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Redes sociais afetam saúde mental dos usuários

Se na vida real não é possível ser feliz o tempo todo, a mesma ideia não se aplica às redes sociais, ferramentas em que são depositadas fantasias de perfeição e felicidade.

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Em uma sociedade que valoriza mais o “parecer” do que o “ser”, a representação à realidade; a imagem é o bem mais valioso. É preciso sempre mostrar-se bem sucedido. As fotos de viagens ou de restaurantes devem ser capazes de despertar inveja e admiração.

O psicanalista francês Jacques Lacan dizia que “o desejo do homem é o desejo do outro”, ou seja, quero que o outro deseje o que eu tenho.

Em 2017, uma pesquisa realizada pela instituição de saúde pública do Reino Unido, Royal Society for Public Health, concluiu que o Instagram era uma das redes sociais mais nocivas para os jovens, pois despertava sentimentos negativos em relação à autoimagem por causa das comparações com vidas supostamente perfeitas. O próprio Instragram reconheceu esse efeito e deixou de mostrar o número de curtidas nas fotos para desestimular a competição.

O que os influenciadores digitais com milhões de seguidores não revelam é que as fotos compartilhadas são apenas um recorte de suas vidas. A perfeição divulgada é impossível de ser alcançado até mesmo por eles. Porém, muitos seguidores sentem-se profundamente infelizes por não conseguirem se adequar ao que consideram ideal. Esse tipo de pressão tem aumentado os sintomas de ansiedade e depressão principalmente nos jovens. Quem está do outro lado também sofre. Os influenciadores vivem preocupados com o número de curtidas e seguidores que ganham ou perdem e com as críticas que podem abalar sua imagem de perfeição.

É preciso que haja um uso racional das redes sociais. Elas não podem ser a única fonte de influência. Deve haver um equilíbrio entre o uso digital e família, trabalho, estudos, amigos e lazer, ou seja, com a vida real. Acreditar que há um ideal de perfeição só resulta em sofrimento e em dificuldades de lidar com as frustrações e os desafios. A apologia à felicidade como estilo de vida pode gerar o feito oposto, com danos à saúde tanto de quem a propaga quanto de quem tenta imitá-la sem sucesso.

Reprodução/Hospital Santa Mônica

Ivan Martins Psicólogo clínico com especialização em saúde mental. ivanbmartins@gmail.com

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