Edição 251 - Outubro 2015

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Sumário Ano. 22 - outubro / 2015 - Nº 251

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Música viva no estúdio

Como gravar um duo que toca instrumentos do século 19 em pleno terceiro milênio? O produtor Sérgio Roberto de Oliveira, da Casa Discos, propõe uma nova abordagem para o registro da música de concerto, transpondo os limites entre música popular e erudita.

NESTA EDIÇÃO

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Em mais uma edição, o Festival de Jazz & Blues de Rio das Ostras mostrou que já se consolidou como um dos maiores do mundo, movimentando cerca de R$ 9 milhões em quatro dias de evento. A promoção do evento injeta dinheiro na cidade fluminense num período de baixa temporada, permitindo que comerciantes tenham uma alternativa de renda e geração de empregos enquanto aguardam a chegada do verão.

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Vitrine Após o grande sucesso do Warwick LWA1000, agora a empresa apresenta o LWA500, com um nível revolucionário de portabilidade, combinando versatilidade com o leve design state-of-the-art.

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Rápidas e Rasteiras Dando continuidade ao processo de expansão, o Grupo StudioKing anuncia a abertura de escritório no Brasil, começando pela distribuição e comercialização dos produtos da marca Studiomaster.

28 Gustavo Victorino Confira as notícias mais quentes dos bastidores do mercado.

30 Play Rec Com Brasileiríssimo: Encontros, o Duo Barrenechea celebra seus 25 anos de carreira fazendo uma viagem pela música brasileira, retratando sua trajetória e seus encontros com compositores e suas obras ao longo desses anos.

34 Gigplace Nesta série de entrevistas, saimos dos bastidores dos shows para trilhar os bastidores das produções de forma geral, e a profissão desta edição é a de Guitar Tech, com o entrevistado Ricardo Pereira.

68 Pesadelos da afinação Seguindo as dicas de Jack Endino, mostradas na edição anterior, partimos em busca da afinação perfeita nos instrumentos de corda, deixando para trás um dos itens que mais preocupam os músicos: a afinação.

80 Vida de artista Sabe aquelas músicas que duram anos e anos, são sempre regravadas por vários artistas de diferentes gerações e você ouve em qualquer lugar, de concertos de rock a muzak de fundo em elevadores em prédios tradicionais do centro das grandes cidades? Músicas que fizeram estádios, praças, teatros as cantarem em uníssono e repetem a façanha em diferentes épocas e gerações: são os clássicos, tema desta edição.


Expediente

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De volta ao Remix

Odiado por alguns e aficionado por muitos, o Remix, uma nova forma de arranjo musical vem cada vez mais sendo reconhecida, e veio para ficar! Confira algumas dicas possíveis de se produzir com o Ableton Live.

CADERNO TECNOLOGIA 54 Logic Pro

58 ProTools

Nesta segunda metade do ano, mais uma atualização do Logic Pro X versão 10.2. A Apple resolveu investir continuamente na melhoria do programa, tanto em recursos quanto em acessibilidade no custo da aplicação. Vamos a eles!

O Pro Tools oferece essencialmente duas formas de trabalhar com várias pistas em conjunto. A primeira é com a função Track > Group e a segunda é endereçando pistas para um Aux Input Track e controlando todos os sinais por lá. Conheça cada uma delas.

CADERNO ILUMINAÇÃO 74

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Vitrine iluminação A Robe apresenta o miniPointe, projetado especificamente para produzir feixe nítido e efeitos aéreos especialmente em locais restritos por tamanho, e a Star Lighting Division apresenta o novo Pixel Line, um equipamento que conta com a estrutura de 31 LEDs RGB por metro.

Iluminação Cênica Há cerca de 50 anos, Bill Graham iniciava uma revolução na produção de shows com a reformulação do lendário Fillmore Theatre (em São Francisco, Califórnia, EUA). Transformações e novas tecnologias surgiram desde então, tanto aplicadas às estruturas e instrumentos de iluminação, como para os comportamentos e relações dos artistas com os públicos. O que mudou com o tempo e o que ainda continua atual?

Diretor Nelson Cardoso nelson@backstage.com.br Gerente administrativa Stella Walliter stella@backstage.com.br Financeiro adm@backstage.com.br Coordenadora de redação Danielli Marinho redacao@backstage.com.br Revisão Danielli Marinho Reportagem: Miguel Sá Colunistas Cezar Galhart, Cristiano Moura, Gustavo Victorino, Jorge Pescara, Lika Meinberg, Luciano Freitas, Luiz Carlos Sá, Marcello Dalla, Ricardo Mendes e Vera Medina Edição de Arte / Diagramação Leandro J. Nazário arte@backstage.com.br Projeto Gráfico / Capa Leandro J. Nazário Foto: Cezar Fernandes / Divulgação Publicidade / Anúncios PABX: (21) 3627-7945 arte@backstage.com.br Webdesigner / Multimídia Leonardo C. Costa multimidia@backstage.com.br Assinaturas Maristella Alves PABX: (21) 3627-7945 assinaturas@backstage.com.br Coordenador de Circulação Ernani Matos ernani@backstage.com.br Assistente de Circulação Adilson Santiago Crítica broncalivre@backstage.com.br Backstage é uma publicação da editora H.Sheldon Serviços de Marketing Ltda. Rua Iriquitiá, 392 - Taquara - Jacarepaguá Rio de Janeiro -RJ - CEP: 22730-150 Tel./fax:(21) 3627-7945 / 2440-4549 CNPJ. 29.418.852/0001-85 Distribuída pela DINAP Ltda. Distribuidora Nacional de Publicações, Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1678 Cep. 06045-390 - São Paulo - SP Tel.: (11) 3789-1628 CNPJ. 03.555.225/0001-00 Os artigos e matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. É permitida a reprodução desde que seja citada a fonte e que nos seja enviada cópia do material. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios veiculados.


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CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br

CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br

Farinha pouca, meu pirão primeiro

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esde que iniciei a minha vida profissional, na década de 70, ouço a frase que intitula esta carta; principalmente durante as cinco grandes crises que a economia brasileira teve nesse período. Aliás, em matéria de crise, nós já estamos “diplomados, doutorados e com PHD”. Para o meu entendimento, o péssimo momento econômico e político é tão ruim quanto aos já passados. A diferença é que a pior dor de dente é a que se sente agora e não há 20 anos. Como em todos momento difíceis, as empresas são obrigadas a lançar mão de experientes para diminuir o impacto que a retração do mercado somado às baixas vendas impactam no fluxo de caixa das empresas. Mas não podemos cometer o erro de olhar só para dentro da empresa e esquecer que o mercado, como um todo, é composto por diversos agentes e que a possível falta de um pilar deste mercado pode comprometer o futuro desenvolvimento do próprio mercado. Como bem escreveu David Rhodes e Daniel Stelter em seu ensaio Conquiste vantagem numa Crise (Harvard Business Review - 2011) “evite cortes que trarão mais perdas do que ganhos a longo prazo. Cortes que coloquem em risco oportunidades importantes para a empresa no futuro, por exemplo: empresas que reduzem despesas de marketing de modo irrefletido costumam descobrir, mais tarde, que terão de gastar muito mais do que pouparam para se recuperar da prolongada ausência do cenário da mídia”. Historicamente, é durante as crises que acontecem as grandes mudanças nos agentes econômicos, ou como dizia um amigo da área financeira “é nas crises que grandes somas de dinheiro e posição no mercado mudam de mãos, e, depois da tempestade, tudo volta ao normal com alguns mais ricos e outros mais pobres”. Nesta edição, a matéria de capa traz o melhor exemplo de como a união e o comprometimento de todos para manter vivo um Festival que sempre apresentou lucro e que devido a problemas políticos e econômico estava a beira de terminar. Se o Rio das Ostras Jazz e Blues Festival acabasse, no ano que vem todos os envolvidos estariam mais pobres e sem possibilidade de fazer este festival. O prejuízo deste ano foi compensado pelo lucros dos anos anteriores e principalmente com os lucros futuros. Chegou a hora de todos darem as mãos para manter vivo o mercado e toda a sua possibilidade futura. Se a seleção é inevitável, a cooperação é uma boa ponte para manter os predadores estranhos longe do nosso mercado. Lembre-se que para fazer um pirão é preciso, além da farinha, de pedaços de peixe, caldo de peixe, temperos, panela, fogo, cozinheira e claro uma pessoa com fome. Pense nisso e boa leitura. Boa leitura. Nelson Cardoso

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www.mogami.com.br Cabo MOGAMI 2932 com revestimento de borracha, superflexível, mesmo em temperaturas abaixo de -2°C, os números de canais são impressos na capa para garantir a identificação correta. Os Mogami multipares são projetados para o mais alto nível de desempenho de áudio. As características elétricas e mecânicas são excelentes, permanecendo compactos e superflexíveis de usar. Os pares são trançados individualmente e blindados e estão disponíveis em 2 a 48 canais. Proporciona excelente característica de isolamento elétrico podendo não derreter durante a soldagem. Há uma razão pela qual Mogami é chamado de “The Cable of the Pros”. Praticamente todas as facilidades de gravações são conectadas com cabo Mogami, o que significa que praticamente qualquer música que você ouve passou por Mogami em algum lugar.

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SNAKE CABLES (MULTICABOS)

CAIXA ATIVA TOURCAB PRO 715X www.equipo.com.br Uma nova linha de caixas ativas, Tourcab PRO, apresenta a Tourcab PRO 715X com muita potência em seus 750 watts, um resistente falante de 15”, driver de titânio de 1,75” e ampla voltagem de 95V a 250V de chaveamento automático. A Tourcab Pro também é equipada com um mixer integrado de 2 canais, dois pontos para suspensão em estruturas e alças e rodízios para facilitar o transporte. Outras características são Sistema Ativa de 2 vias, resposta de frequência 30Hz – 20KHz, e mixer de dois canais integrado.

BASS AMP LWA500 www.warwick.de Após o grande sucesso do Warwick LWA1000, amplificador de baixo com 1000 watts de potência e Slim pesando 2,75 kg, agora a empresa apresenta o LWA500. Apresentando um nível revolucionária do poder e portabilidade, o LWA500 chegou combinando versátil tom de conformação com o leve design state-of-the-art. Quando se pensa em amplificador classe D tão leves quanto poderiam ser, a Warwick traz o LWA500, o “Little Big Amp”, pesando apenas 1,1 kg é o mais leve de 500W do mercado. Embalado em um chassis de alumínio elegante ultra resistente que vai caber confortavelmente em praticamente qualquer mochila ou saco de gig. Ele também possui a mesma 4 banda EQ emprestado de seu irmão mais velho o LWA 1000, com a adição de um controle wet / dry para o loop FX. Seus 500 watts limpos em 4 ohms (250W em 8 ohms) deve cobrir praticamente toda a atuação e preencher qualquer fase, basta combiná-lo com uma das muitas combinações de colunas e terá o equilíbrio perfeito entre portabilidade e poder.


LINHA X AIR www.proshows.com.br A ProShows traz ao Brasil os novos modelos XR12 (com doze canais de mixagem) e XR16 (com dezesseis canais), da Behringer. A linha X Air consiste em unidades de mixagem portáteis que cabem até mesmo dentro de uma mochila. Mesmo sendo dispositivos menores, ainda são extremamente completos e integram diversos recursos de famosos sistemas operacionais, como o da própria X32. Além disso, as unidades podem ser controladas facilmente via tablets, notebooks ou smartphones. No modelo XR12, além de 12 canais de mixagem, o equipamento possui 4 Pré-amplificadores de microfones (Midas Preamp) com conectores combos XLR ou P10 ¼ TRS; 8 Entradas de linha P10 ¼ TRS; 2 AUX sends com conectores P10 1/4TRS, processamento de dinâmica, equalizadores full paramétrico e equalizadores gráficos de 31 bandas. No modelo XR 16, são 8 Pré-amplificadores de microfones (Midas Preamp) com conectores combos XLR ou P10 ¼ TRS; 8 Entradas de linha P10 ¼ TRS; 4 AUX sends com conectores XLR Balanceados, processamento de dinâmica, equalizadores full paramétrico e equalizadores gráficos de 31 bandas.

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TOKAI D-3 www.tokai.com.br O novo Tokai D-3 é um órgão com tecnologia digital de ponta e preço acessível. Ele reúne uma grande variedade de recursos e funções. Entre suas principais características estão 44 notas no teclado superior e inferior; 13 notas na pedaleira; 32 notas de polifonia; 15 memórias programáveis; 30 ritmos, 140 sons presets / Dual voice no teclado superior, Sistema acústico com 2 woofers e 2 twitters, Sustain / chorus / vibrato / reverb, Mp3 Player e 1 ano de garantia.

AMPLITUBE 4 www.amplitube.com/4 O lendário estúdio guitarra & bass da IK recebe uma grande atualização com um gabinete 3D quarto mic, novo modelo de alto-falante, 5 novos amplificadores icônicos, um modelador acústico, melhor path de som e sinal, uma UltraTuner, um Looper, uma DAW built-in DAW entre outras características, fazem parte do novo AmpliTube 4, da IK Multimedia. O novo equipamento oferece uma gama de características como a seção mais avançada e nova modelagem de alto-falante, 5 novos amplificadores britânicos, um novo pedal simulador acústico, um “loop de efeitos” adicionais fenda entre a seções do pré-amplificador e amplificador de potência, um built-in 8-track DAW, um sintonizador de ultra-precisos, uma seção looper intuitiva. Esses novos recursos adicionam à profundidade desempenho hiper-real e precisão sonora incrível que fizeram AmpliTube uma ferramenta tão essencial nos estúdios de música e plataformas de guitarristas, baixistas e outros músicos em todo o mundo desempenho de cair o queixo. Com mais realismo, mais equipamento, melhor som, mais flexibilidade, mais funcionalidades, mais o tom e simplesmente tudo mais do que nunca, AmpliTube 4 é a versão mais potente do estúdio guitarra e baixo.

GUITARRA CORT SIG MATTHEW BELLAMY www.equipo.com.br Matthew Bellamy, o guitarrista da banda de rock Muse, Manson Guitar Works e Cort têm o prazer de anunciar o lançamento em conjunto de um novo modelo assinatura. Depois de um período produtivo de pesquisa e desenvolvimento entre as três partes, a nova obra-prima foi baseada na clássica linha Manson MB1-S e apresenta um captador recém-projetado pela equipe de Manson Guitar Works juntamente com um discreto, mas muito eficaz, Kill button. Construída em Basswood, a MBC-1 possui escala em Rosewood, braço em Hard Maple, 22 trastes, controles de volume e tone e chave de 3 posições.


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Novas tecnologias para a indústria Uma programação completa abordando o futuro da tecnologia na indústria do entretenimento é uma das promessas da edição 2015 da Prolight+Sound, que acontece entre os dias 14 e 17 de outubro, em Xangai, no Shanghai New International Expo Centre. O programa abordará as tecnologias de ponta nos eventos e indústrias de entretenimento através de uma série de fóruns, cursos de formação e demonstrações ao vivo, que tem como objetivo fomentar ideias de negócios e excelentes oportunidades de networking. Durante quatro dias, os participantes poderão explorar tecnologias de entretenimento da próxima geração em cinco elementos, incluindo áudio, estúdio de gravação, sistema de som, iluminação e design visual, o que deve trazer novos conceitos, tecnologias e produtos para a indústria.

A PROGRAMAÇÃO INCLUI: - Cursos de treinamento organizado pela VPLT – Associação de profissionais de iluminação e sonorização da Alemanha; - Forum sobre Tecnologia Acústica, comandado por Rongzong Wu, famosos engenheiro de som de Taiwan. - Forum sobre novas tecnologias em gravação – seminário apresentado por Xiaoxing Lu, ganhador do Grammy Award. - Demonstração de line arrays – com a presença de sistemas de 10 empresas de audio, incluindo Audiocenter, CPL, Fs Audio, KV2, Proel, Real Sound (TBC), TASSO, Verity, YME e Zsound. Participam também da Feira em Xangai mais de 500 marcas e expositores, o que significa inúmeras possibilidades para profissionais da indústria para melhorar o seu desempenho de negócios. Acesse http://www.hk.messefrankfurt.com/hongkong/ en/visitors/welcome.html

FINANCIAMENTO COLETIVO Próximo do lançamento do segundo álbum de sua carreira, A Dança do Mundo, o jovem músico carioca Leo Middea apresenta nova música inédita do trabalho, intitulada Bússola. A faixa não é apenas o título, mas também o enredo. Como uma bússola real que leva a diferentes lugares, essa música também não é diferente: ela navega em diferentes pontos de norte, leste, sul, oeste. Vai do Funk ao Baião, segue pela Marchinha e entrega surpresas.

INDICAÇÃO O álbum Tema, do pianista/compositor/arranjador Antonio Adolfo foi indicado pelo segundo ano consecutivo ao Grammy Latino, na categoria Melhor Álbum Instrumental.

O MELHOR DO JAZZ APORTA EM ILHABELA Os bons ventos que sopram e movimentam a Capital Nacional da Vela, no litoral Norte de São Paulo, levarão para Ilhabela, nos dias 15, 16, 17 e 18 de outubro, a terceira edição do Ilhabela in Jazz. O festival, combinação perfeita de boa música e visual paradisíaco, tem entrada gratuita no ambiente da Vila, centro histórico da ilha. Músicos consagrados do Brasil e do Exterior prometem noites memoráveis. De quinta a domingo serão doze atrações, três por dia, e pelo menos quatro horas diárias do mais puro jazz. Pelo palco do festival, na noite de quinta-feira Felipe Blues Band, Lupa Santiago e Rodrigo Ursaia Quinteto e Leny Andrade & Trio. Na sexta, Hermeto Pascoal, André Mehmari Trio e Maurício Carrilho & Nailor Proveta. Mike Stern Trio, Nenê Trio e Thiago Espírito Santo “Sexto Sentido” apresentam-se no sábado. No quarto e último dia, domingo, será a vez de Hazmat Modine, Ithamara Koorax e Quartabê. Os shows acontecem sempre a partir das 19h.

CASSIANE DE VOLTA À MK Agora é oficial: ela voltou. Cassiane um dos maiores nomes da música gospel brasileira - assinou contrato com a gravadora MK Music, na noite desta terça-feira (15). Foi em clima de muita alegria, que a cantora foi recepcionada pela diretoria e funcionários da empresa. Na ocasião, estavam presentes: o marido de Cassiane e pastor, Jairo Manhães, Yvelise de Oliveira, presidente da MK, deputado Arolde de Oliveira, fundador do Grupo MK de Comunicação, e Cristina Xisto, a vice-presidente.


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STUDIOKING - ESCRITÓRIO NO BRASIL Dando continuidade ao processo de expansão, o Grupo StudioKing anuncia a abertura de escritório no Brasil, a começar pela distribuição e comercialização dos produtos da marca Studiomaster. Com mesas analógicas e digitais, sistemas de PA, caixas ativas e passivas, sistemas de Line Array, processadores e potências em sua linha de produtos, a Studiomaster garante para breve muitas novidades ao mercado brasileiro. Ainda em setembro a StudioKing Brazil anunciará ao mercado informações refe-

rentes a comercialização de produtos, bem como ações de marketing, suporte técnico e rede de assistência técnica. A StudioKing HK é um dos maiores grupos da indústria de áudio profissional e instrumentos musicais do mundo, proprietária de marcas consagradas como Studiomaster, Cadac, Carlsbro e Soundking. Líderes em engenharia e tecnologias de ponta, os produtos ingleses são uns dos mais cobiçados entre profissionais de áudio, como instaladores, engenheiros de som e PAzeiros.

SE ELECTRONICS A SE Electronics International, Inc. nomeou a Focusrite Áudio Engenharia como distribuidor exclusivo do Reino Unido para toda a linha da SE de microfones, produtos patenteados Reflexion Filter® e acessórios de estúdio. Siwei Zou, Fundador e CEO da sE Electronics, acrescenta que a Focusrite é uma marca mundial em nossa indústria, e que está muito animado para recebê-los na família ainda crescente de distribuidores. Já Neil Johnston, UK de Vendas & Marketing Manager para Focusrite, que todos es-

tão muito felizes de estar adicionando a SE Electronics ao portfólio da empresa. “A marca se encaixa bem em nosso modelo existente no Reino Unido e cria um novo leque de oportunidades para a nossa rede de concessionários já estabelecida. A Focusrite está sempre trabalhando para oferecer uma solução completa para o canal. Nós sentimos que os nossos parceiros estão animados sobre a nova parceria e estamos ansiosos para continuar o sucesso já alcançado no Reino Unido”, disse.

NASI LANÇA CLIPE DE “ALMA NOTURNA” O cantor e compositor Nasi lança o CD e DVD “EGBE”. Gravado no Audio Arena, que fica no estádio do Morumbi, o DVD traz 13 composições que passeiam pelas mais diversas influências. Nele encontramos blues, hard rock, rhythm & blues, country rock, a pegada do Ira! e algumas pérolas escondidas nas regravações muito bem escolhidas por Nasi. Desse repertório oito faixas são releituras de músicas que fizeram parte do CD “Perigoso”, de 2012. Duas são inéditas e três são regravações. Uma das inéditas, Alma Noturna foi a escolhida como pri-

meiro single https://youtu.be/mgl7IQguVro. Com uma levada sixties, a música tem influência dos afro-sambas de Baden Powell, virou tema do programa “Nasi Noite a Dentro”, do Canal Brasil, e é uma parceria de Nasi e Johnny Boy com o músico e compositor Kiko Dinucci, que assina a letra. “Foi composta pelo WhatsApp. Eu estava na Bahia e o Kiko tocando na Europa” – conta Nasi. “EGBE” é uma coprodução de Nasi com o Canal Brasil, tem distribuição da gravadora Deck e em breve estará disponível em CD, DVD e nas plataformas digitais.

NIK WEST TOCA WARWICK AMPS & CABINETS O famoso baixista Nik West toca agora oficialmente os amplificadores Warwick. Nick West toca seu baixo entre outras coisas para Dave Stewart, Prince e ainda faz performance solo. West usa dois Warwick LWA 1000 bass head em conjunto com dois gabinetes Warwick 410 4 Ohms. Ele também toca gabinetes Warwick 408 LW CE, 112 gabinetes LW CE e amplificadores de baixo de combinação BC 150 .


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NOVA LOJA DE INSTRUMENTOS MUSICAIS

Equipe de Vendas

Espaço para teste de instrumentos musicais

Inaugurada em agosto deste ano, a AV Musical é a sétima loja do grupo paulista Ninja Som. Com um leque de produtos diferenciados das outras lojas e focado nas grandes marcas de instrumentos musicais, áudio e vídeo, a AV Musical nasceu para atender os mais variados músicos e produtores musicais que visitam a região central da capital paulista. O endereço é Rua Santa Ifigênia, 390 - Centro - São Paulo.


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D.A.S no Brasil

Júlio Ferreira e Gonzalo Aguirre

Manuel Peris, Marcos (Lumix) e Gonzalo Aguirre

Coquetel de lançamento da D.A.S Audio Brasil

Depois de 20 anos vendendo sistemas por meio do distribuidor Decomac, a empresa espanhola D.A.S. Audio decidiu abrir escritório próprio no Brasil. Este é o quarto escritório da empresa fora da Espanha (os outros fi-

cam em Miami, Singapura e Xangai). A Decomac continuará com o apoio logístico e de suporte pós-venda através da Decotecnika. A equipe é formada pelos profissionais: Guillermo Distéfano (diretor comercial), Víctor

Gonzaga (vendas), Marilia Macri (atendimento ao cliente) e Fernando Nanão (treinamento e projetos). Mais informações pelo telefone (11) 3333-0764. Na Expomusic iniciouse as atividades da Empresa no Brasil.

ONEAL PARTNERS DAY cessadores ODP260 e ODP480. Foram sorteados 20 prêmios, o terceiro prêmio de R$5 mil foi para Marco Antonio , loja Do re mi, da cidade Agudos (SP). O segundo, no valor de R$ 10 mil, foi para Gilmar Soares, da loja A Popular, de Belo Horizonte (MG). O carro zero quilômetro saiu para a cidade de Belém do Pará, e a ganhadora foi Carmem Keuffer, da loja Foto Keuffer.

O Oneal Partners Day passou a ser roteiro dos eventos durante a Expomusic em São Paulo. Nos dias 16 e 17 de setembro a Choperia North Beer foi palco de mais um encontro, que tem uma rodada de negócios com demonstração dos produtos , além dos participantes terem a oportunidade de estreitar laços com a equipe da tradicional fábrica de Apucarana. No evento estava reunida toda a equipe da Oneal: Departamento de Projetos e Desenvolvimento, Assistência Técnica, Marketing, Administrativo, Gerentes regionais e membros da

direção. Durante o encontro também foi apresentado o novo endorse da marca da linha de amplificadores de guitarra, o músico Will Zambrotta. Na noite do dia 17 aconteceu o tradicional jantar seguido de premiações, com a apresentação da artista paulistana Milena Castro e banda. Tratando-se de uma mostra de produtos Oneal, todo o sistema de sonorização da casa foi projetado, montado e operado pela equipe da empresa, e controlado e monitorado via wireless com os pro-

A Oneal tem hoje o maior mix de produtos industrializados no Brasil e é a única empresa que oferece solução integral em sistemas de sonorização in door de pequeno e médio porte voltada para igrejas. Na ocasião estavam expostos todas as linhas de produtos. Mais informações: www.oneal.com.br


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Feira de Negócios em Floripa

Nos dias 28,29 e 30 de Agosto aconteceu em Florianópolis (SC) a primeira edição da SULMUSIC, uma feira de negócios que reuniu 30 expositores entre fabricantes e distribuidores das maiores marcas de instrumentos musicais, acessórios e áudio profissional do Brasil. O evento foi organizado pelos empresários Eduardo Maia e Rodrigo Argenta, que representam diversas empresas na região sul do país. Ambos sentiram necessidade de fomentar a venda na Região Sul e, por isso, resolveram juntar forças e convocar clientes, representantes e outras grandes empresas do setor para a realização de um grande encontro de negócios cheio de atrações, oportunidades, além de todo o conforto e beleza da cidade de Florianópolis. Foram três dias intensos para quem compareceu, que pode ainda desfrutar da organização e da estrutura oferecida pelo complexo turístico SESC Cacupé. A equipe organizadora do evento recebeu os visitantes com um brinde a diversos estilos musicais e um show inesquecível com a maior referência musical da região: a banda Dazaranha.

Os organizadores buscaram resgatar elementos culturais e prestigiar as personalidades influentes do cenário musical oferecendo espaços e estandes que enriqueceram a feira. Mais de mil pessoas circularam no evento, que levou 123 lojistas e terminou com um jantar de confraternização para cerca de 400 pessoas, que garantiam a presença na próxima edição. Como diferencial, a criatividade e a vontade de fazer diferente dos formatos tradicionais, a SULMUSIC foi uma festa temática. A intenção foi criar um cenário que remetia a um cruzeiro, com as recepcionistas fardadas e os comandantes recebendo seus convidados num tom de viagem. No final de cada noite, o ponto de encontro era a “Casa dos Artistas”, uma belíssima residência em Jurerê internacional, levando o evento até a altas horas da madrugada. Segundo Eduardo Maia, a segunda edição, no segundo semestre do ano que vem, já está sendo organizada. Mais informações pelo telefone: (48) 4009 2750 ou pelo e-mail: maia@mgmmusic.com.br


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Seminário técnico d&b Audiotechnik

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Como nos anos passados, a Decomac e a sua representada d&b Audiotechnik promoveram o seminário técnico sobre o sistema de line array Y Series, no dia 15 de setembro, no espaço Immensita Eventos. Os diversos profissionais de áudio e locadores puderam ouvir, ver as características do sistema e esclarecer dúvidas com o especialista de produtos Cristian Stumpp.

Bizonga e Roberto Ramos

João Claudio e Elpidio (J.A.S.)

Cristian Stumpp

PROFISSIONAIS DO ECAD FAZEM PALESTRAS NA EXPOMUSIC

Estande do Ecad na Expomusic

Palestra do Ricardo Rios

O Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), marcou presença na Expomusic 2015, em São Paulo, com um estande e uma série de palestras sobre o trabalho da instituição. Suely Marins e Ricardo Rios, ambos profissionais da área de distribuição, que é a responsável pelo repasse dos valores arrecadados para os artistas, realizaram palestras

nos dias 16 e 17 de setembro para orientar e informar aos profissionais de música presentes sobre a importância dos direitos autorais de execução pública para a cadeia produtiva da música, além de esclarecer o funcionamento do sistema de gestão coletiva realizada no país tanto pelo Escritório quanto pelas associações de música que administram a instituição.

Nas palestras, os profissionais apresentaram as principais atividades do Ecad, além de importantes conceitos como direitos de autor e conexos, como são realizadas as distribuições direta e indireta, e ainda mencionaram a importante certificação recebida do Ibope Inteligência (empresa referência no mercado de pesquisa e especializada em estudos qualitativos e quantitativos nas áreas de opinião pública, política e mercados) para a metodologia de amostragem aplicada pelo Ecad em alguns segmentos. As regras de distribuição, os últimos resultados da instituição e a criação de novos segmentos também foram assuntos abordados e que geraram muitas dúvidas dos participantes. Os profissionais do Ecad estiveram à disposição após a palestra e no estande na feira para esclarecer todas as dúvidas. Para conhecer mais sobre o trabalho do Ecad, acesse o site www.ecad.org.br.


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EXPOMUSIC III A presença de empresas chinesas inquietou alguns expositores, mas logo a razão se sobrepôs e a proposta endossada pela Abemúsica se mostrou interessante. Focados apenas em iluminação e acessórios, os chineses mostraram alguns produtos que mesmo não sendo inovadores, tinham o apelo do preço. Tecnologia cada vez mais barata foi o mote. Até um incrível pedal de correr texto ou partitura em tablets foi mostrado. Como novidade, o Bluetooth Music Pedal fez sucesso, mas vendido a US$ 50, encalhou...

EXPOMUSIC IV

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EXPOMUSIC I Como previsto, a Expomusic 2015 apresentou um cenário recessivo que reflete a atual situação econômica do país. Inobstante o contexto perverso, muita coisa aflorou no encontro que parece ter despertado o mercado para mudanças significativas que vão reger os próximos anos no segmento. “Marca própria” foi a expressão mais ouvida...

A emergente Next Pro, de Valinhos em SP, parece ter chutado o balde no quesito tecnologia. Sua nova linha de amplificadores apresentada no evento é voltada para os mais variados usos e surpreende. Começa pela montagem e acabamento, trazendo ainda uma novidade que vai chocar qualquer s usuário. Ligado em 2, 4 ou 8 ohms o equipamento despeja rigorosamente a mesma potência. E como não bastasse isso, a empresa ainda mostrou um modelo de power que ocupa apenas dois espaços de rack, pesa menos de 8 kg, e despeja 7.200W de potência. Disparado o hit da feira.

EXPOMUSIC II O pequeno e prático pedal TRIO, da Digitech, é outra interessante novidade que vai abrir espaço no mercado se o preço ajudar. O brinquedinho é capaz de colocar uma banda atrás do guitarrista, mesmo que ele não conheça nada de arranjo, ou toque bateria e baixo. Um pequeno sampler inteligente lê os seus acordes e faz surgir uma banda no ritmo que escolher para acompanhá-lo. Vendido em média a US$ 200 ao consumidor, o produto é inovador e bem bolado para músicos que precisam ocupar pequenos espaços.

Alexandre Algranti, da Audio-Technica, não escondeu o entusiasmo com a histórica marca de microfones. Pilotando a marca no Brasil, o executivo foi taxativo: “A qualidade abre mercado em qualquer lugar e quando acessível ao consumidor, vira compra certa”. Como uma das maiores marcas do mundo, a Audio-Technica vem aumentando a sua participação no mercado brasileiro representada pela ProShows.

EXPOMUSIC V Pioneira no Brasil em manufatura de alumínio, a Stay desperta a cobiça e curiosidade também de fabricantes e importadores estrangeiros. Não são raras as visitas para aprendizado na empresa. Mesmo copiada e imitada, a empresa passa por cima dos importados pela qualidade, preço competitivo e uma tecnologia inovadora na confecção de estandes e acessórios em alumínio. Metal de difícil manuseio, o alumínio exige tecnologia avançada no recorte e montagem. Empresa 100% brasileira, a Stay está hoje entre as melhores do mundo no segmento.

EXPOMUSIC VI A Casio consolidou definitivamente a sua posição no mercado nacional. Marca mundial de reconhecida qualidade, os teclados Casio apaixonam pela ver-


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satilidade. O belo estande da empresa mostrou a linha completa de pianos e sintetizadores profissionais para todos os bolsos.

EXPOMUSIC VII A novata Earth estreou na feira com a sua linha de violões, guitarras e baixos mostrando um componente interessante para conquistar mercado. Qualidade a preço acessível é a chave para a estratégia de crescer no Brasil.

EXPOMUSIC VIII A chegada da marca Studiomaster vai sacudir o mercado e deve estabelecer uma nova relação de forças no segmento de áudio. A gigante nascida inglesa e hoje chinesa, tem uma enorme participação nesse segmento ao redor do mundo, e na Ásia lidera com folga em alguns mercados. Com um catálogo completo e versátil, a marca promete preços competitivos e qualidade para também conquistar o Brasil.

EXPOMUSIC IX As mudanças de mãos e o preço dos violões da Taylor e da Martin fazem da Takamine a marca de violões top world mais vendida do Brasil. Com qualidades semelhantes, a representação em nosso país foi decisiva para que os violões japoneses vendessem no Brasil mais do que o dobro das duas outras marcas juntas. No Brasil, a Takamine é distribuída pela Sonotec.

EXPOMUSIC X Se existe algum estande onde a babação beira a euforia, esse é o da Roland. A empresa parece não ter limites para lançar novidades apaixonantes e produtos vanguardistas. Sempre lotado e com uma dúzia de técnicos à disposição, a Roland se firma a cada evento como sonho de

consumo de músicos profissionais ou amadores.

EXPOMUSIC XI Pelos corredores, encontro o Juliano Waldman, da Equipo, e ele dispara: “Muita coisa está acontecendo e o mercado vai mudar... E será logo! ”. Vindo de quem veio, assino embaixo.

EXPOMUSIC XII A guerra de números no final do evento tira por completo uma capacidade de análise mais fria e realista do que realmente aconteceu com o mercado. Teve gente amplificando e gente dissimulando resultado. A queda foi evidente, mas o seu tamanho ainda será motivo de muita discussão.

ENCONTRO DE NEGÓCIOS A palestra que tive o privilégio de mediar contando com a participação dos executivos Rodrigo Kniest, da Harman; Takao Shirahata, da Roland, além de Vladimir Souza, da ProShows, foi muito além de um panorama do mercado. A projeção de futuro acabou se tornando a tônica da segunda metade do debate que durou mais de duas horas, embora previsto para apenas uma. E os debatedores e o público ainda queriam mais...

PROCURA Com o anúncio de mudança de cidade para 2016, a Festa Nacional da Música bateu o recorde em pedidos de artistas e credenciamentos para esse ano. Ainda sem definição sobre a nova casa do maior encontro da música brasileira, o evento de Canela mais uma vez mostra a força da categoria que, unida, já provou ser forte bastante paa aprovar leis e buscar outros avanços na legislação que regula o showbusiness brasileiro.

PRÊMIO MULTISHOW A homenagem a Gilberto Gil e Caetano Veloso foi o ponto alto do Prêmio Multishow 2015. Quem gosta de música brasileira de qualidade, no entanto, reclamou das outras premiações pelas redes sociais, mas esqueceu que esse é o atual cenário da nossa produção fonográfica. O que mais se ouvia durante a transmissão era... “Quem? ”. Teve momentos em que fiquei com a impressão de que a direção do “Prêmio” tinha pirado de vez. Mas a realidade da nossa música comercial e popular é essa mesmo. Não adianta você olhar para um jacaré e dizer para ele voar. Ele não vai voar...

ROCK IN RIO Parece que os “velhinhos” continuam sendo a sensação em qualquer evento de grande porte em que qualidade musical é exigida. Apesar das boas bandas, o maior público e a vibração sempre foram conduzidos pelos sessentões que mostravam clássicos de todos os estilos. E mais uma vez os críticos “muderninhos” ficaram com cara de pastel de rodoviária na hora de escrever sobre o evento.

COBERTURA Por mais que se tenha boa vontade com o canal Multishow e os seus jovens talentos, ficou difícil acompanhar o Rock in Rio pela emissora. Nos intervalos entre os espetáculos, o festival de bobagens e desinformação patrocinado por apresentadores despreparados e ansiosos por parecerem “engraçadinhos” era um convite a mudar de canal. Meninas bonitinhas e tagarelas também não garantem boa cobertura e muito menos informação confiável. Parecia a antiga MTV a caminho da falência.

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PARA ALÉM DO MURO DO MEU QUINTAL Fred Martins Para Além do Muro do Meu Quintal, extraído do poema Noite de São João, também musicado por Fred Martins, dá nome ao primeiro álbum do cantor e compositor brasileiro gravado na Europa. O trabalho foi gravado em Lisboa, Portugal, com produção musical do pianista e arranjador açoriano Paulo Borges e traz participação especial da cantora cabo-verdiana Nancy Vieira e do paulistano Renato Braz. Com três CDs e um DVD lançados no Brasil, Fred Martins registra neste disco algumas das canções mais marcantes de sua trajetória. São composições que se tornaram indispensáveis em seus concertos, inclusive aquelas que ficaram também conhecidos nas vozes de outros intérpretes como Ney Matogrosso, Maria Rita, Renato Braz e Zélia Duncan. O trabalho combina fluidez e densidade estética, passando pelo samba de Paulinho da Viola, Cartola e Nelson Cavaquinho. Lançado no Brasil pelo selo paulistano Sete Sóis e distribuído pela Tratore, o CD traz o estilo arrojado e contemporâneo de Fred Martins, e as canções recebem tratamento camerístico e predominantemente acústico ou eletroacústico (com filtragem sonora, teclados vintage e piano minimalista de Paulo Borges). O violoncelo de Sergio Menem ganha destaque entre as percussões de Márcio Bahia, Alexandre Frazão e João Ferreira e a sonoridade árabe é acentuada pelo uso do cumbus (instrumento de cordas de origem turca). Também atuam neste disco os músicos Bony Godoy (baixo), Marcelo Martins (flautas) e Pedro Pascual (acordeão diatônico). O projeto gráfico tem assinatura do premiado artista Pablo Giraldez, o Pastor.

BRASILEIRÍSSIMO: ENCONTROS Duo Barrenechea Formado por Sérgio (flauta) e Lúcia Barrenechea (piano), a dupla lança mais esse novo trabalho em CD e DVD, interpretando compositores consagrados, como Ernesto Nazareth e Mignone, e contemporâneos em atividade, como Ian Guest, Liduíno Pitombeira, Vittor Santos, dentre outros. Com “Brasileiríssimo: Encontros”, o Duo Barrenechea celebra seus 25 anos de carreira fazendo uma viagem pela música brasileira, retratando sua trajetória e seus encontros com compositores e suas obras ao longo desses anos. O documentário musical tem a duração de aproximadamente 1 hora e 30 minutos e foi filmado no período de Janeiro a Abril de 2014 em Brasília, Goiânia, Pirenópolis, Rio de Janeiro e Tiradentes. A direção é de Liloye Boubli e fotografia do consagrado Fernando Duarte, e o conceito do trabalho é retratar a música brasileira para flauta e piano, incluindo, além de nomes da história da música brasileira já consagrados, como Ernesto Nazareth (“Odeon”) e Francisco Mignone (“Três peças”), compositores que se encontram em plena atividade, como Vittor Santos (“Divagações n° 37: Bodas de Prata”), Ian Guest (“Sonata Breve”), Dawid Korenchendler (“Zinfandel: uma taça de vinhos..um diálogo...”), Liduíno Pitombeira (“Vitrais”), Rafael dos Santos (“ Tardes goianas”), Estércio Márquez Cunha (“Música para flauta e piano n°2”) e Elenice Maranesi (“Céu de Maio”).


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ESTÁ TUDO BEM Waldecy Aguiar DOIS LADOS - PARTE I John Wayne Há seis anos na estrada, com um EP e um disco na bagagem, a banda paulistana John Wayne avança mais um passo. O grupo lançou em setembro seu novo álbum, Dois Lados – Parte I” e é o primeiro lançado pela Deck, chegando às lojas em CD e, em formato digital, nas maiores plataformas online. O disco é composto por 10 faixas e foi produzido por Adair Daufembach. As letras, todas de autoria do guitarrista Rogerio Torres, propõem reflexões em bom e forte português. Entre os temas estão superação, cotidiano, desafios, sofrimento e o inferno. Os arranjos de muito peso, acompanhados do vocal potente de Fabio Figueiredo, fazem do disco um dos grandes lançamentos do gênero. A John Wayne é uma das representantes da nova geração do metal nacional na edição desse ano do Rock in Rio. O clipe Dois Lados - Parte I (Inferno) já está no endereço: https://www.youtube.com/watch?t=134&v=0OMDpo1RlQA

Em comemoração aos 30 anos de carreira e após 10 anos sem gravar um trabalho inédito, o cantor e compositor de sucessos como, Vai dar tudo Certo, A vitória, A Volta Por Cima e Lágrimas no Rosto, lança seu novo CD Está Tudo bem. Com a sua principal característica de hinos que adoram ao Senhor, com letras marcantes e positivas, o novo CD tem como objetivo tocar o coração e convidar também a uma reflexão sobre o verdadeiro evangelho. Seu novo trabalho leva a mensagem, para todas as pessoas, independente de religião, de que, não importa a circunstância, com Jesus está tudo bem. Em 30 anos dedicados ao ministério de louvor, ele tem mais de 15 trabalhos lançados. Waldecy Aguiar é cantor e compositor de louvores como Vai dar Tudo Certo, A Vitória do Povo de Deus, Presente de Deus (Almas Gêmeas), A volta por cima, De Coração pra Coração e Nossa Canção. Seus hinos foram gravados e regravados por diversos nomes como Shirley Carvalhaes, Mara Maravilha, Noemi Nonato, Lauriete, Matos Nascimento, Elaine de Jesus e também de outros segmentos como Zezé de Camargo e Luciano, Agnaldo Timóteo, a cantora americana Luana Cartner; Frank Aguiar; Waguinho, entre outros.

CANTA BAHIA Reinaldinho O mais recente projeto do cantor Reinaldinho é uma grande homenagem aos 30 anos do axé music, estilo musical que revolucionou o Brasil e que movimenta milhares de seguidores todos os anos, não somente no maior carnaval do mundo realizado em Salvador mas em todas as festas fora de época espalhadas pelo país. O álbum traz canções que relembram a trajetória de sucesso de ícones como Ivete Sangalo, Berimbau Metalizado, Araketu, Araketu é bom demais, Netinho (grande homenageado no carnaval de 2015) e que retorna aos palcos com a inesquecível Mila, a quebrada do Timbalada e o Requebra, do Olodum. Outros sucessos integram o álbum que contém 16 faixas. Banda Mel, É o tchan, Chiclete com Banana (agora Bel Marques) também são homenageados pelo cantor que liderou um dos maiores grupos da axé music no Brasil.


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Nesta série de entrevistas, vamos sair dos bastidores dos shows para trilharmos os bastidores das produções de forma geral, onde existam profissionais que direta ou indiretamente estejam ligados ao dia a dia do entretenimento. A profissão desta edição é a de Guitar Tech e o entrevistado é Ricardo Pereira.

Profissões do

‘backstage’ RICARDO PEREIRA G U I TA R

TECH

redacao@backstage.com.br Fotos: Arquivo Pessoal / Divulgação

C

omo sempre fazemos nessa coluna, procuramos conhecer um pouco do nosso entrevistado. Ricardo, fale-nos um pouco da sua formação, quais cursos já tomou? Sou músico, guitarrista desde os 13 anos, formado pela vida, e mais tarde me graduei em administração de em-

presas com especialização em auditoria. Tomei vários cursos nessa área, mas a música sempre esteve presente em minha vida, me proporcionando grandes oportunidades. Qual a diferença entre o Roadie comum e o Guitar Tech? O Guitar Tech executa atividades mais específicas re-


lacionadas ao universo da guitarra, focado somente no guitarrista, como regulagem e manutenção do instrumento in loco, programação dos processadores, alinhamento do sistema de guitarra, microfonação. Ele também cuida da estética do som e empreende automações para o guitarrista durante o evento. O Roadie comum é o responsável técnico que funciona como um elo entre todos os setores do backstage. montagem do backline, passagem de som e assistência durante o evento. Descreva um dia de trabalho de um Guitar Tech? Durante os dias da semana eu divido minha rotina de acordo com a demanda. Atendo clientes, orientando na organização de seus sets. Em seções de gravação de áudio, trabalho em todas as etapas no processo de colheita das guitarras que envolvem a escolha e configuração dos instrumentos, microfones, processadores, pedais, prés, amplificadores e gabinetes a serem usados. Na estrada, começo a rotina de um dia de show organizando o set de guitarras em etapas. Inicialmente, verifico todo o meu periférico para saber se está tudo em ordem – conexão física dos equipamentos, bom funcionamento dos cabos e jacks, configuração digital de parâmetros, etc. Antes de plugar o sistema (pré, processadores, controladores e amplificadores de guitarra), conto com o apoio de um eletrotécnico que acompanha a banda, para fazer uma checagem no sistema AC, que alimenta o sistema de guitarra. Quando detectamos problemas de ruídos, na ordem de 60 ciclos, é comum identificarmos como DDP (diferença de potencial), o que normalmente ocorre pelo fato de o amplificador estar em uma fase diferente do resto do sistema. Solucionamos o problema colocando todo o sistema na mesma fase. Na sequência, conecto os processadores e o computador que uso para fazer as automações durante o show, microfono os amplificadores, conecto os prés, os canais de linha, o transmissor e as mandadas aos amplificadores de guitarra, através de um multipino que leva o sinal dos processadores aos amplificadores e traz de volta para os prés através dos microfones. Partindo para as guitarras e violões, faço a revisão completa de cada instrumento (regulagem de tensão, regulagem de oitavas, substituição de cordas e limpeza). É importante salientar que é muito comum a tensão das cordas serem afetadas por causa da temperatura local. Para manter um padrão, é necessário regular show a show. Plugo os Bodypacks das guitarras e violões, monitoro a frequência dos transmissores para evitar interferências e checo se os quatro canais da guitarra estão todos em fase. Durante o show, fico 100% focado no artista trabalhando na estética do som, fazendo automações de volumes, efeitos, equalização e compressão no timbre da guitarra. Esse processo é feito em tempo real e exige muita concentração e entrosamento. Troco os presets dos bancos e faço uma segunda guitarra quando necessário. Normalmente durante o show não percebo o tempo passar!

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Aprendi a trabalhar com muito pouco e a obter bons resultados. Lembro-me de começar a programar um processador de guitarra pela manhã e de repente meu pai estava batendo na porta do quarto me pedindo para ir dormir, porque já passava da meia noite.

Antes mesmo de se tornar Guitar Tech você já era conhecido na sua cidade no interior da Bahia pelo talento de replicar timbres. Nos conte sobre isso. Comecei a tocar guitarra aos 13 anos, influenciado por amigos que já tocavam em bandas de garagem e, quase diariamente, frequentava a casa de um grande amigo guitarrista, que morava na rua de trás e possuía uma discografia maravilhosa. Conheci praticamente tudo sobre música ali. Era início da década de 90. Aprendi a ouvir SRV, Gary Moore, Joe Satriani, Steve Vai, Michael Schenker e praticamente todos os GUITAR AXES de sucesso até aquela época. Naquele ambiente, o assunto quase sempre era o equipamento dos guitarristas. Guitarras, pick-ups, amps, pedais, mics, as características sonoras de cada equipamento e a preferência de cada um. Aos 17 anos, já tocava profissionalmente em bandas locais e trabalhava paralelamente como auxiliar em um estúdio de gravação de áudio da minha cidade. Dentro desse cenário, desenvolvi a habilidade de replicar timbres. Boa parte dos guitarristas de baile da minha região chegava à minha casa com um processador digital nas mãos, pedindo para replicar um determinado timbre de guitarra. Foram anos assim. Era apenas um processador digital, um cubinho, uma guitarra e um resultado bem parecido com o original. Na época, eu tinha pouco acesso a bons equipamentos. Eram muitas limitações. Aprendi a trabalhar com muito pouco e a obter bons resultados. Lembro-me de começar a programar um processador de guitarra pela manhã e de repente meu pai estava batendo na porta do quarto me pedindo para ir dormir, porque já passava da meia noite. Investi muito tempo de qualidade nessa atividade. Cada timbre que eu fazia me dava a oportunidade de aprender mais e descobrir novos caminhos. Comecei a entender que não bastava só um timbre bonito aliado a um bom gosto. Teria que soar bem!

A programação de pedal boards e pedaleiras é quase uma arte, empresas como LA Sound Design e a brasileira Guitartech fazem disso seu nicho de negócio. Você tem uma oficina e presta serviços semelhantes? Embora seja este um dos aspectos de minha vida profissional que mais me fascina, minha atual carga ocupacional não me permite dedicar o quanto gostaria. Viajo muito, e a vida na estrada não me proporciona tempo suficiente para administrar um negócio físico. Todavia, tenho prestado consultoria a um bom número de guitarristas, auxiliando-os na escolha de equipamentos e montagem de sistemas. Ainda falando em pedalboards, você projeta e monta sistemas de pedaleiras e racks, quais as dificuldades de fazer isso aqui no Brasil? Acredito que uma das maiores dificuldades são os preços absurdos dos equipamentos praticados aqui no Brasil, devido às altíssimas taxas de importação, despachantes aduaneiros e fretes. Certa vez, ouvi uma pessoa dizer: “Não existe equipamento difícil, existe equipamento caro”. Com a globalização, o acesso à matéria-prima ficou fácil, com a desvalorização da moeda, não! O que, na maioria das vezes, limita muito um orçamento na execução de um projeto bacana. Quais os principais problemas que os guitarristas têm com seu som e sistemas de pedaleiras? Basicamente, configuração. Sou guitarrista e tenho uma boa rede de contatos de guitarristas. Posso afirmar que muitos deles trabalham empiricamente, de forma intuitiva. Existe uma grande dificuldade em saber noções básicas sobre equalizar, comprimir e usar os efeitos da forma correta por falta de pesquisa, talvez por não ler um manual do equipamento ou, simplesmente, por não entender o lugar da guitarra na mix. Infelizmente, o reflexo desse procedimento gera problemas na entrega do som!


Uma pergunta relacionada aos monitores, que dicas você daria para um guitarrista tocar usando in-ears num palco sem amps nem caixas? Converse com o seu técnico sobre a concepção do seu timbre de guitarra e a forma como você gostaria de ouvir seu instrumento. Suas aspirações, aliadas ao conhecimento do técnico, serão revertidas em resultados positivos para você. Um bom fone, além de

com ótimos microfones e timbres matadores. O que é mito e o que é verdade? Bom, acredito que o mito seja gerado pela falta de informação. Tomando como referência e analisando do ponto de vista de um timbre clean plugado na frente de um amplificador valvulado, grande parte dos guitarristas preferem esses equipamentos, porque funcionam também como geradores de timbre e moldam a estética do seu

uma fonte sonora, é um excelente isolador de ruídos externos e não só oferece a vantagem de uma mix ao seu gosto, como lhe dá o conforto de ouvir em volumes mais agradáveis, colaborando também com a preservação da sua saúde auditiva.

som. Considerando parte do funcionamento das válvulas de power, elas atuam no timbre original da guitarra, comprimindo os picos, gerando harmônicos de cada frequência inicial, transformando assim o resultado final do timbre. O interessante é que os amplificadores valvulados, quando trabalhados em volumes altos, começam a elevar o nível de compressão do sinal por incapacidade de amplificálo, gerando a distorção. Podería-

Existe uma máxima dos guitarristas que certos amplificadores só timbram alto, mas já vi setups gringos com amps pequenos

mos imaginar, então, que existe uma zona de transição entre o sinal clean e o distorcido do amplificador, que acontece quando o som limpo começa a ser rompido, e é justamente essa zona de transição que é desejável, para se obter um resultado definido com o punch e a clareza das válvulas. Amplificadores valvulados pequenos chegam com facilidade a esse ponto de transição e saturam as válvulas de power muito rápido, o que, consequentemente, promove maior flexibilidade para se trabalhar com um volume baixo e obter bons timbres. Por esse motivo, são aclamados atualmente, já que manter o palco com o mínimo de volume possível é salutar. O ponto negativo é que se o guitarrista injetar pedais de distorção high gain em amps de pequena potência, teremos uma tendência a ter um timbre ilegível e, comprimido ao extremo, levando o músico que gosta de usar distorções mais saturadas a optar por amplificadores mais potentes, que trabalhem com folga e, consequentemente, a volumes mais altos. Se o guitarrista tem preferência por timbrar com amplificadores de alto ganho, nos dias atuais, a tecnologia nos favorece com um atenuador de potência, que é um equipamento bem utilizado por quem trabalha com stacks e amplificadores pesados, funcionando de forma surpreendente com várias opções e marcas no mercado. Esse equipamento é colocado entre o output speaker do amplificador e os alto-falantes, atuando como volume master depois do power, conservando o ganho e a característica do som liberado das válvulas de saída do amplificador, mantendo a integridade do timbre e transformando o sinal em volume muito mais baixo, ao gosto do técnico ou guitarrista.

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derado satisfatório. Acabei ficando com esse trabalho, que, posteriormente, se estendeu a programações de timbres de guitarra. Entre visitas periódicas de manutenção, em 2008, fui convidado a estar na estrada trabalhando como seu Guitar Tech. Essa condição abriu portas e deu visibilidade ao meu trabalho em nível nacional, o qual muitos sequer sabiam que existia. Sou-lhe muito grato!

Ainda falando sobre monitoração em shows, quais dicas você daria para os técnicos para mixar para guitarristas que usam in-ear (essa pergunta é sobre setups sem amp no palco)? Acredito que uma boa mix, completa com todos os elementos, stereo com pans, agrega valor, quando o técnico conhece o gosto e tem uma boa referência sobre o timbre do guitarrista. Coisas simples como conversar com o músico sobre esses detalhes fazem toda a diferença. Você é formado como administrador de empresas, mas adora música, quais dicas você daria para os profissionais do backstage para gerenciarem as suas carreiras. O que é mais inteligente: abrir uma empresa ou ser informal? Não considero a informalidade uma opção, sob nenhuma hipótese. Com um eventual aprimoramento das regras que regem as relações de trabalho, tanto o contrato de trabalho quanto a abertura de uma empresa podem ser alternativas satisfatórias. Um fato para quase todos que fazem monitor é que os músicos em sua maioria não sabem dizer o que

querem ou quais problemas estão em suas vias, e com isso colecionamos pérolas como: “me dá mais estéreo”, “coloca mais peso”... Diga-nos as suas favoritas? (Risos) Já ouvi coisas do tipo: “grave é o fino ou o grosso?”, “dá um grau aí!” e por aí vai… são muitas as crônicas da estrada. Alguns eventos marcam a nossa carreira quase como um divisor de águas, conte-nos quais foram eles e quais as pessoas que fizeram a diferença em sua carreira e por quê? Durante minha caminhada até aqui tenho tido a oportunidade de conviver com excelentes profissionais e pessoas maravilhosas que me presentearam com a oportunidade de aprender mais através do nosso convívio, mas posso salientar, como um dos principais divisores de água na minha carreira profissional, o fato de ter sido apresentado, em 2006, ao Durval Lelys, da banda Asa de Águia. Durval precisava de alguém que regulasse suas guitarras, pensando na sua forma de tocar. Um grande amigo que trabalhava com ele me procurou e perguntou se eu tinha interesse em tentar. Felizmente, consegui entregar um resultado que foi consi-

Qual conselho você daria aos leitores que queiram seguir a carreira como Guitar Tech? Estude e se desenvolva. Corra atrás da informação e procure conhecer tudo sobre a função. Pesquise tudo e todos os equipamentos que puder referentes à sua área de atuação e áreas correlacionadas. Esforce-se, não desanime. Tenha pensamentos comedidos e nunca ache que sabe o suficiente, pois não sabemos. Haja como uma esponja e absorva tudo que puder. Não subestime o outro, do menor ao maior, todos terão algo de valor para lhe passar. Trabalhe sério e com amor, as pessoas verão isso! O que falta ainda a você para que se torne um profissional ainda melhor? Buscar mais conhecimento, adquirir mais experiências, sempre! Quais são os seus planos para o futuro, onde pretende estar daqui a 10 anos, nos planos profissional e pessoal? Gostaria de, no futuro, estar onde os valores que eu estabeleci para minha caminhada puderem me levar. Este espaço é de responsabilidade da Comunidade Gigplace. Envie críticas ou sugestões para contato@gigplace.com.br ou redacao@backstage.com.br. E visite o site: http://gigplace.com.br.


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O flautista Rubens Küffer, o produtor Sérgio Roberto de Oliveira, o técnico de som Matheus Dias e o violonista Max Riccio

Como gravar um duo que toca instrumentos do século XIX em pleno terceiro milênio? O produtor Sérgio Roberto de Oliveira, da Casa Discos, propõe uma nova abordagem para o registro da música de concerto Miguel Sá redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

THE BIEDMEIERS

A MÚSICA VIVA EM QUALQUER TEMPO M uito se fala sobre os limites intransponíveis que haveria entre música popular e erudita. Mas o que acontece quando alguém resolve investigar o que cria a distância entre o ouvinte e a música de concerto? Esta é a pergunta que o compositor e produtor Sérgio Roberto de Oliveira tenta responder. “Sempre se ouve o pessoal re-

clamar que o ouvinte prefere a música popular, e eu não sou de reclamar, prefiro perguntar o porquê”, enfatiza. Com a vivência que já tinha na música popular, Sérgio notou que, talvez, a distância entre a música erudita e o público não fosse uma questão musical. “Sempre me angustiei com os resultados fonográficos da música de concerto. Ou as pes-


com reverberações naturais, é a de que há uma “separação” entre o som do instrumento e a sua reverberação digital, o que traz ao músico uma percepção de descoordenação entre som e efeito. Além disso, a sonoridade conjunta dos músicos, o som do vazamento entre os instrumentos, é parte integrante do processo. Por isso, eles tocam sem fone. Outra questão importante é o instrumento. O The Biedmeiers toca músi-

soas não tinham um conhecimento de como aqueles instrumentos deveriam soar ou tinham uma visão muito antiquada de como gravar esses instrumentos para o ouvinte moderno. Alguém tem que fazer essa tradução simultânea, traduzir esse som (da música de concerto) para o ouvinte de hoje”, se inquieta o músico. A gravadora de Sérgio, Casa Discos, deve lançar, este ano, oito CDs. A maioria tendo como repertório a obra

A escuta de um músico de concerto também é diferente do músico popular. Ele está acostumado com a reverberação natural de salas de concerto de compositores brasileiros vivos tocada por intérpretes tarimbados no meio erudito, como o Duo Santoro e o Quinteto Lorenzo-Fernandez. A exceção fica por conta da dupla The Biedmeiers, formada pelo flautistadoce Rubens Küffer e o violonista Max Riccio, que vai lançar um álbum tocando música do período romântico com instrumentos da época.

MÚSICOS E INSTRUMENTOS Há algumas coisas que devem ser levadas em conta ao se registrar a música de concerto. O toque do instrumentista, em um gênero musical onde os instrumentos são acústicos, é um fator importantíssimo. A escuta de um músico de concerto também é diferente do músico popular. Ele está acostumado com a reverberação natural de salas de concerto, o que pode se tornar uma dificuldade na hora de tocar em estúdios com um ambiente de pouca reverberação, como o Casa. “Não consigo usar fone com reverb”, explica Rubens. A sensação dele, acostumado

ca do século XIX com instrumentos da época. Rubens toca o Flageolet francês e o Csakan. Max Riccio toca a guitarra romântica, um predecessor do violão tal qual o conhecemos hoje, com a caixa um pouco menor. O Csakan nasceu entre a Áustria e a Hungria. “Esse nome surgiu a partir de um martelo de guerra húngaro”, explica Rubens. Um dos responsáveis pela difusão do instrumento no século XIX foi o músico Ernest Krähma. “No início, usado nos meios amadores, o instrumento tinha a forma de uma bengala. Ernest desenvolveu mais essa forma próxima de clarineta e oboé, para deixar o instrumento com uma aparência mais ‘séria’ para a época”, detalha o flautista. O instrumento toca na escala de lá bemol e a nota mais grave é correspondente ao lá bemol 3 de um piano. O Csakan de Rubens Küffer é uma cópia de um sigla de 1815 feito pelo luthier belga Guido Hulsens. O Flageolet francês inicialmente tinha quatro furos em cima e três em-

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AKG C12 do estúdio Casa foi comprado do estúdio AR

Para obter uma sonoridade mais de acordo com a época, o violonista Max Riccio usa cordas de tripa de carneiro em sua guitarra romântica. “Esse instrumento é baseado em um modelo Lacôte, da década de 30 do século XIX.

baixo. A chave, com o sistema Boehm, usado nas flautas transversais, foi introduzida no instrumento durante o século XIX. O instrumento, potente e agudo, toca na escala de lá. Com as chaves, chega até a altura do sol 4 de um piano. Rubens ainda conta duas curiosidades sobre a forma do bocal e o uso de esponja marinha para atenuar certas características sonoras do instrumento. “O bocal parece palheta de oboé, mas não tem função vibratória. A parte longa é para colocar a esponja marinha, que serve para evitar a condensação e homogeneizar o som do instrumento, para aproximar as regiões graves e agudas do Flageolet, que ficariam muito diferentes se não se usasse a esponja”. O Flageolet era usado para solo em orquestras e também para músicas de salão, como as polcas do século XIX. Já o Csakan era usado em ambientes pequenos, para música caseira. O Flageolet francês de Rubens é um ori-

Royer 121

ginal Martin-Thibouville, feito em Paris, em 1860. Para obter uma sonoridade mais de acordo com a época, o violonista Max Riccio usa cordas de tripa de carneiro em sua guitarra romântica. “Esse instrumento é baseado em um modelo Lacôte, da década de 30 do século XIX. É descendente da guitarra barroca, mas ao invés de usar dez cordas duplas, usa seis simples, como o violão de hoje. As cordas são de tripa de carneiro, mas o clima interfere muito, então uso a envernizada, que é mais característica do fim do século XIX. No nosso clima, sem verniz, não é viável. A corda acaba muito rápido”, conta o violonista.

GRAVANDO As gravações no estúdio Casa produzidas por Sérgio são pilotadas pelo técnico de som Matheus Dias. “Tra-

The Biedmeiers Rubens Küffer estudou no Conservatório Brasileiro de Música e fez mestrado em interpretação na Alemanha. Também estudou com Karel van Steenhoven, componente do quarteto de flautas doce Amsterdam Loeki Stardust Quartet. Na Alemanha, Rubens deu aula em escolas de música durante sete anos e depois voltou para o Brasil, onde toca em diversos grupos de música e dá aula no Colégio Cruzeiro de Jacarepaguá . Max Riccio é bacharel em violão pela UFRJ, onde estudou com Paulo Pedrassoli. Além de to-

car no duo, faz mestrado na Uni-Rio. Para se diferenciar de outros instrumentistas, começou a ter interesse pela guitarra romântica e pelo ud árabe, que chegou a tocar em trilhas de novelas. O nome Biedmeiers é inspirado em determinado espírito artístico presente na Europa Central a partir de 1815 até 1850, entre as guerras napoleônicas e as revoluções europeias. Nesta época de bastante paz no Velho Continente aconteceu forte urbanização e o crescimento da classe média.


Estúdio Casa tem disponíveis plug-ins e equipamentos de rack

balho com o Matheus há quase dez anos. Ele chega ouvindo e vai tentar traduzir como aquele som acontece. Assim que a gente faz o primeiro take, eu chamo o grupo para ouvir e pergunto: esse é o som de vocês? Vocês se reconhecem? Porque é isso que a gente busca”, expõe Sérgio. “Independente de ser duo ou um grupo um pouco maior, o segredo do som é ouvir e sem aquela mentira de ‘na mix a gente resolve’. Na gravação já se define o som do disco”, complementa Matheus. A primeira atitude do técnico de som é pedir para os músicos tocarem na sala de gravação. “Então eu paro na frente para entender o som do instrumento”. É aí que o técnico faz a escolha dos microfones. No caso do duo Biedmeiers, ele usou um par de Royers 121 para os ambientes e um AKG C12 com captação em figura 8 no centro. “O microfone na frente da pessoa é só para dar um pouco de presença, para uma frase ou outra que ficar baixo. A referência é o ambiente”, enfatiza o técnico.

Para a guitarra romântica, o microfone próximo foi um AKG C391 apontando para a altura da 12ª casa do instrumento a uma distância de cerca de dois palmos. “Então eu mexi na angulação, apontando um pouco mais para a boca ou não”, detalha Matheus. Para os instrumentos de sopro, foi usado um Neummann U87. “Sempre peço para o músico tocar e, de frente para o instrumento, posiciono o microfone para não pegar tanto barulho de chave e sopro. Também entendendo que não posso travar muito o movimento do músico”, ressalta Matheus, complementado por Sérgio. “Por conhecer bem essa galera, a gente tenta dar um conforto para eles. Temos uns rebatedores que fazem um pouquinho mais de reverberação. Já ouvi muito técnico falando: ‘mas o som do instrumento é esse’ Mas se o músico não se reconhece...”. Um dos recursos do estúdio são os bons pré-amplificadores. O SSL 4000 foi usado para os Royer e os microfones próximos do instrumen-

Sérgio Roberto Oliveira Sérgio começou na música popular. Após estudar composição com Guerra-Peixe e Dawid Korenchendler, aprofundou o aprendizado na música de concerto se formando em composição pela UniRio. E foi nessa área que iniciou uma carreira que já dura 15 anos. Neste tempo, já teve

a sua música interpretada por músicos que são autoridades em suas áreas, como o flautista barroco Stephen Preston e o flautista doce John Turner. Em 2011, o compositor brasileiro chegou a ser indicado ao Grammy latino na categoria “Melhor Composição Clássica Contemporânea”.

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 44

to foram plugados no Neve 1064. O AKG C12 ficou no Avalon 737.

MIXAGEM É neste estágio que Sérgio e Matheus tentam interferir para “traduzir” o som da música de concerto para ouvintes

Prés Neve e SSL 4000 para compor a sonoridade da gravação

E de que me adianta ter uma faixa incrível se o sujeito não tem uma sala silenciosa para ouvir isso? É uma negociação da dinâmica. Mas na mixagem eu estou sempre com a partitura na mão vendo a dinâmica. Quando vai masterizar, o fortíssimo da faixa 1 tem que estar igual ao fortíssimo da faixa 5, porque é o mesmo disco. (Sérgio).

res na gravação. “Só dou uma equalizadinha no reverb”, acrescenta o técnico de som. A convresão AD/DA é feita por meio de um Apogee Symphony.

GUERRILHA

Avalon 737, na parte de cima do rack, foi usado no AKG

habituados à ingerência das máquinas no som. Os mesmos ouvintes que não têm tempo de parar em uma sala silenciosa para ouvir, com calma, a música. “Por isso, também preciso ouvir o disco no meu carro, com ônibus passando do lado, e ver se vai ser uma experiência agradável. Procuramos manter a dinâmica mas eu comprimo, e tem gente que acha que comprimir gravação erudita é pecado. E de que me adianta ter uma faixa incrível se o sujeito não tem uma sala silenciosa para ouvir isso? É uma negociação da dinâmica. Mas na mixagem eu estou sempre com a partitura na mão vendo a dinâmica. Quando vai masterizar, o fortíssimo da faixa 1 tem que estar igual ao fortíssimo da faixa 5, porque é o mesmo disco”, explica Sérgio. Na mixagem, Matheus não se incomoda de usar plug-ins. Ele usa os reverbs da Outverb, as compressões e simulações de fita dos Slate. A equalização não é muito explorada na mixagem. O timbre fica mesmo por conta da escolha de microfones e pré-amplificado-

Mas, por que, em um momento de retração do mercado da música, Sérgio resolve investir em uma gravadora de música de concerto? “Para mim é guerrilha e resistência. Tenho um papel a cumprir. Os nossos CDs estão no iTtunes, Amazon, Deezer... Já sabemos que o Youtube é a forma em que mais se ouve música hoje. Eles (The Biedmeiers) me procuraram pra gravar. Pensei: eles vão gravar independente e só as pessoas que vão no concerto comprarão. Aí vem a minha postura de guerrilheiro: vamos fazer esse disco ser ouvido, estar presente, disponível. Temos que buscar os recursos que hoje são mais baratos de divulgação”, aponta o produtor, apostando que a música de concerto pode ser um gênero musical tão acessível quanto MPB ou rock.

Para saber online

www.acasaestudio.com.br/ www.sergiodeoliveira.com/novidades.php


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Em mais uma edição, o Festival de Jazz e Blues de Rio das Ostras, que aconteceu entre os dias 20 e 23 de agosto, mostrou que já se consolidou como um dos maiores no mundo, movimentando cerca de R$ 9 milhões em quatro dias de evento. A promoção do evento injeta dinheiro na cidade num período totalmente de baixa, permitindo que comerciantes tenham uma alternativa de renda e geração de empregos temporários enquanto aguardam a chegada do verão.

redacao@backstage.com.br Fotos: Ernani Matos / Cezar Fernandes / Divulgação

D

Rio das

iferentemente do ano passado, o Rio das Ostras Jazz e Blues 2015 foi realizado em 4 dias em meio a incertezas de sua concretização. Para o produtor Stenio Matos, da Azul Produções, o evento acabou sendo melhor do que era esperado. “Primeiro devido às indefinições da realização ou não do festival e do corte de custos que tivemos. Com nosso programa de mídia diminuído e feito muito em cima da hora, estávamos temerosos com o comparecimento do público, apesar da programação mara-

JAZZ &

vilhosa, mas confirmamos a força deste festival com a presença maciça do público que fez a cidade de Rio das Ostras ter 100% de taxa de ocupação, além de ter contribuído para aumentar em muito a taxa das cidades vizinhas”, comemorou Matos. Outro fator importante pontuado por Stenio foi o Festival ter dado uma “injeção de ânimo” na cidade, que estava


Mais uma vez o Rio das Ostras Jazz & Blues contou com um time de primeira linha em quatro dias de shows gratuitos

Ostras

BLUES FESTIVAL num grande baixo-astral desde o início do ano devido, principalmente, à crise do petróleo, que afetou as cidades do Norte-fluminense. “Foi como um basta à tristeza e uma saída para a crise. Foi emocionante poder proporcionar um momento destes para a cidade, de trazer alegria para as pessoas, além de

renda para o comércio em geral, a FGV terminou a pesquisa de movimentação econômica do período do festival constatando movimentação de R$ 9 milhões, nos quatro dias do festival. Mostramos mais uma vez que o Festival é uma alternativa para esta perda dos royalties”, afirmou.

GRATUIDADE GARANTIDA Mesmo diante dessa resposta positiva e do caminho natural em direção à autossustentabilidade que o festival vem tomando, Stenio descarta a possibilidade de cobrança de ingressos, mantendo a gratuidade e o mote de que música é para todos. “Acho que a cidade já têm

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Acho que a cidade já têm consciência que este festival traz muitos benefícios para ela e o tamanho de sua importância econômica através de impostos arrecadados e renda gerada do turismo e o retorno que ele traz em visibilidade. (Stenio)

Palco Costazul foi em formato geo nesta edição

consciência que este festival traz muitos benefícios para ela e o tamanho de sua importância econômica através de impostos arrecadados e renda gerada do turismo e o retorno que ele traz em visibilidade. Então, não podemos deixar de

Romano e Stenio Matos: parceria fez a edição 2015 acontecer

realizá-lo, se tivermos 100% de recursos da iniciativa privada, e é disso que vamos atrás, ótimo! O que não pode é deixar de fazer a vocação de Rio das Ostras, que é o turismo, então tem que se investir nele sem que afete outros setores”, avalia.


Dom Juan e Jerubal

Palco Costazul: três noites de shows

Diferente das edições anteriores, quando um mês depois do encerramento do festival, a produção já estava contratando para a próxima edição, para 2016 a ordem é esperar.. “Vamos aguardar para vermos a situação do país para começarmos a pensar o formato da próxima edição, mas com certeza teremos a próxima edição. O sonho não pode acabar!”, afirma Stenio.

Jerubal Liasch, Isaque Neves e Diego Loureiro

SONORIZAÇÃO Pelo terceiro ano consecutivo, a empresa PRO3 Eventos ficou responsável pela iluminação e sonorização, além de painel de LED, em Costazul. Para essa edição, a empresa contou com a parceria da companhia Audio Cena para a sonorização do palco Lagoa de Iriry, onde foi utilizado o sistema LS Audio, mesas Digidesing, e M7CL no monitor. “É um sistema com outfill L&R e PA L&R. Desde o ano passado começamos a montar os outfills por causa do público que fica na área de frente e não tinha cobertura. Lá em Costazul, embora tenha essa crise financeira, a única coisa que não mexeram foi nessa parte do som. Alguma coisa na luz, na ornamentação, na parte de cima das tendas foi modificada. Não temos re-

Digidesign para o palco Costazul

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Sonorização e iluminação foram fornecidas pela PRO3

Já em Costazul foi a mesma configuração e modelos do ano passado, com mesma quantidade de elementos, torre de delay L&C&R. “Perguntaram se íamos colocar torre de delay L&C&R e disse que tinha que ter porque não é por volume, é por cobertura

clamação quanto ao sistema, tem gente que pede sempre Vertec, V-Dosc, aí quando a gente começa tem uma aceitação muito boa, com JQuest por exemplo e outras bandas tem uma aceitação muito boa. Os técnicos dos gringos gostaram muito do sistema”, expõe Leo Costa, responsávelo técnico da PRO 3 Eventos. Mais uma vez, a novidade ficou em Iriry, com os modelos usados: o SlimPec, no outfill e um drive da LS. Já em Costazul foi a mesma configuração e modelos do ano passado, com mesma quantidade de elementos, torre de delay L&C&R. “Perguntaram se íamos colocar torre de delay L&C&R e disse que tinha que ter porque não é por volume, é por cobertura”, comentou Leo.

ESTRUTURA Outra novidade que garantiu mais conforto para quem foi assistir aos shows no palco Costazul foi o aumento da área de piso coberto. Segundo Damião Romano, da Revolution, empresa responsável pelo piso da área onde fica o palco principal do Festival, a expectativa era de que se chovesse, o público ficasse mais bem protegido. “Passamos de 9 mil metros quadrados para 8 mil metros quadrados nesse ano. Mas ano passado tivemos apoio público, o que esse ano não teve. No entanto, como au-

Console Yamaha no monitor de Iriry

Técnicos estrangeiros aprovaram o sistema


Sistema LSAudio para todo o festival

Processadores compondo o sistema de sonorização LS Audio

Lista de equipamentos (sonorização e iluminação) SISTEMA DE AUDIO – PRO3 PALCO COSTA AZUL SISTEMA DE P.A. 24 CAIXAS SLIMTEC LS AUDIO 4612 24 CAIXAS SLIMTEC LS AUDIO 218 SISTEMA DE FRONT FILL 08 CAIXAS SLIMTEC LS AUDIO 4260 SISTEMA DE OUT FILL 08 CAIXAS SLIMTEC LS AUDIO 4260 (4 POR LADO ) SISTEMA DELAY L C R 12 CAIXAS SLIMTEC LS AUDIO 4260 (4 POR TORRE ) SISTEMA DE MONITORES E SIDE 12 MONITORES LS AUDIO MQ6 04 CAIXAS SLIMTEC LS AUDIO 4118 (SIDE) / 08 CAIXAS SLIMTEC LS AUDIO 4112 (SIDE) 01 SUB 118 (BATERIA ) AMPLIFICADORES LAB GRUPPEN FP 10000 POWER SOFT K10 POWER SOFT K3 LA AUDIO PMS MICROFONES 02 SHURE UR-4 COM 58 BETA 20 SHURE SM 58 20 SHURE SM 57 10 SHRE SM 58 BETA 10 SHURE SM 57 BETA 01 SHURE SM 91 02 SHURE SM 52 08 SHURE SM 98 08 SHURE SM 81 06 SANHEISER 421 06 SANHEISER 604

08 SANHEISER 608 CONSOLES 02 MESAS DIGIDESING MIX RACK COM 3 DSP 30 PEDESTAIS GIRAFA GRANDE K&M 16 PEDESTAIS GIRAFA PEQUENOS K&M 30 PEDESTAIS GIRAFA RMV 20 CLAMP L20 PLATICÁVEIS PANTOGLAFICOS TODOS C/ RODAS E TRAVAS 01 MULTICABO 56 VIAS COM SISTEMA DE MULTIPINOS 16 SUBSNAKES DE 12 VIAS COM MULTIPINOS 02 TORRES PE DE GALINHA 13 MTRS. SISTEMA DE AUDIO – AUDIO E CENA LAGOA DE IRIRI P.A 18 CAIXAS SLINPEC 210 LS AUDIO 12 CAIXAS SLINPEC 218 LS AUDIO OUTFILL 12 CAIXAS COMPACT H LS AUDIO MONITOR/SIDE LS AUDIO 08 CAIXAS DE MONITORES MQ-6 04 CAIXAS SLINPEC 218 06 CAICAS SLINPEC 210 AMPLIFICAÇÃO 16 AMPLIFICADORES POWERSOFT K3 COM DSP 06 AMPLIFICADORES POWERSOFT K10 COM DSP BACK LINE 01 BATERIA COMPLETA PEARS 01 GALLENKRUGUER GK 800 02 FENDER TWIN AMP 01 MARSHALL JCM 900

CONSOLE 01 DIGIDESING MIX RACK PLUS 01 YAMAHA M7-CL MICROFONAÇÃO 02 SHURE UR-4 BETA 14 SHURE SM 57 14 SHURE SM 58 04 SHURE SM 81 04 SHURE SM 98 BETA 01 SHURE SM 91 BETA 01 SHURE SM 52 BETA SISTEMA DE ILUMINAÇÃO –PRO3 COSTA AZUL 250 METROS DE TRELIÇA P30 96 PAR LED RGBW COM ZOOM 3 WATTS NEW LED 36 PAR LED RGBW DE 7 WATTS NEO 36 RIBALTAS NEO 12 RIBALTAS AH LIGHT MAIS POWER DE LUZ COMPLETO HPL 12 MOVING HEAD ACME 575 08 MINI BRUTT DE 04 LAMPADAS 02 CANHOES SEGUIDORES 1.500 WATTS DTS 02 MESAS AVOKITE 2010 VIDEO 02 PAINEIS DE LED P13 MEDINDO 5X3 (LATERAIS) 01 TELAO MEDINDO 4X3 (FUNDO DO PALCO) / 01 TELAO MEDINDO 4X3 (TRANSMISSÃO) 02 PROJETORES PANASONIC MESA DE EDICAO SONY SISTEMA TODO EM FIBRA OTICA

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A gente, como empresário de eventos, tem que buscar as parcerias e tentar levar sem essa dependência do incentivo público. Já temos o público e tentamos mudar esse formato para tentar mudar alguma coisa (Romano)

Foram quatro dias de shows com os melhores do jazz e do blues

Gustavo Victorino foi o apresentador oficial do festival

mentou a área de piso coberto, uma coisa acabou substituindo a outra”, comemora. Com relação à estrutura, Romano destaca que tanto o backstage quanto o palco sofreram aumento. “Ano passado era de 18x14 e esse ano, 21x18. O formato é um Geo, foi o primeiro ano desse formato e tivemos que mudar a estrutura para os painéis de LED. A área do backstage também aumentamos um pouco e trocamos o piso, em vez de carpete, que para isolamento acústico e elétrico é bem melhor”, define. “A gente, como empresário de eventos, tem que buscar as parcerias e tentar le-

Big Joe Manfra mais um ano à frente da produção

var sem essa dependência do incentivo público. Já temos o público e tentamos mudar esse formato para tentar mudar alguma coisa. E é o que vamos tentar fazer ano que vem, trabalhar com planejamento com foco mais na iniciativa privada”, fala.


O dia em que a competência venceu a adversidade Em tempo confusos e instáveis como os que vivemos, a economia tem um poder devastador de arrasar o showbusiness ao cortar indiscriminadamente patrocínios e investimentos em arte. Nesse cenário obscuro, o Rio das Ostras Jazz & Blues dificilmente passaria incólume pelas turbulências de um país dominado pela obscuridade na aplicação de recursos públicos direcionados à cultura. Mesmo reconhecido como um dos quatro maiores festivais do mundo no segmento, o evento teve uma surpreendente retirada de recursos por parte da prefeitura da cidade. E historicamente ela sempre foi a principal patrocinadora. A decisão surpreendeu porque o evento literalmente colocou a pequena Rio das Ostras, no distante litoral nortefluminense, no mapa mundial da cultura e do entretenimento. Em 2015 o poder público municipal se restringiu a dedicar apenas um simbólico apoio ao festival. Diante dessa incongruência, visto que na prática a movimentação na economia local mais do que dobrava o retorno do investimento, a produção do Rio das Ostras Jazz & Blues foi

a campo e descobriu que o tamanho e o sucesso do evento jamais o deixariam morrer nos corredores da política local. A competência de Stenio Mattos e sua equipe, encontrou um precioso aval na Vallourec, uma empresa de abrangência planetária, que apostou na parceira baseada na visão e seriedade de um dos maiores festivais do mundo. Ao lado de outros pequenos patrocinadores, a empresa deu as mãos ao projeto e fez da 13a edição do Rio das Ostras Jazz & Blues, mais uma vez motivo de comemoração pelo reiterado e estrondoso sucesso. E aproximadamente 40 mil pessoas em 4 dias de evento repetiram a máxima de que nada no mundo é parecido com o público de Rio das Ostras. Apesar das apresentações espetaculares dos artistas nacionais e internacionais, em 2015, pela primeira vez em 13 edições, o melhor show do Festival não aconteceu no palco. Ele foi proporcionado pela Azul Produções... Nesse ano o melhor show foi o de Stenio Mattos e sua equipe. E os aplausos não foram poucos... (Gustavo Victorino)

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X

ATUALIZAÇÃO DO

LOGIC PRO Nesta segunda metade do ano, temos mais uma atualização do Logic Pro X versão 10.2. Poucos anos atrás parecia que o desenvolvimento do Logic Pro seria abandonado pela Apple, rumores no mercado corriam e os usuários ficaram preocupados. Mas vemos que a Apple resolveu investir continuamente na melhoria do programa, tanto em recursos quanto em acessibilidade no custo da aplicação.

M U I TA S S U R P R E S A S E M A I S E S TA B I L I D A D E

Vera Medina é produtora, cantora, compositora e professora de canto e produção de áudio

E

m fevereiro de 2015, foi anunciada a compra da Camel Audio pela Apple. Um dos principais carros chefes entre efeitos e sintetizadores virtuais era o Alchemy, vendido na época por cerca de 250 dólares. Agora os usuários do Logic Pro X têm acesso ao sintetizador Alchemy na versão 10.2 e outras atualizações que serão mencionadas a seguir. Para os usuários antigos, é necessário fazer a atualização na Apple Store e depois atualizar o conteúdo através do menu Logic Pro X > Download Additional Content e escolher Alchemy. Temos cerca de 14 Gigabytes de conteúdo novo, focado principalmente nos estilos trap, hip-hop e EDM (Electronic Dance Music). Nesta mesma atualização, temos a versão 3.2 do Mainstage.

ALCHEMY - UM SINTETIZADOR VIRTUAL MAIS QUE VERSÁTIL O Alchemy é um sintetizador de manipulação de samples que oferece sínteses e resínteses aditiva, espectral e granular, sampleamento e máquinas virtuais análogas. É possível tratar samples importados e manipulá-los utilizando um ou mais tipos de sínteses disponíveis. Além de possuir vários tipos de contro-

Figura 1

le para serem utilizados em tempo real, estão disponíveis cerca de 3 mil presets, uma biblioteca que cobre todos os tipos


Figura 2

de música eletrônica e que também é útil para performances de rock ou produções de trilhas em geral. Para

acessá-lo em um projeto novo escolha a criação de uma trilha de instrumento virtual (software ins-

trument) e escolha Alchemy em Instrument (figura 1). A interface do Alchemy pode ser vista no modo Browse (figura 2). É necessário entender as fases para criação de sons no Alchemy, o que facilitará a manipulação dos sons existentes e criação de novos sons. Na figura 3, temos o fluxo constante no manual do Alchemy. A primeira fase contempla a formação dos sons criados no Alchemy, considerando até 4 fontes em camadas (A, B, C e D). Cada fonte consiste de elementos aditivos, espectrais, granulares, sampler e análogos virtuais. Vários elementos podem estar ativos em cada fonte e cada fonte tem 3 filtros independentes que podem trabalhar de forma paralela ou em série. Estas fontes são utilizadas para criar e dar forma ao timbre básico do som. A modulação é aplicada por voz.

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A segunda fase é composta por 2 filtros principais que podem trabalhar em paralelo ou em série. Estes 2 filtros são utilizados para dar forma ou alterar o som combinado das 4 fontes.

Figura 3

A segunda fase é composta por 2 filtros principais que podem trabalhar em paralelo ou em série. Estes 2 filtros são utilizados para dar forma ou alterar o som combinado das 4 fontes. A modulação nesta fase também se aplica por voz. Na última fase, as vozes individuais são mixadas e filtradas e passam por efeitos. Qualquer modulação da seção de efeitos é aplicada no sinal de áudio total enviado pela seção principal de filtros. Em uma das próximas edições vamos dedicar toda atenção em criação de sons utilizando o Alchemy. Vamos agora voltar às novas funcionalidades da versão 10.2. Caso você vá começar a usar o Alchemy, é importante notar que é possível salvar os dados de áudio dos instrumentos, assim como no EXS24 e Ultrabeat, junto ao projeto. Como bem lembramos, o Alchemy é um instrumento virtual baseado em samples. Na janela Save, assinale a opção “Include Apple Sound Library Content”, assim serão armazenados todos os áudios necessários ao projeto.

Figura 4

APPLE MUSIC CONNECT A Apple Music Connect, conforme definido pela Apple, é um local onde os músicos apresentam seus trabalhos de forma mais ampla, possibilitando maior interação com seus fãs. O Logic Pro X possibilita o compartilhamento direto de sua música, assim que finalizada no Logic, sendo necessário ter uma conta aberta. Basta clicar no menu File > Share > Music to Apple Connect (Fi-

Figura 5

gura 4) e o iTunes abre automaticamente com uma tela onde devem ser colocados os dados detalhados da música que será compartilhada (Figura 5).


INTEGRAÇÃO COM GOBBLER O Gobbler é um serviço na nuvem muito útil para os usuários de Mac que precisam fazer backups de seus projetos de áudio. Além das ferramentas para organização de pastas,

vá ao menu File > Gobbler e acesse o seu cadastro para login (Figura 6). Como você pode perceber, o menu foi automaticamente criado no Logic Pro X.

no menu File > Project Settings > Assets, podendo deixar este item ativado ou desativado (Figura 8).

Após estar “logado” no Gobbler, há 3 formas de fazer o backup para o Gobbler: • Através do menu File > Share é possível enviar um projeto para qualquer usuário com uma conta no Gobbler através da função Project to Gobbler ou consolidar seu Proje-

Agora é possível arrastar samples para a Matrix do Drum Machine Designer diretamente do Finder, Loop Browser ou Media Browser. Caso os loops MIDI contenham um arquivo de áudio opcional, também podem ser arrastados para o Drum Machine Designer.

DRUM MACHINE DESIGNER

Figura 6

Figura 8

to enviando para qualquer usuário com uma conta no Gobbler.

Figura 7

oferece um ambiente colaborativo para produtores. Nas notas de liberação da versão do Logic Pro X 10.2 pouco foi dito sobre a integração com o Gobbler, assim como não há menção muito clara nos manuais disponíveis. Crie uma conta no endereço https:/ /app.gobbler.com, depois faça download da aplicação do Gobbler e a instale (veja My Account > Download Gobbler). Após a instalação você verá um logo na barra de ferramentas do OSX. Ao abrir o Logic,

•Depois do acesso à conta, o menu File > Gobbler agora indica Backup Project to Gobbler. Cada vez que o projeto for salvo, o Logic Pro além de usar o mecanismo de backup, salvará uma cópia na conta do Gobbler, de forma automática e incremental. Este mesmo menu, após o primeiro backup, conterá as opções pausar, iniciar, remover o backup, assim como o carregamento (load) de quaisquer backups anteriores. • Há também formas de garantir que o backup seja realizado no Gobbler. Quando você for salvar o projeto pela primeira vez, assinale a opção para salvar o backup no Gobbler na tela de Save (Figura 7). Esta opção está também disponível

No total temos cerca de 250 alterações nesta nova versão, algumas mais importantes do que outras, mas todas visando agilizar o processo de produção. Acesse os releases notes do Logic Pro X 10.2 para ter uma visão geral de todas. Aos poucos, vamos abordar as principais inclusões e como afetarão o fluxo da sua produção. Até a próxima edição!

Para saber online

vera.medina@uol.com.br www.veramedina.com.br

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TECNOLOGIA|PRO TOOLS| www.backstage.com.br 58

S A M A C V E S P U O R G B U S , S P U O R TRACK G

TER

S L O O T O R P NO ES , M A S C A D A

Pistas semelhantes por muitas vezes merecem o mesmo tratamento sonoro, e é natural também precisarmos executar funções similares como MUTE, SOLO, HIDE etc.

FU N Ç Õ ES S EM EL H A N T U M A C O M S U A VA N TA G EM

Cristiano Moura é produtor, engenheiro de som e ministra cursos na ProClass-RJ

O

Pro Tools oferece essencialmente duas formas trabalhar com várias pistas em conjunto. A primeira é com a função Track > Group e a segunda é endereçando pistas para um Aux Input Track e controlando todos os sinais por lá. Todas são úteis, mas a utilização de uma ou outra não é dependente de gosto pessoal. Cada uma possui sua característica própria, suas vantagens e desvantagens. Neste artigo, vamos falar sobre diversas necessidades e onde cada método se encaixa melhor.

UM SIMPLES AJUSTE GLOBAL DE VOLUME Em um exemplo inicial, vamos imaginar um contrabaixo que foi gravado em duas pistas. Uma carrega o sinal direto de linha e a outra pista carrega o sinal microfonado. Se na mixagem, decide-se fazer uma mistura com os dois sinais, faz todo o sentido que o mixador faça o ajuste ao seu gosto e depois mantenha este equilíbrio. Neste momento, tanto a função track group (atalho Command+G no Mac e CTRL+G no Win) quanto a ideia de fazer um endereçamento para um track auxiliar são bem-vindas, e não há muita vantagem ou desvantagem. O problema começa quando começamos a inserir plug-ins e fazer sends para efeitos.

SUBGRUPOS PARA PROCESSAR VÁRIAS PISTAS COM UM PLUG-IN Ainda no exemplo anterior, o equilíbrio sonoro foi definido no fader de cada canal, mas agora o mixador resolve que vale a pena distorcer um pouco o contrabaixo. O problema é que ele tem dois canais e o que ele busca é distorcer de forma única o conjunto de sinais. Para este caso, a função track group não serve, pois ela só serve para interligar comandos de fader, mute, solo etc, mas não para unir dois sinais. Para somar os sinais, é essencial endereçar cada canal via BUS para um canal auxiliar, e é neste canal auxiliar que o distorcedor deve ser inserido (fig. 1).

AJUSTES DE GANHO ENTRE CANAIS INDIVIDUAIS E SUBGRUPOS Hora de pensar no fluxo do sinal. Leve em consideração que temos um fader de volume nos canais individuais (que podem ser agrupados) e temos também um fader de volume no canal auxiliar (que tem um distorcedor inserido). Agora, se o mixador decide aumentar o sinal do contrabaixo na mix, onde é melhor aumentar: nos canais individuais ou no canal auxiliar?


Figura 1 - Dos canais enderaçados para um Aux Input com um plug-in no insert

Se ele está satisfeito com a sonoridade e quer simplesmente ouvir o baixo mais alto na mix, o ideal é usar o fader do canal auxiliar, pois como ele é o último controle de ganho da cadeia, não vai afetar o timbre. No entanto, é importante reconhecer que aumentar o ganho no fader individual também é muito útil. Ao aumentar os canais individuais, o mixador está na realidade

enviando cada vez mais sinal para a entrada do distorcedor e, neste caso, o contrabaixo vai soar mais distorcido. É bem verdade que para soar mais distorcido, o mixador poderia simplesmente aumentar o controle de distorção do plug-in, mas saturar a entrada do plug-in tem efeito diferente de aumentar a distorção no plug-in, principalmente nos plug-ins de guitarra e baixo.

Figura 2 - bateria do subgrupo e mandadas de efeito

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A melhor opção então seria fazer um track group com todos os elementos da bateria e levantar o fader em algum canal do grupo. Com os sends configurados como post-fader é a maneira que temos para aumentar o sinal das peças individuais e também a quantidade de sinal enviada ao reverberador.

VCA MASTER, QUAL SUA FUNÇÃO?

Figura 3 - VCA Master associado ao track group da bateria

Para não precisar fazer automação em todos os canais individuais, o mixador pode utilizar o VCA Master para tal, mantendo o conforto de trabalhar em apenas uma pista, e que transporta dos resultados para os canais individuais.

AUMENTANDO O VOLUME QUANDO HÁ SENDS ENVOLVIDOS Aqui temos um caso complicado, e vamos usar a bateria como exemplo desta vez, para deixar mais complicado ainda. Temos os canais individuais da bateria, e todos estão endereçados para um auxiliar, como no caso anterior. Também como no caso anterior, temos um plugin no insert do auxiliar, mas desta vez é um equalizador acrescentando um pouco de agudo de forma geral na submixagem da bateria. A novidade são os sends que foram feitos, onde apenas o sinal da caixa e tons foram endereçados para um reverberador em um outro canal auxiliar (figura 2). Novamente, vale pensar juntos. Se o mixador quer ouvir a bateria mais alta na mix, o ideal é aumentar o sinal das pistas individuais ou no auxiliar onde a bateria está sub-agrupada? Por conta dos sends no canal da caixa e tons, não podemos seguir o caminho mais simples do caso anterior simplesmente subindo o fader do canal auxiliar, pois desta forma, os sends não serão compensados da mesma forma e o equilíbrio entre o sinal limpo e o sinal reverberado será alterado.

O VCA Master é uma função antiga para usuários de Pro Tools HD, mas que já está disponível para todos os usuários a partir da versão 12.2 do Pro Tools. Ele funciona como uma extensão do track group e é uma maneira mais conveniente de controlar estes grupos e fazer automações. Então, primeiramente, temos que criar um VCA Master e associá-lo a algum grupo (figura 3). Uma vez associado, o usuário tem o melhor dos dois mundos: os faders dos canais individuais podem ser ajustados de forma independente e o fader do VCA Master pode ser usado para ajustar todos os faders do grupo de uma vez. Além disso, se o mixador quiser fazer uma automação de volume na bateria, lembre-se de que, se tivermos sends envolvidos, não devemos usar o fader do canal auxiliar. Para não precisar fazer automação em todos os canais individuais, o mixador pode utilizar o VCA Master para tal, mantendo o conforto de trabalhar em apenas uma pista, e que transporta dos resultados para os canais individuais. E com isso, vamos ficar por aqui. Não deixem de escrever com mais sugestões para as próximas edições. Abraços!

Para saber online

cmoura@proclass.com.br http://cristianomoura.com


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ABLETON LIVE Parece que passamos por uma crise mundial de “Refazendas” (nada a ver com aquele conhecido compositor). Vivemos uma era de “remakes” para tudo; “novos” originais são engavetados e as velhas fórmulas de sucesso sendo reusadas (por medo do fracasso comercial talvez?!). Mas nem tudo é ruim ou déjà vu no século 21.

“REMIX TRICKS I” Lika Meinberg é produtor, orquestrador, arranjador, compositor, sound designer, pianista/tecladista. Estudou direção de Orquestra, música para cinema e sound design na Berklee College of Music em Boston.

E

ntre essas coisas está o “Remix” (odiado por alguns e aficionado por muitos). Essa nova forma de arranjo vem cada vez mais sendo reconhecida (assim como ao longo dos anos Graffiti) e, acreditem, veio para ficar! Sobre essa estética é que vou passar algumas dicas possíveis de se produzir com o Ableton Live. Como regra de thumbs-up, é muito impor-

Zepretin

tante ser econômico com o que vai fazer: ou seja, “less is better”! (menos é melhor!). Então, não vá enchendo o seu Remix com efeitos de tudo que é tipo ou loops pre-prontos. Isso soa barato, repetitivo, manjado! As palavras mágicas são: produza, crie, faça suas coisas. Você até pode (e deve) usar plug-ins e ferramentas do programa, mas traba-


Zepretin

lhe “a coisa”, principalmente! Outro fato: sempre que possível, goste do material que vai arranjar, senão fica difícil digerir, né? Então, vamos lá. Abra o Ableton Live no “Arrangement View” e também já abra a música que você deseja trabalhar. Eu escolhi A Banda do Zé Pretinho, do Jorge Benjor (imagem a seguir - seta vermelha).

Obviamente eu já sei o andamento (BPM) da música, mas você pode precisar fazer uma Warp na sua música para identificar isso. Tutorial detalhado sobre Warp foi dado há algumas edições atrás e é de suma importância que você tenha conhecimento sobre esse assunto. Normalmente preparam-se as músicas fazendo o Warp e arquivando o Info.Data junto com o áudio em um folder. O Ableton Live faz a análise do áudio e cria um documento (file.asd) com toda informação relativa ao áudio, inclusive Warp. Nesse meu caso eu já sei o andamento da música e antes de tudo vou setar o andamento do Ableton Live (em cima à esquerda do lado do Tap) para 140 BPM. Vou escutar os trechos da música que me interessam e então decidir se haverá necessidade de algum Warp. Eu sempre gosto de fazer uma cópia (seta verde) do áudio original antes de começar as edições, por isso fiz uma cópia com o nome “Original” e coloquei o áudio fora do alcance da área de trabalho (nessa grade amarela). Escutando atentamente decidi fazer um Warp básico e então preparar meus loops para reconstruir a música. Cliquei em Warp (quadrado rosa na imagem anterior), mudei nos presets (retângulo azul) para Complex. Então, à direita, como mostra a seta azul no sample editor,

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Loops

Ainda no Warp

Uma dica boa é: com a barra de loop selecionada (preto) basta você alternar a seta para cima, ou para baixo no teclado, para deslocar a seleção do loop em segmentos iguais (dependendo da configuração do “Quantization Menu”). Agora abra a segunda Janela (Ctrl+Shift+W) para ver o “Session View”.

Cópia do áudio

com o cursor do mouse, ache o ponto ideal para começar o Warp (por exemplo, o começo da música, mas pode ser outra parte da música também). Com o botão direito, clique, e um menu aparece. Selecione “Set.1.1.1 Here” (começo aqui). Veja que uma âncora laranja (Warp Mark) foi criada no sample editor e o tempo “1.1.1” da música começa ali. Tudo ok, áudio alinhado, pau na máquina: Remix (insisto que você procure repassar a

” Warp do tema

matéria sobre Warp). Na verdade, só o áudio em lilás está alinhado, a cópia original (verde) continua intocada (sem Warp). Agora podemos ir selecionando e preparando para cortar os nossos loops. Escolha os trechos que for utilizar, clique com o cursor no início da borda do segmento de áudio, segure o botão direito para selecionar e vá deslizando até o final desejado, então, solte o botão. Com o áudio selecionado, aperte Ctrl+L, e temos um Loop.Rotina básica. Eu prefiro consolidar meus loops e mantêlos como parte da minha gigantesca Library (haja HD). Uma dica boa é: com a barra de loop selecionada (preto) basta você alternar a seta para cima, ou para baixo no teclado, para deslocar a seleção do loop em segmentos iguais (dependendo da configuração do “Quantization Menu”). Agora abra a segunda Janela (Ctrl+Shift+W) para ver o “Session View”.


Cosolidate Loop

Session View

Repare esses Audio Clips em 2 Audio Track! São os loops selecionados na “Arrangement View”. Agora você pode fazer algumas edições para facilitar a construção do seu arranjo: - Mude a cor de cada Clip loop. - Dê novos nomes. - Alguns ajustes de fade in/out nas bordas do loop, se necessário, volume, transposições etc. Vá arrastando de uma janela para outra os Audio Clips,

como indicam essas setas em vermelho, e já vamos montando o croqui (o boneco) do seu novo arranjo. Use como referência o track acima, mas você pode desabilitá-lo à medida que o seu Remix tomar forma. Para desabilitar basta apertar o ícone à direita em cima (círculo amarelo). Quando desabilitado, o botão fica cinza. Eu prefiro dar forma aos meus “Remixes” primeiramente trabalhando os áudios ou loops, montando a estrutura do meu “Re-Arranjo”. Edito os Fades (quadrado azul e seta amarela) para ajustar uma perfeita transição entre os segmentos de áudio; preposiciono os Pans, Volume, ou qualquer parâmetro de automação no Track (retângulo rosa). Também costumo fazer nessa hora algum efeito de delay ou chorus (depende do áudio), dobrando o áudio em Offset diferente. Esses truques servem para começar e experimentar um pouco; às vezes, isso promove inspiração. Claro que é sempre bom ter uma “ideia” na cabeça. Sobre a automação é bom salientar que você pode fazê-la tanto linearmente em cada track, como também em cada Audio Clip. Isso, às vezes, provoca alguma confusão, pois você

Ajustes nos Loops

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Novo arranjo

Transposição

Automação Global de Audio Track (Retângulo e seta Rosa) e individual de Audio Clip (Quadrado e seta verde) Transposições do Audio Clip (quando possível) é um recurso bem usável. Mas todo cuidado é pouco, ou a coisa pode soar meio “javanês”.

Montando o Boneco

Até então

Automation

pode fazer, por exemplo, um controle de áudio global em cada pista (track), mas também editar cada Audio Clip individualmente, conseguindo efeitos bastante interessantes. Automação Global de Audio Track (Retângulo e seta Rosa) e individual de Audio Clip (Quadrado e seta verde) Transposições do Audio Clip (quando possível) é um recurso bem usável. Mas todo cuidado é pouco, ou a coisa pode soar meio “javanês”. Dois Riffs iguais - Nesse caso, o Riff de baixo (amarelo) está transposto “uma quinta” abaixo. Até aqui já temos uma boa estrutura básica montada. Mexi na introdução da música dobrando o violão do Jorge em intervalo de Quartas e dobrei em paralelo conseguindo um chorus - quase delay (retângulo azul). Dupliquei os metais do começo original da música e criei uma atmosfera pulsante com os volumes e dei

ênfase ao duplicar alguns transientes (retângulo verde). Dupliquei a parte “A” da música e “uma eletronizada” nos dois segmentos (retângulo amarelo). Reforcei o riff de metais entre um segmento e outro na parte “A” (retângulo rosa). Usei um trecho curto do riff original duplicado em Quartas (retângulo azul escuro) para fazer a transição, para o que eu chamo agora de “refrão da música”: Sambá, Sambé, Sambi etc (retângulo vermelho). Estou descartando a parte “B” da música original. Vou brincar muito com esse refrão usando cortes para inserir minhas intervenções via plug-ins e samples. Devo terminar a peça com: Esse é o Zé Pretinho, Zé Pretinho chegou… repetindo várias vezes brincando com a eletrônica. Na próxima parte desse tutorial veremos como serão essas inserções, com MIDI, Samples, FXs e tudo mais. Aguardem! Boa sorte a todos!

Para saber online

Facebook - Lika Meinberg www.myspace.com/lmeinberg


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PESADELOS Seguindo as dicas de Jack Endino, mostradas na edição anterior, complementaremos o artigo em busca da afinação perfeita nos instrumentos de corda.

DA AFINAÇÃO PROBLEMAS ADICIONAIS Jorge Pescara é baixista, artista da Jazz Station e autor do ‘Dicionário brasileiro de contrabaixo elétrico’

P

ressupõe-se que as cordas deslizem suavemente através dos entalhes no capotrasto/nut dos instrumentos quando você gira as tarraxas de ajuste. Com muitas guitarras, porém, eles travam o movimentos das cordas roundwound. Pode-se comprovar isto quando se gira a tarraxa de uma corda qualquer e o afinador não mostrar nenhuma mudança, e então, de repente, ouve-se um

pequeno rangido na corda e agora o afinador mostra ter ultrapassado a marca. E a afinação passa acima da marca. Reverte-se o processo girando a tarraxa no sentido contrário e acontece a mesma coisa, porém com a afinação ficando baixa demais... Se você der constantemente um pequeno puxão na corda, cada vez que girar a tarraxa conseguirá ajustá-las nas ranhu-


ras do nut. Aprenda a fazer isso da maneira correta e poderá afinar de forma muito mais eficiente! Outro fator é como um músico digita as cordas. Com trastes altos, uma corda digitada não pode realmente tocar a madeira da escala, ficando suspensa entre dois trastes (nada errado até aí). Mas, se o instrumentista tem dedos fortes ou usa cordas leves, aquele trecho de corda digitada é curvada para baixo até que toque a madeira. Isso, é claro, tenciona a corda inteira tornando as notas desafinadas! Pior ainda, algumas pessoas tendem a deslizar as cordas de lado um pouco, desafinando-as ainda mais. Outro problema vem do uso do capo/braçadeira na guitarra. Este dispositivo aplica alguma pressão séria nas cordas, e a guitarra desafina como um todo. Afinar com o capo instalado é complicado! Outra dica seria prestar atenção quando for substituir as cordas de um instrumento de cordas. As novas ficam um pouco instáveis nos primeiros 20 minutos ou mais, antes delas estabelecerem a afinação. Eu sempre digo aos músicos que mudem suas cordas durante a noite anterior, antes de irem para o estúdio. Dessa forma, o ajuste natural das cordas acontece durante a noite, e quando eles vêm no dia seguinte, as guitarras e os baixos afinam melhor. Cordas pesadas (grossas) em geral são uma coisa boa para a afinação: O ataque inicial não fica tão acentuado quando você toca mais forte. O vibrato amador é de baixa qualidade (ou seja, o vício de todas as bandas de metal) será mais difícil de fazer. Os dedos indisciplinados terão dificuldade em torcer a corda, desafinando-a menos. Elas permanecem mais tempo afinadas. Elas produzem um som mais gordo e rico.

Resultado: todo mundo vai pensar que você é um instrumentista melhor. (Mesmo que, ao usá-las, você não seja mais capaz de tocar ‘Eruption’). Já as pontes flutuantes (Floyd Rose) são como o anti-Cristo, se você é um defensor da afinação perfeita em uma gravação. Afine uma corda e todas as outras desafinarão instantaneamente. Se uma corda ficar baixa em entonação, por si só, o ato de subir a afinação de volta para corrigi-la fará com que todas as outras cordas desçam. Descanse sua mão sobre a ponte para silenciar as cordas um pouco e em seguida toque vários acordes, todas as cordas desafinarão. (Você pode ouvir isso em muitos,

elas não sabem como o instrumento será tocado. Quando um instrumento não é entonado corretamente, um acorde vai soar bem em um ponto da escala, mas fora em outro ponto ou região. O objetivo da entonação é fazer com que o instrumento toque afinado em todas as regiões do braço, ou pelo menos até o 16º traste. Sempre que possível, mantenha seus instrumentos entonados e ajustados por um luthier especializado antes de vir para o estúdio. Este processo envolve mover os selins/carrinhos da ponte para frente ou para trás, mudando efetivamente o comprimento de cada corda até

TunerApp

muitos registros de thrash metal). Quebre uma corda, e todos os outros desafinarão tão instantaneamente que você tem que parar a música. Uma dica é calçar algo debaixo da ponte para corrigi-la e mantê-la no lugar o tempo suficiente para se gravar toda a sessão rítmica.

ENTONAÇÃO A entonação (ajuste de oitavas) de instrumentos de cordas é uma arte verdadeiramente obscura, e como na afinação, duas pessoas diferentes não fazem da mesma maneira, pela mesma razão:

que cada uma esteja na melhor posição e as notas soem afinadas quando tocadas em oitavas. É também necessário o ajuste da curvatura do braço com uma chave allen, além de ajustar a altura global da ponte. Para fazer este processo do modo correto, você tem que saber o quão forte o instrumento será tocado, e ter em mente a questão da flutuação no afinador quando do ataque inicial, fato que citei anteriormente. As vezes, infelizmente, pode-se concluir que os trastes simplesmente não estão nos lugares cer-

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Descobri que em alguns instrumentos o nut é muito alto. Isto significa que, quando você se aproxima dos primeiros trastes, tem que pressionar as cordas mais fortemente em direção à escala. Isto significa que qualquer nota tocada no primeiro traste será desafinada. Verifique isso em alguns instrumentos com um afinador preciso e ficará muito assustado.

tos. Você faz o melhor que pode e diz para a banda seguir adiante seu rock. Provavelmente ninguém vai perceber, só você. Guitarras, baixos e violões têm outros problemas. Descobri que em alguns instrumentos o nut é muito alto. Isto significa que, quando você se aproxima dos primeiros trastes, tem que pressionar as cordas mais fortemente em direção à escala. Isto significa que qualquer nota tocada no primeiro traste será desafinada. Verifique isso em alguns instrumentos com um afinador preciso e ficará muito assustado. O traste zero, como em algumas guitarras Gretsche, foi a solução encontrada por alguns luthiers. Existe um ‘novo sistema de afinação’ onde o nut é dividido em pequenas partes e cada qual é instalada em um ponto milimetricamente diferente, para cada corda.

MAIS MATEMÁTICA Você conhece o método: alguém afina o E do baixo (ou qualquer outra corda) usando um diapasão, os ouvidos ou mesmo um afinador. Depois toca levemente o quarto harmônico (acima do 5º traste) e compara essa nota com o 3º harmônico (acima do 7º traste) na próxima corda, acima. Pressupõe-se que sejam a mesma nota. O problema é que: elas não são exatamente a mesma nota! Para explicar o porquê disso, temos de aprofundar nossos conhecimentos sobre ‘temperamento igual de escalas’, mas a essência do fato é que se você afinar seu instrumento desta forma, um erro aditivo é introduzido em cada corda. Com o tempo você chega ao final da sequência, na corda mais aguda, mas no todo o instrumento não está totalmente afinado. No entanto este método está perto o suficiente do razoável, para obter a afinação ‘ao vivo’, mas nunca perto o suficiente para o estúdio. Explicação bem rápida sobre o temperamento igual: 1) Duas notas diferentes soam bem em conjunto apenas se suas frequências são frações de múltiplos inteiros umas das outras; ou seja, quatro comprimentos de

TunerBossPedal

onda de uma nota é igual a três comprimentos de onda de outra, ou cinco igual a quatro, ou sete igual a cinco. Por exemplo, uma nota E a 660Hz, tem uma razão de 3/2 de uma nota A em 440Hz. Três ondas deste E têm o mesmo comprimento físico que duas ondas daquele A. Para uma oitava, a proporção/razão é simples assim: dois comprimentos de onda da nota mais aguda é igual a um comprimento de onda da mais grave. Por exemplo, duas notas A em oitavas: 880Hz e 440Hz, uma proporção de 2 para 1. 2) Acordes representam proporções empilhadas destes comprimentos de onda; por exemplo, sete comprimentos de onda da nota mais aguda será igual a quatro comprimentos de onda da nota mais baixa. As notas são todas afinadas umas com as outras quando essas razões são calculadas exatamente. 3) A escala musical ocidental é feita de 12 notas por oitava que estão espaçadas de forma equidistantes. Isto permite tocar em qualquer tom sem ter que parar e ajustar a sua afinação em cada modulação. Cada uma das 12 notas está cerca de 5,946% mais elevada em frequência do que a que está abaixo dela. Se você pegar um 440Hz e multiplicá-lo por exatamente 1,05946, você obtém a frequência de um A#, que é 466,162Hz. Multiplique isso novamente por 1,05946, onze


TunerTouch

vezes mais e chega-se em 880Hz, nota A, uma oitava acima. No estúdio, onde às vezes você tem que mudar a velocidade de fita para fins de ajuste, você pode apenas lembrar disto como: 6% de mudança de velocidade é igual a um meio-tom (ou um traste da guitarra). Também cada uma das 12 notas em uma oitava é dividida em 100 pequenos intervalos chamados de ‘comas’. Daí, uma ‘coma’ está cerca de 0,06% de outra. Uma oitava possui 1200 comas. Por enquanto, tudo bem? Pegue sua velha calculadora TI e tente multiplicar qualquer coisa por 1,05946, doze vezes, e veja que o número final dobrou o valor. Acontece que 1,05946 é a décima segunda raiz de dois. Este número imenso, tem causado pesadelos de afinação para civilizações inteiras. As cordas G e B levam as pessoas à loucura, no violão e na guitarra. Eles afinam, em seguida, tocam um acorde de C maior, mas a corda G, soa mal. Fuzz e distorção tornam o erro ainda mais evidente. Então, eles afinam a corda G de ouvido, para que o acorde fique em sintonia, mas em seguida, todos os outros acordes que eles tocam soam errados... A explicação não vai deixar você feliz. Na primeira posição, o que significa tocar acordes que estejam principalmente sobre o primeiro par de trastes no violão ou guitarra, a corda G é muitas vezes usada para um intervalo musical chamado terça, seja a terça maior ou menor. Este termo musical não deve ser confun-

dido com ‘terceiro harmônico’. É uma coisa totalmente diferente. Em um mundo ideal, uma terça maior significa duas notas (uma ‘diade’) cujas frequências estejam em uma proporção de 5 para 4, ou 1.25, enquanto que uma terça menor, por seu lado, numa proporção de 6 para 5, ou 1.2. Se essas proporções são verdadeiras, estas diades (pares de notas) soam maravilhosamente em sintonia e harmonia. Aqui é onde tudo se complica: Em nossa escala ocidental de 12 tons, onde todas as notas são igualmente espaçadas, nenhum par delas está exatamente em uma proporção de 1.2 ou 1.25. Se você pegar sua calculadora e multiplicar 1.05946 por si só algumas vezes, você vai pousar em 1.189 e, em seguida, 1.2599! A primeira está, na verdade, 15 comas aparte de onde seus ouvidos desejariam, de uma terça menor, e a segunda está 14 comas de onde uma terça maior deveria estar! Então, se você afinar ‘de ouvido’ um acorde que inclua uma terça maior, até que este pareça perfeito, o colocar uma terça menor neste mesmo acorde esta nota será 29 comas fora... quase um terço de meio-tom. Para efeito de comparação, uma quarta justa, o intervalo de frequência entre um A um E, deve ser em uma proporção de 4 para 3, ou 1.3333, e em nossa escala ocidental, aterriza em 1.3348. Bem perto... apenas 2 comas acima. A quinta justa (E para B, o principal intervalo de punk, rock, etc; uma corda acima, dois tras-

tes à frente) deve ser de 3 para 2, ou 1.5000, mas ele cai em 1.4983 na nossa escala, 2 comas abaixo. Quartas e quintas são, definitivamente, perto o suficiente para o rock and roll. Mas, empilhe um monte de fuzz/ distorção (que abertamente revela problemas de afinação por salientar os harmônicos mais altos) e coloque as terças diretamente sobre o primeiro traste da guitarra, e você pode ser a última palavra em termos de pesadelo na afinação! Não há muito que se possa fazer. Quando um músico toca uma canção incluindo os muitos acordes na primeira posição notando-se esse problema, ele (e você) pode enlouquecer tentando deixar a guitarra afinada. Há progressões de acordes, na verdade, que simplesmente não podem ser reproduzidos completamente afinadas, em algumas guitarras! Temos que afinar de ouvido uma parte da progressão de acordes, gravá-lo, em seguida, afinar novamente para a outra parte da progressão de acordes, e colar todas estas partes... com os dedos muito rápidos. Ou ter outra guitarra. Você pode tentar sugerir que o músico transponha o acorde para alguma outra parte do braço. Às vezes funciona, se você conseguir convencer o músico. Encorajo o leitor a ir em frente e fazer alguma pesquisa sobre a natureza de nossa escala de 12 tons igualmente temperada. Até a próxima!

Para saber online

jorgepescara@backstage.com.br http://jorgepescara.com.br

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CADERNO ILUMINAÇÃO PIXEL LINE www.star.ind.br A Star Lighting Division apresenta o novo Pixel Line, um equipamento que conta com a estrutura de 31 LEDs RGB por metro, inseridos em um acrílico FROST, sendo que cada LED pode ser controlado individualmente ou em grupos de 2, 4 ou 8. O controle é realizado por uma central própria, que suporta até 24 metros, com até 512 Canais DMX. As unidades são interligadas através de conectores “Powercon” 4 vias. A alimentação é feita diretamente na Central, sendo automaticamente distribuída pelas demais unidades interligadas. O Pixel Line pode ser encontrado em duas versões: 1 ou 2 metros de comprimento, ambos com 50 milímetros de largura e 85 milímetros de altura, já incluída a base de fixação.

ROBE ROBIN MINIPOINTE www.robe.cz O miniPointe foi projetado especificamente para produzir feixe nítido e efeitos aéreos especialmente em locais restritos por tamanho. Feixes de 0° de beams paralelos com cores brilhantes e padrões Gobo podem ser multiplicados pelo efeito Dynamic Flower Effect – DFE™, produzindo várias formas diferentes de imagens que se alteram dinamicamente no ar. O filtro frost variável e suave e qualquer uma das 13 cores ricas é imediatamente pronto para criar uma superfície lisa, suave, wash, estendendo-se o conjunto de recursos de Beam, Wash e Effect desse equipamento.

DMX 5 A GERAÇÃO www.wirelessdmx.com A marca Sueca de Wireless DMX prepara o lançamento da 5a Geração de equipamentos W-DMX para o mercado de iluminação. No final deste ano, a empresa se prepara para lançar a nova família de produtos: A Geração 5. Esta inclui três bandas de frequência: 2.4 GHz, 5.2 GHz, 5.8 GHz, que podem ser utilizadas a qualquer momento. A distância de transmissão entre o transmissor e o receptor difere na antena – usualmente se costuma usar 3dBi, que permite uma distância de 750 metros entre equipamentos. Todos os modelos W-DMX™ utiliza também um simples botão para operar os rádios, e mantém a tradição na nova gama. Na G5, vai ser possível transmitir 2 universos DMX (1024 canais DMX) por uma BlackBox F-1. Todo o sinal da transmissão é protegido por tecnologia DataSafe e Invisi-Wire, que assegura uma comunicação Wireless sólida durante o show. A Wireless Solution Sweden é líder de equipamentos Wireless desde 2005 – foi pioneira da transmissão DMX por rádio com G2 e G3.


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Há praticamente cinquenta anos, Bill Graham iniciava uma revolução na produção de shows com a reformulação do lendário Fillmore Theatre (em São Francisco, Califórnia, EUA) e com a inclusão de uma estrutura arrojada de iluminação cênica para todas as bandas consolidadas ou emergentes que se apresentariam naquele local. Transformações e novas tecnologias surgiram desde então, tanto aplicadas às estruturas e instrumentos de iluminação, como para os comportamentos e relações dos artistas com os públicos.

ILUMINAÇÃO

CÊNICA Cezar Galhart é técnico em eletrônica, produtor de eventos, baixista e professor dos Cursos de Eventos, Design de Interiores e Design Gráfico do Unicuritiba. Pesquisador em Iluminação Cênica, atualmente cursa Pós-Graduação em Iluminação e Design de Interiores no IPOG.

LEGADO & F U T UR O --------------------------------------------------------------------------------------------

50 ANOS DE ILUMINAÇÃO CÊNICA

N

esta conversa, esses elementos são abordados de maneira a relacionar a iluminação cênica e sua importância, cada vez mais impactante, percebida, registrada, compartilhada e disseminada pelos artistas e pelos públicos. Na metade da segunda década do século XXI, torna-se inimaginável a realização de shows para grandes públicos nos moldes com os quais esses eventos são realizados na atualidade. Complexas es-

truturas – de sonorização, iluminação cênica e projeção de vídeos, além de efeitos e outros recursos visuais - múltiplos registros de imagens estáticas e dinâmicas, que são divulgadas e transmitidas de maneira incalculável e imprevisível, captadas por equipamentos especializados ou mesmo por dispositivos modestos e limitados, e diversificados ambientes e espaços para a comercialização de bens e serviços, entreteni-


mento com brinquedos e equipamentos de diversão, além da oferta de facilidades e outros elementos para o conforto e melhor aproveitamento da programação de atividades. Eventos são atualmente produzidos com fórmulas precisas e condutas perfeccionistas, e os públicos cada vez mais se inserem como protagonistas e agentes promotores desses acontecimentos, com publicações em tempo real, transmitindo impressões e sensações para milhares de pessoas. No início da década de 1960, as primeiras iniciativas profissionais para as realizações de eventos com apresentações musicais dirigidas aos públicos ocorriam em formatos e condições incompatíveis aos padrões atuais. Cinemas, teatros e mesmo salões de bailes recebiam moderadas adaptações para

Na metade da segunda década do século XXI, torna-se inimaginável a realização de shows para grandes públicos

Fonte: Joshua Light Show / Divulgação

as apresentações dos artistas – muitos dos quais eram lançados antes pelas rádios e pelas emissoras de televisão, em “programas de auditório” gravados ou transmitidos “ao vivo”. Harry Belafonte foi um dos precursores das turnês que transportavam limitados equipamentos de sonorização e também modestos recursos de iluminação para espetáculos que se configuravam em minifestivais itinerantes. Entretanto, foi com o visionário empresário americano Bill Graham que a gestão dos shows atingiu um patamar mais elevado de qualificação na produção dos espetáculos,

Figura 1: Apresentação de Frank Zappa & The Mothers Of Invention em 1967 no Fillmore Teatre – iluminação cênica produzida pela equipe da Joshua Light Show Group.

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CADERNO ILUMINAÇÃO

Mas, em relação às técnicas, métodos e mesmo parâmetros, a consolidação da iluminação cênica nos projetos dos eventos mantém a mesma relevância e significado para o resultado final, ainda que, cada vez mais, configura-se como um diferencial na produção dos shows e festivais musicais.

organizados e estruturados com equipamentos de sonorização que reproduzissem os sinais de áudio com melhor fidelidade nas apresentações e estruturas de iluminação cênica similares àquelas que os melhores teatros poderiam oferecer. Sabia ele que os eventos poderiam oferecer outras sensações além daquelas sonoras e visuais que existiam até então, criando assim ambientações lúdicas e interativas, atmosferas repletas de estímulos dinâmicos e com similar criatividade com a qual a música era produzida - não esquecendo de citar as colaborações e intervenções dos talentosos profissionais da equipe do Joshua Light Show Group, contratados por Graham. Esse desenvolvimento, que se iniciou com Bill Graham em dezembro de 1965 no Fillmore Theatre, culminou nas contribuições e inovações de outros visionários: Chip Monck e Charles Altman, que inventou o refletor PAR 64; Monck

publicitárias, as produções artísticas e musicais receberam decisivas contribuições de outros profissionais, e principalmente de Lighting Designers idealistas, precursores e influentes, tais como Bill McManus, Michael Tait, Alan Owen, Arthur Max, Warren Cunningham, Jim Barnett, Howard Ungerleider, Peter Gasper, Mark Fisher, Paul Dexter, LeRoy Bennett, Andi Watson, John Broderick, entre tantos brilhantes profissionais. Importante destacar que muitas dessas produções, idealizadas pelas mentes brilhantes desses projetistas arrojados e visionários e executadas com recursos apropriados para épocas diferentes estão disponíveis em gravações de vídeo, acessíveis em acervos de pesquisa e até mesmo nas redes sociais. Na maioria desses registros, as iniciativas são amadoras ou realizadas por emissoras de televisão, e tornam-se assim registros pontuais e históricos.

Fontes: Pinterest / Angela Owen, Feelguide / New Yourk Times Online / Divulgação

Figuras 2-3: Genesis na turnê Mama (1984), projeto de Alan Owen e Radiohead na turnê U.S. Tour 2012, projeto de Andi Watson.

foi responsável pelas produções do Monterey International Pop Festival (1967) e também, com Bill Graham, do Woodstock Music & Art Fair (1969) - ambos ajudaram a disseminar a invenção de Altman. Provavelmente, esses foram dois dos mais influentes festivais de todos os tempos – tanto para a produção de eventos como para as preocupações com todas as facilidades e recursos de suporte aos públicos neles participantes. Nas décadas seguintes, os exemplos citados permaneceram e se mantiveram como paradigmas e referências para grandes produções. Se houve evoluções nas formas de organização e nas ações

Mas, o que realmente pode ser analisado em relação aos resultados dos festivais das décadas de 1960 até a década de 1990 e os festivais atualmente realizados, principalmente em relação à iluminação cênica? Em muitos aspectos, são produções incomparáveis; as tecnologias, as estruturas, as contextualizações histórico-culturais e mesmo os formatos são totalmente distintos. Mas, em relação às técnicas, métodos e mesmo parâmetros, a consolidação da iluminação cênica nos projetos dos eventos mantém a mesma relevância e significado para o resultado final, ainda que, cada vez mais, configura-se como um dife-


Fontes: Pinterest, Film-Cine.com / Divulgação

Figuras 4-5: David Bowie na turnê Isolar (1976), projeto de Warren Cunningham; Ronnie James Dio, na turnê Heaven and Hell 2007 Tour.

música com isso se inserem em novas perspectivas comerciais, com experimentações interativas, sensoriais e emocionalmente significativas, muitas das quais impulsionadas pelas novas tecnologias de interações virtuais e registros – georreferenciados, visuais e fotográficos, comunicacionais e promocionais. Com isso, a iluminação cênica também atinge outro patamar comunicacional, relacionado à promoção de outras sensações e outras mensagens. Com a disposição de novas formas de compartilhamento de informações, geradas pelos dispositivos móveis que permitem a transmissão de dados nos mais diversos formatos, essas tecnologias promovem os participantes a agentes transformadores dos aconte-

Fonte: Cygnus X-1 / Divulgação

rencial na produção dos shows e festivais musicais. Entretanto, atualmente, a maioria dos espetáculos musicais pode ser facilmente registrada por meio de smartphones e ainda câmeras portáteis, de maneira que hoje os registros são pessoais, únicos, personalizados, inclusive, editados e divulgados momentos após a realização desses eventos. Alguns shows passaram a se constituir, também, em fatos históricos e culturais representativos para gerações – inseridas em uma atmosfera de ansiedade e mesmo obsessão para a aquisição de ingressos e participação em eventos únicos, e mesmo, últimos (desencadeados pelas derradeiras turnês de bandas e artistas que têm anunciado a paralisação das viagens e turnês, nos últimos anos). Os shows de

Figura 6: Rush na sua última turnê intitulada R40 – registro do show no MGM Grand Garden Arena, em Las Vegas (Nevada, EUA), no dia 25 de julho de 2015.

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A iluminação sempre será um recurso essencial e cada vez mais valorizado, percebido e enaltecido e, por que não, com dinamizações de recursos e interações a serem propiciadas com novos aplicativos, ou dispositivos e sensores de maneira a reorientarem fachos e intensidades luminosas, entre outras possibilidades

Fonte: U2.com / Divulgação

cimentos de um evento. Em pesquisa publicada no ano passado, a empresa americana Live Nation Entertainment entrevistou públicos de shows e festivais nos anos de 2012 e 2013. Do total de pesquisados em 2013, 85% confirmaram que registram os eventos em imagens e vídeos, com o uso de smartphones, sendo 4% a mais do total que respondeu à mesma questão no ano anterior. E desses, uma média de 22% nos dois anos faz um “check-in” nos locais onde os eventos são realizados – compartilhados com imagens captadas no mesmo momento desta confirmação

Figura 7: U2 com a turnê iNNOCENCE + eXPERIENCE Tour em Turin (Pala Alpitour), Itália, em setembro de 2015.

novas formas de interação e mesmo novos e mais diversificados registros e perpetuação das imagens e vídeos nas redes sociais. A iluminação sempre será um recurso essencial e cada vez mais valorizado, percebido e enaltecido e, por que não, com dinamizações de recursos e interações a Fonte: Nathalia Kalil / Divulgação

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CADERNO ILUMINAÇÃO

Figura 8: Presença de smartphones nos shows – contestação versus massificação.

de presença. Mesmo com as controvérsias e discussões, a presença dos telefones celulares com múltiplas funcionalidades se torna inevitável e irreversível. Festivais se configuram assim em formas de entretenimento e oportunidades únicas para os públicos participantes, cujas expectativas são também fortalecidas pelas redes sociais, alimentadas pelos artistas que ativam as ansiedades dos fãs – nos momentos que antecedem os shows até mesmo para interagirem após as apresentações, com mensagens de agradecimento ou para compartilharem momentos de destaque – iluminados e repletos de intenções. Promissoras perspectivas surgem a cada dia, direcionadas a outras maneiras com as quais a iluminação cênica permitirá

serem propiciadas com novos aplicativos, ou dispositivos e sensores de maneira a reorientarem fachos e intensidades luminosas, entre outras possibilidades. Com todos esses elementos, os próximos festivais e shows – dentre eles, o Rock In Rio 2015 e a turnê de David Gilmour no Brasil, entre outros importantes eventos – serão oportunidades únicas de percepção, interação, diversão e também reverência a tudo o que foi desenvolvido até então – um legado legítimo e admirável -, e a busca de novidades e inovações – para um futuro intrigante e repleto de fascínio. Abraços e até a próxima conversa!!!

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LUIZ CARLOS SÁ | www.backstage.com.br

Os Clássicos S

abe aquelas músicas que duram anos e anos, são sempre regravadas por vários artistas de diferentes gerações e você ouve em qualquer lugar, de concertos de rock a muzak de fundo em elevadores em prédios tradicionais do centro das grandes cidades? elas mesmas, as clássicas. Os clássicos. Ou ainda, como os americanos instituíram em sua língua, os “standards”. Odiados por uns e sacramentados pela maioria, os standards aparecem em qualquer gênero e a qualquer

tou falando de emoções provocadas a uma grande maioria. Estou falando daquelas músicas que fizeram estádios, praças, teatros as cantarem em uníssono e repetem a façanha em diferentes épocas e gerações. Essas são as clássicas. Elas são passadas de avós a pais, de pais a filhos e assim por diante. Fazem parte daquelas coisas que o tempo e a constância põem à prova. Sinto isso, por exemplo, quando vejo meus filhos cantando para meus netos um Yesterday dos Beatles. Fui eu quem cantou essa música para eles dezenas de anos atrás. Foi através dos meus vinis que eles conheceram os Beatles. Isso é a moderna Tradição Oral, que se transforma aceleradamente em Tradição Digital. É a Eternidade ao alcance de todos. Não é maravilhoso? Citei Yesterday aqui apenas como exemplo. É óbvio que uma clássica, digamos, norueguesa, não terá nenhum significado para nós brasileiros. E é óbvio também que músicas em língua inglesa - tornada ela hoje um verdadeiro esperanto cultural - têm muito mais chance de se tornarem clássicas.

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A ambição maior de todos nós, compositores e autores, é vermos nossas obras se eternizarem na boca do povo. O modismo ou a oportunidade podem nos dar um troco, mas só um standard, um clássico, pode nos convencer de nossa eficiência comunicativa, de como conseguimos teleportar nossos sentimentos a pessoas de classes, tipos, cores, religiões, etnias e origens diferentes. Não estou falando de simples sucessos ou daquela música que embora desconhecida de muitos passa uma sensação particular para certa – ou certas pessoas: es-

Estou falando daquelas músicas que fizeram estádios, praças, teatros as cantarem em uníssono e repetem a façanha em diferentes épocas e gerações. Essas são as clássicas. época. Podem comover adolescentes românticos - que décadas depois conseguem se imaginar devidamente genekellyzados cantando Singin’ in the Rain debaixo de uma tempestade de verão - e trazer de volta momentos de glória e encantamento a velhinhos aposentados numa pracinha de Copacabana.


LUIZCARLOSSA@UOL.COM.BR | LUIZCARLOSSA.BLOGSPOT.COM Mas a força do standard, ou do clássico, como quiserem, venha ele de onde vier, está em suas consequências, na avalanche emocional que ele provoca, fazendo com que nossa mente se transforme num receptor multicanal que dispara a passar diversos filmes em nossas cabeças... aquela tarde na praia, a fisionomia antes quase esquecida de um parente, o beijo roubado, o amor distante, o momento, a sensação revivida, olfato, audição, tato e paladar canalizados rumo ao mesmo lugar escondido dentro de nós. E a emoção se manifesta então em toda sua irreprimível grandeza, incontrolável, fazendo com que tenhamos que esconder - ou não! - lágrimas, risos e expressões que acreditamos inconvenientes naquele momento, porque mostram um pedaço de nós que talvez nem soubéssemos existir. É hora então de olhar para o lado e procurar um outro olhar cúmplice, ver bocas se abrindo para cantar a mesma letra e entoar e mesma melodia, deixar-se vibrar, deixar-se levar pelo coletivo, pela catarse que só os clássicos conseguem provocar. Escrevendo isto, lembro-me de chorar - junto, aliás, com várias pessoas ao meu lado num Rock’n’Rio da vida - assis-

tindo James Taylor cantar Fire and Rain, sentindome como ele se sentiu ao fazer aquela música para uma amiga subitamente perdida. Ou de pular e dançar como louco aos olhos espantados de minha família, berrando Satisfaction junto com Mick Jagger no show dos Stones no Maracanã. Ou, melhor ainda, sentir meu ego subindo aos céus quando uma plateia de milhares de pessoas canta conosco a letra de Caçador de Mim que fiz para a emocionada melodia que Sergio Magrão compôs, ou a Dona minha e de Guarabyra, ou o também nosso Sobradinho... não são e nunca serão clássicos mundiais, mas fazem parte do nosso microcosmo de standards brasileiros. E isso, acreditem, é bem mais do que eu sonhava ao tropeçar em meus primeiros acordes. Então, nos tempos difíceis, faço com que minhas tristezas sejam deletadas por aquelas vozes solidárias que passam pelas mesmas dores e delícias que senti e ainda sinto quando canto meus clássicos. O quê melhor que isso? Vivam os clássicos!

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