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Sumário Ano. 21 - junho/ 2014 - Nº 235
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Inaugurado na década de 1960, o estádio Beira-Rio, do Internacional, e um dos escolhidos para receber os jogos da Copa do Mundo foi reformado e modernizado, recebendo inclusive uma nova iluminação com equipamentos da Robe já no evento de reinauguração da casa dos Colorados. Confira também um panorama da primeira InfoComm do Brasil e uma entrevista exclusiva com o primeiro presidente latino americano da AES Internacional.
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Um latino-americano na AES Internacional
Eleito como primeiro presidente latino americano a ocupar o mais alto posto da Associação Internacional de Engenheiros de Áudio, Andres Mayo, propõe mudanças na sua gestão.
NESTA EDIÇÃO 18
Vitrine A Sonotec lança o novo sistema Vokal - VWR-25 e a Oversound 4 modelos especiais de falantes da linha LA.
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Rápidas e Rasteiras A Sony quer ressuscitar a K-7, a Quanta lança novo portal e o Dia Nacional da Música inscreve voluntários.
28 Gustavo Victorino Confira as notícias mais quentes dos bastidores do mercado.
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Gigplace Nesta edição, a sessão dedicada aos profissionais do backstage entrevista o gestor de áudio, Luís Miguel “Gringo”.
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Rio das Ostras A 12ª edição de um dos festivais de jazz e blues mais aguardados do mundo acontece em nova data devido aos jogos da Copa do Mundo. Alguns artistas já estão confirmados no line-up.
40 PEC da música Aprovada no Congresso, lei de insenção tributária já entra em vigor e deve tornar os preços de CDs, DVDs e músicas pela internet mais baratas.
108 Boas Novas Cantora Célia Sakamoto lança seu mais novo trabalho, o webclipe Vai Ficar Tudo Bem e Raquel Mello e Perlla fazem, juntas, turnê de divulgação de seus trabalhos.
112 Vida de Artista Dando continuidade à série sobre a história dos discos de sua carreira, Luiz Carlos Sá chega mais um disco de Sá & Guarabyra, o Cartas, Canções e Palavras.
Expediente
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InfoComm desembarca no Brasil
Versão da feira americana que acontece anualmente em Las Vegas, a InfoComm faz sua primeira edição no Brasil e atrai público interessado em soluções para instalações fixas.
CADERNO TECNOLOGIA 48 Tecnologia
64 Pro Tools
A Roland apresenta a sua mais nova linha de instrumentos musicais, voltada principalmente às atuais e futuras gerações de produtores de música eletrônica.
54 Cubase
Como melhorar a performance do seu ProTools e não seja mais interrompido enquanto está trabalhando, identificando os erros mais comuns.
68 Ableton Live
Fugir das receitas de bolo de mixagem e masterização e dar espaço para a criatividade já é um bom passo para se conseguir um ótimo som.
58 Logic Pro
Como usar o modo Arrangement para produzir um remix.
72 Compressão aplicada Saiba utilizar um compressor na saída principal da sua mixagem para comprimir a música como um todo.
Avance seus conhecimentos na função Drummer, aproveitando os padrões para criar beats eletrônicos e projetos híbridos.
CADERNO ILUMINAÇÃO 88 Vitrine Conheça os refletores para efeitos especiais LED Inflex da Waldman e o Multiraios, Extreme da Projetgobos.
90 Iluminação cênica A três meses da estreia da turnê, o Nine Inch Nails resolveu mudar toda a sua estrutura de iluminação, apelando para elementos que beneficiassem as sobreposições.
Diretor Nelson Cardoso nelson@backstage.com.br Gerente administrativa Stella Walliter stella@backstage.com.br Financeiro adm@backstage.com.br Coordenadora de redação Danielli Marinho redacao@backstage.com.br Revisão Heloisa Brum Tradução Fernando Castro Colunistas Cezar Galhart, Cristiano Moura, Gustavo Victorino, Jorge Pescara, Lika Meinberg, Luciano Freitas, Luiz Carlos Sá, Marcello Dalla, Ricardo Mendes e Vera Medina Edição de Arte / Diagramação Leandro J. Nazário arte@backstage.com.br Projeto Gráfico / Capa Leandro J. Nazário Foto: Divulgação Publicidade / Anúncios PABX: (21) 3627-7945 publicidade@backstage.com.br Webdesigner / Multimídia Leonardo C. Costa multimidia@backstage.com.br Assinaturas Maristella Alves PABX: (21) 3627-7945 assinaturas@backstage.com.br Coordenador de Circulação Ernani Matos ernani@backstage.com.br Assistente de Circulação Adilson Santiago Crítica broncalivre@backstage.com.br Backstage é uma publicação da editora H.Sheldon Serviços de Marketing Ltda. Rua Iriquitiá, 392 - Taquara - Jacarepaguá Rio de Janeiro -RJ - CEP: 22730-150 Tel./fax:(21) 3627-7945 / 2440-4549 CNPJ. 29.418.852/0001-85 Distribuição exclusiva para todo o Brasil pela Fernando Chinaglia Distribuidora S.A. Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1678 - Sl. A Jardim Belmonte - Osasco - SP Cep. 06045-390 - Tel.: (11) 3789-1628 Disk-banca: A Distribuidora Fernando Chinaglia atenderá aos pedidos de números atrasados enquanto houver estoque, através do seu jornaleiro.
Os artigos e matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. É permitida a reprodução desde que seja citada a fonte e que nos seja enviada cópia do material. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios veiculados.
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CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br
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A hora
de mostrar a cara
O
resultado de uma pesquisa divulgada pelo Instituto de Ética Concorrencial, em conjunto com a Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBRE), afirma que a economia informal no Brasil terminou 2013 representando 16,2% do PIB (Produto Interno Bruto) do país, uma queda de 0.6 pontos percentuais, comparado com o índice de 2012. Isso significa que esse segmento movimentou em 2013 R$ 10 bilhões a menos. Se buscarmos números mais distantes, o mesmo índice, em 2003, representava cerca de 20% do PIB nacional, revelando uma queda de cinco pontos percentuais em uma década, segundo o mesmo FGV/IBRE. Alguns dos responsáveis pela queda da informalidade, ou economia informal, apontados pelo instituto pesquisador seriam as gradativas melhoras institucionais, como a simplificação tributária, com o Simples e o Supersimples, desoneração da folha de pagamento das empresas e a ampliação do MEI (Micro Empreendedor Individual), permitindo que milhares de brasileiros, incluindo os profissionais do áudio, se beneficiassem do projeto. O Microempreendedor Individual (MEI) é a pessoa que trabalha por conta própria e que se legaliza como pequeno empresário, desde que fature no máximo o equivalente a R$ 60 mil anuais. Quando o trabalhador conhecido como informal se torna um MEI legalizado ele passa a ter facilidades e benefícios como acesso ao crédito, registro no CNPJ, emissão de notas fiscais e aposentadoria. O fato de sair da informalidade, além dos benefícios explanados acima, confere ao profissional mais credibilidade junto a outras instituições, legitimando até mesmo sua idoneidade. Nunca é demais lembrar que contribuir para o sistema tributário de um país ratifica o estado de civilidade dessa nação, independente da forma como esses tributos são aplicados na saúde, educação ou previdência, pois isso já é outra história. Boa leitura e seja você mesmo a sua empresa. Danielli Marinho
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HARP HOHNER 128/8
UHXPRO-02MM www.lyco.com.br A Lyco está inovando mais uma vez. Os transmissores e receptores do sistema LYCO UHXPRO-02MM possuem 100 frequências disponíveis em cada microfone, fazendo com que a operação fique mais estável e confiável. Conta com recepção PLL multicanal, frequência UHF, qualidade sonora perfeita e busca automática de canal. Fácil sincronização por infravermelho, apenas alinhando o sensor do transmissor com o do receptor e efetuando um click. Excelente relação custo-benefício.
www.proshows.com.br A Mini Gaita Harp HOHNER 128/8 com afinação C Dó é um instrumento ideal para os dias de jogos da Copa do Mundo. Pequeno e leve, ideal para ser pendurado no pescoço do torcedor. Um instrumento que proporcionará conforto e facilidade no manuseio. A Mini Gaita possui 8 palhetas – diatônicas, e vem com case. Fazem parte ainda das características do instrumento pente de plástico, placas de cana 0,9 milímetros de bronze, 8 palhetas de latão, tampas em aço inoxidável e uma oitava diatônica completa em C-major.
VOKAL - VWR-25 DUPLO HANDHELD www.sonotec.com.br O sistema VWR-25 é composto por dois transmissores de mão, módulo receptor, fonte e case. O alcance do modelo é de até 50 metros, com sistema sem fio UHF, fonte chaveada (100 – 240 VAC), resposta de 15 a 50kHz e saída balanceada XLR e P10, que podem ser usadas simultaneamente e balanceadas individualmente por canal e P10 mixada. As antenas possuem sintonia individual. Os transmissores de mão possuem chassi emborrachado, chaveamentos mute on/off e são alimentados por 2 pilhas AA.
LINHA LA http://www.oversound.com.br A linha LA da Oversound disponibiliza 4 modelos especiais em 6, 8, 10 e 12 polegadas que atuam na faixa de médio grave. São produtos desenvolvidos com parâmetros e resposta de frequência para superar padrões internacionais de qualidade, sendo especialmente indicados para o mercado de caixas acústicas profissionais em sistemas de PA e Line Array.
LA 122A www.next-proaudio.com O LA 122A vem se juntar à família LA e é a versão mais potente do popular LA 122. Ele incorporou falantes avançados de neodymium, customizados pela B&C com uma alta performance de amplificação DPA, capaz de gerar 1650Wrms de potência de alta definição para alta pressão acústica para aplicações de média e larga escalas. Este sistema é ideal para ser usado em instalações fixas e provisórias. O sistema é composto de três modelos, dois line arrays com diferentes ângulos de cobertura (8ºx90º e 15ºx120º) e um subwoofer que permite uma configuração bastante versátil. O sistema de DSP integrado com conversor AD DA de baixa emissão de ruídos disponibiliza 8 presets selecionáveis (6 de fábrica e os outros dois definidos pelo usuário) que podem ser acessados facilmente por um seletor localizado no modulo frontal do painel ou em tempo real editado por um PC, usando o software Soundware, via controle remoto USB.
BLACK FOX 100 www.tagima.com.br Esse amplificador de guitarra da Tagima possui alto-falante 12", 100 Watts, saída de linha, send return eFootswitch para acionamento do canal limpo e drive. Outras características do equipament o são: canal limpo com equalização grave, médio e agudo independente e canal drive com equalização grave, agudo e contour para shape de médio independente e reverb de mola.
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www.gobos.com.br Esse sistema de microfone sem fio UHF com 193 cainais possui frequências selecionáveis e duplo sintonizador. O RAD 360 é projetado para uma ampla variedade de aplicações profissionais, incluindo performances ao vivo, empresas de som, instalações fixas, reuniões corporativas, eventos e igrejas.
CAIXAS IT www.leacs.com.br As caixas acústicas IT 1000, IT 1200 e IT 1500 são fabricadas em plástico injetado ABS, super-resistente, com tecnologia Leac´s 100% nacional e garantia em todo Brasil. Com visual moderno e design arrojado, contam com caixas ativas e passivas de diversos modelos, tamanhos e potências que podem atuar em até 4 posições: frontal, monitor, fly e tripé disponíveis nas cores branca e preta. Possui ainda entrada USB e leitor de cartão SD/MMC, rádio FM com sintonia automática e controle remoto e equalizações pré-determinadas: Normal/POP/ Rock/Jazz/Clássico/Country. A solução para sua sonorização com qualidade e excelente custo-benefício está aqui.
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RAD 360
AMPLIFICADOR TD8K www.taigar.com.br Esse amplificador possui 8000Wrms em 2 ohms com apenas 10Kg. São duas unidades de rack, modelo Classe D, alimentação de 180V~250V e resposta de frequência de 20Hz - 20000Hz.
TRANSMISSORES KRU www.sonotec.com.br A Karsect apresenta os transmissores KRU. Por utilizarem sistema wireless multicanal de transmissão de alta qualidade, garantem total liberdade em seu manuseio, tornando o espetáculo mais dinâmico e proporcionam ao usuário comodidade e segurança. Dentre as principais características dos modelos KRU-161 e KRU-162 destacam-se a confiança e estabilidade durante a execução, transmissão UHF sem fio, ajuste de squelch, frequência estabilizada, indicador de bateria, circuito detector de ruído e anti-interferência. O produto possui case para transporte e certificados homologados pela ANATEL.
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Banda Reação em Cadeia lança single 7 luas A banda Reação em Cadeia lançou neste mês o seu novo single 7 Luas.
O single foi masterizado em Los Angeles, Estados Unidos, pelo enge-
nheiro de áudio e vencedor de vários prêmios Grammy, Gavin Lurssen, e teve produção musical de Juliano Cortuah, que também assina a direção do clipe, rodado em diversas partes dos Estados Unidos. As paisagens de Los Angeles, San Diego, Little Rock e o deserto de Lancaster serviram como cenário para a produção. Uma das locações foi a clássica Igreja Adventista usada pelo diretor Quentin Tarantino em Kill Bill 2, em 2004.
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D&B APRESENTA NOVOS PRODUTOS A d&b audiotechnik participou da Plasa Focus 2014, nos dias 29 e 30 de abril, em Leeds, na Inglaterra, apresentando uma diversidade de produtos em seu estande, como a nova XC Series de alto-falantes: 16C, 24C e 24C-E. Outro produto que fez sucesso entre os visitantes foi o software de simulação de alinhamento ArrayCalc, além da D80, uma caixa ainda mais punch e robusta que as antecessoras. A empresa também ofereceu uma Masterclass de “Sistemas de som e seus fundamentos”, que estava agendado dentro do Programa de Desenvolvimento Profissional durante os dois dias de feira.
Peter Gasper ‘ O Mago da Luz ’
PLASA FOCUS Uma das mais importantes feiras de áudio, luz e entretenimento, realizada em Leeds, no Reino Unido, em abril de 2014, teve como novidades uma gama de produtos das mais renomadas empresas desses setores do mundo. Yamaha, Chauvet, Martin, Elation, Electro-Voice, entre outras apresentaram as novidades e tendências do mercado para os próximos meses. Alguns dos destaques foi a linha QL Series da Yamaha e a linha de falantes ETX, da Electro-Voice.
SONY QUER RESSUSCITAR K-7 A empresa japonesa Sony apresentou um novo projeto que promete ressuscitar as antigas fitas magnéticas. A partir de uma nova tecnologia, a nova fita cassete teria capacidade de armazenar 185 terabytes, ou gravar até 148 gigabytes por polegada quadrada, o que significa um potencial de armazenamento de dados maior do que a de um disco Blu-ray. O anúncio foi feito durante uma conferência internacional em Dresden, na Alemanha. No entanto, limitações como tempo de leitura muito ruim, fazem com que a novidade sirva como mídia para backup.
SSL LIVE NO MONITOR DO GUITARRISTA SANTANA O Mago da Luz, como era chamado Peter Gasper, morreu no dia 30 de abril aos 73 anos de infarto. O lighting designer, um dos pioneiros na arte de iluminação no Brasil, trabalhou durante anos para a TV
Globo e assinou inúmeros projetos de iluminação para TV, teatro, cinema e shows como Cristo Redentor, Missa para o Papa João Paulo II, show de Frank Sinatra e a iluminação do Rock In Rio de 1985.
Brian Montgomery, engenheiro de monitor de Carlos Santana, partiu para a estrada com o console SSL Live para a turnê do astro latino, com passagens por locais como Dubai Jazz Festival, Johannesburg’s FNB Stadium, Cape Town’s Grand Arena e no New Orleans Jazz Festival, como parte da turnê Corazon.
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DIA NACIONAL DO ENSINO DA MÚSICA
No dia 21 de junho acontece pelo segundo ano consecutivo o Dia Nacional do Ensino da Música, que prevê workshops e aulas gratuitas de música por todo o país. O projeto, adaptado à realidade brasileira, é inspirado no National Play Day, criado por Paul McManus, no Reino Unido (um dia inteiro dedicado ao aprendizado musical). Na edição brazuca, a ideia é aumentar o contato das pessoas com a música, buscando proporcionar mais “valorização e consciência dos benefícios da música, bem como dos profissionais de ensino no país”, segundo Daniel A Neves, Presidente da ANAFIMA (Associação Nacional da Indústria da Música) e que adaptou o modelo para o Brasil, além de visar a aproximação de crianças, adultos e terceira idade com a prática musical. Os professores do ensino musical ou músicos amadores que queiram ser voluntários para atuar no Dia
Nacional do Ensino da Música podem se inscrever pelo link : http://musicaemercado.org/dianacional-ensino-da-musica/. Após a inscrição, ao receber o modelo de poster, basta colocar suas informações e promover. Mais informações pelo email: info@musicaemercado.com.br O Dia Nacional do Ensino da Música é um movimento organizado pela Música & Mercado, com apoio de Felipe Radicetti, principal líder do GAP (Grupo de Apoio Parlamentar Pró-Música), um dos responsáveis pela organização da sociedade civil para a implementação da Lei 11.789; da ANAFIMA (Associação Nacional da Indústria da Música); III Salão Gospel; movimento Quero Educação Musical nas Escolas; Sindimúsica e da Associação Americana da Indústria da Música, NAMM.
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TECNOLOGIA CLARI-FI A Harman apresentou uma nova solução de software durante o Genebra Motor Show 2014. A novidade analisa e melhora a qualidade de áudio comprimido vindo de fontes digitalizadas. A tecnologia, chamada Clari-Fi, é responsável por restaurar a qualidade de áudio perdida na digitalização de músicas para dispositivos móveis. A tecnologia promete remover efeitos adicionais indesejados, como eco e distorção; restaurar detalhes nítidos e clareza de sons de alta frequência, aguçar sons dinâmicos como instrumentos de percussão, que podem ser abafados por compressão. O Clari-Fi pode ser integrado em qualquer sistema de áudio automotivo Harman.
ATUALIZAÇÃO DO AIR INSTRUMENT A AIR Music Technology, empresa responsável por desenvolver os instrumentos virtuais originais e efeitos básicos oferecidos com o software Pro Tools, da Avid, atualiza seu famoso AIR Instrument Expansion Pack (AIEP), com suporte a plug-ins, além de diversas inovações de instrumentos. O AIEP contém sete instrumentos virtuais que variam de emulações de equipamento vintage de alta qualidade, tecnologias de síntese únicas, a ferramentas para criação de música intuitiva. Cada um deles está disponível como plug-in nos formatos VST, AU e AAX, e integra perfeitamente com os principais DAWs da atualidade. A edição mais recente do AIEP inclui as versões do Hybrid 3.0 e 2.0.2 além de seis outros instrumentos virtuais: Loom, Vacuum Pro, Structure, Strike, Velvet e Transfuser 2.
MAESTRO JOÃO CARLOS MARTINS... ...assina trilha sonora de longa metragem João Carlos Martins, maestro titular e diretor-artístico da Orquestra Bachiana SESI-SP, é o produtor da trilha sonora do filme A Grande Vitória, dirigido por Stefano Capuzzi Lapietra, que estreou em maio nos cinemas de todo o Brasil. Produzido pela O2 Filmes, o longametragem, que tem elenco composto por Caio Castro, Tato Gabus Mendes, Suzana Pires, Sabrina Sato e Moacyr Franco, é baseado no livro Aprendiz de Samurai – Uma História Real, de Max Trombini.
SGM ILUMINA O OSCAR DE BOLLYWOOD A SGM XC-5 Colour Strobe esteve presente no International Indian Film Academy (IIFA) Awards, que aconteceu em Tampa Bay, na Flórida, no estádio Raymond James. O evento, também conhecido como o Oscar de Bollywood, já aconteceu em cidades como Londres, Amsterdã, Johannesburgo e Toronto, entre outras. Em 2014, foi a 15ª edição e a primeira vez que foi apresentado nos Estados Unidos. O IIFA Awards acontece durante uma semana recheadas de eventos baseados na indústria cinematográfica, musical, de moda, negócios e cultura indianos. No final da semana é quase um típico Super Bowl americano, arrastando mais de 30 mil visitantes ao estádio e alcançando cerca de 600 milhões de telespectadores em 108 países. O Lighting Designer Eugene O’Connor fez um projeto de iluminação com luzes e LEDs num palco de aproximadamente 760 metros quadrados, que incluiu 30 SGM XC-5 Colour Strobe LED RGB ao redor do palco. O espetáculo foi produzido pela Wizcraft.
Novo portal Quanta A empresa lançou um novo layout para o portal que promete mais interatividade com os internautas, além de ser compatível com dispositivos móveis, facilitando a localização de informações. Outra novidade é o canal de relacionamentos onde os usuários poderão se cadastrar e ter acesso a conteúdos diferenciados, produzidos por especialistas. Acesse: www.quanta.com.br
CAFÉ COM NEGÓCIOS Seguindo a tradição, a Loja Paulista Vitória Som ofereceu um café da manhã, na sua loja, durante o período da AES Brasil. Nestes 3 dias, vários profissionais das locadoras foram bater um papo e fechar negócios. A Vitória Som fica na Rua dos Andradas, 358 -São Paulo.
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pelo alto nível dos trabalhos inscritos. E foram centenas. Na noite de premiação e num auditório Araújo Viana vibrante, o irmão caçula da dupla Kleiton & Kledir (que estava presente) fez a festa levando alguns dos prêmios principais. Vitor Ramil liga com rara maestria a música brasileira à música cisplatina e, apesar de avesso a badalações midiáticas, tem uma legião de fãs no RS e de antenados pelo Brasil, Argentina, Chile e Uruguai.
A campanha pela volta do ensino musical nas escolas do país, apesar de tímida, rendeu o maravilhoso fruto do sucesso. A correção dessa distorção, no entanto, ainda encontra visíveis dificuldades por parte do poder público que notadamente está despreparado para iniciativas na área da educação, embora desconfie que esse despreparo seja geral. Isso certamente explica o porquê de estarmos em último lugar no ranking de educação nas Américas, ao lado do Suriname.
COPA DO MUNDO
TENTAÇÃO PERIGOSA
Devem estar de sacanagem com a gente. Pitbull cantando (?!?) o tema da Copa do Mundo... no Brasil. Tudo bem que usem a popularidade da Claudia Leitte, afinal, professora de aeróbica sempre faz bem ao esporte, mas ainda empurrarem a Jeniffer Lopes de contrapeso foi dose. E para esmerdalhar tudo de vez, a música tema ainda é ruim de doer.
Tem gente tentando instalar plug-ins piratas em teclados e equipamentos de última geração. O risco de tragédia é iminente. Oferecidos gratuitamente na internet, alguns desses aplicativos são criados de forma grosseira e sem os cuidados e testes necessários à segurança do equipamento. Apesar de fechados, os softwares operacionais produzidos pelos grandes fabricantes vêm sendo facilmente quebrados em sua criptografia por usuários avançados que não querem pagar os altos preços dos produtos originais. Sempre é bom lembrar que teclado ou equipamento com software pirata perde a garantia do fabricante na hora da encrenca. Definitivamente, não vale o risco...
HORROR SEM FIM Quando penso que descansei meus ouvidos, surge coisa parecida ou até pior. Depois do nariz da Anitta e do casamento do Naldo, a tal Valeska Popozuda é a bola da vez. A mídia rasteira adora a boazuda e faz virar notícia até espirro da moça. Já cantar que é bom...
FESTA NA FESTA PREMIAÇÃO 1 O Prêmio Multishow de 2014 resgatou a sua credibilidade e se mostrou um dos melhores (se não o melhor...) de todos os tempos. A quase totalidade dos vencedores e homenageados são nomes incontestáveis por sua história e talento. Numa época em que a música midiática cada vez mais ignora a qualidade, o canal Multishow marcou um golaço ao valorizar a verdadeira música brasileira.
PREMIAÇÃO 2 O Prêmio Açorianos de Música, o mais importante do sul do país, também teve um ano excepcional. Na qualidade de jurado, participei de escolhas difíceis
Apesar dos 33 anos de história, a Festa Nacional da Música, em Canela/RS, teve uma breve parada na virada do século e retomou suas edições em 2004. Dessa forma, completa no próximo mês de outubro 10 anos de sua retomada e isso será motivo de comemoração. Sucedendo a primeira noite em que acontecem as homenagens, a noite seguinte será marcada pela participação de alguns homenageados que marcaram os últimos 10 anos. A lista é grande e a seleção por um lugar na segunda noite já começou.
FÚRIA DE TITÃS A Samsung e a Apple vêm travando batalhas judiciais ao redor do mundo tendo
GUSTAVO VICTORINO | VICTORINO@BACKSTAGE.COM.BR
como pano de fundo as patentes de tecnologia dos smartphones e suas inovações. Aplicativos e players de mídia fazem parte dessa briga que tem como curiosidade o fato de que a coreana Samsung ganha a maioria das ações pelo mundo, mas sempre perde para a americana Apple nos EUA. Mas nenhuma das duas sabe explicar porque um bom aparelho pode custar mais caro do que uma TV de LED 3D de 47 polegadas.
INCÊNDIO A tragédia da boate Kiss, no sul do país, provocou um olhar mais atento do poder público sobre o risco de incêndio em estabelecimentos sujeitos a alvará de funcionamento e vistoria de bombeiros. Centenas de casas noturnas e estúdios foram fechados no Brasil por desacordo com as normas de segurança contra fogo. Muitos jamais foram reabertos. Em alguns casos, novas leis foram criadas recrudescendo ainda mais os requisitos técnicos e tornando muito difícil o atendimento das exigências. No RS, por exemplo, obter um PPCI (Plano de Prevenção Contra Incêndio) se tornou quase impossível. A nova lei beira a insanidade. E quem a fez foram os mesmos que estavam de braços cruzados antes que mais de duas centenas de jovens morressem asfixiados em Santa Maria.
vertir ouvindo música. Com a segurança pública comprometida, a tendência será um natural afastamento das famílias ou das pessoas que fazem da Virada um espetáculo musical marcante para São Paulo.
aos seus fãs. E antes que alguém diga que é arrogância ou marra, tentem entender a dificuldade que artistas de extrema popularidade teriam para interagir com centenas de mensagens diárias de admiradores por todo o Brasil.
CONFIANÇA
TEMPOS MODERNOS
A Waldman estabeleceu uma garantia padrão de um ano para toda a sua linha de produtos. Confiando na qualidade oferecida, a marca distribuída pela Equipo conquista o mercado, horizontalizando sua linha de produtos e mostrando uma criatividade incomum no mercado. Em tempos bicudos, enquanto alguns choram, outros vendem lenços. Ponto para o talento...
Poucos artistas brasileiros podem se dar a esse luxo, mas o astro Lulu Santos é um dos que poderiam fazer um show de duas horas sem cantar nenhuma música, deixando apenas para o público conduzir os seus sucessos. O cantor atravessou as gerações de forma avassaladora e jovens que sequer tinham nascido quando ele lançou a maioria dos seus hits garantem uma perenidade que certamente nem o próprio Lulu esperava. Sem carimbo de estilos e com a típica arrogância carioca que marca alguns dos nossos artistas geniais, o guitarrista se tornou um dos maiores hitmakers brasileiros de todos os tempos.
BALELA JURÍDICA Emparedada pela justiça americana, uma distribuidora de falsificações chinesas apresentou uma defesa inacreditável na corte de Los Angeles, na Califórnia. A empresa argumentou que vendia apenas réplicas-homenagem de grandes marcas de guitarra. Na peça processual, os falsificadores fazem um contorcionismo jurídico e semântico tentando convencer os juízes de que uma homenagem espontânea, mesmo com finalidade comercial, dispensa autorização para o uso da marca. E quando eu penso que já vi e li de tudo, me vem mais essa...
EXTINÇÃO A Virada Cultural em São Paulo é um dos encontros mais tradicionais do estado. A pluralidade de atrações é a mola propulsora de um evento que pode morrer pelas mãos do mal que ataca todo grande centro urbano no Brasil. A violência ficou fora de controle e as gangues formadas por jovens levaram terror a quem queria apenas se di-
FAKE Grande parte dos artistas brasileiros tem um funcionário, normalmente jornalista ou relações públicas, para cuidar das suas páginas em redes sociais e monitorar o uso do seu nome ou imagem na rede. Raros são os que cuidam pessoalmente das mensagens e respondem de forma autêntica e espontânea
FALTA POUCO A criação da voz humana 100% sintetizada é um avanço científico inevitável e previsto para no máximo cinco anos. Ainda no final dessa década já devem surgir as primeiras gravações musicais não instrumentais e sem voz humana conduzindo a melodia. Com o recurso de utilizar qualquer timbre ou registro vocal, as possibilidades técnicas serão ilimitadas. A exemplo do que aconteceu com a cenografia cinematográfica, a criatividade e um bom computador serão ferramentas de recursos infinitos. Apesar de sombrio, esse futuro é inevitável. E por suas evidentes vantagens econômicas, acreditem, isso ainda será muito usado.
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ESPAÇO GIGPLACE | www.backstage.com.br 30
Profissões do
‘backstage’ LUÍS MIGUEL “GRINGO” GESTOR DE ÁUDIO redacao@backstage.com.br Fotos: Cesar Araujo / Arquivo pessoal / Divulgação
Em mais uma reportagem da série que trata sobre os profissionais que atuam no backstage de todas as produções musicais, sejam elas de áudio, produção ou iluminação, conversamos com o gestor de áudio do SESC Bertioga, Luís Miguel “Gringo” Perez Oyarzún.
G
igplace – Luís, qual a sua cidade natal e por que o apelido “gringo”? Quem da sua família era fã do Luiz Miguel? Sou nascido em Santiago do Chile, na cidade de San Bernardo. Uma curiosidade: só no Brasil o estrangeiro é chamado de gringo, fui chamado assim e me acostumei, tanto é que eu sempre falo: “meu nome é gringo e meu apelido Miguel”. A ideia do meu nome era Luís pelo avô e Miguel pelo pai, porém tive a sorte, ou não!, de ter o
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Minha primeira viagem ao Brasil foi em 2001, onde participei de um circuito de festivais de folclore chamado Brasil Fest in Folk, organizado pela Abrasoffa
nome de um cantor de bolero mexicano que fez muito sucesso nos anos 80. Porém meu nome fez sucesso na escola, imagine como fui zoado!!! (risos). Conte um pouco de sua infância no Chile e como você foi parar no áudio. Nasci em 1979, e era o mais velho de 5 irmãos, sou filho de músico, por isso sempre tive e cresci no meio de fios, palcos e muita música, até meus pais se separarem. Eu cresci e fui criado com muito amor pela minha família, e sempre fui incentivado a fazer tudo o que eu queria, o que me ajuda a buscar a ser melhor sempre. Estudei vendas e publicidade na escola técnica no Chile. Comecei no áudio com 18 anos sen-
do músico, cantava com meu pai num grupo de música latino-americana, onde além de cantar tocava percussão. Logo depois fui trabalhar em rádio, era locutor de 3 programas, um programa para adolescentes e outros de músicas chilenas, que abria espaço para bandas locais mostrarem seu trabalho. O que determinou sua vinda para o Brasil e quais as primeiras dificuldades por aqui? Minha primeira viagem ao Brasil foi em 2001, onde participei de um circuito de festivais de folclore chamado Brasil Fest in Folk, organizado pela Abrasoffa (Associação Brasileira dos Organizadores de Festivais de Folclore e Artes Populares). Participando deste circuito viajei por vários estados brasileiros mostrando a cultura musical do meu país. Em 2002 tivemos a sorte de ser convidados novamente para o circuito. Nesta minha segunda visita decidi ficar e começar uma nova vida, num país totalmente diferente do Chile. Enfrentei muitas coisas ruins e boas quando fiquei, mas o idioma foi o pior de todos. Não sabia falar nada, nem conseguia pedir comida, nem mesmo ajuda. Acredito que isto foi o pior de tudo. Agora com quase 13 anos no Brasil consigo me comunicar muito bem, porém o sotaque eu nunca perdi. Escrevendo essa coluna, acabamos descobrindo que existem anjos, ou padrinhos, como queira chamar. Pessoas que dão uma força, que nos ajudam quando mais precisamos. Quem foram essas pessoas no decorrer da sua carreira?
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Em 2003 fui morar em Santos e o Jefferson Pinto Silva me abriu as portas da Jefferson Equipamentos para começar realmente no áudio profissional. Comecei na estrada de verdade, eram tour pesadas; viajei o Brasil todo acompanhando bandas
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Meu pai em primeiro lugar, que sempre me incentivou a seguir o caminho da música. O Adamir Vivan (Som Delta RS), que foi o primeiro a me dar emprego aqui no Brasil e me incentivou a continuar no áudio. Pagou meus cursos de áudio, me deu todo o apoio que uma pessoa precisa para sobreviver num novo país: casa, comida e meu primeiro emprego como técnico de áudio. Daiana Bristot, que foi minha mãe quando fiquei no Sul. Em 2003 fui morar em Santos e o Jefferson Pinto Silva me abriu as portas da Jefferson Equipamentos para começar realmente no áudio profissional. Comecei na estrada de verdade, eram tours pesadas; viajei o Brasil todo acompanhando bandas e foi aí que conheci grandes técnicos de áudio com os quais aprendi muito. Agradeço a cada um deles. E, principalmente, a minha família aqui no Brasil, porque sem eles não sou nem serei nada. Agradeço a meus sogrospais, que sempre confiaram em mim; e à minha esposa, amiga e companheira Patrícia, que sempre está me apoiando em tudo nesta vida. A pergunta anterior leva à outra: como foi sua trajetória, por onde trabalhou e onde trabalha atualmente? Comecei como técnico de áudio na Som Delta (RS). Logo depois, em 2003, fui para a Jefferson Equipamentos, onde fiquei por quase cinco anos. Depois disso, fui para a estrada trabalhando com algumas bandas. Atualmente trabalho como gestor de áudio no SESC Bertioga e também como técnico da banda IVO MOZART, onde faço o PA. Atualmente você trabalha no SESC. Como é a dinâmica de trabalho numa estação de férias, eles têm equipamento. O que acontece no espaço? O SESC Bertioga é um Centro de Férias que atende entre 500 a 1000 pessoas por
semana, onde acontecem apresentações artísticas de música, dança, teatro e circo semanalmente, com a proposta de propiciar às pessoas uma programação cultural diferenciada. Aqui no SESC trabalhamos com mesas digitais devido a grande demanda de shows, sendo 2 por dia, nos 7 dias da semana. Temos espaços sonorizados onde são desenvolvidas atividades físicas. Hoje, por exemplo, trabalho com uma SC48 AVID para PA no espaço principal. Temos ainda um projeto de sonorização que utiliza as caixas MINA da Meyer Dinamics. Você é formado em Publicidade e Marketing, então por que sua opção pelo áudio? O áudio é minha vida, e apesar de ser bacharel em propaganda sempre trabalhei com áudio, profissão que amo de paixão. Até parece loucura trocar um escritório com horário fixo por uma agenda incerta, dormir pouco, viajar bastante, mas isso é o que me faz feliz!! Sobre o mercado de trabalho, vemos nas redes sociais iniciativas de organização dos profissionais de áudio. Para você que é estrangeiro, quais foram as dificuldades para se registrar, tirar documentos e fazer o registro profissional no Brasil? Vejo também os profissionais tentando se organizar, porém também observo que muitos não se interessam em ser “um profissional de VERDADE”. Vejo na estrada que cada um tem seu ideal e muitas vezes não respeita o outro. Como estrangeiro, foi muito complicado obter todos os documentos, o Brasil é um país de burocracia extrema, tive que voltar para o Chile para pegar carimbos no consulado do Brasil – sim, isso mesmo: tive que sair do Brasil para ir buscar os carimbos do consulado brasileiro. A meu ver o DRT é um documento que diferencia os profissionais dos amadores. Hoje encontramos muitos “técnicos” na estrada, mas em casas de show é um pouco diferente, já que assinam a carteira e para eles é profissão, um oficio. Acredito que o DRT seja a maneira de diferenciar quem é
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mesmo um profissional da área e tem interesse em investir nela. Porém, na minha opinião, o SATED como única instituição a fornecer o atestado profissional de capacidade técnica fica meio que um monopólio, meio que até injusto porque não temos escolhas entre outras instituições para prestar esse serviço, alem do preço alto cobrado pelo atestado (R$ 450,00 em SP na época que tirei o meu). E ainda tive que participar de uma palestra de duração de 3 horas que nada tinha a ver com o áudio. Quem participou sabe do que estou falando. Acredito, sim, que se tivermos outras instituições ou escolas que possam fornecer o atestado, seria melhor. No seu atual emprego você tem carteira assinada, benefícios, férias, 13 salários e quando era freelancer não tinha nada disso. Fale sobre essas duas condições. No meu emprego atual tenho todos os benefícios da CLT, além de seguro de vida, plano de saúde e auxílio alimentação, dentre outros benefícios. Já quando era freelancer estava na sorte, sem nenhum benefício, se quisesse ter plano de saúde tinha que pagar do cachê. Nas empresas de som ainda está faltando algumas coisas como o pagamento da periculosidade do trabalho e seguro de vida que algumas não pagam. Desde seu início até os tempos atuais quais foram as mudanças mais marcantes no áudio que você acompanhou, em termos de equipamentos, avanços etc.? Tenho acompanhado uma grande evolução do mercado de áudio. Comecei com as Yamaha GA32, onde fazer o som era no dedo, na sensibilidade do ouvido. Porém com diversos workshops e treinamentos consigo operar a maioria das consoles que encontro na estrada.
Hoje temos a nosso favor softwares para ajudar no dia a dia: Smaart, gerenciadores de sistemas de RF, editores off line de diversas consoles. Com toda essa evolução - como técnico das bandas que acompanho -, ainda encontro muitas consoles sem condição alguma de serem chamadas como tal. Triste de se ver a falta de manutenção que vemos por aí. Ainda lembrando do passado, quais shows e eventos que marcaram a sua careira e por quê? Minha primeira mixagem eu nunca esqueço. Foi num festival de folclore em Nova Prata. Foi demais ser o
quem gosta de áudio e vemos pessoas “mais novas” do que quem tem mais experiência achando que o áudio é fácil. Porém experiência faz a diferença para se tirar um bom som. Ainda tenho a esperança de que a profissão será regulamentada com as devidas normas e condições adequadas para o profissional desenvolver o seu trabalho. Ainda bem que existem empresas que acreditam e investem em seus profissionais. Qual o conselho ou dica que deixaria para quem está começando no áudio? “Você gosta?”, “você confia?” Vamos embora fazer do Brasil o melhor lugar para se fazer som do mundo, porque quem acredita sempre alcança. Quais seus planos pessoais e profissionais para o futuro? Continuar crescendo profissionalmente aqui no SESC, fazer cursos de áudio para aprimorar o que hoje já sei, continuar fazendo som ao vivo em grandes palcos, pois acredito que farei isso até morrer ... E sendo extremamente romântico, “e se morrer que seja sobre uma mesa de som”.
cara do lado dos músicos. Outros momentos inesquecíveis foram as turnês com Ivete Sangalo - Charlie Brown Jr - Capital Inicial com a Jefferson, em que viajávamos com equipamentos de palco e PA. Participei também de alguns dos grandes festivais no país como Planeta Atlântida (RS), SWU e Festival de Verão de Salvador, entre outros. Como você vê o futuro do áudio no Brasil, em termos de equipamento e dos profissionais? Precisamos entender e valorizar o áudio no Brasil, o crescimento está sendo muito rápido, mesmo para
O que falta a você para se transformar em um profissional ainda melhor? Continuar estudando e aplicando no dia a dia o que tenho aprendido, ouvir mais as pessoas que sabem mais do que eu, respeitar meus limites e, principalmente, ser feliz no que faço. Resumindo: viver a vida sempre com alegria. Este espaço é de responsabilidade da Comunidade Gigplace. Envie críticas ou sugestões para contato@gigplace.com.br ou redacao@backstage.com.br. E visite o site: http://gigplace.com.br.
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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 36 Um dos festivais mais aguardados do país, o Rio das Ostras Jazz & Blues 2014 acontece em agosto e terá duração de dois finais de semanas consecutivos.
RIO DAS OSTRAS JAZZ & BLUES redacao@backstage.com.br Fotos: Jorge Ronald / Ernani Matos / Divulgação
A
lteração na data e a inclusão de mais dois dias na grade do evento. Essas são algumas das novidades e nova cara da 12ª edição do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival, que acontece desta vez em dois finais de semana do mês de agosto, nos
dias 8, 9, 10,15 ,16 e 17 em quatro palcos ao ar livre localizados na Praça São Pedro, Lagoa de Iriry, Praia da Tartaruga e Cidade do Jazz, na Costazul. Segundo a organização do evento, a mudança na data do Festival foi devido à
Copa do Mundo, que acontece nos meses de junho e julho. Para evitar problemas como logística e altos custos – segundo a prefeitura de Rio das Ostras, poderia haver um aumento de R$ 400 mil na produção do evento, se fosse realizado no mês de junho – a produção e a prefeitura optaram por transferir o Rio das Ostras Jazz & Blues para o segundo semestre. No entanto, os amantes dos gêneros podem comemorar: o festival, que continua gratuito, acontece em dois finais de semana. Isto significa que durante duas semanas a cidade-balneário do norte fluminense respirará música. Para a edição 2014 já estão confirmados no-
Stênio Mattos, produtor do festival,
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Palco principal na praia de CostaAzul
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O legado deixado para a cidade ao fim de cada evento vai desde o incremento da economia local durante os dias do festival até a consolidação de projetos sociais como oficinas de música e luthieria e formação dos músicos
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mes como o baixista Marcus Miller, o vencedor do Grammy 2014 Randy Blecker, o gaitista Rick Estrin, além da banda carioca AfroJazz. Em onze anos foram mais de cem bandas, que se revezaram nos 4 palcos, criando uma mistura de estilos e tendências musicais e apresentando um importante painel do blues e do jazz no Brasil e no exterior. Pelos palcos do Rio das Ostras Jazz & Blues passaram grandes músicos como John Mayall & Bluesbreakers, Stanley Jordan, Mike Stern, John Scofield, Magic Slim, Jane Monheit, Richard Bonna, James Carter, T.S.Monk, Charles Musselwhite, Wallace Ronney, Ravi Coltrane, Robben Ford, Soulive, Roy Rogers, Steffon Harris, Spyro Gyra, Yellowjackets, Medeski, Martin&Wood, Bill Evans, Nicholas Payton, José James, David Sanborn , Roberto Fonseca, Tommy Castro, Ron Carter, Regina Carter, Russel Malone, Nenna Freelon, Kenny Garett, T.M.Stevens, John Hammond, Coco Montoya e Bad Plus, Raul de Sousa, Yamandú Costa, Hamilton de Holanda, Egberto Gismonti, Wagner Tiso, Luciana Souza, Celso Blues Boy, Blues Etílicos, Dom Salvador, Naná Vasconcelos, Maurício Einhorn e Hélio Delmiro.
INCENTIVO À MÚSICA Nem só de shows vivem os visitantes e a cidade que recebe o Festival. O legado deixado para a cidade ao fim de cada evento vai desde o incremento da economia local durante os dias do festival até a consolidação de projetos sociais
como oficinas de música e luthieria e formação dos músicos. Realizado pela Prefeitura Municipal de Rio das Ostras, com produção da Azul Produções, o festival entrou para o calendário oficial de eventos do Estado do Rio de Janeiro e é um dos eventos mais democráticos e aguardados da região Sudeste do país. O Festival é patrocinado pela Lei de Incentivo da Secretaria Estadual de Cultura do Rio de Janeiro e conta com apoio cultural da Vallourec Tubos do Brasil S/A e da Caixa Econômica Federal.
CONHEÇA CADA UM DOS PALCOS: Cidade do Jazz e do Blues Praia de Costazul Com shows que têm início por volta das 20 horas, a infraestrutura de Costazul conta, além do palco principal, com uma praça de alimentação com restaurantes e bares, quiosques de produtos artesanais da cidade, de CDs, revistas e camisetas e telão que transmite os shows ao vivo. No local, os visitantes encontram a Casa do Jazz e do Blues, onde acontecem exposição de fotos e biografias dos artistas mais importantes dos gêneros, além da exibição de documentários e shows de bandas locais. A Cidade do Jazz e do Blues fica no antigo camping de Rio das Ostras e estará aberto ao público diariamente no horário dos shows. Em 2013, o local recebeu um piso especial, facilitando o
Iriry fica no Jardim Bela Vista, em Costazul e os shows são no início da tarde, a partir das 14h. Concha Acústica Praça de São Pedro O palco foi criado para a apresentação de novos talentos do jazz e do blues. Fica no centro de Rio das Ostras, ao ar livre e em frente ao mar, com shows a partir das 11h.
Para saber online Evento traz atrações nacionais e internacionais
acesso inclusive de pessoas portadoras de necessidades especiais. Praia da Tartaruga [às 17h15min] Esse é um dos lugares mais charmosos do evento. A Praia da Tartaruga abriga o palco, montado em cima de uma pedra em uma pequena enseada, situada entre a Praia do Abricó e
a Praia do Bosque. Ali, o público assiste aos shows, que acontecem a partir das 17h, sob o pôr-do-sol. Lagoa de Iriry No palco da Lagoa de Iriry, o público está lado a lado com o artista em um anfiteatro circundado por vegetação típica de restinga. A Lagoa de
www.riodasostrasjazzeblues.com
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Promulgada no Congresso Nacional no dia 15 de outubro, a Emenda Constitucional 75, de 2013, a chamada PEC da Música, dá imunidade de impostos a CDs, DVDs e arquivos digitais com obras musicais de autores brasileiros.
PEC DA
MÚSICA redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação
D
e autoria do deputado federal Otávio Leite, um dos objetivos da lei é proteger a indústria musical nacional da pirataria, o que aconteceria a partir da redução do preço das mídias em até 30%, uma vez que a
venda dos trabalhos estariam livres de impostos estaduais, municipais ou da União. Nesta edição, conversamos com o autor da Proposta sobre os desafios e de que forma a lei vai beneficiar o mercado musical.
Otávio Leite: Vivemos um momento de assimilação dos termos da PEC da Música pelo mundo jurídico. A imunidade tributária significa a não incidência de qualquer tributo. Por exemplo, na prática é ne-
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O corte nos tributos na produção de CDs e DVDs já vem acontecendo nas lojas para o consumidor final? O que ainda falta para que a Emenda seja cumprida e tanto consumidores quanto artistas possam se beneficiar dela? A indústria fonográfica informou que em 2014 a redução de preço será perceptível para o consumidor final. De-
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Backstage - Com a promulgação da lei, já houve algum efeito na realidade de produtores e artistas brasileiros independentes?
A indústria fonográfica informou que em 2014 a redução de preço será perceptível para o consumidor final. Devemos estar evidentemente atentos...
cessário que na venda do produto não se cobre mais o Imposto de Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS). Essa é uma regra que precisa ser compreendida por todos e, assim, proporcionar uma diminuição de custos desde o início da produção industrial. Acho que há resistências e desinformação, mas elas estão sendo combatidas. E quanto aos artistas que estão ligados às grandes gravadoras? Esses já se beneficiam de alguma forma em virtude da promulgação da PEC da Música 123/11? O imposto é um ingrediente do custo final dos custos dos CDs e DVDs. Todos que estão ligados a essa finalidade e fazem parte da cadeia produtiva precisam compreender que a ausência final do imposto tem que trazer benefícios para o consumidor; afinal, é o que interessa. Em consequência, a possibilidade de vendas em maior escala permitirá ganhos maiores para todos os artistas, grandes e pequenos.
vemos estar evidentemente atentos a esse novo cenário. Já se sabe que o repasse desse imposto, no segmento de vendas por atacado para o varejo, não está sendo feito mais. Aguardamos uma postura mais arrojada da indústria. Quais serão os maiores beneficiados com a promulgação dessa lei? Os artistas ou as empresas envolvidas na produção dos CDs/DVDs? Sabemos que as vendas de CDs e DVDs estão em declínio. No entanto, existem no Brasil cerca de 300 milhões de equipamentos que executam essas mídias. Ocorre que a avalanche digital está ampliando seus espaços. Acho então que, nessa coexistência, a PEC da Música vai beneficiar também aos atores econômicos (artistas, empresas). Vossa Excelência acredita que este é um passo para diminuir a pirataria? Quais são os outros benefícios que surgirão com a promulgação e cumprimento dessa lei?
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que interessa é levar os produtos CD, DVD e digital o mais barato possível ao mercado consumidor. A PEC também prevê a isenção de músicas para a internet. Qual a expectativa de desoneração para o consumidor na comercialização de músicas pela internet?
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Será mais um ingrediente de combate à pirataria, que , por sua vez consiste numa questão de polícia. A rigor, é fundamental fazer com que as pessoas saibam que ao comprar um produto pirata estará fortalecendo uma rede mafiosa, que não paga imposto e nada contribui para a sociedade. É muito importante su-
A rigor, é fundamental fazer com que as pessoas saibam que ao comprar um produto pirata estará fortalecendo uma rede mafiosa
blinhar isso, pois estamos falando de se exigir consciência cidadã. O fato de a lei primar pela redução da carga tributária na produção de CDs e DVDs beneficia diretamente o consumidor final ou Vossa Excelência acredita que este benefício não será repassado no ponto de venda?
Todas as bandas podem agora comercializar diretamente pela internet, através dos seus sites e portais. Isso significa que no ato da venda não incidirá nenhum imposto. Isso é muito importante. Isso é questão de divulgação. As gravadoras grandes e pequenas precisam fortalecer essa atividade, essa forma direta de venda, e os músicos terem mais essa consciência.
Além de redução da pirataria, qual seria o outro benefício que o artista que está ligado à grande gravadora teria com o cumprimento dessa lei?
A isenção de tributos não se aplica ao processo de replicação industrial, que continuará a ser tributado. Existe a possibilidade de os envolvidos na cadeia de produção usarem esse argumento para não diminuírem os preços? Como será feito esse acompanhamento por parte do governo a fim de que os envolvidos na cadeia da produção e distribuição das obras nacionais cumpram essa desoneração no preço para o consumidor final?
A nossa preocupação é ampliar os espaços para a música brasileira através da diminuição do custo final. É óbvio que o combate à pirataria se traduz num caminho. Na essência, o
Há uma discussão residual em relação ao ICMS lá em Manaus. Mas existem outras empresas pelo país que fabricam CDs e DVDs. Mas, nesse momento, o mais relevante é
Esse benefício tem que chegar ao ponto de venda. Estará descumprindo a lei o comerciante que estiver cobrando ICMS na nota fiscal em que o consumidor tenha adquirido música brasileira produzida no Brasil. Ou seja, é uma ilegalidade que precisará ser denunciada, inclusive.
avançar a aplicação da imunidade tributária junto ao mundo digital, a telefonia em especial. A comercialização do produto musical
brasileiro pela telefonia tem ganhado muito espaço. Nós já tivemos reuniões na Anatel com representantes de todas as empresas
telefônicas e a presença do presidente da agência, com o objetivo de as empresas recepcionarem mais claramente essas regras. Por exemplo, nas aquisições de músicas deve haver registro destacado na conta telefônica do valor que não pode ser objeto nem sofrer nenhum tipo de imposto. Foram abolidos os 35% cobrados de ICMS. No mais, é preciso considerar que a PEC da Música significa um grande avanço. Músicos, gravadoras, editoras precisam se empenhar para que não haja nenhum tipo de equívoco na aplicação da lei constitucional, para que o público possa de fato ser o beneficiário final com um produto mais barato. Em Direito, tudo é luta. Resistências existem aqui e acolá. O importante é que estamos perseverando e vamos vencer todas as dificuldades.
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AES INTERNACIONAL TEM PRIMEIRO PRESIDENTE
LATINO AMERICANO Andres Mayo, primeiro presidente latino americano para a AES Internacional, em entrevista exclusiva para a Backstage, fala sobre o panorama da Associação no mundo, sobre os planos para o Brasil e América Latina e afirma que a primeira conferência internacional fora do hemisfério norte será em uma cidade brasileira.
redacao@backstage.com.br Fotos: Ernani Matos
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ackstage – Quais as expectativas para o Brasil? Andres Mayo - O Brasil é claramente o país com mais probabilidade de crescimento, com mais agressividade, no bom sentido, em toda a região. Então, o Brasil tem um histórico de muitos anos que é muito diferente de qualquer outro país da região. E temos que dar o empurrão na direção correta, aproveitar o que já se alcançou para que se potencialize a partir dessa nova situação de ter um presidente latino americano. Porque meu trabalho como presidente é focar em aspectos distintos. Um desses aspectos fundamentais é o crescimento regional. Dentro desse crescimento regional o Brasil tem liderado junto com o México. Então Brasil e México vão levantar essa bandeira da AES, que funciona muito bem e que pode vir a ser imitada pelos demais países. Por exemplo, Argentina, Colômbia, Peru, Uruguai e Chile são hoje os países com mais possibilidades de seguir essa tendência. Existem metas, planos, particularmente no Brasil e na América Latina? Vamos falar da Conferência Internacional, a primeira que seria fora dos EUA, Europa ou Ásia, a primeira na América
Latina. Será sobre Space Audio (Áudio Espacial, 3D), em 2016, em alguma cidade do Brasil. Não haverá conflito com a AES Brasil, nem com as Olimpíadas, porque será em outro momento do ano, talvez em setembro, e não decidimos ainda a cidade, mas sabemos que será aqui no Brasil. Isto é uma grande novidade e deve ser o primeiro passo para uma série de eventos internacionais que posicionem a América Latina no mapa mundial. Pretendemos que as Conferências Internacionais, somadas às conferências regionais, e às atividades locais da Seção trabalhem como um motor de empuxe permanente para os profissionais, para as companhias, empresas e, claro, ao público em geral para aproximar-se da AES, que tem que funcionar como uma entidade, uma organização de alto nível de difusão acadêmica, de alto nível de exposição de equipamentos de primeira linha e, sobretudo, como um polo educativo importantíssimo, porque dentro da indústria profissional de áudio não existe outro. E se algo que a AES tem é um nome e um prestígio construído com base em seu alto nível de transferência educativa, seu alto nível de qualidade acadêmica. Então temos que nos posicionar neste lugar e daí
chegar a um maior público possível – ao mercado em geral e ao público fundamentalmente. Então esse é meu propósito para os próximos anos. E como seria isso? A AES Internacional se aproximaria mais da AES Brasil e das universidades? Exatamente. Há três pontos de apoio importantíssimos. Um é exatamente esse, o educativo, com as universidades, porque há um trabalho enorme para se fazer nas universidades do Brasil. Outro ponto é a AES Internacional abalizando os eventos educacionais no Brasil e trazendo palestrantes de alto nível. E o terceiro tem a ver com o trabalho de membros, que é tudo o que os entusiastas do áudio que trabalham na indústria percebam como um benefício pelo fato de serem membros da AES. Hoje, a pergunta mais comum é: qual é o benefício de ser membro da AES? Para isso, a AES tem que cercar-se da indústria da música, não somente do áudio, mas da música para chegar a esse entendimento de ambas as partes. Se um músico entende que ser parte da AES lhe dá acesso a uma comunidade em que também participam os engenheiros, os desenvolvedores de equipamentos, os desenvolvedores de software, os pesquisadores de todos os tipos de aplicações e hardware que eles vão utilizar. Então esse vínculo direto entre esses profissionais deve ser aproximado. Estamos trabalhando nos EUA fortemente com a integração da AES com o Grammy, tanto o Latino como o norte-americano. Por exemplo, em Los Angeles, na próxima conferência, haverá uma homenagem a Quincy Jones. Essa homenagem atrai público de outro ambiente, e que também vai participar de uma palestra e workshop.
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Creio que a única coisa que podemos fazer para gerar mais interesse é dar mais benefícios reais. O benefício não é simplesmente vir à AES ou ter um desconto na entrada. O benefício real da AES é pertencer à comunidade. (Andres Mayo)
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Com essa aproximação, você acredita que os associados tanto do Brasil quanto da AES América Latina se sentiriam mais membros e se interessariam mais pela entidade? Totalmente. Creio que a única coisa que podemos fazer para gerar mais interesse é dar mais benefícios reais. O benefício não é simplesmente vir à AES ou ter um desconto na entrada. O benefício real da AES é pertencer à comunidade. E para que isso seja compreendido, a comunidade tem que ser tangível, palpável, tem que ser algo real. Chegar aqui e encontrar com pessoas que não vou encontrar em outro evento, por exemplo. Encontros e reuniões de negócios que eu posso pré-agendar na AES, que pode ser para estabelecer possíveis negócios. Ou então, aprender. Convocar profissionais para que venham para uma palestra em universidades. Então esse resultado não seria apenas visando o resultado comercial, mas um resultado acadêmico. Hoje em dia existe isso? Não. Esse é apenas um dos propósitos que eu tenho. Construir essa rede para que funcione com antecedência à conferência. Os mercados de China, Europa e Ásia são mercados distintos. Acredita que possa existir um modelo único, claro com algumas adaptações, que pudessem ser aplicados na Europa, no Brasil ou América Latina? Não. O modelo não é igual, mas existem pontos em comum. Por exemplo, em todo o mundo há necessidade de aprendizagem e essa tem que estar avalizada. Não é apenas entrar na web, onde existem milhões de papers. Definitivamente informação é o que sobra, mas o que falta é uma organização que filtre essa informação e avalize, que diga: “Estas são as normas, os padrões”, “estes são os profissionais que o fazem, esses são os equipamentos que utilizam” etc. Só há uma Organização que pode fazer isso, que é a AES. Não é
questão só de informação, é questão de veracidade, de verificação. Isso é uma necessidade que existe em todo o mundo e vai existir cada vez mais. Hoje em dia a indústria é enorme, tem muitos desenvolvedores, que são desenvolvedores que têm microempreendimentos. Aqui na feira vemos somente uma pequena porção. Vemos grandes estandes com grandes empresas, 30 ou 40, mas o objetivo é que aquelas que não estão fisicamente presentes sejam atraídas como a um imã para a AES. Por que a AES é a que provê informação, a que provê os contatos, que provê o acesso ao network e é um ponto de referência. Isso é o que nós queremos alcançar. E isso é diferente em cada país, pois cada um tem necessidades diferentes, com regras diferentes.
Você acredita que, com um presidente latino-americano na AES, as ideias e os estudos entre os países possam se unificar? Penso que sim. Hoje em dia sabemos que existe essa separação de primeiro mundo e terceiro mundo, mas há muitos aspectos em que nós estávamos muito mais avançados.
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nuada, um calendário sólido e, pela primeira vez, um presidente latino-americano. Mas só vamos saber a longo prazo. Não é imediato. E também depende muito da minha gestão. Qual a maior mudança enfrentada pela AES? Creio que seja muito importante que se entenda que a AES teve um momento muito difícil nos últimos anos por causa da reconversão do modelo econômico das indústrias. A AES tinha um modelo de negócio com espaços muito grandes para exposição, que eram muito rentáveis e permitiam que a AES funcionasse. Hoje em dia não existem empresas que contratem grandes espaços. Então não tinha sentido esperar que isso aconteça novamente, porque não vai. Hoje, os desenvolvedores das empresas, os pesquisadores, os que movem a in-
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Uma das transformações seria abrir para o mercado de Áudio para Games. O Brasil e a América Latina teriam esse potencial? Sim. Em setembro, estou oeganizando uma conferência de áudio para games na Argentina, em Buenos Aires. E, em fevereiro, haverá uma conferência principal em Londres e estou tentando trazer uma conferência de games para o Brasil, provavelmente em 2017. Mas a ideia é uma conferência internacional por ano. Áudio para games também é uma das prioridades.
...o perfil que as companhias da indústria hoje necessitam: presença física e online, capacidade de conexão e, fundamentalmente, oportunidades
Esta exposição aqui, por exemplo, é de nível internacional. Não é menor do que poderíamos encontrar nos EUA ou México. O problema é que não há conhecimento e informação e essa é a minha principal tarefa: fazer com que essa informação, esse conhecimento seja conhecido. Isso já vem sendo feito desde 2005, quando eu comecei a ser vice-presidente regional e fizemos uma conferência latino-americana por ano. E isso realmente funciona, mas não de imediato. Só a partir de muita atividade conti-
dústria necessitam de outra coisa, de uns 20 metros de estande para funcionar. Precisam de visibilidade, sim; mas de outra maneira. Muito do que estamos fazendo é para reconverter esse modelo sem converter a AES em uma companhia convencional, sendo sempre uma organização sem fins lucrativos que tenha o perfil que as companhias da indústria hoje necessitam: presença física e online, capacidade de conexão e, fundamentalmente, oportunidades lucrativas para seus empregados e para seu público. Isso é que queremos oferecer.
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Luciano Freitas é técnico de áudio da Pro Studio americana com formação em ‘full mastering’
ROLAND
AIRA
No início do ano, no momento em que a Roland apresentava ao mercado os seus principais lançamentos em produtos para o ano de 2014, um conjunto de vídeos postados em seu site oficial despertou a curiosidade de muitos músicos aficionados por instrumentos musicais analógicos. Na sua essência, esses vídeos divulgados apenas com o codinome “AIRA” traziam algumas particularidades e informações sobre o processo de desenvolvimento de alguns dos seus mais desejados equipamentos, os quais vieram a se tornar clássicos da indústria musical.
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omo gerar curiosidade no seu público alvo é uma das principais ferramentas de uma boa estratégia de marketing, após pouco mais de um mês de muitos boatos e especulações, a empresa apresenta ao mercado sua mais nova linha de instrumentos musicais, linha esta voltada principalmente às atuais e futuras gerações de produtores de EDM (Eletronic Dance Music).
AIRA: “Ser ou não ser, eis a preocupação”. Talvez a primeira pergunta que muitos fizeram foi: “Afinal, os equipamentos da linha AIRA são analógicos ou digitais?” Não acompanhando uma tendência do mercado, mas sem querer estragar a expectativa de ninguém, o fabricante deixa muito claro que estes são equipamentos digitais que utilizam o seu mais
atual e avançado algoritmo de modelagem analógica (batizado de “ACB – Analog Circuit Behavior”) para criar a mais autêntica e expressiva representação de instrumentos analógicos vintages já ouvida em um de seus produtos. Todo instrumento musical analógico é construído a partir de uma combinação de vários componentes, incluindo resistores, transistores e capacitores. Devido às características distintivas de cada uma dessas peças, esses equipamentos apresentam sonoridade e comportamento extremamente diferenciados devido à instabilidade variável dessas partes eletrônicas. A nova tecnologia ACB é tão capaz de captar todas essas características e nuances de comportamento dos instrumentos analógicos que se propõe a recriá-los, com base em uma análise detalhada das especificações dos seus projetos originais realizada juntamente com os engenheiros que deles participaram, estudando como a interação desses componentes eletrônicos ocorre diante da abordagem de design adotada naquela época, responsável por maximizar as suas propriedades. Ou seja, mais do que reconstruir minuciosamente
esses equipamentos analógicos em ambiente digital, esse novo algoritmo permite agora explorar áreas que não estiveram presentes nos equipamentos originais em virtude de limitações tecnológicas existentes na época, criando instrumentos com possibilidades inéditas. Neste primeiro momento a linha AIRA conta com quatro diferentes produtos (TR-8, TB-3, VT-3 e System-1), tendo dois deles (TR-8 e TB-3) referência direta a equipamentos que, mesmo lançados há 30 anos, têm sua sonoridade onipresente na música eletrônica contemporânea. Conheçamos algumas das suas principais características:
ROLAND AIRA TR-8: Equipamento de programação rítmica que traz todos os sons das lendárias TR-808 e TR-909 organizados em 16 kits pré-programados, cada qual com 11 diferentes tipos de instrumentos (peças de percussão). Esses instrumentos possuem controles físicos individuais de volume, afinação (Tune) e tempo de decaimento (Decay), sendo que o bumbo (Bass Drum) e a caixa (Snare Drum) possuem os controles adicionais Comp,
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O VT-3 é um processador de voz com 9 diferentes algoritmos capazes de reproduzir sonoridades que vão de vozes de robôs, similares às ouvidas nos álbuns do Kreftwerk...
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Attack (apenas no Bass Drum) e Snappy (apenas na Snare Drum) que enfatizam o impacto sonoro do transiente dessas peças. Seu sequenciador, inspirado no clássico modo de programação “TR-REC” (imortalizado na TR-808), conta com 16 botões multicoloridos (representando os passos do sequenciador) e permite a criação de padrões rítmicos com até 32 passos, com partes A e B distintas, possibilitando também a programação em tempo real. Seus efeitos de reverb e delay, que adicionam profundidade e dimensão ao som, bem como o parâmetro de intensidade “Accent” podem ser aplicados com diferentes valores em cada um dos passos do padrão rítmico. O equipamento conta com quatro saídas (duas
delas endereçáveis) e duas entradas (podem ser usadas como side-chain) de áudio analógico, saída de fones de ouvido e conectores MIDI de 5 pinos.
ROLAND AIRA TB-3 Sintetizador dedicado à programação de linhas de baixo sintetizado capaz de recriar fielmente todas as texturas sonoras produzidas pelo lendário TB-303. Com 4 diferentes osciladores (formas de onda) e um LPF (Low-Pass Filter) de 3 polos (-
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08dB por oitava), o equipamento oferece um total de 134 sons alocados em 4 grupos (Original TB-303 Sounds – Aggressive Bass Sounds – Aggressive Lead Sounds – Sound Effects). Possui um sequenciador com funções similares às existentes no TR-8, porém a entrada de notas no equipamento se dá por meio de um touch pad sensível à pressão, sendo que o mesmo também permite ajustar com um único dedo parâmetros como volume, afinação, modulação, tempo de decaimento e envelopes, bem como interagir em tempo real com o instrumento alterando as notas, ou a duração das frases musicais gravadas. O TB-3 oferece duas saídas de áudio analógico, saída de fones de ouvido e conectores MIDI de 5 pinos que lhe possibilitam sincronismo com outros equipamentos AIRA.
ROLAND SYSTEM-1 Num primeiro momento, o System-1 pode parecer apenas um novo sintetizador de 25 teclas lançado pela Roland que conta agora com a nova tecnologia ACB de modelagem analógica. No entanto, o grande trunfo deste poderoso equipamento é a nova função “Plug-Out”, que permite ao usuário carregar no próprio teclado instrumentos virtuais similares àqueles desenvolvidos em formato de plug-in (apenas os pro duzidos pela
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ROLAND AIRA VT-3 Talvez o mais simples, porém não menos poderoso, integrante da família AIRA. O VT-3 é um processador de voz com 9 diferentes algoritmos capazes de reproduzir sonoridades que vão de vozes de robôs, similares às ouvidas nos álbuns do Kreftwerk, a vocais criativamente afinados (método popularizado como “Cher Effect”), passando por sons lo-fi de megafones, de rádio AM e vocoders baseados no icônico Roland VP-330. Diferente dos tradicionais processadores vocais encontrados no mercado, os quais geralmente possuem apenas configurações pré-programadas, com poucas possibilidades de edição, o VT-3 possui controladores que permitem ajustar em tempo real parâmetros como a afinação, a formante do timbre e a quantidade de reverb e do efeito principal aplicados ao sinal. O equipamento conta também com 3 memórias que permitem acesso imediato às configurações armazenadas. Em sua seção de áudio, o VT-3 tem disponível uma entrada combinada XLR/TS (com phantom power), tornando possível conectar a ele praticamente qualquer microfone, duas saídas de áudio analógico que operam em modo estéreo ou dual mono (um canal com sinal processado, o outro com sinal “limpo”) e uma entrada para um pedal que permite ativar e desativar o seu processamento.
Roland). Uma vez carregado no System-1, este instrumento virtual passa a ser outro sintetizador dentro do equipamento. Já operando em seu modo nativo, o System 1 oferece 4 osciladores (sendo um sub-oscilador e um gerador de ruídos), com seis diferentes formas de onda, capazes de serem manipuladas em síntese subtrativa pelos seus mais de 70 controladores físicos, permitindo ajustar os parâmetros das seções de afinação, filtros, amplificador, efeitos e LFO (Low Frequency Oscillator). Além das comunicações de áudio analógico existentes no System-1, tanto ele quanto os demais integrantes da família AIRA possuem uma porta de comunicação USB que lhes permite além de receber alimentação A/C, trocar dados MIDI e áudio digital (96kHz/32Bits) com um computador em tempo real. Uma novidade também presente nos quatro equipamentos é o algoritmo de efeito chamado “Scatter”, que possui função difícil de ser traduzida em palavras (pois é uma fusão de vários outros efeitos), mas impossível de ser confundido quando se encontra em operação.
Para saber online luciuspro@ig.com.br
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CUBASE7.5
Olá, Amigos. Nesta edição vou seguir com a proposta conceitual do artigo anterior. Mixagem e masterização estão a serviço do objetivo de dar um sentido artístico ao nosso trabalho técnico. É nesse contexto que tudo acontece de bom e de ruim.
MIXAGEM, MASTERIZAÇÃO E ARTE Marcello Dalla é engenheiro, produtor musical e instrutor
T
udo o que tenho passado a vocês vem da vivência do meu dia a dia nas áreas de produção e treinamento. O objetivo desse conjunto de informações é um só: utilizarmos, da melhor forma, as ferramentas que o Cubase nos oferece para produzirmos “a melhor música do mundo” com “o melhor som do mundo”. Não importa que tamanho tenha o seu mundo, ou seja, tudo o que estiver desfrutando ao máximo das possibilidades técnicas e humanas de cada um. Até aí tudo perfeito. Filosofia de boa fonte e com objetivos nobres. Mas, na prática, tenho observado um sintoma interessante nos usuários de plataformas digitais, principalmente aqueles que nunca tiveram experiência com gravação, edição e finalização em sistemas analógicos: um comodismo fenomenal. Existe uma busca desesperada por “re-
ceitas de bolo” de mixagem, de masterização e até mesmo na produção de música. Confesso que isso tem me preocupado, pois vejo um panorama atual de grande acesso às ferramentas criativas e de produção, um crescimento astronômico de home studios e, paradoxalmente, uma avalanche de músicas ruins com um som horroroso. Garanto a vocês que não estou com papo careta de engenheiro “dinossauro” que está ficando ranzinza. Pelo contrário: além do interesse e da empolgação com música e áudio tenho, por dever de ofício, que me manter atento ao que acontece. Estou sendo mais “ácido” neste texto porque o tema realmente pede. Não é conselho, não é bronca, não é firula. É um alerta que pode ajudar na forma de pensar e de fazer música e áudio digital. Creio que o melhor con-
“
tos e a lambança está feita. Chamo de “artesanato digital” porque na maior parte das vezes tenho a sensação de que nenhum áudio é igual a outro e cada um exige uma audição crítica específica para que no final “soe bem”. Sempre é inédito. E na verdade a gente não sabe tudo e é bom que não saiba mesmo, para poder partir com o “ouvido limpo” e construir arranjo e sonoridade coerentes. Há alguns dias trabalhei numa trilha de um comercial em que a instrumentação era simples e cheguei numa situação de arranjo que me deixou satisfeito. Ao partir para a mixagem, tudo soando bem, nenhum mistério, caminhei para um resultado que julguei que iria alcançar rápido. Foi então que em dado momento achei interessante entrar com o compressor multibandas do Cubase (Multiband Compressor VST3 - Figura 1) que normalmente uso no bus stereo para o polimento final. Até aí nada de novo. Aparentemente... Porque as possibilidades de sonoridade que surgiram com a entrada do plug-in foram inúmeras. Uma
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ceito que se aplica ao que queremos é o de “artesanato”. Algo meticuloso, com critérios e detalhes. Mais “gastronomia” do que “fast food”. Mas a realidade tem mostrado muito som com cara de hambúrguer gorduroso acompanhado de batata murcha e sem sal. Então, vamos a algumas considerações que podem ser úteis. O uso de ferramentas digitais trouxe um grande benefício para o trabalho de produção musical e áudio: a manipulação, a edição, a “visualização” do áudio. Por outro lado, esta mesma “visualização” virou uma muleta indispensável. Temos camaradas que acham que determinados números nos ajustes de um compressor, por exemplo, significam “som legal!”, inexoravelmente. Estou exagerando? Não, amigos. O pior é que não. A busca por uma receita de bolo virou moda. Nos plug-ins, com o advento dos “presets” então, nem se fala. Não critico o uso do “preset” simplesmente. O que observo é que o grande e verdadeiro juiz no nosso mundo, o ouvido, anda sendo pouco valorizado e pouco exercitado. A referência de um som com profundidade, brilho e
Temos camaradas que acham que determinados números nos ajustes de um compressor, por exemplo, significam “som legal!”, inexoravelmente definição parece vaga. Da mesma maneira, o equilíbrio de um arranjo com instrumentos virtuais também parece não ter uma visão de conjunto, de complementariedade dos elementos. E aí surgem dúvidas que muitas vezes são “resolvidas” com a inclusão de mais plug-ins, ou de mais instrumen-
tarefa que faço todos os dias, e nem por isso deixei de ficar mais tempo na finalização da mix do que na composição da música, para que “soasse bem” e de acordo com o que eu queria para meu arranjo. Cada parâmetro alterado trazia novas possibilidades.
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Cubase 7.5
“ ” Parti de um preset que tinha usado em outro trabalho semelhante, mas os ajustes finais foram radicalmente diferentes de onde saí
Parece que estou me referindo a quem faz uma master pela primeira vez, não é? Mas é mais ou menos isso mesmo: o inédito. Parti de um preset que tinha usado em outro trabalho semelhante, mas os ajustes finais foram radicalmente diferentes de onde saí. Não vou entrar aqui nos detalhes desses parâmetros, porque nossa abordagem hoje é mais filosófica do que técnica. É neste contexto que faço essas considerações. Ouçam com critério. Ouçam boas referências (CDs, DVDs etc.) em monitores confiáveis. Ouçam, principalmente, o que fazem de música e suas mixagens e comparem com o que consideram referências interessantes. Não há outro caminho. Não existe um único ajuste de Maximizer para salvar o mundo. Não existe receita de plug-ins para fazer áudio como se faz pizza. Lembremse que alguns equipamentos analógicos de primeiríssima linha nem tem escala numérica precisa em seus ajustes, porque são apenas uma “indicação”, já que o número em si não vai dizer muita coisa, o que manda é o som final. Não creiam que uma master está boa quando o desenho da waveform fica chanfrado
como se tivessem passado um cortador de grama. O grande juiz é o ouvido, a sonoridade, o prazer em ouvir e a transparência do que está inserido ali. Como todos nós, continuo aprendendo sempre. Dia após dia. Em cada trabalho. Creio que a técnica com sentido artístico é o segredo de todos os que fizeram e fazem boa música com um grande som, não importando se é analógico ou digital. Há dias em que tenho a nítida sensação que não consegui chegar no ponto onde queria. Faço de novo. Sem problemas. A sensação da busca é instigante e é o verdadeiro aprendizado. Grande abraço a todos.
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dalla@ateliedosom.com.br www.ateliedosom.com.br Facebook: ateliedosom | Twitter:@ateliedosom
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LOGIC PRO
AVANÇANDO NO DRUMMER Nesta edição vamos avançar um pouco nas funções do Drummer, aproveitando os padrões para também criar beats eletrônicos ou constituir projetos híbridos.
Vera Medina é produtora, cantora, compositora e professora de canto e produção de áudio
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amos primeiramente abrir um projeto. Com o Logic já aberto, vá em “File > New” e escolha o Drummer e clique em Create. (Figura 1)
ões atribuídas automaticamente na área Tracks e na janela Inspector. Além do Drum Kit escolhido, temos dois efeitos pré-definidos: o Channel EQ e o Com-
Figura 1
Abra o ícone Library na parte superior esquerda da Tela. Agora vemos que o Drum Kit escolhido é o SoCal e temos duas regi-
Figura 2
pressor. No Drummer temos o baterista Kyle e um preset de Rock. (Figura 2) Marque um loop de 4 compassos (Figura 3), escolha a primeira região que aparece, posicione o playhead no início do 5o. compasso e utilize a função Split para dividir a região. Para isso, vá no menu Edit > Split > Regions at Playhead. (Figura 4). Pronto, a região foi dividida ao meio (Figura 5). Escolha a primeira parte e vamos começar a brincar. A forma de ajustar os menus e os shortcuts depende muito do uso do programa
Figura 3
projeto (Figura 6). Marque a primeira região (aquela resultante da divisão inicial), vá em Fills (lado direito inferior da tela do DrumFigura 4
Figura 5
Figura 7
por cada produtor, seu jeito de trabalhar, o que mais vale a pena ter acessível a um toque. Neste caso, vamos alterar uma configuração de preferências. Vá até o menu Logic Pro X > Preferences > General e escolha a aba Editing. Na opção Right Mouse Button escolha Opens Tool and Shortcut Menu. (Figura 5) Agora com um toque do lado direito do seu mouse, o menu Tool e Shortcut se torna visível. Esconda a área de Library para que você possa ter uma visão completa do
mer) e coloque o cursor em zero, ou seja, sem fills. Mova o cursor que se encontra no pad do Drummer para baixo e para a esquerda para obter um padrão mais simples. Dê play e veja o resultado. Esse pequeno loop de 4 compassos não tem mais o fill e está bem simples em sua composição. Aperte Z para ver de forma ampla a região. Deve resultar em algo semelhante à Figura 7. Aperte Z novamente para visualizar as regiões em tamanho me-
Figura 6
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Lembre-se que todas as funcionalidades do painel do Drummer podem ser aplicadas nas modificações mesmo que você utilize outro kit de bateria. No Logic mesmo você encontra várias opções de kits, no Drum Machine e no Ultrabeat, por exemplo.
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Figura 8
nor. Agora vamos fazer um teste. Abra novamente a visão da Library e vamos alterar o Drum Kit. Clique em Drum Kit na Library e você voltará um nível atrás do menu. Agora escolha Drum Machine e na lista, Boutique SP12. Toque a região para ver como ficou o resultado. Desta forma, você agora já sabe como alterar um kit original que já vem no preset do Drummer para um outro kit. Lembre-se que todas as funcionalidades do painel do Drummer podem ser aplicadas nas modificações mesmo que você utilize outro kit de bateria. No Logic mesmo você encontra várias opções de kits, no Drum Machine e no Ultrabeat, por exemplo.Vamos voltar todo o processo, clique na Library Drum Machine e retorne sua escolha para o Drum Kit > SoCal. Após sabermos como utilizar outros kits aproveitando as funcionalidades do
Figura 9
Drummer, vamos pensar em montar uma bateria híbrida. Lembrando que só é possível ter uma trilha do Drummer por projeto, podemos fazer da seguinte forma. Crie uma nova trilha de Software Instrument (vá no menu Tracks > New Tracks e escolha Software Instrument e em seguida, Create). Na Library, escolha Drum Machine e o kit Adept Machine. Volte na trilha SoCal e escolha a primeira região. Clique com o mouse direito e escolha Convert to MIDI Region (Figura 8). A região se tornará em MIDI e ficarão disponíveis os editores Piano Roll, Score, Step Editor (Figura 9). Copie a região em MIDI para a trilha inferior (Adept Machine) segurando o Alt Option e arrastando a região. Volte para a trilha do Drummer, clique na região MIDI e faça o processo inverso de con-
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versão, clicando com o mouse direito e escolhendo Convert to Drummer Region. (Figura 10).
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Figura 10
Figura 11
Tocando as duas trilhas simultaneamente você tem uma bateria híbrida. A sequência de atividades que passei serve para demonstrar a versatilidade do Drummer e como ele pode ser utilizado para criar novos padrões de bateria e utilizar outras fontes sonoras (outros synths virtuais, samplers e até instrumentos externos, neste caso, em vez de criar a trilha para Software Synth, utilizaria-se o External Instrument). Ainda é importante ressaltar que os instrumentos estão mapeados numa configuração padrão MIDI, mas nem sempre as localizações das peças funcionam. Se isto acontecer, basta escolher a região
MIDI, abrir o Step Editor abaixo e no menu Lanes > New Lane Sets for GM Drums. Você vai ver todas as peças abertas no Step Editor. Clique sobre o nome de uma peça, por exemplo, Kick 1 e aparecerá uma janela com a mensagem Convert (1a. coluna) e To (2a. coluna). Vá até Pitch e na coluna To, indique a nova nota que deverá ser considerada para o mapeamento. Clique em Convert. É só isto mesmo e você já terá alterado a configuração (vide figura 11). Tente montar um loop com variações no Drummer e depois copiar numa trilha com outra origem dos sons e fazer várias alterações ou combinações. Você terá como resultado uma trilha de bateria bastante criativa. Adicione também efeitos para peças ou kits inteiros. Por enquanto é isso, pessoal, boa sorte na criação .
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vera.medina@uol.com.br www.veramedina.com.br
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MELHORANDO A PERFORMANCE DO
PRO TOOLS UMA LINGUAGEM PRÁTICA DO PLAYBACK ENGINE É frustrante demais estar trabalhando e ser interrompido pelo Pro Tools, apontando erros difíceis de ler e códigos internos que não fazemos idéia do que quer dizer. Além de atrapalhar nosso fluxo criativo, nos deixa com centenas de dúvidas de como resolver. Temos que comprar mais memória? Mais HD? Atualizar?
Cristiano Moura é produtor, engenheiro de som e ministra cursos na ProClass-RJ
N
este artigo, vamos conhecer um pouco mais sobre o Playback Engine, coração do Pro Tools, e o que pode ser feito em diversos casos.? Importante: diferenças entre versões? O Playback Engine foi mudando aos poucos, entre o Pro Tools 8, 9, 10 e 11. Então, dependendo da sua versão, algumas informações não serão aproveitadas. Neste artigo usaremos a tela do Pro Tools 9 como exemplo, pois é a mais completa e será a mais útil para a maioria dos leitores. Identificando erros mais comuns: Antes de sair experimentando diversas configurações, vamos tentar entender alguns dos erros mais comuns do Pro Tools e como identificar sua fonte. De forma geral, eles são complicados de ler, mas podem ser resumidos em dois
Fig. 1 - Erro na CPU
Assertion Error
problemas principais: ou problema na CPU (fig. 1) ou problema no HD, que normalmente é descrito como “drive” (fig. 2). É esta informação que você precisa encontrar na tela de erro para buscar soluções. Erros na CPU são relativos ao uso de plug-ins em tempo real. Pode ser RTAS ou AAX nativo. Quanto mais plug-in, mais dificuldade da CPU aguentar a carga. Importante notar que plug-ins baseados em DSP (TDM e AAX DSP) não interferem na CPU. Erros de HD estão relacionados à quantidade de arquivos de áudio tocando ao mesmo tempo. Note que não tem relevância com a quantidade de pistas. Você pode ter uma sessão com 100 pistas funcionando sem problemas, e uma de 30 pistas dando erro. A questão é: “Quantas pistas estão reproduzindo áudio ao mesmo tempo?”
Fig. 2 - Erro no HD
Fig. 1B - Erro na CPU
Vale observar que também não tem relevância com relação a pistas de MIDI, Aux Input ou Master Fader. Apenas pistas de áudio. E qual é a melhor configuração para o Pro Tools? Infelizmente não existe uma única resposta, pois depende do que você quer fazer. Se você vai mixar, será uma demanda de recursos. Se vai gravar, é outra. E um projeto com muitos instrumentos virtuais também difere de um projeto com muitas pistas de áudio e nenhum instrumento virtual. Os parâmetros? Como dito acima, é importante entender o erro. Não
adianta identificar que o erro é na CPU e tentar ajustar parâmetros relativos ao HD, certo? A parte superior do Playback Engine está relacionado à CPU (fig. 3-A). Quanto maior os valores do H/W Buffer Size, CPU Usage Limit e Host Processors, mais plug-ins poderão ser carregados simultaneamente.? O DAE Playback Buffer Size na parte inferior (fig. 2-B) está relacionado ao HD. O parâmetro “Size” influência na reprodução de áudio sendo executado simultaneamente. Quanto maior, melhor o rendimento. O parâmetro Cache Size está relacionado ao Elastic Audio, que tem capacidade de executar o áudio em outra velocidade sem alterar a afinação e, novamente, quanto maior, melhor. Se ganha de um lado, perde de outro? Neste momento, muitos leitores devem estar pensando: “Ah, então vou colocar tudo no máximo!” Infelizmente não é bem assim. Como em tudo na vida, para ganhar de um lado temos que perder em outro. Quanto maior o H/W Buffer Size, por exemplo, maior será a latência. Isso é relevante quando se está gravan-
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HD Engine
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maior na quantidade de pistas simultâneas a serem executadas. A chave de uma boa configuração não é usar o maior número de vozes necessárias utilizando o menor número de DSPs. Se tiver problemas, ai sim aumente o número de DSPs.
Playback engine
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CPU Usage Limit e Host Processors é a quantidade de CPU que você está alocando para o Pro Tools. Se simplesmente colocar no máximo, haverá perda no resto do sistema operacional e vai influenciar na resposta de gráficos
do e não é bom que seja maior de 128 samples. Já para mixagem, pode subir para 1024 samples. CPU Usage Limit e Host Processors é a quantidade de CPU que você está alocando para o Pro Tools. Se simplesmente colocar no máximo, haverá perda no resto do sistema operacional e vai influenciar na resposta de gráficos, além de prejudicar o processamento de automações e outros programas que estiverem rodando simultaneamente. Com relação ao DAE Playback Buffer Size, colocando no máximo vai aumentar o tempo de resposta de playback. Ou seja, o usuário vai apertar o play e apenas algum tempo depois é que o Pro Tools vai começar a tocar a sessão
Delay Compensation Engine: Para usuários de Pro Tools HD ou Pro Tools 9 (qualquer versão). É usado para ajustar o atraso que porventura um plug-in esteja causando. Este recurso consome CPU e só deve ser usado se realmente for o caso. Se tem dúvidas de quando e como usar, recomendo um vídeo que produzi em conjunto com a ProClass. Link:?http:// youtu.be/P4cmMzAR_xw Plug-in Streaming Buffer: Esta configuração só é relevante no caso do usuário estar usando o plug-in Structure da Avid. Ele ajusta a quantidade de memória alocada. Então é isso. Vamos ficando por aqui e até o mês que vem. Abraços.
Para saber online
Correndo por fora… Temos outros parâmetros que não foram cobertos até aqui. Isso porque eles são específicos quanto à versão, ou quanto à função. Number of Voices: apenas para usuários de Pro Tools HD. Utiliza o que chamamos de “sistema de alocação dinâmica de vozes” e permite uma flexibilidade
cmoura@proclass.com.br http://cristianomoura.com
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ABLETON LIVE “MODO ARRANGEMENT” PERFORMANCE DJ Parte 2 Lika Meinberg é produtor, orquestrador, arranjador, compositor, sound designer, pianista/tecladista. Estudou direção de Orquestra, música para cinema e sound design na Berklee
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College of Music em Boston.
Na primeira parte desse tutorial, vimos como se organiza uma performance no Arrangement View para transferir esse material para a janela Session View do Ableton Live, que é o setor do software onde programamos nossas performances e mapeamos nossos equipamentos MIDI para lançar MIDI/Audio Clips em tempo real e fazer “música”.
E
ntão, como prometido, dessa vez trabalharemos com música inteira, ao invés de usar pequenos fragmentos em loop, para criarmos uma ideia musical e atuarmos em cima disso. A ideia agora é um “REMIX”! Para esse projeto eu escolhi um tema conhecido do Michael Jackson, Billy Jean, música que tem um Beat consistente e as transições da música são bem diretas e fáceis de cortar (separar em loop ou segmentos). Antes de importar o áudio no Arrangement View, é imperativo fazermos al-
Long Warp On
ref Music
guns ajustes na configuração do programa. Inicialize o Ableton Live e aperte a tecla Crl +, (Comm + , no Mac), para “Preferences”, então clique à esquerda em “Warp” (bem no meio na imagem abaixo) e hablilite Auto-Warp Long Samples para ON e Default Warp Mode para Complex (*Pode acessar também pelo menu principal Options/Preferences). Agora no Menu Principal, acesse View, aperte com o botão direito do mouse e selecione “Arrangement” (ou clique tecla TAB). Use o Browser do Ableton Live (clique no triângulo cinza em cima à esquerda se não estiver à mostra), e encontre a música no seu HD. Importe arrastando a
Drag Music
Depois Set 111 Warp
Warp
música de preferência sobre o track para a produção do “Remix”, no nosso caso, Billy Jean. Um alerta: quando você importa áudio no Ableton Live, o programa faz uma análise e extrai um algoritmo do material, e é essa informação que permite alterarmos o andamento do áudio sem comprometimento de sua qualidade ( até + 15% de variação). Essa tecnologia chama-se WARP. Ela analisa os arquivos que importamos. Algumas vezes quando importamos algo, o
programa pode interpretar o início do seguimento do áudio em lugar errado. Não é um “bug” do programa e sim algum ruído digital adquirido ao salvarmos uma cópia do áudio, ou na forma de conversão de um formato de áudio para outro. Proceda assim se for o caso: Clique para selecionar e depois dê um duplo clique no áudio importado. O Devise/Clip View (janela) abre mostrando as propriedades desse áudio. Repare que o WARP (em amarelo) está habilitado, o BPM do
Set 1.1.1
Antes Set 111 Warp
segmento é 117.09, o começo está no compasso 1.1.1. ~ 147.3.3, mas repare bem nos tags amarelos (essas âncoras) no timeline na forma de onda do áudio à direita. A análise do Warp do áudio não começou no primeiro compasso? Devemos arrumar isso! Vá com o mouse onde está indicado pela seta em vermelho, nessa régua cinza mais escuro e dê um duplo clique para criar uma nova âncora de tempo. Agora clique em cima da nova âncora com o botão direito e mantenha apertado o botão. Ao abrir o menu deslize o cursor e selecione Set 1.1.1 Here (em azul). Veja nas imagens o que acontece: Antes de SET 1.1.1. WARP Depois de SET 1.1.1. WARP Agora temos uma âncora de tempo bem no começo do áudio, e está tudo amarrado em sincronismo. Significa que todo áudio que você recortar ou copiar desse original terá a mesma referência de BPM. Se alterarmos o andamento global, todo mundo acompanha em sync. Muito bem, agora o processo é semelhante à primeira parte do tutorial. Selecione o segmento que você escolheu com o botão direito do mouse, ou aperte Ctrl J + (Comm + J no Mac) para fazer o consolidate do novo segmento de áudio (em cima do segmento). Depois selecione e arraste apertando o botão esquerdo do mouse (aperte tecla Esc para Alternade View) e solte no Clip Slot desejado, ou copie o seguimento e cole no Clip Slot do Session View. A técnica básica é essa. Agora você organiza o seu Session View de acordo com sua necessidade
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A medida que decido que não vou usar um segmento eu desabilito o clip (veja em azul claro clique com o botão direito e Desactivate Clip). Só depois que transfiro meus clips para o Session View é que decido se serão Loop ou Segment
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Selecione segmentos-consolidate
Trans to session View
cima) e Crlt + R (Comm + R, no Mac ) e renomeio. Sempre dou” nome aos bois”! A medida que decido que não vou usar um segmento eu desabilito o clip (veja em azul claro - clique com o botão direito e Desactivate Clip). Só depois que transfiro meus clips para o Session View é que decido se serão Loop ou Segment (têm comportamentos distintos, como expliquei na parte 1 desse tutorial). É isso, rapaziada. Acho que deu para sacar
Renomear cor e desativar
para suas Gigs ou performances. Faço algumas recomendações para facilitar o mapping durante a seleção de Loops ou segmentos. Isso não é uma regra, só acho que ajuda para mim. Na medida em que vou selecionando e consolidando os segmentos, eu já mudo de cor (clique com o botão direito em
o espírito da coisa. Espero que tirem bom proveito dessa informação e mãos à obra! Por falar em obra, a arte final dessa produção ficou assim: Mudei um pouco a ordem e número de repetições de algumas partes. Dobrei o refrão, por exemplo. Incrementei o Beat com alguns loops extras. O Riff de teclado e frases do sax foram dobrados por VSTI Synths e adicionei alguns Fxs especiais. Importante: Não descaracterizei a composição. Ainda é Billy Jean. Boa sorte a todos.
Para saber online
Art Final
Facebook - Lika Meinberg www.myspace.com/lmeinberg
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PRODUÇÃO MUSICAL| www.backstage.com.br 72
Me perdoem pelo título em inglês, mas é o costume de chamar desse jeito. Se preferir, podemos traduzir o título para “Compressão Aplicada na Saída Principal”. Fique à vontade para escolher. Apesar do título em português soar um pouco mais complicado do que o em inglês, ele é bem explicativo. Como a própria tradução diz, tratase de um compressor colocado na saída principal, que irá comprimir a música como um todo.
MASTER BUS
COMPRESSION Ricardo Mendes é produtor, professor e autor de ‘Guitarra: harmonia, técnica e improvisação’
A
primeira pergunta a ser feita é: para que uma compressão na mixagem da música como um todo? Isso não seria uma etapa para ser feita na masterização? Aqui caímos em um terreno ambíguo. A resposta para a primeira pergunta é: depende. E a resposta para a segunda pergunta é: sim e não. A minha tendência é analisar caso por caso para tomar a decisão de colocar ou não um compressor no bus (ou saída) master. Alguns fatores serão levados em conta, inclusive o estilo musical.
Master Bus
Jazz
Pop
Em estilos com muita variação dinâmica como o jazz, por exemplo, normalmente não se utilizaria uma compressão na saída da mixagem. No entanto, pode ser que haja alguma anomalia, como em alguns momentos, um ataque de caixa com uma força acima do desejável, que possa estar saltando demais para fora do plano geral da bateria, somado com o ataque de outros instrumentos como naipe de metais e, por consequência, saltando
para fora do plano geral da música. É claro que na mixagem, este compressor poderia ter sido aplicado individualmente no canal da caixa e outro aplicado ao naipe de metais, mas algumas vezes simplesmente funciona melhor colocar o compressor no master bus para segurar um pico da música. Uma outra possibilidade de se evitar o uso do compressor no master bus é desenhar uma automação de volume nos canais individuais nos momentos de ataque mais forte. Por isso a resposta para a primeira pergunta: “Para que uma compressão na mixagem da música como um todo? é: depende”. Em alguns casos a compressão individual pode funcionar melhor, em outros, será a automação de volume, e em outros será a compressão no master bus. Em estilos com menor variação dinâmica, como o pop em geral, a compressão no master bus pode ajudar a reduzir os picos da música, possibilitando uma mixagem mais alta. Essa etapa poderia ser feita na masterização? Sim, mas a vantagem de fazê-la na mixagem é que você pode aplicar a compressão no master bus, ouvir o resultado do compressor atuando na música inteira e, se necessário, fazer os ajustes nos canais individuais de modo que o sinal que vai para o
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PRODUÇÃO MUSICAL| www.backstage.com.br 74
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Se uma música de pouca variação dinâmica apresentar alguns picos, isso passa a ser indesejável, pois irá reduzir o volume final da mixagem. Nesse caso, devemos aplicar uma compressão no master bus
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API
master bus seja otimizado em sua dinâmica, fazendo o compressor trabalhar menos, deixando o som mais natural. Seria uma maneira de antecipar o resultado da masterização e fazer ajustes na mixagem em função disso. Entretanto, a desvantagem desse processo, no caso de comprimir demais, é não deixar margem de manobra para o estágio da masterização. Por isso a resposta para a segunda pergunta, “Isso não seria uma etapa para ser feita na masterização ?” é: Sim e Não. Se uma música de pouca variação dinâmica apresentar alguns picos, isso passa a ser indesejável, pois irá reduzir o volume final da mixagem. Nesse caso, devemos aplicar uma compressão no master bus. Se a música estiver bem mixada, sem nenhuma anomalia e mantendo uma uniformidade nos picos, não há necessidade de se colocar um compressor no master bus. No entanto, ainda existe um outro fator, esse mais subjetivo: alguns técnicos acham que um compressor colocado no master bus ajuda a “dar liga” na mixagem. Bem, a expressão “dar liga” é um tanto quanto subjetiva. O que eu entendo como “dar liga” é que o compressor, em tese, acabaria abaixando os instrumentos que estão mais altos na mixagem colocando-os em um plano mais equilibrado dentro da base. Isso daria uma uniformidade maior na mixagem.
Talvez seja isso a tal da “liga” que o compressor no master bus dá. A minha sugestão é que você experimente a mixagem com e sem o compressor no master bus para ouvir qual soa melhor. Se a compressão estiver muito “pesada”, ha-
SSL
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Normalmente um compressor no master bus será uma compressão leve. Um bom ponto de partida pode ser com uma taxa (ratio) de compressão de 4:1 verá uma perda de volume. Nesse caso, aumente o ganho do compressor para compensar a perda de volume para que você possa fazer a comparação em condições de igualdade. Um outro ponto a ser destacado: eu coloco o compressor no master bus já no início da mixagem e vou mixando desde o zero já ouvindo a atuação dele.
râmetros desde 1.5:1 até 12:1. A partir desse ponto ele deixa de ser um compressor e passa a atuar como um limiter. Nesse caso, é melhor deixar o limiter para a fase de masterização. Um attack rápido (fast) de 3 a 10 ms e um release também rápido de 50 a 200 ms. Os compressores que têm a função auto-release costumam funcionar
Fairchild
Você também pode mixar sem ele e colocar no final de tudo para ver como soa, mas eu prefiro já ir mixando com ele atuando, para que no final eu não tenha que fazer ajustes já que o compressor está mudando o equilíbrio da mixagem. Eu prefiro mixar com o compressor e depois tirar para comparar. Normalmente um compressor no master bus será uma compressão leve. Um bom ponto de partida pode ser com uma taxa (ratio) de compressão de 4:1. Você pode experimentar pa-
muito bem, pois eles ajustam o release automaticamente em função do ajuste no tempo do attack. Nos compressores dual-mono, ou seja que permitem ajustes separados para cada canal, verifique se há a função link e acione esta função, que faz os dois canais trabalharem exatamente da mesma forma. Isso é de extrema importância para manter a coerência da compressão no estéreo.
Para saber mais redacao@backstage.com.br
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Seguindo os passos da evolução, inauguramos hoje uma nova série de artigos direcionados aos amantes dos sons graves. A partir de agora daremos dicas, visões, conclusões e análises sobre técnicas de gravação e mixagem, além de sofwares e plug-ins específicos (ou não). Então...
GRAVAÇÃO DE BAIXO ELÉTRICO Jorge Pescara é baixista, artista da Jazz Station e autor do ‘Dicionário brasileiro de contrabaixo elétrico’
N
este primeiro artigo veremos um plano geral sobre gravação e mixagem atual de baixo elétrico tratando a holística da questão, que cumpre lembrar, não se esgota em alguns poucos artigos. Mesmo catedráticos e papas do áudio não deixam de afirmar que questões ligadas à gravação e mixagem, nem
mesmo em livros completos ou enciclopédias, poderiam condensar a contento tamanha quantidade de informações. Assim, o panorama aqui é complementado por conclusões de três superprofissionais de áudio, que especificam, quantificam e qualificam estas informações. A primeira questão é muito bem defini-
da por todos, ou seja, o instrumentista (neste caso o contrabaixista) deve possuir, de antemão, uma técnica apurada em relação ao estilo a ser gravado, instrumentos adequadamente regulados, com cordas que aceitem afinação (não necessariamente novas, porém não tão velhas que desafinem o tempo todo, já que em gravação tempo é dinheiro) e tenha um som ‘pronto’ em mãos, pois nada conserta uma gravação em que o músico não rende minimamente. O lema geral pode ser encarado algo como: mixagem não conserta gravação com uma execução ruim. Por exemplo, o professor dos cursos de Pro Tools (certificado Avid), produção musical e música eletrônica na Universidade Anhembi Morumbi, produtor, baterista e engenheiro de som Edu Vianna (mestrado em sound designer na UAM), diz textualmente que:
“Eu trabalho focado na gravação, e atento a dois aspectos que considero importantes: A)Registrar o instrumento com a sonoridade apropriada ao projeto musical; B)Obter várias amostras do som na captação, como se este fosse visto sob vários aspectos. No primeiro aspecto, a sonoridade do instrumento deve ter coerência com o estilo da música ao qual fará parte. E isto é algo que vem antes da gravação. É pré-produção. Escolha do músico, instrumento, amplificadores, sala e a maneira apropriada como este executa a sua parte no arranjo, são fundamentais para que se garanta um material sonoro adequado ao projeto. Este cuidado já é meio caminho andado no sentido de se obter o melhor registro. No segundo aspecto, utilizo vários mics para captar as variadas nuances do som do instrumento emitido através do amp, e também uma linha utilizando um bom preamp.” Com isto tudo em mente, partimos para o estúdio, completamente equipados.
Normalmente é aceitável que se levem dois instrumentos para as sessões de gravação para a opção timbrística. Por exemplo, um instrumento passivo modelo precision e outro ativo modelo jazz bass, ou um fretless e outro com trastes, ou um 4 cordas e outro de 5 (ou mais) cordas, ou misturar as variantes anteriores; ou ainda todas as possibilidades e por aí vai. A quantidade total de equipamentos que o músico levará ao estúdio para uma gravação pode acabar por depender diretamente de outros fatores tais como: se é uma trilha sonora, gravação simples de uma música, um álbum completo, as facilidades oferecidas (há transporte, roadies etc.), se o instrumentista possui diversidade de equipamentos, além de muitas outras questões. Ha instrumentistas que possuem e preferem carregar seu próprio equipamento de áudio para o estúdio, a fim de permitir extrair e realizar sua adquirida assinatura sonora. Nesta lista de equipamentos podem entrar preamps (valvulados e transistorizados), amplificadores (idem), caixas acústicas dedicadas (varia-
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O baixo não aparenta ser um instrumento difícil de ser gravado, porém, é somente durante a mix que percebemos a real complexidade dele na música (Enrico de Paoli)
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Andre Sachs
dos modelos), processadores de efeito (pedais, pedaleiras ou racks), periféricos diversos (afinadores etc.), ferramental para ajustes dos instrumentos (chaves de fenda, allen e phillips diversas, alicates de ponta reta e de corte para instalação das cordas, manivelas para troca de cordas, além de outros), kits contendo jogos de cordas novas e muita disposição.
Aqui, com o músico preparado e equipado, podemos exemplificar a sequência da forma de trabalho com o que nos ensina o multi-grammy engineer e colunista da revista Audio Música e Tecnologia Enrico de Paoli: “O baixo não aparenta ser um instrumento difícil de ser gravado, porém, é somente durante a mix que percebe-
Enrico De Paoli
mos a real complexidade dele na música. Por sua natureza grave, o baixo é o instrumento que ocupa o maior espaço tonal na música pop. Mas, mesmo assim, talvez seja o instrumento mais difícil de ser ouvido, ainda que pareça contraditório. Então, muitas vezes, o baixo corre risco de se tornar aquele elemento na mix que é difícil de ser ouvido, mas se tirarmos, faz uma falta enorme. Porém, quando lembramos que o processo de gravação é muito mais do que “somente captar”, mas também (ou acima de tudo) registrar peças de um arranjo, devemos fazer isso de forma que estas peças se encaixem bem. Para isso, volto nas raízes da música: o arranjo. Em primeiro lugar, o arranjo soa bem? Soa ‘encaixado’? As partes se combinam e se completam? Ótimo. Agora, o jeito de tocar, de tirar som do instrumento, gera os timbres que o arranjo ‘pede’? Pois isso já é parte do ‘gravar’. No caso da gravação do baixo, entender o arranjo, conhecer a timbragem do músico, são informações fundamentais para ajudar o engenheiro a escolher o método de captação. O baixo elétrico plugado a uma di box (direct input box), muitas vezes pode soar sem definição e com excesso de graves. Muito raramente vemos engenheiros microfonando amplificadores de baixo. E esta técnica pode dar ao timbre do baixista o som do alto-falante, os médios definidos e uma quantidade de harmônicos muito maior do que o áudio simplesmente injetado numa di box. Estes harmônicos sem dúvidas ajudam ao instrumento grave ser ouvido, percebido, identificado, no meio de uma mix cheia, mesmo se ouvida em caixas de som pequenas e com resposta de baixas-frequências deficientes”. E ele continua a nos ensinar: “Mas claro, isso depende se a música pede um baixo com a timbragem desta forma, se a gravação do baixo for para um disco de reggae, provavelmente esta definição harmônica não será desejada, uma vez que este
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O baixo elétrico plugado a uma di box (direct input box), muitas vezes pode soar sem definição e com excesso de graves. Muito raramente vemos engenheiros microfonando amplificadores de baixo.
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estilo pede baixos com sonoridade ultragrave e com mínima definição nas médias. Mas claro, de novo, tudo depende da intenção do arranjo, do músico e da timbragem geral da produção da música. Por fim, não falei num dos detalhes mais básicos, e dos que mais fazem diferença: jeito de tocar. Se o baixista toca mais perto da ponte, a tendência é o timbre ser menos subgrave e com mais definição de altas frequências. E o motivo é simples: perto da ponte a corda é menos solta, proporcionando
Com a entrada do técnico/engenheiro de áudio, seu conhecimento, sua arte e seu critério é que se obtém, ao lado do produtor musical e do músico, uma soma no resultado final de uma gravação de baixo que, conforme o sucesso do projeto todo, pode acabar por entrar para a história! Porém aí entram também a diversidade de questões e subquestões no quesito equipamento de captação, gravação e edição do sinal do instrumento. De fato, André Sachs (http://www.taturana.com) multi-instrumentista, compositor e produtor de diversas trilhas sonoras para TV
EduVianna
sonoridade de corda mais esticada. Tocando mais para o meio do corpo do instrumento, as cordas mais soltas geram timbres mais graves. Claro, as técnicas do baixista vão influenciar muito mais do que isso no timbre final. Como sempre, procure proporcionar ao músico a melhor monitoração possível. Pois, o baixista ouvindo a base soando bem, e o baixo bem encaixado na mesma, fará com que ele toque mais ‘para a música’ e tire do instrumento o som mais adequado possível para a sua gravação”.
e cinema (produziu vários projetos tais como o CD Paulo Moura e André Sachs Fruto Maduro/gravadora Biscoito Fino,
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or ao da Waves e parecido com o da Universal Audio”. Já aqui podemos estar nos perguntando: “e pra mix?” Bom, André Sachs complementa: “Excesso de grave na equalização nunca funciona direito na mix, uso só o necessário e com um corte na região de sub na frequência que me parecer melhor no momento. Mas tudo, tudo mesmo começa no som do baixo e do
firo o la2 no modo limiter pra isso, pois ele permite que o ataque fique mais rápido segurando o que precisa, e em outras situações o modo comp dá um som mais arredondado.” Edu Vianna também procura evitar reequalização durante as mixagens: “Procuro captar em cada track as faixas de frequência através de cada mic para que depois seja possível mixá-los entre si e chegar ao timbre
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e atualmente produzindo os trabalhos de Marcelo Yuka e Letícia Sabatella), nos conta que seu ponto de vista é focado também nos equipamentos que mais o agradam ao longo dos anos. Vejamos: “Atualmente sempre tenho misturado o som de linha com o som captado microfonando um amp... Até um pequeno cubo de baixo serve, cada um dos canais tem sua função. A linha que geralmente eu uso pra não perder o subgrave, eu prefiro captar com uma boa caixa de di (como a radial jdi, por exemplo) ou pela entrada de linha de um bom preamp (o pré que eu mais gosto pra baixo é o Neve 1073, devido à gordura que ele dá no baixo). No caso do amp microfonado tenho usado geralmente um Shure beta 52 diretamente no centro do alto-falante (na borda da cola do centro) também passando por um Neve 1073. A idéia aqui é o contrário, ou seja, aceitar o corte de graves que o alto falante/mic impõe e adicionar alguma distorção que pode fazer o baixo encaixar melhor na mix final. Lembrando que, geralmente, esse sinal é mais alto do que o da linha. Em relação a plugins, se for necessário uso disparado o Amplitube SVX, pois considero o melhor que eu já ouvi... Um bom truque às vezes também é desativar a simulação de alto falante, que costuma ser a pior coisa nos modeladores e fazer um preamp com um amp de verdade. Assim se consegue definição, timbre e um som de baixo que cabe na mix. Compressores prefiro os tipo la2 ou simulações (bem usadas, nunca excessivamente, pois vira lama), dele sendo a melhor que eu usei o ca2a da Cakewalk, que considero superi-
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Atualmente sempre tenho misturado o som de linha com o som captado microfonando um amp... Até um pequeno cubo de baixo serve, cada um dos canais tem sua função baixista, se isso for ruim não há nada que salve o timbre! E claro, eq, timbre e efeitos sempre vão depender do estilo e do som que você quer tirar. Sempre deixo estes apetrechos pra depois, se possível. Na hora de fechar a mix torna- se uma das coisas mais importantes. Como dizem os gringos, don’t paint yourself into a corner. Quanto a eq’s específicos, em reggae muitas vezes tira-se todo o agudo e médio do som e toca-se com a carne do dedão. Nos slaps eu costumo tirar um pouco o excesso de agudo pra fazer o timbre ficar mais carnudo. Em relação à compressão eu sempre uso o mínimo possível e depois na mix final ainda reduzo um pouco mais. No caso de slap e, por exemplo, técnicas mais radicais tais como os funk fingers, é melhor usar um limiter, pra segurar os picos sem achatar demais o som. Nestas técnicas pre-
certo para a mix, sem a necessidade de utilização de equalizador. Se for usá-lo é preciso lembrar que o equalizador sempre funciona melhor atenuando a faixa de frequência do que acentuando”. Um ótimo ponto para darmos um breve hiato para reflexões e testes. Nas próximas edições teremos análises e as dicas sobre a utilização de plug-ins de áudio para baixo elétrico. Sigam-nos os bons! Paz profunda .:.
Para saber online
jorgepescara@backstage.com.br http://jorgepescara.com.br
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Foram 531 movings da marca Robe para a inauguração do novo estádio gaúcho Beira-Rio. A cerimônia de abertura da reinauguração oficial do local, que atualmente tem capacidade para receber 56 mil pessoas, contou com o design de iluminação de Patrick Woodroffe e colaboração do lighting designer brasileiro Césio Lima, e equipamentos fornecidos pela empresa de locação LPL.
ILUMINAÇÃO NO ESTÁDIO BEIRA-RIO O
redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação
Beira-Rio, casa do Internacional, o segundo maior estádio no sul do Brasil e com forte tradição na história do futebol brasileiro, foi um dos que passou por uma remodelação para hospedar importantes partidas durante a Copa do Mundo 2014. Patrick Woodroffe, responsável por criar a iluminação de fa-
mosos artistas internacionais, trouxe para o Brasil sua ampla experiência na produção de eventos em estádios para a cerimônia de abertura do local. E a cerimônia de abertura para o ‘novo’ estádio foi um momento muito especial, e por isso existia uma enorme pressão sobre todos os departamentos técnicos
e para que o Diretor do Show Edson Erdmann conseguisse um evento relevante, que ficasse gravado para sempre na memória dos fãs brasileiros do esporte. Um dos desafios foi garantir que a iluminação trabalhasse em harmonia com as projeções criadas para o evento de quatro horas, além de iluminar um elenco de 500 pessoas, entre atores e dançarinos, mais de 400 músicos e a apresentação final de Fatboy Slim. Para iluminar por completo o campo, por exemplo, o estádio foi dividido em três seções.
A superior montada no teto sobre as arquibancadas e mais longe da área de atuação – era onde ficavam os apa-
relhos mais potentes: ColorWash 2500E AT, ColorSpot 2500E AT e ColorBeam 2500E AT, junto com 24 ROBIN MMX WashBeam e 96 dos 113 ROBIN Pointe. Esses equipa-
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Os MMX Wash Beam usados para destacar objetos e artistas
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mentos foram os principais responsáveis por lançar luz sobre o campo, além de iluminar a platéia. Os MMX WashBeam - devido aos seus framing shutters - também foram usados para destacar objetos e alguns artis-
tas que deveriam ficar em foco, enquanto os Pointe foram usados para ajudar a recriar vários momentos gloriosos do Inter, à medida que se desenrolava a apresentação. Um dos momentos especiais foi o uso do Pointe para fazer um
Os MMX WashBeam - devido aos seus framing shutters - também foram usados para destacar objetos e alguns artistas que deveriam ficar em foco
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Terceira seção formada por 66 LED-Wash 600, dando efeito wash
follow-spot sobre uma peça cênica, que simulava uma cápsula do tempo sendo transportada pelo campo. A segunda seção de luzes continha principalmente os beam usando lâmpadas 5R mais alguns Pointe, ColorSpot 1200EAT e ColorWash 1200E AT adicionais. A terceira seção foi formada na maioria por 66 LEDWash600 localizados ao redor do campo, usados para efeitos wash. Em cada um dos quatro cantos do campo, detrás de uma fila de aparelhos LEDWash600, havia 5 Pointe, usados para efeitos especiais e para disparar intensos fachos que cortavam o campo inteiro. Além do espaço principal no campo, havia dois palcos móveis menores que entravam e saíam de cena em diferentes momentos - em um dos palcos se apresentou uma orquestra e no outro bandas de pop e rock locais.
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A segunda seção de luzes continha principalmente os beam usando lâmpadas 5R mais alguns Pointe, ColorSpot 1200EAT e ColorWash 1200E AT
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Quando Fatboy Slim subiu ao palco para agitar o Estádio Beira-Rio, foi rodeado por 50 dos pequenos LEDBeam 100, montados sobre o chão cênico, a fim de realizar manobras de movimentos rápidos, difíceis de conseguir com aparelhos maiores ou mais pesados. Nesse momento o show multimídia do estádio virou uma gigantesca festa psicodélica de música eletrônica com iluminação misturando diversas cores, gobos e texturas, disparando para todas as direções. O show de luzes foi programado e operado em dois consoles grandMA2 full size por Sérgio Antônio e Paulo Lebrão, que, junto com os diretores técnicos da LPL, Bruno Lima e Caio Bertti, e os designers Césio Lima e Woodroffe, trabalharam sem parar durante 12 dias para montar e preparar o show, o equivalente a um terço do tempo que normalmente demorariam para produzir um show nesses moldes e complexidade. “O fato de conhecer bem os aparelhos Robe ajudou a trabalhar muito rápido no show. Particularmente, gosto do Pointe e do ColorWash 2500”, afirmou Sérgio Antônio.
Casa dos Colorados foi erguida nos anos 1960 Construído na década de 60, o Estádio Beira-Rio, denominado a casa dos colorados, passou por uma grande reforma e modernização para abrigar os Jogos da Copa do Mundo, mas a sua origem remete à década de 1960.
Tijolo sobre tijolo - a construção Exatamente no ano em que estava terminando uma longa hegemonia do Inter no futebol gaúcho, 1956, começou a história da construção do estádio. No dia 12 de setembro de 1956, o vereador Ephraim Pinheiro Cabral, que por várias vezes havia presidido o Inter, apresentou na Câmara de Porto Alegre o projeto de doação de uma área que seria aterrada no rio Guaíba. Na verdade, o clube estava ganhando um terreno dentro da água. Só em 1959 é que o Inter fincaria as primeiras estacas do Beira-Rio. O Beira-Rio foi construído em grande parte com a contribuição da torcida, que trazia tijolos, cimento e ferro para a obra, inclusive do interior. Havia programas especiais de rádio para mobilizar os torcedores colorados em todo o Rio Grande do Sul. Na década de 60, uma época difícil para o Inter no futebol, parecia que o estádio jamais seria concluído. Vitórias Finalmente o Beira-Rio foi inaugurado no domingo de 6 de abril de 1969, dois dias e 60 anos depois da fundação do Inter. O jogo inaugural foi realizado contra o Benfica, de Portugal, com placar de Internacional 2x1 Benfica. Em 1975, seis anos depois de inaugurado, o estádio recebeu a final do Brasileirão contra o Cruzeiro, na qual sagrou-se campeão. No ano seguinte, superou o Corinthians em um Beira-Rio lotado e alcançou o bicampeonato. Em 1979, o Inter foi tricampeão brasileiro invicto, novamente na sua casa e diante do seu torcedor. No final da década de 1980, o Beira-Rio recebeu o ‘GreNal do Século’. Mais de 78 mil de colorados acompanharam a histórica vitória sobre o maior rival que garantiu vaga na final do Brasileirão de 1989. Já em 1992, a casa colorada foi palco do inédito título da Copa do Brasil, ao vencer o Fluminense por 1 a 0. Em 2006, o time de Abel Braga levantou pela primeira vez a taça da Libertadores da América, em um Beira-Rio lotado. Em 2007, a Recopa Sul-Americana foi conquistada pela primeira vez. Já em 2008, foi o primeiro clube brasileiro a sagrar-se campeão da Copa Sul-Americana. Fonte: Site oficial do Sport Club Internacional / Divulgação
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TRANSMISSOR DMX WIRELESS www.star.ind.br O DMX Wireless 2.4GHz é um receptor e transmissor de sinal DMX512 via rádio de 7 canais. Ele possibilita a substituição de cabos para a realização do controle de equipamentos de iluminação profissional, fazendo com que a instalação desses equipamentos se torne muito mais fácil e rápida. O equipamento reúne o que há de mais recente em tecnologia. Esse produto foi desenvolvido e produzido no Brasil, e possui o selo da ANATEL.
REFLETOR LED INFLEX 3 RGB www.equipo.com.br Esses refletores para efeitos especiais possuem 36 LEDs de 3 Watts, sendo 12 LEDs vermelhos, 12 Leds verdes e 12 Leds azuis, mais 8 canais DMX 512, display digital para endereçamento de Setup. O equipamento é destinado para uso indoor, possui modo automático, Bivolt e foi construído com a tecnologia Long life LED Technology.
MULTI RAIOS www.projetgobos.com.br O Multiraios é um equipamento de última geração, com controle DMX, 6 canais, 4 clusters com RGBYW, bivolt. O EXTREME II veio com o objetivo de proporcionar a você grande desempenho. Contendo 220 LEDs, com controles individuais e efeitos rotativos. Compacto e de fácil transporte. O máximo em desenvolvimento tecnológico agora em suas mãos.
LED WASH DUPLO www.ahlights Esse aparelho possui como características Washlight para iluminações cênicas com ajuste para obter o melhor ângulo, LED de alto brilho, resistente a chuva, LEDs 4 em 1 RBGW (vermelho, azul, verde, branco). Consumo de energia de 400W, sinal de controle DMX512, modos de controle master/slave, número de canais: 6 ou 20 canais. Ótimo para eventos e shows.
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A iluminação cênica tem uma capacidade incomparável de valorizar e enaltecer formas; induzir e despertar sensações e sentimentos; estipular ritmo, de maneira sincronizada e com efeitos estéticos. Além desses aspectos, transforma cenários, ao mesmo tempo em que consegue, única e singularmente, revelar sensações e intenções, interações e possibilidades sinergéticas, combinadas e disponibilizadas em texturas, formatos e aplicações, despertando emoções e reações diversas.
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CÊNICA Cezar Galhart é técnico em eletrônica, produtor de eventos, baixista e professor dos Cursos de Eventos, Design de Interiores e Design Gráfico do Unicuritiba. Pesquisador em Iluminação Cênica, atualmente cursa Pós-Graduação em Iluminação e Design de Interiores no IPOG.
ALTA TENSÃO N
esta conversa, esses elementos ora se somam e caminham juntos, ora divergem em direções opostas, como expressões semânticas e metafóricas utilizadas na descrição do show do Nine Inch Nails, no Lollapalooza Brasil 2014, realizado no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. Potencial, esforço, desacordo, reação. Qualquer um desses termos pode ser usado para expressar o significado da palavra “tensão”, aplicado a um fenômeno físico, estado emocional ou muscular, relações político-sociais. A tensão também pode ser associada às propriedades da luz e aos resultados da iluminação cênica, uma vez que proporciona contraste e justaposição de forças (brilho e intensidade), e combinações resultantes da aproximação de cores dominantes, mas não necessariamente harmônicas.
Recapitulando - potencial, esforço, desacordo, reação. Todos esses termos também podem perfeitamente ser utilizados ao mesmo tempo para a descrição de um momento isolado, ou na formulação do conceito desenvolvido para a apresentação do Nine Inch Nails – banda estadunidense, que incorpora elementos do Rock Industrial, Hard Rock, Synth Rock, entre outros – e inserida na Tension Tour, iniciada em 26 de julho de 2013, no Fuji Rock Festival, em Naeba (Japão). Naturalmente, não é por acaso que a atual turnê recebeu este nome – pois essa mesma tensão se faz presente em praticamente todas as canções, em quase duas horas de apresentação. De fato, a turnê recebeu esse nome após uma tomada de decisão, que ocasionou uma mudança radical na produção da turnê, com a alteração total do repertó-
sinergia entre o enérgico repertório da banda e o trabalho de Bennett. De fato, da mesma turnê que também integrou o line-up do Lolla-
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Entretanto, de maneira alguma, a ausência desses recursos diminui os impactos e os resultados do projeto de iluminação cênica presentes na apresentação da banda
Fonte: City LED / Divulgação
palooza em Chicago (realizado em agosto de 2013), alguma mudanças consideráveis foram percebidas. Originalmente, um cenário arrojado, desenvolvido pela rede internacional Moment Factory/The Creators Project contempla painéis de LEDs do modelo Nocturne V-9 Lite LED Video Module desenvolvidos pela empresa PRG -
Figura 1: “Tension Tour” – Painéis de LEDs PRG Nocturne V-9 Lite LED Video Module.
a banda excursionava com David Bowie na Outside Tour), e tem na turnê Lights in the Sky Tour (2008) um dos marcos de sua carreira. Isso também provoca uma elevada expectativa para essa promissora
lighting e sidelighting com moving heads da empresa dinamarquesa Martin Entertainment – linha Professional MAC III AirFX - e Spots da
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rio e dos recursos e elementos previamente definidos, em menos de três meses da estreia. Coube ao experiente e renomado Lighting Designer Le Roy Bennett – que trabalha desde 2002 com Paul McCartney, a partir da turnê Driving Tour e que esteve no Brasil para as turnês Up & Coming Tour, em 2010; On the Run Tour, em 2011 e Out There Tour, em 2012; além de ter trabalhado com outros artistas e bandas como Rammstein, Beyoncé, Rihanna, Duran Duran, The Who, Prince, entre outros – a criação de um projeto que atendesse às expectativas de Trent Reznor (compositor, produtor musical e, no Nine Inch Nails, vocalista, multi-instrumentista e fundador da banda) que também participou decisivamente do processo criativo. Vários elementos fizeram parte nessa promissora contribuição: Le Roy Bennett trabalha com o NIN (como é também conhecida a banda) desde 1995 (na ocasião em que
Production Resource Group -, dos EUA, são utilizados para a projeção de imagens que se sobrepõe às estruturas de iluminação, situadas por detrás de sobrepalcos, além de estruturas de iluminação em down-
empresa estadunidense Philips VariLite, modelo VL3015LT. Entretanto, de maneira alguma, a ausência desses recursos diminui os impactos e os resultados do projeto de iluminação cênica presentes na apresentação da banda. Em outras palavras, não há simplificação de recursos e resultados, quando se trata do Nine Inch Nails que, desde a turnê Lights in the Sky Tour, tem apresentado inovações na criação de palcos dinâmicos e interativos, envolvendo a banda e devolvendo percepções intrigantes, nas quais os músicos se revelam em silhuetas, ao mesmo tempo em que surgem, com recursos minimalistas ou exagerados, com sequências empolgantes e incomuns. Voltando ao Lollapalooza Brasil – realizado neste ano em duas datas, nos dias 5 e 6 de abril de 2014, no Autódromo José Carlos Pace, conhecido como Interlagos, em São Paulo – é importante destacar que a realização de um show sempre se inicia com a montagem desse evento, sendo fundamental a análise do modus operandi de produção in loco, determinante para o êxito no resultado final. Nesta análise, com o término da apresentação da banda estadunidense Imagine Dragons no palco Ônix, iniciou-se o frenético
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Fonte: Cezar Galhart. Fotografias: SGM Light/Martin Professional/Clay Park Light / Divulgação
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Figura 2: Maquete eletrônica com construção similar ao módulo de instrumentos de iluminação utilizados na turnê Tension Tour do Nine Inch Nails construção em Google SketchUp 8.
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Em poucos minutos, um enorme painel de backlight foi rapidamente configurado, formado por seis unidades (ou módulos), que separadamente são formadas por 12 spots Sharpy Spot, da empresa italiana Clay Park Professional Lighting
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trabalho de desmontagem da estrutura de palco dessa banda, e, ao mesmo tempo, ocorria a montagem da estrutura do Nine Inch Nails. Em poucos minutos, um enorme painel de backlight foi rapidamente configurado, formado por seis unidades (ou módulos), que separadamente são formadas por 12 spots Sharpy Spot, da empresa italiana Clay Park Professional Lighting; 06 movings heads, da empresa dinamarquesa Martin Professional, modelo Mac Aura; e 18 estrobos X-5 Strobe, da empresa dinamarquesa SGM Light.
O QUINTO ELEMENTO Cada Sharpy Spot é de fato um Moving Beam Light, com dimensões reduzidas – e compatíveis à estrutura de cada módulo acima descrito - com lâmpadas de descarga de 189W, e que produz fachos e efeitos, para 14 cores diferentes e 17 gobos originalmente integrados ao equipamento. Como resultados, brilhos e intensidades controladas em níveis mínimos, com ótima reprodução de cores, ou literalmente “incômodos aos olhos” (e impactos fascinantes). Os moving heads são wash light, igualmen-
te compactos, e que operam no padrão RGBW, e como o próprio nome do equipamento denota (Mac Aura), produz fachos e auras, por meio de controles independentes e ampla gama de temperatura de cor (de 2500K até 10.000K). Aos estrobos (X-5 Strobe), a configuração de uma “parede” de instrumentos de iluminação (como pode ser percebida acima e nas demais imagens). Cada equipamento, constituído por aproximadamente 3 mil LEDs brancos SMD, proporciona comutações velozes e impressões marcantes e agudas. Mas de “backlight” essa estrutura se distancia dos padrões de iluminação de compensação ou enquadramento (de forma a emoldurar a cena), valorização e dramaticidade. De fato, esse painel se comporta como um quinto elemento da banda, que interage e responde aos estímulos das canções, de maneira extremamente dinâmica e irrepreensível. Mas se isso parece previsível, deve- se ainda frisar que na maior parte do show, a iluminação se comportou de maneira surpreendente, protagonista de muitos dos momentos daquela memorável apresentação.
Fonte: Cezar Galhart / Divulgação
Figura 3: Maquete eletrônica com construção similar ao Palco Ônix para o show do Nine Inch Nails no Lollapalooza Brasil 2014 - iluminação simulada pela construção em Google SketchUp 8 e renderização com o Kerkythea 2011.
Desde as primeiras notas e ruídos (aqui, entendidos como interferências sonoras provocadas por processadores de efeitos) em Pinion/The Eater of Dreams, a banda entra para a bombástica Wish, em uma sequência enérgica, instigante e surpreendente de luzes, complementada com um movi-
mento frenético de fachos azuis e brancos, ao contrário da banda que ocupava posições praticamente estáticas e com movimentos mais lentos, inegavelmente marcantes e empolgantes. De fato, a interpretação das canções passa por uma entrega total dos músicos, em todo o set-list.
Nas dezoito canções do show, as composições e configurações gráficas se sucedem, formando imagens e fragmentos visuais, ora aludindo a mosaicos, ora equalizadores, transferindo destaques e chamadas em determinados momentos de maneira totalmente síncrona, e em outros, contrárias ao ritmo, criando cenários aleatórios – monocromáticos ou acromáticos. Matizes e tonalidades se misturavam, gerando contrastes e intensidades, sutis ou exageradas, mas com combinações insólitas e minimalistas, outras extravagantes e magníficas. Decisivamente, o momento mais impressionante (em todos os sentidos) ocorre na canção The Great Destroyer. Impressões diversas são percebidas; se a letra descreve uma atmosfera destrutiva, a iluminação proporciona uma ruptura, na qual
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Fonte: Cezar Galhart / Divulgação
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Para finalizar, Hurt (Ferida, em tradução livre), derradeira canção que trouxe uma calma incompatível com as experiências visuais anteriores, mas propositalmente relaxante para a assimilação das melodias
Figuras 4-7: Cenas do show do Nine Inch Nails no Palco Ônix – 05/04 - Lollapalooza Brasil 2014 Fonte: SGM Light / Divulgação
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ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br
CADERNO ILUMINAÇÃO
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Figura 8: Show do Nine Inch Nails – Tension Tour
ocorre um processo gradativo de interações que, no interlúdio da canção – a princípio, um improviso, uma colagem, um devaneio de sons e efeitos –, um apocalíptico ambiente se instaura no palco. Nesse momento, uma explosão solar surge, perturbadora, intransigente e fascinante. Para finalizar, Hurt (Ferida, em tradução livre), derradeira canção que trouxe uma calma incompatível com as experiências visuais anteriores, mas propositalmente relaxante para a assimilação das melodias que en-
volviam hipnoticamente a plateia. Naquela noite, outro espetáculo ainda fecharia o evento (a banda inglesa Muse, no palco Skol), com um design de iluminação extremamente interessante (e que mereceria uma análise à parte). Mas o NIN conseguiu redefinir o festival, com uma apresentação repleta de momentos intensos, em alta tensão. Abraços e até a próxima conversa!
Para saber mais redacao@backstage.com.br
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REPORTAGEM| www.backstage.com.br
AES BRA EXPO 2014 redacao@backstage.com.br Fotos: Ernani Matos
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A Congresso de áudio e exposição aconteceu entre os dias 13 e 15 de maio e reuniu mais de 70 empresas dos setores de áudio e iluminação. Visitantes também puderam assistir ao Lighting Day, um dia inteiro dedicado a palestras e workshops sobre iluminação.
18ª Convenção e Exposição de Tecnologia AES Brasil Expo 2014 reuniu 75 expositores em uma área de 5 mil metros quadrados e uma série de profissionais das áreas de áudio e iluminação para palestras, encontros, seminários e debates. Nesta edição do evento, a tradicional audição ao ar livre contou com os sistemas KR402 da K-array. Além dos principais lançamentos e novidades do setor – alguns apresentados com exclusividade durante a feira –, os visitan-
tes também puderam assistir ao seminário da SynAudCon, com Pat Brown. Outra personalidade presente ao evento foi o presidente eleito da AES Internacional, Andrés Mayo, que concedeu uma entrevista exclusiva para a Backstage. Nos estandes dos expositores, os destaques foram os seminários técnicos da Harman International, a presença de Robert Scovill no estande da Avid, demonstrando o sistema Avid S3L e Avid S6; as demonstrações da nova QL Series, da Yamaha; e o
Técnicos na demonstração dos Line Arrays
Demostração de Line Arrays
Marcos e Equipe da Taigar
Equipe da DB Tecnologia Acústica
novo sistema da Someco. Empresas como Harman, Yamaha, Selenium, Avid, Quanta, Audio Precision, Sennheiser, Pride Music, Proshows, Studio R/Nashville e muitas outras (confira a lista completa no site) marcaram presença na exposição. A Harman do Brasil levou para a AES Expo 2014 novidades tanto para o setor de
Aldo Linhares da Apresentacão da Serie QL da Yamaha
Equipe da Gobos do Brasil
BACKSTAGE NA AES
SIL
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REPORTAGEM| www.backstage.com.br
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PALESTRAS NA AES
REPORTAGEM| www.backstage.com.br 100
sonorização como para o de iluminação com a Martin Professional. Umas das novidades foram os modelos JM 3008 e JM 8010, da JBL, e o Subwoofer 118S, também da JBL. A novidade para este produto é a fabricação 100% nacional na fábrica da Harman em Manaus. A Equipo apresentou o analisador de espectro PAA6, da Phonic, o microfone condensador MTR231, da Samson, e aparelho de iluminação Hive, da Chauvet. A Someco, por sua vez, apresentou em seu estande a parceria entre a empresa e a Peavey, que lança a sua linha Commercial Audio no Brasil. Outra empresa que levou novidades para a edição 2014 da AES foi a Sennheiser, com os novos microfones Neumann TLM107 e Esfera, e o Sennheiser MK8, além da demonstração do sistema digital D9000 (sem compressão e livre de intermodulação). A AES realizou também o 12º Congresso de Engenharia de Áudio, levando painéis temáticos com conteúdo científico e técnico, apresentação de trabalhos acadêmicos nas áreas de áudio, engenharia, computação, música e acústica. Palestrantes internacionais, além de discussões sobre a guerra do loudness e a masterização, um dos principais aspectos da produção musical atual e diversas palestras sobre educação e formação profissional foram os destaques. Através de seminários, palestras, workshops, treinamentos, keynotes e demonstrações técnicas, o público pôde adquirir conhecimento e trocar informações em tempo real com nomes que são referência em sua área de atuação.
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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 102
A Decomac realizou nos dias 13 e 14 de maio dois encontros que reuniram diversos pazeiros para apresentar os novos sistemas de line array Event e Idea.
DECOMAC APRESENTA OS NOVOS SISTEMAS redacao@backstage.com.br Fotos: Ernani Matos / Divulgação
O
evento foi no Espaço Immensità, anexo do Hotel Mercure, em São Paulo, e contou com mais de 50 visitantes em cada dia. Foram apresentadas as principais características dos novos produtos e esclarecidas algumas dúvi-
das dos participantes. O novo line array Event, que foi apresentado no dia 13 de maio, coloca ao alcance do usuário a performance DAS como nunca vista antes. O equipamento pode ser usado tanto para instalações fixas como temporárias
Parte traseira do sistema Event
Profisisonais examinam o Event durante demonstração do dia 13
Sistema Idea foi apresentado em São Paulo no dia 14 de maio
Idea também esteve em exposição durante a AES Brasil 2014
e é indicado para quase todos os tipos de lugares. O Event foi desenhado para prover um som excepcional com total confiabilidade e custo incomparável. Um dos destaques é o Easy DSP, que são combinações do botão que facilitam o processamento do sinal digital. O otimizador Downfill simplifica a troca entre tiro longo e curto em aplicações Downfill. O amplificador classe D avançado de três canais e DSP integrado também merece destaque, bem como os limitadores de pico e RMS, que protegem os componentes das sobrecargas. Um detalhe interessante: na parte posterior de cada elemento existe uma capa protetora que protege o amplificador do sol ou da chuva. Completam o sistema um subgrave específico desenhado para um acoplamento perfeito ao line array Event. No dia 14, o evento foi conduzido pelo Diretor Técnico do IDEA, Santiago Alcalá, que fez uma breve introdução da marca e comentou os pontos mais destacáveis do sistema. Alcalá realizou ainda uma demo do portfolio do IDEA, com a ajuda de Fabrício Neiva na parte técnica. O aspecto mais comentado entre os
profissionais do áudio que participaram do evento foi sem dúvida a qualidade e naturalidade do som em toda a linha de produtos, o que implica em uma grande faci-
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No dia 14, o evento foi conduzido pelo Diretor Técnico do IDEA, Santiago Alcalá, que fez uma breve introdução da marca
lidade de instalação dos sistemas, minimizando os tempos de montagem. O subwoofer band-pass de 12” BASSO12T, por exemplo surpreendeu os presente pela relação tamanho x potência do sub de seu tamanho. Já as EXO18 impressionaram pela sua resposta full-range real, e as LUA10, pela sua extrema inteligibilidade e claridade.
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CHEGA
PRIMEIRA EDIÇÃO DA FEIRA
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LEITURA DINÂMICA| www.backstage.com.br
infoCo ACONTECEU NA CAPITAL PAULISTA
F Uma das feiras mais aguardadas nos EUA, a InfoComm estreou sua edição brasileira entre os dias 13 e 15 de maio, em São Paulo, no Centro de Exposições Imigrantes. redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação
ormatada a partir de uma das maiores exposições de negócios para o setor audiovisual do mundo, a InfoComm (sediada nos EUA), com feiras na Ásia, Europa, América Latina e Oriente Médio, reuniu nesta primeira edição brasileira cerca de 80 expositores, entre em-
presas ligadas ao setor de informática, vídeo, iluminação, audiovisual, automação e sinalização digital, que levaram novidades e novas tecnologias disponíveis para o mercado nessas áreas. De acordo com Víctor Alarcón, diretor de projetos da TecnoMultimedia Info-
mm
AO BRASIL Comm, ao contrário da maioria dos países desenvolvidos, na América Latina os sistemas integrados de áudio e vídeo não são utilizados por muitos mercados verticais (corporativo, governamental e militar, eventos, educação, comércio e distribuição), e seu uso ainda é incipiente. “Há espaço para crescer. O mercado é bastante promissor e existe alta tecnologia para o segmento que ainda não está sendo aproveitada”, observa. Segundo Max Jaramillo, diretor da InfoComm Internacional, a InfoComm é uma feira voltada para a indústria de audiovisuais e o foco é o profissional integrador com os sistemas de audiovisual, ou seja, aquele que vai instalar sistemas e instalações fixas em hospitais, escolas etc. “Aqui estamos trabalhando com profissionais voltados para sistemas de instalações fixas e há muita sinergia com os profissionais do sistema de segurança. Então, o mesmo integrador que faz projetos de segurança, pode
fazer para sistemas de audiovisual”, comenta Jaramillo. Na América Latina, a InfoComm começou na Colômbia há cinco anos, através de um acordo com a InfoComm EUA; logo em seguida
Max Jaramillo
foi para o México e, em 2013, houve uma parceria com a ExpoSec para que as duas feiras acontecessem no mesmo local e data. “O mercado brasileiro é muito grande e importante para a InfoComm. Temos um gerente comercial aqui, que tem expertise em sistemas audiovisuais e até agora tivemos um ótimo feedback da feira. Sempre qualquer novo produto é uma aposta, mas tanto o time da InfoComm como as empresas expositoras sabiam mais ou menos como seria a feira. Eu conheço bem a indústria de segurança e sei que passam por aqui cerca de 30 mil pessoas, então acho que foi uma aposta acertada”, afirma o diretor, completando que para 2015 espera-se um crescimento do evento, tendo em vista que as empresas já vêm comprando e ampliando seus espaços. “Esta é uma indústria diferente e o perfil dos visitantes ainda está sendo moldado”, avalia. A TecnoMultimedia InfoComm Brasil é organizado pela InfoComm Internacional e editora Latin Press, com promoção do Grupo Cipa Fiera Milano. Expositores como Samsung, Audio Technica, Bose, Shure, FZ Audio e Discabos estiveram presentes ao Centro de Exposições Imigrantes com algumas novidades para o mercado. A Audio-Technica, por exemplo, apresentou o Spectra Pulse, um sistema de microfones sem fio com transmissão digital que opera na faixa de 6 GHz, e o System 10, sistema de microfone sem fio digital de alta fidelidade com áudio de 24-bits projetado para uso geral, operando na faixa de 2.4 GHz, tornando livre de interferências de sinais de TV.
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LEITURA DINÂMICA| www.backstage.com.br 106
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Aqui estamos trabalhando com profissionais voltados para sistemas de instalações fixas e há muita sinergia com os profissionais do sistema de segurança (Max Jaramillo)
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Já a Bose demonstrou a linha de processadores de som ControlSpace ESP, da Divisão de Sistemas Profissionais da Bose, que consiste em três modelos de processadores de sinal digital que podem ser ligados em rede. A Discabos apresentou novos produtos – resultado da parceria com a empresa japonesa TOA, como alto-falantes, sistemas de áudio por infravermelho, sistemas de áudio para evacuação e muitos outros. Com foco na locação de equipamentos nos segmentos
de áudio, luz e projeção, a Rentalstage demonstrou o emprego de soluções e tecnologias com equipamentos de alto valor agregado, como o processador de vídeo Spyder X20; o projetor de maior luminosidade atualmente, o Barco HDQ 2K40; a lente ultra short da Panasonic ET - DLE030; além de soluções de áudio e luz. No estande da Samsung, a novidade era o novo UD55D monitor LFD LED com a borda mais fina do mercado, com junção de 3,5 mm, e duração de 50 mil horas.
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TEASER DE DANIELLE CRISTINA JÁ FOI DIVULGADO
Next-Proaudio instala line array em igreja em Moscou A igreja Word of Life (Palavra da Vida) ganhou um sistema de line array da empresa portuguesa Next-Proaudio. A igreja de denominação Protestante está localizada em Moscou e é uma das maiores da capital russa. O objetivo foi alcançar alto nível de pressão sonora e um som de alta fidelidade em todo o ambiente. Além dos cultos diários, o templo abriga mensalmente eventos musicais. O sistema escolhido para ser instalado na igreja foi o LA 212x, com 16 elementos conectados a oito subs LAS 418, controlados com o NEXT LMS 242 e energizados por oito NEXT MQ10000 e quatro NEXT MA6000.
Célia Sakamoto É Só Adorar, o próximo álbum da cantora pela Central Gospel Music, teve seu teaser lançado em maio, no programa Vitória em Cristo, do pastor Silas Malafaia. Os fãs puderam conferir algumas imagens dos videoclipes produzidos. As imagens e produção do vídeo foram realizadas por Vlad Aguiar durante a gravação dos clipes das canções Fiel é Deus e É Só Adorar. O álbum já está na fábrica e em breve será lançado para todo o Brasil.
RAQUEL MELLO E PERLLA FAZEM TURNÊ DE DIVULGAÇÃO As cantoras partiram rumo a Belo Horizonte, no início de maio, para divulgar seus respectivos trabalhos, Há um Deus no Céu e A Minha Vida Mudou, ambos pela Central Gospel Music. As cantoras cumprem uma intensa agenda de divulgação entre participações em programas de TV e tarde de autógrafos em livrarias.
Vai Ficar Tudo Bem, esse é o novo webclipe, pelo selo Musile Records (Aliança) com a interpretação da cantora Célia Sakamoto. Filmado em uma locação na Zona Norte de São Paulo, o vídeo tem produção assinada pela Sarau Filmes, com direção de Jr. Finnis. A canção, composta por Anderson Freire, é faixa de trabalho do álbum Vai Ficar Tudo Bem que, ao todo, traz 13 músicas inéditas de louvor para renovar as forças e triunfar quando tudo parece dar errado.
LANÇAMENTOS Deserto Iahweh O terceiro CD da banda Iahweh, gravadora CODIMUC, traz na faixa tema a participação do Padre Fábio de Melo. A canção convida cada um a enfrentar seus desertos com força, coragem e confiança total naquele que derrotou o mundo na cruz. Outro destaque do disco é a faixa Renascer no Amor. Com um arranjo arrebatador, a letra fala da revolução que acontece na vida de alguém que se deixa transformar pelo amor de Deus. Com 16 canções, o álbum também tem como destaques as faixas Sentido da Vida, que abre o disco, Novos Passos, Entre Sorrisos e Choros e Fogo do Espírito. O CD traz ainda 3 canções em inglês: New Story, End of Sacrifice e Hold on strong for your life.
Anderson Freire e Amigos Anderson Freire O álbum reúne Bruna Karla, Fernanda Brum, Aline Barros, Marina de Oliveira, Ariely Bonatti, Gisele Nascimento, Arianne, Léa Mendonça e Banda Giom interpretando músicas do próprio Anderson. Wilian Nascimento divide o vocal de Promessa. Algumas canções ganharam novos arranjos. Outras dispensaram releitura. Ao todo, o álbum traz 11 faixas cantadas e quatro playbacks.
DANIELLI MARINHO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR
Tributo a um pioneiro Padre Zezinho Canções que fazem parte da vida de milhões de pessoas, melodias que ativam memórias afetivas profundas, arranjos surpreendentes, que reforçam ainda mais a certeza de que essas músicas são sempre novas. Esse é o clima do CD Tributo a um Pioneiro (Universal/CODIMUC), que celebra os 50 anos de sacerdócio do Padre Zezinho, SCJ, um dos maiores evangelizadores da música católica de todos os tempos. O álbum reúne grandes nomes da Música Popular Brasileira e artistas da nova geração interpretando algumas das mais importantes obras do cancioneiro religioso do Brasil. Com 12 faixas, o CD é apenas um recorte da vasta obra musical de Padre Zezinho, formada por mais de 1.700 composições. Destaque para a faixa Vocação, interpretada por Zeca Baleiro, Utopia, na voz de Daniel, Minha Vida tem Sentido, na interpretação de Fagner, e Mãe do Céu Morena, na voz de Elba Ramalho.
A Misericórdia me Alcançou Tuca Nascimento Dez canções integram esse projeto. E foram compostas por Jonas Maciel, Simei Morais, Mattos Nascimento, Felipe Gonçalves, Cristiano Paula, Lenno Maia, além do próprio cantor que assina a produção musical. A primeira música de trabalho é Basta Uma Palavra e as composições são inspiradas na caminhada de Tuca com Deus. Além de ser reconhecido pelo requinte em seus arranjos, ele imprime riqueza sonora em suas produções. Neste trabalho, diversos ritmos foram contemplados, desde o pentecostal ao sertanejo, com o objetivo de transmitir a mensagem de Deus e alcançar a todos.
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Os discos da minha vida...
“CARTAS, CANÇÕES E PALAVRAS” Como os leitores habituais da coluna já sabem, venho contando em sequência a história dos discos da minha carreira. Depois de Passado, Presente, Futuro e do Terra - ambos do trio Sá, Rodrix & Guarabyra - e dos sete primeiros da dupla, chego ao oitavo de Sá & Guarabyra, o... CARTAS, CANÇÕES E PALAVRAS.
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hegamos adiantados. Eu e Ralf Ramos, dublê de amigo e empresário, estávamos especialmente interessados naquela reunião com o diretor artístico da então RCA-Ariola, Miguel Plopschi. Saídos um ano antes do estrondoso sucesso nacional da novela Roque Santeiro – onde a dupla emplacara três músicas (Roque Santeiro, Verdades e Mentiras, compostos e cantados por nós, e Dona, nossa, gravada pelo Roupa Nova) – estávamos acreditando que aquele 1986 seria a afirmação do nosso sucesso popular. Tentávamos, eu e Guarabyra, equilibrar-nos naquela tênue linha que divide qualidade e comércio puro e simples. Acreditávamos, e estávamos certos nisso, que nunca estivéramos tão perto do nosso objetivo, comum aliás a muitos outros artistas da nossa geração: alcançar a massa com música que traduzisse autenticamente aquilo que pensávamos, vender discos que expusessem nossos propósitos pessoais de vida, nossos valores, nossas ideias. Mal sabia eu que naquela mesma reunião entenderia quão ingê-
nuos e furados eram esses ideais diante da crua realidade do mercado. Depois de certa espera, coisa que a maioria dos diretores artísticos de então gostavam de aplicar sobre os artistas contratados, como uma tentativa de afirmar um suposto mando (é, eles tinham um problema de afirmação, eliminado hoje pelo poder dos Youtubes da vida!), Miguel me chamou. Para minha perplexidade, ele pediu que Ralf esperasse na antessala, o que jamais havia acontecido antes. Já entrei ali com a pulga atrás da orelha. Miguel lançou-me o seu melhor sorriso melífluo (aqueles em dúvida, procurem “melífluo” no dicionário dos diretores artísticos, de marketing etc.) e atacou: - E aí, vamos pro próximo? - Só se for agora – respondi. Tínhamos, eu e Guarabyra, uma antiga e frutífera relação com Miguel, que inclusive, no auge de nossas vacas magras, encarregara-nos de algumas versões para os Fevers para livrar-nos da miséria total. Daquelas só me lembro de uma chamada Lady Banana
LUIZCARLOSSA@UOL.COM.BR | LUIZCARLOSSA.BLOGSPOT.COM
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nos atirássemos de cabeça naquele mesmo poço onde Robert Livi atirara Zé Rodrix com Soy Latino Americano – sucesso nacional, grana a curto prazo e carreira indefinível, já que a casca não combinaria nunca com a polpa da fruta, sabe como é... Eu poderia ter contemporizado, ou até quem sabe conseguido enrolar o espertíssimo e vividérrimo Miguel, mas minha vocação por sinceridade nas horas erradas berrou mais alto e eu berrei alguma coisa junto que não me lembro bem o quê, só me lembro do Miguel saindo da sala, chamando o Ralf e me acusando de qualquer coisa tipo tentativa de agressão. Do mal parado que rolou disso aí, saiu nosso Cartas, Canções e Palavras, disco anódino, na minha opinião, e que teria passado em branco na nossa carreira não fosse a inclusão de Tabuleiro na trilha da novela Fera Radical. Percebendo o pouco impacto do que conseguíramos no estúdio tentamos ainda com Parar de Correr e Cartas, Canções e Palavras, que acabou por titular o disco, resolver o problema que não se nos apresentara antes: a execução em rádio. Mas o que não sabíamos é que tínhamos sido já marcados para a demissão por Miguel: o apoio da gravadora virou zero e quando chegamos em Canela para a 1ª Festa da Música não achamos mais nosso nome na relação de artistas da RCA-Ariola na recepção. Descobrimos mais tarde que a nossa inclusão independen-
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– acreditem! – que assináramos com o pseudônimo de Fioravante Pennedo, não sei porque com dois “nn”! Em tempo: nunca fomos preconceituosos contra certas atitudes mais, digamos assim, populares, em termos de gravação. Fomos e ainda somos gravados por intérpretes das mais diversas gerações e tendências, de Milton Nascimento aos Fevers, de Gilberto Gil a Joanna, dos Golden Boys a Elis, dos esotéricos aos cult, dos românticos aos experimentais. Nunca negamos a ninguém, amadores ou profissionais, o direito de gravar nossas músicas, mesmo tendo que ouvir algumas vezes, para nosso desgosto, assassinatos impiedosos daquilo que fizéramos de coração aberto. Para o bem ou para o mal, essas são as regras do nosso jogo. Mas apesar disso, a próxima frase de Miguel me pegaria de surpresa: - Acho que está na hora de vocês gravarem Sullivan e Massadas! Às gerações presentes que desconhecem nomes, armações de marketing e outros baratos e afins, esclareço o significado de Michael Sullivan e Paulo Massadas, dupla de compositores que era sinônimo mercadológico de megassucesso na década de 80. Como possuidores de um toque de Midas, eles transformavam em hits retumbantes tudo o que faziam, como Um Dia de Domingo, com Gal Costa; Me Dê Motivo, com Tim Maia; Estranha Loucura, com Alcione e dezenas de outras do gênero, que aliás, faça-se justiça, parecem obras de Mozart ou Beethoven diante do lixo que rola hoje nas rádios popularescas – não confundam “popularesco” com “popular”: “popular” é o que atinge a massa por identificação, “popularesco” é aquilo que é enfiado goela da massa abaixo. Mas ocorre é que estávamos, Sá & Guarabyra, numa perigosa encruzilhada: partidos de um público majoritariamente “alternativo”, fôramos injetados na veia do povão por Roque Santeiro, o que provocara em nossos fãs egressos da ripilândia uma sucessão de ranger de dentes e torcer de narizes. Aparecendo em programas como Cassino do Chacrinha e Fantástico, estávamos sendo abandonados por uns e aceitos por outros, uns e outros esses diametralmente opostos em termos de opinião e preferências. Miguel, que irônica e paternalmente nos acusava de “universitários” – termo hoje adotado para nomear uma suposta elite melhor produzida que se destaca das centenas de duplas vocais melo-românticas indevidamente denominadas “sertanejas” – queria que esquecêssemos esse nosso suposto-por-ele-lado classe-média-zona-sul e
Mas ocorre é que estávamos, Sá & Guarabyra, numa perigosa encruzilhada: partidos de um público majoritariamente “alternativo”, fôramos injetados na veia do povão te na festa havia sido uma barra forçada por nossos amigos divulgadores da RCA, revoltados pela canetada do Miguel, que – passando por cima do fato de sermos um dos principais vendedores em potencial do elenco da gravadora – nos deletara sumariamente do cast sem sequer nos informar disso. A carta de demissão da RCA chegou em minha casa quase dois meses depois da Festa de Canela. Nossa vingança foi a sobrevivência. Estamos aqui vivos, cantando, compondo e viajando, quase quarenta anos depois desse furdunço. Enquanto isso, muitos dos que preferiram ouvir o canto da sereia da grana fácil foram varridos pro lixo da música, cada dia mais cheio.
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Anunciantes Backstage | junho 2014
Gigplace ................................................................................. www.gigplace.com.br ................................................................................ 41 Gobos do Brasil ............................. (11) 4368-8291 .............. www.gobos.com.br ........................................................... 3ª capa, 19 e 63 Guitar Player ................................. (11) 3721-9554 .............. www.guitarplayer.com.br ........................................................................... 24 Harman .................................................................................. www.harman.com ............................................................................ 27 e 35 Hot Machine ................................. (11) 2909-7844 .............. www.hotmachine.ind.br .......................................................................... 107 João Américo Sonorização ............ (71) 3394-1510 .............. www.joao-americo.com.br ........................................................................ 47 Leác's ............................................ (11) 4891-1000 .............. www.leacs.com.br ..................................................................................... 81 Lyco .............................................. (11) 3675-2335 .............. www.lyco.com.br ....................................................................... 2ª capa e 03 Modern Drummer ......................... (11) 3721-9554 .............. www.moderndrummer.com.br .................................................................. 42 Ninja Som ..................................... (11) 3550-9999 .............. www.ninjasom.com.br ............................................................................... 67 Powerclick ..................................... (21) 2722-7908 .............. www.powerclick.com.br ............................................................................ 93 Projet Gobos ................................ (11) 3675-9447 .............. www.projetgobos.com.br .......................................................................... 16 Pro Shows ..................................... (51) 3589 -1303 ............ www.proshows.com.br .............................................................. 25, 39 e 89 Quanta .......................................... (19) 3741- 4644 ............ www.quanta.com.br ................................................................................. 13 Rio das Ostras Jazz & Blues ................................................... www.riodasostrasjazzeblues.com .............................................................. 06 Robe ....................................................................................... www.robe.cz .............................................................................................. 83 Sonex / OWA ................................ (11) 4072-8200 .............. www.owa.com.br ...................................................................................... 65 Sonotec ......................................... (18) 3941-2022 .............. www.sonotec.com.br ................................................................................ 09 Star Lighting .................................. (19) 3864-1007 .............. www.star.ind.br .......................................................................................... 99 SPL Alto-Falantes ......................... (47) 3562-0209 .............. www.splaltofalantes.com.br ....................................................................... 71 Tagima .................................................................................... www.tagima.com.br .................................................................................. 61 Taigar ............................................ (49) 3536-0209 .............. www.taigar.com.br .................................................................................... 73 TSI ........................................................................................ www.tsi.ind.br .................................................................................... 23 e 51 Visom Digital ................................ (21) 3323-3300 .............. www.visomdigital.com.br ............................................................................ 57
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