Backstage - Edição 214

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Sumário Ano. 19 - setembro / 2012 - Nº 214

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Visitamos os bastidores do musical O Mágico de Oz, em cartaz no teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, para conferir como foi desenvolvido o projeto de sonorização e de iluminação. O espetáculo, única adaptação autorizada para o teatro, coloca mais uma vez a produção musical brasileira entre as melhores do mundo. Confira também a reportagem sobre o virtual soundcheck, a técnica usada pelos pazeiros que dispensa o artista na passagem de som, e como a nova Portaria que regulamenta a Lei de Loudness vai interferir na programação das emissoras.

Danielli Marinho Coordenadora de redação

68 NESTA EDIÇÃO 24

Passagem de som virtual Conversamos com alguns profissionais de som ao vivo e colhemos suas impressões sobre o virtual soundcheck, técnica que dispensa a presença dos artistas durante a passagem de som.

Vitrine Entre as novidades, o dockstation JBL On Air Wireless que a Harman traz para o mercado, e que usa tecnologia Air Play. Ideal para quem precisa de transmissão wireless de músicas.

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Rápidas e rasteiras Artistas contra a intervenção do Estado na administração dos direitos autorais de execução pública se reúnem e formam mais uma Comissão em Recife.

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Play-rec MZA e Sony Music lançam coletânea de DVDs do Rock in Rio com shows do Capital Inicial, Skank, Titãs e Xutos e Pontapés. Ithamara Koorax e seu novo trabalho Got to be Real.

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Gustavo Victorino O colunista traz este mês mais uma leva de notícias quentes, do front e do backstage do mercado musical.

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Espaço Gigplace Eder Moura conta mais um pouco sobre a profissão de gerente de sistema.

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Gramophone Álbum marcado pelo experimentalismo, Contrasenso, de Paulinho Moska, faz 15 anos. Produzido no estúdio Mega, o disco foi gravado em 48 canais e técnica Lo-Fi.

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Controle de volume na TV Nova Portaria regulamenta a Lei do controle de Loudness nas TVs e estabelece que, a partir de agora, as emissoras terão que se adequar.

112 Gretsch Renegade

Os bateristas iniciantes vão adorar e os profissionais poderão até usar. O teste com o novo modelo, o RGE625, foi surpreendente.

126 Novo som no São Pedro

Teatro, em Porto Alegre, após finalizar reforma, adota novo sistema de som da DB Tecnologia Acústica.

130 Gustavo Borner

Em entrevista para a Backstage, o produtor fala sobre suas produções indicadas a mais de 25 Grammys e sobre os projetos surround para longas-metragens.

160 Vida de artista

Nesta edição, o colunista faz uma homenagem ao guitarrista e bluseiro Celso Blues Boy.


Luz própria Expoente de uma nova geração de lighting designers, com apenas 23 anos, Arthur Farinon já assina projetos ao lado de artista como Djavan, Ney Matogrosso e Ana Cañas.

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CADERNO TECNOLOGIA

Kronos X

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A versão remodelada do Kronos permite carregar maior quantidade de timbres de uma só vez e possui SSD de 62 GB.

86 Cubase Como tirar o máximo de vantagem do VariAudio, o afinador que vem a partir do Cubase 5.

90 Logic Por dentro do mais complexo de todos os sintetizadores virtuais, o ES2.

96 Home Studio Com o Melodyne é possível editar e exibir diferentes tipos de material de áudio em uma tela similar a de um piano-roll.

106 Touchstyle Variação da Cravina, o Paschalis Touchstyle Guitar’n Bass é um instrumento de 12 cordas construído no Brasil.

Expediente Diretor Nelson Cardoso nelson@backstage.com.br Gerente administrativa Stella Walliter stella@backstage.com.br Financeiro Rafael Pereira adm@backstage.com.br Coordenadora de redação Danielli Marinho redacao@backstage.com.br Revisão Heloisa Brum Revisão Técnica José Anselmo (Paulista) Tradução Fernando Castro Colunistas Cristiano Moura, Elcio Cáfaro, Gustavo Victorino, Jorge Pescara, Jamile Tormann, Julio Hammerschlag, Luciano Freitas, Luiz Carlos Sá, Marcello Dalla, Nilton Valle, Ricardo Mendes, Sergio Izecksohn e Vera Medina Colaboraram nesta edição Luiz Urjais, Miguel Sá e Victor Bello Estagiária Karina Cardoso webmaster@backstage.com.br Edição de Arte / Diagramação Leandro J. Nazário arte@backstage.com.br Projeto Gráfico / Capa Leandro J. Nazário Foto: Guga Melgar / Divulgação Publicidade: Hélder Brito da Silva PABX: (21) 3627-7945 publicidade@backstage.com.br Webdesigner / Multimídia Leonardo C. Costa multimidia@backstage.com.br Assinaturas Maristella Alves PABX: (21) 3627-7945 assinaturas@backstage.com.br Circulação Adilson Santiago, Ernani Matos ernani@backstage.com.br Crítica broncalivre@backstage.com.br Backstage é uma publicação da editora H.Sheldon Serviços de Marketing Ltda. Rua Iriquitiá, 392 - Taquara - Jacarepaguá Rio de Janeiro -RJ - CEP: 22730-150 Tel./fax:(21) 3627-7945 / 2440-4549 CNPJ. 29.418.852/0001-85 Distribuição exclusiva para todo o Brasil pela Fernando Chinaglia Distribuidora S.A. Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1678 - Sl. A Jardim Belmonte - Osasco - SP Cep. 06045-390 - Tel.: (11) 3789-1628 Disk-banca: A Distribuidora Fernando Chinaglia atenderá aos pedidos de números atrasados enquanto houver estoque, através do seu jornaleiro. Os artigos e matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. É permitida a reprodução desde que seja citada a fonte e que nos seja enviada cópia do material. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios veiculados.


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A nova ordem mundial

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ntramos em mais um mês de setembro e, como nos anos anteriores, temos a Feira da Música, em São Paulo, o que costuma ser um termômetro do mercado musical para os próximos meses e até mesmo para o próximo ano. A despeito da crise que ainda vem assombrando boa parte da Europa e também Estados Unidos, vide os recentes dados do crescente desemprego divulgados pelo governo americano, o mercado musical brasileiro ainda vem resistindo bravamente. A indústria brasileira, embora ainda sofra, e muito, com os altos impostos e com a escassez de mão de obra, vem encontrando caminhos criativos que permitem sua sobrevivência. Parece que o empresariado brasileiro vem acordando para os novos tempos e deixando de lado os tempos áureos em que o lucro era garantido. Brigar para garantir uma margem de lucro que faça a empresa se manter sustentável é que vem dando o tom dos discursos nos dias atuais. Com isso, em contrapartida, investir no diferencial vem tornando o mercado mais profissional. Há dez anos, por exemplo, era impensável uma banda de grande porte ou um festival de renome utilizar um equipamento ou sistema de PA oriundo da indústria brasileira. Hoje, o que se vê são os mesmos artistas ou produtores, que antes torciam o nariz para o produto nacional, se renderem. O que mudou? A crise levou o mercado a cortar custos e adquirir produtos mais em conta, ou foi o produto brasileiro que se desenvolveu de tal forma que não existe diferença entre o nacional e o importado? Arrisco dizer que foram os dois. E arrisco dizer também que uma das premissas que travam o nosso desenvolvimento é a falta de confiança naquilo em que o País produz. Sejam eles equipamentos ou “bens” intangíveis, como nossos artistas, que muitas vezes precisam fazer sucesso lá fora, receber uma chancela internacional, para só depois se consagrarem por aqui. Quantos não são os músicos que fazem sucesso e, depois, se veem esquecidos pelo próprio público que outrora o aplaudira. No mês de agosto, tivemos duas perdas que podem ilustrar exatamente esse quadro: Ed Lincoln e Celso Blues Boy. Os dois foram responsáveis, cada qual dentro da sua genialidade, de colocar mais cor, mistura, na música brasileira. Ambos se inspiraram e tomaram emprestados alguns ingredientes da cultura norte-americana que era pulverizada por aqui e que os transformaram em produtos excentricamente e puramente brasileiros. E é essa criatividade e essa flexibilidade, tanto nos campos do tangível quanto no do intangível, que devem nos impulsionar em direção a um mercado mais forte e autêntico, e é o que pode ser a nossa diferença em relação ao mundo. Tenha uma boa leitura. Danielli Marinho

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www.proshows.com.br A nova mesa digital X32 é um produto da integração entre a Midas e a Behringer, marca distribuída pela Proshows aqui no Brasil, e responde tanto ao mercado de som ao vivo quanto ao de gravação. A mesa passou a integrar também uma interface Firewire de 32 pistas, que ultrapassa as capacidades de rede AES50. A X32 possui um sistema capaz de lidar com um total de 168 entradas assináveis, incluindo 32 pré-amplificadores totalmente programáveis e 16 barramentos de mistura.

FOCUSRITE www.proshows.com.br A Saffire 6 USB da Focusrite é uma interface de áudio USB de altíssimo desempenho que possui 2 entradas e 4 saídas. Ela possui fácil configuração, dois preamps premiados, duas entradas para instrumentos tipo Hi Z e plug-in VST-AU da Focusrite para uso na sua mixagem.

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BEHRINGER

ROLAND www.roland.com.br A Roland lançou sua nova linha HP500 de pianos digitais cheios de elegância. Esses novos produtos agora possuem a mais nova tecnologia Acoustic Projection, um inovador sistema de som multidirecional integrado ao novo HP507. Ele proporciona a reprodução fiel e natural de um piano acústico.

JBL www.jbl.com/PT-BR A Harman traz para o Brasil o dockstation JBL On Air Wireless com tecnologia AirPlay, compatível com iPod e iPhone. O recurso AirPlay permite a transmissão wireless de músicas, e reprodução da biblioteca do iTunes à distância, entre outras qualidades. Além da facilidade de acesso à música, o produto possui três transdutores JBL com acústica halo.


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BOSS ALLEN&HEATH www.audiopremier.com.br A Allen&Heath anunciou um novo modelo de mesa analógica da série ZED, a compacta ZED60-14FX. O equipamento expande as características da ZED60-10FX, utilizando os mesmos faders de 60 mm de alta qualidade e adicionando quatro canais extras para conexões mono. Dois dos oito canais mono têm conexões jack de alta impedância que podem aceitar tanto um nível normal de linha como um nível de instrumento, tornando essa mesa uma ótima solução para situações de ensaio ou shows ao vivo de pequenas bandas.

LEAC´S www.leacs.com.br Chegou ao mercado brasileiro a mesa 1002 XLR de 10 canais da Leac’s. Dentre suas excelentes características, USB com visor, controle de volume, avanço, retrocesso, play/ pause, equalização em 3 bandas por canal com PAN e LED indicador de PEAK. A Leac’s oferece 1 ano de garantia em todo o território nacional.

www.roland.com.br O novo VE-20 da BOSS possui os principais efeitos de voz do mercado. Podem ser utilizadas diversas camadas incríveis e harmonias para a voz do cantor, graças ao Pitch-correction (correção de afinação) incluso no equipamento. Ele também possibilita gravar camadas de loop com o Phrase Looper embutido.

WALDMAN www.equipo.com.br A Caixa Acústica Live Cab 315AUQI da Waldman, marca distribuída pela Equipo no país, possui excelentes características físicas, como 360 watts de potência, entrada XLR, entrada P10/ TRS, impedância de 4 ohms e entrada RCA. Além disso, ela ainda possui entrada para iPhone, iPod e iPad.


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PREMIUM www.sonotec.com.br A Sonotec Music & Sound trouxe novos modelos de baterias Premium da série DX 1000 com três configurações diferentes: DX-1000-20, DX-1000-22 e DX-1000-22R. A versão DX-1000-20 possui um bumbo de 20”, tons de 10” e 12”, surdo de 14”, caixa de 14”. No modelo DX1000-22, o bumbo é de 22” com oito afinações, tons de 10”e 12”, surdo e caixa de 14”. Já na DX-1000-22R, o bumbo é de 22" com oito afinações, tom de 10" e 12", com surdo de 16" e caixa de 14".

www.sony.com.br A Sony adaptou a sua tecnologia de transmissão digital para uma gama mais acessível de soluções wireless digital e lançou a nova série DWZ, especialmente orientada ao mercado de eventos, sendo excelente para reprodução de música, apresentações AV, eventos, igrejas e aplicações educacionais e empresariais.

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SONY

NORD www.quanta.com.br/web/quanta-music O Nord Drum, da Nord, é um revolucionário sintetizador de som de bateria de 4 canais com uma série de sons incríveis, que mudará a sua concepção sobre sons eletrônicos para bateria. O equipamento foi concebido visando a performance de um músico tocando um instrumento real. Possui muita dinâmica e triggers de rápida comunicação, que adicionam a pegada real do instrumento.

DB SERIES www.dbseries.com.br A linha DB series de gerenciadores de áudio oferece uma excelente combinação de poder de processamento, interfaces usuais/amigáveis de controle e múltipla conectividade. Dessa linha, destacam-se o DP24II (2 entradas e 4 saídas) e o DP48II (4 entradas e 8 saídas) e, dentre as características pode-se citar: frequência de amostragem (Sample Frequency) de 192 KHz. Conversor A/D e D/A de 24Bits, Processador DSP (Digital Signal Processor) de 32Bits.


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CSR www.csr.com.br A CSR divulgou no Brasil o microfone profissional para estúdio DM 858. O equipamento possui excelentes características como polaridade unidirecional, frequência de resposta de 30Hz18KHz e peso aproximado de 350 gramas.

SANTO ANGELO www.santoangelo.com.br O CSA Signal Converter, da Santo Angelo, é a maneira mais simples de transmitir o sinal de seu instrumento musical para iPhone, iPod Touch ou iPad. Conecte a guitarra, violão ou baixo na entrada do CSA Signal Converter e o cabo/conetor P3 em um dos aparelhos usando o app que desejar, como o Garage Band. Você ainda pode escolher o que ligar nas 2 saídas: ou conectar o amplificador/outro equipamento no Jack P10 mono ou fone de ouvido no Jack P2 estéreo.

STRINBERG MACKIE www.habro.com.br A Mackie, marca distribuída pela Habro no Brasil, apresenta a nova caixa SRM1801. Dentre suas diversas características físicas podem ser destacados: subwoofer de 18" Mackie SRM Series, 1000W, 1 woofer de 18" com bobina de 3" e sistema com amplificador de 500 watts RMS.

www.sonotec.com.br O modelo CLB35A, da Strinberg, marca distribuída pela Sonotec no Brasil, possui cinco cordas e tem seu corpo construído numa base de mogno e duas lâminas, sendo uma de maple e uma de rosewood. As ferragens desse modelo possuem acabamento em aço escovado e as tarraxas são do tipo Die Cast. Esse modelo também existe na configuração de 4 cordas, sendo ele o CLB34A.


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HOT MACHINE www.hotmachine.ind.br As múltiplas LED Balls LB100 da Hot Machine foram projetadas para formar uma cortina de luz de vídeo com pixel pitch de 120 mm. A cortina é feita a partir de cordas de 1 metro de comprimento, cada uma contendo sete bolas brancas de LED. Cada esfera mede 34 milímetros e contém dois potentes LEDs RGB (avaliado em 42mW por pixel) embutidos na modelagem de plástico branco. Estas podem estender-se a um comprimento máximo de 8 metros (usando 56 bolas) e o consumo de energia total é de apenas 144 watts.

ROBE www.robe.cz Robe’s super fast ROBIN 100 LED Beam é a mais nova ferramenta de efeitos de iluminação da Robe. Um controle altamente otimizado e motorizado produz um rápido movimento de inclinação e três zonas LED permitem a criação de várias cores. O equipamento também possui sete ângulos do feixe de luz, que podem ser amplificados com um rápido estrobo. O controle é simplificado a partir de uma pré-programação de uma palheta de cores, com efeitos sobre uma roda de cores virtuais e vários efeitos estroboscópicos.

ACME www.proshows.com.br/produto/acme/led-beam-300 O LED Beam 300 da ACME, marca distribuída no Brasil pela Proshows, é um Beam de LED extremamente poderoso. Possui excelentes características como operação DMX, Master/Slave, modo sonoro, 16 canais DMX, disco de gobo com 6 gobos + aberto, disco de cor com 8 cores + branco, entre outros.

STAR LIGHTING www.star.ind.br O Moving Head Beam 230 é hoje um dos produtos de maior destaque da Star Lighting Division. Com 20 canais DMX, tem como principais características: lâmpada 230W/8500K, lentes de vidro óptico com tratamento anti-reflexo e Ballast Eletrônico. Outro ponto que deve ser ressaltado é a Ventilação Específica para a lâmpada 7R (2 ventiladores e uma turbina de jato direcionado). Visando maior proteção e vida útil do produto, a empresa é responsável pela instalação de um isolador interno DM por acoplamento óptico.


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Novo site da Harman

A ProShows traz para o mercado brasileiro os novos acordeões Hohner. Com os modelos Bravo III 80 BLK, Erica e Bravo III 80 Red, os músicos contam agora com a linha completa da marca.

ENQUETE Você costuma frequentar as feiras de áudio e iluminação que acontecem nas capitais ou na sua cidade?

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NOVA LINHA DE ACORDEÕES

Sim. Além de saber das novidades, sempre há o contato com outros técnicos. (47,06 %) Não. Nunca tenho oportunidade de ir às feiras. (29,41 %) Sim. É onde tenho contato com novos equipamentos e tecnologias. (23,53 %) Não. Prefiro ir aos lançamentos nas lojas. (0,00 %)

Pensando no público brasileiro, a Harman desenvolveu sites em português com acesso facilitado às últimas novidades de sua Divisão PRO. Neles, o internauta tem acesso a vídeos de treinamento e com demonstrações de produtos do portfólio Harman, informações técnicas, manuais, catálogo e fotos em alta resolução. Os links estão disponíveis através da página www.harmandobrasil.com.br ou diretamente nos sites de cada

FRASE CRIATIVA DÁ PEDAL Ricardo Lucon foi o vencedor do Concurso Cultural do Dia Mundial do Rock, promovido pela Digitech, e ganhou o pedal Bad Monkey. Entre os dias 1º e 13 de julho, todos os rockeiros de plantão puderam concorrer ao prêmio respondendo à pergunta secreta no site www.digitechaudio.com.br A frase mais criativa seria premiada com o pedal, que oferece efeito de distorção ao estilo de um amplificador valvulado. Ricardo foi o vencedor e autor da frase: “Eu pularia de galho em galho, como macaco, de tão louco que ficaria com a sonzeira da minha guitarra distorcida!”.

uma das marcas. Os usuários podem conhecer mais sobre os lançamentos e produtos da linha Profissional em www.akgaudio.com.br, www.processadoresbss.com.br, www.amplificadorescrown.com.br, www.dbxaudio.com.br, www.digitechaudio.com.br, www.lexiconaudio.com.br, www.jblaudio.com.br e www.soundcraftaudio.com.br. Para informações sobre produtos JBL Selenium, linhas Lifestyle ou PRO, basta visitar www.jblselenium.com.br. Os produtos da Digitech são projetados para apreciadores de guitarra, tanto para o uso em casa, quanto no estúdio e na estrada. A marca é e

foi utilizada por inúmeros artistas, como Eric Clapton e Jimi Hendrix, que possuem linhas assinadas da marca.


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ganha reforço em Recife Nomes da cultura regional de Pernambuco, como Nando Cordel, Cecéu, Antônio Barros, Leonardo Sullivan, Ivo Lima, Christian Lima, Charles Teonoy, Zé Renato, entre outros, se reuniram durante um almoço no dia 18 de junho, em Recife, para apresentar a criação de uma subcomissão de artistas na capital pernambucana. Uma Comissão de Artistas, criada no Rio de Janeiro e defensora do atual sistema de gestão coletiva e contrária à intervenção do Estado na administração dos direitos autorais de execução pública, foi a Recife apresentar o trabalho que vem sendo desenvolvido Foto Eugênio Vieira / Divulgação

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Comissão de Artistas

LADO A LADO B

O projeto é uma aposta na integração entre artistas e fãs na internet. A ideia, segundo seus criadores, os produtores e músicos André Édipo e Missionário José, é que a ferramenta ofereça aos artistas um espaço onde seja

pelo grupo composto por Augusto Cesar, Carlos Dafé, Daniel Figueiredo, Ellen de Lima, Iura Ranevsky, João Roberto Kelly, Joelma Giro, Macau, Maria Luiza Nobre, Michael Sullivan, Moara Fernandes, Neneo, Paulinho Rezende, Sandra de Sá e Tuninho Galante. Durante o almoço também foi apresentado o “Manifesto dos Artistas da Música”, contrário à flexibilização do direito autoral e à intervenção estatal. O próximo passo é enviar ao Congresso Nacional mais de cinco mil assinaturas de compositores, intérpretes, músicos e profissionais ligados à música. possível apresentar suas canções com a mesma proposta da época do Long Play, ou LP, quando eram comercializadas apenas duas faixas, uma para cada lado do vinil. Com conteúdo gratuito, os fãs podem fazer o download das músicas de duas formas: original ou com os instrumentos gravados em separado. Dessa última forma o visitante pode interagir com a faixa e produzir seu próprio remix. O site pode ser acessado no seguinte endereço: http://www.jardelmusic.com/ladoaladob/

JARDS MACALÉ EM VINIL A Polysom dá prosseguimento à coleção Clássicos em Vinil e lança o LP Jards Macalé, estreia do cantor carioca, lançado originalmente em 1972. Nesse trabalho, Macalé mescla rock, samba, bossa-nova, eruditismo, jazz e tropicalismo, chegando perto do que viria a ser o rock brasileiro. Tocado pelo próprio Macalé (violão) acompanhado pelos também geniais Lanny Gordin (baixo e violão de aço) e Tuti Moreno (bateria), o disco tem uma sonoridade crua e composições que são parcerias dele com Capinam, Torquato Neto e Waly Salomão, com quem assina, entre outras, seu maior sucesso, Vapor Barato, imortalizado na voz de Gal Costa. Além dessas, ele interpreta Farrapo Humano, de Luiz Melodia, e A Morte, de Gilberto Gil.

CONDOR TEM NOVO TELEFONE A Washburn do Brasil/Condor Music, anuncia que a partir de agora atende em Valparaíso, Goiás, no seguinte endereço: Quadra C, Lote 03. Parque Esplanada I. O novo CEP é o 72878-612 e o novo telefone é (61) 3028-8800.

MÃO DUPLA

CURSO DE TÉCNICO DE SOM PARA IGREJAS O Ministério EquipArt promove a quarta edição do Curso de Técnicas de Sonorização para Igrejas, em Alagoas, até 20 de outubro. A área, tão carente de profissionais com experiência, é uma das mais importantes para o culto cristão. Alisson Telles, pastor, técnico profissional de áudio e produtor musical com larga experiência na área, é quem ministra o curso, que tem formato 70% prático. A ideia é que, ao ser realizado no ambiente eclesiástico, o aluno possa ter a

experiência do local de trabalho, segundo o diretor do EquipArt e Ministro de Música da Igreja Batista Cinco de Maio, Sidney Nascimento. Dividido em quatro módulos de dez horas cada, os alunos têm aulas de Básico de Áudio (1º módulo), Intermediário de Áudio (2º módulo), Avançado de Áudio (3º módulo) e Prático de mixagem ao vivo (4º módulo). Além dessas disciplinas, outra novidade serão as noções de roadie (técnico de palco).

A Odery abre uma nova divisão com parceria de distribuição. A ENGL, empresa sueca de amplificadores; a EBS, empresa alemã de amplis e acessórios; e a Mayones, empresa polonesa de guitarras top de linha, vão distribuir a Odery em seus respectivos países enquanto a Odery distribuirá essas marcas por aqui. Entre os endorsees da ENGL estão nomes como Steve Morse, Glenn Titpon, Ritchie Blackmore, Duff Mckagan e Paul Stanley.


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CELSO BLUES BOY Ícone de uma geração, responsável por difundir o blues no Brasil, o cantor, compositor, guitarrista Celso Blues Boy faleceu no dia 06 de agosto, em Joinville (SC), vítima de um câncer de garganta. Celso, que se apresentou durante o Rio das Ostras Jazz & Blues Festival 2012 lançou seu primeiro DVD ao vivo em 2011, no Circo Voador, no Rio de Janeiro. O músico foi parceiro de

grandes nomes como Raul Seixas, Sá & Guarabyra e ficou conhecido por inúmeros sucessos, entre eles, Aumenta que isso aí é Rock n Roll.

CL5 é apresentada a especialistas

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novo layout com faders redesenhados, o equipamento mantém o conceito Centralogic e a intenção de ser intuitivo. Outras características são canais com display LCD, teclas que podem ser definidas pelo usuário, controle via Ipad através do CL Stage Mix e conversão de ar-

Nos dias 30 e 31 de julho, os profissionais da área de áudio puderam conhecer um pouco mais sobre o novo console da Yamaha da série CL. Raphael Trindade e Aldo Linares, da Yamaha, fizeram um workshop sobre a CL5 na Cheda´s Som, em São Paulo. Há 25 anos, a Yamaha lançava seu primeiro console de mixagem digital. Com o slogan “o padrão continua, mas a inovação nunca termina”, a Yamaha vem procurando mostrar o que os novos consoles têm de novidade e, apesar de trazer um

quivos entre os diferentes consoles (LS9, M7CL, PM5D e CL) através do File Converter. Durante esses dois dias, os participantes também puderam conferir a sonoridade das caixas DXR e DXS, outros dois lançamentos da marca.


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DANIELLI MARINHO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR

ROCK IN RIO Coletânea Quem foi poderá recordar e quem não foi, poderá ver o que perdeu. O primeiro pacote de DVDs do Rock in Rio chega ao mercado e os fãs de Titãs e Xutos e Pontapés, Capital Inicial, Detonautas, Skank, NX Zero e Jota Quest poderão guardar esse momento para a eternidade. Para viabilizar esse trabalho, foi montado um verdadeiro laboratório de imagens, com um investimento pesado em equipamentos e profissionais, para a organização e recuperação de todos os shows referentes ao Rock in Rio. Contabilizando somente o Rock’n Rio 3, por exemplo, foram 280 fitas de imagem, 1.600 horas de decupagem do material, 900 horas de laboratório de imagem e 800 horas de estúdio para recuperação do áudio. O antológico show de Titãs e Xutos e Pontapés, expoentes do rock em seus respectivos países e que homenageou Raul Seixas, ou a empolgação do Capital Inicial, que lembrou Renato Russo, são os destaques. Os DVDs marcam também uma parceria entre a MZA e a Sony Music.

TOMORROW NEVER KNOWS The Beatles O álbum, disponível exclusivamente na iTunes Store, traz 14 faixas gravadas pelos Beatles que mudaram o mundo. O álbum digital Tomorrow Never Knows faz parte do pacote de lançamentos digitais da banda, lançados desde novembro de 2010, e que incluem os 13 lendários álbuns de estúdio do grupo, além de uma edição especial do Beatles Stereo Box, ganhador de um Grammy. Tomorrow Never Knows inclui as faixas Revolution, Paperback Writer, And Your Bird Can Sing, Helter Skelter, Savoy Truffle, I’m Down, I’ve Got A Feeling, Back In The USSR, You Can’t Do That, It’s All Too Much, She Said, She Said, Hey Bulldog e Tomorrow Never Knows.

50 ANOS DE ESTRADA Erasmo Carlos Gravado ao vivo no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em julho de 2011, este concerto comemora 50 anos de estrada de Erasmo Carlos. Com participações especiais de Roberto Carlos e Marisa Monte, o show revela a grandeza deste ícone da música brasileira em suas várias facetas: o compositor genial, o intérprete emocionado de canções de amor, o lobo e sua eterna fama de mau, o pai do rock brasileiro, o Gigante Gentil, o artista sensível e irreverente, o rebelde romântico. O DVD inclui as faixas Sentado à Beira do Caminho, Gatinha Manhosa, Parei na Contramão, É Preciso Saber Viver, Mesmo que seja Eu, Mulher (sexo frágil), entre outros sucessos que permearam a vida do cantor.


REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR | DANIELLI MARINHO

ULTRAJE A RIGOR VS. RAIMUNDOS Ultraje a Rigor e Raimundos Reunir sucessos de uma grande banda não é tarefa fácil. Fazer isso em um único CD com dois grupos do peso do Ultraje a Rigor e Raimundos pode parecer impossível. Mas não é. Esse ano esses dois grandes nomes do rock nacional lançam um álbum em parceria pela Deck. O disco Ultraje a Rigor vs. Raimundos é composto por 14 faixas e traz alguns dos sucessos dessas bandas, como Ciúme, Inútil, Eu Quero Ver O Oco e Selim. Porém, as músicas do Ultraje a Rigor são interpretadas pelos Raimundos e vice-versa. Um álbum que, definitivamente, não pode faltar no playlist de quem curte o velho e sempre atual rock and roll.

BRENGUELÉ Rogê Sinônimo de suingue explícito, o cantor e compositor carioca Rogê chega com tudo na Coqueiro Verde com o CD Brenguelé. Produzido por Kassin, com arranjos de Lincoln Olivetti e participação do lendário Paulo Braga na bateria, o disco traz em seu repertório pérolas como Over Again (Tim Maia), Efun-Oguedê (Wilson das Neves/Nei Lopes), além de novas canções de Rogê em parceria com grandes compositores como Arlindo Cruz, Seu Jorge, Alvinho Lancelotti e Marcelinho Moreira, entre outros. Destaque para Presença Forte, Minha Glória e Depurando Ideia, que flertam com o samba-bossa-nova, e para a faixa título Brenguelé.

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DANIELLI MARINHO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR

GOT TO BE REAL Ithamara Koorax

KNIGHT WITHOUT ARMOUR Jorge Pescara Com a visão ampliada por influências orientais, estudos de touchstyle, entre outras pesquisas realizadas durante sua estada na Europa, Jorge Pescara resolveu inovar neste novo trabalho com um novo instrumento: o Megatar, uma mistura de baixo e guitarra, sem ser nenhum deles, e tocado como um piano. Knight Without Armour é uma trilha sonora world music, que se aproxima do progressivo sinfônico e do global fusion, criada em parceria com o produtor e músico alemão Marc Jung. O disco traz uma sonoridade diferenciada que conta a história do homem que percebe a vida de forma muito mais ampla do que se vê normalmente.

Depois de encantar o Brasil e o mundo com a Bim Bom World Tour, em que homenageia João Gilberto, Ithamara lança seu mais novo trabalho Got to be Real, apresentando, ou melhor, recriando jazzisticamente grandes sucessos da música pop como Never Can Say Goodbye, Can´t Take my Eyes of You, Going Out of My Head, I Get a Kick Out of You, My Favorite Things, além da faixa-título Got To Be Real. Eleita e reeleita como uma das três melhores cantoras de jazz do mundo pela revista DownBeat, Swing Journal e Jazz People, ao lado de Diana Krall e Cassandra Wilson, Ithamara imprime versatilidade à voz ao interpretar cada canção.

ENSAIO DE CORES Ana Carolina O novo trabalho da cantora é resultado do aplaudido projeto Ensaio de Cores, com shows em várias cidades do país. Lançado em CD e até em vinil, em tiragem limitada, o show chega às lojas agora em DVD e Blu-Ray, pelo selo Armazén (distribuição da Sony Music). Com direção e produção musical da própria artista, um de seus grandes destaques está no formato intimista e na banda reunida para acompanhar Ana no palco – um time de instrumentistas femininas integrado por Délia Fischer no piano, Gretel Paganini no violoncelo e Lanlan na bateria e percussão. No show Ana Carolina canta, toca guitarra, violão, pandeiro e baixo, e reúne desde releituras como Azul, clássico de Djavan, até inéditas como Você não sabe, de Antônio Villeroy, o samba Prá tomar três – a primeira parceria de Ana Carolina com Edu Krieger, Todas elas juntas num só ser de Lenine e Carlos Rennó e Simplesmente Aconteceu, de Chiara Civello e Dudu Falcão.


DANIELLI MARINHO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR

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de fazer blues com sotaque verde e amarelo. A música perde uma referência. E eu um amigo... Valeu cada nota, Celsão!

MÚSICA NAS ESCOLAS

A 29a edição da Expomusic promete ser a mais conservadora dos últimos anos. Com a economia sob suspeita e a desconfiança generalizada nos dados oficiais do governo, o segmento parece propenso a uma postura mais seletiva e prudente tanto nas compras como nas ofertas e novidades. É pena porque o maior inimigo do bom negócio é o medo.

KURZWEIL Como anunciado em primeira mão por essa coluna, a Kurzweil, uma das maiores fabricantes de teclados profissionais do mundo, mudou de mãos no país. A Equipo é a nova distribuidora exclusiva da marca e promete colocar ainda esse ano a nova série de teclados da Kurzweil nas principais lojas do Brasil.

HIPOCRISIA A Gibson foi multada pelo governo americano em US$ 350 mil por importar ébano da Índia e de Madagascar. Segundo as leis americanas, a importação de madeira em extinção é crime. Enquanto isso, essa mesma madeira é usada nesses países produtores e nos vizinhos para fazer casas nas favelas da periferia das cidades ou alimentar singelas fogueiras de nativos.

CELSO Com a morte de Celso Blues Boy morre também a coragem de fazer blues em português e sem preconceito. O Eric Clapton brasileiro viveu intensamente e por vezes no limite e nunca abriu mão de suas convicções musicais e estéticas. Exímio guitarrista e cantor de voz singular, o músico carioca foi o pioneiro na arte

A mobilização dos músicos profissionais em torno da remusicalização nas escolas é tímida e ainda incipiente. Como um dos maiores interessados na matéria, a classe musical brasileira não mostra capacidade de se organizar e ocupar espaço na discussão dos temas mais importantes desse processo. A compilação curricular musical e o novo e gigantesco mercado de trabalho que se abre vêm sendo praticamente ignorados pela categoria. Salvo raríssimas exceções históricas e isoladas como a Roland do Brasil, que tem um projeto social admirável voltado ao ensino musical, ou o irrequieto Carlinhos Brown, que há muito investe em escolas de música na Bahia, a classe musical está literalmente perdendo o bonde da história na discussão de tema tão importante para a cultura brasileira. E não custa lembrar que espaço não ocupado é espaço perdido.

OLIMPÍADAS 1 Os bretões souberam explorar bem a sua capacidade criativa nos eventos das Olimpíadas 2012. Reconhecidos como uma verdadeira usina musical, os súditos da rainha têm uma vasta e rica história na música contemporânea. Notadamente no pop rock, os ingleses souberam tirar proveito de nomes iconoclastas e algumas interessantes novidades nas noites de abertura e encerramento do evento. A pequena e protocolar participação brasileira no final da festa não fez feio e indica que bem aproveitada, a música brasileira, que classifico como a mais rica do planeta, pode também fazer bonito em 2016.


GUSTAVO VICTORINO | VICTORINO@BACKSTAGE.COM.BR

OLIMPÍADAS 2 Os artistas ingleses que se apresentaram nos eventos das Olimpíadas ganharam o cachê simbólico de uma libra. Como o Brasil vai sediar a próxima Copa do Mundo de futebol e também a próxima Olimpíada cabe uma pergunta... Você se apresentaria por um real para o Comitê Olímpico Brasileiro ou a CBF?

FESTA 2012 Mais nomes confirmados como homenageados na Festa Nacional da Música, em Canela, no RS. Emílio Santiago, Roupa Nova e Fernando & Sorocaba serão algumas das muitas atrações da edição 2012 do evento. A dupla sertaneja detém o título de maior arrecadador de direito autoral no país. O encontro acontece na segunda quinzena de outubro na cinematográfica cidade serrana gaúcha.

GORDURA A dieta aplicada nos preços dos produtores e importadores por conta da acirrada concorrência no mercado brasileiro provocou um fenômeno curioso, mas recorrente. Sem gordura para queimar nas oscilações do dólar, os preços ficaram mais sensíveis às idas e vindas da moeda americana. Tem preço que não resiste a 15 centavos de variação cambial. E haja impressora para rodar tanta tabela de preço.

QUALIDADE Assim como no mercado automobilístico, o fator grife também tem um peso significativo na formação do preço final dos equipamentos. Afinal, quem não quer ostentar

uma marca famosa e classuda no palco? Já no aspecto técnico e qualitativo a discussão ganha outro enfoque. Nem tudo o que é caro ou badalado tem a qualidade esperada por quem paga quase o dobro por um produto de grife. Nos últimos 10 anos, até o preconceito contra produtos chineses começa a ser revisto. Para os pragmáticos e descolados, a velha receita continua infalível... Confie no seu ouvido.

ministro da defesa russo, Dmitri Rogozin entupiu seu twitter de palavrões contra a cantora. E ainda dizem que a Rússia se democratizou.

DESAFETO

Como em toda a eleição e mesmo com a marcação cerrada da justiça e dos artistas, alguns políticos insistem em usar descaradamente as músicas desses profissionais sem nenhum pudor ou ressarcimento de qualquer espécie. As campanhas eleitorais pelo Brasil então cheias de trilhas sonoras literalmente surrupiadas de músicos e compositores. Triste é saber que alguns desses espertalhões serão eleitos. E ainda vão se vangloriar disso.

Depois de baixar o cacete (parece que ele é bom nisso) em Madonna, chamando a moça de stripper de feira e acabada, o inglês Elton John agora partiu pra dentro do jornal The Times, que acusou o astro de evasão fiscal. Como o cantor é notório arrecadador e doador de recursos para instituições de caridade, a denúncia caiu como uma bomba. Detectado o erro e a falsidade da notícia, o jornal publicou uma pequena retratação em 4 linhas perdidas no seu conteúdo. O problema é que a denúncia que originou a encrenca foi matéria de capa. O artista já acionou seus advogados e anunciou que tudo o que for arrecadado será direcionado para uma das instituições mantidas por ele. Bravo o moço, né?

RÚSSIA

RECURSO TECNOLÓGICO

A cantora Madonna está sendo processada por apologia ao homossexualismo na Rússia. Tudo porque ela pediu a liberdade dos 3 jovens da banda Pussy Riot que fizeram uma música criticando o ”anjinho” Vladimir Putin. E, claro, foram presos por isso. Pela ousadia, um obscuro e puxa-saco deputado da Assembleia Legislativa de São Petersburgo chamado Vitali Milonov decidiu processar a cantora americana por conta do seu discurso contra a intolerância e a perseguição que os homossexuais sofrem naquele país. Não bastasse isso, o vice-primeiro-

Os processadores de voz com recurso de correção de pitch, ou seja, que eliminam a desafinação inercial, saíram dos sofisticados racks dos estúdios mais caros do mundo e ganharam os computadores dos usuários antenados. Agora as empresas que lideram o segmento de tecnologia musical começam a lançar esses equipamentos em formato cada vez mais compacto e barato. Em breve até seu cachorro vai poder cantar sem desafinar. Já começo a imaginar como será a primeira dupla caipira canina do Brasil.

REINCIDÊNCIA

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Profissões do

‘backstage’ EDER MOURA GERENTE

Dando continuidade à série de entrevistas com os profissionais que atuam nos bastidores dos shows e de todas as produções, sejam eles do áudio ou da iluminação e que direta ou indiretamente estão ligados ao dia a dia do entretenimento, a profissão desta edição é a de Gerente de Sistema, ou System Manager, e o entrevistado é Eder Moura.

DE

SISTEMA

redacao@backstage.com.br Fotos: Arquivo pessoal / Divulgação

V

amos falar sobre você. Qual a sua formação acadêmica e como você foi parar no mercado do show business? Tenho 33 anos, sendo 18 anos no mundo do áudio, tenho o segundo grau completo e entrei nesse mercado por volta de 1993/94, montando som com um conhecido do meus pais para eventos da prefeitura da minha cidade. Quando havia algum show grande na cidade, estava sempre lá, olhando, perguntando, xeretando. Era o único jeito de conseguir informações e conhecer equipamentos. Fiquei muito no pé do Feio e do

Garcez (ambos da Sunshine ) nos rodeios que faziam na cidade. Em um desses eventos conheci o pessoal da Potência Som que me levou para trabalhar com eles. O equipamento era simples, mas era bem maior ao que eu estava acostumado. Meu primeiro show ao vivo de grande porte foi em um rodeio em Avaré (SP) com a dupla Tonico e Tinoco. Fiquei por lá alguns meses, mas acabou não dando certo porque eu era muito novo e ainda estudava, aí voltei a fazer som na minha cidade. Foi então que um dia conheci o pessoal da Stick Som, que estava sonorizando o


rodeio da minha cidade, e que naquele ano estava estreando o PA FZ audio 212, tudo fly… Nossa, nunca tinha visto algo parecido com isso! Já tinha lido algo sobre as KF’s em fly e tal, mas visto, nunca. Passei literalmente o dia no palco com o Niko que cuidava do monitor e o finado Pescoço que cuidava do PA. Foi um fim de semana muito bom, tirei com eles todas as dúvidas que tinha na época, agradeço até hoje a boa vontade dos dois e olhe que naquele dia abusei. Saí de lá mais feliz com essa profissão. E com a possibilidade de fazer o meu primeiro freelance no áudio profissional. E aconteceu. Fui com a Stick Som para Goiânia fazer uma Expo. E depois de um tempo, comecei a trabalhar pela empresa, ficando por lá alguns anos, onde tive a oportunidade de ir para os EUA em 2004.

lá, aí decidiram levar uma equipe e um sistema. Chegamos em julho de 2004, fizemos alguns shows durante a temporada de verão que termina em meados de outubro, aí já começa esfriar. Depois disso não aconteceram mais shows para a Stick Internacional. Como algumas coisas não saíram como eles planejaram, e no inverno não fiPrimeira oportunidade no áudio nos EUA, só depois de aprender inglês zemos nenhum evento, eles resolveram retornar pais dificuldades, tendo em vista ao Brasil. Foi quando enxerguei que ficou lá praticamente por uma oportunidade de ficar, e não pensei duas vezes: fiquei. conta própria? Na verdade, na minha cabeça fiquei Tomada a decisão de ficar nos para viver o “sonho americano”. EUA, quais foram as suas princiBuscar uma oportunidade de trabalhar honestamente, ganhar um bom dinheiro e voltar ao Brasil. Uma das maiores dificuldades foi, com certeza, a língua. Aprender o inglês foi um

Como foi esse processo da empresa ir para os EUA? Eles abriram uma filial nos EUA ? Tentaram abrir, eles tinham contatos por

Estádios nos EUA: mais bem preparados para receber shows e eventos e sistema de PA

Tecnologia na hora de alinhar o sistema

grande desafio, outro foi ter ficado ilegal no país, mas “há males que vêm para o bem”. Com foco no objetivo inicial de trabalhar para levantar um dinheiro, já que naquela épo-

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Essa função conheci e aprendi a exercer no tempo que passei nos EUA. Este profissional é o responsável pelo sistema, pela área que tem que ser sonorizada, determina onde irão os pontos dos PAs, quantos elementos serão utilizados...

Eder descobriu a profissão de gerente de sistema quando ainda estava nos EUA

ca a economia americana ia bem, e um grande incentivo, a minha noiva que tinha ficado no Brasil esperando eu voltar para casarmos. Isso durou quase sete anos e muitas tentativas de me legalizar. Fiquei fora do áudio por quase um ano e meio, ralando para aprender o inglês e tentando me arrumar por lá. Em 2006 voltei ao áudio, fui trabalhar na Miller Pro Audio, fiquei nesta empresa até dezembro de 2010. O que determinou a sua volta ao Brasil, e neste retorno o que mais sentiu diferença entre o mercado nos EUA e aqui no Brasil ? Voltei porque não consegui me legalizar nos EUA. Uma vez ilegal você não consegue regularizar sua situação no país. Mesmo com a ajuda da empresa que eu trabalhava, não consegui me regularizar. Com esse problema não conseguia muitas coisas por lá, como, por exemplo, trabalhar nas grandes empresas de áudio. A empresa onde trabalhava era regional, com bons equipamentos, mas eu queria coisas maiores, mais desafios, grandes tours. Sou do tipo que se não tem mais desafios, não fico feliz. Consegui contatos na Clair Global, Sound Image, Rat Sound, mas como era ilegal, não rolou.

Fiquei bem impressionado quando voltei. Muitas mesas digitais no mercado, bons PAs, mas o que mais sinto falta são os carregadores. Lá, por serem sindicalizados, eles têm que estudar, eles recebem treinamento para saberem o que estão carregando, nunca tive problemas com esse tipo de profissional. Tinha uma equipe da cidade onde fazíamos show que eram eles que subiam os PAs para mim, eu só passava os ângulos e checava se estava tudo OK antes de subir o line. O que faz um Gerente de Sistema, quais as suas atribuições, antes, durante e depois de um show ou tour? Essa função conheci e aprendi a exercer no tempo que passei nos EUA. Este profissional é o responsável pelo sistema, pela área que tem que ser sonorizada, determina onde irão os pontos dos PAs, quantos elementos serão utilizados, como o sistema vai ser processado, como as mesas de um festival vão ser gerenciadas, cuida do alinhamento e da equalização do sistema, além de dar todo o atendimento para o engenheiro do artista durante o evento. Como dizemos por aqui “ficar de babá do técnico”, e depois do even-


to cuidar da desmontagem do sistema, embalar tudo e partir para o próximo. Quando está em turnê, você aprende os gostos do engenheiro que está atendendo, você deixa a vida dele mais “fácil”, já deixando o sistema do jeito dele. No dia a dia de shows eu só faço uma equalização básica no sistema, isso quando estamos dentro de uma arena; se o show é ao ar livre, deixo o PA flat, deixando o engenheiro da banda fazer a equalização “artística”. Quais os cursos e/ou treinamentos que você frequentou nos EUA para poder ser gerente de sistemas? Fiz treinamentos na fábrica da JBL, na California, sobre a linha Vertec, curso da Meyer Sound sobre Fundamentos de desenho de sistemas, Implementação e Otimização do Sistema e alguns outros de equipamentos relacionados com gerenciamento de sistema. Quais são as diferenças ou mesmo quais os pedidos feitos para ajuste de um sistema por brasileiros e estrangeiros? Os estrangeiros, em sua maioria, não usam tanto sub. Já os brasileiros, em sua maioria, gostam muito de sub. Já fiz show usando o corte do PA em 30Hz e o engenheiro da banda estrangeira nem tocou no auxiliar do sub. Em sua maioria, todos têm a preocupação da cobertura e alinhamento do sistema. Você acompanha produções e eventos nacionais e internacionais. Quais as diferenças entre elas? A maior diferença é a organização, em termos de carregadores; e organização do local do eventos. Algumas produções brasileiras, às vezes, nem tem lugar para entrar com o cami-

Organização é a maior diferença entre as produções brasileiras e estrangeiras

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nhão, sem falar em FOH, mix fora da posição, porque o dono do evento não quer. Fiz vários corporativos nos EUA em que o FOH mix ficava no centro. E a es-

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O primeiro acidente a gente nunca esquece, mas no meu caso foram três, e poder ter saído deles bem foi uma benção

trutura das arenas (ginásios) de shows no Brasil. Isso é uma vergonha. Em minha opinião, não temos uma arena de shows decente no Brasil.

Fale de um ou alguns trabalhos que você considera importantes em sua carreira. Nossa, foram tantos, mas vamos ver alguns. O primeiro deles foi o teste na Stick Som para poder sair da posição de roadie e assumir uma posição de técnico no monitor; show do Zeze di Camargo & Luciano (Renato Carneiro no monitor), era um tanto de ida e volta na mesa, que ficou marcado na minha memória. Nos EUA, ter tido o prazer de mixar o PA para BB king. O primeiro acidente a gente nunca esquece, mas no meu caso foram três, e poder ter saído deles bem foi uma benção. Os festivais Rock’n America nos EUA, SWU, Rock in Rio e Lollapalooza foram os maiores em número de público em que já trabalhei. E o último que me deu um grande prazer profissional foi ter a chance de

Quantidade de mesas digitais e bons sistemas impressionaram Eder assim que retornou dos EUA

O gerente de sistemas é o responsável pela área que tem que ser sonorizada e determinar onde irão os pontos de PA


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Outra grande diferença entre Brasil e EUA: o posicionamento da FOH

mixar o Carnaval 2012 no Rio de Janeiro. Contando todos os grupos foram 56 escolas, ou 56 mixagens em um fim de semana. O que falta ainda para o Eder, para que ele se torne um profissional ainda melhor? Aprender mais. Gosto de estar sempre aprendendo, tendo novos desafios, conhecendo novas técnicas. Coisa que fica bem mais difícil aqui no Brasil. Lá nos EUA é bem mais fácil manter-se atualizado com o mercado e os novos conceitos. Quais os seus planos para o futuro, onde o Eder Moura pretende estar daqui a 10 anos, nos planos profissional e pessoal? No profissional, continuar fazendo o melhor que posso para as pessoas que gastam o seu dinheiro comprando ingressos e passam dias em filas, para que possam ter a melhor sensação da vida delas, podendo ouvir o seu artista preferido, mesmo que ele seja o último na plateia. Espero também que os produtores e os responsáveis por venda de shows se organizem e que possamos ter verdadeiras turnês no Brasil, como os estrangeiros fazem, sem correria, sem horas abusivas em aviões e ônibus; que os investidores olhem mais para o show business e façam arenas de shows de verdade, com docas, grids para os pontos no teto. Isso é praticamente um sonho, mas...

No pessoal, poder ajudar compilando histórias e fotos para os mais jovens que estão iniciando na nossa área, preservar a história do áudio. E poder desfrutar de um sítio com a família e muito churrasco. Para finalizar, que dicas você daria para aqueles que se interessam em se tornar gerentes de sistema? Estudar é o principal, por mais que faltem treinamentos especializados aqui no Brasil, procure informações na internet. Procure saber como cada sistema funciona, os cortes apropriados do processamento, as opções de processamentos disponíveis para executar um bom alinhamento do sistema. Seu trabalho, mesmo que poucos saibam disso, será fazer com que todos ouçam bem o artista que está se apresentando, e a ferramenta que você tem em mãos para isso é o alinhamento do sistema. E o mais importante: atender bem ao engenheiro do artista, conciliando a equalização artística dele e ainda cuidar da cobertura da área a ser sonorizada. Conseguir conciliar esses dois focos é o segredo de ser um bom gerente de sistema. Este espaço é de responsabilidade da Comunidade Gigplace. Envie críticas ou sugestões para contato@gigplace.com.br ou redacao@backstage.com.br. E visite o site: http://gigplace.com.br.


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Álbum aclamado de Paulinho Moska marcado pela experimentação de estilos completa 15 anos. Victor Bello redacao@backstage.com.br Fotos: Internet / divulgação

“M

e sinto um artista ‘circense’, aquele que doma os leões, anda na corda bamba, joga malabares e ainda se pinta de palhaço. A maior riqueza do Brasil é sua multiplicidade cultural. Como ser brasileiro sem ser múltiplo?”, questiona o compositor carioca Moska que, em entrevista à Back-

expe stage, conta detalhes do terceiro disco de sua trajetória solo, Contrasenso, um álbum repleto de sucessos como A seta e o alvo, Relampiano e Admito que perdi. Nascido no Rio de Janeiro em 1967, Paulinho Moska começou a tocar violão com 13 anos. Formou-se em teatro pela CAL (Casa das Artes de Laranjeiras) e já atuou em filmes nacionais, dentre eles Um Trem Para as Estrelas, Kuarup e O Homem do Ano. Integrou o grupo vocal Garganta Profunda, que, em seu repertório, cantava de Beatles e Tom Jobim à óperas medievais e em 1987 formou o grupo Inimigos do Rei, percorrendo o país com hits como Uma Barata Chamada Kafka e Adelaide. Em 1991 sai da banda e começa a se dedicar à carreira solo, dois anos


depois lança o disco Vontade. Contrasenso, lançado em 1997, marca a volta do compositor para um universo mais pop, ao contrário do seu trabalho anterior Pensar é fazer música (1995), um álbum mais filosófico e introspectivo. O terceiro disco contou com a participação de músicos com quem Moska até então não tinha trabalhado: Christian Oyens, Sacha Amback, Arthur Maia, Dunga - entre outros nomes de peso -, deram o tom e a

A GRAVAÇÃO Produzido por Nilo Romero junto com Moska, o álbum foi gravado e mixado no renomado Estúdio Mega (RJ) no período de outubro a dezembro de 1996 com exceção de Admito que perdi, extraída do programa Couvert. A bolacha foi gravada em 48 canais (máquinas Studer) em uma mesa Neve VR. O técnico de gravação foi o Marcus Adriano e a mixagem foi feita por Luis Paulo Serafim. Os instrumen-

A SOPA rimental do Moska pegada marcante que o CD possui. “Além da banda que já tocava comigo (Marcelo da Costa, Billy Brandão, Bruno Migliari), Ubirajara Silva (pai do Taiguara) gravou bandoneon com Jorginho Gomes (Novos Baianos) no bandolim. Otavio Rocha (do Blues Etílicos) com seu slide guitar, Maurício Carrilho tocando violão de 7 cordas e escrevendo arranjo de cordas. Foi um desfile de qualidade no estúdio. As participações de Lulu Santos e Lenine coroaram as gravações”, conta Moska.

tos utilizados por Moska foram um violão de nylon Del Vecchio Savio e um Takamine de aço. O autor da capa foi o designer Levindo Carneiro que explorou colagens digitais feitas no Photoshop. “Eu queria uma capa simples, só com meu rosto. A contracapa tem um pouco dessa sensação de ‘confusão’, com uma foto minha de cabeça para baixo, num quarto que não se sabe onde é o chão ou o teto. A ideia era ter uma capa simples e uma ‘contracapa/ contrasenso’,” diz Paulinho. As

concepções de algumas músicas do disco se basearam em uma técnica de gravação chamada Lo-Fi, termo cunhado no final da década de 80, para caracterizar músicas de difícil diferenciação entre os instrumentos, já que os bit rates são mais baixos “Estávamos em uma Meca da tecnologia, um estúdio que se propunha a ser o melhor, mas em um determinado momento resolvemos gravar uma bateria somente com microfones SM 58. Era como se tivéssemos ficado enjoados de

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tanta tecnologia. Queríamos algo LoFi. Então o técnico de som se negou a fazê-lo, dizendo que aquilo iria comprometer o seu trabalho, tipo: ‘quando for mixar vão perguntar quem é que gravou isto’. É engraçado que até então o conceito de Lo-Fi ainda era estranho para alguns profissionais criados na old school e mesmo entre alguns produtores. Só nos restou morrermos de rir e dizer que iríamos gravar assim, com os SM 58, e que ele seria desafiado a tirar o melhor ‘pior’ som da vida dele” observa o produtor Nilo Romero.

UM NEOTROPICALISTA DA MÚSICA BRASILEIRA

Contrasenso é marcado pela abrangência de estilos e diversidade. Paulinho já aponta o caminho experimental e inquieto que resolveu seguir ao longo de sua trajetória. Na bolacha encontramos rock, samba-choro, baião, blues, funk etc.

Contrasenso é marcado pela abrangência de estilos e diversidade. Paulinho já aponta o caminho experimental e inquieto que resolveu seguir ao longo de sua trajetória. Na bolacha encontramos rock, samba-choro, baião, blues, funk etc., ficando claro que o talento de Moska, como compositor e instrumentista, transcende a estilos e rótulos.

A seta e o alvo, música que abre o disco, alcançou sucesso nas rádios e é um dos clássicos de seu repertório. Nessa canção, o compositor começou a escrever em um dia assim que acordou e ao se olhar no espelho (de cabelos compridos e barba) se achou parecido com Jesus Cristo. Foi então que começou a pensar: “O que Jesus diria se voltasse a Terra e pudesse falar com todos nós?” Deu então início aos versos Eu falo de amor à vida, você de medo da morte. Depois a própria poesia foi sendo levada para outros caminhos. Ao mostrar para Nilo, o produtor deu alguns toques que mudaram muito a canção, a ponto de ele se tornar parceiro nela. “Moska fez esta música em tom menor, com outra harmonia e melodia. Ouvi e achei que a letra ficaria melhor em tom maior. Então comecei a tocar algo inspirado em Alanis Morissete e o Moska fez o resto. Eu só dei a ideia inicial, o caminho. A letra já existia e eu dei alguns ‘pitacos’, fazendo aquela brincadeira de metade com meta e seta”, fala. Contrasenso, música que dá nome ao dis-


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Ficha Técnica

Produzido por: Nilo Romero e Paulinho Moska Arranjos e concepção: Paulinho Moska e Nilo Romero, com a colaboração dos músicos participantes Direção artística: João Augusto Coordenação de produção: Márcia Virgínia Gravado por: Marcus Adriano Assistente de gravação: Rodrigo Noronha Técnicos adicionais: Marcio Gama e Renato Luis Assistentes: Márcio Thees, Marco Aurélio e Max Pierre Jr Mixado por: Paulo Serafim Catering: Solange de Oliveira Gravado e mixado: Estúdio Mega no período de outubro a dezembro/96 (exceto a faixa 12, extraída do programa Couvert).

Christiaan Oyens – Bateria Nilo Romero – Baixo Marcos Suzano – Derback, tantã, ganzá, moringa, e tabla, prato de cerâmica e reco-reco Billy Brandão – Guitarra Sacha Amback – Teclados (efeitos) Milton Guedes – Sax alto e pandeiro Marcelo Martins – Sax tenor e solo Eduardo Neves – Sax tenor Willian Magalhães – Piano Fender Rhodes

Fernando Zarif / Sony Music Paulinho Moska – Voz e Violão Christiaan Oyens – Bateria Artur Maia – Baixo Marcos Suzano – Shaker, cuíca, tamborim, e repique Rogério Meanda – Guitarra Willian Magalhães – Órgão e teclado Milton Guedes – Sax alto Marcelo Martins – Sax tenor Nilo Romero – Programação de loops

3 - Me Chama de Chão

8 - Virtual(mente) (Freak Power)

(Paulinho Moska, Fernando Zarif e Branco Mello) Sony music / F. Zarif / Warner Chappell Paulinho Moska – Voz e violão Christiaan Oyens – Bateria André Carneiro – Baixo Marcos Suzano – Pandeiro, derback, repique e tantã Murilo O´Reilly – Tantã Celso Fonseca – Violão e guitarra Leslie Willian Magalhães – Piano Fender Rhodes e órgão Milton Guedes – Sax alto e solo de harmonia Eduardo Neves – Sax tenor

(Road Thang (Cook/Slater)- versão: Paulinho Moska e Nilo Romero) Mercury Paulinho Moska – Voz e violão e vocais Marcelinho da Costa – Bateria Dunga – Baixo Billy Brandão – Guitarras Humberto Barros – Piano Fender Rhodes e órgão Milton Guedes – Pandeiro e vocais Nilo Romero – Programação de Loop *Participação Especial Lulu Santos – Voz e sitar (gentilmente cedido pela BMG ARIOLA)

4 - Relampiano ( Paulinho Moska/ Lenine) Sony Music / Lenine Paulinho Moska – Voz, violão e frase de piano Marcos Suzano – Pandeiro, tampo de piano, repique, cowbell, surdo, serrote e reco-reco Trio Querubim – Ângelo Dell´Orto – Violino, Eduardo Pereira – Viola, Marcelo Salles – Cello Maurício Carrilho – Arranjo de Cordas Arthur Maia – Baixo Acústico Nilo Romero – Bumbo Lenine – Voz e Violão *participação especial

5 - Paixão e Medo ( Paulinho Moska/ Nilo Romero) Sony Music / Natasha Paulinho Moska – Voz e violão Jorginho Gomes – Bandolim Mauricio Carrilho – Violão de 7 cordas Marcos Suzano – Pandeiro Ubirajara Silva – Bandoneón

1 - A Seta e o Alvo

6 - A Outra Volta do Parafuso

(Paulinho Moska/ Nilo Romero) Sony Music / Natasha Paulinho Moska – Voz e violão Marcelinho da Costa – Bateria Dunga – Baixo Marcos Suzano – Pandeiro de nylon Sacha Amback – Acordeom Billy Brandão – Guitarra Milton Guedes – Pandeiro

(Paulinho Moska) Sony Music Paulinho Moska – Voz e violão Marcelinho da Costa – Bateria Bruno Migliari – Baixo acústico Mauricio Barros – Órgão Willian Magalhães – Órgão Sacha Amback – Piano Mauricio Carrilho – Arranjo de Cordas Trio Querubim – Ângelo Dell´Orto – Violino, Eduardo Pereira – Viola, Marcelo Salles – Cello

co, é uma expressão extraída de um livro do filósofo Gilles Deleuze que quer dizer “contra o senso comum”, diferente de “sentido contrário” ou “contramão”, que geralmente significam o oposto. “Eu sempre escrevo sobre amor, liberdade, vida e arte. Aquele início falado remete um

( Paulinho Moska) Sony Music Paulinho Moska – Voz e Violão Christiaan Oyens – Bateria Dunga – Baixo Marcos Suzano – Conga, caxixi, pandeiro e platinelo Milton Guedes – Pandeiro Billy Brandão – Guitarra Willian Magalhães – Piano Fender Rhodes e órgão Sacha Amback – Teclados (cordas)

10 - Common Grave (Paulinho Moska/ Fernando Zarif) Sony music / F. Zarif Paulinho Moska – Voz e Violão de aço Christiaan Oyens – Shaker, caixa, prato e contra-tempo Nilo Romero – Violão de nylon e baixo Otávio Rocha – Violão – Dobro

11 - Efêmero (Paulinho Moska) Sony Music Paulinho Moska – Voz e Violão Marcos Suzano – Pratos, Ganzá e shaker Arthur Maia – Baixo Acústico Sacha Amback – Piano Mauricio Carrilho – Arranjo de cordas Trio Querubim – Ângelo Dell´Orto – Violino, Eduardo Pereira – Viola, Marcelo Salles – Cello

12 - Admito Que Perdi

2 - Contrasenso (Paulinho Moska) Sony music Paulinho Moska – Voz e violão

9 - Tudo Que a Gente Quis

7 - Seja O Que Deus Quiser (Fernando Zarif / Paulinho Moska)

(Paulinho Moska) Sony Music Paulinho Moska – Violão e Voz

pouco a Raul Seixas e o refrão tem um pouco a ver com a canção Fora da Ordem, de Caetano. E tem um pouco de Alice no País das Maravilhas (Lewis Carrol) nos jogos de palavras e sentidos”, conta Paulinho. Relampiano é um baião moderno em parceria com Lenine. Quando Mos-

ka e o músico pernambucano pararam em um sinal de trânsito no Leblon, uma criança de rua veio e tentou vender bala aos dois. O dia estava muito cinza e uma tempestade estava a caminho, com muitos relâmpagos e trovões. No banco de trás do carro estava uma cadeirinha


de criança do filho de Lenine. A criança de rua praticamente cantou o refrão da música depois de ouvir um trovão: Tá Relampiano... cadê neném? Então o sinal abriu e os dois saíram cantarolando o resto da letra dentro do carro. No dia seguinte se encontraram e terminaram a canção. Paixão e Medo é uma poesia de Nilo Romero transformada em letra com participação do violonista sete cordas Maurício Carrilho e de Ubirajara Silva no bandoneon. Seja o que Deus quiser, uma parceria de Moska com o artista plástico e compositor Fernando Zarif, se caracteriza pela mistura de loops com instrumentos. “Quando ouço, me pergunto como fazia programações nesta época, que não tinha 10% dos recursos que tenho hoje. Foi em um sequencer Ensonic ASR10 que tinha. Peguei partes do que já havia sido tocado, embrulhei e mandei. Mas tem muita coisa tocada ali. Adoro a participação do Rogério Meanda na guitarra”, aponta Nilo. Virtual(mente), uma versão de Road Thang da banda Freak Power, ganhou contornos originais na parceria entre o produtor e o compositor e a participação de Lulu Santos cantando e tocando sitar. “Era o tempo dos primei-

ros e-mails e navegações, tudo ainda era muito novo. Lulu tinha lançado seu disco Anticiclone Tropical e estava super ligado na rede. Convidei-o para cantar e tocar, justamente porque a versão tinha ficado a cara dele. No meio da letra tem Tudo bem, tudo igual e a melodia dessa parte era super Lulu. Foi uma honra pra mim”, comenta. Admito que perdi, outro grande sucesso, é baseada em um momento triste de Paulinho após o fim de um relacionamento se aproximando. Contrasenso ajudou a consolidar ainda mais a carreira de Paulinho Moska, um álbum que foi uma celebração de excelentes músicos em estúdio. “As músicas ali gravadas traduzem bem o momento que vivíamos, e ouvi-las novamente me transportou para aquela atmosfera. Música também serve para isso”, relembra o produtor. Moska agora se prepara para lançar o DVD Muito Pouco Ao Vivo, gravado em 11 de maio no Teatro Ibirapuera, em São Paulo. O projeto é mais do que uma simples captação documental de um show, a ideia é experimentar a linguagem. As câmeras serão como personagens que interferem no que está acontecendo. Mais uma surpresa de um dos artistas mais inventivos da música brasileira.

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MÁGICO DE OZ | CAPA | www.backstage.com.br 60 A versão brasileira de O Mágico de Oz, em cartaz no Teatro João Caetano, no Centro do Rio de Janeiro, destaca a produção brasileira como uma das maiores de sua história. Escrito há mais de um século por L. Frank Baum, o musical ganhou fama com o célebre filme estrelado por Judy Garland, em 1939, material que serviu de base para a única adaptação autorizada para o teatro. Luiz Urjais redacao@backstage.com.br Fotos: Ernani Matos Guga Melgar / Internet Divulgação Revisão técnica: José Anselmo “Paulista”

D

irigido pela dupla Charles Möeller e Cláudio Botelho, a superprodução brasileira conta com 150 profissionais na montagem, que soma 14 cenários diferentes e mais de 300 peças que compõem figurino e preparação para efeitos cênicos. Orçado em R$ 9 milhões, o 31º musical da dupla, cujo cenário começou

a ser pensado há cerca de um ano, tem elenco composto por 35 atores, 16 músicos e conta com a participação de nomes de peso, como Lúcio Mauro Filho, Miéle e Maria Clara Gueiros. Segundo o designer de som da peça, Marcelo Claret, a adaptação brasileira é muito próxima do filme, pois antes de os trabalhos serem iniciados, houve uma preparação profissional através de workshops com recomendações que serviram de pesquisa aos envolvidos. “Tudo tem um cronograma a ser estudado, até porque, basicamente, todas as áreas de criação estão envolvidas em diversas cenas. Há um momento emblemático, da chuva do tornado (cena em que Dorothy parece estar dentro de


um furacão, ao ser levada para o mundo dos Munchinks) que foi bastante trabalhada em grupo. Neste momento, o cenário e a construção giram, fundindo com a projeção, na hora em que o tornado leva a casa embora”, diz. “Desde o princípio, o som precisava reproduzir o tornado como se a plateia estivesse junto com a personagem na casa. Daí, a alternativa foi utilizar um sistema surround, uma vez que, apenas na montagem brasileira, o vento virou personagem, acompanhando a trama desde o princípio”, explica.

Quase no final do espetáculo é possível notar, novamente, o surround, quando Dorothy está voltando do transe e diversas frases emblemáticas dos personagens vêm à sua cabeça, dando a impressão de giro. Claret explana que são, especificamente, dois os sistemas de áudio utilizados no PA do musical: o central, composto por 2 caixas KArray modelo KH-4, e o do restante do teatro, que é sonorizado com 36 caixas FZ Áudio, modelos FZ 102HPA, FZ 102A, FZ 108A, FZ 205A, FZ 218A – incluindo os efeitos de surround e os retornos de elenco e orquestra. “Nas mesas, trabalhamos com duas M7CL-ES e uma DM1000 da Yamaha. Temos ainda um sistema de cue para disparar todos os efeitos sonoros (cerca de 30 efeitos no total) e um sistema de microfones sem fio com 42 canais em UHF para servir a todo o elenco, incluindo os siste-

mas de backup, sendo que nos atores principais eu coloco dois microfones e dois sistemas de transmissão”, afirma. “A orquestra é captada por microfones DPA, Shure e Sennheiser. Os DPAs são usados em todas as cordas, em algumas percussões e nos sopros. Os modelos são: DPA 4099, DPA 4080, DPA 4061 e DPA 4028. Além desses, temos 04 Sennheiser modelos MK1, MD 421 e ME 604, na bateria e nas percussões, além de um SM91 e 04 SM57; e 01 RE27 nos sopros”, reforça Claret. O teatro tem capacidade para cerca de 1200 pessoas, e o palco tem 20 metros de largura por 15 metros de profundidade e cerca de 5 metros de proscênio. O fosso da orquestra tem cerca de 10 metros de largura por 4,5 metros de profundidade. O designer de som garante que em todos os seus projetos ‘o objetivo está em sonorizar 100% da plateia com a menor diferença

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MÁGICO DE OZ | CAPA | www.backstage.com.br 62 Duas Yamahas M7CL são usadas para o musical

No show, normalmente, as coisas são mais suaves. No O Mágico de Oz, um operador só não dá conta de tudo. São 42 canais de orquestra, um total de cinco profissionais no áudio (Claret)

Thalita Kuroda opera o PA

Carlos Esteves também é técnico de PA do espetáculo

possível, do ponto de vista da pressão sonora, equilíbrio e resposta de freqüência’. “Essa talvez seja a parte mais difícil do profissional, devido à falta de estrutura dos teatros brasileiros no que diz respeito às possibilidades de fixação das caixas e da passagem dos cabos”, alfineta Claret, que trabalha em musicais desde 2001, entre eles Sweet Charity, Sete – o Musical, My Fair Lady e Hair. “Outra coisa que acho fundamental para o sucesso do sistema é os operadores não ficarem dentro das cabines durante a peça. Eles precisam ouvir exatamente o que o público ouve e por esse motivo tem que estar na plateia. Entre-

tanto, entende-se que, para fazer isso, se gera um problema de infraestrutura, e até de custo para a produção, já que normalmente a solução é bloquearmos algumas poltronas do teatro para montar o controle de áudio”, comenta. Ainda de acordo com Claret, não existe linha tênue entre operar o som de show ao vivo e de um musical. “Num show é possível que o operador deixe a mesa solta. Contudo, isso não é possível em musicais. Se deixar, por exemplo, mais de três canais abertos simultaneamente, com certeza, haverá algum problema. A atenção é redobrada e exige-se um conhecimento sobre o roteiro do espetá-


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MÁGICO DE OZ | CAPA | www.backstage.com.br 64 Momento em que Dorothy encontra a Bruxa do Oeste

Lucio Bragança - Operador de Iluminação

Pearl 2010 comanda 18 movings (ao lado)

culo, pois cada fala tem uma operação de ‘abre e fecha’ microfone. No show, normalmente, as coisas são mais suaves. No O Mágico de Oz, um operador só não dá conta de tudo. São 42 canais de orquestra, um total de cinco profissionais no áudio, fora a parte de montagem”, informa.

foi deixar a imaginação solta, ousando na utilização de cores, sem ter nenhuma preocupação realista. “Acho que a principal característica dessa luz é a relação entre a utilização de luzes sépias e tons de âmbar nas cenas da fazenda em contraste com um universo extremamente colorido do sonho vivido por Dorothy”, observa Paulo, que trabalha há mais de 20 anos com a dupla. “A ideia era criar um universo lisérgico para essa viagem

ILUMINAÇÃO Com projeto idealizado pelo lighting designer Paulo César Medeiros, a iluminação do espetáculo faz jus às montagens de Möeller e Botelho, já que, segundo o profissional, a maneira de chegar ao resultado final


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Gabriel Murray - responsável pelos microfones

que, na verdade, era uma viagem interior da personagem. Nisso, a iluminação tem realmente um papel de maior importância. A cena do tornado, sem dúvida, nos deu muito trabalho, pois era

uma mistura de ‘ação ao vivo’ com ‘ações gravadas’ e reproduzidas em vídeo”, relata. Paulo afirma ainda que toda a estrutura de iluminação demorou uma semana

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MÁGICO DE OZ | CAPA | www.backstage.com.br

Fosso da orquestra tem cerca de dez metros de profundidade

História Dorothy, uma menina sonhadora, vê-se em sérios apuros quando descobre que seu cãozinho Totó corre grande risco de virar sabão. Resolve então fugir e, durante a fuga, bate com a cabeça e desmaia. A partir daí, começa uma fantástica viagem por um mundo encantado chamado Terra de OZ, onde tudo é perfeito e maravilhoso. Lá, Dorothy se encontra com a Bruxa do Oeste, uma maquiavélica vilã, e quando tudo parece estar perdido, é

salva por Glinda, a Bruxa Boa do Norte, que após salvá-la, a presenteia com um par de sapatos de rubi (mágicos), aconselhando-a seguir pela estrada de tijolos amarelos para chegar ao Castelo de Cristal e, assim, pedir ao Mágico de Oz que a ajude a voltar para casa. Pelo caminho, a adorável garotinha conhece três amigos, o Espantalho, o Homem de Lata e o Leão Covarde que, juntos, vivem uma grande aventura.


Sistema de microfone sem fio com 42 canais em UHF serve a todo o elenco

para ser erguida, além de outras três semanas para fazer ajustes, durante os ensaios. Sete profissionais estiveram envolvidos neste setor. “O maior desafio foi a organização do cronograma de trabalho. Tudo foi preparado com bastante antecedência, mas quando todas as equipes entram juntas no Teatro é necessária muita concentração para que ninguém atrapalhe o serviço de ninguém”, coloca. O lighting designer utiliza 100 pares 64 F2/F5, 30 Ribaltas de LED RGBW, 18 moving lights com lp. 700W e sistema CMY, 30 Elipsoidais ETC de 26 graus, além de 4 canhões HMI 1200W. Ao comparar o trabalho realizado em musicais aos de shows ao vivo, Paulo é pragmático e explica que se trata de universos complementares, mas bem distintos. “Os shows exigem dos iluminadores a capacidade de concretizar a delicadeza ou a subjetividade de uma música através de um desenho de luz livre, que lide com o artista de uma forma complementar, ampliando os movimentos e as características singulares de cada música. No teatro, lidamos basicamente com a linguagem escolhida pelo encenador. A partir disto, entram todos os envolvidos na criação”, infere. “Acho que temos aqui no Brasil todos os recursos técnicos para reproduzir uma luz da Broadway, mas não temos ainda uma disponibilidade das produções para realizar isso. Fazemos bonito, mas com muito menos equipamentos. Considero-me um estudioso desse universo e dessa história que ainda está sendo escrita”, fala.

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 68 Inúmeras são as técnicas usadas por profissionais do áudio para realizar uma adequada passagem de som antes de shows ao vivo. Atualmente, a tecnologia avançada ajuda a aliviar a ‘dor’ das configurações “tediosas” nos soundchecks, que alguns acham ser, bem como dá rapidez a este processo. Luiz Urjais redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação Revisão técnica: José Anselmo “Paulista”

Passar ou passar É sabido que a maior parte dos músicos não gosta de ser incomodada com isso e que, por vezes, devido à programação do evento em questão, que às vezes é um festival, evento corporativo e não somente um show, e aos horários que devem ser cumpridos, a passagem de som convencional acaba não sendo a melhor opção. Neste caso, o checkline por meio do virtual soundcheck (multitrack), pode ser a ‘luz no fim do túnel’. Apesar de ser uma prática ainda incipiente no Brasil, o virtual soundcheck tratase, basicamente, da substituição da banda

ao vivo por uma cópia virtual das cenas dos instrumentos. Ou seja, da mesma forma que se usam os canais de áudio separados para gravar e remixar um show, simula-se a passagem de som humana, promovendo ajustes e correções na gravação dos canais em questão, diretamente na mesa, inseridos na mix original. A chave para o soundcheck virtual está na captação dos sons o mais próximo possível do som natural dos instrumentos, usando os sinais de microfones e linhas de pré-faders, antes de qualquer equa-


O técnico de João Bosco, Jackson Marques, usa pouco o virtual soundcheck

to pop/rock, já que o gênero usa bastante compressão, gate e tem um processamento de plug-ins para cada canal. “A meu ver, no monitor é pouco producente. Hoje em dia, quase todo mundo usa fone, e a cena gravada vai soar diferente de lugar para lugar. A diferença de sensibilidade do SPL é equivalente ao som de uma bateria, por exemplo, num soundcheck de ginásio, para um show de teatro. No PA dá para fazer melhor o alinhamento, através do fone. Você sente essa diferença”, relata. Marques explica que usa pouco o virtual com João Bosco, e que geral-

não o som? lização e dinâmica. Todavia, é importante ressaltar que este tipo de gravação em multipistas, feito da mesa de PA, não é exclusividade dos consoles digitais. Pode ser feito no mundo analógico também, apesar de mais trabalhoso.

EXPERIÊNCIAS De acordo com o engenheiro de áudio de João Bosco, Jackson Marques, a utilização do virtual soundcheck, no PA, é mais propícia a bandas do segmen-

medida do possível, o artista deva passar o som. Cada ambiente impõe determinadas situações. O João tem um entendimento sobre isso e sabe como tocar em cada local”, completa. Além destas questões, Jackson, que antes trabalhava com Ana Carolina, explana a dificuldade de ter condições em utilizar a técnica do virtual soundcheck na estrada, já que, segundo ele, a maioria das locadoras de som não tem os equipa-

mente deixa a cena gravada na M7CL da Yamaha e vai fazendo os ajustes conforme as necessidades. “O João gosta de passar o som. Vê isso como um exercício pessoal. Seu trabalho é mais orgânico. Para ter uma ideia, ele usa um AKG-414 no violão. As dinâmicas são na mão da banda, eles Em festi mesmos não gostam de va está no is, Alexandre faz alinham compressão. Por isso, ento do uso do virtua l, mas d PA iz que o sempre acho que, na segred o

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Ronaldo Lima: virtual otimiza seu tempo de trabalho

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val, por exemplo, onde o tempo é curto para passar o som, se tudo estiver alinhado, durante o show dá para ir mexendo e ajustando as sobras”, avalia.

VANTAGENS E DESVANTAGENS

Cotô Guarino não usa o virtual soundcheck para o NX Zero

No Lulu, viajo com uma Digico SD8. Como estou sempre com o sistema completo, menos o PA, privilegio o alinhamento ao invés da passagem (Alexandre Rabaço)

mentos necessários para reproduzir os canais pré-gravados. “Em turnê, para usar o virtual, a empresa tem que disponibilizar uma Digidesign, por exemplo, com número ‘xis’ de DSPs para reprodução das pistas gravadas. Não basta dar ‘play’ na gravação e ‘pronto’. Para o técnico de som de Lulu Santos, Alexandre Rabaço, a ferramenta do virtual facilita o trabalho do profissional, já que serve para checar o sistema do jeito que ele está acostumado a trabalhar. Contudo, jamais seria capaz de substituir o músico. “No Lulu, viajo com uma Digico SD8. Como estou sempre com o sistema completo, menos o PA, privilegio o alinhamento ao invés da passagem. Para mim, é a ‘página zero’ de tudo que eu vá fazer no áudio. Geralmente é a locadora que toma conta desta parte; entretanto, apesar de não ser função do técnico, é importante dar atenção a isso. Faz muita diferença”, opina. “Com tudo alinhado, tenho praticamente 60% do meu trabalho pronto. Numa ocasião de festi-

Acompanhando a banda NXZero, o técnico de som João “Cotô” Guarino afirma não ser necessária a utilização da técnica do virtual para trabalhar com o grupo, uma vez que o sistema mantémse alinhado e o backline dos shows é sempre o mesmo. “Não tenho nem o equipamento do virtual soundcheck. Uso uma Roland M300 pequena que, inclusive, tem condições de gravar. No caso da banda, cada músico tem seu próprio roadie que passa o som. Tem gente que usa o virtual por não ter roadie suficiente para tocar”, afirma. “Preocupo-me muito em equilibrar o PA, mas não recomendo mexer no processador da empresa locadora. Às vezes, você faz um ajuste que pode piorar a situação. Regular crossover sem instrumento é impossível, pode forçar o sistema e até queimar os componentes”, enfatiza. Ainda de acordo com Cotô, uma das desvantagens de se utilizar o virtual soundcheck é o vazamento de som do palco, pois dependendo do local do show, as cenas gravadas podem não suprir a necessidade do lugar. “Em qualquer trabalho, você tem a reprodução do que foi executado na mão do músico. Se você está numa feira e não consegue ouvir o som do palco ‘cru’, o ideal é equili-


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brar os timbres com a referência do PA, somando os sons das cenas, para reforçar o volume da pegada e dar pressão sonora. Certamente, numa casa de shows menor, deverá ajustar os timbres, pois haverá muita coisa sobrando. Por isso, se não for possível levar um monitor, acho extremamente importante a utilização de um fone de referência”, explica. Técnico de áudio da turnê em comemoração aos 50 anos de Milton Nascimento, Ronaldo Lima afirma utilizar a técnica do virtual soundcheck em todos os shows do cantor. Ele diz que a alternativa economiza cerca de duas horas de seu trabalho. “Tenho usado uma Digidesign com placa HDX da DShow. Dou play pelo Pro Tools e tenho todos os canais saindo, conforme o input list. Claro que o ideal é levar todos os microfones que gravaram as cenas, para se obter o mesmo som e deixar as únicas alterações vigentes por conta da acústica de cada local”, frisa. De acordo com Ronaldo, um dos problemas da passagem de som com os músicos é a mudança de ‘pegada’ para a da hora do show. “Na passagem de som, existem diversos fatores negativos envolvidos, como o cansaço do músico etc. E, é aquilo: ele sempre toca mais suave. Na emoção do show, tudo muda. Por isso, acho fundamental não passar instrumentos individualmente. O show é da banda tocando junto”, opina o técnico que trabalha há 32 anos no ramo. Outro profissional que também utiliza e aprova o virtual soundcheck é o técnico de som freelancer Tiago Borges. Ele expõe que tem atendido diversas bandas cujo cantor não passa o som – fator que lhe possibilita dar maior atenção aos músicos. “No PA tenho condições de fazer testes que seriam desgastantes para os músicos ficarem repetindo até o ajuste final. Muitas vezes duplico a cena, faço a monitoração

Kalunga grava os tracks de Ivete Sangalo para tocar no PA

por fone e corto o áudio que vai para o processador”, comenta. Tiago trabalha com uma M-Audio Lightbridge e duas My16-AT para usar junto aos consoles Yamaha que fazem o soundcheck virtual. “Defino os canais que quero gravar (sempre em PRE e por DirectOut). Se ultrapassar 32 canais de input list, verifico se será necessário a gravação de um segundo projeto para os demais canais. Por fim, confiro as vias e todas as entradas”, analisa. “No PA, fico livre para fazer a meu modo. No monitor, sempre que dá, monto uma lista do que o músico gosta em sua via e me adianto com o editor offline da console em uma pré-mixagem de endereçamento. Vários profissionais que conheço e que fazem uso do mesmo processo, aprovam a utilização”, assegura. Para Kalunga, técnico de PA de Ivete Sangalo, o virtual soundcheck

possibilita uma gama de possibilidades, dentre elas testar a realidade. “É como se fosse o músico tocando para você pelo tempo que você quiser. Você pode fazer uns ajustes finos que não poderia fazer porque o músico chega tarde ou porque tem que abrir os portões do lugar. As possibilidades que o virtual soundcheck oferece ao técnico de som são infinitas”, diz. “Eu gravo o track da Ivete para tocar no PA, daí eu timbro o PA, e timbro a voz dela na hora em que ela estiver cantando, porque o virtual simula uma situação real. Eu tenho os mesmos microfones, a mesma cantora, uso os mesmos plug-ins, a mesma mesa, então eu posso utilizar isso para tirar o maior proveito, fazendo um som melhor. É como se você estivesse em um estúdio e o músico estivesse o tempo todo tocando para você, daí você pode fazer ajustes de delay, de reverb, ajuste de microfone”, explica.

Outras opções O técnico de som hoje em dia possui uma gama de opções tanto de marca quanto de preço na hora de escolher o virtual soundcheck. Para Reprodução de Playback / Passagem de Som, por exemplo, o R1000, da Roland, pode ser utilizado como sistema de playback multicanal com 48 canais, para apresentações e produções ao vivo. Utilizando o benefício do áudio bidirecional via REAC, o R1000 pode ser conectado entre o VMixer e o Digital Snake para efetuar passagem de som “virtual”. O R-1000 pode facilmente voltar todos os 48 canais abertos para os 48 canais da console digital M-480, inclusive simulando e

compensando o pré-amplificador da console dando ainda mais precisão na transição da passagem de som virtual para a banda real. Já para um sistema de Gravação e Reprodução ao Vivo (MADI), utilizando o R-1000 com S-MADI Bridge você pode ter um sistema de gravação/reprodução em 40 canais com qualquer console digital que possua conexão MADI. Use duas unidades S-MADI para gravar/reproduzir até 48 canais. Isso possibilita a passagem de som virtual em qualquer console que possua opcionais MADI (utilizando 2 S-MADI e 2 R-1000 é possível passagem de som de 64 canais tanto MADI óptico como BNC).


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Volume Lei estabelece padrão para a variação de volume entre comerciais e a programação das emissoras. Miguel Sá redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação Revisão técnica: José Anselmo “Paulista”

do comercial x volume da programação: o controle do Loudness

A

cena é comum: a família está na sala vendo a novela ou o jornal. O programa é cortado para o intervalo comercial. Poucos segundos depois, alguém logo fala: - Abaixa a televisão, por favor? Acabam os comerciais e entra o bloco do programa com o volume baixinho –

pelo menos em relação ao intervalo comercial - e lá vai de novo o telespectador mexer no volume da TV, desta vez para aumentar. A novidade é que, desde o dia 11 de julho de 2012, entrou em vigor uma Portaria (354) que, finalmente, regulamenta a variação de volume dos comerciais


LEI É DE 2001 A lei 10.222 já estabelecia a fiscalização e punição da chamada “elevação injustificável de volume nos intervalos comerciais”. No entanto, na época em que foi assinada, não existia ainda nada que pudesse servir de base para a aplicação dela. “Não havia critérios técnicos sólidos nem instrumentos de medição adequados para regulamentar essa lei. Essa falta de critérios precisos não foi um problema enfrentado só pelo Brasil, mas um problema mundial. Tanto que, até hoje, somente Estados Unidos e Brasil conseguiram regulamentar a questão”, ressalta o diretor do Departamento de Acompanhamento e Avaliação da Secretaria de Serviços de Comunicação Eletrônica do Ministério das

Luiz Fausto

Comunicações, Octavio Pieranti. Apenas em 2006 foi publicada a primeira recomendação técnica internacional sobre o assunto. A União Internacional de Telecomunicações (International Telecomunication Union - ITU na sigla em inglês), agência da Organização das Nações Unidas (ONU) dedicada às tecnologias da comuni-

fiscalização, deve ser formado um grupo de trabalho técnico no Ministério das Comunicações.

LOUDNESS Entre os profissionais que participaram do grupo de trabalho da SET, estavam o gerente de Engenharia do SBT Alexandre Sano, que também é vice-diretor de tecnologia da

em relação à programação – o chamado Controle de Loudness. De acordo com esta portaria, o limite da variação não poderá passar de 2 dB. A fiscalização será feita por meio de análise de amostras de áudio da programação diária com as transições de um bloco de programa para o intervalo comercial. A punição para a emissora que descumprir a portaria pode chegar até à interrupção temporária do sinal.

Em 2009, o Ministério Público Federal moveu uma ação cobrando da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) a fiscalização das emissoras cação, publicou a ITU-R BS 1770. Foi quando começaram a surgir equipamentos dedicados ao controle de loudness.

GRUPO DE TRABALHO Em 2009, o Ministério Público Federal moveu uma ação cobrando da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) a fiscalização das emissoras a partir da lei 10.222. A pedido da Anatel, formou-se, então, o Grupo de Trabalho de Loudness da Sociedade Brasileira de Engenheiros de TV (SET), com a participação das principais emissoras de televisão (cabeças-de-rede), e do Ministério das Comunicações. O resultado do trabalho foi apresentado em outubro de 2011. Era a proposta de regulamentação da lei 10.222, de 2001, tendo como base a recomendação R-128, da European Broadcast Union (EBU). A recomendação foi usada na Portaria 354, que regulamenta a lei de 2001. A fiscalização efetiva tem um prazo até julho de 2013 para acontecer. Para propor os mecanismos de

SET e coordenador do grupo de trabalho, e Luiz Fausto, engenheiro de suporte a sistemas de áudio e comunicação da TV Globo e membro do comitê de Diretoria Regional Sudeste da SET, que também participou do grupo de trabalho. Luiz Fausto explica que “Loudness é a percepção subjetiva de intensidade sonora”. Segundo ele, o conceito não se aplica apenas ao áudio de TV, e sim, “a qualquer avaliação subjetiva de intensidade sonora, independente da mídia utilizada”. A percepção de que o nível dos comerciais é mais alta se deve à forma como se faz o processamento de áudio nos comerciais. “Em geral, utiliza-se, no áudio dos comerciais, muito processamento de dinâmica compressores e limitadores - o que permite que eles possuam nível médio mais alto, com “makeup gain”, para o mesmo nível de pico. Tradicionalmente, em televisão ajustava-se o áudio de programas e comerciais pelo pico, para evitar exceder o nível máximo de modulação da transmissão”, coloca Fausto.

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Alexandre Sano

DIFICULDADES TÉCNICAS

De fato, teremos dificuldades em controlar as variações de 2dB, principalmente em programas ao vivo. Para atender a esta determinação do Governo, poderemos ter uma sensível perda de qualidade no áudio transmitido pelas emissoras (Alexandre Sano)

Para um leigo, pode parecer que basta abaixar um “botão de volume” dos comerciais na emissora para resolver o problema. Mas não é bem assim. “Existe um grande trabalho a ser feito pelas emissoras. Inicialmente devemos prover medidores de loudness por toda cadeia de produção e treinar os profissionais envolvidos no processo. Além disso, devemos ter processadores de loudness capazes de corrigir eventuais desníveis de áudio dentro da programação das emissoras. O trabalho de capacitação se mostra bastante importante para que a qualidade não seja ainda mais prejudicada”, ressalta Alexandre Sano. Alexandre também tem ressalvas ao limite de 2dB imposto pela portaria. “A nossa proposta era permitir a variação de mais ou menos 3dB no valor médio de loudness (-23LUFS), pelo fato desta variação não causar incômodo ao telespectador. De fato, teremos dificuldades em controlar as variações de 2dB, principalmente em programas ao vivo. Para atender a esta determinação do Governo, poderemos ter uma sensível perda de qualidade no áudio transmitido pelas emissoras”, explica.

PRAZO CURTO Para o Ministério das Comunicações, é importante que as emissoras assumam um diálogo com toda a cadeia de produção dos comerciais no que diz respeito ao áudio. “O Ministério das Comunicações entende que há muitos fatores

envolvidos na elevação injustificada do áudio. Muitas vezes isso está ligado a uma impossibilidade de controle por parte das próprias emissoras, principalmente no caso das de pequeno porte. Muitas vezes está ligado à própria fonte do áudio, a uma iniciativa proposital de aumentar o volume na publicidade, para chamar a atenção do telespectador. Isso muitas vezes vem da própria agência de publicidade. A questão envolve toda uma cadeia que o Ministério não regula, mas que certamente vai ser impactada por essa medida. Cabe às emissoras fazerem um diálogo com as agências, porque, afinal, as emissoras são as responsáveis pelo que vai ao ar”, diz Octavio Pieranti.

PEQUENAS Falando em emissoras de pequeno porte, Luiz Fausto ressalta as dificuldades que as emissoras de cidades do interior podem ter. “As afiliadas das redes de televisão situadas em cidades pequenas terão especial dificuldade para adquirir a tecnologia necessária, especialmente no prazo de apenas um ano”, diz o engenheiro, reforçado por Alexandre Sano. “Acho importante destacar que as sanções impostas pela lei são muito severas, fato que põe em risco o negócio das emissoras de televisão. Não existe nada parecido com a suspensão das atividades por 30 dias! O prazo de 12 meses imposto pelo governo se mostra bastante curto, se considerarmos a quantidade de emissoras em todo o território nacional”, pondera o vice-diretor de tecnologia da SET.


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X

KRONOS

DESVENDANDO O “X” DA QUESTÃO

No início de 2011, a Korg lança o Kronos, uma wokstation que logo veio a se consagrar como um dos mais poderosos equipamentos musicais em sua categoria, capaz de exceder as expectativas dos músicos contemporâneos mais exigentes, seja ele utilizado em apresentações ao vivo, em um ambiente de estúdio, ou como ferramenta nas mãos dos sound designers que procuram um sintetizador definitivo. Luciano Freitas é técnico de áudio da Pro Studio americana com formação em ‘full mastering’ e piano erudito

M

antendo o compromisso de distanciar seu público consumidor da obsolescência planejada, a Korg não parou de disponibilizar atualizações

para o sistema operacional e para a biblioteca de timbres do Kronos neste pouco mais de um ano da sua existência, levando o mercado a se questionar se havia algo de novo a ser criado em um equipamento tão completo. Em julho de 2012, a Korg volta a surpreender a todos com o Kronos X, uma versão remodelada desse equipamento que, entre as novidades, passa a oferecer 2GB de memória (PCM – RAM), permitin-


do carregar maior quantidade de timbres de uma única vez em seu sampler, e um rápido Solid State Disk – SSD de 62 GB, oferecendo suporte às mais pesadas bibliotecas de timbres do mercado. Apropriadamente, a nomenclatura “X” indica esse potencial de expansão, um mundo praticamente ilimitado, fonte inesgotável de possibilidades sonoras. O Kronos X é um marco na evolução dos sintetizadores e workstations da Korg. Com nove diferentes motores sonoros trabalhando em perfeita harmonia, cada qual proporcionando as melhores técnicas de criação de sons em sua categoria, este instrumento permite aos músicos resgatar os timbres clássicos que consagraram o legado da Korg, além de desfrutar de novíssimos timbres, muitos deles, até então, impossíveis de serem produzidos em um único equipamento. Com sua tecnologia de alocação dinâmica de vozes que permite a otimização da polifonia, somada ao recurso Smooth Sound Transition (elimina os cortes e alterações sonoras indesejáveis na mudança dos timbres ou na mudança do modo de operação, de monotimbral para multitimbral e vice-versa), o usuário pode desfrutar das melhores características de cada um dos seus nove distintos geradores sonoros (sintetizadores): SGX1 – Premium Piano: gerador sonoro responsável pelos timbres de piano acústico. Graças à tecnologia Virtual Memory Technology – VMT, a qual permite reproduzir amostras de áudio (samplers) diretamente do seu Solid State Disk – SSD, os engenheiros da Korg puderam capturar amostras de áudio com o decaimento natural (sem loops), com oito diferentes níveis de intensidade (layers) para cada tecla, de dois entre os mais exóticos

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O AL1 utiliza a mesma modelagem física empregada na workstation Oasys (Open Architecture Synthesis), capaz de recriar todo o poder sonoro dos principais sintetizadores analógicos que marcaram época

pianos existentes atualmente: um Steinway & Sons modelo D e um Yamaha modelo C5. Toda a atenção na reprodução de detalhes como a ressonância do corpo do piano, ruídos mecânicos próprios de quando as teclas e pedais são pressionados e soltos, preservaram o alto nível de realismo nestes timbres. EP1 – MDS Electric Piano: gerador sonoro que reproduz a sonoridade de seis consagrados pianos elétricos (entre eles Rhodes Mark I, II, V). Com a nova tecnologia proprietária Multi Dimensional Synthesis – MDS, a Korg eliminou a falta de naturalidade existente na transição entre as camadas (layers) das amostras de áudio (samplers) que compõem cada timbre. Esta tecnologia permite ainda ao usuário, total controle sobre os elementos essenciais desses instrumentos eletromecânicos, além de proporcionar realísticas simulações de amplificadores, caixas acústicas, alto-falantes e diversos efeitos vintages que dão a esses instrumentos tão distinta sonoridade. CX3 – Tonewheel Organ: gerador que utiliza a tecnologia do equipamento que lhe empresta o nome (lançado originalmente em 1980 e reeditado em 2000) para a precisa reprodução da sonoridade

dos lendários órgãos de drawbars. Com a atenção a detalhes que lhe permitem simular o “calor” das válvulas dos amplificadores e efeitos como chorus, vibrato e caixas acústicas com altofalantes rotativos, entre outros, a Korg ainda disponibiliza ao usuário o exclusivo modo de operação EX (expandable), o qual dobra para 18 o número de drawbars, possibilitando experiência inédita na criação de novos sons. MOD7 – Waveshaping VPM Synthesizer: gerador que combina a síntese Variable Phase Modulation – VPM, waveshaping, ring modulation, samplers e síntese subtrativa para recriar a sonoridade que consagrou a linha de teclados DX da Yamaha (síntese FM). AL1, MS-20EX & PolysixEX Analog Synthesizers – são os três geradores sonoros responsáveis pela recriação dos sons de sintetizadores analógicos. O AL1 utiliza a mesma modelagem física empregada na workstation Oasys (Open Architecture Synthesis), capaz de recriar todo o poder sonoro dos principais sintetizadores analógicos que marcaram época. Por meio da síntese Component Modeling Technology – CMT, o gerador sonoro MS-20EX reproduz polifonicamente toda a magia do MS20, famoso sintetizador monofônico semi-modular lançado no final da década de 1970, o qual possui sonoridade marcante graças à agressividade dos seus filtros. Já o gerador PolysixEX permite ao músico resgatar toda a sonoridade do Polysix, instrumento que pos-


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STR1 – Plucked String Synthesizer: gerador sonoro que utiliza modelagem física para recriar timbres de guitarras elétricas e acústicas, violões, cravos, clavinetes, harpas e instrumentos étnicos com nível de expressividade dificilmente encontrado em geradores baseados em síntese PCM. HD1 – High Definition Synthesizer: gerador sonoro responsável pela biblioteca de timbres que utilizam amostras de áudio (samplers). Ao invés de utilizar a memória interna do instrumento, a Korg preferiu armazenar essas amostras de áudio

com três diferentes posicionamentos de microfones, proporcionando a criação de partes rítmicas com incrível nível de detalhamento). Vale ressaltar que no processo de produção dos timbres do Kronos X, a Korg contou com a contribuição de um exigente time de sound designers e músicos, entre eles: Jordan Rudess, Herbie Hancock e George Duke, os quais empregaram seu tempo, energia e audição crítica para tirar a melhor sonoridade possível deste instrumento. O usuário também pode facilmente criar novos timbres em um computador com o auxílio do Kronos Editor, disponível em modo autônomo e em formato de plug-in (permite carregá-lo em uma DAW). Aos que desejam trabalhar com produção musical, o Kronos X vem equipado com um sequenciador de 16 pis-

sui timbres (principalmente strings e pads) presentes na grande maioria das obras discográficas lançadas na década de 1980.

O usuário também pode facilmente criar novos timbres em um computador com o auxílio do Kronos Editor

em um Solid State Disk – SSD de alta velocidade, permitindo acessar timbres que possuem mais de 1 GB de informações. Dos timbres orquestrais aos presentes na música eletrônica, esse gerador abrange praticamente todos os sons essenciais das mais diferentes culturas musicais espalhadas pelo planeta. Além da síntese Virtual Memory Technology – VMT, esse gerador ainda conta com as tecnologias Wave Sequencing (a qual dispara uma série de diferentes amostras sonoras aleatoriamente, criando timbres rítmicos complexos) e Ambient Drums (dois kits de bateria acústica amostrados

tas para informações midi e 16 pistas para gravação de áudio (amostragem em até 48kHz/24Bits – gravação de até 4 pistas simultâneas). Sua seção de processamento de sinal digital (DSP) possibilita o uso simultâneo de 16 efeitos estéreos (185 tipos de efeitos com 783 presets), sendo: 12 inseridos em um único ou em vários timbres nos modos Program e Combination ou em uma única ou em várias pistas no modo sequenciador; 2 endereçados aos sends 1 e 2 (master effects) e 2 aplicados em todas as pistas no estágio final de produção (total effects). O usuário ainda conta com um equalizador de 3 bandas para cada timbre e para cada


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Nas apresentações ao vivo, a comunicação entre o usuário e o equipamento torna-se facilitada graças ao seu visor colorido Touch View de 8” (800 x 600 pixels) e ao seu software

pista de áudio. Caso seja necessário carregar alguma biblioteca de timbres, seu sampler (Open Sample Sys-

encontrará suporte direto para tocar acordes, linhas rítmicas e melódicas nos controladores com conexão USB

tem), que fica acessível em todos os modos de operação, é compatível com arquivos nos formatos proprietário (EXs Expansion Sample Series e KRS Professional Sample Series), KARO Sound Library, Sound Font 2.0, AKAI S1000/S3000, além de importar e exportar Wav e Aiff. Outras funções que merecem destaque são a Drum Track (gerador de padrões rítmicos, com 697 padrões programados pelo baterista Ricky Lawson) e a famosa Karma (algoritmo que produz instantaneamente frases musicais e grooves rítmicos sofisticados com base nas notas e acordes executados). Nas apresentações ao vivo, a comunicação entre o usuário e o equipamento torna-se facilitada graças ao seu visor colorido Touch View ® de 8” (800 x 600 pixels) e ao seu software (sistema operacional), responsável por distribuir as informações de maneira intuitiva no visor (grande parte das informações é acessada com um único toque). Na seção de controladores o usuário conta com 2 joysticks, um controlador de fita, dois botões de função assimilável e com um grupo de 8 controles deslizantes e 8 controles giratórios que realizam principalmente as funções de mixer, filtros e drawbars (esta quando usado o gerador sonoro CX3). O usuário ainda

da Korg (nanoPAD, nano PAD2, padKontrol, linha microKEY etc) e de outros fabricantes. A função Set List permite ao usuário armazenar e chamar instantaneamente toda a configuração do equipamento (Program, Combination, inclusive a música que deve ser carregada no sequenciador). São 128 memórias Set List que ficam dispostas em grupos de 16 no visor (uma codificação de cores é utilizada para facilitar a visibilidade em locais com baixa iluminação). Disponível em versões com 61, 73 e 88 teclas (com o mecanismo RH3 Real Weighted Hammer Action nas versões de 73 e 88 teclas, reproduzindo mais resistência nas notas graves do que nas agudas), o equipamento ainda oferece conexões (entradas e saídas) de áudio balanceadas analógicas, digital SP/Dif e USB (áudio e midi), além de possuir outros dois slots de conexão USB que permitem a comunicação com dispositivos de armazenamento de dados (pen drives, gravadores de CDs ou DVDs e HDs externos) e com adaptadores Ethernet (possibilita a comunicação entre o equipamento e um computador em alta velocidade).

Para saber mais luciuspro@ig.com.br


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Olá amigos, Atendendo a muitos pedidos, vamos fazer o tutorial do VariAudio, que é uma ótima ferramenta implementada desde o Cubase 5 e que veio atender a várias necessidades de produção dentro da plataforma, que são: afinação de voz e de instrumentos monofônicos (sax, flauta, trumpete, cello etc), correção de tempo de sílabas e frases no tempo da música, edição de modulações (vibratos) e de microtons na voz e conversão de linhas monofônicas em trilhas MIDI.

VARIAUDIO O PRECISO AFINADOR do Cubase 5, Cubase 6 e 6.5 Marcello Dalla é engenheiro, produtor musical e instrutor

N

o Cubase 6 e em especial no 6.5, o VariAudio ganhou upgrades no algoritmo e como consequência uma sonoridade ainda mais precisa. As funções e comandos são os mesmos, por isso usaremos as figuras geradas no Cubase 5, mas tudo vale para o 6 e 6.5.

Figura 1 - Sessão

Vamos ao passo a passo detalhado para que não tenham mais dúvidas. Temos na figura 1 uma sessão exemplo com um canal de voz. Ao clicar duas vezes no clip abrimos o Sample Editor da voz onde vamos abrir a função VariAudio à esquerda da janela. (Figura 2).


Figura 2 - Sample Editor VariAudio

O VariAudio funciona fazendo uma análise detalhada do arquivo, determinando seu conteúdo tonal (notas afinadas) e não tonal (consoantes, respirações) e representando graficamente estas informações. Para processar esta análise basta clicar no ícone de waveform na linha Pitch & Warp e observar o processamento que pode variar dependendo do tamanho do arquivo analisado (Figura 3). Após a análise, o programa passa a mostrar o Sample Editor do nosso arquivo de voz com os segmentos de notas e suas alturas relativas a uma linha de piano vertical situada à esquerda da janela (Figura 4).

Figura 4 - Segmentos da linha de voz

O VariAudio pode ter suas funções utilizadas em dois modos: Pitch & Warp e Segments. Primeiramente, vamos ao modo Pitch & Warp explorar as possibilidades. A figura 5 mostra o que acontece quando passamos o mouse sobre uma sílaba da nossa linha de voz: A afinação relativa da nota em relação ao G3 absoluto é notada com uma variação de +5%. O mouse ganha o ícone de “mão” e podemos mudar a nota da maneira que quisermos clicando e levando-a para G#3 ou para F#3, por exemplo. Pode-se também refinar a afinação da nota em termos percentuais e corrigir com mais precisão caso seu cantor tenha escorregado na afinação ao longo de uma sílaba: desloque o cursor do mouse até os cantos superiores do segmento e verifique que ele se torna uma seta bidirecional que permite que você modifique percentualmente a afinação dentro da nota G3. Se você deseja mudar o ponto e fazer com que a correção do pitch atue somente numa região, desloque o cursor na barra superior do segmento e veja que ele se torna uma pequena barra vertical. Ao clicar, um novo ponto de ancoragem é definido e a edição de microafinação atuará somente nessa região. Ainda dentro do modo Pitch & Warp temos recursos valiosos para edição. Podemos mudar a duração da nota ou sílaba processando cada segmento, basta posicionar

Figura 5 - Pitch & Warp Mode

Figura 6 - MIDI input e Virtual Keyboard

Figura 3 - Analise do arquivo

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o cursor nas extremidades inferiores e ele se torna uma seta bidirecional horizontal, clique e arraste para que seja aplicado um time stretch a cada segmento. Por exemplo, se seu cantor se empolgou e passou da medida numa sílaba vazando a divisão de compasso, você bota o cara na linha facilmente. Da mesma forma, se ele antecipou muito o tempo e errou no swing da nota, você “estica” o cara (Figura 7). Seja para corrigir o tempo ou para dar um “tapinha” no swing da voz, essa ferramenta tem uma ótima resolução e uma vasta aplicação. O botão MIDI input é aparente no modo Pitch & Warp. Ao ativá-lo, é possível entrar com a nota desejada para o(s) segmento(s) selecionado(s) por um teclado MIDI conectado ao Cubase 5 ou através do teclado virtual residente no programa. Para visualizá-lo clique ALT K e ele aparecerá na barra de transporte (Figura 6). Ao tocar uma nota o segmento automaticamente afina nela. No modo Segments, outras ferramentas de edição se tornam disponíveis. Clique no ícone correspondente ao modo à esquerda da janela. Verifique que para sinalizar este modo os segmentos se apresentam “hachurados” (traços finos na diagonal) (Figura 8). No modo Segments você pode cortar um segmento. Passe o mouse na barra inferior do segmento e verifique que aparece o ícone de tesoura, clique para cortar no ponto desejado. Essa ferramenta é muito útil, pois muitas vezes um segmento pode precisar de tratamentos diferenciados de afinação e duração dependendo da região. Da mesma forma, é possível colar segmentos pressionando a tecla ALT (PC) ou Option (MAC) e surge o ícone de “cola”. Tenha cuidado, pois se edições anteriores de afinação e duração que forem feitas antes da colagem serão revertidas aos valores originais após a colagem.

Figura 8 - Segments Mode

Figura 9 - Curva de modulação do segmento

Funções adicionais no Segments Mode: - Mudar a duração do segmento (pontos de início e final): posicione o mouse nas bordas do segmento, veja

Figura 10 - Straighten Pitch atuando

Figura 7 - Ajuste de duração

Figura 11 - Functions, EXTRACT MIDI


Figura 12 - Extract Midi da voz e o score

a seta bidirecional, clique e desloque. - Mover o segmento: posicione o mouse na borda superior do segmento para que ele se torne uma seta bidirecional. Clique e arraste. Reparem que abaixo dos ícones de mudança de modo temos os sliders Pitch Quantize e Straighten Pitch. Vamos a eles: Pitch Quantize – Quantiza a afinação do(s) segmento(s) selecionado(s) em relação à posição de semitom mais próxima (para cima ou para baixo). Quanto mais se desloca o slider, mais próximo do semitom absoluto o áudio é quantizado, reduzindo seu desvio em microtons. Straighten Pitch – Reduz a modulação na afinação do segmento e torna o áudio mais linear. Exemplo prático: vamos dizer que seu cantor se empolgou na interpretação e fez um vibrato exagerado fugindo demais da afinação, ou modulou demais a voz. Abrindo o slide do Straighten Pitch você pode reduzir essas modulações e aproximá-lo de uma afinação mais linear. Veja nas figuras 9 e 10 a representação gráfica disto. Reparem que, ao abrir o slide, a curva de modulação do segmento selecionado se torna mais linear. Uma das funções interessantes do VariAudio é o Extract MIDI. Exatamente isso que você está pensando: transforma uma linha de voz ou instrumento monofônico numa trilha

MIDI com as notas, durações, intensidades e modulações transcritas. A partir dela você pode levar ao Score Editor e editar e imprimir a linha da melodia com as cifras ou usar para fazer um arranjo vocal ou de metais na partitura; ou ainda endereçar a trilha MIDI a um instrumento virtual e dobrar a melodia da voz ou do instrumento acústico captado. Enfim, as possibilidades são ilimitadas! Na figura 11, está o botão Functions/Extract MIDI para processar e, na figura 12, temos a nossa sessão com o canal de voz, a trilha Extract MIDI resultante e o score da linha de voz. É isso aí, amigos. Espero ter atendido e que usem bastante o VariAudio e todas as suas possibilidades funcionais e criativas. Abraços a todos.

Para saber online

dalla@ateliedosom.com.br www.ateliedosom.com.br Facebook: ateliedosom Twitter:@ateliedosom

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ES 2

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FLEXÍVEL E COMPLETO Vera Medina é produtora, cantora, compositora e professora de canto e produção de áudio

D Vamos descobrir o potencial do ES2, um sintetizador virtual flexível e completo.

e todos os sintetizadores virtuais que analisamos até agora do pacote Logic Pro, o ES2 é o mais complexo deles. Ele é o equivalente virtual aos antigos sintetizadores polifônicos baseados em síntese subtrativa, tais como Prophet 5, Oberheim, Roland Jupiter 8, entre outros. Ainda empresta dos clássicos sintetizadores digitais alguns diferenciais, tais como síntese vetorial e a síntese wavetable, que podem ser encontradas em alguns modelos como Korg Wavestation e Waldorf MicroWave. Muitos produtores de música eletrônica que uti-

lizam o Logic como sua principal ferramenta de produção concentram a criação de sons no ES2, devido à sua versatilidade, praticidade e excelente qualidade dos sons criados. Digamos que é um grande upgrade sobre o ES1. Primeiramente, vamos relembrar um pouco sobre o fluxo da síntese subtrativa e dar uma visão geral sobre o ES2: o oscilador gera a forma de onda, o filtro faz uma triagem para criar um determinado timbre e o estágio dinâmico define o volume da oscilação permanente, a forma de onda filtrada. Num sintetizador aná-


Figura 1 - ES2

1) 2) 3) 4)

Osciladores Filtros Saídas e efeitos Modulação

1) OSCILADORES Na parte esquerda da janela, você encontra os 3 osciladores e seus controles, assim como o triângulo na área vazia à direita, o qual funciona como

a seção de filtros. O ES2 possui dois filtros totalmente independentes, o que possibilita variações possíveis em sintetizadores modulares. O papel dos filtros é subtrair harmônicos dos formatos originais de onda.

3) SAÍDAS E EFEITOS Nesta seção à direita, temos os controles de volume de saída e ain-

logo, estes três componentes são chamados VCO (Voltage Controlled Oscillator), VCF (Voltage Control Filter) e VCA (Voltage Control Amplifier). Estes parâmetros são controlados por voltagens: altura pelo oscilador, timbre pelo filtro e volume pelo amplificador. O ES2 possui 3 osciladores os quais podem ser sincronizados e sobre estes aplicado ring modulation, sendo também possível aplicar pulse-width modulation. O Oscilador 1 pode ser modulado em sua frequência pelo Oscilador 2 e é capaz de oferecer sons no estilo da síntese FM (Frequency Modulation). Além das formas de onda análogas, os osciladores também podem fornecer 100 formas de onda de ciclo único, conhecidas com o Digiwaves. Cada uma delas tem sua timbragem específica. Através da matrix modulation podem ser mixadas ou cruzadas, lembrando os sintetizadores wavetable. A matriz de modulação, também conhecida como Router (roteador), pode ser utilizada em conjunto com vários roteamentos de modulação. O Roteador do ES2 determina qual parâmetro é controlado por cada fonte de modulação. O conceito de combinar qualquer fonte de modulação com uma meta de modulação é bastante antigo. O mais importante deste conceito é a quantidade de metas e fontes de modulação inseridas nos canais de modulação. O ES2 oferece 10 canais de roteamento. Dois filtros dinâmicos multi-mode podem ser utilizados em paralelo ou em série e são capazes de dar o peso característico dos sons gerados em sintetizadores análogos. O modo Unison do ES2 pode ser utilizado tanto monofonica quanto polifonicamente. Agora que temos uma ideia inicial do ES2, vamos dividir sua janela em 4 seções principais e conhecer um pouco cada uma delas, conforme a Figura 1 – ES2 :

O mais importante deste conceito é a quantidade de metas e fontes de modulação inseridas nos canais de modulação. O ES2 oferece 10 canais de roteamento um mixer para os 3 osciladores. O ES2 inclui os principais formatos de onda e também uma wavetable.

da alguns efeitos, como distorção, chorus, flanger e phaser.

4) MODULAÇÃO 2) FILTROS No centro da janela, encontramos

Nesta seção temos a matriz de modulação para possibilitar adicionar

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dinâmica aos sons produzidos, pois de outra forma se comportariam linearmente. Temos 3 geradores de envelopes e 2 LFOs, por exemplo, na parte inferior da tela, cada um com um desenho ligeiramente diferente e para funções específicas.

CRIANDO SONS COM O ES2

O Oscilador 3 possui os seguintes diferenciais em relação ao Oscilador 1: Noise, Sync e Pulse Width. Comparando os Osciladores 2 e 3 entre si, verificamos que possuem quase tudo em comum

Vamos começar falando sobre os 3 osciladores. Para que você possa analisar um de cada vez, é possível ligar e desligar os osciladores, clicando sobre os números 1, 2 e 3 próximos a cada um deles. Os botões que ficam à esquerda de cada um deles controlam o tom. Possuem ajustes para +/ - 3 oitavas (+/- 36 semitons). O número da esquerda corresponde ao semitom e o da direita a 1/100 de semitom. Cada oscilador possui um botão para selecionar a forma de onda que vai criar a sonoridade desejada. Eles possuem algumas características em comum e algumas outras específicas, como veremos a seguir. 1) Oscilador 1 possui as seguintes formas de onda: Triangle, Sawtooth, Square, Pulse e FM (Figura 2 – Oscilador 1).

Figura 2 - Oscilador

A forma de onda que está como configuração padrão Sine, na verdade esconde a Wavetable (Figura 3 – Oscilador 1 – Wavetable) disponibilizando 99 formas de onda diferentes, as Digiwaves. A síntese FM (Frequency Modulation) também está disponível neste oscilador, mas entraremos em maiores detalhes em outro momento. Ela é a síntese encontrada em um dos sintetizadores mais famosos de todos os tempos, o Yamaha DX7. 1) Osciladores 2 e 3 (Figura 4 – Oscilador 2 e figura 5 – Oscilador 3). O Oscilador 2 possui os seguintes diferenciais em relação ao Oscilador 1: Ring, Sync e Pulse Width.

Figura 3 - Wavetable Oscilador 1

O Oscilador 3 possui os seguintes diferenciais em relação ao Oscilador 1: Noise, Sync e Pulse Width. Comparando os Osciladores 2 e 3 entre si, verificamos que possuem quase tudo em comum, além das formas de onda comuns, e formas de onda retangulares com controle variável de PWM (Pulse Width Modulation) e Sync -, tendo como diferenciais o Ring e o Noise. Desta forma, os Osciladores 2 e 3 podem ser sincronizados com o Oscilador 1.

Figura 4 - Oscilador 2

Figura 5 - Oscilador 3


Para deixarmos um pouco de lado os conceitos, desligue todos os controles da janela do ES2, inclusive Filter e quaisquer outros parâmetros

Para deixarmos um pouco de lado os conceitos, desligue todos os controles da janela do ES2, inclusive Filter e quaisquer outros parâmetros. Ligue o Oscilador 1 e vá experimentando todas as possibilidades, sem alterar muito outros parâmetros. Faça o mesmo com os Osciladores 2 e 3, conheça um de cada vez, logicamente sem necessi-

dade de repetir os parâmetros em comum entre eles. Tente rever os principais conceitos que falamos nesta matéria, tais como formas de onda e melhor aplicabilidade para gerar um determinado som e, mais do que nunca, pratique ouvindo as diferentes opções dos osciladores. Vamos abordar aos poucos

os demais conceitos e começar a testar com criação de sons específicos. Lembre-se que este é o sintetizador virtual preferido de muitos produtores. De repente, você tem uma grande ferramenta sem ter que despender mais gastos com outros sintetizadores virtuais. Abraços e até a próxima edição.

Para saber online

vera.medina@uol.com.br www.veramedina.com.br

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SIBELIUS| www.backstage.com.br 94

Mudanças NA AVID Em que isso afeta usuários de Sibelius?

Cristiano Moura é produtor, engenheiro de som e ministra cursos de Sibelius na ProClass-RJ

No mês de julho, a Avid, fabricante do Sibelius, agitou o mercado anunciando a venda de parte da empresa e junto com ela, seus funcionários e produtos. Os setores vendidos: M-Audio e Pinnacle, divisões responsáveis pela produção de equipamentos e softwares voltados ao mercado semiprofissional, ou como costumam chamar no exterior, “consumer products”.

P

RESS RELEASE OFICIAL

Em carta aberta, Gary Greenfield, CEO da Avid, disse que era uma ação estratégica para que a empresa pudesse se concentrar mais no desenvolvimento de produtos profissionais. Na

mesma carta, é reafirmado o comprometimento com seus produtos de destaque: são eles o Pro Tools, padrão na indústria de áudio e o Media Composer, também padrão no mercado de edição de vídeo.


Sobre a notícia da sede principal da Sibelius ter sido fechada, a carta diz que isso apenas faz parte de uma estratégia de reorganização Para ler a carta na íntegra, acesse: http://www.avid.com/US/press-room/ Avid-Divests-Consumer-Businessesand-Streamlines-Operations Curiosamente, a carta não menciona o Sibelius, e assim, toda a comunidade de usuários de Sibelius entrou em desespero, imaginando que além de não ter sido vendido, também não será mais desenvolvido. Ou seja, o pior dos cenários.

FIM DA SEDE EM LONDRES Poucos dias depois, foi noticiado que a sede-matriz da Sibelius, localizada em Londres foi fechada com direito a uma demissão em massa de funcionários. Tudo então deu a entender que o Sibelius seria descontinuado de uma maneira fria e amarga.

MOVIMENTO DOS USUÁRIOS Este foi o início de uma grande saga para a comunidade de usuários do Sibelius, que é muito grande e ativa. Rapidamente, uma página no Facebook foi criada com o nome de “Save Sibelius” (www.facebook.com/SaveSibelius), e além de demonstrarem indignação, usuários também começaram a debater ideias para pres-

http://www.sibelius.com/cgi-bin/helpcenter/chat/ chat.pl?com=thread&start=602525&groupid =3&guest=1#602525

sionar a Avid como, por exemplo, escrever para os membros controladores através deste link http:// ir.avid.com/contactBoard.cfm e colocar disponível ao público e-mails diretos de funcionários da Avid como o presidente, diretores e gerentes. A lista completa está disponível neste link: https://www.facebook.com/SaveSibelius/info

CARTA DOS FUNDADORES DO SIBELIUS Os irmãos Ben & Jonathan Finn, fundadores, também se manifestaram publicamente pelo fórum oficial do Sibelius com duas informações importantes: 1- Eles acompanham os resultados de vendas e podem garantir que o Sibelius continua sendo sucesso e indo muito bem e que, o fato da sede em Londres estar fechando deve ter a ver com outros problemas financeiros da Avid, que não estão relacionados ao Sibelius. 2- Ainda informam que já fizeram tudo o que puderam para evitar o fim do software, inclusive fazendo propostas de recompra da Sibelius pelo dobro do preço pago pela Avid. Todas as ofertas foram recusadas pela Avid, e apesar de não indicarem nenhuma razão, eles assumem que os lucros ainda são substanciais. Para ler a carta dos irmãos Finn na íntegra, acesse o link (ao lado):

ÚLTIMO CONTATO LUZ NO FIM DO TÚNEL? Por último, a Avid se manifestou mais uma vez de forma escrita, desta vez destinada à comunidade de usuários do Sibelius e para falar exclusivamente da situação deste software. Na carta, Martin Kloiber, relações públicas da Avid, diz que na primeira carta, quando eles disseram que iriam se concentrar em produtos de sua linha profissional, isto engloba o Sibelius, que é um software de notação musical voltado ao público profissional e faz parte das áreas de concentração da empresa. Sobre a notícia da sede principal da Sibelius ter sido fechada (e a maioria dos funcionários demitidos), a carta diz que isso apenas faz parte de uma estratégia de reorganização e, apesar de trazer algum impacto aos membros da equipe desenvolvedora do Sibelius, isso não significa que eles pretendam diminuir o seu comprometimento com produto Sibelius. Para ler a carta na íntegra, acesse: http://community.avid.com/blogs/ avid/archive/2012/07/07/sibeliuscommunity.aspx Até a próxima!

Para saber online

cmoura@proclass.com.br http://cristianomoura.com

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Fotos: Internet / Divulgação

HOME STUDIO| www.backstage.com.br 96 O editor de áudio Melodyne permite editar e exibir diferentes tipos de material de áudio, tais como vocais, guitarras e pianos, ou mesmo loops de bateria e percussão, de uma forma altamente musical.

OUSE NA EDIÇÃO DO ÁUDIO COM O

MELODYNE Sergio Izecksohn, músico, é diretor e coordenador pedagógico da escola de produção musical Home Studio. www.homestudio.com.br

O

Melodyne reconhece os tons musicais nos dados de áudio e os apresenta na tela em uma grade de alturas e tempos, como uma tela piano-roll de um sequenciador MIDI. Isto é muito mais informativo do que o tipo de exibição das variações de amplitude ao longo

de um eixo de tempo, como é oferecido pelos editores e sequenciadores típicos de áudio. Você não apenas vê quais partes de uma gravação são fortes e fracas, mas também onde os tons começam e terminam, assim como a afinação de cada um. Se uma


nota está semitonada, por exemplo, você pode arrastá-la para a afinação correta e, se ela é muito curta, você pode torná-la mais longa; se está muito fraca, você pode aumentar sua intensidade e muito mais. Além de ser uma ferramenta altamente sensível para corrigir e otimizar suas gravações, ele também permite alterar profundamente o material de áudio, reestruturá-lo e criar algo novo a partir dele. O Melodyne desfruta há anos de uma excelente reputação pela sua edição de vocais, já que pode ser feita de uma maneira musical e intuitiva, e é praticamente impossível detectar as correções de ouvido. E o que funciona para voz, a mais crítica das áreas, faz maravilhas com outros instrumentos. Uma vez que você tenha trabalhado por um tempo com o Melodyne, vai perceber que, além da correção de erros, há uma riqueza de outras aplicações valiosas para descobrir. Como exemplos, temos a criação de segundas vozes ou conjuntos inteiros simplesmente copiando a pista original, a introdução de variações melódicas ou harmônicas quando frases são repetidas, corrigir e conciliar o tempo de bateria e baixo, arrumar ritmos ou usar técnicas de quantização para alterá-los, criar quebras e variações em loops de bateria, manipular as características tonais de material de todos os tipos de timbre e também os procedimentos-padrão, como alteração de afinação e alongamento de tempo. Com o Melodyne você pode editar o material de áudio monofônico (vocais, solos de sax, flauta), polifônicos (piano, guitarra, marimba) rítmico / tom indeterminado (como loops de bateria, percussão, sons do ambiente e ruído). Direct Note Access. Com sua tecnologia DNA, ou acesso direto à nota, o Melodyne oferece a possibilidade de intervirmos nas harmonias do material de áudio polifônico, para, por exem-

Percussivo

Polifônico

Melódico

plo, transformar um acorde maior em menor. Isto é algo sem precedentes na história do processamento de áudio e traz nova liberdade criativa. Essas possibilidades de edição destinam-se a gravações de instrumentos individuais, como uma pista de piano ou guitarra. Elas são de utilidade limitada para pistas mistas de áudio ou mixagens inteiras, uma vez que o material não é dividido de acordo com o instrumento, mas de acordo com o tom das notas tocadas: se dois ou mais instrumentos tocam a mesma nota ao mesmo tempo, o Melodyne oferece uma nota, que representa o som combinado de todos esses instrumentos. Stand-alone (avulso) ou plug-in. Você pode usar o Melodyne como um aplicativo avulso ou como um plug-in em qualquer hospedeiro compatível, como o SONAR ou o

Cubase. Após a instalação, você vai encontrar o plug-in Melodyne entre os plug-ins de efeitos de áudio de sua estação de trabalho. Transferência. Enquanto na versão avulsa o arquivo de áudio é carregado para ser editado, no plug-in cada passagem é tocada no hospedeiro (a estação de trabalho) e gravada simultaneamente pelo Melodyne. Só então, depois de uma breve pausa, durante a qual o material é analisado, ele está pronto para edição. O plug-in não funciona em nenhum sentido convencional, como inserir um efeito em tempo real. DICA: Ative o botão [Transfer] no Melodyne, toque o trecho desejado da pista no hospedeiro e, quando terminar, pare a reprodução. Você pode transferir vários trechos de diferentes partes da pista original.

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Durante a reprodução, após uma ou várias transferências, essas passagens transferidas para o Melodyne serão tocadas por ele próprio. Todas as outras partes da pista original serão executadas pelo programa anfitrião. Detecção e algoritmos. O material de áudio deve, antes de tudo, ser analisado pelo Melodyne para que as notas possam ser detectadas e depois editadas. Ele pode editar material monofônico (melódico), toques polifônicos ou harmonia e material rítmico de alturas indeterminadas. É o Melodyne que decide, com base em sua própria análise, que tipo de material é. Você pode, no entanto, selecionar manualmente um algoritmo de reprodução diferente para forçar o programa a reanalisar o material. Isto pode ser útil se o material foi interpretado de uma maneira que o torne inadequado para as suas necessidades de edição. Escolha um algoritmo diferente a partir do menu Algorithms para forçar uma reinterpretação do material. Edição da detecção. Dependendo do material, pode ser necessário editar a detecção manualmente e reajustar as notas detectadas. Isso se aplica em particular ao material polifônico, em que harmônicos às vezes são interpretados como sons independentes e nem todas as notas realmente tocadas são invariavelmente exibidas. Com material melódico, um tom pode, ocasionalmente, ser confundido com a mesma nota uma oitava acima ou abaixo. Antes de editar esse material, você precisa ajustar estas notas corretamente, caso contrário artefatos tonais podem ser produzidos quando o material vier a ser editado. Selecione a ferramenta Note Assignment Tool, que fica ligeiramente à parte das outras, para mudar para o modo de atribuição. Você vai ver que há bolhas sólidas (representando notas ‘ativas’) e ocas (representando notas “potenciais”). Notas potenciais são aquelas que durante a detecção foram classificadas como harmônicos de alguma nota em vez de

Ferramentas de edição

notas em si mesmas. Clicando duas vezes, agora você pode desativar as notas supérfluas e ativar notas potenciais. Com instrumentos, em particular, que geram harmônicos fortes, pode acontecer que, ao longo de uma vasta extensão, as notas sejam detectadas acima ou abaixo da região em que foram tocadas. Nesses casos, as ‘Venetian Blinds’ (persianas) vêm a calhar; se você não pode vê-las na parte superior ou inferior da área de edição, role para cima ou para baixo até conseguir. Se você arrastar a linha grossa horizontal verticalmente, você pode alterar a extensão a que o Melodyne atribui as notas. Todas as notas parcialmente ocultas pelas persianas são automaticamente desativadas, a menos que tenham antes sido ativadas manualmente.

INTERFACE DE USUÁRIO E NAVEGAÇÃO • Use a roda do mouse para rolar para cima e para baixo ou (segurando a tecla [Shift]) à esquerda e à direita. • Pressione [Command] (ou [Ctrl], no PC) + [Alt] e arraste na área de edição para aumentar ou diminuir o zoom da tela horizontalmente ou verticalmente. • Pressione [Command] (ou [Ctrl], no PC) + [Alt] e use a roda do mouse para aproximar ambos os eixos simultaneamente. • Pressione [Command] (ou [Ctrl], no PC) e clique duas vezes para aumentar o zoom em uma bolha ou na seleção atual. • Pressione [Command] (ou [Ctrl], no PC) e dê um duplo clique no fundo de edição para desfazer o zoom. • Arraste as scrollers para mover a tela na horizontal ou vertical. • Arraste as extremidades da barra para aumentar o zoom horizontal ou na vertical. • Dê um duplo clique nos scrollers para ampliar horizontalmente ou verticalmente todas as notas.


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Botão de transferência do áudio

• O controle deslizante no canto inferior direito regula o tamanho das bolhas. Funções de reprodução. No Melodyne stand-alone, os comandos habituais de transporte ficam na parte superior esquerda da janela. Você pode friccionar através do material na Régua e iniciar a reprodução clicando duas vezes no local desejado. O mesmo é possível, desde que o host esteja parado, no editor Melodyne Plug-in. Não é possível controlar as funções do hospedeiro de reprodução a partir do editor Melodyne Plug-in. Seleção de notas. Os blobs na área de edição podem ser selecionados usando-se todas as técnicas padrão: clicar, [Shift]-clique, marquise / laço / borracha, seleção de banda e outras. Além disso, o menu Edit (Edição) oferece um sub-menu com uma variedade de comandos de seleção. Para fazer uma seleção, utilize uma das seguintes técnicas: • Técnicas padrão, como clicar, [Shift]-clique e laçar, para selecionar e desmarcar notas. • [Shift]-clique e arraste o mouse para entrar no modo Snake Selection ou Seleção Serpente. • Selecione notas clicando ou arrastando na régua de Pitch; duplo clique seleciona notas com o mesmo nome em todas as oitavas, ao invés de simplesmente a altura clicada. • No menu Editar, você vai encontrar o usual comando ‘Select All’ ou selecionar tudo, mas também um sub-menu com comandos de seleção especiais.

COPIAR E COLAR O editor Melodyne lhe permite cortar, copiar e colar blobs. Se antes

de colar um blob (o blob ‘fonte’) você selecionar outro (o blob ‘alvo’), quando você colar, o primeiro vai substituir o último. Se nenhum blob for selecionado no momento da colagem, o blob fonte será colado na posição do cursor. Se, no entanto, o blob tiver sido compensado a partir da grade antes da cópia, ele será deslocado do cursor de reprodução após a colagem e pela mesma quantidade; se você quiser que o ponto de inserção e a posição do cursor coincidam exatamente, defina a grade de Tempo ou Time Grid para ‘segundos’ antes de colar. Macros e ferramentas. As macros de correção de afinação e tempo (alcançadas através dos botões no canto superior direito) podem ser aplicadas a uma seleção. Se não houver tons selecionados, a macro em questão opera em todas as notas. A edição manual é feita usando as ferramentas na Toolbox ou caixa de ferramentas. As ferramentas são, em alguns casos, sensíveis ao contexto, oferecendo diferentes funções quando movidas sobre diferentes partes de um blob. Para um ajuste mais fino, segure a tecla [Alt] quando fizer alterações nos parâmetros. Você também pode abrir a caixa de ferramentas com o botão direito do mouse na área de edição. Salvar arquivos. No Melodyne stand-alone, você salva suas edições como um novo arquivo de áudio no mesmo formato que o arquivo original, que é mantido como um backup ou cópia de segurança. No plug-in, não é necessário salvar seu trabalho manualmente, já que isso é feito automaticamente pelo projeto do hospedeiro. Se você quiser consolidar permanentemente o conteúdo do Melodyne Plug-in como um arquivo de áudio, você deve usar a função bounce ou render de seu programa de gravação.

Salvar como um arquivo MIDI. Que tal cantar um solo instrumental em vez de tocá-lo no controlador MIDI? Depois, é só importar em uma pista MIDI do sequenciador e endereçar para um instrumento virtual. O Melodyne permite exportar notas de áudio como notas MIDI. Quando isso é feito, um arquivo no formato MIDI (.mid) é criado e gravado no disco rígido. Este arquivo pode então, por exemplo, ser carregado em sua estação de trabalho para que você possa usá-lo para dobrar a sua voz com um som de um instrumento virtual. As notas MIDI são uma representação exata das notas de áudio do Melodyne. Para cada nota de áudio, uma nota MIDI é criada com a mesma posição no tempo, duração e altura. A intensidade (velocity) de cada nota MIDI é derivada da amplitude da nota de áudio que ela representa. A opção “Save as (Salvar como) MIDI” é alcançada a partir do menu Settings, no caso do plug-in. A geração de notas de MIDI a partir do material de áudio oferece uma riqueza de diferentes possibilidades criativas. Tente você mesmo! Conclusões. Programa poderoso e de operação relativamente simples, que permite editar o áudio em muitos aspectos não cobertos pelos editores tradicionais, muito além de um simples corretor de afinações, o Melodyne é uma ferramenta cada vez mais obrigatória nos estúdios.

Para saber online

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O tamanho

do seu

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Estúdio PARTE 5

Ricardo Mendes é produtor, professor e autor de ‘Guitarra: harmonia, técnica e improvisação’

Ainda na série de opções para a bateria, faltou falar dos tons... Para os tons, talvez o microfone mais clássico de todos, e felizmente não é um muito caro, é o MD421 da Sennheiser, que custa por volta de uns U$ 350 (mais de R$ 700) nos EUA, pois com a carga tributária indecente que temos, me recuso a falar do preço brasileiro. Seria quase que como fazer apologia à extorsão...

E

ste é um microfone dinâmico que capta graves muito bem. Também o utilizo para captar o som de dentro do bumbo. Ele, ao contrário da maioria dos dinâmicos, possui uma chave atenuadora de graves rotativa de cinco posições. A primeira vez que eu vi um desses na minha frente me intriguei porque em um extremo da chave tinha a letra “M”, e no outro extremo a letra “S”. Não sabia o que queriam dizer estas letras. Percebi que se girasse a chave na direção do “S” ela ia cortando gradativamente os graves. Se girasse para o lado oposto, os graves eram liberados. Concluí que essa chave era um low-cut (hi-pass filter), que é comumente encontrada nos microfones condensadores. Só não conseguia saber o porquê do “M” e do “S”. Achei que pudesse ser a abreviação de alguma palavra em alemão. Nessa época ainda não existia o Google e

a internet era restrita a militares e a alguns departamentos de tecnologia de universidades de ponta no exterior. Nunca mais parei para pensar nisso, até que alguns anos depois fiquei sabendo que esse microfone também era bastante utilizado para broadcasting, em especial locução de rádios FM. E o enigma do “M” e do “S” me voltou à mente quando constatei que os dois MD-421 de uma emissora que visitei estavam na posição “S”. Eu sabia que o “S” cortava os graves, e isso é desejável para um locutor, pois assim você elimina os “puffs” e “pops” da locução. Virou questão de honra! Eu iria descobrir o significado das tão enigmáticas letras. Futuquei daqui e dali, acabei descobrindo. A posição “M” (sem nenhum corte de grave) quer dizer “music” e a “S” (com o corte de grave máximo) quer dizer “speech”. E as posições intermediá-


rias não têm letras, apenas umas linhas marcando. Por que não colocaram o símbolo tradicional do low-cut como em todos os outros microfones? Bem que um amigo meu, alemão, diga-se de passagem, me avisou que esses germânicos são um povo com lógica própria. Mas fazem excelentes microfones! Outro excelente microfone para tons é o velho-de-guerra Shure SM57. Ele irá captar um pouco menos de graves que o MD-421, mas ainda assim soa incrivelmente bem nos tons. E custa aproximadamente um terço do valor do MD-421, por volta de uns U$100 nos EUA. Assim como o MD-421, ele suporta uma pressão sonora muito grande se distorcer na cápsula. Porém, um detalhe em relação aos SM-57: prefira fixar os SM-57s em estantes, e não em clamps ou garras que se prendem nos tons. O motivo é

que a “cabeça” do SM-57 é presa através de pressão. Se você girar a cabeça, ela nunca irá desatarraxar. Existe uma folga nela que permite que ela gire, porém sem se soltar do corpo do

microfone. Ao ser colocado em uma garra ou clamp fixado diretamente no corpo do tom, a vibração deste é transferida para o microfone, fazendo a cabeça, que tem uma folga, especialmente nos SM-57s mais velhos, vibrar, e isso causa um ruído que se assemelha a uma distorção ou mau contato. Isso ocorre com maior

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frequência nos tons mais graves, especialmente nos surdos (floor-tons). Caso você não tenha estantes disponíveis, apenas clamps ou garras, isto pode ser solucionado passando-se uma fita adesiva (pode ser crepe ou isolante) em volta do ponto onde a cabeça se encontra com o corpo. De qualquer maneira, é sempre bom checar se não há vibração no microfone. Peça para o baterista tocar os tons, grave um trecho e depois escute os canais de cada tom em solo para ter certeza de que o sinal está limpo. Se você está com dinheiro sobrando, uma opção seria os também velhos-de-guerra C-414 da AKG. Pode ser que seja necessário atenuar no pad do microfone, pois os condensadores são bem mais sensíveis. Se você ganhou na loteria, ou então

acha que os tons são a coisa mais importante da história da música ocidental, você poderia usar os Neumman TLM-170. Esse é um microfone fantástico para se gravar tons, e várias outras coisas. O único problema é o preço. Acima de U$ 2 mil nos EUA, cada um deles. Sei que é fora da realidade investir de seis a dez mil dólares (se comprar no Brasil, de vinte a quarenta mil reais) só para gravar tom de bateria. No entanto, eu tinha que falar. Uma única vez eu tive a oportunidade de gravar tons com o TLM-170 e quase caí para trás. Eu mesmo não tenho. Quem sabe se cair um meteoro de ouro no quintal da minha casa? Quase ia esquecendo: onde posicionar estes microfones? Bem, em algum lugar em que não atrapalhe o baterista tocar. Quanto mais próximo da pele, mais isolamento você terá, porém soará menos natural. Se afastar, você consegue o oposto: mais natural, porém com mais vazamento das outras peças. O que pode não ser um problema grande se você usar gate ou limpar os canais de tom, mutando ou deletando os trechos onde o tom não toca. De maneira geral, eu coloco próximo da pele de 5 a 10 centímetros, bem na borda do tom, porém inclinado e apontando para o centro da pele. Foi a maneira que eu achei para encontrar um equilíbrio entre vazamento e naturalidade sem atrapalhar o baterista. E eu também utilizo muito o som dos microfones de overheads como complemento do som dos tons. Por falar em overheads, no mês que vem falamos sobre eles. Abraços.

Para saber mais redacao@backstage.com.br


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instrument Jorge Pescara é baixista, artista da

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TOUCH Jazz Station e autor do ‘Dicionário brasileiro de contrabaixo elétrico’

Desta vez o artigo escolhido é uma análise direta de um dos primeiros instrumentos de touchstyle construído no Brasil: o Paschalis Touchstyle Guitar’n Bass!

X

Alguns leitores devem se lembrar da Cravina, um instrumento de touchstyle de 9 cordas que analisamos alguns anos atrás como sendo o primeiro do gênero no país. Porém algumas características marcam a diferença deste para aquele instrumento. A começar pela escolha de madeiras, este instrumento não é nada comum, pois contém no total nada menos do que cinco tipos diferentes de madeiras de alta qualidade sonora, sendo elas Jatobá, Imbúia, Tauarí, Ipê e Canela. Este conjunto de madeiras nobres brasileiras, construídas em sanduíche, adiciona uma ótima estética ao Paschalis. Baseado no design da Warr guitars, este modelo possui um braço com largura suficiente para acomodar as suas 12 cordas, sem afetar a performance do músico com o estresse das mãos. Como no caso de todos os instrumentos de touchstyle, este Paschalis vem equipado com um abafador na primeira casa, neste caso a parte macia de um pedaço de velcro com largura de 2,5cm e com-

primento de 9,5cm. Contendo 9,5 cm de largura no capotraste e 12cm de largura na ponte, da primeira até a última corda, escala e capotraste em Ipê rígido de 34½”, 26 trastes super jumbo e marcações em alumínio tornam a tocabilidade do Paschalis guitar’n bass um prazeroso convite ao touchstyle technique. Doze tarraxas mini 18:1 da Wilkinson foram escolhidas por sua extrema precisão, leveza e praticidade no giro. Já as cordas são da Elixir, com jogos de 4 cordas de baixo elétrico .040" com jogos de guitarra .009”. A afinação dos instrumentos touchstyle difere das afinações em baixo ou guitarra elétrica, porém cada músico pode escolher sua própria. Portanto cabe aqui dizer que este instrumento foi configurado com afinação estilo Chapman Stick tenor, tendo as cordas graves posicionadas do centro para o extremo do braço, em quintas justas invertidas (C G D A E B) enquanto as agudas estão em quartas justas (A D G C F Bb). Além desta combinação, o timbre fica realçado pelos 4 pickups single coil da


STYLE

12 cordas Kent Armstrong CSCR Gold em cerâmica, passivos de alto ganho. Estes pickups possuem bobina sobreposta e que se mantêm equilibrados tanto nas frequências agudas quanto nas médias. Surpreendentemente, opera na região grave com a mesma dinâmica, e com o sistema hum canceling permite uma execução sem os ruídos característicos dos pickups single.

Completando a configuração eletrônica deste instrumento, foram instalados dois pré-mplificadores Artec SE3, que permitem controles das frequências graves (+/-12db 80Hz), médias (+/-12db 800Hz) e agudas (+/12db 4kHz) em potenciômetros separados. Também contém knobs de volume e balanço entre os captadores. Alimentados por duas baterias de 9volts (uma para cada preamp), o consumo de .032mA garante incontáveis horas de uso continuo até mesmo com 2.2v. A ponte Paschalis contém 12 saddles (carrinhos) com abertura

Alimentados por duas baterias de 9volts (uma para cada preamp), o consumo de .032mA garante incontáveis horas de uso continuo até mesmo com 2.2v

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No geral o timbre do Paschalis Guitar’n Bass é moderadamente agressivo, sem pontos mortos notados na extensão da escala, sendo temperado em toda a faixa de frequências quando tocado em modo flat

inferior para passar as cordas por dentro do corpo, anéis para ajustes de posicionamento lateral das cordas, micro parafusos allem para ajuste de altura de cada corda e base em alumínio de 4mm. No geral o timbre do Paschalis Guitar’n Bass é moderadamente agressivo, sem pontos mortos notados na extensão da escala, sendo temperado em toda a faixa de frequências quando tocado em modo flat. Com a adição dos dois premps, ganha em sonoridade. Apesar do braço largo e das 12 tarraxas em uma paleta granes, o instrumento permanece na posição correta ao tocar sentado ou em pé. Com a minichave stereo/mono pode-se optar por ter as saídas independentes para cada grupo de 6 cordas (um amp de baixo e um de guitar, com efeitos diferentes, por exemplo), ou tudo numa saída só, indo para apenas um

O instrumento possui braço largo e 12 tarraxas

amplificador e efeitos. Para algumas passagens técnicas pode-se sentir a necessidade de ampliar o abafamento com a adição de mais um pedaço largo de velcro,

Especificações Técnicas Escala: 34½” Corpo: Canela Topo: Jatobá Braço laminado: Jatobá, Imbúia e Tauarí Escala: Ipê Capotrasto: Ipê encerado Trastes: Jumbo Captadores: 4 Kent Armstrong Super Screamer Single Coil Noiseless CSCR

Pré-amplificador: 2 Artec SE3 Tensores: 2 feitos em alumínio e aço inox Ponte: Paschalis contendo 12 guitar saddles, com base feita em alumínio Tarraxas: Wilkinson 18:1 Jacks de saída: 2 Santo Ângelo com chave microswitch stereo/mono Marcações: 10 e 8 mm em alumínio polido Acabamento: Verniz PU


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também na segunda casa, mas isto é puramente subjetivo. A largura do braço permite tocar com posicionamento crossed (mãos cruzadas, ou seja, a mão direita toca as cordas agudas, enquanto a mão esquerda toca as cordas graves) ou mesmo com a uncrossed technique (mão direita nas cordas graves e mão esquerda nas agudas, sem cruzar a escala do instrumento). Estes testes tiveram base em gravações do trio progressivo Dialeto em dois computadores Mac G4 OS10.3 ? 1.5GHz com software Logic Pro 7 e Macbook Pro OS10.6.8 ? 2.6GHz com o software 9.1 Logic pro e diversos plugins de áudio, passando por uma interface Focusrite Saffire 6x8 indo para monitores Behringer Truth B2031A e sistema 5.1 da VirtualCom. O único senão fica por conta de seus 6 quilos (sem a correia), o que torna o instrumento ligeiramente pesado para alguns músicos mais exigentes. Mas, com a escolha de uma correia boa e confortavelmente larga, isto fica totalmente contornável. Também não se pode deixar de notar que o próprio construtor, o luthier Alexandre Paschalis é um amante da técnica de touchstyle, além de ser baixista e

ter estudado com um dos raros professores de tapping no Brasil, o santista Chico Gomes. E todos podemos imaginar quando o próprio luthier é músico também, isto faz uma enorme diferença nos instrumentos construídos. Há outros dois modelos de touchguitar/touchbass que os clientes podem escolher, além de dois modelos baseados no Chapman Stick. Estamos realmente evoluindo rapidamente no Brasil com relação à qualidade de construção dos instrumentos, de um modo geral, e a partir de agora, também nos touchstyle instruments! Vamos nessa? Paz Profunda .:.

Para saber online

jorgepescara@backstage.com.br http://jorgepescara.com.br


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Elcio Cáfaro é baterista e professor. Já gravou com Chico Buarque, Ivan Lins e

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BATERIA| www.backstage.com.br

outros, e toca com a cantora Roberta Sá

Olá pessoal, venho de novo por aqui para falar sobre mais um instrumento da Gretsch, dessa vez é sobre um modelo para iniciantes, a Renegade.

RENEGADE para iniciantes e iniciados É

um set completo. A que foi mandada para o teste foi a RG-E625 na cor Dark Black com 2 tons (10”x7” e 12”x8”), surdo (16”x14”), bumbo (22”x16”), caixa (14”x5,5”), estantes de caixa, hihat e prato e também banco e pratos (esses são aqueles genéricos só para praticar mesmo). O baterista iniciante não precisa comprar mais nada para começar a estudar a não ser que tenha problemas com a vizinhança. Nesse caso teria que comprar um set de peles mudas. Falando

em peles, ela vem toda equipada com peles Remo UC transparente simples com exceção da caixa, que vem com uma porosa, e da resposta do bumbo, que é preta. Existe o outro modelo, que é a RH-E605. A diferença é que vem com bumbo de 20” e surdo de 14”. Além de Dark Black, há mais duas opções de cor: Silver Metallic (SIL) e Wine Red Metallic (MWR). As ferragens são Gretsch com os pedais (bumbo e hihat) personalizados com o


tudo foi uma tarefa tranquila sem muito problema. Testei primeiro com afinação padrão de acordo com o tamanho das peças. Ela soou melhor e mais plena com as respostas ligeiramente mais agudas. Olha, gostei bastante da sonoridade e da projeção dos tons, tem um “punch” considerável. No surdo eu senti um pouco de falta de peso, mas isso pode ser resolvido colocando pés de borracha “free floating”. Digo isso porque quando toquei o surdo segurando-o no ar, sem deixar apoiado nos pés, soou muito melhor e com o peso que fal-

nome do modelo. As estantes são mais finas e leves, mas com pés duplos. Fiquei surpreendido com a qualidade, já vi outros sets para iniciantes com estantes no mínimo sofríveis. Com essas é até possível o uso profissional. A madeira usada é Basswood (9 folhas) e tem borda de 45 graus. O banco é bem estável e tem cinco estágios para regulagem de altura. O assento tem diâmetro de 30 cm com 5,5 de espessura, o que o torna bem confortável. Os braços para os tons são separados e têm um comprimento grande (30 cm). Usa o sistema de bola, o que achei muito bem feito e aparentemente seguro e robusto, porque dá muitas opções de posicionamento, ainda mais que os tons são rasos. Ela também vem com memória na parte que entra no suporte do bumbo, mas não na parte que prende nos tons. O suporte em “L” é frisado e em princípio ficaram bem presos sem ter que apertar muito a borboleta. Os aros do bumbo são de metal estilo

padrão e os pés são telescópicos com regulagem por chave. O pedal de bumbo, com corrente simples e uma mola, é sem base, bem padrão, mas bem funcional. A estante de hihat com corrente simples tem uma boa base com uma garrinha (espeto) no meio para evitar que ande para frente. Todos os tambores têm seis pontos de afinação, com exceção da caixa, que tem 8. Bem, bateria desempacotada, vamos ao teste propriamente dito. Os tons e a caixa já vêm montados com as peles, só tive que colocar as do bumbo e as do surdo. Afinar

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O bumbo “falou” muito bem, tem um bom ataque e um bom peso, é necessário colocar algo por dentro para abafar, pois as peles são simples sem nenhum tipo de anel interno. Mas se você quiser tocar com aquela “sonoridade jazz” ele está perfeito

tava. Aliás recomendo esse acessório para todos os surdos com pés, faz uma diferença grande! A caixa é bem básica, mas não deixa a desejar, pois estamos falando sobre um set de entrada e, nesse caso, ela é até um luxo pelo custo/benefício. Responde bem aos rimshots e tem uma boa projeção e volume. O bumbo “falou” muito bem, tem um bom ataque e um bom peso, é necessário colocar algo por dentro para abafar, pois as peles são simples sem nenhum tipo de anel interno. Mas se você quiser tocar com aquela “sonoridade jazz”, ele está perfeito. Por falar nisso, usando-a com afinação mais aguda ficou muito interessante, ótima para tocar em gigs de MPB/bossa/jazz, ainda mais com essas peles onde os harmônicos se destacam e as sutilezas também. Para usá-la com afinação mais grave e ter uma melhor resposta, realmente teríamos que usar outro tipo de pele, pois esbarramos na parte física dos tambores que são mais rasos. Nesse caso eu tiraria o tom de 10” e usaria o set apenas com o de 12” e o surdo para podermos tocar um bom rock and roll a contento. Minha conclusão é que, mesmo não sendo

um instrumento top de linha, ele não perdeu a qualidade, sendo possível a um iniciante ter uma bateria de tradição como a Gretsch sem ter que desembolsar muitos reais. Pesquisando na internet vi que o preço médio é de R$ 2 mil. Eu diria também que a Renegade pode ser usada até profissionalmente para se tocar em bares e locais pequenos. Ela é leve e fácil de carregar, tem o modelo com bumbo e surdo menores, o que facilita ainda mais. Só seria necessário complementá-la com mais uma ou duas estantes e, logicamente, pratos profissionais de boa qualidade. No mais, é colocá-la para ralar!! Abraços a todos.

Para saber online

http://www.myspace.com/elciocafaro


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O ECAD, Escritório de Arrecadação responsável por recolher os direitos autorais de execuções públicas de música, anunciou que a previsão de distribuição dos valores arrecadados para 2012 é de R$ 612 milhões, o que significa um crescimento de 13,3% em relação ao ano anterior, que foi de R$ 541 milhões. redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

ECAD revela aumento na arrecadação e distribuição dos direitos autorais O s números foram divulgados durante um encontro para jornalistas, que aconteceu no dia 07 de agosto, na Casa do Saber, na Lagoa, Zona Sul carioca. Na ocasião, a superintendente do órgão, Gloria Braga, informou ainda que a quantidade de associados vem aumentando a cada ano e que o incremen-

to na arrecadação e consequente aumento da distribuição se devem ao maior número de shows e eventos de entretenimento que vêm sendo realizados no Brasil, principalmente os internacionais. Só o Rock in Rio, em 2011, por exemplo, foi responsável pelo pagamento de R$ 5 milhões em


direitos autorais, segundo dados divulgados por Braga. Gloria também atribuiu esse aumento à melhora nos meios de fiscalização do órgão, como o sistema de telecobrança e o maior número de recursos para aferição, como o Ecad.Tec Cia Radio, um mecanismo de busca em tempo real que permite identificar o número de vezes que cada música foi executada nas rádios. O software foi desenvolvido em parceria com a PUC-Rio e premiado pela revista Information Week em 2011. Para 2012, o ECAD tem previsão de distribuir R$ 612 milhões em direitos arrecadados entre os seus mais de 500 mil associados. Em 2011, 92.647 titulares foram beneficiados com a arrecadação dos direitos autorais, ou seja, 5,90% do total cadastrado. Desse montante, 64,81% são direcionados para os

autores (intérprete e músico acompanhante) e 35,19% para as editoras e produtores fonográficos. Do valor arrecadado por cada ponto musical, 17% fica para o ECAD, 7,5% para as associações e os demais 75,5% vão para o músico. Entre os segmentos que têm maior participação na arrecadação estão os provedores de sinais, com representação de 43,2% entre os demais. No entanto, segundo José Pires, gerente executivo de TI e planejamento estratégico do ECAD, o setor de internet, apesar de representar apenas 0,7%, é o que mais vem crescendo.

soras de TV e eventos, o Escritório deixa de arrecadar 63,2% do que é devido. O que significa cerca de R$ 840 milhões, apurados só no ano de 2011. As maiores devedoras são as TVs abertas (R$ 245 milhões) e fechadas (R$ 372 milhões), seguidas dos shows (R$ 42 milhões). De acordo com a superintendente, esses valores estão sendo cobrados na Justiça e envolvem mais de 4 mil ações.

Para saber online

INADIMPLÊNCIA No entanto, esses valores ainda poderiam ser maiores, segundo o ECAD. Por conta da inadimplência de algumas empresas de radiodifusão, emis-

www.ecad.org.br

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Aos 22 anos e com trabalhos com artistas como Djavan e Ney Matogrosso, Arthur Farinon é uma das maiores revelações na área de iluminação cênica no Brasil. Alexandre Coelho redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

LUZ DE BRILHO

INTENSO A

rthur Farinon vai completar apenas 23 anos em setembro e já tem no currículo trabalhos na iluminação de shows de Ney Matogrosso, Djavan, Mart’nália e Ana Cañas, entre outros artistas. Já trabalhou em projetos como o da Árvore de Natal da Lagoa, no Rio, atuou na cena eletrônica e assinou a iluminação do Festival de Música de Alegre em 2009 e 2012. Filho do também iluminador Juarez Farinon e da diretora de arte e produtora cultu-

ral Denise Dourado, foi logo cedo seduzido pelo mundo das artes e do espetáculo, no qual começou a trabalhar em 2006, aos 16 anos, no show dos Rolling Stones na Praia de Copacabana. À frente, junto com o pai, da Companhia da Luz, uma das empresas pioneiras no ramo da iluminação cênica no Brasil, Arthur se formou em Administração de Empresas, para melhor poder gerenciar os negócios da família. Atualmente, divide seu tempo entre a


Especial de 80 anos do Cristo Redentor

Programando a Árvore Natal da Lagoa 2009 (RJ)

Backstage - Como nasceu seu interesse pela iluminação cênica? Arthur Farinon - Desde cedo acompanhei a carreira do meu pai, o iluminador Juarez Farinon. Lembro-me, claramente, dele operando os shows da Elba Ramalho enquanto eu, ainda criança, ficava dormindo na house mix. Todo aquele ambiente sempre me fascinou muito. Em 2006, quando eu tinha 16 anos, participei da montagem e desmontagem do show dos Rolling Stones na Praia de Copacabana, ajudando o pessoal da Companhia da Luz. Ali eu tive a certeza de que queria trabalhar com aquilo. Dos 16 aos 18 eu passei a fazer muitas montagens. E aos 18 comecei, de fato, a trabalhar na Companhia da Luz. Nesse tempo, trabalhei em muitas turnês como técnico, entre as quais a do Oasis,

Foto: D ani Gru gel / Div ulgaçã o

empresa; os shows de Djavan, a quem acompanha nas turnês mundo afora; a criação de projetos de iluminação, como o do mais recente show da cantora Ana Cañas; e a iluminação de vídeos e DVDs, seu mais recente objeto de interesse. Em entrevista exclusiva à Backstage, Arthur Farinon fala da carreira, das técnicas que usa e aponta os rumos da iluminação cênica no Brasil para os próximos anos.

Roberta Sá

Arthur

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outro lado, outros projetos são de minha autoria, como o do novo show da cantora Ana Cañas e o do Festival de Música de Alegre. Também tenho trabalhado muito na realização de DVDs, na área de iluminação para vídeo. Tenho buscado informações sobre essa área através de cursos no exterior. Mas o que realmente mais me atrai é o show business, gosto da vida na estrada, da correria.

Dream Theater, Rolling Stones e Ricky Martin. As coisas foram acontecendo, eu fui aprendendo a mexer na mesa de iluminação, a programar, e isso foi abrindo portas. Atualmente, eu trabalho com o Djavan. Foram outros iluminadores que criaram o projeto de luz do show, mas sou eu que sigo na estrada com ele. Por

Você vem de uma família ligada à produção artística. De que maneira isso influenciou sua escolha profissional? Nesse sentido, o que você pode dizer que herdou dos seus pais? Eu sempre acompanhei os dois em suas respectivas carreiras, seja num palco, ao lado do meu pai, ou num estúdio de gravação, ao lado da minha mãe. Queria fazer parte desse universo. Acredito que herdei deles o gosto pela arte. Minha mãe sempre fez questão de me apresentar o que há de


bom nas artes plásticas (Escher, Dali, Max Ernst - surrealistas), enquanto meu pai me apresentou as artes cênicas. Meu irmão mais velho, Gabriel, também é iluminador, e eu costumava acompanhá-lo nas gigs, quando mais novo. Fizemos muitos festivais eletrônicos juntos.

Como surgiu a parceria com Ney Matogrosso? O primeiro trabalho que fiz com o Ney foi para a turnê Beijo Bandido, dele mesmo. Nesse projeto, eu programei os sistemas de iluminação e vídeo na mesa GrandMA para o meu pai, que é iluminador dele há

muitos anos. Mas como o Ney também participa da criação da luz, ali eu tive a oportunidade de trabalhar com ele pela primeira vez. Alguns meses atrás, uma amiga que é iluminadora da Mart’nália me convidou para participar do projeto de luz do novo show da

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ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br 122

Show de Djavan - Los Angeles

Gosto de explorar muito todos os recursos que tenho à disposição. O último trabalho que fiz para a Ana Cañas demonstra um pouco isso: que com um mesmo mapa de luz foi possível criar diferentes desenhos de luz, projetar elementos no ciclorama

Festival de Alegre 2012

cantora, e o responsável pela criação seria o Ney Matogrosso. Nós nos encontramos novamente e eu o auxiliei na criação da luz daquele projeto. Logo em seguida, ele me ligou e convidou para eu fazer a luz do novo show da Ana Cañas junto com ele, que também dirige o espetáculo. Esse foi, na realidade, o primeiro fruto dessa parceria, que teve um resultado muito bacana. São acontecimentos recentes, mas a experiência de trabalhar com um profissional eclético como ele tem sido fantástica para meu desenvolvimento profissional. Ele é um artista completo, também é iluminador, diretor, tem a cabeça aberta a todos os aspectos de um espetáculo. Você usa ou busca frequentemente técnicas diferentes? Pode citar algumas ideias de iluminação que tenham sido mais impactantes? Em termos técnicos, eu busco sempre trabalhar com alguns equipamentos específicos que me dão recursos exclusi-

vos, como, por exemplo, os moving lights da Vari Lite e da Martin, que possuem um ângulo de abertura grande, ou gobos com rodas de efeitos, entre outros. E os consoles GrandMA, que me permitem uma programação diferenciada. Gosto de explorar muito todos os recursos que tenho à disposição. O último trabalho que fiz para a Ana Cañas demonstra um pouco isso: que com um mesmo mapa de luz foi possível criar diferentes desenhos de luz, projetar elementos no ciclorama ou criar uma atmosfera que fugisse completamente do que acontecia no show até então. Você busca criar um conceito na iluminação do show a partir do gênero musical do artista ou mesmo do conceito daquele trabalho específico do artista? Como é o seu processo de criação? Depende do projeto. A operação da luz no momento do show vai sempre de acordo com o gênero musical e da proposta do espetáculo, que pode ser algo


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NOVO ESPAÇO| www.backstage.com.br 124

mais intimista ou algo mais energético. Já a concepção da luz do show trabalha muitas vezes alinhada à cenografia e à direção do espetáculo, logo o trabalho deve ser pensado como um todo. Meu processo de criação parte da proposta do show, dos elementos cenográficos envolvidos e dos recursos que tenho disponíveis. Todo projeto eu faço em softwares de visualização 3D, o que me permite explorar com calma todas as possibilidades do mapa que elaborei. Com essas ferramentas, já chego com o show programado no dia da estreia, além de poder enviar prévias do projeto para o cliente. Você começou aos 16 anos e, hoje, aos 22, já é um profissional de destaque no meio. Quais são os seus diferenciais? A que você atribui esse sucesso relativamente rápido? Estou sempre atento às novidades do mercado e procurando desenvolver habilidades novas, através de estudos de novos consoles, softwares, técnicas, conceitos etc. Eu tive também a oportunidade de aprender com grandes profissionais da área, que muito me ensinaram sobre o que eu sei. Meu envolvimento com a Companhia da Luz me abriu algumas portas e, aos poucos, as pessoas foram me dando oportunidades. E assim fui mostrando meu trabalho e conquistando meu espaço. Acredito que o reconhecimento vem pela forma como me dedico ao que me disponho a fazer. Você trabalha com artistas na estrada, em projetos como o da Árvore de Natal da Lagoa e na cena eletrônica, entre outros. Tem alguma preferência? Qual é, de fato, o tipo de trabalho que mais o realiza profissionalmente? O show business. Gosto muito dessa vida que vivemos na estrada e da correria que é para produzir um espetáculo legal para o público. Mas alguns projetos e eventos culturalmente importantes, como esse da Árvore de Natal da Lagoa, me deixam extremamente realizado em poder participar.

Quais os seus objetivos profissionais mais ambiciosos? Eu trabalho dia a dia para tornar a Companhia da Luz uma referência no mercado de iluminação cênica, tentando melhorar cada vez mais todos os aspectos do nosso serviço. Também pretendo desenvolver cada vez mais minha carreira como iluminador, sempre adquirindo novos conhecimentos e novas experiências. Venho me especializando na iluminação para vídeo para expandir minha área de atuação. Quais são os seus inspiradores na iluminação cênica? Um dos trabalhos que mais me impressionaram foi o DVD Pulse, do Pink Floyd, de 1994. O responsável pela iluminação e também pela direção do show foi o iluminador Mark Brickman. Aquele trabalho se tornou referência para mim até os dias de hoje. E olha que foi feito com os recursos disponíveis em 1994. Outro profissional que me inspira é o meu pai. Tenho uma enorme admiração por seus trabalhos. Estou sempre atento a qualquer conhecimento que eu possa absorver dele. Como está o mercado da iluminação cênica para quem está começando? Que dicas você daria pra um iniciante da área? É um momento muito oportuno, especialmente pela expectativa que vivemos por conta dos eventos mundiais que iremos sediar em breve. Vamos ter muito trabalho pela frente. Acredito que quem queira iniciar uma história, independentemente da área de atuação, deve se entregar totalmente àquilo que pretende fazer. É a única forma de se obter sucesso. É importante procurar explorar todas as áreas que envolvem a execução do trabalho, para não ficar para trás em nada, e estudar sempre as novidades. Nosso mercado se torna obsoleto muito rapidamente, e é preciso se atualizar sempre.


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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 126 Construído no século 19 para abrigar as manifestações culturais que despontavam na ainda pequena Porto Alegre, o Theatro São Pedro também acompanhou o desenvolvimento da cidade. Recentemente foi ampliado, recebendo um multipalco, ainda em fase de construção, e instalado um sistema de sonorização compatível com essa nova era na história do local. redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

Theatro São Pedro ganha

São Pedro ganha

novo sistema de som

“D

e vetusto e meio pesadão que era, ei-lo agora lépido, leve, quase aéreo, pronto a acolher a jovens e velhos, ou melhor, aos jovens de todas as idades, pois o amor à arte e à beleza é o segredo de não envelhecer.” Os versos que Mario Quintana dedicou ao Theatro São Pedro, em 1984, por conta de sua reinauguração, expressam a grandeza e o prestígio de um dos teatros mais importantes do Rio Grande do Sul e do país.

A grande restauração da edificação, quando foram demolidas paredes e teto e refeito o tratamento acústico, foi finalizada em 1984. No entanto, ainda faltava um sistema de som que estivesse à altura do TSP. Em 2012 essa lacuna finalmente foi preenchida com o início da instalação do sistema Piccolo, da DB Tecnologia Acústica. O projeto foi desenvolvido pela DB Tecnologia Acústica, sob coordenação


Para o P.A foram usadas 10 Top Piccolo 8”, da DB Tecnologia Acústica, e 08 Scoop Piccolo 8

Top Piccolo 6"”, especifica Vanderson. No monitor, o técnico conta que foram usados 02 Top Piccolo 8" (Full Range), 02 Scoop Piccolo 8", para o sub, e 04 RE Piccolo 10". “A função da DB Tecnologia Acústica era atuar desde o desenvolvimento do projeto e dimensio namento do equipamento para o

do técnico Vanderson Machado Bassani, representante da DB Tecnologia Acústica. O objetivo era atender às expectativas da direção do teatro, ou seja, conseguir atender a todos os eventos e espetáculos da programação do Theatro, já que o sistema antigo encontravase totalmente defasado. Para isso, foram escolhidas as caixas Piccolo

A minha função era desde o desenvolvimento do projeto e dimensionamento do equipamento para o espaço até à execução da instalação tanto para o PA quanto para a monitoração do áudio do TSP. “Para o PA foram usadas 10 Top Piccolo 8" (full range), além de 08 Scoop Piccolo 8, para o subgrave. No front fill, a escolha foi por 02

espaço até à execução da instalação”, afirma. O trabalho, segundo Vanderson, contou com o técnico do Theatro São Pedro André Hanauer (responsável pela equipe técnica). O

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projeto ainda envolveu a confecção dos cabos, multicabos e racks de amplificação.

POSICIONAMENTO DO SISTEMA

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Na plateia baixa, duas Top Piccolo 8” e quatro Scoop Piccolo 8”

Processadores DB Series 24 2in/ 4out 192KHz e DB Series 48 4in/ 8out 192KHz

Devido à arquitetura do Theatro, o sistema foi distribuído de forma que fosse conseguida uma inteligibilidade do áudio mais uniforme em todos os lugares da plateia. A melhor forma encontrada pela equipe foi então distribuir por andares: plateia baixa, mezanino e galeria. “Na plateia baixa, usamos mais caixas por ter um número maior de pessoas neste setor, bem como no centro da sala. Ou seja, foram colocados 04 Top Piccolo 8”, duas por lado, e 08 Scoop Piccolo 8" agrupadas em 04 por lado. Já nos dois mezaninos superiores, usamos 02 Top Piccolo 8", no primeiro, com uma caixa por lado, e 02 Top Piccolo 8", no segundo, com uma caixa por lado também. Na galeria, usamos 02 Top Piccolo 8", com uma caixa por lado”, enumera. Outro cuidado da equipe foi separar todos os andares pelo processador, pois assim é possível ter um controle de pressão sonora individual para cada plateia e ter os delays devidamente ajustados às suas distâncias. “Usamos o processador DB Series 24 2in/4out 192KHz e DB Series 48 4in/8out 192KHz. O motivo para este processador ser usado é por ele ter versatilidade de configuração de entradas e saídas de áudio, além de ter um sample rate de 192

Uso compacto do Sub Piccolo 8” em todo o projeto

KHz, conferindo uma qualidade de timbres muito superior”, relata Vanderson. Para comandar o sistema, Vanderson destaca que a escolha foi por um console 01V96 da Yamaha, com expansão para 24 canais. “Todo o sistema foi alimentado pelos amplificadores da DB Séries, modelos 05 LD 1400 de 1400W Rms, para a monitoração de palco, 01 LD 1400 de 1400W Rms, para o front fill, e 05 LD 1400 de 1400W Rms, para o PA”, diz.

HISTÓRIA Fundado em 27 de junho de 1858, após a Revolução Farroupilha, e oito anos após o início da construção, o Theatro São Pedro é um marco na história de Porto Alegre, quando a cidade tinha apenas 20 mil habitantes e ainda era denominada Província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Durante 126 anos, o TSP recebeu em seus camarotes, galerias e palco, personalidades artísticas como Arthur Rubinstein, Villa-Lobos, Eugène Ionesco, Cacilda Becker, Marcel Marceau, Olavo Bilac entre outros, assim como políticos como Getúlio Vargas e Borges de Medeiros. Em 1973, o TSP foi fechado devido às precárias condições de segurança e ao mau estado de conservação. Em 1975, Eva Sopher assumiu a direção do Theatro São Pedro, com a missão de dirigir as obras da total reconstrução e restauração do local. Começava assim uma nova era para o Theatro. Os 1.880 metros quadrados de área útil foram equipados com todos os recursos modernos, equipamentos cênicos, e um moderno sistema de iluminação. Um mês depois de reaberto, em 1984, o então Governador Jair Soares autorizou o tombamento do prédio.


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GUSTAVO

Trabalhando desde 1990 com projetos surround para longas-metragens e 5.1 para DVD e transmissão em seu próprio complexo de estúdios, Igloo Music, o engenheiro e produtor musical Gustavo Borner já foi indicado a mais de 25 Grammys, conquistando dois prêmios, e nove Grammys Latinos. redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

BORNER NOS BASTIDORES

DOS SEUS PROJETOS MTV UNPLUGGED, VENCEDORES DO GRAMMY

F

ormado em Engenharia e Produção Musical e Trilha Sonora pela Berklee College of Music, de Boston, esse argentino radicado nos Estados Unidos tem no currículo trabalhos com Plácido Domingo, Phil Collins, Leah, Nsync e filmes como Watchmen e Miami Vice, além de videogames como Army of Two: The 40th Day. Recentemente, Gustavo foi o responsável por várias produções do MTV Unplugged . Em 2011, ele produziu, gravou e mixou o MTV Unplugged: Los Tigres Del Norte And Friends. Para o projeto, que contou com a presença de vários músicos convidados do pop latino, junto com o grupo mexicano, Gustavo optou por usar uma grande variedade de microfones de fita AEA, incluindo o microfone KU4 nos vocais principais. O álbum The Los Tigres ganhou um Grammy por “Melhor mexicano regional” e um Grammy Latino na categoria “Melhor Nortenho”.

Em 2012, Gustavo gravou e mixou um MTV Unplugged com o superstar colombiano Juanes, gravado no New World Symphony, em Miami, projetado por Frank Gehry. Mais uma vez ele usou microfones AEA para os metais e baterias. O projeto Juanes, lançado no dia 26 de maio, já foi anunciado como “Um dos melhores álbuns de música latina do ano” e foi o álbum do iTunes mais vendido no México, Colômbia, Argentina, Venezuela, Peru, Chile, Equador, República Dominicana, El Salvador e o mercado latino americano, desde 31 de maio. O engenheiro de produtos da AEA, Julian David, teve a oportunidade de conversar com Gustavo sobre seus recentes projetos e sua experiência com os microfones de fita AEA na Igloo Music, em Burbank, California. Confira a entrevista. Julian David - Como você se envolveu no projeto MTV Unplugged com o Juanes?


Gustavo Born er trabalhou na s últimas cinco produções

Gustavo Borner - Bem, eu trabalhei nas cinco últimas produções latinas do MTV Unplugged e nós ganhamos Grammys Latinos ou Americanos em cada uma. A primeira eu fiz com o cantor argentino Diego Torres, em 2005. Eu fui chamado para essa produção devido a minha amizade com o Diego e através dos meus contatos na Sony Music. A partir daí, eu fiz todos os que se seguiram. Em 2007, nós fizemos o Ricky Martin Unplugged seguido por Julieta Venegas, pelo qual ganhamos um Grammy. Em 2011, nós fizemos Los Tigres Del Norte e também um MTV Unplugged com a banda mexicana de rock alternativo Zoe. Nós

do MTV Unpplug ed

ganhamos Grammys pelos dois projetos. Para o unplugged do Juanes, eles chamaram Juan Luis Guerra para produzir. Fazer a engenharia para mim foi natural, uma vez que eu já tinha feito muitos dos projetos MTV Unplugged. A MTV gostou do resultado passado, então continuou me chamando. O que aconteceu em seguida? Geralmente nós fazemos muita préprodução, não somente para escutar as músicas, mas também para escutar os sons e como eles funcionam juntos, para que você não termine obtendo algo que não soa bem. É preciso

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sendo filmados e ficam realmente empolgados com isso.

Os operadores de PA podem arranjar seu som para que, uma vez que cheguemos ao local - embora as coisas sempre mudem pelo menos já conheçamos o show e tenhamos os cenários programados

” Juanes e o sa x A840

Los Tigres Del Norte

trabalhar o som dos instrumentos no arranjo. Às vezes você muda um violão comum de seis cordas por um de doze cordas, ou como para o Juanes, você leva um ukulele ou outros instrumentos de corda. Ou você escolhe entre um piano, um Rodhes, um B3 (que ainda é considerado “unplugged”), o que quer que case melhor com o som. Então vocês fizeram a pré-produção e depois se encontraram para os ensaios em Miami, certo? Sim, nós entramos em estúdio duas a três semanas antes do show Unplugged com todos: Juanes e a banda, a equipe de produção e, mais tarde, os artistas convidados. Nós os posicionamos exatamente como seria no show. Temos as dimensões exatas do palco e dos lugares, e também temos a house mix e monitores para administrar o sistema in-ear. Os operadores de PA podem arranjar seu som para que, uma vez que cheguemos ao local - embora as coisas sempre mudem - pelo menos já conheçamos o show e tenhamos os cenários programados. Nós fazemos isso em sequência tantas vezes que você sabe exatamente o que vai acontecer. Os assistentes e técnicos sabem quando entrar para mudanças. A razão para tudo isso é que nós tentamos manter o curso do show muito limpo, para que, embora seja uma gravação, a energia seja mantida em alta e a plateia se divirta muito. Eles sabem que estão

Quais são os desafios específicos de uma produção de vídeo unplugged, como a Juanes MTV Unplugged, comparada a uma sessão de gravação de estúdio? Bem, o estúdio é um ambiente controlado. No entanto, quando eu trabalho com grandes orquestras o vazamento pode ser um problema. Nós fizemos as sessões para a série Revenge, da ABC, no Fox Studios com uma grande orquestra. E coloquei dois microfones de fita Coles 4038 como uma stereo room up e nós tivemos alguns RCA 44s para trombone e trompetes. Então, quando você trabalha com uma orquestra ao vivo de 105 pessoas, numa sala como a da Sony ou da Fox, o vazamento tem que ser considerado. É a mesma coisa quando se está fazendo produções ao vivo, principalmente algo como a produção para o Juanes, com pessoas sentadas no palco. Então, bem ao lado dos metais com os microfones AEA R48, havia pessoas sentadas em cima do palco. Quando eles batem palma ou gritam, o som entra em todos esses microfones, mas eu gosto disso. Eu acho ótimo, pois você pode ouvir a reação da plateia mesmo quando os microfones estão baixos durante uma música. Contanto que você trabalhe com o vazamento, é apenas parte de todo o conjunto. Isso dá ao projeto um som único. A produção do Juanes foi feita no New World Symphony Hall, em Miami, que é uma sala muito viva. Então tudo o que você faz lá reflete e isto é para acontecer mesmo. Quando nós começamos a ouvir com o Juanes, ouvimos muito do hall no microfone de voz e em todos os outros microfones abertos. Então, no começo, quando nós estávamos escutando as duas ou três primeiras músicas, ele ficou me pedindo para baixar o reverb. “Você está acrescentando reverb? Podemos tornar isso mais seco?”, mas a resposta foi: “Não, não adicionei nenhum reverb, isso é o hall, e é o que nós temos!.” Mas faz sentido: você olha o local, ele é grande, você vê muitas pessoas lá dentro, e


Gustavo no estúdio Igloo Music

Há algo em particular sobre o uso de microfones de fita e padrão bidirecional que tornam a sua vida um pouco mais fácil nessas situações de gravação ao vivo? Teoricamente você captará “coisas” de ambos os lados com os microfones figura-de-8, e os caras que trabalham com gravação ao vivo são céticos em relação a isso. Mas eu nunca considerei isso um problema. Está tão alto no outro lado de qualquer maneira que isso não importa muito. E, de novo, mesmo que você capte algo do outro lado, eu acredito que isto ajude a torná-lo parte da “sopa” que cria um som

único. Você usa qualquer vazamento que tenha como parte do som da plateia. Aqueles microfones, você somente precisa mantê-los altos no mix, pois é um ótimo som. Eu terei 10 ou 12 microfones de plateia espalhados em todos os lugares e eu os aumento nos surrounds para que tudo soe mais forte. No entanto, algumas vezes você não pode desligar os microfones close-up, por que o caráter do som muda muito.

nes estéreo R88 mk2, o que foi ótimo, pois foi muito bom e claro para o setup. Geralmente temos dois pedestais de microfones vindo do lado e eles são bem visíveis, mas o R88 é bem limpo, porque você pode vir pelos fundos e terá somente este zeppelin preto sobre a bateria. Então isso foi muito legal. E todos amaram o som! O baterista, Waldo Madera, ficou entusiasmado quando nós estávamos escutando de volta na sala de controle.

o som simplesmente não pode soar seco. Então eu acho que se encaixa muito bem. Você precisa ouvir a sala e o ambiente. Assim, eu disse para o Juanes escutar a coisa toda e então nós resolveríamos. Mas, no final, ele simplesmente amou. Ele falava: “Oh, parece que eu estou lá, eu posso sentir todo o espaço da sala!”. Então, para mim, o vazamento não é um problema, é o som do projeto. É melhor simplesmente abraçar a ideia. Agora o Juanes ouve no fone de ouvido o dia todo e simplesmente ama.

A produção do Juanes foi feita no New World Symphony Hall, em Miami, que é uma sala muito viva. Então tudo o que você faz lá reflete Em relação aos microfones AEA, você usou R84 e A840 nos metais? Sim, nós usamos o A840 no saxofone e 3 R484 no trompete 1 e 2 e no trombone. Para os overheads da bateria nós usamos os microfo-

Você definitivamente obtém um som diferente com o R88, em comparação a um condensador. As pessoas usam vários adjetivos para descrever o som e eu não sei como você quer que eu o classifique: sim-

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plesmente soa bem. É mais redondo ou mais suave. Para mim, especialmente nesse local em particular, poderia começar a ficar plano quando o PA começa a fazer efeito e todo o processamento já foi empregado, mas com estes ele nunca fica plano e permanece bom e suave. Eu gosto de comprimir os overheads e basicamente se tem 50% do som da bateria saindo destes microfones. Você sempre usou microfones de fita nos metais ou foi um momento decisivo na sua carreira? Sim, eu acho que apenas vi alguém fazer isso numa sessão instrumental e os tenho usado desde então. Você experimenta diferentes coisas, mas você sempre volta aos microfones de fita. Até mesmo em projetos pop, onde você tem uma pequena seção de trompete ou mesmo uma grande banda. Funciona muito bem com os microfones de fita - ele proporciona aquela certa qualidade ou “personalidade”. Eu acho que é algo a que você simplesmente se acostuma. O solo de fliscorne no show acústico do Joanes soa maravilhoso e é basicamente plano. Talvez um pouco de compressão, mas é muito bom. Você pode aumentar o fader e não há nada que possa aborrecê-lo. É simplesmente ótimo, redondo e quente. O que você gosta nos microfones AEA de uma forma geral? Isto é algo muito difícil de dizer. Muitas pessoas possuem um jeito fácil de descrever essas coisas e toda vez que você lê uma reportagem ou crítica eles usam todas essas palavras. Mas eu acho muito difícil descrevê-los. Algumas vezes os microfones vintage possuem certa personalidade, e eu acho isso mais importante que qualquer outra coisa. É uma questão de se eles agradam você ou não. Eu acho que você pode olhar as especificações técnicas e ver exatamente, porque eles possuem determinado som, mas

eu aposto que você pode colocar dois microfones com exatamente as mesmas especificações técnicas e eles ainda vão soar diferente de qualquer forma. Então, especialmente nos metais, eu tenho usado os microfones de fita o tempo todo - sendo eles velhos RCA ou novos AEA. Há algo de especial sobre os microfones de fita você pode exigir mais deles porque eles nunca ficam agressivos. Acho que essa é a qualidade deles que eu mais gosto. É um som tão bom, redondo e suave. Até mesmo nos vocais: se você tivesse que acrescentar o que fosse ao high end para fazê-los se destacar em uma mixagem, há algo sobre a personalidade que os microfones de fita dão aos vocais que simplesmente faz com que eles fiquem melhor na mix. Nós fizemos um shoot-out para uma recente sessão vocal com um Neumann U47, um Neumann M149, que o cantor costumava amar, e o meu vintage RCA KU3A. Eu acrescentei um toque de EQ quando nós fizemos a comparação cega e nós achamos que o KU3A era o seu M149. Ele foi muito melhor que os outros. Para a sua voz, para aquela música, foi simplesmente perfeito. Aqueles KU3As soam muito bem. E você os coloca na mix e eles têm muita personalidade. Num determinado momento, quando você está usando equipamento high-end, tudo pode soar ótimo e claro. Um pré-amplificador Grace soa ótimo e impecável ou um EQ GML EQ, mas às vezes você simplesmente precisa de API, que é quase o extremo oposto, porque possui muita cor e personalidade. O mesmo ocorre em relação aos microfones. Você tem que encontrar aquele que você gosta para um uso específico. Para o Los Tigres você usou o microfone de fita unidirecional KU4 nos vocais principais. Eu acredito que algumas pessoas provavelmente ficariam preocupadas em fazer isso porque os microfones de fita são


muitas vezes considerados menos planos e não tão adequados para som ao vivo. Então, como foi isso para você? (Risos) Los Tigres Del Norte é uma banda mexicana nortenha e eles têm um som específico e uma determinada maneira de fazer as coisas. Quando nós começamos a trabalhar com eles, eu lhes disse que seria mais como uma abordagem pop. Comecei a pensar em quais elementos poderiam nos levar a um som diferente para eles. Obviamente, a orquestração e o arranjo foram grande parte disso. Nós adicionamos os metais, um quarteto de cordas e percussão, o que os enriqueceu. Mas eu também estava procurando por uma personalidade especial nas suas vozes. Mais uma vez, o que você coloca em frente a um cantor, consegue deles uma atitude diferente no espaço. Então eu disse a eles que queria experimentar esses microfones de fita antigos e mostrei fotos do Bing Crosby e Elvis usando microfones RCA. Eu também mostrei as fotos para a MTV e os sugeri como um elemento elegante para o show - algo como um retorno vintage. Não apenas para o som, mas também para o visual. Fez todo o sentido para mim, mas os câmeras odiaram no início, porque elas são muito grandes. Mas nós trabalhamos juntos e eles conseguiram ajustar os seus ângulos para conseguir diferentes tomadas, e isto deu ao Los Tigres uma personalidade sônica que é muito importante. Qualquer vazamento que tenha ocorrido, foi somente parte de todo o processo. Nós fizemos isso no Hollywood Palladium, que é também outro teatro legendário. No final das contas, você faz tudo dar certo se você gosta do som que está obtendo. O KU4 conseguiu suavizar muitas coisas e você somente aumenta o fader e tudo parece ótimo. A banda ficou completamente impressionada e muito feliz. Até mesmo nos seus monitores in-ear eles podiam escutar todos os detalhes. E teve esse

look industrial e vintage. Os responsáveis pela imagem abraçaram a ideia e criaram um visual único para a coisa toda. Então eu acho que funcionou bem e nós ganhamos os Grammys para comprovar isso Falando dos KU4 nos vocais principais, você pode nos contar um pouco sobre o álbum que você fez com o superstar argentino Leon Gieco em 2011? Eu falei com o Leon Gieco outro dia, e de todos os álbuns que nós fizemos, este é o que ele mais gosta. E nós fizemos quatro ou cinco álbuns juntos! Nós usamos o KU4 para sua voz principal e nós tínhamos um par de A440 no EatWest Studio 1 (o antigo United/ Western Studio), onde nós gravamos a banda. Nós tínhamos Jim Keltner na bateria, Jimmy Johnson no baixo, Dean Parks e Mark Goldenberg nas guitarras. É como um time dos sonhos para uma banda. Você aperta “Gravando” e sabe que a tomada será ótima. O som principal da bateria naquele álbum é dos AEA A440 na grande sala. Nós tivemos algumas Neumann U87s nos toms, mas o som principal é desses A440s passando por Fairchild 660s para um gravador de fita Ampex ATR124, que é uma das melhores máquinas de som. Nós fizemos coisa de duas ou três tomadas para 24 pistas, nenhuma lista de músicas no Pro Tools, todos estavam tocando ao vivo. Leon estava cantando ao vivo também, e mais tarde nós “picotamos” algumas de suas partes. Obviamente você não pode editar e mover nada em fita a não ser que você queira editar a fita multipista, e isso deixa todo mundo em um estado de espírito diferente. Músicos são artistas, então se eles têm o instrumento certo na sua frente e o microfone certo, e estes estão passando pelo equipamento certo, eles ficam entusiasmados. Então, você está cuidando da sua meta, e eles vão fazer o mesmo. Isso os deixa um pouco excitados. Não há nada

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de errado em fazer isso. É o que nós fazemos todos os dias. O som da bateria está incrível neste álbum. Tive aqueles A440s bem comprimidos e estavam hitting tape hard. Jim realmente fez o som do álbum. Então nós gravamos em fita e no Pro Tools ao mesmo tempo e então transferimos a fita para o Pro Tools mais tarde, para que pudéssemos terminar os overdubs. Mas foi engraçado comparar os waveforms de um para o outro. Tudo que passa pela fita tem a limitação do gravador e da fita, o que é bem legal, mas é um som particular. Para este álbum, isto simplesmente funcionou. Agora que a maioria das pessoas está gravando digitalmente, você acha que os microfones de fita se tornaram ainda mais úteis? Definitivamente! Eu tive muita sorte em começar a gravar de forma analógica e usar os estúdios há vinte anos. Era caro ter um estúdio, porque você precisava comprar todo o equipamento, como bons consoles e bons pré-amplificadores, um gravador de fita Studer ou Ampex e você ainda estragava meia fita. Então nós nos acostumamos àquele som. Usar o digital é definitivamente ter que trabalhar mais para obter o mesmo “calor” (o que quer que isso signifique). Na minha opinião, nós nos acostumamos com as “não-linearidades” da fita. Com a gravação digital, é como se alguém tivesse limpado a janela e tudo estivesse bem em frente a você. Todo o ataque, os transitórios, tudo isso. Eu acho que para aproveitar ao máximo a tecnologia digital, você definitivamente precisa prestar mais atenção ao fato de ter microfones e préamplificadores com diferentes “personalidades”. Você só precisa acertar tudo antes de ir para fita ou CD. Se sua cadeia de gravação é

Leon Gieco

boa, funciona bem. Eu adoro conseguir captar exatamente o que estou escutando e isso não muda depois Quando íamos gravar, era preciso começar acrescentando highend na hora de mixar, pois já não havia mais. Principalmente se você trocou de máquinas e teve diferentes cabeçotes. Soava ótimo, mas era bem trabalhoso também. Agora você tem opções para dias e a gravação digital, especialmente em 96 kHz, está perto de uma imagem perfeita do que você possui. Você não vai acrescentar tanta personalidade uma vez que esteja dentro da caixa. Então, usar os microfones certos e dar personalidade antes de usar Pro Tools é definitivamente importante, porque faz com que tudo fique muito mais fácil depois. Então você não precisa fazer tanto processamento na caixa ou então voltar através do lado externo. Então o projeto do Juanes Unplugged foi gravado em 96 kHz? Sim, foi gravado em 96 kHz, e depois tivemos que baixar para 48 kHz para a pós-produção do vídeo. No entanto, agora você pode até mesmo enviar arquivos de 96 kHz para masterização para iTunes. Mas eu masterizei o CD e o DVD, e para o DVD nós tivemos que baixar para 48 kHz/ 24 bit. Pelo menos ainda são 24 bit. Quando está mixando, há algo que perceba que é diferente em relação às faixas gravadas com os

microfones de fita em comparação com outros microfones? Bem, é a sua personalidade. Principalmente nos vocais, às vezes pode ser mais fácil colocá-los no mix, porque eles possuem uma resposta diferente. Há algo em relação a forçá-los e comprimi-los. Você pode precisar acrescentar algum high end, porque eles tendem a ser um pouco mais escuros. Eu tenho usado o pré-amplificador RPQ com o impulso de alta frequência para isso, o que funciona muito bem. O RPQ é perfeito para isso. Mas, sobretudo nos vocais, você tende a usar menos EQ no resto das frequências, a não ser na extremidade superior. Você acrescenta um pouco de compressão e simplesmente se encaixa bem. Mais uma vez, é muito difícil generalizar. Você tem que considerar o cantor, a música, e que tipo de som você está buscando, mas há algo sobre como os microfones de fita respondem que às vezes torna mais fácil para mim colocá-los na mix. Nos metais principalmente, até mesmo plano sem equalização, em gravações instrumentais. Você pode apenas aumentá-los e eles ficam com aquele som elegante. Geralmente, colocar o microfone certo em qualquer instrumento é começar de uma forma muito mais fácil. E se você possui diferentes microfones para usar, então você pode escolher e decidir. Em que você está trabalhando atualmente? Neste momento nós estamos trabalhando em algumas músicas para um artista com Victor Indrizzo na bateria, aqui na Igloo Music, que é onde eu usava um AEA R44CX como uma sala mono através de um Universal Audio LA-610, que soava maravilhosamente bem. O LA610 tem controles de entrada e saída, então você realmente pode incrementar do seu jeito.


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Equipamentos de ponta e pesquisa sonora garantiram qualidade à gravação

OS DEZ DE AVIÕES DO

O show aconteceu no Forró do Sítio, na cidade de Eusébio, a 60 quilômetros de Fortaleza. O espaço teve dois palcos: um na lateral esquerda, para as bandas de baile e a dupla sertaneja César Menotti e Fabiano, e outro, no centro, para os aniversariantes da noite. Miguel Sá redacao@backstage.com.br Fotos: Internet / Divulgação Revisão técnica: José Anselmo “Paulista”

À

s duas horas da manhã, as cerca de 30 mil pessoas presentes já haviam curtido as atrações do palco secundário, mas o cansaço passou longe. Quando o Aviões do Forró entrou no palco principal, o local explodiu, com as pessoas dançando sem parar até as sete da manhã. O público pode não saber disso, mas ele também viu uma prova de como o áudio brasileiro amadureceu nos últimos dez anos. Além do sucesso consolidado das músicas do grupo, o uso de equipamentos de ponta e uma bem cuidada pesquisa sonora proporcionaram a qualidade que garantiu o entusiasmo do público para o registro do terceiro DVD do grupo.

SONORIZAÇÃO O evento foi grande. Por isto, o áudio do show é uma história de muitas parcerias. Quem pilotou o som foi Tibério Gama Cardoso, mais conhecido como Tibasom, de 36 anos, 18 deles dedicado ao áudio. Ele entrou na banda substituindo Roberto Silva, o Marujo, também presente na festa. “Começou meio difícil. Tivemos que dar uma melhorada nos timbres usados no forró, que eram muito rústicos”, relembra Marujo, hoje dono de uma empresa de som. Para a sonorização do ambiente, Tiba fez questão de usar o sistema line array da Machine. Por meio de Walmy Bastos, re-


ANOS FORRÓ presentante da empresa na Bahia, Tiba conseguiu os equipamentos com as empresas Torres Som, de Alagoinhas, e Tek Audio Sonorização, de Ubaitaba. Elas forneceram um total de 64 caixas Mach Line 4.8, além das 30 SB 218 para subgraves. Tiba trabalhou em conjunto com a equipe de engenharia da Machine para projetar a cobertura sonora do ambiente. A gravação do DVD fez com que fosse necessário tomar cuidado especial com o volume do PA, que não podia ser muito alto. “Eu trabalho em sincronia com o pessoal do Estúdio Carranca. Não

posso fazer um PA muito alto porque vira bagunça na mixagem. Por isto, tenho torre de delay, front fill e mais as caixas dentro do camarote (para poder não aumentar muito o volume do PA). Está cheio de microfones shot gun, tem que ter cuidado com o volume. Estou sonorizando um ambiente, então tem que ter o delay. Não é só colocar 12 caixas de um lado e

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Uns 15 dias antes do evento nos foram enviadas todas as plantas da área e a estrutura que iria ser utilizada, o que foi fundamental para dimensionarmos a quantidade de equipamento e onde eles deveriam ser utilizados (Walmy Bastos)

Da esquerda para a direita: Tiba, João Carlos, Marujo e Walmy

Cada torre de delay teve 8 caixas Mach 4.8

Equipes trabalharam juntas

12 do outro”, ressalta Tiba. Walmy Bastos também foi o responsável da Machine pelo suporte técnico no local do show. “Uns 15 dias antes do evento nos foram enviadas todas as plantas da área

e a estrutura que iria ser utilizada, o que foi fundamental para dimensionarmos a quantidade de equipamento e onde eles deveriam ser utilizados”, detalha. O sistema line array de PA usou 32 cai-

Parcerias dão o tom da festa A dimensão do evento fez com que João Carlos, sócio da Machine, acompanhasse o evento pessoalmente com Rocha, o representante da empresa no Ceará. Elder dos Santos Torres, da Torres Som, e Wilde Queiroz, da Tek Audio, também estiveram lá para conferir o suporte ao evento. “Nós temos experiência no mercado de som, e procuramos sempre o melhor. Tivemos o conhecimento de que a Machine estava lançando produtos de qualidade e resolvemos trocar nosso sistema. Fomos bem atendidos, gostamos do equipamento e por isto estamos aqui”, declara Wilde. “Prefiro usar equipamento nacional para valorizar a indústria brasileira e, além do mais,

este é um excelente equipamento”, diz Elder. Dois dias antes do show, também houve uma apresentação do PA para técnicos de som da região. Augusto Castro, da AC Produções, que trabalha em conjunto com a Explosão Som e Luz, se entusiasmou com o som. “Não é fácil colocar à prova o produto e, graças a Deus, hoje a indústria nacional está se superando, mostrando capacidade de concorrer com os internacionais”, enfatiza o empresário. João Carlos comemora o sucesso. “O principal objetivo aqui é divulgar o line array da Machine no estado do Ceará, tendo em vista que já temos 80% da amplificação daqui”, completa.


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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 142 Sistema de line array foi composto por 16 caixas Mach 4.8, por lado

xas Mach 4.8 (16 em cada lado) e 16 no delay (oito em cada lado). Quatro caixas do mesmo modelo

foram distribuídas na frente do palco e mais quatro foram usadas no

Aviões do Forró Carlos Artistides e Isaias Duarte, sócios da A3 Entretenimento, procuravam nacionalizar o som do forró no início da década de 2000. “Quando lançamos uma banda de forró, queríamos uma banda diferente , que fosse jovem. Pegamos o forró e levamos para onde o sertanejo, o axé e o rock estão”, conta Isaias. Carlos Artistides, filho de Zequinha Aristides, pessoa importante no cenário do forró, é o responsável pela construção do som da banda. Ele afirma que a internet e as mudanças no mercado fonográfico mudaram as estratégias de lançamento de música. “Nós sempre procuramos equilibrar a agenda de shows com o ensaio, elaborando novidades para o público, porque hoje está muito dinâmico, muito rápido, as coisas acontecem rápido e, se não acompanhar, fica para trás. Hoje lançamos uma música por mês e, no final do ano, lançamos um CD completo com 12 músicas já testadas, já aprovadas, e mais duas ou três inéditas. Até uns cinco anos atrás, lançávamos um CD por ano, todo inédito, a partir daí é que o trabalho ia ser conhecido”, exemplifica.


Sistema se encaixa esteticamente na estrutura do palco

Tiba e Claudinho apostam nos line arrays da Machine

camarote, que ficava ao lado do palco. Vinte e quatro subs SB 218 reforçaram o PA e duas foram usadas no camarote.

Nos tons eu uso o E904, na percussão também, a maioria Sennheiser, e os cantores Xande e Solange usam o SKM 5200 (Tiba) As caixas usaram os amplificadores Machine 2.8 SD, de 1800 watts; 6.0 SD, de 6000 watts; e 14.0 SD, de 14000

watts. O rack de processamento contava com três Lake LC 26 para o PA, um dbx 4800 para as torres de delay e um dbx 260 para os front fills. Na housemix, Tiba gosta de trabalhar com as ferramentas da Digidesign. Ele operou o som por meio de uma Digidesign Venue Profile da Torres Som. Como tem dois i-Locks, ferramentas que permitem o uso dos plug-ins da Waves, ele pode explorar bastante este recurso de processamento. Na configuração usada no show, ela estava com 48 canais. Para a captação dos instrumentos acústicos e das vozes, os microfones mais usados por ele na captação da banda são os da Sennheiser. “Nos tons eu uso o E904, na percussão também, a maioria Sennheiser, e os cantores Xande e Solange usam o SKM 5200 com a bobina MD5235; mas para os metais fui atrás dos microfones da AudioTechnica”, diz Tiba.

Palco secundário O palco das atrações de abertura teve os equipamentos da Projesom, empresa de Fortaleza. Foram duas Yamaha PM5D – uma para PA e outra para o monitor de Cesar Menotti e Fabiano. As outras bandas tiveram a Yamaha M7CL para o monitor. A amplificação dos line array da DAS, Aero 38, eram Machine, com os modelos PSL para o PA e a linha SD nos subs. Foram usados cerca de 40 amplificadores

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br Equipe da A3

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SOM NO PALCO Para a gravação do DVD, a configuração do equipamento de palco teve de ser mudada, principalmente por causa dos convidados Dorgival Dantas e a dupla César Menotti e Fabiano. “Normalmente trabalho com até 24 auxiliares. Aqui tivemos que fazer um acoplamento de mais auxiliares por causa dos convidados”, diz o técnico de monitor Luis Cláudio Pereira Filho, o Claudinho, com a banda há sete anos. Por conta da gravação, guitarras, violões e baixo foram colocados em linha e um biombo acrílico foi colocado para a percussão, além do que já era usado na bateria. Ainda que houvesse a preocupação de deixar o palco o mais limpo possível, foi usado um par de sistemas line array Mach 4.8 como sidefill com oito caixas de cada lado, mais quatro subs. “Normalmente usamos monitores de chão para o Alexandre e amplificadores para baixo e guitarra, mas hoje está tudo em linha”, expõe Claudinho. Os sistemas de in-ear usados foram os SR 2000 e EK2000 IEM, além dos SR 300 (G3).

produtor musical Emanuel Dias. O estúdio levou uma equipe de Line Machine também para o side no palco três pessoas: Junior Evangelista, no patch da UM; Brupara o topo da caixa e os AKG 451 no Lins, como operador do rack de nos over. O sinal chegava em 48 capalco; e Luis, como roadie, os três nais no Pro Tools HD da unidade sob a coordenação de Gera Vieira. móvel após passar por 16 canais Uma das principais tarefas na gravacom pré-amplificadores Neve 9098, ção de um DVD é a captação da API e Focusrite. Estes 16 canais plateia, feita com oito microfones: eram convertidos nos Apogee AD16. quatro shot guns da Audio-TechOs 32 restantes passavam pela connica, dois da Rode e mais dois versão analógico/digital dos précardioides NT5, também da Rode. amplificadores Mackee Onix 800R. Na captação de instrumentos, foram “Nós misturamos esses prés com a usados também o Sennheiser 441 conversão Apogee na bateria e na

GRAVAÇÃO DO DVD A unidade móvel de áudio do Estúdio Carranca foi escolhida pelo

Sandro, da Torres Som, mostra amplificação Machine usada no evento


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Globais fizeram a apresentação do show do Aviões do Forró

Tiba gosta de usar as mesas Venue/ Venue Profile

No rack de processamento, equipamentos Lake e dbx

voz dos cantores principais. Os Mackee ficam para o restante da banda: baixo, guitarra, acordeom e sopros”, explica Gera Vieira. Na unidade móvel, o áudio dos instrumentos gravados no Pro Tools era enviado para as caixas KRK V8 pela mesa Yamaha 02R. Os ambientes chegavam na mesa Yamaha 01V. O diretor técnico do Aviões do Forró, Melksedec, operou a gravação do áudio do show.

jam o Brasil inteiro e têm o mesmo sucesso que gêneros como o sertanejo e o axé tinham na época. Também há dez anos, apenas as empresas de som do Sudeste tinham acesso aos equipamentos de ponta. Hoje, empresas de alcance regional também oferecem o que há de mais avançado. E o melhor é que a indústria brasileira também está neste pacote.

Para saber online

SUCESSO O cuidado na produção também é parte da razão do sucesso que o forró do Aviões faz no Brasil. Em 2002, o ritmo ainda era um movimento regional, com o epicentro no Nordeste, e hoje é um fenômeno nacional, com bandas que via-

http://machineamplificadores.com.br/ www.a3entretenimento.com.br/ www.avioesdoforro.com.br/


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20ª MARCHA PARA JESUS A 20ª edição da Marcha para Jesus reuniu 335 mil pessoas durante todo o dia 14 de julho, segundo o Datafolha. O evento ocorrido na cidade de São Paulo exalta o crescimento da igreja evangélica em todo o país. O público marchou entre a Estação da Luz (centro) até a Praça Heróis da FEB (zona norte), local onde ocorreram shows de música gospel até as 22h. O líder da marcha, Estevam Hernandes, da Igreja Renascer em Cristo, afirmou que a presença de público chegou a 5 milhões de pessoas, ao longo de todo o dia,. Já segundo o cálculo do Instituto Datafolha, o maior número de pessoas concentradas foi na hora dos shows, chegando a 217 mil espectadores.

6º CONGRESSO JOVEM DA CATEDRAL BATISTA Em sua turnê do primeiro CD solo, Deus Vai Te Levantar, Davi Passamani tem viajado por todo o Brasil e exterior. Através de canções marcantes como Ressuscita e Última chance, ele tem ministrado a Palavra e dessa vez o cantor retornou a cidade de Lagarto, Sergipe, entre os dias 20 e 22 de julho para pregá-la, durante o 6º Congresso Jovem da Catedral Batista com realização no templo da igreja. Com o tema Eu sou um verdadeiro adorador, o Congresso foi aberto ao público com entrada franca.

Oséas de Oliveira na 2ª Conferência de Provisão e Vida De 8 a 12 de julho, às 19h, a Igreja do Evangelho Quadrangular Templo dos Anjos, em Juiz de Fora, Minas Gerais, realizou a 2ª Conferência de Provisão e Vida. O pastor e também autor dos livros Dinheiro, um assunto espiritual e Deus X Mamom, Oséas de Oliveira, foi o escolhido para pregar a

Palavra de Deus. O evento teve a participação do cantor Marquinhos Gomes, que ministrou o louvor. A Conferência possuiu o objetivo de ressaltar os milagres advindos da provisão de Deus, além de ajudar aos membros da igreja a aprenderem a lidar com a área financeira.

Ana Paula Valadão no programa de personalidades O programa O maior brasileiro de todos os tempos, que estreou no SBT dia 11 de julho, teve uma presença inesperada. A Líder do Diante do Trono, Ana Paula Valadão Bessa, surpreendeu a todos ao ficar na 97ª colocação. O programa consiste em uma votação online, onde milhares de telespectadores opinam sobre a maior personalidade existente na história do país. O grupo Diante do Trono completa

15 anos de atuação, consolidando-se como um dos maiores Ministérios do país. A versão brasileira do programa está sob o comando do jornalista Carlos Nascimento. Sucesso em vários países, personalidades famosas já foram eleitas como os maiores da história. Na Inglaterra, por exemplo, Winston Churchill foi o grande vencedor. Já na Itália, Leonardo da Vinci foi o escolhido.

Projeto de Lei da música gospel O Projeto de Lei n° 178/2012, que reconhece a música gospel e os eventos a ela relacionados como manifestação cultural, do deputado estadual Esmael de Almeida (PMDB), vai possibilitar o apoio público e a concessão de incentivos à

arte cultural religiosa. Ele leva em consideração a dificuldade que o movimento gospel possui para conseguir apoio para eventos de grande porte. Por ser de natureza evangélica, os eventos não se enquadram no conceito de cultura.

DIANTE DO TRONO CANTA JOÃO PESSOA O Canta João Pessoa, um dos maiores eventos da Paraíba que visam à evangelização, teve a presença do Diante do Trono, no dia 27 de julho. O evento teve como finalidade incentivar jovens e adolescentes a permanecerem na fé em Cristo e levar aos jovens uma mensagem de paz e fé, por meio da música. Além do Diante do Trono, se apresentou no Canta João Pessoa a banda carioca Quatro por Um.

Gospel em Manaus Para celebrar seus 30 anos de ministério, o Pastor Silas Malafaia reuniu cerca de 200 mil pessoas durante o Vida Vitoriosa para Você, evento que aconteceu no Anfiteatro da Praia de Ponta Negra, entre os dias 25 e 26 de agosto. A megainfraestrutura contou com

30 toneladas de equipamentos, entre painel de LED de 200 metros quadrados e sistemas de sonorização e de iluminação, usados para compor o palco temático de 800 metros quadrados. O encontro teve apoio das igrejas evangélicas do Amazonas.


KARINA CARDOSO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR Regis Denese grava clipe e programa... ...na presença da família Produzido pela MK Music, o novo CD de Regis Danese, Tudo Novo, traz a faixa Deus da Família, que teve seu clipe gravado no dia 11 de julho em Belo Horizonte. Toda a família do cantor participou das filmagens - sua esposa Kelly e seus filhos Bruno e Brenda. A canção faz parte do primeiro álbum de Regis, que tem todas as suas músicas focadas na família e possui vários duetos de Regis com sua esposa. O cantor ainda participou da gravação do programa Tudo é possível, de Ana Hickmann. A apresentadora gravou uma matéria com diversas famílias que possuem casos de leucemia em crianças. A filha de Regis, Brenda, está no meio de um tratamento contra a doença.

Palco Gospel no Festival de Inverno... ...de Garanhuns (PE) Do dia 12 a 21 de julho o público de Pernambuco teve dias de arte e cultura. O 22º Festival de Inverno de Garanhuns, que é considerado patrimônio turístico e cultural do estado de Pernambuco, apresentou atrações de teatro, cinema, dança, exposições, música, entre outros, incluindo o show de Marquinhos Gomes. O evento é um projeto que tem como objetivo misturar diversos estilos musicais, podendo assim atrair um público maior, que se reúne em praças, parques, escolas, galerias e no Centro Cultural de Garanhuns. Pela sexta vez, foi montado o Palco Gospel, no Colégio XV de Novembro, que, além da participação de Marquinhos Gomes, teve a apresentação de Asaph Borba, Gerson Rufino, Alessandra Samadello e muitos outros.

4ª EXPO GOSPEL CABO FRIO Cabo Frio recebeu do dia 19 a 21 de julho mais uma edição da Expo Gospel. O evento, que é uma realização da Prefeitura em parceria com a Igreja Assembléia de Deus de Cabo Frio, foi realizado no Espaço de Eventos da cidade. Diversos artistas da área participaram, incluindo nomes como Marquinhos Gomes, Bruna Karla, Fernanda Brum, Thalles Roberto, PG, Pregador Luo, David Quinlan e Fernandinho. Considerada uma referência em toda a região sudeste, a Expo Gospel Cabo Frio foi organizada pelo pastor e cantor Lívingston Farias. O evento teve como principal objetivo a adoração a Deus, através da música.

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EXPOCRISTÃ DEMONSTRA O CRESCIMENTO DA INDÚSTRIA GOSPEL A Expocristã, feira de negócios que reúne artistas, gravadoras, editoras e comerciantes ligados ao mercado de produtos religiosos e que acontece entre os dias 25 e 30 de setembro de 2012, mostra um crescimento substancial na área gospel, principalmente no âmbito fonográfico. Inúmeras empresas como Som Livre e Sony Music tiveram sua importância aumentada neste mercado. Nesta edição, a maior feira de produtos gospel terá lançamentos de CDs e DVDs, livros, materiais teológicos, entre outros.

Eyshila tem

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mais um lançamento

ANDRÉ VALADÃO VOLTA À TELEVISÃO Totalmente reformulado, o programa Fé, com André Valadão como apresentador, voltou para a programação da Rede Super de Televisão. Paralelamente ao trabalho de apresentador, André também atua como pastor e cantor. Nesta nova fase de seu programa, o primeiro convidado foi o artista Marcos Almeida, da banda Palavrantiga. Com música e ministração da Palavra de Deus, Fé é transmitido de segunda à sexta-feira, às 22h.

Eyshila foi indicada duas vezes ao Grammy Latino e ganhou vários Discos de Ouro e Platina. O DVD MK Clipes Collection Eyshila é o registro audiovisual de um dos grandes nomes da música gospel da atualidade. Com 20 anos de ministério, não foram poucos os momentos registrados pela gravadora. Neste novo DVD estão 24 vídeos, entre clipes (17) e apresentações ao vivo, como bônus. Do seu mais novo projeto, Sonhos Não Têm Fim (que faz

parte do álbum de sucesso de mesmo nome, que acabou de alcançar o Disco de Ouro), ao Tira-me do Vale (carrochefe do seu primeiro CD pela MK, que foi responsável por tornar a cantora conhecida nacionalmente). Passando por Na Casa de Deus (que rendeu o primeiro Disco de Ouro de Eyshila) e o clipe em espanhol Habla Conmigo. O DVD ainda conta com eventos como Canta Rio 98, Canta Rio 99, Canta Brasil, Canta Rio 2002, Canta Rio 2006, Louvorzão 2010 e O Cristo da Paixão.

RAPHAEL COUTINHO E ALINE SING DIVULGAM TRABALHOS NO RJ Os cantores Raphael Coutinho e Aline Sing estiveram no Rio de Janeiro para divulgar seus CD’s Sou Livre e Te Adorar. Além de participarem do culto de consagração de seus trabalhos na Igreja Batista Central do Redentor, em São João de Meriti, eles visitaram programas de rádio e TV locais.

Aline Barros lança CD e DVD 20 anos Gravado em Paulínia (SP), os dois novos trabalhos possuem canções que marcaram toda a carreira da cantora gospel, como Recomeçar, O poder do seu amor, Guarda a tua fé, entre outras. A participação do artista internacional Michael W.

Smith também é um diferencial neste novo álbum. O DVD também conta com uma grande produção e ainda a participação de Abraham Laboriel e Tom Brooks, figuras importantes no início da carreira de Aline.


KARINA CARDOSO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR Clipe supera 40 mil visualizações

A canção Marcharemos, do último CD Santo é o Senhor, da banda Fogo de Sião, virou o videoclipe oficial para divulgação das marchas para Jesus em todo o Brasil e, em somente três meses, alcançou mais de 40 mil visualizações no canal oficial da banda, tornando-se um sucesso na web. O grande diferencial do videoclipe é a possibilidade de personalização conforme o evento que o utilizará. Os organizadores das marchas podem entrar em contato com a banda e solicitar a modificação necessária para o perfil da marcha em questão. Marcharemos já foi utilizado em eventos de várias cidades, entre elas Curitiba, Foz do Iguaçu, Mogi das Cruzes, Mogi Guaçu, São Paulo, Guarulhos e Salvador.

FERNANDA BRUM RENOVA COM MK Fernanda Brum, membro da família MK Music há 18 anos, renovou mais uma vez o seu contrato com a gravadora, com uma grande festa. Em sua caminhada na música gospel, foram lançados 10 CDs solos, dois CDs em espanhol, quatro DVDs, além dos álbuns Amigas e trabalhos com o Grupo Voices. Em fase final para o lançamento de seu novo CD Liberta-me, 10º trabalho inédito da cantora pela gravadora, Fernanda relembrou, na festa de renovação, todos os prêmios conquistados. Doze Discos de Ouro, cinco Discos de Platina, três Discos de Platina Duplo e dois DVDs de Ouro fazem parte da história da artista.

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Lançamentos Novo Conceito, Nova Unção Banda Giom Além dos irmãos Adelson, Adilson e Dirceu, o terceiro CD da banda, Novo Conceito, Nova Unção, produzido pela MK Music, conta agora com o amigo Dedy, que tornou-se o baixista da banda. As canções de fé e superação foram inspiradas na infância sofrida que a família teve no Espírito Santo. A banda já existe há mais de 20 anos, porém a carreira fonográfica só foi iniciada em 2008, pela MK Music. O álbum tem 13 músicas e uma levada pop. Ele passou por uma mudança natural e um aprimoramento perceptível, segundo o comandante do vocal, Adelson Freire.

redacao@backstage.com.br

Levanta Tua voz Wilian Nascimento Cheio de baladas românticas e até sertanejo universitário, o novo CD de Wilian Nascimento, Levanta tua voz, explorou inúmeras vertentes, antes não conhecidas em seus últimos trabalhos. Seu último CD, Agir de Deus, recebeu o Disco de Ouro. As maiores novidades deste novo álbum do cantor inclui a participação de várias crianças na faixa Ele é e a possibilidade de visualização do clipe Pelo Telhado, através do QR CODE. O clipe está disponível como uma espécie de código de barras através de iPhone, iPad com câmera ou smartphones que possuam sistema Android.

Do outro lado Andrea Fontes

Do jeito de Deus Gislaine e Mylena O primeiro CD da dupla, Do jeito de Deus, lançado pela MK Music, traz uma inovação tecnológica: acesso exclusivo ao clipe Vou Voar, através de QR CODE. A dupla convidou o amigo Adelson Freire, vocalista da Banda Giom, para organizar a produção. Neste álbum, a dupla consegue misturar sertanejo universitário com outras vertentes, como pop pentecostal, tradicional, e ainda inclui o country norte-americano, com guitarras still, violões e violinos.

Tempo de romper Tatiana Malafaia O segundo trabalho de Tatiana Malafaia, Tempo de Romper, lançado pela Central Gospel Music, lançou mão de diversos recursos musicais e ainda conta com a participação de uma orquestra na faixa Canção de Rispa.

Vigésimo segundo da carreira de Andrea Fontes, e 5º pela MK Music, a música de trabalho, Chegar do Outro Lado, sintetiza o novo álbum, que tenta transpor o sobrenatural através do poder de Deus. O CD reúne todos os melhores trabalhos que Andrea produziu durante sua carreira. Vale mencionar faixas como Palavra de Jeová, Mulher Vitoriosa e Deus Vivo, de Edison Coelho, que ganha novo tom na voz da cantora.


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O samba perde um pouco Músicos lembram o legado de Ed Lincoln, criador do sambalanço e precursor no uso da tecnologia na música, que morreu em julho Alexandre Coelho redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

do balanço N

o dia 16 de julho de 2012, a música perdeu o talento de Ed Lincoln, aos 80 anos, no Rio de Janeiro. O músico, arranjador, compositor e produtor musical foi um dos criadores do sambalanço, espécie de samba com um suingue especial, temperado com o funk, o soul e outras derivações da black music americana. Essa nova música, que tirou para dançar o Brasil dos anos 60 e 70, era voltada para os bailes e também ficou conhecida

como samba-rock. Não por acaso, Lincoln ficou famoso naquele período como o “Rei dos Bailes”, especialmente entre as gerações que frequentaram as festinhas regadas a cuba libre e hi-fi. Ao longo dos 60 anos de carreira, Ed Lincoln trabalhou com músicos como Orlandivo, Wilson das Neves, Silvio César e outros. Também lançou crooners do porte de Emílio Santiago e Tony Tornado, além de influenciar músicos do


Ed Lincoln era conhecido como Rei dos Bailes

nível de Ed Motta. “Fiz parte, como crooner, da última formação do conjunto dele”, lembra Emílio Santiago. “Fui levado por Durval Ferreira, que fazia parte do conjunto e também foi quem me levou para gravar o meu primeiro disco (Bananeira, de 1975). Como já era conhecedor do repertório, isso me facilitou bastante a convivência com o maravilhoso grupo de músicos que faziam parte do conjunto. Estava começando a minha carreira e poder estar em contato com a música e o som dele é uma lembrança que levarei para o resto da minha vida. Tive tempo de homenageá-lo em vida com o CD e DVD Só Danço Samba, lançado pela Santiago Music”, fala. Tony Tornado também lembra com carinho o início de carreira ao lado de Lincoln. “Comecei a trabalhar como crooner na banda do Ed Lincoln no final dos anos 60. Cantei de 1968 até 1970 e, com certeza, foi meu chão, onde desenvolvi toda a técnica do improviso. Sem dúvida, trabalhar com Ed Lincoln foi muito importante para a minha carreira. Devo muito a ele!”, elogia.

A importância de Ed Lincoln para a música brasileira, porém, vai além das misturas musicais, das parcerias e das descobertas de talentos. Lincoln foi um dos pioneiros no uso da tecnologia em prol da criação musical, especialmente com o uso do sintetizador. Ainda nos anos 80, período em que o analógico reinava soberano, aprofundou seu interesse na parceria entre a música e o computador. Um dos resultados de suas pesquisas veio em 1988, quando lançou Toque Novo, álbum gravado em um microcomputador.

O INÍCIO Eduardo Lincoln Barbosa Sabóia nasceu em Fortaleza, Ceará, em 31 de maio de 1932. Ainda na capital cearense, esboçou uma carreira de jornalista, trabalhando como revisor e redator no Jornal do Povo. Em 1951, decidiu se mudar para o Rio de Janeiro, então capital da República, onde começou a carreira artística tocando baixo em clubes e jam sessions. Ainda nos anos 50, trabalhou ao lado de Luiz Eça e Dick Farney – além de conhecer nomes como Johnny Alf – e fez parte dos conjuntos de casas noturnas, como o Trio Plaza (Lincoln no baixo, Luiz Eça no piano e Paulo Ney na guitar-

ra), que tocava no Hotel Plaza, com o qual chegou a gravar um disco, Uma Noite no Plaza. Quatro anos se passaram desde sua chegada ao Rio até que Lincoln montasse seu próprio conjunto e fizesse sua primeira gravação, com o compacto Amanhã Eu Vou / Nunca Mais. Do contrabaixo para o piano e, mais tarde, para o órgão Hammond, foi um pulo. Foi com esse instrumento, em especial a partir dos anos 60, que Lincoln lapidou sua identidade musical, o tal samba suingado, feito para os salões de dança. “Ed Lincoln, Durval Ferreira e Orlandivo foram os responsáveis pelo surgimento do sambalanço, do samba-jazz e do samba-rock. Seu conjunto de baile foi o melhor do seu tempo. Era o único conjunto de baile que tinha música própria, que era feita por ele mais Silvio César, Durval Ferreira, Orlandivo e Humberto Garin. Músicas que logo se transformaram em sucessos através dos discos que ele lançou nos anos 60. Artur Xexéo definiu muito bem o som de Ed Lincoln: ‘Ele fazia a bossa nova dançante’”, recorda Emílio Santiago.

ACIDENTE Em 1963, ano em que lançou o clássico Seu Piano e Seu Órgão Espetacu-

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Ed Lincoln teve uma grande importância na música brasileira e, por que não dizer, na música mundial. Com seu jeito peculiar de tocar o órgão, ele foi um dos criadores do sambalanço, como era chamado na época, nos anos 60 (Tony Tornado)

Emilio Santiago, uma das descobertas de Ed Lincoln

Tony Tornado foi crooner de Ed Lincoln

lar, álbum com releituras para músicas como Só Danço Samba e Influência do Jazz, Ed Lincoln sofreu um grave acidente automobilístico, que o obrigou a uma recuperação que durou sete meses. Em 1964, já curado, lançou o disco A Volta, e deu, nos anos seguintes, prosseguimento à bem-sucedida trajetória nos bailes. A década de 70 começou com novidades na carreira, com o músico passando a se dedicar mais a jingles e trilhas sonoras. Sempre ligado em tecnologia, antecipou o futuro ao fazer experiências com o uso do computador na criação musical ainda nos anos 80, e lançou Toque Novo, gravado em um computador, em 1988. Nos primeiros anos do novo século, sua obra começou a atrair a atenção de DJs britânicos. Nessa época, Ed Motta convidou o músico para tocar órgão na música Conversa Mole. Ed Lincoln voltou aos palcos, depois de décadas de afastamento, em 2003, quando se apresentou na série de shows Sambalanço, a Bossa que Correu o Mundo e no espetáculo Saudade Fez um Samba, ambos no Rio. A saúde frágil – especialmente em função dos problemas pulmonares e de coluna, ainda consequências do acidente de 1963 – fez com que Ed Lin-

coln se mudasse para Petrópolis, Região Serrana do Estado do Rio. Ele voltou aos estúdios, porém, em 2007, para gravar uma participação na faixa Sem Compromisso, com Marcelinho Da Lua. Em 2010, o cineasta Marcelo Almeida filmou o documentário Ed Lincoln – O Rei do Sambalanço, atualmente em fase de finalização. Em 2011, a gravadora Discobertas lançou a caixa O Rei dos Bailes, com seis discos gravados por Ed Lincoln nos anos 1960. Durante a carreira, o músico lançou trabalhos pela gravadora Musidisc, da qual foi diretor musical e arranjador, e chegou a fundar o próprio selo, o DeSavoya. Eventualmente, lançava discos com a assinatura de grupos fictícios, como The Lovers e 4 Cadillacs. Sua trajetória foi marcada por parcerias com músicos como Bebeto Castilho, Wilson das Neves, Durval Ferreira, Humberto Garin, Celinho, Cláudio Roditi, Luiz A l v e s , Paulinho Tr o m p e t e , A l ex Malheiros e Márcio Montarroyos, entre muitos outros. “Ed Lincoln teve uma grande importância na música brasileira e, por que não dizer, na música mundial. Com seu jeito peculiar de tocar o órgão, ele foi um dos criadores do sambalanço, como era chamado na época, nos anos 60, o que hoje nós conhecemos por samba-rock. Sem contar os inúmeros artistas que foram influenciados por ele”, lembra Tony Tornado.


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Assim é que hoje tenho que falar do Celsinho. Que figura! Bastou uma jam session onde o escutamos no velho Teresão, espaço ícone das jams de rock do Rio dos 70 para que eu e meu parceiro Guarabyra praticamente o raptássemos para a nossa banda de apoio, virgem de estrada aos recentemente feitos dezessete anos. Guarabyra não demorou a apelidá-lo de “Blues Boy”, dada a veneração que ele dedicava a B.B.King, apelido que a princípio ele renegou por óbvio, mas que colou de maneira a tornar-se sua marca indelével, coroada afinal pelo respeito dedicado a ele pelo próprio B.B. , num raro e admirável bate-e-volta de gerações e admirações. Acredito que nossa banda tenha sido a primeira a forçá-lo a seguir outros caminhos que não o rock’n’roll

FORMIGAS E CIGARRAS bye, bye,

Blues Boy J

á falei aqui que detesto necrológios. Eles me cheiram à Academia Brasileira de Letras, que sofre com aquele monte de gente à sua porta secando nossos pobres velhinhos literatos, de olho em suas cadeiras. Mas que fazer quando se leem na imprensa aqueles artigos urubuzentos, muitas vezes prontos de antemão e porcamente pesquisados por estagiários incompetentes, escravos da Wikipédia, que ignoram o fato de que o futuro só existirá com brilho se conhecermos o passado e prestarmos atenção ao presente? Simples: justiça a quem se foi.

puro que ele tocava naquele tempo. Acontece que ao básico ele somava uma misteriosa originalidade, uma linguagem toda sua, feita por dedos então ainda alheios a efeitos de pedaleira, uma coisa única, carismática, que nos conquistou à primeira vista. Mesmo sabendo que nosso “rock rural” podia não ser a praia daquele garoto aguerrido, nós fizemos questão de conquistá-lo também. E fomos pra estrada numa sucessão de shows, broncas, abraços, tombos, fracassos e sucessos, numa das fases mais turbulentas dos nossos quarenta anos de carreira. Rebelde a quaisquer combinações prévias que cheirassem a “ensaio”, Celsinho saía-se com improvisos inesperados, às vezes geniais, outras totalmente fora do contexto, que piravam nossa cabeça para o bem ou para o mal... mas naqueles breves dois anos em que estivemos juntos, tornamo-nos amigos para sempre. Radical em suas opiniões imediatistas e baseadas em dados aleatórios juntadas por sua cabeça de menino


LUIZCARLOSSA@UOL.COM.BR | LUIZCARLOSSA.BLOGSPOT.COM solitário, Celsinho arrumava uma encrenca por minuto. Mas acho que essa pseudo-rebeldia era apenas um ponto de escape, mais admiravelmente exposto na sua maneira de tocar que em sua maneira de falar. Ele nada mais era que um garoto romântico e idealista, que como outros iguais escondia essa “fraqueza” atrás de uma atitude agressiva, que com o passar dos anos amenizou-se na pessoa e permaneceu em parte na sua guitarra, ao mesmo tempo forte e melódica ao extremo, dando-nos de presente uma herança instrumental inimitável no gênero. Os presentes e futuros guitarristas de blues e rock que me perdoem, mas na minha nada modesta opinião eles vão ter que dar duro pra chegar ao nível do Blues Boy. Vi Celsinho fazer coisas absolutamente extraterrestres na sua Telecaster despedalada. Nosso grande desentendimento - na época em que ele estava em nossa banda - era sua mania de correr pra frente do palco, aumentar ao máximo o volume da guitarra e fazer dez minutos de solo numa música de três e meio. “Meu bom, as estrelas somos nós”, eu berrava na orelha dele, e ele voltava a contragosto pro fundo do palco, com cara de fúria, pra depois, no camarim, me abraçar e pedir desculpas... E eu dizia então pra ele: “Cara, você não é músico de acompanhar ninguém, vai fazer tua carreira solo. Vai cantar também, fica mais fácil”. Adoro imaginar que foram nossas discussões que o empurraram para outro caminho. Mas agora vai ficar difícil saber disso com certeza. Encontramo-nos pela última vez no festival de Três Pontas de 2010. Demos risada, lembramos nossos esotéricos anos de estrada, juntamos amigos e família em fotos inusitadas e subimos ao palco para o que eu jamais imaginaria que seria nosso derradeiro encontro musical. Tocamos juntos a “Primeira Canção da Estrada” e o “Pó da Estrada”, músicas que ele adorava desde sempre. E acho que pra reforçar a lembrança de dias passados, Celsinho recusouse a chegar à frente na hora dos solos, tocando o tempo todo ao nosso lado, com o brilhantismo e a originalidade de sempre, reforçados agora com a maturidade de um músico temperado por trinta anos de carreira. Meu querido Blues Boy, que saudades fiquei eu hoje de te dar um daqueles esporros pelas extrapoladas de solos, de ter o trabalho de sentar contigo no camarim e te exigir disciplina onde ela não podia existir, porque você era um incontrolável míssil dono da própria trajetória. Quem me dera poder te puxar da frente do palco e berrar na tua orelha aquelas coisas que te convenciam a voltar lá pro fundo. Quem me dera poder receber tuas desculpas no camarim. Mas o problema é que existem formigas e cigarras. E você era uma cigarra radical: não se escondeu do inverno, não resistiu à neve, apenas se deixou levar, roçando as asas até o último suspiro. Ou melhor, até a última nota da sua inimitável guitarra.

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