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ALUNOS INVESTIGADORES

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SAUDADE

SAUDADE

Mariana Oliveira, 27 anos. 3º Ano.

Pode descrever de forma sucinta qual o seu percurso académico e como acabou a fazer investigação científica?

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Comecei por me licenciar em Terapia da Fala e depois disso candidatei-me ao mestrado em Neurociências na Faculdade de Medicina de Lisboa. Foi no 1º ano do mestrado que adquiri o gosto pela investigação, onde tive a oportunidade de conhecer o Instituto de Medicina Molecular (IMM) e contactar com a componente prática através de experiências na área da eletrofisiologia, neurofisiologia, neurociências cognitivas, entre tantas outras. Foi também no 1º ano do mestrado que confirmei que queria dar uma hipótese a um sonho antigo e me candidatei a Medicina na UBI.

Com quem falaste ou que metodologia adotaste para iniciares o teu projeto de investigação?

Mesmo depois de entrar em Medicina percebi que queria terminar o Mestrado em Neurociências por já ter concluído o 1º ano do mesmo. Além disso, sabia que a FCS tinha a enorme vantagem de partilhar o mesmo edifício com o CICS, por isso contactei o Professor Doutor Miguel Castelo Branco, falei-lhe um pouco acerca do meu percurso e perguntei-lhe se na sua opinião seria viável conciliar um projeto de investigação com medicina. O Professor encorajou-me a avançar com esta ideia e encaminhou- -me para falar com a Professora Doutora Cecília Santos, por ser a coordenadora de investigação mais próxima da minha área de interesse. A Professora Doutora Cecília Santos aceitou prontamente ajudar-me, fui integrada no grupo de investigação e começámos a “desenhar” o meu projeto. Comecei por aprender com os investigadores, mestrandos e doutorandos as principais técnicas e regras de trabalho em laboratório e a partir daí começou a aventura.

Poderias descrever o que fizeste no projeto?

O meu projeto intitula-se “The Role of Sexual Steroid Hormones in Glioblastoma”. O objetivo foi estudar o papel das hormonas esteróides sexuais em vários parâmetros como a viabilidade celular e apoptose em linhas celulares de glioblastoma. Como toda a investigação, esta começou pela revisão da literatura, de forma a sustentar a pertinência do tema. Em termos práticos, pude desenvolver várias técnicas laboratoriais como imunohistoquímica, ensaio de viabilidade celular através de MTT e Western Blot. Além disso, pude trabalhar com culturas celulares, câmara de fluxo laminar, microscopia confocal, fazer extração de proteínas e, realizar outras tarefas do dia-a-dia num laboratório como pipetagem, preparação de soluções ou utilização de centrífugas.

Que achaste da experiência?

Foi sem dúvida uma experiência fantástica que não só me deu a oportunidade de aprender a desenvolver um projeto de investigação, como me permitiu trabalhar num grupo com diferentes profissionais. Aprendi imenso em termos de competências laboratoriais e acerca de todo o mundo da investigação. Acho que a realização de uma tese de mestrado já tem, em circunstâncias normais, o poder para nos desafiar e fazer crescer academicamente e a nível pessoal. O facto de ter vivido essa experiência em simultâneo com o curso de medicina, deu-me uma capacidade de organização de tempo e gestão de tarefas.

Qual a tua opinião sobre a dinâmica do CICS? Achas que qualquer estudante seria bem recebido?

O CICS é um ambiente ótimo para aprender e para trabalhar em equipa. Desde o primeiro momento que fui muito bem recebida e sem dúvida que isso fez diferença durante o período de adaptação. Na minha opinião há uma vontade de integrar os estudantes de medicina e há espaço para que todos possamos aprender uns com os outros.

Enquanto estudante de medicina quais os maiores desafios que encontraste?

Sem dúvida que o maior desafio que encontrei foi a gestão de tempo entre todas as aulas e avaliações em medicina e, o trabalho presencial em laboratório. Contudo, aqui mais uma vez a compreensão e auxílio de todos os colegas que encontrei no CICS foram preponderantes para que conseguisse gerir as diferentes responsabilidades e tornar tudo possível.

Qual a importância da investigação científica na educação médica?

Penso que para um estudante de medicina é muito importante contactar desde cedo com produção científica, aprender a analisar artigos e estudos de forma crítica e contactar com aquilo que é evidência atual. Acho que é também nosso dever, mesmo no futuro quando estivermos a exercer, continuar a estudar e a estar atentos ao progresso científico para melhor servirmos a comunidade. Considero que devemos olhar para a investigação não necessariamente como uma alternativa à clínica, mas também como um complemento.

Achas que nesta faculdade os alunos são incentivados a explorar este ramo? Qual a abordagem que a faculdade deveria adotar?

Cada vez mais sinto que há um interesse crescente por parte dos alunos neste ramo e por experiência própria posso dizer que há sem dúvida o apoio da faculdade para o fazer. Além disso, temos Comunicação em Biomedicina no 1º ano que nos mostra um pouco desta realidade. Temos também o Congresso BeInMed que premeia os alunos que realizam investigação no seu percurso científico, em que eu própria participei este ano e foi sem dúvida uma mais- -valia. Ainda assim, julgo que poderão existir mais iniciativas que não só incentivem como também desmistifiquem o mundo da investigação. Algo que poderia ser interessante seria a criação de um dia da investigação para os estudantes de medicina ou um concurso para os alunos comporem propostas de projetos de investigação tendo prémios para os mais inovadores, isto poderia fortalecer a ponte entre as duas áreas e facilitar a entrada para quem tiver interesse.

Recomendas a outros estudantes de medicina iniciarem o seu percurso na investigação científica? Quais as mais- -valias?

A resposta a esta questão só pode ser sim! Para os alunos que já têm alguma curiosidade, é a oportunidade de perceberem se de facto a investigação é um caminho que querem seguir. Para os alunos que preferem a clínica, os 6 anos de curso são o momento ideal para adquirir este tipo de competências que um dia mais tarde vão ser necessárias (por exemplo, durante o internato) e de conhecer uma nova perspetiva. A meu ver a medicina e a investigação vivem de mãos dadas, uma complementa a outra e vice- -versa. Penso que um médico ganha uma visão muito mais completa e enriquecida.

Diogo Ferreira e Lúcia Heitor

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