Revista FundaMental edição 30 junho/julho 2017

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FUNDAMeNTAL

ANO 07 - EDIÇÃO 30 - JUNHO/JULHO 2017

REDUZA O EXCESSO DE BAGAGEM DA SUA VIDA Especial MINIMALISMO: Cuidado com o consumo exagerado

Simplifique suas expectativas Menos quantidade e mais qualidade

Saiba mais sobre: Adoçantes podem causar obesidade?

Aromas que limpam É legal falar da vida dos outros?

Inteligência emocional

revistafundamental.com.br


FundaMental ANO 7 número 30

O minimalismo é muito mais que um modo de viver. É um caminho que faz você refletir e remover o excesso da sua vida e se concentrar no que é mais importante. Não se refere apenas ao materialismo. Vai além, faz repensar a vida por completo. Não se trata apenas de se livrar de coisas. Faz refletir sobre a eliminação do desnecessário. FundaMental, edição 30, por que um especial sobre MINIMALISMO? Estamos no sétimo ano de circulação da revista e a cada edição acabamos sempre enaltecendo os valores que importam para nosso bem estar: qualidade de vida, saúde, ações que visam o bem. Isso remete muito ao Minimalismo, por isso gostaríamos de valorizar este estilo de vida pois prega a simplicidade, o desapego, o viver bem. Que é, sem dúvida, o que realmente precisamos, não é mesmo? Adriana Schemes Gusmão

Ano 07, edição 30, junho/julho 2017 - Publicação Bimestral - 5.000 exemplares Contato: fundamental@sinos.net (51) 99283-4643 - Distribuição gratuita

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Coordenação Geral: Adriana Schemes Gusmão Comercial: Virtua Gestão Comercial - Aline Lorscheitter - fones: 3781-4038 e 98206-7777


Nos acompanhe diariamente:

revistafundamental.com.br /revistafundamental @revistafundamental Leia nesta edição:

04 - Sim! Menos é mais

Everton Augustin 06 - Adoçantes podem causar obesidade? Dr. Eduardo Camargo 08 - Preste atenção aos estrangeiros que

estão ao seu lado

Joana Senger 10 - A simples prevenção que evita problemas Natália Fischer 12 - É legal falar da vida dos outros? Pastor Mauros Werling 14 - Síndrome do impostor Paola Roos Braun 16 - Inteligência emocional Dr. Neil Negrelli Jr. 18 - O telefone que traz esperança CVV Novo Hamburgo 20 - Aromas que limpam Jeferson Ricardo Maus 21 - Lapsos de memória: prevenção é o caminho Daniela Henkel Blauth 22 - Uns, fé demais, outros, fé de menos Mauro Blankenheim

24 - Calma, respire fundo e encontre

seu caminho

João Luiz Antunes 26 - Vamos encarar a vida com amor Suzana Leão 27 - Projeto Phytos Dra. Cristiane Bastos De Mattos

Especial MINIMALISMO: 28 - Mas afinal, o que é minimalismo? Bruno de Souza 30 - Parar e fazer nada? Suzana Kunz 32 - Atenção ao consumo exagerado Luciana Nunes 34 - A sustentabilidade insustentável Andrea Fabiane Enzweiler 36 - Quando é preciso deixar ir... Vanessa Marzullo 37 - Minimalismo e a moda Ida Helena Thön 38 - A leveza como método Patrícia Spindler 39 - O excesso de coisas Fernanda Ramminger 40 - Simplifique suas expectativas Marcelo Felipe Vier 42 - Menos quantidade

mais qualidade Kety Daudt Maus


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Sim! Menos

é mais

Há vezes em que precisamos de uma sacudida para entender que o essencial é a vida. Vida com qualidade: relacionamento saudável, realização com o que se faz, boa saúde. Como tudo está interligado, se uma parte não está bem, as outras podem desestabilizar-se. Há uma tendência no comportamento humano que leva a acumular e correr desenfreadamente para produzir mais, para ter mais. Cobramo-nos e somos cobrados por resultados. Se algo no processo ou no produto não satisfaz, surgem ansiedade, sentimento de fracasso, depressão, insegurança, palpitações, insônia…

Ela pode surgir também no fato de perdermos os nossos filhos e os melhores amigos para a nossa ausência, aquele pedacinho de nossa vida que não lhes dedicamos.

Nessa correria cega, esquecemo-nos de perguntar sobre a importância e a essencialidade de tudo isso; se de fato estamos no caminho da vida com qualidade.

É fundamental que tenhamos em vista que é vida (a nossa e por vezes a de quem poderia ou deveria estar próximo de nós) o que investimos em produção e consumo.

Afinal, precisamos disso tudo para viver? Ou seria isso um tóxico que nos entorpece para o que realmente vale a pena? Chega o momento em que as nossas energias findam, as relações enfraquecem e o sentimento que fica é de que, apesar do sucesso produtivo e do êxito em acumular, estamos infelizes. Essa consciência pode despertar em um corpo enfartado a caminho do atendimento de urgência.

Quando essa consciência surge pode ser tarde. Se não for, podemos ter sido presenteados com um pouco de tempo que nos permite usufruir ainda do que de fato é essencial. Em que investimos a nossa vida? Saiba mais sobre este assunto, a partir da página 28, no Especial sobre MINIMALISMO Everton Augustin Diretor do Instituto Ivoti



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Adoçantes

podem causar obesidade? Embora possam ser considerados seguros para o consumo, evidências recentes têm sugerido que os adoçantes não são necessariamente saudáveis. Adoçantes têm sido usados desde os anos 50 para promover o desmame precoce e o rápido crescimento principalmente de gado e porcos. Com o tempo, para reduzir a quantidade de açúcar e o volume das rações, que tornavam a produção mais cara, foram introduzidos os adoçantes, que mantinham o sabor com muito menos quantidade e com um custo bem menor. Mas ainda assim, se manteve o ganho de peso dos animais quando comparado com o açúcar.

Mas se tem adoçante, não deveriam emagrecer? A explicação é que os animais passaram a consumir mais comida quando começaram a ser alimentados com rações contendo adoçantes. Em seres humanos, estudos observacionais têm mostrado que o consumo frequente e regular de refrigerantes que contêm adoçantes resulta em maior ganho de peso, maior adiposidade abdominal e, principalmente, não reduz o risco de desenvolver diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares. Também de forma observacional, gestantes que consomem muito adoçante têm filhos com maior predisposição à obesidade na infância. Esses são achados que ainda precisam ser confirmados, mas a ciência já encontrou possíveis mecanismos para explicar o ganho de peso com os adoçantes. É bom lembrar que esses mecanismos sempre ocorrem quando consumimos adoçantes, mas eles só realmente se consolidam se o consumo for exagerado e muito frequente.


Por que os adoçantes podem causar ganho de peso? 1. A Ilusão das Calorias Negativas É uma distorção de percepção da realidade, onde a adição de algo considerado ‘saudável’ (como o adoçante, para alguns) reduziria o valor calórico da refeição. Por exemplo, se o consumo de uma bebida com adoçante é considerado saudável, ela pode contribuir para comer em excesso por interferir com a nossa capacidade de estimar o valor calórico de outros alimentos. Exemplo clássico: Cheesburger, mas acompanhado de um refrigerante zero! Não é só pelo valor calórico do lanche, mas pela falsa ideia que a versão do refrigerante de baixa caloria vai gerar alguma proteção.

2. Interferência no circuito cérebro/ intestino: No cérebro temos duas áreas diferentes para identificar o sabor doce e para quantificar a energia consumida, que é uma maneira perfeita de controlar a quantidade consumida de calorias. Um exemplo é quando ingerimos algo com açúcar ativamos pelo paladar a via associada ao sabor doce e logo em seguida a via que controla a chegada de calorias (porque o açúcar tem calorias). Isso resulta na liberação de hormônios que aceleram o metabolismo e aumentam o gasto de energia do nosso corpo. Tudo é perfeito, para não causar excedente desnecessário. Quando se consome o adoçante, o sabor doce é detectado, mas a via que detecta a energia do alimento não o reconhece (o adoçante tem pouco ou nada de energia) e portanto o metabolismo não é acelerado e o corpo entende que tem que reduzir o gasto de energia para não faltar.

3. Modificação da microbiota A microbiota intestinal é o conjunto de milhares de bactérias que compõem a nossa flora intestinal. Hoje, a modificação da nossa flora intestinal através da má alimentação tem sido associada com o surgimento de obesidade, diabetes e até alguns tipos de câncer. Sabidamente, os adoçantes interferem com as bactérias da nossa microbiota, alterando a sua constituição e reduzindo a sua diversidade. Ainda não se sabe o real impacto dessa exposição, mas sua frequência é maior quanto maior a quantidade e o tempo de consumo dos adoçantes. Devemos sempre levar em consideração o benefício e a segurança. O problema sempre é o excesso. Procure variar o tipo de adoçante. Lembro que o açúcar também tem os seus mecanismos de alterar o nosso organismo já muito bem estudados e que não existe um tipo que seja mais seguro. Mas vale a mesma regra dos adoçantes. E no caso dos açúcares, a quantidade tem que ser sempre bem, mas bem menor.

Dr. Eduardo Camargo Médico com especialização, mestrado e doutorado em Endocrinologia e Metabologia


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Preste atenção

aos estrangeiros que estão ao seu lado Um estudo realizado em 2016 pelo CONARE (Comitê Nacional para os Refugiados) apontou que as solicitações de refúgio no Brasil cresceram 2.868% nos últimos cinco anos. Mas afinal, quem são os estrangeiros com os quais estamos dividindo nosso espaço? De forma resumida são pessoas que saem de seus países em busca de uma vida melhor, que tem como origem uma região muito pobre, com poucas oportunidades de estudo e trabalho, ou ainda, são vítimas de guerras e de desastres naturais.

Grande parte dos migrantes e refugiados que chegam ao Brasil tiveram seus direitos humanos básicos violados e chegam em nosso país em busca de um novo começo.

Alguns são graduados, outros não possuem o ensino básico completo, mas existe algo comum a todos: a vontade de trabalhar e o desejo de auxiliar seus familiares que permaneceram em seus países de origem.

Com os salários recebidos aqui, que não são altos, pagam suas contas e ainda enviam parte aos familiares que ficaram. Apesar das dificuldades, o sonho de oferecer uma vida melhor às suas famílias e ao seu país, é um incentivo para que continuem tentando. Mas o fato é que, ao chegarem no Brasil, também se deparam com muitos outros desafios além das questões financeiras. Através de uma aproximação com esta população, torna-se visível a falta de acesso à rede de apoio social, a ausência de oportunidades de lazer, as dificuldades com o idioma, a saudade da família e, não raramente, a necessidade de enfrentar situações de discriminação. Todos estes aspectos acabam colocando os migrantes em situação de vulnerabilidade social.


A Feevele iniciou em 2016 o projeto de extensão: “O mundo em NH: migrantes e refugiados, uma questão de direitos humanos”. O projeto oferece aulas de português gratuitas para esta população, apoio jurídico, principalmente para questões relacionadas a documentação.

potencialidades e, principalmente, que estejamos prontos para auxilia-los quando necessário, impedindo que mais uma vez seus direitos sejam violados.

Aborda aspectos culturais e históricos do Brasil e também conta com oficinas de psicologia que visam auxiliar no acolhimento e integração social destes sujeitos.

O projeto da Feevale acolhe gratuitamente refugiados e migrantes todas as quartas-feiras, às 19h30min, na sala 311 do Campus I.

Sendo assim, cabe a nós, sociedade, nos desprendermos de nossos próprios preconceitos, dando espaço para que estes sujeitos mostrem suas

Afinal de contas, muitos de nós somos filhos, netos e bisnetos de migrantes que, um dia, também buscaram refúgio e melhores condições de vida no Brasil.

Joana Emília Senger Formanda de Psicologia Universidade Feevale mundonovohamburgo@gmail.com


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A simples prevenção que evita problemas Temos acompanhado, nas últimas semanas, o drama vivido pela modelo Renata Banhara, acometida de uma grave infecção que atingiu os tecidos e ossos de sua face e até mesmo a região cerebral, e cuja extensão das seqüelas não pôde ainda ser conhecida. A atriz corre o risco, inclusive, de perder movimentos do rosto. A origem desse quadro atual teve início em uma infecção odontológica bacteriana comum que se desenvolveu silenciosamente na boca da modelo e que migrou para outras áreas. Apesar de não ser usual a sua progressão para um estado clínico tão agressivo, com complicações dessas proporções, a disseminação de infecções orais para outros tecidos da cabeça não é tão incomum, principalmente quando ocorridas na maxila (arcada superior) por sua proximidade com as estruturas vizinhas.

A literatura médica associa também problemas cardíacos, pulmonares e até mesmo de articulações à infecções e inflamações odontológicas não tratadas. A boca é a porta de comunicação direta do corpo com o meio exterior. Dessa forma, é muito importante darmos especial atenção a este órgão. O quanto antes for diagnosticada e tratada a infecção, mais eficaz, com menor prejuízo ao organismo e menos custoso ao bolso será o tratamento. Ainda melhor é fazê-lo através da PREVENÇÃO, antes sequer da instalação do agente agressor.

Problemas odontológicos “tolerados” pelas gerações mais antigas podem causar perda óssea, retrações de gengiva e até culminar na perda de dentes. Quantas não são as pessoas que conhecemos que convivem com próteses ou implantes de dentes. Essa não deveria ser a regra, pois com a adequada prevenção a maioria das pessoas pode alcançar a velhice com seus dentes naturais saudáveis. Atualmente os profissionais têm à disposição modernos recursos que os ajudam a oferecer uma avaliação criteriosa e a percepção de alterações mínimas. Como todos os campos da ciência médica, a Odontologia está evoluindo para o foco na prevenção. Essa é a chave para uma vida mais saudável e com mais qualidade.

Natália Fischer CRO/ RS 14683 Odontologia Preventiva e Estética Certificação Internacional em Harmonização Facial Membro do Grupo Qualidade em Saúde www.fischerodontologia.com.br fone: 30351111



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É legal falar da vida dos outros? “Mas me conta, fiquei sabendo que você fez uma coisa essa semana que não acreditei. É verdade? Vieram me contar! Sabe, eu não quero acreditar mas como todo mundo está comentando, eu vim saber de você”. Sabe como se chama isto? Fofoca. Você acha que isso é legal? Falar de pessoas que nem sempre podem se defender, por estarem ausentes? Tem gente que adora contar sobre a vida dos outros, falando bem ou mal, mas sempre tem a vida do próximo em evidência. Aliás, nestes tempos modernos, principalmente com alta velocidade de transmissão da informação com redes sociais, fica mais complicado ainda.

Quer ver como é fácil resolver esse problema, na escola ou mesmo no convívio familiar ou social? Aplique um teste. Isso mesmo, o teste das três peneiras. Se o assunto que alguém vier comentar com você conseguir passar pelas três peneiras, pode ter certeza que vale a pena investir seu tempo para dar ouvidos e credibilidade à esta pessoa. Vou ilustrar com um exemplo de uma história de autoria do filósofo Platão: Certa vez, um homem foi ao encontro de Platão para lhe contar uma notícia intrigante. Quando o encontrou, antes que lhe dissesse algo, o filósofo o interrompeu dizendo: – O que tens para me contar passou pelas três peneiras? O homem ficou na dúvida: – Como assim? Platão então respondeu: – O que tens pra me dizer é algo verdadeiro? O homem respondeu: – Bem, acho que sim, afinal é algo que andam dizendo por aí.


Platão, então, repreende: – Se não é verdadeiro, não é ético dizer. Mas o homem insistiu com o filósofo, que disse: – Se não é verdadeiro o que queres me dizer, ao menos é bom? O homem indeciso afirmou: – Bem, é algo não muito bom, triste inclusive. Platão argumentou: – Então, também não interessa dizer. O homem tentou mais uma vez convencer Platão a ouvir a notícia, mas o filósofo, outra vez, perguntou: – Essa notícia tem algum fim prático? O homem respondeu: – Não, na verdade é só uma notícia, não tem finalidade nenhuma. Platão então disse: Quantas vezes, o que dizemos para alguém não passa pela prova das três peneiras e com isso, infestamos a mente das pessoas com intrigas, fofocas, mentiras e ofensas, prejudicando nosso relacionamento com as pessoas?

Esta notícia não tem valor algum, pois não passou pela prova das três peneiras: verdade, bondade e utilidade. A verdade é que quando não paramos para pensar no que dizemos, cometemos erros e injustiças com outras pessoas, ferindo sentimentos e criando desilusões. Por esta razão devemos ser sempre a última estação de qualquer comentário infeliz. Ou seja, se não for verdade, nem bom, muito menos útil, deve morrer em nossa boca. Agora você já sabe, passou nas três peneiras, passe adiante, caso contrário descarte. Deleta, ignora, apaga, esquece. Pastor Mauros Werling


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Síndrome do impostor Como advogada, há alguns anos me dedico ao estudo das questões de gênero. Tenho participado de diversos movimentos organizados por mulheres - tanto voltados à minha profissão quanto à atuação das mulheres no mercado de trabalho e no empreendedorismo em geral. Em tais estudos, tomei conhecimento de uma triste estatística: as mulheres iniciam em grande número na graduação, mas vão deixando a faculdade com o tempo, a ponto de representarem menos da metade dos doutores brasileiros e ocuparem menos espaço ainda dentre os professores titulares e pesquisadores “1A” do CNPq. Depois de pesquisar mais descobri que, dentre outros fatores, a chamada Síndrome do Impostor é uma das grandes responsáveis pela “abdução” em massa das mulheres das universidades.

A síndrome do impostor é um conceito que descreve indivíduos de alto desempenho que são marcados por uma incapacidade de internalizar suas realizações e por um medo persistente de serem expostos como uma “fraude”. O termo foi cunhado em 1978 pelos psicólogos clínicos Pauline R. Clance e Suzanne A. Imes. Apesar da evidência externa de sua competência, aqueles que exibem a tal síndrome permanecem convencidos de que são fraudes e não merecem o sucesso que eles alcançaram.

As provas de seus sucessos são descartadas como sorte, timing, ou como resultado de “enganar os outros” fazendo-os pensar que são mais inteligentes e competentes do que eles mesmos acreditam ser.

Estudos sugerem que a síndrome do impostor afeta em maior número as mulheres de alto desempenho. Um grande exemplo de mulher que sofria de tal síndrome é a escritora americana Maya Angelou, falecida em 2014, aos 86 anos de idade. Ela escreveu 11 livros e toda vez pensava: “agora vão me descobrir”, “serei desmascarada”, apesar de ter ganho 5 Grammys.

Paola Roos Braun OAB/RS 63.876



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Inteligência emocional Não gostar de emoções negativas é tão útil quanto não gostar do inverno. O inverno virá você querendo ou não, assim como as emoções. Melhor do que gostar ou não gostar é saber lidar com elas. Percebemos que nos dias atuais as qualidades emocionais estão sendo cada vez mais exigidas. Mais exigido que o QI, agora o QE (coeficiente emocional) que está sendo o pré-requisito cada vez mais solicitado em diversas empresas. Os maiores especialistas do mundo em análise comportamental alertam que o mais importante nos nossos dias não é o quanto se sabe, mas sim como se relacionar melhor consigo mesmo e consequentemente com as pessoas que conosco convivem.

Para melhorarmos o nosso QE (coeficiente emocional) é necessário expandirmos nossa inteligência emocional.

Você vai vivenciar as emoções por toda a sua vida de uma forma ou de outra. É necessário possuir o controle das emoções para que em determinado momento elas não venham a nos atrapalhar. Ou você entende suas emoções ou você se torna vítima delas. Algumas pessoas acreditam que possuir o domínio das emoções é deixar de sentir aquelas que parecem ser prejudiciais, deixar de sentir emoções como raiva, medo, tristeza. Ter o domínio das emoções é algo muito maior do que gostar ou não gostar. O melhor caminho para obter o controle de suas emoções é compreendê -las de maneira mais completa.


Cada emoção possui uma função biológica positiva e é possível tirarmos um resultado positivo de todas as emoções. Não dar atenção às suas emoções ou tentar levar como se nada tivesse acontecendo é como segurar um vazamento de água em um cano com as mãos. Uma hora irá estourar. É necessário seguirmos por outro caminho. A energia gerada pelas emoções pode ser utilizada em nosso favor. É possível aprender a dirigir essa energia para a conquista de objetivos ou na busca de uma vida mais saudável. Dr. Neil Negrelli Jr. Médico especialista em Cirurgia Crânio-Cérvico-Facial Presidente do Inexh Instituto Nacional de Excelência Humana www.inexh.com.br fone: 3097-3390


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O telefone que traz esperança Todos os dias pelo menos 32 brasileiros tiram a própria vida, resultado da falta de prevenção que poderia ter poupado pelo menos 28 dessas pessoas. Em todo o mundo, estima-se que ocorra um suicídio a cada 40 segundos. Ao contrário do que muitos acreditam, quem pensa em se matar dá sinais e pede ajuda e esse tem sido o trabalho do CVV há mais de 50 anos. Os motivos que levam realmente as pessoas a pensar em autodestruição estão ligados, em sua esmagadora maioria, ao campo afetivo. É a chamada deterioração afetiva, que leva a pessoa, fatalmente, a sentir-se só. Um solitário no meio da multidão. Um indivíduo carente de amizade, de alguém que o considere digno de ser ouvido. E o CVV considera dignos de atenção todos que lhe batem às portas ou discam o número de seu telefone.

O atendimento é feito seguindo as normas da chamada “psicoterapia de apoio”, e não há doutrinação religiosa em nenhum atendimento. A norma básica do atendimento, que é seguida por todo plantonista, resume-se numa frase: “Saber ouvir os problemas da pessoa”. Conhecidos os problemas, usar as armas disponíveis pelo próprio indivíduo para que tais problemas sejam superados.

O plantonista do CVV oferece amizade ao suicida em potencial, a amizade tão difícil de ser encontrada hoje em dia. É a própria valorização da vida. Superada a crise suicida, o indivíduo não se sentirá dependente de ninguém e terá condições de enfrentar seus problemas. O CVV - Centro de Valorização da Vida, fundado em São Paulo em 1962, é uma associação civil sem fins lucrativos, filantrópica, reconhecida como de Utilidade Pública Federal em 1973.


Contatos do CVV: fone 141 (24 horas) site www.cvv.org.br via chat, VoIP (Skype), e-mail fone 188 (primeiro número sem custo de ligação para prevenção do suicídio, exclusivo no estado do RS). O CVV presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo. De setembro de 2015 até abril de 2017 foram realizadas 376.000 ligações telefônicas para o 188 (RS)que atende 24 horas nos 365 dias do ano. Das 20 cidades brasileiras com mais de 50.000 habitantes, o RS tem 10 com as mais altas taxas de suicídio.

Taxa de suicídios no Brasil: 1º) Rio Grande do Sul - 10,18% 2º) Mato Grosso do Sul - 8,66% 3º) Santa Catarina - 8,58% 4º) Piauí - 7,19% 5º) Roraima - 6,76%

Nos últimos 18 anos, foram 20.403 pessoas mortas por suicídio no RS, população que excede os habitantes de São Francisco de Paula. Porto Alegre é a capital com maior taxa de suicídios (11,9 para cada 100 mil). A cidade Gaúcha com o maior índice é o Município de Venâncio Aires, com mais de 40 casos a cada 100 mil habitantes. Esses números enquadram Venâncio Aires como uma das cidades com maior índice de suicídios do mundo. CVV Novo Hamburgo


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Aromas que limpam Sonhamos em viver dias mais tranquilos, almejamos um estilo de existência menos artificial, resgatando a natureza e o bem viver, mas encontramos certa dificuldade em colocar isso na prática. E quais seriam as ações necessárias para seguir nessa direção? Podemos começar aprendendo a limpar a mente. Existem muitas formas de aliviar os pensamentos nocivos, que são como resíduos tóxicos que permanecem dentro das nossas cabeças durante e depois de um dia comum. Meditação, música, oração, são algumas das mais importantes. E aromas.

Os aromas de determinados óleos essenciais puros podem promover uma faxina na nossa mente e nos ambientes em que costumamos estar! Aqui estão algumas dicas de óleos para inalar e ou usar como coadjuvantes na limpeza da sua casa.

Óleo Essencial de Eucalipto:

Pingue 02 gotas em um pedaço de tecido, feche os olhos e faça três inalações profundas, isso expande a respiração, aumenta a atenção, diminui a ‘poluição’ dos pensamentos e fortalece o foco mental.

estamos assoberbados com a rotina e precisamos estar mais alertas.

Óleo Essencial de Alecrim:

O óleo contém uma substância que diminui o esgotamento da mente e revigora, afastando as preocupações e reconstituindo a capacidade de memória.

Óleo Essencial de Lemon Grass:

É indicado para higienizar nossa casa, basta pingar de 05 a 10 gotas na água utilizada na limpeza de pisos, também podemos pingar 03 gotas na água para eliminar agrotóxicos e parasitas das frutas e verduras frescas. Expulsa pensamentos negativos.

Óleo Essencial de Hortelã Pimenta: O aroma deste óleo conduz a um estado de concentração mental e auxilia nos dias em que

Jeferson Ricardo Maus


Lapsos de memória: prevenção é o caminho

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Você já parou para pensar se o corpo envelhece ao mesmo tempo do seu cérebro? Há uma expectativa do aumento de vida da população para os próximos anos, devido ao um avanço da saúde, e com isso ocorrerá um crescimento da população de idosos e será necessário repensar em algumas estratégias para manter o cérebro ágil e saudável. Qual será a forma de avaliar o seu cérebro? A avaliação neuropsicológica investiga o funcionamento de áreas cerebrais de diversas funções cognitivas, tais como, memória, atenção, linguagem e funções intelectuais. É possível verificar a partir da avaliação do seu cérebro aspectos que demonstram mudanças cognitivas e comportamentais no decorrer do avanço da idade ou situações de lesões cerebrais. Estes testes ajudam no esclarecimento do diagnóstico médico, auxiliando na identificação de sinais precoces do envelhecimento normal à doença.

Quando percebemos a necessidade de realizar uma avaliação? A partir do momento que as queixas e os esquecimentos começam a aparecer no seu dia a dia. Quando os lapsos de memória, atenção, desorientação, planejamento e entre outras, ocasionam prejuízos maiores na sua vida no âmbito pessoal e profissional.

Os resultados obtidos de uma avaliação são importantes para obter uma noção fidedigna do desenvolvimento mental e o declínio cognitivo das pessoas. Através do laudo elaborado pelo neuropsicólogo, o médico tem mais subsídios para o diagnóstico e o direcionamento adequado para o tratamento. A prevenção do seu cérebro é extremante importante para ter um bom funcionamento ao longo das fases da vida.

Prestar atenção nos sinais precoces são essenciais para obter uma boa qualidade de vida e bem estar. A prevenção é essencial e o que você faz para cuidar e prevenir seu cérebro? Daniela Henkel Blauth - Psicóloga Pós-Graduanda em Neuropsicologia


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Uns, fé demais, outros, fé de menos Interessante escrever sobre o tema, numa revista que começou como Guia e virou Fundamental. Sobre Deus se aprende com algum irmão mais velho que já tenha trilhado os tão controvertidos, pelo homem, caminhos do Senhor. Senhor: aí a primeira questão. Como chamar de Senhor alguém que não conhecemos? Reside neste aspecto, ponto basilar. Se não O conhecemos como poderemos honrá -Lo, amá-Lo, adorá-Lo, dialogar com Ele? Ninguém se atreve a falar sobre automobilismo sem antes se aparelhar para isso. Certa vez um grande amigo afirmou ter conversado com Deus antes de tomar uma importante decisão em sua vida. Eu, atrevida e insolentemente, perguntei em tom jocoso: ”e Ele respondeu?”

Hoje me vejo falando com Ele com certa naturalidade e maior frequência, muitas vezes enquanto dirijo. Que não se confunda falar ao celular com este especial diálogo, pois você guia sob Sua proteção. Não ouço sua voz no Bluetooth, mas sinto sua presença nas mais sutis manifestações. Quem eu taxava de louco, hoje me saúda por ter descoberto Deus na figura de Jesus Cristo, que o mundo mundano insiste em tratar como grande personalidade histórica no nível de Einstein, Hitler (imaginem), Gandhi, filósofos de todas as greis e estadistas de todos as cepas, nivelando o Criador por baixo.

O compositor baiano Gilberto Gil muitas vezes tangenciou filosofalmente a verdadeira Fé em sua canções, como em Se eu quiser falar com Deus.

A loucura da Fé se assemelha à do amor: ou você sente ou não sente. Sente-se uma hora dessas e pense sobre isso. Deus é um só, mas você e eu somos muitos. Ah..., a frase título roubei do meu passado: ela é de autoria do meu querido e inesquecível Ivo Weber.

Mauro Blankenheim Publicitário



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Calma, respire fundo e encontre seu caminho Em determinado momento da vida percebi a necessidade de mudança. Sedentário, acima do peso, trabalhando muito, dormindo pouco, comendo mal e com crises de enxaqueca e dores imobilizantes nas costas. Uma ruptura precisava ser posta em prática. O fato que me fez mudar foi uma contratura na região lombar que me impedia de caminhar, dirigir, enfim, ter uma vida normal. Recorri a uma grande amiga, especialista em terapias ayurvedas, que depois de algumas semanas de tratamento me ajudou a perceber que precisava dar mais atenção para meu corpo e o equilíbrio entre todos os aspectos da vida. Além disso, me convidou para fazer com ela um curso de yoga, com imersões de um final de semana por mês, por dois anos. Pensei, será? E fui.

O yoga me trouxe a descoberta do corpo, da respiração, da meditação e da capacidade de viver melhor, com mais saúde e disposição. Comecei a trilhar um caminho mais saudável, que me trouxe novos aprendizados e grandes descobertas pessoais. Formei-me professor de yoga, fiz minha graduação e pós-graduação acadêmica, voltei a nadar e comecei a correr. Tenho participado de muitas provas de corridas com distâncias e dificuldades variadas, de 10, 20, das famosas maratonas de 42 km e das ultramaratonas, em diversas condições e dificuldades. Muito divertidas e que me levaram para locais lindos e experiências únicas, mas que seriam impossíveis há pouco tempo. Mudei de carreira profissional, para uma que me dá mais prazer, alegria e uma percepção de importância na vida das pessoas.


O yoga nos ensina que a respiração é o fator chave para todas as práticas em nossa vida. Pare agora e preste atenção na sua respiração! O ser humano está respirando de forma rápida e curta. Fruto de uma vida agitada, onde não temos tempo para nada, nem para respirar direito. O que nos leva para um círculo vicioso perigoso, por que este tipo de respiração dificulta as práticas que levam ao relaxamento e a introspecção.

Exercício para respirar melhor: 1. Devemos nos afastar do barulho e da agitação se possível, ou colocar fones com uma música bem calma.

2. Fazer algumas respirações profundas e lentas e permanecer por alguns minutos observando o movimento respiratório natural. 3. Observar que parte do tronco é movimentada neste processo, se apenas a região peitoral, abdominal ou ambas. 4. Se a respiração estiver apenas na região do peito é sinal de agitação, e precisamos comandar por um tempo a respiração movimentando o abdômen, liberamos o comando e observamos novamente. 5. Se der resultado, permaneça uns minutos para aproveitar os benefícios, se não, repita o processo. João Luiz Antunes


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Vamos encarar a vida

com amor? Um dia, fazendo uma palestra num Centro Espírita, eu escrevi as palavras Vida/Morte e circundei bem no meio delas. Um senhor que estava assistindo a palestra levantou a mão e disse, de forma carinhosa: “Veja que bonito, tu fez o círculo e surgiu a palavra AMOR!” Jamais me esquecerei disso. Falar da MORTE sempre vai nos levar a falar da VIDA e sempre vamos ter que encarar ambas com AMOR. Como espírita eu sei que a morte é uma passagem, um portal por onde passaremos e sairemos do outro lado sem o corpo físico. Sei que nossa individualidade não se perde, nossos aprendizados e nossas lutas também não. Sei que já morremos muitas vezes, pois somos seres reencarnados, sei que depois da Morte (ou desencarne) nós poderemos retornar em outro corpo, com outra história e novas oportunidades. Porém, sei que é um processo doloroso. E acho que a dor da perda deve ser experimentada e sentida sem culpas.

O que devemos tentar combater é o desequilíbrio, o desespero e o apego doentio. Isso não trará nosso ente querido de volta e ainda lhe causará dor. Morrer não deve ser encarado como um tabu, pois essa é a única certeza que temos nessa vida.

A morte é democrática e esse encontro nosso já está agendado, certamente. Não é por isso que devemos perder tempo precioso da nossa VIDA nessa angústia.

Tenho uma opinião muito pessoal a respeito dos que temem muito a MORTE. Desconfio que não estejam colocando muito AMOR na sua VIDA. Temer o fim de um ciclo, algo natural e totalmente humano, pode ser a pista para pequenas coisas que devemos trabalhar em nós. Apego não faz bem... Não melhora nossa VIDA e não impede a MORTE. Amor faz bem... Melhora nossa VIDA e nos ajuda a receber a MORTE quando essa bater à nossa porta. Ela baterá um dia. Suzana Leão


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Projeto Phytos A Universidade Feevale possui o projeto de extensão Phytos vinculado ao Programa Promoção do Uso Racional de Medicamentos do curso de Farmácia. O projeto Phytos vem realizando ações com equipes de saúde e usuários atendidos pelas Unidades de Saúde da Família administradas pelo Regina Comunidade que demonstram interesse em utilizar e cultivar plantas medicinais.

Os professores e alunos do projeto realizam capacitações com a equipe de agentes de saúde comunitários, além de palestras e oficinas com os usuários das USFs sobre o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos. Orientações sobre cultivo, preparo de chás, finalidade terapêutica e precauções de plantas são realizadas seguido de atividades práticas sobre cultivo, colheita e identificação, no horto localizado no Campus I da Feevale. Entre as ações do projeto estão a implantação da Farmácia Viva nas USFs e proporcionar o acesso a medicamentos fitoterápicos aos pacientes atendidos pelo SUS. As palestras e oficinas são abertas para a comunidade. Dr.ª Cristiane Bastos De Mattos Curso de Farmácia - Universidade Feevale cristianemattos@feevale.br

O uso incorreto de plantas medicinais pode acarretar danos à saúde do usuário apesar da utilização de plantas na terapêutica ser uma prática respeitada por entidades reguladoras nacionais e internacionais.


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Mas afinal, o que é

minimalismo? Nascido como um movimento artístico, o minimalismo pode ser visto como maneira de viver uma vida simples, mais consciente.

O minimalismo é uma ferramenta para se livrar do excesso da vida em favor de se concentrar no que é importante – para que você possa encontrar felicidade, satisfação e liberdade. Viver uma vida minimalista muitas vezes vai de mãos dadas com a simplicidade. Isso significa que o minimalismo tem muito para ensinar para quem quer gastar menos e economizar mais. Seis lições do minimalismo:

1. É bom desligar às vezes

Todos nós gostamos de estar conectados, mas o minimalismo considera o fluxo constante de informações algo estressante, e é.

ESPECIAL MINIMALISMO

Para testar a teoria, tente desligar tudo durante uma manhã inteira no fim de semana ou colocar o telefone em modo de vôo e pegue um livro. Vai ser divertido.

2. Você realmente não precisa de muitas roupas

Destralhe está no coração do estilo de vida minimalista. As coisas não nos deixam felizes, aparentemente. Livrar-se das roupas que você não precisa (as que ocupam espaço em seu guarda-roupa e esmagam as que você ama) tem o bônus adicional que você pode vendê-las ou doá-las.

3. Quando se trata de dinheiro, dê passos de bebê

Quaisquer que sejam os seus objetivos com o dinheiro, o minimalismo nos ensina a dar passos de bebê. Se é o seu objetivo pagar uma dívida, começar a poupar ou comprar uma casa, desafios assustadores parecem mais fáceis para começar. Precisa de R$ 5.000 para uma viagem? Comece por economizar R$ 50 por semana e trabalhe.


MO 4. Saia do inferno das relações Minimalismo é tudo sobre a redução da quantidade de excesso de bagagem em sua vida e preenchê-la com as coisas que você realmente quer. Isso vale para as pessoas também. Livrar-se das pessoas que drenam você – o amigo egoísta, o companheiro maçante. 5. Você não está tão ocupado como você acha que está

Todo mundo que eu conheço parece existir em um estado constante de ocupação. Tratamos uma agenda completa como se fosse algo inevitável que não temos controle. Minimalistas consideram que a chave para a felicidade é dizer não às coisas que não conseguimos, para ter mais tempo para nós mesmos.

6. Pare de perguntar “o que você faz?”

Muitas pessoas adoram seu trabalho, mas isso não é tudo o que fazem. Elas comem, bebem, buscam hobbies, tem pensamentos, sonhos. Ao reduzir o seu interesse em uma pessoa para apenas o trabalho que faz para obter dinheiro, você está se humilhando. Tente perguntar o que ela fará no fim de semana, por exemplo. Agora você tem uma noção do minimalismo. Quem sabe pode ser algo para pensar em incluir no seu estilo de vida? Bruno de Souza


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ESPECIAL MINIMALISMO

Parar e fazer nada? Há idos anos um professor muito Zen me dizia que todo ser humano deveria dedicar um tempo por dia sem fazer nada. Na época, a frase me intrigou. Como assim, não fazer absolutamente nada? Pra mim, acostumada a andar a mil (casa, filho, trabalho, academia, leitura...) o dito soava surreal.

Pois é chegado o tempo de que até a ciência preconiza a necessidade imediata que todo ser humano possui de dedicar-se ao nada, ao vazio, para manter sua sanidade psíquica. Mais do que nunca, inundados por informações que chegam de todos os lados, incluindo apelos constantes ao consumo de mais e mais, somos convidados, quase que obrigados, ao contrapon-

to: à prática de esvaziarmo-nos numa expiração profunda e lenta capaz de limpar tudo o que tem se acumulado em nossas vidas para finalmente poder inspirar o novo e inspirar-se. Aliás, o termo inspiração vem exatamente daí. Não é possível receber as benesses de uma inspiração reveladora sem antes esvaziar-se inteiramente, entregando-se ao vazio, porque nada cabe em recipiente cheio, inclusive cheio de pensamentos, conceitos e informações. A metáfora do cálice sagrado e vazio representa justamente o coração humano limpo e pronto para receber a inspiração de seu destino divino. Deve ser por isso que muitos povos orientais praticam e valorizam em sua cultura a arte de parar em meditação, evento que passa a ser integrado à nossa ciência ocidental, já que se pode comprovar, através de imagens, o quanto o cérebro humano é beneficiado com a prática ao produzir hormônios que trazem alegria e prazer.


MO Com suas nuances variadas, incluindo desde matizes religiosas às práticas complementares para tratamentos psiquiátricos, todas as correntes que preconizam a utilização da meditação concordam num ponto: Atenção plena, onde novamente a respiração é a principal protagonista.

Expirar e inspirar. Este ato tão simples e espontâneo, praticado a cada segundo no cotidiano passa a ser o foco. O pulo para por o pezinho no oásis e acalmar os ânimos, acender a lucidez e trazer mais leveza ao dia a dia e encontrar-se mais pleno para ser a melhor versão de si mesmo. Suzana Kunz Publicitária


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ESPECIAL MINIMALISMO

Atenção ao consumo exagerado. É necessário reavaliar este comportamento. O termo Lowsumerism é uma abreviação do termo Low Consumerism, que em tradução literal quer dizer “consumir pouco”, mas a expressão é muito simplista para explicar este fenômeno comportamental que está acontecendo nos nossos dias em proporções cada vez maiores, o Consumo Consciente.

Vivemos em um mundo saturado de coisas, mas precisamos de um mundo recheado de sentido. E é este o mundo que nós estamos construindo, junto com a geração dos nossos filhos. Um ambiente melhor, mais consciente, mais compartilhado, mais justo, mais feliz.

Economia do Compartilhamento, Economia Solidária ou Colaborativa, Ecovilas, Bazar Solidário, são apenas alguns dos movimentos que estamos materializando e que ganham força frente ao antigo sistema de economias capitalistas. Se antes a abundância dos bens de consumo determinava os símbolos de sucesso, essa fartura passou a ter uma conotação negativa e ser um sinal de miopia diante da realidade.

Se analisarmos o caminho das sociedades modernas em relação a este novo movimento, veremos que estamos mesmo em um processo de avanço. O carro potente, antes símbolo de poder, virou um transtorno, a dificuldade de locomoção, os estacionamentos cada vez mais caros, os engarrafamentos enlouquecedores; bem mais fácil, prático e moderno lançar mão de aplicativos como o Uber, Cabify e tantos outros.


MO Uber e aplicativos semelhantes: o que pode parecer apenas uma comodidade, é, na verdade, um grande salto para um mundo melhor, menos carros nas ruas, menos poluição e stress, mais pessoas movimentando a economia de uma forma participativa. Idem para as grandes moradias, antes motivo de orgulho e que hoje se transformam em dor de cabeça por conta da insegurança, manutenção e mesmo imobilização de moeda.

Cada vez mais, pessoas ativas preferem investir o seu dinheiro em experiências e liberdade, não querem desperdiçar horas de trabalho para manter um imenso patrimônio. Aliás, a liberdade é o ponto chave desse momento, em um mês posso estar trabalhando no Rio Grande do Sul, em São Paulo ou Paris, as fronteiras estão cada vez mais abertas e, para ultrapassá -las, é necessário ter poucos bens que nos prendam e mais liberdade para ganhar o mundo. Há, inclusive, cada vez mais pessoas optando por passar temporadas em Ecovilas, onde a economia, a política e todas as decisões são participativas. Nesses lugares o ativo não é o dinheiro e, sim, a vivência. Com o outro, com a natureza, com a diversidade, com você mesmo. Trocar hoje é melhor que adquirir, faz mais sentido. Os bazares solidários são, na sua maioria, experiências riquíssimas; fazemos amigos, gastamos bem menos e, o que é melhor, saimos com uma deliciosa sensação de que estamos contribuindo para um mundo melhor.

A experiência fria de ir às compras em um shopping está dando lugar à gostosa opção de passar uma tarde com antigos e novos amigos, trocando experiências, nos desfazendo de coisas materiais e adquirindo sensações e sentimentos. Este amplo universo que se abre à nossa frente surgiu do colapso do formato capitalista que vivemos até aqui.

O excesso de consumo e toda a estrutura por trás dele – muitos processos produtivos com mão de obra em sistemas análogos a escravidão, a agressão diária a natureza e tantas doenças sociais, mostram que este caminho não tem mais sentido. Essa conta não fecha mais, porque o que temos de mais sagrado, o tempo, não se compra, ele é sempre curto, incerto e precisa ser vivido com mais sabedoria.

Ter menos coisas e viver mais a chance de estarmos aqui, mesmo que de forma mais simples, é o verdadeiro sentido do Lowsumerism. Este é o mundo novo que estamos construindo, um mundo melhor para todos nós.

Luciana Nunes Pós graduada em Marketing Estratégico pela ESPM-SP


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ESPECIAL MINIMALISMO

A sustentabilidade insustentável Utilizamos os recursos naturais desde os tempos mais remotos para suprir nossas necessidades, que são indispensáveis para a manutenção da vida. Porém, o tempo demostrou que o uso destes recursos foram utilizados de forma indiscriminada, sem que houvesse planejamento para sua disponibilidade. O modelo atual de proteção ambiental não está funcionando. Faz-se necessário um desenvolvimento equilibrado através de ações compartilhadas que visem a sustentabilidade e promovam ações conscientes. Mudanças exigem de cada um de nós uma parcela de desapego e iniciativa. Nós devemos ser a mudança que queremos ver.

As mudanças devem partir de iniciativas pessoais, de famílias, grupos. Não devemos exigir dos órgãos fiscalizadores e dos governos a efetivação de mudanças e costumes que pertencem à vida diária de cada família.

Pequenas atitudes isoladas, somadas à ações compartilhadas, terão seus efeitos potencializados no tempo. Como podemos auxiliar e começar de alguma forma a reduzir estes impactos através das nossas ações diárias ? Algumas dicas podem fazer toda a diferença:

1. Trocar as lâmpadas incandescentes por lâmpadas fluorescentes ou de LED, por exemplo, resulta num consumo

reduzido de energia. O custo inicial é alto, porém você pode economizar de 50% a 80% em comparação com a lâmpada de energia convencional. Então por quê não começamos a rever nossos hábitos e passamos a utilizar a luz solar o maior tempo possível, deixando portas e janelas abertas? 2. Construções sustentáveis promovem o aquecimento de 5 graus a mais do que as convencionais e gastam 50% menos de energia.

3. Gerar menos e reciclar mais.

Se ainda assim gerarmos, devemos promover a reutilização e a reciclagem dos produtos.


Utilize e reutilize embalagens de vidro e de plásticos, evitando o descarte dos materiais. Leve ao supermercado e à padaria sua própria embalagem.

4. Todos os resíduos após sua geração deverão ter seu descarte adequado; determinados produtos não poderão ser dispostos para coleta pública, tais como: pilhas, baterias e lâmpadas. Leve a locais autorizados.

5. Procure priorizar e utilizar transporte público ou compartilhado, pois

ações conjuntas geram benefícios a todos e contribuem para a redução das emissões e melhoram a qualidade do ar.

6. Frutas e verduras compradas por produtores locais viabilizam o comércio local, que utiliza os recursos de forma

mais harmônica e saudável. Os restos orgânicos poderão ser utilizados para a compostagem.

Chegamos ao limite do uso irracional dos recursos, pois estamos preocupados somente com nosso bem estar e com o uso insustentável dos recursos disponíveis. A busca incessante pela qualidade de vida proporcionou o desequilíbrio do nosso planeta, prejudicando a nossa existência e contribuindo para a manutenção das gerações futuras.

Devemos, porquanto, decidirmos e agirmos para que nossas ações do presente não gerem consequências negativas no futuro. Somos, afinal, responsáveis pela vida do presente, assim como das futuras gerações. Pense, reflita, mas faça a sua parte. Consciência todos nós temos. Falta partirmos para a AÇÃO.

Andrea Fabiane Enzweiler Bióloga - Mestre em Gestão Ambiental


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ESPECIAL MINIMALISMO

Quando é preciso

deixar ir...

Certo dia, você resolve abrir uma gaveta e percebe que está tudo misturado: muitos objetos pessoais, alguns que nem lembrava mais que existiam, mas por algum motivo estavam ali. Logo, sente um peso, uma angústia, mas também percebe que é hora de mexer nessa gaveta, afinal aquelas coisas estão há muito tempo ali. Retira objeto por objeto da gaveta, e ao olhar para cada um, lembra da história, da pessoa ou do momento a que o objeto remete. Várias emoções são sentidas: amor, alegria, tristeza, raiva, saudade, dor. A primeira ideia que vem a sua cabeça é “não quero mexer”. Mas em seguida você pensa que é importante olhar para isso e inicia o processo de separar o que realmente é importante de “manter ali” e de “deixar ir”. Ao final, você se surpreende que a pilha do “deixar ir” ficou volumosa e sente um alívio quando termina.

A gaveta desta pequena história pode ser concretamente a gaveta, ou armário, ou a casa, que tanto precisamos arrumar, mas também podem ser as gavetas internas que também precisam ser arrumadas: são os sentimentos, as atitudes, os pensamentos, os valores, os relacionamentos.

Ao olhar mais atentamente para as gavetas, é possível se dar conta de que se estava apegado há muito ao que havia dentro dela, que em um determinado tempo da sua vida teve um sentido, agora pode estar significando apenas sofrimento e dor. O “deixar ir” é se desapegar do que já não é mais importante, funcional, saudável no momento que você vive hoje.

Quando você escolhe o que quer “deixar ir”, você também pode escolher o que quer manter, resgatar ou construir, buscando o que realmente importa na sua vida. É ir ao encontro de uma vida valorosa, que lhe traga satisfação e realização pessoal, liberdade e felicidade.

Vanessa Marzullo Psicóloga do NAP www.napvs.com.br fone: 3035-3606


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Minimalismo e a moda O minimalismo, onde “o menos é mais”, vai na contramão das roupas coloridas e que combinam um grande número de referências visuais. O minimalismo procura a elegância e a delicadeza, em uma precisão estética ímpar, tendo peças que são ao mesmo discretas e cativantes – simples, porém finamente elaboradas, valendo-se de tecidos finos e de caimento perfeito, de modelagens clássicas, cores neutras, muito preto e branco, tornou-se sinônimo de elegância, classe e bom gosto. A moda das décadas de 70 e 80, inspirada nas tribos urbanas, com seus enfeites exagerados cansou e a década seguinte, anos 90, pedia algo mais funcional, com menos informações e enfeites, mais intelectual para vestir. É neste momento que o movimento artístico, que já era representado na arquitetura, se instala, de maneira elegante e clássica na moda, o minimalismo. O conceito do movimento, em todas as áreas, era criar uma linguagem que fosse entendida universalmente, baseando-se para isso nas formas geométricas, nos tons neutros, na simetria. A moda se vale de alfaiataria e incorpora estas bases. Cortes mais simples, fazem com que se possa estar muito bem vestida (o) em todos os momentos, pois este movimento nos permite, com poucas e bem escolhidas peças, estar elegante e na moda.

O mais importante é que neste momento, ao eliminar enfeites desnecessários, tem-se um guarda roupa que diminui a necessidade de consumir “modinha” e ter estilo próprio, onde o conforto, a funcionalidade, a praticidade e o bom gosto demonstram a personalidade e a individualidade de cada pessoa. É na busca de uma vida mais simples e feliz que o minimalismo se enquadra, como aliado, é uma forma de perceber melhor seu próprio estilo, levando uma vida mais leve e com mais significado. É a volta do SER em contraponto ao ter! Ida Helena Thön


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A leveza como método Dia desses, numa conversa boa, falava sobre a necessidade de compor com a leveza uma espécie de método para levar a vida de um jeito mais suave e macio. O escritor Ítalo Calvino, em seu livro Seis Propostas para o Próximo Milênio, salientou que leveza não se confunde com superficialidade. Para ele, é preciso mudar de ponto de observação, é preciso considerar o mundo sob uma outra ótica. Mas esta prática pode não ser tão fácil assim, apesar de ser mais simples do que se imagina.

O método de não esquecer as doses necessárias de leveza para viver vai por um outro caminho. A leveza se percebe ou se constrói a partir de movimentos sutis, mas não menos provocadores e impactantes. A suavidade que pode ser seu sinônimo, não precisa de algo extraordinário para acontecer, mas é sempre um desmedido acontecimento daquilo que não é óbvio. Quanto mais ordinário, mais prosaico, mais também será a possibilidade de causar espanto para quem está de olhos verdadeiramente abertos. É preciso abrir o corpo todo, os sentidos e a alma, para poder perceber, fantasiar e se encantar com uma certa banalidade cotidiana. Pode ser um outro ângulo, um entendimento diferente, uma percepção refrescada que cria um sentido que faz diferença.

Falo de tudo aquilo que não causa urgências, mas provoca um grau de violência impactante o suficiente para fazer parar. Se afetar e parar. Reparar. Se surpreender com aquilo que é novo, mas não necessariamente novidade. As crianças costumam ser mestres nesta arte. Quem consegue ser sensível o suficiente para acompanhá-las, geralmente, consegue ter um desejo pela fantasia capaz de transportar a leveza ao seu mais alto patamar. De lá, é possível contemplar a paisagem sem buscas por objetivos certeiros. Mas renovar o desejo de mergulhar na vida com todas as forças criadoras da existência. Uma existência surpreendente que permite afirmar a vida na sua potência máxima. Afinal, como ressalta Calvino, é preciso estar leve para enfrentar o insuportável peso de ser. Patrícia Spindler Psicóloga/Psicoterapeuta


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O excesso de coisas que é falta de vida Ultimamente tenho pensado muito no conceito do Minimalismo, e como realmente as coisas ficam pequenas, quando o que precisamos o dinheiro não pode comprar, a tão falada felicidade. Estamos muito preocupados em ter, não em ser, essa preocupação ficou tão grande em nossas vidas, que simplesmente vamos adquirindo sem pensar nas consequências do consumo desenfreado para o meio ambiente. Não pensamos no exemplo para nossos filhos, que para eles terem o que achamos que precisam (um brinquedo que fala 3 línguas, uma boneca que custa 1/3 do salário mínimo ou uma pista de corrida) fazemos horas de serviço extra, não sobrando tempo para o que realmente importa.

É preciso estar presente com eles, ensinando a fabricar seus próprios brinquedos, simplesmente deixando a criatividade brotar para criarem suas histórias e personagens. Dar um passeio no bairro, respirar ar puro em uma pracinha. Posso fazer uma pergunta? Dos brinquedos espalhados pela sala ou quarto, quantos realmente seu filho brinca? Porque o conceito de minimalismo para cada um é diferente. Não é uma filosofia ou um curso onde terão 10 passos para seguir e quanto mais se desapegar, mais minimalista vai ser.

Simplesmente você precisa pensar na utilidade de coisas e pessoas na sua vida que não acrescentam, ou seja, desapegar de coisas, lugares e pessoas que não te acrescentam e dar espaço para tudo de bom e que realmente importa na tua vida. Um bom lugar para começar é no armário, desapegar é o ponta pé inicial, mas não simplesmente pela questão do ter menos, não adianta desapegar e depois correr e comprar novamente. É um exercício diário, não é fácil, mexe com nossas emoções também, mas vale a pena viver a vida, sentir a vida e estar presente na vida do teu filho. São as lembranças que ficam, não as coisas que possuímos. Fernanda Ramminger Psicopedagoga e Arteterapeuta


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ESPECIAL MINIMALISMO

Simplifique as suas

expectativas O ser humano desenvolveu ao longo de sua história algumas tendências muito interessantes, verdadeiras marcas de sua humanidade. Dentre essas tendências, sempre considerei a busca incessante pela felicidade como uma das mais significativas. Passamos a vida inteira tentando atingi-la e, consequentemente, fugir do sofrimento, da angústia, de tudo que represente uma suposta infelicidade. O problema é que, nessa busca, acabamos por cristalizar uma ideia de felicidade que geralmente representa uma utopia, um ideal que não é nosso, que nasce dos parâmetros da sociedade em que vivemos.

Em sociedades onde isso é comum, como as contemporâneas, marcadas segundo o sociólogo polonês Zygmunt Bauman por valores “líquidos”, o consumismo, o imediatismo, o individualismo e a drogadição se tornam exemplos de soluções rápidas, instantâneas para a nossa falta de felicidade.

Que soluções podem ser apresentadas para esse problema, considerando que o ser humano certamente não abandonará a busca pela felicidade? Acredito que um dos pensadores que melhor construíram essa possibilidade de solução em sua obra foi o filósofo alemão Nietzsche. Para esse autor, qualquer perspectiva de vida deveria partir da percepção de que o sofrimento, até mesmo a morte, são partes da vida.


MO A partir disso, nossas expectativas sobre o que nos satisfaz, sobre o que precisamos ou o que desejamos seriam menos carregadas de ideias utópicas e se aproximariam mais de possibilidades reais. Nietzsche apresenta uma das mais belas metáforas na busca de um ser humano menos utópico, menos racionalizado, a de que deveríamos buscar sermos como andarilhos, que seguem seu caminho deixando para trás o que não deu certo, o que significa um peso em nossa vida.

Estar conectado com o mundo significaria menos o número de amigos nas redes sociais e mais o protagonismo de assumir as decisões, as responsabilidades e as consequências de nossa vida.

Como viajantes, deveríamos evitar os excessos de bagagens, o acúmulo de coisas que pouco acrescentam em nossa vida. Talvez assim, cobraríamos menos de nós e dos outros.

Penso que dessa forma aprenderíamos a criar expectativas mais coerentes e menos estressantes na busca de nos realizarmos como pessoas que desejam ser felizes. O desafio está posto. Cabe a cada um de nós assumir o protagonismo.

Abriríamos mais espaço para enxergarmos com nossos olhos e menos com as lentes das câmeras.

Marcelo Felipe Vier Professor de Filosofia e Sociologia na IENH


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ESPECIAL MINIMALISMO

Menos quantidade mais qualidade Vivo muito longe do minimalismo, mas tenho tentado ser cada vez mais consciente sobre a frequência, quantidade e qualidade daquilo que consumo e que verdadeiramente preciso. Não costumo ir ao salão de beleza todo o mês, nem comprar roupas toda a semana. Na realidade, faz exatamente sete meses que não entro em uma loja para fazer compras e a última vez que fiz isso foram apenas cinco peças de vestuário. E isso não é por falta de dinheiro, desleixo, alguma ideologia econômica ou bandeira maluca que defendo, não, simplesmente estou focada nas minhas reais necessidades.

Não quero a televisão mais moderna enquanto a minha estiver funcionando bem. Meu celular é trocado quando estraga, não quando sai um modelo novo.

Posso gastar, gosto de comprar, mas não preciso fazer isso toda hora para me sentir bem. Quero ser seduzida por ideias inteligentes, por conversas produtivas, por objetos indispensáveis, e não por sonhos de consumo caríssimos ou promoções baratas de coisas que vou usar pouco ou nunca. Quando realmente preciso, gasto sem dó nem piedade, gasto com consciência e com aquilo que me faz sentido. Quando meus sapatos ficam desgastados eu levo na sapataria para arrumar.


MO Uso vestidos que têm a idade de um adolescente - e não o estilo de uma adolescente. Vergonha nenhuma de repetir roupa se ela está boa, limpa e apresentável.

Gosto de roupas que contêm minha história, assim como fazem meus cabelos brancos e rugas do meu rosto. Algo contra quem não curte isso tudo? Claro que não. É importante manter o respeito profundo sobre o direito que todos temos de sermos nós mesmos, do jeitinho que cada um consegue ser. Não há regras absolutas. E justamente por olhar para dentro e buscar saber do que verdadeiramente preciso, fui me descobrindo capaz de ter menos coisas.

Aquilo que pode nos dar satisfação, alegria e autoestima não mora somente em vitrines e na imagem do espelho. E a ideia não é doar tudo que já adquirimos, mas pensar lucidamente sobre o que necessitamos daqui para frente. Existe muito mais a ser descoberto em termos de valorização quando nos propomos a ter menos.

Uma boa dose de despojamento, de se descobrir capaz de viver com menos, traz uma sensação de organização e alforria maravilhosa! Não ter as coisas desejadas porque não se pode, é ruim. Não ter porque mudamos os valores e importâncias, pode ser libertador. Kety Daudt Maus Astróloga Casa do Conhecimento



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