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Educação

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Acontece

Acontece

Fotos: Reprodução/Google

De tempos em tempos, surgem, em todos os setores de nossa vida, novidades que propõe revolucionar as ações em uma determinada área e derrubar o status quo vigente. Já vimos isso acontecer nos mercados de discos, fitas, CD´s e DVD´s (alguém aí ainda compra música e filmes em mídia física?), na revolução que vivemos na telefonia (quando era criança, não era raro o valor de uma linha telefônica ser o mesmo de um automóvel!), ou então na nossa relação com o fumo (fumar era absolutamente normal e permitido em todos os lugares, fossem abertos ou não!). No geral essas mudanças trazem ganhos permanentes que são incorporados à nossa vida e fazem o passado ganhar um ar bizarro e absurdo, como os exemplos citados acima.Porém, não são todas as revoluções que necessariamente trazem resultados positivos. O presente texto visa falar um pouco sobre as mudanças recentes (e não tão recentes) da educação e discutir os impactos sofridos.

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Quando vemos nos dias de hoje propagandas de escolas particulares ficamos maravilhados! Temos a sensação de que elas resolverão, absolutamente, TODOS os problemas de seus estudantes! As escolas tornarão os alunos independentes, protagonistas, inclusivos, tolerantes, resilientes, ausentes de preconceitos, com pensamento crítico, psicologicamente fortes, preparados

para as competências e habilidades do século XXI, entre outros (Ufa!). Realmente são promessas que nos enchem os olhos. Quando lembro das do colégio em que estudei no século passado sinto até vergonha de comparar. Mas aqui deixo um questionamento: como medir a evolução dos alunos nesses quesitos? Quando medimos dados, podemos dividi-los em duas categorias: os tangíveis (que podemos mensurar com elementos concretos como indicadores numéricos) e intangíveis (que não conseguimos mensurar com indicadores concretos). Os dois tipos são importantes, pois alguns quesitos não são possíveis realmente de se medir numericamente, mas é muito claro que não podemos estabelecer uma análise apenas com elementos não-tangíveis. Em outras palavras: os não-tangíveis são dados bem mais fáceis de “enrolar” do que os tangíveis.

Essas promessas acabam enchendo os olhos de muitos pais pelo sentimento de culpa que eles trazem para com os filhos, principalmente devido ao ritmo alucinante de suas vidas profissionais e do estilo “moderno” de vida. A escola entra como compensador de tudo que os pais não conseguem ou conseguiram passar aos filhos. Em resumo: coisas que deveriam vir de casa, hoje são delegadas à escola. Antigamente se aprendiam valores, resiliência, independência, entre outras coisas, em casa. Várias funções que cabiam à Família, hoje foram delegadas à Escola.

Já argumentei aqui nesse espaço sobre a diferença entre formação e informação. A escola é um lugar de formação, dessa maneira é muito claro que ela não pode ser apenas um repositório de informação. É extremamente importante trabalharmos questões como as que foram citadas no segundo parágrafo no ambiente escolar. Mas o que não pode acontecer é que ela não pode perder a sua missão primordial que é sim a de ensinar! E, infelizmente, tenho observado isso ficar em segundo plano em vários lugares.

Minha intenção com esse artigo é a de propor uma reflexão. Sim, é necessário mudar aspectos da escola para os tempos atuais. Sim, infelizmente a Família perdeu várias atribuições na vida das crianças. Porém, não devemos perder o norte de que a tarefa primeira de uma escola é a de ensinar. E se isso não estiver sendo bem-feito, nenhuma pretensão além dessa se justificará. Escola serve para ensinar. Não apenas. Mas essa é a sua essência!

Prof. Jordy Educador, Tutor e Mentor de Estudos Criador da Máquina de Aprendizagem jordy@didatike.com.br Instagram: @didatike

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