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"Passeando na Máquina do Tempo " Fotógrafo Davy Alexandrisky
Passeando na máquina do tempo!
Fotógrafo Davy Alexandrisky
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Apesar de não ser naturalmente nostálgico, lembro com alguma saudade dos “painéis expositores” da Sociedade Fluminense de fotografia, em Duratex furadinho, pintado de cinza, onde as fotografias eram presas com um grampo metálico enfiados nesses furinhos/buraquinhos, sem qualquer prejuízo para a foto.
A Fotografia acima, de autoria, do fotógrafo Walter Fialho Bittencourt, que posteriormente foi presidente da SFF, foi realizada na Exposição Internacional de Fotografia, de 1974, na Sociedade Fluminense de Fotografia. Nela aparecem o Expositor Dr. Chakibe Jabôr ( odontólogo e amante da fotografia) e o Dr. Jayme Moreira de Luna (advogado, amante da fotografia, e fundador da Sociedade Fluminense de Fotografia). No canto superior direito, em um painel de exposição (de Eucatex furadinho, fixada com grampos metálicos) aparece a fotografia com o título "Ângela", de uma linda modelo, com uma das mãos sob o queixo, de autoria de Davy Alexandrisky. Nota do Editor.
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Ainda bem que consegui uma foto de arquivo da SFF para mostrar o que tentei explicar em palavras! O Antonio Machado, tratado intimamente por todos os amigos como Toninho, Presidente da SFF, há quase 30 anos, adora usar uma expressão, cunhada por ele, para ressaltar que a Sociedade foi pensada originalmente com a intenção de ser um espaço de exposição de fotografias: “a Sociedade Fluminense de Fotografia foi a primeira galeria de fotografias construída em terra nua, no Brasil”. Ou seja, esses painéis cinza furadinhos e o grampo metálico que prendiam as fotos nos painéis não eram uma improvisação. Mais do que isso, devia ser a solução mais moderna e arrojada de se montar uma exposição naquela época. A lógica que presidia essas exposições fotográficas dos foto clubes mais importantes do País, à época, privilegiavam mostrar o máximo possível de fotos dentro dos seus respectivos espaços. Eram fotos de temas e “escolas fotográficas” muito variadas, mas fotos excelentes e de fotógrafos renomados. No caso dos Salões Mundiais da Sociedade Fluminense de Fotografia, que conheci mais de perto, chegavam centenas de fotografias maravilhosas, vinda do mundo todo. Sem esquecer que estamos na máquina do tempo visitando o século passado, quando essa era a regra geral na maioria dos espaços de exposição, vale destacar, sem qualquer demérito para o resultado da qualidade daquelas exposições, que a distribuição dessas fotos pelos painéis expositores estava subordinada à intuição dos membros das respectivas diretorias dos foto clubes, que eram fotógrafos médicos, fotógrafos dentistas, fotógrafos advogados... Num dado momento, a prática de expor as cópias fotográficas presa a parede dá lugar a uma nova concepção expositiva, quando as fotografias passaram a ser expostas devidamente emolduradas, impondo a redução da quantidade de fotos por exposição e um novo arranjo visual. Mas, ainda assim, os critérios de escolha da ordem e posição das fotos na parede continuavam mercê da intuição dos abnegados voluntários foto clubistas de sempre. Apesar da figura do Curador ter surgido nos anos 50, parece que a moda não pegara, em se tratando das recorrentes exposições de fotografias pelos foto clubes, não só do Brasil, mas do mundo, quando as fotografias eram enviadas em grandes envelopes pelos serviços de correios! Eventualmente, numa ou noutra exposição fotográfica, em instituições mais formais, como, por exemplo, museus, as montagens já eram feitas por profissionais especializados. Mas, de um modo geral, a gente só vai ter essa participação mais geral do curador nesse século. No caso, inclusive, o curador substitui as antigas Comissões Julgadoras, selecionando o material a ser exposto e criando o “desenho” da exposição, de acordo com os trabalhos selecionados, profissionalizando esse processo. Hoje, é impossível pensar em “ocupar” uma galeria com uma exposição de fotografia sem a prévia apresentação de um “projeto expográfico”, detalhando o que e como será mostrado esse material. Mas o que eu quero trazer para você nessa INFOTO vai um pouquinho além da viagem
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no tempo, passeando pela “evolução” da concepção das exposições fotográficas tradicionais, entre o tempo das exposições montadas intuitivamente até a sua subordinação à figura do curador. Porque, de uma forma ou de outra, em essência, salvo as exceções que justificam a regra, o resultado continua sendo fotos na parede. Sim, com uma leitura muito mais agradável e lógica, quando montadas profissionalmente por um especialista, mas... fotos na parede. Nada contra! Mas também, nada, necessariamente, a favor! Sempre que penso numa exposição é porque já tenho um tema na cabeça. Com o tema definido, vou em busca do local para realizá-la. E somente após ter o local escolhido é que vou pensar no “desenho” da exposição. Que, no meu caso, nunca será só de fotos penduradas na parede.
Repito: nada contra exposições de fotos penduradas na parede! Aliás, nas minhas exposições, obviamente, as fotos também estarão penduradas nas paredes. Mas não só nas paredes e não só fotografias. Assim, a ideia é apresentar outras possibilidades para quem estiver pensando numa exposição e quiser se aventurar fora da zona de conforto.
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Considerando a limitação de espaço aqui na revista escolhi três exposições que fiz, mostrando meus trabalhos em função dos espaços ou ambientes disponíveis para a exposição, o que é chamado de “site specifc”. Um dado curioso é que já aconteceu de eu expor o mesmo material em lugares distintos e, apesar de serem as mesmas fotos, as condições do novo local me obrigam a pensar numa exposição diferente. Como também, em outra situação, eu fiz mais de uma exposição num mesmo espaço, mas a natureza do trabalho mudou inteiramente a forma de ocupá-lo.
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