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Sumário Ano. 20 - novembro / 2013 - Nº 228
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“Mais uma edição do Rock in Rio aconteceu na cidade onde o festival surgiu há mais de duas décadas. Dividido entre Palco Mundo, Palco Sunset, Tenda eletrônica, Rock Street e o estreante Palco Street Dance, a sonorização do festival também contou com novidades, como a troca de modelos da JBL, no Palco Mundo, e a troca do sistema de PA no Palco Sunset. A Tenda eletrônica também estreou um novo conceito de palco 360°, que deve ser exportado para as outras edições na Europa.”
NESTA EDIÇÃO 20
Vitrine
38 Gigplace
A Harman traz a Si Expression, mixer de som ao vivo com efeito Lexicon FX, e a Proshows, o RedNet, da Focusrite, conversor de áudio com máxima precisão.
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Rápidas e Rasteiras Lançamento do Aeros 40A, novas edições do Avolites in Company e os microfones Audio-Technica usados no recente trabalho do Dream Theater.
62 Logic controle remoto O Logic Remote permite controlar funções e atividades de forma remota, seja por bluetooth ou mesmo por meio de rede própria.
66 Mais canais
30 Gustavo Victorino Fique por dentro do que acontece nos bastidores do mercado de áudio.
32
Em mais uma reportagem da série que conta o que fazem os profissionais do backstage, Eduardo Pelizarop fala sobre a função de sonoplasta de programas de TV.
Nesta edição, saiba como adicionar mais canais auxiliares e de efeitos no Ableton Live.
69 Cubase
Play Rec Luar pro João, que dá início às atividades do selo Tupynambá, e Batukantu, o novo trabalho do percussionista Reppolho.
34 O Som de cada PA Os técnicos de PA Roney Pires e Waldimyr Santana falam sobre as técnicas que utilizam para “tirar” o som de Gabriel o Pensador, Luiz Melodia e Timbalada.
Conheça as novidades lançadas na Expomusic como os controladores modulares da linha CMC .
96 Vida de artista Na fase em que eram apenas Sá e Guarabyra, o “Nunca”, marca a era em que a dupla passa pela fase de transição na carreira, mesclando o ainda rock rural que os consagraram com músicas mais ousadas.
Expediente Diretor Nelson Cardoso nelson@backstage.com.br Gerente administrativa Stella Walliter stella@backstage.com.br Financeiro Rafael Pereira adm@backstage.com.br Coordenadora de redação Danielli Marinho redacao@backstage.com.br Revisão Heloisa Brum Tradução Fernando Castro Colunistas Cezar Galhart, Cristiano Moura, Gustavo Victorino, Jorge Pescara, Luciano Freitas, Luiz Carlos Sá, Marcello Dalla, Ricardo Mendes e Vera Medina Colaboraram nesta edição Alexandre Coelho, Luiz Urjais e Pedro Rocha. Edição de Arte / Diagramação Leandro J. Nazário arte@backstage.com.br Projeto Gráfico / Capa Leandro J. Nazário Foto: Diego Padilha / Divulgação Publicidade / Anúncios PABX: (21) 3627-7945 publicidade@backstage.com.br Webdesigner / Multimídia Leonardo C. Costa multimidia@backstage.com.br Assinaturas Maristella Alves PABX: (21) 3627-7945 assinaturas@backstage.com.br Coordenador de Circulação Ernani Matos ernani@backstage.com.br Assistente de Circulação Adilson Santiago Crítica broncalivre@backstage.com.br Backstage é uma publicação da editora H.Sheldon Serviços de Marketing Ltda. Rua Iriquitiá, 392 - Taquara - Jacarepaguá Rio de Janeiro -RJ - CEP: 22730-150 Tel./fax:(21) 3627-7945 / 2440-4549 CNPJ. 29.418.852/0001-85 Distribuição exclusiva para todo o Brasil pela Fernando Chinaglia Distribuidora S.A. Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1678 - Sl. A Jardim Belmonte - Osasco - SP Cep. 06045-390 - Tel.: (11) 3789-1628 Disk-banca: A Distribuidora Fernando Chinaglia atenderá aos pedidos de números atrasados enquanto houver estoque, através do seu jornaleiro. Os artigos e matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. É permitida a reprodução desde que seja citada a fonte e que nos seja enviada cópia do material. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios veiculados.
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CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br
CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br
Oportunidades
nascem com as dificuldades
“O
nde a força de vontade é grande, as dificuldades não podem sê-lo” (Nicolau Maquiavel)
A frase resume bem o pensamento daqueles que enfrentam a crise como uma grande oportunidade para sair dela. O nosso mercado, a despeito dos altos e baixos, vem sobrevivendo como pode. Alguns culpam a economia do país, principalmente a política de acesso ao crédito fácil e seu consequente endividamento da população. Outros acreditam que os altos impostos é que desaceleram a locomotiva Brasil. Em meio a esse cabo de guerra, existem os “Outros”. Aqueles que enxergam o país como um imenso celeiro de oportunidades. Esses são dotados de um poder nato de adaptação e boa vontade que fazem qualquer tenda de picolé no Alasca virar sucesso. Umas das principais características que diferenciam os “outros” da grande maioria são a incansável procura por soluções e atitude altruísta, entre outras que não caberiam ser listadas aqui. Voltando a falar sobre as oportunidades no Brasil, vejamos o exemplo da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos. Embora alguns torçam o nariz para esses eventos, não dá para negar a imensa projeção que o país ganhou. No setor de entretenimento, temos o exemplo do Rock in Rio, que extrapolou fronteiras. Para esses, onde está a crise? É fácil crer que os próximos anos guardam muitas oportunidades para o setor de áudio e entretenimento aqui no Brasil. Talvez seja a hora de tentar superar antigos paradigmas ou dogmas e trilhar novos caminhos, adotando novas atitudes e posturas, menos egoístas, mais humanas e mais inteligentes. Boa leitura.
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BUGERA V22 www.proshows.com.br Design moderno, pegada vintage, alta qualidade, dinâmico, versátil e construído manualmente. Essas são as características do combo para guitarra Bugera V22. Com 22 watts de potência, o produto possui também um autêntico pré-amplificador de dois canais estilo anos 60, com 3 válvulas, modelo 12AX7. Outras características do equipamento são: dois tipos de entradas - Normal e Bright; efeito Reverb integrado de alta performance com controle dedicado; e canal Lead de estágio multiganho com controles de Pré, Pós e Master. Destaque também para a seção de equalização Vintage com controles dedicados de médios, graves, agudos e presence.
SOUNDCRAFT SI EXPRESSION www.harmandobrasil.com.br A Si Expression é um poderoso mixer de som ao vivo com efeito Lexicon FX, processador de sinal BSS, dbx e Studer, e controle remoto ViSi para iPad. Considerado o console digital mais avançado em sua categoria, foi projetado para diversas aplicações de mixagem, de concertos de bandas até teatros e templos. Uma de suas principais qualidades é sua fácil operação. Com todos os canais e busses apresentando um conjunto completo de processamento, não há a necessidade de configurar o equipamento.
AFINADOR CROMÁTICO AT 400B www.santoangelo.com.br O afinador cromático AT 400B, tipo clip, possui painel digital multicolorido. Sua utilização é muito simples, bastando ajustar o clip no headstock do instrumento de corda (guitarra, violão, baixo e violino) e tocar as cordas uma a uma até alcançar a faixa verde no display do afinador. Dimensões: 130mmx 90mmx50mm; Peso: 22g; Itens Inclusos: Manual e uma bateria modelo CR2032. De origem chinesa, o produto foi adaptado às condições brasileiras pela engenharia da Santo Angelo.
SUB21 1200 www.oversound.com.br O Sub 21 1200 da Oversound é um subgrave com 95dB, 1200W RMS, bobina de 4”¹/², duplo imã e triplo sistema de ventilação. Toda essa tecnologia entrega ao sistema um elevado nível de pressão sonora com baixo nível de distorção, proporcionando ao ouvinte um som muito agradável, tanto em baixos como em elevados volumes.
SOM AMBIENTE www.csr.com.br A CSR apresenta novos modelos de caixas perfeitas para sonorização de ambiente. Compactas e injetadas em plástico especial de alta resistência, o produto está disponível em 20, 30 e 40 watts RMS, nas cores preta e branca. Com design discreto, ela atende a todos os ambientes e tem ainda como características conexão para interligar caixas e transformador para linhas de 70 e 100 volts, chave comutadora de impedância de 8, 122, 250, 500 e 1k (ohms) na versão amplificada.
INTERFACE AUDIOGRAM www.yamaha.com.br As interfaces de áudio AudioGram foram cuidadosamente projetadas para facilitar ao máximo a montagem do seu ambiente de gravação digital em computador. Vindo como um kit completo, as interfaces AudioGram6 e AudiGram3 trazem consigo interfaces hardware de áudio que adicionam entradas e saídas de áudio para o seu computador, um software para gravação e produção musical e um cabo USB para a conexão da interface.
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REDNET
NEO 210244 www.taigar.com.br O modelo de Line Array 2x10 NEO 210244, da Taigar, tem uma sensibilidade média de 105,7 dB 1W/1m. O equipamento ainda tem em suas características Potência de 1360W Rms; Resposta de 80 Hz – 20 KHz; Impedância de MF 8 Ohms / HF 16 Ohms, além de Componentes- 2x10 + 2xDrive. As dimensões são A 314x L 840x P 407mm e o peso é de 35 Kg.
www.proshows.com.br O RedNet é uma nova rede de sistemas profissionais de áudio com tecnologia de ponta Focusrite/Novation, baseado no protocolo de comunicação Ethernet. Leve, prático, com design moderno, o produto possui a tecnologia de converter o áudio com precisão e praticidade, podendo ser instalado em qualquer lugar. O diferencial está na flexibilidade de condução desse áudio. Todo o processo é remotamente controlado via software por um único cabo de rede Ethernet com incrível qualidade de gravação. Os modelos RedNet 1 - (8 canais) e RedNet 2 (16 canais), por exemplo, oferecem um método padrão para obter áudio analógico dentro e fora do seu sistema RedNet, além de conversão 24-bits AD e DA para um desempenho de áudio superior, com alcance dinâmico de 120dB com taxas de amostras de até 192kHz. Já o RedNet 3 - (32 entradas e saídas) permite a comunicação do seu sistema e componentes de áudio digital, total capacidade de controle remoto do software, 16 portas ópticas ADAT, garantindo rodar 32 canais digitais para dentro e fora do sistema – mesmo a 96kHz (S-MUX2). A linha possui ainda o RedNet 4, pré-amplificador de microfone de 8 canais com controle remoto e interface A-D para o sistema profissional Rednet, e RedNet 5 (32 canais), interface que une Pro Tools HD e RedNet.
PEECKERSOUND - PSUT8 www.amercobrasil.com.br Destaque na Expomusic 2013, o sistema italiano PEECKERSOUND - PSUT8 tem deixado seus clientes extremamente satisfeitos diante dos resultados apresentados em todos os tipos de eventos. Com a disponibilidade nas cores preto e branco, este Vertical Array ganha ainda mais espaço no mercado com o lançamento do novo SUB PSUTBASE27/A, oferecendo maior pressão sonora nos subgraves. Confira mais detalhes no site do distribuidor oficial Amerco Brasil.
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Robe tem saldo positivo na Lighting Week
MMX Spot e Wash Beam, LEDWash 1200 e 600, e LEDBeam 100, todos da série ROBIN, da Robe. Para Guillermo Traverso, Manager de Vendas Regionais para a América Latina, a feira foi mais uma grande oportunidade para encontrar profissio-
en Stemm n den e), Harry vo ndas da Rob : ir. d Ve e ara Esq. p ternacional de ger Regional d In na be), (Diretor Traverso (Ma a da Ro tin a o L a Josef Guillerm ara a Améric ewart), p O da N Vendas Pinheiro (CE Paola Abregú ca co )e méri Francis EO da Robe ara a A eting p r (C Valcha adora de Mark n e (Coord Robe). a Latina d
A Robe Lighting e o distribuidor brasileiro Newart participaram da 4º edição da para dir.: Davi Lima (Supervisor Técnico da Newart), Exposição Internacional de Esq. Francisco Pinheiro (CEO da Newart), Harry von den Stemmen (Diretor de Vendas da Robe), Mauricio Ricardo (Vendedor da Iluminação Profissional rea- Internacional Newart), Gustavo Nogueira (Representante da Newart em Minas Gerais), Guillermo Traverso (Manager Regional de Vendas para a lizada no Expo Center NorAmérica Latina da Robe), Carlos Ubelino (Programador da Apple te, na cidade de São Paulo. Produções), Rejanne Gonçalves (Vendedora da Newart), Geraldo Leite de Iluminação da Apple) e Claudinei Mano (Representante O destaque foi para o Poin- (Técnico da Newart no interior de São Paulo). te, novo moving de múltiplas funções, e o moving LED de nais do setor que se reúnem todo efeitos e multimídia MiniMe, além ano nesse evento, vindos de todas das novas tecnologias DLS Profile, as partes do país. “Tanto a ótima montagem do estande quanto a presença de vários visitantes refletem a mudança que o mercado vem atravessando e a liderança da Robe nos últimos anos no Brasil”. O estande da Robe ainda contou com a presença de Josef Valchar, CEO da Robe, e Harry von den Stemmen, Diretor Internacional de Vendas.
EXPO ESTÁDIO 2013 Entre os dias 3 e 5 de dezembro, acontece em São Paulo a edição 2013 da Expo Estádio, feira de infraestrutura e equipamentos para todos os tipos de locais esportivos. O encontro terá ainda espaços demonstrativos, onde o público poderá interagir com os equipamentos e tecnologias, rodada de negócios, palestras e seminários, como o que a Revista Backstage promoverá no dia 5, das 13h30 às 15h30. O palestrante será Armando Baldassarra, o Tuka, que fará uma apresentação sobre o tema Shows em Estádios e Arenas.
AN CUSTOM GUITARS A A.N. Custom lançou este ano na Expomusic o baixo CM-4, desenvolvido em parceria com o músico Caê de Melo (ex-baixista do Grupo Afro Reggae), trazendo aos músicos do mercado brasileiro um instrumento versátil e de qualidade. As ferragens e elétrica ficam ao gosto do cliente. Construído com madeiras selecionadas, o modelo CM-4 garante a estabilidade e a confiança que todo músico profissional precisa. O instrumento foi desenvolvido pelo luthier Aloisio Nogueira, que desde 1985, quando iniciou suas atividades nessa área, vem executando serviços de reparos e customizações em seu atelier, localizado em Duque de Caxias, estado do Rio de Janeiro. Para mais informações: ancustomrj@gmail.com
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PRODUTOS EXCLUSIVOS E SESSÃO DE AUTÓGRAFOS
A Equipo, importadora e distribuidora de instrumentos musicais, equipamentos de áudio profissional e iluminação, que detém mais de 20 grandes marcas em todo país, como Cort, Hartke, Ibanez, Koss, Kurzweil, Laney, Medeli, Samson, Tama, Waldman, entre outras, levou uma série de novidades para a feira. Dentre elas, o destaque ficou por conta das guitarras e violões que vêm integrar a linha Dream Team da Waldman, composta de fones de ouvido (três modelos: Screamin’Buddy Super Fan e Soft Gloves) e microfones customizados com os temas dos doze principais times de futebol brasileiros. São eles: Atlético Mineiro, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Palmeiras, Santos, São Paulo e Vasco. Além de conferir os produtos no estande da Equipo, os visitantes tiveram a oportunidade de testar os instrumentos e equipamentos das marcas Cort, Ibanez, Hartke, Laney, Waldman, e, assim, conhecer na prática todo o potencial que
oferecem. Quem passou por lá participou também de Test Drives Premiados e concorreu a uma série de prêmios, como guitarras, baixos, violões, entre outros. Uma sessão de autógrafos com os artistas que integram o time da Sabian também agitou o estande. Dentre eles, participaram: Japinha (CPM22), Daniel Weksler (NX Zero), Albino Infantozzi (Banda do Faustão/Rede Globo), Maurício Leite (Solo), Vera Figueiredo (Baterista do programa Altas Horas/Rede Globo e fundadora do Instituto de Bateria Vera Figueiredo), Cuca Teixeira (Banda Maria Rita), Joel Jr. (Banda Paranoika), Rodrigo Thurler (Banda Fitz), Kuki Stolarski (Zeca Baleiro e Banda Funk Como Le Gusta) e Mike Maeda (Solo). Já o guitarrista Kiko Loureiro e integrante da banda de metal progressivo Angra - o mais novo endorsee da Ibanez – realizou apresentação de lançamento do seu modelo Signature que chegará em 2014 no mercado Brasileiro, além de uma apresentação no Music Hall.
WORKSHOP AVOLITES IN COMPANY O workshop, que teve início em julho, já está com inscrições abertas para as próximas turmas. O Avolites In Company é um treinamento gratuito com o objetivo de qualificar os profissionais de iluminação que buscam conhecer mais sobre a nova família de consoles Avolites. As próximas datas são 18 de novembro e 09 de dezembro de 2013 e cada workshop tem a duração de um dia. Mais informações: www.proshows.com.br
SGM P-5 NO ROCK IN RIO O lighting designer Valmor Neves, da Zuluz Iluminação, utilizou os efeitos da SGM P-5 LED Wash para criar os conceitos para a Oi Telefonia e para os Correios e Coca-Cola durante o Rock in Rio. A empresa Companhia da Luz também supriu, com um total de 54 P-5s, o projeto de Valmor, cujo principal foco era unir cor e efeitos gradientes nas fachadas a fim de produzir uma aparência constante de mudança e transformação. De acordo com Valmor, o P-5 é o único dispositivo no mercado capaz de combinar uma saída poderosa com alta flexibilidade, variação de
cor (RGBW), lentes modulares intermutáveis, desenho moderno e proteção IP65. Valmor completa dizendo que o P-5 entrega para ele, como designer, uma alta segurança na medida em que oferece conforto no seu desenvolvimento devido à sua impressão física pequena.
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AUDIO TECHNICA NAS GRAVAÇÕES DO DREAM THEATER Qualidade sonora, design inovador, consistência e confiabilidade. Essas são as características dos microfones da Audio Technica, segundo Richard Chycki.
O engenheiro de gravação Richard Chycki, atual produtor do novo disco do Dream Theater, usou os microfones modelos AT5040 e AT4080 para as gravações do mais novo trabalho do grupo. Chycki, que já trabalhou com o Rush e o Aerosmith, diz utilizar regularmente os microfones da
Audio Technica em virtude do alto desempenho e qualidade de áudio. O destaque nesse novo trabalho, segundo o engenheiro, ficou com o modelo AT5040 (condensador cardioide para vocal) com excelente sensibilidade e ruído interno ultra-baixo, especialmente nos violões acústicos. Já o modelo AT4080 (fita bidirecional) deu corpo ao som da guitarra principal. A lista de microfones Audio Technica usados neste projeto inclui o AT5040 em todos os violões acústicos e alguns vocais; o AT4080 nas guitarras elétricas, ambiência traseira da bateria e na sala de cordas (com a técnica do par Blumlein); o AT4081 (fita bidirecional) como “spot mic” nos cellos e cordas; e o AT4047/ SV (condensador cardioide) no contrabaixo e nas cordas, além das guitarras elétricas.
Behringer X32
LANÇAMENTO DO SISTEMA AEROS 40A
No dia 19 de setembro a Decomac Brasil ofereceu um coquetel aos cerca de 200 profissionais de áudio que foram assistir, no teatro da APCD em São Paulo, o lançamento do novo sistema de line
com Leila Pinheiro A X32, console de mixagem digital, foi usada em um show da cantora Leila Pinheiro, realizado no Teatro Rival BR, no Rio de Janeiro, no mês de setembro. O engenheiro de som, Márcio Werderits, comentou que o destaque da mesa está na portabilidade, facilidade de uso, interface intuitiva e qualidade de som. “Cheguei ao som que desejava facilmente. A diferença foi tão sensível que a própria Leila percebeu a mudança na volta do PA”, ex-
plicou Werderits, que usou 28 canais via FireWire, usando um Macbook Pro 13” com Logic 9, acrescentando que o desempenho da mesa foi estável, permitindo fazer ajustes finos nos efeitos e equalização no dia seguinte, argumentou o engenheiro. “Esse show tem muitas nuances, sempre quis preparar uma cena para cada música, e faço sempre em doses homeopáticas; agora posso fazer um virtual soundcheck com calma”, disse.
ROBE PARTICIPA DA PLASA 2013 A Robe mostrou nove produtos durante a PLASA Lighting&Sound, realizada em outubro, em Londres. Entre eles o Robe Parfect, o Pointe, o Robe MiniMe e o MMX Blade.
array DAS AERO 40 A. Na palestra técnica foram apresentados todos os avanços incorporados e o desenvolvimento dos novos componentes. A audição do sistema impressionou aos presentes. Maiores informações: www.decomac.com.br
SHOWROOM DA MACHINE
Danilo, Luan Lineker, Walmy, João e Welington
Como nos anos anteriores, nos dias 18, 19 e 20 de setembro, cerca de 150 profissionais de áudio e lojistas visitaram a fábrica de amplificadores, caixas acústicas e lines array da Machine. Segundo a assessoria de comunicação da Machine, este evento tem a finalidade de estreitar a parceria da empresa com os seus clientes e parceiros, além de poder mostrar toda a linha de produtos e como são feitos.
SONORIZAÇÃO PARA IGREJAS EM MACEIÓ O Ministério Equipart forma a 5ª turma de Técnica em Sonorização para Igrejas no final de novembro. O curso, que teve início em julho, abordou desde as técnicas básicas de áudio até as mais avançadas, além de workshop com um especialista da Proshows sobre a X32 da Behringer.
Luan Santana em Portugal O cantor sertanejo Luan Santana se apresentou no Coliseu do Porto no dia 13 de outubro com o PA da NEXTproaudio, escolhido para o reforço sonoro do evento. Na ocasião, foi utilizado o PA residente do Coliseu do Porto, modelo LA12 com 8 tops e 8 subs por lado com um cluster central de 4 elementos. Depois do concerto, o técnico de PA de Luan Santana, Juliano Rangel, filmou um pequeno vídeo de agradecimento: “Galera, toquei aí no PA da NEXT, aprovado! NOTA 10.”
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GUSTAVO VICTORINO | www.backstage.com.br 30
lhe tirou. Por ser inovador promete muito, mas sempre é bom aguardar para checar a eficácia da coisa.
EXPOMUSIC 2013
Embora velada e discreta por temer represálias, a paciência dos importadores com a burocracia nebulosa que atinge a liberação de containers na costa brasileira está perto do limite. Ao criar dificuldades sob o pretexto de greve “branca” para usar muitas vezes de um preciosismo obscuro, a tecnocracia brasileira provoca entraves e custos que invariavelmente vão parar no bolso do consumidor. Para importar no Brasil de hoje, além de lidar com a deficiência logística é preciso também paciência com a oportunista falta de sensibilidade alfandegária gerando prejuízos.
Independentemente dos resultados da Expomusic 2013, fiquei com a nítida impressão de que importadores e fabricantes querem mesmo é equilíbrio cambial. A acomodação do dólar parece gerir o termômetro do mercado. Mesmo não baixando, a moeda americana parou de subir. E alto ou baixo, os executivos querem é o dólar quieto. De resto, o mercado naturalmente se ajusta.
VALE CULTURA CRIATIVIDADE Em tempos bicudos, a capacidade de criar ou se reinventar é parte de qualquer projeto inovador que busca alguma chance de sucesso. A ideia de dar autonomia absoluta aos músicos remunerando shows transmitidos online surge como uma proposta que, pelo ineditismo, precisa se creditar de sucesso para receber aplauso. A proposta de dois jovens empreendedores foi criar um site (www.netshow.me) onde a comercialização de shows ao vivo é toda direta e com absoluta liberdade criativa para os artistas. Economicamente inovadora e extremamente pragmática em termos logísticos, a novidade merece atenção. Vai que dá certo…
O número de empresas que estão aderindo ao vale-cultura aumenta vertiginosamente e isso representa um significativo incremento de recursos no mercado de áudio e instrumentos musicais. Incluído no pacote da proposta governamental, o mercado prevê para 2014 uma injeção de um bilhão de reais no poder de consumo para o segmento.
QUALIDADE Atendendo a pedido da Casio, a Stay desenvolveu uma estante em alumínio que fez o maior sucesso na Expomusic desse ano. Reconhecida pela qualidade e acabamento dos seus produtos, a empresa brasileira mostra a cada ano novidades de extrema utilidade e beleza. Ponto para a competência e o talento verde e amarelo.
TRATAMENTO VIRTUAL Um software baseado em pesquisas de estimulação auditiva promete revolucionar o tratamento contra a perda auditiva. Criado sob uma plataforma desenvolvida por cientistas da Califórnia, o Hearing Guardian V1, distribuído no Brasil pela Bio Som, trabalha com o princípio da indução. O programa manda ao ouvido certas frequências detectadas como inaudíveis pelo avanço da idade do paciente e ao estimular a audição desses sons, o ouvido começa a “perceber” outra vez o que o desgaste do tempo
VELHA NOVIDADE O produto não é novo, mas os cabos da Santo Ângelo com interruptor de sinal foram finalmente descobertos por mim e espero que logo também pelo mercado. Testando um, percebi a utilidade do pequeno dispositivo. Depois que você se habitua, nunca mais volta para o cabo convencional. Com um mecanismo confiável e resistente, o acessório é obrigatório para músicos que não querem “desentendimentos” com o operador do PA ou os falantes
GUSTAVO VICTORINO | VICTORINO@BACKSTAGE.COM.BR
dos amplificadores de palco toda a vez que conecta ou desconecta seu instrumento.
E AINDA É BONITO O Silver Bullet, o novo pedal de drive lançado pela Borne, fez o maior sucesso no estande da empresa. Não bastasse ser bom pacas, a novidade tem também uma beleza e acabamento diferenciados. Aliás, isso parece ser marca registrada da Borne.
Montados no Brasil e com tecnologia avançadíssima, os novos fones da Earsound deixam de boca aberta quem pensa que já ouviu tudo em termos de retornos de palco tipo earphone. O produto é tão sofisticado que contém até um micro crossover passivo para melhor dividir as frequências que são despejadas no seu ouvido e acusticamente isoladas em até 26dB. O ES703, o modelo top de linha, pode chegar a dois mil dólares. Bom, mas caro.
SEM METAL Quem acha que instrumento de sopro e objetivamente o saxofone são compostos quase que exclusivamente por metais levou um susto. A Saxshop trouxe para o Brasil o Vibrato A1S, um saxofone totalmente em policarbonato e com um som surpreendente. Passada a errônea e inevitável impressão inicial de que possa se tratar de um brinquedo, o consumidor se encanta com o timbre do instrumento. Ele pesa menos de um quilograma e tem a tocabilidade de qualquer instrumento profissional convencional. Apesar da qualidade, o preço atrapalha. O instrumento vai custar aproximadamente US$ 800 e isso deve assustar um pouco o consumidor final.
INESQUECÍVEL Lembram dos emblemáticos sintetizadores da Moog? Eles fizeram história nas mãos dos maiores tecladistas dos anos 70. Agora estão de volta, modernizados, estilosos, com design retrô e, o mais importante, com o mesmo e inconfundível som. Representados no Brasil pela Metasonica, os velhos Moogs ainda causam suspiros de desejo em tecladistas antenados e amantes do som vintage.
BOM E CARO
EXCLUSIVIDADE A ASK Suportes é uma das únicas empresas do mundo e a única no Brasil que fabrica os suportes móveis de palco para instrumentos de corda. Embora com procura, o produto ainda é visto como raro e importado a preço de ouro, o que não é verdade. A empresa localizada no interior do estado do Rio de Janeiro produz alguns modelos que proporcionam ampla liberdade de palco para quem precisa usar dois instrumentos de corda em uma mesma música sem necessariamente utilizar contorcionismos ou provocar crise nervosa no roadie.
SEM SUPERLATIVOS Sempre acompanhei os lançamentos voltados a peazeiros com um certo distanciamento e ceticismo em relação aos dados técnicos fornecidos pelos fabricantes e o real conteúdo do equipamento disponibilizado. Historicamente esse problema é universal e faz parte do pacote de (des)informação que compreensivamente tenta justificar preços e emoldurar a qualidade dos produtos. Mas convidado pela Decomac, acompanhei atentamente o lançamento da Série Aero 40A e confesso que saí impressionado. O sistema criado pela espanhola DAS é muito bom. Pequeno, prático, tecnolo-
gicamente avançadíssimo e com preço bem racional para o que oferece, o novo sistema vai facilmente ganhar mercado por aqui.
HORÁRIO O nível de ruído na Expomusic 2013 voltou a fugir do controle e vai necessariamente passar por um processo de fiscalização mais rigorosa no próximo ano. Monitorar músicos e endorses que se apresentam durante o evento será importante para que o bom senso volte aos corredores do Center Norte. O que surpreendeu foi que a grande maioria dos “barulhentos” eram pequenos, já que os principais expositores tem suas salas de apresentações vedadas.
NOVO NOME Norton Vanalli assume o marketing da Sonotec e toda a sua linha de produtos. Responsável pelas baterias Gretsch, o executivo recebeu agora a missão de administrar a avalanche de pedidos dos endorses para toda a linha da importadora de Presidente Prudente. Haja ouvido...
FESTA NACIONAL DA MÚSICA 2013 O evento voltou a acontecer no mês passado em Canela, no Rio Grande do Sul, e particularmente num clima ainda maior de festa por conta de mais uma conquista. Depois da volta do ensino às escolas e do vale-cultura, agora foi a vez da aprovação e promulgação da PEC da Música com a equiparação tributária da obra de artistas brasileiros ao livro, ou seja, sem tributos. No mês que vem eu conto detalhes do que rolou na serra gaúcha...
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DANIELLI MARINHO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR
MARIO ULLOA - LUAR PRO JOÃO Mario Ulloa Mario Ulloa – Luar pro João é o nome do disco que dá início às atividades do novo selo baiano Tupynambá. No palco também a participação do grupo GimBA – Grupo de Intérpretes Musicais da Bahia. O selo Tupynambá foi idealizado pelos parceiros Beto Santana e Vavá Furquim e criado para lançar e divulgar a música de câmara ou sinfônica. Luar pro João foi gravado em homenagem a João Américo, celebrando os saraus que João promove em sua casa. No repertório, músicas apreciadas pelo homenageado e escolhidas pelo próprio Mario Ulloa, que assina a concepção do disco, direção musical, transcrição (músicas de domínio público) e todos os arranjos. A produção musical é de Vavá Furquim com produção executiva de Soraia Oliveira. O disco foi gravado, mixado e masterizado no estúdio do selo Tupynambá por Beto Santana e Vavá Furquim e editado por Beto Santana e Mario Ulloa. Fotografias de Fábio Abu em parceria com o Estúdio Visita, que assina o projeto gráfico com Mai Silva.
O MAIS FELIZ DA VIDA A Banda Mais Bonita da Cidade A Banda Mais Bonita da Cidade nasceu da vontade de reinterpretar canções do repertório independente curitibano. O projeto se tornou um dos responsáveis pela massiva difusão do financiamento coletivo, destacando a banda pelo empreendedorismo em sua gestão. Agora, os músicos trabalham no lançamento do segundo disco de estúdio, intitulado O Mais Feliz da Vida, que também dá nome à primeira faixa do álbum, produzida por Chico Neves, que já trabalhou com Lenine, Os Paralamas do Sucesso, O Rappa e Los Hermanos. O novo repertório conta também com releituras de canções de Pélico e Nuno Ramos. O disco também conta com a estreia da vocalista Uyara Torrente como compositora, com a canção Um Cão Sem Asas.
BATUKANTU Reppolho O novo disco do percussionista, compositor, produtor, arranjador e pesquisador musical, Reppolho, traz uma linguagem musical de cool-afro -regional-pop para MPB, inspirada no universo pop universal. Batukantu traz ritmos como baião, zouk-lambada, ijexá, samba-funk, ciranda, rumba, salsa e cha-cha-chá, embalados por seu canto rítmico e harmonioso. No CD constam inéditas de sua autoria, algumas em parcerias com Ary Sobral, Jó Reis, Esdras Bedai. Um dos destaques é a faixa Tabajariando, em homenagem à Orquestra Tabajara e ao maestro Severino Araújo. O CD ainda possui as participações especiais de Beto Saroldi, Roberto Stepheson, Carlito Gepe, César Delano, entre outros, além dos cantores Charles Teony nos vocais em Rumbaião pernancubano e Mário Bróder no dueto em Céu de Madureira, um samba-funk no qual mostra suas influências da música negra americana.
PERPETUAL DREAMS IN RIVER ROCK 2010 Perpetual Dreams Surgida na cena catarinense no ano 2000, atualmente, a banda de Blumenau divulga seu quarto registro oficial, o CD e DVD Perpetual Dreams Live In River Rock 2010, lançado em agosto de 2013. O trabalho conta com versões ao vivo de músicas dos três CDs da banda, de composição próprias. Som rápido e direto com influências de grupos como Iron Maiden, Deep Purple e Dio, entre outros, permeiam as canções com mensagens de autoconhecimento e busca pela força interior. Formado por Eduardo D’Ávila (vocal), Deny Bonfante (guitarra), Jan Findeiss (teclado), Chris Link (baixo), Fábio Passold (bateria), o quinteto catarinense é também responsável pelos arranjos e produção de áudio e vídeo.
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O som
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DE CADA PA PARTE 13
Em mais uma reportagem da série sobre como cada engenheiro de áudio busca uma sonoridade própria em seu trabalho, os técnicos Roney Pires e Waldimyr Santana contam como atuam na profissão. Alexandre Coelho redacao@backstage.com.br Revisão Técnica: José Anselmo “Paulista” Fotos: Arquivo Pessoal / Divulgação
A
tual responsável pelo PA de artistas como Luiz Melodia e Gabriel o Pensador, o técnico Roney Pires define, como sua marca pessoal na forma de trabalhar, a busca por um timbre suave do sistema, para que este não soe agressivo. O profissional conta que essa característica, algumas vezes, parece estranha para os engenheiros de sistemas, uma vez que ele decide atenuar a região das frequências médias-altas. Mas, garante ele, no momento da mixagem, o resultado soa agradável aos ouvidos e é possível lançar mão dos processamentos de efeitos sem medo. A adaptação desta sua maneira própria de trabalhar aos estilos dos diferentes artistas com quem trabalhou nunca foi problema. Segundo Roney, como não existe uma fórmula pré-determinada, sempre vale o bom senso na hora de se adequar a uma nova empreitada musical. “Cada artista tem suas características específicas, que variam de acordo com o estilo. Tento utilizar o bom gosto para me adaptar às necessidades, não existe uma receita de bolo para isso”, ensina.
Waldimyr Santana, por sua vez, já trabalhou com grupos como Timbalada, Banda Mel, Cheiro de Amor e, atualmente, é responsável pelo monitor do Harmonia do Samba. Ele classifica como sua bagagem mais importante a sonoridade que memorizou ao longo dos anos, de músicas que ele ouve, e que acabam definindo sua marca pessoal. Outra característica de Waldimyr é o ecletismo, que ele considera fundamental a um bom técnico. “Em todos os estilos musicais existem bons trabalhos musicais e trabalhos ruins. Para o técnico, não pode existir estilo musical ruim”, acredita. Ele não vê problema em moldar a sua maneira pessoal de trabalhar às necessidades de cada artista e de cada trabalho, sendo possível atender aos anseios do artista sem abrir mão de uma sonoridade que o agrade. “Eu uso minha característica pessoal para minha mix, também prevalecendo o gosto musical do artista. Considero a opinião do artista muito importante, pois o técnico tem que traduzir em áudio a sonoridade que está na mente do artista, mesclar técnica e artisticamente para o bom resultado final”, aponta.
tro da criação do artista. E, como tal, deve adaptar-se à sonoridade pretendida por ele a fim de somar ao projeto”, sentencia. No que diz respeito a produtos, marcas e modelos, Roney acredita que a função do engenheiro de som
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tidade de plataformas, e há muitas diferenças entre elas, criando dificuldades como o fato de os modelos não se comunicarem entre si. Como exemplo, o técnico recorda as mesas analógicas antigas, que variavam quanto aos prés e
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Agindo desta forma, Waldimyr garante que nunca aconteceu de algum artista pedir para ele abrir mão das características que marcam a sua atuação como técnico de áudio. Outro trunfo que ele carrega na manga para atingir a sonoridade que considera ideal é o capricho na hora da passagem de som. “Tecnicamente, eu alcanço essa diferença com um soundcheck bem feito, na medida do possível. Hoje em dia, cada vez os técnicos têm menos tempo para o soundcheck, e isso é ruim”, condena. Roney Pires garante que também nunca teve que mudar sua forma de atuar a pedido de algum artista, mas assegura que não será nenhum problema se acontecer um dia. “Muito pelo contrário, significa que o artista me enxerga como mais um elemento no projeto, e não um levantador de faders. Pois o técnico é mais um elemento den-
Costumo argumentar que estrada não é o momento de aprender, e sim o momento de vender o que aprendi (Roney Pires) é formatar o melhor equipamento para o seu artista, levando em conta a sonoridade e as necessidades de cada trabalho. Ele lembra que, hoje em dia, é muito grande a quan-
Roney Pires nunca precisou mudar sua forma de trabalho por causa de algum artista
quanto à parte eletrônica, mas que tinham superfícies parecidas, o que não ocorre com as mesas digitais atuais. “Cada trabalho soa de maneira diferente em equipamentos diferentes. Não me preocupo muito em ser antenado com os equipamentos X ou Y da moda, que a empresa A ou Z comprou por uma fortuna; preocupo-me, sim, em atender às necessidades do trabalho. Já me deparei com situações em que o locador tenta impor o seu equipamento, sobrepujando as necessidades técnicas do trabalho, o que acho muito errado. Costumo argumentar que estrada não é o momento de aprender, e sim o momento de vender o que aprendi”, filosofa. Para Waldimyr Santana, um bom equipamento começa por um bom console. Assim como o colega Roney Pires, ele também comemora o advento das mesas digitais, que praticamente aposentaram os antigos mixers analógicos, especialmente no segmento de grandes shows e turnês. “Hoje, as digitais estão consolidadas no mercado com recursos formidáveis. Eu não
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Waldimyr Santana já fez monitor e passou a respeitar mais as opiniões do artista
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“Atualmente, utilizo a música Rolling in the Deep, da cantora Adele. Tem um timbre de voz que, para mim, soa muito bem, o que é essencial na minha concepção”, admite. Waldimyr Santana também tem as suas músicas favoritas, que toma como referência, no momento de com-
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sinto falta das analógicas, com seus inserts sempre dando mau contato, mas tenho saudade de uma XL 200 ou de uma PM 4000”, pondera. Na hora do alinhamento do PA, Roney Pires é pragmático. O técnico diz que, quando o sistema é confiável, ele usa um analisador e algumas músi-
É importante a sonoridade própria do técnico, sempre somada à sonoridade do artista, para o engrandecimento do áudio (Waldimyr Santana)
cas que tem como referência. Apenas quando a situação parece mais complicada do que o normal ele lança mão do Smaart. Entre as tais “músicas de referência”, Roney cita uma em especial.
parar o sistema antes e depois de alinhado. Ele cita, entre essas músicas, Lowdown (Incognito), Boa Noite (Djavan) e Photograph (12 Stones), entre outras. Já na passagem de som, o téc-
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dade própria do técnico, sempre somada à sonoridade do artista, para o engrandecimento do áudio”, avalia. Ele recorda uma história que ilustra bem a necessidade de um técnico estar aberto e se adequar às mais inusitadas situações na estrada. “No início
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nico assume que, quase sempre, faz da maneira mais comum e tradicional. “Meu soundcheck é quase sempre com os roadies. Às vezes é com a banda, que é o preferível, mas nunca tive a oportunidade de fazer virtualmente”, conta.
Meu soundcheck é quase sempre com os roadies. Às vezes é com a banda, que é o preferível, mas nunca tive a oportunidade de fazer virtualmente
Roney Pires faz coro com o colega, de que o ideal, sempre que possível, é fazer a passagem de som com a banda. A justificativa é quase óbvia: nem os roadies nem o soundcheck virtual substituem o “calor” dos músicos originais. “Faço a passagem de som com os roadies ou com a banda. Mas dou preferência à passagem de som com a banda. Pois, a meu ver, o soundcheck virtual soa um pouco mecânico, e os roadies nunca terão a mesma pegada dos músicos”, garante. O técnico de áudio de Luiz Melodia e Gabriel o Pensador acredita que a busca por características próprias é inerente a qualquer profissional, não apenas no segmento de áudio. “Como costumo dizer, todo profissional tem a sua assinatura própria, o detalhe que identifica a sua sonoridade, que é única, tal qual a impressão digital de uma pessoa, e jamais existirá outra igual”, compara. Waldimyr Santana, por sua vez, destaca que já fez muito PA e trio elétrico, e que, depois que passou a fazer monitor, passou a respeitar ainda mais a sonoridade do artista e a ouvir as suas opiniões, o que considera imprescindível para uma boa execução do trabalho. “É importante a sonori-
da minha trajetória, em 1990, fui operar um trio elétrico no interior da Bahia, com poucos recursos. E, acreditem, para conseguir uma boa sonoridade do bumbo, nós usamos um pedal com o martelo do bumbo de madeira, ao invés de feltro, e uma moeda de um real colada com fita na pele. Foi uma maneira artesanal de se alcançar um timbre. Foi difícil, mas sobrevivemos”, diverte-se. Roney Pires também tira da gaveta um “causo” vivido por ele no Teatro Jorge Eliécer Gaitán, em Bogotá, na Colômbia, em um show com Luiz Melodia. “O sistema foi alinhado por um engenheiro colombiano com formação da Meyer. Ao falar no microfone do artista, o timbre soava perfeito. Contudo, a região de 1k estava acelerada. Ao comentar isso com o engenheiro responsável, pedindo para diminuir a sensibilidade da mesma, ele disse que no estilo musical deles essa região era a mais exigida, mas na mesma hora ele atenuou o que havia a mais e o sistema soou perfeito, sem necessidades de mais ajustes. Achei isso fantástico. Ele não tentou impor o que achava certo, e sim percebeu a necessidade do projeto e adaptou o sistema ao que se pretendia”, elogia.
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‘backstage’ EDUARDO PELIZAROP S O N O P L A S T A
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Profissões do
redacao@backstage.com.br Fotos: Arquivo pessoal / Divulgação
Em mais uma reportagem desta série de entrevistas, em que sairemos dos bastidores dos shows para trilhar os bastidores de todas as produções que tiverem profissionais do áudio ou iluminação trabalhando em funções que jamais imaginamos, conversamos com Eduardo Pelizarop, que falou sobre sua profissão de Sonoplasta em Programas de Televisão.
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duardo, fale um pouco da sua formação acadêmica. Completei os estudos até o colegial, e no ano que vem tenho o projeto de fazer engenharia. Como foi o seu começo no áudio? Meu início foi quando trabalhava em uma produtora onde comecei a aprender detalhes sobre captação e gravação de áudio.
Descreva a sua atual função e as atribuições relativas a ela? Sou sonoplasta, especializado em mixagens para TV. Sou responsável por toda a mistura de vozes, ambiências e músicas, fazendo assim a mistura (mixagem) de todos estes áudios. Fico em vários pontos de um programa de TV ao mesmo tempo. Fazer áudio para televisão parece ser bem diferente dos shows. Você poderia descrever as peculiaridades do áudio para TV? Bom, quando estou ali diante de um palco ouvindo e assistindo um show, é como se estivesse dentro do clima, curtindo o musical. Na TV, tenho que criar o clima para que o telespectador sinta-
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os cargos e atribuições de cada membro da equipe. As atribuições são iguais ou parecidas com as de um show. Existem técnicos nas consoles de monitoração de músicos, técnicos de PA (Power Amplification) e responsáveis pela finalização dos programas (PGM). Por que é tão diferente o mesmo áudio gerado num mesmo evento? Um exemplo recente foi o Rock in Rio. Por que soa diferente nos diversos canais da Globo? A diferença é causada devido à forma de transmissão. Temos programas transmitidos por TV aberta, TV por assinatura, antenas analógicas e digitais. Sendo assim, quem está mixando não tem controle sobre a transmissão do sinal. Quais as novas tecnologias utilizadas na captação de áudio para TV? Estamos sempre usando tecnologia de ponta, microfones de alta qualidade. A Globo está sempre buscando tecnologias novas e os profissionais estão antenados aos últimos lançamentos do mercado. Gostaria de levantar uma polêmica: quais as suas sugestões para que as bandas consigam a melhor qualida-
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Quais cursos ou treinamentos você já fez? Quando já estava trabalhando na Globo, comecei a estudar no IAV (Instituto de Áudio e Vídeo), em 2001. Também tive treinamentos, oferecidos pela emissora, com mesas digitais, de alinhamento de sistema de áudio, software de gerenciamento de sistema, de treinamento de projetos de sistemas de áudio, alinhamento de subgrave, entre outros.
Um dos pontos que nos ajuda a ganhar tempo e qualidade é quando a banda traz seu próprio sistema de monitoração se dentro do show como se estivesse junto com as pessoas ao vivo. Na TV, o mais importante é lembrar que sempre temos um vídeo vinculado a esse áudio. Como é formada a equipe de áudio de um programa de TV? Descreva
de na transmissão ao vivo quando vão fazer programas de TV? Nós recebemos muitas bandas e percebo que a cada dia a qualidade está melhorando. Um dos pontos que nos ajuda a ganhar tempo e qualidade é quando a banda traz seu próprio siste-
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Em um dia de trabalho corremos contra o relógio e temos que economizar esse tempo para poder gastá-lo com a mixagem para TV. E outro ponto que pode ajudar bastante é a presença de um técnico da própria banda
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ma de monitoração. Em um dia de trabalho corremos contra o relógio e temos que economizar esse tempo para poder gastá-lo com a mixagem para TV. E outro ponto que pode ajudar bastante é a presença de um técnico da própria banda. A presença deste profissional pode ajudar nos detalhes da mixagem. Quais as maiores dificuldades enfrentadas pelos profissionais do áudio numa mídia em que muito se fala que a imagem vale mais do que mil palavras? Isso depende muito do trabalho que estamos realizando. Temos alguns bons exemplos como Som Brasil, Esquenta, The Voice, Festival Promessas, Carnaval, entre outros. Em todos estes exemplos, o áudio vale mais que mil palavras. Sempre nos espelhamos em outros profissionais e outras pessoas que nos ajudaram muito no início de nossa carreira. Quem ou quais fizeram a diferença para você? Tenho muitas pessoas que ajudaram muito na minha trajetória. No começo, tive dois grandes amigos, Luiz Rodrigues e Wanderlei Nascimento, que me ensinaram a andar nessa carreira de televisão e, mais à frente, conheci pessoas como Diniz, Leandro Narezzi, Walmir Zuvela e Nascif, que me deram a oportunidade de seguir na carreira de áudio dentro da emissora de São Paulo. Hoje tenho a honra de trabalhar com os melhores profissionais do áudio da Globo no Rio
de Janeiro como Carlos Ronconi, Manoel Tavares, entre outros. Não posso deixar de mencionar Fernando Araújo e Raymundo Barros que me receberam no Entretenimento da Globo, no Projac. Fale de um ou alguns trabalhos que você considera importantes em sua carreira. Fiz muitos trabalhos importantes, programas ligados à informação e entretenimento. Eu sempre encaro tudo o que eu faço com a maior importância e aprendi e aprendo muito com o que faço até hoje! O que falta ainda ao Eduardo para que ele se torne um profissional ainda melhor? Ainda tenho muito a evoluir. Estou sempre estudando sobre áudio. Sempre temos que nos atualizar, hoje em dia as coisas evoluem com muita velocidade e, se pararmos no tempo, seremos engolidos por novos conceitos e novas tecnologias. Quais são os seus planos para o futuro, onde pretende estar daqui a 10 anos, no âmbito profissional e pessoal? Em dez anos muita coisa pode mudar, ainda mais no áudio. Espero estar formado em engenharia e seguir meu caminho junto com a evolução do áudio. Este espaço é de responsabilidade da Comunidade Gigplace. Envie críticas ou sugestões para contato@gigplace.com.br ou redacao@backstage.com.br. E visite o site: http://gigplace.com.br.
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Rock in Rio
Palco Mundo Luiz Urjais Colaboração: Danielli Marinho Revisão Técnica: José Anselmo “Paulista” redacao@backstage.com.br Fotos: Ernani Matos / Leonardo C. Costa / Divulgação
Foram sete dias de festival, dois palcos, onde se apresentaram mais de 50 atrações nacionais e internacionais, além de uma tenda eletrônica, uma rua temática, o palco Street Dance, e brinquedos como roda-gigante e tirolesa. Essa é a cara do Rock in Rio, uma marca mundial que hoje em dia quer dizer: diversão e entretenimento, pura e simplesmente isso.
U Fotos Abertura/ Rock in Rio / Palco Mundo: Renato Aragão / Fernando Schlaepfer / Marcelo Mattina / Estacio / Ariel Martini / Rodrigo Esper / Ernani Matos / Divulgação
m dos maiores festivais de música do mundo, o Rock in Rio, que aconteceu nos dias 13, 14, 15, 19, 20, 21 e 22, na Cidade do Rock, no Rio de Janeiro, apresentou mu-
danças desde 2011. Com público total estimado em 595 mil pessoas (foram vendidos uma média de 85 mil ingressos por dia), o line up desta edição conseguiu abrigar tri-
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Torre de delay com as caixas Norton LS-8
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Oferecemos diversas maneiras de se utilizar o sistema, de forma que se alguém tivesse dificuldade em criar outra mix independente para voz, poderia optar por um dos outros esquemas (Peter Racy)
bos dos mais diversos estilos, tanto no Palco Mundo como no Sunset. O Rock in Rio 2013 também foi marcado por mudanças nos equipamentos do sistema de som dos palcos Mundo e Sunset. Quem vai ao festival pensando em só ouvir rock and roll, está fora do ponto. É notório que há muito tempo o Rock in Rio deixou de ser um evento exclusivo do gênero. E nessa profusão de sons e estilos, é preciso também ter um sistema alinhado a todos os gostos musicais. Segundo Peter Racy, engenheiro da Gabisom responsável pelo Palco Mundo, o desafio maior é sempre executar o trabalho com perfeição, sem deixar brecha alguma. Incluem-se neste rol, o atendimento aos riders na íntegra, a carga horária pesada, conciliar os ensaios e o trânsito de equipamentos entre os estúdios de ensaio e os palcos e o atendimento dos técnicos para que consigam trabalhar tranquilos, pois em se tratando de um Rock in Rio, existe uma pressão psicológica adicional. Este ano a novidade ficou por conta da troca do modelo do PA. Nos anos anteriores, foi usado o JBL Vertec, mas nessa edição, a opção foi pelo VTX V-25, também da JBL. “Esta mudança aproveitou as novas tecnologias incorporadas a este sistema, como componentes de alta capacidade, novos presets, nova amplificação (Crown I-tech 12000 HD) e amplo gerenciamento e monitoramento, oferecido pelo software Performance Manager da Hi-Q Net”, comenta Peter.
Peter Racy, engenheiro responsável pelo Palco Mundo
Vertec VTX V-25 foi o escolhido para edição 2013
Embora o modelo tenha sido outro, a configuração do sistema permaneceu igual às outras edições do festival, onde cada PA é formado por três colunas, uma denominada Banda, outra de Sub, e uma terceira, chamada de Voz. Assim, os técnicos podiam ainda trabalhar com uma das opções, como explica o enge-
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CAPA| www.backstage.com.br 46 Configuração permitiu pelo menos três maneiras de usar o sistema
coluna para Voz ou qualquer outra combinação de elementos a qual quisesse dar destaque. Os benefícios da Opção 1 eram faixa dinâmica otimizada em todo o percurso do sinal, desde o barramento e amplificadores de soma da console, passando pelo processamento e amplificação até os componentes das caixas. O resultado é alta definição, pois os diversos elementos da mixagem não estão lutando pelo headroom do sistema”, explica Peter. Já a Opção 2 consistia em enviar o LR para ambas as colunas, de modo
que, tanto a coluna Banda como a coluna Voz, apresentassem o mesmo sinal de entrada. “Não recomendamos este modo uma vez que havia um pequeno Comb Filter devido às duas fontes vizinhas estarem reproduzindo o mesmo sinal. Contudo, na realidade, grande parte dos headliners utilizaram desta forma com sucesso”, afirmou. Dentre os benefícios da Opção 2, Peter enumerou: maior volume geral, maior pressão; com a desvantagem de uma “dobra” mínima, mas que “chegava a ser até agradável”, segundo ele.
PA teve uma coluna somento para voz
nheiro da Gabisom. “Oferecemos diversas maneiras de se utilizar o sistema, de forma que se alguém tivesse dificuldade em criar outra mix independente para voz, poderia optar por um dos outros esquemas. A Opção 1, a recomendada, era utilizar uma coluna para a base (Banda), e outra
Lista de equipamentos A Gabisom disponibilizou para o Palco Mundo 2 Avid Profile e 1 Yamaha PM5D no PA, e no monitor, 1 Avid Profile e 2 Yamaha PM-5D. Entre os artistas que trouxeram suas próprias consoles estavam Metallica com a Midas XL-8; a Beyonce e o Iron, que trouxeram Di-
gico SD-7. Já o 30 Sec to Mars, a Florence & The Machine, Matchbox 20 e Nickelback alugaram da Gabisom 2 Midas Pro-6. O Slayer também locou uma central da Gabisom com uma Midas H-3000 analógica com seu arsenal de racks de efeitos e Gate/Comp.
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Na Opção 3, a recomendação era utilizar apenas uma das colunas mais o Sub, igual a um PA convencional. “A vantagem era não ter que alterar nada na cena da mesa e obter o resultado de sempre, sem nenhuma aventura” (Peter Racy)
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Side fills foram com os modelos d&b J8
do Skank. O Renato Munhoz optou por Na Opção 3, a recomendação era utilimanter um volume moderado e uma mix zar apenas uma das colunas mais o Sub, bem equilibrada, o que resultou, em miigual a um PA convencional. “A vantanha opinião, na melhor vibe do festival, gem era não ter que alterar nada na cena pois podia-se ouvir a participação do púda mesa e obter o resultado de sempre, blico durante o show inteiro, cantando sem nenhuma aventura”, comparou. todas as músicas, no maior asPara os Subs, havia as opções do Sub no Fly, normalmente atrelado à coluna Banda como quarta via. “Mas dávamos a opção de ter seu envio mandado por um auxiliar se assim o preferisse. Igualmente com o Sub do chão, podendo ser alimentado do LR Banda, ou de um Auxiliar”, enumera Racy. Cada uma das 10 torres de Delay utilizaram 6 Norton LS-8 e os monitores foram todos d&b M-2. Já os sidefills foram d&b J8, 6 por lado. De acordo com Peter, o nível médio de pressão sonora que chegava à house mix era entre 105 a 110 dB SPL, lembrando que o sistema tinha os ganhos dos setores mais próximos, progressivamente atenuados, de modo a manter a uniformidade da pressão em toda a área de público. “A House encontrava-se num setor que estava atenuado em -3dB”, ressalta Racy. “A apresentação que eu pessoalmente mais gostei, em termos da ana segunda sem mixagem e da dinâmica geral, foi a Skank se apresentou na
Venue Profile na house mix
tral. Em minha opinião, o que ganhamos em volume este ano, perdemos por acabar afogando a participação do público, que pouco se ouvia acima do PA”, completa Peter Racy. Técnico de som do Frejat a cerca de 10 anos, Rodrigo Lopes considerou as altas frequências do VTX bem definidas e presentes, por tratar-se de um sistema potente, especialmente para shows de rock, que precisam de maior agressividade. Falando dos desafios de sonorização em um evento deste porte, Rodrigo assinala como maior dificuldade o tempo de passagem de som. “São muitos artistas e os headlines sempre têm prioridade. Nós fomos os últimos a passar o som, e houve problemas na passagem do Matchbox 20. Isso atrasou bastante nosso trabalho”, diz. “O equipamento é de ponta, mas trabalhar com tempo reduzido, torna a responsabilidade ainda maior, pois é um tipo de show que todo mundo assiste. Amigos do artista, a família, o pessoal da gravadora, público em geral. A cobrança é grande, então a expectativa também”, opina Rodrigo.
BANDAS NACIONAIS Ainda de acordo com Rodrigo, essa característica de falta de tempo e atenção propicia a imagem que, segundo ele, muitos técnicos estrangeiros têm ao chegar ao Brasil, diminuindo as bandas locais. “Todo festival tem uma característica diferente de um show habitual. Especialmente internacional, cujos headlines sempre são artistas estrangeiros. Agora, o desafio é não se colocar como uma simples banda de abertura. Os artistas nacionais são extremamente relevantes no mercado brasileiro. Muitos dos gringos que vieram não têm metade do público que o Frejat, Jota Quest ou o Skank têm. Acho que o desafio tanto dos técnicos como de toda a equipe nacional é ‘brigar’ de igual para igual. Precisamos e devemos respeitá-los, mas eles também devem nos respeitar. É complicado, mas devemos minimizar a desvantagem do tempo e fazer um show que empolgue a todos”, avalia.
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Fotos Abertura/ Rock in Rio / Palco Sunset: Diego Padilha / Rodrigo Esper / Ariel Martini / Ernani Matos / Divulgação
Rock in Rio
Palco Sunset Luiz Urjais Colaboração: Danielli Marinho Revisão Técnica: José Anselmo “Paulista” redacao@backstage.com.br Fotos: Ernani Matos / Leonardo C. Costa / Divulgação
A estrutura montada no palco principal foi de impressionar e ofereceu uma experiência memorável ao fã que, independentemente de sua localização no festival, pôde ter acesso de imagem e som do que rolava no Palco Mundo. Todavia, como já foi proposto por Roberto Medina, organizador do evento, o Palco Sunset na próxima edição terá uma nova localização.
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alvez por ter sido a grande surpresa da edição, com muitos espectadores que se motivaram a comparecer ao evento apenas para ver shows que lá rolaram como os
de Living Colour, George Benson, The Offspring, Sebastian Bach, Krisium, entre outros. Nessa edição o Palco Sunset recebeu o PA Vertec JBL 4889. O PA
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Foto: Diego Padilha / Divulgação
Palco Sunset na edição de 2015 deverá ter nova localização
Sistema Vertec 4889 no Sunset: 12 caixas por lado
foi configurado em L/R - LL/ RR, ou seja, 4 Vertecs 4889 no LL/RR e 12 no L/R. “Usamos devido a preferência da maioria dos técnicos. Houve apenas um pedido pelo grupo The Offspring, que solicitou para 6 arcs no side fill”, explica Evandro Ricardo Vicente, o Kaco, responsável técnico pelo Palco Sunset, da Gabisom. Segundo ele, o dia mais complicado foi no segundo sábado, no qual rolaram grupos brasileiros, “pelo fato de desorganização dos
mesmos”, conta o engenheiro. Com o sistema de som JBL da Vertec no Palco Sunset, Fabiano França Estevão, técnico de som do show tributo aos Novos Baianos, que uniu Pepeu Gomes, Moraes Moreira e Roberta Sá, infere que o áudio estava bem montado e alinhado com caixas versáteis o que, por já conhecer o equipamento, facilitou o trabalho de sonorização. “Tudo parece alto demais, percebe-se que o som da banda é bastante solto. Fui e voltei com bastante coisa (na mesa), pois tem muita dinâmica que você tem que fazer na mão, controlando o tempo todo. Estou acostumado a trabalhar no limite da voz, deixando-a perceptível. Não dá para forçar muito os subs, com muito grave, tem que ter um senso comum, um bom senso”, diz Fabiano. Entre os desafios do show, além do pouco tempo disponível para passar o som, Fabiano cita o alinhamento do PA no volume da voz de Moraes, cuidando para não encher de graves a mixagem e ficar com a mesa modulando em muito bumbo e bai-
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CAPA| www.backstage.com.br 54 Diferente do Mundo, o Palco Sunset sofreu mudanças no visual
xo, sem conseguir empurrar o resto das frequências em favor dos vocais. “Se eu colocar o PA maior que o volume da voz dele não conseguirei definir quase nada do que ele estiver cantando. Trata-se de uma questão física. A voz dele é boa, mas não vem com aquela pressão. Tem que ser mais sutil e gentil na mix”, explica. “Por trabalhar em estúdio, eu tenho uma concepção musical para mixagem de PA. Penso que faço a mix de uma música, ou seja, sonorizo o ambiente. Muitas vezes, o que rola por aí é o cara que quer colocar mais volume do que o lugar comporta... Esse vai dançar!”.
aguardados foi um dos mais George Benson
De acordo com Vander Caselli, técnico de som da banda Hibria, que dividiu o Palco Sunset com o Almah, as frequências de grave embolam mais que qualquer outra e, portanto, o ideal é trabalhá-las o mais nivelado possível. “O técnico do Almah curte explorar os graves, tanto que em comparação a eles a Hibria estava mais smooth. Vanderlei Loureiro (esq.), técnico de PA Em particular, não tiIvan Lins vemos muita liberdade para trabalhar o som de nossa forma, acho grama é apertado, tudo é corrido e que essa é a grande dificuldade dos o som tem que ser alinhado em grandes festivais hoje: o cronopouco tempo”. Wanderley Loureiro, técnico de PA de Ivan Lins, - que fez uma Lista de equipamentos apresentação com George Benson, no terceiro dia do festival -, elo1 SD7 DIGICO PA Vertec 4889 giou também o sistema de som, os 1 H3000 MIDAS Sub Vertec 4880A equipamentos e o atendimento, 20 monitores CLAIR BROTHERS Amplificadores Crown 4X3500 Side Fill L’Acoustic Amplificadores para sub Powersoft que, segundo ele, foi dentro das ex1GALILEU 4 PM5D YAMAHA pectativas da equipe. “Quando sur-
Tenda Eletrônica
Palco em formato de 360 graus foi uma das novidades
Além dos dois palcos, a Rock Street foi uma boa opção para quem quis dar um tempo da ‘muvuca’, com atrações homogêneas às principais. E a Tenda Eletrônica, apesar da pouca repercussão, surpreendeu com inovações na disposição de palco e constituição sonora. Com formato de palco central em 360 graus,
Sistemas: L-Acoustics Kudo, JBL VTX S28, Norton
a Tenda Eletrônica desta edição foi uma nova experiência da produção do festival que, segundo Pedro Cluny, responsável pelo som do local, obteve resultado positivo com cobertura homogênea em todo o espaço. “A ideia inicial era ter uma imagem estéreo em toda a área da tenda, sem esquecer o foco no DJ. Desde a primeira edição do Rock in Rio, trabalhamos para apresentar uma experiência sonora única para todo tipo de público”, afirma Pedro. De acordo com Cluny, a exigência técnica deste tipo de evento tem aumentado de ano a ano e, neste momento, tem sido mais complexo levando em conta o número de artistas internacionais recebidos e que, em alguns casos, se apresentam com seu próprio técnico de som. “A maior dificuldade que encontramos foi o espaço para colocar os subs. A escolha do sistema JBL VTX S28 foi substancial. Trabalha-
mos com uma frequência de corte de até 60Hz, para obter o máximo de rendimento com poucas caixas”, relata. “Dentre as exigências especiais, tivemos Vitalic que veio com uma versão de banda ao vivo e um rider técnico bastante complexo – mas nada fora do normal. O nosso kit base de sistema de som para o palco eletrônico já prevê essas eventualidades de bandas. Tivemos apenas que seguir a lista de vias e microfones pedidos”. O sistema de som da tenda eletrônica era LAcoustics Kudo, JBL VTX S28, Norton. Foram disponibilizados 30x Top L-acoustics Kudo em 6 pontos de 5 caixas no sistema principal, 10x Top Norton LS4 em 5 pontos de duas caixas como Front Fill, posicionado entre cada sistema Kudo exceto na entrada de artistas, 16x Sub JBL VTX S28 em toda a volta do palco por baixo do mesmo, 2x Booth de DJ composto por L-Acoustics, 3x DV-Dosc, 1x DVSub, 10x Monitores Meyer Sound MJF-212.
Formato aranha estreou no Rio
Nos subs JBL VTX- 8x Crown I-Tech 12000 HD, Top Kudo - 24x Lab-gruppen FP 6400, Front-Fill - 6x Lab-Gruppen FP 10000 e para processamento do sistema 2x Lake LM-26. A mesa era Digidesign SC-48, tanto na house quanto no monitor.
“
Usamos devido a preferência da maioria dos técnicos. Houve apenas um pedido pelo grupo The Offspring, que solicitou para 6 arcs no side fill (Kaco, da Gabisom)
” 55
CAPA| www.backstage.com.br
Dave Hart, PA do
Hibria técnio de PA do Vander Caselli,
Sebastian Bach
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mone arky Ra PA do M o z fe e Vall Rodrigo
James Shaw, PA do Ben Harper
“
Da esq. para dir.: Evandro (Kaco), Thiago Furlan (suporte técnico) e Paulo Baptista (coord. da Gabisom)
Rock. “O Marky falou algumas coisas na van e trocamos algumas coisas técnicas simples. Por exemplo, ele não gosta muito de gate. Eu até perguntei isso se era no pal-
“
giu a ideia do show parecia que ia ser o Ivan com a banda dele, o George com a banda dele e depois juntavam e faziam uma mistura, mas mudou e acabou sendo só uma participação, então mandamos as músicas para o diretor musical. Por exemplo, em Um Novo Tempo, ele mudou o arranjo, o Ivan canta no show hoje diferente do que ele fazia antes, quer dizer, diferente da ideia que o George tinha. Então mandei as músicas para ele em gravações de shows, eles ensaiaram e não teve muito problema”, comenta. Rodrigo Valle, que foi convidado de última hora para operar o PA do Marky Ramones e Michale Graves, no Palco Sunset, explica que, embora a banda não tenha feito nenhuma exigência, eles trocaram algumas informações durante o trajeto até a Cidade do
u e Roberta Sá : Moraes, Pepe Fabiano França
O Marky pediu também para passar algumas informações para a galera do palco, porque eles não trouxeram técnico de monitor (Rodrigo Valle)
co, para ele ou lá na frente. E ele falou que na frente também. Ele gosta da batera mais solta, mais suja, e pouco compressor, nada muito complicado de se fazer”, explica Rodrigo, acrescentando que, por ser uma banda punk, houve muita guitarra e baixo. “Lá no palco eles curtiram também, a galera mandou bem, porque depois fui lá perguntar se estava tudo certo. Na van, o Marky pediu também para passar algumas informações para a galera do palco, porque eles não trouxeram técnico de monitor, então foi o pessoal da Gabisom que fez, e mandaram super bem”, completa.
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Diretor artístico da Rock Street e instrumentista, Bruce Henri fala sobre o evento e sua carreira.
M
Pedro Rocha redacao@backstage.com.br Fotos: Ernani Matos / Divulgação
úsico de três bandas (só durante o Rock in Rio), produtor, marceneiro (por hobby), diretor e um jovem entusiasta apaixonado por música. Esse é Bruce Henry Leitman, o nome por trás da Rock Street, uma das áreas mais visitadas durante esse festival, que esse ano homenageou a Grã-Bretanha e a Irlanda. Criador do conceito da atração, ele conversou com a Backstage para contar como é se dividir entre as funções e ainda se divertir com o trabalho. Esse nova-iorquino de 64 anos começou seus estudos musicais na Espanha, ainda na adolescência. Em 1966, veio para o Rio com a família, onde ficou até 1970. Nesse mesmo ano, foi chamado para tocar com Gilberto Gil em Londres. Lá
além de tocar com o grupo Joko (no dia 19/09) e com a Fabulous Tab (13/09), sob o comando de Evandro Mesquita. Apesar de ter uma década de experiência sobre o palco, Bruce diz ainda sentir-se nervoso. “Faço meu melhor e me divirto”, ele garante.
A RUA CARIOCA DO ROCK COM ARES EUROPEUS Quem foi à Rock Street pôde notar que a proposta da sua segunda edição era levar o público para outro lugar, mais precisamente para os mercados de rua do bairro londrino Camden Town e do boulevard irlandês Grafton Street. Localizado à esquerda de quem entra na Cidade do Rock, o espaço temático tem 150 metros de comprimento e 20 lojas. As fachadas remetem aos
LONDRES e Irlanda in Rio conheceu o escocês Maurice Hughes, técnico de som de Gil e Caetano Veloso, até então exilados. Quando os dois cantores baianos puderam retornar ao Brasil, Bruce e Maurice, que se tornaram parceiros em um projeto de dois anos, voltaram também. Maurice dedicou-se à engenharia de som e hoje é diretor de palco do Rock in Rio. Bruce seguiu sua trajetória, passando por diversos grupos como Uakti, Jungle Tap, Miller All Star Blues Band e atuando como contrabai-
xista com diversos artistas, entre eles Gal Costa, Tom Jobim, Ney Matogrosso e Herbie Hancock, com destaque para sua capacidade de improvisar, em uma carreira que já soma 50 anos. E em 2011, Bruce chega ao Rock in Rio para fazer o que mais gosta: música. A edição de 2013 da Rock Street é a terceira que ele dirige; uma em Portugal e duas no Rio. O instrumentista se apresentou no Rock in Rio este ano em todos os dias com a Rock Street Big Band,
ambientes originais, com uma mistura de sons, cores e atrações simultâneas nacionais e internacionais. Os cenários foram criados pelo arquiteto João Uchoa e as 65 atrações foram escolhidas pela produção com propósitos e simbolismos, para abranger todo o universo londrino e irlandês, mas com toques tupiniquins. Show de mágica, cartomantes, venda de vinis, malabaristas, produção de caricaturas, envio de cartas. Uma das atrações mais requisitadas foi o
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CAPA| www.backstage.com.br 60
“
A Orquestra Voadora levou um pouco de samba presença direto do Carnaval e, para trazer um pouco da atmosfera dos celtas (com menções a druidas e duendes), perfomances de dança, jam sessions e grupos como o paranaense Terra Celta
”
Palco na Rock Street
guarda londrino, com quem os visitantes faziam fila para fotografar. Quanto à música, podia se encontrar de quase tudo: heavy metal, rock progressivo, pop, folk, punk rock, covers de Led Zeppelin, Pink Floyd e Rolling Stones e principalmente Beatles, os maiores homenageados dessa edição. A Orquestra Voadora levou um pouco de samba direto do Carnaval e, para trazer um pouco da atmosfera dos celtas (com menções a druidas e duendes), perfomances de dança, jam sessions e grupos como o paranaense Terra Celta, que une elementos da música celta e brasileira e a banda irlandesa Sensessional. A edição desse ano remete à última, de 2011, que celebrou Nova Orleans, pelos artistas de rua, os toques de jazz dados às músicas dos Beatles e o clima intimista que o ambiente oferecia. E a proposta, segundo o diretor artístico, é essa mesma: ligar sempre uma Rock Street à outra. O objetivo de criar um ambiente de diversão usando características de outras culturas pareceu que deu certo. O público compareceu em peso à Rock Street, se emocionou e garantiu um belo espetáculo. Em entrevista à Backstage, Bruce Henri, dire-
tor artístico da Rock Street, fala sobre a produção musical desse Cantinho Especial na cidade do Rock. Como é produzir um evento desse porte? É um desafio, mas é divertido. Exige muito do fator imaginação. É sempre preciso encontrar vias alternativas para viabilizar o projeto e fazer algo que supere a edição anterior. Eu desenvolvo em conjunto as funções de diretor artístico e produtor técnico em geral. Há quanto tempo você está envolvido com o projeto dessa edição? Comecei há um dois anos. Eu sempre falo que quando você está trabalhando em um evento, você já está atrasado para o próximo. Às vezes, você pode encontrar palavras de sabedoria em lugares menos esperados. Tem um grupo de acrobatas e malabaristas que trabalha no Rock in Rio. Certa vez, tarde da noite, um deles disse uma frase que me marcou: “Não adianta ter pressa, porque a van é uma só”. Usei esse exemplo porque, por mais que eu estivesse adiantado com minha produção do festival, eu dependo de um monte de outros setores que não conseguem, por várias razões – não por incompetência, mas por
inviabilidade – trabalhar com essa antecedência toda que eu tenho. Então por mais que eu esteja antecipando tudo, eu tenho de esperar alguém. É um trabalho constante que dura até o Rock in Rio acabar. Mas a parte boa mesmo é a que acontece pelo menos um ano antes, quando começa o trabalho de pesquisa a sério. A ideia vem dois anos antes. Faltando uma semana para o festival, para mim não tem mais graça. Como surgiu a ideia de homenagear a Grã-Bretanha e a Irlanda na Rock Street? Apareceu em um papo entre o Roberto (Medina) e eu, quando estávamos fazendo o Rock in Rio 2011 e já pensando na edição de Portugal (ocorrida em 2012). Sentamos e começamos a planejar a Rock Street desse ano. Pensamos nos Balcãs (região do sudeste europeu que engloba Albânia, Bulgária, Grécia, Croácia, Áustria, entre outros países), no Caribe. Eu fui para a Irlanda e Londres fazer pesquisa. Chegamos a conclusão de homenagear esses dois locais por entender que a arquitetura de lá se prestava, a música também e batemos o martelo primeiramente para Grã- Bretanha. Mas o Roberto queria dança irlandesa e aí incluímos a Irlanda nessa história. E juntamos pop britânico com pubs de Londres e Dublin e dança e música irlandesa. As parcerias são fundamentais para a execução desse projeto? Por quê? Elas são feitas pela organização da Rock World (pessoa jurídica do Rock in Rio). Eu mando as minhas necessidades e demandas para uma pessoa designada e eles encaminham para os fornecedores. Em relação aos equipamentos de som e luz, tenho parcerias de longa data, não só com o Rock in Rio, mas com
Rock Street foi um dos locais mais concorridos em todos dos dias do Festival
outros eventos que eu produzo. Na parte de áudio, tem a Gabisom, entre outros. Já na parte de luz, muda um pouco, porque é uma empresa estrangeira quem faz, mas a quem nós já conhecemos. Como foi a homenagem aos Beatles? Aconteceu com a Rock Street Band. Eles são uma referência musical muito forte e têm uma obra muito importante em termos de composição. E a Rock Street Band é uma extensão desse trabalho. Montamos o som da banda com uma pegada jazzística e arranjos inéditos e tudo ficou com uma nova cara, mas com o estilo Beatles. Os Britos também participam. A banda All you need is Love vai relembrar o Rooftop Concert, último concerto ao vivo dos Beatles, em uma reprodução do telhado da Apple Studios. Na programação da Rock Street, pode-se notar que no dia 20 de setembro havia um casamento marcado. Do que se trata? O casamento se tornou uma tradição na Rock Street. Na primeira edição, um casal (a professora de química Rachel Letris e o analista de sistemas Gabriel Gimmeli) queria assistir ao show do Red Hot Chili Peppers, mas não poderiam ir, pois o casamento deles estava marcado para o mesmo dia. Eles escre-
veram para a Roberta Medina, pedindo que a data do show fosse alterada. Como o pedido não pôde ser atendido, o casal foi convidado a realizar o matrimônio na Rock Street. Eu disse que ficaria responsável pela organização. Quando a noiva jogou o buquê, uma moça o pegou. Pois essa mesma moça que pegou o buquê se casou na edição 2013 da Rock Street. Você tocará com a Fabulous Tab e a Rock Street Band. Como é se dividir entre a função de diretor artístico e instrumentista no festival? Embora tenha 50 anos de carreira, 39 anos de produção e 12 anos de direção, ainda me sinto nervoso. Ainda estou me acostumando. Qual a sua expectativa para a recepção do público deste ano a esse projeto? Eu achei que o público ficaria na Rock Street e não ia querer ir aos outros locais (risos). Ficaria todo mundo grudado lá. É um lugar muito divertido e concorrido. Tivemos as performances, fora a música irlandesa, que foi tocada na rua. Esse ano nós tivemos o palco. Fizemos arranjos especiais em jazz das músicas dos Beatles. Foi muito legal mesmo. Muita coisa legal mesmo. Tudo preparado para as pessoas se divertirem muito!
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TECNOLOGIA| LOGIC | www.backstage.com.br 62
O Logic Remote é uma aplicação gratuita para o iPad que possibilita o controle de várias funções e atividades do Logic de forma remota, via wi-fi, Bluetooth ou rede. Funciona com um iPad versão 2 ou mais nova e com o iOS 6. Sim, na maioria dos locais temos somente menção a uma conexão estável wi-fi, mas vamos indicar como usar Bluetooth ou criar sua rede.
Figura 1
X
LOGIC REMOTE PARA iPAD O MELHOR CONTROLADOR PORTÁTIL PARA O
LOGIC PRO Vera Medina é produtora, cantora, compositora e professora de canto e produção de áudio
P
rimeiramente é preciso baixar a aplicação no iTunes (https://itunes.apple.com/us/app/logic-remote/id638394624?mt=8) e instalá-la no seu iPad. O segundo passo é acessar o Logic Remote. Tanto o iPad quanto o computador deverão estar compartilhando a mesma rede wi-fi. Agora abra o Logic Remote no seu iPad. Vai aparecer a tela inicial e logo em seguida uma mensagem “Choose a Mac running Logic...”. Escolha o Mac que
está rodando o Logic. Em seguida aparecerá a mensagem no iPad: “Please, open a Logic project to begin”. No seu computador, abra uma sessão no Logic Pro X (File > Open). Vamos esclarecer a opção para usar o Logic Pro X via Bluetooth. No computador, escolha System Preferences no menu Apple (maçã). Clique no ícone de Bluetooth na janela de System Preferences e assinale os campos On e Discoverable. No seu iPad, vá até Settings ou Configurações, escolha Bluetooth e na coluna Devices escolha o nome do computador para parear com o iPad. No computador, clique em Sim (Yes) quando aparecer uma mensagem de solicitação para parear. Clique em Pair na mensagem que aparecer no iPad. Depois que o iPad e o computador estiverem pareados, siga o mesmo procedimento descrito anteriormente. Outra opção já testada é clicar sobre o ícone de wi-fi e escolha Criar Rede (Create Network) (vide Figura 1). No menu que aparecer, clique em Criar (Create) e defina um nome para sua rede. Agora na janela Configurações (Settings), vá para wi-fi e escolha o seu
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TECNOLOGIA| LOGIC | www.backstage.com.br
Figura 2
computador em Devices (vide Figura 2), clicando na rede com o nome escolhido. Ao abrir o Logic Remote no iPad você verá a mensagem para escolher a rede. Clique uma ou duas vezes sobre o nome da rede e sua conexão iniciará. Resumidamente, temos os seguintes grupos ou funções na barra de controle do Logic Remote (vide Figura 3) da esquerda para direita:
Figura 6
Mixer (Figura 6): Grande parte das funções do Mixer, podendo facilitar automação, por exemplo. O mixer apresenta controle para 8 canais, gravação, mute, solo, pan e controles deslizantes para os volumes. Para retornar um parâmetro para seu padrão, basta clicar duas vezes sobre o mesmo, por exemplo, retornar um controle deslizante para o zero.
ensão e maior uso das funções. É possível também configurar esta função para visualizar seções importantes do manual do Logic Pro X quando você passar sobre um determinado item no Logic Pro X na tela do computador. Segue como configurar: •Ative o Quick Help no Logic Pro (Help > Quick Help) •Escolha Smart Help, tocando no botão View •Passe o mouse sobre algum item do qual você precisa de alguma informação no Logic Pro X. A página do manual aparecerá no Logic Remote.
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Figura 3
1. View: através deste, acessamos os seguintes recursos: Smart Controls & Keyboard (Figura 4): é possível escolher Automatic, Keyboard, Fretboard ou Pads.
Figura 9
Figura 7
Chord Strip (Figura 5): Possibilita tocar acordes inteiros na parte superior e baixos na parte inferior.
•Key Commands (Figura 7): Botões com acesso às funções mais utilizadas, tais como criação de novas trilhas, undo, redo, tendo embaixo a Transport Bar. Possível editar e incluir novos botões, distribuídos em várias páginas. •Smart Help (Figura 8): Menu de ajuda rápida, facilitando a compre-
Figura 5
Figura 8
Figura 4
•Library (Figura 9): uma forma criativa e interessante de utilizar a biblioteca, possibilitando visualização integral da tela. Isto facilita a busca!
Figura 10
2. Transport Bar (Figura 10): Uma transport bar reduzida, enquanto está tocando o botão da esquerda se transforma em Stop. De outra forma, temos o botão para voltar ao início do projeto. 3. Visor de Playhead (Figura 11): o visor do Playhead possibilita visualizar o que está sendo tocado naquele instante, permitindo navegar pelo projeto. Caso o projeto seja estruturado em Markers, os
Figura 11
Figura 12
mesmos ficam disponíveis para que se possa voltar a determinado início de um agrupamento.
Figura 13
Figura 14
Figura 15
4. Loop (Figura 12) 5. Metronome (metrônomo - Figura 13) 6. Settings (Configurações - Figura 14) 7.Textos explicativos (Figura 15): uma visão geral dos parâmetros visualizados.
Para saber online
vera.medina@uol.com.br | www.veramedina.com.br
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ABLETON LIVE| www.backstage.com.br
ABLETON
L I V E CANAIS AUXILIARES E DE EFEITOS - BUSSES Lika Meinberg é produtor, orquestrador, arranjador, compositor, sound designer, pianista/tecladista. Estudou direção de Orquestra, música para cinema e sound design na Berklee
66
College of Music em Boston.
C Nesta edição, vamos procurar entender como adicionar mais canais auxiliares e/ ou de efeitos no Ableton Live
omo default, ao abrir sua tela inicial, Session View (Arrangement View também), veremos duas MIDI Tracks (canais), duas Audio Tracks e duas Return Tracks (retornos), que são nossos Busses ou canais auxiliares para efeitos, grupos de instrumentos etc. Muito bem. Digite Ctrl+Alt+T (no PC) ou Opt+Comm+T (no Mac) para criar Return Tracks adicionais. Você
Adicionando return Track
pode ainda executar o mesmo procedimento clicando com o mouse na área central da janela (Drop file and Devises here) ou ainda na barra de tarefas Create/Incert ReturnTrack. Até o presente momento, o Ableton Live permite a criação de 12 Return Tracks (A ~ L) ou Busses auxiliares. Pode parecer pouco à princípio, mas lembre-se que em cada track você pode criar Chain ou grupos de efeitos em cada Return Track e ainda redirecionar esses Busses para outros canais de áudio. Explanaremos mais sobre esse assunto em matéria futura. Repare que à medida que você adiciona Return Tracks, um novo botão Sends aparece no Audio Track e também no Return Track (em cinza, não habilitado aqui). No Master track você pode habilitar Post/Pré Fader conforme a sua necessidade (clicando no botão fica amarelo ou laranja). Agora vamos adicionar algum efeito propriamente dito. O Ableton Live traz em seu pacote básico um verdadeiro arsenal de efeitos. Basta que você arraste esses efeitos para o seu track e shazan!, está pronto para usar. Claro que o programa também permite o uso de plug-ins VST! Tecle Ctrl+Alt +B (no PC), ou Opt+Comm+B (no Mac), para acessar o Browser,
Basta arrastar o FX
ou simplesmente, com o mouse, clique no canto superior esquerdo em um triângulo cinza (bem ao lado do 1 MIDI track). Esse triângulo é o seletor para abrir/fechar o Browser.
Escolhendo reverb FX
Vamos ao Browser com o mouse em Categories, Audio Effects/Reverbs/ Large Hall.adv (o último na imagem). Selecione com o botão direito (mantenha o botão apertado, técni-
ca básica de arrastar documento) e arraste em cima de um Track (a Return, no nosso caso). Você pode usar esse procedimento para arrastar qualquer coisa do Browser list.
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ABLETON LIVE| www.backstage.com.br
Large Hall
Experimente por conta própria e desbrave o Ableton Live. Aos poucos estaremos explanando os mean-
“
imagem) e enderecei o Botão A no Sends do Canal 1 Audio (que aparece aqui com o primeiro à esquerda).
“
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Selete O Track para editar FX
No Ableton, você arrasta o efeito para um local específico da janela (veja as setas em vermelho) ou seleciona um local ou Track e dá duplo click no efeito
dros desse versátil software e certamente suas dúvidas serão sanadas. Acima, eu já arrastei o Reverber – Large Hall.adv para o canal A Return (penúltimo da direita na
Repare que o botão “A” está metade laranja (50%) e o canal de Return (à direita) já acusa o endereçamento. Posteriormente, arrastei outros efeitos (Chorus, Compressor) e um
clip (loop em 1 Audio) como nossa fonte de áudio. No Ableton, você arrasta o efeito para um local específico da janela (veja as setas em vermelho) ou seleciona um local ou Track e dá duplo click no efeito selecionado na lista do Browser. Então esse já aparece no Track. Para Clips, Loops e MIDI, ao usar a técnica de duplo click, o Ableton Live cria um novo Track correspondente. Basta selecionar qualquer área superior do Track (nos clips ou nome 1 Audio, por exemplo), que o efeito ou device do track aparece no Detail View em uma área retangular (janela), na parte de baixo do Session ou Arrangement View. Tecle Ctrl+Alt+L (no PC), ou Opt+Comm+L (no Mac), ou no triângulo cinza no canto inferior direito para abrir ou fechar o Detail View. É isso amigos, agora é só uma questão de musicalidade e criatividade. Configurem suas mandadas e Fxs e divirtam-se com o Ableton Live. Revejam as matérias anteriores para acompanhar melhor esse tema.
Para saber online
Repare Boton Send
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Facebook - Lika Meinberg www.myspace.com/lmeinberg
CUBASE7
EXPOMUSIC Marcello Dalla é
engenheiro, produtor musical e instrutor
2013
Olá amigos, Conforme citei na edição passada, iríamos dar sequência aos temas da Broadcast & Cable falando sobre a nova norma de regulamentação EBU R-128 para níveis sonoros e sua implementação no Cubase 7 e no Nuendo 6. Mas nesse meio tempo a temporada de feiras nos trouxe a Expomusic e decidi adiar para a próxima edição nossa exposição sobre a norma para fazer um relato do que foi a Expomusic pra nós este ano. Assistam também minha entrevista ao portal Guitarshred http:// www.guitarshred.com.br/entrevistas/109-entrevista-commarcelo-dalla-home-studio para complementar o que vamos ver aqui neste artigo e adicionem o facebook cubasebrasil para estarem sempre em contato.
N
osso balcão Steinberg este ano ficou inserido no stand da Yamaha e o formato de palestras abertas dos anos anteriores foi substituído pelo atendimento específico a cada visitante. Na foto principal vemos a divisão em 2 seções: 1) Home Studio com o setup (à minha direita) que descreverei a seguir e que foi o maior foco das visitas; 2) Sistema NUAGE (à minha esquerda), que já descrevi na edição passada na Broadcast & Cable. A diversidade de demandas de tecnologia e de configurações trouxe para a feira um grande leque de usuários à procura de soluções tecnológicas. O crescimento dos estúdios de edição e finalização de áudio em rádios, web rádios, emissoras de
2
C M -C FD r lle tro on rC de fa
C M -C r lle tro on rt C po ns Tra
a ur Fig
4
C M -C ed nc va Ad AI n tio ra eg Int
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5
C M -C
CH le ro nt Co de l na ca
Já falamos aqui em nossos tutoriais sobre os inúmeros recursos do mixer do Cubase 7 (Figura 1). Este mixer trouxe todas as possibilidades de um console físico para dentro do software. No ambiente de estações de rádio e TV ou produtoras, a presença da mesa de som era uma constante e a verba destinada a ela era a maior porção do montante do estúdio. Este conceito mudou. A implementação do mixer do Cubase 7 aliada aos controladores CMC da Yamaha Steinberg trouxe um novo formato para inúmeras configurações e necessidades. O mixer virtual integrado ao software e controlado pelos CMCs permite total liberdade no roteamento. Entradas e saídas de áudio, auxiliares, efeitos, monitoração, enfim... tudo é configurável de acordo com as características de cada estúdio. O mixer integrado aos processos de gerenciamento de arquivos e de edição permite extrema velocidade de produção e finalização em ambientes de rádio e TV. A automação não só de faders, mas de todos os parâmetros dentro do software permite agilidade e qualidade final na mixagem. A criação de sessões de trabalho padronizadas com os plug-ins nativos de compressão, equalização e reverb já inseridos define o conceito de customização aplicada a cada situação específica do ambiente de trabalho. O conceito agora é de solução integrada. Neste conceito, os controladores e a interface de áudio assumem papel importantíssimo, pois são a interface física do usuário com o software substituindo a presença da mesa de som.
TP
TECNOLOGIA| CUBASE | www.backstage.com.br
Os controladores da linha CMC são modulares e permitem que os comandos do estúdio sejam customizados de acordo com suas características. Vamos ver cada um deles: CMC FD - Controle de Faders. Figura 2. Controla os faders do mixer virtual do Cubase 7. Até 4 placas podem ser conectadas simultaneamente controlando 16 faders. Deslocam-se os faders disponíveis ao longo do mixer do Cubase em grupos ou de um em um com muita praticidade. Sensibilidade ajustável. Muito conforto no trabalho de mixagem com a mesma sensação de pilotar o console. CMC TP – Controle de Transporte. Figura 3. Controla todas as funções de execução e gravação de sessão de trabalho (play, stop, rec), marcação de pontos de referência e deslocamento na timeline. O Slider no centro da placa permite ajuste rápido de zoom e posicionamento de cursor. Permite também a customização de 4 botões de comando a qualquer função do software (menus, submenus, troca de ferramentas de edição etc.). CMC AI – Advanced Integration. Controle genérico avançado. Figura 4. Basta que você aponte o mouse (sem clicar) a qualquer parâmetro do software (pan, controle dos plug-ins, controles de instrumentos virtuais) que o knob da placa passa a atuar sobre o que está sob o mouse. Praticidade total em edição e mixagem. Para os DJs que usam software é controle na performance de filtros e parâmetros. Além disso, a placa funciona como controle de volume de monitoração no estúdio e de deslocamento de cursor na timeline. Permite também a customização de 4 botões de comando a qualquer função do software (menus, submenus, troca de ferramentas de edição etc.) CMC CH – Channel Controller. Controle de canal. Figura 5. Todos os comandos de canal estão disponíveis fisia3 ur Fig
Figura 01 - Mixer visão geral
70
CONTROLADORES
a ur Fig
TV, web TV, produtoras de vídeo e também dos estúdios pessoais de músicos e produtores criou uma demanda que estamos atendendo com softwares e equipamentos de uma maneira compacta, eficiente e de excelente custo-benefício. Simulamos na bancada um estúdio abrangendo todas as situações possíveis para as necessidades deste público. Preparamos sessões de trabalho para exemplificar e apresentar não só as possibilidades do Cubase 7, como também a integração com hardware e controladores. Vamos aos detalhes.
7
C M -C
a ur Fig
a6 ur Fig
C M -C
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s to en m tru ins
cussões virtuais no estilo MPC com curvas de velocidade ajustáveis, a CMC PD também pode ser usada customizada como atalho a 16 funções diferentes do software (menus, submenus, troca de ferramentas de edição etc.)
r lle ro nt Co
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ais tu vir
camente. Permite também a customização de 8 botões de comando a qualquer função do software (menus, submenus, troca de ferramentas de edição etc.) CMC QC – Quick Controller. Figura 6. Usa os quick controls customizáveis para parâmetros de plug-ins (compressores, equalizadores etc.) ou instrumentos virtuais tornando-os físicos através dos 8 knobs. Exemplos: Threshold, ratio de compressores, filtros e ressonância em sintetizadores virtuais etc. Permite também a customização de 8 botões de comando a qualquer função do software (menus, submenus, troca de ferramentas de edição etc.) CMC PD – Pad Controller. Figura 7. A princípio projetada para performance de per-
INTERFACES Como interface de áudio multicanais, demonstrei na Expo a UR-824 da Steinberg (Figura 8). Possui 8 canais de entrada e saída de áudio com os excelentes prés da Yamaha D-PRE. Podemos ter até 3 unidades trabalhando juntas totalizando 24 canais físicos de I/O. Des-
Figura 8 - Interface UR-824
TECNOLOGIA| CUBASE | www.backstage.com.br 72
ta forma, o número de canais físicos pode ser adequado às necessidades do estúdio sem o desperdício que muitas vezes acontece na aquisição de mesas de som. Exemplo: se numa web rádio você tem dois microfones para locução e entrevistas, dois canais de link externo, microfones de estúdio ou linha e seis saídas de áudio sendo duas para monitoração, duas para proFigura 9 - Interface UR-28M gramação final e quatro auxiliares; somente uma UR-824 já resolve o problema. Se o sistema crescer em necessidade de mais canais somase outra UR-824, e assim por diante até três unidades. Então, pra que investir numa mesa de 24 canais que custa três vezes mais, que possui um modo de operação não integrado, diferente do software e que ainda demanda aprendizagem adicional para o técnico? A UR-824 permite integração completa com o Cubase com latência zero na gravação. Possui processadores de efeito internos como reverb e compressores. A monitoração pode estar com estes efeitos sem utilizar o processamento do computador. Ela aparece na foto principal da nossa bancada na Expo logo abaixo do laptop.
ções de monitoração. Lançamos na feira a nova série HS da Yamaha (Figura 10). Na sequência histórica da lendária NS 10 M de referência, as HS 5, 7 e 8 polegadas trouxeram novidades nos projetos das predecessoras HS 50 e 80. Novo circuito divisor e upgrade de projeto resultaram em mais linearidade de resposta. A HS 7 é a grande novidade, pois não possuía versão anterior. É perfeita para estúdios em pequenos ambientes, pois não é tão grande quanto a HS 8 e tem uma excelente resposta de graves. É o modelo que aparece na foto principal da nossa bancada compondo nosso home na Expo 2013. Durante a feira fizemos algumas audições possíveis dentro daquele ambiente sonoro da Expo
Figura 10 - HS 8, 7, 5 e sub 8s Yamaha
A interface UR-28M (Figura 9) também esteve na EXPO 2013. Tem a mesma implementação de prés e efeitos da UR-824, porém com 4 canais de entrada (2 Mic/Linha e 2 Linha) e 6 canais de saída. Excelente opção para home studios e web rádios que não necessitem de mais do que 4 canais de gravação.
que vocês devem ter notícia. Mesmo assim as HS 7 falaram bonito com pressão e definição. Na categoria de 5 polegadas, a HS 5 vem equipando um grande número de estúdios já na largada. Combinando tamanho compacto e resposta, é a preferida de home studios e DJs.
TECLADO CONTROLADOR MONITORES Não existe o conceito de estúdio sem monitoração adequada. Foi uma grande procura na Expo por solu-
Também lançado na Expo 2013, o MX 49 (Figura 11) combina tudo o que um controlador compacto de estação de trabalho com 49 ou 61 teclas deve ter:
tas conversas soluções para seus estúdios. A Expomusic tem esta função: informação, valiosa informação. Depois de muitos anos na feira, percebo que esta necessidade de informar o d la o ontr clado C X 49 Te M ção aumenta a cada edição. 1 1 Figura A disponibilidade de equipamenintegração total com o Cubase em tos de inúmeras marcas para estúcontroles essenciais para produção dios é enorme. Basta ver pela musical, timbres próprios derivamonstruosidade da feira. A verdados do Motif e ainda uma placa indeira e grande carência é de inforterna de som para executar o áudio mações para comprar certo, congravado no Cubase e os instrumenciliando necessidades, destinação tos virtuais. Muito leve e de excelendo estúdio e custos. te ergonomia, o MX 49 reúne o toAo longo de muitos anos como que confortável da antiga linha KX consultor e engenheiro, estou cercom timbres do Motif e controles to de que este é o exercício mais integrados do Cubase. Também apadoloroso para quem está montanrece no nosso home Expo 2013 na do ou configurando um estúdio: foto principal. decidir qual e por que comprar E assim, com este setup, pudemos cada equipamento e estudar exausconversar bastante com nossos vitivamente como funcionarão junsitantes. Muitos deles levaram destos para que não se perca um cen-
tavo. Fica aqui uma valiosa dica para todos vocês que inevitavelmente vivenciam (diariamente) este exercício doloroso das escolhas: caro é o que se compra errado. Obrigado a todos que nos visitaram no stand Yamaha Steinberg na Expomusic 2013. Mantenham contato. Estou à disposição para continuarmos nossos papos técnicos e artísticos. Grande abraço!
Para saber online
dalla@ateliedosom.com.br www.ateliedosom.com.br Facebook: ateliedosom | Twitter:@ateliedosom
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BACKSTAGE NA EXPOMUSIC 2013 E
Backstage marca presença na 30ª edição da Expomusic redacao@backstage.com.br Fotos:Ernani Matos / Divulgação
ntre os dias 18 e 21 de setembro, aconteceu a 30ª edição da Expomusic, no Expo Center Norte, em São Paulo, e a Backstage participou pela 18ª vez na feira da música fazendo do seu estande um dos principais pontos de encontro entre os profissionais de áudio e iluminação, lojistas, músicos, aficionados em música e público em geral. Nesta edição, o estande da Backstage também foi o local do lançamento do livro de Robertinho Silva, Se a minha bateria falasse, editora H.Sheldon. O percussionista, em parceria com o jornalista Miguel Sá, lançou sua autobiografia na sexta-feira, dia 20, recebendo
amigos e fãs no estande da Backstage durante uma tarde de autógrafos. Uma das maiores feiras de instrumentos musicais e produtos de áudio e iluminação, a feira da música vem contando com a parceria de diversas publicações especializadas e voltadas para esses setores ao longo de duas décadas. A Backstage esteve presente em quase todas as edições e é conhecida por reunir em seu estande profissionais de diversas áreas que compõem o show business, como músicos, produtores, técnicos e engenheiros de áudio e luz, além de empresas e lojistas. Confira ao lado alguns momentos do que aconteceu no estande.
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XLED 1037 www.proshows.com.br Elegante, portátil, leve e prático o XLED 1037 possui 37 LEDs de 10W (RGBW) CREE americanos. As vantagens adicionais se destacam com o CTO de 3200k a 10000K e o controle wireless DMX com 24 canais que permite acesso fácil e rápido para todos os equipamentos PR. O XLED 1037 conta com sistema de zoom com ângulo variável de 13° a 52° e é um moving head que proporciona um show de luminosidade, com mais brilho e durabilidade. A vida útil do LED pode chegar a 50 mil horas. O produto ainda vem com velocidade ajustável, com mecanismo de bloqueio, velocidade dos coolers ajustadas automaticamente e movimento Pan Pan 540° - Tilt 270° com correção de posição automática.
ROBIN MINIME
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VITRINE ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br
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www.robe.cz Recente ganhador de um Prêmio PLASA à Inovação, o MiniMe é um aparelho de iluminação de efeitos com a adição de completa saída de vídeo, ideal para bares, clubes, restaurantes e revendas de iluminação. Este pequeno e rápido moving light possui uma fonte de LED com vida média útil de 20.000 horas. Cores, gobos e formas de facho são totalmente criados, digitalmente, através do micro media server interno. Desenhos personalizados, fotografias e vídeos também podem ser simplesmente transferidos para projeção, enquanto que vídeos ao vivo podem ser transmitidos através da entrada HDMI.
PLS - SCAN 320 3D www.proshows.com.br A Linha de Laser PLS está totalmente renovada e com efeitos incríveis, inclusive em 3D. O destaque fica por conta do Laser SCAN 320 3D. Uma revolução em efeitos especiais para seu evento. Este projetor combina uma saída de laser de 320mW, criando incríveis efeitos que simulam gráficos tridimensionais em combinações de cores. Funciona tanto no modo automático, ativação sonora, Master/Slave ou ainda por DMX. O aparelho, além de ser super leve (pesa apenas 1,87kg), tem ainda fonte de alimentação bivolt, efeitos sincronizados com a música, laser vermelho (150mW), laser verde (50mW) e laser azul (120mW).
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ILUMINAÇÃO Na conversa anterior, a iluminação cênica era analisada por meio de percepções múltiplas, relacionadas a interações e intervenções da luz na dinâmica de palco, direcionadas aos elementos da cena – músicos, cenários, equipamentos e também ao público – resultando em diversas sensações, próprias das reações e emoções transmitidas pela luz e recebidas pelos diversos tipos de públicos.
CÊNICA RAZÃO E SENSIBILIDADE Cezar Galhart é técnico em eletrônica, produtor de eventos, baixista e professor dos Cursos de Eventos, Design de Interiores e Design Gráfico do Unicuritiba. Pesquisador em Iluminação Cênica, atualmente cursa Pós-Graduação em Iluminação e Design de Interiores no IPOG.
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esse contexto, a sensibilidade do Lighting Designer no desenvolvimento de um projeto de iluminação elaborado de maneira tal que consiga transmitir as emoções sugeridas pelas
canções ou por um roteiro, sendo elas (as emoções) sintonizadas com o tema/ conceito, ou mesmo diferentes disso, para sugerir outras sensações, estimulantes ou relaxantes -, envolverá muiFonte: Production Design International Inc. / Divulgação
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Figura 1: Show da banda canadense Rush - Clockwork Angels’ World Tour (2012)
tos critérios e referências que formam o repertório profissional desse designer. O repertório será naturalmente evoluído com as experiências anteriores, observação, curiosidade e mesmo afinidades e interesses pessoais. Essa sensibilidade se desenvolve também a partir das possibilidades e da liberdade que o profissional responsável pelo projeto tem na elaboração e criação, assim como também na busca de alternativas e soluções, percebidas e implantadas, e também na interação com todos os envolvidos na produção de um show, um espetáculo ou um festival. Nessas trocas – muitas vezes ocorridas com conversas informais e até mesmo sugestões despretensiosas -, aprendizados, conhecimentos e experiências se somam e até se multiplicam e os resultados se tornam ainda mais fascinantes, diversificados e repletos de nuances e significados. Nota-se assim que a sensibilidade requer tempo, maturação e experiências. Além desses elementos que são complementares, adicionam-se determinados conhecimentos, gerais e específicos, que configuram a base de referên-
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(..) é justamente na formação técnica, metódica e racional que se destacam as qualificações dos profissionais ...
cias, influências e simbolismos que conduzem um projetista a pesquisar, desenvolver e aprimorar o seu repertório. Estudos relacionados às manifestações artísticas – sejam elas vinculadas à arquitetura, pintura, escultura, além daquelas diretamente atreladas aos espetáculos, como a música, teatro e dança -, conferem ao profissional projetista um conjunto praticamente ilimitado de possibilidades e percepções. A essas formas de Arte não se pode omitir a fotografia e o cinema, que traduzem expressões significativas da interação entre iluminação, conceito e resultado. Se a sensibilidade evidencia cada profissional Lighting Designer de forma única, pela sua história de vida, diferenciada pelo desenvolvimento de repertórios e experiências incomparáveis, é justamente na formação técnica, metódica e racional que se destacam as qualificações dos profissionais que apresentam vantagens competitivas distintas, por terem percepções e concepções artísticas singulares, aliados aos métodos e técnicas utilizados de forma a transformar conceitos e ideias em figuras, formas e sensações visuais ímpares.
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Fonte: Cezar Galhart / Divulgação
Figura 2: Show da banda americana The Black Keys – Lollapalooza 2013 - Jockey Club de São Paulo
Assim como destacado na conversa anterior (“Iluminação Cênica: percepções... à luz dos olhos!!!”, publicada na edição de outubro de 2013), o estudo dos formatos, dimensões, texturas e principalmente cores já representa uma das qualificações necessárias à compreensão das sensações e emoções proporcionadas pela iluminação cênica. Mas esse estudo não basta; há necessidade de outros conhecimentos, específicos, para a produção dos melhores resultados. Assim, além dos conhecimentos necessários à melhor reprodução de cores pelos instrumentos de iluminação cênica, caberá ao Lighting Designer a compreensão de outros, que envolvem teorias e aplicações da Física, análises e técnicas fotográficas, compreensão e aprimoramento de conhe-
cimentos sobre a cenografia, e com isso, o desenvolvimento de condições ao melhor controle das propriedades da iluminação cênica. Aos conhecimentos mais técnicos, algumas teorias podem ser facilmente experimentadas e percebidas na prática do dia a dia de um projetista, na implementação de um projeto com os recursos mais elementares: uma mesa controladora, o uso de dimmers e a instalação de alguns instrumentos de iluminação – tais como refletores para lâmpadas do tipo PAR 64. Nesta configuração, cabe aos dimmers a variação da intensidade de brilho das lâmpadas utilizadas nos refletores (halógenas com 1000W de potência), de forma a regular, com percentuais diferentes, e gerar o total de intensidade luminosa – que poderá provocar efeitos visuais diversos, com destaque, con-
traste e até cansaço visual. Cabe ao projetista, desta maneira, a aplicação correta desses recursos, para assim proporcionar predominantemente um maior conforto visual para os públicos participantes/ expectadores, em contraposição aos momentos nos quais, intencionalmente, há mais intensa exposição da luz na cena, mas em contextos (e momentos) específicos (para destaque, ou mesmo em alguns trechos ou partes nos quais o desenvolvimento do espetáculo requer algo surpreendente ou categórico – o auge de uma canção, por exemplo). Outro recurso técnico muito explorado – e diversas vezes mencionado nas conversas sobre a Iluminação Cênica, publicadas na Revista Backstage – está relacionado ao direcionamento ou valorização dos objetos ou elementos de uma
cena. Muitas vezes atribuídos aos tipos ou técnicas de iluminação (comumente identificados desta maneira pelos estudos de Design de Interiores e Arquitetura), são amplamente utilizados de forma a configurar uma estrutura de iluminação, posicionando os instrumentos com o intuito de produzir efeitos, acentuar formas e dimensões, adicionar sombras, provocar sensações e uniformizar a luz em determinados elementos e superfícies (tais como cenários). Nisso, o direcionamento da luz provocará sensações e percepções sempre intencionais, pois há, evidentemente, uma valorização de elementos, formas e objetos. Surgem então sistemas de direcionamento de luz a partir de diversas fontes luminosas, como o Downlighting (direcionada de cima para baixo – com o enaltecimento de
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Fonte: Marco Antônio Teixeira/UOL / Divulgação
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Aos conhecimentos mais técnicos, algumas teorias podem ser facilmente experimentadas e percebidas na prática do dia a dia de um projetista, na implementação de um projeto com os recursos mais elementares: uma mesa controladora, o uso de dimmers e a instalação de alguns instrumentos de iluminação
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Figura 3: Sidelighting – Show do cantor e músico Bruce Springsteen – Rock in Rio 2013
formas e superfícies, tais como mesas ou instrumentos e equipamentos musicais estáticos), Uplighting (direcionada de baixo para cima – causa um efeito dramático, pelo destaque de expressões faciais, formas e elementos ao contrário de outros, omitidos pelas sombras), Frontlighting (iluminação frontal – fundamental para a visibilidade necessária aos artistas e principalmente ao público, para melhor percebê-los), Sidelighting (iluminação proveniente das laterais – também valoriza contornos e igualmente proporciona valorização das expressões e drama aos elementos da cena) e Backlighting (contraluzes – delimitam o espaço do palco/cena de forma a também proporcionar tridimensionalidade às formas). Finalmente, as dinâmicas do movimento, identificadas pela interação entre os recursos anteriores (cor, intensidade e técnica – pelo direcionamento da luz), de maneira sincronizada e mapeada no tempo e espaço, ou realizada intuitivamente. As relações entre tempo e ritmo se unem às mudanças de direção, cores e elementos de uma cena, transformando os espaços físicos do palco, pelas constantes alternâncias de claridade e escuridão, além da mobilidade visual, seja ela provocada pelos artistas e músicos que se deslocam e interagem com a estrutura da cena, seja pelas alterações propiciadas pela iluminação, com a uti-
lização de instrumentos e cores diferentes, e pela velocidade de comutação (acionamento/desligamento) das fontes luminosas. Cada um desses assuntos será novamente explorado, oportunamente, sendo vitais na elaboração de conceitos, pois são requisitos fundamentais para todo projeto de iluminação cênica, de tal maneira que um espetáculo seja concebido a partir de diversas referências, sugeridas ou solicitadas pelos artistas e suas equipes de produção, ou mesmo inspiradoras ao desenvolvimento de propostas diferenciadas e surpreendentes. Muitos desses aspectos não são sequer identificados pelo público, que presenciam os shows e espetáculos com uma pluralidade de percepções e interesses, de maneira inimaginável. Mas, muitos desses recursos são sentidos, experimentados com sutileza, revelados ao público quase inconscientemente; seletivamente, destacam emoções, mensagens e motivos, dos quais muitas são as razões que transformam apresentações em realizações espetaculares, shows em acontecimentos memoráveis, imagens em registros definitivos que só a sensibilidade da iluminação cênica poderia proporcionar. Abraços e até a próxima conversa!
Para saber mais redacao@backstage.com.br
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Karmann Ghia ficou exposto em cima do praticável comprovando capacidade de suporte de peso
Lighting Week Brasil
2013
A quarta edição da Lighting Week Brasil, que reuniu as principais marcas de iluminação profissional e de espetáculos, movimentou cerca de R$ 50 milhões em negócios imediatos e futuros, de acordo com Estéban Risso, presidente da ABRIP (Associação Brasileira de Iluminação Profissional). O valor é equivalente a 40% do faturamento anual do setor, estimado em R$ 140 milhões para 2013.
redacao@backstage.com.br Fotos: Ernani Matos / Divulgação
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oram três dias de muita movimentação nos estandes e no auditório que abrigou uma série de palestras com profissionais no setor. A feira recebeu cerca de 4 mil profissionais e apresentou as novidades e soluções de 40 marcas em lâmpadas especiais, iluminação residencial, comercial, arquitetônica e de es-
petáculos, decoração e automação, projeções, painéis e fitas em LED, mesas de controle de luz, refletores, balizadores, ecolâmpadas e canhões de luz. Um dos destaques da feira foi o palco de cristal trazido pela Gobos do Brasil. O praticável de palco Genial sustentou uma réplica de um Karmann Ghia 1968 branco para comprovar a capacidade de suporte de peso do sistema. “Utilizamos como tampo cristais temperados com 120 x 60 cm com 1,2 cm de espessura, o que permitiu colocarmos um veículo pesando cerca de uma tonelada sobre eles”, explica Esteban Risso, diretor comercial da empresa. Outra empresa que levou novidade foi a Hot Machine, que apresentou o primeiro moving head impermeável do mundo: o G-Spot, da SGM. O produto atende a uma demanda recorrente no mercado para aliar precisão, intensidade e resistência. Características como potência de 850W RGB LED, maior controle de foco de alta velocidade, íris rápida e precisa, built-in com efeitos dinâmicos e funções de aceleração são os destaques do equipamento. A Red Lighting também esteve presente na LWBR e levou o conceito italiano à feira. As novidades deste ano ficaram por conta do Pixel Flood, um painel com 16 LEDs de 30W, o Canhão EYE, de 400W e que é capaz de emitir uma luz seguidora a uma distância de 50 metros, e o painel LED RGBW IP65, que possui 54 LEDs de 3W e é resistente à água.
PALESTRAS Tradicional atração da Lighting Week Brasil, o ciclo de palestras reuniu mais uma vez os principais expoentes do mercado de iluminação profissional e de espetáculos do Brasil e do exterior. No total, foram 12 horas de apresentações concentradas nos dois pri-
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Equipe da Robe
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A abertura do ciclo de palestras da Lighting Week Brasil 2013 ficou com Pedro Dultra iluminador graduado em Artes Cênicas com ênfase em direção teatral -, que fez o lançamento de seu livro sobre a profissão
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meiros dias do evento. Nesta edição, os visitantes puderam acompanhar palestras gratuitas de especialistas como Alê Rocha, Carmine D’Amore, David Bosboon, Guilherme Bonfanti, Jamile Tormann, Naldo Bueno, Nezito Reis, Osvaldo Perrenoud e Valmir Peres, entre outros. A abertura do ciclo de palestras da Lighting Week Brasil 2013 ficou com Pedro Dultra - iluminador graduado em Artes Cênicas com ênfase em direção teatral -, que fez o lançamento de seu livro sobre a profissão, denominado Em Cena, O Iluminador. A obra aborda o caminho trilhado por Dultra até ganhar o edital Seminaluz para a publicação, passando pelos primeiros momentos de concepção do tema do mestrado, a experiência como assistente e ainda como seus trabalhos assinados durante o processo ajudaram a determinar os assuntos abordados. Com a palestra “Automação de Som, Luz e Imagem”, os profissionais José Leme Walther Neto e o iluminador Sérgio Korsakoff fizeram sua apresentação no primeiro dia do Ciclo de Palestras e Debates da Lighting Week Brasil 2013. A ideia dos palestrantes foi expor as facilidades de um sistema de automação, que permite criar shows padrões envolvendo diversos elementos – como luz, som, água, fogos, entre outros –, e eliminando a necessidade da interferência humana. Ideal para
espetáculos com diversas apresentações, onde a precisão é essencial, esta tecnologia possibilita eliminar qualquer erro que possa acontecer pelo fato de que o humano trabalha com a noção rítmica. Outro atrativo é a alta personalização não pelas opções de programação, mas também na forma de trabalho. Korsakoff alertou que é necessário saber quando usar a automação. Como exemplo utilizou os grupos de pagode, onde a improvisação de falas é constante e o profissional se torna indispensável não só para criar, mas também para acionar a programação. A quarta apresentação do Ciclo de Palestras da Lighting Week foi proferida por Guilherme Bonfanti, que trouxe o tema “O design de Luz no Teatro da Vertigem; 20 anos entre o low e o high tech”. Resgatando o trabalho feito em uma época onde não havia muitas tecnologias, Bonfanti demonstrou que é possível fazer boas produções com poucos recursos. A abertura do segundo dia do ciclo de Palestras e Debates da Lighting Week Brasil 2013 ficou sob responsabilidade de Rob Steel – técnico de iluminação profissional conhecido no cenário internacional –, que falou a sobre “Tecnologia de Programação e controle em consoles LSC”. Steel falou sobre as últimas tecnologias apresentadas pela empresa australiana LSC, que atua no mercado de iluminação com produtos que atingem estabelecimentos como hotéis, espetáculos, clubes, igreja e TV desde os anos 1980. O Ciclo de Palestras e Debates da Lighting Week 2013 abriu para debates com o tema Um proposta de criação em projetos de iluminação, incluindo os profissionais do setor Valmir Peres, Osvaldo Perrenoud, Naldo Bueno e Jamile Tormann. O primeiro a falar sobre projetos foi Osvaldo Perrenoud, que apresentou o trabalho feito na Arena Grêmio. Para a concepção de suas ideias, Perrenoud reuniu elementos do escudo do time, como as cores utilizadas: ciano, preto, branco, amarelo e dourado.
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O iluminador Naldo Bueno explorou o processo de criação, desenvolvimento e execução de um de seus projetos: a Jornada Mundial da Juventude. Segundo o palestrante, uma das peças-chave para o sucesso de uma produção de grande porte é ter equipe formada por profissionais. Naldo escolheu trabalhar com cores, algo que difere do trabalho feito em Madri, onde os tons pastel tiveram força. Com um palco vermelho e branco, a produção ganhou destaques em diversos meios de comunicação. Para o desenvolvimento da iluminação de outros pontos da cidade, foi necessário muito trabalho, incluindo projetos em 3D que eram enviados ao Vaticano para aprovação. O iluminador Valmir Perez abordou o projeto de iluminação feito para o espetáculo Corpus do Departamento de Artes Corporais do Instituto de Artes da Unicamp, com direção de Teresa Ranieri. O objetivo de sua palestra foi discutir alguns assuntos que possam levar à reflexão. Segundo Perez, apesar da produção ser pequena, ela serve como uma forma de reconhecer coisas positivas e negativas. Com a linguagem visual –luz , cenografia, adereços –, Perez buscou criar um mundo harmônico para o resultado final. No processo de desenvolvimento do projeto, a partir dessas informações adquiridas, alguns softwares que facilitam a visualização do trabalho, como o 3D Max, foram utilizados. A lighting designer Jamile Tormann participou do Ciclo de Palestras e Debates da Lighting Week Brasil 2013 narrando como foi desenvolvido o projeto do centenário do Boi Caprichoso no Festival de Parintins. Com o conceito do resgate da tradição do Boi Caprichoso, e também de
Esteban Risso, João Alonso e Amanda Albuquerque
seu rival – o Boi Garantido –, muito desafios foram enfrentados no espetáculo. Um deles foi a limitação na paleta de cores com o azul, branco e preto, já que o outro animal se identificava pelo vermelho. Alê Rocha, técnico em iluminação e proprietário da Luminaire Assessoria e Serviços de Iluminação Profissional, fez a quinta apresentação do Ciclo de Palestras e Debates da Lighting Week Brasil 2013, discorrendo sobre Luz, Festa, Ação, Projetos e Tecnologia. Rocha contou sobre sua experiência na concepção de projetos para grandes shows e festivais, e o papel da tecnologia na criação de novos projetos. Para ele, é importante criar uma nova percepção que estimule os sentidos do público, o que tornará o momento especial e diferente. Outro assunto importante foi a relação entre os pixels e o LED. Com a percepção da utilidade da nova tecnologia, abrem-se novas possibilidades para a criação de novos sistemas e shows. “O LED não é mais um iluminador, agora ele está se transformando em um elemento iluminado”, explica. Para finalizar, o profissional deu pequena amostra do trabalho de iluminação feito com os soft-
wares de criação de shows. O americano David Bosboom falou sobre as mais novas tecnologias que atualmente fazem a diferença tanto em espetáculos como na arquitetura de cidades em todo o mundo. Bosboom narrou um dos fatos mais importantes para ele como profissional. “A tecnologia e os brinquedos que usamos quando trabalhamos estão sempre mudando, ou seja, iluminadores têm que estudar sempre, para explicar aos diretores como eles podem ajudar seus espetáculos”, conclui. Nezito Reis encerrou o Ciclo de Palestras e Debates da Lighting Week Brasil 2013, trazendo Vida e Luz, Eu Também Venci. Na apresentação, Reis relembrou as pessoas que contribuíram de alguma forma para sua vida profissional. Durante a palestra, Reis exibiu o vídeo da peça “A Conquista”, de Min Tanaka, apresentada no Teatro Sérgio Cardoso, da qual fez o trabalho de iluminação. Ele comentou sobre algumas das técnicas utilizadas na produção, os tipos de iluminação e a razão de tê-las escolhido. Para finalizar, foi apresentada uma máquina utilizada no início do século passado. Na experiência, Nezito mostrou como o sal pode afetar a intensidade da luz.
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Gravação DVD O projeto de iluminação para a gravação do novo DVD de Fernanda Brum, no Credicard Hall, em Recife, no dia 31 de agosto, contou com o sistema Titan, da Avolites, sala de programação e programa de simulação em 3D. redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação
FERNANDA BRUM N
em sempre um palco apresenta todas as proporções que o iluminador gostaria para projetar suas ideias. Uma das saídas é adaptar. Foi o que aconteceu com o projeto de iluminação para a gravação do DVD Liberta-me, de Fernanda Brum, no Credicard Hall, em Recife. Adaptar também significa, em determinados casos, sacrificar algumas ideias. No entanto, neste projeto, Heitor Wyatt e Julio Sunderhus, proprietários da Mundo da Luz e criadores do projeto da cantora, contaram com algumas soluções, como o uso do sistema Titan, da Avolites, para dar vida ao conceito que ambos queriam alcançar, sem precisar abrir mão de algumas ideias.
“A princípio, queríamos sair do conceito de um enorme painel de LED atrás do artista como principal elemento no palco, pois na turnê da Fernanda Brum esse formato já vem sendo usado. Então, estudamos as possibilidades e resolvemos usar 11 tiras de LED, pois não queríamos que elas conflitassem com a luz e sim trabalhassem em harmonia”, explica Heitor. Depois da ideia conceitual, o próximo passo era saber se o espaço físico do palco acomodava todo o equipamento. “Feito isto, começamos a desenhar o projeto e optamos por usar no teto as linhas no sentido vertical a fim de compor com as torres do fundo”, completa. Os movings lights foram escolhidos a
Beams tipo 5R nas torr es, Spo ts
1200 n o chão e Beam s 300 n o teto
partir de uma conversa com o fornecedor, a Luminário, de Recife. Ficou decidido pelo uso dos Beams do tipo 5R nas torres e no chão e Spots 1200 e Beams 300 no teto. “A participação da Fernanda foi fundamental no projeto, pois ela acompanhou tudo desde a concepção até a execução e obtivemos a aprovação total dela. Como já participamos da turnê há 3 anos, este processo foi natural, pois a confiança no nosso tra-
balho já existia”, avalia Julio. A ideia era dar uma dimensão de Arena ao ambiente, dar um efeito de preenchimento ao local e ter um efeito parecido com pixel mapping. Por isso, surgiu a ideia de montar um “paredão” de PAR 64 e movings. “Como o local tinha uma excelente boca de cena, a ideia era montar um paredão de luz com LED e movings, porém sem usar
Da esq. para dir.: Rico Moura, Thomas Lyra, Heitor Wyatt, Julio Sunderhus, Gabriel Felix e Elson de Lucas
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Da equerda para a direita: Heitor Wyatt, Elson de Lucas e Julio Sunderhus
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Assim, tivemos a ideia de usarmos as 40 lâmpadas PAR foco 1 nas torres. Quanto às adaptações, foram feitas apenas nas torres das extremidades por conta das coxias. No teto, somente foram feitos ajustes de altura das linhas (Heitor Wyatt)
os movings para atacar o tempo todo, já que o objetivo era que houvesse uma composição”, afirma Heitor. “Assim, tivemos a ideia de usarmos as 40 lâmpadas PAR foco 1 nas torres. Quanto às adaptações, foram feitas apenas nas torres das extremidades por conta das coxias. No teto, somente foram feitos ajustes de altura das linhas”, completa. No entanto, para executar esse projeto seria necessário mais tempo do que o disponível, ou seja, iria além dos quatro dias de programação e dois de montagem. Foi a partir daí que surgiu a opção de usar o sistema Titan Avolites. “Quando o Heitor comentou sobre o projeto e o tempo disponível para programar, me veio à mente usar um sistema mais intuitivo e comple-
to”, ressalta Elson de Lucas Oliveira, lighting designer especialista da Avolites que ficou responsável pela programação e suporte durante a gravação do DVD. “Na maioria dos DVDs que gravamos usamos as mesas Avolites e Grand MA, porém nunca havia gravado com o Sistema Titan, senti que esse era o momento, e o suporte que o Lucas nos deu, me deixou mais seguro ainda”, comenta Heitor. “Quem ficou responsável por adaptações na montagem foi o Julio. Ele fez algumas mudanças e, no final, o resultado foi fantástico”, acrescenta Elson. Em relação ao tempo, a opção foi criar uma sala de programação no hotel onde os três estavam hospedados, o que adiantou na criação das cenas de músicas mais com-
Lista de Equipamentos •3 CONSOLES AVOLITES: 2 TIGER TOUCH E 1 TITAN MOBILE (USADA COMO BACKUP). •12 FRESNEL 2K DTS - COMPLETO •14 ELIPSOIDAIS ETC 36° COMPLETO •40 REFLETORES PAR 64 FOCO 1 (NA GARRA) •12 REFLETORES PAR 64 FOCO 2 ( LATERAL) •16 MINI BRUTTS 6 LÂMPADAS
•24 MOVING LIGHT SPOT 1200 CMY VM •20 MOVING LIGHT BEAM 700 CMY AZ •13 MOVING LIGHT WASH 700 RS •40 MOVING LIGHT 7R VD •10 STROBOS ATOMIC 3000 •60 REFLETORES PAR LED 3W RGBW (HOT MACHINE) (28 PALCO 32 PLATEIA) •12 RIBALTAS LED SGM
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Onze tiras de paineis de LED trabalharam em harmonia com a luz
Músicas foram programadas em cue lists
plexas, como Liberta-me, Seja bem-vindo e Nada pode me separar, pois estas músicas tinham um tempo diferente de cue. “Por exemplo, quando a Fernanda cantava Liberta-me, os movings precisavam subir com um delay de 8 segundos e descer com um delay de 10 segundos e com um tempo de frost de 15 segundos. Essas e outras músicas foram programadas em cue lists, criando uma sequência disparada pelo Heitor, que estava usando in-ear com click e comunicação direta com o diretor musical do DVD”, explica Elson. “Como na maioria dos grandes festivais e shows em turnê pelo mundo, utilizamos um simulador de iluminação em 3D, que é usual no trabalho do Heitor e do Julio. Neste projeto foi usado o Wysiwig R31, fornecido pela Luminário”, completa. Heitor também sincronizou todo o conteúdo do LED com a banda através de uma interface OSC por ele criada. O baterista ficou com um iPad
com todas as músicas à vista, quando ele clicava na música, automaticamente disparava via wi-fi o computador com o video e click “syncados”. Outra preocupação seria a de manter a mesma coerência dos shows que vão para a estrada com o conceito do DVD. Então, era preciso pensar também no layout de um em que há muitas mudanças na quantidade de material e tiras de LED, por conta da inevitável variação da estrutura oferecida por cada contratante. Segundo Elson, com o sistema Titan isso se torna mais real e simples no dia a dia da estrada, pois é possível manter todos os efeitos com diferentes equipamentos caso em um show sejam fornecidos movings Giotto 400 e em outro DTS XR9. O sistema da Avolites, neste caso processado em 8 linhas DMX, também permitiu que tudo ficasse pronto em um tempo bem menor do que se fosse realizado em outros consoles. Com isso, foi possível obter diversos efeitos mais complexos, por ser este console mais confiável, rápido e intuitivo, como o coração com os 5R e um efeito de dimmer em forma de seta. “Decidimos usar todo o sistema Avolites Titan por questão de quantidades de linhas DMX e também para podermos contar com um console como backup”, completa Heitor.
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Os discos da minha vida
o “Nunca” O Terra foi o segundo e último LP da primeira fase de Sá, Rodrix & Guarabyra. Após seu lançamento em 73, as costuras musicais e pessoais que nos uniam sofreram um rápido desgaste. Nossa mudança para São Paulo não melhorou em nada a situação: o trabalho de produção de jingles no estúdio Pauta, comandado por Rogério Duprat, só tinha de compensador a convivência com o maestro. Os cachês resolviam nossa situação
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financeira, mas não a profissional. Já um tanto afastados do Zé, que pulara fora da Pauta, e alçados ao nirvana da publicidade com o sucesso da campanha “Só Tem Amor Quem Tem Amor Pra Dar” - com jingles que colocaram a Pepsi de volta no mercado brasileiro e revolucionaram o papel da música na propaganda -, eu e Guarabyra trabalhávamos a mil o tempo todo, mas em compensação ficávamos em situação delicada diante de um público mais alternativo que condenou explicitamente nossa “imersão capitalista”. Em suma, ganhamos alguma grana e perdemos muito prestígio. O já esperado finale concretizou-se com Zé Rodrix anunciando sua saída do trio. Coroando a sucessão de contratempos, meu filho Miguel - ainda em seus quatro ou cinco meses de vida - teve sucessivos problemas de saúde, já que morávamos no Brooklyn, à beira da
Enfim, a sorte estava lançada: retomei minha carreira solo de antes do trio e parti para gravar aquele tradicional single que costumava sair antes do LP
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Marginal Pinheiros, respirando o mórbido futum do rio que chegava com uma névoa compacta nas frigidérrimas noites de inverno daquela São Paulo dos 70. Foi a conta: peguei a família e me mandei com armas e bagagens de volta pro Rio, mais precisamente pra Ipanema, mais precisamente ainda para a esquina de Farme de Amoedo com Alberto de Campos, de onde eu achava então que nunca deveria ter saído, deixando para trás a Pauta, Guarabyra e nossa banda de apoio, músicos cariocas que carregáramos conosco para a Paulicéia Desvairada para trabalharem também nas bases publicitárias: Sérgio Magrão (baixo), Sérgio Hinds (guitarra), Luís Moreno (bateria), Cezar de Mercês (violão, percussão e apoio vocal) e o novo tecladista que Milton Nascimento nos indicara, o mineiro Flávio Venturini. Enfim, a sorte estava lançada: retomei minha carreira solo de antes do trio e parti para gravar aquele tradicional single que costumava sair antes do LP, de volta aos estúdios da Odeon, ainda minha gravadora por contrato, no edifício São Borja, Cinelândia, na gema do Rio. Mal ficara o single pronto, com Homem de Neanderthal de um lado e – vejam só! – minha primeira parceria com Rodrix do outro, O Povo do Ar (parênteses de curiosidade: anos mais tarde, e em épocas diferentes, essas duas músicas seriam gravadas por Ney Matogrosso) e eu já esbarrava nos corredores da Odeon com a figura sempre sorridente de Guarabyra, que como eu, começara a gravar seu disco solo. Não se passou uma semana de chopes no Paisano, restaurante que ficava no térreo do prédio da Odeon, para que decidíssemos continuar em dupla, sempre devidamente acompanhados pelos estímulos de Mariozinho Rocha. Nesse entretempo, ressentido com Rodrix pelo que eu considerava uma ego trip em detrimento do trabalho de anos em dupla e trio, rompi de vez com ele, dando algumas entrevistas malcriadas. Guarabyra idem. Abandonados nossos singles, partimos com ânimo renovado para o trabalho em dupla. Não me lembro bem, mas acho que Guarabyra continuava em São Paulo. De qualquer jeito convocamos todo nosso universo de volta: Waltercio Caldas e Miguel Rio Branco na capa, a banda que leváramos para Sampa, os maestros Rogério Duprat e Eduardinho Souto Neto – um menino -arranjador cheio de novas ideias - e caímos no estúdio. Por conta do tempo que ficáramos separados não tínhamos quase nada em parceria, mas juntamos nossas forças e resolvemos
Nunca foi especial por muitos motivos: a força da decisão de permanecermos unidos parece ter contaminado todos aqueles que trabalharam conosco nesse disco assinar em dupla, tipo Lennon-McCartney, as composições de um e outro. Nunca foi especial por muitos motivos: a força da decisão de permanecermos unidos parece ter contaminado todos aqueles que trabalharam conosco nesse disco. Waltercio apareceu com a sugestão da queda de braço na capa, uma ilusão de desarmonia que se desfaz com o título Nunca bem embaixo da foto que Miguel recoloriu propositadamente, armando aquele clima meio esotérico. Fica óbvio que a ideia é de união, o que depois de quase quarenta anos parece profético, uma vez que continuamos juntos... Nossa banda de apoio partiu para um voo particular e transformou-se na segunda – e melhor sucedida – formação d’O Terço, frutificando depois no 14Bis e nas carreiras-solo de Cezar de Mercês, Sérgio Hinds e Flávio Venturini. Rogério Duprat já era consagrado, mas Eduardinho Souto Neto partiu dali, com seu arranjo visceral para São Nicolau, rumo a novos horizontes, acabando por ser até hoje um dos arranjadores mais solicitados do nosso meio musical. O disco acabou por ter uma carreira acidentada, fruto da nossa hesitação entre continuar a saga do rock rural ou abandoná-la por completo. Naquela época – como até hoje, mesmo depois do advento dos downloads de faixa a faixa - um dado essencial da carreira de um disco era a chamada “música de trabalho” e essa “esquizofrenia” do Nunca refletiu-se na dúvida. Não era um disco que primava pela hegemonia, mas sim um disco de transição, que partia de faixas como Segunda Canção da Estrada e Nuvens d’Água tipicamente “rocks rurais” para ambientações mais ousadas como Apreciando a Cidade e São Nicolau. Em consequência, apesar da execução maciça de algumas faixas, as vendas não ajudaram na afirmação da dupla. Essa provisória irresolução da parceria Sá-Guarabyra, que refletia um período de adaptação do trabalho de um com o outro acabaria por levar a uma nova separação antes do disco de 75, o Cadernos de Viagem. Mas essa é outra longa história que eu vou contar no mês que vem, recordando esses discos da minha vida...
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