Edição 223 - Revista Backstage

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Sumário Ano. 19 - junho / 2013 - Nº 223

Convenção de áudio

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A mistura de fé, paixão pela profissão, ouvidos apurados e mente aberta para o som dos mais experientes tornaram Jetro da Silva um dos músicos mais respeitados no cenário musical brasileiro e do exterior. O pianista, que começou sua carreira acompanhando o saudoso Emilio Santiago, trabalhou ao lado de ninguém menos que Witney Houston e Patti LaBelle e hoje é professor titular de uma das maiores escolas de música, a Berklee University. Nesta entrevista exclusiva à Backstage, o brasileiro fala de sua trajetória, que mostra porque é considerado um dos maiores músicos da atualidade.

A 17ª edição da AES contou com maior número de palestrantes estrangeiros e o crescimento do interesse da nova geração pela especialização. Empresas brasileiras e estrangeiras aproveitaram o momento para demonstrar produtos e se aproximar mais do mercado.

NESTA EDIÇÃO 16

Vitrine A JBL Selenium apresenta seu novo falante SW5P, lançado nos modelos de 15” e 8” e a Gemini traz um novo mix para som ao vivo voltado para DJs.

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Rápidas e rasteiras Kalunga e Trio Demolidor ganham Troféu Castro Alves, e trio Dragão, o maior no carnaval de Salvador, ganha novo visual.

26 Gustavo Victorino Fique por dentro do que acontece nos bastidores do mercado de áudio.

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Play Rec Duofel lança novo álbum com versões de músicas que marcaram a MPB e Victor Biglione tem novo CD onde imprime suas apresentações ao vivo.

30 Espaço Gigplace O que faz um técnico de RF e como é o mercado em que esse profissional está inserido. Nesta reportagem, confira um batepapo com Lucas Gondim.

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O Som da cada PA As experiências de estrada e as técnicas que Regis Couto e Bruno Campregher imprimem ao som dos artistas.

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Ronnie Von em vinil O trio de discos do cantor lançado nos anos 60 agora ganha nova versão em vinil.

70 Gravando voz Além de um bom microfone, alguns itens como um bom cabo, um bom pré-amplificador, um bom compressor, entre outros são essenciais ao pacote do estúdio.

108 Boas Novas Novos álbuns de Mariana Valadão e do cantor Thalles, em versão Blu-ray e novo CD da banda Oficina G3.

112 Vida de artista A história das canções. Nesta edição, Luiz Carlos Sá conta o “segredo” de como surgiram canções de sucesso como “Dona”, em parceria com Guarabyra.


Expediente

Tudo analógico

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Novo álbum do músico Ed Motta - A.O.R. - foi mixado em uma semana, e um cuidado excessivo de mixar música por música. O disco, que contou apenas com um elemento digital, o Pro Tools, traz uma nova vertente de Ed: o adult oriented radio.

CADERNO TECNOLOGIA 52

56 Cubase

Estúdio Mesas de som que fazem sucesso no estúdio sobem aos palcos em shows ao vivo mas com a missão de “tirar” a mesma sonoridade de uma gravação de estúdio.

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Uma das grandes novidades do Cubase 7: conheça cada detalhe de operação e os novos recursos do Mixer.

64 Pro Tools 11

Logic

Apresentado ao público em abril passado, a nova versão do software apresenta características bem mais interessantes, que levam em conta as reais necessidades dos usuários.

Nesta edição, uma introdução ao mundo dos remixes e o que é necessário para tornar o caminho mais fácil no Logic Pro.

CADERNO ILUMINAÇÃO 90 Vitrine Robe e Hot Machine lançam mais dois equipamentos. O Six Pack e o Esfera LED, da Hot Machine, e o Robin MMX Blade, da Robe.

96 Economia com LED A catedral da Eslováquia ganhou um projeto de iluminação com tecnologia LED.

92 Iluminação cênica Depois de analisar a viabilidade financeira, é hora de colocar em prática o estudo sobre a viabilidade técnica do seu projeto.

Diretor Nelson Cardoso nelson@backstage.com.br Gerente administrativa Stella Walliter stella@backstage.com.br Financeiro Rafael Pereira adm@backstage.com.br Coordenadora de redação Danielli Marinho redacao@backstage.com.br Revisão Heloisa Brum Revisão Técnica José Anselmo (Paulista) Tradução Fernando Castro Colunistas Cezar Galhart, Cristiano Moura, Gustavo Victorino, Jorge Pescara, Luciano Freitas, Luiz Carlos Sá, Marcello Dalla, Ricardo Mendes e Vera Medina Colaboraram nesta edição Alexandre Coelho, Miguel Sá e Ricardo Schott Estagiária Karina Cardoso webmaster@backstage.com.br Edição de Arte / Diagramação Leandro J. Nazário arte@backstage.com.br Projeto Gráfico / Capa Leandro J. Nazário Foto: Divulgação Publicidade: Hélder Brito da Silva PABX: (21) 3627-7945 publicidade@backstage.com.br Webdesigner / Multimídia Leonardo C. Costa multimidia@backstage.com.br Assinaturas Maristella Alves PABX: (21) 3627-7945 assinaturas@backstage.com.br Circulação Adilson Santiago, Ernani Matos ernani@backstage.com.br Crítica broncalivre@backstage.com.br Backstage é uma publicação da editora H.Sheldon Serviços de Marketing Ltda. Rua Iriquitiá, 392 - Taquara - Jacarepaguá Rio de Janeiro -RJ - CEP: 22730-150 Tel./fax:(21) 3627-7945 / 2440-4549 CNPJ. 29.418.852/0001-85 Distribuição exclusiva para todo o Brasil pela Fernando Chinaglia Distribuidora S.A. Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1678 - Sl. A Jardim Belmonte - Osasco - SP Cep. 06045-390 - Tel.: (11) 3789-1628 Disk-banca: A Distribuidora Fernando Chinaglia atenderá aos pedidos de números atrasados enquanto houver estoque, através do seu jornaleiro.

100 A Luz de Emeli Ganhadora do prêmio Brit Award, a turnê europeia da cantora ganhou um cenário mais intimista, criado pelo lighting desinger Neil Carson.

Os artigos e matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. É permitida a reprodução desde que seja citada a fonte e que nos seja enviada cópia do material. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios veiculados.


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CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br

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A arma eficaz

N

o mês de maio, o governo federal simplificou as regras para concessão de vistos de trabalho para estrangeiros. A iniciativa pode ser interpretada como uma clara tentativa de suprir a carência de mão-deobra em algumas áreas estratégicas e de preencher lacunas, principalmente no serviço médico. A crise de falta de mão-de-obra é tão grave que também será concedida autorização para que estudantes estrangeiros de pós-graduação possam trabalhar aqui no Brasil no período de férias. Partindo de uma visão macro e diante da falta de profissionais qualificados, essa talvez seja a solução mais viável no momento para o país continuar a ter uma economia crescente. No entanto, “importar” especialistas só resolve o problema em curto prazo, e pode expor outro grande problema: a falta de interesse e de investimento em educação. Os mercados de áudio e entretenimento, não fogem à regra: falta profissional qualificado e muitas vezes falta interesse ou oportunidade por parte dos profissionais em buscar uma formação mais completa. Pensar que tudo se aprende na prática é falacioso, pois teoria se complementa com prática e vice-versa. O que aprendemos nos bancos escolares pode e deve ser aplicado no dia a dia e, da mesma forma, as experiências adquiridas na estrada são imprescindíveis para tornarem viáveis os fundamentos teóricos. Por outro lado, bem sabemos que, especificamente nesse mercado, tempo também é escasso e nem sempre vontade e interesse são condições que bastam para se dar início a uma maratona de estudos. Vale então o bom senso de todos os envolvidos, tanto dos empregadores, que muito bem fariam investindo na formação profissional de seus colaboradores, quanto dos técnicos empregados, procurando formas de agregar conhecimento ao seu trabalho, sempre, seja frequentando cursos pagos ou workshops gratuitos. O que devemos pesar no final dessa conta é o quanto vale ter um profissional consciente e especializado para uma nação, que fatalmente implica em crescimento de qualquer empresa e de qualquer mercado. No atual momento do Brasil, deixar a educação para escanteio é contrasenso e arriscado. Em uma célebre frase, Nelson Mandela afirmou que Education is the most powerful weapon which you can use to change the world (Educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo). Diria ainda que educação é o único meio de mudar de verdade o Brasil. Boa leitura. Danielli Marinho

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AKG

POWER CLICK www.powerclick.com.br O Power Click MC 01 é um monitor para vocalista que permite ao músico controle de volume de seu microfone e do retorno (ou instrumento) somente para si, sem alterar o som de outros retornos e/ou PA. O equipamento possui 2 canais (MIC e AUX) com input e output por canal, equalização por canal (volume, graves, médios e agudos), volume master e output dos 2 canais já equalizados.

www.harmandobrasil.com.br Indicado para uso no palco por vocalistas, o microfone C5 da AKG possui transdutor banhado a ouro, sistema de absorção de choques integrado, estrutura robusta em liga de zinco, grade metálica em aço e é mais resistente à corrosão e umidade. O produto foi criado para obter ótimo desempenho no uso com sistemas de monitor in-ear. Além disso, tem alta confiabilidade e tecnologia de transdutor com isolamento máximo de ruído ambiente e de manejo, entregando uma reprodução consistente de sons vocais e instrumentais desde som ambiente em clubes até grandes arenas e estádios.

ONEAL

EROS

www.oneal.com.br A Oneal lançou a linha de Mixers OMX. Dentre as muitas características dos equipamentos se destacam entrada USB/MP3, conexões XLR P10, Phantom +48V, controle GAIN, controle PAN, “FADERS” profissionais 140mm, multi efeito digital e equalizador Master STEREO.

www.eros.com.br A Eros anunciou um novo produto, o EFD-4160, que promete trazer um novo conceito em Driver Fenólico. Dentre as muitas características, o equipamento possui resposta de frequência de 300 a 9.000 Hz, impedância nominal de 8 ohms, potência máxima (rms) de 160 watts e diâmetro da bobina de 4 polegadas.


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ROLAND

JBL www.harmandobrasil.com.br A JBL Selenium, distribuída pela Harman do Brasil, apresenta o SW5P, o mais novo integrante da linha SW. O SW5P foi lançado nos modelos de 15 e 18 polegadas e conta com uma potência de 1200 RMS.

http://roland.com.br A flexibilidade e mobilidade de controle abrangente por iPad combinada com a confiabilidade e precisão de um console de mixagem digital profissional. Essas são algumas das características do V-Mixer M-200i da Roland que possui ainda controle abrangente por iPad que atende a funções de console profissional e qualidade sonora de classe mundial em um único console.

SAMSON www.equipo.com.br A Série de Microfone CS (Capsule Select) da Samsom oferece a opção de dois microfones dinâmicos com nível profissional em um pacote versátil. Com cápsulas para vocal e instrumental perfeitamente intercambiáveis, proporciona assim uma ótima performance.

GEMINI www.proshows.com.br O CDMP-6000, da Gemini, é um equipamento para mix ao vivo que combina funções de playback e diversas características profissionais com uma fácil seção de mixagem. O CDMP-6000 é voltado para DJs, pois possui grande versatilidade e nele pode-se trabalhar com arquivos de áudio em CDs, MP3 ou em formato WAV. É possível também trabalhar todos os arquivos simultaneamente.


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www.studior.com.br O novo subwoofer ativo, amplificado e processado SKY Sound Bass – 1800 da Studio R, integra uma caixa com falante de 18", Fane de altíssima potência (1.200 watts), conectado a um amp com a potência inédita de 1.500 watts senoidais contínuos em 8 ohms, fazendo dele o mais potente amp já integrado em uma caixa de sub usando um único falante no Brasil. Inclui todo o processamento da linha SKY Sound e total aproveitamento dinâmico de seu headroom.

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STUDIO R

LYCO www.lyco.com.br A Lyco acaba de lançar os microfones sem fio VHF em dois modelos: VH-102 (sistema de mão) e VH-202 (sistema de mão duplo). Ambos possuem uma boa qualidade de transmissão e são microfones dinâmicos, desenvolvidos com tecnologia avançada. Os sistemas possuem duas antenas booster de recepção e saídas de áudio XLR balanceada e P10 não balanceada.

WASHBURN www.proshows.com.br A série de violões WD da Washburn prima pela qualidade sonora. Por isso, o modelo WD10SCE desta série possui um estilo médio Jumbo Cutway e tem seu tampo em madeira Alaskan Sitka Spruce e corpo em Mohogany. Ele possui tensor ajustável, escala e headstock em Rosewood e tarraxas blindadas tipo “die cast”, que complementam este surpreendente instrumento.

YAMAHA www.br.yamaha.com Os novos STAGEPAS da Yamaha possuem dois potentes alto-falantes, design leve e elegante e um mixer destacável, possibilitando uma solução completa de som extremamente portátil, que pode ser configurado de forma rápida e fácil.


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Trio Demolidor e Kalunga

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Turnê de Rihanna

ganham troféu Castro Alves 2013 O Troféu Castro Alves, que já está em sua 24ª edição, foi criado pela Revista Exclusiva para premiar os destaques do Carnaval baiano. Os vencedores de cada ano são escolhidos por uma comissão de jurados compostos por jornalistas e radialistas ligados ao Carnaval da Bahia. Na edição de 2013, os grandes vencedores da premiação foram o Trio Elétrico Demolidor, de propriedade da MB Produções, na categoria de Melhor Trio Elétrico, e Kalunga, técnico de monitor de Ivete Sangalo, na categoria de Melhor Técnico de Som.

brilha com DiGiCo

BATUKA! BRASIL Ícones do cenário mundial da bateria estarão juntos em São Paulo durante o 14º Batuka! Brasil International Drum Fest que acontece entre os dias 7 e 9 de junho, em São Paulo. No elenco brasileiro estão Gabriel Guilherme, Flauzilino Jr. e Letícia Santos, dia 07, quando se apresentam os finalistas masculinos e femininos do Concurso Nacional de Bateristas; Mike Maeda e Vera Figueiredo, dia 08 e, dia 09, Caíto Marcondes Trio, Junior Vargas e Osvaldinho da Cuíca. O workshow de Vera terá Chico Oliveira (trompete), Gê Côrtes (baixo) e Marcos Romera (piano) como convidados. A edição 2013 do Concurso Nacional de Bateristas do Batuka!, cujo propósito é revelar novos talentos da música elegerá dois vencedores: um baterista e uma baterista. Entre outros, nas realizações passadas foram premiados Rafael Barata (Eliane Elias/Edu Lobo), Elóy Casagrande (Sepultura/André Matos) e Sandro Moreno (Zé Ramalho/ Tetê Espíndola).

ERRATA 2 – MOVING DA PR A turnê mundial da cantora, intitulada Diamonds, teve início em princípios de março, com 27 datas de shows nos EUA e Canadá durante o mês de maio. Com Eight Day Sound

na produção, o kit de áudio incluía um par de SD7 e um PA d&b audiotechnik, fornecido por Eight Day Sound, com Kyle Hamilton no FOH e Ed Ehrbar nos monitores.

Esclarecemos que a foto do produto mostrado na seção VITRINE, da edição 222, maio de 2013, página 134, não é condizente com o produto da PR, distribuído pela Proshows no Brasil. A foto correta é a que está acima.


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OS MISERÁVEIS GANHA PRÊMIO Os engenheiros de som Andy Nelson, Mark Paterson e Simon Hayes levaram os prêmios máximos durante o BAFTA Awards na categoria Mixagem de Som pelo trabalho no longa metragem Os Miseráveis, que conta com um elenco de estrelas, incluindo Hugh Jackman, Russell Crowe, Anne Hathaway, Samantha Barks e Sacha Baron Cohen. A equipe de som do filme usou uma técnica inovadora de gravação dos vocais em conjunto com o elenco cantando acompanhados de um piano ao vivo através de fones de ouvido. A orquestra foi gravada no final da pós-produção, com os músicos que lideram as performances do elenco. Esta ruptura com a tradição possibilitou que o diretor Tom Hooper criasse uma experiência bastante diferente para o público que assistiu ao longa. O microfone de lapela DPA 4071 desempenhou um papel fundamental na gravação do áudio. O produtor de mixagem de som Simon Hayes foi o responsável por capturar o conteúdo inteiro de áudio do filme.

Trio Elétrico Dragão

De propriedade do cantor e empresário Durval Lélys e com 34 metros de comprimento, o trio Dragão é o maior e mais completo trio elétrico do mundo que está presente no carnaval de Salvador e nas principais micaretas do Brasil. Para o carnaval baiano de 2013, a direção do trio encomendou ao designer Pedrinho da Rocha uma nova frente. A cria-

tividade do Pedrinho resultou em uma cara de dragão, construída artesanalmente, na frente do caminhão. O Trio Dragão é usado principalmente pelo grupo Ása de Águia, mas grandes nomes da música brasileira também costumam usar o trio em suas apresentações como a dupla Jorge e Matheus, a cantora Ivete Sangalo, banda Eva, Tomate, entre outros.

MARTIN AUDIO MUDA DISTRIBUIDOR

ERRATA AVOLITES TIGER Na edição 222, maio de 2013, página 138, na matéria O Som e a Luz da Primeira Igreja Batista do Recreio foi informado na legenda da foto no alto da página que a mesa de iluminação usada na PIB do Recreio seria uma Avolites Tiger. Esclarecemos que o erro foi reproduzido a partir do que foi falado ao jornalista durante a entrevista, e, na verdade, a console de iluminação é um equipamento parecido com o da marca inglesa, portanto não se trata de um produto autêntico, conforme esclarecido pelo representante e distribuidor exclusivo da Avolites no Brasil. A Backstage pede desculpas pelo ocorrido.

A Martin Audio mudou seu distribuidor nos Balcãs, que agora passa a ser a nova empresa System Design, baseada na cidade de Novi Sad, na Sérvia. A companhia é comandada pelos veteranos do áudio Sreten Kovacevic e Slobodan Bobo Vesovic, ambos com amplo histórico de sucesso com os sistemas da Martin Audio. De acordo com o gerente de vendas externas da

Martin Audio, Martin Kelly, a decisão pela escolha da System Design foi coincidência, apesar de já ter trabalhado com Bobo há alguns anos. Sreten afirmou que a ideia é usar a mesma estratégia de marketing da Martin Audio para implementar seus produtos nos mercados locais, que compreendem Servia, Montenegro, Bosnia e Herzegovina e Macedônia.


ROBE ILUMINA LOLLAPALOOZA NO BRASIL O Festival Lollapalooza 2013, realizado no Brasil, no Jockey Clube de São Paulo, contou com uma seleção de luminárias móveis de Robe nos dois palcos principais, o Cidade Jardim e o Butantã. O evento contou com um line up de renomados artistas internacionais e locais e foi assistido por cerca de 60 mil pessoas por dia. No palco Butantã, os equipamentos de iluminação incluíram 27 x Robe ColorSpot 2500E ATs e dez ROBIN 600 LEDWashes, enquanto no palco Cidade Jardim havia 34 x ColorSpot 2500E ATs, 19 x ColorWash 2500E ATs e dez ROBIN 600 LEDWashes.

NATIRUTS USA SISTEMA NEXT-PROAUDIO

O sistema de PA LA12 da NEXT-proaudio sonorizou 2 concertos da banda brasileira de reggae Natiruts, no Porto, em Portugal. Os shows são parte da turnê de divulgação do CD e DVD Natiruts Acoustic Live, que foi gravado no Rio de Janeiro. A banda brasileira usou o LA12 da marca em duas situações diferentes: concertos ao ar livre e indoor. A configuração do PA no concerto ao ar livre incluiu 14 NEXT LA12 por lado e 24 NEXT LAs218 subwoofers empilhados na frente do palco. A configuração na apresentação indoor incluiu 6 NEXT LA12 de cada lado e 6 NEXT LAs218 subwoofers empilhados de cada lado. Os concertos realizaram-se nos dias 14 e 15 maio de 2013.

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GUSTAVO VICTORINO | www.backstage.com.br 26

de uma dezena de apresentações pelo país divulgando a badalada marca de guitarras e o seu novo trabalho.

BOLADA

METRALHADORA A crise econômica que atinge alguns dos países de maior consumo está sacudindo grandes produtores mundiais. O aperto generalizado chega ao Brasil pela pressão por maiores vendas como forma de compensar especialmente a queda na Europa e nos EUA. Como um dia sempre vem depois do outro, por aqui os importadores estão se lixando para os problemas do primeiro mundo...

O polêmico Lobão não perde viagem e transformou as suas recorrentes críticas ao mainstream musical brasileiro num livro que está cutucando meio mundo e fazendo o maior sucesso. Mesmo não concordando com alguns dos adjetivos usados, confesso que o velho lobo acertou na mosca em grande parte das suas definições e consta Manifesto do Nada na Terra do Nunca pode vez por outra até errar na forma, mas em linhas gerais acerta no conteúdo. Tá vendendo como água...

À VENDA A MTV Brasil vai de mal a pior. Administrada pelo Grupo Abril, o canal afundou numa programação mal gerida e pensada pelo umbigo. Como a Abril detém a concessão até 2018, junto ao grupo americano Viacom, novos rumos podem ser dados ao canal que já fez sucesso por aqui quando tocava apenas música. Cobiçado por religiosos, o canal pode ganhar rumos diferentes e ter até seu nome devolvido aos detentores da marca que não escondem a intenção de relançar por outras mãos a MTV no Brasil.

CHARVEL O guitarrista americano Guthirie Govan está em tourné pelo Brasil e a Sonotec aproveita a primeira vinda do artista por aqui para anunciar a chegada e disponibilidade das guitarras Charvel no país. O músico é endorse da marca e faz mais

Pego com as calças na mão, o cantor australiano Gotye aceitou um acordo e vai pagar um milhão de dólares à família do músico brasileiro Luis Bonfá, morto em 2001. O pop star gringo assumiu ao jornal Courier Mail, da cidade de Brisbane, que usou a música Seville composta pelo artista brasileiro em 1967, como base do sucesso Somebody That I Used To Know. A música estourou no ano passado e já deu mais de uma dezena de prêmios ao cantor australiano.

WIRELESS Recebo um e-mail do leitor Geraldo Abreu, do Recife, que pergunta por que os sistemas wireless para caixas acústicas ainda não “vingaram”. Embora óbvia, a resposta é inevitável. Em sua maioria, a tecnologia disponível não é suficientemente confiável para uso profissional. E as raras que o são ainda são caras.

ESQUISITÃO Eleito como membro honorário da Academia Americana de Artes e Letras, o cantor Bob Dylan teve reconhecida nas suas letras cáusticas uma obra que se junta às fileiras dos principais escritores, compositores e artistas americanos de todos os tempos. A prestigiada instituição tem 115 anos de idade e serve de referência para a compilação da cultura americana. A cerimônia de júbilo aconteceu no mês passado em Manhattan, com a presença do romancista vencedor do Prêmio Pullitzer, Michael Chabon, que fez o discurso citando as letras de Dylan, além da atriz Meryl Streep, também membro honorário, que apresentou o evento. E Bob Dylan não apareceu...


GUSTAVO VICTORINO | VICTORINO@BACKSTAGE.COM.BR

ALERTA Há anos venho alertando sobre a recorrente queima de portas USB de teclados e pedindo uma posição dos fabricantes sobre o “fenômeno”. Fui lido por um engenheiro da UFRGS, que me convidou para conhecer o seu pequeno estúdio-laboratório e me mostrar sua tese sobre essa queima. A conclusão foi simplória. A má qualidade dos pen drivers vendidos por aí é a vilã. Um curto circuito muito comum nos conectores de baixa qualidade dos pequenos dispositivos faz um estrago e tanto no bolso dos tecladistas. A ordem é o máximo cuidado com o pen drive que enfia no seu teclado. Os PCs e Notebooks inexplicavelmente têm portas menos sensíveis e mais resistentes ao fenômeno. Lembre-se, pen drive comprado no meio da rua pode custar bem mais caro do que se imagina.

PESO A Ministra da Cultura, Marta Suplicy, confirmou presença novamente na Festa Nacional da Música, em Canela. Como autoridade máxima na gestão da cultura do país, a ministra pode inclusive levar seu gabinete para despachar durante a realização do evento. Isso daria ainda mais prestígio ao encontro e um interessante retorno político à ministra que dará uma demonstração de atenção ao segmento cultural mais consumido do planeta.

MALA A cantora Beyoncé decidiu encrencar e proibiu os fotógrafos profissionais de registrarem imagens em suas apresentações. Na mais recente turnê, The Mrs. Carter Show, a

moça mandou a produção caçar fotógrafos sem credencial. Não bastasse isso, o trabalho de qualquer fotógrafo que excepcionalmente for autorizado a captar imagens deverá passar por uma triagem da artista, que decidirá quais fotos podem ou não ser publicadas. Pirou geral... E em setembro ela vem ao Brasil.

LIMITE O tal de Bonde das Maravilhas, formado por adolescentes, está na mira da Promotoria da Infância e Juventude. Com componentes menores de idade, o grupo musical(?!?) apela no erotismo das danças e na baixaria. Se não colocarem freio agora, a coisa vai descambar. Depois não reclamem da “imagem do país no exterior”...

MARCELO D2 Apesar das minhas restrições ao rap, nunca escondi minha admiração pelo artista que deu uma verdadeira linguagem brasileira ao estilo. Ao misturar o samba com o ritmo gringo, Marcelo D2 sempre mostrou criatividade com letras que segundo ele não precisam falar só de sofrimento ou problemas sociais. Mas uma frase dele ao site Vírgula me deu um nó no quesito compreensão. Segundo o artista, “homofobia é coisa de veado”. E agora?

THE VOICE BRASIL Alguém sabe me dizer o que foi feito da moça que ganhou a primeira edição do The Voice Brasil? O programa global fez muito sucesso e promete repetir a dose na segunda edição ainda em 2013. E antes que alguém pergunte, também achei injusto o resultado da edição passada. A moça não é ruim, mas tinha gente bem melhor.

CREDIBILIDADE Você acredita nas potências anunciadas pelos fabricantes nos catálogos ou gráficos dos produtos de áudio? Se respondeu sim, você acredita em Papai Noel.

REM Apesar das negativas dos integrantes do grupo, a volta do REM ainda é cogitada pela imprensa americana. Os músicos continuam a se encontrar e volta e meia alguns deles tocam juntos em eventos excepcionais. Ao encerrar a carreira em 2011, o REM deixou uma legião de fãs que torcem pela volta do grupo. É só esperar a grana acabar...

CURIOSIDADE Em eventos literários a presença de música ao vivo é cada vez mais constante. Como artes convergentes, a música e a literatura tem nas letras um interessante referencial de união. Poetas são requisitados para colocar letras em músicas e muitos músicos são convocados para musicar poe mas. Não custa lembrar que essa prática já criou obras primas da música brasileira.

PROVOCAÇÃO Tem uma categoria de artistas brasileiros que mal gravaram seu primeiro disco e já tem assessor de imprensa, secretário e outros luxos. Por essas e outras é que entre músicos e produtores circula uma perguntinha que desperta ira em algumas estrelas nacionais: Sabe qual a diferença entre uma nova estrela emergente e um terrorista? Resposta: Com o terrorista ainda é possível negociar...

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PLAY REC | www.backstage.com.br

DANIELLI MARINHO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR

DUOFEL PULSANDO MPB Duofel Os violonistas Fernando Melo e Luiz Bueno resolveram unir seus talentos e formaram em 1978 um duo chamado Duofel. Com doze CDs e dois DVDs na bagagem, lançam agora o álbum Duofel Pulsando MPB (Fine Music), imprimindo sua sonoridade em versões de obras que marcaram a música popular brasileira. Gravado como se fosse ao vivo (apenas os violões plugados e um microfone para captar o som ambiente), destacam-se a primeira faixa – um medley com músicas de Chico Buarque: Construção, Cotidiano e Deus lhe Pague, além de Acalanto das Nonas, de Baden Powell; Bom Dia, Tristeza, de Adoniran Barbosa e Vinicius de Moraes; e O Vento, de Dorival Caymmi, que fecha o álbum de forma emocionante e pungente. Fernando e Luiz, como artesãos, esquadrinham nas cordas o som de seu virtuosismo – o resultado é um álbum que reflete a incrível habilidade da dupla.

THE GENTLE RAIN Victor Biglione O compositor Victor Biglione lança seu 30º CD The gentle rain, pela gravadora Rob Digital. No trabalho foram incluídas gravações ao vivo de algumas de suas apresentações em vários palcos entre os anos de 2000 e 2010. Dentre as composições destacam-se Por causa de você (Tom Jobim e Dolores Duran), Batida diferente (Durval Ferreira e Maurício Einhorn), Wave (Tom Jobim) e a faixa-título The gentle rain, de Luiz Bonfá e Matt Dubbley. Na capa do disco, uma ilustração inédita do cartunista uruguaio Lan, um dos admiradores do guitarrista.

JASMIM Gilson Peranzzetta, Mauro Senise e Amoy Ribas O trio lança um novo trabalho gravado na igreja Nossa Senhora do Bonsucesso, indicada por Rosana Lanzelotte, que dirige a série Música nas Igrejas, como a de melhor acústica no Rio de Janeiro. Bastaram cinco dias para que Gilson e Mauro construíssem esse belo trabalho, que contou ainda com um terceiro personagem: Amoy Ribas com participação especial na percussão e marimba de vidro.

PARECE UM SONHO Leonardo Bessa Sambista carioca, filho do também compositor e maestro Reginaldo Bessa, Leonardo lança seu primeiro CD pela Saladesom Records. Bessa assina metade das faixas, incluindo a faixa-título, e assina algumas composições com outros autores como Nei Lopes, Silvio Paulo, Espanhol e Branca Dineve. No repertório há também parcerias de seu próprio pai com Nei Lopes (Amor de Fevereiro). Leonardo, que começou sua trajetória no samba e no carnaval, vem ao longo dos anos exercendo outra habilidade: a de produtor musical das escolas de samba do grupo de acesso do Rio de Janeiro. Produzido pelo próprio Leonardo, o álbum foi mixado no estúdio Cia dos Técnicos (RJ) e gravado no Onda Sonora, tendo como técnico de gravação e mixagem Roberto Junior.


DANIELLI MARINHO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR

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Profissões do

‘backstage’ L U C A S

G O N D I M

TÉCNICO DE RF Em mais uma reportagem desta série de entrevistas sobre os profissionais nos bastidores dos shows e produções, trazemos uma entrevista com Lucas Gondim e a profissão de técnico de RF.

redacao@backstage.com.br Fotos: Arquivo pessoal / Divulgação

G

igplace - Lucas, vamos falar sobre você. Qual é a sua formação acadêmica e como você parou no mercado do show business? Lucas Gondim - Bom, não tenho curso superior, somente o segundo grau com-

pleto mas, apesar de querer ter cursado engenharia elétrica, ainda não consegui. Creio que por falta de tempo ou por enrolação mesmo. Entrei no mercado de shows de forma gradual, pois desde criança trabalhava com o som na igreja em que


Antenas “Escolinha do Gugu” - TV Record

participava; na época, um microfone e uma caixa amplificada. A partir daí surgiu uma banda que tocava em festivais e assim descobri que poderia trabalhar profissionalmente. O caminho foi uma empresa de som, foi assim que comecei. Gigplace - Como você começou a trabalhar com RF, já que inicialmente você era técnico em áudio numa grande empresa? Lucas Gondim - A meu ver, todo técnico de empresa de som, técnico de banda ou até mesmo aquele roadie da banda que se preocupa com seus sistemas sem fio pode ser um técnico de RF. A diferença é que ele não faz somente isso e, portanto, não consegue se dedicar exclusivamente aos sistemas sem fio. Foi assim comigo. Sempre tive um cuidado a mais para com os sistemas sem fio em que trabalhava. Naturalmente, as coisas foram acontecendo e de repente estava trabalhando como técnico de RF. Na

verdade, acho que seria pretensão da minha parte dizer que atualmente sou somente um técnico de RF, creio que estou trabalhando para isso. Gigplace - E afinal, quais as atribuições de um técnico de RF antes, durante e depois de um show ou evento? Lucas Gondim - Basicamente, nosso trabalho é analisar, coordenar e atribuir frequências em sistemas sem fio de um evento. Analisar equipamentos, cabos, antenas, conexões e também o espectro em que vamos trabalhar, coordenar ou definir todas as frequências para que funcionem de forma ordenada, evitando intermodulações entre as mesmas, e por fim atribuir as frequências que foram estipuladas. Acho que isso é o começo para um resultado satisfatório. Gigplace - E os cursos e treinamentos para se especializar nessa nova função, quais foram?

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Basicamente, nosso trabalho é analisar, coordenar e atribuir frequências em sistemas sem fio de um evento. Analisar equipamentos, cabos, antenas, conexões e também o espectro em que vamos trabalhar, coordenar ou definir todas as frequências para que funcionem de forma ordenada.

DVD Pedro Mariano, detalhe das Antenas

Lucas Gondim - O sound designer Fernando Fortes é meu grande professor. Todo treinamento que obtive foi trabalhando direto com ele. Ele criou um método de trabalho ao longo dos anos em que trabalhou em musicais e tento seguir a mesma receita. Claro que existem diversas formas de se trabalhar, mas me sinto seguro em tentar trabalhar da mesma forma que ele. Gigplace - Quais as maiores dificuldades na coordenação de frequência que você encontra em shows e eventos? Lucas Gondim - Uma dificuldade que encontro é não ter o controle de quem entra no ambiente em que estamos coordenando. Às vezes, você só descobre quando o sistema do “intruso” já está ligado. Sei que não é o pensamento de todos, mas acredito que não temos o poder de polícia para proibir o uso de sistemas sem fio. O ideal seria usar o bom senso e tentar coordenar todos que adentrem no espaço. Tudo depende de quanto tempo se tem, quantas pessoas

estão fazendo o trabalho de coordenação e como foi feita a pré-produção do evento. Todos esses fatores influenciam na hora da decisão final entre permitir outros equipamentos ou não. Nem sempre

DVD Mics


DVD Pedro Mariano - Elis Por Eles

isso é possível, mas a proibição às vezes é pior, pois o equipamento intruso poderá ser ligado sem o nosso consentimento e aí poderemos ter problemas. Backstage - Qual é o seu kit básico de ferramentas de trabalho? Lucas Gondim - Utilizo o Winradio como scanner e, para coordenação, um software para cálculo de intermodulação da Professional Wireless chamado IAS, um frequency counter, um receptor portátil da ICON e outras ferramentas básicas para manutenção de emergência, além de alguns adaptadores. Backstage - A ANATEL, que é o órgão regulador do espectro de RF no Brasil, disponibiliza informações sobre os canais de TV e uso de espectro de frequências nas capitais do Brasil? Lucas Gondim - Sim, eles disponibilizam, mas as informações são bem vagas e não batem muito bem com o que a gente vê nos locais de coordenação. O espectro dos canais de TV nunca coincidem exatamente com as informações disponíveis no site e, apesar de ter um banco de dados bem grande, algumas informações deixam a desejar. Gigplace - Ainda sobre a ANATEL, como anda a fiscalização deles em shows e eventos? Lucas Gondim - Ás vezes eles aparecem, mas não deixam cla-

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Gigplace - Fale de um ou alguns trabalhos que você considera importantes em sua carreira. Lucas Gondim - O Lollapalooza foi um grande desafio e nada eu poderia fazer se não fosse a ajuda de outros técnicos de RF que trabalham em parceria comigo, como os Irmãos Edson Gongora e Henrique Gongora. Neste ano, eles estiveram comigo neste trabalho coordenado inicialmente no ano de 2012 pelo engenheiro Fernando Fortes.

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Gigplace - Enfim, o que falta ainda ao Lucas Gondim para que ele se torne um profissional ainda melhor? Lucas Gondim - Acho que estudar mais. Quanto mais você busca, mais você descobre que nada sabe e isso às vezes é frustrante. Mas com as pessoas certas nos ajudando descobrimos que não estamos sozinhos e isso nos, move a seguir em frente.

ro o que realmente é permitido ou não. Prefiro não comentar. Gigplace - Na sua opinião, o mercado de eventos e shows já entende a necessidade do profissional de RF? Como você vê a demanda por este tipo de profissional? Lucas Gondim - O interesse está crescendo na medida em que fica mais difícil trabalhar dentre tantos canais de TV digital nas grandes capitais. Alguns eventos não acontecem mais sem a coordenação de RF e a Audiobizz, comandada pelo Andreas Schmidt e o Fernando Fortes, são os grandes pioneiros no país. Posso dizer que 90% dos meus trabalhos são prestados para eles, dentre outros clientes, como Tukasom e Loudness, que também nos contratam quando precisam de um número maior de sistemas sem fio, além de algumas bandas que também se interessam para uma data específica, como a gravação de um DVD ou de um show com transmissão ao vivo.

Gigplace - E quais os seus planos para o futuro: onde o Lucas Gondim pretende estar daqui a 10 anos em termos profissionais e pessoais? Lucas Gondim - Bom, espero estar com saúde e trabalhando. Outra coisa é não ficar parado no tempo, espero poder acompanhar e aceitar os avanços tecnológicos que vão surgindo a cada dia. Gigplace - O que você teria a dizer para as pessoas que estão iniciando ou interessadas no mercado técnico de RF? Lucas Gondim - O mercado é promissor, mas, como toda profissão, exige seriedade e pés no chão. Temos que tomar muito cuidado com o “peixe” que vendemos, pois, além do nosso conhecimento, dependemos de um equipamento que atenda a mínimas condições de uso. De certa forma, o tempo nos ensina a entender isso, a saber onde se pisa. Este espaço é de responsabilidade da Comunidade Gigplace. Envie críticas ou sugestões para contato@gigplace.com.br ou redacao@backstage.com.br. E visite o site: http://gigplace.com.br.


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O som DE CADA PA

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PARTE 9

D A série de reportagens sobre a busca do profissional de áudio por uma sonoridade que seja sua marca registrada traz, nessa edição, as experiências dos técnicos Bruno Campregher e Régis Couto. Alexandre Coelho redacao@backstage.com.br Fotos: Arquivo Pessoal / Divulgação

epois de oito anos comandando o som da banda mineira Pato Fu, o engenheiro de áudio Bruno Campregher já está há nove com os também mineiros do Jota Quest. A coincidência de dois trabalhos longos de natureza pop acabou por influenciar na busca do técnico por uma sonoridade que prima pela clareza e pela definição dos sons e instrumentos na mixagem. Ou, segundo ele próprio, “um som alto e claro sem agredir os ouvidos do público”. Campregher admite que alcançar esse som limpo e claro também depende muito do artista. Da mesma maneira, o volume que cada músico usa no palco e os arranjos das músicas influenciam diretamente no resultado. Mas essas variantes, obviamente, fazem parte do desafio da profissão. “Todo técnico já passou pela situação de, em uma música, achar o som sujo e distorcido e, em uma próxima música, com menos sons e instrumentos tocando ao mesmo tempo, o resultado ser bem diferente. Quando eu sinto que algum instrumento está incomodando de alguma maneira, seja no volume ou no timbre, eu converso com o artista para decidirmos o que fazer”, conta. Já o engenheiro Régis Couto, técnico da banda Tequila Baby e há dois anos

responsável pelo PA do festival Planeta Atlântida, aponta como sua marca pessoal um aspecto menos técnico do que psicológico: a forma como se relaciona com os músicos da banda. Para Régis, é fundamental conversar ao máximo com cada integrante da banda e com os roadies, a fim de saber em detalhes qual o som que o músico deseja tirar do seu instrumento. “Assim, conheço as particularidades de cada músico e criamos uma troca de informações muito interessante. Uma característica forte do meu trabalho, porém, é que gosto de ter um som bem presente, com todos os instrumentos bem na cara, mas sem esconder a voz principal. Penso que o público tem que entender claramente o que o artista está cantando, mas também tem que sentir a música”, avalia.

DIVERSIDADE Régis não vê problema em ter que se adaptar aos diferentes estilos dos artistas com os quais trabalha. Ao contrário, para ele, esse é o grande barato para quem faz som na estrada. “Em uma banda de rock, por exemplo, a voz está mais dentro da harmonia, as guitarras estão mais presentes. Já em uma banda sertaneja, é a voz que está mais presente. Mas, em geral, tento sempre equili-


Bruno Campregher

com bons equipamentos e mão de obra qualificada. Além disso, segundo ele, o dimensionamento correto e o posicionamento do sistema são fundamentais para o sucesso do show, bem como o alinhamento e uma boa passagem de som. “Atualmente, temos a praticidade dos consoles digitais e ganhamos muito tempo, que antes era gasto na

diferente para cada show. Esse tempo de treinamento e experiências faz falta hoje em dia”, observa. Para alcançar seus objetivos em cada apresentação, Régis Couto, mais uma vez, lança mão da psicologia como aliada dos aspectos técnicos. De acordo com o profissional, ele procura envolver a todos da equipe em um mesmo propósi-

brar e timbrar cada instrumento de forma que os espectadores, quando olharem o percussionista, por exemplo, identifiquem o instrumento que ele está tocando sem precisar fazer esforço algum. Penso que isso é uma mix legal”, define. Bruno Campregher concorda que a adaptação aos diferentes estilos dos artistas faz parte do trabalho. Mas acha que as concessões devem ter um limite. Caso contrário, pode acontecer de ninguém ficar satisfeito. “Já aconteceu de me pedirem para eu mudar a minha forma de trabalhar, mas acho que se você mudar suas características para agradar ao artista e não agrada a si mesmo, no fim das contas, não vai agradar a ninguém. É como pedir ao Neymar para parar de driblar”, compara. Para atingir um nível que considera profissional e ficar satisfeito com os resultados, Campregher acredita que o primeiro passo é trabalhar com empresas sérias, competentes,

Atualmente, temos a praticidade dos consoles digitais e ganhamos muito tempo, que antes era gasto na passagem de som (Campregher) passagem de som. Por outro lado, esse tempo gasto era como se fosse um treinamento ou estudo, em que você era obrigado a buscar uma mix

to, que é fazer com que tudo funcione perfeitamente. Além disso, usa, sempre que possível, os equipamentos nos quais tem maior

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Regis Couto

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confiança, e não inventa nada diferente nos shows, deixando eventuais experimentações para o estúdio. Tecnicamente, Regis cita os microfones e o console como peças fundamentais para chegar aos resultados almejados. “Hoje existem muitas marcas e modelos de microfones que não tínhamos há 10 anos. Shure SM 58, SM 57, Beta 52 e SM 81 são microfones que não podem faltar no meu input. Outro item que me ajuda muito, e acredito que não só a mim, é o console. Nesse ponto, não consigo esconder minha preferência pela Midas”, admite. Bruno Campregher também acredita que boa parte do sucesso do técnico – e, consequentemente, do show – está em um console de qualidade. Ele faz questão de lembrar que, atualmente, não faltam opções quando o assunto é a oferta de equipamentos de áudio de qualidade.

“No que diz respeito aos consoles, gosto muito da sonoridade das mesas Digico, Soundcraft e Midas; da praticidade e robustez das mesas da Yamaha; e das possibilidades dos produtos da Avid / Digidesign e seus plug-ins. Quanto aos line arrays, destaco os da marca alemã D&B, que possuem exatamente a clareza, definição e pressão que eu procuro”, relaciona.

ALINHAMENTO Como o alinhamento do PA é coisa séria para qualquer técnico profissional, Bruno Campregher tem vários equipamentos para auxiliálo nessa tarefa. Ele conta que, para alinhamentos rápidos, usa um RTA da Phonic PAA2. Já quando o tempo permite, ele tenta colocar em prática o que aprendeu nos cursos de Smaart. “Primeiro, com o Pink Noise, eu confiro junto ao

técnico da empresa se as vias do PA falam iguais em volume e fase. Depois, vejo se o sub se soma ao grave do sistema em sua frequência de corte. Em seguida, usando um equalizador paramétrico e falando ao microfone, retiro alguma frequência indesejada e, se necessário, faço um ajuste fino com o equalizador gráfico. Por último, ouço minhas músicas de referência, de artistas como Donald Fagen, Alan Parsons, AC/DC, Sting e outros”, revela. Regis Couto também leva o alinhamento do PA muito a sério. Para isso, usa um Mac com o Smaart 7, uma placa da Focusrite e um mic calibrado da DBX. “Geralmente, quando chego com a banda, o PA já foi previamente alinhado pelos técnicos da locadora. Uso meu equipamento mais para checar se o sistema está respondendo de acordo

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É bom ter cenas salvas com diferentes equalizações, quando temos tempo para isso. Já fazer a passagem de som com os roadies, para mim, é tranquilo, pois conheço a forma com que cada artista toca (Regis Couto)

com o que eu vou precisar. Depois, escuto algumas músicas e já passo o som com os roadies. Peço sempre que eles toquem umas quatro ou cinco músicas sem intervalos, para checarmos se não vai parar nada durante o show”, ilustra Régis, que gosta da banda Sade, em especial da música Kiss of Life, para comparar o PA antes e depois de alinhado. Régis Couto não é adepto do soundcheck virtual, embora não tenha restrições a esse tipo de passagem de som. O técnico diz que não usa porque prefere ouvir o som de cada instrumento e timbrá-lo novamente. “É bom ter cenas salvas com diferentes equalizações, quando temos tempo para isso. Já fazer a passagem de som com os roadies, para mim, é tranquilo, pois conheço a forma com que cada artista toca. Mas não posso negar que se a própria banda passasse o som seria bem melhor”, confessa. Bruno Campregher, por sua vez, é um defensor do soundcheck virtual. Ainda que tenha se valido do método poucas vezes, o técnico assume que gostaria de usá-lo sempre, já que ele possibilita o constante aprimoramento da mixagem. Mas o fato de não viajar com uma mesa de PA própria inviabiliza essa possibilidade. “Eu teria que ter diferentes interfaces para cada mesa que encontro na estrada. Minha segunda opção seria a passagem de som com a banda, porém, iria ficar cansativo, para um artista com muitos shows, passar som e tocar no mesmo dia. O que geralmente acontece é a passagem de som com os roadies, que, no caso do Jota Quest, são músicos também e podem substituir o artista em um imprevisto, além de possibilitar uma passagem de som bem próxima do que o artista faz no show”, ressalta.

IDENTIDADE Campregher acredita que, ao longo do tempo e com muita prática, a identidade na sonoridade de cada técnico surge naturalmente, de acordo com o que o profissional vivencia e aprende. Com isso, um artista pode buscar no

mercado o profissional que melhor combine suas características ao estilo musical da banda. Já para Régis Couto, construir essa personalidade única é muito importante para o profissional de áudio, uma vez que é ela que irá diferenciar um técnico de outro. “Afinal, o técnico de PA também faz parte da musicalidade da banda. Não tem como separar técnico e banda, um depende do outro para que tudo dê certo”, sentencia. Regis recorda uma história que retrata bem a importância do técnico para uma banda, mas que também mostra os percalços por que passam os profissionais do ramo. “Eu fazia o PA de uma banda havia uns quatro anos, quando o dono resolveu cortar despesas e me demitir. Como ele entendia de som, foi fazer o PA ele mesmo. Alguns meses depois, ele pediu que eu voltasse, pois os músicos queriam a minha volta e alguns proprietários de bares onde a banda se apresentava estavam reclamando do som. Então, percebi que de algum modo eu levava jeito para a coisa. E, até hoje, por todos os lugares por onde passei, as portas ficaram abertas. E já são mais de 15 anos de estrada”, orgulha-se. Tão importante quanto a presença de um técnico profissional é que ele siga suas convicções, independentemente de quaisquer influências externas. Sob esse aspecto, Bruno Campregher também se lembra de um causo que marcou sua trajetória. “Quando comecei a fazer o PA do Jota Quest, mais de nove anos atrás, tinha a pressão de mostrar um bom resultado já nos primeiros shows e, a pedido de um dos músicos, mudei minhas características de mixagem, mas não fiquei muito contente com o que ouvia. Até que houve um show importante, no extinto Olympia, em São Paulo, e eu resolvi fazer do meu jeito. Ao final do show, depois de alguns elogios ao som vindos de amigos e músicos que estavam na plateia, eu fui parabenizado e orientado a manter aquela mesma pegada”, recorda.


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Música Miguel Sá redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação


+sonhos + fé =

J E T R O

Cada acorde que sai das mãos de Jetro da Silva expressa uma história cheia de lances inesperados. Com uma mistura de fé, paixão pela profissão, ouvidos abertos para o som dos mais experientes e coragem para traçar novos caminhos, Jetro da Silva conseguiu sair das aulas de piano na infância pobre para as mais altas rodas musicais norte-americanas.

A

carreira vitoriosa do pianista começou a decolar quando ele acompanhou o recém-falecido cantor Emílio Santiago, no fim dos anos 1980. Evangélico de origem batista e hoje frequentando a igreja anglicana, já trabalhou com artistas como Gladys Knight – o trabalho preferido do músico -, Chaka Kan, Patti LaBelle e Witney Houston, com quem tocou de 1999 até o falecimento da cantora e o grupo vocal Take 6. Jetro fala sobre equipamento, as diferenças entre Brasil e EUA, a importância de ter a mente aberta para outras culturas e faz um apelo ao meio evangélico do Brasil pelo uso de elementos brasileiros na música gospel. Hoje

D A

Jetro é professor titular de prática de grupo em Berklee, uma das melhores universidades de música do mundo. Revista Backstage – Que equipamentos você gosta de usar? Jetro da Silva - Os teclados que estou usando hoje são o RD700NX, que eu adoro como controler e pelos sons, e também uso o Jupiter 80, pelo fato de ser um tremendo fã dos sons dos anos 80. Eu gostava muito do D50. Aqueles sons estão todos no Jupiter. Em termos de monitor, quando faço turnê com artistas de alto nível, rola um in-ear especialmente moldado para mim. Minha mixagem é com todo mundo mais ou menos no mesmo nível e meu instrumento um pouquinho mais alto, junto com o cantor. Se eu estou lidando com engenheiros de som inexperientes, peço para ter caixa de monitor também.

S I LVA tipo de ajuda. Nos ensaios, usávamos os mesmos equipamentos que iríamos usar nos shows. A informação era levada em alguma mídia. No caso dela e de outros artistas de alto nível, como a Madonna, as mesas são digitais, com as tecnologias

Backstage - Aqui no Brasil, a mesa digital está disseminada. Como é lá nos EUA? Aqui, em festivais, muitos técnicos de áudio de fora preferem as analógicas... Jetro da Silva - O engenheiro de som, que trabalhava com a Whitney, usava mesas digitais. Esqueci qual a mesa que ele usava... Era uma das mais caras Jetro da Silva da Inglaterra. Geralmente ele tinha dois assistentes: um anotando os detalhes e o outro que mais avançadas possíveis e com o sabia programar no mesmo nível tempo e ensaios necessários para que ele. Isso porque tinha um orque o engenheiro possa conhecer çamento que permitia ter esse o equipamento.

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Backstage - Lá tem ensaios técnicos, não? Jetro da Silva - É verdade. E eu também tinha um programador trabalhando comigo, apesar de também saber programar. A vantagem de saber programar é que posso ter um bom diálogo com o meu programador, no mesmo nível. Backstage - Quando você chegou aos Estados Unidos e começou a lidar com os técnicos de som de lá, foi muito diferente dos daqui? Jetro da Silva - Eu não diria que foi muito diferente... A diferença que eu vi é no planejamento. Em termos de habilidade e conhecimento, eu não diria que existe problema. Acho que existem pessoas aqui capazes no mesmo nível. Acho que o problema era, na nossa época, pouco dinheiro e falta de planejamento. Lá (nos EUA) tem todo o cronograma de montagem de cenografia, palco, e tem todo aquele time, todos super bem pagos, cuidando cada um da sua área. E quem vai ficar em cima de você é o artista. Backstage - A sua formação musical foi na igreja? Jetro da Silva - Cresci ouvindo rádio no Brasil. Naquela época, no rádio, a gente ouvia Stevie Wonder etc. E a gente ouvia, na época, Oséas de Paula, né? Vencedores por Cristo, que era um grupo de São Paulo e, ao mesmo tempo, nossa família morava do lado de um centro de macumba, que também me levou às raízes dos meus ancestrais. Eu tenho que reconhecer isso. Quando eu faço certos tipos de música, hoje tenho que reconhecer que isso também faz parte de mim. Não é só o gospel americano, que eu adoro e cresci ouvindo. Backstage - Como o músico evangélico brasileiro pode lidar com essa herança percussiva afro-brasileira? Jetro da Silva - Acho que uma das

heranças que a igreja evangélica tem no Brasil é dos missionários. Só que essa herança não é tupiniquim. Esses missionários, uns eram americanos, outros europeus. Com eles, veio o evangelho, mas também a sua cultura. Isso é importante entender. A diferença entre a igreja anglo-saxônica, como a Igreja Batista, e a igreja católica romana é que o jesuíta adotou um pouquinho do folclore do índio. Mas a igreja evangélica não adotou. O “sambinha” veio do samba de terreiro, mas é necessário entender a diferença entre a expressão religiosa e a cultura. Nós não podemos negar o fato de que a contribuição africana no Brasil é imensa. Fui batista, hoje eu sou anglicano. Acho que quando há uma convenção internacional de igrejas, o americano vem, e você já sabe o que vem. Azul, vermelho, gravata vermelha e paletó azul. Aí vem um africano, vamos supor, angolano. Ele vai tocar a música com a levada deles. Tem um cubano. Dependendo da denominação, vai rolar a levada de lá. Já o brasileiro vem vestido de americano e cantando hino traduzido. Agora, eu gostaria de enfatizar músicos como João Alexandre, os Vencedores por Cristo e outros novos que não conheço que tomam a iniciativa de trazer o sabor brasileiro para dentro da igreja. E acho isso de suma importância, não somente a bossa nova, como Edson e Tita fazem, mas ter outros estilos, como o baião, do falecido Sérgio Pimenta. Acho isso importantíssimo. Backstage - Como é que chegou no Emílio Santiago? Jetro da Silva - O Emílio chegou em um período em que nossa família estava vivendo de favor em uma igreja na Barra, com a ajuda de um pastor chamado Márcio Alves. Naquela época, um amigo meu falou: “você deveria ir no People, no Leblon, e dar uma canja”. Aí cheguei para dar canja, em 86. Quando terminei de dar a canja, tocando e cantando Beijo Partido,


o Luizinho Eça saiu da cadeira que ele estava - é até um lance simbólico - e me deu um beijo e me abraçou. Isso, para quem entende simbolismo, é ele dando a benção à próxima geração. Inclusive eu estudei com ele também. Por que toquei o Beijo Partido? Por que, algumas semanas antes, eu tinha tocado no Jazzmania com o Toninho Horta, recomendado pelo Hugo Fatoruzzo. Havia estado na casa dele porque queria estudar piano com ele. Ele falou, “não vou te dar aula, você toca bem”. Uma semana depois, tocou o telefone na casa do pastor Márcio. Era o empresário do Toninho Horta falando: “o Hugo não pode fazer essa gig no Jazzmania e falou que é você quem tem que substituir”. Foi minha primeira gig no Rio de Janeiro. E depois disso, voltando pro People, um cara veio e falou, “tem um cara no Sobre as Ondas (boate em Copacabana) procurando substituto. Ele vai tocar com a Leny Andrade agora e vai fazer uma turnê”. Então eu vou pro Sobre as Ondas para conhecer o João Coutinho. Conversa vai, conversa vem, ele perguntou: “quer dar uma canja?” Dei a canja e ele falou, “o trabalho é teu. Aqui tá o livro, estuda o livro. Agora tenho que resolver o problema do Emílio. Ele tá precisando de um pianista. Já apareceram cinco e ele não gostou de nenhum.” Aí falei com ele: “se você quiser, eu posso tentar tocar com o Emílio também”. Nessa época eu estava indo pra Campinas toda semana. Aí ligo pro Emilio: “Aqui é o Jetro da Silva”, ele diz, “soube que você toca muito bem, quer tocar pra mim, você está disponível?” Aí falei: “é o seguinte Emílio, você precisa me ouvir primeiro. Vou pra São Paulo sexta, dá pra me arrumar uma audição pra sábado?” Aí eles armaram um ensaio em cima da hora (a banda era com Paulinho Criança na bateria, Adriano Giffoni de baixo, Jiló de percussão, Zé Canuto no sax e Marquinho Arcanjo na guitarra). Depois eu soube que o Emilio, quan-

do me viu, ouviu uma voz falando pra ele que eu era o pianista. Ao mesmo tempo tive a oportunidade de tocar no hotel Meridien. Na época era bom porque o Emilio tinha poucas datas de show. Aí finalmente tive condições para arrumar um fiador e alugar um apartamento no prédio que minha mãe mora até hoje, em Copacabana. Eu consegui o fiador por causa da Darlene Glória que na época tinha uma igreja com o marido. Ela ligou para umas irmãs e falou: “tem um rapaz aqui que vocês têm que ajudar, tem que alugar esse apartamento e não tem fiador” A irmã assinou e ficou como fiadora anos. Backstage - Porque saiu da banda do Emilio? Jetro da Silva - Fiquei lá quase três anos e saí, fui para Berklee. O falecido Claudio Caribé falou da escola pra mim, escreveu uma carta para o presidente na época, Lee Berk. O Lee falou que legal seria se eu fosse lá conhecer a escola. Se eu gostasse, seria recomendado para fazer o curso, o que é o jeito mais fácil de conseguir bolsa. Com essa carta consegui o visto, que parecia um convite. Então com o dinheiro da temporada que fizemos no Asa Branca (boate na Lapa, Rio de Janeiro), com esse dinheiro, fui olhar Berklee. Parecia um garotão rico (risos). Fiquei uma semana em Nova York... Backstage - Sabia inglês já? Jetro da Silva - Nada... Sempre fui entrão. Fui lá em 90, fiquei uma semana em Boston e uma em Nova York. Backstage - E aí você foi estudar em Berklee. Qual curso? Jetro da Silva - Eu fiz engenharia e produção... (risos). Surpresa! O Claudio Caribé tinha feito a minha cabeça. Ele falou: “Jetro, se você for... a tecnologia está mudando, você já toca legal, para tocar sempre pode ter um professor particular. Mas o acesso à tecnologia, entra nessa de cabeça”.

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Quando cheguei nos EUA, pensei: “vou aprender inglês sem ficar traduzindo. Um amigo meu falou: Jetro, quer entender Herbie Hancock , tem que entender quem o Hancock ouviu. Mas não é copiar a nota: é ver como respira, como articula a nota

NBL Tour 2010 - último dia de ensaio

Backstage - Você tocou com o Emilio Santiago, que é bem brasileiro, e fez uma carreira no R&B americano. Como os músicos de lá sentiam o seu som? Eles percebem que você tem um sotaque diferente? Jetro da Silva - O americano sente que é igual, mas rola uma contribuição. Quando cheguei lá, foi com essa mentalidade de como respirar e o entendimento de que a música não é somente limitada à nota. Quando eu toco samba, pra mim não é só nota. É feijão, arroz... Lá já é couve sem cortar e aquela macarronada que é macarrão com queijo (risos). O Cláudio Caribé tinha me falado: “não vai com aquela mentalidade de sou brasileiro e toco bossa nova e sou o melhor do mundo. Vai pra lá honrando seu know-how. Você sabe os hinos das igrejas que são hinos americanos. Então procura uma igreja de cara. Você é negro. Usa isso em teu benefício, tenta entrar na comunidade negra”. Foi isso que eu fiz. Foi aí que entrei no coral gospel da escola e foi aí que conheci as cantoras. Entrei no coral como cantor e cantando conheci todas as cantoras. Ai quando me ouviram tocar piano! Então eu já ganhava um dinheirinho pra tocar nas provas delas. As cantoras começaram a saber, ele toca bem, ele é de igreja, então

ele toca gospel, e as pessoas começaram a ouvir falar desse cara brasileiro que toca pop legal, que toca R&B legal... Quando cheguei nos EUA, pensei: “vou aprender inglês sem ficar traduzindo. Um amigo meu falou: Jetro, quer entender Herbie Hancock , tem que entender quem o Hancock ouviu. Mas não é copiar a nota: é ver como respira, como articula a nota”. Isso, os músicos do Brasil da antiga sabiam. O Ion Muniz (saxofonista) sabia disso. O Márcio Montarroyos (trompetista) sabia disso. Por isso, quando o Márcio tocava as pessoas não olhavam pra ele como um músico brasileiro; para eles era um músico do mesmo nível de um músico americano. O legado do trompete do Brasil, Marcio Montarroyos, Paulinho Trompete, eles são respeitados no nível de um Freddie Hubbard.

Para saber online

http://www.berklee.edu/faculty/detail/ jetro-da-silva


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MEU NOVO Trio psicodélico de discos de Ronnie Von volta às lojas em relançamentos “bolachões” Ricardo Schott redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

CANTAR

EM VINIL P oucos canais, muita criatividade, um ídolo em crise, mil transformações no mundo. Junte tudo isso e chegase a um trio de álbuns que até hoje chama a atenção de críticos e de fãs de obscuridades do rock nacional: Ronnie Von (1969), A misteriosa luta do império de

Parassempre contra o reino de Nuncamais (1970) e A máquina voadora (1971), quarto, quinto e sexto discos de Ronnie Von, respectivamente. Lançados originalmente pela Polydor (selo pertencente à gravadora Universal) eles aportam novamente nas lojas em vinil, via Polysom.


trabalho feito nos discos, sempre visando a realçar os graves originais do vinil, vá bater de longe os originais. Os três álbuns transpiram coragem. E o próprio Ronnie, então um ídolo pós-adolescente, lembra que foi isso mesmo. Sucesso com marchinhas como Belinha e A praça e com versões dos Beatles como Meu bem (de Girl), o cantor ouvia Beatles e música

Dos três, só Ronnie e A máquina haviam saído em CD, numa tiragem limitada distribuída em 2007 que incluía também o primeiro álbum, de 1966. “Os discos de Ronnie Von foram sugeridos pela nossa legião de

consultores voluntários que dão dicas sobre títulos o tempo inteiro. A lista é grande. E não se pode esquecer que as gravadoras proprietárias dos masters têm sido sensacionais ao autorizar e apoiar esses relançamentos”, diz João Augusto, proprietário da Polysom, apostando que o

barroca em casa. Estava antenado com as novidades do tropicalismo e do rock nacional pós-Jovem Guarda. E a bem da verdade, sequer pode ser considerado um jovem-guardista - graças a uma montoeira de fofocas sobre brigas entre ele e Roberto Carlos que o tiraram do programa Jovem Guarda, na Record. Na época, entre um e outro hit, o cantor apresentava O pequeno mundo de Ronnie Von, na estação, e tinha os iniciantes Mutantes (a quem batizou) como grupo residente. “Eu sou filhote de gravadora. Nunca tive quem me orientasse, eram apenas os vendedores da gravadora que faziam esse trabalho. Só que eu ia detestando tudo o que fazia”, recorda o cantor, que vinha de baladas “bobinhas”, açuca-

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Na época, a Philips (gravadora que tinha o selo “popular” Polydor) estava acéfala. O francês Alain Troussat, que era o presidente da gravadora, tinha deixado o cargo e ido para a Itália. E ela ficou mais ou menos um mês e meio assim (Ronnie Von)

radas e hits amenos (versões em português dos Beatles, em sua maioria) antes de cair no mundo com a estranheza do álbum Ronnie Von 3 (1967), não relançado agora. Aberto com uma ciranda de Caetano Veloso com participação do próprio (Pra chatear), prosseguia com uma canção da breve fase tropicalista de Renato Teixeira (A filha do rei). E descambava para a provocação na delicada Meu mundo azul, durante a qual, entre arranjos barrocos de orquestra, a voz de Ronnie era distorcida por pedais de guitarra e aparecia tremelicando, à maneira de In another land, dos Rolling Stones. Houve quem devolvesse o disco às lojas, acreditando que estivesse com defeito. “Na época, a Philips (gravadora que tinha o selo “popular” Polydor) estava acéfala. O francês Alain Troussat, que era o presidente da gravadora, tinha deixado o cargo e ido para a Itália. E ela ficou mais ou menos um mês e meio assim”, lembra Ronnie, que aproveitou a fresta, em 1968, para convidar o maestro Damiano Cozzela, músico experimental e professor de Rogério Duprat, arranjador dos Mutantes, para produzir seu quarto álbum. O disco Ronnie Von, lançado em 1969, não trazia versões e espalhava as pílulas de ousadia do disco anterior por todas as faixas. “Nesse disco, como em todos os outros, há muitas tentativas e erros. Foi o registro de uma época em que havia mais liberdade para experimentação mesmo dentro do mainstream. Acredito muito no acaso como um fator que ajudou ali, também”, diz o jornalista Ricardo Alexandre, fã dos discos de Ronnie e um de seus redescobridores para uma reportagem que saiu na “Bizz” em 2000. O disco trazia a agressividade de Meu novo cantar e Chega de tudo, além da psicodelia urbana de Nada de novo. Em Anarquia, logo no início, foi gravada uma conversa telefônica entre Ronnie e Cozzela sobre a moda (“ah, eu acho que a moda já tá fora de moda”, conclui Ronnie). Já a romântica Silvia 20 horas domingo abria com uma curiosa vinheta, Bar Íris, que propagandeava um bar com “comes

e bebes bem cafonas, no coração da (Rua) Augusta”. “Imagina, a Augusta era um point elegantíssimo, maravilhoso. Não teria nunca um bar com comes e bebes cafonas. Lembro que cheguei para o Cozzela e falei: sonhei com o jingle de uma coisa que não existe!”, afirma Ronnie, para quem seu disco de 1969 soa como uma tela de pintores surrealistas como Salvador Dalí ou René Magritte. “É o disco do qual mais gosto, como concepção final e em termos técnicos”. Produtor e criador do selo Astronauta Discos, Leonardo Rivera esteve por trás da reedição de três discos do cantor para a Universal em CD, e considera uma vitória ter posto novamente Ronnie Von nas lojas. “Em Espelhos quebrados, eles chegam a adiantar o sampler, que não existia. Quebram um espelho só para captar o barulho. O Ronnie me disse que detestava drogas e fez isso tudo careta!”, afirma. Após o mês e meio sem presidente, a gravadora contratou para o cargo o sírio André Midani, que se tornaria o grande defensor do tropicalismo e das experimentações dentro da Philips. Midani viria com a função de tornar a operação brasileira da Philips um negócio competitivo, que fizesse a empresa existir no país. Reduziu o cast e manteve apenas bons vendedores e nomes de prestígio. Ronnie ficou no selo, mas diz que até Midani acharia radicais demais as ideias que ele pôs no disco. “Achou tudo meio hermético e disse para relaxar mais, mas mesmo assim ele gostou”. Tanto que A misteriosa luta do reino de Parassempre continua na mesma linha de inovações, ainda que de volta ao universo meio pop, meio fantástico dos primeiros discos. “O Ronnie me contou uma vez que achava que a liberdade que ele teve no disco de 1969 foi sendo tolhida, mas ainda assim vieram coisas muito legais, até ele sair da gravadora”, recorda Ricardo Alexandre. Para quem vinha do som adolescente, Parassempre surpreendia por ser um álbum de pop adulto, até quando citava o universo dos superheróis


nas progressivóides De como meu herói Flash Gordon irá me levar de volta a Alfa do Centauro,meu verdadeiro lar e Pare de sonhar com estrelas distantes. O pedido de equilíbrio feito por Midani foi atendido pelo solista, mas em favor do disco: Dindi, de Tom Jobim e Aloysio de Oliveira e Por quem sonha Ana Maria, de Juca Chaves, ganhavam releituras soulrock. Versões? Elas voltaram, mas sob conceito mais diversificado. My cherie amour, de Stevie Wonder, aparecia em clima barroco e desconsolado. Atlantis, do lisérgico Donovan (Atlântida) e I started a joke, da fase “xerox dos Beatles” dos Bee Gees (Eu comecei uma brincadeira) estavam lá, mas sem sombra de mesmice. O trio de relançamentos completa-se com A máquina voadora, disco sem versões, em tom mais triste que os anteriores, mas descambando por vezes para o rock com heranças de Santana e até do Yes

do começo da carreira. Foi puxado por hits como Viva o chopp escuro e Tema de Alessandra. “Depois chegam os vendedores, que têm interesse comercial, e acontece o monetarismo: grava isso, grava aquilo... Até a hora em que eu desisti”, lembra Ronnie. Antes que isso acontecesse, no entanto, ainda haveria mais alguns discos, hoje esgotados. O Ronnie Von de 1972 imortalizaria o rock de umbanda Cavaleiro de Aruanda, de Tony Osanah, “que chegou a tocar na Inglaterra, o Emerson Fittipaldi me ligou de lá para dizer que estava ouvindo a música no rádio”, diz. O álbum homônimo de 1973, que encerrou a carreira do cantor na Polydor, ia novamente do rock ao soul com As coisas não voltam mas acabam em rock and roll (dele e de Tony Osanah), Essas coisas acontecem sempre (Zé Rodrix e Tavito) e Velho sermão (da fase soul de Ivan Lins). O enterro da fase soul do cantor acon-

teceu no festival comemorativo da Philips/Polydor, Phono 73, em 1973, com a berrada Vai depressa. Ricardo Alexandre recorda-se que não havia movimentação nenhuma a respeito dos álbuns psicodélicos de Ronnie Von há alguns anos. “Quem me mostrou os discos foi o (jornalista) Pedro Alexandre Sanches. Havia um burburinho sobre discos raros que não foram sucesso. Esses álbuns custavam R$ 2, R$ 3 em 1998, 1999!”, espanta-se (vale citar que, hoje, exemplares de qualquer um dos três LPs, originais de época, não trocam de mãos por menos de R$ 100). “E os discos são realmente muito legais, não são como aquele tipo de nugget que só tem história. Lembro que entrevistei o Ronnie na época e vi uma reação de muita amargura, de não ser reconhecido como ele gostaria. Ele não soube conduzir a carreira dele e, o que era pior, entendia a lógica daquela injustiça”. “Lembro que na época esses discos foram execrados. Diziam que eu estava drogado, que jogava o dinheiro da gravadora no lixo, que eu era um débil mental. E eu queria era mostrar meu trabalho”, afirma o cantor. O clima de revolta está no passado, no entanto. “Esses relançamentos devolveram minha juventude. Meu pai, que tem 96 anos e é diplomata aposentado, sempre me diz: ‘filho, sua cabeça nunca vai passar dos 20 anos. Seu corpo é que não vai entender isso’. E agora, estou com meus 20 anos de volta!”

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Luciano Freitas é técnico de áudio da Pro Studio americana com formação em ‘full mastering’

Frente à popularização dos home studios ocorrida nos últimos anos, alguns fabricantes tradicionalmente conhecidos pelos seus produtos voltados à sonorização “ao vivo”, entre eles a Allen & Heath, a Midas e a Mackie, passaram a desenvolver novos equipamentos que lhes permitissem se aventurar nesse próspero mercado.

ADOS SONORIDADE ESTÚDIOS PROFISSIONAIS NA HOUSE MIX N

a outra ponta da indústria do áudio profissional, os designers de equipamentos para estúdio, acompanhando os consoles digitais a conquistar dia a dia o seu merecido lugar nos palcos e salas de concerto espalhados mundo afora, decidem também ramificar suas linhas de produtos permitindo os artistas alcançarem em suas apresentações “ao vivo” a sonoridade encontrada em seus discos e gravações. A Avid, na época Digidesign (com o seu sistema Venue) e a Presonus (com a família StudioLive) puxaram a tropa que agora ganha um integrante de peso, a Solid State Logic – SSL, empresa que durante mais de 35 anos foi referência nos estúdios de gravação, broadcast e pós-produção de áudio.

LIVE L 500 Concebida para ser uma mesa digital extremamente robusta e ao mesmo tempo versátil, a Live L 500 chega ao mercado não apenas para ser o primeiro console voltado à sonorização “ao vivo” que carrega consigo o DNA da SSL, mas um equipamento que, além da sonoridade impecável, oferece poderosos recursos que podem mudar a forma como os engenheiros de áudio trabalharão no futuro. Baseada na plataforma “Tempest”, quarta geração de softwares desenvolvidos pela SSL especificamente para os seus consoles digitais, a Live L 500 utiliza a tecnologia Optimal Core Processing (OCP) para proporcionar um desempe-


nho altamente eficiente e confiável, possibilitando mínimos níveis de latência. Todo esse poder de processamento se reverte na incrível capacidade de gerenciar até 976 canais físicos de entradas e saídas de áudio simultâneas, número este nunca antes atingido pelos integrantes dessa categoria de equipamentos. Em seu modelo de entrada, a Live L 500 oferece uma seção de áudio analógico com 16 canais de entrada (sendo 2 desses dedicados à função talkback) e 16 canais de saída (sendo 4 dedicados à monitoração ou fones de ouvido) e uma seção de áudio digital com 4 canais de entrada e 4 canais de saída no formato AES/EBU (com conversão automática da taxa de amostragem), 2 pares de conexões ópticas, além de oferecer 2 conectores no formato MADI (Multi-channel Audio Digital Interface) que possibilitam o tráfego de até 64 canais de entradas e saídas simultâneas em cada conector (permite a conexão com o sistema Live-Recorder, o qual possibilita gravar e reproduzir simultaneamente até 64 canais em 96kHz/24 Bits). Vale ressaltar que o equipamento possui slots de expansão, permitindo ao usuário duplicar o número de conexões apresentadas (exceto as conexões ópticas) por meio de módulos disponibilizados pelo próprio fabricante. Além das conexões de áudio disponíveis no equipamento e suas expansões (chamadas no sistema de “Local I/O”), o usuário conta com uma linha de Stage Boxes (denominada “Remote I/O”) que oferece módulos externos de 32 canais de entradas e saídas analógicas ou digitais (formato AES/EBU), os quais se comunicam com a Live L 500 por meio do protocolo MADI. A linha também oferece um módulo concentrador (BL II.D MADI) que, além das conexões MADI, traz conectores no formato proprietário Blacklight II (não disponíveis na Live L 500 em seu modelo de entrada), possibilitando o tráfego de até 256 canais bidirecionais em 96kHz/24 Bits por meio de um único cabo de fibra

Consoles digitais, diretamente do estúdio para o Live Sound De olho no segmento de shows ao ar livre, alguns fabricantes de consoles de mixagem para uso exclusivo em estúdios, passaram a desenvolver produtos para esse mercado que continua lucrativo

Live - Visor Multi Toques

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Live - Visor Principal

Com processamento nativo em 64 Bits (conversão ADDA fixa em 96kHz/24 Bits), a Live L 500 traz um ambiente de trabalho totalmente flexível e de fácil configuração

ótica. Importante também destacar que todas as conexões de áudio analógicas (Local I/O e Remote I/O) utilizam a tecnologia SuperAnalogueTM, trazendo os mesmos componentes e especificações presentes nos melhores consoles analógicos para estúdio produzidos pelo fabricante (resposta de frequências de 0.05 dB entre 20Hz e 20kHz – THD de 0.005% em todas as conexões). Com processamento nativo em 64 Bits (conversão AD-DA fixa em 96kHz/24 Bits), a Live L 500 traz um ambiente de trabalho totalmente flexível e de fácil configuração. Ao invés de uma quantidade de canais fixos, como ocorre comumente nos sistemas de outros fabricantes, a SSL optou por um sistema aberto que permite ao usuário alocar dinamicamente o seu processamento, configurando-a conforme a demanda de cada projeto.

” SSL X-Verb

Sua arquitetura oferece 192 barramentos de áudio customizáveis, os quais podem assumir a forma de canais de áudio, canais auxiliares, subgrupos ou masters configurados como mono, estéreo ou LCR. Os canais de áudio e os subgrupos (chamados no equipamento de “Stem Groups”) se subdividem nas categorias “Dry” (máximo de 48 alocações) e “Full” (máximo de 144 alocações), sendo que estes últimos trazem uma completa gama de ferramentas, entre elas filtros de passagem de altas e baixas frequências (LPF/HPF), equalizador paramétrico de 4 bandas que permite a seleção entre largura de banda constante ou variável (Legacy SSL Eq – Black Knob), compressor com simulação da sonoridade de válvulas, expander/gate, delay, e dois pontos para inserção de efeitos, sendo possível definir a sequência desses


processadores (fluxo de sinal) em tempo real. Além desses barramentos, o usuário conta com uma matriz de saída com 32 x 36 canais, podendo dividi-las em 4 matrizes menores, cada qual com dois pontos de inserção de efeitos. Com uma poderosa seção de efeitos, a Live L 500 oferece 30 diferentes algoritmos distribuídos nas categorias Eq (gráfico de 32 bandas e paramétrico de 10 bandas), Dynamics (simulação dos lendários Stereo Buss Compressor e Listen Mic Compressor, De-esser, Dynamic Eq e Transient Shaper), Noise e Warmth (VHD Saturator, Denoiser, Enhancer e Pitch-Shifter), Reverb (baseados no plug-in X Verb, desenvolvido para a linha Duende), Delays e Modulations, além de ferramentas de medição como geradores de ruídos e analisadores de espectro. Dependendo dos efeitos selecionados, a Live L 500 pode processar até 96 instâncias simultâneas. Já no quesito controle, a SSL procurou criar na Live L 500 um ambiente limpo que permitisse ao profissional ter em mãos as ferramentas que realmente precisa no momento correto, sem ter que ficar navegando por menus e submenus. A peça central dessa interatividade é um visor multi-toques de 19” pelo qual o usuário pode acessar rapidamente todos os parâmetros dos barramentos de áudio e dos processadores de efeitos. Além do

visor principal, a Live L 500 conta com outros dois secundários: um de 7,5”, sensível ao toque que, cercado de controladores giratórios e botões que selecionam os blocos de equalizador, panorâmico, processadores de dinâmica, pontos de inserção de efeitos e delay, mostra-se como o companheiro ideal para os profissionais que preferem os controladores físicos aos virtuais; e um monitor externo (System Monitor), que permite ao usuário acompanhar instantaneamente os níveis de sinal de cada barramento de áudio que encontra-se ativo. Ainda quanto aos controles físicos, a Live L 500 possui 3 blocos com 12 potenciômetros motorizados (100 mm) cada, os quais podem ser configurados como canais de áudio, canais auxiliares, subgrupos, VCA ou master. Cada canal (barramento de áudio) possui, além do potenciômetro, os quais possuem medidores dedicados aos processadores de dinâmica (compressor e gate) e ao nível de sinal (14 segmentos), um conjunto de botões que controlam as funções Solo, Mute, Query (indica a rota de sinal direcionada ao barramento) e Select (reproduz as configurações do barramento nos visores do console).

Para saber mais luciuspro@ig.com.br

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CUBASE7

MIXANDO NO CUBASE 7

O MIXER PARTE 1

Marcello Dalla é engenheiro, produtor musical e instrutor

I

nteiramente redesenhado, o novo mixer traz nova interface visual, novos e muito eficientes plug-ins nativos e uma nova programação para o algoritmo somador; proporcionando uma sonoridade ainda melhor. A figura 01 mostra o mixer de um projeto contendo canais de áudio, grupos, efeitos, MIDI e Instrument Tracks. Po-

Olá, amigos. Há algumas edições comecei falando sobre os recursos de mixagem do Cubase 7. No artigo Mixando no Cubase 7 - Plug-ins falei sobre os novos compressores Vintage Compressor e Tube Compressor com detalhes de operação e minhas considerações pessoais no uso deles. Dando continuidade, vamos falar neste artigo sobre a ggrande novidade de implementação de áudio no Cubase 7: O Mixer. No lançamento do Cubase 7 falei dele numa abordagem geral e qualitativa. Aqui, vamos entrar em detalhes de operação para conhecer os Figura 01 - Mixer visão geral demos customizar a visibilidade das seções novos recursos. Como é muita coisa para ser vista, vou através do botão situado no canto superior dividir em partes dando sequência nos próximos artigos. esquerdo do mixer configurando o layout


Figura 02 - Configuração do layout

como mostra a figura 02. Com esse comando determinamos as seções que estarão visíveis dentro do mixer. Vamos começar dando uma olhada geral nas seções que compõem o mixer do Cubase 7: Seção Channel Selector Mostrada na figura 03 ela mostra uma lista de todos os canais do projeto de uma maneira linear, organizando também canais pertencentes a Group Tracks e a Folder Tracks. Na coluna mais à direita dentro de Channel Selector temos os ícones referentes ao tipo de cada canal facilitando a visualização. O canal seleFigura 03 - Seção Channel Selector. Aba Visibility cionado na lista também aparece selecionado na sessão de faders automaticamente permitindo uma navegação rápida por todo o projeto.

A Channel Selector é dividida em duas “abas” que se destinam a organizar o mixer como um todo. Vamos a elas : A aba Visibility permite que você visualize ou não os canais através dos botões situados à esquerda do painel. A figura 03 mostra o detalhe. Desta forma podemos organizar o mixer mostrando somente os canais de real interesse. Por exemplo: Quando desativamos um Folder Track, todos os canais pertencentes a ele deixam de ser visualizados. A aba Zones permite fixar os canais totalmente à esquerda ou totalmente à direita do mixer ativando os botões situados na parte esquerda do painel. A figura 04 mostra o detalhe dos canais de 9 a 12 selecionados para estarem à esquerda. Desta forma, quando deslizamos a barra de rolagem horizontal para percorrer os canais no mixer, os canais selecionados permanecem fixos e visíveis. Esta função é muito útil no processo de mixagem. A figura 05 mostra o botão Channel Types onde podemos selecionar os tipos de canais que estarão aparentes no mixer. Na coluna à esquerda podemos ativar e desativar a visualização dos canais no mixer Figura 05 - Channel Types por seu tipo. A utilização desta função é fundamental para a organização visual do mixer, pois evitamos que canais desnecessários a cada etapa dos processos de produção estejam aparentes. Exemplo: Se estamos em mixagem, podemos desabilitar os canais de entrada já que não estaremos mais gravando nada.

Figura 06 - Botão Agents e suas funções

A figura 06 mostra o botão Agents e suas funções de visualização que permitem agilidade em situações específicas de mixagem. São elas : Show All Channels - Mostrar todos os canais do projeto Show Only Selected Channels - Mostrar somente os

57 Figura 04 - Seção Channel Selector. Aba Zones


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Figura 07 - Customize Toolbar

canais selecionados. Esta seleção pode ser feita na sessão Channel Selector, na sessão de Faders (clicando na escala do meter), ou na janela principal de projeto. Hide Selected Channels - Oculta os canais selecionados Show Channels for Tracks with Data - Mostra somente os canais que contenham informação (clips de áudio ou MIDI). Canais vazios (sem áudio e sem MIDI), canais de grupo, e canais de efeitos não são mostrados a menos que estejam selecionados na aba Zones. Show Channels for Tracks with Data at the Cursor Position Mostra somente os canais que contenham informação (clips de áudio ou MIDI) e que estejam sob o cursor do projeto. ). Canais vazios (sem áudio e sem MIDI), canais de grupo, e canais de efeitos não são mostrados a menos que estejam selecionados na aba Zones. Muito útil para deixar aparentes os canais de interesse em dado momento do projeto onde está o cursor. Show Channels for Tracks with Data between the Locators - Mesmo que acima, só que dentro da região delimitada pelos marcadores. Show Channels that are Connected to the First Selected Channel - Deixa aparente somente canais que estejam relacionados ao canal selecionado. Por exemplo: Se selecionamos um canal de grupo e damos este comando, serão mostrados todos os canais endereçados a ele, os canais de efeito em

mandadas (sends) partindo dele e o canal de saída (bus stereo) se este grupo estiver direcionado para o Ste- Figura 08 - Mixer reduzido sobre a janela de projeto reo. Outro exemplo: Se selecionanela principal do projeto. Vejam como mos um canal de áudio comum que ele redimensiona os elementos intem entrada de sinal para gravação, ternos para adequar ao zoom. duas mandadas separadas de efeiPara completar a tarefa de custos (delay e reverb) e está enderetomizar as dimensões do mixer teçado no seu “out” ao bus stereo; mos a Zoom Palette mostrada na vão ficar aparentes: o canal de enfigura 09, na qual podemos detertrada relacionado a ele, ele mesmo, minar o número de canais mostrao canal de efeito com delay, o canal dos na seção de faders ou simplesde efeito com o reverb e o canal de mente aumentar ou diminuir esse saída (bus Stereo). Esta função é simplesmente sensacional no fluxo de trabalho de mixagem. Undo Visibility Change - Desfaz a função realizada anteriormente Redo Visibility Change - Refaz a função realizada anteriormente Figura 09 - Zoom Palette Customize Toolbar - Clicando com o botão auxiliar sobre uma região número com as setas esquerda e divazia na barra superior do mixer, reita. Da mesma forma podemos auabrimos o prompt “Customize Toolmentar ou diminuir a altura da Sebar”, como mostra a figura 07. Nesção Channels Rack com as setas tas opções configuramos os comanpara cima e para baixo. Importante : dos que estarão aparentes na barra A Zoom Palette deve estar habilide ferramentas. É muito importante tada no menu Customize Toolbar sabermos configurar para termos explicado anteriormente. acesso a comandos que realmente Seguiremos com os tutoriais de interessam e que precisam estar “à mais funções do mixer do Cubase 7 mão”. Caso você não tenha enconnas próximas edições. Pratiquem trado algum comando citado antericomandos e funções deste tutorial ormente neste tutorial, verifique se para seguirmos em frente. a sua barra de ferramentas tem os Grande abraço a todos. comandos selecionados. Para saber online Zoom no mixer - A figura 07 também mostra, no menu à direita, as opções de adequar o zoom do mixer ao monitor 1 ou 2 ( no caso de estarmos trabalhando com 2 monitores) ocupando a área total de tela. Para desativar esta opção basta voltar ao menu e desmarcar. O mixer do Cubase 7 pode ser escalado em zoom in /out como se fosse qualquer janela, bastando posicionar o mouse dalla@ateliedosom.com.br sobre um dos cantos e aumentar ou rewww.ateliedosom.com.br Facebook: ateliedosom duzir seu tamanho. A figura 08 mostra Twitter:@ateliedosom o mixer em escala reduzida sobre a ja-


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REMIXAGEM NO

Vamos definir o que é remixagem e abordar alguns conceitos relacionados de forma que possamos depois nos dedicar a este processo no Logic Pro. De acordo com a wikipedia, “um remix é uma versão alternativa de uma música, diferente da versão original.

LOGIC PRO PARTE 01

Vera Medina é produtora, cantora, compositora e professora de canto e produção de áudio

O

profissional utiliza mixagem de áudio para compor uma gravação master alternativa da música, adicionando ou subtraindo elementos, ou simplesmente alterando equalização, dinâmica, tonalidade, tempo, duração da música ou quaisquer outros aspectos dos vários componentes musicais”. Desta forma, podemos concluir que o processo de remixagem envolve várias

etapas e pode diferir em complexidade, chegando até a gerar a mesma carga de trabalho de desenvolver uma música do zero, com as vantagens do material gravado já estar disponível. Remixar implica em adaptar o original para um estilo diferente, direcionar o resultado para algum fim específico (pista, evento etc.), atualizar um material antigo, entre outros. Os remixes


atuais podem ir de pequenas alterações no projeto inicial e aproveitamento de instrumentos e vocais, assim como criação de novas partes instrumentais, em substituição às originais. Portanto, com um remix é possível atingir um mercado alternativo ou diferente da música original, sendo ela já um sucesso ou não. Em muitos casos, transforma-se uma música essencialmente acústica numa versão eletrônica, com objetivo de tocá-la em pistas de dança, rádios específicas e torná-la um hit, chamando atenção para a música original. Vale a pena ressaltar que criar um remix de uma música conhecida pode estabelecer um profissional como produtor, ao levar ao público a versão remixada de algum artista já conhecido, gerando assim uma procura ou curiosidade pelo trabalho do produtor. Vamos entender um pouco do histórico da remixagem. Este é um processo que existe praticamente desde o início da indústria de gravação e produção de áudio, e se tornou viável com o surgimento de novas mídias a partir dos anos 40. Nesta época havia muito mais uma manipulação das gravações originais do que propriamente uma remixagem como conceituamos. É só a partir do final dos anos 60 e início dos 70 que as mídias se tornaram um pouco mais acessíveis para possibilitar uma remixagem. Com o surgimento das pistas de dança, tanto as latinas, caribenhas, quanto as que resultaram da febre Disco, os DJs começaram a criar suas próprias versões estendidas (extended version), motivados por manter o público na pista e para diminuir a troca de discos durante o evento. As opiniões se dividem quanto a quem foi o pioneiro no processo de remixagem. Tom Moulton é um dos indicados, tendo iniciado seu trabalho produzindo fitas mixadas, depois sendo orientador de um club para que as gravações tivessem já uma orientação para pista (formato 12") e chegando a fazer seus próprios remixes no final dos anos

60. Outros indicam Shep Pettibone como pioneiro. Ele fez remixes de artistas e músicas consagradas em seu tempo, como exemplo Madonna, Bee Gees e Elton John, permitindo que as pessoas viessem a valorizar o trabalho de remixagem e que fosse criado o estilo de música house. O avanço da tecnologia fez com que os preços e acesso a sintetizadores fossem se tornando mais fáceis aos músicos em geral desde os anos 80, permitindo que os profissionais aos poucos fossem reduzindo a quantidade de arquivos originais utilizados no remix e levando o remix a um outro patamar, onde a criatividade passou a ser um fator essencial para um bom remix. Ou-

timidade com algum tipo de DAW, processos, efeitos, estilos etc. 2) Ao fazer remixes comerciais, é preciso entender que seu gosto é apenas parte do processo, pelo menos enquanto não se é famoso ou tido como referência. Existem necessidades de outras pessoas que têm que ser levadas em consideração: DJ, promoter, artista, selo, entre outros. 3) Conhecer música, tanto do aspecto técnico quanto do prático. Não é algo obrigatório, mas claro que um músico terá mais recursos à mão ao fazer um remix. 4) Ser criativo e estar antenado à novas tendências. Não adianta ser um bom remixer, ter bom domínio de um ou mais instrumentos e não conseguir criar algo que esteja em linha com as tendências atuais e

tra forma próxima da remixagem surgiu na década de 2000: os mashups, ou seja, colocar uma trilha de áudio sobre outra, geralmente um vocal a capella sobre uma trilha instrumental.

também que possa se tornar chato no final do processo. Usar as ferramentas disponíveis de forma adequada é um dos caminhos para garantir um bom resultado. 5) Encontrar sua fatia de mercado. Com a tecnologia acessível que hoje possibilita que pequenos produtores participem do mercado a concorrência é mais acirrada. Tente encontrar algo que gosta e que também seja viável economicamente, ou seja, que dê retorno.

Para ser um remixer, existem alguns requisitos básicos que podem tornar o caminho mais fácil: 1) Ter uma certa experiência com produção de suas próprias músicas ou de outras pessoas, ou seja, ter in-

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Geralmente recebemos ou solicitamos o material aberto em várias trilhas em uma resolução boa para trabalhar e sempre que for possível em formato wave ou aif, ou seja, formatos sem compressão

Dependendo do tipo de trabalho que será efetuado, podemos receber ou solicitar o material em determinados formatos. Geralmente recebemos ou solicitamos o material aberto em várias trilhas em uma resolução boa para trabalhar e sempre que for possível em formato wave ou aif, ou seja, formatos sem compressão. Tudo também vai depender se é um trabalho profissional ou amador, mas sempre tente conseguir os arquivos de áudio na melhor resolução possível. Muitas vezes é fornecido apenas o vocal, o que já é suficiente para começar um remix. Nem sempre receber muitos arquivos é bom, ter muitas opções pode criar certa indefinição sobre qual o caminho a seguir. Nesses casos, vale a pena dispensar um bom tempo na escolha de partes específicas. Recebi certa vez arquivos em dois CDs para preparar uma versão para pista com base em uma trilha sem vocal somente composta por violinos e outros instrumentos de orquestra. Tive que passar muitas horas identificando pequenas partes em cada arquivo de áudio e isolando-as para poder fazer depois uma nova triagem e ter arquivos suficientes, mas não em demasia, para iniciar o remix. Ao receber material, tenha em mente os aspectos jurídicos, principalmente se for para fins comerciais e profissionais. Hoje em dia é mais comum as gravadoras e artistas se preocuparem em estabelecer um contrato, mas muitas vezes na

correria, o artista solicita o remix e estas questões ficam pendentes. Preste atenção nas cláusulas de pagamento, royalties, direitos autorais e utilização dos samples disponibilizados. Voltando à questão de receber muitos arquivos para remixar, uma dica é iniciar a análise arrastando todos os arquivos para a Arrange Window do Logic, a fim de que se tenha uma visão geral do material que existe para iniciar o trabalho. Aconselho que tentem obter algum material para ser remixado, pois na próxima matéria serão abordados aspectos específicos para remixar com o Logic Pro. Tente conseguir algo com seus amigos ou faça a busca em algum browser por Remix Contests. Serão apresentadas várias competições em aberto, algumas só disponíveis para quem mora no exterior. Mas o importante é que você terá acesso a alguns arquivos para começar a remixar.

Para saber online

vera.medina@uol.com.br www.veramedina.com.br


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PRO TOOLS| www.backstage.com.br 64 Fig. 01

PRO TOOLS 11 No mês de abril, o Pro Tools 11 foi anunciado e apresentado ao público. Ele ainda está em fase de testes e deve começar a ser comercializado a partir de julho, mas ainda assim tivemos a oportunidade de testálo e este artigo conta um pouco sobre como foi essa experiência.

PRIMEIRO TEST DRIVE Cristiano Moura é produtor, engenheiro de som e ministra cursos na ProClass-RJ

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ISTÓRICO: CONCLUSÃO DE UM CICLO

Até o Pro Tools 7.4, a ferramenta era vista como um “software de velho”, “careta”, “antigo” ou qualquer outro termo que tivesse alguma referência com algo ultrapassado. Isto porque seus concorrentes, Logic Pro, Nuendo, Cubase e Sonar já apresentavam conceitos e

interface mais moderna enquanto o Pro Tools mantinha sua interface “clássica”. (fig. 1) Claramente uma reformulação geral precisava ser feita, mas sendo software padrão da indústria e tendo uma base de usuários gigantesca, este movimento precisava ser feito aos poucos e com muita cautela.


Fig. 4A - Pro Tools_HDX Fig. 02

A versão 8 do Pro Tools é considerada um marco, pois foi quando a Avid iniciou esta verdadeira revolução do Pro Tools, com o intuito de encerrar qualquer tipo de contestação com relação ao software (fig. 2). Nesta versão, a interface foi completamente refeita, muitos conceitos foram repensados e recursos MIDI como o MIDI Editor e Score Editor foram incorporados pela primeira vez. Neste momento, foram resolvidos dois tipos de críticas: a interface e usabilidade no MIDI em produções musicais. O Pro Tools 9 encerrou outra grande contestação. A partir desta versão, o hardware da Avid deixou de ser uma exigência para rodar o software. Então, interfaces de terceiros como Focusrite, M-Audio, Roland, RME se tornaram compatíveis com Pro Tools. Mais do que isso, era finalmente possível rodar o Pro Tools sem nenhum hardware externo, usando apenas a entrada/ saída de um computador (fig.3).

Fig. 4B - Pro Tools_HD Native

ma forma, os sistemas HDX e HD Native apresentavam novos chips de processamento que quebravam várias limitações que impossibilitavam o avanço do antigo sistema HD. O Pro Tools 11 conclui este ciclo… Vamos conhecer mais:

NOVO MOTOR O antigo “motor” chamado de DAE (Digidesign Audio Engine) agora se chama AAE (Avid Audio Engine) e ficou muito mais simples de configurar a janela de Playback Engine (fig. 5), onde por exemplo, não é mais necessário configurar o ADC (Automatic Delay Compensation). Além disso, graças ao novos chips do sistema HDX e HD Native, o Pro Tools 11 agora é um aplicativo que utiliza processamento em 64-bit. O que isso significa? Em poucas palavras, ele pode usufruir dos recursos de seu computador de forma muito mais eficiente.

Fig. 03

No Pro Tools 10 o novo formato de plug-in (AAX) foi apresentado. Além disso, o sistema Pro Tools|HDX e Pro Tools|HD Native entraram em cena para substituir o Pro Tools|HD (fig. 4A e 4B). Apesar de quase transparente ao usuário, o AAX representava um avanço tecnológico essencial para que novos recursos fossem incorporados no desenvolvimento de plug-ins. Da mes-

Fig. 5 - PT 11 Playback Engine

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Bounce offline: significa processar sua mixagem internamente, o que faz com que o processo aconteça muito mais rápido do que em tempo real. A falta desta funcionalidade foi questionada pelos usuários por décadas, e finalmente está presente no aplicativo

Fig. 6A - bounce offline numa sessão pesada

Porém, sempre que o assunto tende para o lado mais técnico e subjetivo, é comum indagarmos até onde teremos um ganho real de performance e até onde é apenas marketing? Então fiz meu “dever de casa”, e abri uma sessão no Pro Tools 10 e no Pro

” Fig. 6B - bounce offline numa sessão sem plug-ins

Tools 11 na mesma máquina e realmente foi impressionante. No Pro Tools 10, a sessão consumiu 45% da CPU, enquanto no Pro Tools 11 a mesma sessão consumiu apenas 13%. É um ganho de performance tão significativo que a única conclusão que eu posso


Fig. 07 - novo mixer

chegar é de que o “motor” antigo (DAE) estava bem mais ultrapassado do que eu imaginava.

MOMENTO “UHU!” Bounce offline: significa processar sua mixagem internamente, o que faz com que o processo aconteça muito mais rápido do que em tempo real. A falta desta funcionalidade foi questionada pelos usuários por décadas, e finalmente está presente no aplicativo. Veja na figura 6A, que numa sessão repleta de plug-ins foi possível fazer o bounce 7x mais rápido . Sem plug-ins, o bounce foi feito 32x mais rápido. (fig. 06B). Mais auxiliares na tela: a visualização chamada de “single send” é muito boa, mas até então só era possível ver um auxiliar por vez. Agora é possível ver todos caso necessário. (fig. 07-A) Indicação de redução de ganho dos compressores nos meters: outra ideia genial. Os meters podem ser configurados para apresentar o nível de redução de ganho dos compressores ligados nos inserts ou até a soma de vários compressores. Ter este tipo de feedback visual sem precisar abrir e fechar os plug-ins aumenta bastante a produtividade. (fig.07-B) Bypass de inserts e sends: agora, vários atalhos permitem fazer bypass de várias maneiras. A principal delas, desligar todos os inserts de uma track de uma única vez. (fig. 08)

MOMENTO “EI, ISSO É BEM ÚTIL!” Meters (apenas Pro Tools 11 HD): até então, só apresentavam nível de pico. Agora, são 17 tipos de

Fig. 08 - atalhos para Bypass

medição que podem ser representados nos medidores.(fig. 07-C) Mais que isso, agora todo insert e todo send inclui um “mini-meter”. Mais informação sobre o sinal sem precisar abrir plug-ins e sends é muito bem vindo. (fig. 07-D) Suporte ao playback de vídeo HD e diversos codecs: nem todo mundo usa vídeo com Pro Tools, mas o mais importante é entender que a tecnologia usada no Media Composer (software de edição da Avid) está agora integrada no Pro Tools e isso significa playback de vídeo de forma muito mais otimizada. Dynamic Host processing: quando se colocava um plug-in no insert no Pro Tools, ele consumia recursos da CPU mesmo quando não havia áudio na pista. Mas plug-ins de áudio são obviamente feitos para processar áudio. Se não houver áudio na pista, não há nada a ser processado… Por isso, a Avid criou o Dynamic Host Processing que faz com que o plug-in pare de

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CONCLUSÃO

Se você gosta de separar grupos em busses como vozes, harmonia, melodia, efeitos, saiba que no Pro Tools 11 (somente HD), será possível fazer bounces de cada um deles de uma única vez

fig. 9 - bounce to disk

Diferente do Pro Tools 9 ou 10, o Pro Tools 11 não é uma versão “de transição” que foi lançada com apenas um ano de diferença entre uma e outra. A Avid acertou em cheio no Pro Tools 11, e será muito difícil alguém questionar o aplicativo. É um produto diferenciado por uma característica específica: seu desenvolvimento foi claramente feito em cima das críticas de nós, usuários, e o mercado agradece ver nossos pedidos finalmente atendidos. A Avid ainda é o padrão de indústria no mercado de áudio e vídeo e aprendeu, da pior maneira possível (perdendo mercado

consumir recursos da CPU caso não exista áudio na track. Agora é um motivo a mais para limpar as tracks manualmente ou com strip silence.

MOMENTO “OPA! ESTA EU NÃO ESPERAVA!” Add MP3: no Pro Tools 11, não é mais necessário fazer um bounce em WAV e depois outro em MP3. Uma simples e genial ideia, que permite que os dois bounces sejam feitos uma única vez. (fig. 09)

fig. 10 - System Usage

Bounce de múltiplos outputs: Se você gosta de separar grupos em busses como vozes, harmonia, melodia, efeitos, saiba que no Pro Tools 11 (somente HD), será possível fazer bounces de cada um deles de uma única vez. (fig. 09) System Usage: agora, ele apresenta o nível de CPU utilizado em todos os núcleos do processador. (fig. 10) Pro Tools 10 e 11 na mesma máquina: para facilitar a transição, as duas versões podem estar instaladas. Então usuários podem concluir projetos importantes no Pro Tools 10 enquanto testam o Pro Tools 11.

para concorrentes), que precisa encontrar um meio termo entre a filosofia de “fidelizar clientes” e a de “se manter tecnologicamente atualizada”. Agora resta esperar o “Pro Tools 12”, para saber se a Avid vai “estacionar” de novo, ou se seguirá acompanhando as tendências e novas tecnologias do mercado.

Para saber online

cmoura@proclass.com.br http://cristianomoura.com


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VOZ E BACKING

VOCALS

O Tamanho do seu Estúdio PARTE 13 Bem, nada pode ser mais simples ou mais complicado do que gravar uma voz. A princípio, coloca-se um microfone na frente do cantor e aperta-se rec. Ou então pode ser que seja necessário fazer algum tipo de “reza brava” para que saia pelo menos uma nota afinada.

Ricardo Mendes é produtor, professor e autor de ‘Guitarra: harmonia, técnica e improvisação’

A

primeira coisa que precisamos para um bom resultado em uma gravação de voz é ter um bom cantor, mas, infelizmente, não podemos comprar este item em alguma loja e oferecê-lo como parte do equipamento do nosso estúdio. Para uma boa gravação de voz, além de um bom cantor, precisamos de alguns itens como um bom microfone, um bom cabo, um bom pré-amplificador, se possível um bom compressor, uma boa interface e uma infinita paciência, caso o cantor não seja muito bom (vocês po-

dem perceber que eu tenho alguns traumas a respeito deste assunto). Algo que já percebi é que não existe um microfone melhor do que o outro quando se trata de gravação de voz. Um microfone que funciona bem para uma pessoa pode não funcionar bem para outra. Nesse caso, como saber qual é o melhor? Só testando. Isso toma algum tempo, mas realmente vale a pena. Se você está pensando em ter um estúdio de médio porte, vai ter que fazer um investimento em um microfone de quali-


dade. É imperativo que você tenha pelo menos um condensador de cápsula grande. Eu normalmente uso um Neumann U87, um Neumann TLM 103, um AKG 414 e um Audio Technica 4047. Também costumo usar um ribbon Royer R101, um dinâmico Shure Super 55. Menos frequentemente um Shure SM58, e já cheguei a usar um AKG D112, que normalmente é um microfone usado para gravar bumbo. É claro que existem muitos outros como o AKG C12, o Telefunken ELA M-251, Neumann U47 e muito outros... Quando temos muitas opções, temos o problema da escolha. Sempre que eu vou gravar um cantor pela primeira vez, eu coloco os microfones que eu tenho à disposição no mesmo pré-amplificador e gravo um trecho da música. Normalmente do primeiro verso até o primeiro refrão, e vou nomeando os

tracks de acordo com o nome de cada microfone. Os microfones podem variar de ganho, então é recomendável que você ajuste o nível do pré-amplificador para cada track de cada microfone. Dessa maneira, a comparação será mais “justa” entre os microfones. Após gravar os quatro ou cinco takes (se você tiver 20 microfones e paciência, pode gravar 20 takes) eu chamo o cantor e ouvimos juntos para decidir qual microfone soa melhor. Uma vez decidido qual o melhor microfone, se você tiver opções e

disposição, pode também experimentar o melhor pré-amplificador. Eu costumo usar um Neve 1073, um Universal Audio 2-610, um Avalon 737 e um ATI M100. Mas é claro que também existem vários outros como o API 521c, Chandler TG2, Amek 9098 e uma infinidade de outros pré-amplificadores. Após este estágio, o próximo passo é o compressor. Eu uso um TubeTech LCA 2B que é um compressor variável com vários parâmetros como threshold, ratio, attack, release e output. Para mim, é me-

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Costumo usar em vocais de hip-hop ou backing vocals. Uso também um Anthony DeMaria ADL 1500. Esse compressor é muito parecido com o clássico Teletronix LA 2A. Tem apenas os parâmetros peak reduction e gain. Os parâmetros de attack e ratio são pré-definidos.

lhor quando preciso de uma compressão mais rápida e mais radical, para vocais com muita variação dinâmica, pois fica mais fácil segurar os picos. Costumo usar em vocais de hip-hop ou backing vocals. Uso também um Anthony DeMaria ADL 1500. Esse compressor é muito parecido com o clássico Teletronix LA 2A. Tem apenas os parâmetros peak reduction e gain. Os parâmetros de attack e ratio são pré-definidos. Usualmente um attack lento a uma taxa (ratio) de 10:1. Isso o torna um compressor ideal para voz. É o que costumamos chamar de compressão “macia”. O que podemos usar também são os channel strips, préamplificador, compressor e equalizador em um mesmo aparelho, que é o caso do Avalon 737. Os parâmetros de compressão do 737 são ajustáveis assim como os do Tube-Tech. Para voz principal, é recomendável um attack slow. É claro que também existem outros compressores clássicos como o Universal Audio 1176. A versão Blue Stripe é especialmente boa para vocais. O API 2500, e o API 527 também são ótimas opções. É realmente necessário usar um compressor para a gravação de voz? Não poderíamos gravar sem comprimir e depois

comprimir na mixagem? Sim, mas eu realmente acho que um bom compressor na gravação faz diferença. Ele permite que você trabalhe com o pré-amplificador um pouco mais alto e também que se grave com um nível médio um pouco mais alto. Isso acaba deixando o som melhor, pois o pré-amplificador envia mais sinal deixando o som mais “quente”; e também registrando com um nível mais alto, o conversor AD irá imprimir uma melhor definição no áudio. Para finalizar a corrente, é claro que não adianta gastar um dinheirão em microfone, pré-amplificador, compressor e não ter uma interface de boa qualidade (lembre-se que estamos falando do que é preciso para um estúdio de médio porte). Eu uso as Apogee Rosetta 200 e Rosetta 800, mas existem outras como as AVID 192, Lynx Aurora, RME, entre outras. No próximo mês, vamos falar um pouco menos sobre equipamento e mais sobre as técnicas musicais e psicológicas para obtermos um bom resultado na gravação de voz. Até lá!

Para saber mais redacao@backstage.com.br


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COMO ESCOLHER

UM INSTRUMENTO PARTE 2

Jorge Pescara é baixista, artista da Jazz Station e autor do ‘Dicionário brasileiro de contrabaixo elétrico’

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P Esta é a segunda e última parte das dicas de como escolher um instrumento dentro de certos parâmetros, tais como o custo x benefício, condições técnicas do instrumentista etc.

rosseguindo com as análises iniciadas na edição anterior, concluiremos a discussão de todos os fatores inerentes à escolha de um bom instrumento.

HARDWARE Captador Na parte dos captadores a questão do sistema ativo ou passivo é opcional, de-

Warwick pickups

pendendo exclusivamente do gosto pessoal. Lembre-se de que um captador ativo funciona com uma bateria de 9volts, colocada dentro do compartimento elétrico do instrumento. As diferenças de timbre são sensíveis já que no sistema passivo o botão de tonalidade somente corta o sinal agudo, “abafando” o som. Por outro lado, o ativo


PONTE A ponte deve possuir um selim para cada corda, a fim de proporcionar as calibragens de oitavas (localização correta dos harmônicos). Faça o seguinte teste: toque o harmônico do 12º traste encostando levemente o dedo na corda sobre esta região. Imediatamente após, pressione o mesmo 12º traste e toque a nota. Observe e compare as duas notas para certificar-se de que ambas produzem a mesma frequência. Se precisar, utilize um afinador eletrônico e repita a operação. Tais calibragens são efetuadas através de parafusos Philips na parte traseira da ponte. Avançando o selim em direção ao braço, reduz-se o comprimento da corda elevando sua entonação, enquanto na direção oposta rebaixase o tom, inclusive dos harmônicos. A altura dos selins é ajustada através de parafusos Allen, tornandose importantes tais ajustes para que haja compatibilidade com a curvatura transversal do espelho. Coloque o contrabaixo sobre uma mesa e

(captador ou circuito) possui um boost de agudos e um boost de graves (modelos mais “envenenados” têm um botão extra para os médios, em alguns casos podendo até escolher a frequência que se deseja ajustar) trabalhando com até 15dB ganho. Ajuste a altura dos captadores através de parafusos Philips nas laterais dos mesmos. Com isso, você define a distância que o captador terá das cordas. Tenha como base o fato de que quanto mais próximos delas, o campo imantado do captador entra em choque com a área de vibração das cordas. Têm-se maior pressão sonora, porém menos sustain. Por outro lado, quanto mais apertado estiverem os parafusos e, em consequência, os captadores ficarem longe demais das cordas, menos favorecida será a captação sonora, porém com maior sustain.

Se precisar, utilize um afinador eletrônico e repita a operação. Tais calibragens são efetuadas através de parafusos Philips na parte traseira da ponte. observe este detalhe. Esta regulagem também evita trastejamento. Fabricantes como Warwick e Alembic adicionaram um ajuste extra na ponte inteira, com parafusos Allen nas laterais da mesma, além dos outros já mencionados.

TARRAXAS As tarraxas devem proporcionar fáceis ajustes. Com um pequeno giro a entonação deve responder de imediato. Evite contrabaixos com tarraxas de peças plásticas ou as que girarem com dificuldade e “em falso”.

SONORIDADE Depois de efetuados todos os ajustes e verificações, vem o teste do som. Em primeiro lugar, acredito que cada um deveria testar o instrumento em questão no próprio amplificador, mas como às vezes é inviável transportar o próprio equipamento até a loja, ou local da compra, a solução encontrada é optar por um amplificador que estiver disponível. Importante notar que se testarmos o contrabaixo em um amplificador muito superior ao que possuímos, podemos ter surpresas desagradáveis após adquiri-lo. Este aparelhos costumam “colorir” o som e mascarar deficiências sonoras dos instrumentos.

CORDAS Os contrabaixos vêm equipados com um jogo de cordas de fábrica.

Ao testar o baixo, leve em consideração se a espessura das mesmas condiz com as de sua preferência, pois há diferenças de bitola (espessura das cordas, medidas em milésimos de polegada), a partir das cordas mais finas, Sol ou Dó, no caso de contrabaixo com mais de quatro cordas. Isto significa que um encordoamento .045¨ de espessura pode causar desconforto e uma interpretação errônea do instrumento. Você pode estar achando-o pesado e duro quando na verdade o problema pode estar nas cordas. Cordas envelhecidas também não produzem o timbre original do instrumento, perdendo definição e brilho. Existe no mercado uma infinidade de tipos de cordas, com processos de fabricação e materiais diferenciados entre si. A cada dia somos informados de uma nova técnica ou receita de confecção, dos quais podemos citar: taperwound, exposedwound, roundwound, flatwound, halfwound, groundwound, uma incontável gama de acabamentos: nylonwound, presurewound, slowound, hexcore, ribbonwound, roundcore e cryogenically treated, dentre outras modalidades. Sem contar com a diversidade de matéria prima: níquel, aço, ferro, ouro, fósforo, bronze, nylon, silicone ou até mesmo as antigas tripas de carneiro. Note, também, que o níquel dura mais do que o aço, embora devamos ter em conta que as diferen-

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As tarraxas devem proporcionar fáceis ajustes. Com um pequeno giro a entonação deve responder de imediato. Evite contrabaixos com tarraxas de peças plásticas ou as que girarem com dificuldade e “em falso”

Alembic Bass Bridge

ças climáticas e temperatura local, o fator de PH do suor de cada pessoa além da diversidade técnica, o tempo de utilização e o grau de força empregado poderão afetar para mais ou para menos o desgaste do material da corda e sua têmpera. Em termos práticos significa decaimento gradual das frequências agudas no espectro sonoro. As double balls são cordas com “bolinhas” nos dois extremos e são usadas em baixos sem paleta (sem mão). Apesar disto tudo, o sistema tradicional é empregado na maioria das empresas por ter sua confiança testada e aprovada na manutenção da afinação, entonação, estabilidade e balanço entre cada unidade e entre cada pacote de cordas. Tal método consiste em manter a mesma medida de bitola de cada uma até próximo à presilha, ou anel da extremidade, onde uma camada extra de cobertura é enrolada para maior firmeza, o que auxilia no equacionamento da tensão. Tais coberturas revestem a alma central da corda proporcionando diferentes tipos de reação tátil ao músico. O tipo de revestimento pode também influir diretamente na obtenção de harmônicos mais ou menos proeminentes. As cordas roundwound permitem mais harmônicos enquanto as flatwounds são conside-

radas “apagadas” (porém mais encorpadas nos graves) por ter propriedades contrárias ao modelo anterior. O comprimento total é outro fator extremamente importante quando se trata de contrabaixos com pontes que permitem passar as cordas através do corpo, ou quando o instrumento possui um

Zon tarraxas


Cordas

braço muito longo. Nestes casos as cordas devem ter 37¨. As bitolas mais estreitas permitem flexibilidade maior, proporcionando uma sensação elástica ao toque. Assim, afetam menos os dedos, desgastam menos os trastes além de possuírem maior controle no rebote do polegar na técnica de slap. Encontram-se no mercado mundial atualmente kits contendo desde as 4 cordas tradicionais (1º SOL-G, 2ª RE-D, 3ª LA-A, 4ª MI-E), até jogos com cordas duplas em oitavas (Gg, Dd, Aa, Ee), passando por kits com 5, 6, 7, 8, 9, 10 ou mais cordas, ou mesmo as subcontrabass strings com cordas C# .200” e F# .170”! A bitola ou espessura das cordas varia, desde a mais leve até a mais pesada e grossa, conforme o modelo, fabricante ou gosto pessoal do músico. Estas medidas são padronizadas em centésimos de polegadas, através da corda mais fina do kit (1ª corda SOL-G, ou 1ª corda DOC) sendo as Super Lights (.032”), Extra Light (.036”), Light (.040”), Medium (.042”), Heavy (.045”) e Super Heavy (.050”) as opções. A chave para sabermos escolher o modelo correto de cordas para cada caso é pré determinar, além do comprimento e tensão, uma

análise individual do comportamento de cada corda em relação ao timbre, balanço, sustentação, punch e durabilidade. A pesquisa é fundamental!

CONSIDERAÇÕES A questão da palavra final na opção fica por conta de cada um. Análises são úteis, mas inteiramente relativas ao pensamento e conclusões de quem as efetuou. Além disso, estas são propostas para serem avaliadas quando viáveis. Use-as sempre como ponto de partida, porém nunca como a palavra final. Lembre-se de que seu gosto somente a ti compete! Paz Profunda.:.

Para saber online

jorgepescara@backstage.com.br http://jorgepescara.com.br

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CAPTAÇÃO Ed Motta lança novo CD, A.O.R., que teve uma semana de mixagem para cada canção e cuidado extremo no trabalho de estúdio Ricardo Schott redacao@backstage.com.br Fotos: Daryan Dornelles / Divulgação

E PROCESSAMENTO TOTALMENTE ANALÓGICO A

nos 70: rock progressivo e punk. Anos 80: pop. É o que dizem, mas Ed Motta fez questão de pesquisar uma terceira via que dominava as rádios entre uma década e outra, e que é bem plena de êxitos até hoje. O cantor está lançando seu disco A.O.R. (Dwitza/Lab 344), referindo-se no título ao chamado “adult oriented radio”, pop adulto representado por nomes como

Doobie Brothers, Steely Dan, Player, Hall & Oates - e no Brasil, por Rita Lee, Guilherme Arantes e outros. Com a meticulosidade que lhe é particular, buscou o melhor na produção, cuidando durante uma semana de cada música até que ficasse tudo perfeito. Conheça um pouco sobre o disco e sobre a nova fase da carreira do cantor nesta entrevista à Backstage:


Que instrumentos e técnicas de gravação você usou no disco para que ele pudesse ganhar uma cara mais próxima do conceito de “adult oriented radio”? O único elemento digital do disco foi o Pro Tools, absolutamente tudo no disco é analógico. Os pianos eletroacústicos wurlitze, rhodes, o clavinete - que é um cravo elétrico -, sintetizadores analógicos que coleciono desde os anos 80. E guitarras e baixos de captação passiva, como Fender e Gibson, instrumentos de luthier. Fale um pouco a respeito do batebola que você teve com o Mario Leo, responsável técnico pelo disco. Como você o conheceu? Conheço Mario Leo desde o Manual prático para bailes, festas e afins (1997). Ele gravou muitos temas inteiros como Fora da lei e Daqui Pro Méier e estava na pré-producao do disco comigo. Quando produzi a banda inglesa Jazzinho ele fez um

trabalho brilhante de mixagem. O papel dele como um studio wizard foi fundamental. Devo a ele conseguir chegar na sonoridade que eu sempre sonhei. O que você está achando da receptividade do disco? Tô achando ótima, ele foi o segundo mais vendido da parte de MPB do iTunes. O primeiro foi Legião Urbana, então fui na verdade o primeiro, né? (risos) A banda não existe mais... A resposta foi incrível, mesmo tendo sido um disco que não teve apoio de lado nenhum. Pelo contrário, sinto até uma força contrária às coisas que eu faço. É tudo muito difícil, mas de fora do Brasil, nada a reclamar. Estou num momento meio ovelha negra e isso se reflete na minha obra. Você acredita que isso tenha acontecido por causa das declarações que você deu no Facebook? (Ed fez comentários depreciativos em relação a cantores como Paula Toller) Sim, e por causa da minha postura. Muita gente pensa: “ah, esse cara se acha foda”. E não é só na música, é nesse negócio de entender algo que muitos deles não conhecem, ter esse monte de discos (a coleção de Ed chega a 90 mil exemplares). Me associam sempre a uma soberba e tal, mas eu sempre dividi meu conhecimento com todo mundo, no Twitter, no Facebook... Quando o Gerald Thomas fez aquilo (agarrou

Você passou uma semana mixando cada música do álbum. Como foi poder trabalhar dessa forma? Qual foi a canção que mais deu trabalho? Os meus discos mais recentes a partir de Dwitza - todos têm esse cuidado obsessivo em busca da mixagem perfeita, mas dessa vez levei isso a padrões Steelydanianos de cuidado, esmero. As mais trabalhosas foram Latido, A engrenagem, Flores da vida real e 1978.

O único elemento digital do disco foi o Pro Tools, absolutamente tudo no disco é analógico. Os pianos eletroacústicos wurlitze, rhodes...

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No momento estou focando no autoral mesmo. Eu fui procurado por um monte de gravadoras para fazer projetos. Entre elas uma gravadora enorme que me procurou para gravar Tim Maia

a panicat Nicole Bahls) todo mundo foi lá passar a mão na cabeça dele, mesmo ele tendo feito aquilo. Só que ele é amiguinho da inteligentzia. Eu não, falo coisas que desagradam o editorzinho babaca que gosta de Blur. Você fez um show no Rock In Rio cantando clássicos do rock. Alguma chance de isso se repetir? No momento estou focando no autoral mesmo. Eu fui procurado por um monte de gravadoras para fazer projetos. Entre elas uma gravadora enorme que me procurou para gravar Tim Maia. Beleza, gravo, desde que ganhe dinheiro suficiente para me esconder de vergonha o resto da minha vida (risos). O show foi bacana, com repertório bem popular. Cantei Black dog, do Led Zeppelin, que nem é minha canção preferida da banda - prefi-

ro The wanton song. Vi como é difícil cantar rock, como o Robert Plant (cantor do Led Zeppelin) é bom e como o Glenn Hughes é melhor ainda. Se eu fizesse mais shows de rock, não ia ter mais voz. Você ainda canta Manuel? Numa determinada época comentou-se que você não gostava da música... Não, eu gosto, canto sim. Mas canto com outra visão, faço questão de incluí-la dentro do universo pop. Acho engraçado nessa coisa de A.O.R que eu sempre fui um cara desse estilo e nunca percebi. Desde meu primeiro disco nunca fui só soul e funk, assim como um cara como Eddy Grant, com I don´t wanna dance, nunca foi só reggae, é A.O.R. Você joga na kombi com o Ed Motta junto... Ou coisas como Baby come back, do Player, que é mais anos 70. Isso toca até hoje nas light FM.


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AES BRASIL

CONGRESSO REÚNE MAIOR NÚMERO Evento realizado de 7 a 9 de maio, em São Paulo, reuniu mais uma vez diversos profissionais dos setores de áudio, iluminação e tecnologia. O destaque foi o crescimento do número de visitantes de outros países. Diferentemente dos anos anteriores, a edição 2013 da Convenção deixou de apresentar a demonstração de lines arrays no pátio do estacionamento do Expo Center Norte. redacao@backstage.com.br Fotos: Ernani Matos / Divulgação

L

evar ensinamento, estudo aos presentes e evoluir junto com o profissional de áudio. Nas palavras do atual presidente da Sociedade de Engenharia de Áudio – AES Brasil, Armando Vicente Baldassarra, esses são os objetivos que devem ser perseguidos a cada Convenção da Sociedade. Para Baldassarra, o mercado brasileiro vem crescendo em importância e prova disso é o interesse de outros países em expor durante a AES Expo Brasil. “Se olharmos em volta, veremos que essa é a única AES no mundo que tem esse tamanho. E também é importante


rsário memora anive ssarra (Tuka) co Armando Balda

prestar atenção que as principais marcas do mundo inteiro, como a Solid State Logic, que fez lançamentos na Alemanha dois meses atrás, agora está aqui”, exemplifica. Segundo o presidente, isso revela a importância do mercado brasileiro

Espaço Flavia Calábia - encontro dos profissionais de áudio

que, ao meu ver, fez a diferença para que ela tenha essa dimensão que nós temos hoje”, avalia Baldassarra, afirmando ainda que a

da Embaixada Britânica de Áudio, presente pela primeira vez no evento, através da Association of Professional Recording Services –

2013 EXPO DE PALESTRANTES ESTRANGEIROS para o empresariado europeu e americano, a importância da feira para os negócios e não somente no desenvolvimento acadêmico, de projetos ou estudos. Importância no cenário mundial “Temos hoje uma representatividade importante dentro do cenário econômico da atividade de áudio profissional. Então essa união, esse valor agregado que a AES conseguiu trazer e o de se posicionar tão positivamente com essa solidez toda que temos hoje no mercado é

AES registra um crescimento em torno de 10% a cada ano. Outro destaque deste ano foi a presença

APRS. A entidade veio ao Brasil representando oito empresas britânicas do setor de áudio - Martin

Cristiano Moura (1º à esq.) falou sobre games

Palestra sobre soluções digitais da AVID

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Mesa redonda e discussão reuniu técnicos de áudio

Audio, Sonifex, Sonnox Ltd, XTA Electronics / MC2 Audio, CB Electronics, JoeCo, SE Electronics e Resolution. A ideia é aproximar as empresas britânicas e desenvolver parcerias com o mercado consumidor brasileiro.

José Carlos Giner apresenta um estudo de caso

MERCADO JOVEM Além dos veteranos do áudio, um segmento mais jovem também participou das dezenas de palestras que aconteceram nos quatro auditórios durante os três dias de Convenção. Filas na porta


Professor Homero Sette: cálculo dos níveis aplicados nos limiters do DSP’s

antes do início de cada apresentação eram o termômetro de quem seria o próximo a se apresentar. Entre os nomes mais esperados estavam o de Jeff Levison, vice presidente da Iosono, empresa de en-

tretenimento ligada ao cinema. O americano falou sobre as técnicas de mixagem baseadas em objetos para cerca de 90 pessoas no primeiro dia. Veja no nosso site a entrevista exclusiva que Levison con-

cedeu à Backstage. “Estamos distribuindo e compartilhando o conhecimento que os estrangeiros têm e as suas experiências. Isso é fundamental. Trazer palestrante de fora e proporcionar isso ao nosso profissional de áudio é a nossa meta”, completou Baldassarra. Ao contrário das Convenções passadas, a 17ª AES Brasil Expo deixou de fazer a demonstração externa de sistemas de PA. O motivo seria a falta de interesse das empresas em participar dessa atividade, uma das principais e mais aguardadas durante o evento. Segundo nota divulgada pela assessoria da Sociedade, existe “a possibilidade de realização novamente em 2014 caso haja número suficiente de empresas interessadas”. Se os participantes ficaram sem ouvir o som dos line arrays no pátio do estacionamento do Expo Center

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 86

O público teve oportunidade de conhecer e operar algumas das melhores mesas digitais do mercado, aprendendo em tempo real com especialistas e grandes nomes do áudio

Palestras reuniram profisisonais e estudantes

Jeff Levison: técnicas de mixagem

Norte, pela primeira vez, a AES realizou um treinamento prático em mesas digitais com a presença das empresas Harman, Yamaha e Proshows. O público teve oportunidade de conhecer e operar algumas das melhores mesas digitais do mercado, aprendendo em tempo real com especialistas e grandes nomes do áudio.

divulgar novos produtos, como a DB Series/DB Tecnologia, que apresentou um novo conceito para o sistema de line arrays da empresa. Segundo Pedro Gehring, um dos responsáveis pelo projeto, a partir de agora os sistemas dos modelos Piccolo 6 comercializados pela empresa terão o amplificador no bumper. “A partir daí, todo o sistema tem mais espaço para colocar mais capacitância, mais fonte e a característica dele, com a qualidade de áudio, é muito melhor, além de não

NOVIDADES Além das palestras, empresas brasileiras e estrangeiras aproveitaram para

” Ruy Monteiro, à esquerda: um dos palestrantes durante a AES


Equipe da Harman apresenta novos equipamentos em evento paralelo

s) uza (ProShow Vladimir de So

produzir vibração da caixa acústica, interferindo no amplificador. Além de ter uma ótima eficiência, são menos cabos para ligações”, explica Pedro. “Neste projeto, o amplificador é único para todas as quatro caixas, e o sistema sai mais em conta,

cerca de menos 20%. Uma coisa muito interessante é que o projetista da caixa não precisa fazer dois modelos, a amplificada e a não amplificada; basta mudar o bumper na parte de ferragem”, acrescenta Pedro, que tem como sócio no projeto o especialista Cristian Reginatto. Outra empresa que apresentou novidades foi a Robe, participando do evento junto com o distribuidor local Newart. A empresa aproveitou a oportunidade para destacar vários novos produtos, incluindo o ROBIN Pointe, o MiniMe e o MMX WashBeam. De acordo com Guillermo Traverso, gerente regional de vendas para a América Latina da Robe há dois anos, foi solicitado a realização de palestras com a finalidade de ins-

truir os engenheiros de áudio sobre as precauções no uso das luminárias em teatros e estúdios de TV, além das funções que pudessem torná-las mais silenciosas. “Foi assim que chegamos na Expo e, pela primeira vez no Brasil, realizamos uma palestra sobre aparelhos de iluminação orientada diretamente para os engenheiros de áudio”, fala Traverso. A dinamarquesa DPA também apresentou novidades: o modelo 4099, microfone live para todos os instrumentos acústicos e o D:facto. A principal característica do 4099 é de ser feito à mão, na Dinamarca. “Outro grande lance dele é o de ser um microfone que faz o serviço de todos e você só troca a garra. Então tem garra para violino, violão, cello, baixo acústico, tem uma universal que é para flauta, oboé etc. Já o D:facto é um supercardioide que possui um som na-

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 88 David Scheirman (ao centro), durante o Harman Day

Segundo dia da AES: demonstração do sistema K-array

tural extraordinário, podendo chegar a 160 dB de SPL, além de ter a possibilidade de adaptação a diversos sistemas sem fio, como Shure e Seinnheiser.

HARMAN DAY Paralelamente à AES Expo 2013, a Harman promoveu, no dia 7 de maio, o Harman Day, evento que reuniu interessados nas áreas de áudio e iluminação. Os workshops nas áreas de iluminação contaram com a palestras do especialista e diretor de Recuros da Harman,

David Scheirman e Brad Haynes, gerente de produtos da Martin. Durante o evento foram apresentados produtos que também foram apresentados na AES, como a Linha Rush. David falou sobre as novas tecnologias em termos de futuro de áudio. Daniel Rostirola, gerente de produtos e marketing do segmento Pro da Harman, afirmou que o evento teve como objetivo aproximar a Harman de seus clientes. “Trazemos as experiências dos técnicos de fora para apresentar os produtos aos clientes”, afirma. David Scheirman, que falou sobre o tema Concert Industry Trends, abordou também questões sobre alguns produtos como equipamentos de áudio, consoles analógicos e digitais, sistemas de som e tecnologia de microfones sem fio, sobre a diferença entre o transporte de uma mesa analógica e digital e a respeito de uma nova tecnologia de integração entre mesas de som e luz, que está ajudando a direcionar o desenvolvimento das novas tecnologias. O especialista abordou ainda o conceito de Superfícies de Controle Integradas, citando como exemplo a nova Soudcraft SI Performer. “Integração também muda o que acontece no palco”, completou.


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HOT MACHINE www.hotmachine.ind.br A Hot Machine, empresa que oferece excelência em iluminação, apresentou ao mercado a Esfera LED. Esse equipamento possui excelentes características técnicas, dentre as quais Input voltage AC 110-250V/50-60H, RGB LED Lamp, Control signal DMX 512, Motor com corda de 2 metros e esfera de 35 cm ou 50 cm.

ROBE www.robe.cz A Robe lançou o ROBIN MMX Blade, um surpreendente aparelho com luminosidade equivalente à série 1200W e sua popular tecnologia óptica MMX. Com um completo sistema de framing shutter de quatro facas rápidas, as quais podem ser posicionadas individualmente e anguladas a 45 graus, todo o módulo de facas é capaz de girar a mais ou menos 90 graus.

HOT MACHINE www.hotmachine.ind.br A Six Pack (SP-6), da Hot Machine, é uma matriz de pixel único baseado no blinder popular, mas substituindo o tradicional halogênio pela fonte de LED RGBA. O equipamento combina seis saídas de potência de 35W com mistura de cores com built-in eletrônico e controle individual sobre cada lâmpada, permitindo ao designer de iluminação pintar telas com luz exibindo texto animado ou padrões programados.

ROBE www.robe.cz O equipamento de iluminação da Robe possui 188 LEDs RGBW de alta potência, com uma saída de luz extremamente brilhante. Completamente silencioso, é ideal para ser usado em instalações exteriores, como edifícios. Outro diferencial é a combinação de cores LED RGBW, com uma grande qualidade de luz branca.


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PROJETOS DE ILUMINAÇÃO

CÊNICA Nas conversas anteriores, três aspectos principais de viabilidade foram destacados para a elaboração do projeto de iluminação cênica. Agora, serão analisados os conhecimentos e estudos preliminares sob a perspectiva de viabilidade técnica.

PERCURSOS SEM PERCALÇOS PARTE 03 Cezar Galhart é técnico em eletrônica, produtor de eventos, baixista e professor dos Cursos de Eventos, Design de Interiores e Design Gráfico do Unicuritiba. Pesquisador em Iluminação Cênica, atualmente cursa Pós-Graduação em Iluminação e Design de Interiores no IPOG.

M

esmo com a viabilidade financeira (abordada na conversa anterior), um projeto de iluminação cênica requer especificações voltadas à execução das ideias com eficácia, coerência, processos, criatividade e arte. Isso compreende diversos elementos e requisitos pertencentes à produção técnica de um espetáculo, uma apresentação, um show - e, no que se refere aos recursos e instrumentos de iluminação cênica, são centrados prioritariamente no espaço delimitado pela área de palco, mesmo que o projeto também inclua outros componentes a serem considerados para a iluminação das plateias. O espaço que compreende o palco deve ser percebido e configurado a partir de diversos elementos, descritos por meio de uma nomenclatura proveniente da arquitetura e terminologia própria de espetáculos e shows. Mas, independente dos termos utilizados na elaboração de um projeto, dois aspectos devem ser

sempre considerados nas primeiras linhas e na conceituação principal: as normas e regras dos espaços e as questões de segurança, para todos os públicos envolvidos. Mas esses elementos serão abordados com mais detalhes na conversa sobre viabilidade operacional. Cabe ao projeto do Lighting Designer, além da iluminação de cena (e naturalmente, vinculada ao espaço reservado ao palco), a identificação de outros elementos que caracterizam e destacam os recursos do espetáculo. Somam-se assim os conhecimentos específicos para o uso de cores e texturas (e como esses dois elementos se relacionam), efeitos de iluminação e desenvolvimento do roteiro, que personalizará as cenas e a sequência de momentos com a dinâmica que o conceito do espetáculo requer. É nesse sentido que o direcionamento da luz provocará as sensações e percepções próprias para a valorização de elementos, formas e objetos. Surgem então


Fonte: Stage Light Photography / Divulgação

Figura 1: Sidelighting - Apresentação da banda Florence and the Machine no Comcast Center Mansfield Mass

e desejos dos artistas, para que a iluminação cênica contribua decisivamente de forma a impactar o desempenho e a performance de maneira significativa. Nesse contexto, arte e tecnologia se unem em prol de um resultado planejado, ao mesmo tempo em que pode ser livre e mesmo abstrato. Os conhecimentos e técnicas permitirão, além do direcionamento da luz, escolhas justificadas Fonte: Fan Pop / Divulgação

sistemas de direcionamento de luz a partir da fonte luminosa, como o Downlighting (direcionada de cima para baixo), Uplighting (direcionada de baixo para cima), Frontlighting (iluminação frontal), Sidelighting (iluminação proveniente das laterais) e Backlighting (contra-luzes). Com isso, o Lighting Designer elaborará um projeto, a partir das necessidades

Figura 2: Lighting Design para a canção Yellow - Coldplay

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para cores, tipos de instrumentos e sua disposição, a intensidade das lâmpadas/luzes aplicadas às cores, reconstituindo sensações diversas para tempo (dia ou noite), lugar (com luz e sombras) humor e emoção (entre outras sensações), além de outros, particularmente relacionados a um determinado cenário, a uma determinada cena, a um solo instrumental. A identificação dos elementos relacionados à dinâmica de palco (movimentação dos artistas, disposição dos músicos e

Conhecido como Stage Plot ou Lighting Plot, esse projeto compreenderá uma representação gráfica com a disposição de estruturas, objetos e elementos diversos, com especificações de montagem, apresentados de forma bidimensional ou tridimensional

adequada, por meio de sistemas organizados projetados para a valorização dos recursos cênicos e proporcionar outros beneficiamentos, como a delimitação da área do espetáculo, registros de imagens, visibilidade e facilidades nos acessos dos profissionais envolvidos na produção do evento. O trabalho de identificação dos elementos e componentes que serão utilizados para a elaboração do projeto - e consequentemente implementados na Fonte: Macklan Feldman Management, 2004 / Divulgação

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Figura 3: Configuração do palco com destaque para o Lighting Plot - Girl In The Other Room Tour - Diana Krall (2005)

equipamentos da banda) deve ser considerada e percebida no projeto. Na configuração final, a disposição do público também impacta na definição e disposição dos instrumentos. Para teatros, a posição do público é, em geral, alocada na frente do proscênio (parte frontal do palco). Para ginásios e estádios, as disposições são em arena (com o uso de arquibancadas). Para outros espaços, em transpasse (público alocado em posições laterais), e outras formas, mistas. Assim, o mapeamento do palco, o posicionamento da banda e dos públicos orientará o Lighting Designer a iluminar os artistas e plateias com a projeção

execução do espetáculo -, requer conhecimentos e pesquisa das tecnologias disponíveis nos destinos dos eventos, tanto em relação aos instrumentos de iluminação, tais como consoles, equipamentos, dispositivos e periféricos (para que em todos os eventos a estrutura seja uniformemente atendida), quanto na implantação do projeto na forma de desenho. Conhecido como Stage Plot ou Lighting Plot, esse projeto compreenderá uma representação gráfica com a disposição de estruturas, objetos e elementos diversos, com especificações de montagem, apresentados de forma bidimensional ou


Fonte: Cezar Galhart (arquivo pessoal) / Divulgação

Figura 4: Detalhe de Lighting Plot elaborado com ferramenta CAD

tridimensional, com especificações técnicas e cenográficas, de maneira visual e prática (como se espera que o evento seja montado). Para a elaboração do Lighting Plot, muitos itens poderão ser considerados, desde materiais de desenho, manuais técnicos, amostras de filtros coloridos, gobos e outros necessários à criação do projeto, e, preferencialmente, equipamentos como modelos de iluminação para testes de luzes específicas (testes esses realizados antes da inclusão dos instrumentos de iluminação no projeto). Além desses recursos, somam-se ferramentas de software que auxiliarão (e muito) para a reprodução dos projetos, de forma a serem registrados, reproduzidos e mesmo testados, com simulações virtuais em ambientes tridimensionais. O software mais utilizado para o desenho dos projetos usa o sistema CAD (Computer-Aided Design - ou Desenho Auxiliado por Computador) em planta, ou projeção bidimensional.

Para desenhos tridimensionais - ou em projeção 3D - alguns softwares permitem a visualização dos instrumentos e estruturas - tais como o Google SketchUp e o Vectorworks Spotlight - além de outros que permitem simulações diversas (intensidade, dinâmica, filtros, entre outros) como o WYSIWYG Perform, ou MacLux Profor. Uma vez elaborado e concluído o projeto de iluminação cênica, outros processos são adicionados para a viabilização das expectativas criadas em torno dos espetáculos. Possivelmente, surgirão dificuldades e desafios, muitos deles relacionados à implementação e execução dos projetos, tanto para os aspectos técnicos (que serão retomados nessa coluna), quanto para outros relacionados à parte prática e operacional, que serão abordada no próximo mês. Abraços e até a próxima!

Para saber mais redacao@backstage.com.br

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A catedral gótica de Saint Elizabeth, localizada em Košice, na República Eslovaca, recebeu uma nova iluminação e se tornou o destaque das celebrações da Cerimônia de Abertura da cidade para o seu ano como Capital da Cultura Europeia.

ILUMINAÇÃO mais econômica

CATEDRAL DA ESLOVÁQUIA RECEBE LUZES DE LED redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

A

Cerimônia de Abertura foi transmitida ao vivo pela emissora nacional RTVS e cerca de 60 mil pessoas acompanharam a iluminação da Catedral, incluindo o presidente eslovaco, Ivan Gašparoviè. O evento durou dois

dias e contou com a participação de mais de mil artistas, que se apresentaram em 70 lugares diferentes pela cidade. A Catedral, a maior da Eslováquia, teve um esquema de iluminação formado pelas luminárias de LED Robe e


Eu sabia que essa era uma oportunidade de iluminar um prédio único e demonstrar o que pode ser alcançado com o uso de tecnologia LED (Kolmaèka) Anolis. Acesa durante todo o tempo, a iluminação proporcionou um cenário magnífico para o final da Cerimônia de Abertura. Branislav Bernár, da Showmedia – empresa contratada para produzir a Cerimônia de Abertura – foi o

responsável pela ideia de iluminar elementos da catedral. Para ajudar no desenvolvimento do conceito, a empresa entrou em contato com o gerente de marca da Anolis baseado na República Checa, Petr Kolmaèka, que planejou destacar todo

Iluminação contou com luminárias sem fio com lentes de nove graus

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o exterior da catedral com um monumental esquema de LED energeticamente eficiente. “Eu sabia que essa era uma oportunidade de iluminar um prédio único e demonstrar exatamente o que pode ser alcançado com o uso de tecnologia LED moderna em belas estruturas de arquitetura histórica”, comenta. O diretor criativo da Showtime, Lumir Mati, aprovou os planos de Branislav Bernár, e então Petr Kolmaèka criou o esquema de iluminação, usando luminárias sem fio City Scape Xtreme com lentes de nove graus, além de seis Anolis ArcPad Xtremes com uma mistura de lentes de nove e 22 graus. Metade das luminárias foi operada através da tecnologia Lumen Radio wireless DMX, para reduzir o cabeamento e o tempo necessário para a instalação. Com apenas três semanas entre a confirmação total do projeto e o prazo para sua realização, o tempo foi um grande desafio. Por essa razão, Kolmaèka recrutou os serviços de duas companhias – Q99 de Bratislava, Eslováquia, e AV Media, de Praga, na República Checa. O clima foi outro grande desafio para a instalação atual – os técnicos e riggers tiveram que lutar contra a neve, fortes chuvas e ventos. A igreja, cuja origem remonta ao ano de 1230, fica localizada no coração da principal rua da cidade e domina a paisagem. Seus mais de 200 metros quadrados podem acomodar 5 mil pessoas. Suas superfícies maiores foram iluminadas com ArcPad Xtremes, ao passo que as colunas individuais e os detalhes em estilo gótico foram escolhidos através do CitySkape 96s. As áreas entre as colunas foram destacadas com ArcLine 80 MC/SWs, e o teto também foi sombreado com as mesmas luminárias ArcLine, pois além de oferecer uma mistura de cores RGBW bem suave, o equipamento proporciona também uma excelente gama de branco, com temperatura de cor variando de 2700 a 8000K. As luzes foram todas programadas e operadas através de uma mesa de iluminação grandMA2.


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Localizada em Blackburn, no Reino Unido, a empresa HSL colocou à disposição do ligthing designer Neil Carson uma completa produção de iluminação para a mais recente turnê no Reino Unido da ganhadora do Brit Award, Emeli Santé – além de um pacote especial para a seção europeia. redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

LUZ PRÓPRIA para

Emeli Sandé C

arson já havia trabalhado com a HSL em vários projetos, incluindo Chase & Status. O designer queria um fornecedor de iluminação que pudesse lhe oferecer a melhor qualidade, equipe e atitude – e a HSL foi sua primeira escolha. A trajetória meteórica da escocesa Sandé inclui três singles e um álbum, Our

Version of Events, em primeiro lugar nas paradas nos dois últimos anos, além de apresentações nas cerimônias de abertura e encerramento das Olimpíadas de Londres. A iluminação da sua nova turnê tinha que estar à altura – Carson criou um design estiloso, que mescla excentricidade e simplicidade.


ILUMINAÇÃO INTIMISTA O design de iluminação foi baseado principalmente nos moving lights da Robe – uma combinação dos ROBIN 600E Spots e Washes – 35 no total, espalhados pelos trusses, junto com sete lâmpadas de tungstênio Robe ColorWash 750E AT. O uso destas luminárias, especialmente as ROBINs menores, mais claras e brilhantes, ajudaram Carson a utilizar uma estrutura de truss menor. O objetivo do designer de iluminação era fazer com que a luz tornasse o show mais pessoal, intimista, focado em Sandé e sua cativante performance. Era fundamental que não houvesse nenhuma distração visual – o centro das atenções precisava ser a emoção crua de sua música. As lâmpadas de tungstênio ColorWash 750E AT foram montadas no truss frontal e usadas para iluminação principal de Sandé e da banda.

O lighting designer criou um projeto que deixasse o show mais intimista

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Um total de vinte e um Showtec active Sunstrips foi colocado verticalmente, de maneira estratégica, ao longo dos três trusses, acrescentando forma e arquitetura ao look do palco

No deck, Carson posicionou oito Martin MAC Viper profiles ao longo do fundo do palco, além de seis GLP Impression LED washes, usados para a iluminação lateral da cantora e para acrescentar cor de baixa temperatura pelo palco. Havia também oito single floor PARs espalhados para aumentar a luz lateral. Logo acima estavam três efeitos Nova Flower - usados para destaques específicos, e no fundo havia uma cortina customizada com o nome

de Sandé. Um total de vinte e um Showtec Active Sunstrips foi colocado verticalmente, de maneira estratégica, ao longo dos três trusses, acrescentando forma e arquitetura ao look do palco. A HSL também forneceu dois follow spots Robert Juliat Ivanhoe, e os técnicos da companhia, Mark Callaghan e Steve Bliss, se juntaram a Mark na estrada. Carson controlou toda a iluminação a partir de uma mesa Chamsys MagicQ 100.


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KARINA CARDOSO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR

Graça Music lança títulos de Thalles e Mariana Valadão em Blu-ray Após o sucesso dos DVDs Uma História Escrita pelo Dedo de Deus e Vai Brilhar, de Thalles e Mariana Valadão, respectivamente, a Graça Music lança os títulos em blu-ray, com imagem em HD, áudio 5.1 e legendas em português, inglês e espanhol. Ao todo, são 22 canções gravadas, entre inéditas e regravações, além de duas participações especiais, a de André Valadão, na canção Deus me ama, e de Gabriela Rocha, na faixa Nada além de Ti.

GRAÇA EDITORIAL APRESENTA LIVRO COM DEVOCIONAIS PARA O OUTONO No livro Bênçãos de Outono, que faz parte da Coleção Estação da Fé, o Missionário R. R. Soares apresenta meditações, funcionando como um guia para os meses do ano. Por meio desses ensinamentos, o leitor será convidado a conhecer sua missão e a não temer o chamado de Deus.

NOVO CD DE LÉA MENDONÇA É ENVIADO PARA FÁBRICA O novo CD ao vivo de Léa Mendonça pela MK Music foi enviado para a fábrica. Este será o 8º trabalho da cantora pela gravadora, produzido por Rogério Vieira. A cantora já conquistou Discos de Ouro pelos CDs Louvor Profético Ao Vivo; Apenas Uma Voz; Superação e Milagres da Adoração, que também foi certificado com disco de platina.

Tudo pronto para o novo CD da banda Oficina G3 A banda Oficina G3, leia-se Juninho Afram, Duca Tambasco, Mauro Henrique, Jean Carlos e Alexandre Aposan, apresentaram novo trabalho pela MK Music. Junto à presidente da gravadora, Yvelise de Oliveira, os músicos fizeram a audição das canções que

irão integrar o álbum e revelaram o título do CD: Histórias e Bicicletas (Reflexões, Encontros e Esperança), que já está todo aprovado, incluindo capa e encarte. O trabalho está na fase de masterização, antes de ser enviado à fábrica.

GRAÇA MUSIC DIVULGA A CAPA E A MÚSICA DE TRABALHO DO CD “MINHAS CANÇÕES NA VOZ DE DANIELLE RIZZUTTI” A cantora Danielle Rizzutti, de apenas 23 anos, acaba de se tornar integrante do cast da Graça Music e lançará seu primeiro CD: Minhas Canções na Voz de Danielle Rizzutti. O álbum, com músicas de autoria do Missionário R. R. Soares, reúne 12 faixas no melhor estilo Louvor e Adoração, com uma pitada de pop rock. O lançamento do CD ocorreu no evento Ano da Alegria Completa, no Vale do Anhangabaú, em São Paulo.

THALLES EM FASE FINAL DE PRODUÇÃO DO NOVO TRABALHO O novo CD do cantor Thalles, Sejam Cheios do Espírito Santo, já está em fase final de produção. A Graça Music recebeu o master do álbum para verificação e enviou à fábrica. O projeto gráfico, assinado pela Imaginar Design, também está em fase de finalização e a primeira tiragem já foi definida: 100 mil peças. Sejam Cheios do Espírito Santo fecha a trilogia da volta de Thalles para a casa do Pai. Ao total, são 18 faixas inéditas, incluindo a música Maravilha, que foi tema do filme Três Histórias, Um Destino, da Graça Filmes. O lançamento do álbum está previsto para este mês.

Thalles Roberto assina ...contrato com a Graça Editorial Em uma apresentação feita no Kabanna Catonho no dia 10 de abril, Thales anunciou a assinatura do contrato com a Graça Editorial para lançamento da biografia Olha o que Ele fez comigo. O livro será lançado com tiragem inicial de 200 mil exemplares, número que não é comum no mercado editorial evangélico. No livro, Thalles destaca sua trajetória de vida e a transformação feita pelo poder de Deus. Sem medir palavras, revela o que fez nos tempos em que esteve no “mundão”, expressão que costuma usar para definir o tempo no qual viveu longe dos caminhos de Deus.


CD de Rachel Malafaia

“Vai Brilhar”, de Mariana Valadão, é Platina

O novo CD de Rachel Malafaia, De fé em fé, pela Central Gospel Music já está em fabricação e está previsto para ser lançado em maio no programa Vitória em Cristo do pastor Silas Malafaia. Serão exibidos clipes inéditos de duas faixas do CD: De fé em fé e Me ensina a confiar.

Na Graça Music desde 2009, Mariana Valadão já recebeu dezenas de premiações e, agora, acaba de comemorar o Disco de Platina do CD Vai Brilhar, que atingiu a marca de 80 mil cópias vendidas. O álbum, também lançado em DVD, foi gravado em abril de 2011, na Igreja Batista da Lagoinha, que recebeu mais de seis mil pessoas para o evento. Ao todo, foram 17 músicas, entre inéditas e regravações dos dois CDs anteriores da cantora – Mariana Valadão e De Todo o Meu Coração.

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CD do trio Os Arrebatados foi para a fábrica JONAS MACIEL CANTA EM CONGRESSO AVIVAMENTO TOTAL O cantor sertanejo João Maciel esteve na cidade de João Monlevade, em Minas Gerais, para participar do Congresso Avivamento Total. O cantor ministrou várias canções de seu CD Pra todo mundo ouvir, inclusive seus hits Boas Notícias e Pequena Família. Além do sertanejo, outros nomes da música evangélica também marcaram presença. Entre os pregadores, estiveram presentes os pastores Jabes Alencar e Flamarion Rolando.

DANIELLE RIZZUTTI NO RIO O primeiro CD de Danielle Rizzutti, Minhas Canções na voz de Danielle Rizzutti, com músicas de autoria do Missionário R. R. Soares, está sendo divulgado por todo o país. Ele reúne 12 faixas no melhor estilo louvor e adoração, com uma pitada de pop rock. A cantora chegou ao Rio de Janeiro para cumprir agenda de divulgação do álbum, se apresentando em igrejas e concedendo entrevistas para TVs, rádio e revista. Dani Rizzuti, como é mais conhecida, faz parte do ministério de louvor da Igreja da Graça, em São Paulo, e apresenta o programa Entre Mulheres, no Canal IIGD, da Nossa TV.

O novo CD do trio Os Arrebatados, Na Real 2, acaba de ser enviado para a fábrica. O álbum reúne dez canções que irão fazer todo mundo se divertir e ao mesmo tempo adorar a Deus. Lili, Malta Jr e Dedé convidaram compositores como Anderson Freire, Gislaine & Mylena, Beno

Cesar, Josias Teixeira & Junior Maciel para o projeto. A diretora da rádio 93 FM, Andrea Maier, também está entre os autores das músicas. Os Arrebatados já foram premiados com Discos de Ouro por Os Arrebatados Remix 1 e Remix 3. Este será o sexto CD do trio pela MK Music.

Igreja Batista Barão da Taquara oferece curso de áudio A Igreja Batista Barão da Taquara oferecerá um curso básico de áudio através da Coordenadoria de Auxílio aos Cultos – Setor de Sonotécnica. O objetivo do curso é transmitir informações técnicas, teóricas e práticas aos treinandos com o objetivo de agregar conhecimentos inerentes à operação de áudio

em sistemas de pequeno e médio porte, com ênfase em ambientes fechados e templos religiosos. O curso será realizado nos dias 13 e 20 de julho de 2013, das 9h às 18h, e tem carga horária de 16 horas aula. Para saber como se inscrever e obter mais informações, acesse o site http://www.ibbt.org.br/

JOE VASCONCELOS EM VILA VELHA Joe Vasconcelos, que está promovendo seu novo trabalho, o álbum None like you, está viajando por todo o Brasil. No dia 24, o cantor viajou para Vila Velha, no Espírito Santo, onde participou de dois eventos especiais: o 2º Seminário Internacional Tempo de Adorar e a celebração do Dia da Proclamação do Evangelho. Realizado pela Associação de Pastores Evangélicos de Vila Velha (APEVIVE), o seminário tinha como objetivo abordar o tema adoração.

Ministério Nova Jerusalém

Graça Editorial

...lança clipe de Senhor de Tudo A Graça Music lançou, em seu canal no YouTube, o clipe da música Senhor de Tudo, um dos carros-chefes do álbum Diante do Rei, novo trabalho do Ministério Nova Jerusalém. Com direção de PC Júnior, o clipe, que retrata a onipresença de Deus, foi gravado no Parque das Dunas, em Cabo Frio, e Pontal do Atalaia, em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro. O roteiro ainda contou com externas em ruas do Rio e a participação especial do filho caçula dos pastores Samuel Silva e Denise Gonçalves, que representam o Ministério.

Lançamento do livro “Pai Inteligente Influencia o Filho Adolescente” Neste livro, primeiro do Pastor Jaime Kemp pela Graça Editorial, o conselheiro familiar ensina como os pais podem ajudar na criação dos filhos, moldando o caráter dos adolescentes, para que, assim, eles causem um impacto positivo em suas gerações. O autor divide a obra em quatro partes: na primeira, ele ensina os pais a entenderem o mundo em que vivem os filhos; na segunda, define o papel de cada um na relação familiar; na terceira, explica como transmitir valores e construir um relacionamento familiar sólido; e, na quarta, leva o leitor a refletir sobre sua contribuição na vida e educação dos filhos. Nas 160 páginas de ensinamentos, Jaime compartilha a experiência adquirida em mais de 35 anos de ministério, atuando como conselheiro familiar e conjugal.


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Lançamentos Um espetáculo de adoração Cassiane

Mais de Ti Daniel Souza

O DVD Um Espetáculo de Adoração foi gravado pela cantora Cassiane na cidade de São Sebastião, em São Paulo, para celebrar os 30 anos de ministério da cantora. O DVD contou com a participação do grupo de teatro Jeová Nissi, que trouxe um conceito bastante teatral ao projeto. O DVD reunirá músicas de seus últimos trabalhos pela Sony: Viva e Ao som dos Louvores, além de três músicas inéditas.

Autor de músicas que marcaram o louvor contemporâneo, como Toma o Teu Lugar, Jesus é o Rei da Glória e Corpo e Família, o cantor Daniel Souza apresenta seu novo CD Mais de Ti, que celebra os 20 anos do Ministério Frutos do Espírito. De acordo com Daniel, este CD é um clamor de nosso espírito pela comunhão e plenitude da presença de Jesus. “Ele conquistou meu coração. Por isso, eu me rendo a Ele. Seu amor é tão grande. Não consigo resistir à sua graça. Mais e mais dele para todos nós!”, diz.

Raridade Anderson Freire

TOP 10 Pentecostal Volume 1

O novo CD de Anderson Freire acaba de ser enviado para a fábrica. Raridade será o segundo trabalho do cantor pela MK Music. Sua primeira música de trabalho, A Igreja Vem, já pode ser ouvida na rádio 93 FM. O CD possui a colaboração de Dedé de Jesus e Anderson Fabrício, e sua produção é de Anderson e Adelso Freire, irmão e vocalista da banda Giom.

A MK Music decidiu fazer uma seleção de canções pentecostais mais pedidas e assim lançou um único CD: TOP 10 Pentecostal – Volume 1. Ele reúne 10 músicas que marcaram e ainda marcam muitas vidas. Dentre os artistas estão Bruna Karla, Michelle Nascimento, Flordelis e Wilian Nascimento.

#MãeEuTeAmo.com 4 MãeEuTeAmo.com #MãeEuTeAmo.com 4 A MK Music resolveu homenagear todas as mães do Brasil. A coletânea MãeEuTeAmo.com chega este ano à quarta edição. O CD reúne 10 faixas interpretadas por Fernanda Brum, Bruna Karla, Marina de Oliveira, Léa Mendonça, Cristina Mel, Michele Nascimento, entre outras. A produção musical é mais uma vez de Emerson Pinheiro.

Entre amigos Luiz Cláudio Com 25 trabalhos gravados ao longo de uma carreira com mais de 30 anos de estrada, Luiz Cláudio acaba de lançar o seu mais novo CD – o Entre amigos ao vivo. Em parceria com a Sony Music, o álbum reúne vários nomes da música gospel nacional, como Rafaela Pinho, Laura Morena, Felipe Carvalho, Em 4, Art Trio e Ronaldo Fagundes, que compõem um repertório que mescla canções inéditas com grandes clássicos da música cristã.


redacao@backstage.com.br

De fé em fé Rachel Malafaia De fé em fé, terceiro CD de Rachel Malafaia pela Central Gospel Music, reúne 13 canções temáticas feitas especialmente para falar sobre a fé. No início da produção, Rachel descobriu que estava grávida de seu segundo filho, Silas Neto, o que deu mais profundidade ao trabalho. Rachel repete na produção o estilo congregacional apresentado em seu segundo CD Ao Deus vivo. Nomes como Davi Fernandes, Eyshila, Gislaine & Milena possuem participação especial no CD. Ela também entregou uma faixa a um jovem talento: Nicoly, de apenas 15 anos, que compôs Reina sobre todos. O repertório inclui ainda músicas de Paulo César Baruk e Emerson Pinheiro, que assinam a produção musical.

Top 10 Família Volume 1 O tema tratado pelo CD é a célula da sociedade: a família. A MK Music reuniu algumas das mais belas gravações de seu acervo, interpretadas por grandes nomes como Regis Danese, Aline Barros, Kleber Lucas, Fernanda Brum, Léa Mendonça, Marina de Oliveira, Cristina Mel, Eyshila, entre outros. Uma novidade do projeto é o encarte digital, com letras e fotos disponíveis para download.

Louvor Acústico 2 Louvor Acústico O novo CD Louvor Acústico 2, lançamento da gravadora CODIMUC, junta versões de 14 sucessos da música católica. Com arranjos de Duda Suliano, o CD reúne talentos de várias regiões do Brasil. Dois dos maiores destaques são as faixas Este pranto em minhas mãos, interpretada pelo mineiro João Victor, e Renovame, na voz de Enos Araújo. Completam o time de intérpretes os cantores Danilo Suizu, Alessandra Salles, Andreia Salles, Katiane Silva, Laís Mota, Luis Felipe Barbedo, Marília Mello, Nandah, Neto Monteiro, Thiago Tomé e Zizi Vaz.

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LUIZ CARLOS SÁ | www.backstage.com.br 112

E foi

boa hora quando fui surpreendido por sucessivas pancadas fortíssimas no piso... Desliguei o telefone quando me toquei que o vizinho de baixo era meu parceiro Guarabyra. Preocupado, liguei pro apartamento dele achando que surgira alguma emergência, naqueles tempos em que cair na estrada e fazer shows eram uma verdadeira aventura... Fui atendido de imediato: - Cara, estou tentando te ligar faz hora... desce aqui, estou no meio de uma música, um achado, me ajuda a terminar... Cada música tem o que costumamos chamar de “mote”, um termo datado, mas insubstituível (e por isso, que datado que nada, é verdade...) que define o cerne melódico ou poético da canção. Meu parceiro, que à época namorava uma jovem veterinária e fazendeira, partira da capacidade que tinha aquela moça de comandar e gerenciar terra, pessoal e gado utilizando uma qualificação aparentemente simples, mas que ganhou complexidade à medida que fomos completando letra e melodia naquela tarde quente de um verão goiano: ela era a “Dona”, dona de sua vida,

assim mesmo! U

ma das minhas maiores curiosidades – que acredito partilhar também com as torcidas do Flamengo, Galo, Fluminense, Vasco, Corinthians, América, da população inteira da China e (finalmente!) de qualquer compositor ou autor musical – é saber a história das canções: como elas foram feitas, como foram pensadas? Que situações levaram fulano ou sicrano a derramarem a alma por cima de frases e notas? O amigo Ruy Godinho, paraense e boa pessoa como meu parceiro Nilson Chaves, satisfaz boa parte da minha sofreguidão natural com seus interessantíssimos livros “Então, Foi Assim?”, volumes I e II, editados respectivamente em 2009 e 2010 pela Abravideo (abravideo @abravideo.org.br), que contam detalhes da feitura de um sem número de clássicos da música brasileira. Colando nesse fantástico e bem sacado ovo-decolombo do Ruy, comecei a lembrar de detalhes, que até então tinham me escapado, mas que fazem parte importante da criação de uma música. Por exemplo: estava eu lá pela cabeça dos 80 num quarto de hotel em Goiânia entretido em ligação telefônica que já durava

desejos e vontades. Arrebatados por essa ideia, acabamos a música em duas ou três horas e o resto foi História, tanto em nossa gravação quanto na do Roupa Nova e de mais de duas dezenas de intérpretes que entenderam o que sentíamos naquelas poucas horas mágicas em que o universo de uma vida alheia nos invadiu. Porque compor é também uma empatia com o que outras pessoas vivem e sentem. Mas de outras vezes você mesmo é o objeto principal da canção. Quando mudei do Rio para São Paulo, no início dos pipocantes 70, fui praticamente carregado pra lá a contragosto por meus parceiros Rodrix e Guarabyra. Carioca contumaz, eu via nessa mudança meu túmulo cultural, o fim dos prazeres praianos, o enterro dos sonhos de uma vida sofisticada à beiramar-lagoa, morador que era da Barão entre Farme e Montenegro (depois Vinícius, pros mais novos e não iniciados em Ipanemês, eh,eh, eh...). Para minha quase inconsciente surpresa, vi-me em pouquíssimo tempo abduzido pelo delírio desvairado da Paulicéia, onde me senti um caipira em progresso, entrando e saindo de


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ajustava quase sílaba por sílaba à melodia do Magrão! Conferi nota por nota e o que acontecia era que meu Caçador de Mim já tinha a música quase pronta. Acho que o Magrão nunca acreditou de verdade nessa minha história, mas o que conta é

que Caçador de Mim foi e ainda é um sucesso além dos nossos mais ousados sonhos. Milton Nascimento, que a gravou e fez dela título do seu disco de 1981, costuma dizer, brincando, que ela é “sua”, tamanha a identificação que ele tem com o expresso ali em letra e música. E nós, 14Bis e Sá & Guarabyra,

bares modernérrimos, fazendo amizades e amores a mil. Dessa breve e inconsequente Vida Loca, atordoado pelas luzes e zoeira de Megalópolis, saiu o “Capitão Meia Noite”, título inspirado num obscuro super-herói dos quadrinhos de minha infância, trasladado para o semi-imaginário personagem noturno que eu inventara para estrelar a música, criatura deambulante que corria de bar em bar. A música nunca chegou a sucesso de massa, mas permanece ícone de nossos fãs mais notívagos e chegados, com seu refrão neo -existencialista-aventureiro: “cavaleiro solitário/ capitão da meia-noite/ encontrar o inesperado/ com os olhos bem abertos/ sem saber o que vai ser amanhã”. Mas o acontecimento-composição que me deixa até hoje mais encafifado com o lado esotérico da criação aconteceu quando Sérgio Magrão, ex-baixista de Sá & Guarabyra e fundador do então recém-criado 14Bis, entrou entusiasmado na minha sala no estúdio Vice Versa e mostrou-me uma melodia que unia exemplarmente beleza e simplicidade. Magrão é o rei disso. Gravamos a música num cassete – Ei, pessoal, isso era 1980! – e ele foi-se embora. Eu tinha, acreditem, na minha burocrática mesa de dono de estúdio, uma gaveta de letras. Dentre todas elas, uma me suscitava especial carinho, inspirada pelo título de um livro, O Destino é o Caçador, autobiografia de Ernest K. Gann, aeronauta que descrevia como escapara da morte numa pane por proceder na contramão dos manuais. Aliado a isso, eu estava mergulhado na releitura de O Apanhador no Campo de Centeio, romance de J. D. Salinger que foi pioneiro em demonstrar agruras de adolescente desajustado, papel em que eu me julgara infantilmente incluso duas décadas antes, mas que me interessava em particular por uma questão de autocrítica e reavaliação de esperado amadurecimento. Mas tudo isso é teoria, porque a prática que me deixou realmente perplexo foi verificar que minha letra se

Quando mudei do Rio para São Paulo, no início dos pipocantes 70, fui praticamente carregado pra lá a contragosto por meus parceiros Rodrix e Guarabyra assistimos também em nossos shows a comoção que ela provoca nas pessoas, entre sorrisos e lágrimas. Viva, então, a iniciativa de Ruy Godinho, que traz mais para perto dos criadores a ação de suas criaturas e aos que com elas se identificam a oportunidade de conferir quão verdadeiro seria o entendimento entre ficção e vida real. Histórias como essas há aos milhares, porque criar é viver. Arte é um reflexo da vida, é o que traz realidade ao sonho e contato físico à imaginação.

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