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Tanto Faz Fotógrafo Luiz Ferreira

Tantofaz...

Fotógrafo Luiz Ferreira

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Sabe uma coisa que me dá saudade? O sentimento de ansiedade para ver o resultado dos meus primeiros cliques de fotógrafo iniciante, depois do filme revelado na loja KODAK que ficava na rua do lado da minha casa. Saudosismo pode soar “démodé”, mas também tem gosto de carinho dos avós, do cheirinho de pipoca na saída da escola, das arquibancadas de concreto do Maracanã, dos desenhos animados que nos divertiam nas tardes depois do dever de casa, das paixões juvenis... tanta coisa para sentir saudade... mas nada que atrapalhe as alegrias de hoje, renovadas pelo que podemos inventar, buscar e lembrar. E a fotografia, para mim, é assim, registrar renovando.

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A alegria de inventar um motivo qualquer para sair com a câmera na mão, buscando alguma coisa que justifique seu registro em imagem fotográfica, para daqui a não sei quanto tempo poder lembrar deste algo que, sem sua imagem buscada e retida, não seria a lembrança que me evocaria a alegria daquele momento, a qualquer momento.

A fotografia tem sua magia na ausência de ordenação cronológica, me permitindo voltar no tempo. Não que seja um tempo congelado em minhas mãos, mas funcionando como um ícone a me remeter às sensações e alegrias de um momento passado.

E esse espaço de tempo a mais, que a revelação do filme trazia entre o registro e a primeira visão de seu resultado impresso, me entregava pela primeira vez a sensação de retorno ao momento de seu registro.

Depois, quando comecei a revelar e ampliar minhas fotos, à essa ansiedade se somou o prazer da prática artesanal, que me deixava ver lentamente a imagem e suas evocações surgindo diante de meus olhos na banheira do laboratório, cheia da solução química quase mágica, cujo cheiro me vem imediatamente às narinas e à lembrança enquanto escrevo.

Tudo isso foi engolido pela voracidade do imediato da fotografia digital, que cá entre nós, tem seu charme instantâneo. E claro, a praticidade com que esta instantaneidade permite atender a pressa furiosa que a contemporaneidade exige. Mas, enfim, é bom ficar acariciando pequenas saudades, algumas delas provocadas por fotografias.

Extraído da internet: Lab-Profissional - Foto Célula

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