Edição 220 - Revista Backstage

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Sumário Ano. 19 - março / 2013 - Nº 220

Sá & Guarabyra

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A décima quinta edição do Festival de Verão de Salvador contou com a parceria de empresas brasileiras para a sonorização do evento. As caixas J15 foram mais uma vez as escolhidas para o áudio do palco principal, 15 Verões, e o sistema de multicabo digital DSPro chegou definitivamente para ficar. Além das parcerias, o evento teve como novidade a tecnologia video mapping, também no palco principal. Ainda na seara da iluminação, trazemos nesta edição uma entrevista exclusiva com Dedo Weigert, da Dedolight. Na sessão Espaço Gigplace, confira um batepapo com Florência Saraiva e ainda uma reportagem sobre o áudio do mais novo filme sobre a vida do maestro Tom Jobim.

Danielli Marinho Coordenadora de redação

Aos 40 anos de carreira, a dupla coloca o pé na estrada apresentando um show voz e violão que relembra grandes sucessos que marcaram sua trajetória.

NESTA EDIÇÃO 18

Vitrine Confira os destaques e lançamentos para o mês de março como a Anakonda, uma caixa flexível da K-array ou ainda o Yoga YGM 400, um mic profissional para estúdio.

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30 Gustavo Victorino Fique por dentro do que acontece nos bastidores do mercado de áudio.

32 Gigplace A profissão do backstage da vez é a de engenheiro de áudio em uma entrevista com Florência Saraiva.

O Som de cada PA A sexta reportagem da série traz os segredos dos técnicos de PA Roberto Lima e Fausto Prochet.

A Luz do Tom Neste segundo filme sobre a vida do maestro Tom Jobim, conferimos como foi captado o áudio e os segredos da mixagem do longa.

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Carnaval na Sapucaí O carnaval da Avenida Marques de Sapucaí (RJ) teve novidades com os modelos VTX.

Rápidas e rasteiras Novidades para a Festa Nacional da Música 2013, um novo software da d&b e um concurso para descobrir talentos são alguns dos destaques.

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Mics para guitarras No artigo deste mês, o colunista Ricardo Mendes ensina como arranjar múltiplos microfones para guitarras em seu home studio.

106 Som nas Igrejas Nova Igreja, na Barra da Tijuca (RJ) antes de receber novos equipamentos teve toda a parte elétrica e de acústica tratadas.

112 Vida de artista Luiz Carlos Sá traz este mês uma reflexão sobre os Direitos Autorais e o rumo da atividade artística no País.


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Expediente

Dedo de luz

Lenda viva no mundo da fotografia, Dedo Weigert, em sua passagem pelo Brasil, falou sobre o futuro da tecnologia LED, seu amor pelo cinema e sobre a Dedolight, empresa em que está a frente há 50 anos .

CADERNO TECNOLOGIA

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Roland VR 09

Um dos lançamentos da NAMM 2013, o equipamento se apresenta como uma versão light do VR-700, mas permitindo um rápido acesso aos timbres que os tecladistas tanto utilizam em suas performances.

64 Cubase

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O Logic Pro apresenta algumas funcionalidades que podem facilitar na manutenção de um backup dos seus projetos.

Vintage Compressor e Tube Compressor. Dois novos plug-ins do Cubase prontos para dar mais potencial à sua mixagem.

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Iluminação cênica Da ideia do projeto até a execução, muitas etapas devem ser cumpridas, cada uma com suas particularidades e dificuldades.

Logic

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Sibelius Conheça outras opções de escrita e edição de acordes no Sibelius 7.

Diretor Nelson Cardoso nelson@backstage.com.br Gerente administrativa Stella Walliter stella@backstage.com.br Financeiro Rafael Pereira adm@backstage.com.br Coordenadora de redação Danielli Marinho redacao@backstage.com.br Revisão Heloisa Brum Revisão Técnica José Anselmo (Paulista) Tradução Fernando Castro Colunistas Cristiano Moura, Gustavo Victorino, Jorge Pescara, Luciano Freitas, Luiz Carlos Sá, Marcello Dalla, Ricardo Mendes, Sergio Izecksohn e Vera Medina Colaboraram nesta edição Alexandre Coelho, George Ribeiro, Luiz Urjais e Miguel Sá Estagiária Karina Cardoso webmaster@backstage.com.br Edição de Arte / Diagramação Leandro J. Nazário arte@backstage.com.br Projeto Gráfico / Capa Leandro J. Nazário Foto: Divulgação Publicidade: Hélder Brito da Silva PABX: (21) 3627-7945 publicidade@backstage.com.br Webdesigner / Multimídia Leonardo C. Costa multimidia@backstage.com.br Assinaturas Maristella Alves PABX: (21) 3627-7945 assinaturas@backstage.com.br Circulação Adilson Santiago, Ernani Matos ernani@backstage.com.br Crítica broncalivre@backstage.com.br Backstage é uma publicação da editora H.Sheldon Serviços de Marketing Ltda. Rua Iriquitiá, 392 - Taquara - Jacarepaguá Rio de Janeiro -RJ - CEP: 22730-150 Tel./fax:(21) 3627-7945 / 2440-4549 CNPJ. 29.418.852/0001-85 Distribuição exclusiva para todo o Brasil pela Fernando Chinaglia Distribuidora S.A. Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1678 - Sl. A Jardim Belmonte - Osasco - SP Cep. 06045-390 - Tel.: (11) 3789-1628 Disk-banca: A Distribuidora Fernando Chinaglia atenderá aos pedidos de números atrasados enquanto houver estoque, através do seu jornaleiro. Os artigos e matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. É permitida a reprodução desde que seja citada a fonte e que nos seja enviada cópia do material. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios veiculados.


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CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br

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Melhor remediar do que prevenir

N

o Brasil do século 21, que promete ser o país do futuro, ainda paira sobre nossas cabeças a tal da expressão “jeitinho brasileiro”. E, talvez por conta desse jeitinho, estamos vendo uma série de acidentes se sucederem, e que poderiam ser evitados, bastava o bom senso e a responsabilidade terem sido colocados em prática. Uma das maiores tragédias do país e do mundo, ocorrida em Santa Maria (RS), no final de janeiro, expôs com mais veemência o mau hábito cultural de nem sempre darmos a devida atenção ao lidar com vidas. Uma série de erros graves que ocasionou aquele ocorrido de dimensões ainda imensuráveis no estado gaúcho, cometidos pela banda, pelos organizadores, produtores, engenheiros e até mesmo pelo Estado, dia a dia são repetidos Brasil afora. A diferença é que não são noticiados, fazendo parecer que a tragédia da boate Kiss tenha sido um fato isolado. Não é. O problema é que, em nome do dinheiro (e do lucro), e apoiados pelo nosso jeitinho de fazer as coisas, na ilusão de que acidentes só acontecem com os outros ou na certeza da impunidade, nos permitimos a apenas contar os prejuízos em vez de tentar evitá-los. Quantas boates, casas de festas, shows, teatros etc., foram fechados depois do incêndio? Quantas outras milhares de pessoas estavam em risco? Da noite para o dia, presenciamos a política do “tolerância zero” aplicada de forma torta por aqueles que deveriam,a priori, zelar permanentemente pela nossa segurança. Não é de agora que o país sedia shows, eventos, faz festas de grande porte e tem boates. Não é de hoje que temos conhecimento e adotamos normas e políticas de segurança tanto para trabalhadores envolvidos no show business ou na área de entretenimento, quanto para o público que os assiste. A Teoria das Janelas Quebradas, um estudo do cientista político James Q. Wilson e do psicólogo criminologista George Kelling - e que inspirou o prefeito de Nova Iorque, Rudolph Giuliani, a acabar com a violência na cidade -, parte do princípio de que é preciso combater os pequenos delitos para realizar a manutenção da ordem social. Talvez esteja na hora de colocar a responsabilidade em prática, aplicar até mesmo o “tolerância zero” de forma correta, na tentativa de prevenir e não de remediar o que às vezes não pode nem ser remediado. Boa leitura. Danielli Marinho

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JBL

K-ARRAY

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www.gobos.com.br A K-array apresentou o KAN200 Anakonda, uma caixa acústica com formato de linha e flexível para atender às necessidades de quem precisa colocar som em lugares de difícil acesso e estreitos. Projetada para ser usada onde uma caixa de som tradicional não teria possibilidade de ser instalada, sua resposta de frequência é de 150 Hz - 18 KHz, +/- 6dB. Cada módulo KAN200 mede 2 metros de comprimento e é composto de 8 drivers de neodímio.

www.jbl.com/pt-br A JBL apresentou ao mercado brasileiro uma linha de caixas de som inspirada na musicalidade da África. Batizado de Jembe em homenagem a um dos mais antigos tipos de tambores do mundo, o novo sistema proporciona reprodução de áudio firme e refinada para computadores pessoais ou para qualquer outra plataforma com saída auxiliar 3,5mm. As caixas possuem um design único, inspirado na forma dos tambores africanos cobertos de pele. Elas também seguem o conceito de design da JBL, chamado de Weave, com formas arredondadas.

STUDIO R www.studior.com.br O novo SKY Sound Array mod. R590 da Studio R é um line array ativo, processado e tri-amplificado Studio R. O R590 não opera com caixas passivas e ativas interdependentes ou impedâncias baixas em amplificadores compartilhados, e sim com um sofisticado sistema de tri-amplificação processada interna. Ele acompanha o exclusivo software Studio R Sarray, para dimensionamento, posicionamento e previsão de desempenho de sistemas com múltiplas caixas, bumper e planos de audição.

YAMAHA http://br.yamaha.com As unidades de rack Ri8-D e Ro8-D, divulgadas pela Yamaha, oferecem entradas e saídas diretamente nos painéis frontais, tendo indicadores de presença de sinal, alimentação 48V, sincronismo e configuração frontal. Elas foram desenvolvidas para garantir o mesmo nível de qualidade de áudio que as mesas e sistemas CL Series, oferecendo, no entanto, ainda maior flexibilidade.


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www.br.akg.com A AKG anunciou uma nova linha de fones de ouvido. Associandose ao DJ e produtor Tiësto, a marca austríaca desenvolveu uma gama de fones que estabelecem uma nova referência em termos de qualidade de som, desenho e conforto. São três modelos – K67, K167 e K267 Tiësto. Os K67 e os K167 estão equipados com drivers de 40mm, enquanto o modelo K267 usa drivers de 50mm.

HOHNER

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AKG

CSR www.csr.com.br A CSR divulgou no Brasil o Microfone Profissional para Estúdio Yoga YGM 400. O equipamento possui excelentes características, dentre as quais podemos citar a Polaridade Uni direcional, frequência de resposta 20 – 20KHz e Peso de 420g.

OVERSOUND www.oversound.com.br A Linha Insanno, da Oversound, foi criada para os amantes do Som pra Fora, Trios, Mini-Trios e Pancadão. São alto-falantes com características especiais para atender às mais severas condições de uso, com grande desempenho. Utilizam circuito magnético de grande força, conjunto móvel com resistente bobina de 4” (100 mm) em Kapton e enrolamento inside/outside, cone a vácuo de celulose especial, dupla centragem e suspensão desenvolvidas para suportar grandes deslocamentos (Xmax).

www.proshows.com.br Os instrumentos da série Bravo da HOHNER, marca distribuída pela Proshows, oferecem características de desempenho que até então só estavam disponíveis com instrumentos consideravelmente mais caros. Um bom exemplo é o mecanismo de teclado “T” incorporado à série Bravo. Ele possui teclado padrão piano, com 96 botões de graves, ideal desde pequenas festas até grandes eventos folclóricos.


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www.proshows.com.br A linha DBR de alto falantes profissionais tem produtos extremamente qualificados e com uma performance sonora exemplar. A linha é ideal para construção de sistemas de PA de médio e grande porte. Dentre os falantes apresentados pela Proshows, empresa que distribui a marca no Brasil, está o modelo CV15, um dos mais vendidos em 2012.

LEAC’S www.leacs.com.br A Leac’s anunciou as caixas It! 6,5. O equipamento possui excelentes características, dentre as quais podemos destacar a Potência RMS de 75 Watts, Resposta de Frequência de 60 Hz a 18 Khz, Falante de 6,5 “ / Tweeter de Neodímio, Gabinete em Plástico Injetado ABS de primeira linha, super resistente e com tecnologia Leác´s 100% nacional.

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DBR

BORNE www.bornetecnologia.com.br A Borne Amplificadores vem investindo em suas potências e o destaque é a PA6000, super classe AB que possui 1200w RMS em 4ohms, menor peso e 3 unidades rack, proteção contra curtos e ventilação forçada que proporciona controle de temperatura. A PA6000 é ideal para dar qualidade técnica para pequenas e médias apresentações.

RØDE www.rodemic.com A RØDE Microphones anunciou o novo SmartLav, criado nos mesmos moldes do RØDE Rec e do iXY. Ele é um microfone de lapela de alta qualidade que pode ser conectado a qualquer dispositivo Apple, incluindo iPhone e iPad. Ele é extremamente funcional para qualquer ocasião, seja em um set de filmagem, casamentos, reuniões, igrejas ou palestras.


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www.americandj.com Com o novo American DJ Micro Real Galaxian e seu efeito laser incrível, todos os DJs, artistas e boates poderão obter luz de qualidade com bastante acessibilidade. Ele possui apenas dois quilos e acende mais de 200 padrões de laser vermelho e azul, que podem ser projetadas no teto, parede ou na pista de dança.

CHAUVET www.equipo.com.br/br A Chauvet, marca distribuída pela Equipo no Brasil, está lançando mais um integrante da Intimidator Spot LED 350 de luzes em movimento. Intimidator 350 é o mais poderoso LED na linha Intimidator. Um LED de 75 watts combinado com ótica superior torna este equipamento consideravelmente mais brilhante do que a maioria das luminárias de LED de 90 watts atualmente no mercado.

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AMERICAN DJ

OSRAM www.osram.com.br A OSRAM, multinacional especializada em iluminação, lançou cinco novos acessórios para o Kreios G1, projetor estático de LED. Já conhecido no mercado por seu design e eficiência, é a opção ideal para substituição de banners e projetores tradicionais. Com os novos itens, o produto irá proporcionar ainda mais ajustes no controle de luz, alternar a forma e as dimensões do feixe luminoso, além de ampliar as variedades de aplicações.

ROBE www.robe.cz A Robin DLX, da Robe, possui cores impressionantemente suaves e uniformes. Utilizando o sistema RGBW LED, o equipamento possibilita uma roda de cores virtuais e uma série de brancos em 2700, 3200, 5600 e 8000 graus Kelvin.


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FESTA NACIONAL DA MÚSICA 2013 Em fevereiro último, o jornalista Fernando Vieira e sua equipe recepcionaram o mundo artístico e empresarial para o lançamento do projeto da Festa Nacional da Música 2013 e mais uma edição anual da re-

Fernando Vieira e a Prefeita de Canela, Carmen Seibt

vista da Festa. A publicação de mais de 300 páginas é editada pela VF Editora e conta todos os detalhes do encontro de 2012 em Canela, no RS. O evento aconteceu na sede da Daisul e contou com a presença da prefeita em exercício de Canela, Carmen Seibt, e de parlamentares daquela cidade, sede do encontro há mais de 30 anos. Também estiveram presentes muitos artistas, empresários, executivos e jornalistas. A Festa Nacional da Música 2013, o maior encontro da música brasileira, acontecerá na serra gaúcha entre os dias 20 e 24 de outubro desse ano e, segundo Fernando, seu criador, terá muitas novidades na programação e na cobertura jornalística com transmissão ao vivo pela TV, agora em todos os dias do evento. (Gustavo Victorino)

VEM AÍ O COMUNICAI! CAMPOS Dia 25 de maio acontece mais uma edição do Comunicai!, em Campos, no RJ. O evento será realizado na Igreja Presbiteriana do Caju, em Campos dos Goytacazes, das 8h30min às 18h. O objetivo é integrar e capacitar técnicos de áudio e multimídia cristãos para o exercício de suas funções, além de ser uma grande oportunidade para compartilhar experiências vivenciadas nas igrejas, para reciclagem e para aprendizado de novos conhecimentos técnicos. O Comunicai! nasceu na Primeira Igreja Batista de Itaparica, em Vila Velha/ES, e desde então já foram realizadas duas edições, em 2009 e em 2011, contando com a participação de técnicos cristãos do Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal, dentre outros esta-

dos do Brasil, além de palestrantes de renome nacional, como Aldo Soares, Henrique Elisei, Emerson Duarte, David Distler e Daniel Ferreira. O evento representa grande oportunidade para compartilhar experiências vivenciadas nas igrejas, servindo também para reciclagem e aprendizado de novos conhecimentos técnicos, resultando em trabalho técnico de qualidade, melhorando a excelência do serviço prestado à igreja e a Deus. As inscrições já estão abertas e podem ser feitas no site do evento (http:// comunicaicampos2013.blogspot.com.br). Informações sobre valores, hospedagem, programação, preletores etc., também podem ser obtidas no site. Após o encerramento do encontro, haverá um jantar de confraternização.

UPGRADE A Avid e o Abbey Road Studios, um dos mais famosos estúdios de gravação do mundo, anunciaram uma atualização da estação de trabalho de pós-produção de música e áudio. A partir de agora, o estúdio passa a usar o Pro Tools HDXe HD I/O. Há anos, o estúdio vem trabalhando com o Pro Tools HD e, com a atualização das placas HDX, junto com a Interface de áudio HD Series, a potência irá aumentar consideravelmente, proporcionando melhor desempenho e som inigualável. O Abbey Road é responsável por sucessos de artistas como Adele, Florence + The Machine, assim como filmes de grandes bilheterias, como 007 – Operação Skyfall e O Hobbit.

CORREÇÃO 1 Diferente do que foi publicado na reportagem David Guetta no Brasil, edição 218, a nacionalidade do DJ é francesa e não inglesa.

CORREÇÃO 2 No sumário da edição 210, erramos a grafia do nome da música de Stevie Wonder. O correto é I Just Called to Say I Love You.


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REDUÇÃO DE CARBONO A Warwick recebeu certificado da ClimatePartner GmbH pela iniciativa de compensação na diminuição de carbono relativas à produção e distribuição de instrumentos musicais da marca.

Concurso para descobrir talentos Mais uma da Avid e do lendário Abbey Road Studios: as duas empresas, em parceria, lançaram um concurso musical. O concurso global de talentos tem como foco artistas, músicos e produtores que aspiram ser reconhecidos na NAMM. A ideia é dar a estes profissionais do mundo inteiro a oportunidade de terem seus trabalhos julgados por personalidades ilustres da indús-

tria da música, bem como por fãs online, durante o período de votação, que irá de 8 a 15 de março de 2013. As três músicas vencedoras, escolhidas pelos jurados, irão receber o melhor pacote de gravação, que inclui a mixagem e masterização de uma trilha de sua escolha no Abbey Road Studios, além de um sistema Pro Tools|HD Native da Avid.

D&B LANÇA SOFTWARE DE CÁLCULO A d&b desenvolveu um software de cálculo, o ArrayCalc V7, que pode ser usado tanto para acomodar precisamente um line array como também para apontar fontes de designs ou uma combinação dos dois em um sistema de design híbrido simples. Ele também pode simplificar o processo

de criação de controles remotos em espaços de trabalho via uma função de exportação no próprio software R1 remote control. A empresa vai demonstrar o produto durante a Musikmesse + Prolight and Sound Frankfurt, que acontece entre os dias 10 e 13 de abril, na Alemanha.

Creme de Papaya e Margareth Menezes em Salvador

Mariene de Castro, Felipe Xaxá (Creme de Papaya) e Margareth Menezes no Cordão Cultural AfroPop Brasileiro

A banda carioca de axé-music Creme de Papaya fez o público de Salvador vibrar na segunda-feira de carnaval. O conjunto participou do Cordão Cultural AfroPop de Margareth Menezes, no circuito Barra-Ondina, apresentando versões como de Amor de Chocolate (Naldo) no ritmo baiano. Além do grupo, passaram também pelo trio da cantora, que propôs uma fusão de gêneros musicais, a sambista Mariene de Castro, o instrumentista Fred Menendez e o cantor e compositor Jair Luz.


Max Noach na SSL

A Solid State Logic passa a contar com um novo gerente regional de vendas para a América Latina. Max Noach irá supervisionar dia a dia as atividades de venda e de apoio na América Central e na América do Sul. Desde que se mudou para o Brasil, Max atuou em serviços locais de consultoria comercial para empresas relacionadas à radiodifusão, gravação e pós-produção, além de já ter atuado como gerente divisional para a Marutec (Tagima) e mais recentemente como gerente de vendas da unidade de negócios de áudio da ProShows.

CORREÇÃO 3 Na edição 218, página 16, houve um equivoco ao afirmarmos que o produto amplificador de potência CE1004 pertence à Boss, do grupo Roland. Na verdade, o equipamento mostrado é criação da Boss Audio Systems, que não tem nada a ver com a marca japonesa. Nesse sentido, o link correto seria http://www.bossaudio.com/ auto/bridgeable-car-amplifier-remote-subwoofer-level-control-ce1004/.

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GUSTAVO VICTORINO | www.backstage.com.br 30

BOLA FORA

A exemplo de outros segmentos econômicos do país, a falta de união entre produtores e importadores de áudio e instrumentos musicais traz perdas a todos. Os interesses nem sempre convergentes fazem da categoria um verdadeiro balaio de caranguejos onde quem tenta subir é puxado para baixo pela maioria. Mas todos negam essa realidade obtusa em nome da ética.

Não dá para elogiar. Algumas empresas têm um estigma e uma predisposição que mesmo a mais vanguardista ou elogiável atitude precisa ser vista com reservas porque invariavelmente tem algo nebuloso ou mal explicado. Elogiei a Microsoft pela iniciativa de reduzir drasticamente os preços do seu novo Windows 8 no Brasil e tentar acabar com a pirataria. Bola fora minha... Na verdade a empresa ofereceu apenas uma atualização. O pacote vendido detecta na MBR (Master Boot Record é a área de inicialização na região de armazenamento de dados) do HD, uma instalação anterior do Windows e se torna “instalável”. Ou seja, quem tentar usar o pacote em um HD novo se ferrou. O Procon-SP já identificou a maldade e a empresa aceitou divulgar a verdade para não ser processada. E eu, assim como milhares de consumidores, fiquei com cara de bobo pela confiança e pelo elogio.

DIFERENÇA O boa praça Rogério Raso, leia-se Santo Ângelo, acaba de retornar dos EUA, onde expôs na NAMM 2013. O executivo voltou impressionado com a diferença de tratamento dada pelos compradores americanos em comparação aos similares tupiniquins. Enquanto lojistas e consumidores brasileiros ficam babando por marcas e produtos da terra do Tio Sam (algumas já bem decadentes...), os fabricantes e as marcas brasileiras são bombardeados por todo o tipo de pergunta. Na hora de comprar, os

gringos querem saber detalhes referentes à assistência técnica, suporte e “liability” (responsabilidade por eventuais danos) ao consumidor. Perguntam também sobre os sistemas de produção e matérias-primas eventualmente nocivas ao meio ambiente. Enfim, enchem o saco. Mesmo exibindo certificados internacionais de qualidade (coisa que a maioria dos fabricantes americanos nem sabe o que significa), surgem as objeções e somente a partir daí começam as negociações de preço, frete e prazos de disponibilidade do produto em solo americano. Em suma, eles são profissionais, mas chatos. Enquanto isso, aqui na terra brasilis qualquer lixo montado lá ou no oriente entra sem qualquer preocupação com o consumidor, desde que tenha preço baixo e proporcione boas margens de lucro. Tá mais do que na hora dos compradores brasileiros, sejam lojistas, importadores ou consumidores, tratarem os importados com o mesmo nível de exigência. A Santo Ângelo produz alguns dos melhores cabos do mundo, mas compete muitas vezes de forma desigual, aqui e lá fora, com produtos sem qualquer cuidado de origem ou qualidade. E tudo isso por ser uma empresa brasileira.

GRAMMY A 55a edição do Grammy não trouxe surpresas ou muita coisa interessante. O belo show televisivo no Staples Center de Los Angeles não escondeu a ruindade da atual música dos gringos. O que tinha de bom era inglês, a começar pela banda britânica Mumford & Sons, que ganhou o principal prêmio da noite, o de melhor álbum. A ironia é que os caras tocam (e bem) ritmos caipiras americanos. E como sempre, os intragáveis rappers estavam lá tentando “cantar”...

CHARVEL A Sonotec é a nova distribuidora das guitarras Charvel para o Brasil. A marca americana se notabilizou por produzir excelentes guitarras de ataque voltadas a timbres agressivos notadamente usados no rock pesado. Em fase de importa-


GUSTAVO VICTORINO | VICTORINO@BACKSTAGE.COM.BR ção, o produto estará disponível nas lojas ainda no segundo semestre desse ano. Mais um golaço da turma de Presidente Prudente.

cha de Rio Grande, no extremo sul do Brasil. Por séculos, a rota foi o caminho dos marinheiros ingleses que iam para Buenos Aires.

HONRA AO MÉRITO

CARNAVAL

O fundador da poderosa Roland Corporation Japan, o engenheiro Kiutaro Kakehashi, acaba de receber o Grammy de Tecnologia por ser um dos idealizadores do sistema MIDI, o mecanismo pelo qual os teclados de qualquer marca conversam com outros instrumentos ou acessórios. Ainda muito utilizado, o sistema criado em 1983 foi decisivo para a evolução dos modernos sistemas de interface. A ideia foi tão genial que virou padrão por 30 anos. Ao lado do americano Dave Smith, criador dos teclados Prophet, Kakehashi chocou o mundo da música quando em 1983, durante o NAMM Show, na Califórnia, fez um sintetizador Roland Júpiter 6 conversar com um teclado Prophet 600 conectado por um até então misterioso cabo com sinal de 16 vias combinadas que proporcionava dualidade de comandos na comunicação entre os equipamentos. A novidade virou item obrigatório em todos os teclados desde 1983. Com o advento da conexão USB, o panorama vai mudar, mas a genialidade da invenção será eterna.

Sempre achei que a música baiana, mais precisamente o axé, seria o futuro do carnaval. O ritmo frenético e modernizado por sonoridades mais contemporâneas e agressivas trouxe um novo frescor à folia de Momo ainda no século XX. Hoje a realidade parece ser outra. A falta de qualidade e a mesmice colocam o axé em queda até no carnaval. Para não soçobrar, os trios do milionário carnaval baiano buscam alternativas em velhos sucessos de outros ritmos e estilos ou ainda convidados especiais para virarem atração na folia de lá. Mas a verdade é que a coisa tá afundando e logo vai virar ritmo regional divulgado nacionalmente apenas pelas eternas professoras de aeróbica de belas pernocas torneadas que os baianos vendem (e bem..) para o Brasil como cantoras.

MARINHEIROS Lançado no fim de 2012 na Europa e EUA, o disco Son of Rogue’s Gallery: Pirate Ballads, Sea Songs & Chanteys é uma coletânea oriunda de um projeto do ator Johnny Depp que une artistas como Nick Cave, Tom Waits e Frank Zappa interpretando canções de marinheiros. Entre as 36 faixas, se destaca a música Rio Grande, regravada pelo vocalista do R.E.M. Michael Stipe e Courtney Love, cantora do Hole e ex-mulher de Kurt Cobain. A letra fala sobre marujos que deixam as suas casas em direção à cidade gaú-

PLANETA ATLÂNTIDA Apesar da milionária cobertura da mídia global (leia-se Rede Globo), o evento acusou o golpe da oportuna e necessária mudança de data por conta da tragédia de Santa Maria. A perda de público recebeu o devido desconto por conta de alteração também na programação. No entanto, a atitude do Grupo RBS, promotor do evento, é elogiável ao assumir a mudança e o prejuízo dela advindo. Em nome do respeito a um estado que até hoje sangra de dor, o bom senso falou mais alto.

HOMENAGEADO Nenrod Adiel, executivo da Sonotec, será um dos homenageados na edição da Festa Nacional da Música de 2013. Nei, como é conhecido pelo mercado e pelos amigos, foi o primeiro gestor a acreditar no su-

cesso da retomada do evento há 9 anos. Os violões da Ovation e os microfones da Karsect foram os precursores da Mostra de Instrumentos que é hoje a mais seletiva e disputada vitrine de equipamentos com acesso direto e pessoal aos principais artistas da MPB. A visão de mercado e a projeção de futuro fizeram da iniciativa do executivo uma aposta vitoriosa. O reconhecimento se justifica pelo trabalho realizado ao longo dos anos com a conquista de novos endorses, a dedicação aos princípios de pluralidade do evento e a divulgação das marcas de uma das maiores importadoras da América Latina. Não bastasse isso, o cara é um boa praça e querido por todos. Pela indicação, os amigos estão comemorando juntos...

SEMPRE PODE PIORAR Quando eu achava que os cariocas não poderiam criar nada pior do que o Latino, agora me aparecem com esse tal de Naldo. Deve ter alguém dentro da Globo se dando bem com essas monstruosidades musicais. Não tem outra explicação.

CHARADA E CURIOSIDADE Recebo uma estranha ligação no meu escritório em Porto Alegre. Do outro lado um artista se identifica e falando um espanhol correto me consulta sobre o mercado musical brasileiro e as leis que o regem. Expliquei que minha especialidade - e, de resto, do meu escritório - é voltada a aspectos contratuais, direitos de imagem e tópicos do direito internacional que regulam a propriedade intelectual (copyright) e de execução. O interlocutor então disparou... “Preciso processar dois artistas brasileiros por plágio”. Quando disse os nomes eu caí para trás. A música voltou a ser hit no carnaval baiano e foi gravada anos atrás por dois artistas de fora da Bahia.

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ESPAÇO GIGPLACE | www.backstage.com.br 32

Profissões do

‘backstage’ FLORÊNCIA E N G E N H E I R A

S A R A I VA D E

Á U D I O

Nesta série de entrevistas, algumas vezes sairemos dos bastidores dos shows e iremos trilhar os bastidores de todas as produções que tiverem profissionais trabalhando e que geralmente muitos de nós mesmos do ramo sequer sonhamos que existem profissionais do áudio ou iluminação ou mesmo funções que nunca imaginamos, mas que direta ou indiretamente estão ligados ao dia a dia do entretenimento. A profissão do dia é Engenheira de Áudio e a entrevistada é Florência Saraiva.

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redacao@backstage.com.br Fotos: Paulo Farat, Caelos Freitas, Marcelo Rezak, Hugo Lacerda, Ariel Martini, Arquivo pessoal / Divulgação

amos primeiro conhecer um pouco nossa entrevistada. Quem é a Florência, o que você fazia antes de trabalhar com áudio, qual a sua formação? Com 13 anos (1987), eu estava encantada com o mundo dos teclados e um amigo da minha mãe que fazia música eletroacústica me levou para conhecer o estúdio dele, chamado Estúdio da Glória e foi lá que eu vi, pela primeira vez, que existia esse cara que mexia com a mesa. Embora eu gostasse de tocar, eu me divertia muito mais ouvindo as má-

quinas tocando sozinhas e mudando os envelopes dos timbres. Na hora em que vi a mesa de som, pensei: MeoDeos!! Eu posso ficar fazendo a música e outro cara toca os instrumentos! Que maravilha! Era uma mesa de 16 canais. Ali, decidi que era isso que eu ia fazer da vida. Em 1988 comecei a colecionar os jornaizinhos “Música e Tecnologia” publi-


cados e distribuídos grátis pelo Solon nas escolas de música. Em 1994, entrei na primeira turma de Produção Fonográfica do Mayrton Bahia, na Rio Música. Meus professores foram o Fábio Henriques e o Gilberto (Peninha) Suzano. Imediatamente, comecei a fazer assistências no estúdio da escola, onde, no dia 7 de setembro de 1994, assinei uma OS pela primeira vez como engenheira de gravação. Daí em diante, foi só trabalho chamando trabalho. Em 1995, o Mayrton me chamou para ser engenheira dos discos que ele estava gravando para um selo que ele havia recémlançado e me fez entrar em todos os grandes estúdios do Rio. Uma vez passando pelos estúdios, o pessoal começou a me chamar direto para trabalhar e eu virei um verdadeiro rato de estúdio. Dormia no estúdio com saco de dormir e tudo. Fazia todos os períodos. E tive a sorte de ser das primeiras pessoas a saber usar bem o ProTools. O Mayrton trouxe um dos EUA (que rodava num Quadra Nubus) e me deu 1 mês pra eu aprender a mixar no software. Foi difícil, mas graças a isso, aprendi algo que me deu um diferencial que, durante muitos anos, me permitiu trabalhar muito. Em 1998 comecei a dar aulas na Rio Música e substituí o Fábio Henriques no período da noite no Discover Estúdio e tive a honra de aprender a trabalhar com o Guilherme Reis. Em 2001, comecei a dar aulas no IATEC, onde finalmente conheci meus mestres Sólon do Valle e Roberto Peddruzzi. No IATEC, pude bolar um curso de gravação do jeito que eu achava certo e foi muito bom. Dou aulas no IATEC desde 2002. Em 2004, o Claudio Fujimori da Loudness contratou o IATEC para dar aulas de gravação ao vivo na Gang e eu fui escalada para ir. No final de 2005, eu já estava morando em SP

Florência e Paulo Farat

(com o Fuji) e fazendo freelas para o Carlos Freitas, da Classic Master. Trabalhei como segunda engenheira lá de 2005 a 2009. Aprendi horrores com o Carlinhos, que é uma pessoa profundamente generosa, além de um profissional excepcional. Para que todos entendam melhor, o que você faz, o que é um engenheiro de áudio, e quais as múltiplas funções que você pode exercer ? Essa pergunta é bem difícil de responder. Sempre que me perguntam eu me enrolo para responder. A engenharia de áudio é uma área multidisciplinar e, como tal, tem muitas especialidades. Mas, basicamente, um engenheiro de áudio trabalha com som. Ele sabe montar um sistema de áudio (nessa parte há sempre o fatídico comentário: “aaah, tipo home theater!”), ele sabe de acústica, de elétrica, de eletrônica, de música e tem de saber bastante como lidar com pessoas em situações de estresse. As funções que exercemos são dimensionamento de sistemas, montagem e alinhamento de sistemas, gravação em estúdio, gravação ao vivo, mixagem de som ao vivo (PA e monitor), mixagem de som para TV, mixagem de som para discos e DVDs (ou celular, ou internet etc), edição de áudio, masterização e pós-produção de áudio para vídeo (DVD, Blu-ray, TV etc.).

Quais as dificuldades de você iniciar no áudio, sendo uma mulher? Acredito que seu início não foi fácil. Quais as pessoas que fizeram a diferença no início da sua carreira? Não foi fácil, não. Ainda é difícil para as mulheres, tanto que nos apoiamos mutuamente para facilitar um pouco o caminho, que é árduo. Há uma comunidade no Facebook (Female Audio Pro BR) e no Gigplace (Meninas do Áudio) para que as mulheres conversem e troquem informações e se apoiem nos momentos difíceis. Muitos homens fizeram a diferença pra mim, foram meus mestres e abriram as portas para que eu conseguisse chegar até onde cheguei. A gente não faz nada nessa vida sozinho. Acho que os principais foram o Fábio Henriques, o Gilberto Suzano (que me deu a primeira oportunidade de trabalhar como assistente), o Mayrton Bahia, o Guilherme Reis, o Paul Ralphes (com quem trabalho direto desde 1997), o Carlos Freitas, o Felipe Abreu, o Sólon do Valle, o Roberto Pedruzzi, o Fernando Lopes e o meu marido, Cláudio Fujimori. Mas há tantos e tantos amigos, produtores e artistas que sempre me indicam e confiam no meu trabalho, que fica quase injusto não citar todo mundo aqui. Nos dias atuais já é normal encontrar mulheres no áudio. O que

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O mercado é muito pulverizado hoje e apenas aqueles que souberem valorizar seu próprio talento, adaptando-o às novas tecnologias e aos novos orçamentos, é que vão conseguir continuar trabalhando

” Meninas do áudio

mudou na postura dos profissionais e das empresas? Mudou muita coisa, mas ainda existe um “ranço” machista, principalmente no universo do áudio ao vivo. Por outro lado, também há empresas que contratam bastante mulheres para trabalhar, como a Classic Master e a Tukasom. Você tem atuado no mercado como freelancer. Qual a sua visão do mercado atual, como ele evolui desde que você começou? Sempre fui freelancer, sempre quis isso por causa da liberdade. A autodisciplina para viver sem salário certo, eu tenho, então não foi um problema para mim fazer essa opção. Alguém disse que antes, “poucos faziam música para muitos” e que, hoje, são “muitos fazendo música para muitos”. O mercado é muito pulverizado hoje e apenas aqueles que souberem valorizar seu próprio talento, adaptando-o às novas tecnologias e aos novos orçamentos, é que vão conseguir continuar trabalhando. Isto significa saber trabalhar bem com os novos sistemas de áudio e saber valorizar o seu cachê.

O mercado de entretenimento tem crescido muito no Brasil nos últimos anos. A seu ver o mercado tem se preparado para essa crescente necessidade de profissionais especializados e para complementar neste mesmo mercado? A seu ver o que precisa ser feito para que o mercado das profissões ligadas ao entretenimento seja mais organizado quanto às condições de trabalho e cachês? Acho que a formação do profissional, o estudo, são muito importantes. Em outras profissões, as pessoas pagam o que for para fazer um MBA, uma especialização. No nosso mercado é mais difícil e não há o hábito. São duas coisas: 1) Muitos profissionais querem se especializar, mas não possuem os recursos para pagar o que os cursos valem e; 2) Aqueles que poderiam pagar um curso, mas têm uma grande resistência ao estudo, à aquisição de conhecimento. Ouço muito a triste frase: “quem não sabe tirar som vai dar aula”. Isso reflete uma mentalidade muito desanimadora. Temos de nos organizar de verdade para ter períodos máximos de trabalho e para termos uma remuneração mais valorizada e tabelada. No entanto, houve várias tentativas de organização que


não tiveram amplo apoio por não expressarem verdadeiramente as necessidades dos profissionais. Também acredito muito na organização informal para viabilizar o conhecimento para aqueles que não podem pagar por ele. Talvez nossa associação formal acabe surgindo das associações informais, como os grupos nas redes sociais. Como você encara a necessidade de reciclagem de conhecimentos e o que você tem feito pra se manter atualizada? Estudo, estudo, estudo. Temos até um grupo de estudos semanal das meninas do áudio. Toda semana chamamos algum profissional amigo para nos ensinar algum tópico, como acústica, elétrica, eletrônica, áudio digital, etc. Sinto muita falta de sentar com os outros profissionais para conversar sobre situações que aconteceram durante a semana, de forma a aprender mais com as experiências dos outros. As listas de discussão, como as que há no Gigplace, ajudam muito (sempre ajudaram, mesmo antes da existência da nossa comunidade). Ler matérias nas revistas, fazer cursos livres, enfim, investir na própria carreira. Falando em especialização o que você gosta mais de fazer? Qual o caminho ou função que enxerga como seu caminho profissionalmente? Bom, eu sou geminiana, não consigo escolher um caminho só. Não consigo dizer: “ah, não quero mais fazer tal coisa no áudio”. Gosto mesmo de tudo. Mas acredito que temos de nos especializar e, no momento, estou correndo atrás de mixagem ao vivo. Tanto para PA quanto para monitor. Como mulher atuante no mercado do áudio, o que ainda te incomoda no dia a dia do trabalho? A vida tem altos e baixos. E tem dias que fazemos um trabalho ruim. Nesses dias, o que mais me incomoda é

que há pessoas que tinham certeza de que eu ia me sair mal por ser mulher. Ir mal em determinada situação não tem a ver com o gênero da pessoa e, sim, com a competência dela. Muitas meninas hoje em dia tem se interessado pelas profissões no áudio, seja no backstage e ou nos estúdios. Qual o conselho ou dica que você daria para as iniciantes? Estudem e tenham uma postura profissional. Sejam gentis e educadas. Relevem os insultos e piadinhas. Concentrem-se em servir bem à arte de fazer som. E, sobretudo, sejam bem humoradas e felizes, mesmo quando tudo estiver nas trevas! Com o fenômeno das redes sociais como o Gigplace e Facebook, temos visto grupos de mulheres se juntando em comunidades como o das Meninas do Áudio. Quais os maiores questionamentos que rolam nesses grupos? O que as meninas mais querem é aprender a ser boas profissionais. Querem conhecimento técnico e querem saber como se portar no trabalho. Uma coisa que me instigou muito para fazer o grupo de estudos com as meninas foi a avidez delas por conhecimento. Elas querem aprender, querem fazer cursos, querem ir aos workshops. Os meninos têm estado menos interessados. Para finalizar: quais os seus planos para o futuro, o que a Florência planeja estar fazendo daqui a 10 anos? Eu nunca planejo nada a tão longo prazo. Eu estou sempre aberta para as mudanças que a vida pode trazer. No momento, quero mixar bem ao vivo e este será o objetivo para os próximos anos. Este espaço é de responsabilidade da Comunidade Gigplace. Envie críticas ou sugestões para contato@gigplace.com.br ou redacao@backstage.com.br. E visite o site: http://gigplace.com.br.

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O som

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DE CADA PA PARTE 6

R A série de reportagens sobre como cada profissional de áudio encontra uma sonoridade própria traz, nessa edição, os técnicos Roberto Lima e Fausto Prochet. Alexandre Coelho redacao@backstage.com.br Fotos: Arquivo Pessoal / Internet / Divulgação

esponsável pelo som de uma das artistas mais badaladas do momento – a cantora sertaneja Paula Fernandes, o técnico Roberto Lima aponta como sua mais marcante característica profissional a busca por conhecer, tanto quanto possível, a sonoridade do artista com quem está trabalhando. “Levo muito em consideração o som que foi criado no estúdio pelo produtor musical e pelo artista. Sempre que possível, até acompanho a gravação e a mixagem do disco. Também sempre ouço o disco do artista antes (de um trabalho novo), com o intuito de conhecer melhor o som da banda e tentar mostrar um trabalho o mais próximo possível do original”, conta. Já Fausto Prochet, que atualmente trabalha com bandas como Kid Abelha e Forfun, destaca como sua característica principal a capacidade de extrair o melhor rendimento de qualquer sistema de som que seja fornecido para o evento. Segundo o técnico, sua meta é conseguir uma mixagem bem equilibrada desde o início do show, homogeneidade de cobertura da plateia e consistência sonora nas diferentes apresentações. “Na verdade, meu objetivo é não variar muito de artista para artista, mantendo

sempre o foco no melhor rendimento do sistema. Caso haja necessidade de interferências estéticas particulares, eu busco os recursos que melhor reproduzem o efeito desejado”, salienta. Pragmático, Prochet não vê problema em atender qualquer solicitação do artista ou do produtor do espetáculo e, eventualmente, mudar algum detalhe da mixagem que ele próprio havia pensado. Ele lembra que já passou por essa situação e garante entender perfeitamente que o suporte técnico deve trabalhar em prol das exigências artísticas do espetáculo. “Já fui solicitado a dar mais destaque a coisas que eu apresentava na mixagem como nuances, mas é muito natural que isso aconteça, pois cada indivíduo tem sua opinião. E o departamento de engenharia deve atender às solicitações do departamento artístico”, considera. Roberto Lima afirma nunca ter passado por uma situação desse tipo, mas enxerga de forma positiva qualquer diálogo entre os setores artístico e técnico que compõem um espetáculo musical. “Não vejo isso como uma crítica, e sim como uma forma de melhorar, desde que o artista tenha conhecimento sobre o que está pedindo”, pondera.


Roberto Lima

ALINHAMENTO Tecnicamente, para atingir a sonoridade que busca em um show ou atender às exigências do artista ou do produtor musical, Roberto Lima não dispensa o uso de bons equipamentos. Segundo ele, o que mais favorece o trabalho de um técnico e acaba fazendo a diferença é um bom sistema de PA e a opção por microfones de qualidade. “E, no alinhamento do PA, uso o Smaart 7, mas não dispenso as músicas nem o bom e velho ‘alô, teste, som’ no microfone”, revela. Fausto Prochet, por sua vez, diz que alcança o seu diferencial no trabalho como técnico pesquisando muito e registrando tudo o que é possível, para sempre extrair alguma lição que seja útil em futuros trabalhos. Tecnicamente, o engenheiro não abre mão do analisador de espectro, que capta eventuais problemas que escapam às limitações do ouvido humano. Assim como Roberto Lima, no alinhamento

do PA Prochet também faz uso do software Smaart. O técnico conta um pouco da forma como atua nesta etapa da sonorização de um show. “A profundidade da análise costuma variar de uma situação para outra. Houve casos em que uma simples medição do sistema como um todo já me disse tudo o que eu precisava saber na ocasião. E também houve casos em que tive que analisar separadamente a resposta de cada caixa de um sistema complexo, até chegar ao resultado desejado. Após deixar o sistema tecnicamente em ordem, gosto muito de começar a avaliação auditiva do PA ouvindo a música escolhida em um headphone de referência, para ter uma noção da diferença entre a referência e a resposta do sistema”, detalha. Com o sistema já alinhado, Roberto Lima, sempre que possível, opta por fazer a passagem de som com a banda, ainda que, muitas vezes, por força das circunstâncias, seja obrigado a passar

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o som com os roadies. Já Fausto Prochet não abre mão do soundcheck virtual. “Uso desde 2004 e tento sempre ter esse recurso à mão, junto com o recall mais completo do evento que originou os arquivos empregados no processo (mesmo artista, instrumentos, backline, microfones e mixer). Mesmo no pior cenário, sem recall e com roadies ocupados ou incapazes de executar o instrumento de forma minimamente aceitável, esse recurso me proporciona a possibilidade de ir ao palco e me gravar tocando todos os instrumentos para, posteriormente, me dirigir à mesa de som e colocá-los em sobreposição. Acho o soundcheck virtual melhor do que passar o som com o artista, pois o arquivo capturado no show tem ‘energia de show’, e proporciona uma representação mais fiel do que vai acontecer”, acredita.

Fausto Prochet

FOCO NO SOM DO ARTISTA Se trabalham de formas diferentes no que diz respeito à passagem de som, Roberto Lima e Fausto Prochet concordam em um ponto: a busca do técnico por uma identidade própria não pode comprometer a sonoridade do artista com o qual ele trabalha. “Não acho isso importante, essa identidade tem que ser da banda ou do artista”, sentencia Lima. “Temo que a busca de uma identidade sonora pelo técnico possa ofuscar o verdadeiro objetivo de sua presença, que, no meu ponto de vista, é a identidade sonora do artista”, completa Prochet. Nessa busca pelo melhor som a cada show, Prochet lamenta que existam profissionais que se sentem incomodados pela necessidade de se trabalhar duro para a obtenção de um bom rendimento do sistema, e alguns outros que não gostam de ter expostas as falhas em seus sistemas. “Acho bastante curioso esse tipo de comportamento, pois frequentemente lido com pessoas que trabalham duro para melhorar as imperfeições de seus sistemas, e vejo que essa prática traz resultados mais agradáveis”, avalia. Divergências são comuns na estrada. Roberto Lima recorda uma história vivida por ele, que revela a falta de profissionalismo por vezes encontrada por quem conhece de perto a realidade do show business brasileiro, mas que fazem parte da profissão. “Certa vez, fui mixar uma banda de roots reggae. Como era a primeira vez que mixava esse estilo, ouvi as músicas da banda, passamos o som e ficou tudo certo. Na hora do show, surgiu um técnico, que trabalhava na empresa de som e já tinha tomado umas e outras, que começou a me pedir para colocar agudo no bumbo e no baixo, sendo que eu havia tirado todas as altas dos dois. Tentei por várias vezes explicar que as músicas eram assim mesmo, mas ele não aceitava de jeito nenhum. Dizia que se eu não sabia era pra deixar para ele. Até que eu chamei o segurança e ele foi retirado. Mas o show foi ótimo e muito elogiado, principalmente por não ter o agudo no bumbo”, diverte-se.


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A 15ª edição do Festival de Verão de Salvador foi marcada por algumas novidades como a nova disposição do sistema de PA, mudança na house mix, uso do sistema de multicabo digital no palco principal 15 Verões, além da consolidação de parcerias.

Danielli Marinho redacao@backstage.com.br Revisão técnica: José Anselmo “Paulista” Fotos: Danielli Marinho e Divulgação

FESTIVAL F

oram quatro dias de muita música e festa na capital baiana, com atrações contemplando diversos estilos musicais que iam do sertanejo da dupla Jorge & Matheus ao axé de Ivete Sangalo, passando pelo rock and roll do Capital Inicial. Um dos maiores eventos que acontecem no Nordeste, o Festival de Verão de Salvador como em outros anos teve um gostinho de pré-carnaval e levou para o parque de exposições da cidade cerca de 70 mil pessoas em cada dia de evento. Responsável pela sonorização dos três palcos, a João Américo Sonorização (JAS), usou o sistema da FZ Áudio no palco principal 15 Verões com uma nova disposição para as caixas modelo J15.

Apesar de ter diminuído a quantidade de caixas do sistema de PA do palco principal, foram adotadas duas colunas de outfill para fazer a cobertura dos camarotes. Um dos responsáveis técnicos da JAS, Rodrigo Nascimento explica que a mudança no número de caixas e configuração do sistema foi para atender principalmente à necessidade visual do palco. “Quando o festival é televisionado há necessidade de se adequar. Ano passado, por exemplo, deu para montar mais caixas porque o palco tinha mais altura, mas esse ano diminuímos duas e fizemos algumas melhoras no rendimento do sistema, então achamos que duas caixas a menos por lado ia atender perfeitamente”, fala. “A FZ J15 A é um modelo


Iluminação feita somente com movings, video mapping e sistema de PA nacional da FA Áudio marcaram a 15ª edição do evento

DE VERÃO Salvador mais novo de PA para grandes áreas, com três vias pré-amplificado. E esse ano eu e Marcelo Vilela achamos que está melhor. Os técnicos também estão gostando muito, com poucas mexidas no equalizador. Tem técnico que não corrige, outros tiram para a sonoridade chegar ao timbre pretendido”, acrescenta. Segundo Marcelo Vilela, também técnico da JAS, embora o sistema tenha sido dimensionado com menor quantidade de caixas, continuou com a mesma eficácia. “O sistema que estamos usando é digital,

incluindo os PAs, além de também ter um backup analógico. Temos ainda as mesas rodando em paralelo no sistema digital com o multicabo digital da DSPro”, completa. Para o processador, segundo Rodrigo, foi usado o Lake, além de um gerenciador da FZ. “Existe um software, o Easy Focus, que dimensiona e que prevê como é que vai ser a distribuição do áudio na arena, que simula de forma matemática e faz com que a gente consiga prever. A partir disso, fazemos a distribuição da curvatura da caixa.

Daí executamos algumas correções, porque o que vale mesmo é o ambiente, o tipo de piso, o público e com isso fazemos os ajustes e conseguimos chegar a um resultado que é o melhor. Mas cada técnico tem a sua mixagem e corrige algumas coisas. Usamos uma mesa controladora que distribui o áudio das duas mesas de PA para todas as caixas com a mixagem estéreo, no outfill para fazer a cobertura dos camarotes, dois delays, um delay estéreo para fazer um acompanhamento da resposta de frequência

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Já trafegamos o sinal do PA também digital, só mudamos o desenho do sistema do PA, no palco principal, o 15 Verões. (Fernando Lima)

Fausto Prochet levou sua própria Beringher X-32

para o público que está mais distante do palco”, fala. “Tentamos de todas as formas diminuir o número de caixas do PA, porque o pédireito é baixo e se colocássemos mais de 16 caixas ia ter problemas de mais microfonia. Então por causa da altura não conseguimos colocar o mesmo número de caixas, mas reforçamos os PAs

laterais para os camarotes. Esse ano foi diferente, ficou superlegal, os técnicos ficaram satisfeitos. Eu particularmente acho que ainda podemos chegar a um padrão melhor, o espaçamento entre os subs, por exemplo, poderia ser um pouquinho mais fechado, mas não tem como ter tudo de uma vez só, mas já agradou a praticamente quase todos e

Unidade móvel - transmissão ao vivo em 5.1 A transmissão do festival pelo canal a cabo Multishow foi realizada pela unidade móvel (U.M.) Epah Estúdios, que após seis anos, retornou ao evento com esse novo nome. A novidade é que o Festival foi totalmente em 5.1 na casa dos telespectadores. “Estamos com tudo conectado por fibra óptica, nossa unidade com o palco, todo por fibra óptica, com o sistema utilizando os conversores da DSPro com a Venue Profile, Então o que mudou foi basicamente isso porque estamos em 5.1 ao vivo”, fala Marcelo Freitas, do Epah Estúdios, acrescentando que, para esse trabalho, a equipe contou com Roberto Marques, Beto Neves e Deco, fazendo mixagem, e de Daniel Reis, no apoio ao sistema de microfones. “É importante dizer que não estamos pegando o L/R e retransmitindo. Todos os shows que o Epah faz para o Multishow são

gravados em multitracks. Então, recebemos os canais abertos, mixamos isso e colocamos de duas formas no ar: em 2.0 e 5.1. Salvo alguns artistas, que demandam uma mixagem muito específica, aí, por exemplo, podemos optar por ter o L/R e compensar com voz, com bumbo ou baixo que geralmente são canais que não têm uma ênfase para o ao vivo, mas que para a TV é necessário”, explica Marcelo. De acordo com ele, ano passado, o Epah foi responsável pela transmissão de 140 shows, tendo usado o L/R em um ou dois shows, e mais de 90% dos shows foi por multitrack. Ou seja, a U.M. recebia o sinal limpo, da estrutura toda, do mesmo jeito que o monitor e PA recebiam, e remixava tudo. No Festival de Verão de Salvador foram gravadas 36 horas de música, uma média de 9 horas e meia de música por dia.


José Carrato gostou da pressão mas gostaria de mais opções de consoles na house

os técnicos saíram daqui com uma boa referência”, assegura. “Esse ano tentamos colocar o máximo que pudemos em digital, no PA principal fizemos duas formas: digital direto no PA e digital no processador, que seria o analógico entrando na mesa também”, completa José Carlos. Fausto Prochet, técnico de PA do Kid Abelha, já havia usado esse PA

em São Paulo, “Eu gostei muito do PA Valmir Elp idio (à e squerd das duas vezes que a) e Fern ando L ima usei e eu acho que, através do esforço do José Carlos, tem evoluído Behringer X32 para fazer o PA e tem tido resultados melhores. da banda. “A mesa é minha e sempre Então, desde que usei, que era uma a uso na estrada”, comenta. configuração parecida de line ouvi Para Marcelo Sussekind, que já couma evolução e acredito que com a nhecia o sistema da FZ, este é o dedicação do pessoal vai evoluir ainmelhor PA nacional. “Para mim é da mais e pode competir com os o melhor, é bem na frente dos ougringos tranquilamente. Cada um tros. No meu rider, eu tenho FZ. O com sua característica, o FZ com a som dele tem um pouco de Vertec e dele, mas atendendo a todos os artisum pouco de V-Dosc. A clareza do tas. Achei que no Kid Abelha, que é V-Dosc e a pancada do Vertec”, uma missão crítica, pois a voz da compara. José Luiz Carrato, técniPaula exige um cuidado muito granco de PA do Capital Inicial comde, eu achei que ele respondeu bem”, partilha também das boas impresconsidera. Fausto usou uma console sões do sistema. “Eu gostei muito desse sistema. Ele tem uma boa pressão, isso com certeza. Dá para perceber que ele é bem eficiente nesse ponto”, afirma.

MUDANÇA NO FOH

José Carlos e Rodrigo Madeira, da JAS

Marcelo Sussekid, PA Ana Carolina

Com a saída da TV Globo da transmissão do festival (esse ano quem fez a transmissão ao vivo foi o canal a cabo Multishow), a house mix ga-

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Com relação às caixas do sistema para mim está perfeito. O alinhamento, o acoplamento do sistema, ano passado, tivemos o mesmo som e não estava legal. Esse ano está nota 10 (Deny Mercês)

Emerson, Beto neves, Kalunga e Daniel Reis

Unidade Móvel Epah fez a transmissão do festival

nhou uma nova posição em frente ao palco principal “15 Verões”. Segundo os técnicos de PA que por ali passaram, a disposição na região central da arena melhorou bastante a percepção do som, ajudando até mesmo a melhorar a per-

Palco principal e o sistema de line array FZ Áudio

formance no PA, que foi gerenciado por uma Digidesign Venue SC-48, usada como master e que também comandou frontfill, torres de delay e torres laterais. Na house, os técnicos de PA das bandas contaram com duas Venue Mix Rack. “Esse ano foi especial porque a house mix está no centro do palco. Está melhor assim. Isso é uma demanda técnica para quem vai mixar escutar os dois lados, porque a maioria, diria 98% das mixagens, é em estéreo. E se você não escuta o outro lado, você fica um pouco sem a panorâmica da mixagem”, sentencia Rodrigo. Para Deny Mercês, técnico de PA de Claudia Leitte, o posicionamento cen-


Video Mapping foi a opção usada na 15ª edição do festival

tral da house mix em um tipo de festival como o de Verão de Salvador ajuda muito. “Antigamente ficava de um lado só da house e não ouvíamos bem, não sabíamos e era uma aventura muito grande. Isso nesse festival esse ano, pode ter certeza, ajudou muito a gente”, conta. “Com relação às caixas do sistema para mim está perfeito. O alinhamento, o acoplamento do sistema, ano passado, tivemos o mesmo som e não estava legal. Esse ano está nota 10”. avalia.

SISTEMA MULTICABO DIGITAL Em um festival que já é realizado há 15 anos, parece que não há mais novidade a ser apresentada. No entanto, o mundo do áudio está em constante evolução e como prova disso, o advento do multicabo digital em grandes festivais. “Estamos utilizando o multicabo digital, que são cabos de rede que fazem o tráfego dos canais que vem

do palco para as mesas de som tanto do monitor quanto do PA. Isso facilita para quem está operando

os canais e tem que configurar isso apenas com o arquivo. A plugagem fica fixa e os arquivos é que se mo-

Lista de equipamentos Festival de Verão 2013 28 - FZ J15A PA L/R 20 - FZ J15A PA LL/RR 12 - VLA JAS Delay L/R 48 –Subwoof Beyma 08 – VLA2 Front 08 - FZ J08, 02 - FZ J12, 06 – Subs Beyma JAS (Side) 28 - Monitores JAS 2112 - MS 14 - Amp. Powersoft K10 (Subwoof) 16 - Amp. de Mo JS 2001AB/H 04 – Tip 5000H/2R, 04 – Tip 3000AB/ 2R, 04 – Tip 2000AB/2R (Amp. Delay) 04 – Tip 5000H/2R (Sub. Side) 05 – Avid Mix Rack /01- Com Stage Rack Remote Box 01 – Avid Profile 01 – Avid SC48 c/ Stage Rack Remote Box 02 – PM 5D 04 – Lake LM26 01 – XTA 448 01 – Apogee Big Ben 04 – Pré Amek 9098 02 – Intercom Axxent

02 – Avalon VT 737 01 –Lexicon 480L 02 – DsPro DSnake Compact 64R 04 – Dspro DSnake Compact 04 – Dspro DSnake Modular 56 Canais 01 – Multicabo whirlwind 56 Canais Microphones SM 58/SM 57/SM 52 Beta/SM 91/SM 81/SM 56 Beta/SM 57 Beta A/SM 57 Beta/SM 98/SM98Beta/SM 87 Beta/S/F UR/ND 409/BF 604 /MD 241/ND 904/ Rode /D 112/AKG 414 AKG 411/AKG 451B/AKG 535 /AKG 418/AKG 419/S/F AT 4000/AT 5100/AE 3000 ATM450 ND 448 /ND 468 /Audix D2. Qbox. Directs Box’s KT, BSS, WW, COUNTRYMAN Sennheiser SKM 5200 SK 5200 Ears EW300 Ear EK2000

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A cada dia vamos ter que tentar melhorar cada vez mais: melhoria de equipamento, de atendimento ao cliente, aperfeiçoamento de pessoal, a nossa prestação de serviços tem que ter uma qualidade diferenciada, (Valmir Elpidio)

dificam de uma banda para a outra. Do modo antigo, de dois anos atrás, era tudo plugado na mão e o cara anotava tudo no papel. A gente tem ressaltado muito o digital ultimamente, tanto as mesas de som e outros equipamentos que também são digitais, processadores. Quanto menos conversão, de analógico para digital e vice versa, fica melhor. Então fazemos na mesa digital, entra no processador digital e isso garante uma qualidade de som, pois onde tiver menos conversão possível dá para melhorar na sonoridade”, analisa Rodrigo, técnico da JAS. “Basicamente o que estamos fazendo nesse festival é a distribuição de todo o áudio do palco através de rede para todas as mesas e, através de um software de gerenciamento, todas as conexões, todas as ligações são configuradas via software e não há necessidade de ficar

trocando de conexões físicas para fazer os testes”, explica Paulo Dalla Santa, sócio da DSPro. Outra vantagem, segundo Paulo, é que o sistema também permite gravação por uma porta de rede, o que significa que o Festival poderia ser gravado em um computador comum por meio do software da DSPro através de uma placa de rede convencional. Como esse foi o segundo ano usando o sistema de multicabo digital, José Carlos conta que alguns ajustes foram feitos para a edição do Festival desse ano. “A João Américo usou as primeiras versões do multicabo para testar e o Rafael, da DSPro, pedia para dar a nossa opinião. Quando tinham algumas coisas que precisávamos corrigir, eu gravava esse áudio e enviava o trecho gravado. Assim foi evoluindo. Ano passado, quando veio o multicabo, relatamos nossas dificuldades para que o Rafael e o Paulo, da DSPro, pu-

Video mapping e movings para fotografia O palco principal 15 Verões ganhou um ar mais sofisticado nesta edição do festival. O uso da tecnologia de video mapping, ao invés de imensos paineis de LED, e a adoção de moving lights para fazer a fotografia para a TV, foi a aposta das equipes de iluminação do evento. O resultado foi um show à parte com muita luz e imagem, porém na medida e intensidade certas. “Tivemos que segurar um pouco, esse ano, a luz de plateia para poder valorizar o mapping”, explica o lighting desinger Junior Luzbel, proprietário da Luzbel, empresa responsável pela iluminação do festival. “Foi um desafio muito grande, mas aceitei com tranquilidade desenhar a luz daqui em função do cenário dentro dessa nova proposta de mapping. Desenhamos o cenário em forma de triangulo em um projeto que trabalhasse harmonicamente com cenografia”, acrescenta. Ainda segundo Juninho, a ideia foi trabalhar com linha reta, de maneira que se formassem três tipos de triângulos no palco. “A ideia do projeto do mapping é do Giuseppe Mazoni, que é o arquiteto do festival. Ele desenhou o palco. Depois que ele fez todo o projeto do palco, eu passei a desenhar a luz”, conta Junior. Outra novidade foi o uso de quatro movings, inclusive para fazer a fotografia da TV, du-

rante a transmissão do canal a cabo Multishow. “Fizemos toda a fotografia com movings e a novidade foi o moving 5R da Elation, pela primeira vez usado no festival aqui na Bahia. Para iluminar o cenário e fazer a fotografia de chão foram os movings Robe 1200 LED Wash”, enumera. Para fazer todo o gerenciamento da luz, as escolhidas foram as consoles Grand MA. Foram quatro mesas, sendo duas MA Light, uma Ultra Light, além de duas Command Wing. Relação de equipamentos: 24 ROBIN MMX SPOT 800; 24 ROBIN LED 1200; 54 ROBIN LED 100; 12 ROBE WASH 1200; 30 ELATION PLATINUM BEAM 5R; 20 ROBE BEAM 700; 16 ATOMIC 3000; 04 HAZER; 03 FOLLOW SPOT MSR 1200; 02 MA LIGHT 02; 01 MA ULTRA LIGHT 02; 02 MA COMMAND WING; 10 BRUT 06 LAMPADAS 650W. PLATEIA 18 ROBE COLORSPOT 1200 EAT; 180 PAR 64.


Sistema de PA contou com 16 caixas modelo J15 por lado

dessem ver o que podia ser feito para otimizar o sistema”, relata.

PARCERIAS Além das novidades na área técnica, este ano a edição do Festival foi também marcada pela consolidação das parcerias e a estreia da nova direção da JAS, que aconteceu a partir da fusão das empresas Elpidio e João Américo Sonorização. Para Valmir Elpidio, um dos sócios atuais, o desafio agora é manter o padrão buscando melhorar o que já vem dando certo. “A cada dia vamos ter que tentar melhorar cada vez mais: melhoria de equipamento, de atendimento ao cliente, aperfeiçoamento de pessoal, a nossa prestação de serviços tem que ter uma qualidade diferenciada, assim como os equipamentos deverão ser renovados e atualizados a cada ano”, enumera. Valmir, que pela primeira vez trabalha no PA do palco principal, comenta ainda que o suporte da

Quanta, Sennheiser e FZ Áudio tem sido bastante importante. “Para mim está sendo o primeiro ano no palco principal. Ano passado eu fiz os dois outros palcos, ainda pela empresa Elpidio Sonorização,

mas agora estamos juntos, eu, Fernando Lima e João Américo Bezerra à frente da João Américo Sonorização”, comenta. Fernando Lima, sócio da JAS, comenta que o formato do ano passa-

Cenário desenhado em forma de triângulo afim de casar com a cenografia

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FESTIVAL DE VERÃO SALVADOR| CAPA | www.backstage.com.br 48

Iluminação contou com equipamentos Robe e Elation

do foi mantido, inclusive com a utilização do multicabo digital, através da parceria com a DSPro. “Já trafegamos o sinal do PA também digital, só mudamos o desenho do sistema do PA, no palco principal, o 15 Verões”. Fernando também falou sobre a fusão, acrescens e rõ tando que, ao e lco 15 V A do pa P e d a contrário do que se poderia istem pôs o s J15 com pensar, o negócio foi bem pensado. Modelo “Tem a questão da composição acionária da empresa, quando muita gente ficou assustada até porque ela se deu um pouco antes dos grandes eventos, do réveillon, do festival e do carnaval, e a prova de que foi uma coisa pensada e estruturada é a realização do festival, que está transcorrendo dentro do que é esperado, como aconteceu no ano passado e no ano retrasado”, ressalta.

SOM AO VIVO Pelo segundo ano consecutivo, a Quanta, em parceria com a Sennheiser e FZ Áudio, montou um lounge para receber os técnicos e engenheiros de som das bandas que se apresentaram no festival. O espaço também foi o local onde a empresa apresentou aos convidados um novo produto: a divisão Quanta Live.

Focada em atendimento a clientes de som ao vivo, de som instalado em igrejas, casas de shows etc., a ideia é atender com mais personalidade esse mercado. “Estamos atendendo um mercado com as principais marcas de som de equipamentos de áudio profissional de som ao vivo, com Avid, consoles Venue, FZ na parte de PA e Sennheiser para toda a parte de microfonação e in-ears”, explica Nelson Alberti, gerente de marketing da Quanta. A nova divisão surgiu a partir da necessidade, observada pela empresa, do consumidor de som ao vivo ter um tratamento diferencial daquele de estúdio. Segundo Nelson, a forma de se falar, a forma de se prestar o suporte e atender esse cliente é diferente. “Criamos isso tudo para mostrar a importância que damos ao cliente de pró-audio, de som ao vivo, que está usando na ponta, ao vivo, em um show”, completa.

MAIS DOIS PALCOS Além de ser responsável pelo palco principal, a João Américo/Elpidio, também ficou responsável pelos outros dois palcos: Passarela do Ritmo e Estúdio do Som. No palco Estúdio do Som, com capacidade para 2 mil pessoas, foi usado um sistema Vertec VT 4889-1. Já no palco Passarela do Ritmo, que comporta cerca de 12 mil pessoas, a opção foi usar um sistema da Beyma Kw-V12. “O grande barato hoje é a diversidade de sistemas que tem na empresa. Tem FZ, Beyma, VLA da empresa, Vertec”, analisa Valmir.


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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 50 “Vou te contar, Os olhos já não podem ver, Coisas que só o coração pode entender, Fundamental é mesmo o amor, É impossível ser feliz sozinho...”, este trecho da canção Wave descreve bem o escopo do filme A Luz do Tom, de Nelson Pereira dos Santos: um diálogo entre as três mulheres mais importantes da vida de Tom Jobim recordando momentos íntimos, que poucos conhecem, de um maestro que também foi irmão, marido e pai. Captação e mixagem do áudio contaram com um tratamento e um segredo especial.

Luiz Urjais redacao@backstage.com.br Fotos: Dario de Almeida Prado / Ivelise Ferreira / Divulgação

C

ontinuação de A Música Segundo Antonio Carlos Jobim, película que narra a incrível trajetória musical de um dos principais expoentes da música brasileira, o filme em questão, que estreou no dia 8 de fevereiro, se desenvolve sob o olhar de Thereza Jobim, primeira esposa; Ana Lontra Jobim, segunda esposa; e de Helena Jobim, irmã de Tom. Com desenho fotográfico incrível, que incorpora sons da natureza a clássicos do músico, as locações escolhidas para a narrativa remetem o espectador ao ‘Rio de Janeiro de Tom’, aquele de cujo bairro Ipanema era um ‘imenso areal’, com

poucas casas e aparência bucólica e o Jardim Botânico, ‘a extensão do quintal de sua casa’. Logo no início do longa aparecem imagens do acervo disponível no Instituto Antônio Carlos Jobim, como um vídeo raro do encontro entre o pianista e Dorival Caymmi, além de objetos de uso pessoal, como chapéus e instrumentos musicais.

DEPOIMENTOS A primeira a falar é Helena, que lembra de um Tom que, na infância, só dormia ouvindo música e teve uma meninice privilegiada apreciando literatura e boa


tivamente”. Outro momento interessante lembrado por ela é de quando Tom consegue seu primeiro aluno de piano. “O menino chegou lá em casa, com caderninho de música e Tom, em pouco tempo de aula virou-se para ele e disse, ‘vamos descer, tomar um suco?’... O rapaz nunca mais foi às aulas’, diverte-se. Por fim, assume a cena Ana Lontra Jobim, segunda esposa de Tom. Com ela, relatos a respeito de um bom pai e de um homem feliz. Ela fala do momento em que ele conheceu Nero, um botânico/ bruxo que tinha uma ligação forte com a mata - fase em que, para ela, Tom precisava de um contato mais estreito com a natureza.

Nelson Pereira dos Santos e Helena Jobim - Praia

ÁUDIO

Nelson Pereira dos Santos e Ana Lontra Jobim

música. Uma das curiosidades é o relato do acaso que une Noel Rosa a Tom. De acordo com a irmã, o mesmo parteiro que trouxe o maestro, foi quem trouxe Noel ao mundo. Outro momento interessante é sobre seu primeiro contato com o piano. Algo que, segundo ela, sempre que recordava, o emocionava. Helena também fala da relação estreita que ele tinha com a natureza. “Tom sempre dizia que escutava música na mata e quando chegava em casa, escrevia as canções que ouvia. Todos achavam graça disso”, lembra.

Em seguida, assume a história Thereza Jobim, que fala do Tom estudioso, que cursou Arquitetura, mas queria viver da música e casar. Lembra da época em que o maestro tocava em bares, ganhando trocados e a relação de sete anos de namoro, entre idas e vindas, que culminou no casório. Com muito bom humor, Thereza lembra do dia a dia de recém-casados na casa de sua sogra: “Tom estudava escalas o dia inteiro, repetindo muitas vezes. Ele tinha uma oitava complicada. Para desenvolvê-la, ele treinava exaus-

Dividindo a responsabilidade por selecionar a trilha sonora de A Luz do Tom com Nelson Pereira, o diretor musical Paulo Jobim, conta que foram priorizados os períodos da narrativa de acordo com os depoimentos, sem muitos mistérios. “Optamos por quase todo o áudio de Tom em Minas Gerais, piano e voz. Foram necessárias algumas coisas orquestrais, devido às transições de uma mulher para outra, alguns sambas e coisas da Banda Nova, correspondentes à Ana. Foi uma questão de gosto, claro que em alguns momentos fez-se necessária menção a determinada obra, como quando se fala da valsa que ele compôs novinho, ou quando toca ‘Três Apitos, de Noel Rosa, para dar ênfase ao depoimento da ‘’união’ entre ambos. Participando do processo de sonorização do filme, desde a gravação à mixagem, Jorge Saldanha, do estúdio A Casa de Som, ressalta a importância do áudio, como elemento que reforça a mensagem da cena, para o documentário. “Um momento bonito é a hora em que sai da lagoa e entra uma música, logo

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 52

Helena em cena com equipe

Por se tratar de um documentário, devíamos ter em torno de 60 pistas por rolo, onde tínhamos separados os sons dos diretos, as músicas em 5.1 ou stereo, ambientes e efeitos (Ricardo Cutz)

Nelson, Alexandre e Maritza Brejal

Nelson Pereira dos Santos, Maria e Jorge Saldanha

após chegar às montanhas. Ali, começa, ao fundo, a canção. Carta ao Tom, de Vinícius de Moraes e Toquinho, preparando para o depoimento de Thereza menção ao local onde Tom morou grande parte de sua vida”. Dentre as curiosidades deste trabalho, mixado e masterizado no estúdio Mega Barra, no Rio de Janeiro, Jorge destaca a ida, após cerca de um ano, à Florianópolis para gravar as ambientações dos pássaros. Ele explica que no dia da gravação do depoimento de Helena, em que ela menciona o canto do pássaro inhambu, que Tom conseguia reproduzir com facilidade, não havia sequer sons de pássaros no local. “Voltei, quase um ano depois, para registrar o som desta ave em específico”, afirma.

No comando da mixagem, Ricardo Cutz revela que o segredo do trabalho esteve na utilização da mesa Euphonix System 5. “A Euphonix, por se tratar de uma mesa de som de verdade, e não apenas de uma controladora, possui seu próprio equalizador e compressor, os quais foram utilizados no processo. Hoje, a Avid disponibiliza na versão 10 do Pro Tools o ‘channel strip’, plug-in de compressão e equalização feito a partir do algoritmo da System 5. O DAW usado foi o Pro tools”. Ainda de acordo com Ricardo, para a reverberação das vozes e músicas, foram usados os hardwares T.C. Electronics Sytem 6000 - que possui quatro máquinas de reverb stereo - e duas Lexicon 480L e 300L. “Pode-se dizer


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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 54 Nelson Pereira dos Santos com Thereza Jobim

que este filme foi mixado “out-ofthe-box”, através de um workflow onde o som sai do Pro Tools, passa pela mesa e é gravado em 5.1, num outro Pro Tools. Ou seja, o Pro Tools funciona apenas como um player e um recorder”, explica. “Usamos dois Pro Tools, um para tocar o áudio, alimentando a mesa, e outro como gravador, recebendo

o sinal. Por se tratar de um documentário, devíamos ter em torno de 60 pistas por rolo, onde tínhamos separados os sons dos diretos, as músicas em 5.1 ou stereo, ambientes e efeitos. No ‘Pro Tools gravador’, tinha um 5.1 da mix final e os ‘stems’, que é a mix final gravada separadamente em elementos de diálogos, música e efeitos”.

Sete de filmagem: Nelson Pereira dos Santos e Paulo Jobim

É sabido que todo filme, em sua mixagem, passa por várias etapas, as pré-mixes. Para atender a este processo, em A Luz do Tom, Ricardo expõe que, como de costume, havia uma pré-mix de diretos, tanto do som das entrevistas, como das músicas tocadas ao longo do documentário. “Em filmes de ficção, costumamos ter também uma prémix de foley, de ambientes, efeitos... No caso do som direto, geralmente, há uma espécie de restauração, onde ‘normalizamos’ seu volume, passando por ‘denoisers’, diminuindo ruídos de fundo - como sons de trânsito, vento, ar condicionado, ou outras ‘imperfeições’. No caso de A Luz do Tom, como todas as músicas eram fonogramas stereos originados dos discos lançados pelo maestro, usamos o algoritmo “UNWRAP” da TC. System 6000 para fazer um “UPMIX” de stereo para 5.1. Neste filme, não tivemos muito material de arquivo que necessitasse de um tratamento mais específico”.

MERCADO Atuando nas ambientações das cenas e na edição de áudio, ou seja, no tratamento do som gravado, Jorge conclui que com o advento do digital, abriu-se um leque de possibilidades que, além de baratear os custos, fez a cabeça das pessoas do ramo evoluir, entendendo a importância do som, de forma subliminar, para adicionar qualidade ao produto final. “Infelizmente, o som só é percebido quando está ruim. Um profissional que atua no cinema deve se atentar ao bom senso e bom gosto. É necessário conhecimento do que se está fazendo, prática no ramo, estudos constantes, pois tudo muda o tempo todo... Costumo dizer que hoje se trabalha o som de forma tridimensional: com o que está na tela de cinema - como se fosse um quadro - e tudo ao seu redor. É traduzir sonoramente a cena”.


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CAR

Após o primeiro carnaval com a nova arquibancada em 2012, a Gabisom faz pequenos ajustes na sonorização com o uso do sistema VTX Miguel Sá redacao@backstage.com.br Revisão técnica: José Anselmo “Paulista” Fotos: Divulgação

M

ais um carnaval se passou. A campeã foi a Vila Isabel, escola do sambista Martinho da Vila. A cada ano que passa, se aperfeiçoa mais a sonorização deste espetáculo com uma característica muito particular: ele anda por uma avenida com 550 metros de extensão. Durante o percurso, nada pode falhar no som, sob pena de atrapalhar o desenvolvimento das baterias das escolas de samba, que são o coração de todo o espetáculo. São cerca de 50 pessoas trabalhando apenas no áudio entre técnicos de som nos contêineres, nos três caminhões de som e os auxiliares que fazem a troca de cabos e ajudam na progressão do desfile de várias formas. O ano de 2013 foi de ajustes em relação ao ano

passado, quando foram construídas as novas arquibancadas. Nesta edição do carnaval carioca, foi usado o sistema VTX, da JBL. Antes de chegar nelas, o sinal de áudio que ia da bateria para os microfones da Globo era “esplitado” para a unidade móvel da emissora e para a mesa de som dos caminhões. De lá, o sinal ia para a mesa master em um contêiner no setor 9. Como no ano passado, a recepção do sinal da avenida foi feita em uma Digico operada por Marcos Possato, a mixagem foi feita por Éder Moura na Venue Profile e a distribuição do sinal nas caixas da Marquês de Sapucaí foi operada por Valtinho em uma Yamaha PM1D. Durante as três trocas dos cabos de fibra


2013 NAVAL ANO DE AJUSTES Peter Racy e Waltinho. Acima, as caixas já posicionadas na Sapucaí

ótica que acontece nos caminhões de som, no decorrer da avenida, o técnico da mesa que recebe o sinal verifica se tudo está chegando corretamente no cabo recém-conectado e dá o ok para a retirada do cabo do estágio anterior da avenida. O sinal é então enviado para a mesa de mixagem que, por sua vez, manda grupos com bateria, harmonia e voz separados para a mesa que faz o delay e distribui o sinal pela avenida.

ram uma configuração bastante parecida, com uma variação no número de caixas nos da esquerda e nos da direita devido a diferenças na construção dos camarotes e frisas: do lado esquerdo, cada torre tinha uma VTX V-25 para a pista,

uma Norton LS-4 para as frisas e uma GS-2 para camarotes e arquibancadas. No lado direito, foram colocadas uma VTX V-25 para a pista, duas Norton LS-4 para frisas e camarotes e uma Vertec 4889 para as arquibancadas.

Marcos Possato

Eder Moura

SONORIZAÇÃO A Gabisom usou um total de 284 caixas. Ao longo da Marquês de Sapucaí, 30 das torres de som tive-

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PM1D fez a distribuição do sinal nas caixas na Marquês de Sapucaí

O setor 1, que é a entrada das escolas de samba na avenida, foi sonorizado com duas Vertec 4889 em cada uma das seis torres do setor. Na arquibancada da Praça da Apoteose, havia 10 torres, cada uma com duas KF-850, da EAW. “As KFs foram usadas também em ambos os recuos de baterias, sendo um total de quatro torres com seis caixas em cada; e na avenida Presidente Vargas

Conteiner no setor 9 recebia sinal do áudio

Caixas Norton também foram usadas para as frisas

(concentração das escolas antes de entrar na Marquês de Sapucaí), havia mais oito torres com duas KF-850 em cada”, detalha Peter Racy.

O DELAY Esta é uma parte essencial na sonorização da Marquês de Sapucaí. Os parâmetros de delay mudam na medida em que a bateria da escola de samba avança. O volume de cada caixa abaixa na medida em que a bateria e o caminhão chegam mais perto dela. As mudanças de delay e volume são feitas de acordo com o avanço do caminhão de som, onde há um controle que é como se fosse um GPS. A partir dos dados de localização, a cada cinco metros são feitas as mudanças nos parâmetros de cada torre. São 112 mudanças da primeira à última torre nos 550 metros de avenida. A Yamaha PM1D tem 48 auxiliares que permitem mudanças no delay ao longo de toda a Marquês de Sapucaí. Outras mesas dão 100 metros, no máximo. A única mudança em relação ao ano passado, feita por sugestão da Liga Independente das Escolas de Samba (LIESA), foi a diminuição do som nas torres que ficavam imediatamente à frente da bateria. Elas estavam sendo ouvidas com um delay em relação ao som acústico pelos componentes.


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TECNOLOGIA |SINTETIZADOR| www.backstage.com.br 60

Iniciado um novo ano, chega a hora dos profissionais e amantes do mundo da música voltarem as suas atenções para as terras do “Tio Sam” para conferir os principais lançamentos das indústrias do áudio e de equipamentos musicais, apresentados na maior feira do segmento realizada nas Américas, a NAMM (National Association of Music Merchants, ou, Associação Nacional dos Comerciantes de Música) que, em sua edição de inverno, foi realizada neste ano entre os dias 24 e 27 de janeiro em Anaheim, na Califórnia.

M

uitos dos tradicionais fabricantes de teclados levaram seus lançamentos (e produtos recém-lançados) para o evento, como foi o caso da Casio (Privia PX-5S), da Korg (KingKorg; SP 280) e da Kurzweil (SP 5-8; SPS 4-8; PC 3K). No entanto, alguns visitantes saíram um pouco decepcionados, pois acreditavam que a poderosa Yamaha, comemorando neste ano o seu 125º aniversário de fundação, deixaria o mercado repleto de novidades nesta categoria de produtos, fato este que não se consumou (certamente o fabricante o fará em um grandioso evento, no decorrer do presente ano). Outro fabricante que sempre se faz presente na Feira é a gigante japonesa Roland, que neste ano apresentou, entre os seus lançamentos, dois teclados

voltados ao conceito de portabilidade. O primeiro (RD-64) vem para ser o novato da linha de stage pianos da empresa (juntando-se aos modelos RD-700NX e RD-300NX) e traz timbres de pianos acústicos e elétricos baseados na tecnologia proprietária Roland SuperNATURAL aliados ao avançado mecanismo de teclas “Ivory Feel-G”, o qual proporciona sensibilidade de toque, textura e aparência similares aos melhores pianos de concerto, em um teclado com 64 teclas (algo muito pouco comum de encontramos no mercado). Já o segundo produto vem para ser a solução “tudo em um” para os tecladistas que atuam nos palcos, em uma embalagem portátil e leve dotada de recursos e poder sonoro capaz de aten-


Roland VR-09 QUALIDADE SONORA QUALIDADE SONORA “embalada para viagem” Luciano Freitas é técnico de áudio da Pro Studio americana com formação em ‘full mastering’ e piano erudito

der as necessidades dos músicos mais exigentes do mercado.

ROLAND VR-09 Com um gerador de sons baseado em três intuitivos blocos sonoros (Piano; Organ; Synth), os quais

totalizam 223 timbres (com 128 notas de polifonia), o VR-09 apresenta-se como uma versão light do VR700 com 61 teclas (com opção de alimentação A/C ou por pilhas), porém não menos poderoso, permitindo o rápido acesso aos timbres que os

tecladistas comumente utilizam em suas performances (os chamados “timbres essenciais”) por meio de um painel frontal com visual “limpo”, direto e descomplicado. No bloco “Organ”, o usuário encontrará três diferentes modelos

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TECNOLOGIA |SINTETIZADOR| www.backstage.com.br 62

Já na seção de “Piano”, o usuário encontrará timbres de pianos acústicos multisampleados derivados da linha Fantom e de pianos elétricos e clavinetes

Roland VR-09 - Organ Editor no iPad

de instrumento (Jazz, Rock, e o estreante Transistor), todos baseados na tecnologia proprietária SuperNATURAL, a mesma existente em outros equipamentos top de linha da Roland, como as

” Roland VR-09 - Synth Editor no iPad

workstation Jupiter 50 e 80 e o módulo de timbres Integra 7. O autêntico controle em tempo real proporcionado pelas suas dez barras deslizantes (drawbars) soma-se aos simuladores de alto-


falantes rotativos (destaque para o algoritmo ‘Twin Reverb’) e de amplificadores valvulados para reproduzirem as características presentes nos mais famosos órgãos vintages da história com realismo surpreendente. Como não poderia deixar de ser, o fabricante equipou o produto com um mecanismo de teclas com resposta extremaRoland VR-09 - Edição com iPad mente rápida, item esmúsica eletrônica contemporânea. sencial para perfeita execução de Nesta categoria, cada timbre pertécnicas como glissandos, trinados mite reproduzir o som de três parcie stacattos percussivos. Como neste ais, cada qual com um oscilador, um modo o equipamento opera com conjunto de filtros e uma seção de três partes multitimbrais (duas paramplificador, sendo a edição em tes multitimbrais nos outros dois tempo real destes (filtros e amplifiblocos anteriormente citados), o cador) possível por meio das barras usuário poderá conectar o VR-09 de edição do modo “Organ” (utilium teclado controlador para um zando cinco das dez drawbars disposetup com dois manuais (superior e níveis). Ainda encontra-se presente inferior) e ainda expandir este setup no equipamento o controlador Dcom uma pedaleira, por meio da Beam (sensor de luz), capaz de adiciporta PK IN existente no painel onar expressividade e um “charme” traseiro do equipamento (compatítodo especial a qualquer performance vel com os modelos PK-6 e PK-9). com esses timbres. Já na seção de “Piano”, o usuário Todo esse poder sonoro não estaria encontrará timbres de pianos acúscompleto sem um poderoso procesticos multi-sampleados derivados sador de efeitos. E é isso mesmo que da linha Fantom e de pianos elétrio VR-09 oferece, permitindo ao cos e clavinetes que resgatam os usuário trabalhar com até sete clássicos que marcaram as décadas processadores de efeitos simulta1960, 1970 e 1980. Graças ao ótimo neamente. Com algoritmos dediprocessador de efeitos presente no cados de Reverbs (seis tipos) e de equipamento, esses timbres de piaDelays (seis tipos) que oferecem nos elétricos apresentam-se com qualidade de estúdio, ainda são enqualidade sonora equivalente aos contrados no equipamento botões encontrados em muitos stage pianos giratórios pelos quais se torna posdedicados, disponíveis atualmente sível controlar facilmente a intenno mercado por preços muito supesidade dos efeitos de Overdrive, riores aos do VR-09. Tone, Compressor, Rotary e dos Completando o seu motor sonoro, Multi-efeitos (MFX). encontramos o bloco “Synth”, no Outra ferramenta cada vez mais qual o usuário poderá encontrar comum nos novos equipamentos sons de lendários sintetizadores da Roland é o reprodutor de arquivintages (analógicos, híbridos e divos de áudio armazenados em unigitais), além de construir novas dades flash externas (por exemplo, texturas musicais presentes na

em um pendrive). O VR-09 é capaz de reproduzir arquivos de áudio WAV, AIFF e MP3, além dos tradicionais arquivos MIDI (formatos O e 1, compatibilidade com os padrões GM 2, GS e XG Lite), permitindo ainda ao usuário gravar suas execuções no formato WAV (44.1kHz/16 Bits) na unidade flash e na memória interna do equipamento, neste caso, utilizando a função Looper Section (apenas vinte segundos de gravação e reprodução em loop). Caso o usuário precise gerar rapidamente partes rítmicas para as suas composições, o equipamento também conta com 52 padrões rítmicos pré-programados, que vão do funk ao rock, do jazz aos estilos musicais latinos. Seguindo a tendência do mercado, a Roland está disponibilizando gratuitamente aos usuários do VR09 um editor de timbres em formato de App para ser utilizado com o tablet iPad, elevando a edição dos timbres de órgãos e synths a outro patamar. A comunicação entre os dois dispositivos pode se dar por meio do kit de conexão de câmera da Apple (iPad Camera Connection Kit) ou pelo sistema de conexão sem fio (WNA 1100-RL) desenvolvido pela Roland.

Para saber mais luciuspro@ig.com.br

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CUBASE7 Olá amigos, Na edição passada falamos do processamento offline como forma de atuar de uma maneira eficiente na mixagem com a utilização de plug-ins em cada clip de áudio separadamente. Esta ferramenta é poderosa e deve ser usada no procedimento de mixagem em todas as versões do Cubase.

MIXANDO NO CUBASE 7 Marcello Dalla é engenheiro, produtor mu-

PARTE 1

sical e instrutor

VINTAGE COMPRESSOR E TUBE COMPRESSOR

N

este artigo, seguiremos com plug-ins específicos do Cubase 7 para mixagem onde podemos utilizar as técnicas

aprendidas. Os novos plug-ins foram elaborados justamente para dar ao Cubase 7 maior potencial no que diz respeito à


mixagem. Vamos conhecê-los em detalhes e vou agregando às descrições de cada um, minhas considerações pessoais sobre o uso e resultados sonoros após alguns meses de trabalho com o Cubase 7. Vintage Compressor (Figura 1) - Baseado em tecnologia de convolução para simulação de compressores analógicos, este compressor tem a assinatura sonora dos de estado sólido. Excelente para transientes rápidos, ele tem a opção de ataque automático no botão “punch” onde o áudio que está sendo processado é analisado em suas porções de ataque ponto a ponto do sinal, antecipadamente. Com esta função ativada, o Vintage Compressor analisa o transiente de entrada e deixa passar o conteúdo interessante para preservar este transiente atuando somente no restante do sinal. Da mesma forma, o botão “auto” para ajuste automático de release favorece a performance precisa do compressor, evitando que ele interfira comprimindo diferentemente ataques sequentes e denunciando sua presença. Algumas aplicações em que já utilizei: 1)Comprimindo caixa para preservar transientes de ataque e encorpar o restante do som da peça. Ótimo resultado. Transparência mesmo em taxas de compressão mais elevadas. Com as funções “punch” e “auto” ativadas ele se mostra eficiente mesmo que existam ataques em intervalos rápidos variáveis. Mas sempre vale a pena alterar a regulagem dos tempos e observar o resultado musical. 2)No bumbo. Pelos mesmos motivos acima e principalmente por trazer um pouco mais de peso sem “borrar” o grave. Pode ser antecedido por um equalizador puxando a ponta para melhor definição, principalmente no casamento com o baixo. 3)Em Voz. Para vocais pop/rock funciona bem. Preserva os ataques de palavras e sílabas consonantais. Em 4:1 de taxa não rouba o brilho e o ar dos vocais, neste caso a regulagem do input também oferece boas opções de sonoridade. 4)Guitarra solo. Muito interessante acoplado posteriormente ao VST Amp Rack. Muitas possibilidades de fazer o solo cortar bem a mixagem. Os demais comandos são como os analógicos: Input – Ganho do sinal de entrada; Output – Ganho do sinal de saída ou ganho de compensação; Attack, Release – Tempos de atuação e de saída do compressor no sinal, respectivamente; Ratio – Taxa de compressão em ajustes fixos 2,4,8 e 20:1. O VU Meter mostra a redução de ganho pela atuação do compressor enquanto o In/Out Meter mostra os níveis e picos de sinal em entrada e saída lado a lado, facilitando o ajuste do ganho de compensação.

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pendendo do sinal de entrada. A sonoridade também varia. Limit – Incrementa a taxa de compressão a um nível de limitação. Não é um limiter de picos rápidos e constantes. A função de limitação dele é mais destinada a uma segurança de um eventual transiente. Output – Ajusta o ganho de saída do compressor, ou ganho de compensação. Attack – Determina a velocidade de atuação do compressor. Seguindo a modelagem dos analógicos, não é um compressor rápido mesmo em tempos de ataque pequenos. Release – É o tempo que o compressor leva para retornar ao ganho original. Se a tecla “auto” é selecionada, o Tube Compressor automaticamente encontra o tempo de release que varia dependendo da análise do sinal. É a tecnologia Steinberg conhecida como “Look Ahead” (olhar à frente), em que o sinal de entrada é analisado antes de ser processado. Aparentemente parece ser o ideal, mas não é bem assim. O ouvido é nosso melhor juiz. Fazer o ajuste manual pode ser

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Tube Compressor (Figura 2) – Excelente simulador de compressores valvulados. Também baseado em modelagem por convolução. O calor e a suavidade da compressão analógica valvulada estão presentes na sua assinatura sonora. Possui várias regulagens e opções para uso como filtro em Side Chain. Vamos conhecer sua implementação: Drive – Controla a saturação da válvula; Input – Determina a quantidade de compressão. Quanto maior o ganho de

O ajuste interno do Side Chain é muito útil para modelar o funcionamento do compressor. Essa é uma grande aplicação do Tube Compressor entrada, mais compressão é aplicada. Funciona como compressores analógicos em que a compressão natural da válvula é usada em diferentes níveis de-


muito mais musical que simplesmente deixar em “Auto”, tudo vai depender do resultado sonoro. Vale a pena experimentar. Mix – Ajusta a mixagem entre o sinal processado pelo compressor e o sinal original. Além de também preservar transientes, permite a gradação de sonoridade do canal original e do canal com saturação de válvula. Os resultado são bem interessantes. Medidores In/Out – Assinalam valores de pico para os sinais de entrada e saída do plug-in. Permitem o equilíbrio ganho de entrada/ganho de compensação. Medidor VU – Mostra a redução de ganho pela atuação do compressor. Botão Side Chain – Ativa e desativa o filtro Side Chain. O sinal de entrada pode ser ajustado para determinar os parâmetros do filtro. O ajuste interno do Side Chain é muito útil para modelar o funcionamento do compressor. Essa é uma grande aplicação do Tube Compressor. Sessão de filtros – Quando o botão Side Chain está ativo é possível selecionar o tipo de filtro para a função Side Chain do Tube Compressor: LP (passa baixa), BP (Passa banda), HP (Passa alta). Center (Side Chain ativo) – Determina a frequência central do filtro. Q-Factor (Side Chain ativo) – Determina a resolução do filtro. Monitor (Side Chain ativo) – Permite monitorar o sinal filtrado. Com esta implementação é possível utilizar o Tube Compressor como um de-esser eficiente. Atua muito bem como filtro de graves nas técnicas de casamento de baixo e bumbo em Side Chain. Nas situações de abertura de região de frequências, atua para que a voz ganhe destaque dentre os instrumentos da sessão harmônica, por exemplo. Algumas aplicações em que já utilizei o Tube Compressor: 1) Compressão de voz solo ganhando suave sonoridade valvulada. Gostei do resultado, mas sempre sem

abusar de drive e de sinal de input. Em taxas de compressão mais elevadas, ele colore em excesso. Nestes casos o Vintage Compressor é mais transparente. 2) Compressão de canais overhead de bateria para dar unidade no som preservando transientes. Boa liga na sonoridade do instrumento. 3) Casamento de bumbo e baixo com Side Chain. Oferece boa sonoridade resultante. 4) Trabalhando em conjunto com o Maximizer é perfeito. O Tube acrescenta a saturação suave e o Maximizer acomoda dinamicamente. Pode até ser usado nesta configuração no bus stereo, mas com cautela. Mesmo desenhado para canais discretos, o Tube Compressor pode ser interessante com sinais mais complexos, mas sempre com audição cuidadosa dos resultados. 5) Como de-esser em canais com sobras de agudos. O que vimos aqui é só o começo. Vou seguir com os plug-ins específicos e as novas implementações de mixagem do Cubase 7 detalhadamente ao longo das próximas edições. Temos mais coisas novas, muito interessantes que podem contribuir muito para nossas mixagens. Fiquem ligados. Abraço!

Para saber online

dalla@ateliedosom.com.br www.ateliedosom.com.br Facebook: ateliedosom Twitter:@ateliedosom

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TECNOLOGIA| LOGIC | www.backstage.com.br 68

Atualmente temos várias opções para guardar uma cópia de segurança, também conhecida como backup, dos principais projetos. Com certeza é mais tranquilo ter uma cópia do que imaginar que seu disco rígido ou outra mídia vão durar para sempre. O Logic Pro apresenta algumas funcionalidades, desde o momento de salvar o arquivo, que podem facilitar na manutenção de um backup consistente com o projeto. Essas funcionalidades também tornam a troca de arquivo mais fáceis entre colaboradores.

GERENCIANDO SEUS PROJETOS CRIADOS NO LOGIC PRO Vera Medina é produtora, cantora, compositora e professora de canto e produção de áudio

N

a hora de salvar um projeto, temos várias escolhas no Logic Pro. Vamos ver como funciona passo a passo. Assim que iniciamos um projeto, ao acionar Command + S pela primeira vez ou escolher no menu File > Save, vamos ter uma série de opções começando pelo nome escolhido do arquivo. Cada um adota sua melhor prática. Eu costumo nomear os arquivos de acordo com a seguinte lógica: Ano_número sequencial do projeto_iniciais do produtor_BPM_nome da música. Assim, no meu caso, teremos o primeiro projeto do ano 2013 com o seguinte nome: 2013_001_VM_120_minha música. Desta forma, fica mais fácil identificar um determinado projeto na pasta de projetos. Além disso, costumo utilizar as etiquetas coloridas que temos no Mac. Basta ir sobre o nome do arquivo na pasta e clicar com o botão direito do mouse e ir até o menu Label. Aí temos as opções de nenhuma cor, representada pelo x, até a cor verde. Para mim, o verde é um projeto finalizado e as de-

mais cores vão representando estágios da produção do projeto. Fica assim mais fácil de trabalhar com prioridades e ter noção do que está finalizado. Algumas pessoas separam pastas para projetos finalizados, em andamento, sem definição, mas isso para mim não funcionou muito bem. Prefiro ter essa visão clara (e colorida) do andamento dos projetos.

Figura 01


tar os devidos arquivos. Todas as demais opções são opcionais. No meu caso, geralmente só deixo desmarcada a opção de Space Designer Impulses e movie files, quando não estou trabalhando com estes dados em meu projeto. Outro fator importante a se notar, também na figura 1, é que, ao escolher as opções de armazenamento dos dados, são criadas pastas respectivas na pasta principal do projeto, tornando fácil também a busca e reutilização de alguns dados em outro projeto ao importá-lo ou abrir o projeto em outro computador com a mesma versão do Logic Pro. Outra dica é que eu trabalho geralmente com

Voltando agora ao menu que se abre ao acionar File > Save, depois de nomear o arquivo, observamos na parte inferior da tela uma série de opções (vide figura 1): • Include Assets (incluir ativos) • Advanced Options (Opções avançadas) - Copy external audio files to project folder (copiar arquivos externos de áudio para a pasta do projeto) - Copy EXS instruments to project folder (copiar instrumentos EXS para a pasta do projeto) - Copy EXS samples to project folder (copiar samples do EXS para a pasta do projeto) - Copy Ultrabeat samples to project folder (copiar os samples do Ultrabeat para a pasta do projeto)

Outra dica é que eu trabalho geralmente com duas versões do projeto. Na primeira, geralmente utilizo tanto arquivos de áudio e gravações

- Copy Space Designer Impulse responses to project folder (copiar os arquivos de responses do Space Designer Impulste para a pasta do projeto) - Copy movie files to project folder (copiar os arquivos de vídeo para a pasta do projeto) Obrigatoriamente, você deve manter as opções mínimas escolhidas Include Assets (incluir ativos) e, em seguida, Copy external audio files to project folder (copiar arquivos de áudio externos para a pasta do projeto). Às vezes importamos ou arrastamos algum arquivo de áudio para o projeto e esquecemos que ele não estava contido na pasta do projeto. Estas opções vão garantir que seu projeto fique consistente ao abrir, sem fal-

duas versões do projeto. Na primeira, geralmente utilizo tanto arquivos de áudio e gravações, como também arquivos MIDI. Aplico os efeitos mínimos necessários e ao terminar este projeto tenho uma versão mixada básica. Esse arquivo já serve para apresentar o projeto com uma sonoridade razoável antes de prosseguir. Como a arte da masterização é muito mais complexa do que a maioria imagina, geralmente preparo outro projeto, agora transformando todas as tracks em áudio e aí trabalho uma pré-master, algo a ser apresentado para um cliente ou como demo. É importante pensar em estágios da produção e não ten-

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TECNOLOGIA| LOGIC | www.backstage.com.br 70

Masterização é uma etapa muito sutil e complexa e atualmente temos muitas opções até mesmo virtuais, onde você envia seu arquivo e uma referência e por um valor interessante pode ter seu arquivo devidamente masterizado

Figura 02

tar misturar tudo num mesmo projeto. Masterização é uma etapa muito sutil e complexa e atualmente temos muitas opções até mesmo virtuais, onde você envia seu arquivo e uma referência e por um valor interessante pode ter seu arquivo devidamente masterizado. Mas isso é outro assunto, para uma outra ocasião. Uma terceira versão para projetos realmente importantes que você queira garantir acesso no futuro pode ser feita renderizando o áudio sem efeitos (bypass) em formato Wave. Já falamos sobre como fazer isto em outras oportunidades. Antes de finalizar totalmente o projeto, outra funcionalidade que pode ser aplicada é abrir o menu Media do lado direito superior e a pasta Bin (vide figura 2). Aí temos duas opções, ir até o menu Edit > Select Unused ou clicar com o mouse direito sobre os arquivos na pas-

ta Bin que também abrirá um menu popup com esta opção Select Unused. Ao clicar nesta opção, todos os arquivos que não estão mais sendo utilizados no projeto ficam destacados e você pode proceder com Edit > Delete e seu projeto ficará menor (na maioria dos casos, utilizamos muitos arquivos intermediários no processo de produção e fica muito lixo acumulado no projeto). Agora que temos uma pasta com o projeto todo copiado, você pode ou não comprimi-los com programas Zip, Rar etc. para ocupar um menor espaço e garantir que os arquivos estejam todos ali, sem perda. Temos então algumas opções de armazenamento. Você pode manter o arquivo no seu computador destinado à produção e fazer um backup incremental em um outro disco rígido a cada projeto finalizado. Lembrando que, para os usuários de Mac, temos o Time Machine que até então nunca deu problema para mim. Outras opções que se tornam cada vez mais populares, uma vez que o valor do espaço em cloud (nuvem) está cada vez mais atrativo devido à concorrência, é adquirir um plano no www.gobbler.com (destinado a usuário pro audio, provendo backup, FTP para compartilhamento e integração com o Sound Cloud) ou outros serviços, tais como o Drop Box. Procure um serviço confiável para garantir que seus arquivos estejam sempre acessíveis.

Para saber online

vera.medina@uol.com.br www.veramedina.com.br


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SIBELIUS| www.backstage.com.br

7 NO SIBELIUS ESCRITA DE ACORDES Cristiano Moura é produtor, engenheiro de som e ministra cur-

sos de Sibelius na ProClass-RJ

Escrever notas sobrepostas no Sibelius utilizando o mouse é muito simples, pois basta clicar onde quiser para que notas sejam criadas. Porém, nem sempre "simples" significa "eficiente". Na prática, este método é bastante lento e um bocado desengonçado, pois é comum clicar na posição errada. Neste artigo, vamos ver outras opções de escrita e edição de acordes.

P

ENSANDO EM INTERVALOS

Após escrever a primeira nota, é possível escrever as próximas pensando em intervalos, que além de mais musical, também é incrivelmente intuitivo sem erros. Basta pressionar o número do intervalo no teclado convencional. Por exemplo, vamos criar uma tríade básica: crie a nota DÓ e pressione o número 3. O Sibelius entende que é para escrever a nota MI, uma terça acima (fig. 1). Na hora de escrever a quinta (SOL) é que precisamos ter um pouco mais de atenção. Ao pressionar o número 5, a nota criada será a nota SI, que é a quinta do MI e não a nota SOL como gostaríamos (fig.2). Vamos entender o porquê disso: repare na figura 1 que quando a nota MI é criada, ela recebe a cor azul. É isto que indica que ela está selecionada, e por isso o Sibelius entende que o intervalo de quinta é baseado nela.

Ou seja, o correto é sempre pensar no intervalo levando-se em consideração a nota selecionada. Para nosso exemplo, para criar a nota SOL (quinta do DÓ), basta pressionar novamente o número 3 com a nota MI selecionada (fig.3). Para escrever intervalos abaixo na nota selecionada, basta pressionar o botão SHIFT junto com o número do intervalo. Por exemplo, a combinação SHIFT + 3 cria uma nova nota uma terça abaixo.

PENSANDO NOS NOMES DAS NOTAS Se a ideia de pensar por intervalos não caiu bem, o Sibelius apresenta a segunda solução: pensar pelos nomes das notas. Então basicamente você pensa: "eu quero um DÓ, um MI e um SOL" e pronto. Vamos entender como fazer: Escreva a primeira nota (DÓ) da maneira que

Fig. 1 - intervalo de terça


preferir. Para acrescentar o MI, pressione o SHIFT + E, que é a letra que corresponde à nota MI na cifragem. Para acres-

Fig. 2 - acorde montado errado

centar o SOL vamos fazer a mesma coisa. SHIFT + G. Este método é interessante, mas não é possível escrever notas abaixo. Apenas notas acima da nota selecionada.

acordes por lá. Mais do que isso, é possível inserir cifras. O processo é bem similar. EsFig. 4 colha a duração do acorde no Keycontrolador MIDI pad e pressione todas as notas do seu controlador MIDI de uma única vez, e não se esqueça de incluir os acidentes, pois não precisar especificar no Keypad os acidentes é uma das grandes vantagens deste método. Abraços e até a próxima!

Para saber online

Fig. 3 - acorde correto

UTILIZANDO UM CONTROLADOR MIDI Não há muito o que dizer: se você tem um controlador MIDI (fig. 4) à disposição, vale muito a pena se acostumar a inserir

cmoura@proclass.com.br | http://cristianomoura.com

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PRODUÇÃO MUSICAL| www.backstage.com.br 74

MULTI-MICROFONAÇÃO Continuando o artigo anterior, vamos analisar mais possibilidades de multimicrofonação para a guitarra com microfones adicionais, independente de quantos microfones tenham sido utilizados na captação principal.

PARA GUITARRAS O Tamanho do seu Estúdio PARTE 11 Ricardo Mendes é produtor, professor e autor de ‘Guitarra: harmonia, técnica e improvisação’

A

TRÁS DA CAIXA

Uma dica: quando queremos mais grave no som da guitarra, o que é desejável especialmente em guitarras de 7 cordas ou então em afinações “drop-tune”, a dica é colocar um microfone atrás da caixa do amplificador. É importante levarmos em consideração que existem basicamente dois tipos de caixas de guitarra: as de fundo aberto, normalmente encontradas nos combos (amplificador e caixa na mesma peça) e as de fundo fechado, normalmente separadas do cabeçote. As caixas fechadas costumam ter mais resposta de graves do que as abertas, especialmente as de quatro alto-falantes.

Já as abertas, usualmente têm um ou dois alto-falantes. Isso pode alterar a melhor posição para o microfone em cada um dos casos. Na caixa fechada, você pode deixar o microfone mais perto, pois a parede traseira da caixa irá naturalmente atenuar drasticamente as frequências agudas. Já para a caixa aberta, você pode afastar o microfone um pouco mais, ou então usar algo como um cobertor, livros ou madeira para tampar o fundo da caixa. Mas muito cuidado, porque isso também irá dificultar a ventilação do amplificador (por isso os combos têm a parte de trás aberta) e você corre o risco de superaquecer o amplifi-


cador, especialmente os valvulados.O microfone a ser utilizado deve ser um de cápsula grande, assim como para qualquer som grave. Os condensadores que eu utilizo são o Neumman U-87 ou o Audio Technica AT 4047 (que é um “cover” do U-47). Mas o fato é que você poderia utilizar qualquer condensador de cápsula grande. Outra boa opção é um dinâmico de cápsula grande também. O meu preferido para esta tarefa é o AKG D-112, mas outros como o Electro-Voice RE-20, Shure Beta 52 e Sennheiser MD-421 farão o trabalho tão bem quanto.

DISTANTE Mr. Jimmy Page sempre se valeu deste recurso. Você pode ouvir perfeitamente em faixas como a guitarra dedilhada ao fim de Over the Hills and Far Away. É também um dos meus recursos preferidos. De volta aos anos 60, quando computadores tomavam um andar inteiro de um prédio e demoravam horas para realizar cálculos que são feitos em segundos por qualquer laptop atual, nem se sonharia com a existência do que chamamos de plug-

ins hoje. Havia poucas unidades de reverbs de mola (spring reverbs) nos estúdios, que provavelmente estariam sendo utilizadas em outros tracks, como a voz, por exemplo. Ao colocar um microfone bem longe do amplificador da guitarra, conseguia-se um som “distante”, por mais óbvia que esta definição possa ser. Era justamente essa distância que jogava um papel interessante na construção do timbre. Ele pode ser adicionado e dosado junto aos microfones próximos da caixa para ser utilizado como ambiência para aquela guitarra. Caso seja utilizado apenas este microfone distante na mixagem, o efeito é um som mais “etéreo” ou mais psicodélico, mesmo que nenhum efeito esteja sendo utilizado. Se você tiver uma estante tipo girafa, experimente colocar o microfone bem próximo do teto. As reflexões que habitam por ali raramente são escutadas por nós. Se você tiver uma sala grande, ótimo. Experimente em várias distâncias diferentes e escolha o que mais gostar ou achar que melhor se encaixa na música. Muitos de nós não temos uma sala grande, mas existem algumas alternativas: deixe a porta do estúdio aberta, mesmo que o estúdio seja o seu quarto, e experimente colocar o microfone no corredor, ou até mesmo em outro cômodo. Ou então em uma parte da casa, como escadas, que costumam gerar bastante reverberação. No entanto, lembre-se de que, como o microfone não está posicionado próximo à fonte de som, ele estará sujeito a bastante interferência sonora de outros ruídos que existam no ambiente. Para se conseguir um resultado satisfatório, é necessário que o ambiente seja extremamente silencioso. Na prática, você só encontrará essas condições em um estúdio com tratamento acústico ou então se

você morar em uma casa isolada no meio do mato. Você pode estar se perguntando: para que esta trabalheira toda se a gente pode simplesmente abrir um plug-in e simular isso? Bem, primeiro porque essa trabalheira é divertida, e depois, da mesma maneira que um plug-in não soa igual ao outro, os reverbs naturais também não soam iguais entre si e também não soam iguais aos plug-ins. Você não precisa se utilizar deste recurso toda vez que for gravar uma guitarra, mas sempre é interessante ter isso como mais uma carta na manga. Da mesma maneira que sempre desejamos ter mais um plug-in para termos mais opções, por que não ter mais conhecimento para termos mais opções utilizando somente a acústica?

Para saber mais redacao@backstage.com.br

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BAIXO ELÉTRICO| www.backstage.com.br

MANTENHA O INSTRUMENTO

AJUSTADO

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Jorge Pescara é baixista, artista da

Jazz Station e autor do ‘Dicionário brasileiro de contrabaixo elétrico’

Ok, na edição de janeiro falamos do que levar para o estúdio (instrumentos, equipamentos diversos, etc). Em seguida, de como transportar corretamente seus instrumentos em bags, cases e capas. Agora, temos uma dica de equipamentos adicionais que podem ser úteis nas mais diversas situações profissionais.

Q

uando separamos os apetrechos que irão compor nosso pacote do dia de trabalho, há certas “ferramentas” muito úteis que, por algumas razões, por vezes esquecemos, ou mesmo não sabemos que elas existem. Por isto, vamos a elas.

E AS SOBRAS? Podemos começar por um bom alicate corta cordas. Eles podem ser desde alicates de corte de fios para eletrônica (encontrados em casas de material elétrico-eletrônico), passando por alicates de corte para bijuterias e artesanato (nas casas para artesanato e material para bijuterias), até os específicos alicates para cortar cordas de instrumentos musicais (estes encontrados em boas casas de instrumentos musicais). Ao trocar as cordas, sempre sobram grandes partes das mesmas, que podemos enrolar no poste da tarraxa. Po-

rém, quando estes restos de cordas são extensos demais, ao enrolar na tarraxa percebemos que há uma pequena confusão ali… como a clássica cena do novelo de lã que se embola todo nas patas de seu gato! Para evitar este incomodo, que pode até atrapalhar a afinação do instrumento, por tornar a corda instável, é necessário cortar estas pontas, deixando apenas o equivalente a 4 dedos de sobra. Este pequeno pedaço pode agora ser enrolado na tarraxa sem nenhum desastre. Porém é preciso muito cuidado ao efetuar o corte. Observe sempre seus dedos, aja devagar, meça bem o resto de corda posicionando já na tarraxa e, então, efetue o corte.

HIGIENE DAS CORDAS Um kit que deve acompanhar o alicate descrito acima é o limpador de corda. Um produto especial anti corrosivo, produzido para limpar as cor-


das e mantê-las mais tempo com brilho e maciez. Varias marcas (importadas) fabricam este produto. Com uma flanela macia, limpa e seca, deve-se aplicar e passar uma pequena quantidade do liquido sobre cada corda em movimentos longitudinais por toda a extensão delas.

VIDA FACILITADA Se a limpeza não for suficiente, a troca das cordas é necessária… Mas, quem não reclamou de, ao se trocar cordas do instrumento, ficar girando interminavelmente cada tarraxa? Para resolver isto há uma chave para girar tarraxas. Uma ferramenta feita na maior parte em plástico, e que encaixada na borboleta da tarraxa, ajuda a girar o dispositivo de modo mais fácil é prático. Após passar a corda pela ponte, cortar os excessos e sobras de cada uma e direcionar a ponta delas dentro das

aberturas das tarraxas, encaixe o bocal da chave na borboleta da tarraxa e gire-a no sentido natural em relação ao braço do instrumento. Pronto! A troca de cordas e a afinação delas tornaram-se agora mais tranquilas.

TESTE SEUS CABOS Testador de cabos. Este é um equipamento eletrônico bem simples, menos do que um pedal de efeito, porém pode nos salvar de situações estranhas. Consiste em um apare-

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BAIXO ELÉTRICO| www.backstage.com.br

ou vários deles, porém nunca se sabe quando algum extra será a salvação da lavoura.

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AQUECIMENTO

lho que emite um sinal elétrico, e quando encaixamos os plugs de um cabo, se o sinal passar incólume de uma ponta à outra o cabo estará ok! Existem oportunidades em que testar um

cabo previamente, por mais que se confie nele, é bem melhor do que ser pego de surpresa. Lembre-se sempre de levar cabos extras, também.

PORTÁTIL E COMPACTO Algo que pode ser útil é um dispositivo de USB compacto. Sendo a maioria esmagadora dos estúdios hoje digitais, e em algumas situações específicas se faz necessário o uso de um conversor interface USB, então este é o que podemos citar como algo muito interessante para se ter no gigbag. Claro que todo estúdio deve ter um

Por último, algo que se deve acostumar sempre é o aquecimento e alongamento da musculatura dos dedos, mãos e braços antes de tocar. Um produto interessante é o Grip Master, que trabalha a musculatura específica dos dedos de cada mão. É um aparelho mecânico com molas e chaves que se posicionam sob os dedos e que devem ser pressionados em diversas combinações diferentes. Isto ajuda a aquecer, mas lembre-se de nunca forçar os músculos dos dedos e, também, de sempre alongar a musculatura após aquecê-la. Mas, e na próxima edição? Mais dicas, uai! Paz Profunda.:.

Para saber online

jorgepescara@backstage.com.br http://jorgepescara.com.br


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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 80

Primeira O lançamento do CD Journey to Rio do compositor e pianista norte-americano Roger Davidson aconteceu no último mês de outubro na casa de shows Studio RJ, na zona sul do Rio de Janeiro. Produzido por Pablo Aslan e gravado em outubro de 2011 no Zaga Music estúdio, o álbum autoral contou integralmente com músicos locais e é uma ode ao gênero bossa nova - intensamente ligado à carreira do nova-iorquino . Luiz Urjais redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

N

o time de participações do trabalho de Davidson constam nomes como os de Ney Conceição e Sérgio Barrozo (baixo), Paulo Braga (bateria), Marcelo Martins (sax e flauta) e Leonardo Amuedo (violão). Como a grande maioria dos americanos, Roger descobriu a bossa nova através das gravações de Stan Getz, cujo

compacto de “Garota de Ipanema” (com João e Astrud Gilberto, e Tom Jobim), fez com que o gênero ficasse mundialmente famoso. Ele explica que tomou conhecimento do estilo musical em 1962 quando, ainda criança, escutou o disco e, desde então, a brasilidade musical tomou conta de seu repertório. “Sou apaixonado pela melodia e ritmo brasi-


Jornada

ao Rio

leiros desde pequeno e durante muitos anos a bossa nova, o samba, chorinho e outros estilos fizeram parte de minha vida. Quando comecei a tocá-los, a relação com o Brasil decolou e, desde então, sinto um vínculo estreito com o país. Só restava vir pessoalmente”, declara. Journey to Rio é o primeiro (dos três álbuns do músico destinados ao gênero brasileiro) gravado no país - uma realização que, segundo ele, demorou cerca de 50 anos para se concretizar. “A primeira vez que

vim pessoalmente ao Brasil foi em outubro de 2011. Mas considero a primeira ‘’viagem ao Rio’ quando escrevi minha primeira bossa nova, em 1978 - ou talvez antes disso, quando escutei pela primeira vez João Gilberto”, relata. Ainda de acordo com Roger, não haveria melhor lugar para produzir um álbum de música brasileira do que no próprio Brasil. “Eu queria absorver as vibrações da cidade onde a bossa nova se iniciou. Outro fator preponderante foi querer priorizar, ex-

clusivamente, músicos brasileiros nas seções e shows. De uma forma geral, considero o nível dos profissionais daqui e norte-americanos o mesmo, mas é óbvio que os primeiros ficam mais à vontade e entendem melhor a maneira de se tocar música brasileira”, comenta. O álbum é homônimo a uma faixa escrita pelo pianista em 2000 e caracteriza seu primeiro CD duplo da carreira. Sobre o processo de gravação, Roger descreve como ‘’natural’ a experiência de produzir um

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 82

Técnica de gravação usada foi a tradicional para música jazzística instrumental

A resposta do público não poderia ter sido mais calorosa e entusiasmada. Já me sinto muito ligado aos brasileiros e espero voltar ao país no ano que vem

álbum totalmente brasileiro. “Tudo ocorreu de forma muito simples e orgânica dos músicos ao engenheiro de gravação. Todos, de forma instintiva, entenderam as composições e nenhuma explicação acerca do ritmo ou jeito de se tocar foi necessária. Todos com quem trabalhei, além de extremamente talentosos, são muito agradáveis e de fácil convivência. Inclusive, tive o privilégio de ter tocado anteriormente com um deles, o baterista Paulo Braga, a quem conheci em Nova

Roger ao piano duranta a gravação no estúdio

Iork, no início de 2002”, acrescenta. Além da apresentação realizada no Rio de Janeiro, no mesmo mês, Roger Davidson tocou em São Paulo, no Jazz nos Fundos. “A resposta do público não poderia ter sido mais calorosa e entusiasmada. Já me sinto muito ligado aos brasileiros e espero voltar ao país no ano que vem”, revela o músico que frequentemente é rotulado de artista clássico, devido às suas composições voltadas, em sua maioria, para o gênero erudito.


GRAVAÇÃO O disco ‘Journey to Rio foi gravado no Zaga Music estúdio, com produção de Pablo Aslan. De acordo com o engenheiro de gravação na ocasião, Roger Freret, a técnica de gravação abordada foi a tradicional para música jazzística instrumental. “O som da bateria foi baseado no microfone de bumbo, de caixa e dos overheads, posicionados em X/Y diretamente acima da cabeça do baterista. Os outros microfones foram gravados para eventual necessidade de acento em uma ou outra peça. A bateria foi gravada em um booth de aproximadamente 5x3m. O piano foi gravado na sala principal do estúdio (8x3m), usando um par de TLM103 em uma figura de captação próxima a um ORTF, com angulação e espaçamento adaptados para esse microfone, fazendo o

Journey to Rio foi gravado no Zaga Music (RJ)

ajuste fino de fase de ouvido no headphone”, explica. O sistema de gravação utilizado foi ProTools TDM com interfaces 888/24; na monitoração, Dynaudio BM6A / Yamaha NS-10 com amplificação Hafler; e nos préamplificadores Universal Audio 2-610, Universal Audio 6176, Millenia HV-3D. Na microfo nação, Freret utilizou 01 AKG D112, 01 AKG C414, 01 Rode NT55, 02 Sennheiser MD421, 02 Neumann KM184, 01 Neumann U87, 01 UA 610 DI Input, 02 Neumann TLM103, 01 Beyer M88 e 01 Telefunken AR-51.

Para Freret, uma das peculiaridades do Zaga Music estúdio é a de constituir grande parte de sua clientela orbitando entre a música instrumental, jazz e a bossa nova. A mixagem e masterização do álbum foram realizadas, respectivamente, no lendário estúdio Avatar, pelo engenheiro Roy Hendrickson (Miles Davis, Frank Sinatra, Liza Minelli) e masterizado pelo premiado engenheiro Scott Hull (Steely Dan, Donald Fagen, Sting) em seu estúdio Masterdisk, também em Nova York. ‘Journey to Rio sai pelo selo norte-americano Soundbrsuh Records, com distribuição no Brasil pela Delira Música.

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 84

Os 4 de Sá O início oficial das comemorações aconteceu no Rio de Janeiro, na pequena e sofisticada casa de shows Miranda. Um total de seiscentas pessoas assistiu ao desfile de sucessos e lados B da dupla Sá & Guarabyra. Miguel Sá redacao@backstage.com.br Fotos: Arquivo Pessoal / Elenize Dezgeniski / Internet / Divulgação

D

o Rio São Francisco aos jingles da Paulicéia: Sá & Guarabyra comemoram os 40 anos de um caminho absolutamente original dentro da MPB. Uma história que começa com o trio Sá Rodrix e Guarabyra, nos anos 1970. Na época, Sá exercia a profissão de jornalista, Rodrix estava recém-saído da banda Som Imaginário, que causou uma pequena revolução na música brasileira acompanhando Milton Nascimento, e Guarabyra atuava também nos bastido-


0 anos

& Guarabyra res da música, na direção do Festival Internacional da Canção. O início da carreira do trio teve o disco Passado, Presente, Futuro, lançado pela Odeon, com músicas como a Primeira Canção da Estrada e Me Faça um Favor, fortemente influenciado pelo folk americano de Crosby Stills & Nash. Estas canções e o sucesso de Casa no Campo, de Zé Rodrix, marcaram o grupo com o rótulo do rock rural, consolidado no disco Terra, que lançou o sucesso Mestre Jonas. Antes do fim do trio, eles se mudaram para São Paulo para trabalhar com o maestro tropicalista Rogério Duprat e Luiz Augusto Botelho – um dos maiores nomes do áudio brasileiro, recém falecido - no estúdio e produtora de jinglesVice-Versa. Foi quando levaram para São Paulo o baterista Luis Moreno, o baixista Sérgio Magrão, o compositor Cesar Mercês e o guitarrista Sérgio Hinds. Esta era uma das formações do grupo O Terço, que os

acompanhou no primeiro disco só de Sá & Guarabyra, o Nunca, de 1974. Neste disco tocou também o compositor e tecladista Flávio Venturini, então recém-incorporado ao grupo. Nos anos seguintes, entre idas e vindas no eixo Rio-SP, a dupla lança os discos Cadernos de Viagem – com músicos consagrados nos estúdios e palcos da época, como Robertinho Silva

na bateria, Luis Alves no baixo e Luis Tenório Jr nos teclados – Pirão de Peixe com Pimenta e Quatro, ambos lançados pela Som Livre. Apesar de ter sido sucesso de crítica, o experimental Cadernos... foi um fracasso de vendas e quase sepulta a carreira artística da dupla. Após dois anos refugiados nos jingles publicitári-

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 86

Em Pirão de Peixe com Pimenta, no qual os ritmos brasileiros estão mais presentes que em álbuns anteriores, estão os sucessos Sobradinho e Espanhola. Vale destacar a qualidade dos arranjos de Rogério Duprat, Eduardo Souto Neto e Nelson Angelo.

Sá volta aos palcos ao lado de Guarabyra só com voz e violão

os, a dupla lança Pirão... O disco que melhor sintetiza a experiência estradeira da dupla após os parênteses preenchidos pelo jazz rural do disco anterior. Em Pirão de Peixe com Pimenta, no qual os ritmos brasileiros estão mais presentes que em álbuns anteriores, estão os sucessos Sobradinho e Espanhola. Vale destacar a qualidade dos arranjos de Rogério Duprat, Eduardo Souto Neto e Nelson Angelo. Quase dá para dizer que este disco faz parte de uma fase orquestral da dupla, assim como o Quatro. Apesar de ter um conceito menos fechado, este último foi feito com todo o perfeccionismo possível, levando mais de um ano para gravar e mixar mais alguns clássicos, como o country-xote Sete Marias e a suingada Nave Louca. O prolongado tempo de gravação os fez cair em desgraça na gravadora. A década de 1980 seria a do sucesso popular, com o imenso sucesso do disco ao vivo Dez Anos Juntos, lançado pela antiga RCA e a constante participação em trilhas de novelas de sucesso, como Roque Santeiro. No megassucesso da Glo-

bo, a dupla emplacou três músicas: Roque Santeiro, Verdades e Mentiras e Dona, esta última cantada pelo grupo Roupa Nova. Em 1983, Milton Nascimento grava o disco Caçador de Mim , nome da música de Luiz Carlos Sá e Sérgio Magrão que se tornou um dos maiores clássicos da MPB. Nesta época, a dupla viajava o Brasil inteiro tocando em exposições de gado e festas das cidades do interior, descobrindo um mercado então ainda desprezado. Apenas as duplas sertanejas de raiz faziam isto até então. Pela RCA lançaram ainda os discos Paraiso Agora, Harmonia e Cartas Canções e Palavras. O ciclo de sucessos de novela acaba em 1990 com Estrela Natureza, tema de Juma Marruá, um dos principais personagens da novela Pantanal, na extinta Rede Manchete. Primeira telenovela a ameaçar a liderança da Rede Globo. Nos anos 1990, se reaproximaram de Zé Rodrix, que fez arranjos para o segundo disco da dupla pela gravadora Eldorado após Vamos por Aí. Ainda que tenham continuado a fazer shows por todo o Brasil, foi uma década de poucos discos.


RECOMEÇO A história que aqui foi contada em palavras, os dois contaram - em

Entre eles, um dos melhores da dupla– Rio Bahia, lançado pela RGE– no qual voltam a lançar mão de arranjos orquestrais. O disco passou em branco na grande mídia. Apesar dos revezes na indústria fonográfica, há muito que a dupla já não dependia disto para prosseguir a carreira. Por isto, a crise dos anos 2000 pouco influiu no ritmo de trabalho quando se tornaram novamente um trio. A volta de Zé Rodrix aconteceu em um show no Rock in Rio III, em 2001. No ano seguinte, lançavam um dos primeiros DVDs do mercado com o show Outra Vez na Estrada. O sucesso prosseguiu até o falecimento de Zé, após a gravação, em 2009, do que se tornou o último disco do trio, Amanhã.

O ciclo de sucessos de novela acaba em 1990 com Estrela Natureza, tema de Juma Marruá, um dos principais personagens da novela Pantanal cima do pequeno palco do Miranda - por meio das canções feitas nesta grande viagem de 40 anos. A comemoração é apenas mais um dos recomeços da dupla. Recomeço sem nunca ter parado. E por que um show só com vozes e violões? “Um show desses é um desafio, exige sincronia perfeita entre o que você canta e toca e entre o que faz seu parceiro na voz e no instrumento. É uma verdadeira escola,

pois qualquer falha salta aos olhos do público. É uma sintonia fina que faz com que você chegue ao show com banda com sobras de desempenho”, diz, com naturalidade, Luiz Carlos Sá. Da primeira fase do trio, entram Me Faça um Favor e a Primeira Canção da Estrada, além das “lados B” Ribeirão e Viajante. Os clássicos Espanhola e Sobradinho, além de uma arriscada versão voz e violão ape-

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EAN10C -12; um violão aço Takamine EAN10C TBS; uma viola 10 cordas Strinberg EletroAcústica e, eventualmente, um Takamine Nylon EAN 60C, todos turbinados por um pedal Boss Chorus Ensemble com a saída plugada em um amplificador Roland AC60. Guarabyra também usa um violão Takamine aço EAN10 TBS, um nylon

Depois de emplacar sucessos nas novelas e consolidar o rock rural, nos anos 90, a dupla volta aos palcos com um show mais intimista

nas com Sá de Sete Marias expõem a fase áurea dos anos 1970, do Pirão de Peixe e do Quatro. Em Caçador de Mim, Dona e Roque Santeiro o show é também da plateia cantando junto. Ficam de fora apenas as músicas famosas na voz de Zé Rodrix, como Mestre Jonas, por exemplo. “O repertório já vem sendo montado há algum tempo. A gente vai pinçando das nossas preferidas”, explica Sá. Para ajudar a contar tanta história, Sá usa um violão de 12 cordas Takamine

EAN60C e também está partindo para o Roland AC60. E agora a pergunta inevitável: há planos para um DVD comemorativo? “Depois de correr um pouco por aí para aperfeiçoar a estrutura do show, pretendemos gravar um DVD com banda. Mas o show a dois tem agradado tanto que já estamos pensando num DVD dele também”, planeja Sá.


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MOMENTOS DA Toda produção de um espetáculo ou show - no que se refere aos projetos de iluminação cênica - passa por alguns “momentos da verdade”. Neles, fatos e acontecimentos se sucedem cronologicamente, carregados de ansiedade e expectativas, de forma que as ideias iniciais se concretizem em realizações - e cada qual tem suas particularidades, suas dificuldades e seus cuidados.

VERDADE NA ILUMINAÇÃO CÊNICA Cezar Galhart é técnico em eletrônica, produtor de eventos, baixista e professor dos Cursos de Eventos, Design de Interiores e Design Gráfico do Unicuritiba. Pesquisador em Iluminação Cênica, atualmente cursa Pós-Graduação em Iluminação e Design de Interiores no IPOG.

O

primeiro momento está relacionado à concepção do projeto de iluminação cênica. Nele, o Lighting Designer elaborará, a partir de reuniões, briefing do show, turnê ou espetáculo (do qual está vinculado o conceito principal), e informações técnicas e construtivas do palco ou do espaço o Lighting Plot que fará parte do Technical Rider. Nesse alinhamento inicial, além dos aspectos visuais e estéticos, técnicos, tecnológicos, funcionais, são também consideradas as viabilidades do projeto, de forma que as etapas posteriores possam ser produzidas satisfatoriamente. O Technical Rider é um manual descritivo, elaborado com todos os detalhes de produção e preparado de forma a garantir que os artistas com as respectivas equipes técnicas sejam capazes de fornecer informações, dados, especificações e requisitos para o melhor desempenho profissional das produtoras locais. Todas as especificações

ção” - Iggy s sobre ilumina r e “informaçõe ing Gun ok Sm e Th : Technical Ride nte ges (2012) - Fo oo St e Th & p Po

técnicas fazem parte desse documento incluindo marcas, modelos e até configurações de equipamentos e instrumentos de iluminação.


Stage Plot com o software WYSIWYG - Fonte: Jim on Light

Mais especificamente, os diagramas, esquemas e detalhamento do projeto de iluminação cênica são destacados no Lighting Plot. Esse, por sua vez, configura-se no mapa ou representação gráfica com a po-

sição e disposição de estruturas, instrumentos e elementos diversos, tais como as conexões para a alimentação elétrica dos dispositivos, com especificações de montagem, apresentados de forma bidimensional ou

tridimensional, com especificações técnicas e cenográficas, de maneira visual e prática (como se espera que o evento seja montado). No segundo momento, a contratação dos equipamentos e instru-

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O terceiro momento se constitui na montagem do evento. Nesta etapa, as prioridades de montagem e o “inventário” (check-list de tarefas e recursos disponíveis) antecedem qualquer atividade

Montagem do 12-12-12 Concert - show para as vítimas do Furacão Sandy (2012) - Fonte: Huffington Post

mentos de iluminação. Realizada pela produtora local ou empresa responsável pela produção do evento, são identificados todos os recursos constantes do Technical Rider - com todas as especificações do Lighting Plot, uma vez descritas e identificadas. Instrumentos de

Projeto de LD de Chris Kuroda para a banda Phish - Turnê “Joy” (2010) - Fonte: SVC Online

iluminação similares podem ser usados, desde que atendam as especificações mínimas ou informações constantes do projeto. Em casos específicos, instrumentos descontinuados (ou seja, não mais fabricados) e constantes do projeto original poderão requerer a substitui-


ção por similares, ajustáveis à necessidade do projeto. Em outras situações, adaptações são necessárias, em função da indisponibilidade de determinados instrumentos no mercado local. O terceiro momento se constitui na montagem do evento. Nesta etapa, as prioridades de montagem e o “inventário” (check-list de tarefas e recursos disponíveis) antecedem qualquer atividade. Testes de lâmpadas e instrumentos de iluminação são realizados antes da disposição deles nas estruturas de Box-Truss, assim como o endereçamento dos respectivos instrumentos (pelo painel digital, “DIP switches” ou seletor rotatório, e em alguns equipamentos, pelo software de controle). Também são mapeados os cabeamentos - devidamente testados -, e todas essas atividades deverão ser sincronizadas ainda com outras etapas ou partes do projeto - tais como a montagem da sonorização, só para um exemplo de uma atividade que ocorre quase que simultaneamente (com todos os testes que ela também requer). Nesta etapa ocorrem todos os ajustes e adaptações no projeto, quando possíveis e necessários. E nunca podemos esquecer dos itens de segurança (EPIs), fundamentais sempre! O quarto e mais marcante momento é a realização do evento. Seria a verdade absoluta ou transparente de todas as etapas anteriores, na qual também se evidenciam todos os esforços de todos os envolvidos, desde a concepção até o último ajuste para o último instrumento disponibilizado. Outros personagens fundamentais se sobressaem nesta etapa, com técnica, com arrojo, improvisos e ainda “gerenciamento de imprevistos”. Problemas surgirão, assim como soluções e alternativas. Por fim, a desmontagem e preparação para o próximo projeto, o próximo evento. Todo cuidado é válido nesta etapa, pois é natural que todos queiram rapidamente finalizar mais um projeto, mais um espetáculo/show (e naturalmente descansar). E em todas as etapas, é possível perceber a importância de profissionais distintos, com formações, vivências e experiências únicas, incomparáveis e que se somam. Resultados? Ficam nos registros - profissionais ou amadores -, publicados nas mídias impressas e virtuais, compartilhados nas redes sociais e eternizados nas mentes e lembranças dos públicos que são privilegiados com as somatórias desses trabalhos. Mas com tudo isso, o trabalho nunca cessa e nunca poderá ser o mesmo! Os “momentos da verdade” se renovam, e novos desafios surgem todos os dias, e exigem mais capacitação, melhor qualificação e atualização constante. Esses e outros assuntos serão abordados em futuras conversas! Abraços e até a próxima!

Para saber mais redacao@backstage.com.br

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Dedo Weigert é uma lenda. Pelo menos quando se fala do mundo do cinema e da direção de fotografia, o cineasta alemão é uma unanimidade. E foi exatamente esta experiência por trás das câmeras que lhe garantiu o sucesso na área de iluminação. Há 50 anos a frente da Dedolight, Weigert tem a sensibilidade artística para construir equipamentos capazes de serem usados como ferramentas criativas, antes de um produto de vendas e negócios.

Atra

N George Ribeiro redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

o final de 2012 Weigert veio ao Brasil, a convite da TELEM, distribuidora da marca no país, para uma série de seminários sobre iluminação em LED. Tivemos o prazer de bater um papo de cerca de duas horas com o grande mestre do cinema, onde ele falou sobre sua trajetória, sobre sua empresa, o futuro da tecnologia e o amor incondicional pela sétima arte.

Backstage: Como você entrou na indústria de iluminação? Dedo Weigert: Eu comecei no teatro, depois virei marionetista, trabalhei como gerente de produção em uma pequena casa de shows, depois eu me tornei assistente de câmera e comecei a trabalhar em diversos grandes documentários para a TV americana. Comecei filmando na Alemanha, depois fiz um filme sobre a história do Kremlin, quando fiquei em Moscou por 5 meses, com 8 câmeras de 35 mm. Nós tínhamos todas as luzes de duas empresas grandes, dois caminhões vindos da Inglaterra e mesmo assim não foi o bastante. Gravei alguns super documentários, o que foi um excelente aprendizado porque estávamos gravando sequências dramáticas sobre a história. Logo depois disso eu acabei me tornando o diretor de fotografia desta série. O documentário do Kremlin foi vendido para 80 países. Todos estes filmes foram trabalhos muito interessantes e pesados. Algumas destas coisas foram interessantes, muitas delas foram difíceis, mas eu sempre gostei do trabalho. Eu sempre ficava impressionado de saber que alguém estava disposto a pagar tanto dinheiro para que eu fizesse aquilo que mais amava. Depois de umas 28 horas de trabalho alguém vinha e me chamava para comer e eu dizia, “vai indo na frente que eu estou terminando”.


vés do olho da câmera

Eu tive sorte, mas também trabalhei muito. Houve outras séries americanas, em que me disseram que se eu concordasse em trabalhar como câmera em seis filmagens, eu poderia produzir seis filmes meus. Então nos anos que se seguiram eu fiquei gravando documentários em mais de 40 países - até mesmo 5 filmes aqui no Brasil. Filmes diferentes, sobre história, sobre a Transamazônica, sobre um Jangadeiro na Bahia, sobre Social Workers em Recife, filmando também em Manaus, na Floresta Amazônica. Backstage: E o trabalho como empresário, como começou? Weigert: Ao mesmo tempo, a empresa que eu fundei em 1965 começou a se tornar uma empresa de aluguel, tendo cerca de 50 câmeras, e eu também virei um especialista em filmagem de alta velocidade, e começamos a vender este tipo de câmeras, e a preparar as pessoas para usá-las. Então criamos um departamento de pesquisa e desenvolvimento, contratamos uma equipe científica da universidade de Heidelberg. Construímos para eles sistemas de gravação de alta velocidade e siste-

Dedo Weigert está há 50 anos à frente da Dedolight

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Quando eu comecei neste negócio, uma equipe de documentário da BBC era composta por 12 pessoas. Hoje o mesmo trabalho é feito por dois caras: um atrás da câmera e um na frente. Então eles têm falta de mãos, de grana, de tempo

” Em sua passagem pelo Brasil, Dedo fez demonstrações com o uso de equipamentos de iluminação

mas ópticos bastante complexos para microscópios, coisas que achavam fisicamente impossíveis. Aprendemos a fazer sistemas de vídeo de alta velocidade com metadados, e sistemas ópticos de zoom que transcenderam vários conceitos. Em 1966 eu mostrei o primeiro tripé de cabeça fluída da Europa, o que hoje é o padrão. Eu mostrei o primeiro zoom com controle de frequência, eu sempre brinquei com esta parte técnica. Quando finalmente apresentamos os primeiros trabalhos em alta velocidade em 1981, o que ainda era algo para propósitos industriais - para análise de imagem -, vendemos muitas câmeras. Ainda hoje trabalhamos com isso, apesar de que filmagem de alta velocidade está acabando - agora é vídeo de alta velocidade -, e temos algumas das melhores câmeras do mundo, que são as Phanton. Também estamos nos especializando em iluminação especial para alta velocidade. Em iluminação para estúdio, é normal termos luzes Fresnel, que estão sendo construídas exatamente da mesma forma há 100 anos. Nós mudamos este princípio adicionando um segundo par de lentes, que deu-nos três vezes mais eficiência, melhor foco, melhor distribuição de luz e é ainda um sistema muito ecológico, pois dá muita luz com pouca voltagem. Talvez isso não seja tão interessante para os ricos brasi-

leiros que têm tanta energia, afinal vocês tem Itaipu... Backstage: Você ficaria surpreso em saber que, além do mais, economizar energia é bom para todo mundo... Weigert: Sim, claro. Bom, foi então que nós aperfeiçoamos as luzes colocando um sistema triplo-móvel para o foco e mudamos o típico padrão esférico das lentes como qualquer Fresnel, para um sistema duplo-esférico, dando melhor distribuição de luz e de cor. E para isso nós ganhamos nosso segundo prêmio pelo comitê do Oscar e nosso primeiro prêmio Amy Awards. A seguir nós construímos muitos equipamentos inovadores de iluminação. Em alguns países nós fomos extremamente bem sucedidos dentro das maiores demandas dos filmes com maiores orçamentos, como, por exemplo, no decorrer de alguns filmes do Harry Potter em que você encontra alguns Dedolights, junto com outras marcas. Mas, dentro dos efeitos especiais, onde é necessário alta precisão, havia somente nossas luzes. Lord of the Rings, American Beauty, Código da Vinci, na cena onde encontram o corpo do Curador do Museu, também usaram nossas luzes, porque nenhuma outra daria o controle gráfico que eles precisavam. Então onde há as maiores demandas, lá estamos. Então temos muitos amigos entre os diretores de fotografia que filmam as produções de maior orçamento. Nós falamos com eles, aprendemos com eles. Ao mesmo tempo, as nossas luzes também podem ser usadas em pequenos pacotes para os times de menor produção. Quando eu comecei neste negócio, uma equipe de documentário da BBC era composta por 12 pessoas. Hoje o mesmo trabalho é feito por dois caras: um atrás da câmera e um na frente. Então eles têm falta de mãos, de grana, de tempo. Então precisamos fornecer as mesmas luzes em formatos menores, mais leves, indestrutíveis e econômicos. E também temos luzes leves bem especiais.


Backstage: Apesar de toda a fama, a Dedolight ainda é pouco usada no Brasil... Weigert: Sei disso. Construímos 5, 6 ou 7 gerações de equipamentos de iluminação que ainda são desconhecidos aqui no Brasil. Vendemos nossas luzes em mais de 70 países. Temos no Brasil uma equipe muito boa de pessoas que querem aprender sobre nossas luzes e mostrá-las com muita boa vontade. Mas o Brasil é um país muito grande, e nossas luzes não vendem muito bem no catálogo, elas não vendem bem pela internet, elas precisam de um processo educativo, precisamos ensinar as pessoas a iluminar. Em alguns países já estamos bem adiantados nisso. Na Rússia, por exemplo, alguns dos seminários de iluminação que eu dou lá se tornaram uma espécie de evento cult, onde 300 pessoas vêm para dois

dias para ouvir sobre luzes. Há também uma escola para ensinar os câmeras de TV e eu tenho um contrato com eles para lecionar lá e isso nos ajuda a atingir pessoas de muito longe. Então eu faço muito trabalho educacional, e eu viajo muito. Ao mesmo tempo, eu comando uma empresa, desenvolvo luzes. Tenho um incrível time de designers, os melhores em óptica, três gurus eletrônicos e cinco projetistas em mecânica. Backstage: Como você vê as novas tecnologias em LED? Weigert: Hoje todo mundo está falando sobre LED, e dizem que será a fonte de luz do futuro. E eles esperam que os LEDs sejam mais leves, tenham consumo mais baixo, sem calor e com vida útil infinita. O fato de não produzir calor é mentira. Uma luz produz 90% ca-

lor, 10% luz. Um LED é 85% calor, a diferença é que não produz calor para a frente. Fora a pouca resistência às altas temperaturas. Se uma lâmpada alógena trabalha a 2.100 graus Celsius, você está tranquilo. Agora se um LED chega a 85 graus, a cor já se deteriora. Se chega a 100 graus, ele morre. Por isso o LED precisa de muito resfriamento. Para aproveitar o que o LED tem de bom, estamos criando um híbrido de nosso avançado sistema duplo-esférico de lentes com LEDs especialmente desenvolvidos. Isso porque trabalhar com LED em foco é muito complicado. Então estamos tentando chegar a uma solução melhor possível, mas você paga por isso com saída de luz. Uma lâmpada alógena de estúdio tem 20 Lúmen por Watt, nossa Dedolight Alógena tem 40 Lúmen por Watt. Uma florescente tem 80

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Dedo falou em palestra aos brasileiros sobre a nova tecnologia LED de seus equipamentos

Mas não podemos pedir para ninguém trazer uma nova forma de iluminar para um país inteiro. Isso leva tempo, muitos passos e por isso estou fazendo mais e mais vídeos tutoriais que ensinam a iluminar e a usar nossas luzes, como funciona, como montá-las e como repará-las

Lúmem por Watt. Uma típica LED de fósforo hoje tem 60 Lúmen por Watt. Mas se você quiser mais cor, você paga tendo menos luz. Nós estamos muito avançados nisso, mas há outros problemas envolvidos, quando você fala de óptica altamente desenvolvida. Na posição frontal do ângulo certo, há uma camada de fósforo em todos os LEDs e no centro a luz toma um caminho mais curto até o fósforo. Na orla há um caminho mais longo, o que dá uma cor diferente. Para luz focada isso é um problema. Quando o sol abaixa, fica vermelho, é lindo. Mas quando tem cores diferentes no centro e na borda, isso é um desastre. Então tivemos que desenvolver uma tecnologia de LED totalmente diferente, para resolver os problemas, e fizemos isso. E todas nossas pequenas luzes LED até 90 Watt, trabalham com refrigeração passiva, ou seja, sem ventiladores. Quando você passa de 50 watts, você precisa de um sistema de refrigeração bem específico, que nós roubamos da tecnologia de computadores, um sistema de tubos de calor que também precisa de ventiladores, por que idealmente as fontes de LED não podem aquecer a mais de 65 graus. E isto não é tão fácil. Então, algumas destas luzes acabaram ficando meio grandes; mas sim, há futuro. E nós trabalhamos duro para desenvolver nosso casamento entre nosso sistema duplo-esférico com os LEDs especialmente desenvolvidos. E é aqui que estamos agora.

Backstage: O que o Brasil representa hoje para a sua companhia? Weigert: O Brasil é um país maravilhoso, enorme, e fazer filmes no Brasil foi um grande privilégio devido ao número de incríveis imagens. Com a TELEM, nós temos excelentes parceiros, mas nossas luzes não vendem normalmente. Elas precisam de muito trabalho de divulgação, e alguns de nós precisam ir aos canais de TV, mostrar as luzes, deixar lá para testar. Já que o Brasil é um país grande, precisaria de muita gente para realmente estabelecer o nosso nome aqui. Então tudo que podemos esperar é desenvolver passo a passo e esperar que nossos parceiros aqui vejam isso como oportunidade e queiram contratar mais gente, ir mais longe e também é importante trabalhar junto dos professores e escolas de iluminação, e ajudá-los e ensiná-los porque nossas luzes são diferentes. Mas isso leva tempo e esforço, e a este respeito ainda há um enorme potencial de crescimento, que nós atingimos em alguns países como Rússia e Inglaterra. Mas em países grandes, como Brasil e China, é muito difícil fazer um país tão grande saber o que temos. Precisa de muita ajuda, muita gente, muito esforço, motivação e tentamos ajudar a realizar isso da melhor forma possível. Mas não podemos pedir para ninguém trazer uma nova forma de iluminar para um país inteiro. Isso leva tempo, muitos passos e por isso estou fazendo mais e mais vídeos


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tutoriais que ensinam a iluminar e a usar nossas luzes, como funciona, como montá-las e como repará-las. Isto é algo que temos feito mais e mais. Backstage: Faltam bom equipamento e pessoal no Brasil? Weigert: Não posso julgar isso. Eu estive trabalhando no Brasil com meu próprio time, nunca vi outras equipes trabalhando. Eu acho que há algumas pessoas extremamente conhecedoras, e, na minha maneira de pensar nos filmes, eu gosto de pessoas obcecadas por fazer imagens. Eu acho que a indústria cinematográfica, independente do tipo de câmeras que use, precisa deste tipo de gente. Gente louca, gente que não faria qualquer outra coisa. Muitos países têm estas pessoas, e filmes brilhantes saíram do Brasil. Não é sobre equipamento, é sobre fazer arte, é treinamento, é entendimento, mas o grande capital em fazer filmes é a alma das pessoas. Alguns países pobres perguntam sobre o futuro da indústria cinematográfica deles, e eu conto para eles sobre a Alemanha dos anos 20 e 30, um período de instabilidade política e econômica, e muitos dos melhores filmes foram feitos naquela época. Não é o tamanho da sua conta bancária que é determinante, é o tamanho da sua alma e coração e eu acredito que há uma especialidade brasileira que é a de ter um monte de gente que coloca a alma e o coração no que faz. E acho que isso é um grande ingrediente que permite as pessoas fazerem grandes filmes. Agora algumas pessoas pensam que os americanos só fazem filmes de bang-bang, mas isso não é verdade. Há também filmes muito sensíveis e emocionantes, só que eles não são distribuídos e ninguém os vê. Provavelmente o mesmo acontece aqui. Deve haver muitos filmes excelentes que ninguém vê, porque a grana e o interesse não estão lá. Mas as pessoas investem 1 milhão, 2 mi-

lhões na promoção do filme, e é assim, infelizmente, que filmes são vistos. Se não há circo o bastante em volta disso, se não há atenção nos tapetes vermelhos, não há divulgação. Mas muito trabalho incrível é feito de forma desapercebida bem quieto e talvez isso nunca seja visto por um público internacional. Então eu tenho certeza de que estes filmes também são abundantes no Brasil, e esta é a chance de que seja a principal fonte para desenvolver filmes que vão mais fundo, que tem um toque artístico e que traga lindas mensagens. Backstage: Como você vê a aceitação dos diretores de fotografia a fontes LED de iluminação? Weigert: Todo mundo tem grandes expectativas, mas muitos dos equipamentos em LED ainda têm limitações severas. É por isso que precisamos mostrar e ensinar para que saibam qual lhes dá uma boa cor, porque muitas das regras para avaliar boa coloração não se aplicam mais. Há métodos atuais que podem ser úteis, mas as pessoas não sabem. Sim, o LED está bem confortável em iluminação pública, em muitos aspectos da iluminação arquitetural, em luz automotiva. Mas como ferramenta criativa, precisa ser escolhida com muito cuidado, por que algumas delas não têm vida útil, outras não têm boa cor e nenhuma delas têm melhor cor. E também a vida longa e economia precisam ser vistas com critério, porque quando você compra um computador para você, não tem a ilusão de que seu neto usará aquele computador. Em três meses alguém vai lhe dizer “Este é o modelo antigo, certo?” em três anos eles vão dizer “Não dá para rodar o software mais recente, certo?”. O mesmo acontece com tecnologia LED. Está se desenvolvendo tão rápido e tudo que falamos sobre ela hoje, pode não ser mais verdade em um ano.


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BOAS NOVAS | www.backstage.com.br

KARINA CARDOSO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR

GRAÇA FILMES LANÇA HERMIE EM ALTO MAR No mês de janeiro, a Graça Filmes lança o DVD Hermie em Alto Mar. A turma do Jardim Dourado vive uma grande aventura e aprende que é possível confiar em Deus em todas as situações da vida. O desenho animado foi produzido por Max Lucado, com as vozes de Tim Conway (Hermie), Rick Burgess (Ziggy) e Bubba Bussey (Iggy).

Graça Music na Era Digital A Graça Music começou a investir na Era da música digital, através de uma parceria firmada com a empresa Imusica, que atuará como intermediária entre a gravadora e os canais de distribuição de conteúdo online. A partir de agora, o catálogo da GMusic estará disponível no iTunes e nas principais operadoras de celular do Brasil e da América Latina, além da rede de lojas web Imusica. Dentre os álbuns que já estão disponíveis no iTunes, títulos de Thalles, Mariana Valadão, Ao Cubo, Pr. Antônio Cirilo, Soraya Moraes, Bruna Olly, Fabiano Motta, Sandro Nazireu, Dany Grace, Discopraise, Fernandes Lima, Joe Vasconcelos, Dayane Damasceno e Giselle Di Mene.

Álbum de Eyshila já está disponível no IdeiasMusik O novo álbum de Eyshila, Jesus, o Brasil Te adora já pode ser encontrado na loja virtual de música da operadora Claro: o IdeiasMusik. No canal, você pode ouvir, criar uma playlist com suas canções favoritas, compartilhar com seus amigos do Facebook, além de baixar para o seu computador ou celular, tudo de forma simples e rápida.

RACHEL MALAFAIA TERMINA GRAVAÇÃO DE VOZ DE SEU NOVO CD Rachel Malafaia acaba de dar continuidade às preparações do novo álbum. A cantora voltou ao estúdio para concluir as gravações de voz do seu terceiro CD pela Central Gospel Music. Para acompanhar a adoradora, estava presente a cantora Lilian Azevedo, fonoaudióloga de Rachel, que também fez parte do backing vocal do seu disco, além do diretor de voz, Jairo Bonfim. Até o final de fevereiro, o CD será encaminhado para a masterização.

SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO A Igreja Presbiteriana da Muda-Usina, no Rio de Janeiro, apresentará no dia 29 de março o Oratório “A Crucifixão”, de John Stainer, com a regência do maestro João Genuncio, a partir das 19 horas. A entrada é franca. O tempo fica na Rua Conde de Bonfim, 958- - Tijuca.

NANI AZEVEDO PARTICIPA DO PROGRAMA TUDO + Nani Azevedo participou do programa Tudo +. Além de abrir as portas de sua casa, a cantora contou sobre sua biografia e sua vida em família. O programa é comandado pela apresentadora Naine Câmara e tem um formato bem descontraído. No encontro teve muita música, Palavra de Deus e ministração. Nani Azevedo também compartilhou o momento especial que vive atualmente em seu ministério e contou como iniciou sua parceria com a gravadora Central Gospel Music.


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BOAS NOVAS | www.backstage.com.br 104

Lançamentos Lindo Senhor Carlinhos Felis Lindo Senhor traz várias canções inéditas e regravações de canções de Carlinhos Felix. Das regravações, destacam-se Amor de Deus, do Fruto Sagrado, gravado originalmente em 1995; Baião Eletrônico, da Banda Azul, de autoria de seu antigo amigo Janires; e o hit Marca da Promessa, da banda Trazendo a Arca, do álbum homônimo, de 2007. O álbum foi gravado ao vivo durante o Jesus Vida Verão realizado em janeiro de 2011 e promete ser um dos melhores trabalhos da carreira do cantor.

Um dia a mais Tanlan A banda gaúcha Tanlan (nome dado ao estilo de kung-fu que se baseia no louva-deus) é uma das mais novas apostas da Sony Music. Recém-contratados da gravadora, eles estarão lançando um álbum inédito com muito pop rock. O CD, contendo 12 faixas, tem participação especial de Marcos Almeida. Ele foi totalmente produzido, gravado e mixado pela banda. Destaques para as músicas Louco Amor e Vaidade.

Alma & Coração Dalcides O novo CD de Dalcides, Alma & Coração, traz canções intimistas que fazem parte da história do cantor. Um dos destaques é Tocando em Frente, a primeira música do álbum. Com arranjos de Duda Suliano e direção vocal de Thiago Garcia, o CD Alma & Coração já está disponível nas lojas.

Cabelo Solto Marcela Taís Marcela Taís lança seu primeiro disco com uma proposta de música e estilo diverso ao que o público cristão está acostumado. Cabelo solto traz uma mensagem poética e um estilo musical diferente no cenário gospel, misturando blues, reggae, pop e folk. O repertório possui músicas com ênfase nos valores cristãos, mas com leveza inédita.

None like you Joe Vasconcelos O cantor Joe Vasconcelos está lançando pela Graça Music seu primeiro CD em inglês, intitulado None Like You. Este novo trabalho conta com 10 faixas de muito louvor, com canções assinadas por Doen Moen, Jeremy Redmon, Grace Knodt, Rafael Bitencourt, além do próprio Joe Vasconcelos. Este CD foi gravado em estúdios na cidade de Nashville, estado do Tenessee, nos Estados Unidos.

Novo dia, Novo tempo Renascer Praise 17 No dia 7 de junho de 2012, o Credicard Hall foi palco da gravação do 17º trabalho do Renascer Praise, maior grupo de louvor da América Latina. O lançamento oficial do Renascer Praise 17 foi realizado no Ginásio do Ibirapuera, no dia 14 de agosto. O evento contou com a participação de um coral de 1.500 vozes, orquestra sinfônica e centenas de bailarinos. O DVD Novo dia, Novo tempo já está nas melhores lojas do Brasil.


redacao@backstage.com.br

É só crer Robinson Monteiro Robinson Monteiro, em seu primeiro trabalho independente, Prostrei-me, chegou a superar a marca de um milhão de CDs vendidos. O cantor ainda recebeu vários prêmios, dentre eles o Troféu Promessas. Robinson agora lança mais um trabalho em sua carreira: É só crer. A produção é assinada por Paulo César Baruk que também faz uma participação especial na canção Eu quero viver para ti. Além de Baruk, há a participação do rapper Lito Atalaia na canção Só tu és o Senhor.

Profeta da Esperança Kleber Lucas Em seu novo CD, Profetas da Esperança, Kleber Lucas faz um passeio por toda a sua história musical, relatando suas experiências em suas ministrações pelo Brasil e pelo mundo. Este é o décimo álbum com canções inéditas do cantor e compositor, que disponibiliza acesso aos conteúdos multimídia exclusivos. A primeira música de trabalho, Vou Deixar na Cruz, estreou nas rádios com grande sucesso. Nela, Kleber divide a autoria com Fernanda Brum, Rogério Vieira, Sérgio Knust e bispo Bené Gomes.

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Demanda por sistema profissional levou à reforma acústica e elétrica

Como seria uma igreja construída para obter o melhor áudio, tanto pelos equipamentos como pela acústica da sala? A resposta está na Nova Igreja, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Miguel Sá redacao@backstage.com.br Revisão técnica: José Anselmo “Paulista” Fotos: Ernani Matos / Divulgação

ACÚSTICA, antes de tudo NOVA IGREJA, BARRA DA TIJUCA

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uando foi chamado para reformar mais uma igreja, em novembro de 2011, o projetista e professor Vagner Pedretti ainda não sabia que teria uma oportunidade única. Como em nenhum outro projeto, ele poderia, nesta reforma, colocar em prática tudo o que havia aprendido em mais de 25 anos de áudio. “Havia uma demanda por um sistema profissional dentro do Templo e o pastor presidente da Nova Igreja, Maurício

Fragale, topou a empreitada de ter um sistema de sonorização moderno”, comenta. No projeto, Pedretti não pensou apenas em áudio, mas nas dificuldades que poderia encontrar. “Existe uma deficiência muito grande das igrejas em relação a normas e regulamentações. Aqui eu quis seguir isso muito à risca. Antes de colocar o equipamento, tratamos o sistema elétrico, cuidamos do aterramento e, depois, fizemos a implantação da acústica da igreja.


Sistama da K-array usado no templo

Subs modelo KO 40 para atender até a terceira fileira de cadeiras

Fizemos a mudança do layout e geramos um ambiente adequado para um novo sistema de sonorização”, reforça o profissional. O resultado é um sistema onde a instalação elétrica, a acústica e o equipamento de sonorização foram projetados de forma integrada para ter o melhor rendimento possível, inclusive para a gravação de CDs, DVDs e transmissão do culto via internet.

ELÉTRICA E REFORMA ACÚSTICA O plano inicial não envolvia uma reforma tão profunda. O que, no princípio, seria um pequeno reparo na sala, se tornou um projeto inteiramente novo. As reformas começaram, efetivamente, em meados de 2012. O primeiro passo foi fazer uma instalação elétrica que atendesse, de forma correta, às normas e regulamenta-

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Venue SC48 foi a mesa escolhida para os técnicos

ções e proporcionasse as condições para que o equipamento funcionasse com a melhor qualidade de áudio possível. Pedretti chamou Framklim Garrido, da FGL Áudio, para refazer toda a parte elétrica do local. “Não é possível ter uma instalação como esta sem aterramento e sistema elétrico adequado”, reitera Vagner Pedretti. A partir de cálculos e medições, o projetista estabeleceu as necessidades de material para a reforma acústica da sala. Os difusores foram feitos em MDF. Os módulos foram montados recheados com lã de rocha. Depois, tomaram um banho de tinta epox e foram laqueados. “A intenção da construção da sala foi a de gerar um ambiente acusticamente bem confortável e natural e ainda proporcionar gravação de CDs e DVDs”, diz Vagner.

EQUIPAMENTOS DE SOM Para a sonorização da sala, Pedretti optou por um sistema K-Array com seis caixas de cada lado. Foram ainda instalados quatro caixas de front fill para atender ao púbico sentado até a terceira fila das cerca de 600 cadeiras. Os subs usados foram os KO 40, com falantes de 21 polegadas. As medições finais para o alinhamento da sala foram feitas no sistema In Easy. Neste estágio, Pedretti teve, mais uma vez, a colaboração de Framklim Garrido e também do projetista Marcelo Claret. “Conseguimos

uma homogeneidade (na cobertura sonora do ambiente). Temos um sistema que pode gerar 130 dB SPL. Claro que isto é desnecessário, mas a razão disso é poder trabalhar folgado, sem problemas relacionados a ruídos, obtendo a melhor qualidade sonora. Com isto, ainda fazemos com que o equipamento dure bastante tempo”, explica. A console escolhida, dentro dos objetivos da reforma e sonorização do local, foi a Venue SC-48. O monitor dos músicos é gerenciado por eles próprios pelo sistema Aviom. “Saimos da SC48 via rede e lá tem um controle remoto para cada músico, deixando o técnico mais à vontade para mixar o PA”, detalha Pedretti. Para músicos, cantores e pastores, os microfones disponíveis são os SM 98, Beta 87 A e AKG 414, entre outros. No entanto, a igreja ainda vai adquirir novos microfones para bateria. O pastor usa um Head set Countryman para ter mobilidade durante o culto.

OPORTUNIDADE Vagner Pedretti está há muitos anos no áudio. Evangélico, começou a carreira com Sólon do Valle e hoje leciona Pro Tools no Iatec. “Comecei dentro de igreja, fui criado dentro da igreja e fiz questão de retornar a quem me deu tanto. De todos os trabalhos que fiz, este foi onde pude usar todo o meu conhecimento”, comemora o projetista.


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cos pautados por lobistas de alto bordo que tentam demolir a consagrada instituição do Direito Autoral. Saída de pessoas que vivem de chicanas e aprontes com o dinheiro público, essa ideia poderia soar cômica, se não fosse trágica. Na tentativa de baratear ainda mais o que já é mais que barato - a criação - e acenando ao nosso pobre povo com a possibilidade de ter comida grátis pra alma, eles querem que voltemos ao século 17 onde os Bachs da vida dependiam do mecenato da elite para exercer sua genialidade, ou seja, vestindo uma camisa pseudodemocrática, tentam submeter de novo a liberdade de criação a quem tem dinheiro para financiá-la, sequela final de sua “cruzada” torta.

A guerra

das artes P arafraseando e invertendo o Shin Tzu dos executivos pós-modernos, a Arte sempre foi objeto de guerra, guerra essa no sentido de opiniões, dissensões, discussões, divergências, polêmica... O que seria da criação artística sem isso? Imaginem um mundo onde reinasse eterno consenso sobre o belo: prova a História que desse consenso, pela impossibilidade de renovação, vem a decadência, mesmo porque, como o bem e o mal, o belo não existe sem o feio, diz o necessário clichê. Perdi a conta de quantas brigas comprei em nome da música. Profissionais ou estéticas, elas sempre me ensinaram alguma coisa, principalmente sobre a finíssima fronteira que separa o certo do errado, corda bamba que derruba aquelas opiniões apriorísticas surgidas de improviso, antes que seus donos se aprofundem de fato no duro cerne da questão em pauta. Por uma estranha acomodação que me acometeu de uns tempos pra cá, tenho assistido aqui do meu confortável camarote belorizontino a movimentação demagógica de certos meios políti-

Na realidade, essa é a ponta aparente de um iceberg de preconceitos sociais que taxa a atividade artística como coisa de desocupados: uma profissão que por aliar doses elevadas de prazer à sobrevivência econômica acaba sendo vista com maus olhos por aqueles que, à falta de um talento específico, têm que ganhar o pão de cada dia em meio a contrariedades e pressões, como se nós, artistas, não as sofrêssemos também. Como se nós, nas artes, não tivéssemos também que suportar interferências indesejáveis no nosso dia a dia. Em um agravante adicional, a desconsideração da iniciati-


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mos ao divórcio de duas artes que sempre andaram juntas, música e cinema. Ou estaria eu sendo atrevido demais ao dizer que o cinema veio depois da música e que esta precisa menos dele do que ele desta, visto que a cena muda sempre precisava do pianista mais do que a partitura necessitava de uma cena? Não me interpre-

va privada pelo que é legalmente devido leva uma grande e importante parcela da atividade cultural do país a depender de apoio indireto do dinheiro público, aprofundando ainda mais o incrível paradoxo que é tentar fazer alguma coisa culturalmente significativa no Brasil, e aqui tomo partido mesmo contra o arroz-com-feijão de araque

Pior ainda a coisa fica quando o artista é desvalorizado por seus próprios colegas de Arte, como vi acontecer recentemente

que limita o alcance do povo a meia dúzia de gêneros musicais que se revezam na orelha da rapaziada. Educação é um perigo. Cultura é um perigo. Há quantos Maquiavéis a gente sabe disso? Vamos então aos exemplos clássicos: você come uma pizza e paga. Você compra um carro e paga. Você compra uma roupa e paga. Tudo isso você paga para as pessoas que produziram o que você consumiu: para o designer, para o fabricante, para o restaurante... Imagine então se o dono da concessionária recusa-se a pagar à fábrica do automóvel, se a tecelagem recusa-se a remunerar quem desenhou a roupa, se o dono do restaurante exige que o pizzaiolo trabalhe de graça. Estabelece-se o caos. Pior ainda a coisa fica quando o artista é desvalorizado por seus próprios colegas de Arte, como vi acontecer recentemente por ocasião de uma campanha contra o pagamento de direitos de inserção musical em filmes nacionais nascida nos meios cinematográficos e apoiada por conhecidos cineastas. Era o caso de nós, compositores das músicas incluídas nos filmes deles, recusarmos a inclusão de nossas composições e assistir-

tem mal: sou vidrado em cinema, musiquei alguns filmes e sou amigo de muita gente ligada ao meio, mas foi um equívoco colossal da turma do visual querer pendurar a conta na nossa estante. Fora o fato de que jamais consegui receber integralmente o pagamento pelas duas trilhas que fiz para longas-metragens, fora os curtas que eu nem cobrei porque ou eram de amigos ou porque eu queria fazer mesmo, visto que, sem-vergonha que eu sou, continuo fascinado por música de cinema. Só fico triste por ver que o prazer do ofício, por mais profissionalmente que tentemos agir, faz com que nos metamos sistematicamente em roubadas gigantescas. E também por sentir que mais dia menos dia a única possibilidade de viver de música neste Brasil onde querer exercer seus direitos de criação parece ser uma atitude excepcional e malvista – será descer ao metrô, passar o chapéu e contar com a boa vontade daqueles seres miraculosos que conseguem ter seu trabalho justa e pontualmente remunerado. Quais sejam, as Outras Pessoas. Aliás, pense nisso antes de comprar seu próximo produto pirata.

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