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BEM QUE O EINSTEIN AVISOU! Fotógrafo Davy Alexandrisky

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Desequilíbrio

Desequilíbrio

Todo velho fotógrafo é capaz de falar com propriedade sobre qualquer assunto... por cinco a dez minutos. Depois desse tempo... eu não me responsabilizo.

Atendendo a indústrias das mais variadas, técnicos de múltiplas especialidades, profissionais liberais de toda ordem, veículos de comunicação, agências de publicidade... o nosso repertório é praticamente ilimitado.

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No trato com essa diversidade de clientela, com o passar do tempo, quase que por osmose, vamos acumulando um conjunto de saberes que nos permite engrenar qualquer assunto, desde que não sejamos obrigados a aprofundá-los.

Por isso é que eu digo que, como velho fotógrafo, sou capaz de falar, com propriedade, sobre qualquer assunto... por cinco ou dez minutos.

Mas sou obrigado a confessar despudoradamente a minha audácia/cara de pau de puxar assunto aqui sobre a tal da IA – Inteligência Artificial, sobre a qual não estou aparelhado para falar, com propriedade, nem por cinco ou dez segundos.

Mas como não falar de um assunto que todos estão falando?

Os fotógrafos e fotógrafas que me leem aqui agora, com certeza, estão sendo inundados de discussões dessa natureza em suas redes sociais. Não tenho essa pesquisa real, mas apostaria que pelo menos a metade das postagens nos seus grupos de ZAP tratam desse tema, de alguma forma.

Nem que sejam meras postagens de imagens, aparentemente fotográficas, mas que são imagens criadas com fragmentos de fotos de uma infinidade de gente, mundo a fora. Algumas, talvez, nem gerem qualquer comentário. Outras recebam apenas um sinalzinho de dedo, “curtindo”. Mas que todo dia alguém posta uma imagem dessas, isso é certo.

Por isso escolhi essa foto que fiz numa residência artística no Quilombo São José da Serra e invoquei o Einstein;

Além de tudo o que se fala e sabemos sobre Einstein, ele também foi um frasista notável. Em uma dessas, que faz parte de uma campanha do canal Futura, disse Einstein: “Não são as respostas que movem o mundo, mas as perguntas”.

E, até onde eu sei (e sei pouco: já confessei isso), a tal da IA não faz perguntas, apresenta respostas.

E qual seria a “pergunta certa” para que a IA me respondesse com uma imagem igual a essa da minha foto? Ou mesmo, a pergunta para a resposta com uma imagem bem próxima a essa da minha foto.

19 INFOTO

Como já escrevi aqui mesmo, mais de uma vez, eu não sou um saudosista. Não gosto nem de ouvir falar de fotografia analógica, muito menos de processos fotoquímicos.

Quando estou numa roda em que o rumo da prosa toma essa direção, disfarço e saio de fininho.

Eu gosto é de digital: fotografar e ver na hora o resultado, sem ter que respirar o gás tóxico das químicas, como fiz por mais de 30 anos. Fotografar e ver o resultado na hora, sabendo que depois vou poder melhorá-lo no computador!

Isso é uma maravilha!

Enfim, os meus comentários sobre a utilização da IA para a “criação” de imagens, não têm qualquer intenção de crítica negativa, mas, tão somente, tentar entender até onde poderemos contar com esse instrumento para incorporar ao nosso fazer profissional cotidiano de fotógrafo.

Porque eu estou ávido para incorporá-lo, sem qualquer preconceito.

Acho, sim, que a novidade exige um debate tão profundo quanto sereno, sobre algumas questões éticas que precisam ser pactuadas, diante da oferta ilimitada de “invenção da cena”.

Debate que não chega a ser novidade na nossa profissão, na medida em que essa discussão, de certa, está presente diante da nossa possibilidade de arbitrar o ângulo e o enquadramento de uma determinada cena, criando uma versão para um fato.

Assim, considerando que ainda se discute se uma imagem criada por IA é ou não uma fotografia, e tantas outras questões controversas, talvez ninguém possa se apresentar como especialista no assunto, ainda que saiba muito mais do que eu sobre os processos tecnológicos para produção desse tipo de imagem. Eu ainda não tenho a menor ideia. Não sei nem aonde “dirigir as perguntas”.

A minha perplexidade diante da velocidade em que o novo fica velho, me encheu de coragem para falar por cinco a dez segundos, com propriedade, sobre o tema, aqui com os leitores da INFOTO!

Retrato Quilombola

A travessia Niterói-Rio (e vice-versa) é um evento comum para a maioria dos usuários. Para eles, um ritual de passagem, uma necessidade: sair de uma cidade para a outra, seguindo uma rotina, um ato quase automático. Muitos leem (livros e telefones!), jogam e conversam despertos. Outros cochilam depois de uma jornada de trabalho. Os turistas são os que se distinguem pela excitação de estar a bordo e visualizar os morros, os edifícios, a ponte, as ilhas, os navios e os aviões que pousam e decolam do aeroporto Santos Dumont. Crianças turistas então, nem se fala…

Capturar imagens interessantes como um turista, mesmo sendo usuário de longa data, esse foi o desafio. Na verdade, tem sido um desafio, pois as fotos cobrem travessias de alguns meses. Fotografia urbana? Paisagem? Cor ou PB? Cada uma tem uma característica e separá-las em categorias desfiguraria o projeto: transformar um acontecimento de rotina em um evento único. É difícil extrair algo a mais de um evento rotineiro, considerando ainda que alguns figurantes involuntários não estão a passeio. Mas há sempre um “bocadinho” de arte perambulando por aí esperando alguém registrar.

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