ou mais sem comer. Depois disso, eles deram duas bananas para que dividíssemos entre três pessoas. O sono era avassalador, porém era impossível tirar um segundo de cochilo. Se a gente fosse ao banheiro, um cara armado nos acompanhava”, conta. Apesar das dificuldades que passou, Chaim afirmou o seu desejo de retornar à Síria. “Meu trabalho não terminou”, disse o fotógrafo. “Quero só saber os melhores caminhos, ver como entrar por outro país, e não pela Turquia.”
Exposição Em Dezembro, a Zipper Galeria, em São Paulo, inaugurou a exposição “Filhos da Guerra: O Custo Humanitário de um Conflito Ignorado”, com curadoria de Marcello Dantas. A exposição é promovida pela Human Rights Watch (HRW) - organização não governamental sem fins lucrativos que defende os direitos humanos em mais de 90 países - e apresenta nove imagens em grande dimensão feitas pelo fotógrafo paulistano nos últimos meses em meio a
guerra que já matou mais de 200 mil pessoas e provocou uma crise de refugiados pelo mundo. “Queremos promover um sentido humano de uma situação muito complicada”, disse Iain Levine, vice-presidente da HRW, em entrevista à Folha de São Paulo. A proposta é reforçada com as proporções quase humanas com que as fotografias estão expostas: 1,5 x 2,25 metros.
As imagens de cores saturadas apresentam a realidade de quem vive em meio ao conflito. Há militantes empunhando armas, mulheres chorando a perda de familiares e amigos, e crianças brincando em meio a escombros de uma cidade inteiramente destruída. Chaim enfatiza o caráter documental de seu trabalho: “É a realidade de pessoas que vivem por de trás da guerra. Não tenho interesse somente
em mostrar a bala, o fogo...e sim, a esperança de quem sobrevive. As histórias vem primeiro, depois as fotos.” Especializado em fotografar e filmar áreas de conflito, Chaim já fez coberturas no Iraque, no Irã, na Faixa de Gaza e no Egito. Já teve trabalhos veiculados pelo G1 e por programas da TV Globo, além de em veículos estrangeiros como a rede americana CNN e o jornal inglês The Guardian.
Jovem combatente Curda no enterro de sua amiga em Kobani
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“Depois de ser assediada por um militar das forças de Bashar al-Assad, Andy o repudia e diz que é comprometida com um homem curdo. O militar diz que ela nunca mais o esquecerá e então a ataca com um ácido que queimou seu rosto e metade de seu corpo. Após o episódio, ela escapa da Síria e consegue asilo em São Paulo”
10 dicas práticas para combater a
Síndrome de Aquisição de Equipamento Eu tenho G.A.S. (Gear Acquisition Syndrome) ou Síndrome de Aquisição de Equipamento. Sem pre quero comprar coisas novas — o mais novo iPad (Epic), carros (Mustang), telefone (iPhone 6s ou Nexus 6P), roupas (jeans de $200+), cafeteiras ($500+) e inúmeros itens da minha lista de presentes da Amazon. A seguir você encontra algumas dicas práticas que me ajudaram (em parte) a combater a Síndrome de Aquisição de Equipamento. #1. Deixe outra pessoa controlar seu cartão de crédito Eu e minha companheira, Cindy, compartilhamos recentemente cartões de crédito e finanças. Agora ela fica atenta a todas as minhas compras. Por quê? Eu não confio em mim
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mesmo. Tive uma infância pobre e sou péssimo com dinheiro. Se deixar dinheiro comigo, vou sair e gastá-lo na mesma hora (ninguém me garante que amanhã terei o dinheiro ou não serei um sem-teto). Na cultura vietnamita, são as mulheres que controlam o dinheiro e as finanças. Por quê? O estereótipo é que homens vietnamitas saem, jogam e tomam café, portanto as mulheres precisam garantir que as contas sejam pagas e que o dinheiro não seja desperdiçado. Se você for como eu (fanático por compras), pode ser uma boa ideia deixar outra pessoa controlar o dinheiro. #2. Tenha uma regra para “comprar coisas novas” Tenho um plano: quero que meus
pertences caibam na minha mochila (ThinkTank Perception 15), que é bem pequena. Acho que só cabem um laptop, smartphone, carregadores, câmera, algumas roupas e alguns livros. Só isso. Não há melhor maneira de me forçar a me conter. Além disso, Cindy propôs recentemente uma nova regra: “Não comprar nada novo até irmos para o Vietnã.” Talvez você possa instituir essa regra de “não comprar coisas novas” por um dia, uma semana, um mês, 3 meses, 6 meses ou até mesmo por um ano. Não é preciso seguir essa regra pelo resto da vida. Pessoalmente, acho que esse exercício me ensinou a diferença entre o que eu acho que “preciso” (versus meus “desejos” artificiais).
#3. Releia antigos reviews do equipamento que você já possui Lembra-se de como você ficou empolgado quando comprou sua câmera digital (atual)? Reviva essa experiência relendo os reviews da câmera que você já tem. Além disso, você pode imaginar a dor que sentiria se alguém roubasse sua câmera, ou se a perdesse. Então, constate que ainda tem sua câmera e você irá apreciá-la mais ainda. Você nunca sabe o quanto gosta de algo até perdê-lo (coisas materiais, sua capacidade física, ou até mesmo a vida de um ente querido). Então, pratique constantemente este pensamento: “Como me sentiria se perdesse ‘x’?” #4. Quanto mais coisas, mais problemas Tento me lembrar constantemente: quanto mais coisas eu tiver, mais complicada fica a minha vida. Se eu comprar mais roupas, preciso de mais espaço no armário. Se comprar uma nova câmera, preciso comprar mais discos rígidos (e, provavelmente, atualizar meu computador, pois ‘mais megapixels, mais problemas.’) O engraçado é que o mesmo acontece com o dinheiro. Quanto mais dinheiro você tem, mais estresse e problemas em potencial. Não me interprete mal — é importante ter bens materiais. Mas lembre-se disso antes de comprar algo: também surgirão novas dores de cabeça. #5. Espere “acostumar-se com a nova aquisição” Se ganharmos na loteria, ficaremos empolgados por uma semana; então, perceberemos o estresse de ganhar na loteria (familiares que vêm do interior julgando ter ‘direito’ àquele dinheiro, pessoas tentando fazer planos para o seu dinheiro e ser constan-
temente importunado por instituições de caridade). Não é só isso, mas você vai se adaptar e “se acostumar” com o novo padrão de riqueza em sua vida. Da mesma maneira, se comprar uma nova câmera, não importa o quão cara ela é, você se acostumará com ela (seja uma nova câmera compacta, micro quatro terços, DSLR, telêmetro, etc). Então, o segredo é nunca comprar uma nova câmera (recomendo atualizar uma câmera digital com a mesma frequência de atualização do seu smartphone ou laptop). O segredo é subestimar a felicidade que uma nova aquisição trará para a sua vida. #6. Alugue ou pegue equipamento emprestado Curiosamente, uma das melhores maneiras de desistir de um equipamento é experimentá-lo… e perceber que ele não é tão incrível quanto você esperava. Antes de sair e comprar uma nova câmera (da qual você provavelmente não precisa), peça o equipamento emprestado a um amigo ou alugue-o em uma loja de câmera local ou online. Entretanto, preste atenção: às vezes a ignorância é uma bênção. #7. Lembre-se de que câmeras têm mais semelhanças que diferenças Certamente algumas câmeras são mais adequadas ao seu estilo do que outras, mas, sempre que tiver vontade de comprar uma nova câmera, pergunte a si mesmo, “Quais são as semelhanças entre essa câmera e minha câmera atual?” Se descobrir que há mais semelhanças que diferenças, perceberá que não precisa de uma nova câmera ou equipamento. #8. “Necessidade” x “vontade” Acho que, quando se trata de equipamento, essa é a questão mais
difícil: saber se eu “preciso” de uma determinada câmera ou lente, ou se apenas “quero” tê-la. Honestamente, ninguém “precisa” realmente de uma câmera no fim do dia se não ganha a vida com ela. Simplesmente “queremos” a câmera, pois ela nos traz felicidade, prazer e ajuda a sermos criativos. #9. Compare seus gastos com experiências Dinheiro gasto com experiências é sempre o melhor investimento porque você não pode “perder” uma experiência (ela estará sempre viva em sua memória). Uma câmera, no entanto, pode ser roubada, ficar obsoleta ou ficar empoeirada em uma estante. Tendemos a uma “adaptação” menor a novas experiências (viagens) em comparação com a “adaptação” a bens materiais. #10. Basta sair e fotografar Curiosamente, sempre que saio para fotografar (com a câmera que já tenho), não desejo mais outra câmera. Eu só quero novas câmeras quando estou sentado em casa, com meu smartphone, lendo sites de review de equipamentos sobre a mais nova câmera digital. Quando estou na rua, a câmera torna-se invisível para mim. Eu só reajo ao que vejo e fotografo sem pensar. Se você está lendo esse artigo, você tem sorte. Você tem acesso a uma conexão de internet, provavelmente tem um smartphone (smartphones modernos podem tirar fotos bem melhores que câmeras digitais compactas antigas) e a possibilidade de compartilhar suas fotos com qualquer pessoa no mundo (mídias sociais). Não há obstáculos, pois você só depende da sua imaginação, empenho, determinação e curiosidade.
Fonte: Eric Kim Blog (via PetaPixel) Tradução: Adriana Prado
Dezembro 2015 - 131
Tutoriais
Iluminação com 2 flashes siameses e céu azul Por Daniel Marins Vários alunos e colegas me perguntarem como fiz a iluminação do editorial “Blue”, se foi montagem, se foi só iluminação com flash dedicado e como consegui a profundidade de campo curta. Pra responder logo todos de uma vez decidi criar esse artigo falando sobre. Para fazer as fotos desse trabalho eu usei uma técnica que gosto de chamar de “Flashes Siameses” que consiste em juntar dois flashes dedicados pela cabeça usando uma fita Silver Tape (como vocês podem ver na imagem acima, à direita) Tive que fazer isso para ganhar mais luz e conseguir competir com o sol das 14h no Rio de Janeiro e ainda usar um softlighter que diminui consideravelmente a luz dos flashinhos. Pra conseguir esse céu azul e essa profundidade de campo curta não precisei fazer montagem no Photoshop como alguns alunos chutaram como resposta. Usei um filtro polarizador da Hoya que deixou o céu mais azulado. Como esse filtro “come” 2 pontos de luz eu preferi abrir o diafragma do que au-
mentar o ISO. Para poder abrir mais ainda o diafragma usei o ISO 50 da Canon 5D mark II. Com isso consegui usar um diafragma de f/4 que numa câmera full frame usando uma 85mm já é o suficiente para criar um belo desfoque. Os flashes foram unidos com fita adesiva
Veja ao lado o esquema de luz da foto
Autor convidado Daniel Marins é carioca, fotógrafo e professor de iluminação e tratamento de imagem.
Para conhecer mais sobre o trabalho de Daniel, acesse: www.danielmarins.com.br
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Dezembro 2015 - 133
Tutoriais
Iluminação na água com flash e pôr do sol Por Daniel Marins Depois de muitas pessoas me perguntarem como fiz algumas fotos perto e dentro da água no ensaio “Lady of the Seas” como essa abaixo, irei mostrar fotos de making of e o esquema usado. Pra começar, eu já tinha bolado essas fotos na água mas precisava proteger a câmera e o flash. Então comecei a estudar bolsas e caixas estanques que poderia usar. Vi que caixa estanque gastaria uma grana enorme… e quem me conhece sabe que sou bastante adepto a usar coisas alternativas, mais baratas e funcionais. Fui ver as bolsas estaques que tinha no mercado. Encontrei 2 bolsas estanques bem baratas e que resolveriam o meu problema. Inicialmente já tinha imaginado deixar de lado a minha 5D mark II e
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usar uma Canon XSI com uma lente Canon EF 28mm f/2.8 que sem o GRIP que uso normalmente ela ficava do tamanho de uma câmera superzoom. Nas minhas andanças pelo Mercadolivre achei duas bolsas que seriam perfeitas para usar no flash e na câmera. Usei uma bolsa da Dartbag [foto abaixo, à esquerda] para o proteger a câmera e usei uma segunda bolsa genérica para proteger o flash (no lugar da lente eu coloquei a cabeça do flash).
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8 motivos para você experimentar a fotografia com filme
O fotógrafo neozelandês Stephen Dowling é escritor e fotógrafo no seu tempo livre. Apaixonado por fotografia, ele descreveu 8 razões pelas quais fotógrafos digitais deveriam passar pela experiência de fotografar utilizando filme. Os benefícios de se fotografar com filme, algumas vezes, perdem-se no embate entre os devotos do filme e da fotografia digital. Os pontos positivos - e acredite, há muitos – ficam ofuscados. Isso é uma pena por dois motivos. A fotografia é uma paixão pessoal e cada indivíduo encontra seu estilo particular de fotografar por razões muito singulares. Não é tão diferente da forma como nos apaixonamos pela música que fazemos (e eu fui um jornalista musical por 20 anos, então tive muitas oportunidades para meditar sobre isso). Há fotógrafos para quem a revolução digital foi uma rota para expressar a criatividade e fazer algo que podem chamar de seu. Não é correto que os fotógrafos que trabalham em analógico desmereçam isso. Em segundo lugar, as fileiras cerradas de fotógrafos digitais possuem fotógrafos jovens demais para terem iniciado sua experiência com a fotografia analógica. O filme não é algo que eles trocaram pela conveniência do digital, o digital foi sua única experiência. Alguns até se interessaram pelo mundo analógico, mas afugentaram-se por ser muito difícil muito caro ou pouco conveniente. Este texto é uma tentativa de desfazer alguns destes mitos... e incentivar qualquer pessoa que ainda não teve uma chance de fotografar em filme. #1 Desacelerar Há hoje uma tentação de clicar com uma frequência exagerada. Captamos nossas vidas através de câmeras e smartphones e compartilhamos estas imagens de várias formas – Instagram, Facebook, Twiter e snapchat, etc. Fazemos isso por ter ao alcance das mãos as mais variadas ferramentas para fotografar, então clicamos e clicamos. Fotografamos dezenas de 136 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 3
Karsten Seiferlin
imagens sem pensar a respeito. Nada de cinco frames por segundo aqui Um rolo de filme força uma mentalidade diferente – é necessário uma dose de paciência, uma vez que temos apenas 12, 24 ou 36 fotos antes de precisar trocar o filme. Você poderia se concentrar em um rolo de filme em uma SLR de ponta como uma Canon EOS-1 ou uma Nikon F5, mas por quê? Se você quer velocidade e capturar cenas em um fluxo de frações de segundo, então faz sentido fotografar em digital. Fotografar com filme pode ser uma experiência mais meditativa. Você pode fotografar um rolo de filme em uma hora, um dia ou ao longo de uma semana. É uma experiência muito diferente do estilo de clicar intensivamente da fotografia digital. E desacelerar faz muitas vezes você esperar por uma imagem que vale à pena ser clicada. A espera, muitas vezes, transforma o que seria uma foto mediana em algo mais gratificante. #2 Disciplina Um rolo de filme custa dinheiro. Paga-se para comprar o filme, pro-
cessá-lo e transformá-lo em cópias de arquivos digitais. A não ser que você seja feito de dinheiro, você não poderá fotografar 500 fotos por dia, todos os dias do ano. Isto pode ser uma decepção para quem quer tirar o máximo de fotos possível, aumentando suas chances de conseguir uma boa foto, mas a disciplina do número limitado de fotos pode, por outro lado, melhorar sua fotografia. Fotografar com uma câmera 6x6, como uma Lomo LC-120 te dá apenas 12 fotos para brincar Quando fotografo utilizando câmeras de médio formato 6x6, com apenas 12 fotos em um rolo de filme, tenho uma tendência de ser mais conservador do que quando fotografo com uma 35 mm. Um filme de médio formato custa em média £6; para tê-lo revelado e digitalizado, custará mais £10. Isto não é nada barato e, portanto induz certa moderação. Você não vai querer desperdiçar uma foto, e por isso fica mais disposto a considerar com mais cuidado a composição e a iluminação ou a razão pela qual você está fotografando algo. Não é uma má ideia para ser reproduzida quando se fotografa em digital.
#3 Experiência tátil Fotografar com uma câmera digital ou com uma analógica envolve ações físicas muito parecidas – a troca de lentes, o foco as mudanças na velocidade e na abertura, olhar por um visor para enquadrar e compor a foto. Fotografar a partir de um smartphone, já é um pouco diferente – você toca na tela com o telefone estendido na sua frente. Nada muito distante de jogar videogame. Fotografar em uma câmera analógica – seja uma compacta desajeitada, uma SLR ou médio formato – significa que você deve carregá-la. Abrir a parte de trás da câmera, colocar o filme no carretel, enrolá-lo... Tudo isso faz parte do ritual de fotografar. E não podemos esquecer-nos de rebobinar o filme, um processo que normalmente necessita duas mãos livres.
os separam com sucesso – eles fotografam e editam suas imagens mais tarde. Mas com uma tela para lhe dar um feedback instantâneo, fica sempre a tentação de dar uma olhada naquela última foto, e então na anterior, e na antes daquela... O intervalo entre você fotografar em filme e a edição pode ser muito útil para desenvolver seu olhar fotográfico; se você der um tempo suficiente, você simplesmente esquecerá as emoções que o dominavam enquanto estava fotografando. Se você estava em um dia perfeito, de repente todas as fotos daquele dia parecia tirada sob lentes cor-de-rosa. Olhe para elas algumas semanas depois e você não estará mais dominado pelas emoções daquele dia. Você estará com o olhar mais preparado para selecionar o que realmente vale à pena.
#7 Acidentes felizes nunca podem ser reproduzidos O filme começa a deteriorar assim que sai da fábrica. É um processo lento e gradual, que pode ser adiado por anos, ou mesmo décadas mantendo o filme refrigerado. Mas cada rolo de filme é único, se degrada e modifica de maneira singular. Isso significa que cada rolo apresentará diferenças sutis. Este processo é mais evidente nos filmes que passaram da data de validade. Você pode fazer algumas tentativas com eles e os resultados podem ser fantásticos – e quase impossíveis de serem replicados. É um mundo à parte dos algorítimos por trás dos filtros de edição como os do Hipstamatic e Instagram, que podem ser indefinidamente replicados. Se um efeito pode ser repetido apertando-se um botão, então ele já não é mais tão especial.
#4 Não ficar encarando uma tela A maioria de nós vive cercada por telas de computador – no tabalho, em casa, no transporte para o trabalho - e fotografar, muitas vezes nos proporciona mais uma tela para interagir. Um smartphone ou tablet pedindo constantemente por nossa atenção, - um e-mail para responder, uma atualização do Facebook para ler, fotos do Instagram para nos debruçar. Fotografar com filme, pode repentinamente libertá-lo de todo este estímulo eletrônico. Nada além do vidro dos visores- e com sorte umas poucas agulhas, LEDs ou pictogramas. Não há mais nada para distrair sua atenção. Minha Zenith E de £4 pode ter seus inconvenientes, mas nunca vai me pedir para ler um e-mail enquanto estou tentando tirar uma foto.
#6 Você aprende a “ler” a luz Os sistemas de fotometria modernos da maioria das câmeras digitais são altamente sofisticados. Eles podem ler e corrigir a luz melhor com mais precisão que um fotógrafo altamente experiente. Isto evita fotos com exposição incorreta, quase sempre garantindo a exposição perfeita. Muitos fotógrafos digitais nunca saíram do modo automático. E por que sairiam? Aprender a fotografar com exposição correta, especialmente em uma câmera analógica, é desafiador. É preciso entender como está a luz da cena a ser fotografada e como afetará a exposição. O assunto está iluminado de maneira uniforme, ou há outras fontes de luz interferindo no fundo? O fotômetro da câmera está centralizado, mas provavelmente incorreto? São coisas que se aprende por tentativa e erro. A boa notícia é que quando se fotografa no analógico, seja preto e branco ou colorido, o filme possui uma latitude muito maior que os sensores digitais tratando-se de recuperar detalhes e realces. É um modo de compensação.
#8 Esperar é bom Esperar uma ou duas semanas após voltar das férias até poder ver suas fotos parece uma piada de mau gosto; você já poderia estar recebendo likes no Instagran poucos segundos depois de tirar as fotos. Para a maioria de nós as fotos foram feitas para ser vistas e o compartilhamento de fotos na internet permite que elas sejam visualizadas por pessoas no mundo todo. Mas isso significa que devemos compartilhá-las imediatamente? Tenho alguns filmes fotografados há alguns meses, um ano, até mesmo há quase uma década que foram fotografados, e que ainda não foram revelados. Eles serão. E quando forem poderei revisitar as ocasiões em que foram tirados; o show de um amigo em Istambul; um festival de verão em uma ilha na Holanda; uma viagem pela Romênia; um domingo ensolarado em uma praia em Brighton. A espera para buscar as fotos reveladas após um feriado não é tão grande. E na espera – mesmo reclamando dela – podemos refletir se o que queremos, pode ser apenas o que pensamos que queremos – assim, é sempre bom ter um pouco de paciência.
#5 Nada de edição, apenas fotografar Fotografar com um rolo de filme é um retorno ao básico da fotografia – primeiro você fotografa e a edição acontecerá apenas quando o filme for revelado. Os dois são processos distintos. Muitos fotógrafos digitais
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Imagens Stephane Mahe
Homem ergue lápis gigante durante marcha de solidariedade após atentado à Charlie Hebdo em 11 de
Título Stephane Mahe “Eu cobri a chegada dos chefes de Estado no início da marcha de solidariedade. Então eu fiz o meu caminho através das ruas, que foram embalados com as pessoas segurando ‘Je suis Charlie’ banners, da Place de la Nation. Foi o final do dia, a luz era suave como eu andei ao redor da estátua, “O Triunfo da República, ‘olhando para uma foto com a bandeira francesa e um lápis. Tive a sorte que tudo caiu no meu quadro, e eu era capaz de combinar luz dramática, um gesto dinâmico com o lápis gigante, e um grupo interessante em torno da estátua. Pessoas on-line têm chamado de “The Pencil Guiando o Povo ‘, em referência ao famoso quadro de Eugene Delacroix,” Liberdade Guiando o Povo. ‘ Acho que a comparação muito interessante e foi uma marcha histórica, mas estou surpreso que minha fotografia se tornou tão simbólico do dia. “
Site 138 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 3
Marko Djurica
Migrante carregando uma criança derrubado por camêra da TV Petra Laszlo, Hungria, 8 de setembro
Título Marko Djurica “O camerawoman tropeçou os migrantes de propósito. Ele veio como um choque quando percebi isso. A polícia recolheu os migrantes a partir da fronteira com a Sérvia e, em seguida, os migrantes iria esperar por ônibus para leválos para campos de registro. O acampamento nas proximidades, tinha sido completa para os dias assim ônibus não chegou. Depois de esperar mais de 24 horas, os imigrantes começaram a exigir a sair. Não houve mais de 50 policiais húngaros em comparação com cerca de 1.000 migrantes. Um pequeno grupo da Síria disse-me que em 15 minutos os migrantes planejava fugir e eles precisavam de jornalistas ao redor, com medo que a polícia iria começar a bater-los. colegas Reuters e eu assisti e esperou. Depois de 15 minutos, no comando ‘Yalla Shabab!’ (“Vamos!”) De alguém os imigrantes corriam em todas as direções. Pego de surpresa, a polícia não conseguiu detê-los. Peguei minha lente 24-70mm, colocá-lo em aberto e saiu correndo. Eu vi um homem carregando uma criança a fugir de um policial Após cerca de 15 metros o policial o agarrou pela jaqueta;... o homem começou a gritar eo garoto estava chorando Depois de alguns segundos, o jovem policial deixá-lo ir O homem começou a correr novamente repente, não. mais de 5 metros de distância, ele caiu sobre a criança que estava carregando. Felizmente eles estavam ilesos. Quando eu editei minhas fotos, eu vi um camerawoman no quadro quando ele caiu. Lembro-me sentado com o meu Site Dezembro 2015 - 139
Imagens Soe Zeya Tun
Migrantes coletar água da chuva em um campo de refugiados temporário, em Myanmar, 4 de junho
Campo de refugiados Soe Zeya Tun “Este grupo de Rohingya e imigrantes de Bangladesh foram resgatados de um barco que transportava 734 pessoas na costa sul de Mianmar Aqueles a bordo tinha estado no mar por mais de dois meses. -. No final com pouca comida ou água Os homens nesta foto faziam parte de um grupo de 400 amontoados em um armazém pela polícia de Myanmar. Tinham chegado no dia anterior, mas enquanto o das mulheres, as crianças, e alguns homens já haviam sido movido, estes homens foram deixados para trás. Não havia nenhum sinal da agência de refugiados da ONU ACNUR ou de ajuda externa agências. Apenas momentos antes de este tiro, o céu se abriu e as chuvas de monção começaram a vir para baixo. Os homens estavam brigando uns com os outros para o espaço para pegar água em suas garrafas e pratos. As autoridades estavam hesitantes em conceder-nos acesso a em primeiro lugar, mas como a manhã avançava e as chuvas começaram, nós fomos capazes de entrar e começar a fotografar e falar com os migrantes. Logo após tomar esta foto, os homens foram carregados em ônibus e caminhões e levados para um acampamento onde as agências internacionais de ajuda foram esperando. Eu tenho trabalhado em missões longas e difíceis, onde eu ter ido dias sem uma adequada chuveiro. Mas para essas pessoas que tinha sido meses sem água suficiente. Todo mundo estava sujo e tinha provavelmente lavados pouco tempo no mar. Eu podia ver o quão significativo foi para que eles tenham a chance de repente para beber e limpar-se com qualquer pequena quantidade de água que poderia capturar. “ Site 140 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 3
Bernadette Szabo
Migrantes sírios atravessam cerca na Hungria, na fronteira com a Sérvia, perto Röszke, 27 de agosto
A cerca Bernadette Szabo “Caminhos de ferro, subterrâneo, a linha da fronteira com a Sérvia. A maioria dos refugiados usou as faixas, algumas milhas longas, como uma auto-estrada na Hungria. Cheguei na fronteira todos os dias às 06:00. O cruzamento foi o único ponto ainda não bloqueada. A bobina tripla de arame farpado foi para cima em toda a parte como Hungria preparado para cercar a fronteira. A travessia ferroviária foi fácil o suficiente, mas muitos migrantes escolheu para pular a cerca para evitar a polícia esperando algumas centenas de metros para dentro. As lâminas de barbear não eram muito afiada para lidar com luvas grossas. Dezenas de outros fotógrafos e eu andava a cerca, alguma forma de os trilhos da ferrovia. Entre os arbustos nós poderíamos fazer os contornos de migrantes à espera do momento certo. Todo mundo assistiu todos os outros. Vimos os refugiados, que assistiu a polícia, que nos observava. Era como um jogo de tabuleiro elaborado. Era mais do que apenas esperando. As pessoas do outro lado da cerca encheu a atmosfera com estranho, tensão indescritível. Esta família decidiu que eles tinham esperou o suficiente. Eles partiu para cima do muro. Ciente das suas apostas, eles levantaram o arame farpado, olhou ao redor, em seguida, fui para ela. Uma vez do outro lado eles desapareceram na floresta. Eu nunca mais os vi. Fotografar os migrantes foi o último teste de ficar fora da história: observar atentamente, espere, atirar. Não corte o fio, não convidar os refugiados, não alertar a polícia. Havia pouco contato humano com os milhares de refugiados escalar a cerca. Você não aprendeu nada sobre eles. Eles iam e vinham. Mas Site Dezembro 2015 - 141
Imagens Beso Gulashvili
Um hipopótamo anda através de uma rua inundada em Tbilisi, Geórgia, 14 de junho
Begi, o hipopótamo Beso Gulashvili “Entre os fugitivos perambulando pelas ruas eram uma raça rara do filhote de leão branco e seis lobos, que vagavam pelos jardins de um hospital infantil. O zoológico fica bem no centro da cidade, entre a emissora estatal e Universidade Estadual de Tbilisi . As fortes chuvas tinha virado o rio Vere que corre perto do jardim zoológico e através de Tbilisi em uma torrente que lavados edifícios, estradas e carros. A enorme quantidade de lama e detritos debaixo dos meus pés significava que fazer mesmo um pequeno movimento era muito difícil durante a filmagem . fotos que eu estava lá a partir das 11:30 pm Esta foto foi disparada em 6:00 na manhã seguinte;.. meu cartão de memória estava quase cheio, então eu só tinha um par de tiros deixados Esta situação era totalmente diferente de qualquer outro que eu tinha experimentado antes como um fotógrafo. No passado, toda a experiência meu relato vinha negociando com as pessoas; esta foi a primeira vez que trabalhei com animais. Eu estava sorrindo quando eu tomei esta foto de Begi, como eu descobri que foi chamado. Eu tinha comprado um relógio para o meu 14-year-old filha naquela loja apenas dois dias antes do dilúvio. E aqui estava um hipopótamo na frente dele. Havia apenas uma rota de fuga complicada disponível para mim no caso Begi decidiu atacar. Havia muito poucas pessoas ao redor, como a polícia havia fechado a área. A distância entre o hipopótamo e me foi cerca de 25 metros, mas percebi que, mesmo para um animal tão poderoso como este foi também muito difícil avançar em tal lama.” Site 142 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 3
Mohamad Torokman
Palestinos tentam impedir detenção de um menino durante um protesto contra os assentamentos judaico
Título Mohamad Torokman “Foi cerca de uma hora após o início de um protesto semanal contra assentamentos judaicos na aldeia da Cisjordânia de Nabi Saleh, perto de Ramallah. Palestinos foram briga com um soldado israelense enquanto eles tentavam impedi-lo de detenção de um menino. O incidente aconteceu tudo De repente, então eu tive que correr com a minha câmera para capturar esta imagem. O principal desafio que me foi que eu não deve perder quaisquer fortes imagens da cena. Eu estava totalmente concentrando-se em como obter esta imagem, sem me permitindo se distrair com qualquer outra coisa. Como fotógrafo você tem que ser paciente até que você possa capturar a imagem mais forte. Em qualquer tarefa, uma hora, ou até mesmo várias horas, pode passar sem uma oportunidade de ter uma boa visão, mas, em seguida, uma imagem forte . pode surgir de repente Você tem que estar pronto para a oportunidade e ser capaz de detectá-lo -. a capturar o momento que melhor conta a história na frente de você “
Site Dezembro 2015 - 143
Imagens Bülent Kiliç
Jovem ferida durante confrontos perto da Praça Taksim em Istambul, Turquia
Protesto em Istambul Bülent Kiliç A violência eclodiu entre a polícia e pessoas que frequentam o cortejo fúnebre de 15 anos de idade Elvan Berkin. Ele havia sido atingido na cabeça por uma bomba de gás lacrimogêneo, enquanto a compra de pão, durante as manifestações anti-governamentais a junho anterior, e morreu na sequência de um coma de nove meses. Os protestos de Junho tinha começado sobre planos para desenvolver a cidade de Gezi Parque em uma mesquita e centro comercial, e tinha escalado em expressões nacionais de oposição ao que foi visto como crescente autoritarismo do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan. A morte de Elvan desencadeou mais protestos anti-governamentais em todo o país. Apesar dessa oposição, Erdogan foi eleito como presidente da Turquia cinco meses depois. A fotografia tomada por Bülent Kiliç de uma jovem, ferida durante confrontos perto da Praça Taksim, em Istambul, foi a vencedora da categoria Spot News do World Press Photo. Bülent Kiliç, um fotógrafo turco nascido em 1979, começou sua carreira como jornalista para a imprensa local e em 2005 tornou-se um fotógrafo, juntando-se AFP como uma longarina dois anos depois. Ele é atualmente o gerenciador de fotos para a Turquia e realizou diversas missões estrangeiras, incluindo na Ucrânia e na Síria. Para conhecer mais sobre o trabalho de 144 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 3
Ami Vitale
Legenda
Rinoceronte órfão Ami Vitale Um grupo de jovens guerreiros Samburu tocar um rinoceronte negro pela primeira vez em suas vidas, no Lewa Wildlife Conservancy, no norte do Quênia. Rinocerontes negros estão quase extintos no Quênia. Este jovem bezerro tinha sido órfão quando os caçadores furtivos mataram a sua mãe, e foi mão-raise em Lewa. A maioria das pessoas no Quênia nunca terá a oportunidade de ver a vida selvagem de estar ao seu redor, especialmente de tão perto. Atenção é dada frequentemente ao efeito da caça ilegal sobre a vida selvagem, mas há pouco foco em comunidades indígenas, que estão na linha de frente no confronto entre caçadores e guardas jogo armadas.
Para conhecer mais sobre o trabalho de Dezembro 2015 - 145
Por que comemos embaixo da escada? Dias atrás, no final da festa, os noivos se aproximaram de nós e perguntaram se havíamos comido bem no casamento. Respondemos que sim e, de fato, havíamos comido muito bem. Até pudemos repetir o jantar. Eles então perguntaram se estava tudo certo com a mesa que haviam reservado para nós, se conseguimos comer confortavelmente. Estávamos absurdamente felizes por, não só termos tido tempo para comer, como também, termos uma mesa reservada para que pudéssemos comer com calma e ter uns minutinhos para sentar. Não é muito comum mas, ao mesmo tempo, também não é tão raro termos este pequeno mimo por parte dos nossos noivos, que são pessoas maravilhosas e se preocupam muito conosco. Mas este casal demonstrava uma preocupação extra com a questão da mesa, e ficamos curiosos para entender o porquê disso. Eles explicaram: Desde o início, era muito importante para nós que vocês tivessem um tempo para descansar, e que pudessem comer como todos os nossos convidados. No contrato, vimos que vocês ficariam, pelo menos, 10 horas conosco, e ninguém é capaz de trabalhar 10 horas sem comer e sem se sentar, ao menos, por alguns minutos. Quando comentamos com a nossa cerimonialista que, no mapa de mesas, queríamos reservar uma para os fotógrafos e cinegrafistas, ela riu e disse que isso era “totalmente desnecessário. Fotógrafos e cinegrafistas podem comer ali embaixo da escada. Eles não se incomodam.” Ficamos profundamente decepcionados com a postura de desrespeito da cerimonialista, e este foi um dos principais motivos pelo qual cancelamos o contrato com ela. Escolhemos outra empresa e ficamos surpresos ao ouvir o exato mesmo comentário da nova cerimonialista. Percebemos que parecia ser algo que já fazia parte da 146 - Anuário Resumo Fotográfico Nº 3
DANILO SIQUEIRA
cultura do casamento. Até hoje, não tínhamos certeza de que ela iria reservar a mesa para vocês. Ela reclamou disso várias vezes. Disse que era desperdício de espaço. Voltamos para casa tentando entender por que o fato de sentarmos em uma mesa no cantinho da festa era tão incômodo para as organizadoras do casamento. De fato, é algo que parece já fazer parte da cultura do casamento. Termos uma mesa é uma exceção. Para podermos comer, precisa estar em contrato e, de uns tempos para cá, precisa estar em contrato que vamos comer a mesma comida dos convidados. Caso contrário, estamos sujeito a passar 10 horas de fome ou nos contentarmos com 5cm de um pão de metro. Na nossa curta carreira, colecionamos algumas pérolas bacanas na hora da comida (com a contribuição de alguns amigos): “Se for se servir no buffet, seja discreto, para que os convidados não fiquem constrangidos.” “Infelizmente, não tem cadeira, mas vocês podem sentar ali no chão.” “Você é vegetariano? Come uma saladinha.” “Come ali que tá mais escurinho, porque fica chato os convidados verem que vocês estão comendo no prato descartável.”
“A gente só pode disponibilizar um prato pra vocês” (de um menu de degustação de 7 pratos) — ou seja, comemos 2 raviólis. “O nosso buffet é muito caro. Por isso, trouxemos uma marmitinha pra vocês”. (com um pf de um bar próximo ao local do casamento) “O buffet que eu contratei é muito caro, mas vai ter um arroz com frango lá pra vocês comerem.” “Os noivos não contrataram alimentação pra vocês. Mas vocês podem pedir uma pizza.” “Vocês tem que andar sempre com barrinhas de cereal na mochila pra garantir que não vão ficar com fome no casamento.” “Comida para fornecedores só no final da festa, se sobrar” Lendo assim, nessa bela coletânea, é de rolar de rir, mas só quem já passou por isso sabe o quanto cada uma dessas frases parece um soco na cara quando você está lá, há horas trabalhando em pé, cansado e com fome. Isso pra não comentar às vezes em que se negam a nos oferecer água na frente dos convidados. “Água pra quem tá trabalhando é só lá nos fundos.” E, comicamente, “lá nos fundos” é um lugar onde a gente nunca pode entrar, para não “atrapalhar o trabalho do buffet”.
Mas por que somos tratados desse jeito? Na verdade, a “cultura do casamento” que o nosso noivo descobriu se replica na indústria dos eventos sociais e também no setor de serviços, de uma forma geral. Obviamente, não estamos generalizando aqui mas, o que acontece hoje é reflexo dessa “cultura”. No Brasil, existe uma clara ideia de separação hierárquica entre contratantes e contratados. Aquele que presta o serviço está em um patamar inferior daquele que contrata. Imagine, por exemplo, um técnico de telefonia ou de ar condicionado que vai até a sua casa. Como clientes, exigimos que o serviço seja bem-feito e que o prestador do serviço seja educado e profissional mas, ao mesmo tempo, quantos de nós oferecem um copo de água, um café, perguntam se o técnico gostaria de usar o banheiro ou se podemos fazer algo para facilitar o trabalho? Pois é, eles são prestadores de serviço tanto quanto nós, e instalar um ar condicionado é, para eles, o que filmar, fotografar, assessorar ou decorar um casamento é para nós. Culturalmente, parece que, ao contratarmos um serviço, anulamos a pessoa, e estamos ali apenas diante de algum tipo de robô, cuja única função é satisfazer uma determinada necessidade nossa. Da mesma forma, para alguns noivos (e substitua noivos por qualquer que seja o seu cliente — a relação é a mesma), somos apenas robôs simpáticos (ou não) cuja única função é registrar o casamento. Exatamente como o rapaz do ar condicionado, não passa pela cabeça deles que nós possamos sentir fome, sede, cansaço ou mesmo dor enquanto desempenhamos a nossa função. E não é exatamente uma questão de falta de educação ou de consideração. É apenas algo profundamente enraizado na nossa cultura, do qual, muitas vezes, não nos damos conta. Em uma das nossas primeiras reuniões com um casal, conversando sobre o dia do
casamento, a noiva se surpreendeu: “Mas vocês comem no casamento? Ah é, 10 horas é muito tempo pra ficar sem comer nada, né?” Apesar do caráter “artístico” do nosso trabalho, ele é, quase sempre, associado a um trabalho braçal, que não exige grandes qualificações para ser realizado, ainda que nós saibamos que, para ser um bom profissional da imagem, é necessário muito estudo. Infelizmente, aqui no Brasil, qualquer profissão que não dependa diretamente de títulos universitários é, automaticamente, menosprezada, e isso faz com que, ao sermos fotógrafos, cinegrafistas, garçons, assessores, faxineiros, seguranças, cozinheiros ou qualquer outro tipo de prestadores de serviço em um casamento, estejamos, aos olhos dos outros, em um nível inferior ao dos demais seres humanos presentes no evento. Por isso, na cabeça da assessora/ cerimonialista, os convidados de um casamento luxuoso se sentem constrangidos ao ver esses seres inferiores se servindo da mesma comida que eles, sentando em mesas num mesmo ambiente, utilizando o mesmo tipo de pratos, talheres e guardanapos que eles. Ainda que, provavelmente, a maior parte dos convidados não dê a mínima para o que, quando, onde e de que modo estamos comendo, a “cultura do casamento” determina que a gente deve comer escondido. Na cabeça do responsável pelo buffet, não somos dignos de comer a mesma comida cara que será servida aos convidados. Por isso, mesmo sendo pagos para nos fornecer a mesma alimentação, eles se negam, e aproveitam para embolsar um dinheirinho extra dos noivos, servindo uma marmitinha, umas coxinhas, um sanduíche de metro ou, simplesmente, nos deixando sem comer, ainda que, com frequência, nós vejamos quilos de comida sendo jogados no lixo ao final da festa. Na cabeça deles, não faz sentido sujar louça conosco. Por isso, nos dão um prato descartável mas, pedem pra gente comer es-
condido embaixo da escada. Assim, ninguém precisa ficar constrangido por ter pessoas comendo em pratos descartáveis no mesmo ambiente que os convidados. E eu fico imaginando o quanto isso deve ser pior porta adentro. Como devem ser tratados aqueles que ninguém vê, que ficam no backstage do evento? Será que comem? Será que podem tomar água? Será que tem direito a 15 minutos de descanso? Em países com maior nível educacional, essa ideia de serviçal não existe. Entende-se que todas as funções são vitais para o funcionamento da sociedade, do gari ao médico, e todas elas tem seu valor. Cada cidadão tem seu papel, e as pessoas entendem que, em alguns momentos são clientes e, em outros, são prestadores de serviços. Acima disso, se enxergam como seres humanos desempenhando uma determinada função, realizando um trabalho. Quando estivemos na Dinamarca, ficamos maravilhados com a forma como as pessoas se relacionam. Fomos até lá para filmar um casamento que aconteceria em um dos hotéis mais chiques da cidade. Chegando lá, mesmo sendo “os filmadores”, o mensageiro do hotel se ofereceu para nos ajudar a carregar o equipamento, ao passo que o noivo, que vinha junto conosco, se recusou a entregar a mala ao mensageiro, dizendo que não havia motivo para que o funcionário carregasse uma única mala tão leve, ainda que ele fosse um hóspede especial. No mesmo casamento, os noivos reservaram lugares colocando plaquinhas com os nossos nomes, e nos colocaram em uma mesa na qual boa parte dos convidados falava português para que, caso não soubéssemos falar inglês, não nos sentíssemos excluídos da conversa no almoço. Ao final, os próprios noivos se ofereceram para nos levar de volta ao nosso hotel. É essa preocupação com o ser humano que faz toda a diferença nas relações. Aqui, mesmo nos hotéis mais Dezembro 2015 - 147
caros do país, é raro um mensageiro que sequer segure a porta para entrarmos. Os manobristas, normalmente, abrem a porta do carro mas, ao nos reconhecerem como “fotógrafos”, viram as costas. As moças do buffet costumam nos servir com a cara fechada. Muitas assessoras torcem o nariz quando fazemos qualquer tipo de pedido, como se fôssemos algum tipo de problema a ser resolvido. Ninguém enxerga o outro como um ser humano que está ali realizando um determinado trabalho, exatamente como ele. Falta empatia de todos os lados. E é daí que vem todas essas situações bizarras que a gente presencia nos casamentos. Estamos todos ali prestando um serviço. E nossos serviços fazem parte de um mesmo evento. Trabalhamos todos para um mesmo fim. E como eu faço pra não comer embaixo da escada? No fim das contas, a cultura do serviçal não vai mudar tão cedo. Algumas pessoas vão continuar não querendo que a gente coma a comida dos convidados, algumas assessoras vão continuar não querendo que a gente sente na mesa, alguns noivos vão continuar querendo que a gente coma o pão de metro para eles economizarem o valor do nosso jantar. E, nem sempre vai adiantar apelar para o contrato — que, infelizmente, hoje precisa dizer que os noivos são responsáveis por garantir alimentação (e, se você quiser, a mesma dos convidados). Por mais que exista a cláusula, não dá pra simplesmente chegar na mesa dos noivos e reclamar da comida no meio do casamento. Às vezes, temos que pedir pizza mesmo e fingir que está tudo bem. Mas lembre-se disso quando o buffet pedir aquelas fotinhos/aquele vídeo para divulgação (vingança, muahaha — brincadeira). De uma forma geral, a assessora é a coordenadora do evento. Em caso de problemas com o buffet, é pra ela
que você tem que mostrar o contrato e exigir que se cumpra o combinado. Se ela for o problema, você pode conversar direto com o buffet, mas, às vezes, é melhor deixar pra lá e não criar caso na hora. Com alguns casais, você pode conversar depois e explicar a situação, mas é preciso uma dose de bom senso pra saber como abordar cada caso. É importante relatar porque, como eu disse agora há pouco, tem muito buffet que cobra dos noivos pra servir o nosso jantar mas, simplesmente não serve e embolsa o dinheiro. Nesse caso, é direito do casal receber o dinheiro de volta (e reembolsar o seu jantar) ou mesmo processar o buffet. Se o problema foi a assessora, é bom informá-los para tirá-la da lista de indicações. Se o problema foram os próprios noivos e você tem essa cláusula em contrato, pode cobrar o reembolso da alimentação depois do casamento. Sobre o local pra comer, a gente começou falando da escada mas, pelo menos pra gente, o lugar não importa muito. Obviamente, no escuro sentados no chão não é a nossa opção preferida mas, não exigimos mesa, até porque tem muito salão que, realmente, não tem espaço para mais uma mesa. O que a gente faz questão é que haja comida, e que seja a mesma servida aos convidados. Pode parecer frescura mas, a verdade é que ficamos traumatizados após comer um arroz e um osso “especialmente preparados para nós” em um dos buffets mais caros de São Paulo e também depois de termos que dividir a duras penas um sanduíche de metro com outras 12 pessoas (pra você que não tem muita noção do que isso significa, dá, aproximadamente, uma fatia e uma mordida pra cada um dos que estavam há horas ali trabalhando). Isso porque a gente come qualquer coisa. Nossos amigos vegetarianos costumam sofrer muito nos casamentos, quando servem só alface ou só três raviólis ou pedem
pra eles trazerem uma “comidinha de casa”. No fim das contas, o que a gente precisa é deixar assegurado de alguma forma os nossos direitos no dia do casamento, e reforçar isso sempre que possível, para que ninguém esqueça. Vale até mandar um lembrete pra assessora na semana do casamento, se for o caso. Se você faz questão de mesa, peça a mesa. Quanto mais a gente se posiciona em relação a isso, mais se torna natural para o buffet, a assessora e os noivos que a gente precisa comer, precisa de um cantinho pra guardar as coisas, precisa tomar água. Quando todo mundo exigir isso, vai se tornar o padrão do mercado. A segunda coisa e, talvez a mais importante, é que nós precisamos mudar a nossa forma de enxergar os prestadores de serviço. Precisamos tratar o mecânico, o carteiro, o porteiro, a cabeleireira e o motorista de ônibus com o mesmo respeito com que gostamos de ser tratados quando estamos trabalhando. Essa mudança de mentalidade partindo de nós vai se refletir no tratamento que vamos receber no futuro. Como prestadores de serviço que se sentem desrespeitados, é nossa função liderar essa mudança. Somos todos iguais, e o fato de estarmos ali prestando um serviço não nos diminui nem por um segundo sequer, assim como também não diminui nenhum prestador de serviço de nenhuma área. E como a gente mesmo percebe, quando somos bem tratados, trabalhamos muito mais felizes e damos o melhor de nós para os clientes. Quando tratamos bem aqueles que prestam um serviço para nós, eles trabalham muito mais felizes e dão o melhor de si para nós. Assim, a qualidade dos serviços prestados só tem a melhorar e nós só temos muito mais respeito a ganhar. Vamos praticar? Texto extraído do site medium.com
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