Edição 244 - Março 2015

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Sumário Ano. 21 - março / 2015 - Nº 244

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Agradando a gregos e goianos

O Festival Canto da Primavera foi realizado em tempo recorde em três locais e levou diversidade musical para o público do Estado de Goiás. Além de artisas consagrados, o evento abriu espaço para novas bandas. Na sonorização, a Pazini usou equipamentos EAW.

NESTA EDIÇÃO

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Em vinte edições, o Planeta Atlântida conquistou gerações e viu uma série de transformações tecnológicas e musicais acontecerem. Em 2015, o festival ganhou inovações tecnológicas e novas empresas aderiram ao projeto. Uma das grandes novidades para o mercado foi a fusão das empresas Veritas e Impacto Vento Norte e a entrada da Harman no festival, dando suporte tanto no som quanto na iluminação.

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Vitrine O novo fone da Koss possui tons subsônicos capazes de adicionar mais definição e clareza na mix, e os novos sistemas Neo 12244 possuem versatilidade e potência.

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28 Gigplace Nesta edição, desbravamos o mundo da pré-produção de shows com Tiago Santos.

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Rápidas e Rasteiras A Mackie e a Audinate lançam a expansão do cartão DL Dante Expansion do mixer DL32R e a Rode ganha nova distribuidora no Brasil.

24 Gustavo Victorino Confira as notícias mais quentes dos bastidores do mercado.

26 Play Rec João Senise lança segundo CD com participações especiais e homenagem a Ivan Lins. O violinista Emmanuele Baldini e a pianista Karin Fernandes lançam sonatas para violino e piano de Leopoldo Miguez e Glauco Velasquez.

Mix Loud Para finalizar a série sobre mix bus, aprenda a aplicar corretamente a compressão e minimizar a “guerra de loudness” na sua masterização.

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A arte da masterização Em entrevista à Backstage, o produtor Sergio Lima Nascimentos, ou simplesmente Sergião, fala sobre a masterização nos dias de hoje e sobre uma técnica de recuperação de discos danificados que desenvolveu.

96 Vida de Artista Quarenta anos depois, Flávio Venturini, Sá & Guarabyra e 14 Bis se reunem novamente e reeditam os votos de amizade e energia musical.


Expediente

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High-Lights do Foo Fighters

A apresentação da banda americana em solo brasileiro foi marcada pelo show que compõe a turnê Sonic Highways Tour, um passeio pelos 20 anos da banda. Em conversa com a Backstage, o Lighting Designer do grupo contou como desenvolveu a concepção da iluminação.

CADERNO TECNOLOGIA 54 Tecnologia

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A Winter Namm mostrou uma nova tendência entre os fabricantes de teclados e sintetizadores. Os softsynths passaram a disputar mercado com os sintetizadores digitais.

62 Ableton

Logic Pro

66 Pro Tools

Após um ano sem alterações, o Logic Pro X apresenta uma atualização adicionando grande número de novas funcionalidades para produtores e para quem trabalha com música eletrônica.

Seja você DJ ou músico performático, veja como não depender de configurações “alienígenas” ao usar os plug-ins do Ableton Live Suite.

O anúncio da Avid para o novo Pro Tools, versão 12, vem causando algumas expectativas que são desvendadas aqui em primeira mão.

CADERNO ILUMINAÇÃO 86 Vitrine O novo Rogue RH1 Hybrid combina o melhor dos beams e dos spots. Já o moving Hot Beam, da Star, possui diferencial nos seus prismas.

88 Arctic Monkeys Em dois shows que fez no Brasil, a banda usou equipamentos Robe e utilizou conceito que privilegia a iluminação frontal.

Diretor Nelson Cardoso nelson@backstage.com.br Gerente administrativa Stella Walliter stella@backstage.com.br Financeiro adm@backstage.com.br Coordenadora de redação Danielli Marinho redacao@backstage.com.br Revisão Heloisa Brum Tradução Fernando Castro Reportagem: Luiz Alexandre Coelho e Miguel Sá Colunistas Cezar Galhart, Cristiano Moura, Gustavo Victorino, Jorge Pescara, Lika Meinberg, Luciano Freitas, Luiz Carlos Sá, Marcello Dalla, Ricardo Mendes e Vera Medina Edição de Arte / Diagramação Leandro J. Nazário arte@backstage.com.br Projeto Gráfico / Capa Leandro J. Nazário Foto: Cleiton Thiele / Divulgação Publicidade / Anúncios PABX: (21) 3627-7945 arte@backstage.com.br Webdesigner / Multimídia Leonardo C. Costa multimidia@backstage.com.br Assinaturas Maristella Alves PABX: (21) 3627-7945 assinaturas@backstage.com.br Coordenador de Circulação Ernani Matos ernani@backstage.com.br Assistente de Circulação Adilson Santiago Crítica broncalivre@backstage.com.br Backstage é uma publicação da editora H.Sheldon Serviços de Marketing Ltda. Rua Iriquitiá, 392 - Taquara - Jacarepaguá Rio de Janeiro -RJ - CEP: 22730-150 Tel./fax:(21) 3627-7945 / 2440-4549 CNPJ. 29.418.852/0001-85 Distribuída pela DINAP Ltda. Distribuidora Nacional de Publicações, Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1678 Cep. 06045-390 - São Paulo - SP Tel.: (11) 3789-1628 CNPJ. 03.555.225/0001-00 Os artigos e matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. É permitida a reprodução desde que seja citada a fonte e que nos seja enviada cópia do material. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios veiculados.


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CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br

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Credibilidade!

ainda é o principal atributo de uma informação, marca ou produto

E

m setembro do ano passado, a SECOM (Secretária de Comunicação da Presidência da República) encomendou um estudo sobre a credibilidade dos vários meios de comunicação. Em primeiro lugar, como o de maior credibilidade, ficou o jornal, seguido de muito perto pelas revistas. Em último (sem nenhuma credibilidade) ficaram as redes sociais. A maior prova do uso indiscriminado das mentiras e de notícias falsas divulgadas pela rede foi nas últimas eleições (principalmente pelas equipes dos candidatos à presidência da república). O bate-boca tornou-se tão intenso e virulento que causou danos às imagens dos candidatos e até arranhou a nossa percepção de unidade federativa (preconceito aos nordestinos e a volta do sentimento separatista). Isto mostra que apesar do enorme alcance imediato das mídias digitais (internet), as noticias que circulam carecem dos mínimos cuidados de verificação da veracidade e de responsabilidade cívica. Normalmente são noticias publicadas por franco-atiradores que usam o espaço para colocar as suas ideias, opiniões e as suas vaidades. As “selfies” que inundam o Facebook são a prova da necessidade humana de aparecer e colocar toda a sua vida ao conhecimento alheio, não importando os prejuízos que isso possa causar na sua vida privada. Num universo em que todos são famosos, ninguém consegue ser relevante e diferenciado. E é neste caldeirão digital - aonde as informações e desinformações circulam ao bel prazer de todos -, que as empresas passaram a dar mais atenção aos comentários que maculam a sua imagem perante a sociedade e seus consumidores, do que usar a rede para comunicar os seus valores aos consumidores. Caro leitor, se o meio também é a mensagem, a credibilidade do conteúdo é abalizada por quem o produz. E a mídia impressa ainda é imbatível. A informação impressa é eterna e nunca poderá ser mudada, só questionada. Boa leitura. Nelson Cardoso

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http://equipo.com.br Esse fone da Koss possui tons subsônicos e supersônicos que podem adicionar mais definição e clareza para a mix. Almofadas de espuma aberta proporcionam excelente som, mais conforto e boa circulação de ar, além dos copos giratórios que oferecem máximo conforto ao usar. O UR 55 está equipado com imã de neodymium para extensa resposta de frequência. Este fone é ideal para aplicações que exijam isolamento e precisão. Entre as características técnicas se destacam resposta de frequência de 18Hz-22kHz, impedância de 36 Ohms, sensibilidade de 100dB SPL e cabo de 1,2 metros

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KOSS UR 55

COAX 1240 www.oversound.com.br Produzido a partir da Linha Steel (Carcaça em Chapa de Aço) e do driver 2540 com domo de puro titânio, o COAX 1240 é um transdutor compacto com alto desempenho capaz de reproduzir toda faixa de frequência audível. Indicado para sistemas compactos, como gabinetes de pequena cubagem, são ideais para caixas de propaganda volante, monitores de palco e sonorização de ambientes em geral.

NEO12244 A E NEO12244 www.taigar.com.br Sistema compacto versátil e potente, os modelos line array Neo12244A e Neo12244 - uma ativa, outra passiva como slave, têm a seguinte configuração: um transdutor de 12" mais 2 drivers de poliamida B&C, Sensibilidade SPL Peark 145dB, potência do par 1400WRMS. O Neo12244A pesa 37.7kg, dimensões 360x600x425mm; e o Neo 12244 pesa 26.6kg, dimensões 360x600x290mm.


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www.mogami.com.br Cabo MOGAMI 2932 com revestimento de borracha, superflexível, mesmo em temperaturas abaixo de -2°C, os números de canais são impressos na capa para garantir a identificação correta. Os Mogami multipares são projetados para o mais alto nível de desempenho de áudio. As características elétricas e mecânicas são excelentes, permanecendo compactos e superflexíveis de usar. Os pares são trançados individualmente e blindados e estão disponíveis em 2 a 48 canais. Proporciona excelente característica de isolamento elétrico podendo não derreter durante a soldagem. Há uma razão pela qual Mogami é chamado de “The Cable of the Pros”. Praticamente todas as facilidades de gravações são conectadas com cabo Mogami, o que significa que praticamente qualquer música que você ouve passou por Mogami em algum lugar.

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SNAKE CABLES (MULTICABOS)

ALTO-FALANTES HF109

AT2005USB www.proshows.com.br Desenvolvido para atender projetos em estúdio, o AT2005USB oferece desempenho consistente para os músicos mais exigentes. Combinando recursos profissionais e configuração simplificada, o microfone AT2005USB é usado tanto para estúdio de pequeno porte como som ao vivo. O dispositivo tem saída XLR, conexão USB para gravar diretamente com software de sua preferência e ainda uma saída de fone de ouvido com controle de volume, que permite fazer a monitoração de voz e áudio para ser reproduzido no computador. Entre as características se destacam: padrão polar cardióide e resposta de frequência 50-15.000 Hz.

www.amercobrasil.com.br Para melhor atender a demanda por drivers, a fábrica italiana FaitalPRO desenvolveu o HF109, uma das mais novas adições ao catálogo de alto-falantes premium da linha Professional Audio. Este driver de compressão foi concebido para conferir o melhor resultado nas médias e altas frequências, tanto para áreas próximas quanto para as mais afastadas. As respostas de frequência do HF109 resultam em um som suave em diferentes potências e o equipamento ainda possui um throat diameter de 25.4 mm (1 polegada), diafragma em Ketone Polymer, AES Power superior a 0.65 kHz – 60W e Sensibilidade (1W/1m) de 108 dB.

HEADPHONE LCPRO-500 www.lyco.com.br O LCPRO-500, da LYCO, possui junta universal permitindo que os fones de ouvido sejam dobrados para economia de espaço e fácil colocação em cases e estojos, e ainda deixa que o DJ gire os fones em qualquer direção para monitoração com um só fone. A alta potência de entrada para monitoração a altos volumes e corpo hermeticamente fechado com alta capacidade de isolação sonora o tornam ainda mais surpreendente. O LCPRO-500 vem com almofadas acolchoadas, projetadas para o máximo conforto quando usado nas orelhas ou ombro.


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foi destaque no Festival de Verão

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Espaço dos técnicos

A Quanta Live teve presença garantida no Festival de Verão de Salvador 2015. A empresa mais uma vez abriu as portas do “Espaço dos Técnicos”, dessa vez para test drive do sistema VENUE S3L-X.

Durante os três dias de Festival, os técnicos de som tiveram um espaço reservado somente para reencontrar amigos de estrada, estar em contato direto com a equipe da Avid e da Quanta Live e ainda esclarecer dúvidas e conhecer de perto as funcionalidades desse novo sistema VENUE. Com presença garantida no backstage do evento, a companhia levou ainda para os palcos mais de 10 sistemas VENUE.

EXPANSÃO DO CARTÃO PARA O MIXER DL32R A Mackie uniu forças com a Audinate para lançar a expansão do cartão DL Dante Expansion do mixer digital DL32R. Com a expansão do cartão é possível ter 32x32 canais de audio I/O, permitindo que o DL32R seja conectado a qualquer rede AV alimentada por Dante. O cartão expansível também permite uma licença para o software Dante Virtual Soundcard, permitindo gravação/ playback direto para mais de 64 canais para áudio de qualquer rede Dante para computadores PC ou Mac. Para mais informações, visite http://dl32r.mackie.com/

NOVA DISTRIBUIDORA DA RØDE MICROPHONES E EVENT ELECTRONICS NO BRASIL

NÚMEROS DO CARNAVAL 2014

No carnaval de 2014, o Ecad distribuiu R$ 14.288.429,22 para 16.327 titulares de direitos autorais e conexos das músicas executadas em bailes, clubes, coretos, casas de diversão, blocos e shows de carnaval, e também para as associações. Esse valor representa um

aumento de 22% em relação ao que foi distribuído no carnaval do ano anterior (2013). As clássicas marchinhas Mamãe eu quero, Me dá um dinheiro aí e Cabeleira do Zezé foram as três canções mais executadas durante todos os dias de folia em bailes, clubes, coretos, casas de diversão e blocos. Já nos shows de carnaval, incluindo as apresentações feitas nos trios elétricos, as músicas mais tocadas foram Lepo Lepo, Vai no Cavalim e País Tropical. A expectativa é que haja um aumento de 10% nos valores distribuídos aos titulares no Carnaval 2015.

A Oxedio acaba de anunciar que as marcas RØDE Microphones e Event Electronics serão representadas pela empresa, entrando de vez para a distribuição de áudio profissional no Brasil. Tanto os produtos da Rode quanto da Event Electronics estarão disponíveis para comercialização a partir de fevereiro. Os principais objetivos da Oxedio são trabalhar as marcas e seus produtos no maior número de pontos de venda possível em todo o Brasil, ampliar o mix de produtos comercializados até hoje por ambas as marcas no país, suprindo a demanda reprimida de fornecimento no mercado, e principalmente fazer com que não faltem produtos nos pontos de venda.


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INSTRUMENTO DE LASER O músico, produtor e DJ Johnny Glövez, destaque da cena eletrônica brasileira atual, vem fazendo apresentações que chamam atenção pelo ineditismo, tanto pela performance ao vivo com bateria quanto pelo espetáculo a laser que une som e imagem. O DJ, que já foi integrante de várias bandas e toca guitarra, baixo, piano, violão e bateria apresenta o live show Addicted to DrumZ e o projeto Lightz, onde usa um o laser harp.

FESTIVAL DO DIA DA MÚSICA Inspirado pelo festival francês Fête de la Musique, o Dia da Música, que ocorrerá pela primeira vez no Brasil em junho de 2015, está com suas inscrições abertas. Até o dia 20 de abril, bandas e músicos podem se cadastrar por meio do site www.diadamusica.com.br para participar do festival. No dia 20 de junho, os artistas se apresentarão em casas de shows espalhadas por todo país. O público poderá eleger tanto as melhores bandas, quanto os estabelecimentos com a melhor programação. O prêmio em ambos os casos será em

dinheiro. Já no dia 21, as bandas e os artistas serão selecionados por curadores e se apresentarão em palcos nas ruas e outros espaços em São Paulo e no Rio de Janeiro. Criado em 1982 pelo ministro francês Jack Lang, o Fête de la Musique, também conhecido como Dia Mundial da Música, é o maior evento musical do mundo, que ocorre anualmente no dia 21 de junho. O pré do festival pode ser acompanhado nas redes sociais: @diadamusica e facebook.com/diadamusica

POWER CLICK OFERECE TREINAMENTOS

A Power Click adotou como estratégia de marketing treinamentos e demonstrações de seus principais produtos nos seus pontos de venda. A ação conta com a participação dos seus representantes comerciais e do especialista em produtos Power Click, Alysson Rezende, e é realizada em conjunto com toda equipe de base e setor de marketing, liderado por Joel Moncorvo. Já foram realizados treinamentos nos estados da Bahia e do Espírito Santo e para 2015, além dos treinamentos, a Power Click promete investir em workshops e no Power Click Day, evento nacionalmente conhecido e já realizado em diversos estados. As lojas visitadas na Bahia foram a Brilha Som, Foxtrot, LB Áudio, Musicom, Ômega, Pink Floyd e Sete Som. No Espírito Santo, a Caneiro (Cariacica), Caneiro (Vila Velha), Carneiro (Vitória), Eletrovix, Novex, Ponto Som, Shangai e Songs. Para saber mais sobre a Power Click acesse o site www.powerclick.com.br ou curta a página no Facebook www.facebook.com/power.click1

ALLEN&HEATH NA TOUR DO LINKIN PARK

A banda californiana Of Mice & Men deu suporte ao Linkin Park na turnê europeia na arena Hunting Party com uma Allen&Heath GLD-80, tanto na house mix como no monitor. Para os en-

genheiros de PA e monitor, Dave Nutbrown e Ian ‘Squid’ Walsh, respectivamente, essa foi a primeira experiência com o console. A dupla precisava de um sistema que fosse compatível com o tamanho da arena de shows. Ambas GLD-80 tiveram inseridos cartões Dante e sinais de mic preamps foram esplitados digitalmente via Dante pelo Cat5 para a house. O ganho analógico foi definido no início da turnê com os engenheiros usando o digital trim das mesas (+/- 24dB) para fazer ajustes independentes durante os shows.


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PAINEIS DE LED EM FESTIVAL FLUTUANTE Criado pelo LD Cris Kuroda, o lightshow que embalou o festival Jam Cruise and Holy Ship contou com 72 painéis de video MVP 12 LED da Chauvet Professional. O Jam Cruise levou 3.500 passageiros para o mar durante cinco dias e teve no lineup estrelas como Umphrey’s McGee, The Word, Galactic and Karl Denson’s Tiny Universe, além dos top DJs como Knife Party, Boys Noize, Maya Jane Coles, Flume e A-Trak. A mesmas imagens de video nos paineis MVP foram usadas em dois cruzeiros, sendo que para o Jam Cruise foi adicionado o IMAG.

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IRA! EM VINIL DE 180 GRAMAS Com mais de 30 anos de carreira, o Ira! pode ser considerado peça chave para entender a história do rock nacional. E para entender o começo dessa história a Polysom lança, pela coleção “Clássicos em Vinil”, os três primeiros LP’s da banda. O primeiro deles, Mudança de Comportamento (1985), trazia sucessos como a faixatítulo, Tolices, Longe de Tudo, Núcleo Base, entre outros. No ano seguinte, eles lançavam Vivendo e Aprendendo, disco responsável pelo reconheci-

mento nacional do grupo, com faixas como Flores em Você, Envelheço na Cidade e Pobre Paulista. O terceiro que será relançado pela Polysom é Psicoacústica, que, assim como o original, vem com óculos 3D para visualizar a capa. O álbum de 1988 era composto por oito faixas, entre elas Rubro Zorro, Advogado do Diabo e Pegue Essa Arma. Os LP’s, que chegam às lojas ainda esse mês, serão relançados num formato muito especial: em vinil de 180 gramas.

PROGRAMA ESPECIAL PARA REVENDEDORES Este ano, a Musikmesse será muito mais atrativa para os revendedores de instrumentos musicais (ou retailers). Graças ao programa Musikmesse Insider, que oferece uma gama de benefícios para os compradores, a fim de tornar a ida desses visitantes à feira de Frankfurt muito mais proveitosa e eficiente. O programa é direcionado a revendedores de todos os segmentos do setor de instrumentos musicais com mais de 10 empregados.

TITAN ONE Lançamento mundial e novidade no Brasil, o TITAN ONE, da Avolites, é o software Titan disponível em uma versão para aprendizado dos usuários. Com ele é possível usufruir de todos os recursos do software completo, sem restrições e sem limite de tempo, com 1 universo DMX. Basta instalar o simulador em um computador com sistema Windows e o usuário poderá executar qualquer tipo de programação, ao vivo.


Da esquerda para direita: Team Captain Petr Pala, Karolina Pliskova, Denisa Allertova, Tereza Smitkova, Josef Valchar and Lucie Hradecka.

O tênis agora conta com um apoiador de peso. A Robe passa a patrocinar o campeonato internacional de equipe de tênis feminino em 2015, o Czech Fed Cup Tennis Team. A empresa é uma das cinco principais patrocinadoras do time da República Tcheca, que está entre os melhores do mundo no ranking.

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Foto: Ceska Sportovni / Divulgação

ROBE APOIA TÊNIS FEMININO


GUSTAVO VICTORINO | www.backstage.com.br 24

DIREITOS

GRAMMY As trapalhadas e a incompetência de Brasília parecem ter jogado no lixo mais de uma década da economia brasileira. Associada à corrupção e à triste negativa em tentar revertê-la, mas apenas e tão somente justificá-la, a ideologia dominante arrasou a economia do nosso país e jogou uma escuridão sobre o nosso futuro de curto prazo. Já a médio e longo prazos essa gente deve se mandar daqui com os bolsos recheados de dinheiro sujo. E pregando moral de cuecas.

Meu fascínio pela música americana definitivamente ficou no passado. A cada edição do maior prêmio da música dos EUA, aumenta a minha decepção com o que vejo, e principalmente com o que ouço. Inacreditável é ver rádio brasileiras tocando dois terços de sua programação com o lixo que eles produzem. Lixo por lixo, toquem o nosso.

RODRIGO LIMA Lançando um trabalho solo de encher os olhos, ou seriam ouvidos, o guitarrista da mega cantora Ithamara Koorax justifica o apadrinhamento da maior voz feminina do país. Associar talento e sensibilidade não é algo natural. Encontrar talentos que se perdem pela inadequação do produto final, ou sensibilidade exacerbada por um minimalismo desfigurante é mais comum do que se imagina. Rodrigo Lima dribla isso e reúne talento e sensibilidade de forma rara fazendo com que a sua música instrumental soe como um teorema de prazer para quem escuta suas texturas e deliciosas nuances. O disco Saga é produto da Jazz Station Records, (leia-se produção do craque Arnaldo de Souteiro) e traz música obrigatória para quem, como eu, concorda que o Brasil tem a melhor música do mundo... Só precisa descobrir.

Alguns artistas regionais que produzem seus próprios espetáculos andam reclamando que precisam pagar direitos para tocar as suas músicas e nunca receberam um centavo de direitos autorais. Sem fazer juízo de valor, acho que está mais do que na hora de se mexer nos critérios de cobrança e arrecadação dos direitos autorais no Brasil. Critérios nebulosos, subjetivos e desconhecidos administrados pelo ECAD funcionam como o principal combustível para as críticas ao próprio órgão. E tem gente que ainda queria entregar isso nas mãos dos políticos...

BOÇAL Tudo ia bem no show de um guitarrista (ruim...) chamado Afroman, na verdade Joseph Edgar Foreman, seu nome real, e autor da música Because I Got High, tocada nas rádios do sul dos EUA. Na plateia, e incitada por outros fãs, uma adolescente sobe ao palco para ver o rapaz apanhando da guitarra em um solo prá lá de tosco e é surpreendida pelo artista com um soco brutal que a levou a nocaute. A cena inacreditável aconteceu na cidade de Biloxi, no Mississippi, e o sujeito foi imediatamente preso ao descer do palco. O vídeo que circula na internet é chocante.

OSCAR Enquanto o Grammy afunda na qualidade, o Oscar vai na contra-mão e apresenta a cada ano novas e interessantes canções escritas especificamente para funcionar como trilhas de personagens ou ambientações. Artistas populares aumentam o foco nesse segmento visualizando uma forma de tornar perene algumas de suas canções. A explicação é simples. Ao contrário do efêmero sucesso contemporâneo, o cinema eterniza as músicas no tempo.


GUSTAVO VICTORINO | VICTORINO@BACKSTAGE.COM.BR

VELHA A Rádio 1, do grupo londrino BBC, admitiu que excluiu a cantora Madonna da sua programação musical porque ela é velha. Aos 56 anos, a cantora não terá seu trabalho tocado pela emissora que alega a “faixa etária” de seu público como pretexto. Em comunicado, a BBC informa que a Rádio 2, pertencente ao mesmo grupo, ainda vai tocar as músicas da moça, mas sabe-se lá por quanto tempo.

produtos novos, “lacrados na caixa”, com garantia e nota fiscal. Os fabricantes e importadores avisam, alertam e fazem campanha, mas a decisão de cair no engodo é sua. Com o dólar a 3 reais e subindo, a muamba e os seus operadores estão de volta. E com a muamba voltam também a falta de garantia e peças de reposição e, claro, a falsificação. Basta abrir classificados de jornais ou fazer uma rápida busca na internet para constatar o retorno dessa sacanagem.

EXIGENTES

HISTORINHA

Algumas empresas de sonorização começam a perder a paciência com produtores e pseudo técnicos de certos artistas. As exigências muitas vezes beiram ao absurdo. Não bastassem escolher até as marcas dos produtos que querem usar no palco, agora pegaram a moda de exigir também o modelo do aparelho. Mas não para por aí. Tem produtor que ainda coloca no contrato “aparelho novo, sem riscos ou marcas de uso constante”. Salvo raras exceções, essa gente assessora a porcaria musical que hoje domina a grande mídia brasileira, ou seja, fazem música ruim para ser tocada em equipamento bom. Já vi muito contratante jogar no lixo alguns pré-contratos enviados por esses gênios.

O guitarrista subiu ao palco todo feliz por finalmente ter conseguido configurar o app (aplicativo) de processar sinal de guitarra em seu celular. Cabos e conexões em ordem, começa o show e o rapaz vibra com a praticidade conquistada. No meio do espetáculo, uma bela balada chama o solo de guitarra e o músico dá alguns passos à frente para o seu momento de glória. Tudo iria bem se entre o terceiro e o quarto compasso do solo o telefone não tocasse cortando o som da guitarra e introduzindo um constrangedor Ilariê, Ilariê, Oh, Oh, Oh, programado para o toque do aparelho celular. Esse mico foi pago em janeiro numa das melhores casas noturnas do litoral gaúcho e deixa dois recados: cuidado ao configurar aplicativos... e lugar de celular é no bolso e não em setup de palco.

FALSIFICAÇÃO Se você acredita em microfone Shure SM58 a 150 reais, guitarra Gibson USA a 2.000 reais, ou violão Takamine Japan a 650 reais, desculpe, mas você é um otário. Acredite, tem anúncios na internet com esses valores e oferecendo

DICA Contar fragmentos da história da música no cinema sempre foi um interessante exercício de resgate e um registro importante. O filme CBGB (o curioso título é composto pelas iniciais de Country, Bluegrass & Blues) retrata a história do Hilly Cristal, o curioso e fracassado empreendedor, amante da música country e que, involuntariamente, se transformou no pai do Punk Rock dos anos 70. Engraçado, irônico e debochado, o filme conta a inacreditável história do bar montado por ele em New York e que serviu de palco para o surgimento de bandas como Talking Heads, Ramones, Blondie, Dead Boys, Iggy Pop, Lou Reed, Patti Smith e Television. O filme é dirigido por Randall Miller e tem no impagável papel principal o ator Alan Rickman. Para quem gosta de música ou cinema, o filme é imperdível...

PETROBRÁS Historicamente, a Petrobrás é uma das maiores patrocinadoras de cultura no país. A crise que atinge a empresa vai chegar a dezenas de projetos culturais e eventos por todo o Brasil. E como sempre, os honestos vão pagar a conta deixada pelos pilantras que arrasaram com a maior empresa brasileira de todos os tempos.

VELHA E TRISTE CONSTATAÇÃO Na maioria dos bares dos grandes centros, os manobreiros ganham mais do que os músicos que estão no palco.

PERGUNTINHA

FRASE

Por que a indústria de teclados resiste em instalar sistemas wireless em seus equipamentos profissionais?

“O mercado está tão ruim que falta até fofoca...!!!” (De autor conhecido e assustado...)

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PLAY REC | www.backstage.com.br

DANIELLI MARINHO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR

THE BEST OF 15 YEARS, BASED ON A TRUE STORY... Hangar A banda acaba de lançar uma coletânea, incluindo quatro músicas inéditas. O álbum marca a estreia do novo vocalista Pedro Campos e o retorno do guitarrista Cristiano Wortmann. O trabalho “conta” os quinze anos de história da banda, que nasceu da amizade de um grupo de músicos fãs de heavy metal, no Rio Grande do Sul. Quinze anos depois, a amizade continua, assim como o amor pelo heavy metal, mas algumas mudanças aconteceram.

ABRE ALAS - CANÇÕES DE IVAN LINS João Senise Esse é o segundo CD de João, que faz uma homenagem ao cantor e compositor Ivan Lins. Um mergulho no repertório de Ivan, levou João a 14 composições como os sucessos Dois Córregos, Lembra de Mim e Vitoriosa, além das menos badaladas Virá e Olhos pra te Ver. A direção musical e os arranjos levam a assinatura de Gilson Peranzzetta, que foi arranjador de Ivan entre os anos de 1974 e 1985. O próprio Ivan acompanhou de perto a produção deste trabalho, participando de suas canções Ai Ai Ai e Setembro. Outros que cantam ao lado de João são Leila Pinheiro, em Madalena; Zélia Duncan, em Lembra de Mim; Dori Caymmi, em Doce Presença, e Leo Jaime, em Dinorah. No time que ataca no instrumental estão Gilson Peranzzetta, Mauro Senise, Paulo Sergio Santos, David Chew, Dirceu Leite e Quarteto Radamés Gnattalli, entre muitos outros.

DELÍRIO Karin Fernandes e Emmanuele Baldini

O Hangar tornou-se uma das bandas mais respeitadas do atual cenário brasileiro de heavy metal com quatro álbuns de estúdio e um DVD ao vivo lançados, além de shows e turnês que emocionaram fãs de todo Brasil. Além disso, Aquiles Priester, fundador do grupo, tornou-se um dos melhores e mais respeitados bateristas do mundo, hoje também membro integrante da lenda alemã Primal Fear e do grupo brasileiro Noturnall. Muito mais do que uma simples compilação, The Best Of 15 Years, Based on a True Story... é um retrato do passado, presente e do futuro do Hangar com as quatro faixas inéditas Let me Know Who I Am, The Dark Passenger, Denied e Betrayer e ainda a regravação dos clássicos To Tame a Land e Forgotten Pictures.

Duas Sonatas para piano e violino de Glauco Velasquez e a Sonata para violino e piano de Leopoldo Miguez, todas obras do final do século 19 e começo do século 20, final do período romântico e começo do período moderno na música de concerto. Assim é o CD Delírio, do duo formado pela pianista Karin Fernandes e o violinista Emmanuele Baldini, que acaba de ser lançado. A Sonata n.1 de Glauco Velasquez, com o nome de Delírio, tem poucos traços do romantismo brasileiro e muitos da música que começou a surgir na França no final do século 19. Já a Sonata n.2 tem um caráter muito mais romântico que a primeira, mas ainda assim com passagens que lembram a música francesa. A Sonata de Leopoldo Miguez não deixa dúvidas de que pertence ao romantismo brasileiro. Obra de quatro movimentos, composta dez anos após a conhecida Sonata de Cesar Franck, não deixa nada a desejar às outras obras para a formação violino e piano.


DANIELLI MARINHO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR

STRATOMAN Sergio Diab O primeiro disco solo instrumental do guitarrista e produtor carioca Sérgio Diab é daqueles que podemos chamar de easy listening, o que pode ser traduzido como música sem virtuosismos, feita pensando em agradar e dar prazer ao ouvinte. Stratoman retoma a guitarra elétrica como a voz do pop instrumental, na tradição de Les Paul, Chet Atkins, Carlos Santana e Pepeu Gomes. Um álbum simples e sofisticado, viajante e internacional, ancorado em ritmos e sentimentos brasileiros. Além do som macio que Diab tira da sua Fender Stratocaster, o segredo do prazer da audição do disco está no repertório. Todas as faixas do CD são narrativas musicais completas, não apenas meros temas que servem como introdução para solos intermináveis. Acompanham Sérgio nessa jornada musical Bruno Wanderley (bateria) e Wlad Pinto (baixo), além de contar com participações especiais de alguns dos melhores instrumentistas do país como Marcos Suzano (percussão), Rick Ferreira (guitarra e pedal steel) e Sacha Amback (tecladista e arranjador).

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Profissões do

‘backstage’ T I A G O

S A N T O S

P R É - P R O D U T O R redacao@backstage.com.br Fotos: Arquivo Pessoal / Divulgação

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T Nesta série de entrevistas, que volta a ser publicada em 2015, sairemos dos bastidores dos shows para falar com Vitor Tiago Santos, ou Tiago Santos, como é conhecido, que vai contar tudo sobre a profissão do pré-produtor.

iago, o que você fazia antes de ir trabalhar no mercado do entretenimento? Nasci em Salvador, na Bahia, e comecei a trabalhar cedo nos backstages da vida, mas antes de trabalhar no mercado do entretenimento eu apenas estudava.

interesse, uma vez ele me levou para acompanhar um dia de trabalho, não sei se ele achou que eu iria desistir vendo o quanto ele trabalhava, mas o fato é que naquele dia eu tive certeza do que eu queria para minha vida.

Como você entrou no mercado de entretenimento e como foram as suas primeiras experiências com shows e eventos? Meu tio já trabalhava no segmento de shows como roadie e eu achava fascinante o trabalho dele. Um dia disse a ele que eu queria fazer o mesmo. Ciente do meu

Qual o caminho que você trilhou até chegar ao posto de pré-produtor? Esse foi um longo caminho e cheio de muitas “experiências”. Comecei em 1999 trabalhando como roadie em uma banda de pagode de Salvador chamada Garotos & Cia. Fiquei lá durante um ano e alguns meses, aí em 2000 fui chamado para trabalhar nos ensaios da turnê Beat Beleza da Ivete Sangalo. Minha função era meio que um faz tudo, comprava lanche para a equipe, ajudava a pegar alguns cases etc. Durante os ensaios eu percebi que o cenário novo era enorme e só tinha um cara montando. Vendo isso como uma oportunidade, eu colei nessa função de montar o cenário. Quando a turnê finalmente estava pronta para ir para a estrada só quem sabia montar éramos eu e o Carlinhos, o outro cara. Foi aí que entrei na equipe. Eu já conhecia todos e fui muito bem recebido. Meu tio, o cara que me inspirou a trabalhar com isso, fazia parte da equipe e isso


Andre Carvalho e Tiago Santos

me ajudou demais, eu montava o cenário e procurava aprender um pouco da função de todos, e me tornei um “curinga”. Se alguém não pudesse viajar eu cobria, se tivesse de dividir a equipe por conta de logística eu cobria qualquer um dos três roadies, e isso me ajudou também a chegar à produção. Mas foi realizando um trabalho na gravação do DVD de outra banda que pude mostrar outras qualidades. Mesmo estando lá para montar os painéis de LED, no primeiro show da turnê dessa banda eu fui chamado para trabalhar, e conversando com um dos responsáveis do projeto, o Fábio Almeida, falei da minha vontade de me tornar produtor. Alguns anos depois, Fabio passou a ser empresário da artista com quem trabalho atualmente, e ele lembrou da nossa conversa e do meu objetivo. Um dia ele me deu a oportunidade de mostrar meu trabalho na produção na função de pré-produtor, viajando como “Advanced” (Avançado) da equipe. Descreva quais as atribuições do pré-produtor. Como o nome já indica, nós iniciamos todo o processo de produção

Equipe

do evento, verificamos tudo que é necessário para que o show ou o evento aconteça como planejado. Dependendo do segmento, e de que lado você está no contexto, você tem atribuições diferentes. No meu caso, eu passo para o préprodutor do contratante tudo o que eu preciso para realizar o show, e isso inclui: hospedagem, transporte, equipamentos de som e luz, especificações de palco e camarins, geradores, seguranças e toda a logística. Após receber os nomes das empresas e contato dos fornecedores contratados pela produção local, eu entro em contato com todos e confiro se todos os itens das nossas necessidades estão sendo cumpridos. Para isso solicitamos às empresas de luz e

Existem cursos para essa função e eles fazem diferença do dia a dia de trabalho? Existem vários cursos de produção disponíveis no mercado e fiz alguns. Mas não nego que muito do que aprendi foi mesmo na estrada, observando e trocando ideias com outros profissionais. Tive minha origem na parte técnica e isso somou muito para mim, entendo perfeitamente a importância do equipamento certo, da logística correta e da importância de cada um na equipe. Acho importante realizar os cursos e se manter atualizado, mas isso tem que estar agregado à prática e ao

Tiago Santos

com confirmações documentadas via email. O fato é que se você realizar uma boa pré-produção você terá um evento ou show sob controle, minimizando problemas ou até zerando a possibilidade dos mesmos. É imprescindível ter em mãos um check list, (lista de tarefas a serem checadas*), assim você não correrá o risco de esquecer nenhum item importante na execução do seu trabalho.

Mas não nego que muito do que aprendi foi mesmo na estrada, observando e trocando ideias com outros profissionais som um contra-rider (documento que lista o material que será disponibilizado pelo contratado para cumprir nosso rider), assim podemos verificar tecnicamente se o que está sendo solicitado será cumprido; no caso de hospedagem e outros itens, resolvemos

conhecimento de todas as áreas que envolvem a realização do evento. Os cursos que fiz agregaram uma bagagem maior no meu trabalho, mas com certeza, temos que estar sempre aprendendo, nos reciclando e buscando aprender com quem está aí há mais tempo.

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Basicamente, ou eu estou no escritório da banda, buscando essas antecipações, ou estou na estrada fazendo o avançado, verificando tudo que foi previamente acertado. Chego na cidade e sigo meu check list começando no hotel, verificando todas as reservas da equipe.

Reunião pre show Rock in Rio Lisboa 2012 - Equipe Ivete Sangalo

Como é um dia típico de um pré-produtor, como é a rotina de trabalho deste profissional? O dia de uma pessoa que trabalha com produção é quase 100% ligado às produções que ele está envolvido. Sempre. Então não existe dia de folga de verdade, seu telefone não tem hora para tocar, temos que estar sempre quatro passos à frente das necessidades dos eventos que ainda irão acontecer, e isso não é fácil, pois dependemos também do produtor local para adiantar as contratações. Basicamente, ou eu estou no escritório da banda, buscando essas antecipações, ou estou na estrada fazendo o avançado, verificando tudo que foi previamente acertado. Chego na cidade e sigo meu check list começando no hotel, verificando todas as reservas da equipe. Depois verifico o transporte, roteiro, motoristas e os carros. Em seguida, vou para o palco, verifico dimensões, segurança estrutural e aterramento, camarins, capacidade e quantidade de geradores, verifico o rider técnico novamente com as empresas de som e luz e confiro a montagem do mapa de luz. Recolho cópias das documentações de autorização para a realização do evento etc. Todos os itens tratados anteriormente na pré-produção realizada no escritório é verificada pessoalmente no trabalho do “Avançado”.

Tobe Lombelo, que foi entrevistado nesta coluna recentemente, disse que “um dos maiores problemas para colocar um show da estrada é que o contratante não faz ideia daquilo que compra”. Por isso, quando chega o dia do show o contratante não está preparado para cumprir o acordado em contrato. Como o pré-produtor lida com isso? De fato, isso é bem comum acontecer. Quase 100% das vezes escuto do produtor local, ou do contratante, as perguntas: “Precisa disso mesmo?”, “Não pode ser esse equipamento?”, entre outras diversas frases que mostram que eles não sabem o que compraram. Um dos grandes problemas é que muitas vezes o rider não é lido, e a produção local contrata “parceiros” que não têm o equipamento adequado ou experiência para cumprir as necessidades. Aliado a isso tem o fato de que muitas vezes esse produtor local não tem a capacidade técnica de entender o que está sendo solicitado no rider. Por isso, é tão importante a pré-produção, pois é nossa função nos certificarmos que o contratante leu o rider, se ele acompanha e verifica com antecedência as contratações realizadas para cumprir o mesmo. É também função da pré-produção detectar furos nesse processo com tempo hábil para resolver essas pendências e não haver surpresas no dia do evento.


Quais os maiores problemas / imprevistos que você já passou e o que fez para resolver? O maior problema que tive até hoje foi quando cheguei em uma cidade do norte do país, na véspera do evento e, ao visitar o local do show, encontrei uma área enorme sem nenhum fechamento, sem palco, sem nada, apenas ferragens e absolutamente mais nada. Meu primeiro pensamento foi que ali não haveria show e que o evento teria que ser cancelado, mas o primeiro pensamento deve ser questionado sempre. Esse é o tipo de situação em que você tem que ter tato para resolver, pois não é simples cancelar um show, mesmo sendo por falha do seu contratante, afinal é o nome do artista que você está representando que vai ser destacado nas notícias, e ainda

assim você tem que fazer cumprir as necessidades técnicas para viabilizar o evento. Eu permaneci na cidade (normalmente o pré-produtor fica na cidade somente no dia que antecede ao show*), e só abri o nosso caminhão e tirei a equipe técnica do hotel, quando o palco estava montado. Foram situações como essa que a experiência que tive adquirida nos anos trabalhando na Técnica que me ajudaram a ter certeza da possibilidade de realizar o show e do tempo que eu iria necessitar para executar cada passo do processo. Por isso, é importante conhecer o passo a passo da montagem, conhecer tudo, desde a montagem do palco até a hora que sua equipe fecha o caminhão e parte para o próximo show. O evento citado aconteceu, e tudo deu certo.

Quando começamos no mercado de entretenimento sempre temos pessoas que abrem portas, sejam elas do conhecimento ou de oportunidades de trabalho. Quais foram essas pessoas em sua carreira? Como já citei em outra ocasião na entrevista, meu tio, André Carvalho foi quem me inspirou a querer seguir essa profissão, foi o cara que me deu a oportunidade, foi o cara que me ensinou o que era um cabo P10, um XLR e muitas outras coisas. O convite para entrar na primeira equipe técnica veio através de Cynthia Sangalo. O aprendizado na estrada veio com meus amigos da equipe técnica, em especial de um cara chamado Marquinhos, de quem recebi muitos conselhos e muito apoio para me tornar produtor, do Junior Luzbel e do Lazaro e aí tive o grande convite de

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Reunião

Infelizmente, aqui na Bahia a classe ainda está engatinhando no que diz respeito à organização. Estamos tentando criar a APAB (Associação dos Produtores Artísticos da Bahia), que foi idealizada pelo produtor Fred Rehem.

um cara que serve de exemplo para qualquer um que queira crescer profissionalmente, o nome dessa pessoa é Fábio Almeida. Foi ele quem me deu a oportunidade de exercer a função de produtor de uma das maiores artistas do mundo, e isso não tem preço. Agora só tenho que me dedicar e trabalhar para me tornar melhor a cada dia. Algumas áreas do mercado do entretenimento estão sob uma nuvem negra da recessão, se bem que mesmo com a pseudo crise os shows continuam acontecendo, pois a máxima “O show tem que continuar ” permanece. Em quê a “crise” afeta o seu trabalho? Essa crise afeta em muito o meu trabalho, afinal tenho que cobrar do contratante tudo que está no meu rider, e trabalho com uma artista de nível internacional. Com isso, nosso show exige uma série de equipamentos de ponta, equipamentos modernos e que custam caro, e hoje o caro se torna uma dor de cabeça para o contratante, porém não podemos mediocrizar o show da artista em virtude de economia, por isso buscamos auxiliar nossos contratantes ao máximo para que ele consiga nos dar qualidade e encontre bons preços. E isso conseguimos hoje com os parceiros conquista-

dos ao longo dos anos, esses parceiros fazem questão de atender a nossa artista com qualidade de serviço e preço para nossos contratantes. Em tempos de crise, temos que nos unir ainda mais com os antigos parceiros. Como está a organização da classe dos produtores, vocês têm algum sindicato ou associação? Infelizmente, aqui na Bahia a classe ainda está engatinhando no que diz respeito à organização. Estamos tentando criar a APAB (Associação dos Produtores Artísticos da Bahia), que foi idealizada pelo produtor Fred Rehem. Tivemos algumas reuniões, mas infelizmente a ideia de que todo mundo tem algo mais importante para resolver em seus respectivos trabalhos vem inviabilizando a concretização desse projeto tão importante. Acredito que logo deixará de ser um projeto e se tornará realidade, mas ainda assim estamos longe do que se espera do ideal, do que se espera de uma representatividade da classe na Bahia. Qual a sua visão do mercado atual, como ele evolui desde que você começou? O mercado está horrível, profissionais surgindo sem nenhum conhecimento, nascendo junto com bandas novas, é o


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amigo do vocalista, é o primo de alguém. O fato é que são pessoas que não entendem nada do ramo e são colocados como produtores, prejudicando roadies e até empresários, o crescimento e o profissionalismo no Brasil. Sem falar na desvalorização causada por profissionais que prestam serviço por valores abaixo do ideal. Claro que são profissionais de nível baixíssimo, mas ainda assim atrapalham o crescimento e a valorização dos profissionais de verdade. É ai que entra a importância de se existirem os cursos, para auxiliar pelo menos na teoria os profissionais que estão querendo entrar de maneira responsável no mercado e aprender com a experiência daqueles que pavimentaram a estrada para que os mais novos tenham uma viagem mais suave. Nomes como Tobe, Marcos Soares, Macgyver, Camilla Rebouças, Bia Wetzel e Marisa (Rock in Rio) são produtores que já tive a oportunidade de conhecer, trabalhar e aprender muito.

Primeira coisa: se perguntem por que estão entrando nessa vida e se a resposta for... “porque gosto de estar perto dos artistas e do glamour”, vá fazer outra coisa. Na minha cabeça produtor não tira foto, produtor não é fã, ele tem que estar ali para viabilizar o show/evento, dar as ferramentas de trabalho corretas à equipe, dar o suporte e assessoria ao artista. E o pré-produtor tem uma responsabilidade maior ainda, porque é através dele que o processo tem início. Então, se iniciar errado vai terminar errado. Perdemos noites, datas especiais, não temos muitos finais de semana livres. Então se quer entrar nessa vida, entre porque ama o que irá fazer e faça com dedicação, e com certeza as consequências serão boas. Procure cursos e se tiver a oportunidade vá a eventos e shows para ver como tudo acontece, procure boas referências de produtores para se guiarem e a possibilidade de você ser um bom profissional será alta.

Sempre pensamos em crescer profissionalmente. Qual o caminho ou função que enxerga como seu caminho natural em um futuro próximo? Hoje penso mais em me aperfeiçoar na minha função mesmo. Ouvi de uma pessoa que temos que crescer, sim, mas com passos firmes, e essa firmeza vem através do conhecimento e aperfeiçoamento. Por isso, nesse momento quero ser um dos melhores no ramo, me capacitar para poder ser citado em reuniões como uma opção de produtor para trabalhar em grandes eventos no Brasil e no mundo, assim como os produtores que citei nesta entrevista e que já tive oportunidade de ver trabalhando e admirar. Quero ser tão profissional quanto eles e um dia ser exemplo e inspiração para os que estão chegando.

Quais são os seus planos para o futuro, o que planeja fazer daqui a 10 anos? Bem, meus planos são me tornar um dos melhores no que faço. Daqui a 10 anos pretendo estar em cima do palco fazendo as coisas acontecerem, ter a oportunidade de reler essa entrevista e ver o quanto eu ainda tinha que aprender e, mesmo daqui a 10 anos, continuar aprendendo e quem sabe ensinando os novos. Quando essa data chegar quero olhar pra trás e ver o tanto de amigos que fiz nessa estrada, nos palcos do mundo inteiro, ser querido, admirado e respeitado por todos, aí eu estarei realizado. *Notas da Redação

Para aqueles que estão interessados em exercer a função de pré-produtor, qual conselho ou dica que daria para os iniciantes?

Este espaço é de responsabilidade da Comunidade Gigplace. Envie críticas ou sugestões para contato@gigplace.com.br ou redacao@backstage.com.br. E visite o site: http://gigplace.com.br.


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Paredão sonoro e novos equipamentos de iluminação marcaram a edição 2015

Em vinte anos, o Planeta Atlântida conquistou gerações e viu uma série de transformações tecnológicas e musicais acontecerem. No entanto, as novidades esse ano ultrapassaram o domínio técnico, e chegaram ao terreno dos negócios. Essa edição do evento também serviu como anúncio e confirmação da fusão entre as empresas Impacto Vento Norte e Veritas, que até então havia sonorizado 18 edições do festival, e consolidou a entrada da Harman no projeto, trazendo os movings de última geração da Martin para a iluminação e o sistema JBL Vertec na sonorização.

redacao@backstage.com.br Fotos: Cleiton Thiele / Divulgação

PLANETA C

omo dizia a palavra de ordem divulgada nas redes sociais pré-Planeta Atlântida, fizesse chuva ou fizesse sol, haveria festa. Fez sol e fez chuva e a 20ª edição do festival confirmou o Planeta como um dos maiores do país. Como presente por ter comparecido em massa, além de cantar e se divertir com os diversos artistas dos mais diferentes gêneros musicais que passaram pelo palco principal, o público pôde conferir um

show à parte na iluminação, que além de apresentar um novo conceito, ganhou o reforço dos equipamentos Martin, e no som, com a potência das JBLs, que sacudiu a SABA nos dois dias de festival.

FUSÃO - UNIR ESFORÇOS PARA CRESCER Entre a fartura de novidades nessas 20 edições de Planeta Atlântida, o anúncio da fusão das empresas Impacto Vento


2015

ATLÂNTIDA Norte e Veritas está no topo da lista. As duas empresas, que começaram uma aproximação em 2012, decidiram pela fusão com o objetivo de somar esforços e atender o mercado de uma maneira mais completa e mais econômica, primando por qualidade e preço. “Dentro do atual quadro do mercado, que a cada dia exige mais por demanda tecnológica, começamos a entender que precisamos unir

esforços para que possamos ter um crescimento ordenado”, avalia Sérgio Korsakoff, proprietário da Veritas. “Então no final de 2014, eu e o Ricardo (Salomao), que é proprietário da Impacto Vento Note - que já havia adquirido a Vento Norte - , percebemos algumas necessidades nas duas empresas, por sermos empresas parecidas e atuando em diversos segmentos”, observa.

A ideia é continuar a oferecer soluções dentro do conceito full service, passando a atuar no mercado nacional, buscando preservar os clientes já existentes e buscando novos. “Talvez até resgatando clientes que talvez a Veritas tenha deixado de atender. A ideia é fazer uma retomada e, além daqueles segmentos que a gente já atende, continuarmos prestando serviço

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“ ”

A concorrência não precisa se preocupar, porque é tudo sempre com muita ética e eu sempre falo que o sol brilha para todo mundo. (Sérgio)

Renato Muñoz, Sérgio Korsakoff (Veritas), ao centro, e Ricardo Salomao (Impacto Vento Norte)

para o Planeta e para o Natal Luz de Gramado, que é o carro-chefe da Veritas. Com essa fusão Impacto/Veritas continuaremos a abastecer esse evento com tecnologia e passaremos a atender o Sul, o Sudeste e o Centro-Oeste”, anuncia Sérgio, acrescentando que, com a junção das duas empresas, foi possível aumentar o parque tecnológico, confirmando a possibilidade de atender o mercado nacional. Outro fator tecnológico que corrobora essa nova empreitada das duas empresas é a participação do grupo Harman, com a tecnologia Martin na iluminação. “O fato de a Martin, através do grupo Harman, estar aqui nos dá condições em um futuro próximo de atender alguns nichos de mercado que talvez não estivéssemos atendendo por não estarmos equipados com esse produto. Além disso, através do grupo Harman, tam-

bém teremos condição de recorrer ao sistema JBL, Vertec etc.”, ressalta Sergio. “A concorrência não precisa se preocupar, porque é tudo sempre com muita ética e eu sempre falo que o sol brilha para todos”, afirma. Amândio Costa, vendedor técnico da Harman, acredita que a fusão entre as duas empresas de locação “foi uma parceria benéfica para ambas as partes”. Para ele, o fato de a Impacto Vento Norte ser da Região Sul, da mesma forma que o grupo Harman, irá ajudar em termos de divulgação e logística da marca. “Acaba sendo muito mais fácil para nós criarmos essa parceria, pois estamos muito próximos (uma da outra). E isso, a nível de distância, nos facilita muito e faz com que a Impacto Vento Norte utilize nossos produtos”, avalia. “Obviamente, nós da Harman Brasil, queremos atingir o

Fileiras de subs no chão

Grid de iluminação com equipamentos Martin


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Victro Pelúcia fez a direção de palco do Planeta

Brasil todo, mas vamos focar principalmente na nossa matriz que é em Porto Alegre. Mas a idéia é atingir o Brasil todo”, acrescenta Costa. Para o diretor da Harman, Fabio Floriani, a Impacto Vento Norte vem se consolidando como uma grande empresa de locação no Sul do país. “Ao investir na tecnologia Harman, estamos tentando proporcionar tudo aquilo que podemos em termos de tecnologia, suporte, pós-venda. E o resultado está nos dois principais festivais do Sul do país: o Universo Alegria já foi com todo equipamento de áudio e luz Harman, JBL e Martin, e agora está sendo repetido esse sucesso aqui no Planeta Atlântida”, afirma. De acordo com Floriani, com a colaboração da Harman e a união da Impacto Vento Norte e Veritas, foi possível que o público ouvisse um som JBL pela primeira vez no festival.

tar aqui, o que funcionou muito bem”, explica Fabio Schiavon (Binho), responsável técnico pela sonorização do palco principal. “Muita gente usou (a coluna exterior). No primeiro dia, muitos só

“Nossas metas são, principalmente, consolidar a JBL como o mais importante sistema para shows e espetáculos de grande porte. Já há muito tempo o Rock in Rio vem usando a nossa tecnologia, mas em grandes festivais

Nossas metas são, principalmente, consolidar a JBL como o mais importante sistema

regionais ainda estávamos pouco disseminados, e agora com o Planeta, se consolida a JBL como grande sistema de áudio”, define.

PAREDÃO SONORO

Coluna externa separava algum elemento sonoro

Era só olhar para o palco principal para saber que algo diferente iria rolar. Mesmo para um leigo mais distraído, o paredão formado pelas 66 caixas JBL 4889, mais 30 JBL 4888, sem contar o outfill, não passava despercebido. Foram três colunas por lado, duas de L&R mais uma de subs pendurados. “Aqui no Planeta nunca havia tido essa configuração, conhecida por side by side, e ainda fizemos uma outra coluna por fora para quem quisesse separar alguma coisa, geralmente a voz. Na verdade, já vimos essa configuração feita por outras pessoas, e resolvemos experimen-

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Iluminação teve equipamentos exclusivos da Martin como o Viper

usaram a de dentro. Outros preferiram usar os dois juntos, porque queriam volume mesmo, e alguns usaram a voz no de fora com uma clareza bem boa. A diferença é enorme, eu nunca tinha usado essa configuração e não sabia se ia funcionar, mas funcionou. Acho que a novidade maior que teve no som foi essa”, avalia Binho. Segundo Fabio, a ideia desde o princípio era de ter mudanças, em virtude da 20ª edição. “Quando a Veritas e a Vento Norte me contrataram, na primeira reunião foi dito que era preciso fazer alguma coisa diferente, porque já era a 20ª edição e geralmente era sempre a mesma coisa: o L&R, o sub no chão e o outfill. Então a ideia inicial era pendurar 18 caixas e 18 subs, no máximo. No entanto, para fazermos essa configuração tivemos que


Mapa de iluminação: formato orbit do palco também dá possibilidades de explorar diversos ângulos

ter muito mais caixas. Isso significa que são 90 caixas mais o outfill”, ressalta Binho, acrescentando que, dessa vez, foi possível trabalhar com sobra no PA. Essa “sobra” permitiu que durante o J. Quest fosse medido 120dB na house mix. Para Bruno, que faz o PA da banda, a mudança foi enorme do ano anterior para essa edição. “Faço o Planeta desde os meus tempos de Pato Fu, então esse já deve ser meu 10º Planeta. Deu para sentir que agora conseguimos mixar com sobra, com headroom bastante grande. No J. Quest a gente exige bastante do sistema, ainda mais com essa nova formação, com os metais; são 12 músicos no palco”, equaciona. Para gerenciar o sistema, de acordo com Binho, foi utilizado o programa Performance Manager, da JBL, sendo possível dessa forma modular tudo e controlar todas as caixas. “Ele ‘enxerga’ todas as caixas e tudo o que está acontecendo”, comenta Binho, acrescentando que ainda foram usadas duas colunas de delay, feitas com caixas Electro-Voice. “Na verdade, não precisava muito, era só para dar uma clarea-

da lá pra trás”, completou. Para Carlos André Carvalho (Piriquito), que foi responsável por fazer toda a rede, AC e sinal, trabalhar com o Performance Manager também foi perfeito porque ajudou a “cuidar das redes e saber se o sinal estava normal”. Para ele, “a quantidade de equipamentos que também está sendo usada pela primeira vez acaba sendo um trabalho demorado, porque tem que ser feito parte por parte. Enquanto o PA era montado, por exemplo, eu já estava fazendo a parte de AC embaixo. Quando subia o PA, tudo já estava pronto, o AC já estava pronto e as redes ligadas, e aí era só checar”, explicou. Os técnicos Chileno e Batata, PA do Raça Negra e SPC, respectivamente, também tiveram experiências bem agradáveis e diferentes. As duas bandas de samba subiram juntas no primeiro dia de festival e os engenheiros tiveram que coordenar as mixagens. “Aqui são duas bandas distintas e dois técnicos, cada qual com a sua ‘cara’ na mixagem. Uma banda vem com a harmonia muito grande, por exemplo. O Raça Negra já é uma banda mais raiz

Quando subia o PA, tudo já estava pronto, o AC já estava pronto e as redes ligadas...

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 42

em relação ao pagode e temos que tentar chegar os dois no mesmo nível. É bem legal, apesar de ser um desafio muito grande”, garante Chileno. “Trabalhamos com 96 canais. O Batata tem os canais dele e eu tenho os meus. Tem horas que as duas bandas tocam juntas, percussão do SPC, junto com o Raça Negra, metais, backing, então a gente tenta fazer um lance bem legal com relação a isso. Como eu falei, é bem interessante essa relação e essa parceria entre os dois”, completou Chileno, que mixou em uma Digico. Batata, que preferiu trabalhar com o console da Digidesign, concorda com o colega de profissão e acrescenta que, embora as duas bandas sejam de samba, cada uma tem uma característica diferente. “Por exemplo, o Raça Negra foi aquela banda que deixou o samba mais pop, mudaram a roupagem do samba. Já o Alexandre (Pires) sempre foi de fazer um trabalho mais pop, para marcar um pouco mais a frente, de ter a harmonia também bem presente”, compara. Além das Digico e Digidesign, a house mix do Planeta também contou com duas MIDAS, uma Pro6, e uma Pro2, que fazia o master. “O Planeta Atlântida 2015 está dentro do nosso projeto MIDAS Vai ao seu Show. No palco principal a console master da F.O.H era uma MIDAS Pro2, e também tinha uma MIDAS Pro6, que pertence à Impacto Vento Norte. Esta console foi usada no show da banda Comunidade Ninjitso, e quem mixou o PA foi o técnico Daniel Lima”, atesta Emerson Duarte, especialista de audio-pró na Proshows. “No palco do Pretinho foram utilizadas 02 MIDAS Pro2 no F.O.H e em todos os shows deste palco a mix foi de MIDAS Pro2”, completa.

ILUMINAÇÃO E TECNOLOGIA DE PONTA Criatividade, homogeneidade, ecletismo, além de um toque de alta tecnologia. Essas foram as características da novíssima concepção da iluminação do Planeta Atlântida. Além dos artistas que compuseram o line up, as estrelas da noite foram os novos movings da Martin, que foram usados no festival graças a uma colaboração da Harman com a Veritas e a Impacto Vento Norte. “A grande diferença desse ano em relação à parte de iluminação foi justamente o uso dos equipamentos da Martin, que são de ponta e de primeira linha no mundo inteiro. A qualidade do retorno que eles dão é absurda”, garante Rodolfo de Paula (Gastão), que fez a direção de fotografia e coordenação de iluminação do Planeta. “Aqui estamos usando os Martin Viper Spot, Viper Wash, Mac Rush, Mac QuantumWash, Martin 101 e os Atomic 3000”, acrescenta. Para criar a concepção do palco, Gastão conta que a equipe levou em conta o ecletismo do evento “procurando atender tanto alguém que está fazendo a luz para um axé quanto a luz para o rock”. E pela quantidade de equipamentos usa-


Movings e paineis no fundo do palco faziam a composição da iluminação

dos, criar e trabalhar em cima desses conceitos ficou até fácil, segundo Gastão, “porque havia vários caminhos e possibilidades”. “O que fazemos em um festival é como em uma pintura. A gente dá uma grande tela, que é o palco, damos a tinta, que é a parte dos equipamentos, dos spots e dos washes, e um excelente pincel, que é o controle de tudo, e aqui é feito pela MA. Aí o quadro sai de acordo com a capacidade artística do LD”, compara.

Iluminação foi controlada pelo sistema grandMA

Na opinião de José Luis (Kabelo), um dos Lighting Designers responsáveis pela concepção do mapa de luz, qualquer iluminador gosta de trabalhar com material de primeira para poder fazer seu desenho e entregar o melhor produto. “Fazemos uma análise prévia dos mapas, mas aqui também é mais solto, porque não dá pra ficar preso a só um mapa, todos são diferentes. Esse formato orbit do palco também dá possibilidades de explorar diversos ângulos, tanto de baixo quanto de cima. E ainda temos os movings em todos os lugares, aonde tem câmeras. E o legal dos equipamentos da Martin é que a gente não fica só com o beam. O beam dá o efeito, a grandiosidade, ele risca bem, mas ele não dá volume, então melhora com o Viper Spot, o Viper Wash, o Quantum”, avalia o LD. Dentre as características em comum dos equipamentos da Martin usados no Pla-

A grande diferença desse ano em relação à parte de iluminação foi justamente o uso dos equipamentos da Martin, que são de ponta e de primeira linha no mundo inteiro. (Gastão)

Paineis de LED ao fundo do palco

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neta, Kabelo fez questão de destacar “a quantidade de luz que sai”. Nos movings, por exemplo, era possível ver o facho desenhado em shows mesmo durante o dia. “O CPM22 hoje começou às seis horas e a gente conseguiu enxergar perfeitamente os fachos. E há a confiabilidade. Não precisamos trocar nenhum aparelho”, avalia. No caso do Viper AirFX, outra característica citada pelo vendedor técnico da Harman, Amândio Costa, é a flexibilidade. “Quanto ao Viper AirFX, essa é a primeira empresa no Brasil a usar esse modelo. Com o Viper AirFX, que é chamado híbrido, você consegue facilmente ser um Beam, ser um Spot, ser um Wash. No caso do Viper WashDX, a novidade é que ele consegue “cortar” o objeto pretendido, o que é uma novidade a nível de moving lights wash”, explana. Costa comemorou ainda o fato de a linha Quantum, que é uma novidade quase no mundo, e o Quantum Wash, um moving light leve de 750Watts de

potência, estarem sendo usados no Planeta edição 2015.

A MENINA DOS OLHOS ESTÚDIO DE PROGRAMAÇÃO 3D A exemplo dos anos anteriores, esse ano o Planeta contou com um estúdio de pré-programação 3D no

show, testa no estúdio e depois vem e faz em meia hora e corrige a posição no palco. Ou seja, lá ele faz tudo virtualmente, efeitos, cue, e aqui ele só corrige. Lá é a nossa menina dos olhos. Enquanto a banda está passando som, o iluminador também consegue passar a sua luz”, resume.

CAPA|PLANETA ATLÂNTIDA 2015| www.backstage.com.br 44

Hibridismo do Viper AirFX: Beam, Spot e Wash. Nos movings era possível ver o facho desenhado em shows mesmo durante o dia

O CPM22 hoje começou às seis horas e a gente conseguiu enxergar os fachos

backstage. “Como temos muitos moving lights no palco, não dá tempo de gravar todos em uma hora, então mandamos o showfile para as bandas. Quem já trabalha com grandMA já programa seu

Tanto na house mix quanto no estúdio de pré-programação, o sistema usado foi o grandMA, totalmente interligado. “Foram cinco grandMA, todas ligadas em rede. Então os LDs podem estar traba-


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lhando lá no estúdio e a gente trabalhando aqui na house corrigindo nossas cues e tudo fica salvo em showfile. Trabalhar em rede também é uma grande facilidade, porque ninguém precisa parar de trabalhar quando acontece um problema, mesmo durante um show. Se algum moving desligar a lâmpada, por exemplo, conseguimos religar sem precisar mexer na mesa deles. Se tiver que fazer alguma correção de patch, por exemplo, a gente corrige na nossa mesa sem interferir, tudo no mesmo show”, expõe Kabelo. Segundo Carlos Eduardo, suporte grandMA e responsável pelo BOOT de programação, para os iluminadores terem um estúdio no backstage é uma grande facilidade, tendo em vista que é impossível ver o facho de luz do moving light ao meio dia, com o sol batendo direto no palco. “Com o recurso do 3D isso, sim, é possível. Além disso, todos os iluminadores que já viajam com grandMA fizeram um partial show, e isso possibilita ao iluminador trazer pra dentro da planta do festival o seu show que foi programado com outros equipamentos e quantidades, dando assim uma característica exclusiva pra cada atração”, explica. Nesses estúdios montados no backstage, o esquema de funcionamento já começa a ser montado antes mesmo do dia dos shows. “Quando preparamos o showfile do festival já nos preocupamos com o tempo que os LDs irão ter pra programar sua luz, por isso nos antecipamos em preparar todos os presets de cor, gobo, beam, foco etc. dos aparelhos”, conta Carlos Eduardo. Dessa forma, os LDs não precisam perder tempo acertando, por exemplo, o tempo de shuther do moving light para poder gravar no seu show. A equipe do estúdio já deixa isso preparado, junto com uma programação base onde se consegue facilmente adequar a qualquer tipo de show. No Planeta Atlântida foi utilizado

McGyver: produção geral do evento

todo o sistema grandMA. No BOOT foi usado 1- grandMA 3D, 1- Console light, 1-Comand Wing (video), 1VPU light(servidor de vídeo). Já na house mix foi utilizado 1 console ultra light (master), 1 console light (iluminador) e 1 console ultra light (back up). “Gerenciando o sistema, tínhamos 2 NPU (expansor de universo DMX), 1 VPU plus (para os paineis de LED). “Aquele que por ventura não estava familiarizado com o console, teve total suporte da Equipe da MA Lighthing (Eduardo, Abilinho, Humbelino)”, conclui.

SEM ELES, O SHOW NÃO PODE CONTINUAR Dirigir, governar, gerenciar, além de estar sempre antenado em novidades e tecnologias para levar para o evento. Essas seriam, resumidamente, umas das qualidades que um produtor deve ter para fazer o show acontecer. Produtor geral do Planeta Atlântida, McGyver, que este ano completa 31 anos nessa atividade de produção, ainda continua acreditando que produzir no Brasil é um grande desafio, sim. “Se a pessoa não tiver vontade de


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Dois dedos de prosa - Samuel Rosa e o Planeta Atlântida

Sérgio (Vertias), Samuel Rosa e Fábio Floriani, à esquerda

Umas das bandas brasileiras que mais bateram ponto no palco do Planeta, o Skank está lá novamente na edição 2015 para alegria das gerações que acompanham a banda e o festival. Samuel Rosa contou à Backstage sobre o que mais marcou a banda no festival e a emoção de se apresentar mais uma vez para um público apaixonado pelas letras do grupo. Do começo ao fim, os planetários acompanharam a banda dos meninos mineiros quase como num só coro. Backstage - Samuel, o planeta chega à 20ª edição e vocês estão aqui praticamente desde o início. Teve alguma coisa que mudou ou que tenha marcado vocês? Samuel Rosa - É sempre muito marcante. Uma banda como o Skank, que vai tocar para 20 mil, 30 mil pessoas, é sempre marcante, não tem como passar impunemente. É sempre uma ocasião especial, diferente, a banda sente isso e acho que é isso que faz a gente gostar de querer sempre ver isso de novo. A gente sempre quer fazer um show melhor que o do outro ano, o Skank tem essa qualidade, tem vários defeitos, mas tem essa qualidade de não se acostumar com coisas que são muito especiais. E o festival é uma vitrine do que acontece, pelo menos nesse patamar popular de música no Brasil, o festival é uma vitrine querendo ou não,

ele respalda o que está acontecendo de mais importante. Essas bandas que estão aqui não estão à toa por aí, elas têm uma relevância e é bom saber que o Skank é um recordista (de apresentações). Fico feliz, porque essa é a seara que a gente escolheu para a nossa vida. Backstage - E vocês acabaram se perpetuando em outras gerações? Samuel Rosa - A gente nunca sabe o que é o futuro. Como hoje, a gente testou as músicas do Velocia, claro, Ela me Deixou tocou muito no rádio e o pessoal ia cantar, mas Esquecimento começou agora e o pessoal já cantou muito. Então aí você fala, “opa, mais uma beirada aí pro Skank”. É bonito essa renovação, das mães que vieram, agora são as filhas que estão vindo e tal. Meu filho já até pediu para vir ao festival.

superar as adversidades nunca vai chegar à área de produção e se realizar”, comenta. O produtor, que durante 10 anos morou na Europa, ressalta que é muito fácil viajar na Europa, onde não existem buracos e ainda compara. “Para cruzar a Alemanha, você leva 3,5 horas de carro, enquanto no Brasil para atravessar 140 km você demora 6 horas, porque as estradas são terríveis. Aqui eu me sinto em uma rotina diária de gerenciamento de crise. Então tem que ter espírito do gerenciador de crise”, resume acrescentando, no entanto, que é realizado no que faz. “Na 20ª edição, trabalhamos e primamos por tecnologia e qualidade de ponta, ou seja, os movings que estão aqui, os Vipers, da Martin, são unidades que vieram quase que em caráter exclusivo em uma quantidade e volume para poder atender qualquer planta de qualquer um dos 16 artistas que se apresentaram nesses dois dias”. Outra novidade apontada por McGyver é o sistema de in-ears, que segundo ele, é top de linha, além de uma parceria com a MIDAS. “São as mesas que estamos usando aqui, além dos microfones da linha AudioTechnica. Ou seja, poucos são os artistas que trazem seus equipamentos em turnê e alguns deles até declinam de usar os seus equipamentos quando se deparam aqui com as condições que damos para eles”, avisa. Além de consoles e microfones, McGyver alerta que é preciso verificar e checar tudo nos mínimos detalhes. “Seja na parte de energia, os sub snakes que ficam expostos dentro dos praticáveis, os sistemas sem fio. Temos aqui uma equipe que cuida só de RF (rádio-frequência), escaneando em tempo integral, para que não haja problema, para nenhum ór-


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Planeta Cases

Vinte anos de sucesso não é para qualquer evento. E como toda estrada de sucessos tem seus casos e percalços, resolvemos perguntar os fatos que mais marcaram o Planeta a quem está há mais tempo à frente de um dos maiores festivais do país: Sérgio Korsakoff Posicionamento da house mix Sempre tivemos um problema aqui. E eu sou um cara que defende isso, e já comprei muita briga com muito técnico, porque você monta um puta show para 50 mil pessoas e o cara que está aqui para assistir e não só para ouvir. Então esse problema da house durante muitos anos no Planeta Atlântida eu fui criticado. Nesses últimos dois anos, conseguimos colocar a house para o meio, conseguimos reconfigurar a situação da área vip; então na posição que a house está, central, não atrapalha a área vip e só prejudica uma pequena parcela do público, mas a área ficou mais uniforme com mais espaço. Mas no passado, cansei de colocar a house de lado. Tivemos um projeto de palco 360 graus durante

duas edições. Um palco redondo com seis faces, a área vip era uma meia lua, abraçava o palco, então eu tinha uma situação onde eu tinha uma área vip, top vip, palco e público em geral. E aquele ano foi um caos, porque foram seis sistemas de PA, era um hexágono, e em nenhum lugar se conseguia a soma do L&R. Então a house ficava em uma posição que ela tinha só uma referência. Tomei “paulada” de tudo que é lado. Mas foi um projeto que tinha visual, para o público era excelente porque tinha visibilidade de qualquer lugar, então sempre temos que achar o meio do caminho. Entre contemplar a técnica, mas não esquecer que quem paga a conta é o público e patrocinador. E também sempre tive essa preocupação de respeitar o patrocinador. A minha visão é que tem que se pensar em tudo e em todos. Essência rock, Lulu Santos e Tim Maia Quando o Planeta começou era só pop rock, tinha alguma exceção, com a Daniela Mercury em 98, mas a linha do festival era Barão, Fernanda Abreu, Paralamas, Titãs, Lulu Santos, que pra mim também é um ícone do Planeta. E quando eu vejo o Lulu subir no palco do Planeta como subiu ano passado e nos outros anos, e olhar para essa garotada que já está na quarta geração... E temos outros ícones. Tivemos a oportunidade de ter o Tim Maia aqui e ele fez o show. Era tudo analógico, não era nem line array, mas todos nós vivíamos aquela época e era o que tínhamos para aquele momento. Fez um show maravilhoso.

Gusttavo Lima

Chorão e Charlie Brown Jr Para mim, a estrela do espetáculo é o público. Eu lembro que conversava isso com o falecido Chorão, do Charlie Brown Jr. Ele sempre teve essa visão. Ela falava “cara meu show é essa p. desse público, sem ele não tem “Charlie...Brown, Charlie...Brown”... E ele inflamava, botava a galera para cima. Era um cara que conseguia até administrar situações até de pânico, de brigas, e quando ele estava ali naquele palco ele era maestro, e regia uma plateia com uma competência ímpar. Eu me lembro em um festival de rock em Brasília, anos atrás, quando o Chorão subiu no palco e ele estava mais inflamado e eu havia comprado um sistema de microfones da AKG e ele jogou para a plateia. Ai demos outro e ele jogou o outro. Aí eu falei: tá bom, vai cantar com fio agora. Ele teve que correr para cima e para baixo com o fio enrolando no pé. Me lembro também na final do Skol Rock, em 97, na pedreira Paulo Leminski, em Curitiba, o casting era Iron Maiden, Halloween, Pavilhão 9, Raimundos e Charlie Brown Jr. Era o dia de encerramento do festival, badaladíssimo, o Iron Maiden ia encerrar e chegou uma hora que o Chorão falou “eu não vou fazer, não vou subir no palco, não vou tocar para camisa preta, não vou subir no palco se não vou tomar garrafada”. E não fez. J. Quest Existem dois ícones no Planeta Atlântida: J. Quest e Charlie Brown Jr. O J Quest começou conosco em 98, em Florianópolis, e eu comentando com o Rogério Flausini, que quando o J.Quest na época subiu no palco, tocaram para a técnica, segurança e o pessoal da limpeza. E a gente estava lembrando o que são 18 anos, apesar de já terem feito 14 Planetas conosco, agora essa galera e todo mundo tocando junto. Santa Maria Ivete Sangalo está com a gente também desde a banda Eva e eu te digo que quando a gente teve a tragédia de Santa Maria, em 2013, foi em um domingo e tivemos que adiar o Planeta porque não tínhamos condições de fazer o show e a primeira artista a confirmar a participação duas semanas depois foi a Ivete. E


CPM22

duas semanas depois caia em uma sexta-feira, sendo que o carnaval na Bahia acabava na quarta. E foi a primeira artista a confirmar a participação inclusive sem ônus. Eu fiz questão l Rosa dos de suas Samue de ir no camarim depois do show dela famílias. E eu tenho um hábito e em nome de toda a equipe agradedesde 98 que é: toda a vez que toca a cer. E eu me emocionei. A homenagem música tema do Planeta no início do que foi feita aos jovens de Santa Maria festival, pego meu crucifixo de batisquando eu falo, me emociono. mo e peço a Deus para que cada um desses jovens cheguem em casa são e Amor ao que faz salvos. É o que interessa. E esse é o E o Planeta deve ser como o Festival de verdadeiro espírito do Planeta, que eu Salvador na Bahia, acabamos nos enincuti na minha cabeça e na minha equivolvendo, porque tem todo o processo pe, e estamos passando isso nessa técnico, mas também emocional, toda a transição da fusão com a Impacto. Sim, coisa de lidar com pessoas e lidar com é business, mas tem que ser com amor. profissionais que também ficam afasta-

Em 20 edições, o Festival Planeta Atlântida passou do rock ao eclético

gão público (polícia ou bombeiro) invadir o in-ear de ninguém, nem uma frequência de microfone vazando no in- ear em ne nhum outro lugar”, enumera. “Acabou a edição de 2015, nós começamos a viajar o mundo inteiro para buscar novas tecnologias. Os paineis de LED desse ano, por exemplo, são de última geração, usamos um de 4mm. Ou seja, é trazer para o público a melhor experiência possível”, avalia, garantindo que o que faz a diferença são as relações interpessoais. “Cada um nesses 20 anos foi aprendendo como fazer e o que não fazer de uma maneira mais rápida e mais eficiente, mais produtiva. Hoje, as coisas, praticamente, andam sozinhas”, festeja o produtor, que é graduado em engenharia e direito. Além do produtor, outro profissional que não para quieto em cima do palco é o diretor de palco, que no Planeta era regido por Victor Pelucia, da Audio Bis, empresa especializada em atuar em festivais e eventos corporativos. “Temos uma equipe seleta para fazer direção de palco de muitos festivais e o Planeta é um deles, quando fazemos essa parceria com o Mcgyver. Estamos aqui para fazer um bom funcionamento do festival. As viradas de palco são muito pequenas, muito apertadas. Temos mais de seis consoles no monitor, cada técnico tem a sua preferência, cada um tem a sua marca, o modelo que gosta etc., então temos que administrar tudo isso. Além de ter que administrar espaço, produção, artístico, técnica. O diretor de palco depende muito do patchman, do técnico de vias, do técnico de RF, do técnico de microfone para ter um bom desempenho. Cada um faz a sua parte na medida do possível para

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Torres de delay com caixas Electro-Voice

Há situações em um festival que só acontecem ali. São viradas, ou melhor, detalhes que fazem a diferença em uma virada. Uma virada de palco mais rápida que fizemos de bandas grandes foi de 3’59" (Pelucia)

o trabalho dentro do palco ficar coerente”, ensina. Como Victor mesmo diz, “um diretor de palco só não faz verão”, então, se não tiver uma equipe boa, o profissional acaba “morrendo na praia”. “Sem expertise do dia a dia de um festival, experiência e know how, o trabalho do diretor de palco pode ficar bem mais difícil”, enfatiza, lembrando ainda que a bagagem técnica tam-

bém tem que existir, cabendo ao profissional saber dosar as duas coisas. “Há situações em um festival que só acontecem ali. São viradas, ou melhor, detalhes que fazem a diferença em uma virada. Uma virada de palco mais rápida que fizemos de bandas grandes foi de 3’59". Ainda não conseguimos bater esse nosso recorde, mas vamos buscando a cada dia fazer diferente, acho que esse é o ponto”, frisa.

Lista de equipamentos áudio Planeta Atlântida 2015 P.A. 66- VT 4889adp-da 16- VT 4889 30- VT 4880A 42- STX 828S 12- EV XLC127DVX 01- MIDAS PRO6 01- Avid Profile e 01- Avid Mix rack 01- Digico SD8 01- MIDASPro2 01- Dolby Lake Processor LP4D12 01- Drive Rack 4800

Monitor 08- EAW MW15 12- EAW SM222 08- EAW SM400 12- EV XLC127DVX 08- EV XSUB 12- EW 300 IEM G3 14- PSM 900 02- PM5dRH 02- Avid Mix Rack 01-Soundcraft VI1 01- Digico SD9

Lista de equipamentos iluminação Planeta Atlântida 2015 Moving light/efeitos: 53 Martin Rush MH3 34 MAC Viper Air FX 24 MAC Viper Wash DX 42 Mac 101 24 MAC Quantum LED Wash 44 Atomic 3k 32 BEAM XP -5R 48 PAR LED RGBW 04 Haze Martin Magnum 2500 01 Haze MDG ATMOSPHERE Convencional: 29 MINI BRUTT 6X650 34 MINI BRUTT 2X650

48 PAR 64 05 CANHÕES SEGUIDORES DTS FARUS 1500 Controle/programação: 2 Grand MA2 light 2 Grand MA2 Ultra Light 1 Grand MA Command Wing 1 Grand MA 2 Port Node 2 Grand MA NPU (network Processing Unit) Painéis de LED: 50 m² painel 7,2mm 98 m² painel 30mm 90 m² G-LEC 60mm 100 m² painel 10mm Concepção: José Luis C. Fagundes (Kabelo)


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Todo início de ano, os aficionados e os profissionais do mercado musical voltam seus olhares para as terras do “Tio Sam” para acompanharem a NAMM (National Association of Music Merchants, ou Associação Nacional dos Comerciantes de Música), a principal feira de instrumentos musicais e equipamentos de áudio realizada nas Américas.

DE VOLTA AO PASSADO!

C

omo já se tornou praxe, muitos fabricantes aproveitam a oportunidade para apresentarem ao público seus principais lançamentos, bem como para ditarem as tendências do mercado para o ano que se inicia. Neste ano, podemos perceber o despertar de uma nova tendência entre os fabricantes de teclados e sintetizadores. Se os soft-synths (geradores virtuais de sons no formato de programa de computador) passaram a efetivamente disputar mercado com os sintetizadores digitais e com os que simulam virtualmente a síntese analógica, o caminho é focar no desenvolvimento de novos sintet izadores verdadeiramente analógicos, os quais não podem ser reproduzidos no ambiente de um computador. Entre todos os modelos apresentados, alguns naturalmente merecem o nosso destaque. Confira então as suas principais características:

Luciano Freitas é técnico de áudio da Pro Studio americana com formação em ‘full mastering’

Sequential – Prophet-6: no final do ano de 1987, a Sequential, empresa pioneira na fabricação de sintetizadores analógicos, encerrou suas atividades no mercado musical tendo seus bens e a patente da marca adquiridos pela Yamaha. Em 2014, a Yamaha, num gesto inédito de generosidade, resolveu devolver a Sequential ao seu proprietário original e fundador, Dave Smith (mentor da Dave Smith Instruments). Como tributo ao seu mais ilustre equipamento, Smith apresenta ao mercado o Prophet-6, um sintetizador polifônico que, segundo o fabricante, é muito mais que a reedição do clássico Prophet-5, é o resultado do seu esforço para reproduzir a mais impressionante sonoridade analó-


gica, sendo contemporânea sem perder a característica vintage. O Prophet-6 possui dois osciladores discretos controlados por tensão (VCO), cada qual com um suboscilador, oferecendo as formas de onda triangle, sawtooth, pulse e square. Sua seção de filtros é formada por um de passagem de baixas frequências (-24 dB. por oitava, inspirado no do Prophet-5) e um de passagem de altas frequências (-12 dB. por oitava). Já a sua seção de efeitos permite o uso simultâneo de dois processadores digitais (reverb, chorus, delay e phase shift, todos com resolução de 48 kHz/24 Bits, mantendo o fluxo de sinal analógico quando desabilitados) e de um analógico (distorção). Com 49 teclas semipesadas sensíveis ao toque (com aftertouch) e polifonia de 6 notas, o equipamento vem de fábrica configurado com 500 programas, além de oferecer memória para o armazenamento de outros 500 programados pelo usuário.

num processo totalmente artesanal, esses equipamentos oferecem 36, 22 e 14 módulos respectivamente para os modelos System 55, System 35 e System 15, módulos estes similares aos utilizados por artistas consagrados como Keith Emerson e Wendy Carlos. Dentre esses módulos, o usuário encontrará osciladores (modelo 921), filtros (modelos 904A e 904B), geradores de sinais randômicos (modelo 903A) e amplificadores (modelo 902), entre outros, os quais são conectados manual-

mente por meio de cabos externos, reproduzindo a exclusiva sonoridade que apenas esses equipamentos podem oferecer. Como opcionais, a Moog oferece também um

sequenciador analógico (Sequencer Complement B) e um teclado controlador de 61 teclas (962 duophonic keyboard), que expandem as possibilidades criativas nos sistemas. Consideradas peças de colecionador (pelo seu alto preço e pela sua produção em quantidades super limitadas), a Moog também aproveitou a NAMM para lançar uma edição especial (comemorativa dos seus 50 anos) do amado sintetizador monofônico Minimoog (Tolex Minimoog Voyager XL), o qual vem revestido em tolex preto (vinil comumente encontrado nos amplificadores de guitarra), e que também tem as conexões entre os seus módulos realizadas por meio de cabos externos (como ocorre nos sistemas modulares). Korg – ARP Odyssey: outro grande fabricante americano de sintetizadores analógicos que interrompeu seus negócios no início da década de 1980 foi a ARP. Com sua sonoridade marcante, imortalizada nas composições de artistas como Herbie Hancock, Chick Corea, Vangelis entre muitos outros, esses lendários sintetizadores tornaram-se parte integrante da história discográfica do século XX. Quarenta anos após o lançamento do Odyssey, um dos maiores sucessos de vendas da ARP, os engenheiros da Korg, assessorados e supervisionados pelo próprio

Moog Music – System 15, System 35 e System 55: com um nome que se confunde com a própria história dos sintetizadores analógicos, a Moog retorna às suas raízes oferecendo ao mercado uma edição limitada, construída sob demanda, dos seus mais nostálgicos sintetizadores modulares. Construídos

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Produzido em um gabinete com 86% do seu tamanho original (com 37 teclas), o novo ARP Odyssey conta agora com saídas balanceadas (conectores XLR), saída dedicada para fones de ouvido, além de conectores nos formatos MIDI (in) e USB

David Friend (co-fundador da ARP Instruments), conseguem recriar fielmente o circuito original do equipamento, fazendo-o nascer novamente. A fim de produzir um som analógico ainda mais poderoso do que o presente no modelo original, o novo ARP Odyssey conta com a função DRIVE, responsável por saturar musicalmente seus dois osciladores, entregando uma sonoridade mais “quente” e agressiva. Na seção de filtros, o novo ARP Odyssey é capaz de reproduzir as características distintas das três gerações do equipamento: Type I (12 dB. por oitava, para uma sonoridade aberta e cortante), Type II (24 dB. por oitava, para uma sonoridade com graves mais definidos e impactantes) e Type III (24 dB. por oitava, capaz de manter excelente estabilidade mesmo quando o controle de ressonância encontra-se em níveis extremos). Produzido em um gabinete com 86% do seu tamanho original (com 37 teclas), o novo ARP Odyssey conta agora com saídas balanceadas (conectores XLR), saída dedicada para fones de ouvido, além de conectores nos formatos MIDI (in) e USB. Roland – JD-Xi: mesmo não sendo propriamente um sintetizador analógico e sim híbrido, este equipamento oferece em uma embalagem compacta o melhor dos dois mundos: a sonoridade encorpada e “quente” dos clássicos

sintetizadores analógicos aliada à clareza e versatilidade da síntese digital. Na seção analógica (monofônica), seu oscilador oferece as formas de onda sawtooth, triangle e square, além de um sub-oscilador e um filtro LPF, enquanto seus dois osciladores digitais (com 128 notas de polifonia, baseados na tecnologia SuperNATURAL) oferecem uma ampla gama de sons de pianos elétricos, cordas, pads, efeitos sonoros, entre vários outros instrumentos musicais elétricos e eletrônicos contemporâneos. Seu sequenciador de 4 pistas (uma para cada oscilador e uma para a parte fixa de bateria) permite criar complexos padrões rítmicos em tempo real por meio do modo de gravação TR-REC (o mesmo encontrado nas baterias eletrônicas da linha TR do fabricante). Na sua seção de efeitos, além dos processadores dedicados de chorus e reverb, o usuário conta com outros dois processadores independentes com efeitos diversos (Distorção, Fuzz, Compressor, Bit Crusher, Flanger, Phaser, Anel Mod, Slicer), totalizando até 4 efeitos simultâneos. Acompanha o equipamento um microfone gooseneck, que permite ativar os efeitos de vocoder, auto pitch e auto note com o auxílio da própria voz.

Para saber online luciuspro@ig.com.br


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X

LOGIC PRO

ATUALIZANDO SEU LOGIC Vera Medina é produtora, cantora,

PARTE 1

compositora e professora de canto e produção de áudio

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E Após cerca de um ano e meio sem alterações, o Logic Pro X entra o ano de 2015 com uma atualização para a versão 10.1 adicionando um grande número de novas funcionalidades a serem utilizadas pelos produtores, principalmente para quem trabalha com música eletrônica.

sta atualização é gratuita para os usuários existentes da versão 10 e custa 199 dólares para os novos usuários, versões anteriores ou upgrades de usuários de Garage Band. Vamos verificar em seguida as principais adições ou alterações e entrar num certo nível de detalhamento:

DRUMMER Originalmente, o Drummer era focado na bateria acústica, sendo possível utilizar em alguns estilos um preset de bateria eletrônica e tentar aproveitar o beat. O

Figura 1

Figura 2

Drummer possibilita a geração de trilhas de bateria de forma simplificada, ajustando o pad XY para os elementos que o compõem: Volume e Complexidade. Agora, esta versão incorporou novos perfis de bateristas, focando nos estilos de música eletrônica (eletro house, tech house, trap e dubstep) e hip hop. Cada perfil do Drummer possui 8 blocos de presets customizáveis, permitindo que o usuário crie e grave seus próprios padrões. Uma das diferenças é que cada perfil possui seu próprio kit de bateria, os


Figura 4

Figura 3

quais são derivados de várias baterias eletrônicas, das mais clássicas até as mais modernas. (Figuras 1 e 2)

DRUM MACHINE DESIGNER O novo plug-in Drum Machine Designer oferece novos sons e funcionalidades para customizar kits de bateria eletrônica em vários estilos, possibilitando um maior controle sobre o kit de bateria. É possível alterar cada um dos instrumentos do kit, mixá-los e alterar suas tonalidades na seção de efeitos. Há ajustes para altura, extensão, filtros, distorção, presença, pan e volume. Para acessá-lo, vá para o menu Track > New Instrument Software Track > Instruments > Drum Machine Designer (Figura 3). Clique sobre o ícone Library na barra de ferramentas no canto superior esquerdo. Estão disponíveis vários presets do Drum Machine Designer, escolha o que mais está de acordo com o estilo desejado (Figura 4). Se você quiser mudar um instrumento específico do kit, clique sobre o mesmo na janela do Drum Machine Designer. No nosso exemplo (Figura 5), cliquei sobre o Shaker. Na Library é possível visualizar todos os shakers disponíveis que podem ser uti-

Figura 5

lizados no lugar do original do kit. E na janela do Drum Machine Designer é possível visualizar os parâmetros que podem ser alterados, conforme citado no início da matéria (pitch, length, distortion etc.).

NOTE REPEAT E SPOT ERASE NA CRIAÇÃO ...de patterns em tempo real Seguindo a tendência da criação de patterns de bateria com controladores, tais como Machine, ou com hardwares dedicados (Akai MPCs, por exemplo), é possível utilizar a função de Note Repeat (repetição de nota) e criar um pattern inteiro e de forma bem intuitiva. Para testar esta função, vamos utilizar um instrumento virtual, o Ultrabeat. Vá ao menu Track > New Software Instrument Track para criar uma nova trilha de instrumento virtual. Em instrumento, escolha o Ultrabeat da lista e o preset Classic Hip Hop Remix Kit. Lembre-se que ape-

nas estou utilizando este kit para teste, você pode escolher outro tipo de instrumento, ao seu gosto. Vá ao menu View > Show Toolbar e escolha Note Repeat (Figura 6). A janela que aparece possui três parâmetros que podem ser ajustados: •Rate: que indica como a nota deverá ser repetida. (Figura 7) •Velocity: que atua de 1-127 ou de acordo com o que está sendo tocado (As Played) •Gate: extensão das notas, quanto maior o percentual, maior a duração. Para nosso teste, escolha a Rate 1/4, Velocity As played e Gate em 20%.

Figura 6

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Figura 7

Utilizo estas técnicas na Maschine e outros controladores, agora podemos utilizá-las no Logic Pro X. Após gravar patterns de instrumentos, vale a pena aplicar alguma quantização para gerar um certo groove

Prepare a trilha para gravar uns 4 compassos, aperte R (Record) e pressione a tecla C1 do seu teclado. Você verá que as notas serão gravadas dentro da resolução definida. No caso, a tecla C1 tem um som de bumbo (Analog kick). Volte ao início do loop e grave agora da mesma forma, selecione rate 1/2 e localize o início da gravação para o segundo compasso. Pressione R (Record), enquanto mantém pressionada a tecla E1 do seu teclado. Nesta nota está vinculada uma caixa (Gated Snare) no Ultrabeat. Estes nomes das peças da bateria podem ser visualizados na tela do Ultrabeat. Pronto, ouça o resultado de sua gravação. Para juntar as duas partes gravadas em uma só região, clique sobre uma das regiões com o mouse direito. Ao abrir o menu escolha Bounce and Join > Join. Pronto, o loop está consolidado em uma única região. (Figura 8 e projeto Note Repeat) Temos uma outra ferramenta com a utilidade oposta. Spot Erase permite que você remova as partes enquanto está tocando a tecla. Está ao lado da função

” Figura 8

Note Repeat. Vá ao menu View > Show Toolbar e escolha Spot Erase. Se você quiser tirar alguma peça, por exemplo, enquanto toca a região, pressione a tecla desejada no teclado. Tanto o Note Repeat quanto o Spot Erase podem ser utilizados com outros instrumentos, além dos kits de bateria. Então pense nesta função para tocar acordes, retirar notas indesejadas de um grupo de acordes ou de um solo. O céu é o limite, estou me divertindo aqui com estas funções. Utilizo estas técnicas na Maschine e outros controladores, agora podemos utilizá-las no Logic Pro X. Após gravar patterns de instrumentos, vale a pena aplicar alguma quantização para gerar um certo groove.

MELLOTRON Indo além dessas novas funcionalidades mais focadas em bateria, existem novas emulações de Mellotron disponíveis neste update. O Mellotron foi um teclado popular no final dos anos 60 e início dos anos 70. Algumas bandas clássicas utilizaram o Mellotron com certa frequência, a citar Beatles, Led Zeppelin e outras bandas de rock progressivo. O Mellotron tocava pequenos arquivos de loops de áudio de fita de flautas, cordas, entre outros. Vamos primeiro ter certeza que o Mellotron já está instalado no Logic Pro X. No meu caso, não estava mesmo após a atualização, de forma que eu não conseguia encontrar o instrumento. E pelo que consta, várias pessoas tiveram esse mesmo problema logo de cara. Vá ao


Figura 9 Figura 12

menu Logic Pro X > Download Additional Content e marque o conteúdo Vintage Mellotron (Figura 9). Aproveitei para instalar também o conteúdo Cinematic que ainda não havia sido instalado. Clique sobre o ícone Library e verifique que agora você encontra na lista um novo item: Vintage Mellotron. Ele apresenta 10 instrumentos no EXS24, como pode se ver no menu ao lado (Figura 10). Clicando em Smart Controls, você acessa o painel onde dois sons podem ser combinados para criar uma único instrumento. Veja na Figura 11 uma combinação de String Section e Flute.

BIBLIOTECA EXPANDIDA As seções da biblioteca tiveram a adição de cerca de 200 novos presets, principalmente nos itens Arpeggiator e Synthesizer.

ATUALIZAÇÃO DO INSTRUMENTO VIRTUAL RETRO SYNTH No Retro Synth, instrumento virtual de síntese wavetable, é possível importar áudio através de drag and drop (arrastar e soltar) e criar novos instrumentos/sons automaticamente. Além disso, é possível utilizar até oito vozes simultaneamente. Então vamos entender como utilizar esta nova função. Abra uma nova trilha através do menu Track > New Software Instrument Track e na lista de instrumentos escolha o Retro Synth. Existem 4 opções no menu superior do Retro Synth: Analog, Sync, Table, FM. Clique sobre Table (Figura 12). Do lado esquerdo da janela, no grupo Oscillator você verá um campo em verde

Figura 13 Figura 10

Figura 11

escrito Custom Table. Procure um arquivo de áudio em sua coleção, preferencialmente no formato .wav. Para facilitar, faça uma cópia deste arquivo para sua área de trabalho e depois o arraste para o campo Custom Table. Após arrastar este arquivo, o Logic faz um trabalho interno e uma mensagem aparece confirmando que uma Wavetable foi criada (Figura 13). No meu caso, fiz drag and drop de um arquivo de áudio contendo um loop de piano Rhodes e a mensagem gerada foi: The new wavetable contains 7 waveforms (a nova wavetable contém 7 formas de onda).

PLUG-IN COMPRESSOR O plug-in nativo de compressão, o Compressor, foi totalmente redesenhado, contando com uma interface pronta para ser utilizada nos novos Macs Retina 5k. São agora sete modelos de compressores, incluindo um novo chamado Classic VCA (Voltage-controlled Amplifier), baseado nos famosos com-

Figura 14

pressores da Neve, Focusrite, API, dbx, entre outros. Cada um dos modelos possui uma interface diferente e bem mais moderna do que o padrão anterior, incluindo também um histograma (Figura 14). Como temos muitas novas funcionalidades neste update do Logic Pro X, vamos abordar as principais nesta e na próxima matéria. Acho que a maioria das funções vai ajudar muito no dia a dia do seu estúdio ou home studio. Os compressores são muito úteis, uma vez que há configurações clássicas a serem utilizadas. Um grande abraço a todos e até o próximo mês!

Para saber online vera.medina@uol.com.br www.veramedina.com.br

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ABLETON LIVE PLUG-INS NATIVOS I INSTRUMENTS Lika Meinberg é produtor, orquestrador, arranjador, compositor, sound designer, pianista/tecladista. Estudou direção de Orquestra, música para cinema e sound design na Berklee

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College of Music em Boston.

E Para DJs e músicos performáticos, é muito comum a participação em Jams para mostrarem sua arte sem estar com seus equipamentos dedicados em mãos. Por isso, a não dependência de configurações, digamos “alienígenas”, é muito recomendada.

xistem no mercado Plug-ins (linha VSTI, por exemplo) que são maravilhosos, lindos de serem vistos, cheios de cores, mas também são notórios “memory eatings” (comedores de memória ram). É bom lembrar que nem sempre contamos com super máquinas (laptops) para fazermos nossas performances. Ainda mais que hoje em dia uma máquina top de linha custa muito caro. Claro, a

01 - Browser

02 - Analog

Ableton entendeu essa situação anos atrás e otimizou o Ableton Live para rodar da maneira mais leve possível nesses equipamentos intermediários. Por isso o Ableton Live Suite tem literalmente tudo que precisamos para expressarmos nossas ideias musicais sem a necessidade de instalarmos nenhum “extra” em nosso setup de performance. Podemos simplesmente usar plug-ins e libraries nativos do Ableton Live!!! Vou tentar passar uma ideia honesta do que são os plug-ins que acompanham o Ableton Live Suite. Incialize o Ableton Live, no lado esquerdo da interface abra o browser (clique no triângulo cinza, caso não esteja aberto, como mostra o círculo e seta verde limão) > Categories >


Instruments > Analog (como mostra a imagem - check mark – laranja) e arraste (ou dê duplo clique), como indica a seta cor rosa, para algum MIDI Track. * Se o diretório Analog estiver expandido, por favor, feche clicando no pequeno ícone triangular do lado esquerdo do mesmo para fechá-lo. Muito bem, já temos o nosso plug-in “Analog”, o primeiro da lista. Mas espere. Não se deixe enganar pela facciata brutta da coisa. Repare no canto direito superior do plug-in (indicado pela seta vermelha), que isso é um AAS da renomada empresa canadense Applied Acoustics Systems. Uma versão otimizada do conhecido plugin Ultra Analog VA. Eu evidenciei alguns parâmetros para

suas fontes de som puramente analógicas, totalizando então três osciladores analógicos. Existem dois VCFs (Voltage Controller Filters) destacados em rosa na imagem anterior. Você pode ainda escolher entre di-

05 - VCF Bands

versas bandas de frequência (em destaque, acima). O Analog tem dois modernos ADSR Envelopes (Attack , Decay, Sustain, Release com loop) em destaque laranja no canto direito. General Control (Outputs) no tradici03 - Forma de Onda

destacar algumas propriedades. Esse plug-in tem dois osciladores com quatro formas de onda (indicado em azul), e mais um oscilador noise (destacado pelo círculo verde na imagem principal acima), completando assim

06 - ADSRs

onal formato dos primeiros sintetizadores analógicos: Moog e Arp. Aqui você controla Output Volume, Polifonia ou Uníssono,Vibrato – Guide/Legato. Evidentemente se você desdobrar a raiz desse diretório (clicando naquele triângulo ao lado do nome Analog) vai encontrar uma série de presets (sons prontos) competentíssimos!

COLLISION

04 - VCF

07 - LFOs

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Esse plug-in também foi desenvolvido em colaboração com a Applied Acoustics Systems - AAS. Sua principal característica é a de um instrumento de percussão (ou colisão) com vários instrumentos como marimbas, xilofones, balafones, vibes, tambores.

08 - outputs

Esse plug-in também foi desenvolvido em colaboração com a Applied Acoustics Systems - AAS. Sua principal característica é a de um

de). Tem 2 LFOs com várias formas de onda (em verde) e vasta configuração de endereçamentos e destinações das modulações. Extremamente configurável! Um

09 - Collision

instrumento de percussão (ou colisão) com vários instrumentos como marimbas, xilofones, balafones, vibes, tambores. Ou seja, um sintetizador de sons percussivos. O Collision usa a tecnologia Physical Modeling Synthesis para modificar os sons em tempo real. Permite inventar seus próprios sons de percussão e o limite é a sua própria criatividade. O Collision tem dois osciladores (um para ruídos – círculo lilás), dois ressonadores (seta laranja) e vários modelos de transientes (como mostra a seta ver-

Completo Instrumento de Percussão. *Vem com presets maravilhosos e inspi-

12 - Completo Instrumento

radores. Vale a pena explorá-los e, claro, são muito fáceis de alterar! Estarei explanando nas próximas matérias os demais Instruments Plug-ins do Ableton Live. Boa sorte a todos!

Para saber online

10 - transeuntes

Facebook - Lika Meinberg www.myspace.com/lmeinberg 11 - LFOs


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MUITO ALÉM DE FUNÇÕES NOVAS No mês de janeiro, a Avid anunciou o Pro Tools 12. Ele ainda está em desenvolvimento, mas estará disponível aos usuários nos próximos meses. Existem alguns motivos que diferenciam esta versão das demais atualizações. Em inglês, usa-se muito o termo “game changer”, que numa tradução livre significa que será algo que vai “mudar o jogo”; e não é exagero neste caso.

NO PRO TOOLS ENQUANTO O PRO TOOLS 12 E O PRO TOOLS FIRST NÃO VÊM PARTE 1 Cristiano Moura é produtor, engenheiro de som e ministra cursos na ProClass-RJ

O

que mais chama a atenção não são as novas funções, botões ou parâmetros para melhorar o áudio. O que temos é uma quebra de paradigma em vários sentidos, como por exemplo o acesso à ferramenta. Além do Pro Tools 12, a Avid também anunciou o Pro Tools First, que é uma versão completamente gratuita da ferramenta. Há outras novidades como a plataforma “Avid Cloud Collaboration”, que em poucas palavras, significa que o usuário poderá gravar, editar, mixar e trabalhar em con-

junto com outro usuário pela internet com videoconferência integrada. Ou seja, é o “começo do fim” das barreiras e limitações geográficas. Vamos abaixo ver mais detalhes.

TODO MUNDO PODE TER O PRO TOOLS Seja para estudo, uso profissional ou meramente por curiosidade, a nova versão Pro Tools|First representa uma oportunidade real de acesso à ferramenta. Profissionais mais antigos vão se lembrar que num passado distante a Digidesign ofereceu “Pro Tools FREE”, baseado no Pro Tools 5.0. Esta versão tinha o mesmo propósito, mas era limi-


tada em recursos, os computadores domésticos ainda eram lentos para a produção de áudio profissional, era a primeira versão que rodava em Windows e o resultado foi desastroso. Basicamente, todos que tentavam instalar e conhecer o “famoso Pro Tools” esbarraram em erros frequentes, travamentos, tela azul e frustração. O momento agora é muito mais adequado: o Pro Tools|First tem todos os recursos essenciais de trabalho e até algumas ferramentas mais avançadas, como o Elastic

Fig. 1 - Apresentação do sistema de produção em conjunto via Internet

Audio, e as restrições estão apenas em torno da quantidade. Por exemplo, a sessão está restrita a 16 pistas de áudio, mas pode ser mais do que suficiente para muita gente. Locução, gravação por cima de backing tracks, estudo de instrumento, limpeza de áudio em vídeos e gravação de pequenos grupos de música como violão e voz, quartetos de sopros são apenas algumas opções.

Com relação aos efeitos, é mais um caso similar. O usuário pode aplicar efeitos em tempo real nas pistas ou em clips de áudio individuais, porém há uma restrição com relação à quantidade de efeitos por pista, que, novamente, restringe mas não inviabiliza um resultado profissional. E este conceito segue com relação aos outros tipos de tracks, quantidade de sends, taxa de amostragem

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No final de 2014 e início de 2015 a Avid demonstrou em algumas feiras e congressos o Avid Cloud Collaboration (fig. 1). Uma plataforma onde uma das possibilidades mais comentadas é a de gravar, compor, produzir, mixar e de fato “colaborar”, com outros usuários via internet ao vivo com direito a vídeoconferência integrada e sincronismo total de upload/download da sessão

Fig. 2 - Interface de gerenciamento e compartilhamento de projetos

etc. Ou seja, as funções estarão todas lá, porém com um número reduzido mas suficiente para diversos tipos de produção.

PRODUÇÃO E COLABORAÇÃO VIA INTERNET No final de 2014 e início de 2015 a Avid demonstrou em algumas feiras e congressos o Avid Cloud Collaboration (fig. 1). Uma plataforma onde uma das possibilidades mais comentadas é a de gravar, compor, produzir, mixar e de fato “colaborar”, com outros usuários via internet ao vivo com direito a vídeoconferência integrada e sincronismo total de upload/ download da sessão.

Fig. 3 - Videoconferência integrada com o Pro Tools

Colocando isso em prática, significa que um compositor de Porto Alegre grava uma ideia musical em casa, usando o Pro Tools|First (lembrando, gratuito) e compartilha o projeto via Avid Cloud Collaboration (fig. 2) com um produtor do Rio de Janeiro, que recebe e armazena a sessão na nuvem automaticamente, de forma similar aos outros serviços de empresas como o Dropbox, Google Drive e One Drive. Com o projeto em mãos, o produtor pode começar a trabalhar em cima do arranjo, e eis que surge a necessidade de gravar um teclado, mas o músico de sua confiança está em Los Angeles fazendo um


curso. Via Avid Cloud Collaboration, o produtor compartilha a sessão com o músico, que com seu laptop rodando Pro Tools|First pode ouvir a sessão e fazer a gravação. Porém, o divisor de águas é a possibilidade do produtor poder participar online, acompanhando a gravação e discutindo via videoconferência integrado ao Pro Tools (fig. 3), similar ao Skype e FaceTime, e mais que isso, o compositor que nem está participando da “sessão virtual” receberá avisos de que a sessão foi atualizada e poderá ouvir o que o produtor e o músico fizeram (fig. 4).

sessão em Pro Tools para mixar. Então ao invés de comprar o Pro Tools, ele contrata a assinatura da licença do Pro Tools por apenas um mês, realiza a mix e entrega ao cliente. Outro caso é um estúdio que vai entrar em obras por 3 meses. A licença por assinatura permite interromper o aluguel mensal e pagar apenas quando de fato ele está usando o Pro Tools para gerar renda.

AVID MARKETPLACE Uma nova vitrine para suas produções. Outra parte da plataforma é o Avid Marketplace, e podemos entendê-la como um mercado virtual. E não pen-

Fig. 4 - Uma sessão sendo gravada e automaticamente sendo disponibilizada online aos outros colaboradores do projeto

AQUISIÇÃO DE LICENÇAS MAIS FLEXÍVEL Para quem de fato resolver investir na versão mais completa, com o Pro Tools 12 isso também vai ficar mais fácil. Agora também será possível optar por um regime de assinatura mensal ou anual e ter acesso a todos os upgrades e canais de suporte. Ou seja, funciona similar a sua assinatura de internet, celular ou TV a cabo onde você contrata o uso do serviço por mês e pode cancelar a qualquer momento. Ou seja, usuários poderão pagar de acordo com sua necessidade. Vamos pensar em alguns exemplos: Alguém é usuário de Logic Pro e recebe uma

se que este mercado é só para a Avid vender produtos. Nesta plataforma, a expectativa é que um artista possa oferecer suas produções e serviços aos outros usuários e empresas cadastradas. Lembre-se de que a Avid domina também boa parte do mercado de produção de vídeo e o Avid Media Composer (ferramenta de edição de vídeo) também estará conectada ao Avid Marketplace, portanto a plataforma serve também como uma vitrine para licenciar suas composições e trilhas sonoras aos produtores de vídeo de todo o mundo. E parece que pensaram em tudo mesmo… Você sabe se recebe correta-

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No Avid Marketplace será muito mais simples não apenas comprar um plugin, mas também alugá-lo em poucos cliques. Serão oferecidos também em regime de locação, o que significa mais flexibilidade de escolha para que todos possam obter as ferramentas adequadas de forma legalizada, de acordo com seu orçamento

Fig. 5 - Uma lista de plug-ins gratuitos num lugar só

mente os seus direitos pela execução das suas produções? Pois para evitar este tipo de situação, entra o novo formato de arquivos PXF. Um formato que permite a inclusão de metadados contendo dados dos participantes da produção, músicos, compositores, arranjadores e os demais previstos da ficha técnica. Estes dados estarão sempre lado a lado com seu arquivo sonoro e qualquer pessoa que licenciá-lo terá acesso às informações para que seus direitos legais quanto à execução sejam preservados. Também estarão neste grande “mercadão” as empresas de plug-ins. Hoje, apesar de toda a evolução desta era digital, a burocracia envolvida para se adquirir um plug-in é tremenda e passa por diversos estágios. Acessar o site do fabricante, fazer registro, esperar confirmação por e-mail, fazer download e instalar. No Avid Marketplace será muito mais simples não apenas comprar um plugin, mas também alugá-lo em poucos cliques. Serão oferecidos também em regime de locação, o que significa mais flexibilidade de escolha para que todos possam obter as ferramentas adequadas de forma legalizada, de acordo com seu orçamento. Por exemplo, talvez você não tenha necessidade de comprar um plug-in de redução de ruído porque consegue fazer bons registros no seu estúdio pessoal, mas digamos que desta vez você

recebeu um material para mixar e observa um ruído fora do normal numa pista de violão. Hoje, sua alternativa pelos meios legais seria comprar um plug-in de 500 dólares para usar no violão em 10 minutos e possivelmente nunca mais. Com o Avid Marketplace, um aluguel por um dia provavelmente resolverá da mesma forma, mas certamente vai custar muito menos. Mesmo para quem não tem costume de comprar plug-ins, imagine como pode ser prático chegar no Avid Marketplace, fazer uma busca por “plug-ins gratuitos” (fig. 5) e imediatamente visualizar uma lista com todos os plugins gratuitos existentes para a plataforma num só lugar, similar ao processo de comprar um app para iOS ou Android.

CONCLUSÃO Como dito no início, não é apenas uma nova versão. Apertem os cintos, pois estamos prestes a entrar em uma nova era. Teremos em breve uma nova maneira de produzir e colaborar com pessoas em qualquer lugar do planeta e uma nova maneira de expor nosso trabalho, divulgar, licenciar ou vender e coletar nossos direitos por execução. E, por fim, de forma gratuita, para um grande grupo de pessoas que poderão ser muito bem atendidas com as funcionalidades do Pro Tools|First.

Para saber online

cmoura@proclass.com.br http://cristianomoura.com


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PRODUÇÃO MUSICAL| www.backstage.com.br 72

Para finalizar a série de compressão no mix bus, vamos voltar à discussão da “loudness war”. Todo mundo quer a sua mixagem soando alto. A compressão, aplicada corretamente no mix bus, definitivamente, é um fato que ajuda a atingir esta meta.

MIX LOUD QUANDO MENOS É MAIS Ricardo Mendes é produtor, professor e autor de ‘Guitarra: harmonia, técnica e improvisação’

N

o entanto, essa compressão não pode ser colocada de forma exagerada sob pena de acabar com a dinâmica da música, ou, em situações mais extremas, de distorcer a mixagem. Sob hipótese nenhuma devemos aplicar um limitador no mix bus com o intuito de obter volume. Isso irá arruinar a possibilidade de se fazer uma masterização satisfatória. Um dos principais aspectos que contribuem para uma mixagem soar mais alta é o arranjo. Por mais paradoxal que seja, um arranjo mais cheio faz a música soar mais baixa. Isto é contra-intuitivo, afinal, quanto mais instrumentos tocando ao mesmo tempo, mais alta a mixagem deveria soar. No entanto, no mundo real acontece exatamente o contrário.

Se você já passou pela experiência de mixar um disco com todas as músicas com arranjo completo, com exceção de uma que seja apenas voz e violão ou voz e piano, ao colocar todas as faixas no mesmo volume nominal na masterização já deve ter percebido que a música só de voz e violão ficou mais alta do que as outras que tinham o arranjo cheio. Se você ainda não passou por isso, experimente mixar uma música e depois fazer uma outra versão da mesma gravação utilizando apenas a voz e mais um instrumento de harmonia. Terminadas as duas mixagens, agora masterize as duas utilizando a mesma regulagem. Você irá perceber que a versão “acústica” ficou muito mais alta. Isto se deve ao fato de que a mixagem com menos


elementos ocupa menos headroom, permitindo que o limiter e os compressores de masterização possam expandir mais o volume da mixagem. É nesse ponto que a velha máxima do minimalismo se faz verdade com toda força: menos é mais. Se você busca um resultado final soando alto, considere seriamente a possibilidade de remover alguns dos componentes do arranjo. Em um arranjo que tenha bateria, bateria eletrônica, dois loops, baixo, baixo synth, dois violões base, um violão de detalhes, duas guitarras base, uma guitarra de detalhes, uma dobra de guitarra com efeitos, piano, órgão, strings, pad, synth, voz principal com dobra, mais oito canais de backing vocals e um naipe de metais dobrado com um naipe de metais de teclado, talvez seja possível retirar algum destes elementos sem destruir a genialidade desta “obra-prima” de arranjo. O que sai ou o que fica vai depender de cada música. É claro que se você não for o produtor da música, e o cliente fizer questão de todos os elementos presentes, você vai ter que dar um jeito de fazer todos estarem ali. Todavia, se o seu cliente insistir muito que quer o resultado final soando alto, faça uma versão com menos instrumentos e mostre para ele. Normalmente a reação é positiva. Outro ponto delicado está nos graves. O grave é o que deixa a música pesada, mas é ao mesmo tempo o maior devorador de headroom. E quanto menos headroom, menos volume final teremos. Como administrar o grave com o peso, mas que compete inversamente proporcional com o volume? Se você busca um resultado alto, terá, sim, que filtrar alguns graves. Primeiramente pode aplicar um low-cut (hi-pass), filtrando a partir de 20 Hz. Pode experimentar até 35 Hz. Acima de 40 Hz a perda de graves já é bem perceptível. Mesmo cortando em uma região baixa, de pouca percepção, ainda

Contudo, o aumento da percepção do grave devido ao aumento na faixa entre 150 Hz e 300 Hz “trapaceia” nossos ouvidos e nos faz entender que há mais grave na música

haverá uma sensação de perda de graves. A solução para contrabalançar isto é aumentar a “presença” dos sons graves. Normalmente esta “presença” se encontra em uma região entre 150 e 300 Hz. Nesta faixa de frequência, a energia movimentada é bem menor do que na faixa abaixo de 100 Hz. Contudo, o aumento da percepção do grave devido ao aumento na faixa entre 150 Hz e 300 Hz “trapaceia” nossos ouvidos e nos faz entender que há mais grave na música. Preste atenção também nas frequências média-altas (entre 3 kHz e 5 kHz). Elas são percebidas pelos nossos ouvidos como “mais altas”. Subir um pouco delas pode ajudar também a ter uma percepção de uma mixagem com mais volume. Mas, cuidado, pois neste caso a linha entre soar mais alto e irritabilidade é muito tênue. Outra coisa que podemos fazer para aumentar a margem de headroom é abaixar manualmente os picos de uma mixagem. Dependendo do arranjo, é possível que em um ponto da música vários instrumentos toquem juntos, ou haja, então, um acento demasiadamente forte de um determinado instrumento, como uma caixa de bateria ou um ataque de um naipe de metais, por exemplo. Nesse caso, poderemos observar que neste instante ocorrerá um pico no V.U. do master fader, sendo provavelmente o ponto mais próximo de 0dB em toda a música. Pode ser que este pico esteja em

+3dB (ou mais) da média de volume da música. Se for o caso, utilizando a automação, podemos abaixar individualmente nos canais que estejam causando este pico, de modo a aproximar o pico da média da música. Isso fará sobrar mais headroom para que possamos aumentar um pouco proporcionalmente todos os outros canais sem que ocorra o “clipping” acima de 0dB. O processo de mixagem sempre será um eterno dilema do tipo do cobertor curto, que, se cobre a ponta do pé, descobre a ponta do nariz. Quando entendemos que a mixagem é um processo de “perde e ganha”, fica mais fácil tomar algumas decisões, especialmente aquelas ligadas ao corte de elementos de um arranjo. E o raciocínio do “perde e ganha” continua valendo para as decisões de equalização, compressão e colocação de efeitos. Em certos momentos é difícil tomar uma decisão apenas “teoricamente”. Quando for assim, faça mais de uma versão de mixagem e compare as duas. Mostre para outras pessoas. Compare com mixagens de outras músicas do mesmo estilo. Você irá se surpreender como muitas músicas que estão nas “paradas de sucesso” têm muito menos elementos do que você imagina. Em termos de volume, menos é mais. Experimente e tire a conclusão com seus próprios olhos e ouvidos.

Para saber mais redacao@backstage.com.br

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Produção, préprodução, pósproduçâo, gestão de carreira... Mas desta vez falaremos sobre masterização. E para tal convidamos Sergio Lima Nascimento, ou melhor, o Sergião, com seus quase dois metros de altura e muita simpatia, para discutir a arte mais do que necessária para a produção musical, que é... masterização.

A ARTE DA MASTERIZAÇÃO Jorge Pescara é baixista, artista da Jazz Station e autor do ‘Dicionário brasileiro de contrabaixo elétrico’

S

érgio, gostaria de começar explorando o início de sua caminhada... Qual a sua formação e como você enveredou pelo mercado de áudio? Minha formação acadêmica é Engenharia Eletrônica pela UFRJ, a qual não exerço e Mestrado em Ciências (MSc) em Engenharia Mecânica, ênfase em Acústica pela COPPEUFRJ, que me auxilia muito em áudio e projetos. Desde a graduação me interessei por áudio, fiz cursos com Sólon do Valle em 1985 e no Centro Técnico de Cinema, antiga Embrafilme com profissionais canadenses entre 1986 e 1988. Pude estagiar nos estúdios da antiga Polygram em 1988 onde acompanhei gravações inteiras de grandes músicos brasileiros como Leo Gandelman e Beth Carvalho. Após receber o grau de Mestre, me interessei por Restauração de Áudio e fui admitido na Visom em 1997. Como foi sua experiência na Visom?

um acetato Sérgio Lima e

nal da Rádio Nacio

Fui para a Visom totalmente direcionado a aprender a trabalhar nas duas grandes estações de restauração de áudio, Sonic Solutions e CEDAR. Minha larga experiência como colecionador de discos, que hoje somam mais de 15 mil itens, e minha atividade paralela como jornalista musical entre 1992 e 1994, educaram meu ouvido para diferentes formatos de gravação e reprodução de música. E a ciência de “limpar” o áudio, que tem seu princípio em Processamento de Sinais, que havia estudado matematicamente na graduação e mestrado, me fascinava. A masterização foi uma consequência do privilégio do convívio com Luiz Tornaghi, engenheiro chefe da Visom na época e que é, para mim, o maior engenheiro brasileiro em masterização de música refinada (jazz, erudito, instrumental). Pude aprender um pouco vendo-o trabalhar e absorvendo seus comentários. A partir de 1998, além da parte técnica, passei a gerenciar também a gravadora e distribuidora Visom até 2000, antes do início do colapso do mercado fonográfico. O que aconteceu desses anos pra cá com a masterização? Em 1988 quando estagiei na Polygram não havia esse conceito de masterização para CD. Os discos eram feitos a partir


Sérgio Lima na Visom

que define a sonoridade do trabalho, como punch, volume, profundidade, transparência, brilho, maciez, amplidão do estéreo etc. Um disco com presença forte de metais como James Brown, tem um caráter mais agressivo nas médias frequências; discos de New Age tem espectro amplo, reverbs longos e sons suaves; a música erudita tem uma grande dinâmica e uma participa-

de uma digitalização em fitas de vídeo, que ia para a fábrica servir de matriz para confecção dos CDs. É nesse momento que começa a bronca dos audiófilos com a qualidade do CD, que em alguns casos era inferior ao LP correspondente. A confecção do CD era um processo meramente fabril e não artístico. Os 3 primeiros CDs que comprei foram para mim uma grande

A partir do início dos anos 90 começou-se a discutir formas de adaptar o áudio original

decepção: caros, importados (da banda progressiva Nektar) que nem chegavam aos pés dos vinis originais alemães. A partir do início dos anos 90 começou-se a discutir formas de adaptar o áudio original analógico ao meio digital, explorando mais suas possibilidades. Seja na finalização de uma gravação a partir da fita mixada, seja na re-edição de um disco anteriormente lançado. É a masterização

ção forte da acústica do ambiente em sua gravação; a dance music tem dinâmica pequena para que seja facilmente perceptível do falante de um celular ao som profissional da boate. O que aconteceu nos últimos anos foi uma tendência geral em todos os estilos de música pop ao excesso de compressão, para fazer o disco soar mais alto que o disco do cantor concorrente. Isso espalhou-se como uma praga,

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Hoje os Engenheiros de Masterização são obrigados a fechar pacotes trabalhando triplicado, masterizando para o CD, para o LP e para o iTunes, que é menos pior que o MP3.

produzindo músicas que cansam o ouvido se escutadas continuamente. É como se tudo tivesse virado dance music, do sertanejo ao axé, igualmente lá fora com o rock e o pop. Isso, de certa forma, abriu caminho para uma outra praga que viria em sequência, o MP3, com sua compressão no áudio e na digitalização. Hoje os Engenheiros de Masterização são obrigados a fechar pacotes trabalhando triplicado, masterizando para o CD, para o LP e para o iTunes, que é menos pior que o MP3. Infelizmente o áudio involuiu para agradar as tendências mercadológicas que o sustentam. Em que consiste o processo de masterização? Consiste em equilibrar as faixas, tentar aproximar a sonoridade de mixagens realizadas em dias diferentes, usando-se de equalização e compressão. É um serviço de atenção constante, onde 1 dB faz muita diferença. Se equalizarmos, focando na sonoridade de um dos instrumentos da mixagem, este pode ficar lindo, mas alterar completamente a qualidade do todo. O uso excessivo da compressão pode alterar completamente a concepção do Engenheiro de Mixagem, empastelando o palco sonoro. A marca “remasterizado” virou uma boa fonte de renda pro caótico mercado fonográfico. O problema é que chegam a existir no mercado 4 tipos diferentes de remasterização confundindo o público. Eu, assim como outros colegas de profissão e colecionadores, chegamos a ter as 4 cópias diferentes do mesmo disco, masterizados por profissionais distintos. Ouvir suas diferenças é um grande aprendizado. Outra coisa que pode parecer pouco importante, mas que faz parte do processo, são as entre-faixas, afinal silêncio também é música. Procuramos iniciar a faixa seguinte no tempo da música que a precede, e uma música rápida seguida de uma lenta sugere um tempo maior, para que o ouvinte possa respirar. Há muito o que se falar sobre o assunto em todos os seus detalhes. Para a plena satisfação do cliente convém

sempre pedir que ele traga, ao masterizar seu trabalho, um disco cuja sonoridade seja de seu agrado. Este servirá como parâmetro para o acabamento final do disco a ser trabalhado. Com que equipamentos trabalhou? Nos anos 90 trabalhava com: EQUIPAMENTO DE RESTAURAÇÃO - Sonic Solutions Clássico completo CEDAR Declick, Decracke, DNS 1000 Monitoração KRK V8 EQUIPAMENTO DE MASTERIZAÇÃO - Sonic Solutions HDSP completo CEDAR DNS 1000 Equalizador Avalon Analógico Compressor Valvulado TMC Fairman Equalizadores e Compressores Digitais Monitores Meyer Hoje na Macchina uso: RESTAURAÇÃO – Software Izotope RX3 MASTERIZAÇÃO – Wavelab 6 MONITORAÇÃO – KRK V6 O que é essencial para um masterizador? Existe alguma receita para um bom resultado? Duas coisas são fundamentais para um Engenheiro de Masterização: um bom ouvido e ampla cultura musical, afinal ele vai trabalhar com o pop, o romântico, o instrumental, o clássico, o jazz, o samba etc. O segredo não está nas ferramentas, ou em settings mágicos prontos, mas no bom uso que se faz delas, e para se atingir essa excelência é necessário muita prática e o exercício da autocrítica para trabalhos feitos anteriormente. É a prática que faz o método, e não o método que delineia a prática. Cite um trabalho que considera seu cartão de visitas. Em 2001 já com a Macchina aberta, a Visom me convidou para integrar uma equipe de 13 profissionais que faria o maior projeto de restauração até então realizado, a coleção do pesquisador Humberto Francescchi, que seria vendida ao Instituto Moreira Salles. Eram discos 78 rpm desde 1902, totalizando 13 mil músicas para serem transcritas e


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Silveira Baldy. Troquei e-mails com o pesquisador depois dessa descoberta em 2012 e agradeci pela opinião abalizada, considerando esse trabalho como a melhor restauração/masterização já feita no Brasil em discos 78 rpm. Conte-nos sobre a técnica de restauração física de discos danificados, que você desenvolveu.

trincados de acetato, acetatos em base de vidro quebrados etc. Devido à importância do material, todo em cópia única, não havendo um segundo registro igual em outra mídia, comecei a experimentar formas de tocar o disco segurando a agulha e editando depois. Fato aparentemente simples já realizado antes por outros profissionais, na verdade esse foi bastante além,

restauradas em um ano. Esse ainda é, até hoje, o maior e mais importante trabalho de restauração e recuperação de acervo feito no Rio de Janeiro. Formaram-se três turnos de trabalho ininterruptos para a criação do acervo que hoje forma a Reserva Técnica Musical do IMS. Tive a honra de ser convidado pelo próprio Francescchi para restaurar os exemplos sonoros de seu livro “A Casa Edison e seu Tempo” que viria a ser lançado pela Biscoito Fino em 2002. Foram 2 meses e meio me dedicando até nos fins de semana para a “limpeza” de quase 100 músicas do início do século XX. Toda a restauração foi feita por mim. A etapa de masterização ficou dividida entre eu, Riccardo Vieira e Luiz Tornaghi. Dez anos depois de lançado, acessando o blog do IMS tenho a surpresa de ver o seguinte elogio postado em 2004: “é impressionante a qualidade da masterização das gravações contidas nos quatro CDs intitulados Ilustrações Musicais, anexados ao livro “A Casa Edison e Seu Tempo”, de Humberto Morais Franceschi. Realmente, nem mesmo pela Revivendo, de Curitiba, foi feito trabalho semelhante em nosso país...¨. Ao acessar meu programa Música de Memória, apresentado na Rádio Universidade-FM, da Universidade Estadual de Londrina, ouça as músicas interpretadas por Reis nos discos do livro de Humberto Franceschi (masterização de Luiz Tornaghi e Sérgio Lima Nascimento) e compare com os registros de músicas por esse mesmo cantor nos três CDs da caixa recém-lançada pela BMG, a dona do acervo, intitulada Mário Reis - Gravações RCAVictor. A diferença é impressionante”. Esse comentário foi proferido por um dos maiores colecionadores de música antiga do Brasil, que tem todos os lançamentos em CD e vinil do assunto, José Luís da

A complexidade maior está em juntar pedaços de sons como num grande quebra-cabeças

Em 2005, mais uma vez convidado pela Visom, fui transcrever o acervo da Rádio Nacional no MIS-RJ. Eram 5 mil acetatos com um pedaço da história do país. Com o andamento do projeto nos deparamos com 20% do acervo com algum tipo de dano, seja descolamento do acetato da base metálica, pedaços

Acetato Emilinha e Cariocas

pela quantidade de irregularidades em sequência, ou pela tentativa de colar pedaços de acetato ao metal de onde se desprendeu. A complexidade maior está em juntar pedaços de sons como num grande quebra-cabeças, onde algumas dessas partes são pequenos áudios de menos de 100ms (milissegundos). Ao


Loja La Mácchina Del Tempo

quase concluir uma sequência era necessário voltar ao disco e tentar tocar aquelas notas ou aquela sílaba que havia faltado em meio a múltiplas repetições. Para realizar esse trabalho de pesquisa sonora obviamente era necessário um mínimo conhecimento de música ou o conhecimento da canção a que se estava querendo recuperar. A primeira tentativa em recuperar colando-se os pedaços foi feita com uma cola de bastão doméstica. A partir do sucesso da empreitada, buscou-se a ajuda de uma especialista em restauração de arte, Elisa Sauerbronn, que desenvolveu uma cola reversível para uso nestes acetatos. Elisa foi uma das restauradoras do Theatro Municipal do Rio e da mansão de Fred Figner dono da gravadora Casa Edison, hoje o SESC do Flamengo. Essa técnica desenvolvida por mim permitiu a recuperação de 400 dos 5 mil acetatos da Rádio Nacional, que de outra feita estariam definitivamente perdidos. Alguns programas de 20 minutos chegavam a contabilizar 450 edições, num trabalho de paciência tibetana. Hoje desenvolvo todos esses trabalhos na La Macchina del Tempo, minha loja/estúdio. Fale então de seu espaço de trabalho Em 2000, logo após sair da Visom fundei a La Macchina del Tempo, a princípio apenas uma loja para vender CD, DVDs e livros, com um conceito nunca antes levado a um shopping. Além de loja, ela possui um espaço

projetado acusticamente por mim e com monitoração 5.1 KRK V6. A ideia a princípio era levar ao público a qualidade do áudio como concebida pelo engenheiro que o criou. Com a evolução da informática e a quebra do mercado fonográfico, em 2010, aproveitando a boa acústica do ambiente com a excelente monitoração, liguei o sistema de som ao computador, possibilitando o desenvolvimento do trabalho de restauração e masterização mais voltado para LPs e fitascassete. Hoje trabalho com Wavelab e Izotope RX3 e tenho conseguido resultados bastante elogiados. Para incrementar essa parte de serviços da Macchina, acrescentei a transcrição de vídeos, uma paixão minha que vai dos domésticos VHS feitos na loja às fitas profissionais Beta, U-Matic e película Super-8 e 16mm em formato de terceirização. Hoje a Macchina atende a profissionais de nome como o jornalista presidente da ABI, Domingos Meirelles, o pianista erudito Miguel Proença, o guitarrista Pepeu Gomes etc. Miguel Proença teceu-lhe rasgados elogios sobre um trabalho de restauração/masterização. Como foi isso? A Odebrecht ia fazer uma exposição em Salvador e pediu que eu restaurasse um LP do Miguel de 1982, gravado na Sala Cecília Meirelles, para servir de sonorização da mesma. Eu, como amante da música erudita brasileira, principalmente Villa Lobos, procurei

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BAIXO ELÉTRICO| www.backstage.com.br 80

Miguel Proença

fazer o melhor possível na recuperação daquele concerto. Não conhecia pessoalmente ainda o pianista. Tomando como referência o som de um disco importado recente de outro pianista brasileiro conceituado internacionalmente, tentei trazer a percepção do músico para o som final usando de compressão por banda de frequência. O uso da compressão em música erudita tem que ser muito cuidadoso para não afetar a dinâmica da interpretação dos músicos. Talvez pela distância do microfone ao piano na hora da gravação, notei que a mão esquerda estava “enterrada” na execução. Cuidadosamente separei as faixas e fui ajustando o som do piano como se ele estivesse sendo percebido pelo executante. Não estudei piano, mas o fato de ter um em casa desde criança me ajudou neste vislumbre auditivo. Quase terminando o trabalho tive a sorte de conhecer Miguel por um amigo em comum, o cantor lírico Márcio Gomes e sugeri que Miguel ouvisse o trabalho todo de forma crítica para me auxiliar. Minha surpresa foi um elogio comparando o som do disco a como se ele estivesse “entrando hoje no melhor estúdio europeu para gravar”. De tão satisfeito com o resultado final, Miguel até permitiu que filmasse esse depoimento disponível no YouTube, além de trazer mais trabalhos em LP para recuperar. Que outros trabalhos de restauração/ masterização feitos na Macchina gostaria de ressaltar? Tenho como tape deck para transcrição um Nakamichi 1000 de 1976 totalmente novo e recuperado. Fiz um trabalho a partir de um cassete de

1991 da Disney em benefício de crianças com AIDS que parece ter saído da máster de ¼”. Este disco é inédito no Brasil. Um vídeo com trechos destes áudios está disponível no YouTube. Ainda falando de cassetes, comecei a recuperar as fitas dos programas de Maurício Valadares desde 1983 na Fluminense FM Maldita, até a mais recente Oi FM, o Ronca Ronca, Rock Alive, Rocka26 etc. Já foram ao ar em seu site preciosidades exclusivas como O Rappa ainda com Marcelo Yuka ao vivo em 2000, Ed Motta junto com Frejat também de 2000 e Alceu Valença fazendo um repente em cima de música de Tom Waits de 1990. Muito mais recuperações virão deste que é o programa de rádio mais diverso e original dos últimos 30 anos. E para finalizar, em breve estarei disponibilizando um vídeo didático explicando minha técnica de recuperação de um 78 rpm quebrado da historinha de Branca de Neve dos anos 40, onde Dalva de Oliveira e Carlos Galhardo são respectivamente a protagonista e o caçador. Este vídeo explica a técnica desenvolvida em 2005 e realizado para este 78rpm na La Macchina del Tempo em 2012. “Agora que, com a ajuda do Sergio Lima, sabemos um pouco mais sobre masterização, podemos voltar a ouvir nossos discos de cabeceira e analisar o balanceamento entre as faixas, a sensibilidade da compressão e desenvolver mais e melhor nossa audição!” Paz Profunda .:.

Para saber online

jorgepescara@backstage.com.br http://jorgepescara.com.br


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Palco Teatro Pireneus e o show de Alceu Valença

O festival Canto da Primavera foi realizado em tempo recorde em três locais: no Theatro Sebastião Pompeu de Pina, no Cine Pirineus e no palco principal, na Praça Emanuel Jaime Lopes. e levou diversidade musical para o público do estado de Goiás. redacao@backstage.com.br Fotos: Mikeyas Coelho / Divulgação

PARA AGRADAR C

riado para prestigiar a cidade e a região de Pirenópolis, local considerado berço cultural do estado de Goiás, o festival Canto da Primavera chegou à 15ª edição levando ao público atrações como Sérgio Reis, Renato Teixeira, Dado Villa Lobos, Mariana de Moraes, Alceu Valença, Plebe Rude e Móveis Coloniais de Acaju. O objetivo era agradar a todas as faixas de público, em cinco dias de programação.

“As pesquisas realizadas diariamente no evento apontaram que houve 85% de aprovação da programação deste ano pelo público. O evento atendeu à expectativa das 50 mil pessoas que foram ao festival”, avaliou Francisco de Assis, coordenador e representante da Ideia Ambiental e Cultural, uma das empresas convidadas para participar do festival devido ao pouco tempo hábil em deixar tudo pronto (apenas 10 dias).


Além dos artistas consagrados, o festival abriu espaço para músicos iniciantes. Todas as 275 bandas do Estado de Goiás interessadas em participar tiveram que preencher os pré-requisitos do edital. Desse total, apenas 14 bandas regionais foram selecionadas por meio de um Conselho de Curadores, escolhidos pela Secretaria de Cultura, para se apresentar no festival.

GOIANOS

A GREGOS E

Com financiamento e iniciativa do Governo do Estado de Goiás, por meio da Secretaria de Estado e Cultura, a Ideia Ambiental e Cultural foi a empresa escolhida para executar o evento. “Convidamos outras empresas: a Promix, que tem experiência e um patrimônio muito grande para disponibilização de palco e iluminação; aArte Plena, de execução de projetos cul-

turais com bastante nome no mercado e experiência; a Monstro, que faz produção cultural e desenvolvimento de projetos; e a Pazini, que forneceu o equipamento de luz e som. Juntamos todas estas equipes e em tempo recorde conseguimos planejar e executar o 15º Canto da Primavera”, comemora Francisco. Como sem o som não existe música e sem luz não existe espetáculo, a função de cada técnico foi imprescindível para o sucesso do evento, como a de Léo Bessa, responsável pelo PA do Theatro Sebastião Pompeu de Pina: “Tenho origem no estúdio, há 17 anos, mas de 15 anos pra cá eu faço PA paralelo aos artistas que eu gravo e mixo. Como quase todos o anos mixo os MPB, fui convidado para trabalhar no evento. Já vi umas cinco edições alternadas”, explica Bessa. “Usei uma Soundcraft, que não chega a ser um equipamento grande, mas uma mesa apropriada para o local, pois é pequena, ocupa pouco espaço e tem todas as funções que eu preciso, por isso me atende muito bem”, completa. Para o técnico de som Vandame (Emivaldo Siqueira das Dores), que faz o monitor e PA do Cinema, a ideia de ter um evento que mostre o trabalho de bandas e artistas regionais é o que faz o Canto da Primavera ser um dos eventos mais importantes do Estado. “Isso tem que ser feito, para que artistas regionais sejam conhecidos e que todo mundo tenha acesso a shows bons com entrada gratuita”, avalia o técnico, que é contratado pelo evento e tem 10 anos de expe-

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Este festival é bem organizado, a produção sempre cuida de tudo nos mínimos detalhes e as empresas que vêm aqui procuram fazer tudo com excelência (Vandame)

Técnico convidado Leo Bessa e gerente de som Elizon Soares

Depoimento dos técnicos Conversamos com alguns técnico de som e luz sobre o festival, que deixaram aqui suas impressões sobre o 15ª edição do Canto da Primavera. Confira: Sandro Takahashi – PA do Renato Teixeira e da dupla com Sérgio Reis O equipamento está satisfatório, geralmente é o que a gente pede. Existe um projeto Amizade Sincera que é o Sérgio Reis e o Renato Teixeira como dupla, um show só. Metade da equipe é do Sérgio e metade é do Renato. Este projeto tem 4 anos, e a gente já gravou o Amizade 2, que está em fase de finalização. Luciano Costa (TECO) – Técnico de Luz do Sérgio Reis e dupla Renato Teixeira O equipamento utilizado aqui está dentro dos padrões. Foi enviado mapa, um rider de luz pela empresa Pazini, mas estamos trabalhando com um formato de festival seguindo o formato daqui mesmo. Estevão Casé – PA do Dado Villa Lobos Equipamento legal de encontrar num festival. Este show é um da turnê o ano todo e vai continuar o ano que vem, o Passo do Colapso. O repertório varia um pouco dependendo do lugar e ocasião, o Dado escolhe algumas músicas especiais pra cada lugar; hoje vai ter um pouco mais de Legião. Fabiano França – PA e técnico de estúdio, produtor musical da Mariana Moraes Foi um show especial, veio com um baterista muito especial, o Robertinho Silva, que veio

acompanhá-la. Equipamento satisfatório e a acústica do teatro é boa. Jorge Kunta - Técnico de iluminação do Alceu Valença: Tabalho há 22 anos como técnico de iluminação do Alceu e aqui o equipamento está me atendendo bem. Aurélio Kauffmanm - PA do Alceu: Alceu tem vários shows diferentes, neste ele vai fazer uma mistura, tocar um pouco de forró, umas músicas dos anos 70 do disco Vivo 74, que é um disco muito pedido, até pela moçada jovem, além dos clássicos Morena Tropicana, Anunciação etc. Já trabalhamos com a Pazini num evento em Brasília e foi ótimo. Molina - Técnico de iluminação do Plebe Rude: O equipamento está legal, o único problema é que sempre temos receio com o gerador, mas o equipamento está perfeito, dá uma luz bonita, dá pra brincar legal. Estamos com show novo, lançamento do CD novo, e já está entrando no show algumas músicas do novo disco. Alonso Goes - Técnico de monitor do Plebe Rude e primeira vez para Móveis Coloniais de Acaju: O equipamento está legal e a rapaziada tudo sangue bom da técnica. Gustavo Dreher - Técnico de PA do Plebe Rude e Móveis Coloniais de Acaju: a estrutura e os equipamentos estão bem honestos. O Móveis está com o show do novo disco deles, que é um show incrível.


Console Venue SC 48

Lista de equipamentos de áudio Sistema de PA do palco principal: 24 caixas EAW 760 24 caixas LS sub 218 04 racks de potência Lab.gruppen das series FP 6400 e 10000 01 - console Venue Profile 01 - console Venue SC 48 Sistema de Monitor palco principal 01 - sistema de side fill duplo KF850 01 - rack potência side Crest Audio

02 - rack de potência monitor Crest Audio 02 – Console Yamaha PM5DRH 16 - monitores SM 400 02 - Marshall JCM 900 02 - Fender Twin 01 - Roland Jazz chorus-120 02 - Baterias Pearl completas 02 - Ampeg SVT 30 - Pantográficas 04 - Microfones Shure UR 4D 04 - In-ear Sennheiser EW 300 G3

Show Sergio Reis e Renato Teixeira

Lista de equipamentos de iluminação Na iluminação, Coragem (José Antônio), responsável pela iluminação na Pazini, procurou projetar um rider que atendesse a todos. “A produção do evento mandou os Riders das bandas, mas pelo fato de serem muitos dias de evento, eu fiz o mapa de luz e enviei para as bandas aprovarem, sendo aceito por todos”, sintetiza.

Cinema e Teatro: 12 movings DTS 575. 12 PAR LED RGBWA. Palco: 18 – Rush Beam da Martin. 12 – Beam 700 da Robe. 12- XR9 Spot DTS. 30 PAR LED RGBWA. 14 Atomic e 14 Mini bruts.

riência como técnico, sendo 5 de Canto da Primavera. Antes de atuar no Cinema, Vandame já foi responsável pelo palco principal e teatro. “Este festival é bem organizado, a produção sempre cuida de tudo nos mínimos detalhes e as empresas que vêm aqui procuram fazer tudo com excelência”, comenta. “Estou trabalhando com uma mesa M7CL”, acrescenta. Pela terceira vez no festival, Smooth, como é conhecido Fabius Augustus, ficou responsável pela mixagem dos shows das bandas regionais. “São bandas que têm um nível de produção menor, que não podem trazer operadores de luz e som próprios. São diversos estilos musicais, sempre artistas da região de Goiânia, onde existe uma cena rica de música regional, rock, garagem, música pop, sertaneja”, avalia. Quanto ao equipamento, Smooth garante que é de primeira. “Temos PA EAW original, consoles digitais dos melhores e em número abundante. Eu, por exemplo, tenho uma console Digidesign só para as minhas operações, enquanto as bandas nacionais têm outras consoles, tanto no PA quanto no monitor. Temos também luz de primeira e bom atendimento. Para mim, está sendo uma ótima experiência e estou muito satisfeito em operar com Pazini”, elogia. Elizon Soares de Souza, gerente de som da Pazini, explica que cada lugar é um sistema. “No teatro, por exemplo, tem o sistema FZ com 16 caixas de som, 02 mesas e 08 monitores EAW SM400. No Cine Pirineus tem o FZ com 12 caixas de som, 08 monitores JBL modelo PRX 715 e uma mesa M7CL”, enumera, acrescentando que o palco principal, montado na praça pela primeira vez, veio com uma estrutura maior e PA EAW. “Uma novidade foi a transmissão via satélite do áudio e vídeo para a torre de delay com painel de LED, montada na rua do Lazer”, frisa.

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VITRINE ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br

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PROLED PH 6,67MM www.proshows.com.br A melhor resolução com a melhor tecnologia PH-6,67MM é um painel de LED da PROLED de alta resolução outdoor. O equipamento possui módulos de fixação magnética e grids em material flexível, que dispensa o uso de parafusos, além de caixas de controle removível de rápida substituição. Muito mais leve, é a escolha perfeita para instalar facilmente em qualquer lugar, em diversos eventos. Com brilho de 4.500 (nits), os tipos de LEDs são SMD 3 em 1.

MOVING HEAD HOT BEAM 280W 86

www.star.ind.br A Star Lighting Division apresenta o novo Moving Head Hot Beam 280W, um equipamento que chega para ampliar a linha de Moving Heads da empresa. Possui como diferencial os seus prismas, 1 de 6 faces linear + 1 de 8 faces, ambos rotativos, e trabalha em 16 ou 24 canais DMX, contando com uma estrutura de 14 Gobos Fixos + Aberto, Disco Rotante com 9 Gobos Intercambiáveis, Disco de Cor com 13 cores + Aberto, Zoom de 2,5° a 20°, Foco ajustável, Iris e Frost. O equipamento trabalha com a Lâmpada Osram Sirius HRI 280W - 10R.

ROGUE RH1 HYBRID www.chauvetlighting.com O novo Rogue RH1 Hybrid combina o melhor dos beams e dos spots. O novo equipamento chama a atenção pela sua intensidade luminosa (111,000 lux @ 15 meters), cores vivas (a roda de cores tem mais de 13 matizes vibrantes) e angulos estreitos de beam de 1°-45° no Beam Mode e 3°-10° no Spot Mode. Outras características são dos dois prismas - um de 5 faces e outro com 8 faces - que têm controles independentes e podem ser sobrepostos para adicionar profundidade e camadas deslumbrantes. O efeito Frost também pode ser em camadas com o prisma de 8 faces, conferindo opacidade e dramaticidade. O Frost também adiciona a versatilidade do efeito wash a este equipamento. Para mais opções criativas, há ainda duas rodas de gobos, uma rotativa e outra estática, para projeção de imagens dinâmicas e efeito morphing.


ED-190WW E FD-165WW FRESNEL WASH www.chauvetlighting.com Dois produtos vieram completar a linha Ovation, da Chauvet. O Ovation ED-190WW ellipsoidal e Ovation FD-165WW Fresnel wash têm a habilidade ímpar de trabalhar muito bem em sistemas de power dimming, como os aparelhos incandescentes fazem bem, e em sistemas DMX (típicos de aparelhos de LED). Esta nova tecnologia permite que os usuários finais adicionem aparelhos de LED que usem sistema de dimming aos seus rigs, uma unidade de cada vez, sem que seja preciso fazer um investimento caro em novas estruturas.

ARC LED BEAM BAR www.proshows.com.br Mais uma novidade da Proshows para 2015 chama-se ARC LED BEAM BAR da PLS. Com design compacto e efeitos dinâmicos, a ribalta curva com movimento de PAN impressiona pela amplitude dos efeitos. São 5 LEDs de 3W, 4 em 1 (RGBW), com 12/17 canais DMX (selecionáveis). Esta ribalta inovadora proporciona alta performance, baixa manutenção e ótimo impacto visual.

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LEITURA DINÂMICA|ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br

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ARCTIC

Sam MacLaren, designer de iluminação do Reino Unido, ficou feliz por estar usando moving lights Robe nos dois shows no Brasil, encerrando a turnê mundial dos roqueiros indie britânicos Arctic Monkeys, depois de estarem na estrada por 18 meses.

MONKEYS FECHA TURNÊ NO BR ASIL

redacao@backstage.com.br Fotos: Agnieszka Gonerska / Divulgação

O

s shows no Sambódromo do Anhembi, na capital paulista, e no HSBC Arena, no Rio, com projeto de luz gerenciado por Erich Bertti e pela LPL, empresa de locação de iluminação, tiveram uma série de luminárias da Robe no mapa de

luz. Concebido originalmente por Paul Normandale, na estrada, Sam assume a direção do projeto. MacLaren, que já fez trabalhos em conjunto com a LPL, entre eles David Guetta e a turnê do Placebo, afirma que ficou bem entusiasmado por voltar a


trabalhar com a Robe e com a empresa brasileira. “A LPL, o kit e a equipe são todos absolutamente de primeira classe. As lâmpadas são sempre brilhantes, bem conservadas e equilibradas, e a empresa tem um orgulho enorme em garantir que tudo corra bem como aconteceu nos eventos”, afirmou. A Robe tem sido um dos fabricantes preferidos do Arctic Monkeys. Para a turnê brasileira, foram usados 18 Pointes, 8 ROBIN LEDWash 600s, 40 ColorSpot 2500E ATs e 18 ColorWash 2500E ATs, além de uma boa quantidade de equipamentos convencionais no rig da banda. Para os dois shows do Sudeste, os 18 Pointes foram distribuídos entre as treliças UpStage, alguns cerca de 2,5 metros fora do palco, outros logo abaixo da Logo personalizada do Arctic Monkeys que viajou com eles para a turnê. Os acessórios foram usados para várias tarefas, incluindo efeitos in-the-

face. Os Pointes também foram utilizados como luminárias de feixe sobre a plataforma em shows nos EUA, e Sam gosta deles pela flexibilidade, multiopção e precisão. Já os 600s LEDWash foram usados para criar um “tapete” de iluminação de lavagem através do chão do palco e também para explodir através da fumaça.

Os Colorwash 2500E ATs foram posicionados sobre as treliças laterais em arranjos de grade para cada lado. Um detalhe é que a banda não está interessada em ter uma iluminação frontal e prefere manter o palco mais escuro, então essas foram algumas das soluções adotadas para as luzes. Seus ângulos laterais também mantiveram a iluminação contida e muito ordenada no palco. Sam comandou as luzes a partir da console grandMA2 full. O principal desafio para es-

tes dois eventos foi o tamanho desses shows e os prazos bastante apertados. Como tinham formatos grandes - o público no Rio foi de 14 mil pessoas, e em São Paulo a quantidade de fãs foi de 30 mil -, a LPL optou por fornecer uma segunda equipe e um kit de infraestrutura básica, facilitando o processo. Em São Paulo, a equipe ainda teve as chuvas torrenciais como agravante, que dificultaram o ritmo dos trabalhos, reduzindo para apenas uma noite a preparação de toda a programação. O trabalho da equipe ajudou a entregar um show fantástico, tanto no som quanto na plasticidade visual. Para Erich, o show esteve ótimo em ambas as cidades, com o conceito de iluminação não frontal funcionando muito bem. “É algo diferente e interessante, e também amamos trabalhar com Sam - ele é calmo e amigável e nada o perturba!”, comentou. A turnê do Arctic Monkeys teve a produção gerenciada por Ian ‘Chip’ Calder e o áudio, para os dois shows brasileiros, da Gabisom.

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ILUMINAÇÃO Em praticamente todas as conversas neste espaço da Revista Backstage, a iluminação se destaca como um recurso de valorização e enaltecimento de diversos aspectos do espaço cênico. Em alguns espetáculos e shows, o espaço que compreende o palco se multiplica em outras estruturas – tais como passarelas e praticáveis utilizados pelos artistas para um mais próximo e interativo contato com o público.

CÊNICA Cezar Galhart é técnico em eletrônica, produtor de eventos, baixista e professor dos Cursos de Eventos, Design de Interiores e Design Gráfico do Unicuritiba. Pesquisador em Iluminação Cênica, atualmente cursa Pós-Graduação em Iluminação e Design de Interiores no IPOG.

SONIC HIGH-LIGHTS C

omo todos esses elementos, pela terceira vez no Brasil – e em turnê solo, pela primeira vez – a banda estadunidense Foo Fighters trouxe, além de suas já marcantes qualidades – tais como energia, intensidade e carisma -, o renomado e brilhante Lighting Designer Dan Hadley, seus elementos do projeto de iluminação cênica realizado na Sonic Highways Tour, apresentada no fim de janeiro de 2015 em São Paulo, será abordada nos próximos parágrafos, de acordo com a percepção visual in loco, e com informações transmitidas pelo próprio LD, que gentilmente respondeu a algumas perguntas e esclareceu algumas importantes escolhas – conectadas e comutadas à velocidade do som... Em se tratando de shows de rock’n’roll, 2015 começou de maneira muito pro-

missora. No fim de janeiro, a banda americana Foo Fighters realizou uma série de quatro shows (em Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte), integrantes da recém iniciada Sonic Highways Tour, cujas apresentações contemplam canções de toda a trajetória de vinte anos da banda, com oito álbuns gravados e alguns ‘covers’ (ou citações musicais e mesmo trechos incidentais) de bandas que representam significativas influências na história da música e da própria banda, e também na história da iluminação cênica. Mas, esse assunto especificamente, será abordado nos próximos parágrafos... No entanto, se não bastassem as excelentes referências sonoras e de iluminação, os FF (como são representados em logotipo, e carinhosamente chamados


Fonte: Fábio Tito/G1. / Divulgação

Figura 1: Sonic Highways Tour – Estádio Cícero Pompeu de Toledo (São Paulo)(23/01/2015)

chamada Wasting Light Tour, que fez parte do Lollapalooza 2013, na cidade de São Paulo. Em relação àquela turnê, Hadley destaca uma das principais mudanças: “presença de vídeo”. Se a maioria das turnês atualmente considera esse como um importante recurso de visualização da banda – e de imagens/vídeos que transmitem conceitos e referências e que em alguns projetos completam as canções de um show -, para Hadley a contextualização é outra. “Como regra geral, eu não gosto do telão usualmente posicionado e eviden-

Fonte: M. Rossi/Divulgação T4F. / Divulgação

pelos fãs) elevam estes aspectos aos patamares de intensidade que acompanham as canções e o excelente trabalho de iluminação, concebida pelo brilhante Lighting Designer Dan Hadley, que possui no currículo turnês com bandas tais como The Mars Volta, Queens Of The Stone Age, Weezer, Band Of Horses, Devo, Tenacious D, entre outras bandas e artistas, e que, desde 2011, trabalha na criação, direção e programação dos projetos de iluminação cênica dos Foo Fighters, e que já demostrava suas qualificações na turnê anterior,

Figura 2: Estrutura do telão com movimento transversal - Sonic Highways Tour – Estádio Cícero Pompeu de Toledo (São Paulo)(23/01/2015).

ciado no palco, sendo essa uma das razões pelas quais na turnê Wasting Light as telas foram incorporadas apenas nas laterais”, disse ele. Com essa premissa, pode-se dizer que a configuração do telão (screen) principal para a Sonic Highways Tour é, antes de qualquer dedução, no mínimo, inusitada. Não se trata apenas de uma estrutura de display estática com gabinetes formados por módulos retangulares de LEDs para a reprodução das imagens – captadas por diversas câmeras, em diversos pontos do local do show. Na atual turnê, Hadley configurou o telão principal em partes móveis – os módulos estão fixados em estruturas suportadas por bases que permitem movimentos transversais (figura 2) e verticais (com posições rotatórias) - que resultam em diferentes formatações, ora reproduzindo imagens em formato padrão, ora criando composições intercaladas com refletores e moving heads – fixados nas outras faces dessas partes móveis. Contudo, os vídeos também se integram como componentes importantes da turnê. “O principal elemento de vídeo a ser projetado nesta turnê vem puramente do objetivo que temos em reter a atenção do público para os detalhes dos rostos (dos músicos) e performances da banda, sem que os espectadores tenham que buscar esses elementos longe do palco e nas telas laterais”. Para tanto, o uso de IMAG, ou ampliação da imagem, torna-se uma forma comum e eficaz na entrega da projeção de vídeo instantânea em tempo real. Para uma apresentação de quase três horas de duração, muitos são os recursos técnicos e conceituais a serem utilizados para manter as expectativas em elevados patamares e a constante empolgação do público participante.

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Fonte: M. Rossi/Divulgação T4F. / Divulgação

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Figura 3: Flash Mob com papéis picados - Sonic Highways Tour – Est. Cícero Pompeu de Toledo (SP)(23/01/2015)

Não há exatamente um conceito geral ou um tema específico; quero obter looks interessantes para três horas, mas também tem que ser um pouco coeso como um todo e não expor todos os ‘truques da cartola’. (Hadley)

Para um repertório formado por 23 canções (incluindo os covers), a atual turnê recebe o nome do último disco da banda – gravado em oito cidades diferentes dos EUA. Os ambientes diferentes de gravação fizeram parte do processo criativo – também para a iluminação cênica. Mas, com tantos elementos e tantas referências, existe espaço para um conceito principal? “Não há exatamente um conceito geral ou um tema específico; quero obter looks interessantes para três horas, mas também tem que ser um pouco coeso como um todo e não expor todos os ‘truques da cartola’. Eu acho que o principal desafio é manter os olhares fixados no palco e não procurando detalhes nas telas laterais – afinal, a banda toca 100% ao vivo e não depende de qualquer artifício, as nossas esperanças são de que todos na plateia se reúnam e apreciem juntos a experiência ‘ao vivo’”. E essa experiência não é somente musical e visual. Cabe ao líder da banda, o multi-instrumentista, produtor, compositor e vocalista Dave Grohl a função de mestre de cerimônias, que além de conduzir a banda e interpretar suas próprias composições, divide com o baterista Taylor Hawkins os vocais de um mini-set com covers de algumas das mais importantes bandas da história do rock’n’roll realizados em um palco giratório, conectado por uma passarela ao palco principal. E se o objetivo da banda é prestar uma homenagem aos ícones que influenciaram decisivamente a banda, as homenagens também se estendem à iluminação cênica.

Neste contexto, bandas como a canadense Rush (e o inovador Lighting Designer Howard “Herns” Ungerleider), Queen (que teve nas suas mais importantes turnês o trabalho do magistral Lighting Designer Jimmy Barnett), The Faces (com destaque para o trabalho do vocalista da banda, Rod Stewart, por algumas das contribuições do Lighting Designer Patrick Woodroffe nas turnês desse cantor) e o Kiss (principalmente pelas referências ao Lighting Designer Mark Ravitz), além do Pink Floyd (pelo renomado Lighting Designer Marc Brickman), o FF utiliza todos os elementos em cena. Nesta parte, particularmente, canhões seguidores e moving lights emolduram as performances e enaltecem as expressões. E no palco principal, uma singela homenagem, pela projeção de colunas virtuais de refletores no telão principal, similar à estrutura da turnê The Works do Queen – mas que também representa toda essa plêiade de Lighting Designers, decisivos para a história da iluminação cênica na década de 1970. A coordenação com êxito de todos esses recursos requer equipamentos e equipe perfeitamente sincronizados. Como mesa controladora, Hadley utiliza o console grandMA2, da empresa alemã MA Lighting, e toda a programação é executada com a última atualização do software para a configuração e geração das cenas que operam os instrumentos de iluminação cênica (grandMA2 Console Software). “Mas essa é a parte fácil”, frisa Hadley. “A pior parte seria descrever o universo dos sistemas de controle de vídeo, estruturados em sistemas


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Fonte: Cezar Galhart / Divulgação

Figura 4: Referências à década de 1970 - Sonic Highways Tour – Est. Cícero P. de Toledo (SP)(23/01/2015)

MBox e Encore – para o processamento e mixagem - com um pouco de ajustes personalizados realizados pelo especialista Andy Babin (técnico na empresa estadunidense Control Freak Systems) e meu programador de FOH (Front Of House) e vídeo, o guru Leif Dixon (responsável por Video/Media Servers e Lighting Designer de diversos artistas e bandas)”. De fato, o trabalho em equipe produzido por esse time de notáveis resulta em interações únicas e surpreendentes! As imagens captadas são reproduzidas com efeitos e recursos midiáticos atrativos e muito interessantes – molduras, vitrais e sobreposições.

Mas ainda havia mais surpresas... Nas canções Skin And Bones e Best Of You (respectivamente, décima segunda e penúltima canção do show), a maioria do público (aproximadamente 55 mil pessoas) proporcionou dois espetáculos de luzes, formados por telas de celulares (muitos com aplicativos de “lanternas”), resultando em flash mobs impressionantes, sendo espontaneamente elogiados por Dave Grohl. A figura 5 mostra um registro do resultado em Best Of You. Finalmente, e com humildade, Hadley destacou o processo evolutivo que toda turnê proporciona para ajustes e modificações, naturais e necessárias.

Fonte: T4F / Divulgação

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Figura 5: Flash Mob com celulares - Sonic Highways Tour – Est. Cícero P. de Toledo (São Paulo)(23/01/2015)

Como resultado final, o show (antecedido pelos ótimos shows de abertura da banda brasileira Raimundos e da banda inglesa Kaiser Chiefs) poderia ser cansativo e previsível. Entretanto, o que se viu foi um espetáculo repleto de recursos estimulantes, divertidos e coerentes, de acordo com as motivações das canções. Mesmo nas baladas mais introspectivas, a iluminação cênica trouxe sensações positivas – como mensagens de estímulo e determinação.

“Em Santiago (Chile) foi a primeira vez que tivemos todos os elementos juntos, por isso trabalhamos muito para que fôssemos capazes de fazê-lo (o show) da melhor maneira à medida que progredíamos”. Com certeza, conseguiram impressionar e satisfazer milhares de fãs e apreciadores do rock’n’roll – e da iluminação cênica! Abraços e até a próxima conversa!

Para saber mais redacao@backstage.com.br


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LUIZ CARLOS SÁ | www.backstage.com.br

Flávio Venturini,

Sá & Guarabyra

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e 14 Bis: O Encontro Marcado

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972, Teatro Opinião, Rio de Janeiro: prestes a estrear em sua primeira temporada musical, o recémformado trio Sá, Rodrix & Guarabyra procura baixista e baterista que completem sua formação de piano e dois violões. A escolha natural de baixista é o jovem Sergio Magrão, egresso do Grupo Faya que acompanhava Zé Rodrix em sua carreira solo. Magrão traz consigo o baterista Luiz Moreno, o Morenão. A temporada que duraria dois fins de semana estende-se com sucesso absoluto por três meses, só interrompida pela absoluta impossibilidade de ocupar o disputadíssimo espaço do Opinião por mais tempo. No ano seguinte o trio é convidado por Rogério Duprat e Luiz Augusto Botelho a mudar-se para São Paulo e produzir e gravar em seu (deles) estúdio Pauta. Em fins de 1973, com a saída de Rodrix para uma carreira solo, seguem em dupla Sá & Guarabyra. Surge então a necessidade de recrutar uma banda que os apoiasse na gravação de um novo disco e nos shows que se seguiriam. Eles então convocam dois egressos da segunda formação do grupo O Terço: Sérgio Hinds, guitarrista, e Cezar de Mercês, compositor, vocalista e violonista. Para completar o time, faltava o tecladista. Admiradores declarados da música mineira, Sá e Guarabyra pedem a Milton Nascimento uma indicação. Milton sugere um jovem músico que tomara parte nas gravações do já então cultuado LP Clube da Esquina: Flávio Venturini. Flávio aceitou o convite e deixou BH para novos voos em sua então ainda incipiente carreira. Formada a banda e – mais difícil – todos convencidos a mudar-se para São Paulo, nova base da dupla, formouse a chamada Colônia Carioca do Brooklyn: na traves-

sa Icaraí, onde morava Sá, casado havia pouco e com um filho recém-nascido, o terceiro quarto da casa conseguiu acomodar os primeiros tempos paulistanos de Sérgio Magrão, Flávio Venturini e Luiz Moreno. Cezar de Mercês alugou uma casa na mesma rua Godoy Colaço onde Guarabyra morava e a poucas quadras dali ficou a família do guitarrista Sergio Hinds. Todos se encontravam à tarde no estúdio da Pauta, onde gravavam jingles e músicas sob a inesquecível batuta de Rogério Duprat. Dali só saíram para uma breve temporada carioca, registrando em 1974 o primeiro LP de Sá & Guarabyra, o Nunca, que trazia na contracapa as fotos dos músicos de apoio, que pouco tempo depois partiriam para integrar a terceira e melhor sucedida formação d’O Terço. Em 1975, já no novo e então stateof-the-art estúdio Vice Versa, fundado por Sá, Guarabyra, Duprat, Luiz Botelho e Vanderlei Rodrigues, O Terço gravaria seu primeiro disco com seus novos integrantes, o Criaturas da Noite. A faixa-título era uma parceria de Sá com Flávio Venturini. No disco seguinte, Sá e Flávio também formariam a parceria da música título, Casa Encantada. Nesse mesmo LP, O Terço gravaria ainda O Voo da Fênix (Venturini-Sá) e Pássaro (Sá & Guarabyra), tornando-se de fato e direito a única ponte registrada entre o chamado rock rural de Sá & Guarabyra – gênero que já tinha sido chamado de “caipira progressivo” – e o rock progressivo brasileiro. O tempo passou... Mas em 1980 Flávio Venturini e Sérgio Magrão unem-se a Hely Rodrigues, Vermelho e Claudio Venturini para formar o 14 Bis. O sucesso foi imediato e a parceria dos futuros membros do Encontro


Foto: Kerian Gracher / Divulgação

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Guarabyra, Luiz Carlos Sá e o grupo 14 Bis com Flávio Venturini (ao centro)

Marcado permaneceu em sucessos como Espanhola (Flávio Venturini – Guarabyra), Caçador de Mim (Sergio Magrão – Sá) e muitas outras faixas como Meio Dia (Flávio Venturini- Sá), Razões do Coração (Flávio Venturini-Sá), Doce Loucura (Sergio Magrão-Vermelho-Sá), Pele de Verão (Flávio Venturini-Sá), Só se For (Flávio Venturini –Sá), Figura Rara (Flávio VenturiniSá), Sem Final Feliz (Claudio Venturini – Sá), Máscara Convencional (Sergio Magrão-Sá), Quando é Fácil se Dizer te Amo (Hely Rodrigues – Sá), Dias Melhores Virão (Claudio Venturini-Sá), Garapuá (Flávio Venturini – Sá) e muitas outras. As opções de diversificaram com a saída de Flávio para uma carreira solo onde ele emplacou sucessos como Princesa, Todo Azul do Mar, Noites com Sol e Nascente. Enquanto isso, Sá & Guarabyra – que foram também, de volta, Sá, Rodrix & Guarabyra entre 2001 e 2009 - surfavam nas boas ondas de Sobradinho, Roque Santeiro, Dona, Caçador de Mim, Mestre Jonas (Sá, Rodrix & Guarabyra), Estrela Natureza, Cheiro Mineiro de Flor, Sete Marias e Jesus Numa Moto (Rodrix), enquanto o 14 Bis decolava de vez com Linda Juventude, Natural, Planeta Sonho, Bola de Meia, Bola de Gude, Uma Velha Canção Rock’n’Roll, Nave de Prata, o próprio Caçador de Mim e muitas outras. Isso tudo aí em cima, tão formal e explanativo, é só pra vocês entenderem a importância que esse Encontro Marcado - em boa hora promovido por nossos amigos Carlos Alberto Xaulim e Gegê Lara - tem para nós. Quarenta e três anos depois de nos encontrarmos pela primeira vez, temos agora a rara oportunidade de tocarmos juntos de novo, reatando nossos votos de amizade

diluídos através destes anos de agendas ocupadas e raros encontros. Que delícia nos reconhecermos pessoal e musicalmente nestes ensaios, reencontrarmos os garotos cheios de planos e ambições que éramos no início de nossas carreiras e podermos nos dar ao luxo de vivermos esse momento sem sombra de nostalgia! Pelo contrário, o Encontro Marcado ocasionou para nós uma renovação expressa em novos arranjos, novas idéias, novas parcerias em perspectiva, aliando isso tudo à certeza de saber que o que já foi feito por nós tornou-se a semente daquilo que pode agora transformar-se em uma nova estrada. Não é preciso ser músico para entender o que foi falado aqui. Na vida de todos, os reencontros são preciosos: são a busca do equilíbrio entre amigos distanciados pelo tempo, o abandono das divergências, a sabedoria de ceder, a graça de procurar entendimentos que a princípio acreditamos inviáveis, a persistência em acreditar no que parecia difícil e afinal se revela claro, óbvio e evidente: o fato de que 40 anos de amizade e proximidade musical são como o óleo sobre a água: não submergem nunca e são fáceis de colher de volta. E – ao contrário do que manda a Física oficial – prova-se então que óleo e água podem, sim, misturar-se com perfeição. PS: O Encontro está marcado a princípio nas seguintes datas e lugares: 7 e 8 de março – Palácio das Artes, Belo Horizonte, MG 14 de março – Juiz de Fora, MG 20 de março – Uberaba, MG 21 de março – Patos de Minas, MG 9 de maio – Divinópolis, MG

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