Edição 247 - Junho 2015

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Sumário Ano. 22 - junho / 2015 - Nº 247

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Festival RC4

No Rio de Janeiro, um dos principais palcos vanguardistas do mundo, o Festival Rc4 aterrissou em Ipanema trazendo os maiores expoentes da música clássica eletrônica, numa fusão de ritmos, notas e novo jeito de tocar e perceber os instrumentos, conferindo nova roupagem ao erudito.

NESTA EDIÇÃO

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Depois da AES sempre falamos de avanços tecnológicos, de possibilidades de fazermos música, de trabalharmos o áudio etc. Nesta edição, pouco tempo depois da feira, a abordagem é sobre uma das coisas mais importantes na vida dos músicos, produtores, donos de estúdio, sonoplastas, mixadores e todos os envolvidos com música e áudio: O TEMPO.

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Vitrine A Harman aprimorou seus microfones e traz ao mercado brasileiro a linha Projeto de Estúdio com o selo AKG.

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Rápidas e Rasteiras O sistema iLive foi o escolhido para a gravação do show de comemoração do vigésimo aniversário de carreira da cantora Ivete Sangalo,

22 Gustavo Victorino Confira as notícias mais quentes dos bastidores do mercado.

24 Play Rec A Orquestra Atlantica traz de volta a sonoridade das tradicionais Big Bands e o novo CD de Maurício Luz vem reafirmar e valorizar a presença da cultura afro nas Américas, por meio da música erutida.

26 Gigplace Nesta edição, uma conversa com a fonoaudióloga Janaina Pimenta, que é especialista em voz.

32 Estúdio Jimo Quem entra naquele prédio antigo em uma rua escondida no bairro das Laranjeiras, Zona Sul do Rio de Janeiro, não imagina as surpresas que o estúdio Jimo tem para mostrar.

54 Caleidoscópio sonoro O que acontece quando gravar e mixar em estúdios diferentes se torna o conceito do álbum? É o que Fernando Vidal nos mostra no CD Studios.

80 Vida de Artista Ao longo da carreira, uma série de cidades e lugares por onde passou veio à cabeça justamente naquele momento deitado ali em Lagoa de Patos (MG).


Expediente

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Acústico MPB

Com valor cultural incontestável e mesmo com espaço de 3% nas rádios, a MPB faz frente ao sertanejo, ao axé e ao funk no mercado de música. Um novo projeto, a Rádio Brasileira, promete abrir um novo espaço para a música pop feita no Brasil.

CADERNO TECNOLOGIA 42 Tecnologia Considerados um dos principais patrimônios de qualquer estúdio de gravação, muitos se perguntam qual seria o número ideal de peças de uma boa coleção de microfones.

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Estúdio e mixagem Ao se falar de mixagem, muito é discutido sobre técnicas, das mais simples às mais complexas, sobre como fazer soar melhor e tornar mais claros e definidos os vários elementos de uma música.

46 Ableton Transformar Audio em MIDI é algo muito inspirador e produtivo, apesar de não ser nenhuma novidade exclusiva do Ableton Live. Sabia como fazer essa conversão.

52 Baixo Elétrico Hora de pensarmos em como organizar e gerir a própria carreira, fato que envolve algum procedimento de produção.

CADERNO ILUMINAÇÃO 68 Vitrine Para aqueles que querem um equipamento pequeno, com grande potência LED elipsoidal, pode encontrar toda essa versatilidade no Ovation Min-E10WW.

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Monster Tour Curitiba recebeu o Monster Tour, que contou com um cuidadoso projeto de iluminação cênica, incluindo recursos visuais impactantes para as bandas Motörhead, Judas Priest e Ozzy Osbourne.

Diretor Nelson Cardoso nelson@backstage.com.br Gerente administrativa Stella Walliter stella@backstage.com.br Financeiro adm@backstage.com.br Coordenadora de redação Danielli Marinho redacao@backstage.com.br Revisão Heloisa Brum Tradução Fernando Castro Reportagem: Miguel Sá Colunistas Cezar Galhart, Cristiano Moura, Gustavo Victorino, Jorge Pescara, Lika Meinberg, Luciano Freitas, Luiz Carlos Sá, Marcello Dalla, Ricardo Mendes e Vera Medina Edição de Arte / Diagramação Leandro J. Nazário arte@backstage.com.br Projeto Gráfico / Capa Leandro J. Nazário Foto: Divulgação Publicidade / Anúncios PABX: (21) 3627-7945 arte@backstage.com.br Webdesigner / Multimídia Leonardo C. Costa multimidia@backstage.com.br Assinaturas Maristella Alves PABX: (21) 3627-7945 assinaturas@backstage.com.br Coordenador de Circulação Ernani Matos ernani@backstage.com.br Assistente de Circulação Adilson Santiago Crítica broncalivre@backstage.com.br Backstage é uma publicação da editora H.Sheldon Serviços de Marketing Ltda. Rua Iriquitiá, 392 - Taquara - Jacarepaguá Rio de Janeiro -RJ - CEP: 22730-150 Tel./fax:(21) 3627-7945 / 2440-4549 CNPJ. 29.418.852/0001-85 Distribuída pela DINAP Ltda. Distribuidora Nacional de Publicações, Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1678 Cep. 06045-390 - São Paulo - SP Tel.: (11) 3789-1628 CNPJ. 03.555.225/0001-00 Os artigos e matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. É permitida a reprodução desde que seja citada a fonte e que nos seja enviada cópia do material. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios veiculados.


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CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br

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Para quem os ventos sopram

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'sobe e desce' do dólar, a ameaça de corte da internet pelas empresas de telefonia ao final da franquia do usuário, medidas mais duras contra a importação, ajuste fiscal, entre outras polêmicas rondam setores da economia e da tecnologia e estamparam as páginas dos principais jornais no mês de maio. Os entraves que fazem o Brasil desacelerar também atingem, de certa forma, o setor de entretenimento. No caso das restrições à internet em um país que ainda não sabe como se navega em 3G decentemente, investir em interatividade, por exemplo, é um ato de coragem. Por mais que tenhamos uma demanda reprimida e ávida por consumir pela internet, as dificuldades encontradas pelos usuários muitas vezes contribuem para que o setor fique em banho-maria e não deslanche como deveria, como as transmissões de conteúdo pela internet, que no Brasil ainda engatinham. Quem nunca ficou sem sinal de internet durante uma gig quando mais precisava? Outro fator que emperra os ânimos do mercado é a falta de definição da política econômica do nosso governo. Dar um passo à frente tanto para lojistas, quanto para importadores, ou mesmo produtores ficou perigoso, porque nunca se sabe quais serão as definições e desenrolar palacianos. A diminuição do número de shows e projetos culturais é um dos reflexos dessa gangorra política e econômica que vivenciamos desde o meio do ano de 2014. Quando o dinheiro é curto e existem várias bocas para alimentar, provavelmente, quem não reclamar ficará com fome, pois, por maior que seja o esforço do nosso mercado, não será possível ter o mesmo desempenho de anos anteriores. Especialistas apontam que a retomada de crescimento brasileiro só deverá acontecer em 2016, e mesmo assim, será menor do que o previsto. Portanto, é hora de colocar a criatividade para funcionar e, enquanto isso, torcer para que os próximos meses tragam um cenário econômico mais definido e positivo e que tragam ventos favoráveis à nau Brasil. Boa leitura. Danielli Marinho

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VITRINE ÁUDIO| www.backstage.com.br 12

AMPLIFICADOR TX15K www.taigar.com.br Este produto é para quem deseja maior pressão sonora mantendo uma ótima definição de áudio na faixa dos 20Hz a 20000Hz, atendendo às necessidades de sonorizações de médio e grande porte. Recomendado para Sub Graves e Médio Graves, o TX15K possui entre suas características técnicas Distorção Harmônica abaixo de 0,01%, Resposta de Frequência 20 Hz a 20Khz, +/-0,5 dB, Fator de Amortecimento maior de 2000 a 8 Ohms -200Hz, Ruído 100dBA em relação a potência máxima, Proteção Auto Mute, saída em curto aberto, rádio frequência, térmico Soft Start, além de ser um Classe 100% AB. A alimentação é de 230V, dimensões em mm A x L x P (145 x 483 x 560), gabinete padrão 3U Rack e peso de 42,1 quilos.

VIOLÃO CORT AF500E www.equipo.com.br Toda qualidade da marca referência em instrumentos musicais no mundo agora em um modelo de entrada acessível tanto para entusiastas que desfrutam de seu som em momentos de lazer com amigos quanto músicos que requerem um instrumento simples de som cristalino para pequenas gigs. O AF500 é construído com tampo em Spruce, laterais e fundo de Mahogany e equipado com o pré CORT CE302T. O formato do corpo Folk, a escala em Rosewood, com 20 trastes e marcação Bolinha (branca), além das tarraxas tipo Diecast, e pré-amplificador Cort CE302T completam as principais características do instrumento.

Comando de Talhas Eletricas

CABO MOGAMI 2497 www.mogami.com.br O cabo Mogami 2497 foi classificado com a mais alta resolução de áudio e riqueza de detalhes no mercado mundial. Foram executadas várias experiências para melhorar a qualidade do áudio (High-End). Este cabo é capaz de manter um sinal do som original e sem a coloração. Resistência DC: 55 mOhm / m – Capacidade: 67 pF / m - Finning Impedância: 75 Ohm – Diâmetro externo: 8 milímetros

CDM 802

Controle Remoto do Comando de talhas para 24 motores

www.trusst.com.br Esse equipamento foi desenvolvido para comando de talhas elétricas. O CDM 802 possui comando digital de motores, controle remoto, tem a opção de ser com ou sem sistema wireless e comanda até 120 motores.


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SHURE SRH750DJ www.shure.com Uma das peças fundamentais para qualquer DJ no mundo são os famosos fones de ouvido. Dentre muitos modelos, escolher o fone mais adequado tem suas dificuldades. Cada pessoa tem um formato diferente de cabeça e orelha influenciando principalmente no som dos alto falantes internos. Entendendo isso, o site headphone.com criou um método de fazer uma medição exata da resposta de cada fone. Construiu uma cabeça padrão com dois ouvidos e dois microfones de alta captação simulando perfeitamente uma cabeça humana, podendo medir todos os fones de forma equivalente. O usuário poderá constatar essa medição com o fone SRH750DJ, da Shure®, em comparação com as 3 concorrentes diretas.

LA 8-250 www.oversound.com.br Surpreenda-se com o LA 12/450 da OVERSOUND: um produto dedicado a sistemas profissionais de Line Array e caixas de médio grave. Seus componentes são de alta tecnologia e sua construção permite que se faça o perfeito acoplamento com caixas de grave e subgrave, pois pode iniciar seu trabalho a partir de 80 Hz.

P170, P220 E P420 www.harmandobrasil.com.br A Harman aprimorou seus microfones e traz ao mercado brasileiro a linha Projeto de Estúdio com o selo AKG. Uma evolução da consagrada linha Perception, a novidade apresenta melhorias no desempenho e modificações em seu design, sendo ideal para gravações tanto em estúdio como em casa. Passando pelos rigorosos padrões de qualidade AKG, conta com carcaça de metal que auxilia na rejeição de interferência RF. São três modelos que podem ser utilizados em diversas aplicações: P170, P220 e P420. O P170 é um microfone condensador de diafragma pequeno para gravação de baterias, instrumentos acústicos e outros instrumentos de corda, capta o som direcional sem sofrer interferência de ruído de outros instrumentos em volta. O P220 oferece um som claro para lead vocal, guitarra acústica e outros instrumentos de metal com seu diafragma grande. Já o P420 garante alta sensibilidade e SPM máximo de 155dB.

MICFLY UC201 www.waldman-music.com Se você está procurando um sistema wireless de microfone com alta qualidade sonora (dB, Spl, EQ), mínima interferência, longo alcance e durabilidade, a linha WALDMAN UltraComm Series – composta de vários modelos SINGLE (1 canal/1 microfone) ou DUAL (2 canais/2 microfones) – garante essas qualidades. Entre as características do receptor estão: Frequência: 771,5 a 785,0 MHz, Estabilidade de frequência: <0,005%, Sensibilidade: -100dBm, Sinal/Ruído: >95dB, distorção: <1,5%. Já as características dos 2 microfones são: cápsula Dinâmico, Frequências: 771,5 a 785,0 MHz, Antena de Encaixe embutido, Saída RF: <10mW, desvio máximo: +/- 75KHz , entre outros.


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NEXT-PROAUDIO NOS EMIRADOS ÁRABES UNIDOS A fabricante portuguesa anunciou a nomeação do novo distribuidor nos Emirados Árabes Unidos: Echo Beats Electronics. A Echo Beats Electronics é parte de um grupo regional com mais de 27 anos de experiência em Profissionais de áudio, iluminação e equipamento A/V e mais de 10 anos na indústria de broadcast. A partir de agora eles vão lidar com a distribuição exclusiva dos produtos Next ProAudio para esse mercado.

TULIPA RUIZ LANÇA DOIS VIDEOCLIPES O recém-lançado terceiro disco da cantora Tulipa Ruiz, Dancê, ganhou seus primeiros registros de músicas em vídeo. Performances das faixas Proporcional e Reclame durante a gravação do álbum no Red Bull Studios São Paulo foram transformadas em videoclipes e estreiam a participação de artistas brasileiros na série Stripped Sessions, do site redbull.com.br. Dirigidos por Pedro Gomes, os vídeos mostram a interação entre a cantora e sua banda, que inclui o irmão de Tulipa, Gustavo, e seu pai, Luiz Chagas, ambos nas guitarras.

CHRISTIE APOIA A MUDANÇA DA IAVI PARA O BRASIL A Christie, empresa mundial de tecnologias audiovisuais com sede na Flórida, acolheu com agrado a decisão do seu parceiro de longo prazo International Audio Visual Inc., geralmente conhecido pela sigla IAVI, de expandir sua atividade na América Latina com a abertura de novos escritórios em São Paulo, Brasil. As novas instalações apoiarão o rápido crescimento do negócio da Christie nessa região, desde a abertura da nova sucursal sul-americana em 2013, em São Paulo.

CONTROLE WIRELESS NA SÉRIE VI As fabricantes de equipamentos de áudio Shure e Soundcraft anunciaram durante a Prolight + Sound 2015 uma nova colaboração que permite monitorar e controlar determinados sistemas sem fio da Shure a partir de mesas de som digitais da série Vi da Soundcraft. O recurso será implementado inicialmente nas novas mesas digitais de mixagem Soundcraft® Vi5000 e Vi7000 e terão compatibilidade com os sistemas digitais sem fio ULX-D® e QLX-D™ da Shure. Essa nova integração com a mesa de mixagem possibilita que os dispositivos Shure de cada sistema sem fio sejam detectados, identificados e mapeados para os canais de mixagem apropriados. Com o novo recurso, quando o canal correspondente é selecionado na mesa, são exibidos todos os parâmetros essenciais da conexão sem fio. Isso permite monitorar a medição de áudio e radiofrequência do canal, com a capacidade de ajustar o ganho do receptor a partir da mesa de forma muito semelhante ao ajuste de ganho de um microfone com fio.

GOSPEL E SECULAR Fernandinho participará da gravação do DVD Extraorinária Graça, cantando com Aline Barros, no dia 13 de junho, no HSBC Arena (Rio de Janeiro). Muito aguardado pelo público, este projeto traz no repertório os principais sucessos dos CDs Extraordinário Amor de Deus e Graça - que renderam o Grammy Latino à cantora como Melhor Álbum de Música Cristã em Língua Portuguesa em 2011 e 2014. A direção artística é de Marina de Oliveira, com produção musical de Ruben di Souza.

Selo Sesc é finalista no Prêmio da Música Brasileira O Selo Sesc está na final do Prêmio da Música Brasileira, que este ano está em sua 26ª edição. Dois dos artistas que lançaram CDs e DVDs pela gravadora (em 2014 foram 13 lançamentos) tiveram seus nomes escolhidos pela organização do Prêmio que destaca os melhores entre os melhores da produção musical brasileira. Francis Hime disputa na categoria melhor arranjador pelo

CD Navega Ilumina, e Marlui Miranda, na categoria regional, como melhor cantora pelo disco Fala de Bicho, Fala de Gente. Os vencedores serão conhecidos na premiação que está prevista para 10 de junho, no Rio de Janeiro. O público poderá conhecer desde já os trabalhos dos selecionados, uma vez que seus CDs e DVDs estão disponíveis no site : www.premiodamusica.com.br.


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Soul Music (Volta Redonda)

Praise Music (Nova Iguaçu)

Violeta (Centro)

Sonic Som (Centro)

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POWER CLICK PROMOVE TREINAMENTOS NO RJ

Sax de Ouro (Centro)

MONITOR ATIVO DE 14” A NEXT-proaudio apresenta na ProLight+Sound 2015, na Alemanha, o monitor ativo de 14” de palco que combina perfeitamente a clareza de reprodução de voz associado à extensão de graves tipicamente reproduzido pelos alto-falantes de 15". A reprodução de alta frequência é assegurada por uma saída de 2”, bobina de voz, driver de neodímio HF para melhor resolução sobre a faixa de freqüência de voz crítica. O tamanho pequeno e o peso leve, combinado com a resposta absolutamente linear e prolongada a níveis muito elevados de pressão, faz com que o LAm114xA seja a solução perfeita para pequenas e grandes aplicações de local. O DSP integrado com conversores A / DD / A de baixo ruído, fornece 8 Presets selecionáveis (6 de fábrica e 2 definidos pelo usuário) que podem ser acessados facilmente por um seletor, localizado no painel frontal ou por módulo em tempo real, editado por um PC, usando o software fornecido SOUNDWARE, via controle remoto USB. Isto permite personalizar facilmente o programa de som, para várias aplicações ou locais diferentes.

ILIVE NO ANIVERSÁRIO DE IVETE SANGALO Tattoo Rock Music (RJ)

Nota Musical (Nova Iguaçu)

Dando continuidade às suas ações de apoio aos lojistas, a Power Click vem trabalhando fortemente os seus pontos de vendas por meio de treinamentos e demonstração de seus principais produtos com participação ativa dos representantes comerciais e do especialista em produtos Power Click, Alysson Rezende. A ação é realizada em conjunto com toda a equipe de base e com o marketing liderado por Joel Moncorvo. Recentemente foram realizados treinamentos no es-

tado do Rio de Janeiro, graças ao empenho de Gabriel Dutra, – que reuniu grande números de lojistas. Em alguns casos, o evento foi aberto ao público. Para saber mais sobre a Power Click acesse o site www.powerclick.com.br ou o Facebook/power.click1. As lojas visitadas no RJ foram Soul Music (Volta Redonda), Praise Music (Nova Iguaçu), Nota Musical (Nova Iguaçu), Violeta (Centro), Sonic Som (Centro), Sax de Ouro (Centro) e Tattoo Rock Music (RJ).

O sistema iLive foi o escolhido para a gravação do show de comemoração do 20o aniversário de carreira da cantora Ivete Sangalo, produzido pela Mix 2 Go. O sistema capturou 128 canais de gravação e 16 canais de gravação de video. Para Beto Neves, engenheiro da unidade móvel OB, a escolha foi principalmente pelo som maravilhoso que o console entrega. Para mixar os 128 canais, Beto diz que usou as opções de trabalho bastante confiáveis tanto para som ao vivo quanto para broadcast. A superfície iLive-144 foi instalada no caminhão da OB, enquanto um iDR-64 e um rack iDR10 foram colocados no corredor. O sistema ainda foi complementado por unidades Focusrite e intercomunicadores RTS, todos conectados via fibra óptica.


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Luciano Veronese Quinteto

Regra de Três

Um dos mais tradicionais festivais de música instrumental brasileira retornou este ano em sua décima oitava edição, o CASCAVEL JAZZ FESTIVAL. O evento é parte integrante do projeto denominado de Brasil Instrumental, que desde o ano de 1993 vem sendo realizado no estado do Paraná e em outras cidades brasileiras. A novidade nos últimos anos foi a inserção de um circuito instrumental nas regiões oeste e norte do Paraná, contemplando cinco cidades: Cascavel, Toledo, Campo Mourão, Maringá e Foz do Iguaçu. No mês de abril, as pri-

meiras duas etapas do circuito foram realizadas em Cascavel e em Toledo. Na etapa do Cascavel Jazz Festival, se apresentaram os artistas locais, como o quinteto do pianista e compositor Luciano Veronese e o grupo Viola da Terra, do compositor e violonista Ricardo Denchuski. Entre os artistas nacionais convidados estavam Regra de Três, com o guitarrista Lupa Santiago, Bob Wyat e Sizão Machado, e o Quarteto do trombonista François de Lima.

Na etapa do Toledo Jazz Festival, o músico Rafael Heiss e seu trio encantaram a platéia com sua sonoridade. O grupo Sala de Música, convidado para finalizar o festival trouxe músicos de alto nível técnico e também proporcionou um espetáculo maravilhoso, com a presença do cantor Marcos Hasselmann e do Bira, baixista e integrante do grupo do programa do Jô Soares, entre outros. O público tem acesso gratuito em todo o circuito do projeto, que tem apoio e patrocínio, pela Lei de incentivo à Cultura, de empresas como VIAPAR - RODOVIAS INTEGRADAS DO PARANÁ S/A; COPEL - COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA ELÉTRICA;IRANI SUPERMERCADOS; ESTRADA DISTRIBUIDORA DE COMBUSTÍVEIS, além do apoio local como loja de instrumentos musicais SO MUSIC, CATVE FM, ITAIPU BINACIONAL, NAGANO DRUMS, Prefeitura Municipal e Secretaria de Cultura, e equipe do Teatro Municipal de ambas as cidades.

François de Lima Quarteto

Rafael Heiss Trio

Ricardo Denchuski e Viola da Terra

Relação de equipamentos (Toledo Jazz e Cascavel Jazz) PA •08 Caixas de Subgrave S2 18 2000 Taigar •08 Caixas Line array Neo 21044 Taigar •Potências: 7000 / 4000 / 2.0 Taigar. •Console M7 CL 48 canais •Processador DBX Palco •06 Monitores Spot 212 Neo •01 Sub S1 18 1300 Taigar •Potências: 3 - TX 4X 1K Taigar. •Console M7 CL 48 canais •Sistema Contra baixo Gallien Krueger 1001 – Caixas Ampeg •Sistema Guitarra Line 6 (caixa 4X12)

•Cubo Fender Twin Reverb •Microfonação bateria Kit Sennheiser E604 / Bumbo Shure beta 52 •Microfone Voz: Sem fio Sennheiser EW 135 •Microfone Voz: Com fio Shure SM 58 •Microfone Piano: Microfone Áudio Técnica Pro 35 •Direct Box ativos e passivos Iluminação •Console Avolite Pearl 2010 •24 Par led 3Wts •08 Bean 200 •12 Elipsoidal • Treliça P30 e P50

Fotos: Rodrigo Lima (Toledo) / Samuel Machado (Cascavel)

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CASCAVEL JAZZ


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GUSTAVO VICTORINO | www.backstage.com.br 22

seus túmulos: Drei Brasilianische Helden (Três Heróis Brasileiros’). A banda da 14ª Brigada de Infantaria Motorizada do Exército Brasileiro baseada em Florianópolis lembrou isso tocando a música do Sabaton num evento em Santa Catarina. O vídeo já tem quase 200 mil visualizações no You Tube e me leva a pensar o que faz o Pedro Bial chamar os “intelectuais” do BBB de heróis. Acho que todos sabem a reposta, mas certamente ela é impublicável.

PISANDO NA BOLA ROCK IN RIO LAS VEGAS Mesmo veladamente, a preocupação com a Expomusic 2015 é grande. O evento realizado em São Paulo é o termômetro do mercado brasileiro e está entre os maiores do mundo no segmento. Responsáveis pela feira, a Abemúsica e a Francal estão monitorando o desempenho da nossa economia e buscando alternativas para adequar o encontro à atual realidade do nosso país. Com décadas de história, a Expomusic já enfrentou e venceu todo o tipo de intempérie. A torcida é para que em 2015 não seja diferente.

Mesmo sem surpresas, a edição gringa do evento ficou de bom tamanho para um país entupido de espetáculos musicais e que sabidamente não gosta do lado “aborígene” da nossa música. Cá entre nós, mandar Ivete Sangalo aos EUA para representar o rock brasileiro foi risível. E teve ufanista comemorando o fato de a chamarem de Jennifer Lopez brasileira. Certamente não perceberam que era pela anatomia e não pela música.

TESTE Alguém deveria criar um teste para atribuir o título de músico ou artista para certos MCs e DJs. Como contribuição, sugiro algumas perguntas: “Quantas são as notas musicais? ”, “O que é concordância verbal? ”, ou ainda “O que você sabe sobre numeração de roupas? ”

HOMENAGEM No ano passado a banda sueca de heavy metal Sabaton, uma das melhores da Europa, homenageou de forma comovente três dos muitos soldados brasileiros da FEB Força Expedicionária Brasileira - que morreram na segunda guerra mundial. No disco chamado Heroes a música Smoking Snakes conta a saga dos três soldados que ficaram para trás com a missão de segurar os alemães que avançavam pela retaguarda das forças brasileiras na Itália. Mesmo sabendo que morreriam, os três heróis retardaram os inimigos por mais de 30 horas e por sua bravura foram homenageados pelos próprios nazistas que os enterraram com a seguinte inscrição em alemão em

Não dá para elogiar. O canal Bis já anda metendo os pés pelas mãos num claro sinal de que não vai segurar a barra como canal referencial de música. Parece que logo vai desandar como os demais. O primeiro sintoma é a exibição de shows (?!?) de DJs chatos e repetitivos tocando música ruim para bêbados e drogados. Música eletrônica não é isso. Deveriam ouvir o italiano Giorgio Moroder ou os alemães do Kraftwerk e aprender como nasceu e se faz esse estilo que não é nada parecido com boboca dançando com fones de ouvido em frente à notebooks.

RECORDE A queridinha dos americanos não cansa de bater recordes e ganhar prêmios. Taylor Swift é a mais nova campeã de cliques na internet com mais de 20 milhões de acessos em apenas 24 horas ao clipe da música Bad Blood, que encabeça seu mais novo trabalho. Somente em troféus de “melhor não sei o quê” a moça já levou quase 50 prêmios esse ano. Reunindo o country ao pop, a loirinha é atualmente a maior vendedora de músicas do planeta.

O PREÇO DO CHARME Os saudosistas que me perdoem mas tem coisas que só se justificam pelo charme e uma boa pitada de exibicionismo. Guitarras velhas, teclados tecnologicamente ultrapassados, instrumentos percussivos ruins e efeitos analógicos jurássicos e ruidosos não justificam os preços cobrados (e surpreendentemente pagos...) pela grande maioria dos chamados instrumentos vintage oferecidos na praça. Acreditem,


GUSTAVO VICTORINO | VICTORINO@BACKSTAGE.COM.BR tem gente que vai aos EUA vasculhar lojas de usados em busca dessas pseudo preciosidades empoeiradas e enferrujadas. Sinceramente, você pagaria 10 mil dólares por uma guitarra Gibson Les Paul com mais de 20 anos de uso podendo com a mesma grana comprar três instrumentos exatamente iguais, novos e mais modernos em uma loja?

NOVIDADE Os executivos Nenrod Adiel e Eber Policarte lançam ainda nesse segundo semestre a marca Earth no Brasil. Com foco inicial em instrumentos de corda, a dupla conta com décadas de experiência no mercado para introduzir produtos voltados ao consumo em larga escala a preços competitivos. Até agosto as lojas começam a receber os primeiros modelos de violões e guitarras da marca.

DE VOLTA PARA O FUTURO Com a valorização do dólar, alguns fabricantes brasileiros retomaram o interesse em feiras e eventos no exterior. Agora com preços minimamente competitivos, eles apostam na volta do binômio custo/benefício para abrir mercados cada vez mais dominados pelos chineses. Não custa lembrar que a percussão brasileira sempre foi nosso carro chefe no segmento e a Izzo historicamente sempre foi uma das nossas mais importantes representantes lá fora.

CUIDADO Um comando que permite instalações generalizadas e disponível nos aparelhos equipados com o sistema Android é hoje um dos maiores perigos aos usuários que se aventuram por aplicativos não listados no Google Play. Ao permitir as instalações desses aplicativos de fonte não segura, você praticamente abre seu dispositivo para invasões invisíveis e devastadoras. E na maioria das vezes você nem percebe. De escutas,

senhas de todo o tipo e arquivos pessoais, tudo fica à disposição de bandidos que lhe prometem grandes prejuízos econômicos e morais.

INABALÁVEIS As pesquisas mostram algo que definitivamente não muda no cenário da música popular brasileira. Das 10 músicas mais ouvidas e pedidas nas rádios, 8 são de artistas classificados como sertanejos. Parece que nem a popularidade do pagode, do hiphop, do gospel, do axé ou do forró vão mudar isso tão cedo.

INTERNACIONAL Que a brasileiríssima Meteoro é uma das maiores indústrias de amplificadores do mundo todos sabem. A internacionalização da marca é um sonho antigo e acalentado pelo Zé Luis e toda a sua equipe. No horizonte, a busca por um endorse de peso mundial pode alavancar ainda mais o poder da marca lá fora. Um nome conhecido e bom de marketing custa caro, mas a força da Meteoro e sua extensa linha de produtos é um interessante fator de negociação. Como brasileiro, fico sempre na torcida por esse gol.

TECNOLOGIA O que falta para a indústria de áudio profissional nos apresentar transmissores wireless para PA? A era dos cabos agoniza, mas raros são os equipamentos com essas características disponíveis no mercado. A CSR lançou alguns modelos e propõe uma interessante abertura para essa discussão. Ansiosamente aguardo os testes desses produtos e uma “descoberta” do mercado para o que me parece um inevitável rumo na tecnologia do áudio profissional. No segmento doméstico a coisa já ganhou corpo e logo vai sepultar definitivamente os “fiozinhos” esparramados pelos cantos das salas e dos quartos, embora, por ser novidade, ainda seja caro.

ROTINA GRINGA Toda vez que algum americano famoso e rico morre começa uma guerra de bastidores por sua fortuna. O caso BB King é apenas mais um da eterna briga entre familiares, empresários, procuradores e amantes pela grana do falecido. Troca de acusações, traições, mentiras e muito ódio marcaram o compartilhamento da fortuna de Michael Jackson, Marvin Gaye e outras estrelas da música gringa. Com o rei do blues não será diferente. Aliás, as leis divinas deveriam proibir algumas pessoas de morrer. E BB King era uma delas...

OBVIEDADE Das muitas perguntas que recebo por e-mail, uma delas é recorrente e tem resposta bem fácil. Afinal, qual o melhor sistema de braço de guitarra? Colado ou parafusado? Diz a lenda que o sistema colado, apesar das restrições para manutenção, dá mais sustentação ao som do instrumento. E realmente é lenda... Nenhum estudo sério comprovou essa tese apregoada aos sete ventos pelos luthiers. Na prática, o melhor sistema é o que couber no seu bolso e lhe proporcionar um timbre agradável e a seu gosto. O resto é blá, blá, blá...

MORTE ANUNCIADA A mudança no perfil do consumo de música condenou à morte grande parte das redes de lojas de discos e mídias musicais. Cada vez mais virtual, a música hoje remunera apenas por direito autoral e shows. Com isso, a mudança de perfil desses estabelecimentos se volta para o segmento de equipamentos domésticos e eventualmente profissionais. A rede Multi Som, a maior do país, com mais de 120 lojas no sul do Brasil é um sinônimo disso. No passado, a venda de discos e vídeos já representou mais de 80% do faturamento da empresa. Hoje não chega à 15% e continua caindo.

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DANIELLI MARINHO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR

TEMPO DE AGORA Os Reincidentes Formada por músicos experientes e das mais diversas formações, a banda apresenta, nesse trabalho, entre outras composições que simbolizam a união de duas gerações, Gil Quaresma e Armando Daudt, que, apesar das quase quatro décadas de diferença, encontram profunda afinidade quando se trata de tocar, cantar e compor. Os arranjos de Marcelo Bernardes (sax/flauta), da banda de Chico Buarque, são valorizados pelo talento e pela performance de Didito (guitarra/arranjos), João Braga (teclados), Dodo Ferreira (baixo) e Claudio Infante (bateria). Nos vocais, o líder da banda, Armando Daudt. As participações especiais foram de Marcelo Caldi (acordeom), Bruno Repsold (baixo) e Saba Tuk (percurssão). Com produção de Armando Daudt, o CD apresenta canções sobre temas como o cotidiano, o amor, a solidão, a esperança e a alegria.

ABSTRACTO Boa Nova Ventura O Boa Nova Ventura estreia com disco que une a sonoridade à palavra. O músico e compositor pernambucano Hugo Durães mergulha sem medo no universo da experimentação sonora e da poesia para apresentar o projeto Boa Nova Ventura, uma porta aberta à renovação do ato de compor. A banda, surgida como um caminho alternativo às massacrantes pressões exercidas pelo cotidiano, lançou o primeiro disco em novembro de 2014, o EP Abstracto, que contempla seis composições originais. Gravado em diversos estúdios do Recife, o álbum sintetiza uma gama de complexos significados, recriados à medida em que avançam, cronologicamente, as canções. A masterização ficou por conta do gringo Roger Seibel, que trabalhou com nomes como Bill Callahan e The Cardigans.

ORQUESTRA ATLÂNTICA Orquestra Atlântica A banda que traz de volta a sonoridade das tradicionais Big Bands, lança seu primeiro CD, com repertório e composições próprias e standards da MPB. A ideia surgiu a partir da vontade de recriar a sonoridade das tradicionais orquestras do Rio de Janeiro com um toque contemporâneo. A produção musical e os arranjos levam assinatura dos integrantes da Orquestra, os músicos Marcelo Martins, Jessé Sadoc e Danilo Sinna. O CD conta ainda com as participações especiais de Nelson Faria, Vittor Santos e Mauro Senise. O grupo tem uma seção rítmica e de sopros que se assemelha a uma Big Band. No repertório, músicas para matar a saudade como Rio (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli) que abre o CD, e Inútil Paisagem (Tom Jobim e Aloysio de Oliveira), um clássico da Bossa Nova. O álbum traz ainda a bossa balada Nós, composição de Johnny Alf e Preciso aprender a ser só (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle).

RITOS E RITMOS Maurício Luz O novo CD de Maurício Luz vem reafirmar e valorizar a presença da cultura afro nas Américas, especificamente no Brasil e nos Estados Unidos, difundindo-a através da música erudita, especialmente na forma de música de câmara, enfatizando suas diferenças e semelhanças. O projeto amplia o universo de influências da cultura negra no continente americano, normalmente associado somente à cultura popular, mostrando que ela se estende até à cultura erudita produzida em nossas terras. Composto por negro spirituals, gospels e canções brasileiras de motivos afro-brasileiros, o CD busca uma abordagem musical diferenciada no acompanhamento, onde se destaca a forte participação de instrumentos de percussão.


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Profissões do

‘backstage’ J A N A I N A P I M E N TA E S P E C I A L I S TA E M V O Z Nesta série de entrevistas, em que contemplamos profissionais que atuam no backstage no setor de entretenimento, vamos conversar com a fonoaudióloga Janaina Pimenta, que é especialista em voz.

redacao@backstage.com.br Fotos: Arquivo Pessoal / Divulgação

J

anaína, qual a sua formação acadêmica e como você entrou no mercado de entretenimento? Sou fonoaudióloga especialista em voz, Mestre em fonoaudiologia e diretora do Espaço da Voz, uma clínica que montei a fim de atender profissionais da voz, especialmente cantores. Tenho meus parceiros a fim de realizar um atendimento multidisciplinar com fisioterapeuta, otorrino, nutricionista, psicólogo e professor de canto. Acho que esta é a essência do trabalho que me fez aproximar

cada vez mais deste mercado. Trabalhar com voz cantada sempre foi meu foco. Qual a função de um fono no acompanhamento de um artista, e qual seria sua rotina de um dia de trabalho? O fonoaudiólogo atua na prevenção dos problemas vocais no momento em que mapeia o canto e pode diagnosticar as possíveis causas desses problemas, trabalhando, então, o condicionamento específico da musculatura a fim de evitar danos. Trabalha também em caso de le-


Como se comporta a voz num show, e qual a importância dos processos de aquecimento e desaquecimento vocal ? A voz é o resultado de sutis ajustes musculares e seu domínio requer um trabalho de consciência cor-

Quais são os erros ou lendas que a maioria dos profissionais que usa a voz acredita funcionar, mas não funcionam? São inúmeros e devemos ter muito cuidado com isto. Por exemplo, spray de gengibre ou cristais de gengibre não é algo que deva ser utilizado, pois anestesia e pode levar o cantor a sobrecarregar o aparelho fonador assim como o uso de bebidas alcoólicas para aquecer a

são, no tratamento. O fonoaudiólogo é o responsável pela preparação e condicionamento da musculatura vocal para que o professor de canto possa atuar na estética. Além disto, o fonoaudiólogo atua como uma espécie de coaching, uma vez que pode transitar nas diversas áreas e profissionais a fim de direcionar o cantor. É ele que pode fazer a intercomunicação com o nutricionista, otorrino, produtor musical e preparador físico e outros profissionais que o cantor tenha necessidade. O trabalho pode acontecer em atendimento individual em consultórios assim como em shows e estúdio onde o fonoaudiólogo pode atuar na recuperação vocal imediata com o objetivo de conseguir uma otimização da performance.

poral profundo. O aquecimento de voz tem como objetivo sensibilizar o cantor para o uso necessário e adequado das musculaturas específicas ao canto assim, como o aumento da temperatura da mesma, a fim de evitar lesões, seguindo os mesmos princípios da medicina do esporte no aquecimento muscular de atletas. A diferença é que as pregas vocais são

O fonoaudiólogo é o responsável pela preparação e condicionamento da musculatura vocal para que o professor de canto possa atuar na estética. compostas também por, além da musculatura, uma mucosa que pode ser danificada a partir da fadiga muscular, gerando edemas e lesões, o que traria um impacto importante para a voz durante o show. Deste modo, neste momento, o fonoaudiólogo deve ficar atento a esta fadiga muscular a fim de prevenir o edema de pregas vocais e consequentemente a lesão.

voz pode ser extremamente daninho, mesmo que seu vizinho tenha feito isto. O importante é o indivíduo entender realmente como a voz é produzida e o que a influencia para, então, mapear isso na sua vida. Quais os principais problemas e seus sintomas que os profissionais da voz podem estar sofrendo e nem fazem ideia?

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O que há de mais moderno, tecnologicamente falando, para a análise e cuidado da voz para os profissionais? Hoje, cada vez mais novas técnicas terapêuticas e cirúrgicas têm surgido, mas a voz ainda é um mistério para a medicina. As possibilidades de ajustes e timbres vocais são inúmeros e não se tem exatidão nesta relação de causa e efeito ainda. Frequentemente, verificamos cantores com uma resistência vocal impressionante, mesmo sendo portador de uma determinada lesão.

realização de uma nasofaringolaringoestroboscopia da voz, feita em conjunto com o médico otorrinolaringologista e o fonoaudiólogo, é fundamental a fim de mapear especificamente o cantor em questão. Existem mesmo aqueles cantores que nunca fizeram aulas de canto ou tiveram cuidado com a voz e têm a voz maravilhosa, ou isso é lenda? Existem, sim, e a estrada vai nos ensinando muito. Alguns alcançam vozes incríveis com o próprio talento. Entretanto, a alta demanda é algo contrário à condição fisiológica e, mesmo com técnica, o cantor pode sofrer danos devido ao abuso e a demanda. O cantor deve saber prevenir e reconhecer quando necessita fazer alguma intervenção. Além disto, com todas as tensões que a vida nos impõe abrimos precedentes ao mau uso da voz decorrente de má alimentação, poucas horas de sono, questões emocionais e até uso de determinados medicamentos. No setor do áudio todos sabemos quais são as mazelas das perdas auditivas, mas em relação à voz quais são os traumas mais comuns e suas causas? Cantar sem bom retorno auditivo é receita eficaz para se ter lesão de voz.

Rouquidão não é algo normal. É sinal de que algo impede seu aparelho fonador a emitir a voz sem ruído, o que frequentemente corresponde à presença de nódulos, edemas de pregas vocais e laringites agudas entre outros. Portanto, se a rouquidão aparecer por mais de 10 dias, deve-se procurar um especialista urgentemente. Entre cantores, deve-se observar se, ao término de um show, a voz está sem rouquidão, ou muito fatigada. Este é o ponto básico. Se isto ocorre, há algo que precisa ser verificado. Ou você está com alguma lesão, ou você está sem condicionamento ou técnica, o que pode gerar uma lesão. Em ambas as situações, deve-se ter orientação de um profissional.

Cantar sem bom retorno auditivo é receita eficaz para se ter lesão de voz. Há um gasto energético desnecessário quando se aumenta muito a intensidade vocal

Frequentemente vemos qualidades e timbres vocais muito diferenciados que correspondem a ajustes musculares ainda pouco conhecidos. Deste modo, acredito cada vez mais que a avaliação dinâmica da voz, ou seja, a

Há um gasto energético desnecessário quando se aumenta muito a intensidade vocal, o que é inevitável na ausência de um bom retorno, e, no primeiro momento de fadiga, fica difícil manter os ajustes vocais adequados


Falando em tecnologias, a maioria dos cantores(as) da atualidade usam IEM (In Ear Monitor) e esta tecnologia lhes permite ouvir suas vozes com uma clareza nunca antes possível com os monitores de chão, pas-

abrindo precedente para danificar as pregas vocais. Outro ponto importante é que, sem retorno, o cantor fica sem referência e por isto tem dificuldade de manter a afinação, comprometendo muito a performance.

Outro ponto importante é que, sem retorno, o cantor fica sem referência e por isto tem dificuldade de manter a afinação, comprometendo muito a performance.

Qual a importância para o profissional da voz saber o seu tom certo para falar e/ou cantar, e quais os prováveis danos da não observância deste ‘pequeno detalhe’? Todos nós temos uma extensão vocal que é a capacidade de um cantor alcançar notas das mais graves às mais agudas que será influenciada por características anatômicas e sexo. Entretanto, a capacidade de se alcançar notas graves e agudas extremas com qualidade para a fala e para o canto chama-se tessitura e, para o canto, depende especialmente de treino e características de personalidade. Desde que fique dentro da tessitura, livre de tensões, não há risco de lesões. No entanto, quando o cantor sai desta tessitura, normalmente a emissão vem acompanhada com muito esforço e tensão, ocasionando danos. Aproveitando esta entrevista, vou lhe pedir ajuda para desvendar um mal dos shows modernos: por que os cantores teimam em colocar a mão no globo (windscreen) que protege a cápsula do microfone, tendo em vista que este ato estraga a sonoridade do microfone? Normalmente vem da falta de conhecimento do prejuízo deste ato na captação do som, associado à cópia de modelos quando querem imprimir um estilo.

saram a inclusive ouvir pigarros e outros ruídos indesejáveis. Eles comentam isso nas suas consultas? Parte B da pergunta: o pedido de “mais reverb” seria uma tentativa de mascarar esses detalhes? Percebo que os cantores têm pouco conhecimento sobre estes parâmetros vocais e de áudio. Frequentemente, observo que eles nem sabem exatamente o que estão solicitando ao técnico. Só sabem que a voz não está boa e ficam em uma busca aflita por algo que melhore esta sensação. É comum, em momentos de muito estresse, a sensação de que o som está pior exatamente pela irritação e falta de paciência para compreender e perceber as reais deficiências. Deste modo, a conscientização do cantor quanto a sua participação ativa na monitoração de sua voz, assim como a boa relação com o técnico, são fundamentais para que se consiga chegar a um resultado confortável para o cantor e assim enfrentar as dificuldades de monitoração que os mais variados palcos e ambientes nos impõem. Ainda sobre monitoração: existe alguma reclamação recorrente dos cantores quanto à monitoração, e

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Foto: Revista Veja / Divulgação

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tem alguma dica ou sugestão para dar aos profissionais desta área? A maior dificuldade é o uso do fone nas duas orelhas, o que é fundamental para uma melhor monitoração e proteção auditiva. Utilizando as duas orelhas, o cantor sente falta da ambiência que o retorno de palco dá. Entretanto, segundo a tabela da organização americana OSHA (Occupational Safety and Healthy Administration), a exposição a ruídos acima de 110 dB por mais de 60 segundos pode ser extremamente danosa à audição. Deste modo, apenas a conscientização pode motivar o cantor ao uso dos dois fones. Este uso precisa ser aprendido, ou seja, deve haver um período de adaptação no qual o cantor consciente dos prejuízos passará a encontrar os benefícios do uso do in-ear como a melhor monitoração e controle da voz. E para os profissionais da voz, quais as dicas de “boas práticas” para manter a voz bem cuidada durante toda a carreira? Se você cuida de seu corpo como um todo, terá imensos benefícios na voz. Uma pessoa que mantém hábitos alimentares saudáveis, se exercita, dorme bem, tem boa hidratação, não bebe e não fuma já tem 60 por cento do caminho percorrido para uma boa voz. Abuso vocais, geralmente, estão associados a excessos na vida como estar muito ansioso ou nervoso e como consequência falar gritando ou muito rápido. Fazer 25 shows por mês, às vezes até sem condições físicas para tal, como em casos de resfriados, é um excesso, inevitável em alguns momentos da carreira, mas são excessos que promovem riscos altos de lesão e por isto a necessidade de

cuidados mais específicos. Algumas medicações e suplementos nutricionais afetam diretamente a voz e devemos estar atentos a isto. O que falta ainda s você para que se torne uma profissional ainda melhor? Na verdade, acredito ser esta a busca eterna. A busca do conhecimento em todos os âmbitos tem que ser algo constante para que possamos estar sempre nos renovando. Acho que nunca vou me sentir bastante. Enquanto houver curiosidade e vozes diferentes haverá busca. Quais são os seus planos, onde pretende estar daqui a 10 anos, nos âmbitos profissional e pessoal? Atualmente, quero terminar meu livro sobre algumas técnicas que fui desenvolvendo ao longo dos anos. Estou montando alguns cursos, pois sinto que estou repleta de um conteúdo que fui desenvolvendo e preciso transmiti-lo. Tenho estas fases quando digo que ‘meu copo está cheio e preciso esvaziá-lo’ para continuar enchendo. Mas meu maior compromisso é com a minha família e minha felicidade. Fazemos alguns planos a longo prazo, mas acredito que a vida vai realizando um movimento que não nos guia aleatoriamente. Tenho aprendido a respeitar este movimento.

Para saber online www.espacodavoz.com.br

Este espaço é de responsabilidade da Comunidade Gigplace. Envie críticas ou sugestões para contato@gigplace.com.br ou redacao@backstage.com.br. E visite o site: http://gigplace.com.br.


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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 32

Marcelo Lobato, José Nobre e Igor Ferreira

Quem entra naquele prédio antigo em uma rua escondida no bairro das Laranjeiras, Zona Sul do Rio de Janeiro, não imagina as surpresas que o estúdio Jimo tem para mostrar. Miguel Sá redacao@backstage.com.br Fotos: Miguel Sá / Divulgação

SINTA-SE EM

CASA

NO ESTÚDIO JIMO O

prédio do Jimo é residencial. Quem não conhece, jamais imaginaria que há um estúdio de gravação profissional lá dentro. No lugar da mesa de jantar, um órgão Hammond. No canto onde poderia ser uma sala de TV, um Fender Rhodes e uma estante com teclados vintage. Ao invés de paredes pintadas de branco, tratamento acústico. Por todo o lado,

muitos instrumentos que o cliente do estúdio pode ter o privilégio de usar. Marcelo Lobato, tecladista e baterista da banda O Rappa, idealizou o espaço onde já gravaram, além do próprio O Rappa, Davi Moraes, Lucas Santtana e Jam da Silva, entre outros. O Jimo não é um estúdio de aluguel apenas. Também foram feitos lá traba-


foi reformado do zero. Parte hidráulica, elétrica, gás... Chegaram a dizer que era impossível construir um estúdio aqui”, comenta o produtor.

ESTÚDIO: ACÚSTICA E EQUIPAMENTOS

Mesa API analógica com moving faders

Opções de equipamentos analógicos

lhos solo de Marcelo, da sua banda de música africana Afrika Gumbe e as parcerias com o irmão, também instrumentista, Marcos Lobato. Por isso, um dos critérios usados no projeto foi a adequação do local às necessidades de Marcelo. “Como componho, faço arranjo, tem que ser uma coisa da velocidade da minha cabeça”, afirma. Muitas obras tiveram de ser feitas. Tanto na parte civil – quebra de paredes etc. – como na acústica e elétrica. Além de trocar e aterrar toda a rede do apartamento, Marcelo teve que trocar o

Eco de fita da Roland

Gravação é feita em ProTools

barramento do prédio – barramento é o ponto onde é distribuída aos apartamentos a energia que chega da rede elétrica da rua – para que não houvesse maiores problemas. “Esse apartamento

A parte acústica e elétrica do estúdio foi projetada por Celso Drum. O trabalho não era simples. Além de fazer uma sala que proporcionasse opções de ambientes acústicos, era preciso fazer um isolamento que impedisse a propagação do som para os outros apartamentos. “Aqui temos algumas diferenças no ambiente. O local onde a bateria fica montada, por exemplo, é um pouco mais vivo” detalha Lobato. Outra questão bem pensada no projeto é a facilidade de configurar os equipamentos e a mobilidade dos instrumentos. “Tenho muitos. Eles são grandes: bateria, harmônio, piano Fender Rhodes, piano acústico, vibrafone, marimba... Tudo com rodinha. Pode botar pra cá, botar pra lá... Isso, fora os amplificadores, porque o estúdio também se vale dos instrumentos. Boas guitarras, bons baixos. O pessoal pode usar desde que se comporte bem...”, diz o produtor, meio brincando, meio sério. Ter um ambiente acolhedor foi um objetivo do projeto. “Não queria estúdio enclausurado. Aqui tem janela. Queria que tivesse o ritmo normal da vida. Nos estúdios mais antigos, a gente não via quando anoitecia e amanhecia”, comenta Marcelo. O Jimo não tem uma equipe fixa, mas sempre há aqueles mais presentes, como José Nobre – mais presente no dia a dia do estúdio e Igor Ferreira, técnico de som de Caetano Veloso e Orquestra Imperial que também faz muitas produções no Jimo.

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A marimba de Marcelo Lobato

Grande disponibilidade de mics

Rack com teclados vintage

NOVA MESA DE SOM

modelo mais antigo da marca, o 1604. Além da mesa, há vários outros equipamentos analógicos. São pré-amplificadores Neve, Universal Audio, API, processador de efeito de rack da Lexicon e até um eco de fita Roland RE201. “A mesa foi uma indicação do Tom Saboia, que grava bastante aqui com a gente. Tivemos que fazer um

Na técnica, uma imagem que já não é muito comum nos dias de hoje: uma mesa de som analógica. Logo ao lado da mesa, um “macarrão” de fios no patch insertando periféricos analógicos no console. O estúdio Jimo acabou de adquirir o console API 1608. Este equipamento é inspirado em um

Lista de equipamentos Softwares ProTools 10 e 11 Logic Pro Avid HD NATIVE + AVID 192 Monitoração Dois Monitores KRK V8 Subwoofer KRK Rok Bottom Dois monitores KRK Rok Bottom Mesa de som, pré-amplificadores e equalizadores Mesa API 1608– Analógica com 16 canais com equalização mais 8 canais expandidos com prés API 512c completando 24 canais API 512c Neve 1064 (2) Três Neve 1073LB (Lunchbox) Neve 9098 (2) Shadow Hills The Equinox (summing) Prés Shadow Hills The Equinox (2) Pré Shadow Hills Mono Gama (Lunchbox) Universal Áudio 2-610 – (2 canais valvulado). Pré Digidesign 8 canais analógicos Compressor - Distressor EL8 Microfones Peluso 2247 SE Neumann U87

Neumann KM 184 (2) AKG 414 XLS (2) AKG SE 300b (2) AKG D112 Royer R121 Sennheiser MKH 80 Electro Voice RE 20 (2) Electro Voice RE15 Audix D6 SM 58 (4) SM 57ª Beta (2) SM 57 dynamic (3) Beta 52 KSM32 Condenser Blue Baby Bottle -Condenser Blue 8-ball – Condenser Superlux CMH 8G - Condenser Kit de microfones para bateria Superlux DRK – F5H3 Superlux PRA – 638 - Ribbon KCM Ribbon R-25 (2) MXL 604 Condenser (2) MXL 991 Condenser MXL 990 Condenser MXL V67i Condenser Paia 9506K MS Stereo (Ambiência) Samson C02 Condenser (2)


Além dos encontrados nas mesas, o estúdio tem diversas opões de pré-amplificadores

móvel especialmente para ela e tudo o que vem junto. Antes, nem usava patch bay”, aponta Lobato. A opção pela mesa analógica diz respeito tanto ao gosto pessoal do dono do estúdio como também a uma opção por ter um equipamento de qualidade imune às obsolescências aceleradas que acontecem no mundo

digital. Originalmente com 16 canais, a 1608 vem com oito slots vazios nos quais Lobato encaixou os préamplificadores API que já tinha. A automação da mesa é apenas nos moving faders. “Tivemos que voltar a usar mapas para anotar os parâmetros de equalização feitos na mesa”, conta Marcelo.

Mas nem só de analógico vive o Jimo. As gravações são feitas no Pro Tools e Lobato não vacila também em usar os pacotes de plug-ins. Tanto os efeitos como os simuladores de instrumentos. Pelo menos dos (poucos) que não tem no estúdio. “Gravamos no Pro Tools. Não tenho frescura de usar digital, mas sinto a diferença. Orgão é órgão. Temos um Hammond aqui. O harmônio funciona com ar, então tem o barulho do fole”, exemplifica o músico. É claro que em um estúdio que privilegia o som real, não podem faltar bons microfones. Royers 121 de fita, os AKG 414, Sennheiser, ElectroVoice RE-20, RE-15 e tantos outros que fazem o som nos melhores estúdios. Com certeza, quem grava no Jimo se sente em casa.

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Figura 03 - CC121 Vista lateral. Detalhe do fader motorizado

Olá, amigos. Depois da AES sempre falamos de avanços tecnológicos, de novas possibilidades de fazermos música, de trabalharmos o áudio etc. Desta vez, vou falar da coisa mais importante na vida dos músicos, produtores, donos de estúdio, sonoplastas, mixadores e todos os profissionais envolvidos com música e áudio direta e indiretamente: O TEMPO. Marcello Dalla atelie2@hotmail.com Fotos: Divulgação

O TEMPO SOB CONTROLE

CUBASE PRO 8 E OS CONTROL ADORES USB - CC121

P

ara quem tem o hábito, ou a necessidade, de “emburacar” noites adentro ou fins de semana a fio compondo, produzindo, criando arranjos, gravando, editando, mixando, masterizando, estudando equipamento que vai adquirir, estudando os softwares que usa, resolvendo perrenga do computador do estúdio para poder trabalhar, etc. etc. sabe muito bem do que estou falando: como tem valor um fim de semana livre. Como tem valor algumas horas com a família. Como tem valor conseguir ligar para a esposa dizendo que vai sair do estúdio às 8 da noite e sair mesmo. Que imenso valor tem dormir um número mínimo de horas para se sentir vivo no dia seguinte e não ter a sensação de estar “carregando” o corpo. Pois bem. Nosso combustível de trabalho é ele: O TEMPO. Realizar todas as tarefas a que nos propomos com qualidade é mui-

to importante, mas, com a vida corrida de todo mundo, ter um fluxo de trabalho com velocidade e eficiência tem um valor imenso. É nesse quesito que existem acessórios importantes para implementarmos em nossos estúdios, com o objetivo de tornarmos mais eficientes todas as etapas do que fazemos. Os clientes agradecem, e nossa saúde também. Em última análise, vendemos nosso tempo e o usamos como matéria-prima do nosso produto. Já pararam pra pensar o quanto é difícil o trabalho numa workstation de áudio somente com o mouse? Até hoje ainda não conheci alguém que tivesse paixão por ajustar plug-ins de compressores e equalizadores somente com o maldito ponteiro impreciso e cruel. O maior problema é que com o mouse fazemos apenas uma coisa de cada vez. Se eu ajusto um parâmetro de uma banda de um equalizador, eu só manipulo e ouço este ajuste sem a chance de


ouvir ajustes em outras bandas simultaneamente. Pra quem é dinossauro como eu (lá vêm os dinossauros de novo!) e tem o hábito e a velocidade de trabalho em equipamentos analógicos, estar preso somente ao mouse é motivo de ansiedade, angústia e, em situações de prazos de entrega de trabalhos próximos de zero ou negativos, motivo de total desespero. No intuito de salvar-nos da síndrome do pânico, algumas “interfaces humanas” ou superfícies de controle foram desenvolvidas pela Steinberg para otimizar comandos e recursos do Cubase. O mais interessante é que estes controladores não foram criados para substituir o mouse, mas para trabalhar em conjunto com ele justamente nas funções que são mais deficientes com o uso do mouse. O que se ganha com estes complementos? O bem mais precioso que temos: O TEMPO.

Figura 2 - Controladores modulares CMC

Figura 1 - CC121

Vamos começar visitando o modelo de controlador CC121 (Figura 1). Sozinho ou em conjunto com os controladores modulares da linha CMC (figura 2), o CC121 é versátil. O CC121 é um controlador compacto e eficiente que proporciona grande velocidade nas funções de mixagem. A figura 3 mostra a vista lateral esquerda da CC121 onde vemos em destaque o fader motorizado sensível ao toque. Você

pode perguntar o que seria um mixer de um fader só, mas não é essa a proposta. O Fader da CC121 é suave para que possamos gravar automações de volume com precisão. As automações de volume são muito importantes para a expressão musical. As variações de dinâmica em mixagem são elementos fundamentais de expressão, e quando realizadas com sutileza acrescentam musicalidade. O fader da CC121 proporciona essa sensação. Fazer automações sutis e delicadas de volume usando só o mouse é como dirigir um carro sem volante, segurando e virando a barra de direção com um alicate. Bom, eu nunca dirigi um carro desta forma, mas tenho essa exata sensação quando uso o mouse buscando fazer automações de volume refinadas... simplesmente não dá! Acreditem, é absolutamente diferente fazer com o fader. Quem trabalha com orquestração virtual sabe do que eu estou falando. Quem mixa para TV e rádio com locução sobre BG musical também tem a exata noção. Quem mixa música querendo detalhes, sabe disso. Os exemplos desta necessidade são inúmeros. O fader móvel da CC121 permite que você observe o movimento dele enquanto ouve a automação gravada. Caso queira refazer em tempo real a sua automação basta manter ativada as teclas W e R da CC121 e tocar no fader no momento em que for en-

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Figura 4 - Modo Touch na automação. Detalhe da curva de automação abaixo do canal

O fader móvel da CC121 permite que você observe o movimento dele enquanto ouve a automação gravada. Caso queira refazer em tempo real a sua automação basta manter ativada as teclas W e R da CC121 e tocar no fader no momento em que for entrar gravando.

trar gravando. Lembre-se que no painel de automação o modo selecionado deve estar em “touch” como mostra a figura 4. Observe também nesta figura a linha de automação gravada dese-

ses comandos e também ao panorama estéreo (pan) através do knob. A figura 5B mostra o campo Inspetor de um canal para nossa referência com os botões de comando. Logo abaixo temos os botões “channel select” que nos permitem selecionar no projeto o canal no qual a CC121 está atuando. Ainda na figura 5 vamos observar a região central da CC121que inclui os comandos do equalizador e comandos de transporte. Aqui, mais uma vez, cabe a comparação com os comandos analógicos. É muito, mas muito melhor trabalhar equalização com os knobs do que catando cada parâmetro com o mouse. A figura 6 mostra uma curva de equalização do paramétrico de 4 bandas do canal. Os comandos do EQ da CC121 per-

Figura 5 - CC121 vista dos comandos

nhada abaixo do canal, que permite que possamos editar graficamente também. A figura 5 mostra todos os comandos da CC121. Reparem que ao lado direito do fader temos todos os botões de comando encontrados no campo Inspetor de cada canal. Isso permite um acesso muito rápido a es-

mitem que você trabalhe muito rapidamente sobre cada banda ou em bandas simultâneas e observe graficamente na medida em que ouve os resultados. É o plug-in digital com a sensação de estar trabalhando em um equalizador analógico. Os botões ON abaixo dos knobs permitem que você ligue e desligue caFigura 5B - Campo Inspetor no projeto e sua correspondência com os botões na CC121


Figura 06 - curva do equalizador comandado pela CC121

Figura 10 - Menu de configuração da CC121 no Cubase

Figura 7 - O botão EQ TYPE da CC121 faz a seleção do tipo de curva de cada banda

da banda para comparar sonoridades também. O botão BYPASS permite a comparação com e sem todo o equalizador. O botão EQ TYPE permite a seleção do tipo de curva de cada banda através do knob inferior G. A figura 7 mostra os tipos de EQ que são selecionáveis. Além disso a CC121 permite que possamos comandar os Controles Rápidos e endereçá-los aos parâmetos de plug-ins de outros fabricantes. Desta forma os knobs de equalização se tornam knobs de controle dos parâmetros do que desejarmos nos plug-ins. A figura 8 mostra os Controles Rápidos endereçados ao plugin CLA 2A da Waves. Mapeando os comandos e salvando como presets, montamos nossa livraria de Controles Rápidos de plug-ins que estará disponível em todos os projetos. O mapeamento é montado ape-

nas uma vez e salvo como mostra a figura 09, daí pra frente sempre que buscarmos os presets já estaremos com os comandos dos knobs definidos. Mais uma vez, a grande vantagem é termos os comandos dos plug-ins nos knobs da CC121 com uma cara analógica. Podemos calibrar todos os parâmetros do nosso CLA 2A do exemplo na CC 121 com a mão esquerda enquanto a mão direita está no mouse realizando outras funções. Voltamos na figura 5 e olhando para a seção à direita da CC121 podemos ver na parte superior 4 botões de funções customizáveis. Podemos atribuir a estes botões qualquer menu ou submenu do Cubase. Alguns bancos de funções já vêm presetados, como por exemplo o de monitoração. Neste modo o knob Value controla o volume da saída de monitoração para o estúdio (Control Room) e as teclas de 1 a 4 podem selecionar os diferentes conjuntos de monitores (stereo ou surround). Com este recurso, a CC121 se torna o comando de monitoração do estúdio dispensando hardware adicional dedicado a esta função. Dependendo da escolha das funções dos botões, o knob Value assume diferentes parâmetros. A figura 10 mostra o menu de configuração da CC121 (menu principal Dispositivos / Configuração de Dispositivos / Steinberg CC121). Na parte inferior direita da CC121 vemos o AI KNOB que é um poderoso comando no Cubase. Quando te-

Figura 8 - mapeando Controles Rapidos para plug-ins diversos para uso dos knobs do CC121

Figura 9 - Salvando o preset do remoto do plug-in como Controle Rápido do CC121

Figura 11 - Tube Compressor nativo do Cubase, ao passar o mouse sobre os comandos o KNOB AI da CC121 atua em todos os parâmetros

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Figura 12 - Channel Strip do Cubase, com o mouse apontado para cada parâmetro o AI KNOB controla cada um deles

Quando o botão LOCK do AI KNOB está ativado, a última função que foi escolhida para controlar permanece, independente da posição do mouse.

mos os botões JOG e LOCK desativados, o AI KNOB atua em TODOS os parâmetros sobre o qual o mouse esteja apontado. Por exemplo: a figura 11 mostra o Tube Compressor nativo do Cubase. Ao passarmos o mouse sobre o comando de DRIVE (não é preciso clicar) o AI KNOB passa a controlar este parâmetro e, ao girarmos, o knob DRIVE

também acrescenta agilidade. Com um layout simples a CC121 agrega múltiplas funções e sua operação é fácil e intuitiva. A Figura 13 mostra o painel traseiro da CC121 que possui uma entrada para pedal cuja função também pode ser escolhida. Gosto de utilizar para Play/Stop com volta ao ponto de origem automática quando estou trabalhando em uma seção em loop equalizando, timbrando, comprimindo, enfim mixando um trecho e ouvindo repetidas vezes. Falamos da CC121 em linhas gerais. Para mais informações específicas, vale a pena experimentar o equipamento e dar uma lida no manual de operação que é franciscanamente simples. Seguiremos adiante nos próximos artigos, com o restante da família de controladores USB: os modulares da linha CMC. Como diz a canção Oração do Tempo, de Caetano Veloso: “Compositor de destinos, tambor de todos os ritmos, tempo, tempo, tempo, tempo”.

Figura 13 - Painel traseiro da CC121

gira na tela do Cubase. Se passamos o mouse sobre o parâmetro OUTPUT nosso AI KNOB passa a controlar este. Compreenderam o poder desse AI KNOB? A velocidade de ajustes nos plug-ins é absurda! Da mesma forma podemos ajustar parâmetros no mixer e, principalmente, no Channel Strip que contém muitos comandos em knobs rotativos, como mostra a figura 12. Amigos, garanto: é sensacionalmente rápido e preciso nos ajustes. Quando o botão LOCK do AI KNOB está ativado, a última função que foi escolhida para controlar permanece, independente da posição do mouse. É uma ótima opção quando desejamos um controle dedicado de determinado parâmetro. Quando o botão JOG está ativado, o AI KNOB é utilizado para deslocar o cursor na timeline. A alternância de funções para o AI KNOB

Ganhamos TEMPO e musicalidade quando integramos a arte da manipulação de sons a nossos gestos, a nosso tato, enfim, completando nossa integração no som com todos os nossos sentidos. Até a próxima. Abraço!

Para saber online

atelie2@hotmail.com www.ateliedosom.com.br Facebook: ateliedosom | Twitter:@ateliedosom


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TECNOLOGIA |ESTÚDIOS| www.backstage.com.br 42

Considerados um dos principais patrimônios de qualquer estúdio de gravação, seja ele comercial ou simplesmente um home studio, os microfones são os responsáveis por transformar ondas sonoras em sinais elétricos, dando o “pontapé inicial” na arte da produção musical. Entre todos os equipamentos, são os responsáveis pelo primeiro contato com a fonte sonora, podendo comprometer todo um processo quando não utilizados estrategicamente.

VMS One + Mic

VIRTUAL

MICROFONE SYSTEM UM FUTURO PARA OS MICROFONES LENDÁRIOS

C

ada fonte sonora possui características peculiares que a distingue das demais. Utilizar o microfone correto para cada aplicação, aquele que potencializa essas características, fará com que a sonoridade desejada seja obtida sem demandar muito tempo e esforço. Porém, avaliar a sonoridade de um microfone confiando somente na sua resposta de frequências pode não ser a me-

Luciano Freitas é técnico de áudio da Pro Studio americana com formação em ‘full mastering’

lhor alternativa. Elementos não lineares como harmônicos e saturações geradas pelos componentes do seu circuito


Pré-Amp VMS One Back

Virtual Mix Rack

trole como o tipo de pré-amplificador utilizado pelo usuário ou o estado de conservação do microfone, entre outras. Com o objetivo de oferecer a melhor solução possível neste segmento de produtos, a Slate Digital, uma das

usuário a sonoridade de qualquer microfone lendário já produzido.

VMS - O SISTEMA Cada Virtual Microfone System – VMS – é formado por pelo menos um microfone, um pré-am-

eletrônico impactam diretamente no resultado (timbre) final. Detalhes técnicos à parte, muitos se perguntam qual seria o número ideal de peças de uma boa coleção de microfones. Grandes estúdios comerciais chegam a ter dezenas a centenas de modelos diferentes. Já os estúdios de pequeno porte deveriam ter, no mínimo, um condensador cardioide com diafragma grande (para captar principalmente vocais), um condensador com diafragma pequeno (para captar principalmente instrumentos acústicos) e um dinâmico com diafragma pequeno (para captar componentes musicais que produzem alto nível de pressão sonora). A demanda vai aumentando conforme a necessidade de captar diferentes fontes sonoras. Sabendo que a maioria dos proprietários de estúdios de pequeno porte não pode, por razões financeiras óbvias, montar uma coleção de microfones como gostaria, algumas empresas se lançaram no mercado para apresentar soluções que se mostram bem mais viáveis. Talvez a mais utilizada até hoje seja o plug-in Microphone Modeler (lançado em 1999, atualmente conhecido como Mic Mod EFX), da empresa Antares Audio Technologies. Utilizando tecnologia proprietária (Spectral Shaping Tool), o programa promete reproduzir as caraterísticas de 125 diferentes modelos de microfones. No entanto, esta solução esbarra em particularidades que fogem ao seu con-

Talvez a mais utilizada até hoje seja o plug-in Microphone Modeler (lançado em 1999, atualmente conhecido como Mic Mod EFX), da empresa Antares Audio Technologies desenvolvedoras de plug-ins que mais se destaca atualmente no mercado, apresenta o seu Virtual System Microfone, um híbrido de hardware e software que promete oferecer ao

plificador e pelo plug-in responsável pelo processamento do áudio captado. Atualmente o fabricante oferece dois diferentes modelos de microfones compatíveis com o sistema: o ML1, um condensador de diafragma grande com resposta ultra linear, e o ML2, um condensador de cápsula pequena capaz de suportar 135 dB de pressão sonora, produzindo baixíssima distorção. Ambos possuem como padrão polar de captação o cardioide, oferecendo precisa reprodução

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de transientes sonoros e extensa resposta de frequências. No futuro, o empresa pretende oferecer outros modelos, com diferentes padrões polares, os quais poderão agregar valor ao sistema. Quanto aos pré-amplificadores, dois são os modelos disponíveis na atualidade: o VMS One e o VMS Dual Preamp Converter. O primeiro oferece um canal com pré-amplificação super transparente e vem equipado com ferramentas que possibilitam a inversão da po-

dedicada à conexão de instrumentos musicais elétricos. Já o segundo, com dois canais de pré-amplificação, reúne todas as ferramentas disponíveis no VMS One somadas a saídas digitais nos formatos AES/ EBU e SPdif (operam em 192 kHz/ 24 Bits), as quais permitem transportar o áudio com a máxima integridade e precisão. Completando o sistema temos o plug-in VMS, que deve ser carregado como o primeiro processador no fluxo de áudio do canal. Compatível

Já o segundo, com dois canais de préamplificação, reúne todas as ferramentas disponíveis no VMS One somadas a saídas digitais nos formatos AES/EBU e SPdif (operam em 192 kHz/24 Bits) laridade do sinal, redução do nível de entrada (Pad – 10 dB), alimentação phantom power (+48 volts) e uma entrada de alta impedância

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VMS Plug-In

com os formatos AAX, VST, RTAS e AU, este programa é o responsável por adicionar àquele sinal capturado, com toda transparência possível,


as características sônicas dos mais exóticos e tradicionais microfones da história. Na primeira versão do plug-in estão disponíveis as simulações dos clássicos Neumann U47, AKG C12 e Telefunken ELA M251 para uso com o

microfone ML1 e dos microfones Shure SM57, Sennheiser MD 421; e Royer R121 para uso com o microfone ML2, além de vários presets para captação de peças de bateria que não apresentam um codinome definido. Essa biblioteca tende a ser expandida por meio de pacotes vendidos separadamente, modelados a partir dos microfones residentes nos mais famosos estúdios do planeta, o que permitirá ao usuário variações quase ilimitadas. Vale ressaltar que o sistema não simula apenas as características dos microfones, mas também dos pré-amplificadores nos quais eles são conectados. Inicialmente, são duas as opções disponíveis: o FG73, prometendo as características do inconfundível Neve 1073A (talvez o mais requisitado préamplificador de microfones da história); e o FG-Tube, simulando

todo o “calor” das válvulas de um verdadeiro Ampex 351. Como bônus, a Slate Digital está oferecendo aos usuários do VMS uma cópia do pacote de plug-ins Virtual Mix Rack, um dos seus maiores sucessos de venda na atualidade. Estes plug-ins são capazes de simular as características de dois entre os mais famosos equalizadores da história (FG-S e FGN, que correspondem, respectivamente, aos equalizadores encontrados nos consoles SSL 4000E e Wessex A88 (o qual debutou o pré-amplificador Neve 1073), e de dois icônicos compressores (FG116 e FG-401, que correspondem respectivamente aos compressores UREI 1176LN e Chandler Little Devil Compressor).

Para saber online luciuspro@ig.com.br

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TECNOLOGIA|ABLETON LIVE| www.backstage.com.br 46

Transformar Áudio em MIDI é algo muito inspirador e produtivo. Apesar de não ser nenhuma novidade exclusiva do Ableton Live, a maneira intuitiva com que trabalhamos no Live me induziu, literalmente, a usar este mecanismo mais e mais. Não é raro eu gravar por aí algum trecho de áudio (música, beat, ruído etc.), e converter em MIDI e, posteriormente, modificar para extrair aquele groove ou mesmo experimentar aquele efeito, ataque ou envelope. Mas vamos ao que interessa.

ABLETON LIVE AUDIO CONVERTER > MIDI Lika Meinberg é produtor, orquestrador, arranjador, compositor, sound designer, pianista/tecladista. Estudou direção de Orquestra, música para cinema e sound design na Berklee College of Music em Boston.

A

bra o Ableton Live no Session View (Janela Session), dirija-se ao canto superior esquerdo e abra o Browser (clique no triângulo cinza caso não esteja aberto – verde). Procure no seu HD (Places/HDs..,C:\ ; D:\dependendo da sua configuração) algum loop sugestivo (um groove de Baixo e Bateria, por exemplo). No meu caso eu achei (no meu HD “E:\”) um loop que fiz do Michael Jackson – Billie Jean, introdução da músi-

Audio Loop

ca, que eu trabalhei em outro projeto, perfeito para extrair o baixo e a batera!!! Arraste o Loop para algum track como mostra a seta amarela (ou dê duplo clique para que o programa crie um novo track).

AÍ ESTÁ... No entanto, antes podemos otimizar nosso visual da janela Session para facilitar as coisas. Clique naquele triângulo


Otimizando

cinza para fechar o Browser. Então, clique em cima do track com o Loop (mark em amarelo), isso vai revelar o Clip View e Sample Display.

Converting Drums

Agora, em baixo à esquerda, como indica a seta em vermelho, clique no ícone circular com um “E” (deve

ficar amarelo) para podermos enxergar as propriedades do Clip (Sample). Por curiosidade, eu desabilitei o Loop (nesse botão bem no centro do Clip View). Você ainda pode ajustar a largura do track, como indica a seta verde (em cima - no meio), ao aproximar o cursor do mouse junto à borda entre um Track e outro até que um colchete branco apareça. Aperte o botão esquerdo, segure e arraste para redimensionar a largura do Track (para poder enxergar o nome completo do Sample, por exemplo.) Muito bem. Tudo nos conformes, todos se vendo, clique com o mouse em cima do Audio Clip (Sample) com o botão direito (mark em amarelo) e isso vai revelar um submenu. Vá com o cursor em “Convert Drums to New MIDI Track” (Converta Drums para um novo MIDI Track), esse selecionado em azul, e clique novo para converter Audio em MIDI.

ENTÃO, HABEMUS MIDI Track... Repare que foi criado um novo MIDI Track, como mostra na ima-

New Drum Rack

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ABLETON LIVE| www.backstage.com.br 48

MIDI-Track

Extrating Melody

gem acima, destacada por esse retângulo com rosa. Por padrão, quando se cria um MIDI Track por esse método, automaticamente um Drum Rack é criado com esse novo canal (destacado pelo retângulo amarelo à esquerda). É evidente que você pode usar qualquer outro plug-

Melody Bass

in com esse MIDI Track, ou mesmo alterar esse Rack! Se você clicar com o seu cursor (como mostra no meio embaixo destacado pelo círculo vermelho na imagem anterior) você revelará o MIDI Note Editor (mark amarelo limão na imagem a seguir). Aqui e agora, você pode editar e transformar esse MIDI como quiser, deixando com a sua cara sem ter que sugar a ideia do outro músico. Use sua criatividade, né? Mas não é só o Beat (groove) que você pode extrair! Que tal o Baixo, ou uma melodia?!! É o mesmo processo. Clique agora em “Convert Melody to New MIDI Track”, como mostra o círculo vermelho na imagem, e teremos nossa melodia, ou linha de baixo, um solo. Qualquer linha melódica que se destaque pode


ser extraída. Eventualmente uma ou outra nota xereta pode ser extraída no processo, mas é só editar no MIDI Note Editor, caso isso aconteça.

Harmony to Midi

melodia de instrumentos solo podem ser interpretadas pelo programa como notas da harmonia, contaminando, digamos assim, o processo de extração, o que exigirá uma edição posterior bem trabalhosa. Em condições normais, o algoritmo de extração é bastante eficiente, mas em casos de arranjos muito densos com metais e vocal o resultado fica comprometido. Como regra de segurança eu sugiro que você use esse recurso do Ableton Live em trechos de áudio mais limpos com poucos instrumentos, caso você queira extrair a ideia básica, o groove-Beat, a linha de

Como regra de segurança eu sugiro que você use esse recurso do Ableton Live em trechos de áudio mais limpos com poucos instrumentos VEJA O RESULTADO: Um novo MIDI Track (como indica o mark Rosa). Nesse caso, uma melodia, (uma linha de baixo). Em extração de melodia, o MIDI Track vem acompanhado por um Instrument Rack com os Plug-ins Nativos “Analog e Electric” (retângulo verde). Para revelar o MIDI Note Editor, mesmo procedimento anterior. Clique em baixo como mostra o círculo vermelho na imagem. Você ainda pode extrair Harmony (harmonias, acordes). Veja na imagem a seguir. Especialmente no caso de extração de Harmônicas ou acordes, é recomendável que se use trechos “solo” de teclado, piano ou qualquer instrumento de harmonia, ou trechos orquestrais, porque as notas de bateria, baixo ou

baixo, a melodia e alguma harmonia (em Rock ou Pop funciona fácil). Mas nada impede de você experimentar e chegar a resultados muito interessantes, mesmo que você tenha algum trabalho de edição. Vá fundo!! Boa sorte a todos!

Para saber online

Facebook - Lika Meinberg www.myspace.com/lmeinberg

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PRODUÇÃO MUSICAL| www.backstage.com.br 50

Ao se falar de mixagem, muito é discutido sobre técnicas, das mais simples às mais complexas, sobre como fazer soar melhor e tornar mais claros e definidos os vários elementos de uma música. Até aí quase ninguém discorda. Muito se discute sobre qual é o “pulo do gato” em uma mixagem. O que faz uma mixagem soar realmente bem? Muita ou pouca compressão? Muita ou pouca equalização? Equalização subtrativa ou aditiva? Muito ou pouco efeito? Colocar pre-delay ou não reverb? Utilizar processamento paralelo? Inserir ou não compressão e equalização no master bus?

MENOS É

MAIS ! Ricardo Mendes é produtor,

professor e autor de ‘Guitarra: harmonia, técnica e improvisação’

É

claro que todos esses passos acima, se utilizados de maneira correta, irão contribuir para a sua mixagem soar melhor, mas a pergunta é: qual deles é o “pulo do gato”? Resposta: nenhum! E a resposta também não é: “são todos igualmente importantes”. O “pulo do gato” está no arranjo! Isso mesmo. Sem levar em consideração a qualidade da composição e da performance, pois não há técnico de som no planeta que faça uma música ruim ou mal executada soar

bem. O pulo do gato está no arranjo. Em um arranjo bem elaborado, os instrumentos e as partes da música dialogam entre si, especialmente em um sistema de complementação ou pergunta e resposta. Por exemplo, se um instrumento de solo, como um sax, guitarra solo, gaita etc. toca durante a voz, este instrumento irá procurar executar suas frases durante as pausas na melodia da voz, ou então harmonizar com a mesma, seja em uníssono ou abrindo intervalos.


Em uma banda de rock com duas guitarras, essa dobra colocada em estéreo pode ser benéfica, mas em um arranjo com mais elementos, pode se tornar desnecessária, e em uma mixagem, tudo o que é desnecessário se torna contraproducente. Em um arranjo sinfônico, mesmo que uma orquestra completa tenha aproximadamente 80 elementos, raramente todos os instrumentos tocam ao mesmo tempo. E quando ouvimos uma sinfônica tocar ao vivo, estamos escutando uma “mixagem” que é feita pela condução do

acrescentar um elemento, sinto que não está fazendo muita diferença. É claro que este ponto também é subjetivo. Pode ser que a percepção deste ponto varie de uma pessoa para outra, mas o raciocínio permanece válido. Só um ponto a se tomar cuidado: se ao retirar um instrumento você não sentir muita diferença, pode ser porque ele seja redundante no arranjo, ou então por que ele esteja baixo demais na mixagem. Preste atenção neste detalhe antes de decidir retirar o elemento da mixagem.

Na verdade estamos falando de espaço. Para que os instrumentos fiquem claros, a música precisa de espaço. E por espaço podemos entender que nem todos os instrumentos devem tocar simultaneamente durante toda a música. Se no arranjo já foi planejado este espaço, melhor. A sua mixagem se tornará muito mais fácil, e provavelmente soará melhor no final. Porém, em certas situações temos que lidar com músicas com muitos canais tocando ao mesmo tempo. É neste ponto que temos que balancear as técnicas com o arranjo. Podemos, sim, nos utilizar de várias técnicas para tentar deixar tudo definido, mas a pergunta é: não é mais fácil e melhor tirar alguns elementos da música? Simplesmente mutar alguns canais em determinados trechos? É claro que se trata de mudar o arranjo, pois uma guitarra que estava tocando em determinado trecho não estará mais. Neste caso, se não for um disco solo seu e houver mais gente envolvida no projeto, seria bom perguntar o que as outras pessoas acham. Mostre as duas opções para a banda (com e sem aquela parte) e pergunte se gostaram. Quando for mostrar a opção, não toque somente o trecho onde foi feita a alteração. Toque desde um pouco da parte da música anterior à alteração e deixe continuar tocando um pouco mais até a parte posterior à alteração, de modo que seja possível relacionar as outras partes ao efeito causado pela alteração. Uma situação bem comum é quando temos a sensação de que a música não cresce no refrão como deveria. Costuma dar certo retirar alguns elementos da parte que antecede o refrão. Outra situação comum é arranjo redundante, onde instrumentos com a mesma faixa de frequência executam arranjos parecidos.

Em uma banda de rock com duas guitarras, essa dobra colocada em estéreo pode ser benéfica, mas em um arranjo com mais elementos, pode se tornar desnecessária... maestro, pela dinâmica dos músicos e, principalmente, pelo arranjo, que já traz definido qual instrumento toca em determinado momento. E é justamente por causa disso que a música clássica tem uma dinâmica fora de série, que vem sendo perdida pela música pop, especialmente nos últimos anos. Em uma mixagem com 16 canais de guitarra, 8 canais de teclado, 6 dobras de voz, 4 canais de violão, 4 dobras para cada instrumento de percussão, 12 canais de backing vocals, temos que nos perguntar se tudo isso é realmente necessário para a música. É claro que o que é realmente necessário para a música é um pouco subjetivo, mas eu costumo me orientar da seguinte maneira: para mim o ponto ideal é o ponto onde se eu retiro um elemento, sinto que a música ficou vazia, e se eu

Não tenha medo de exagerar para menos. Em algumas situações eu já cheguei ao ponto em que deixar somente voz, bateria e baixo foi a melhor solução para aquela parte. Se você prestar atenção em músicas feitas e mixadas por produtores top, você irá perceber que existem muitos elementos, sim, mas que eles não tocam juntos o tempo todo. Para fazer isso, sugiro escutar as músicas com um par de headphones de boa qualidade. Desta maneira será mais fácil perceber algumas nuances, sutilezas e detalhes do arranjo e da mixagem. Em matéria de arranjo ou mixagem, um velho ditado popular pode ser aplicado sem medo de errar: “quando um burro fala, o outro abaixa a cabeça”!

Para saber mais redacao@backstage.com.br

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BAIXO ELÉTRICO| www.backstage.com.br 52

AUTO GESTÃO E PRODUÇÃO Hora de pensarmos em como organizar e gerir a própria carreira, fato que envolve algum procedimento de produção. Sim, por que não? Produção está diretamente ligada à carreira musical de qualquer instrumentista/ artista, em todas as suas fases. Por isto, falaremos agora de auto gestão de carreira musical.

DE CARREIRA Jorge Pescara é baixista, artista da Jazz Station e autor do ‘Dicionário brasileiro de contrabaixo elétrico’

O

que seria ‘auto gestão’ de uma carreira? Como sugere o termo, é a produção de todas as fases e segmentos do dia a dia profissional de um músico, seja ele artista ou instrumentista acompanhante. Para elucidar melhor o fato, temos que ter em mente que (no caso de nós instrumentistas) não podemos continuar acreditando na lenda de que somente estudar e tocar bem faz uma carreira! Não, não fará nada se o instrumentista não tiver direcionamento, objetivo, dedicação e uma boa auto gestão. Estudar, sim, e muito; participar de cursos, workshops e seminários (para além do seu próprio instrumento, mas também de outras áreas da música como improvisação, arranjo, orquestração, indo até mesmo a outras áreas como psicologia, didática, oratória, consultorias, coaching pessoal etc). Pesquisar (sons, timbres, instrumentos diferentes), planejar o marketing (nome artístico forte, visual com roupas adequadas ao estilo pretendido, divulgação de projetos, aulas etc.). Estruturar um release conciso com os estudos completados, os principais trabalhos efetuados, uma discografia seleta; boas fotos de divulgação em alta resolução de 300dpi (sim, a imagem é importante para qualquer músico, por-

tanto pense em ter fotos boas e produzidas). Ter boas maneiras profissionais (saber se portar, vestir e o que e quando falar, seja em estúdio, palco, sala de aulas, etc.); estruturar uma rede de ‘clientes’ (possíveis alunos, locais para apresentações, estúdios para produções, etc.); implantar redes virtuais de divulgação (Facebook, Tweeter, Google+, Reverbnation, MySpace, etc.); preparar alguns videos de qualidade HD (para divulgação no YouTube, Vimeo, etc.); produzir algum projeto para venda e divulgação online em mp3 (CdBaby, iTunes, Amazon, etc.); investir em equipamentos novos e na manutenção dos que já estão em uso; viabilizar e estruturar projetos de incentivo cultural, crowndfunding (financiamento coletivo), enfim... a lista é enorme! Pensando nisto, preparamos este bate papo com o contrabaixista Zuzo Moussawer, que retornou ao Brasil após ter se graduado na Berklee College em Produção Musical. Zuzo, como baixista atuante em um segmento de produção musical, falenos de sua formação. Sou autodidata nos meus estudos de contrabaixo, comecei tocando bateria


Fotos: Ze Cintra / Divulgação

Como foi a experiência de estudar na Berklee? Qual curso você se graduou, lá? O curso foi muito bom e puxado, fiz os dois primeiros anos no Bra-

que na verdade, eram conjuntos de baldes e bandejas, logo depois fui para o baixo mas também tocava violão e um pouco de teclado. Não tive professores formais em nenhum destes instrumentos, nem em harmonia e arranjos, aprendi muito com vídeo-aulas, livros e, meio que tentando descobrir os fundamentos musicais a partir do que ouvia. Recentemente decidi me aprofundar nos estudos musicais gerais, decidindo então fazer a Berklee.

Com a Internet e os computadores, gravar, produzir, disponibilizar e divulgar seu próprio material ficou muito mais fácil. (...) há uma quantidade de material disponível muito maior. sil, na Faculdade Souza Lima Berklee, transferi esses dois anos, entrando nos Estados Unidos no terceiro ano e me especializando em trilha sonora, onde tive aulas tanto sobre o aspecto tecnológico, como aulas de softwares, produção musical, como no aprimoramento dos estudos de arranjo, harmonia, orquestração e a relação filme-música, me graduando com honras. Eles tinham uma atividade extra-classe enorme, no começo foi bem difícil pois ainda não dominava a língua totalmente. ‘Em quê’, exatamente, acredita que ter feito este curso o ajuda no mercado musical brasileiro? Acho que para fazer trilhas e produzir, quanto mais conhecimentos sobre música você adquirir, melhor a capacidade de traduzir o que um filme ou uma música precisa: conhecimentos de harmonia, arranjo, orquestração, leitura musical e percepção certamente fazem o resultado final do seu projeto ter mais qualidade.

Em quais áreas musicais você está trabalhando atualmente: produção, direção, arranjos, músico acompanhante, carreira solo, ensino, etc.? Carreira solo, produção musical, composição de trilhas, criação de partituras e orquestração de filmes, aulas particulares de baixo, harmonia e composição por Skype. Indo diretamente ao ponto chave do artigo, vamos elaborar sobre a auto gestão de carreira. Como é, em sua opinião, que o músico deve gerir, disciplinar e produzir sua própria carreira? Primeiramente ter foco é importante, reservando espaço de tempo para os estudos, criação de materiais novos, divulgação. Particularmente venho compondo, gravando, produzindo, lançando, vendendo meus CDs desde 1995, e percebo que o cenário mudou bastante, hoje há facilidades em todos os aspectos, às vezes tudo isso faz o músico sair do foco, inclusive em relação ao seu crescimento musical. E como anda o mercado, de forma geral? Com a Internet e os computadores, gravar, produzir, disponibilizar e divulgar seu próprio material ficou muito mais fácil. Ao mesmo tempo, há uma quantidade de material disponível muito maior. Com isso, na média, a qualidade cai, então, as pessoas começam a

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BAIXO ELÉTRICO| www.backstage.com.br 54

Em consequência, a qualidade de trabalhos musicais, como CDs e shows de um músico infelizmente acaba valendo menos do que o quanto um video pode impressionar, e esse fascínio por uma impressão imediata de um video de poucos minutos também está fazendo pessoas se interessarem menos por shows

criar mecanismos de escolhas quantitativos; por exemplo, pessoas escolhem o que assistir em um YouTube apenas pela quantidade de views ou porque o sujeito toca bem no seu quarto. Em consequência, a qualidade de trabalhos musicais, como CDs e shows de um músico infelizmente acaba valendo menos do que o quanto um video pode impressionar, e esse fascínio por uma impressão imediata de um video de poucos minutos também está fazendo pessoas se interessarem menos por shows. Acho que o músico deve se preocupar mais em produzir trabalhos que questionam essa lógica. Fale um pouco de seu projeto solo. Parece que você tem planos pra um DVD com extras em formato de video-aula... Sim, é um DVD com um show de uma hora solo, onde toco arranjos para standards de jazz e música brasileira que fazem parte dos meus CDs, principalmente o Prato da Casa. A outra metade do show é com o meu trio - com Mauro Hector na guitarra e Plínio Romero na bateria -, tocando músicas

dos meus quatro álbuns, com bastante espaço para o improviso. Também há um bônus de uma video-aula onde explico as principais técnicas que criei nesses vinte e três anos de carreira solo. Quem quiser conhecer o meu trabalho, entre no meu site www.zuzo.com.br. Com estas informações, podemos agora começar a planejar e preparar um futuro mais promissor em nossas carreiras. “Sigam-me os bons!” (in memorian Roberto Gómez Bolaños) Paz Profunda .:.

Para saber online

jorgepescara@backstage.com.br http://jorgepescara.com.br


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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 56

Renato Mangolin

A tentativa de unir o clássico ao contemporâneo vem ganhando espaço e adeptos mundo afora. No Rio de Janeiro, um dos principais palcos vanguardistas do mundo, o Festival Rc4 aterrissou em Ipanema trazendo os maiores expoentes da música clássica eletrônica, numa fusão de ritmos, notas e novo jeito de tocar e perceber os instrumentos, conferindo nova roupagem ao erudito. redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

RC4

O C I S S Á L C O NOVO ELETRÔNICA E À MÚ N U E S A IT D U R E A IC MÚS

Q

uem viu e ouviu o Trio Brandt Brauer Frick se apresentar na última noite do Festival Rc4, no Rio de Janeiro, pôde perceber algo muito diferente no ar, ou melhor, no palco. Além de comandar os instrumentos ora de forma simétrica, ora de forma improvisada, os três músicos alemães tinham o controle do som nas mãos. Durante toda a apresentação de cerca de uma hora, o som ouvido pela plateia era diretamente mixado na mesa MIDAS por Jan Brauer, um dos integrantes do trio.

TECNOLOGIA NO PALCO Paul Frick, que comandava a bateria, falou que a música apresentada era bem

SICA

diferente da que é executada em estúdio. Para a apresentação do Rc4 eles usaram uma base gravada e precisaram sequenciar os samplers com esses elementos gravados. “Quando tocamos em trio, temos outra forma de fazer o som. O Daniel toca a bateria, o Jan pressiona os sintetizadores e eu controlo os elementos gravados anteriormente”, explica. A partir daí, Paul procura controlar esses elementos trabalhando em cima do som e das frequências para tocar ao vivo, sempre em cima das bases pré-gravadas. Além de inaugurar nova forma de entregar o som ao público, os músicos do Brandt Brauer Frick tinham outra mis-


formar massa crítica, formadores de opinião que ajudarão a construir uma cena mais preparada para novidades e até mesmo promovendo interação entre esse novo público. “Na cena clássica tendemos a ser tradicionais demais, porém dentro dessa realidade, precisamos ter abertura. Não é mudar, mas agregar o novo, e é essa resposta brasileira que quero ver”, avalia Daueslberg, sinalizando para a segunda edição do evento a

nnett rk Be & Pa e h g Stin Nico

são: a de unir música clássica com a atual, criando um resultado que vem sendo chamado de clássico contemporâneo como forma de atrair e formar novo público. Foi com essa mesma missão que durante dois finais de semana o teatro do Oi Futuro Ipanema cedeu espaço para a primeira edição do Festival Rc4, um movimento que tem o objetivo de fundir música clássica e eletrônica, trazendo o ambiente erudito para dentro do universo do publico jovem. A ideia vanguardista já encontra espaço em alguns países da Europa, como Inglaterra e Alemanha, e, se depender do entusiasmo do público durante a apresentação, tem tudo para fazer sucesso no Brasil. Segundo o curador do evento Claudio Dauelsberg, o ponto de partida para produzir o festival era unir inovação e experimentalismo e vencer um desafio: promover o contato da geração Y com a música

Peter Rauche cker

clássica, utilizando novas tecnologias. “A maneira como a música clássica é apresentada ficou muito com a etiqueta do século 18 e 19. Então hoje buscamos novas maneiras de restabelecer esse contato.

Na cena clássica tendemos a ser tradicionais demais, porém dentro dessa realidade, precisamos ter abertura. Não é mudar, mas agregar o novo... (Claudio) E o Rc4 tem essa finalidade. O C vem de clássico, contemporâneo, cibernético. São vários Cs integrados que tentam trazer essa nova tecnologia aplicada a um ambiente clássico. Buscamos a informalidade, saindo das salas de concerto, trazendo novos expoentes”, explica Dauelsberg. O curador acrescenta ainda que outro objetivo é

possibilidade de convidar músicos eruditos brasileiros para o festival. O Festival Rc4 é um projeto que envolve uma rede internacional entre Berlim, Londres, Zurique, Barcelona, Luxemburgo, Rio de Janeiro e São Paulo. O movimento oferece um panorama das novas iniciativas na música clássica em busca de revitalização e aproxima-

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 58

Com a união desses dois estilos, clássico e contemporâneo, é possível apresentar aos mais jovens essa forma mais erudita da música. Tanto que não nos apresentamos muito tarde da noite, como nos clubes, o que acaba sendo um momento mais relaxante para o público (Prokofiev)

Francesco Tristano

ção com a nova geração. Nesta primeira edição, os músicos trouxeram pela primeira vez ao Brasil o software Music Animation Machine Live. Para Gabriel Prokofiev, que se apresentou, essa nova vertente é uma forma de conquistar o público mais jovem para o universo da música clássica, que geralmente é vista como chata e pouco atraente. “Com a união desses dois estilos, clássico e contemporâneo, é possível apresentar aos mais jovens essa forma mais

” Renato Mangolin

erudita da música. Tanto que não nos apresentamos muito tarde da noite, como nos clubes, o que acaba sendo um momento mais relaxante para o público”, explica. O músico, que traz na bagagem pessoal, ou no sangue, a afinidade com a música - ele é neto de Sergey Prokofiev - se apresentou no dia 17 de janeiro e acredita que o Rio é um dos locais perfeitos para “lançar” esse movimento. “Percebemos que as pessoas aqui são bastante abertas a novas experiências musicais e


Prokofi ev

Concerto de baixo e teclado

o brasileiro gosta de música”, completa o músico, que tem em seu currículo um remix orquestral da Nona Sinfonia de Beethoven.

O músico suíço Etienne Ablein, fundador da classYcal, uma startup para promover inovações na música clássica, também é entusi-

asta dessa nova promoção da música clássica junto à nova geração. Ele, que se apresentou pela primeira vez no Rio, no dia 23, utilizou pela primeira vez no Brasil o software Music Animation Machine Live, uma partitura gráfica apresentada no TEDxAmsterdam, e fez um show com base em improvisações musicais.

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 60

A MPB

Com valor cultural incontestável e mesmo com espaço de 3% nas rádios, a MPB faz frente ao sertanejo, ao axé e ao funk no mercado de música Miguel Sá redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

MANDOU CHAMAR N

o dia 26 de março o público encheu a Fundição Progresso para ver artistas como Alceu Valença, Geraldo Azevedo e Sá & Guarabyra ao lado de novos valores da música brasileira. O evento foi promovido pelo mais novo canal de divulgação da MPB, a Rádio Brasileira, que promete abrir um novo espaço para a música pop feita no Brasil.

A IDEIA Ricardo Moreira, produtor e A&R em gravadoras como Polygram, RCA e EMI,

e Adriano de Martini, jornalista e profissional de marketing em gravadoras como Universal e BMG, são os fundadores da rádio. A ideia já amadurecia há certo tempo, mas uma pesquisa do Ibope sobre o espaço de gêneros musicais nas rádios e pesquisas de execução que orientam o mercado fonográfico precipitaram a iniciativa. “A MPB é o segundo tipo de música que as pessoas mais gostariam de ouvir, e só tem três por cento de espaço nas rádios hoje em dia”, expõe Adriano, falando sobre a pesquisa do Ibope.


Já as pesquisas de execução para as gravadoras mostram que, das 100 músicas mais executadas em 2013, nenhuma era MPB. “Se tem público e não tem espaço, qual é o problema então? É a ditadura da grana”, aponta Ricardo Moreira. Uma ditadura que acontece em um contexto de popularização extrema dos meios de comunicação de massa, como o rádio e a TV. Essa falta de espaço para a música pela qual trabalharam por mais de 30 anos e o apoio de artistas como Alceu Valença – que já há algum tempo os incentivava a fazer uma rádio –, foi o combustível para Ricardo e Adriano arregaçarem as mangas e botarem a ideia para funcionar.

INTERNET E RÁDIO A web rádio não é um tiro no escuro. Grifes conhecidas no dial, como

Apresentação no RJ com artistas da MPB no lançamento da Rádio Brasileira

a 98FM, também migraram para a rede e a expectativa dos fundadores da Rádio Brasileira é que, quando essa migração acontecer em massa para a web, eles já estejam lá há muito tempo. Além disso, a dupla tem ampla experiência no trabalho com mídias de todo o tipo. “Temos a expertise. Estamos aptos a fazer este trabalho”, ressalta Ricardo.

Uma das características desse novo formato é que a rádio não tem os tradicionais intervalos comerciais das emissoras que estão no dial e ela trabalha com apoios. “Nosso desejo é ter empresas que queiram se associar à música brasileira. Não queremos pulverizar o apoio. Queremos uma empresa forte para apoiar a rádio e, no futu-

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br Sérgio Loroza

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Apresentação de Elba Ramalho

O principal é botar de novo a MPB tocando fartamente em uma rádio que, por acaso, é na internet. A partir desta rádio é importante que esta música se propague. E de que forma? Em espetáculos coletivos, conceituais.

ro, poder comprar espaço em mídia para incentivar que as pessoas ouçam música brasileira”, explica Adriano. No estágio atual, é necessário também divulgar o empreendimento. Para isto, nada melhor que fazer um show com os artistas, novos e consagrados, que apoiam a iniciativa. Foi assim que aconteceu o Festival Acústico MPB. Um show com vários músicos tocando na melhor tradição voz e violão. “O principal é botar de novo a MPB tocando fartamente em uma rádio que, por acaso, é na internet. A partir desta rádio é importante que esta música se propague. E de que forma? Em espetáculos coletivos, conceituais. Se uma música não se sustenta em voz e violão, esquece. O cancioneiro brasileiro é todo apoiado no violão, que está arraigado na música brasileira. O espetáculo está mostrando este conceito. É claro que para nós é mais barato, mas não é por isso que vai ser menos rico”, coloca Ricardo Moreira.

Alceu Valença

Baleiro e Elba Ramalho. Novos valores como a acordeonista e cantora Lucy Alves, a cavaquinista, compositora e cantora Nilze Carvalho, o ator e cantor Sérgio Loroza, a cantora Mariana Volker e o compositor Castello Branco também impressionaram a plateia equilibrada entre jovens e pessoas mais experientes. Todos cantando e comemorando, a plenos pulmões, a força da música brasileira.

Para saber online

FESTIVAL ACÚSTICO MPB Foi com esse objetivo que Ricardo e Adriano conseguiram juntar um time da pesada da MPB para encher a Fundição Progresso e cantar sucessos como Taxi Lunar, de Geraldo Azevedo; Morena Tropicana, de Alceu Valença; Sobradinho, de Sá & Guarabyra e outros hits de Zeca

http://radiobrasileira.com.br/


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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 64

Gravando no EME (à esquerda) Tiago Silva, Fernando Vidal, Rogerio de Castro, no EME (à direita).

O CALEIDOSCÓPIO SONORO

O que acontece quando gravar e mixar em estúdios diferentes se torna o conceito do álbum? É o que Fernando Vidal nos mostra no CD Studios. Miguel Sá redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

DE FERNANDO VIDAL T

odos sabem que não é fácil gravar um disco independente. A grana é curta, o tempo também e nem sempre o retorno financeiro é condizente com o trabalho. Por conta disso, o artista grava quando dá, no estúdio que for possível. Quantos discos não conhecemos gravados em dezenas de estúdios diferentes? É aí que surgem as questões com a sonoridade. Por exemplo, como deixar coerente o som deste disco? Alguns procuram gravar sempre com o mesmo técnico de som. Outros levam a mixagem de todas as músicas para um estúdio só. E se as diferenças se tornarem a proposta do trabalho?

CALEIDOSCÓPIO SONORO O álbum Shulling, lançado em 2012, fez sucesso, mas Fernando Vidal não queria perder tempo para fazer algo novo. Foi aí que a amizade do guitarrista com produtores e técnicos de som fez surgir a ideia de gravar em vários estúdios, com isto se tornando um conceito. “O Ronaldo Lima, meu amigo, me chamou para o Casa do Mato. Quando toquei na Homenagem a Cazuza, no Rock in Rio 2013, contei ao Rodrigo Lopes, que trabalha no estúdio do Frejat, que estava fazendo o meu projeto. Ele falou com o Frejat e gravei mais duas músicas no estúdio dele. Aí


STUDIOS Cada estúdio, com seu técnico, deixou a sua marca no som do disco. O Casa do Mato, por exemplo, tem ambientes diversos de gravação e boa oferta de equipamentos e microfones, como o Audiotechnica AE 2500 com duas cápsulas – uma dinâmica e outra condensadora - usado por Ronaldo Lima para gravar a bateria. “O bumbo do Mac William (baterista) era de 24 polegadas, sem aquela abertura para colocar o microfone”, comenta Ronaldo. Com este microfone foi possível tanto valorizar o quick

como os graves mais intensos do bumbo. “Foi uma gravação ao vivo, com os músicos tocando juntos. Eles (Mac William, Marcio Loureiro no

dispôs de equipamentos analógicos da Universal Audio (4110 e 610), Avalon e microfones de primeira linha para a bateria, como o

começou a acontecer uma coisa que o dinheiro não paga: amigos meus querendo participar”, comenta, feliz, o guitarrista. No período de, aproximadamente, um ano, o guitarrista percorreu seis estúdios gravando as dez músicas do álbum. Polícia, Shaft e Olho de Peixe foram no Casa do Mato, com o técnico Ronaldo Lima; Maltinho foi gravada no Maravilha 8 e mixada no Monoaural por Berna Ceppas; L.A. Roots e Studios, com Rodrigo Lopes no Du Brou, estúdio de Marcelo Frejat; One Finger Jazz e Ipanema no EME por Tuta e Diogo Macedo; Bangu 1 no Corredor 5 de Renato Alsher; e Tolete Johnson no estúdio Jimo, com Marcelo Lobato. A alta qualidade dos músicos talvez tenha sido também o que, decisivamente, permitiu a Fernando fazer esta experimentação sonora. Bateristas como Mac William, Tiago Silva, Alex Fonseca, Sérgio Melo e Vanderlei Silva (percussão); baixistas como Rogério de Castro, Marcio Loureiro, André Carneiro e Thaisinho, além dos sopros de Marlon Sette (trombone), Fernando Bastos (saxofone), Paulinho Viveiro (trompete) e Diogo Gomes (trompete) e os teclados de Fábio Fonseca e Cláudio Andrade ajudaram a dar a “liga” do álbum.

A alta qualidade dos músicos talvez tenha sido também o que, decisivamente, permitiu a Fernando fazer esta experimentação sonora baixo e Fernando Vidal na guitarra) são excelentes músicos”, comenta. Em dois dos estúdios, Fernando encontrou um clima mais “caseiro”: no Du Brou, do também guitarrista e compositor Roberto Frejat, e no Jimo, do multinstrumentista e produtor Marcelo Lobato. No Jimo, Fernando foi gravado tocando ao vivo, com baixo e bateria, pelo próprio Marcelo. O Jimo é um estúdio que investe forte no analógico. Lá tem o console API 1608 e diversos outros equipamentos e instrumentos vintage, como o piano Fender Rhodes. No Du Brou, Rodrigo Lopes também tinha disponíveis equipamentos analógicos, como os Avalon, Vintech e Universal Audio, além dos ambientes acústicos diferenciados da sala em forma de ‘U’ com a base larga e pernas com tamanhos diferentes, sendo uma delas revestida de pedra. O Maravilha 8, onde Berna Ceppas gravou o trio de Vidal, também tem um espaço acústico variado, com uma parte bem viva. Prés como o Neve 1073 e SSL 400 e a mesa analógica Harrison ajudam a compor as ferramentas, em grande parte analógicas, que fazem a marca do Maravilha 8, assim como do Monoaural. No EME, Tuta Macedo

AKG D-112 para o bumbo e 414 para os over. Na mixagem, foram usados plug-ins da Slate e Waves. “O estúdio não é grande, mas fizemos tudo ao vivo. Montamos tudo na mesma sala. Como não teve que refazer, ficou tudo ótimo”, conta Tuta. O estúdio Corredor 5 conta com os equipamentos standards dos melhores estúdios, além da expertise de Renato Alsher. Além de Fernando Vidal, lá também foram feitos DVDs e CDs de Mart’nalia e Roberta Sá. Já a masterização foi feita por Alexandre Rabaço, no Aura.

MASTERIZAÇÃO Em um disco gravado e também mixado por técnicos diferentes em estúdios diferentes, a masterização ganha importância na hora de montar um álbum coerente. “Hoje em dia, a master é um processo muitíssimo importante na definição da identidade sonora de um artista ou uma banda. Tento respeitar ao máximo a mixagem que recebo, sempre levando em consideração as observações que o produtor responsável me passa. O produtor, no caso do CD do Fernando, foi ele mesmo. “Neste trabalho, em particular, tive que mexer mais em algumas mixes do que em outras, para que

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O Maravilha 8, onde Berna Ceppas gravou o trio de Vidal, também tem um espaço acústico variado, com uma parte bem viva. Prés como o Neve 1073 e SSL 400 e a mesa analógica Harrison ajudam a compor as ferramentas, em grande parte analógicas, que fazem a marca do Maravilha 8, assim como do Monoaural

Todos tocaram juntos em todas as faixas

elas se encaixassem nas características sonoras pretendidas”, comenta Alexandre Rabaço. Alexandre conta que a personalidade musical de Fernando fez com que, mesmo com estúdios, músicos e técnicos de som diferentes, as faixas tivessem uma identidade forte entre elas. “Tive que ouvir cada uma das músicas com muita atenção, antes mesmo de fazer qualquer alteração, e, assim, definir onde era possível chegar em termos de uniformidade sem alterar demais as características de cada engenheiro e estúdio. Acredito que, desde que não haja diferenças imensas entre as músicas, principalmente em músicas que tocam seguidas no CD, deve-se respeitar a ‘pegada’ do engenheiro de mixagem”, ressalta o técnico de masterização. Alexandre, que trabalha completamente inbox, acredita no digital. “Há características de resolução, definição, transparência e recorte que perco quando saio do digital e vou para o analógico. É claro que existem outras características que ganho quando estou em domínio analógico e que podem perfeitamente alterar de uma forma agradável uma música ou estilo musical, mas não encontrei necessidade disso no trabalho do Fernando”, coloca o técnico.

CARREIRA PRÓPRIA Estabelecer uma carreira de músico é difícil. Há muitos anos que Fernando Vidal empresta seu som a artistas como Fernanda Abreu, Marina e, atualmente, Seu Jorge. As aulas já ajudavam o instrumentista a ter uma independência nos raros momentos de seca das estradas e gravações, mas os anos mostraram ao guitarrista que ele poderia e deveria ir além de acompanhar outros artistas. Vidal decidiu, então, começar uma carreira própria. O CD Funk Van, de 2007, foi a pedra fundamental na nova fase da carreira de Fernando Vidal. Em 2012, foi a vez do Shulling. “Gravei esse disco em dois dias no Eme. Fiz um show na parte de novos talentos do festival de jazz de Rio das Ostras. Toquei de 11h30 às 12h40 e vendi 144 cópias do Shulling, só nesse show. Com ele também fiz shows na sala Baden Powell”, comenta satisfeito. Além dos shows instrumentais com repertório próprio, Vidal também fez apresentações cantando e tocando covers de Jimi Hendrix com Liminha no baixo e João Barone na guitarra. “Estou em busca de fazer uma obra minha”, acrescenta Fernando Vidal.

Para saber online www.facebook.com/FernandoVidalOficial


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VITRINE ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br

CADERNO ILUMINAÇÃO

LED MOVING HEAD HW-B36F www.hotmachine.ind.br O equipamento produz uma supermistura de cores e efeito rainbow, tem 7 programas pré-programados via console, controle de temperatura via Fan, proteção de temperatura (em caso de superaquecimento o aparelho desliga automaticamente), e ainda controle nos modos DMX512, Artnet, Sound, Master-slave. O ângulo Beam é de 7°, e o movimento Tilt/Pan com alta velocidade de rotação infinita e ajustável. O strobo vai de 0-20Hz e o consumo do LED é de 1000mA.

MIN-E-10WW www.chauvetlighting.com Para aqueles que querem um equipamento pequeno, com grande potência LED elipsoidal, pode encontrar toda essa versatilidade no Ovation Min-E-10WW. Como o nome já diz, o produto foi desenhado para ser uma versão mini do seu precedente e mede apenas 225 x 108 x 232 mm sem a extensão da lente, o que faz dele uma escolha ideal para qualquer lugar, de teatros a igrejas, concertos, shows e produções de todos os tipos. Ele vem equipado com LED 10 watt 3035K, produzindo um efeito perfeito para projeções de gobo. Outra característica é a versatilidade de encaixar diferentes ângulos.

BMFL BLADE www.robe.cz Esse novo equipamento traz como principal característica quatro lâminas do obturador rápidas, mas de movimento suave e preciso, produzindo uma nova série de efeitos por meio de sequências e movimentos pré-programados das lâminas, e imagens de gobos, que podem ser cortados ou moldado em uma forma regular, triangular ou trapezoidal. Além disso, o BMFL conta com recursos como escurecimento excepcionalmente suave e linear, feixe de largura de saída superior a 250.000 lux a 5 metros e a tecnologia Robe EMS™ (Electronic Movimento Estabilizador), possibilitando ao equipamento tanto movimento ou parada rápida, com mais precisão do que qualquer outro dispositivo em sua classe.


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Com a reabertura da Pedreira Paulo Leminski para shows e espetáculos musicais, esse espaço foi palco para alguns dos mais importantes nomes do Rock’n’Roll e do Heavy Metal, que fizeram shows memoráveis em duas datas, com um intervalo de uma semana. Nesta conversa, o Monsters Tour – festival com bandas que estiveram no line-up do Monsters Of Rock 2015 – passou pela capital paranaense no dia 28 de abril, com apresentações memoráveis de Motörhead, Judas Priest e Ozzy Osbourne. Com eles, projetos distintos de iluminação cênica, impregnados com as principais características das bandas: intensidade, dinâmica e peso.

ILUMINAÇÃO

CÊNICA Cezar Galhart é técnico em eletrônica, produtor de eventos, baixista e professor dos Cursos de Eventos, Design de Interiores e Design Gráfico do Unicuritiba. Pesquisador em Iluminação Cênica, atualmente cursa Pós-Graduação em Iluminação e Design de Interiores no IPOG.

MONSTER TOUR CURITIBA HISTÓRICO, ICONOGRÁFICO E MUITO ILUMINADO!

I

naugurada em 1993, a Pedreira Paulo Leminski – espaço com quase 104 mil metros quadrados de área destinados à realização de espetáculos e eventos ao ar livre - se tornou uma referência para a cidade de Curitiba: histórica, pela homenagem ao renomado poeta, escritor e tradutor curitibano Paulo Leminski; iconográfica, para gerações que tiveram nesse local a oportunidade de assistirem a alguns dos mais importantes shows que já foram realizados na cidade, únicos e incomparáveis, de artistas e bandas como Paul McCartney, David Bowie, AC/DC, Ramones, Iron

Maiden, Pearl Jam, INXS, Pixies, No Doubt, Avril Lavigne, Black Eyed Peas, entre outros destaques, nacionais e internacionais. Por meio de um embargo judicial que durou sete anos, o espaço ficou impedido para a realização de shows até este ano. Mas, com o show do Kiss (no dia 21 de abril), a Pedreira – como é carinhosamente chamada – retornou ao cenário nacional e internacional de shows para grandes públicos. Com esse contexto repleto de expectativas e redescobertas é que foi realizado o Monsters Tour Curitiba, no dia 28 de abril deste ano – exatamente uma sema-


À LUZ DOS SHOWS Seria imprevisível e inimaginável a história do Heavy Metal sem a fundamental presença e contribuições da banda inglesa Motörhead. Responsável pela consolidação e sonoridade desse estilo musical, a banda foi formada em 1975, pelo mítico e lendário Lemmy Kilmister, compositor, baixista e principal vocalista. Passou por algumas formações nos quarenta anos de carreira, e vinte e um álbuns lançados, sendo que atualmente conta com Phil Campbell nas guitarras e backing vocals (e que integra a banda desde 1983) e Mikkey Dee na bateria (integrante desde 1992). Para a atual turnê, o lighting designer brasileiro Caio Bertti preparou um lighting plot configurado com moving heads e refletores PAR 38, que mesclavam intensidade e simplicidade, energia e velocidade, em dinâmicas comutações dos recursos disponíveis – ora simétricos e

Fonte: Cezar Galhart / Divulgação

Figura 1: Apresentação da banda inglesa Motörhead no Monsters Tour Curitiba (28/04/2015)

repetitivos, ora assimétricos e alternados -, além do uso dos telões com imagens gráficas que enalteciam a clássica logomarca da banda, e padrões de cores que valorizavam as cores primárias e enalteciam as expressões dos músicos, cujos instrumentos de iluminação cênica foram precisamente e enfaticamente controlados por um console Avolites Sapphire Touch.

Com início no horário de 18h35min, o Motörhead subiu ao palco com a certeza de uma apresentação histórica e incomparável, e ansiosamente aguardada por fãs de diversos lugares – do Brasil e da América do Sul. O próprio Lemmy (ovacionado pelo público em diversos momentos) apresentou a banda como sendo Rock’n’Roll – que de fato melhor descreve o reFonte: Cezar Galhart / Divulgação

na após a apresentação do Kiss no mesmo local. Esse evento contou com a participação de outras bandas e artistas integrantes do lineup do Monsters Of Rock 2015 – festival realizado em São Paulo (Arena Anhembi) nos dias 25 e 26 de abril – sendo a realização desse evento em Curitiba configurada com três dos mais importantes nomes da história do Rock’n’Roll e do Heavy Metal de todos os tempos – e que se mantém relevantes e atuantes na conjuntura musical atual: Motörhead, Judas Priest e Ozzy Osbourne. E para engrandecer ainda mais essas apresentações, cuidadosos projetos de iluminação cênica incluíram recursos visuais impactantes e edificantes dos talentos musicais dos músicos – e dos profissionais que no “backstage” contribuem para os resultados dos shows.

Figura 2: Apresentação da banda inglesa Motörhead no Monsters Tour Curitiba (28/04/2015)

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O show foi encerrado com Overkill (1979), no bis, em completo blecaute das luzes – com a banda sendo iluminada apenas pelo telão de fundo e pelos flashes do público. Repletos de recursos visuais e referências à própria história, os ingleses do Judas Priest trouxeram ao palco da Pedreira outros elementos cênicos que exaltaram ainda mais a performance da banda, enérgica e impactante.

Figura 3: Apresentação da banda inglesa Judas Priest no Monsters Tour Curitiba (28/04/2015)

Figura 4: Apresentação da banda inglesa Judas Priest no Monsters Tour Curitiba (28/04/2015).

pertório, formado por quatorze clássicos, como Shoot You in the Back e Ace Of Spades (ambas do álbum Ace Of Spades, de 1980), Stay Clean, Metropolis (essas do álbum Overkill de 1979), Going To Brazil (do álbum 1916 de 1991) entre outros clássicos. Nessas canções, fachos longitudinais intensos formavam linhas que amplificavam ainda mais a intensidade das luzes que emolduravam os músicos, proporcionando sensações de aproximação e unidade para a delimitação do palco usado pelos músicos, e ritmo, acompanhando as canções e a performance, em geral. O show foi encerrado com Overkill (1979), no bis, em completo blecaute das luzes – com a banda sendo iluminada ape-

nas pelo telão de fundo e pelos flashes do público. Repletos de recursos visuais e referências à própria história, os ingleses do Judas Priest trouxeram ao palco da Pedreira outros elementos cênicos que exaltaram ainda mais a performance da banda, enérgica e impactante. Intensos fachos em cores primárias se revezavam nas centenas de cenas que acompanhavam cada uma das treze canções precisamente executadas. Quem assina a iluminação cênica da banda para as turnês e registros em DVDs é o lighting designer Tom Horton –, que já esteve no Brasil em outras três oportunidades – em 2005, para a Retribution World Tour; em 2008 para a Judas Priest World Tour, e em 2011 para a Epitaph World Tour. Sendo uma das mais importantes bandas de Heavy Metal de todos os tempos, o Judas Priest (formado por Ian Hill, membro fundador da banda, no baixo; Rob Halford nos vocais e na “orquestração” do público; Glenn Tipton nas guitarras; Scott Travis na bateria; e Richie Faulkner, último a integrar a banda em 2011, nas guitarras) transmite no palco toda a energia que integra o repertório – este, formado por canções daqueles que são considerados os mais


Para a apresentação final daquela espetacular noite, o Madman, Mr. Ozzy Osbourne e banda. O palco – com aproximadamente 480 metros quadrados - foi amplamente

em tons de azul, violeta e vermelho – principalmente pelo sidelighting, e que serviram como texturas complementares às imagens projetadas nas telas – captadas do

clássicos álbuns. Neste contexto, clássicos como Victim of Changes, Breaking the Law, Hell Bent for Leather, Metal Gods e Turbo Lover foram alguns dos momentos que poderiam muito bem traduzir a sonoridade da banda. Para o encerramento, um trio de canções digno de maneira a representar alguns dos mais significativos momentos da história do Heavy Metal: Electric Eye, Painkiller (pedido unânime do público) e Living After Midnight. Uma apresentação irretocável (perfeita mesmo) marcada também pelo carisma, extensão e potência vocal de Rob Halford, que não dispensou as diversas trocas de trajes e sua Harley-Davidson, em um palco também repleto de talentos de tão impressionantes músicos, e iluminado com texturas e fachos dinâmicos, com matizes saturados e cores intensas e ‘pesadas’.

O palco – com aproximadamente 480 metros quadrados – foi amplamente iluminado pela estrutura de iluminação cênica, assinada pelo lighting director Michael Keller

iluminado pela estrutura de iluminação cênica, assinada pelo lighting director Michael Keller, que utilizou os instrumentos com o objetivo de criar uma série dramática de cenas, com saturação de cores

palco para mostrarem os músicos e também o público. Com uma banda completamente reformulada (Rob “Blasko” Nicholson, no baixo; Adam Wakeman, nos teclados e guitarra base; Gus G

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Fonte: Cezar Galhart / Divulgação

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Ozzy Osbourne esbanjou simpatia e muita disposição, além das corriqueiras atuações performáticas – com muitas expressões faciais reveladas com sensibilidade e notabilidade, em tonalidades mais leves e luzes suaves ou mesmo com cores saturadas e mais intensas.

Figura 5: Apresentação de Ozzy Osbourne e banda no Monsters Tour Curitiba (28/04/2015)

com muitas expressões faciais reveladas com sensibilidade e notabilidade, em tonalidades mais leves e luzes suaves ou mesmo com cores saturadas e mais intensas. No fim, uma sensação de satisfação ímpar pela oportunidade de ter presenciado espetáculos únicos, proporcionados por alguns dos mais importantes e representativos nomes Figura 6: Apresentação de Ozzy Osbourne e banda no Monsters Tour Curitiba da história do Rock’n’ Roll e do Heavy Metal, que além de adna guitarra solo; e Tommy Clufetos na miráveis competências e talentos, transbateria), o repertório contemplou mitiram carisma, contagiante energia e canções concentradas no primeiro iluminados momentos, intensos, dinâdisco solo (quatro canções, originalmicos e muito pesados, que se perpetuamente gravadas pelo espetacular guirão na memória e nas imagens captadas tarrista Randy Rhoads, morto em um por todos aqueles que estiveram presentrágico acidente aéreo) e Black Sabtes e tiveram o privilégio de assistir a esbath (Fairies Wear Boots, War Pigs, Rat ses “monstros” iconográficos. Salad e Paranoid, que encerrou o show, Abraços e até a próxima conversa!!! no bis), além de outras da carreira solo do artista. Ozzy Osbourne esbanPara saber mais jou simpatia e muita disposição, além das redacao@backstage.com.br corriqueiras atuações performáticas –


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LEITURA DINÂMICA | ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br

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A empresa de engenharia belga e especializada em automação WIcreations foi a responsável por fornecer diversos elementos de movimento para a atual turnê europeia do cantor de rock e multiinstrumentista francês Calogero. A turnê foi dividida em três etapas e está prevista para terminar em junho de 2015.

TURNÊ DE CANTOR FRANCÊS RECEBE

PROJETO DE AUTOMAÇÃO redacao@backstage.com.br Fotos: Dries de Roey / Divulgação

A

série de apresentações é produzida pela TS3, também responsável pela turnê Timeless da aclamada Mylène Farmer, para onde a WI projetou e forneceu o melhor em automação. Baseado nesse sucesso, a TS3 recorreu à WI para que a empresa entregasse soluções em engenharia mais criativas e com menor custo, approach pelo qual a empresa WI é conhecida. O esquema avant-garde de iluminação, projetado por Dimitri Vassiliu, é basea-

do bem menos nos instrumentos tradicionais de iluminação e mais no uso da luz direta e de ambiente, e na escuridão, criada por painéis de LED com conteúdo que flui através deles. Para essa ideia ambiciosa, eles usaram uma série de seis painéis de LEDs para mover em volta do local da performance, assim eles podiam agir como fontes de luz. As seis telas precisaram ser rastreadas para cima e para baixo do palco, voar


Sistema de automação facilitou projeto de iluminação durante turnê do cantor francês

para dentro e para fora, bem como rotacionar em movimentos 3D. Essas telas precisaram ainda ser capazes de mudar do plano horizontal para o vertical e moverem-se sem que nada houvesse entre elas. O gerente de projetos da WI, Koen Peeters, colaborou bem de perto com o gerente de produção Vicent Pitras e o gerente de produção técnico, Claude Muller, para que tudo saísse conforme o planejado. O sistema da WI, por exemplo, faz uso por completo de produtos Stacking Truss com os carrinhos de beams, produzindo um movimento para cima e para baixo no palco. Abaixo disso, um rotacionador padrão WI TP3 é anexado, e ainda há uma caixa com quatro motores de controles adicionais de 250 quilos para os guinchos. Cada guincho fica conectado a um canto da tela, e a combinação com o rotacionador acima e a tela permite que todos os movimentos dos eixos sejam ativados.

O sistema é dirigido por uma pataforma de controle de movimento da Kinesys Vector e a WIcreations também deixa disponível um operador e dois técnicos para a turnê. Os trusses da WI são desenhados para maximizar o headroom em qualquer local, enquanto ocupam apenas um terço do volume e da força do truss. Devido a esse design, ele também é capaz de economizar espaço no caminhão. Uma tela de LED de 5,4 metros de diâmetro feito dos mesmos produtos de 6 milímetros também precisou ser içada e movida. Pesando 1.700 quilos, ela é elevada em quatro motores de 500 quilos duplamente reforçados que também ficam pendurados no truss, o que permite que este se desloque da posição horizontal para a vertical. Além disso, os trusses de iluminação da esquerda e da direita do palco são móveis - vão para cima e para baixo - a partir de dois guin-

chos móveis que fazem parte do sistema WI alimentados na mesma plataforma de controle Vector, que contém aproximadamente 40 movimentos de cues. O desafio foi combinar todos os requerimentos e automação dentro de um pacote coerente e prático, que é onde a expertise WI vem à tona. Com toda essa solução, o sistema é otimizado para rapidamente fazer o set up, os rigs e os pacotes. Todo o kit foi entregue com uma série de características e fabricados carrinhos para uma máxima conveniência. As caixas móveis contendo os quatro guinchos são carregadas dentro delas mesmas, enquanto as seções de telas são divididas em três por carrinho, com duas a mais segurando a seção principal para a tela circular.

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BOAS NOVAS | www.backstage.com.br

DANIELLI MARINHO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR

CLIPE NOVO I O novo videoclipe da cantora Eyshila estreiou no programa Vitória em Cristo. O videoclipe da música Simplesmente Te Adorar, presente no mais novo álbum da cantora, Deus no Controle, foi apresentado pelo pastor Silas Malafaia durante o programa, que vai ao ar todos os sábados, às 9 horas, na RedeTV, e às 12 horas, na Band. Simplesmente Te Adorar foi gravado nos EUA tendo como fundo um cenário de neve. A letra da música é de autoria da própria adoradora e fala sobre o desejo de adorar a Deus sem importar-se com o que está em volta. Outras três canções deste mesmo álbum já possuem videoclipe: Deus no Controle, De Tal Maneira e Lugar de Vida.

Gravadora faz playlist para o Dia da Mulher O 8 de março, Dia Internacional da Mulher, foi celebrado pela Central Gospel Music com uma super playlist nos canais de video Youtube, Spotify, Deezer e Rdio com músicas nas vozes das cantoras da gravadora. Durante todo o mês de março os ado-

Rock and Roll na Web Muito rock’n’roll, guitarras e adoração num só clipe. A estreia de Confiar, do Oficina G3, no canal Youtube, não poderia ser diferente. Todos os admiradores da banda aguardavam e aprovaram o vídeo, que já ultrapassou 500 mil visualizações no canal oficial da MK Music. As filmagens foram realizadas na Alemanha e a música integra o CD Histórias e Bicicletas, que recebeu Disco de Ouro por mais de 40 mil cópias vendidas. A direção do videoclipe é de Hugo Pessoa, mas a banda participou de toda a concepção. Com uma linda fotografia, estética arrojada e interpretação sempre diferenciada da banda, o vídeo é um “choque de realidade e fé”.

Renovação de contrato O cantor Kleber Lucas esteve na sede da gravadora MK Music para renovação de contrato. O cantor gospel lançou o CD O Filho de Deus, em 2014, e continua com motivos de sobra para comemorar e, principalmente, agradecer. Além de ser considerado no mercado gospel como um dos grandes intérpretes desse estilo musical, ele ainda é um compositor com inspiração diferenciada, pois não tem medo de ousar, indo além das convenções.

CLIPE NOVO II A Central Gospel Music também disponibilizou no seu canal do Youtube a ministração da música Deus no Controle, realizada pela cantora Eyshila durante o culto de consagração do seu novo CD, ocorrida na ADVEC sede, na Penha (RJ). Além desse musical, outro vídeo com os bastidores do dia também está disponível. Produzido por Paulo César Baruk, o novo álbum da Eyshila, Deus no Controle, já possui três canções com versões em videoclipe, De Tal Maneira, Lugar de Vida e a própria Deus no Controle, todas gravadas e produzidas nos EUA, além de uma quarta música, Simplesmente Te Adorar, também já gravada e que em breve estará no ar.

radores puderam ouvir canções nas vozes de Eyshila, Danielle Cristina, Rachel Malafaia, Jozyanne, Raquel Mello e Tatiana Malafaia. Ao todo foram 24 músicas, sendo quatro de cada cantora, abençoando as mulheres e também aos homens.

Aliança assume distribuição do selo RG Gospel Para quem ainda não sabe, a Aliança e a gravadora RG Gospel firmaram uma parceria para a distribuição do catálogo do selo. O contrato foi assinado em outubro de 2014 pelos diretores Ri-

cardo Carreras e Raul Gil Júnior (Raulzinho). Com a iniciativa, os cantores gospel que se destacam no programa Raul Gil agora terão seus CDs disponíveis nos melhores pontos de venda do país.


Lançamentos

redacao@backstage.com.br

Deixa o Céu Descer Quatro Por Um

O Filho de Deus Kleber Lucas

O novo CD da banda Quatro Por Um, Deixa o Céu Descer, traz muito louvor e muita adoração. Duda Andrade, Klev Soares e Valmir Bessa estiveram à frente de todos os preparativos do álbum. Na produção musical, todos os componentes do Quatro Por Um sempre participam ativamente. E essa filosofia democrática se mantém em todo o desenvolvimento do trabalho. Ao todo, 10 faixas compõem o trabalho. Cada canção, ritmo e melodia traduzem a intimidade e comunhão dos cantores com o Senhor.

Neste novo álbum do cantor, a capa foi escolhida com a ajuda de todos os admiradores do intérprete e internautas, a produção conta com a participação de Kleiton Martins em 12 músicas: cinco assinadas pelo cantor e sete de Kleber em parceira com Pastor Lucas, e ainda com a participação especial do cantor PG em uma das canções.

Agora Sonho Ministério Nova Jerusalém

Dez canções compõem o álbum (Léa assina nove e, algumas, com a parceria de Júnior Maciel e Josias Teixeira). Anderson Freire lhe presenteou com a música Amor Marcante. Os temas das canções são variados, mas quando o assunto é amor de marido e mulher, Léa fala com propriedade: seu casamento sólido com o pastor Sérgio e uma linda família firmada no Senhor. Inspirações que estão presentes em cada composição. Com tantas experiências, parece que ficou fácil para Léa Mendonça ‘cantar’ o amor! Suas mensagens musicais são variadas e o carisma inconfundível de suas apresentações atestaram seu valor, e a colocaram na lista dos maiores nomes da música gospel nacional.

A história fonográfica do Ministério Nova Jerusalém começou em 2001. Na época, usava o mesmo nome da igreja. Foram quatro lindos CDs lançados e um DVD que repercutiram, inclusive, internacionalmente, com a primeira indicação da gravadora - e da banda - ao Grammy Latino (Discípulos Teus, em 2004). Apesar de oito anos longe, a comunhão permaneceu. E agora é renovada, dando início a um novo tempo. Agora Sonho tem produção do próprio Pr. Samuel, com Kleber Lucas e Edinho Cruz. Aliás, o Pastor Samuel também é compositor de todas as 10 faixas.

Falando de Amor Léa Mendonça

Céus Abertos Geraldo Guimarães

#Profetizo Régis Danese O cantor reúne em seu repertório inesquecíveis louvores que emocionam pelas mensagens de fé e ousadia, e continuam na lista das músicas mais pedidas em rádio do Brasil, como Faz Um Milagre em Mim, Família e Tu Podes. Afinal, ele canta o que vive e sente no coração.

Doze louvores integram Céus Abertos. A primeira música de trabalho, Minha História Vai Mudar, é marcante por sua melodia e letra. Os compositores Renato César e Davi Fernandes não economizaram seus dons e o resultado final é uma canção que fala de fé, perseverança e principalmente, o clamor a Deus por uma nova vida, um novo começo, uma nova história.

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LUIZ CARLOS SÁ | www.backstage.com.br

Arte,

Viagens,

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Política e etc...

C

ustei a levantar-me da cama naquela manhã quase fria do sul brasileiro. O sol ainda era tímido e o vento já me avisava que não seria assim tão fácil chegar à janela para ver a paisagem oferecida pela Lagoa dos Patos, com suas águas ora barrentas ora límpidas, ora doces, ora salgadas, dependendo de onde viessem vento e maré. Esse simples fato já me fascinava desde a primeira vez que estive por aqui, há exatos quarenta anos

vida se não tiver uma assombração em meus quartos escuros. Todos nós temos nossos sótãos, não é mesmo? Mas aquilo que eu vi quando abri a cortina do quarto de hotel não tinha nada a ver com escuridão. Era, sim, um sol radioso que me convidava a encarar o amanhecer na lagoa. Vesti-me rápido e saí para respirar aquele ar que eu já adivinhara muito puro. Acredita que eu estava de short e camiseta quando fui pra rua? Pois é, estava sim, e feliz. Ignorei o frio e corri, corri como se alguma coisa me perseguisse pelas beiradas de grama, imaginei um monstro escocês brincando comigo, emergindo e submergindo conforme minhas ordens, saí por ali como se ainda conhecesse aqueles arredores. Enquanto corria, pensei nas cidades que amava, pensei naquelas terras longe da minha origem cariocapaulista-mineira, naquelas paragens que me fizeram aprender o que era o verdadeiro Brasil. Pensei em Jaboticabal, em Correntina, em Bom Jesus da Lapa, em Montes Claros, em Porto Trombetas, em Belém, em Macapá e finalmente no ali-onde-eu-estava, São Lourenço do Sul. Senti o sabor do requeijão de Salinas, do mate sugado da

Como todos os que me leem já sabem, tenho fixação por esse meandro formado por cidades, datas, acontecimentos e música, algo que escapa ao meu controle. atrás. Como todos os que me leem já sabem, tenho fixação por esse meandro formado por cidades, datas, acontecimentos e música, algo que escapa ao meu controle. Escapar ao meu controle é uma coisa que me amedronta ao mesmo tempo em que me desafia, para o bem e para o mal, embora eu não ache muita graça na


LUIZCARLOSSA@UOL.COM.BR | LUIZCARLOSSA.BLOGSPOT.COM cuia, do tropeiro de Belo Horizonte, da codorna de Paratinga, do pacu enrolado em folha de bananeira e deixado no fogo de chão, do feijão preto da Naná em minha Vila Isabel, do arroz de pequi com carne de sol serenada de Montes Claros, do galeto do Cave des Rois em Brasilia, de tudo enfim, do chique ao pobre, dos sabores que de repente, sem nenhum aviso, assomaram à minha boca naquela manhã prateada. Parei de supetão: que era aquilo, que coisa louca estava acontecendo com meu paladar matinal, ainda antes do café? Pensei e entendi: era o Brasil. O Brasil que eu devorara em toda essa minha natureza viajante resolvera vingar-se de repente e ali, no seu extremo sul, decidira lembrar-me de toda uma existência cultural e gastronômica. Quem mandou viajar tanto? É lícito esse exagerado prazer de engolir um país inteiro, de pô-lo goela abaixo? Afastei imediatamente a culpa do prazer, isso é o tipo da coisa que pode derrubar uma vida. Ser feliz é um direito de todos, mesmo daqueles que acham que a procura da felicidade é uma espécie de pecado. E aí, ofegante, parei de correr e me atirei no gramado próximo aos aguapés daquele mar-rio-lagoa. Olhei para o céu ofuscantemente azul acima de mim e caí na real, assustado pela conscientização do imenso privilégio que era conhecer meu país de norte a oeste, de leste a sul. Quantos de nós, brasileiros, podemos dizer isso? A Música deu-me esse bônus adicional ao prazer de fazê-la. Deitado então ali, exposto ao vento sul, caído à beira do meu país, foquei meu pensamento em nossos políticos, pessoas em sua maioria avessos a entender a imensidão do Brasil, imersos que estão em suas mesquinharias, presos em seus guetos que chamam de “bases”, alienados de um entendimento macro-significante, preocupados apenas com suas reeleições e micromanobras políticas, avessos ao entendimento da voz das ruas. Ao mesmo tempo, que triste é vermos os ignorantes de História pedirem um golpe, ansiarem pela volta da Ditadura, como se uma injeção letal fosse remédio para essa doença. Como diz um amigo meu, não se mata formiga com bala de doze. Quem sabe não deveriam eles, nossos políticos bem ou mal-intencionados, em lugar de terem longas viagens ao exterior financiadas por nosso dinheiro, serem levados aos hotéis meia-estrela dos “grotões”, vestirem um calção precário e tentarem tomar um banho no hoje ralo São Francisco, serem enfim “reeducados” como os criminosos adolescentes que vemos nas séries de TV. Tudo isso eu pensei deitado ali na grama à beira da Lagoa dos Patos. Cheguei à conclusão que a Utopia é o melhor remédio. Só a Música me consola nesse oceano de mediocridade em que o Mundo se transforma, por culpa daqueles que enxergam no Poder a cura de todos os seus males egoístas. Contra isso, temos apenas a certeza de que sobrevivemos a coisa piores.

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