Edição 218 - Revista Backstage

Page 1

SOM NAS IGREJAS

www.backstage.com.br

3


SOM NAS IGREJAS

4

www.backstage.com.br


SOM NAS IGREJAS

www.backstage.com.br

3


SOM NAS IGREJAS

4

www.backstage.com.br


SOM NAS IGREJAS

www.backstage.com.br

5


SOM NAS IGREJAS

6

www.backstage.com.br


SOM NAS IGREJAS

www.backstage.com.br

7


SOM NAS IGREJAS

8

www.backstage.com.br


SOM NAS IGREJAS

www.backstage.com.br

9


SOM NAS IGREJAS

10 www.backstage.com.br


SOM NAS IGREJAS

www.backstage.com.br 11


Sumário Ano. 19 - janeiro / 2013 - Nº 218

42

Renovação, foi essa a tônica de mais uma edição do Caldas Country, que, a cada ano, impressiona pelo tamanho. Em 2012, o festival contou com novo sistema de sonorização, novos equipamentos de iluminação, e paineis de LED de última geração. Em comum nos três elementos, leveza e eficiência, que garantiram ao festival um show extra de luz e som. Confira também as novas característica do Cubase 7, que agora conta com manual em português, e a novidade da Roland, o Integra 7, dotado de mais de 6 mil timbres.

Danielli Marinho Coordenadora de redação

52

David Guetta Pela terceira vez no Brasil, o DJ britânico se apresentou no RioCentro, no Rio de Janeiro, com sistema Norton LS.

NESTA EDIÇÃO 16

Vitrine Selecionamos alguns lançamentos de equipamentos de áudio e iluminação para 2013, como a tão aguardada Sapphire Touch, da Avolites.

26

Rápidas e rasteiras A aprovação do Vale Cultura pelo Governo, lançamentos de livros e o workshop da D.A.S estão entre os destaques da coluna.

30 Gustavo Victorino

78

Inauguração do parque de exposições em São João da Barra (RJ), contou com quatro dias de shows e sistema de som da Machine.

86

94

38 O som dos PAzeiros Na quarta reportagem da série, conheça os segredos de Paulo Farat e Marcelo Oliveira para tirar um “som personalizado”.

Baixo Multifunção Lançando seu segundo CD solo, o baixista Jorge Pescara conta em entrevista porque escolheu o Megatar como estrela desse novo trabalho. Uma dica: o instrumento é capaz de reproduzir o som de outros.

Gramophone O grupo Nenhum de Nós relembra como foi a gravação do primeiro disco, homônimo, da banda, lançado há 25 anos.

Dorsal Atlântica Uma das bandas brasileiras pioneiras no gênero trash metal se reune para lançar novo CD buscando a mesma sonoridade dos anos 80.

Notícias de bastidores que vão movimentar o mercado nesse início de ano.

32

Expo Barra

112

Vida de artista O que seria de um artista sem seus fãs? Neste mês, o colunista Luiz Carlos Sá faz uma homenagem especial a todos eles.


Expediente

Nível de SPL nos templos Embora a tecnologia ajude, técnicos e engenheiros ainda encontram grandes desafios para desenvolver e aplicar um projeto acústico satisfatório nas igrejas.

104

CADERNO TECNOLOGIA

58

Roland Integra 7

Apresentada na Expomusic como uma das novidades da empresa, o produto pode ser chamado de usina sonora, devido aos mais de 6 mil timbres disponíveis.

64 Cubase

70

A versão 7 do software está totalmente reformulada e conta agora com manual em português, se tornando o primeiro programa de produção musical a ter essa opção.

Estúdio Em mais um artigo da série O Tamanho do seu Estúdio, o colunista Ricardo Mendes dá dicas de como calcular a distância do microfone no estúdio.

74

Baixo elétrico Como escolher os itens essenciais que serão levados para um estúdio no dia da gravação.

Diretor Nelson Cardoso nelson@backstage.com.br Gerente administrativa Stella Walliter stella@backstage.com.br Financeiro Rafael Pereira adm@backstage.com.br Coordenadora de redação Danielli Marinho redacao@backstage.com.br Revisão Heloisa Brum Revisão Técnica José Anselmo (Paulista) Tradução Fernando Castro Colunistas Cristiano Moura, Gustavo Victorino, Jorge Pescara, Luciano Freitas, Luiz Carlos Sá, Marcello Dalla, Ricardo Mendes, Sergio Izecksohn e Vera Medina Colaboraram nesta edição Alexandre Coelho, Luiz Urjais, Miguel Sá e Victor Bello Estagiária Karina Cardoso webmaster@backstage.com.br Edição de Arte / Diagramação Leandro J. Nazário arte@backstage.com.br Projeto Gráfico / Capa Leandro J. Nazário Foto: Danielli Marinho / Divulgação Publicidade: Hélder Brito da Silva PABX: (21) 3627-7945 publicidade@backstage.com.br Webdesigner / Multimídia Leonardo C. Costa multimidia@backstage.com.br Assinaturas Maristella Alves PABX: (21) 3627-7945 assinaturas@backstage.com.br Circulação Adilson Santiago, Ernani Matos ernani@backstage.com.br Crítica broncalivre@backstage.com.br Backstage é uma publicação da editora H.Sheldon Serviços de Marketing Ltda. Rua Iriquitiá, 392 - Taquara - Jacarepaguá Rio de Janeiro -RJ - CEP: 22730-150 Tel./fax:(21) 3627-7945 / 2440-4549 CNPJ. 29.418.852/0001-85 Distribuição exclusiva para todo o Brasil pela Fernando Chinaglia Distribuidora S.A. Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1678 - Sl. A Jardim Belmonte - Osasco - SP Cep. 06045-390 - Tel.: (11) 3789-1628 Disk-banca: A Distribuidora Fernando Chinaglia atenderá aos pedidos de números atrasados enquanto houver estoque, através do seu jornaleiro. Os artigos e matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. É permitida a reprodução desde que seja citada a fonte e que nos seja enviada cópia do material. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios veiculados.


14

CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br

CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br

Um ano para colher

o que foi semeado

O

início do ano costuma ser a época de renovação de promessas, de metas e de objetivos e, como todo recomeço, de selar o compromisso de fazer melhor do que o ano que está nos deixando. Sempre achamos que podemos conseguir algo além do que foi conquistado até agora e as comparações com o ano anterior são inevitáveis. Nesses quase 20 anos atuando no mercado de áudio e, posteriormente, no de produção musical, fomos testemunhas de sua evolução, dificuldades e obstáculos, bem como também de seu crescimento e de sua consolidação. Nosso comprometimento, que se traduz na nossa missão, que é a de buscar a informação e transformá-la em conhecimento para o nosso leitor, se renova a cada ano e, em 2013, não será diferente. Acreditamos que é a partir da educação, informação e liberdade de expressão que se constrói uma sociedade e um mercado justos e sustentáveis. Partindo desse princípio, procuramos dar voz e ficar atentos ao que desponta no horizonte. A ideia não é criar tendências, mas, sim, trazer à luz possibilidades que merecem ser avaliadas, como é o caso da crescente indústria brasileira de áudio. Os medalhões do áudio podem confirmar que há 10 anos era impensável fazer um grande festival com um sistema de som (principalmente com lines) nacional, ao contrário do que se vê hoje em dia. E é nessa mesma esteira de desenvolvimento que também procuramos nos reinventar. O ano de 2012 marcou mais uma etapa na história desta publicação, quando ousamos ao transportar nosso conteúdo para uma nova plataforma multimídia e interativa na tentativa de manter nosso público mais bem informado e conectado. Para esse ano que se inicia, sem dúvidas, haverá o desafio de consolidar o que foi semeado lá atrás, não apenas de nossa parte, mas das empresas brasileiras, cujo obstáculo maior ainda continua sendo o de sair da crise mundial sem sofrer tantas consequências negativas. No entanto, como faz parte de todo início de ano, começamos esses novos tempos com muito otimismo e, sobretudo, com a boa intuição de que o mercado de entretenimento, incluindo aí o áudio, a iluminação e a produção musical, tem como principal atributo a adaptação. Boa Leitura. Danielli Marinho

siga: twitter.com/BackstageBr


15


VITRINE ÁUDIO E ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br 16

ALTA MODA ÁUDIO www.altamodaaudio.com O fabricante de equipamentos de áudio profissional Alta Moda Áudio apresentou seu equalizador AM-25, da série 500-rack. O equipamento é versátil e possui um alto desempenho paramétrico de quatro bandas, com design compatível ao sistema de rack. O AM-25 oferece quatro variáveis contínuas e sobreposição de bandas de frequência, que dão ao produto uma incrível versatilidade em uma ampla gama de aplicações de áudio.

SSL www.solidstatelogic.com A SSL lançou o Alpha-Link MX, novo produto da linha de conversores A-D/D-A. Segundo o fabricante, o equipamento proporciona alta qualidade de áudio em um formato mais usual para estúdios de préprodução. A nova geração possui duas diferentes unidades de rack que podem ser usadas individualmente ou combinadas, para formar sistemas maiores.

BOSS www.roland.com.br/boss A Boss trouxe para o Brasil os novos modelos de amplificadores de potência CE1004. Possui potência total de 1000 Watts, tecnologia MOSFET, 4 canais de saída, proteção de super aquecimento e curto circuito dos alto-falantes e controle remoto de volume do subwoofer e muito mais.

YAMAHA

RME

http://br.yamaha.com A Yamaha aumentou a linha THR, lançando três novos modelos: THR10X, THR10C e THR5A. As características do design clássico continuam as mesmas, mas receberam alguns ajustes para combinar com o caráter próprio de cada versão dos novos amplificadores. Todos os modelos oferecem tecnologia Extened Stereo da Yamaha, interface USB sem costura, playback stereo e vêm acompanhados da versão completa Cubase Al.

www.rme-audio.de A RME anunciou o lançamento de um conversor de alta qualidade que converte sinais analógicos para ADAT e AES, ou vice-versa. O ADI-8 DS Mk III tem resolução 24 bit e suporte de até 192 kHz e possui uma unidade de 1U em rack, com oito entradas/saídas ADDA.


17


VITRINE ÁUDIO E ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br 18

BENSON www.proshows.com.br O novo Piano Digital da Benson, distribuído pela Proshows no Brasil, possui excelente tocabilidade, ideal para ter em casa para a prática do dia a dia ou até mesmo para estúdios em gravações profissionais. O Piano Digital tem teclas com peso de piano de cauda, tela LCD, 64 notas de polifonia, 131 tons com 12 bancos de acesso rápido, 200 ritmos, 50 sons demo, entre outras qualidades.

JBL www.selenium.com.br O novo woofer WPU1510, da JBL Selenium, é uma alternativa de potência mais alta na linha WPU. Ele é indicado para caixas graves de tamanho reduzido que requerem elevadas potências, linearidade e baixa distorção. O woofer também oferece desempenho Premium, com excelente resposta em BF e midbass boost. Sua suspensão de tecido com impregnação emborrachada garante uma maior durabilidade, amortecimento e redução de ondas estacionárias.

ROLAND www.roland.com.br A Roland divulgou o novo teclado BK-3, que oferece uma qualidade de som excepcional e uma grande variedade de estilos musicais. Com seu preço acessível, facilidade de uso e recursos premium, o BK-3 é perfeito para uma ampla gama de usuários, desde amadores até artistas profissionais. O BK-3 é compatível com Roland sem fio Connect, que permite aos usuários se comunicar com iPhone ou iPad através de rede sem fio Wireless-RL.

WALDMAN www.equipo.com.br A Waldman lançou as caixas Tourcabs. Este modelo, Classe D, de caixa acústica, apresenta 700 watts em sua versão de 15 polegadas, com ampla resposta de frequência e sensibilidade de 98 dB (± 2 dB). Seu design versátil permite a utilização como caixas frontais em pedestais ou suspensas (por pontos de fixação presentes na caixa) ou mesmo como monitor de chão. Seus diferenciais são os gabinetes de alta resistência a impactos e componentes internos de alta qualidade que proporcionam a melhor resposta sonora em diferentes utilizações.


19


VITRINE ÁUDIO E ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br 20

YAMAHA http://br.yamaha.com A Yamaha e a Steinberg anunciaram um novo lançamento no final de 2012: Nuage, um novo sistema integrado de pós-produção. Ele conta com hardware e completa integração com os sistemas da Yamaha e da Steinberg. É uma solução de pós-produção para jogos, publicidade, cinema, broadcast e produção musical.

SENNHEISER www.sennheiser.com.br A Sennheiser lançou a 9000 Digital, um sistema digital sem fio que permite a transmissão de áudio sem compressão. É destinado a eventos de transmissão ao vivo de áudio e a profissionais de alta performance musical e teatral. Ele inclui o receptor EM 9046 e os transmissores SK 9000 e SKM 9000, além de uma extensa gama de acessórios.

BEHRINGER www.proshows.com.br A Behringer anuncia sua nova mesa de áudio de série XENYX Q mixers USB. Ideal para qualquer situação, a Série Q tem uma versátil funcionalidade a um preço acessível. Ela possui pré-amplificadores de microfone XENYX de baixo ruído, porém com alta operação headroom. Alguns modelos da linha apresentam o item “wireless-ready” que integrará os futuros microfones digitais Behringer ULM da série sem fio.

AKG www.akg.com A marca AKG lançou novos fones de ouvido. Eles possuem a estrutura de fones profissionais, numa evolução bastante interessante dos modelos anteriores da linha K550. Eles também chamam a atenção pelo excelente design, com toques minimalistas.


21


VITRINE ÁUDIO E ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br

AUDIO-TECHNICA

22

www.proshows.com.br A Audio-Technica anunciou o lançamento do seu novo sistema de transmissão digital sem fios, System 10, com operação na banda dos 2.4 GHz – faixa de frequências livre de 2400 a 2483,5 MHz. Ele possui qualidade na transmissão de sinal e na configuração, e é ideal para igrejas, bares e outros eventos.

EROS ALTO-FALANTES MACHINE AMPLIFICADORES www.machineamplificadores.com.br Os amplificadores SD Machine formam a mais recente linha de alta performance em amplificação, em classe AB + H, trabalhando em 2 ohms. Possuem baixo peso – Tecnologia Pro-Light e duas unidades Rack com excelente sonoridade.

www.eros.com.br A Eros Alto-Falantes apresentou a nova linha SDS Pro. Desenvolvido com tecnologia e componentes de última geração, como os anéis de alumínio para melhor dissipação de calor da bobina, cem milímetros de diâmetro em fio de alumínio revestido em cobre, cone com fibras longas e ventilação especial tridimensional, além de outras excelentes características.


23


www.robe.cz O mais recente produto da Robe, o DLS Profile, utiliza o módulo de LED RGBW Robe. Ela possui controle individual de cada posição da lâmina do obturador e do ângulo, em conjunto com a rotação do módulo de enquadramento completo.

AMERICAN DJ www.americandj.com A nova luminária compacta Mega QA Par38 possui todos os recursos mais modernos existentes, usados por inúmeros clubes profissionais e artistas. O produto vem equipado com a exclusiva DJ Quad Color-LED da American DJ e ainda é alimentada por três saídas de 5 watts, com fontes de LED, cada um composto por quatro LEDs de cor diferente (vermelho, verde, azul e amarelo) combinados em um único diodo.

24

VITRINE ÁUDIO E ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br

ROBE

AVOLITES www.proshows.com.br A ProShows anunciou a chegada do mais novo produto da Avolites no Brasil: a Sapphire Touch. Ela é uma controladora equipada com o software Titan, que agrega a linguagem prática dos consoles já conhecidos, novos recursos e uma grande interatividade, que chega para facilitar a vida do programador. O equipamento possui duas telas touch screen, além de 45 faders motorizados.

ROBE www.robe.cz O Actor 6 da Robe é um dos grandes sucessos da série LEDWash, desenvolvida especificamente para os mercados de teatro e TV. A cabeça leve estática possui zoom motorizado linear de 8-63 graus, cor suave e escurecimento linear sem ‘breakup’ RGB ou sombras de cinza.


25


RÁPIDAS & RASTEIRAS | www.backstage.com.br 26

Vale cultura Depois de quase 20 anos tramitando, o Projeto de Lei 4682/12 que cria o Vale-Cultura foi aprovado, no dia 21 de novembro, no Congresso Nacional. O benefício será no valor de R$ 50 e terão direito os trabalhadores que tenham carteira assinada (CLT) e recebam até cinco salários mínimos. Mais informações: http://www.cultura.gov.br/site/ 2012/11/21/vale-cultura-e-aprovado-na-camara-dos-deputados/

SAMBISTA PARANAENSE LANÇA CD Rio de Janeiro e São Paulo foram os locais escolhidos para a sambista Karina, uma paranaense radicada em Santa Catarina, lançar seu primeiro álbum Você Merece Samba, produzido por Leandro Sapucahy. A cantora, já conhecida na região Sul, agora apresenta sua voz aos cariocas e paulistas e já vem chamando a atenção de ilustres como Arlindo Cruz, Leandro e Haroldo Costa. No repertório, músicas inéditas se mesclam com as canções conhecidas como Batucada dos nossos tantãs (Sereno/Adilson Gavião/

Robson Guimarães), Do jeito que a vida quer (Benito de Paula), e Cabide (Ana Carolina). Completam o trabalho de Karina, O primeiro samba (Serginho Meriti/ Rodrigo Leite/Mi Barros/ Fátima Lima), Sem sapato alto (Claudemir/Ricardo Moraes/Dado), e Corpicho (Picolé/Ronaldo Barcellos), além dos sambas Quando falo de amor (com Almir Guineto e Fred Camacho) e Vai embora tristeza (com Julinho Santos e Gegê D‘Angola). Karina já tem shows confirmados em janeiro na Cidade Maravilhosa.

NX ZERO LANÇA EM COMUM Dez anos de estrada comemorados num show de lançamento do mais novo trabalho do grupo no Espaço das Américas, em SP: Em Comum é a prova de que Di Ferrero, Gee Rocha, Fi Duarte, Caco Grandino e Daniel Weskler podem dialogar de igual para igual com os maiores nomes da música brasileira. Esse é o primeiro disco de inéditas em três anos.

Vocalista do INXS terá cinebiografia Inspirada no livro escrito pela mãe de Michael Hutchence – Just A Man: The Real Michael Hutchence –, em breve os fãs do INXS poderão conferir nas telonas a cinebiografia do ex-líder de uma das bandas de maior sucesso dos anos 1980 e 90. Two worlds colliding contará a história de Hut-

chence do ponto de vista familiar, deixando para trás a trilogia sexo, drogas e rock and roll. O roteirista Bobby Galinsky afirma que o longa pretende mostrar o músico no contexto familiar e pessoal como filho, irmão, amigo, seus amores e seus medos. O início das gravações deverá ser ainda este ano. A banda INXS foi formada na Austrália e vendeu mais de 30 milhões de discos. Entre os principais sucessos estão Need You Tonight, New Sensation e Suicide Blonde.

ZÉLIA DUNCAN É ENDORSEE YAMAHA Com mais de 25 anos de carreira, Zélia Duncan, que acaba de lançar o disco Tudo Esclarecido, homenagem a Itamar Assumpção, é a mais nova endorsee da Yamaha Musical do Brasil. A artista utilizará violões Yamaha das séries CPX, NX e SLG. De construção artesanal, os violões CPX caracterizam-se por um som grave, potente e rico, aliado a agudos suaves e delicados. Já a linha de violões NX foi projetada para oferecer não só os timbres típicos de violões de nylon, mas também ritmos como o flamenco, música latina e gêneros populares.


Festival de Verão de Salvador

Ivete Sangalo, O Rappa, Timbalada, Jorge & Mateus, Sorriso Maroto e banda Eva são as primeiras atrações confirmadas para o Palco 15 Verões do Festival de Verão de Salvador 2013. Com duração de quatro dias, de 16 a 19 de janeiro, o Festival de Verão recebe uma média de 50 mil pessoas por dia de todo o Brasil. A grade de atrações do dia 16 de janeiro já começa a ser preenchida com as participações do Eva, O Rappa e Sorriso Maroto. A cantora Ivete Sangalo sobe ao palco no dia 17 de janeiro, enquanto a dupla Jorge & Mateus e a banda Timbalada agitam a festa nos dias 18 e 19 de janeiro, respectivamente.

LADY GAGA SOFRIA BULLYING NA ESCOLA

VICTOR BIGLIONE IMORTALIZADO O autor, poeta e pesquisador musical Euclides Amaral reuniu uma série de documentos, entre fotos, letras, reportagens e depoimentos para dar forma a uma das obras mais completas sobre o músico, guitarrista e compositor Victor Biglione. O livro, que terá o lançamento da 2ª edição no início de 2013, é uma verdadeira viagem pela vida e discografia deste argentino com alma carioca, como define Ricardo Cravo Albin, que assina a orelha da publicação.

Seguindo a tradição de lançar biografias dos grandes nomes da música pop, a editora Universo dos Livros lança o livro-tributo sobre a história desse fenômeno artístico-musical chamado Lady Gaga. A publicação revê em detalhes a vida e a carreira da extravagante cantora, seus altos e baixos, a vida de reviravolta e recaídas até alcançar o estrelato. Com uma extensa pesquisa em publicações e entrevistas, Tributo a Lady Gaga traz fotos da carreira e detalhes dos relacionamentos e namoros da cantora. Stefani Joanne Angelina (esse é o nome verdadeiro da moça) foi uma aluna nota dez, dedicada, inteligente, estudou teatro, piano e teve aulas com o famoso produtor musical

Don Lawrence, estudou em uma escola de freiras e sofreu bullying por ter nariz grande e dentes encavalados e por se vestir de maneira diferente.

27


TEM SAMBISTA NO ROCK Teresa Cristina e a banda Os Outros lançam o single Ilegal, Imoral ou Engorda, de Roberto Carlos. A música, que já está nas rádios e na internet, também pode ser conferida através do canal You Tube. Aliás, foi o rock que uniu Teresa Cristina à banda. Com gosto eclético, a sambista sempre gostou de rock, inclusive os mais pesados. Ela e o baixista da banda, Victor Paiva, já se conheciam há tempos e quando Os Outros montou o show Os Outros Convidam, ele fez questão de convidar Teresa. A primeira música escolhida foi Do Outro Lado da Cidade. Deu tão certo que o que seria uma participação em um show se transformou numa temporada de shows, seguido do álbum Teresa Cristina + Os Outros = Roberto Carlos, que a Deck lançou em dezembro. Para ouvir, acesse: http://www.youtube.com/watch?v=zLVUw6My7HI

Participantes do workshop

A Decomac e a D.A.S. Audio promoveram um workshop para profissionais de áudio no dia 22 de novembro, na Barra

28

RÁPIDAS & RASTEIRAS | www.backstage.com.br

WORKSHOP D.A.S

Guillermo Di Stefano (ao centro), da Decomac

Vicent Olucha

da Tijuca, no Rio de Janeiro. O evento gratuito reuniu profissionais de áudio e contou com a participação do engenheiro da D.A.S Espanha, Vicent Olucha, que falou sobre os sistemas de medição de áudio. Os modelos de caixas usados no workshop para a demonstração fo-

ram 1 sub LX218 e 4 caixas do AERO 8A. Vicent, responsável pelo suporte técnico da empresa para a América Latina, além de explicar e esclarecer sobre o funcionamento dos softwares Ease Focus e Smaart, abordou alguns pontos durante a palestra como o uso de equipamentos apropriados para fazer a medição do local que será sonorizado e as novidades do Ease Focus 2.0, com explicações sobre o funcionamento e a aplicação para cada tipo de line array. O final do workshop foi seguido de uma demonstração com uma simulação de alinhamento das caixas Aero 08 e do sub LX218 usando a ferramenta de alinhamento Smaart.

NÚMERO TIM Devido à demanda de ligações oriundas da empresa de telefonia TIM, a DB Tecnologia Acústica adquiriu um número da operadora para a fábrica. O novo número é (51) 8147-7938 e funciona no horário de atendimento da empresa, ou seja, das 8h30 às 17h30, de segunda a sexta-feira.


VIOLÃO IBÉRICO A Trem Mineiro Produções Artísticas acaba de lançar o livro Violão Ibérico, do jornalista espanhol Carlos Galilea. A obra discorre sobre a história e a importância, bem como a trajetória desse instrumento, que teve origem na Espanha e chegou ao Brasil Colônia por meio dos portugueses. É um trabalho meticuloso de pesquisa resultando em uma publicação de resgate da memória musical de três povos e culturas distintas. Com prefácio de Sérgio Cabral, o livro traz entrevistas, fotos e ilustrações, reunindo uma riqueza de documentos.

GUITARRA PASSO A PASSO Um guia completo para dominar esse instrumento, que é caracterizado por sua versatilidade em se adaptar a praticamente todos os gêneros musicais. O livro vem acompanhado de um DVD e é um guia prático que inclui orientações para a escolha do instrumento mais adequado ao estilo escolhido, manutenção da guitarra e dicas de como se tornar um músico. Em dez sessões de aprendizado, o leitor desenvolverá novas habilidades e técnicas por meio de exercícios musicais e construirá um sólido conhecimento da teoria.

ROBERTO CARLOS NA INAUGURAÇÃO DO NOVO ESPAÇO DAS AMÉRICAS O cantor fez um show para convidados no dia 04 de dezembro que marcou a inauguração oficial do Espaço das Américas, em São Paulo. No repertório, além de músicas consagradas como Emoções, Como é grande o meu amor por você e Jesus Cristo, com a tradicional entrega das rosas, estavam as novas Esse Cara Sou Eu e Furdúncio. Entre os presentes na festa, nomes como Abílio Diniz, Alexandre Pires, Chitãozinho, Galvão Bueno, João Carlos Martins, Michel Teló e Zezé di Camargo. Com capacidade para 8 mil pessoas, o local é um dos maiores espaços para shows, eventos e feiras da capital paulista.

ERRATA Diferentemente do que foi publicado na edição 216, página 16, na nota sobre a Guitarra Cort, a foto é do baixo Cort em forma de machado, e não da guitarra, como sugere o texto. A foto correta da guitarra Cort é a publicada acima.

29


GUSTAVO VICTORINO | www.backstage.com.br 30

CLEARTONE A melhor corda encapada do mundo chega ao país pelas mãos da Crafter Brasil. Elogiada por sua revolucionária tecnologia, as cordas Cleartone representam um avanço no processo de capeamento e isolamento dinâmico nas cordas para instrumentos. O produto chega às lojas e logo deve virar paixão para músicos antenados. Quem testou, baba...

OBVIEDADE E EXEMPLO Sem recepcionar nenhum discurso ufanista, depressivo ou qualquer outro tipo de proselitismo, o ano de 2012 fechou com um saudável indicativo de que o profissionalismo do mercado permitiu a sobrevivência de muitas pequenas empresas atingidas por momentos difíceis. As grandes empresas há muito se equiparam contra crises, mas a reação dos pequenos e sua habilidade e equilíbrio na hora do aperto foi, em minha opinião, o grande destaque empresarial do ano que fechou.

Ao usar um artifício óbvio e quase simplório, a Microsoft deu um pontapé e pode até dar um basta na pirataria com o seu sistema operacional Windows. Em vez de inserir dispositivos de segurança irritantes e quase bobocas, afinal a garotada quebra tudo em 2 ou 3 dias, a gigante americana usou de bom senso e uma estratégia que deveria servir de exemplo. A empresa lançou o Windows 8 com promoções e preços que podem devastar a indústria da pirataria com o seu programa. Acredite, a Microsoft derrubou sim seus preços no Brasil. Agora eles começam em 29 reais (atualizações) e chegam a 149 reais para programas instalados e não ativados. Com mídia na caixa e outras frescuras, passa de 200 reais. Isso é bem melhor do que os quase 800 reais que nos cobraram pelo Windows 7. Tomara que o exemplo frutifique e outras empresas parem de tratar o consumidor como otário. E bom seria que o consumidor também parasse de sê-lo.

DANELECTRO As emblemáticas e iconoclastas guitarras da Danelectro estão de volta ao Brasil. A Sonotec, representante exclusiva da marca, retomou a importação do produto que tem preço surpreendentemente competitivo para a qualidade e história do instrumento. Ninguém mais vai precisar fazer malabarismo para buscar os timbres clássicos de rockabilly e bebop.

HÍBRIDAS Decidi pessoalmente testar um modelo de guitarra híbrida e tentar descobrir porque um instrumento tão prático e interessante enfrenta uma inexplicável resistência de mercado. Desinformação do consumidor ou não, vou contar em breve numa matéria especial aqui na Backstage.

GRAMMY 2013 Pela relação de indicados ao maior prêmio da música americana, a coisa vai mesmo de mal a pior por lá. O show televisivo é sempre interessante pelo visual e pelo recorrente recurso de usar velhas estrelas da música anglo-saxã para salvar a qualidade do espetáculo. Mas entre os indicados, salvo raríssimas exceções, a ruindade turbinada pelo sempre competente marketing dos gringos impera.

THE VOICE BRASIL Recebi alguns e-mails com pedidos de críticas ao programa dominical da Globo. Cada um apresentava uma série de motivos. Alguns procedentes e outros nem tanto. Desculpem decepcioná-los, mas assim como também posso ter possíveis críticas fundamentadas, antes fico imaginando se no lugar do programa, a rede de maior audiência do país colocasse um enlatado americano que em nada acrescenta ou divulga a música ou os novos talentos brasileiros. Com ou sem defeitos e vícios, que venham mais


GUSTAVO VICTORINO | VICTORINO@BACKSTAGE.COM.BR

programas com essa proposta. Nossa riqueza de talentos merece...

DECEPCIONANTE Os fãs que me perdoem, mas a passagem da Madonna pelo Brasil foi, no mínimo, decepcionante. Todos ficaram com esse sentimento interior, mesmo que nem sempre assumido. Até os contratantes discretamente admitem a bola fora.

DÓLAR Com a moeda americana a mais de 2 reais e ainda sendo pressionada para cima, o ano começa meio azedo para lojistas e importadores que precisam repor estoques. A grande maioria das empresas importadoras tenta segurar os reajustes e manter os preços nos patamares do velho dólar a R$ 1,65. Quando passou de dois por um a coisa apertou geral e nesta nova alta da moeda americana, os realinhamentos serão inevitáveis. Ninguém faz milagre.

ICONOCLASTAS MODERNOS Alguns produtos entram de tal forma na retina dos consumidores que viram referência de consumo. Sejam pela praticidade, relação preço/qualidade ou até mesmo hábito, certos modelos de equipamentos tem legiões de fãs mundo a fora. Um desses exemplos é o amplificador de baixo compacto da Hartke. Os modelos Kick 12 e Kick 15 são uma verdadeira mania para quem procura praticidade com qualidade. Distribuídos no Brasil pela Equipo, os pequenos combos são febre em todo o mundo.

SUPORTE Algumas empresas têm o seu sucesso explicado pela atenção dada

ao consumidor. Há 6 meses queimei a fonte de um velho GW7 da Roland surrado e já com o botão de liga/desliga faltando. Sem encontrar no mercado a fonte original, contatei o suporte da Roland e relatei o meu problema, inclusive da perda do pequeno botão. Depois de preenchido um cadastro de suporte e identificado o produto como legal pela nota fiscal, em apenas 3 dias recebi pelo correio a peça de reposição e a nova fonte. Na outra ponta, um músico amador carioca adquiriu um teclado da Nord numa loja do Barrashoping. Em pouco mais de um mês de uso o instrumento silenciou uma tecla. Depois de alguns telefonemas para o lojista e para o importador, o engenheiro Luiz Roberto Noronha desistiu e procurou um técnico de sua confiança pagando do próprio bolso o conserto.

COISA DO PASSADO Descolar braço, o tampo, cavalete ou qualquer outra peça em instrumentos de madeira é coisa do passado. Desde a virada do século as novas colas em resina de poliuretano se mostram mais resistentes que a própria madeira. Ou seja, hoje é mais fácil quebrar a madeira do que soltar uma boa colagem. Quando isso acontece, acredite, é “porquice” do fabricante.

VÁ ENTENDER O sucesso da música Esse Cara Sou Eu, do rei Roberto Carlos, é a mais clara demonstração de que as pessoas não ouvem a letra das canções. E se ouvem, não entendem. O cara descrito na letra é uma mala, chato, grudento, meio neurótico e totalmente pegajoso. Duvido que uma mulher aguente por

mais de um mês. Em vez de romântico, o personagem da música tá mais para projeto de chifrudo.

EU AVISEI Os painéis e suprimentos para iluminação de LED continuam a cair de preço. E acho que ainda não bateram no fundo. A invasão chinesa e a consequente pressão sobre os preços eram inevitáveis. Mas cuidado, o perigo da suposta relação custo-benefício ainda permanece.

NOTA FISCAL Embora ainda com significativa diferença nos preços, a compra de produtos lá fora ou pelas mãos de muambeiros daqui é cada vez mais um mau negócio. Alguns trocados economizados ficam insignificantes diante do desespero de consumidores ao receber produtos falsificados ou defeituosos. É o barato que sai caro...

PERIGO AO SUL O Uruguai pode a qualquer momento anunciar sua nova política de importações e tarifas. O governo progressista (já liberaram até a maconha) daquele país quer colocar outra vez a nação uruguaia no mapa mundial de comércio. Aos mais novos, lembro que o Uruguai já foi chamado no passado de suíça sul-americana por sua politica de portos abertos com comércio farto e abundante alicerçado numa politica aduaneira liberal. Para os uruguaios, o plano é tornar Montevideo o que Hong Kong é para a Ásia, o que Dubai é para o Oriente Médio ou o que Nápoles é para a Europa. Se a coisa pegar, vai sobrar para o Brasil e os seus impostos medievais...

31


SEÇÃO GRAMOPHONE | www.backstage.com.br 32

Em busca Primeiro disco da banda Nenhum de Nós, marcado pelo sucesso Camila, Camila completa 25 anos. Victor Bello redacao@backstage.com.br Fotos: Internet / divulgação

DA IDENTIDADE SO


“Q

NORA

uando olho para trás e lembrome das circunstâncias em torno da criação desse álbum sinto um enorme orgulho. Éramos inexperientes em quase tudo que dizia respeito à carreira de uma banda de rock. Tínhamos apenas uma firme convicção de qual o “ambiente” em que o disco estaria contido. Era o nosso universo, nossas referências e inspirações”, assim define o vocalista da banda Nenhum de Nós, Thedy Corrêa sobre a gravação do disco homônimo do grupo, lançado em 1987. Nome pensado a partir de indefinições como “nenhum de nós isso”, “nenhum de nós aquilo”, a banda formada em Porto Alegre realizou seu primeiro show na capital gaúcha em outubro de 1986. O guitarrista Carlos Stein, depois de fundar os Engenheiros do Hawaii junto com Humberto Gessinger, realizar alguns shows e sair, se uniu a Thedy Correa (baixo e voz) e Sady Homrich (bateria) para formar o Nenhum de Nós. No verão de 1987 gravaram a primeira demo, registrando quatro músicas:

People Are, Enquanto Conversamos, O que Clark Kent Não Viu e Uma Pequena História, todas incluídas no primeiro disco. Após o produtor Antonio Meira escutar a demo, antes mesmo de ouvir o hit Camila, enviou o material para algumas gravadoras, o que levou ao convite da BMG-Ariola para a gravação da bolacha.

A GRAVAÇÃO Gravado nos estúdios da RCA, em São Paulo (ainda era RCA), que ficava na Rua Dona Veridiana, na Vila Buarque, o primeiro trabalho do grupo usou uma mesa Rupert Neve 1073 de 24 canais. O produtor do disco foi o Reinaldo Barriga, com os técnicos de gravação Pedro Fontanari Filho, Walter Lima (Waltinho) e Stelio Carlini e participações do tecladista Marcelo Nadruz, do compositor Vitor Ramil e de Edu K da banda DeFalla. Os instrumentos utilizados foram uma Fender Stratocaster e uma Fender de 12 cordas (do próprio estúdio, com exceção de Camila, gravada com uma Gibson Les Paul Deluxe). Completavam a lista de equipamentos, teclados DX7 da Yamaha e JX8P da Roland, bateria Sonor e baixos Fender Jazz Bass, além de um Rickenbacker (ambos do estúdio) e um amplificador Ampeg para os baixos. “O solo de guitarra de Camila, aquele do eco, foi gravado através de

33


SEÇÃO GRAMOPHONE | www.backstage.com.br 34

um delay CompuEffectron da DeltaLab. Na frase final usei um pedal fuzz Big Muff. Tudo isso num combo Marshall JCM 800. A curiosidade é que o violão (Gibson), que ficou na versão final de Camila foi o que gravei como guia, com todos os seus erros. Naquela época A capa foi feita a partir de fotos do fotógrafo Milton Montenegro, que utilizou distorções e manipulações na imagem de uma atriz, quando o Photoshop ainda engatinhava

as mesas não possuíam automação. Pelo menos as da RCA. Então nas mixagens ficávamos uns cinco ou seis em volta da mesa manuseando os faders em tempo real. Uma versão nunca ficava igual à outra. Tinha uma certa poesia nisso”, conta Carlos à Backstage. A capa foi feita a partir de fotos do fotógrafo Milton Montenegro, que utilizou distorções e manipulações na imagem de uma atriz, quando o Photoshop ainda engatinhava, criando uma atmosfera que ia de encontro à concepção do disco.

Ficha Técnica 1 - Enquanto Conversamos (Thedy Corrêa - Sady Homrich - Carlos Stein) 2 - Camila, Camila (Thedy Corrêa - Sady Homrich - Carlos Stein) 3 - People Are (Thedy Corrêa - Sady Homrich - Carlos Stein) 4 - Uma Pequena História (Thedy Corrêa - Sady Homrich - Carlos Stein) 5 - Adeus (Thedy Corrêa - Sady Homrich - Carlos Stein)

6 - O Marinheiro que Perdeu as Graças do Mar (Thedy Corrêa - Sady Homrich - Carlos Stein) 7 - O que Clark Kent Não Viu (Thedy Corrêa - Sady Homrich - Carlos Stein) 8 - No Clube (Thedy Corrêa - Sady Homrich - Carlos Stein) 9 - Homens Caixa (Thedy Corrêa - Sady Homrich - Carlos Stein) 10 - Frio (Thedy Corrêa - Sady Homrich - Carlos Stein)


O ROCK COLETIVO DO SUL

Coletividade permitiu ao trio ampliar os horizontes na composição

Com o processo de criação do álbum sendo elaborado principalmente pelas mãos dos três músicos, a coletividade permitiu ao trio ampliar os horizontes na composição, onde todos contribuíram com frases e palavras aos assuntos para, em seguida, dar formato à melodia e harmonia das canções. Influenciados pelos ecos do rock de garagem e experimental da época, o grupo trouxe influências de bandas como The Smiths, New Order, Bauhaus, Iggy Pop, King Crimson, Echo & The Bunnymen, entre outros, que contribuíram para uma identidade sonora com certas inovações até então inéditas no rock brasileiro. “Usamos e abusamos da liberdade que só um primeiro disco pode proporcionar. Gostávamos muito de usar aquelas notas longas dos pads, dos sinths. Ainda acho que esse é um de nossos melhores trabalhos, por causa da forma como nos atiramos às experimentações”, observa o guitarrista. Enquanto conversamos, música que abre o álbum, foi inspirada em Iggy Pop e fala à respeito de um suicida. Não é só a primeira faixa, mas também a primeira música do Nenhum de Nós. Camila, Camila, uma das canções mais executadas nas rádios

35


SEÇÃO GRAMOPHONE | www.backstage.com.br 36

Quando compusemos Camila, tudo pareceu conspirar para que tivéssemos feito uma grande música, tanto que quando concluímos a música, no estúdio de ensaio, tivemos certeza de que ela seria um grande sucesso. Ela mudou a nossa vida para sempre (Carlos)

em 1988/89, que é baseada em uma indignação da banda em um caso de violência contra uma mulher, envolvendo uma amiga do grupo, que não se chamava Camila, e sofria com as grosserias do namorado. “Nossa indignação era com o cara e, ao mesmo tempo, com o fato dela se submeter àquela situação. A canção é mais um grito do que qualquer outra coisa. Quando compusemos Camila, tudo pareceu conspirar para que tivéssemos feito uma grande música, tanto que quando concluímos a música, no estúdio de ensaio, tivemos certeza de que ela seria um grande sucesso. Ela mudou a nossa vida para sempre”, conta Carlos. People Are, primeira música do grupo a ser executada nas rádios, tem a ver com a falta de sinceridade das pessoas. A quarta faixa, Uma pequena História, é uma canção folk que fala sobre um cara que não consegue soltar sua voz em um relacionamento, e o sampler de acordeom deu uma textura que remete a uma sonoridade regional do Rio Grande do Sul. O Nenhum foi um dos primeiros conjuntos brasileiros a utilizar acordeom no rock. Em O marinheiro que perdeu as graças do mar utilizaram muitas coisas que existiam no estúdio, como tímpanos de orquestra, piano tocado “por dentro” e trechos de um disco de Freddy Quinn.

A faixa seguinte possui referências e influência da poesia concreta de Augusto de Campos, O que Clark Kent não viu retrata uma cidade árida e impessoal. Aparecem na canção inúmeras repetições: cidade, necessidade, voracidade tendo a ver também com uma visão meio cinzenta e melancólica que o trio gostava de cultivar. “O Clark Kent veio da repetição da palavra METRÓPOLE que nos levou à cidade do Super-homem, Metrópolis. Seriam as coisas que um alienígena (o Superman) não compreende em nossa civilização”, fala Thedy. Homens Caixa tem uma incursão flamenca na introdução fruto do gosto dos integrantes pelo estilo; a letra trata de solidão e isolamento. Frio possui uma relação de admiração com o escritor argentino Jorge Luis Borges e remete a imagens do frio do sul. A voz narrada pelo telefone do compositor Vitor Ramil foi de um trecho de sua letra Joaquim, versão para uma música de Bob Dylan que tem uma conexão com a ideia da música. Aparece também uma inusitada cuíca que funciona como um lamento na canção. A banda, que agora conta com Veco Marques na guitarra e João Vicenti nos teclados, prepara o lançamento de um DVD para o primeiro semestre de 2013, enquanto continua a compor seu rock sempre em busca de uma identidade própria.


37


REPORTAGEM| www.backstage.com.br 38

O som de Dentro da série sobre as características do som de alguns dos mais importantes técnicos de áudio do Brasil, nessa edição desvendamos os segredos de Paulo Farat e Marcelo Oliveira. Alexandre Coelho redacao@backstage.com.br Fotos: Arquivo Pessoal / Internet / Divulgação

N

a estrada atualmente com a turnê de reunião do grupo RPM, o técnico Paulo Farat é adepto do “feijão com arroz bem temperado”. Para ele, o fundamental no sucesso de um profissional de áudio é fazer o básico, que começa na frase “o microfone é o primeiro que ouve”, muito conhecida no meio musical. Só depois de fazer o básico bem feito, acredita ele, o tal toque pessoal de cada profissional poderá ser percebido e terá a eficiência desejada. “E tem outra coisa: nunca se deve falar na primeira pessoa do singular, ‘Eu faço, eu fiz, eu mixo, eu aconteço’. É a coisa mais desinteressante em um profissional de áudio. O ‘eu’ só vale em uma entrevista, aí você responde na primeira pessoa”, defende.

Farat não vê nenhum fator complicador em adaptar essa sua visão de como deve trabalhar um engenheiro de áudio a diferentes artistas e gêneros musicais. Para ele, trata-se de uma parceria na qual o resultado esperado será alcançado desde que ambas as partes – artista e equipe técnica – saibam com quem estão lidando. “Se você entender profundamente o que se passa na cabeça do artista no palco, adaptar nossas características pessoais será muito mais fácil. Tem que ser olho no olho. Assim como o técnico deve conhecer o artista e o produto, é fundamental que o artista também conheça o trabalho do engenheiro. Simples assim. É uma cumplicidade”, ensina.


Se a busca pelo simples e a parceria com o artista são as marcas do trabalho de Paulo Farat, para o técnico Marcelo Oliveira, que há quatro anos é responsável pelo PA do Grupo Revelação, o conhecimento detalhado dos equipamentos usados vem em primeiro lugar. E, junto disso, na estrada, ter a certeza de encontrar bons profissionais e locadoras. “Eles conhecem bem o equipamento e o local. Em uma casa de espetáculos ou teatro, sempre ouço o responsável técnico. Não tenho medo de perguntar se existe alguma frequência crítica por causa da acústica, entre outras dúvidas. O dia a dia deles é aquilo. E eu tenho a obrigação de captar da melhor forma os instrumentos”, avalia.

cada PA PARTE 4

OUVIDOS ABERTOS Segundo Marcelo Oliveira, com bons equipamentos e uma equipe experiente, é fácil adequar a sua forma de trabalhar a qualquer cantor ou estilo de música. Basta estar com a mente e os ouvidos abertos. “É importante procurar entender os arranjos, pois é onde começa a mixagem; ouvir o músico, o produtor e entender o que o artista deseja. Sempre procurei participar do processo de criação e somar a isso o meu entender de música. E, como estudei piano, sempre procuro ler os arranjos”, revela. Graças à sintonia com cada artista, Paulo Farat nunca passou pela situação de alguém pedir para que

ele mudasse seu som ou sua forma de trabalhar. Ele conta que sempre dá sugestões de equipamentos de acordo com cada palco ou cada turnê. E, depois de tudo combinado, tem a preocupação de administrar com muito cuidado e de comum acordo qualquer mudança, principalmente no monitor. Isto feito, para Farat, o sucesso vem naturalmente, desde que se tenham boas condições de trabalho. “O sucesso de uma turnê depende muito das condições em que você vai trabalhar. A partir do equipamento definido e com o rider rigorosamente respeitado, a diferença está no discernimento de tirar dele (e de você) tudo o que for preciso para ninguém ficar de cara feia

Paulo Farat

no palco. Eu, geralmente, levo os resultados de turnês que deram certo para cada nova missão. É um filtro que não falha”, sugere. Marcelo Oliveira, por sua vez, não vê problema em ajustar sua sonoridade às idiossincrasias de cada artista. Como já aconteceu com ele, ao trabalhar com dois conhecidos cantores da música pop nacional. “O Marcelo Camelo gosta da voz mais dentro da base, ele curte assim. Não vejo nenhum problema nisso, ele é o pintor do trabalho, é o artista. Minha função é ajudar para que todos entendam essa pintura. Já o Humberto Gessinger, dos Engenheiros do Hawaii, falou comigo sobre o equilíbrio dos solos de guitarra no sentido de me dar mais liberdade para arriscar na mix.

39


REPORTAGEM| www.backstage.com.br 40

Atualmente, sou extremamente apaixonado pelo universo in-ear. Dentro dos fones, consigo usar concepções de mixagens muito distantes do que era feito só com os monitores do que era feito só com os monitores (Farat)

Marcelo Oliveira

Achei isso o máximo! É importante o artista confiar no profissional que procura a melhor forma de reproduzir sua música”, salienta. Para Marcelo Oliveira, além de estar sempre disposto a ouvir o que cada artista deseja, um bom técnico, para conseguir imprimir sua marca pessoal ao trabalho, deve estar receptivo também a outros fatores. “É importante aliar a tecnologia, ser aberto às novidades e não ter medo de arriscar, sempre respeitando o artista e os arranjos. E sempre estar cercado de bons equipamentos e de uma boa equipe”, destaca. Entre esses equipamentos, Paulo Farat ressalta a evolução dos produtos voltados para a monitoração e as consequências para o trabalho de todos os envolvidos com música. “Atualmente, sou extremamente apaixonado pelo universo in-ear. Dentro dos fones, consigo usar concepções de mixagens muito distantes do que era feito só com os monitores”, compara.

EQUIPAMENTOS Marcelo vai além. Ele garante que um bom pré é de suma importância para o

resultado final de uma mixagem, motivo pelo qual usa consoles como DiGiCo, Avid Profile, Allen & Heath iLive e Soundcraft Vi6, sem contar um bom kit de microfones e um bom sistema. “Hoje, com as mesas digitais, é mais fácil e rápido obter um bom resultado. Mas também gosto de usar plugins, prés e compressores periféricos valvulados. Sou da antiga, do tempo dos dinossauros, tive o prazer de começar a trabalhar com uma mesa API e um gravador de rolo de 16 canais Ampex com fita de duas polegadas. O som era incrível! Sou muito mal acostumado”, recorda. Outra parte fundamental para o sucesso do todo é o alinhamento do PA. Para auxiliá-lo nessa tarefa, Marcelo Oliveira conta que, na estrada, usa equipamentos como o Áudio Toolkit e o Smaart Live, ao qual costuma chamar de ‘a terceira orelha’. Já na passagem de som, ele é adepto, entre outras possibilidades, do soundcheck virtual, mas não abre mão de uma passagem ‘pra valer’, com os roadies da equipe. “Estou sempre ligado nas novidades e o soundcheck virtual nos ajuda muito.


Mas, na correria, meus parceiros roadies são ‘os caras’. Atualmente, trabalho com Lucas Pitbull e Erick Fernandes, que são muito competentes”, elogia. Diferenças na forma de trabalhar à parte, Paulo Farat e Marcelo Oliveira concordam em um ponto: a busca por uma sonoridade própria é importante no reconhecimento de qualquer profissional. “Eu procuro trabalhar com artis-

Não quero inventar a roda. Quero sempre estar de bem com o que realizo (Marcelo)

tas que me dão essa liberdade, mas procuro também respeitar a sua sonoridade. Não quero inventar a roda. Quero sempre estar de bem com o que realizo”, avisa Marcelo. “O que caracteriza os profissionais bem cotados no mercado é essa paranóia saudável de ter o seu trabalho reconhecido por ter características diferenciadas. Uma coisa puxa a outra. Quanto mais a identidade própria de um engenheiro for clara, mais aumenta também a responsabilidade pelo resultado”, observa Farat. Como exemplo do que acontece na prática, Farat conta detalhes do show do RPM, grupo com o qual trabalha atualmente, que usa monitoração híbrida. “Além da segurança, em caso de problemas com os in-ear, alguns detalhes de mixagem ficaram interessantes. O Luiz Schiavon, por exemplo, usa apenas um lado do fone, com uma mixagem básica, e mixa seus teclados nos monitores frontais. Ainda existe uma via separada com samplers e loopings, em um monitor que fica atrás de seu praticável. E essa mistureba ficou divertida”, garante. Marcelo Oliveira lembra de uma situação de estrada pela qual passou e que pode trazer problemas para qualquer técnico. Foi quando ele chegou ao local de um show para fazer a passagem de som e se deparou com uma realidade da qual não gosta. “O equipamento estava imundo! Peguei um pincel e comecei a limpar a mesa. Além disso, os cabos estavam enrolados em formato de bobina, o que também não é legal. Estiquei-os e arrumei da forma certa. Depois, conversei com o dono da locadora. Afinal, um bom show começa com organização, um bom sistema, equipamentos em perfeitas condições e valorização do profissional que presta serviço para ele e para mim”, sentencia.

41


CALDAS COUNTRY | CAPA| www.backstage.com.br 42 Novo sistema de som e luz da Pazini sonorizaram e iluminaram mais de 30 horas de música na edição 2012.

Danielli Marinho redacao@backstage.com.br Fotos: Danielli Marinho / Divulgação

CALDAS C

om o evento maior e estrutura gigante, o Caldas Country 2012, apesar de durar “apenas” duas noites, levou cerca de 30 dias para ficar de pé. Grandes nomes do sertanejo mais tradicional e do chamado Universitário se encontraram no palco, como as duplas Chitãozinho & Xororó e Fernando & Sorocaba, e a cantora Paula Fernandes, pela primeira vez no palco do Caldas Country, e Jorge & Mateus.

Veteranos do festival também marcaram presença como Luan Santana e Gusttavo Lima, além de Israel Novaes, Cristiano Araújo, Humberto & Ronaldo, Israel & Rodolffo, Zé Ricardo e Thiago. Mesmo com os shows terminando junto com o raiar do dia, a galera não arredava pé e ainda sobrava fôlego para acompanhar o trio que no primeiro dia foi animado por Tomate e no segun-


COUNTRY 2012 do dia pela banda Eva. A festa emendava com os DJs tocando muito eletrônico nas carrapetas, embalando mais de 30 horas de música no festival.

O SOM Tudo novo. Tanto no som quanto na iluminação. A Pazini, empresa responsável pela sonorização, ilumina-

ção e estrutura do Caldas Country apostou para essa edição no sistema de som da LS Audio e, na iluminação, nos equipamentos da DTS, por meio de uma parceria com a

HPL. Segundo Marivan Reis, responsável pela sonorização do evento, para essa edição, além de adotarem o novo sistema da LS Áudio, o número de caixas foi ampliado.

43


CALDAS COUNTRY | CAPA| www.backstage.com.br 44

Iluminação teve novos equipamentos DTS e paineis de LED P6

Console Yamaha PM5D para o PA

Sistema de sonorização da LS Audio foi uma das novidades desta edição

“Esse ano foram 50 caixas no sistema principal e 48 subs. Ou seja, mais potência do que ano passado”. No monitor, uma PM5D e uma DShow. Para o PA outra 5D e uma Venue Profile, da Digidesign. “Todo mundo gostou do som do PA. Na verdade, percebi nos riders que estão exigindo o LS Audio.

Eu não conhecia o som do sistema LS Áudio, só vim conhecer aqui e gostei muito do som, e todos os técnicos também”, completa o técnico da Pazini.

CONFIGURAÇÃO DO SISTEMA A configuração do sistema, segundo Marivan, foi feita em quatro linhas. Uma com 12 e outra com 14 por lado. Então foram 52 caixas divididas em quatro par-


Digidesign na house mix

tes. Os 40 subs, modelo LS 218, foram distribuídos em 20 por lado. “São 52 caixas de alta e 40 caixas de sub. As duas são usadas de acordo com o gosto do técnico da banda. A 5D é o mesmo modelo no monitor e PA, RD H”, completa o técnico. Para o PA dos camarotes, a opção foi usar 13 caixas EAW por lado, modelo 760, mais 40 subs. “Esse ano está bem dividido e bem mais organizado. Na verdade, não está sobrecarregando ninguém, ou seja, cada um está na sua área e está bem melhor para fazer o festival. Por exemplo, tem uma pessoa apenas para plugar AC, outro só para plugar a banda, etc”, compara Marivan.

DIFERENCIAL No palco, uma Yamaha 01V foi usada para fazer vídeo, telões e mídia. “A mesa era onde chegava tudo para mim. Locutor, DJ do locutor, vídeo, a imagem que ia rolar no telão de LED. Quando chega na 01V, mando o LR para frente, porque há uma proces-

Paineis de LED e movings mais leves

sadora lá na frente que entra direto, independente de os técnicos de banda estarem usando a mesa do PA ou não”, explica Marivan. Ano passado, segundo ele, quando os técnicos das bandas viravam a cena, era necessário cortar o áudio, ao contrário do que aconteceu este ano, quando a banda podia virar a cena sem que e o áudio parasse. “Outro diferencial foi ter-

45


CALDAS COUNTRY | CAPA| www.backstage.com.br 46

Configuração do sistema de som contou com duas colunas por lado,

Nesta edição, mapa de iluminação teve o dobro de moving lights

mos colocado as processadoras no PA e no monitor, assim todos os consoles entram nas processadoras e só saía o LR para o processador”, completa.

Outro diferencial foi termos colocado as processadoras no PA e no monitor, assim todos os consoles entram nas processadoras e só saía o LR

Para Marcelo Félix, engenheiro de som da banda Jorge & Matheus, o novo PA adotado no festival está entre um dos melho-

res da indústria brasileira. “O sistema LS Audio possui componentes importados, foi desenvolvido um perfeito guia de onda e as caixas, por sua vez, foram muito bem elaboradas com design adequado para uso no Brasil, pois elas possuem muita pressão sonora”, ressalta lembrando que essa é uma característica essencial, principalmente no sertanejo dos dias de hoje, que se tornou mais pop. “O resultado é de altíssima qualidade, tornando-se o melhor sistema nacional, sendo comparável a vários sistemas importados”, resume. Dentre as características, Marcelo destaca o maior ângulo de cobertura e SPL distribuído. “E, na vertical, maior direcionalidade sonora estendendo assim o SPL de forma impressionante em relação à distancia (comprimento total) do ambiente, graças ao sistema de corneta hiperbólica desenvolvido pela empresa”, enumera. Outra característica, levando em conta a versatilidade, segundo Marcelo, é que a LS Audio traz para esse sonofletor a opção de montagem aérea vertical (vertical array) com riging opcional no produto, visando a expansão e necessidade desse tipo de configuração no mercado de eventos de grande escala e possibilitando maior excelência na configuração e dimensionamento do sistema para uma


vender o sistema montado, completo, com presets e amps indicados pelo fabricante”, fala, acrescentando que, embora não viaje com consoles, sempre pede no rider as mesas Yamaha e Digidesign. Baianinho, que atualmente é técnico de PA da dupla Humberto & Ronaldo, também ficou muito satisfeito com a sonoridade. “Foi obtido um dos melhores desempenhos de todos os eventos que eu fiz esse ano com Humberto & Ronaldo. Ele tem som brasileiro (alto SPL com alta qualidade)”, resume o técnico que, na noite anterior, também havia feito um show com o mesmo sistema e pôde usar a mesma cena de partida para o novo show. “Fique muito satisfeito porque já começou pronto”.

uma com 12 e outra com 14 caixas

grande área e público elevado. Roberto Lima, técnico de PA de Paula Fernandes, já conhecia o sistema da

LS Áudio de longa data e diz que gosta muito. “O suporte que a empresa dá é excelente. O ideal é a empresa

ILUMINAÇÃO Como no som, na iluminação também foi tudo diferente. Segundo

47


CALDAS COUNTRY | CAPA| www.backstage.com.br 48

Equipe da Pazini (acima). Ao lado, Edilson Pazini, Jonas, Lucas e Dinei (à direita)

Sempre quando tem um festival, todo mundo quer apresentar a marca e não tem nada melhor do que fazer isso em um evento de grande porte como esse aqui e onde está grande parte dos sertanejos (Dinei)

Roberto Lima, Marcelo Félix e Baianinho

Técnicos de iluminação operam a console grandMA

Dinei, responsável pela iluminação do festival, os movings que estavam no palco, no ano passado, por exemplo, foram colocados na plateia e, nessa edição, o palco ganhou equipamentos DTS, por meio de uma parceria com a HPL. “Sempre quando tem um festival, todo mundo quer apresentar a marca e não tem nada melhor do que fazer isso em um evento de grande porte como esse aqui e onde está grande parte dos sertanejos, que é o segmento que inova a cada ano”, observa Dinei. A quantida-

de de equipamentos também foi maior, em relação às edições anteriores. Só de movings, foi o dobro da quantidade. “Ano passado, por exemplo, foram 78 movings e esse ano são 128. Foram 34 Jacks, 18 Beam 3000, 24 Beam 300 e 22 SPOTs 700 e 24 Nick Wash LED”, especifica Dinei. O sistema foi dividido em seis linhas, cada uma operando com uma quantidade determinada pela mesa. As imagens da plateia iam para os painéis de LED, por isso foi direcionada bastante luz para o público aparecer. “A novidade


49


CALDAS COUNTRY | CAPA| www.backstage.com.br 50

Equipamentos DTS para a iluminação

Yamaha 01V foi usada para víd eo e

telões

são os movings Jack, da DTS, de fabricação italiana e que são bem leves, cerca de 14 quilos. Então, para a estrutura do palco é uma super segurança”, avalia. Quanto ao mapa de luz, Dinei explica que, desde a primeira edição do Caldas Country, procura desenvolver uma iluminação que se ajusta a todas as bandas.

“O mapa de luz sai da minha cabeça mesmo, porque como é um festival, não tem como adequar o mapa a uma ou outra banda, o que pode vir a ficar descaracterizado”, fala. A parceria com a LED Gyn esse ano inovou também no painel de LED, trazendo os modelos P6 que, por serem vazados, trouxe a possibilidade de Dinei trabalhar com luz atrás deles. “É um painel de muita qualidade e, com relação à estrutura, muito menos perigoso, podendo ser usado ao ar livre sem preocupação com a chuva”, recomenda. Para operar o sistema de iluminação, foram usadas duas grandMA, uma grandMA2 e outra MA pequena, que apesar de ser um pouco menor, tem o mesmo recurso da primeira, ficando só para gravação no estúdio, enquanto a outra console estava pronta para fazer o show.

PARCERIAS Com ingressos esgotados e um público estimado em cerca de 50 mil pessoas por dia, a produção do Caldas Country comemorou mais um ano de sucesso. Os ingressos se esgotaram antes do primeiro dia de festa, como nos últimos dois anos. “A grande novidade é o PA da LS Audio que está estreando no festival em parceria com a Pazini, e os paineis de LED, os P6, da LED Gyn que tem o gerenciamento em cima da grandMA”, ressalta Cristiano Martins, da Produz. “O festival cresce a cada ano e nosso objetivo é que o público se sinta bem e confortável. A diferença em relação aos outros anos é que a gente aumentou o tamanho do camarote Prime, que ficou com capacidade para 2 mil pessoas. Outra novidade foi a área ExtraVIP com capacidade para 30 mil pessoas”, completa.


51


REPORTAGEM| www.backstage.com.br 52

Na terceira vez no Rio de Janeiro, DJ inglês se apresenta no Riocentro com sistema Norton LS6. Luiz Urjais redacao@backstage.com.br Revisão técnica: José Anselmo “Paulista” Fotos: Ernani Matos / Divulgação

I

ncendiando as pistas com hits como The World is Mine, Sexy Bitch, Titanium, Without you e Turn me on, o DJ britânico David Guetta se apresentou, no último dia 19 de novembro, no RioCentro, para uma plateia pra lá de diversificada – de adolescentes à cinquentões – e extasiada pela música eletrônica. Além de celebrar a volta do artista aos palcos cariocas (em 2012, Guetta participou do show de Réveillon na praia de Copacabana), a ocasião contou com a estreia do novo sistema de som da Norton, o LS6, fornecido pela locadora

“Som & Cia”, parceira da Loja paulista Vitória Som, revendedora autorizada da Norton no Brasil. De acordo com o proprietário da locadora, Daniel Melo, o interesse pelos novos sistemas de som da Norton surgiu de uma conversa informal com Léo Garrido, técnico de som dos ‘Paralamas do Sucesso’. “Nosso primeiro equipamento Norton foi o P1, logo passamos para o LS3, e agora o LS6. A qualidade excepcional e a resistência dos falantes me fizeram investir no sistema. Esta é a primeira vez que utilizamos o LS6. Usamos o sistema Norton em todos os gêneros e ocasiões musicais”, garante.

GUETTA


Quem conhece o RioCentro sabe dos notórios problemas de acústica do local. Teto muito alto, grande reverberação... (Silvio, téc. de PA) O técnico de PA da locadora, Silvio de Oliveira Neto, explica que houve diversos obstáculos a serem vencidos na configuração do sistema sonoro. “Quem conhece o RioCentro sabe dos notórios problemas de acústica do local. Teto muito alto, grande reverberação... Por conta disso, espalhamos oito torres de delay pela casa, fazendo RL e LR, e usamos um sistema duplo no PA para dar inteligibilidade ao som”. Para Silvio, o novo sistema de som da Norton atendeu perfeitamente às exigências do gênero house. “Este estilo musical necessita de sons muito graves, bastantes frequências baixas. O brasileiro gosta de sentir a batida da música eletrônica, a pressão do som, e não ouvi-la. Desta forma, trabalhamos sempre no limite”, explica o técni-

co, há dois anos na empresa. Silvio diz ainda que o conceito brasileiro de configuração sonora para a música eletrônica possui uma concepção diferente dos técnicos de som gringos. “Eles querem pressão, mas não no máximo, para não ‘incomodar’ o público. Entretanto, quando o fã vem a um show como este, quer sentir a batida no peito

TOCA NO RIO ao som da Norton 53


REPORTAGEM| www.backstage.com.br

Amplificação Norton foi elogiada pelo técnico de Guetta

54

e uma sonoridade mais agressiva se faz necessária. Por isso, disponibilizamos sempre uma quantidade grande de equipamentos e os falantes são os maiores possíveis para atender a demanda”, aponta. “Num show de pop, rock ou axé, por exemplo, a exigência do profissional é maior, pois deve acertar as frequências de cada instrumento, privilegiando o timbre. Aqui, você alinha o sistema e que venha o DJ”, aponta.

Line array composto por 24 caixas LS6 da Norton

Console Digico SD8 no PA comandou show do DJ britânico

Daniel usa sistema Norton em todas as ocasiões


55


REPORTAGEM| www.backstage.com.br 56

Silvio Neto usou sistema duplo no PA para dar inteligibilidade ao som

De acordo com o técnico de monitor Samuel Araújo, este tipo de trabalho exige mais do profissional, de uma maneira geral, pois pede a atenção e o carinho do técnico e de todos os envolvidos para acertar as frequências baixas, médias e agudas. “A grande dificuldade foi passar os cabos AC subterrâneos”, afirma Araújo, que começou os trabalhos de montagem da estrutura na noite anterior, às 22h, terminando na noite seguinte, horas antes do evento.

Yamaha PM 5D para o monitor

Hassane não aprovou nível de pressão sonora

FALTA DE ACÚSTICA Pela terceira vez no país com o DJ, o técnico de som Hassane EsSiahi afirma ter gostado do sistema da Norton, mas não aprovou o nível de pressão sonora do evento. “Na minha visão, o ponto mais importante a ser considerado na sonorização é que o público consiga apreciar a música e conversar entre si, sem precisar gritar, independente do gênero musical. Se o técnico conseguir fazer isto, eu lhe digo: é o melhor do mundo.” Para Hassane, é natural que os profissio-

Samuel Araújo foi técnico de monitor

nais da área considerem que quanto mais alto for o som, maior será a pressão sonora – teoria que não se aplicaria à vida real. “Deve-se ter atenção para que os falantes soem igualmente entre si, checar o ‘espectro do som’ (amostra sonora em termos da quantidade de vibração em cada frequência individual) dos falantes etc. Enfim, acredito que se deva pensar, primeiramente, nas pessoas que estão assistindo ao show. Se estão felizes, se o som está confortável para elas, ou se está ferindo-lhes os ouvidos. A pressão sonora vai além do volume. Os falantes são ótimos, já trabalhei com Norton outras vezes, mas nesta noite, considerando a falta de acústica do RioCentro e, diante do exagero de pressão sonora, não funcionou bem”, coloca.


57


TECNOLOGIA |SINTETIZADOR| www.backstage.com.br 58

Na Expomusic de 2012, a Roland Brasil, mostrando estar alinhada com o mercado internacional, trouxe em primeira mão o Integra 7, seu novo módulo de sons que vem para assumir o topo dessa categoria de produtos. Mas o que esperar desse tão esperado equipamento?

Roland INTEGRA 7 Luciano Freitas é técnico de áudio da Pro Studio americana com formação em ‘full mastering’ e piano erudito

U

MA USINA SONORA

Realmente a quantidade de timbres do Integra 7 impressiona até os mais céticos. São mais de 6 mil disponíveis entre timbres baseados na tecnologia Pulse Code Modulation – PCM (Synth e Drum Kit) e na tecnologia proprietária Roland SuperNATURAL (Acoustic, Synth e Drum Kit). Presente nas placas ARX (expansão de timbres para as

workstations Fantom G), no V Piano e nos atuais módulos de baterias eletrônicas da família V Drums, este conceito de sons difere-se do encontrado nos sintetizadores com gerador de sons baseado apenas em samplers, os quais são conhecidos por reproduzirem meramente uma imagem estática dos sons dos instrumentos musicais. Por meio da tecnologia Behavior Modeling, os tim-


on no no no no

um conjunto de filtros (destaque para as quatro expressivas curvas do Low Pass Filter – LPF, com características vintage), uma seção de amplificador e um oscilador de baixas frequências (LFO). Completa as três categorias de timbres baseados na tecnologia SuperNATURAL a seção de Percussão (Drum Kit) e efeitos (SFX), a qual traz uma grande variedade de sons de instrumentos percussivos, frases vocais e efeitos sonoros, quase sempre requisitados pelos mais diferentes estilos musicais. Baseados na tecnologia SuperNATURAL presente na atual safra de

bres com tecnologia SuperNATURAL ganham vida nos dedos do músico, reproduzindo as peculiaridades presentes na execução de cada instrumento musical acústico (SuperNATURAL Acoustic Tone), minimizando a fronteira existente entre os instrumentos musicais eletrônicos e acústicos. Também diferente dos tradicionais métodos de modelagem física encontrados nos sintetizadores contemporâneos, os quais geralmente se prestam a analisar apenas o tipo e o tamanho do material vibrante e, em alguns casos, a forma da ressonância, a Behavior Modeling analisa constantemente a execução musical, reagindo com base em informações como o tipo de digitação

(melodia ou acorde), o intervalo entre as notas reproduzidas, a velocidade de execução da frase musical e a articulação (execução ligada ou destacada das notas), não exigindo do músico qualquer técnica musical mirabolante para alcançar resultados espetaculares. Além dos timbres SuperNATURAL Acoustic Tones, a tecnologia SuperNATURAL se faz presente no Integra 7 por meio dos timbres SuperNATURAL Synth Tones, destinados a recriar sons dos lendários sintetizadores vintages (analógicos, híbridos e digitais) que marcaram as décadas de 1980 e

Completa as três categorias de timbres baseados na tecnologia SuperNATURAL a seção de Percussão (Drum Kit) e efeitos (SFX)

1990, bem como a criar novas texturas musicais nunca antes ouvidas. Nesta categoria cada tone permite reproduzir o som de três parciais, cada qual com um oscilador,

módulos de baterias eletrônicas V Drums (TD 30, TD 15 e TD 11), o Integra 7 traz kits que respondem de forma suave e natural às mudanças de dinâmica e à execução


TECNOLOGIA |SINTETIZADOR| www.backstage.com.br 60

No entanto, no Integra 7 a Roland se superou, colocando à disposição do usuário todos os títulos (12) das maravilhosas placas de expansão SRX

Integra 7 - Editor iPad 1 - Motional Surround

rápida de notas iguais (mesma peça). A execução de rufos de caixa, tambores e pratos atinge um novo patamar de expressividade graças ao controle em tempo real de velocidade e volume proporcionado pela alavanca de modulação.

EXPANSIVIDADE EXTREMA Disponibilizar timbres de suas placas de expansão em novos produtos já não é uma novidade para a Roland (haja vista o sintetizador XP-30, que trazia on board as placas SR-JV80-02 Orchestral, SRJV80-11 Techno e SR-JV80-09 Session, e o módulo de sons JV-1010, trazendo a placa SR-JV80-09 Session). No entanto, no Integra 7 a Roland se superou, colocando à disposição do usuário todos os títulos (12) das maravilhosas placas de expansão SRX (o valor financeiro da metade dessas placas já supera o do Integra 7). Além das placas SRX, o equipamento traz inclusos 6 novos títulos, os quais utilizam o que há de mais recente na tecnologia SuperNATURAL (ExSN1 – Ethnic; ExSN2 – Wood Winds; ExSN3 – Session; ExSN4 – A. Guitar; ExSN5 – Brass; ExSN6 – SFX) e a expansão ExPCM HQ GM2 + HQ PCM Sound

Collection, que traz timbres de sintetizadores clássicos que construíram o legado da Roland (famílias XP, JV, JD, entre outras, estando disponíveis todos os timbres do inesquecível módulo XV-5080). Cada uma dessas expansões (exceto a ExPCM HQ GM2 + HQ PCM Sound Collection) pode ser carregada em um dos quatro slots virtuais disponíveis no Integra 7 (a ExPCM HQ GM2 + HQ PCM Sound Collection utiliza simultaneamente os quatro slots). Como o equipamento não possui slots físicos para expansão de timbres, presume-se que a Roland pode passar a oferecer suas novas bibliotecas também em ambiente virtual.

PODEROSO PROCESSADOR DE EFEITOS Já na seção de efeitos (MFX), o Integra 7 coloca à disposição do usuário 67 diferentes algoritmos, entre estes densos reverbs, simuladores de alto-falantes rotativos e complexos delays multi camadas. Em cada parte multitimbral do equipamento (16 disponíveis, formando um Studio Set) o usuário terá acesso


61


TECNOLOGIA |SINTETIZADOR| www.backstage.com.br 62

A grande novidade trazida pelo Integra 7 na seção de efeitos é o algoritmo Motional Surround, derivado da tecnologia proprietária RSS

a um MFX dedicado e um equalizador, sendo que o canal 10 (drum part) ainda conta com 6 compressores e 6 equalizadores que possibilitam processar individualmente as peças de uma bateria. Além desses processadores, o equipamento oferece um processador de reverb, um processador de chorus e um equalizador para inserir na saída master, os quais permitem dar aquele “toque final” na última etapa do fluxo interno de áudio. A grande novidade trazida pelo Integra 7 na seção de efeitos é o algoritmo Motional Surround, derivado da tecnologia proprietária Roland Sound Space – RSS. Esse processador introduz uma nova era de arquitetura sonora espacial nesta categoria de equipa-

Integra 7 - Editor iPad 2 - Palcas Virtuais SRX

mentos, permitindo (inclusive na entrada de áudio externa) o controle não apenas da panorâmica direita e esquerda dos sons, mas também da sua profundidade, explorando um campo sonoro de 360° (agora se torna possível colocar os instrumentos de solo mais próximos do ouvinte e os instrumentos de apoio mais dispersos no palco sonoro). Essa tecnologia está disponível para a saída estéreo (MIX), bem como para a saída de fones de ouvido e para as saídas individuais (outputs A, B, C e D), possibilitando desfrutar dessa experiência sonora em um sistema de monitoração 5.1 (5 caixas + 1 subwoofer).


Integra 7 - Editor iPad 3

O Integra 7 inclui em seu painel frontal botões de navegação que permitem acessar rapidamente seus timbres (divididos em categorias lógicas pela função Tone Finder) e seus efeitos. Seu visor de cristal líquido (LCD), com resolução de 256 x 80

entre o Integra e o iPad por intermédio do adaptador WNA 1100-RL (acessório vendido separadamente). No painel traseiro do equipamento, o usuário encontrará diversas conexões de áudio, incluindo saídas XLR estéreo (balanceadas), oito saídas individuais (P-10), duas entradas de áudio (P-10), uma saída digital (coaxial), MIDI In, Out

CONECTIVIDADE COM O MUNDO EXTERNO

O usuário pode ainda estabelecer a comunicação sem fios (wireless) entre o Integra e o iPad por intermédio do adaptador WNA 1100-RL

pontos, permite ao usuário acessar no equipamento todas as informações necessárias, no entanto, o ápice da edição é atingido utilizando-se o editor dedicado para o tablet iPad (aplicativo disponível para download gratuito na App Store) ou o editor em formato de plug-in (VSTi), possibilitando uma interface gráfica impecável. O usuário pode ainda estabelecer a comunicação sem fios (wireless)

e Thru e uma porta USB que suporta fluxo de áudio com taxas até 96 kHz/24 bits. Já no painel frontal, encontram-se presentes duas entradas de áudio (P-10), saída para fones de ouvido e uma porta USB para conexão de uma unidade de armazenamento flash (USB Memory) ou do adaptador WNA 1100-RL.

Para saber mais luciuspro@ig.com.br

63


TECNOLOGIA| CUBASE | www.backstage.com.br 64

CUBASE7 Marcello Dalla é engenheiro, produtor musical e instrutor

Olá amigos, De tempos em tempos venho repetir o ritual de apresentação de novas versões do Cubase. E agora, com o lançamento oficial da versão 7, não poderia ser diferente. Porém, desta vez, vamos além de um ritual. O que temos no Cubase 7 é bruxaria. As novas implementações são muito interessantes. Além das demandas dos usuários transformadas em realidade, as novidades são surpreendentes.

M

IXAGEM

Desde o Cubase 5 a Steinberg vem caminhando num sentido de maturidade da workstation como conjunto de ferramentas de produção musical e de finalização de áudio. O Cubase 6 trouxe o Halion Sonic SE com uma livraria de timbres abrangente e o upgrade 6.5 acrescentou o Retrologue e o Padshop.

Figura 1a - Mixer escalável

Os recursos de mixagem foram incrementados com plug-ins VST3 e a tarefa de mixagem teve um salto considerável em qualidade sonora e operação. No Cubase 7 esse conjunto atinge um nível de refinamento e profissionalismo desejado por todo produtor. Vamos mostrar aqui os principais recursos implementados.


Figura 1b - Mixer Cubase 7

Figura 2 Channel Strip

Começamos pelo mixer que foi totalmente redesenhado. O novo MixConsole traz um novo conceito em ergonomia, aparência e organização. O algoritmo de soma também foi retrabalhado e temos um upgrade de sonoridade acompanhado por plug-ins de extrema precisão incorporados ao mixer no formato “Channel Strip”. O mixer tem funções divididas em formato multi-monitor com ajuste em escala nas telas com quaisquer dimensões. Da mesma forma o mixer pode ser condensado para uma visão seletiva dos canais em mix (Figura 1a). Na figura 1b temos a imagem completa do mixer de uma sessão. À esquerda, o painel que organiza os canais exibidos (Channel Organizer). Na barra superior, a relação de Inserts e Sends dispostos de maneira visualmente confortável. Na direita: Control Room, Master Meter e Controle de Automação. Quando multiplas janelas de MixConsole são usadas, elas podem trabalhar independentemente ou estar linkadas a um MixConsole. Neste caso, o “Channel Organizer “ afeta todas as janelas. A demanda por um mixer de programação visual mais objetiva já existe desde o Cubase 5. Este formato que se apresenta no Cubase 7 vem sendo desenvolvido pela Steinberg com base nas necessidades de estúdio descritas por beta-testers e usuários ao longo de vários anos. Em cada Channel Strip foram disponibilizados novos plug-ins. A figura 2 mostra o diagrama do Channel Strip. O equalizador nativo do Cubase 7 é baseado no VST3 Studio EQ paramétrico de 4 bandas, com função de inversão para

identificar frequèncias a serem filtradas, bandas de baixa e alta frequência com diferentes tipos de shelf e com um analizador de espectro nativo mostrado sobreposto à curva de equalização. O compressor implementado é simples em operação, mas com sonoridade admirável nos modos Normal, Tube e Vintage. Filtros de corte de baixas e de altas frequências estão presentes com curva de 24dB por oitava (precisávamos deles há muito tempo). Temos também no Strip: Noise Gate nativo com filtro do tipo Side Chain ajustável em frequência e fator Q, Envelope Shaper para contornos de Attack, Sustain e Release para redesenhar as características de determinado som, por exemplo: aumentando ou diminuindo o impacto de fontes percussivas; reduzindo ou incrementando o ambiente de reverb preexistente em qualquer fonte ou como substituto do gate. Temos disponíveis plug-ins de saturação (Tube/Tape Saturation) e plug-ins dinâmicos de limitação Maximizer, Brickwall Limiter e Standard Limiter proporcionando “punch” e definição na mix. No novo MixConsole é possível “linkar” os parâmetros selecionados nos canais. Ao usar o “right-click” para fazer o link, uma janela específica se abre e permite que você escolha quais parâmetros estarão linkados (Volume, Solo, Mute, Listen, Panner, etc). Os parâmetros selecionados são lembrados sempre que um novo link é feito. Podemos ter também diferentes grupos de canais linkados. Os canais linkados mostram um número que identifica estes grupos. No modo “Hoc”, todos os parâmetros de multiplos canais selecionados estão linkados. Esta implementação é comum em mesas digitais e é fundamental no processo de mixagem. Precisávamos disso no mixer do Cubase. Muito interessante também é a implementação dos “Channel Zones” onde podemos especificar quais canais queremos usar e onde queremos vê-los organizados. A transferência e/ou cópia de plug-ins entre canais está mais simples ainda, bastando pegar e arrastar entre canais no próprio mixer.

Figura 3 - Channel Central

A Figura 3 mostra o Channel Central que permite o acesso rápido de todos os parâmetros de cada canal incluindo medidor de sinal de entrada, roteamento, equalização e dinâmica. O display muda automaticamente cada vez que

65


TECNOLOGIA| CUBASE | www.backstage.com.br

Controladores O leque de controles remotos para o Cubase 7 foi ampliado. Além dos já conhecidos System 5 MC, Euphonix Artist, Mackie Control, Steinberg Houston, Yamaha DM 2000, etc, a Yamaha/ Steinberg anunciou o lançamento do sistema NUAGE, que integra hardware e software de uma maneira sempre desejada por produtores e engenheiros. Mostrado na figura 5, o NUAGE inclui controles completos sensíveis ao toque, interface de audio com excelentes conversores e o total remoto dos softwares Nuendo 6 e Cubase 7. Criação e produção musical Na sessão de produção musical , o Cubase 7 trouxe novidades surpreendentes. O Chord Track traz possibilidades de harmonização e construção de voicings tanto em áudio quanto em MIDI. A figura 6a mostra o Chord Track global. O

66

ajustamos controles em diferentes canais. A necessidade de medições padronizadas de níveis sonoros em todas as mídias de difusão trouxe ao Cubase 7 um medidor de nível mais acurado, com todos os parâmetros necessários e com uma apresentação visual precisa. As figuras 4a e 4b mostram as versões do Master Meter. Os protocolos de padronização de níveis médios e de pico foram implementados no Cubase 7 pa-

Figura 4a - Master Meter EBU

Figura 4b - Master Meter

FIgura 6a - Chord Track e o identificador de harmonia

ra melhor aferição dos níveis de finalização em rádio, tv e demais mídias.

Figura 5 - Sistema NUAGE

Cubase detecta a estrutura harmônica da música e devolve todas as informações de escalas e acordes tanto para os canais MIDI quanto para os canais de áudio processados pelo Variaudio. Todos os canais selecionados vão refletir os ajustes harmônicos feitos na Chord Track. Opções avançadas de voicing são usadas para transformar partes existentes de uma maneira musical e com excelente resultado sonoro. Os acordes podem ser inseridos de várias formas: manualmente com o mouse, tocando com o teclado MIDI ou gerados automaticamente a partir de partes MIDI existentes no projeto. Podemos gravar ou gerar


Figura 8 - Vovengo Curve EQ

Figura 6b - Chord Assistant

um canal monofônico e depois harmonizar essa linha usando o Variaudio e a Chord Track, que orienta a escolha das notas no caminho melódico de cada voz. O Cubase ainda traz uma livraria de presets harmônicos com a opção de eleger extensões de acorde ou alterações de harmonia como mostra o painel à direita na figura 6a. O caminho harmônico de uma melodia pode ter várias opções e depende de conhecimento musical... mas nem tanto. O Cubase 7 traz o Chord Assistant, também chamado de assistente de composição inteligente, que ajuda a gerar sequências harmônicas desde as mais simples do pop às mais jazísticas. Mostrado na figura 6b, o Chord Assistant pode gerar opções de sequências harmônicas bastando definir o acorde de partida e o de chegada, repetindo o termo high tech

Plug-ins e instrumentos virtuais Além das implementações feitas no Cubase 6.5 que oportunamente reportei aqui na Backstage, o Cubase 7 trouxe coisas novas que vamos listar num “bate bola” rápido. Voxengo EQ (versão full) – Figura 8. Um equalizador de 64 bandas extremamente versátil e de excelente qualidade sonora. Possui um analisador de espectro nativo que permite mostrar, salvar e carregar curvas de espectro sonoro para comparação e equivalência. Essa tecnologia de ajuste permite que você possa transferir exatamente o som de um canal para outro. Aplicações inumeráveis: igualar a sonoridade de uma guitarra, manter a equalização da voz gravada em estúdios diferentes, buscar o mesmo perfil sonoro de uma caixa de bateria, igualar o som de dublagem de um diálogo, e também opções criativas como trazer a curva de espectro da guitarra para a caixa etc. etc. Vintage Compressor – Figura 9a. Novo algoritmo de emulação em convolução. Soa bem, boa textura. Aplicações a gosto do freguês.

Figura 9a - Vintage Compressor

Figura 7 - Variaudio polifônico

que usei no início: bruxaria. A figura 7 mostra o Variaudio atuando polifonicamente com vozes adicionais geradas a partir da Chord Track e do Chord Assistant, facilitando a construção de vocais harmônicos ou naipe de sopros, por exemplo.

Figura 9b - Tube Compressor

67


TECNOLOGIA| CUBASE | www.backstage.com.br 68

Figura 12 - MIDI Loops do Sequel

Figura 9c - Brickwall limiter

Para estúdios que não estejam operando com o Cubase, o VST Connect SE tem uma versão standalone gratuita que pode ser baixada do site da Steinberg

Tube Compressor – Figura 9b. Emulação de compressor valvulado em convolução. Evolução considerável do antigo Tube das versões anteriores. Brickwall Limiter – Figura 9c. Limiter com novo algoritmo. Eficiente e com tecnologia de proteção de clips digitais. Falaremos especificamente dele e dos compressores em nossos tutoriais.

MIDI Loops do Sequel – Figura 12. Milhares de loops MIDI trazidos da livraria do Sequel que carregam automaticamente os timbres no Halion Sonic SE. De motivos orquestrais a riffs de rock, tem de tudo um pouco. Produção sem fronteiras O Steinberg VST Connect SE permite que músicos e produtores se conectem em diversos estúdios, produzindo e gravando simultaneamente. Não importa se estejam em bairros, cidades ou países diferentes. O Controle do estúdio é feito remotamente. Por exemplo: a submix que um cantor em um estúdio distante ouve na monitoração é equilibrada e equalizada pelo produtor no es-

Figura 10 - Halion Sonic SE

Figura 13 - VST Connect SE

Halion Sonic SE – Figura 10. Ganhou 300 novos timbres que vão de pianos acústicos e cordas até timbres analógico-digitais. Livraria diversificada e com qualidade sonora. Groove Agent One – Figura 11. Também ganhou nova livraria de timbres criados e gravados em 30 novos. Além disso, 150 novos MIDI loops com muito groove, criados pelo produtor Allen Morgan.

túdio de gravação. Temos ainda transmissão de imagem, talkback e chat incluídos usando um protocolo de extrema velocidade para precisão na transmissão dos sinais em tempo real, basta uma conexão de internet estável com razoável banda de comunicação. Para estúdios que não estejam operando com o Cubase, o VST Connect SE tem uma versão standalone gratuita que pode ser baixada do site da Steinberg. Produção simultânea sem limites de workstation. A figura 13 mostra o painel do VST Connect SE.

Figura 11 - Groove Agent One

Menus e manuais em português O primeiro software de produção musical do mundo a considerar relevante a nossa língua. Os menus, manuais e menu help


tem a opção da língua portuguesa. Escorrega para o portugês dos nossos patrícios lusitanos, mas mesmo assim já é uma solução para todos que não têm facilidade nos demais idiomas de apresentação. Essa implementação vai facilitar a evolução técnica de nossos músicos e produtores na utilização do Cubase e ampliar a base de usuários. Afinação Tecnologia de Afinação Hermode – A afinação das notas sintetizadas é corrigida dinamicamente em tempo real e muda dinamicamente para maior compatibilidade com as escalas temperadas enquanto mantém a precisão dos intervalos de terças e quintas. Quando combinamos instrumentos de afinação não fixa, como metais e madeira, com instrumentos de afinação fixa, como guitarras e piano, todo o arranjo orquestral soa mais claro e definido. O mesmo resultado também em música eletrônica. Tecnologia ASIO-Guard Um modo de segurança implementado no protocolo ASIO para evitar que ocorram falhas na transferência de dados com interfaces e placas e uma forma de otimizar o desempenho da CPU.

Basicamente temos aí os pontos altos do Cubase 7. Novas implementações que trazem a todos nós ferramentas criativas e técnicas para nossa arte de realizar música e sons. Vamos seguir nossos tutoriais na mesma filosofia de sempre: abordando funções comuns às últimas versões e específicas da versão 7. Grande abraço!

Para saber online

dalla@ateliedosom.com.br | www.ateliedosom.com.br Facebook: ateliedosom | Twitter:@ateliedosom

69


PRODUÇÃO MUSICAL| www.backstage.com.br 70

A DISTÂNCIA No artigo passado analisamos, vamos dizer assim, teoricamente os fatores tipo, posição e distância dos microfones usados para gravar guitarra. Agora vamos falar sobre algumas dicas do que podemos fazer na prática.

DO MICROFONE O Tamanho do seu Estúdio PARTE 9 Ricardo Mendes é produtor, professor e autor de ‘Guitarra: harmonia, técnica e improvisação’

P

ara gravar uma guitarra, podemos usar desde apenas um microfone até vários. Eu já cheguei ao exagero de seis microfones para apenas um amplificador de guitarra. O fato é que, mesmo apenas com um, ainda podemos obter um excelente timbre. E com vários também, mas quanto mais microfones usamos, mais temos que ficar atentos ao alinhamento

entre as fases de cada um, ou caso contrário o tiro pode sair pela culatra.

VAMOS ANALISAR POSSÍVEIS SITUAÇÕES: 1 Microfone. Por mais paradoxal que seja, essa talvez seja a mais trabalhosa de todas. Vamos


ter que nos equilibrar entre três variáveis (tipo, posição e distância) com apenas uma peça. Não dá para dizer qual das três variáveis é a mais importante e qual delas deveria ter prioridade ou ser o ponto de partida. No entanto, temos que começar por alguma. Vamos lá: eu começaria pela posição, mas não é tão simples assim. A posição interage muito com a variável distância. A influência da posição é inversamente proporcional à distancia. Ou seja, quanto mais longe o microfone estiver do alto-falante, menor será a variação do timbre em função do posicionamento em relação ao centro do alto-falante. E começaria “passeando” com o microfone desde o centro até a borda do alto-falante para achar o ponto onde houvesse o melhor equilíbrio entre graves, médios e agudos. É claro que esse equilíbrio

pode variar em função do timbre que você quer e esse, por sua vez, pode variar de uma música para a outra. Quanto mais próximo o microfone estiver do alto-falante, mais perceptível será a variação de timbre no deslocamento entre a borda e o centro. Uma vez que você ache o ponto onde mais gosta do som, experimente afastar o microfone um pouco. O microfone mais afastado dará uma profundidade maior ao som, mas lembre-se que quanto mais você afasta o microfone, menos é perceptível o timbre que você achou naquela determinada posição em relação ao centro do altofalante. Por isso, usei a palavra “equilíbrio”. É aquela velha história do cobertor curto que quando cobre o nariz descobre a ponta do pé e vice-versa. Uma vez achado o

ponto ideal, você ainda pode mudar o tipo do microfone para ver como soa. Estou falando de microfones que estão atualmente em produção, ou seja, acessíveis. Não adianta indicar microfones “vintage” de milhares de dólares, caros e difíceis de serem

encontrados até no exterior, e que a maioria dos mortais brasileiros não têm acesso, porque somos obrigados a pagar, no mínimo, o dobro do que custam

71


PRODUÇÃO MUSICAL| www.backstage.com.br

grave, não descartaria a hipótese de utilizar um AKG D-112, no lugar. Os microfones do tipo ribbon como o Royer R-101 também podem ser usados nessa posição, mas lembre-se: microfones ribbon são frágeis e podem ser danificados se expostos a volumes muito altos. Neste tipo de posicionamento em paralelo normalmente também não precisamos nos preocupar muito com o alinhamento de fase, apenas com a polaridade. Como no posicionamento em paralelo os microfones estão à mesma distância em relação à fonte sonora, as fases estarão alinhadas sem defasagem. Apenas cheque se a polaridade está correta. Se algum dos microfones estiver com a polaridade invertida, haverá uma enorme perda de graves. Nesse caso vá aos controles do pré-amplificador e inverta a fase de um dos microfones. Normalmente esse controle tem esse símbolo: ø

72

por causa de uma carga tributária predatória. Pode ser que nessa mudança de tipo de microfone você ainda tenha que fazer alguns ajustes adicionais tanto na posição quanto na distância. Normal-

O microfone posicionado mais próximo do alto-falante dá mais presença, e o distante dá mais profundidade. Por que também não ter os dois? mente os microfones que eu utilizo são os: Shure SM-57, Shure Beta 58, Sennheiser e-609, Sennheiser MD-421 e Royer R101 (ribbon). Raramente utilizo um condensador no caso de microfonar um amplificador de guitarra com apenas um microfone. Uma das vantagens de se utilizar apenas um microfone é não precisar se preocupar com alinhamento de fase. 2 Microfones A - Paralelo. Se falarmos que a posição em relação ao centro muda o timbre, sendo o centro mais agudo e a borda mais grave, por que não ter os dois? Um bom ponto de partida é colocar um microfone bem no centro do falante, captando os agudos, e outro na borda para pegar os graves. Neste caso, é melhor escolhermos os mais adequados para cada tarefa. E começaria colocando o Shure SM-57 ou o Sennheiser e-609 no centro. Uma dica: se achar que o som está agudo demais, você ainda pode manter o microfone no centro dando uma inclinada a 30º em relação ao eixo do altofalante. Isso irá “amaciar” os agudos. Para a borda, escolheria um microfone que fosse mais adequado para captar graves, como o Shure Beta 58 ou o Sennheiser MD-421. Se eu quisesse realmente

B - Perpendicular. Também conhecida como Close/Far. Consiste em posicionar um microfone perto e outro distante do alto-falante. O microfone posicionado mais próximo do alto-falante dá mais presença, e o distante dá mais profundidade. Por que também não ter os dois? Para se achar a posição e tipo do microfone utilizamos o mesmo processo de microfonação com um microfone, apenas não levando em consideração o fator da distância, pois esse fator será coberto pelo segundo microfone. Após posicionar o microfone que ficará perto


(close) colocamos o segundo em uma distância a partir de 30 centímetros do primeiro microfone. Eu normalmente uso aproximadamente um metro. Mas pode ser mais. Depende do quanto de profundidade e quanto de “sala” você quer. Lembre-se que quanto mais longe, distante (far), estiver posicionado o microfone, maior influência da reverberação do ambiente (sala) você terá neste microfone. Mais uma vez, a distância depende do quanto você quer de profundidade neste microfone. Mas, nesse caso, a distância entre um microfone e outro fará o som atingir cada um em tempos diferentes, fazendo que a fase deles fique desalinha-

da. O efeito é perceptível em distâncias a partir de 20 centímetros. Neste caso existem duas coisas que podem ser feitas para corrigir a defasagem: uma, à maneira antiga, é reposicionar o microfone distante até minimizar o máximo possível a perda de graves causada pela defasagem dos sinais. A segunda, que é a que eu utilizo, é observar o desenho da onda (wave) nos dois canais (tracks) utilizados para os microfones. Você irá perceber que as duas ondas têm desenho semelhante, porém a do microfone distante começa depois da primeira. Manualmente, arraste a onda do microfone distante até que o desenho dele comece exatamente junto com o desenho do canal do microfone perto. Desse modo você alinhou as fases. Se você perceber que ao alinhar as ondas elas estão invertidas uma em relação à outra (uma está de “cabeça para baixo”), inverta a fase de uma delas utilizando um plug-in ou função do programa. O símbolo da inversão de fase é o mesmo do pré-amplificador: ø Abraços.

Para saber mais redacao@backstage.com.br

73


BAIXO ELÉTRICO| www.backstage.com.br 74

2013… Início de ano, início de uma era, começo dos tempos. Ops, este parece um contraponto à matéria anterior… Pensando sobre estes assuntos, concluí que seria benéfico iniciar o ano com dicas de quais equipamentos e dispositivos o baixista deve levar para o estúdio.

O QUE LEVAR PARA O

ESTÚDIO DE Jorge Pescara é baixista, artista da

Jazz Station e autor do ‘Dicionário brasileiro de contrabaixo elétrico’

D

evemos considerar diversos fatores quando estamos tratando de assuntos tão vastos quanto este. Pois, com o avanço tecnológico e a abertura das “fronteiras” que separavam a indústria do áudio e dos instrumentos musicais mundiais do próprio Brasil, hoje a logística ficou muito mais facilitada. Haja vista que qualquer home studio com um computador relativamente bem equi-

pado, um bom conversor e dezenas de plug-ins, pode facilmente fazer gravações satisfatórias. Com isto, concluímos que as necessidades também mudaram, evoluíram, transmutaram-se em outras. Por exemplo, qualquer estúdio aceitável terá um plug-in de afinador, correto? Sim… e, não! Como poderemos confiar o suficiente neste fato, ou mesmo na


EFEITOS: leve alguns efeitos que sejam considerados justificados para aquele estilo musical. Desnecessário dizer que para uma gravação de estilos folclóricos, por exemplo, não devemos colocar fuzz/

CORDAS: o melhor é trocar as cordas dois dias antes, afinar e tocar um pouco para a afinação acomodar bem. Cordas novas costumam demorar um pouco pra manter o pitch, então a dica é sempre vá-

Desnecessário lembrar que as pilhas e baterias dos instrumentos (ativos), afinadores, (...) devem sempre ser conferidas e estar em plena carga

lida. Porém, não deixe de levar um pacote extra de cordas novas para o estúdio, para o caso de algum contratempo. CABOS: leve vários, de boa marca, com metragens diferentes e com plugues de qualidade.

GRAVAÇÃO impossibilidade do plug-in não abrir? Então…

COMECEMOS PELO BÁSICO:

AFINADOR: carregue sempre contigo um afinador estável e bem calibrado. Confira se está no padrão (normalmente e na maioria dos casos em 440hz).

INSTRUMENTOS: Levar o baixo escolhido para a gravação, mas dar também opções diversas para o produtor e os demais envolvidos no projeto. Melhor separar um baixo passivo, um ativo e um fretless. Se tiver opção de 4, 5 e 6 cordas, baixolão, electric upright (ou mesmo um acústico, quando solicitado) leve-os.

BATERIAS E PILHAS: Desnecessário lembrar que as pilhas e baterias dos instrumentos (ativos), afinadores, pedais de efeito e outros equipamentos, devem sempre ser conferidas e estar em plena carga. Leve sempre uma ou duas novas como extra só para garantir.

distortion no baixo… deixe isto para as fusões e world music. Se tiver um preamp classe A, e confiável para seu próprio timbre e sonoridade, leve-o. DEMAIS EQUIPAMENTOS: se tiver EBow, palhetas, plectro ou outros dispositivos interessantes, desde que coerentes com o estilo musical, coloque-os no bag também! Não se esqueça de tripés de apoio para os instrumentos. FERRAMENTAS: um pequeno alicate de corte para as sobras de ponta das cordas recém trocadas, uma chave para o tensor, chaves allen para os carrinhos da ponte e uma chave de fenda philips para apertar os parafusos do braço (se necessário). Uma flanela limpa e seca é um bom apetrecho. Pode ser usada com um produto especial para limpeza de cordas e, se o instrumento tiver acabamento em madeira, uma boa cera de abelha pode fazer milagres. Outra questão fica com a manutenção e limpeza dos equipamentos todos. Sempre que terminar uma sessão de gravação (ou mesmo uma gig ou estudos), lembre-se de

75


BAIXO ELÉTRICO| www.backstage.com.br 76

Volta e meia é importante olhar e testar cada cabo para ver se as soldagens estão funcionando e se os mesmos não estão partidos. Há ótimas opções no mercado de pequenos aparelhos para testes de cabos.

No caso dos instrumentos, devem ser observados a tensão das cordas

limpar as cordas, corpo e braço dos instrumentos então utilizados, com um pano macio e seco (uma flanela, por exemplo), pois isto ajuda a manter a tocabilidade em dia. Um pequeno detalhe que muitos deixam passar despercebido (ou por falta de “informação”) é em relação à manutenção geral de cabos e demais equipamentos. Volta e meia é importante olhar e testar cada cabo para ver se as soldagens estão funcionando e se os mesmos não estão partidos. Há ótimas opções no mercado de pequenos aparelhos para testes de cabos. No caso dos instrumentos, devem ser observadas a tensão das cordas, a ação (altura em relação à escala) das mesmas no nut (capotrasto) e na ponte, se estão novas ou muito gastas pelo uso constante, se as oitavas estão alinhadas (verifica-se com afinador e ajusta-se nos carrinhos da ponte), a condição das baterias 9v (se for um instrumento ativo), a condição da curvatura do braço (ajusta-se no tensor com uma chave apropriada), pois ela muda constantemente com os fatores climáticos (temperatura ambiente,

umidade relativa, pressão atmosférica etc.), a situação da parte elétrica do instrumento (acesse-a através da tampa traseira retirando os parafusos e veja se, eventualmente, pode estar oxidada, úmida, com os fios ou soldas soltas e quebradiças, pelo tempo) e a limpeza e higiene geral do instrumento (sim, pois imagine a quantidade de germes que estão nas cordas velhas do seu baixo?). Mais do que isto? Uma boa disposição, flexibilidade, pontualidade e… a técnica em dia! Boa gravação. Paz Profunda .:.

Para saber online

jorgepescara@backstage.com.br http://jorgepescara.com.br


77


REPORTAGEM| www.backstage.com.br 78 Banda Aviões do Forró

Quatro mega shows na inauguração do Centro de Exposições de São João da Barra. redacao@backstage.com.br Fotos: Ernani Matos / Divulgação

O SOM DA EXPO2012 BARRA S

ão João da Barra é um simpático município do Rio de Janeiro que fica quase na divisa com o Espírito Santo. Além dos royalties do petróleo, a cidade vive um clima de euforia e de temores com a construção do maior complexo portuário da América do Sul, de propriedade de Eike Batista. É neste clima que a prefeita Carla Machado construiu e inaugurou o Parque de Exposi-

ções Manoel Rangel Peçanha, o “Expo Barra”, um enorme espaço ao ar livre nas margens da Rodovia BR-356, entre Grussaí e São João da Barra. Mesmo com a forte chuva que castigou a cidade nos dois primeiros dias da festa, o público estimado em cerca de 50 mil pessoas por dia dançou e se divertiu ao som das bandas Cheiro de Amor; Aviões do Forró; dos cantores Gusttavo


João Carlos e Emilson C. Amaral

Lima e Victor & Leo. No final do evento, a prefeitura estimou o lucro em 4,8 milhões para os cofres públicos e para os comerciantes e ambulantes que participaram dentro do espaço e nos arredores.

SONORIZAÇÃO A Extra Som é uma empresa sediada no município e foi a responsável pelo sistema de som e da luz. No PA principal foi usando o novo line array da Machine Mach 815, além de quatro amplificadores 14.0, oito amplificadores 8.0 e quatro amplificadores 3.5, todos Machine, modelo SD. Foram usadas duas torres de delay com caixas ACL 1212, com oito caixas em cada torre. Para a mixagem, foram usados um console Digidesign Mix Rack na house mix e um console PM5D RH na monitoração do palco; além dos processadores driverack DBX 4800. No palco foram utilizados side du-

Console Digidesign na house mix

plo modelo KF 850 e subs 850, monitoração SM 222 e SM 400. A iluminação foi montada com grid Q50, duas mesas Avolites Pérola 2010 e Touch; 32 refletores pares LEDs de 3 watts; 36 refletores PAR 64; 40 ACLs; 12 strobos atomics; 20 elipsoidais; 12 minibruts, 12

Beam (SGM)300, 10 Giotto; 20 PRs Pillot 575; oito wash e três canhões seguidores.

O SOM DA BANDA AVIÕES DO FORRÓ No segundo dia, a equipe da Backstage esteve no evento e conversou

79


REPORTAGEM| www.backstage.com.br 80

Mach 815 o novo Line da Machine

com o técnico de PA Tibério Gama Cardoso (Tiba) e com José Claudio Pereira, o “Claudino”, técniToda estrutura do evento foi feita pela Telaviva Estruturas co de monitor. limpo, sem a sujeira do volume alto. Tibério, ou Tiba, como é mais conheMantemos o nível de SPL entre 100 e cido, entrou na banda há três anos e 105 dBs. A minha história no áudio meio com a missão de trazer para o PA começa carregando caixas de uma o mesmo som da banda em estúdio, banda de baile. Depois fui auxiliar o com os timbres dos instrumentos técnico que também era dono da banmuito bem definidos, procurando da e do estúdio até passar a mixar a manter o máximo possível a mesma banda nas apresentações. Foi neste qualidade conseguida na gravação. período que tive o meu maior apren“Como a cara dos Aviões é a bateria, dizado, pois a banda tocava de tudo, temos que apresentar um som bonito, MPB, rock, forró, frevo, axé, etc e eu alto, com todos os instrumentos e tinha que acompanhar a mudança timbres bem definidos e com o som


Rack de amplificadores

Tibério (Tiba) Gama Cardoso

José Claudio (Claudino) Pereira

dos estilos e dos timbres numa mesa analógica. Hoje fica mais fácil numa mesa digital. Também passei por várias bandas até ser convidado a integrar esta formidável estrutura que é a banda Aviões do Forró”, comenta Tibério. Sobre o evento, Tiba tece elogios à estrutura dos organizadores e à sonorização. “Gosto do timbre do novo line da Machine, porque tem o timbre que agrada ao pessoal do Nordeste com os médios graves bem definidos.

Também gosto de valorizar as coisas feitas no Brasil. Agradeço o apoio e o profissionalismo que o pessoal da Machine deu neste evento e à nossa banda”, finaliza Tibério. Já o técnico de monitor Claudino, que começou na banda há sete anos (a banda tem 10) faz uma mixagem padrão ao estilo Forró bem atualizado, utilizando mesas digitais, monitoração in-ear para os músicos e monitores (caixas) para os cantores. “O meu trabalho é servir os músicos e artistas atendendo as suas necessidades no que se refere às frequências e timbres de seus instrumentos. Como a banda é composta por músicos profissionais com bom conhecimento técnico, o meu trabalho fica mais fá-

81


REPORTAGEM| www.backstage.com.br 82

Console PM5D RH (monitor)

cil e flui naturalmente com poucas interferências pontuais”, ressalta, agradecendo o apoio da Extra Som e da Machine.

Outro fator muito importante foi o inicio da parceria com empresas como a Machine, por exemplo. A Expo Barra foi, com certeza, o maior evento já realizado no município de São João daBarra (RJ) em todos os tempos (Emilson)

Torre de delay

UM PEQUENO HISTÓRICO Ninguém melhor para falar sobre a empresa que sonorizou o evento do que o seu proprietário, Emilson Cardozo Amaral. “A nossa empresa surgiu em 1988, mas o nome Extra Som surgiu por volta do ano 2002. Éramos uma empre-

sa pequena e que necessitou de constantes investimentos devido às dificuldades e peculiaridades de ser do interior. Daí fizemos alguns investimentos errados, por falta de conhecimento e experiência.”, relembra.

Equipe da Machine com os técnicos da banda Aviões do Forró


83


REPORTAGEM| www.backstage.com.br 84 Staff da banda Aviões do Forró

Staff da locadora Extra Som

A entrada da Extra Som no mercado profissional começou com o treinamento do corpo técnico da empresa, visitas às feiras em São Paulo, participação de seminários e cursos e assinaturas de revistas, como a própria Backstage, aliado à experiência com os técnicos de bandas que começaram a se apresentar na região. “Outro fator muito importante foi o inicio da parceria com empresas como a Machine, por exemplo. A Expo Barra foi, com certeza, o

maior evento já realizado no município de São João da Barra (RJ) em todos os tempos. A presença de público recorde, a infraestrutura montada pela prefeitura e o perfeito entendimento entre os promotores (Secretaria de Turismo), nossa empresa e a produção das bandas, foram pontos determinantes para o sucesso ao longo dos quatro dias”, completa. No Palco I, foram quatro shows de grande porte - Cheiro de Amor, Aviões do Forró, Gustavo Lima e

Vitor & Leo. No Palco II, ainda tiveram outras atrações e, além do som e da iluminação para a Tenda Cultural, a Extra Som também foi responsável pela sonorização durante o evento de inauguração do Parque de Exposições Municipal, “A nossa empresa foi escolhida pela experiência desenvolvida nas dezenas de shows nacionais já executados, pelo equipamento colocado à disposição das bandas e por termos sido a empresa vencedora da última licitação feita pelo Município de São João da Barra. Evento de porte como a II Expo Barra gera dificuldades, porém todas as que surgiram foram superadas com dedicação e muito boa vontade de todas as partes envolvidas. Este evento deixa um grande legado para nossa empresa. Gostaria de agradecer a Deus e a parceria e o apoio técnico da Machine, João Carlos, Fred e Neto, e aos técnicos Bicui (PA), Vitor Hugo (Monitor), Diego (Iluminação), Tiago (PA); Palco II, Claiber (tenda da praça de alimentação); Yhoran Sebastiam (Iluminação) e a todos os demais auxiliares da Extra Som”, enumera.


85


REPORTAGEM| www.backstage.com.br 86 Doze anos após o fim da banda, a Dorsal Atlântica, uma das pioneiras do gênero trash metal no Brasil, retorna às atividades com o álbum de inéditas, 2012, gravado entre julho e setembro, no estúdio SuperFuzz, no Rio de Janeiro. Com lançamento previsto para o final de outubro, o trabalho, financiado por fãs através da plataforma crowdfunding, marca a volta de Carlos Lopes (vocais e guitarra), Cláudio Lopes (baixo) e Hardcore (bateria), integrantes da formação original que se reuniu, pela última vez, há 22 anos. Luiz Urjais redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

Dorsal Atlântica

ÌCONE DO METAL NOS ANOS 80 RETORNA COM NOVO CD

C

om arrecadação em cerca de R$ 50 mil, o álbum é resultado de um ‘insight’ tido por Carlos, após convite para participar como atração principal do festival ‘Metal Open Air’, em abril deste ano, em São Luis, no Maranhão. “A formação deste CD é a mesma que gravou os discos mais populares, entre 1986 e 1990 (Antes do Fim, Dividir & Conquistar e Searching for the Light). Foi uma maneira de presentear os apoiadores. Além do mais, na realização de 2012 não de-

pendemos de ninguém, senão do público. Para termos dado início à campanha de financiamento, corremos toda espécie de riscos, entre ônus e bônus: descrédito, sucesso, fracasso, apoios, críticas... Quando a banda começou, imagine só, vendi uma coleção de selos para bancar o primeiro disco, em 1984, o Ultimatum (relançado em LP pelo selo Hell Music). Trazer o socialismo à música é fazer história em grupo. A luta pela arte livre é coletiva. E o crowdfunding


propõe a ideia de construir uma obra juntos, sem intermediários entre os fãs e a banda”, explica o músico carioca, cuja campanha de financiamento coletivo se desenrolou por 45 dias. De acordo com Carlos, o trabalho é dividido em temas que se inter-relacionam e conectam as questões políticas e filosóficas. Cada faixa expressaria um manifesto, seja pessoal ou coletivo, priorizando o aspecto ideológico que, para ele, é tão importante quanto o musical. “O título do álbum simboliza ‘um ano de profundas transformações; o ano do impossível’. E o que haveria de mais ‘impossível’ que um novo disco da Dorsal Atlântica?”, satiriza. “Música, valores espirituais e políticos coesos. Essa é a ordem que mantém os temas unidos: morte, guerra e conflito; valores morais e patrióticos; de minha vida pessoal; políticos e sobre a Ditadura”. Ainda de acordo com Carlos, o álbum soma a tradição musical da banda a elementos modernos, sem descaracterizar a proposta inicial da Dorsal Atlântica. “Uma parte importante do processo de compo-

Carlos, Hardcore e Claudio se reúnem depois de 22 anos para álbum de inéditas financiado pelos fãs

Banda arrecadou fundos pelo Crownfunding

Dorsal Atlântica no início da carreira

sição é a “incorporação”. Você engravida pela ideia e as músicas e letras surgem umas após as outras.

Não somos as mesmas pessoas que gravaram os discos nas décadas de 80 e 90. Falando por mim, percebo

Sergio Filho escutou bandas de metal dos anos 80 para identificar a sonoridade exigida pelo grupo nas gravações

87


REPORTAGEM| www.backstage.com.br 88

Conheci o Carlos em 2008 e tive a oportunidade de atuar com ele, também em 2010 e 2011, em projetos diversos. Foi uma grande honra ser convidado para gravar e mixar o disco. Senti-me muito grato pela oportunidade (Sérgio Filho)

Mixagem demorou cerca de quatro horas por música e foi dividida em subgrupos abertos na mesa Mackie

que sou mais objetivo e só escolho o que gosto de cara, não fico burilando, tentando consertar. A rapidez não interfere na qualidade, apenas mostra que o foco é maior. Quando a banda estava na ativa, lançávamos um novo trabalho, no mais tardar, a cada três anos. Eu compunha com uma boa margem de tempo e testávamos as músicas ao limite, até que estivessem entranhadas. Dessa vez foi completamente diferente: teríamos “apenas” quatro meses para compor, ensaiar e prensar. O cronograma foi cumprido, sem afetar em nada a qualidade do trabalho”, assegura.

GRAVAÇÃO Segundo o técnico de som de 2012, Sergio Filho, o maior desafio desta empreitada foi aliar o que os três músicos têm de melhor ao que os conecta com os fãs. Ele afirma que, desde o início do processo, considerou a importância da banda para o metal nacional, bem como o fato de ter sido um disco financiado pelo público. “Foi o trabalho mais importante na minha carreira até o momento. Bastante singular pela característica old school. Nunca fui especialista no metal dos anos 80. Como laboratório, escutei bandas daquela época”. Sergio

conta que o convite surgiu no início deste ano, quando o esboço de retorno da banda estava sendo feito. “Conheci o Carlos em 2008 e tive a oportunidade de atuar com ele, também em 2010 e 2011, em projetos diversos. Foi uma grande honra ser convidado para gravar e mixar o disco. Senti-me muito grato pela oportunidade, tendo em vista que uma banda deste porte poderia ter convidado qualquer produtor de renome no mercado. Trabalhar para o artista é mais importante que tudo. Um bom disco não é feito por disputa de egos e sim por dedicação e trabalho em equipe”, opina. Para o técnico, um dos motivos que o levou a indicar o estúdio SuperFuzz foi a presença do conversor Aurora, da Lynx. Em sua opinião, este é o melhor conversor AD/DA, superando os originais do Pro Tools HD. “Como a banda, e principalmente o Carlos, prezavam muito pela sonoridade old school, um bom conversor se fez essencial para manter os timbres orgânicos”, comenta. Para a microfonação de bateria, Sergio utilizou 01 AKG D112 dentro do bumbo, e 01 MXL 2003, fora. Neste último, todos os agudos e médios foram cortados, para simular o efeito obtido com o Yamaha Sub Kick. Para a caixa, 01 Shure


89


REPORTAGEM| www.backstage.com.br 90

Setup de Carlos: amplificador JCM800, da Marshall, está há mais de 30 anos com o guitarrista

SM57, na pele de ataque e na esteira, e 01 MXL 603S apenas na pele de ataque. Nos tons, foi usado 01

Instrumentos estão com os músicos desde os 70

par de AKG C418 – o que ele descreve como a grande descoberta. “É um microfone que já está fora de

Lista de equipamentos utilizados na gravação Plataforma: - Avid Pro Tools 9.0.6 - Interface M-Audio 2626 + conversor Aurora Lynx 16 (total de 24 in/out analógicos e 2 in/out digitais) - Mesa de som Mackie 1604 VLZ3 - Diversos plug-ins Monitoração: - Event TR-8 - Yamaha NS10 (amp Hafler Pro2400) - Fones AKG K-44 - Fone Vic Firth Para Bateristas - Presonus Central Station - Furman Headphone Amp Periféricos: - API 3124+ (preamp 4 canais) - ART Dual MP (preamp valvulado 2 canais) - Joemeek TwinQ (preamp 2 canais com compressor e EQ) - Joemeek ThreeQ (preamp com compressor e EQ) - Empirical Labs EL8-X Distressor w/ British Mod (compressor) - Empirical Labs Fatso Jr. (compressor estéreo) - Empirical Labs UBK Fatso (compressor estéreo) - FMR Audio Really Nice Compressor (compressor estéreo) - Gravador de rolo ¼ de polegada AKAI 4000DB - Fita N.O.S. Agfa dos anos 70 Microfones: - AKG C418 – condensador (2) - AKG D112 – dinâmico - AKG D5 – dinâmico

- Audio Technica AT3035 – condensador (2) - Audix i5 – dinâmico - Blue Spark – condensador - MXL 2003 – condensador - MXL 603S – condensador - Rode NT-5 – condensador (2) - Senheiser e609 – dinâmico - Shure SM 7 – dinâmico (2) - Shure SM 57 – dinâmico (5) - Shure SM 98 – condensador Amplificadores guitarra / baixo: - JCM800 MKII 50 Watts - Caixa Marshall 4×12 1960A - Caixa Ampeg 4×12 angulada - Ampeg B2R - Hartke HA 2000 - Caixa Hartke 4×10 Pedais: - Ibanez Tube Screamer (2) - MXR Dyna Comp (2) - Boss Noise Gate - Electro Harmonix Big Muff - Oitavador Onerr - Dunlop Cry Baby - Furmann Booster Instrumentos: - Gibson Flying V 74 - Charvel anos 80 - Fender Precision Bass 73 - Yamaha BB3000A anos 80 - Bateria Pearl Session Series 22x10x12x16 - Surdo 14 Mapex Venus Series - Caixa Pinguim 1965 Outros: - Radial JD-7 Injector – DI, Reamp e Splitter - Direct Box Passiva Whirlwind (2)

Gibson Flying V 1974: um dos ícones da banda

linha, mas que tem uma equalização própria para tons, além de ser hipercardioide, o que ajuda a minimizar os vazamentos de pratos”. Para os dois surdos, foram 02 Shure SM7B, com o boost de médios ligado e o corte de graves desligado. No contratempo, 01 Shure SM98. Nos overheads foram usados 01 par de Rode NT-5, completados com dois Audio Technica AT3035 apontados para a porta da sala de gravação, para obter ambiência. “Colocamos um Blue Spark atrás do Hardcore para, posteriormente, ser comprimido ao extremo com o Distressor”, afirma. “Na parte de prés, usamos o API 3124+ para o bumbo, caixa e overheads. Esse pré é excelente, pois, além de possuir bastante ganho, a ruído quase zero, as saturações são muito musicais, por isso não tenho medo de deixálo clipar de vez em quando. No


Conversor Aurora, da Linx, foi o diferencial para conseguir os timbres orgânicos

restante, usamos os JoeMeek TwinQ e ThreeQ, o ART Dual MP e os prés da mesa Mackie 1604 VLZ3. Optei por comprimir certas peças já na gravação. O microfone interno do bumbo e o SM57 da caixa passaram pelo Fatso UBK, uma versão modificada do original, ambos na configuração Splat, que gera um ataque bem agudo e definido através de um release rápido. Os overheads também foram comprimidos no Fatso Jr. e o mono room, captado pelo Blue Spark, passou pelo Distressor”, completa. Para a gravação dos baixos, foram usados 01 Yamaha BB3000A, dos anos 80, e 01 Fender Precision, dos anos 70; 01 cabeçote Ampeg B2R e 01 caixa 4x10 da Hartke. “Microfonamos a caixa com um SM7 e gravamos o sinal de linha do baixo. Na ocasião, foi usada uma segunda caixa, 01 4x12 da Ampeg, com sinal distorcido por um Tube Screamer, microfonado por um Sennheiser e609”. O baixo foi comprimido na gravação, sendo que os dois sinais microfonados passaram pelo Fatso UBK, e o sinal de linha, pelo Distressor. “Um fato interessante é que ambos os baixos soavam diferentes em todas as músicas. Daí optamos por gravar todo o disco duas vezes: ora com o Yamaha, ora com o Fender. Na mix, escolhemos o que melhor se encaixava sem equalização”.

Nas guitarras, foi usado 01 JCM800 MKII, de 50 watts, que acompanha Carlos desde o início dos anos 80. Para escolher as caixas, foi feito um shootout (comparação) com as 03 4x12 que estavam à disposição: 01 JCM800, 01 1960A do estúdio e 01 Ampeg. “Nós nos surpreendemos com a diferença brutal entre cada um dos alto-falantes. Optamos pela Ampeg e Marshall 1960A. Pusemos todos os cinco SM57 que tínhamos, e mais algumas opções, como o SM7B e o e609, e ouvimos cada um dos falantes, até selecionar os favoritos. Ficamos com o total de 04 canais (02 da Ampeg e 02 da Marshall). Tudo isso em nome do timbre, no melhor estilo old school!”, justifica. Foram usados os prés da Mackie, e nenhum sinal de guitarra foi comprimido na gravação. Dentre os pedais diversos, destaca-se a utilização de 02 Tube Screamer; 02 MXR Dyna Comp; 01 Noise Gate da Boss; 01 Big Muff; 01 oitavador da Onerr e 01 DS1 da Boss. As guitarras usadas foram uma Charvel dos anos 80 e uma Gibson Flying V de 74. “Ambas as guitarras são icônicas e têm todo um passado associado à Dorsal Atlântica. Como gostamos do som de ambas, optamos por gravar todas as bases com a Charvel e as dobras com a Gibson. Quase todos os solos foram gravados com a Charvel”. Na voz, foi usado 01 SM7B, passando pelo

Microfonamos a caixa com um SM7 e gravamos o sinal de linha do baixo. Na ocasião, foi usada uma segunda caixa, 01 4x12 da Ampeg, com sinal distorcido por um Tube Screamer, microfonado por um Sennheiser e609 (Sérgio Filho)

” 91


REPORTAGEM| www.backstage.com.br 92

MIXAGEM Sergio explana que o processo de mixagem foi tranquilo, embora meticuloso. “Acredito que fizemos uma média de quatro horas por música, o que é bastante rápido. Foi um trabalho em conjunto com o artista, algo que nem sempre é possível, pois muitas vezes o próprio não se expressa bem e acaba emitindo opiniões antes de ouvir uma primeira mixagem. Pelo fato do trio ser composto por músicos muito experientes, a presença deles só ajudou, pois pudemos ser bem objetivos”. O técnico expõe ainda que a mix foi dividida em subgrupos, abertos na mesa Mackie, com o estéreo comprimido pelo Fatso Jr. – processo denominado summing (‘soma’) analógico. “Ele se contrapõe ao clássico bounce in-the-box do Pro Tools, bastante criticado. Se configura da seguinte maneira: a mixagem é feita no Pro Tools, mas

dividida em subgrupos que vão sair da interface e entrar na mesa. A saída estéreo da mesa passa no Fatso Jr. para uma compressão de bus e a saída deste compressor volta, gravando em dois canais no Pro Tools. Esse arquivo estéreo é então mandado para

gada da AKAI, modelo 4000DB, da década de 70, como mais um periférico na cadeia. Sergio esclarece que ela atuou comprimindo o sinal e amaciando os agudos, tornando tudo ‘mais musical’ e ‘vintage’. “Já há algum tempo que

API e comprimindo no Distressor. Na única faixa que contém violão, foi usado o Blue Spark, em conjunto com o Rode NT-5, comprimindo ambos no Fatso UBK.

Para a Dorsal, usei uma fita Agfa, dos anos 70, ainda lacrada. O ruído que ela produz é mínimo e não atrapalha em nada, só acrescenta (Sérgio)

a masterização”, explica. “Esse processo adiciona profundidade e qualidade imaterial na mixagem, ao ser comparada com a versão, 100% digital, somada no Pro Tools. Isso contribuiu e muito para a chegada naquele som ‘característico’ dos anos 80 que a banda procurava”.

FITA DE ROLO Ao final desse processo, houve o uso de uma máquina de ¼ de pole-

Mixagem em fita de rolo: periférico mais importante para obtenção da sonoridade old school

trabalho com ela, embora este processo seja delicado, pois a máquina é antiga e necessita de restaurações constantes. Para a Dorsal, usei uma fita Agfa, dos anos 70, ainda lacrada. O ruído que ela produz é mínimo e não atrapalha em nada, só acrescenta”. Para Carlos, a utilização desta máquina veio de encontro à vontade que ele tinha de gravar tudo overall no início da produção, obtendo o mais fidedigno resultado acústico da banda. “Cresci com vinil, fita cassete e fita de vídeo analógica. Compreendo as vantagens e desvantagens da gravação digital. Mas a facilidade e o barateamento dos custos não produziram discos e músicos melhores. Nesse caso, computador não faz a mínima diferença. Com verba, pode- se gravar em uma fita de duas polegadas e editar digitalmente, mas no nosso caso, fizemos o processo inverso: timbramos os instrumentos para que soassem “antigos”; mixamos como se mixaria um disco em 1985 e depois passamos ao gravador de rolo, para dar uma ‘aquecida’ no som geral”, explica.


93


REPORTAGEM| www.backstage.com.br 94

Lançando seu segundo trabalho solo, Knight Without Armour, o baixista Jorge Pescara resolveu inovar e usar como base de seu trabalho o Megatar, um instrumento que produz a sonoridade... de outros instrumentos. Nesta entrevista, ele fala sobre essa experiência e de como surgiu a ideia. redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

B

ackstage - Você adicionou um instrumento diferente nesse novo álbum. Como foi que conheceu esse instrumento? Jorge Pescara - Não foi bem adicionar. Na verdade usei o touchguitar com exclusividade neste disco, substituindo os baixos e deixando os guitarristas de lado (risos). Sério. Com um instrumento como este, pode-se tocar a parte do baixo e das guitarras, então não havia a necessidade deles neste projeto.

UM POR Minha história com os touchguitars começou há algum tempo com o Chapman Stick (www.stick.com) que comprei do Luizão Maia, mas ainda andava insatisfeito com os resultados que eu obtinha. Cheguei a gravar algumas faixas em discos com Ithamara Koorax, Luis Bonfá, Eumir Deodato, grupo Zero e Lord K, só que percebi que ainda não havia encontrado uma linguagem pessoal no instrumento. Em meados de 2006 ou 2007 o Traktor Topaz, construtor e idealizador do Mobius Megatar (www.megatar.com), contatou-me por e-mail e falamos sobre


Backstage - Como foi construído o repertório deste novo CD? Jorge Pescara - É mais para uma espécie de trilha sonora do que um CD com um punhado de músicas sem alguma conexão lógica entre si. Contam uma história, um enredo, apesar do caráter instrumental do álbum. Todas as músicas foram compostas durante o processo de pré-produção e pesquisa, o que levou certo tempo. Mas a sonoridade final foi conquistada através da musicalidade e sensibilidade do produtor alemão Marc Jung.

Project. Neste projeto e em outro de folk chamado Terra D’Agua eu usava somente os touchguitars, nada de baixo! Por conta das agendas conflitantes e distância de moradia entre nós, nunca conseguimos termi-

Depois que recebi o primeiro Megatar resolvi pesquisar mais do que quando tinha o Stick. A coisa realmente pegou corpo nesta época na Europa

nar o CD deste projeto Lom[Bo], mas há alguma coisa na internet para se ouvir. Daí, quando estava na metade da pré-produção do meu disco, viajei até o estúdio do Marc somente para mostrar e ter algumas dicas. O cara ficou animado em produzir o material todo, e o resto da história é o CD pronto.

TODOS Backstage - E a parceria com o Marc Jung, como aconteceu? Você o conheceu quando estava na Europa, certo? Jorge Pescara - Marc é multiinstrumentista, domina muito bem o baixo, a guitarra, os teclados e toca bateria de uma forma tão poderosa que ‘chapei’. (risos) Eu o conheci através de um amigo músico português chamado João Ribeiro, e logo formamos um trio bem interessante de fusion com música eletrônica chamado Lom[Bo]

todos importantes para este disco. E estas escolhas partiram do princípio de que eu sempre amei a sonoridade de instrumentos exóticos, tanto que em casa tenho alguma coisa que estou começando a

a possibilidade de eu divulgar o instrumento dele por aqui. Passei a usar dois modelos com afinações diferentes. Um Tonewaver com pickups e preamps Bartolinis e afinado em quartas justas (B E A D G C, nos graves, e C# F# B E A D, nos agudos), e um Dragon model com pickups passivos estilo Gibson e afinação do Robert Fripp (graves em quintas invertidas C G D A E B, e nos agudos G D A E G C).

Backstage - Quando ouvimos o CD, parece que há vários e diferentes instrumentos, e você utiliza apenas o Megatar. Conte sobre essa técnica, como descobriu e percebeu que poderia realizar um novo trabalho com base apenas nesse instrumento. Jorge Pescara - Bom, há participações de músicos convidados, Glauton Campello, Paulo Oliveira, Luis Guerreiro, Iuri Sain’tAnna, Aurelian Lino, Marc Jung, Zozo… então não estou sozinho nisto, e foram

praticar, como um guimbri, que é uma espécie de baixo feito pelas tribos Tuaregs do deserto próximo a Marrocos, e um didgeeridoo, que eu chamo de instrumento de sopro de uma nota só, construído por aborígenes australianos, tocado com respiração contínua. Nos meus projetos sempre tento convidar alguém para fazer bouzouki, harpa, flautas indígenas, charango, percussões étnicas, guitar steel, ou sei lá mais o quê… Depois que recebi o primeiro Megatar resolvi pesquisar mais do que quando tinha o Stick. A coisa realmente pegou corpo nesta época na Europa, onde tive, por opção própria, a oportunidade de trabalhar muito mais o touchguitar do que o baixo elétrico. Com as pesquisas e estudos próprios resolvi mesclar os instrumentos exóticos com o Megatar e preparar um álbum. Backstage - Este novo trabalho foi inspirado em algum momento da sua vida? Jorge Pescara - Em parte, sim. Quem me conhece de perto sabe da minha longa pesquisa sobre assuntos transcendentais. Não consigo passar um dia sem ler, estudar

95


REPORTAGEM| www.backstage.com.br 96

e pesquisar Blavatski, Papi, Cagliostro, Pitágoras, Platão, ou mesmo Tesla, Whillem Reich e outros. Vivi minha vida inteira nisto: Alquimia, Kabala, Ordem dos Templários, Ascenção Cósmica, AMORC RosaeCrusis etc. Então, criar esta história de um cavaleiro que ao ver a vida de uma forma mais plena de significados sentiu a necessidade de buscar respostas interiores, foi a trama no caso deste novo disco. Foi fácil para mim. Embora este cavaleiro não seja necessariamente eu mesmo, pode ser quem escuta o disco, ou mesmo pensar que seja um cavaleiro hipotético das cruzadas, ou um templário. O importante para mim, ao ouvir um disco como este, é tentar visualizar a história no arquétipo e tirar alguma sensação, conclusão ou emoção disto tudo. Backstage - Você ficou alguns anos em Portugal, onde se dedicou ao estudo de novas técnicas etc. Fale sobre essa fase da sua vida e da técnica touchstyle. Jorge Pescara - Indescritível. Muitos que já vi-

veram na Europa sabem do que estou falando. A vida tem realmente uma história, cada lugar, cada recanto. Os cafés nas praças e calçadas, a cultura que fervilha nas ruas, os lugares sagrados, tudo isto é muito mais profundo do que parece. Você estar no centro de uma cidade e ao olhar para sua direita, no alto de uma colina ver um castelo medieval… Parece um filme! Veja, é diferente você viajar e fazer gigs, uma turnê, por exemplo, e depois pegar o avião e retornar ao Brasil, do que você ‘morar efetivamente’ na Europa. Aproveitei cada instante para viajar e pesquisar música de vários pontos do planeta que convergem na Europa inteira. Mas o que mais me atraiu foram as músicas de Marrocos, do Egito, da China e da África Oriental. Continuo estudando e pesquisando e tento encontrar formas honestas de aplicar tudo isto no touchguitar. Tudo foi muito intenso, tanto que até agora não caiu a ficha de eu estar de volta ao Brasil. Backstage - E em quais projetos você participou por lá? Jorge Pescara - O principal foram gravações e shows com o Fernando Girão. Girão tem um conhecimento fenomenal de jazz, música brasileira, música étnica que passa desde o flamenco até música indígena e muito mais. Com ele aprendi muitas coisas, porque além de compositor e poeta, ele tem um domínio vocal impressionante e sabe improvisar rítmica e melodicamente tão bem que faz qualquer um ficar de boca aberta. Digo isto porque fui estudar conceitos de improvisação vocal com ele, por um tempo. Aproveitávamos este período e discutíamos muito a world music, música folclórica e também ritmos afro-brasileiros com o batera da gig, o africano Zèzè N’gambi, que é fantástico e já tocou com Patitucci e outros. Realmente este trabalho foi o mais importante para minha carreira lá. Gravei uns tracks para um cantor português famoso chamado Paco Bandeira, fiz parte do projeto Lom[Bo] de que já falei, também dos


97


REPORTAGEM| www.backstage.com.br 98 Terra D’Agua que era mais folk, fiz um duo com um percussa brasileiro que mora lá e também um trio de baixo, piano e percussão que foi bem legal. Lecionei por um tempo e o resto foi pesquisar, viajar o mais que pude e conhecer ritmos e músicas diferentes. Cheguei a pegar umas rápidas aulas de guimbri (hajhouj) com um marroquino chamado Khaled e umas dicas de percussão e ritmos africanos também. Backstage - A técnica touchstyle é conhecida e “apreciada” no Brasil, ou ainda é algo que ainda não caiu no gosto dos músicos? Jorge Pescara - Por aqui, para variar, ainda há muito conservadorismo. As pessoas ainda vivem achando que baixo elétrico não pode usar efeitos, que ousar é desnecessário, estas baboseiras. Talvez por isto tenhamos perdido aquela porta aberta que a música brasileira tinha até os anos 70, quando ser músico brasileiro era passaporte para ter todas as possibilidades lá fora. Por estas razões, por enquanto engatinhamos no

touchguitar. Ainda há muita confusão entre touchstyle no touchguitar e tapping no baixo e na guitarra, que são técnicas sensivelmente diferentes entre elas. Os instrumentos são diferentes, a técnica tem outras possibilidades e por aí vai. Há muito que fazer neste campo, no Brasil. E, quem sabe, já que sou movido a desafios, não seja este o fator que mais me motiva a trabalhar nesta direção. Mas ainda me sinto solitário neste campo. Não podemos deixar de citar o Akira S, que nos anos 80 usava um Chapman Stick na sua banda de rock (As Garotas que Erraram), mas depois dele, ninguém seguiu em frente, ninguém quis carregar esta bandeira. Backstage - Além desse trabalho, existem outros projetos, certo? Utilizando novas técnicas também? Jorge Pescara - Sim, claro… sempre! (risos) Terminei, há pouco, outro CD de baixo elétrico que será uma sequência do Grooves in the Temple. Neste novo disco de baixo procurei usar mais o Funk Fingers e ex-

plorei harmônicos, efeitos. Também não deixei de gravar com outros artistas e, recentemente, saíram dois discos em que participei usando o baixo elétrico e o electric upright, que considero muito importantes para minha discografia. O Fruto Maduro (gravadora Biscoito Fino), CD póstumo do maestro Paulo Moura com o músico e produtor André Sachs, além do Got to be Real (IRMA Records Europe), da Ithamara Koorax, que é um disco onde gravamos com o trio que acompanhou a Ithamara por anos. Haroldo Jobim, na bateria, e o falecido J.R. Bertrami nos teclados. Seria bacana reunir o trio novamente para o lançamento do CD, mas o destino quis levar o Bertrami para sua grande iniciação. Então, agora é homenageá-lo. Backstage - Descreva o Pescara antes e após a influência oriental, com a qual teve contato durante esse “autoexílio” em Lisboa. Jorge Pescara - Hum… Difícil pensar assim… Acho que encontrei uma assinatura pessoal em ou-


tro instrumento, mas preservando minha sonoridade no baixo elétrico. Antes de ter contato tão intenso com estas culturas eu já vislumbrava que queria soar diferente da massa, mas ainda não sabia exatamente como. Agora encontrei um caminho, por enquanto musicalmente solitário, porém feliz! Backstage - Como foi o processo de gravação deste disco? Quais equipamentos foram utilizados? Jorge Pescara - Tudo levou uns dois anos para se completar. Foram as pesquisas, os estudos, as composições. Até a pré-produção propriamente dita levou algum tempo. Depois que o Marc assumiu a produção musical, a coisa andou mais rápido e foi uma questão de convidar mais um ou outro músico pra completar cada track. Na parte de pré-produção eu trabalhei em casa usando Logic 9, vários plug-ins, um preamp valvulado, meus Megatars e efeitos, tudo plugado numa interface Focusrite Saffire, indo, ou para o Macbook Pro, ou para o G4 com Logic 8. Depois, na fase de estúdio, a coisa mudou. Regravei toda minha parte de touchstyle usando os instrumentos, meus efeitos e no máximo um power Z900 da StudioR que experimentamos em duas músicas para dar mais punch. De resto foi o que tinha no estúdio do Marc. Ele usa vários computadores, todos PCs, mas o cérebro disto é um supercomputador que ele mesmo montou e configurou com as mais recentes atualizações do Samplitude Pro X12 e o Reason 5 com uma infinidade de plug-ins. Passamos por directboxes ativas e valvuladas além dos prés de uma antiga mesa de 32 canais Mackie 32:8, só como interface para chegar aos PCs. Usamos uns preamps e compressores valvulados da TLA, e os monitores foram um par de Yamaha HS80, um par de Tannoy modelo Little Red e um par Dynaudio BM6. Os músicos usaram seus próprios instrumentos. Backstage - Qual seu setup atual no touchguitar e no baixo elétrico? Jorge Pescara - Bom, como disse antes, nos touchguitars estou usando dois instrumentos da Mobius Megatar com afinações diferentes e, mais atualmente, um Paschalis touchguitar com pickups passivos Kent Armstrong, preamps Artec e afinação tipo Stick tenor (graves em quintas invertidas C G D A E B e nos agudos A E G C F Bb). Nos baixos uso um D’Alegria Defender JP model 5 cordas e um Condor fretless BC4000 convertido em 8 cordas (duplas em oitavas) para soar parecido com os baixos Pedulla. As cordas uso Elixir, porque fui endorsee na Europa durante estes anos. Amp da StudioR, dois in-ears PowerClick DB e GT que uso com fones JBsystems além dos efeitos, que são um capitulo à parte. Tenho uma Line6 XT Pro live para o canal de agudos das touchguitars, que vai para um Loop Boss RC2. O canal de graves segue de um preamp Korg Toneweaver bass para um Zoom G2-1U e o sinal vai para um Line6 FM4

99


REPORTAGEM| www.backstage.com.br 100

mas o Marc redirecionou, mudou aqui e ali, reconstruiu o tema. Daí concluímos que estas duas músicas deveriam tomar outro rumo. Não hesitamos em mudar tudo e compusemos duas novas a partir do esqueleto anterior, e foi isto. Já outras músicas não mudaram o foco, sendo mais

Depois, na fase de estúdio, a coisa mudou. Regravei toda minha parte de touchstyle usando os instrumentos, meus efeitos e no máximo um Power Z900 da StudioR que experimentamos em duas músicas para dar mais punch. De resto foi o que tinha no estúdio do Marc

com filtros monstruosos. O restante são alguns apetrechos tipo um plectro de plástico da Dunlop, uma dedeira de metal para slap, dois pares de Funk Fingers, um Hi-EBow, um arco de violino para efeitos nas cordas agudas dos touchguitars e um slide bottleneck de vidro da Dunlop, que quero substituir por um de metal. Backstage - Nota-se uma direção musical completamente diferente deste disco para o seu primeiro trabalho Grooves in the Temple. Composições, arranjos e até orquestrações. Como foram trabalhados cada tema do disco para chegar neste resultado? Jorge Pescara - Cada música do disco traz uma história particular embutida. Como cada faixa teve participações de músicos diferentes, alguns em coautoria, o resultado final deu uma certa particularidade, apesar de tudo estar amarrado à temática da trama. Por exemplo, em dois casos específicos das músicas Maya’s Pyramid e Infinitum, por causa da participação do Marc como coautor, elas ficaram completamente diferentes do original. Eu compus na preprodução,

uma conjunção das ideias que eu havia criado. World New, a última do disco, a que deveria mesmo ser a mais palatável, porque é o final da saga, teve o tema de synth do Glauton Campello. Eu mesmo toquei as camas de synth na gravação, mas a cara do tema foi endereçada pelo Glauton. O tema do disco, o segundo track Knight Without Armour, nasceu de uma composição do Alex Frias, mas que teve tudo a ver sonoramente com o que eu estava vivendo na Europa, naquele instante. No geral, este projeto, apesar da história ser minha acabou por ser musicalmente mais uma colaboração entre amigos ou parceiros musicais. As coisas não foram totalmente escritas no papel. Ao lado das orquestrações que eu fiz, com participação do Marc, todo o material foi ditado mais por guiões de harmona com alguns temas pincelados, pra deixar os músicos colocarem o melhor de sí, sob a tutela do Marc e minha direção. As percussões entraram durante a pré-produção, mas as bateras foram gravadas só no final de tudo. Backstage - E sobre a sonoridade do Megatar com os efeitos que foram aplicados em cada música? Jorge Pescara - No todo eu usei uns pedais que o Marc tem no estúdio, junto


101


REPORTAGEM| www.backstage.com.br 102

Na penúltima faixa do CD, Infinitum, eu tive um pouco de trabalho, por conta do espírito germânico do Marc. Gravamos diversas vezes até chegar naquele resultado, às vezes por causa da expressividade de uma nota apenas

Pescara e o Megatar

com alguns dos meus e o resto veio dos plugins. Na primeira música A Point of View, há uma parede de som que o Marc combinou colocando um oitavador nos graves do Megatar e distortion com fuzz nos acordes e no solo que fiz com a mão direita. Knight não tem muita região aguda porque preferimos deletar o track. A música ficou mais limpa soando bem os graves com o bouzouk na ponta. Tem uns E-Bows no final que fazem menção ao estilo Fripp, mas nos graves colocamos um pouco de fuzz pro som ficar mais ‘porrada’. Praematurus Incubus tem a sonoridade bem limpa, porque o Marc passou tudo por uns plug-ins de compressão sensacionais junto com os TLAs analógicos. Toquei o groove mântrico de fundo ao mesmo tempo do tema e do solo, sem overdubs. Fizemos uns takes e usamos o solo de um deles no melhor take do tema geral. No solo ele colocou um pouco de pós-compressão pra segurar meus delays e reverbs, juntando com uma pitada da distorção de um pedal europeu que não conheço. Net Virus é uma escapada para a música eletrônica, então só há

o groove nos graves com um fuzz Cat com muita compressão. Nesta eu usei o Megatar com afinação do Fripp e captadores estilo humbucking Gibson, o que já dava um certo ‘grow’ no som. No sexto track, The Reptilian Song, gravamos com o oitavador a primeira parte toda e na entrada dos acordes um pouco de distortion. O Marc usou um plug-in estranho no final, mas que deixou a última nota com uma pancada que até assustou…E nós gostamos do resultado. (risos) Maya’s Pyramid, apesar de parecer que foi tocada com pizzicato meio Jaco, na verdade é bem touchstyle com ambas as mãos nas cordas graves. Nesta eu também usei o Megatar com afinação Fripp e tentamos deixar a sonoridade bem encorpada com o som do amp StudioR. Na penúltima faixa do CD, Infinitum, eu tive um pouco de trabalho, por conta do espírito germânico do Marc. Gravamos diversas vezes até chegar naquele resultado, às vezes por causa da expressividade de uma nota apenas. O cara queria a perfeição no touchstyle e eu suei frio aqui (risos). Gravamos os graves com a mão esquerda diretos do amplificador, indo e vindo dos TLA’s e os acordes com a mão direita sem distorção, apenas com compressão TLA e um plug-in de delay quase imperceptível. Na World New, fiz a mesma coisa que na música Knight e fiquei nos graves com muita compressão. A conclusão é que no touchstyle, e isto já é uma definição dos tops deste estilo Tony Levin e Trey Gunn, deve-se usar muita compressão sem economizar. Os compressores valvulados trazem um resultado excelente na região das cordas graves, mas com a adição do oitavador a coisa final fica ‘animal’! (risos)


103


REPORTAGEM | www.backstage.com.br 104

Problemas de SPL Mesmo com o avanço da tecnologia dos equipamentos, altos níveis de pressão sonora ainda são um desafio para boa parte das igrejas brasileiras.

Um pecado nos templos do Brasil Alexandre Coelho redacao@backstage.com.br Revisão técnica: José Anselmo “Paulista” Fotos: Divulgação

E

dificação sem projeto acústico e construída com materiais inapropriados, pé-direito muito alto, equipamentos musicais e de áudio com baixa

qualidade, músicos e técnicos amadores, execução sonora em altos volumes... É grande a lista dos pecados capitais que, somados ou não, levam um grande des-


105


REPORTAGEM | www.backstage.com.br 106

Vale ainda utilizar forros e revestimentos de gesso perfurado, metal perfurado, madeira perfurada, lã mineral, lã de rocha ou lã de vidro. Carpete não resolve todos os problemas e não deve ser usado como revestimento único ou geral (Aldo)

Aldo Soares

conforto auditivo para as audiências de grande parte das igrejas brasileiras. Entre os profissionais de áudio, essa situação é conhecida como problemas de SPL, sigla anglófona para sound pressure level, ou nível de pressão sonora. Mas por que essas situações ainda acontecem? Para o técnico Aldo Soares, expresidente da seção brasileira da Sociedade de Engenharia de Áudio e criador de projetos para diversas igrejas, tratase, antes de tudo, de um problema social. Ele lembra que as igrejas crescem em uma proporção cada vez maior nas periferias pelo Brasil afora, onde sobra vontade e falta dinheiro. No entanto, existe também o que ele considera uma questão “cultural religiosa”. “Nesse sentido, as igrejas neopentecostais são barulhentas, no bom sentido da palavra, desde sua origem. As orações fervorosas são naturalmente realizadas em um volume alto (não que uma coisa tenha a ver com a outra), as músicas são tocadas em um volume mais alto, e todo esse excesso, que provoca desconforto auditivo, é muito mais tolerado e aceito pelo membro da denominação. E há também uma mudança nos estilos musicais que são tocados hoje em dia nas igreja”, observa.

Aldo Soares acredita que essa mudança seja uma das principais causas dos problemas de SPL observados nesses templos. Isso acontece porque a igreja brasileira não toca o gospel americano, apenas adotou essa nomenclatura para uma melhor distinção da música secular. De fato, o que se ouve nas igrejas hoje em dia, em sua maioria, são derivações do rock e da música pop executadas em alto volume, como em qualquer evento secular. “Nas igrejas existem complicadores, como, por exemplo, a mescla de idade do público, as questões acústicas, a qualidade dos equipamentos e, principalmente, o nível técnico dos músicos, que em sua maioria é formada por amadores. Procure escutar uma música mal-arranjada, embolada artisticamente, executada por músicos amadores, em um ambiente em que a acústica é a pior possível, sem um operador de som capaz e sem equipamentos de qualidade aceitável. Talvez esse seja o caso de 80% ou mais das igrejas”, arrisca.

QUESTÕES CULTURAIS Segundo o técnico de áudio Jones Santos, mais conhecido como MacGyver, a tal questão “cultural religiosa” levantada por Aldo procede e é um dos fatores


mais influentes na inteligibilidade do som em uma igreja. “Geralmente, o ruído ambiente causado pelas denominações pentecostais tem um alto nível de SPL (palmas, cânticos, oradores com vozes mais elevadas etc.)”, afirma. Já as igrejas tradicionais, de acordo com ele, “não têm o costume de ter altos níveis de SPL”. Não é que não haja cânticos ou palmas, mas muitas delas têm o coral como uma tradição e, por isso, algumas usam exclusivamente o piano como instrumento básico. Para o engenheiro Carlos Roberto Pedruzzi, criador de projetos para dezenas de igrejas em todo o Brasil, projetos de acústica e de sonorização malfeitos, instalações precárias e a pouca experiência de músicos e técnicos são as principais causas dos problemas de pressão sonora nas igrejas brasileiras. Ele lamenta principalmente que tais

reverberação e o desconforto auditivo acabam gerando consequências indiretas, como o afastamento dos fiéis mais idosos, que se sentem incomodados, e o não entendimento da Palavra, que é o principal motivo de se frequentar uma igreja. “Em resumo, tudo passa pela falta de projetos acústicos e de sonorização”, afirma. “A arquitetura e a ‘engenharia de áudio’ têm que andar juntas”, considera. “Não se pode pensar em um projeto arquitetônico e achar que, após sua conclusão, ‘o cara do som’ vai resolver”, condena MacGyver.

ARQUITETURA Para muitos, um dos maiores vilões nos problemas sonoros enfrentados nas igrejas é o pé-direito muito elevado desses templos, o que gera grande reverberação. Aldo Soares, porém, acredita que este é apenas mais um fa-

Nesse sentido, as igrejas neopentecostais são barulhentas, no bom sentido da palavra, desde sua origem. As orações fervorosas são naturalmente realizadas em um volume alto

questões ainda não sejam enfrentadas adequadamente. “Isso gera volume inadequado, timbres desagradáveis, distorções, falta de monitoração adequada dos músicos, falta de cobertura adequada da plateia e acústica ruim, entre outros problemas”, aponta. “Como consequência, a audiência sofre com a falta de entendimento e com o som desagradável, e os administradores sofrem com a falta de orientação sobre o melhor a fazer.” MacGyver destaca ainda que a falta de inteligibilidade, os altos níveis de

tor. Ele recorda que existe uma cultura brasileira que prega que o melhor sempre é que o teto (ou forro) seja de gesso, as paredes sejam de reboco, massa e tinta, e o piso seja de material frio (cerâmica, granito, porcelanato e outras pedras). “É isso que faz com que qualquer ambiente de igreja tenha cinco segundos de reverberação”, explica. Para ele, equipamento de áudio não resolve problema de acústica nem minimiza reverberação; e problema acústico (do ambiente) não se resolve eletronicamente.

107


REPORTAGEM | www.backstage.com.br 108

Carlos Roberto Pedruzzi

“Há pessoas que acreditam que existem caixas acústicas especiais para ambientes reverberantes, o que também é uma mentira”, comenta. “O que existem são

diretiva, com uma leve sensação de melhora”, ilustra Aldo. Pedruzzi concorda com o colega. Ele reforça que as dimensões de uma sala são apenas uma das características que determinam seu tempo de reverberação, mas não a única. Para o engenheiro, a maior diretividade de um sistema de sonorização traz maior inteligibilidade para uma parte do público, mas também não é a única característica do sistema a ser considerada. Um projeto de áudio deve incluir um projeto de acústica e outro de sonorização. “No que diz respeito à arquitetura dos templos, a geometria da sala e os materiais que são usados nas superfícies são os principais fatores determinantes de seu comportamento acústico. Formas, quantidades, tipos e posições são parte do estudo, não tão simples, do que deve ser feito em um ambiente para buscar uma acústica ideal. Não existem respostas prontas, existem considerações a serem feitas e procedimentos do projeto a serem seguidos”, orienta Pedruzzi. Ainda na questão da arquitetura dos templos, Aldo Soares acredita que as soluções dependam de cada projeto. Mas sugere algumas regras que acabam ajudando em quase todas as situações, como evitar paredes paralelas e ângulos côncavos. “Vale ainda utilizar forros e revestimentos de gesso perfurado, metal perfurado, madeira perfurada, lã mineral, lã de rocha ou lã de vidro. Carpete não resolve todos os problemas e não deve ser usado como revestimento único ou geral. Um projeto acústico e de sonorização sai muito barato frente ao investimento de qualquer porte de igreja. Caro é tudo o que não funciona”, garante Aldo.

No que diz respeito à arquitetura dos templos, a geometria da sala e os materiais que são usados nas superfícies são os principais fatores determinantes de seu comportamento acústico (Pedruzzi) caixas com maior índice de diretividade, que se comportam melhor que as menos diretivas. Mas pode-se dizer que um ambiente que era horrível com a caixa menos diretiva fica péssimo com a mais


O QUE É BOM SE COPIA Outra dica simples do técnico MacGyver é aprender com outras igrejas que já atentaram para o problema e fazer o simples, sem grandes invenções, uma vez que essas igrejas que encontraram soluções para seus problemas sonoros já erraram no passado e sofreram com as mesmas situações. “Hoje, temos muitas soluções para minimizar esses problemas, como sonorizações pontuais, caixas mais planas, softwares para alinhamentos e profissionais dedicados. Mas o melhor é sempre contratar um profissional antes da construção, a fim de evitar surpresas desagradáveis”, indica MacGyver. Já Aldo Soares acredita que o primeiro passo para solucionar os problemas de áudio e acústica nas igrejas brasileiras passa pela conscientização das pessoas que comandam e trabalham nesses lugares. “É claro que podemos nos concentrar nas questões acústicas, mas, sem conscientização, nem isso se resolve. Porém as igrejas brasileiras da atualidade deveriam buscar tempos de reverberação abaixo de dois segundos”, orienta Aldo. “Projetos de acústica e sonorização foram necessários em 99% dos casos que vivenciamos, mas treinamento e conscientização sempre fazem parte de pacote”, completa. Pedruzzi se lembra de um projeto que criou, juntamente com Luiz Fernando Grillo, para a Igreja Metodista no Centro de Niterói (RJ), que ilustra bem o tipo de solução bem- sucedida usada pelos profissionais de áudio contratados para resolver os problemas sonoros em uma igreja. “Nós instalamos as caixas de PA e os monitores do celebrante e dos músicos todos suspensos, para aproveitar sua radiação ao máximo. Monitoramos também com fones, para evitar sons de caixas de monitor e de amplificadores de instrumentos em excesso pelo ambiente. Colocamos uma barreira em volta da bateria, para conter um pouco sua energia, e colocamos delays, para não termos que aumentar tanto o volume do PA e oferecer maior inteligibilidade para a plateia mais ao fundo, entre outras ações”, conta. MacGyver também tem o seu projeto favorito. Foi o de uma igreja evangélica em Copacabana, Zona Sul do Rio, que trocou de endereço e, consequentemente, precisou de um novo projeto de áudio. “Era um salão no segundo andar de um prédio residencial. Após a inauguração, os vizinhos começaram a reclamar do alto nível de SPL. Observamos que o som que vinha do palco era muito maior que o som das caixas de PA. A solução foi colocar fones para todos, inclusive um in-ear para a pastora. Os vizinhos que antes reclamavam passaram a perguntar se a igreja tinha saído do prédio. Alguns até se converteram e frequentam o novo templo até hoje”, orgulha-se.

109


OFERTAS IMPERDÍVEIS - BONS NEGÓCIOS

::::::::::::::::::::::: PREÇOS VÁLIDOS ATÉ 10/02/13 OU ENQUANTO DURAR O ESTOQUE ::::::::::::::::::::::::::::::::


BONS NEGÓCIOS - OFERTAS IMPERDÍVEIS

::::::::::::::::::::: PARA ANUNCIAR: PUBLICIDADE@BACKSTAGE.COM.BR - PABX.: (21) 3627-7945 :::::::::::::::::


LUIZ CARLOS SÁ | www.backstage.com.br 112

Obrigado,

minhas fãs! O show acabou, estamos cansados, mas a fila na porta do camarim é imensa, tem gente de todo tipo, é claro que vamos atendê-los, se fôssemos correndo embora teríamos que carregar conosco a decepção de um garoto de seus 13 anos que ouve nossos discos desde que se entende por gente, da senhora de quase oitenta que espera há quase meia vida que passemos por sua

cidade, dos gêmeos que tiveram a promessa do pai de que pela primeira vez tirariam uma foto com o (os) artista(s), da mãe que acalenta o sonho de que o filho precoce no violão seja famoso um dia, ah, ela quer saber se há chance disso e acredita firmemente que só de olharmos pra cara do garoto já saibamos se ele vai arrebentar, e daí vai e vai, Luizinho deixando entrar de


LUIZCARLOSSA@UOL.COM.BR | LUIZCARLOSSA.BLOGSPOT.COM

cinco em cinco, porquê esse número cabalístico?! – talvez porque consigamos dar atenção a nada mais que cinco pessoas por vez... às vezes aparece um inevitável mala querendo fazer daquele breve momento conosco uma experiência inesquecivelmente chata, mas afinal, pergunto-me eu já no hotel depois dessa odisseia, e se ninguém nos esperasse na porta do camarim, e se não tivéssemos aqueles abraços, beijos e às vezes lágrimas, e se fôssemos embora pro hotel mais cansados ainda pela solidão, trancados em nosso próprio cofre musical, sabendo que nossas palavras eram inúteis e não significavam nada, que nossas melodias não comoviam, que nossas atitudes não inspiravam, que nossa arte era estéril por não dar sequência a nada senão ao silêncio? Sei que há artistas que não precisam disso, que a eles basta o próprio ego e que isso em nada desmerece seu trabalho, que pode, por exemplo, estar adiante do seu tempo. Mas imagino como deve ser intimamente doloroso, imagino o quanto custou a Van Gogh o depenar de sua orelha, que nenhuma obra biográfica do mundo me convencerá que foi cortada por acidente ou loucura, atribuo esse acontecimento à frustração, à consciência da própria genialidade contraposta à ausência de reconhecimento, que em resumo se traduziria na possibilidade de uma vida digna e sem sobressaltos, o que talvez, convenhamos, fizesse com que Van Gogh não fosse mais Van Gogh, com que Gauguin não fosse Gauguin sem sua sífilis mortal, o que enfim nos levaria à cruel conclusão de que a tuberculose, física ou emocional, possa ser produtiva para o poeta... Eu cá, particularmente, opto por não sofrer, sem também partir para o extremo de dependência do público, não fico imaginando o que eles gostariam de me ouvir cantando, prefiro acreditar que eles preferem que eu seja sincero, que não me dedique apenas a agradá-los, mas que não tema também expor meus sentimentos, prefiro equilibrar-me nessa corda bamba, arriscando beijos onde se esperavam abraços e abraços onde se preferiam beijos, reconhecendo às vezes minhas falhas e vibrando com o entusiasmo daqueles que não se contêm, e ali naquela recém adquirida intimidade de camarim vamos encontrando novos e velhos amigos, vamos sendo surpreendidos por palavras que nos estimulam ou por cumprimentos formais que parecem ter sido ensaiados à porta, retribuindo de acordo ou rompendo uma e outra timidez, sendo enfim – na medida do impossível... - o que somos todos os dias como pessoas e artistas.

Embora eu não tenha a popularidade de um artista de grande massa, acho-me bem provido de gente que me procura no camarim depois do show com palavras de admiração Lidar com isso é descomplicar o complexo, porque a relação das pessoas com a arte nem sempre é saudável. Ontem mesmo tive que ser tirado de dentro de um abraço de tamanduá pelo segurança de um clube do interior paulista. Mas depois recebemos o mesmo rapaz no camarim, e ele, mais calmo, pediu desculpas pelo excesso. Quando essas coisas acontecem pensamos no que seria ser um Beatle, uma Madonna, ou – pra ficar na terrinha – uma Ivete Sangalo, sofrer o assédio diário e incansável de um monte de gente, da imprensa, do diabo a quatro. Financeiramente é compensador, claro, mas já ouvi muito lamento de artista de massa, tipo não ter vida íntima, não poder ir à praia nem ao supermercado sem ter que parar a todo instante para fotos, autógrafos, etc... Mas aí é o tal negócio, faz parte. Nada no mundo é grátis, já diz o ditado, quem não quer ser lobo não lhe veste a pele. Quando eu era menino o pessoal lá de casa vivia ligado nas rádios populares. A gritaria das fãs me impressionava e meu juízo de criança não conseguia atinar com o significado daquilo. Havia um cantor em particular (Orlando Dias?) que entrava no palco aos gritos: “Obrigado, minhas fãs! Obrigado, minhas fãs!”, repetia ele em êxtase, acho que não acreditando que saindo de sua origem humilde pudesse um dia agregar em torno de si tamanha multidão de admiradoras – entendase que naqueles anos 50 do século passado a maioria esmagadora dos auditórios era de mulheres – algumas das quais, eu acreditava, pasmo, dispostas a dar a vida por ele. Embora eu não tenha a popularidade de um artista de grande massa, acho-me bem provido de gente que me procura no camarim depois do show com palavras de admiração, estímulo e carinho. Isso não só me basta como também me é indispensável para encarar naturais decepções e contratempos dessa vida de artista. Sinto-me então à vontade para abrir as portas do camarim, deixar o Luizinho organizar a coisa de cinco em cinco pessoas e pensar baixinho – embora quisesse gritar alto como o Orlando Dias - obrigado, minhas e meus fãs. Devo a vocês minha gana de cantar, minha vontade de ser melhor, meu ânimo de fazer arte.

113


RELAÇÃO| www.backstage.com.br

Empresa .......................... Telefone ................ Home Page/e-mail .................................................... Pág Augusto Menezes .......................... (71) 3371-7368 .............. augusto_menezes@uol.com.br ................................................................... 62 Arena Áudio Eventos .................... (71) 3346 - 1717 ........... www.arenaaudio.com.br ............................................................................. 14 AES Brasil ...................................... (11) 2226-3100 .............. www.aesbrasilexpo.com.br ......................................................................... 04 Black Box Áudio Line e Cominter (11) 2604-3099 ............. www.blackboxaudioline.com.br .................................................................. 89 Bass Player .................................... (11) 3721-9554 .............. www.bassplayerbrasil.com.br ..................................................................... 63 CSR ............................................... (11) 2711-3244 .............. www.csr.com.br .................................................................................. 17 e 19 Crafter do Brasil ..................................................................... www.crafterbrasil.com.br ......................................................................... 103 Decomac ...................................... (11) 3333-3174 .............. www.decomac.com.br ............................................................. 23, 77 e 105 Equipo ........................................... (11) 2199-2999 .............. www.equipo.com.br ................................................................................... 57

114

EM&T ........................................... (11) 5012-2777 .............. www.territoriodamusica.com/emt/ ............................................................ 10 Eros Alto-Falantes ........................ (18) 3902-5455 .............. www.eros.com.br ........................................................................................ 21 Gigplace .................................................................................. www.gigplace.com.br ................................................................................. 62

Anunciantes Backstage / janeiro 2013

Gobos do Brasil ............................ (11) 4368-8291 .............. www.gobos.com.br ..................................................................... 11, 29 e 73 Guitar Player ................................. (11) 3721-9554 .............. www.guitarplayer.com.br ............................................................................ 80 Harman ................................................................................... www.harman.com ........................................................................ 05, 09 e 47 Habro ........................................... (11) 2787-0300 .............. www.habro.com.br ..................................................................................... 25 Hot Machine ................................. (11) 2909-7844 .............. www.hotmachine.ind.br .............................................................................. 85 Home Stúdio ................................ (21) 2558-0300 .............. www.homestudio.com.br ........................................................................... 06 IATEC ........................................... (21) 2493-9628 .............. www.iatec.com.br ....................................................................................... 08 João Américo Sonorização ........... (71) 3394-1510 .............. www.joao-americo.com.br ......................................................................... 14 Lade Som ..................................... (65) 3644-7227 .............. www.ladesom.com.br ................................................................................. 37 Machine Amplificadores ............... (11) 4486-4967 .............. www.amplificadoresmachine.com.br .......................................................... 83 Metal Fecho ................................. (11) 2967-0699 .............. www.metalfecho.com.br ............................................................................ 91 Modern Drummer ........................ (11) 3721-9554 .............. www.moderndrummer.com.br ................................................................... 81 Ninja Som ..................................... (11) 3226-8085 .............. www.ninjasom.com.br ................................................................................ 49 Projet Gobos ................................ (11) 3672-0882 .............. www.projetgobos.com.br ........................................................................... 27 Pro Shows .................................... (51) 3589-1303 .............. www.proshows.com.br .............................................................................. 07 Prisma ........................................... (51) 3711-2408 .............. www.prismaaudio.com.br ........................................................................... 45 Quanta .......................................... (19) 3741-4644 .............. www.quanta.com.br .......................................................................... 2ª capa QVS .............................................. (19) 3872-3585 .............. www.qvsaudio.com.br ................................................................................ 71 Robe ....................................................................................... www.robe.cz ............................................................................................... 03 Santo Angelo ................................. (11) 2423-2400 .............. www.santoangelo.com.br ........................................................................... 35 Sonotec ........................................ (18) 3941-2022 .............. www.sonotec.com.br ................................................................................. 51 Sparflex ................................................................................... www.sparflex.com.br .......................................................................... 4ª capa Studio R ........................................ (11) 5031-3600 .............. www.studior.com.br ........................................................................... 3ª capa Star ............................................... (19) 3864-1007 .............. www.star.ind.br ......................................................................................... 101 Sonic Som ..................................... (21) 2262-7508 .............. www.sonicsom.com.br ............................................................................... 55 Sonex/OWA .................................. (11) 4072-8200 .............. www.owa.com.br ........................................................................................ 69 Starcase ........................................ (11) 3522-7713 .............. www.starcase.com.br ................................................................................. 99 Taigar ............................................ (49) 3536-0209 .............. www.taigar.com.br ..................................................................................... 97 Vitória Som .................................. (11) 2014-7300 .............. www.vitoriasom.com.br ............................................................................. 61


SOM NAS IGREJAS

www.backstage.com.br

3


SOM NAS IGREJAS

4

www.backstage.com.br


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.