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A Inteligência Artificial já Fotografa

Fotógrafo Fernando Talask

Uma notícia ganhou as manchetes no mundo inteiro e fez história. Pela primeira vez, uma imagem criada com o uso da IA (Inteligência Artificial) ganhou um dos mais importantes prêmios da fotografia mundial – “O Sony World Photography Awards”. Com o título de The Electrician ou o “eletricista” o fotógrafo ou como se auto define, “artista da fotomídia, o alemão Boris Eldagsen, polemizou, apesar de ter faturado o prêmio, ao se negar a recebe-lo, revelando que sua principal intenção foi criar um debate sério sobre o tema, afirmando que competiu para provocar, e para saber se as competições estão prontas para a chegada da IA. Não estão - disse ele. A pedido do artista a organização do concurso retirou a obra da competição.

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Tal comportamento irritou os organizadores do Sony World Photography Awards, que em seu comunicado afirmaram, que – “levando em conta as ações e declarações subsequentes, não acreditamos mais que seja possível um diálogo construtivo com ele. enfim, nosso colega Boris conseguiu o que queria, melhor que mais um prêmio da fotografia, levou o mérito de ser o primeiro a levantar a bandeira - competência e validade dos glamorosos concursos de fotografia.

Os mesmos ainda usam critérios de julgamento das fotos à moda antiga, sem conseguir diferenciar uma criação feita por uma "máquina". Toda essa polêmica, chegou bem no momento que questões são levantadas sobre o uso indiscriminado da IA. Por exemplo, a Levis, centenária marca de jeans, resolveu usar modelos e fotos criadas pela Inteligência Artificial. Imagine o efeito devastador no mercado da produção da moda. Isso podemos afirmar, ser apenas o início de um ciclo de avanços tecnológico cada vez mais espetaculares.

Primeira vez na existência humana, o conhecimento da humanidade se duplica anualmente, o que chamávamos de evolução, hoje percebemos saltos imensos visto que são inteligências que aprendem com todo conhecimento que se encontra disponível nas redes e até mesmo quando nada postamos. Apenas comentamos em nossos lares, e microfones e câmeras captam e aprendem nossos sonhos e desejos.

O que parece estranho para os artistas que se veem sendo substituídos pela IA, já acontece na indústria automobilística há décadas, quando os robôs substituíram os trabalhadores metalúrgicos, o que gerou um desemprego enorme no mundo.

Os defensores da automação aliviavam o problema afirmando que a máquina iria desempenhar funções perigosas e aborrecidas, liberando o ser humano para funções mais produtivas. Grande engano. A arte seria para nós a parte sagrada da criação, afinal como poderia uma máquina criar algo único que emocione e que seja transcendental como a criação artística?

Esse sim é o grande ponto que chegamos em 2023, tocamos em algo sensível. As reações começaram a aparecer Li no jornal “O globo” – RJ, um artigo que criticava o modo que a IA copiava o estilo dos famosos escritores. Dizia que a cópia era terrível, sem o menor talento, coisa infantil. Confesso que fiquei com uma certa pena do autor do texto por enxergar, que aquela indicação revolucionaria com olhos cansados da comparação. Amigos, tudo isso é apenas o começo. Com a velocidade que evoluímos hoje, 5 anos, valem talvez por décadas comparando a velocidade do conhecimento adquiridos no século 20. Vivemos tempos vibrantes.

E a fotografia em todo esse processo, no meu ponto de vista, ficará no seu lugar de sempre, desempenhando o seu papel histórico, seja artístico, jornalístico, ou de memória.

Pensando no processo de aprendizado da IA, que faz uma apropriação de tudo criado pela humanidade, e consegue condensar informações em criações, imitam aquilo que somos, afinal nós somos a soma de tudo que aprendemos, seja com nossa família e com o mundo, se teremos um competidor super humano terminando com postos de trabalho ,substituindo o homem praticamente, em todos os setores, isso não tenho dúvida, mas tem algo que vai demandar um esforço muito maior para ser alcançado, que talvez, financeiramente, não seja interessante para quem projeta essas máquinas, que é a personalidade. E essa marca que cada um de nós carrega, que deverá nortear o nosso viver e o nosso trabalho, e claro a nossa arte, a maneira que nos relacionamos com o mundo e nossos clientes. Para quem vive a fotografia seja como hobby ou profissão, meu conselho é ser único e imprimir isso no seu trabalho, afinal, a inovação faz parte do nosso ser e as tecnologias podem ser incríveis para copiar algo que por nós foi realizado, mas inventar e ser criativo ainda é nossa prerrogativa.

Muitos concursos virão. Muitos participantes vão se utilizar de ferramentas digitais e vão ganhar prêmios. A minha pergunta é se isso realmente é algo que possa ameaçar um artista?

Afinal, não vamos poder conter os avanços tecnológicos, mas ficarmos alertas às mudanças, e procurar acompanhar todas elas. Isso ocorre desde a época dos nossos ancestrais que usavam pedras para fazer pontas de flechas e ferramentas.

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