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Sumário Ano. 22 - novembro / 2015 - Nº 252
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Remix no Ableton
Após desconstruir a música A banda do Zé Pretinho, do Jorge Benjor, e remontar com partes do áudio que interessavam para estruturar um“Remix”, agora é hora de fazer algumas inserções na música. Confira dicas para agilizar o processo no Ableton.
NESTA EDIÇÃO
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Realizar um megafestival do porte do Rock in Rio é consenso entre todos que, além da técnica, é necessário muito conhecimento e expertise. Na edição de comemoração dos 30 anos, assim como no primeiro festival, em 1985, a Gabisom (que sonoriza o Rock in Rio desde a 3a edição em 2001) ficou responsável pelo som dos palcos Mundo e Sunset, por onde passaram ícones do rock como Queen, Rod Stewart e Elton John.
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Vitrine Uma nova linha de caixas ativas, Tourcab PRO. A Tourcab PRO 715X vem com muita potência em seus 750 watts, um resistente falante de 15”, driver de titânio de 1,75” e ampla voltagem de 95V a 250V de chaveamento automático.
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Rápidas e Rasteiras A Musitech torna-se agora um Ibanez Dealer Prestige, ou uma loja referência onde o consumidor entusiasta poderá encontrar seu modelo Ibanez Prestige favorito.
20 Gustavo Victorino Confira as notícias mais quentes dos bastidores do mercado.
22 Play Rec Nesse início de outubro chega ao mercado Vanusa Santos Flores, o álbum que marca a retomada da cantora e compositora Vanusa, há cerca de vinte anos afastada dos estúdios.
24 Gigplace Nesta série de entrevistas, saimos dos bastidores dos shows para trilhar os bastidores das produções de forma geral, e a profissão desta edição é a de Motorista de caminhão de bandas, com o entrevistado Demilson Nunes.
80 Vida de artista O palco estava cheio de pessoas estranhas, vestidas quase uniformemente com ternos cinzentos. Elas sorriam amarelo e me aplaudiam cheias de condescendência, como se eu não merecesse os aplausos. O roadie me passou o violão. Quando ajustei a correia, percebi que em vez do meu lindo e eficientíssimo instrumento ele me havia dado uma velha e desconhecida guitarra. Quem nunca passou por uma situação de pesadelo antes de entrar no palco que desafine a primeira corda.
Expediente
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Dicas e truques para melhorar a gravação
Nesta edição, algumas dicas que podem gerar melhorias na mixagem dos tracks gravados. Estas informações são bem conhecidas dos engenheiros de áudio nos estúdios.
CADERNO TECNOLOGIA 48 Logic Pro
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O Retro Synth é um sintetizador virtual de 16 vozes incorporado ao Logic Pro X, bastante flexível, relembrando alguns sintetizadores clássicos dos anos 80 e 90. Veja como usá-lo em suas produções.
O trabalho no Pro Tools se resume a três grandes fases: gravação, edição e mixagem. Destas, talvez a edição seja a que passamos a maior parte do tempo, então vale conhecer todos os tipos de recursos para ganhar tempo e chegar no melhor trabalho possível.
CADERNO ILUMINAÇÃO
Diretor Nelson Cardoso nelson@backstage.com.br Gerente administrativa Stella Walliter stella@backstage.com.br Financeiro adm@backstage.com.br Coordenadora de redação Danielli Marinho redacao@backstage.com.br Revisão Danielli Marinho Reportagem: Luiz de Urjaiis Colunistas Cezar Galhart, Cristiano Moura, Gustavo Victorino, Jorge Pescara, Lika Meinberg, Luciano Freitas, Luiz Carlos Sá, Marcello Dalla, Ricardo Mendes e Vera Medina Edição de Arte / Diagramação Leandro J. Nazário arte@backstage.com.br Projeto Gráfico / Capa Leandro J. Nazário Foto: Ernani Matos / Divulgação Publicidade / Anúncios PABX: (21) 3627-7945 arte@backstage.com.br Webdesigner / Multimídia Leonardo C. Costa multimidia@backstage.com.br Assinaturas Maristella Alves PABX: (21) 3627-7945 assinaturas@backstage.com.br Coordenador de Circulação Ernani Matos ernani@backstage.com.br Assistente de Circulação Adilson Santiago Crítica broncalivre@backstage.com.br Backstage é uma publicação da editora H.Sheldon Serviços de Marketing Ltda. Rua Iriquitiá, 392 - Taquara - Jacarepaguá Rio de Janeiro -RJ - CEP: 22730-150 Tel./fax:(21) 3627-7945 / 2440-4549 CNPJ. 29.418.852/0001-85 Distribuída pela DINAP Ltda. Distribuidora Nacional de Publicações, Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1678 Cep. 06045-390 - São Paulo - SP Tel.: (11) 3789-1628 CNPJ. 03.555.225/0001-00
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Vitrine iluminação O novo Penn Elcom RADM-23 1U Raclite é projetado para ser instalado em qualquer rack de 19 polegadas. O equipamento proporciona uma solução elegante e prática para iluminação em ambientes sombrios.
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Iluminação Cênica Nesta edição, o Palco Mundo do Rock In Rio 2015 será o tema de análise para detalhes e imagens que se perpetuarão nas mentes dos espectadores e na história desse que já é um dos mais significativos eventos de todos os tempos.
Os artigos e matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. É permitida a reprodução desde que seja citada a fonte e que nos seja enviada cópia do material. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios veiculados.
Vivemos na
décima crise desde D. João?
E
stamos fechando o ano com a sensação de que tudo está como há 8 meses. Em um 2015 em que as vendas foram retraídas, e contratos e projeções de negócios adiados, começamos a perceber uma luz no fim do túnel que traz esperança para os próximos semestres. Como nas outras crises já vistas por aqui, existem aqueles que enxergam o copo meio vazio e outro que o veem meio cheio.
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CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br
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Um exemplo é o setor de entretenimento. Guardadas as devidas proporções, foi o que menos tive do que se queixar nesses dois semestres se comparado aos demais setores da economia no Brasil. E uma das principais provas foi o volume de ingressos comercializados nos shows internacionais que aconteceram no país. Independentemente do valor das entradas, o sucesso foi garantido na maior parte deles. Como explicar sete noites de ingressos esgotados durante o Rock in Rio? Ou ainda as filas que se formaram na frente de alguns locais de shows para ver artistas com entrada a R$ 500? O que podemos concluir é que a crise só se abate em alguns setores que fincam suas esperanças em falácias governistas. Uma nação não se faz de políticos, mas de cidadãos que cobram dos encastelados e palacianos as atitudes corretas em prol do coletivo. Acreditar e esperar que algo de bom ou tangível saia das agendas de nossos governantes é deixar ser levado como num barco sem velas. Aceitar os limites impostos por especulações movidas por interesses encobertos é entrar no jogo com os vencedores já definidos. Deve-se ter a capacidade de questionar até mesmo quando os fatos apontam para a direção que parece ser a correta. O Brasil já viveu outras “crises”, em outras conjunturas mundiais e sempre soube se reinventar. Talvez seja hora de redescobrir-se novamente. Boa leitura. Danielli Marinho
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VITRINE ÁUDIO| www.backstage.com.br 12
V7P E V10P www.dbaudio.com O V7P e o V10P possuem dois drivers de 10 “ em um arranjo dipolar com drivers e 8” na traseira anexado a uma corneta dupla. As saídas deste projeto cria outro dipolo em torno do único driver de compressão de 1.4 “ montado centralmente mantendo uma diretividade constante. Isso maximiza o desempenho de tamanho, fazendo quase toda a placa de defletor irradiar. Todos os componentes são dispostas simetricamente em torno do eixo central do gabinete para produzir um padrão de dispersão perfeitamente simétrica. Devido à disposição dos condutores dipolar LF, o controle de dispersão de banda larga é mantido até cerca de 350 Hz, no mesmo plano que o dipolo. A corneta rotativa e a ampla gama de opções de aparelhamento fazem da montagem em qualquer orientação simples.
INSTRUMENT CABLE 20 www.tiaflex.com.br Esse cabo para guitarra tem fabricação do condutor e da blindagem em cobre eletrolítico OFHC (Oxygen Free High Conductivity), isento de oxigênio, alta condutividade, melhor transmissão de sinal, melhor condutibilidade elétrica. Possui dupla proteção composta por material semicondutor mais trança de fios de cobre OFHC, protegendo o sinal contra interferências externas (eletromagnéticas e rádio frequência). Possui também baixa capacitância por metro, o modelo mais simples indicado para iniciantes e para estudos, e uma versão com cobertura têxtil em fios de polipropileno na cor preta. A cobertura têxtil serve para melhorar a resistência mecânica do cabo, o que significa um produto íntegro com maior durabilidade. Os comprimentos variam de 1,3,5,7 e 10 metros.
CAIXA ATIVA WALDMAN TOURCAB PRO 715X www.equipo.com.br Uma nova linha de caixas ativas, Tourcab PRO, a empresa apresenta a Tourcab PRO 715X com muita potência em seus 750 watts, um resistente falante de 15”, driver de titânio de 1,75” e ampla voltagem de 95V a 250V de chaveamento automático. A Tourcab Pro também é equipada com um mixer integrado de 2 canais, dois pontos para suspensão em estruturas e alças e rodízios para facilitar o transporte. Outras características são: Resposta de Frequência: 30Hz – 20 kHz; Mixer de 2 canais integrado e alimentação Bivolt Automático (95V – 250 V).
XD80USB www.proshows.com.br A bateria eletrônica XD80USB da Behringer é um instrumento compacto, de excelente qualidade, pronta para garantir performance e praticidade aos bateristas mais versáteis. Sua sonoridade simula com muita fidelidade os timbres de baterias acústicas e, além disso, sua tocabilidade é excelente com pads resistentes e resposta rápida. A XD80USB possui 15 sets de bateria com 175 sons, e o usuário pode customizar 10 presets programáveis para personalizar seus ajustes e montar sua configuração para seu estilo de som.
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CABOS SNAKER MOGAMI www.mogami.com.br Os Cabos Snake são utilizados para múltiplos sinais de áudio, por exemplo a partir de um número de microfones. Aplicações de áudio profissionais incluem gravação de áudio, sonorização, performances ao vivo e radiodifusão. Anos de pesquisa com transferência de sinais de baixa perda é um dos motivos que os cabos Mogami snakers são usados nos melhores estúdios e equipamentos de gravação.
QB1-XBD-A www.pmc-speakers.com Fabricante britânico de referência em altofalante, a PMC está trazendo o máximo em monitoramento principal com o monitor de referência ativo QB1. O equipamento é um projeto que emprega adicionalmente os avanços recentes em conceito de design linha de transmissão da PMC. Amortecimento dentro da caixa acústica evita ruídos e reduz a ressonância para níveis insignificantes além dos limites da audibilidade humana, enquanto as tábuas verticais recentemente introduzidas na linha de transmissão, simultaneamente, reduzem a turbulência no fluxo de ar de transferência, contribuindo para um som mais rápido, mais dinâmico.
GUITARRA IBANEZ SIG PAUL GILBERT | FRM 150 www.equipo.com.br A Ibanez tem o prazer de apresentar a mais nova obra-prima assinada por Paul Gilbert, a FRM150. Com corpo em Mahogany, escala em Rosewood, a FRM150 apresenta braço em Mahogany/Maple colado para maior sustain e conforto ao tocar. Equipada com captação DiMarzio® Air Classic™ no braço e DiMarzio® Area 67™no meio e Ponte Tight Tune com Tailpiece, que proporciona melhor transferência da vibração da corda sem indesejados movimentos. Outras características incluem: Controles de Volume e Tone, Chave seletora de 5 posições, Cordal Tight-tune, e Hardware cromado.
MICROFONES MOTIV www.shure.com A Shure anunciou hoje que já estão disponíveis para entrega os produtos digitais MOTIV™, uma nova linha de microfones ideais para quem deseja capturar áudio de alta qualidade em gravações vocais ou acústicas, podcasts, vídeos para o YouTube, gravações em campo e muitas outras situações. De fácil utilização, os produtos MOTIV incluem quatro novos dispositivos com certificação Apple MFi (compatíveis com iPhone, iPod e iPad), sendo três microfones condensadores e uma elegante interface de áudio digital que se conectam diretamente a qualquer dispositivo iOS sem a necessidade de adaptadores ou kits de conexão adicionais. Compõe também a família MOTIV o microfone de lapela condensador omnidirecional MVL. Os microfones digitais e a interface digital MOTIV da Shure oferecem modos DSP pré-definidos, que podem ser selecionados pelo usuário para garantir uma qualidade de som excelente em qualquer aplicação. Projetados para oferecer gravação digital a usuários que buscam melhor qualidade de áudio, os modos pré-definidos da linha MOTIV – fala, canto, flat, instrumento acústico, som alto – configuram os parâmetros de áudio nos bastidores para que tudo saia perfeito em cena. Ao utilizar os modos pré-definidos para especificar o que está sendo gravado, os equipamentos ajustam automaticamente o processamento de áudio para otimizar os parâmetros de ganho, equalização e compressão, garantindo sempre as melhores gravações.
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Especializada em Ibanez Prestige
CONTROLADOR MIDI PARA TECLADOS PARA MAC E PC
A Musitech torna-se agora um Ibanez Dealer Prestige, ou uma loja referência onde o consumidor entusiasta ou mesmo apaixonado por Ibanez poderá encontrar seu modelo Ibanez Prestige favorito. Dessa forma, a Equipo passa também a ter uma área especial no site, um hotsite com as principais infor-
Os músicos usuários de Mac ou PC têm agora uma solução completa e acessível para criar música com 3 novos controladores MIDI USB, que possuem tamanho extremamente compacto e portátil: o iRig Keys 25, iRig Keys 37 e iRig Keys 37 PRO, da IK Multimedia. Esses três produtos foram desenvolvidos tendo em mente os usuários de telefones Mac e PC. Cada um oferece um tipo diferente de layout e de tamanho de teclado. O iRig Keys 25 vem com 25 mini-keys, o iRig Keys 37 vem com 37 mini-keys e o iRig Keys 37 PRO vem com 37 fullsized keys. Todos três vêm com as características completas e controles requeridos para uma performance superior.
mações da loja e os modelos Prestige disponíveis Ibanez Dealer Prestige com seus links de compra direto. O site também é adaptável aos diferentes formatos de telas desktops e dispositivos mobile como tablets e smartphones, facilitando a consulta e aquisição também por e-commerce.
D&B AUDIOTECHNIK CELEBRA... JORGE & MATEUS GANHAM SELO COMEMORATIVO PELOS 10 ANOS DE CARREIRA
...sucesso na PLASA O time da d&b audiotechnik e parceiros de vendas da empresa, aproveitaram a oportunidade durante a Plasa, em Londres, para esclarecer dúvidas e falar sobre os novos produtos lançados da VSeries. Os modelos V7P e V10P foram nomeados durante a feira com um título de Inovação. De acordo com o gerente comercial da empresa Gianni Abruzzese, as 3 vias passivas dos modelos dão um controle excepcional de diretividade com uma saída alta. Os visitantes também puderam conferir a performance do modelo V7P no stand da d&b, que colocou à mostra um cabinete sem as laterais onde dava para ver a seção mid rage no interior da caixa.
Como parte do Programa de Desenvolvimento Profissional da feira, Steve Jones ministrou um seminário intitulado ‘público encantado. Vizinhos felizes’ focado em maneiras de reduzir o ruído externo, mantendo níveis eficazes para as áreas de audição. Adam Hockley, também da equipe d & b de Educação e de suporte de aplicações apresentou uma sessão que explorou o controle de diretividade de matrizes de linha. Os participantes foram apresentados ao d&b Array Processing, que aumenta o desempenho dos sistemas de line array V e Y-Series. Esta nova ferramenta de software é parte da simulação do software ArrayCalc, disponível para download no dbaudio.com
A dupla sertaneja Jorge & Mateus ganharam um selo personalizado dos Correios comemorativo aos aniversário de 10 anos da dupla. A cerimônia foi em Itumbiara (GO) onde os cantores apresentaram o show especial ‘Jorge & Mateus em Casa’. Um dos destaques da apresentação. O selo traz uma foto dos artistas com a marca dos 10 anos em destaque, ao lado de 12 imagens que retratam a cultura e as belezas naturais de Goiás. Foram emitidas 1.001 folhas, totalizando 12.012 unidades.
SOLIDARIEDADE Em outubro, aconteceu um encontro solidário entre os LDs, em Santa Catarina. Cada um dos cerca de 60 participantes do workshop doou um quilo de alimento e um brinquedo. O objetivo é levar o evento beneficente para outros lugares.
BANDA SÓRIA LANÇA O CLIPE DA MÚSICA DIVERSÃO A Banda Sória, de pop rock, formada há cinco anos pelos integrantes Digão (vocalista), Rogério Oliveira (guitarrista), Dani (baterista) e André Fernandes (baixista), lança hoje (09.10) em seu canal do Youtube o clipe oficial da música Diversão. Gravado na cidade de Bragança Paulista, o vídeo conta a história de uma pessoa que se viu presa ao mundo da ilusão e após cair “na real” deixou tudo para trás decidindo fazer da sua vida uma diversão e seguir em frente.
TREINAMENTO A TELEM está com inscrições abertas para a segunda turma de treinamento de controle básico e intermediário de uma das principais mesas de controle de iluminação do mercado: a ION, da ETC. O treinamento será em novembro, em São Paulo, e haverá entrega de certificados. As vagas são limitadas. Inscrições e outras informações com Luciana Gutierrez pelo e-mail luciana.gutierrez@telem.com.br
TREINAMENTO EM ALTO FALANTES
Aconteceu no dia 21 de outubro, no Recreio dos Bandeirantes, na capital do Rio de Janeiro, a Apresentação de Produtos e Dicas Técnicas dos produtos da Eros Alto-falantes. A apresentação foi feita pelo consultor técnico da Eros, Tiago Campos, e contou com a participação de mais de sessenta profissionais do mercado automotivo. Este treinamento vai percorrer as principais cidades do Brasil.
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FÓRUM E EXPOSIÇÃO - PARCERIA IATEC E SESC
Nos dias 13, 14 e 15 de outubro foi realizado no SESC de Jacarepaguá o 3º Fórum Profissão Entretenimento, uma parceria entre o IATEC e o Espaço Cultural Escola SESC, com palestras, premiação e expo-
sição de produtos. Nos três dias do evento foram apresentadas 15 palestras que englobaram o universo dos espetáculos, da produção musical, da indústria do áudio visual e da legislação dos incentivos fiscais à cultura;
além de uma exposição de produtos para áudio profissional e também demonstrações de lines array no estacionamento. O encerramento culminou com a entrega do prêmio Profissão Entretenimento.
VENCEDORES DO PRÊMIO PROFISSÃO ENTRETENIMENTO 2015 Técnico de Iluminação em Teatro (Franciso Rocha) • Lighting Designers e Técnicos de Iluminação (Thomas Hieatt) • Produtor de Eventos (Maria Helena Faveret) • Produtor de Shows & Festivais (Álvaro Nascimento) • Tour Manager (William Oliveira) • Roadie (Michel Menezes) • Produtor Musical (Daniel Figueiredo) • Técnico de Gravação (Flávio Senna) • Técnico de Estúdio (Vânius Marques) • Técnico de Show ao Vivo (Vânius Marques) • Operador de Câmera (Natan Oliveira) • Diretor de Fotografia (Ricardo Fujii) • Editor de Vídeo (Isabella Correa) • Roteirista e Técnico de Captação de Áudio (Jocimar Cardozo)
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GUSTAVO VICTORINO | www.backstage.com.br 20
de bar tamanho era o volume de informações e curiosidades. Miéle foi um show no palco e fora dele.
TAMBÉM LÁ
A crise moral e política que atinge o país começa a ser ignorada pela economia e aos poucos o mercado mostra leves sinais de oxigenação com estabilização das vendas e o fim do pânico. Mesmo mais lentamente, a roda do mercado segue girando e aos poucos os números indicam uma retomada que justifica novos projetos de curto e médio prazo. Parece que o resto do Brasil sempre encontra um jeito de se adaptar às barbaridades que fazem em Brasília.
A Music China 2015, em Shanghai, também acusou o golpe da desaceleração da economia global. Apesar do gigantismo e heterogeneidade, os números finais do evento indicaram uma estabilização das vendas em relação aos dois últimos anos. Nos bastidores, a crise atinge marcas mundiais famosas e a pulverização feriu de morte algumas grifes até então inabaláveis. Anote, nos próximos 5 anos, pelo menos 3 das maiores marcas do planeta poderão ser varridas do mercado e virar cult.
VOLTARAM À CARGA IMPOSTOS O Projeto de Lei que tramita no Congresso Nacional propondo a redução de impostos para instrumentos musicais vem sendo totalmente ignorado pelo segmento mais interessado na sua aprovação. Músicos, fabricantes e importadores nunca moveram um dedo para pressionar as autoridades a aprovar uma proposta que, em efeito cascata, reduziria o preço dos instrumentos musicais em quase 30% no comércio brasileiro. Em países de primeiro mundo, o instrumento musical é tratado como fomento de cultura e tem impostos reduzidos ou zerados por conta de sua importância na educação de um povo. Ou alguém se mexe ou passo a desconfiar que por aqui a carga tributária não é problema e sim pretexto. O segmento automobilístico é uma prova disso.
MIÉLE Com a morte de Miéle, perdemos parte da nossa história musical. Ninguém sabia tanto dos bastidores da bossa-nova quanto ele. Conversei muitas vezes com Miéle na Festa Nacional da Música, em Canela, e a conversa entrava noite a dentro. Dava vontade de gravar o papo
Os políticos ainda não desistiram de meter a mão no ECAD, e os queixosos de sempre ajudam isso ao seguir não apresentando alternativas ou propostas para novos rumos. Parece que reclamar e destruir continua sendo mais fácil que criar ou propor soluções.
SELETIVA As rádios musicais passam por uma brutal mudança de paradigma por conta do avanço da tecnologia e da audiência seletiva que isso impõe. Apesar de sua força como mídia de massa, essas emissoras musicais perdem números de audiência absoluta por conta do processo de universalização das mídias instantâneas cada vez mais acessíveis e baratas. Quem ouve música hoje, ouve apenas o que quer e não se sujeita ao emaranhado oferecido pela programação das rádios e o humor ou gosto dos seus programadores. Downloads fáceis, armazenamento e equipamentos cada vez mais completos e acessíveis estão forçando as emissoras com esse perfil a buscar alternativas para “segurar” o ouvinte. E isso deixou de ser apenas opção e passou à única alternativa necessária para sobrevivência.
GUSTAVO VICTORINO | VICTORINO@BACKSTAGE.COM.BR
BOND ! ... JAMES BOND O bom e velho James Bond já não é mais o mesmo na arte de promover as trilhas dos seus filmes. Fazer parte de uma aventura do famoso agente inglês sempre foi garantia de sucesso e perenidade para qualquer música. A má qualidade das últimas trilhas, entretanto, tem jogado isso por terra. Alguém aí lembra das músicas dos últimos 3 filmes de James Bond? Já os temas clássicos de Goldfinger, Live And Let Die, Dr. No, Octopussy, ou até mesmo a imortal música tema do personagem composta por John Barry parecem integrados definitivamente na memória musical dos fãs.
QUALIDADE Os números dos órgãos brasileiros de defesa do consumidor mostram um coeficiente cada vez menor de reclamações em relação a produtos manufaturados. Dados apurados pela NAMM (Associação que reúne os fabricantes americanos) e Japão também apontam essa mesma tendência no segmento de instrumentos musicais. Cada vez mais a garantia é respeitada e o acabamento dos produtos é depurado. Tudo isso para evitar os prejuízos decorrentes de trocas ou consertos que extrapolam as margens de lucro. Mesmo longe do ideal, seja ele qual for, as empresas entram numa nova era de qualidade e cuidado na fabricação e montagem de seus produtos. Ponto para o consumidor.
TERROR Mesmo não admitindo, o governo brasileiro tem consciência de que se for solto, ou seja, sem as constantes intervenções do Banco Central queimando nossas reservas, a moeda americana pode chegar facilmente a 5 por 1 em poucos meses. E isso é um verdadeiro filme
de terror que o mercado se recusa a assistir. Dólar nessa altura seria uma pá de cal para mais de um terço do segmento.
CAINDO O preço dos aluguéis dos estádios para grandes shows musicais está caindo. As arenas multiuso construídas ou reformadas em todo o país precisam de público para sua subsistência. Tanto clubes quanto o poder público têm consciência disso e atrair esses eventos é tábua de salvação para muita gente.
SOM AO VIVO Li algumas críticas ao som do Rock in Rio e fiquei indignado com a desinformação dos “críticos de Google” que habitam espaços nobres na mídia. Reclamaram da qualidade do som da transmissão televisiva chegando ao absurdo de comparar com os “shows ao vivo” vendidos em DVDs. Meu Deus, quanta desinformação...! Será que não sabem que os trabalhos editados passam por pós-produção, edição digitalizada e até regravação de partes mal captadas? Comparar o som de uma transmissão ao vivo com um trabalho editado é de uma burrice mastodôntica. E esses caras ainda querem suas opiniões respeitadas. Fala sério...
REVERSÃO A inadimplência que assola o segmento parece ter entrado num processo de reversão. Enquanto poucos comerciantes aceleraram maldosamente contra o muro ao se capitalizar diante das dificuldades, a grande maioria começa a tomar fôlego e renegociar atrasados. Mesmo prevendo um final de ano mais contido nas vendas, as faturas em atraso perdem força nas carteiras de crédito da maioria das empresas.
AMÉM A onda dos padres cantantes criou um interessante filão no mercado fonográfico brasileiro. Os chamados “carismáticos” usam a força da prece em suas letras e a exemplo dos evangélicos, evitam temas polêmicos ou conotações políticas. Jovens, bonitos e de competência vocal duvidosa, os religiosos conquistam fãs católicas e idosos de todos os credos. Depois do pioneiro Marcelo Rossi, do galã Fábio de Melo e do divertido Zezinho, chegou a vez do padre sertanejo Alessandro Campos vender discos como água.
IMORTAL Acredite, o jabá ainda existe. Convertido em mídia e devidamente legalizado, o mecanismo de “comprar” espaço para divulgar artista nunca morreu. Antes afeto quase que exclusivamente ao rádio, o hábito se disseminou por todas as mídias de massa. Tem até blogueiro “vendendo” opinião.
DISPLICÊNCIA Por força de lei em alguns países, a maioria dos instrumentos de corda vem acompanhados de um pequeno cabo com plugues P10. Confeccionados em plástico injetado, sem soldas e com baixa qualidade, o acessório serve apenas para cumprir a exigência legal. Usar esses cabos profissionalmente ou em palco para shows ao vivo é um risco que ninguém deve correr. Mais cedo ou mais tarde vira ruído ou mudez constrangedora.
FESTA NACIONAL DA MÚSICA No mês que vem eu conto tudo o que aconteceu em Canela, durante o maior encontro da música brasileira, no final de outubro.
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PLAY REC | www.backstage.com.br
DANIELLI MARINHO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR
O CANTO DA SEREIA Regina Benedetti Em seu primeiro trabalho, Regina Benedetti encanta os ouvintes com canções que vão do gingado dos terreiros da Bahia ao som raiz da bossa-nova carioca. O resultado é um CD com músicas que atravessam o universo multicultural e plural brasileiro. O canto da Sereia traz 12 faixas, entre elas Menininha do Cantuá, Terra Pequena, Samba de Criolo e Iara. Produzido por Toni Giannini, com arranjos e direção musical de Amador Longhini Junior e participação especial de Mario Manga em Terra Pequena, o CD foi gravado, mixado e masterizado no Estúdio Guaruba, em São Paulo.
CORES DO BRASIL Dá no coro Após dois longos anos de produção, desde quando entusiasmaram platéias multinacionais nos festivais franceses de arte vocal, Polyfollia, Choralp e Choralies, o grupo carioca Dá no Coro volta ao cenário musical brasileiro com lançamento nacional do novo disco Cores do Brasil. O novo álbum, com repertório autenticamente brasileiro e arranjos elaborados exclusivamente para o grupo por maestros especializados - André Protasio, Augusto Ordine, Flávio Mendes, Paulo Malaguti Pauleira, Zeca Rodrigues e Kodiak Agüero - reflete a total sinergia e vibração das apresentações ao vivo, somando às dezoito vozes o violão de Maurício Teixeira, as percussões de Jonas Hammar e o contrabaixo de Pedro Sabino, além da participação especial dos percussionistas Marciano Silva, Mauro Ferreira e Naife Simões. O repertório faz jus à diversidade cultural e rítmica brasileira por meio da releitura de preciosidades do cancioneiro nacional, como Água de Beber (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), Lua Girou (Folclore Brasileiro da região de Beira-Rio, Bahia), Casa Forte (Edu Lobo), Caxangá (Milton Nascimento e Fernando Brant), entre outros.
VANUSA SANTOS FLORES Vanusa Nesse início de outubro chega ao mercado Vanusa Santos Flores, o álbum que marca a retomada da cantora e compositora Vanusa, há cerca de vinte anos afastada dos estúdios. O trabalho também será lançado no formato digital. No dia 16 de outubro entra em pré-venda no iTunes e no dia 23 estará disponível em todas as plataformas digitais. Com produção de Zeca Baleiro para o seu próprio selo, Saravá Discos, o disco tem o nome de batismo da cantora, Vanusa Santos Flores, e traz canções de Angela Ro Ro, Vander Lee, Zé Geraldo, Zé Ramalho, além de parcerias de Vanusa com Antonio Luiz e Luiz Vagner (Tapete da Sala) e Zeca Baleiro (Tudo Aurora), entre outros. Vanusa Santos Flores tem projeto gráfico de Elifas Andreato, o mago das capas de disco no Brasil.
LOOKING BACK Alfredo Dias Gomes Foi ouvindo Chick Corea, Billy Cobham, The Brecker Brothers, Larry Coryell, Stanley Clarke, Weather Report e Miles Davis que Alfredo Dias Gomes iniciou sua relação com as baquetas. E foi durante uma apresentação de Chick Corea no Brasil, em 2014, que veio o desejo de resgatar suas memórias musicais. Looking Back é literalmente um olhar para trás por meio de composições que influenciaram o seu trabalho. Nesse álbum, o baterista revisita os sons de sua adolescência acompanhado por instrumentistas de primeira linha: Yuval Ben Lior, Lulu Marin, Wido Santiago, Marco Bombom, Rogério Dy Castro e Augusto Mattoso. O CD conta ainda com a participação especial de Serginho Trombone, David Fedman e Guilherme Dias Gomes. Gravado e mixado no ADG Studio, Looking Back é o primeiro álbum não autoral de Alfredo Dias Gomes e o sexto de sua carreira.
DANIELLI MARINHO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR
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ESPAÇO GIGPLACE | www.backstage.com.br
‘backstage’ DEMIL SON NUNES M O T O R I S TA D E C A M I N H Ã O Em mais uma entrevista desta série, onde procuramos conversar e saber um pouco mais das profissões que estão por trás do backstage das produções musicais, trazemos um batepapo com Demilson Nunes (Borracha), motorista de caminhão. Ele é responsável por levar e trazer intactos instrumentos e equipamentos das bandas pelo Brasil afora.
redacao@backstage.com.br Fotos: Arquivo Pessoal / Divulgação
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igplace – Demilson, o que você fazia antes de trabalhar como motorista de bandas, qual a sua formação? Demilson - Tenho o primeiro grau completo e comecei muito cedo a ajudar meu pai, que era borracheiro, por isso até o apelido de Borracha. Desde então trabalhei com mecânica e ajudante de oficina. Com 18 anos comecei a me profissionalizar como caminhoneiro. Trabalhei para várias empresas de setores variados como Villares elevadores, Ofner, entre outras. Gigplace - Uma pergunta que pode parecer boba, mas num país grande como o nosso faz um certo sentido. Qual a diferença entre o caminhonei-
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ro “normal” e o que dirige para bandas? Demilson - As maiores diferenças estão nos horários a serem cumpridos, e a responsabilidade com o transporte de material de um show inteiro. O caminhoneiro normal segue regras de horários, pausas, almoço e tempo máximo ao volante por dia. Nós não temos essas regalias. Precisamos entregar o material no horário combinado ou previsto, e para isso às vezes ficamos sem dormir, sem comer e sem descansar. Por várias vezes transportamos equipamentos caros por
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Profissões do
O caminhoneiro normal segue regras de horários, pausas, almoço e tempo máximo ao volante por dia. Nós não temos essas regalias.
vantagens neste tipo de transporte que não há nos caminhoneiros normais. Até o frete é cobrado com maior valor. rodovias perigosas em horários conhecidos por ações de criminosos. Várias vezes precisamos agendar uma escolta para nos acompanhar até um determinado trecho, como a saída do Rio de Janeiro pela madrugada, a fim de cumprir os prazos, quase sempre apertados. Gigplace - Como foi o seu inicio no backstage, como surgiu o primeiro convite para transportar backline? Demilson - Há uns 10 anos, um amigo que já lidava com transporte de bandas me indicou a um fornecedor deste tipo de logística para bandas, e desde então trabalho com isso. Vejo
Gigplace - Como é o dia a dia na estrada e qual a sua rotina entre um show e outro? Demilson - A rotina é regrada pelos horários aplicados pelo produtor técnico para que eu possa me programar para a viagem. Muitas vezes sou consultado pelo produtor técnico sobre a distância e tempo entre dois trechos que podem ou não viabilizar o show. No nosso caso atual (transportando o backline para a cantora Maria Rita) nosso cenário só pode ser levado de caminhão, isso restringe o transporte aéreo e o tempo entre os locais e cidades. Nosso produtor técnico, o Julian Conde segue uma regra de horários em que, por exemplo, para calcular o tempo de chegada no local do show seguinte, deverá sempre ser antes do meio dia.
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Os maiores e mais conhecidos problemas são as péssimas estradas que encontramos fora do eixo das grandes cidades, além dos perigos de assalto, roubo e similares. Acidentes e trechos em obra muitas vezes requerem um planejamento maior para que não haja atraso na entrega do equipamento na próxima cidade.
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Além deste horário o tempo fica curto e a margem de erro e imprevistos como acidentes rodoviários e problemas mecânicos aumenta muito, e não corremos este risco. Se é possível fazer, mesmo que me sacrificando sem dormir ou parar quantas vezes deveria, nós, como equipe, assumimos a viagem e o show. Quando exige mais que isso, ou os horários não batem com as necessidades do dia do show, não há como fazer. O cenário ideal do dia a dia é chegar no destino, poder descarregar o material e recuperar o sono e o corpo até o próximo frete. Mas a idade chega para todos nós, e o corpo já não aguenta mais tantas horas sem dormir ou comer. Gigplace - Quais os maiores problemas ou contratempos que você passa nas estradas por esse Brasil afora? Demilson - Os maiores e mais conhecidos problemas são as péssimas estradas que encontramos fora do eixo das grandes cidades, além dos perigos de assalto, roubo e similares. Acidentes e trechos em obra muitas vezes requerem um planejamento maior para que não haja atraso na entrega do equipamento na próxima cidade. Imprevistos mecânicos acontecem, por mais cuidadoso que eu seja com meu veículo, aliado ao meu conhecimento de mecânica. Sempre tento manter a revisão em dia, prevendo desgastes de peças prematuramente, bem como de pneus e demais itens. Até hoje só houve um caso em que tive um problema mecânico e não pudemos entregar o show a tempo. Houve uma quebra do cabeçote do motor, era num sábado, longe de qualquer concessionária. Gigplace - Ainda falando em problemas, as casas de shows, eventos e festivais pensam na logística de carga e descarga das bandas? Demilson - As grandes casas de shows no Brasil têm em quase toda sua maioria um bom acesso de carga, com rampas. Existem algumas casas que são feitas em shoppings centers que não facilitam nossa vida, tendo às vezes que atravessar vários andares com o equipamento,
longas distâncias e na maioria das vezes em horário restrito. Este tipo de carga pode-se perder material no caminho e gerar atrasos no cronograma. Quando se tem uma boa produção técnica, podemos contar que isso será contornado da melhor maneira possível, como aumentando a quantidade de carregadores, ou contratando um carro menor para baldeação, ou ainda fazendo a descarga do material com tempo de sobra, muitas vezes no dia anterior ao show. Basta planejamento e conhecimento das casas e locais de show por parte de nossa produção técnica. Gigplace - Ultimamente temos ouvidos muitos casos de roubos de cargas na área de shows. Quais os cuidados que você toma quanto a sua segurança e a da carga? Demilson - Os meus cuidados são vários. Nunca comento na estrada sobre a carga transportada, meu caminhão não possui nenhuma identificação externa de banda, nunca dou carona sob nenhuma hipótese, parar para refeições e abastecimento em locais conhecidos e de boa visibilidade do veículo estacionado. Sempre é prudente programar na viagem as paradas exatas em locais seguros, assim não há surpresas. Locais de descanso também precisam estar programados, se o cronograma permitir. Tenho também uma boa tranca do baú, com alarme a distância e monitoramento 24 horas do veículo por satélite. Gigplace - No exterior as regras quanto a jornada de trabalho são bem rígidas, por volta de dez horas no máximo, com períodos de descanso de 45 minutos a cada 4 horas. Como é o procedimento aqui no Brasil? Demilson - No Brasil foi criado agora a lei do caminhoneiro (Lei 13.103 / 2015), que diz que o caminhoneiro deve dirigir 4 horas e descansar por 30 minutos, uma hora de almoço e doze horas máximas de trabalho por dia. Ainda não há fiscalização desta lei nas estradas, e pelo meu conhecimento
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Demilson - Meu sonho no Brasil é o caminhão Scania Opticruiser 310. Mas vejo sempre os lindos caminhões americanos como o Peterbilt, Freightliner e Kenworth, que nunca
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não haverá tão cedo. Esta lei vai contra o nosso trabalho de transporte de bandas, pois temos horários a cumprir que, com estas regras, não seria possível.
Os meus cuidados são vários. Nunca comento na estrada sobre a carga transportada, meu caminhão não possui nenhuma identificação externa de banda
Gigplace - Como profissional atuante no mercado do entretenimento o que ainda incomoda você no dia a dia do trabalho? Demilson - O maior problema é o horário, a carga horária. A falta de sono e descanso prejudica muito nossa rotina e o perigo de não estar 100% apto para pegar uma longa estrada. Fazemos sempre o trabalho com foco, esforço e fé. Tem ainda a concorrência de preços de outros fornecedores, mas no meu caso, sou consolidado pela produção e o transporte é sempre comigo, sem concorrência. Isso é uma segurança rara neste meio. Gigplace - Todos nós temos na carreira um momento de terror, de mico ou super engraçado. Você teria algum causo que possa nos contar? Demilson - Momento de terror é quando assumimos um compromisso de viagem como fazer 2 mil km em 30 horas, não sabendo o que vamos encontrar de acidentes, imprevistos e perigos. A graça nisso é quando encontramos a equipe e podemos dar boas risadas juntos. Gigplace - No áudio todos falam das mesas, na luz é sobre o último moving light no mercado e por aí vai. Qual o sonho de consumo para um motorista?
veremos por aqui. São caminhões com um legado, uma construção excelente e fazem o nosso trabalho mais fácil. Um dia quem sabe ainda dirijo um desses. Gigplace - O que ainda falta ao Demilson para ser um profissional ainda melhor? Demilson - Um incentivo do governo, uma facilidade maior para que possamos adquirir caminhões melhores sem nos endividar por anos. O preço de um caminhão zero km é proibitivo, principalmente para o profissional autônomo. Poderia ser mais fácil ter uma ferramenta melhor de trabalho. Gigplace - Quais são os seus planos, o que o planeja fazer daqui a 10 anos? Demilson - Quero estar dormindo, recuperando meu sono! Mas espero poder trabalhar bem menos, e curtindo um pouco mais a vida e os amigos. Quem sabe! Este espaço é de responsabilidade da Comunidade Gigplace. Envie críticas ou sugestões para contato@gigplace.com.br ou redacao@backstage.com.br. E visite o site: http://gigplace.com.br.
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Realizar um megafestival do porte do Rock in Rio é consenso entre todos que, além da técnica, é necessário muito conhecimento e expertise. Na edição de comemoração dos 30 anos, assim como no primeiro festival, em 1985, a Gabisom (que sonoriza o Rock in Rio desde a 3a edição em 2001) ficou responsável pelo som dos palcos Mundo e Sunset, por onde passaram ícones do rock como Queen, Rod Steward e Elton John, além de Rock Street, Tenda Eletrônica e Street-Dance. redacao@backstage.com.br Fotos: Ernani Matos / Leonardo C. Costa / Roberto Rego / Marcos Hermes / Divulgação
Rock in A C N U N E U Q O D M A I S D I G I TA L
H
á trinta anos, não existia line array, nem fibra ótica, nem softwares que ajudassem no alinhamento dos sistemas de sonorização nos grandes shows. No entanto, alguns estudos indicam que o conceito já estava pronto, aguardando a tecnologia que três décadas depois seria usada e abusada. Eletrônica digital, aperfeiçoamento dos algo ritmos dos softwares, desenvolvimento da fibra ótica, foram alguns dos avanços que contribuíram para essa evolução sonora no festival. Na edição de 2013, a Gabisom já havia trazido como novidade o controle dos amplificadores via softwares. Para a edição 2015, novidades foram manter o
audio no domínio digital, desde a primeira conversão, até a saída dos amplificadores. “O PA teve basicamente a mesma configuração de 2013, apenas maior nas laterais, e mudou a montagem dos subwoofers do chão para Di-polar. É um conceito antigo está voltando a se utilizar hoje. Nessa montagem, são duas colunas de subs uma de frente para a outra, explica Peter Racy, engenheiro responsável da Gabisom.
NO ÂMBITO DE GERENCIAMENTO... ...de sinal, também houve mudança. O sistema do Rock in Rio exige uma complexa matriz de endereçamento e
Rio
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ANOS
manipulação de sinais, para oferecer a flexibilidade de utilização dos recursos do sistema. Assim, proporcionamos a cada operador, a escolha de utilizar o sistema da forma que preferir. Há um verdadeiro cardápio de modos diferentes que podemos disponibilizar. Para isso foi incorporada como mesa master, uma SD-7, da Digico. Com ela, o gerenciamento do sistema ficou mais seguro, mais exato, mais flexível e mais rápido, agregando também a limpeza da transmissão de sinais via fibra ótica, que levam a grande quantidade de sinais para o palco. “Desta ma-
neira, eles partem da console do artista digitalizados passam pela mesa master ainda digitalizados, vão até o processador/ amplificador ainda digitalizados e só viram analógicos novamente quando saem do amplificador, para o altofalante. Com isso, estamos evitando multiplas conversões e re-conversões AD/DA. Outra novidade de peso nesta edição, foi o uso de um novo PA no palco Sunset. O MLA da Martin Audio. Trata-se de um sitema line-array Multi-Celular. Com sofisticadíssimos algorítimos e muito DSP, este sistema reune qua-
lidade excepcional com rendimento acima do normal. Contribuiu muito para amenizar os efeitos negativos da house-mix estar situada a 86m do palco, dando a impressão de se estar a apenas 40m, devido ao controle de diretividade vertical proporcionado pelo Software, e os 6 canais de amplificação e DSP embutidos em cada caixa.
SISTEMA Na edição 2015, a opção foi pelo mesmo VTX V-25, da JBL, usado na edição passada (2013). Esse sistema tem como características as novas tecnologias incorporadas,
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A configuração do sistema também permaneceu igual às outras edições do festival, incluindo a de 2013, onde cada PA é formado por três colunas, uma denominada Banda, outra de Sub, e uma terceira, chamada de Voz
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Configuração de line igual à edição anterior
como componentes de alta capacidade, novos presets, nova amplificação (Crown I-tech 12000 HD) e amplo gerenciamento e monitoramento, oferecido pelo software Performance Manager da Hi-Q Net. Assim como na edição 2013, foram oferecidas diversas maneiras de se utilizar o sistema, de forma que se alguém tivesse dificuldade em criar outra mix independente para voz, pudesse optar por um dos outros esquemas. A configuração do sistema também permaneceu igual às outras edições do festival, incluindo a de 2013, onde cada PA é formado por três colunas, uma denominada Banda, outra de Sub, e uma terceira, chamada de Voz. Assim, os técnicos podiam ainda trabalhar com uma dessas opções.
Torre de delay do
Palco Mundo
DELAYS Cada uma das 10 torres de Delay utilizaram 6 Norton LS-8 e os monitores foram todos d&b M-2. Já os sidefills foram d&b J8, 6 por lado. O nível médio de pressão sonora que chegava à house mix era entre 105 a 110 dB SPL, lembrando que o sistema tinha os ganhos dos setores mais próximos, progressivamente atenuados, de modo a manter a uniformidade da pressão em toda a área de público.
PALCO SUNSET Ganhando notoriedade no festival, o Palco Sunset definitivamente é uma atração à parte no Rock in Rio. O espaço, que atualmente funciona quase como um festival independente, tem se destacado a cada edição, não só por conta das atrações, dignas de Palco Mundo, mas pela qualidade e potência sonora fornecidas.
Novidade nesta edição: configuração dos subs. Os arranjos ficaram um de frente para o outro
foi péssimo. Ao menos desta vez eles centralizaram”. Ainda de acordo com Kuaker, um ponto que lhe acaba sendo positivo na hora da mixagem é o fato do for-
mato da banda ser enxuto. Um violão, bateria e duas vozes. “Quando se tem muitos elementos, tem que montá-los como ‘puzzle’, é uma questão de frequência. Com poucos
Sistema Martin no Sunset com caixas MLA
Para a edição de 2015, o Palco Sunset trouxe o sistema novo da Martin Audio, as caixas MLA, que deu muito o que falar entre os técnicos de som dos artistas que se apresentaram, seja pelo distanciamento da house mix – a cerca de 60 metros do palco – ou pela inevitável ventania que, eventualmente, assolava a Cidade do Rock. Para tanto, entre os dias 26 e 27 de setembro, a equipe de reportagem da Backstage bateu um papo com alguns dos profissionais do áudio que por lá passaram e traz, a seguir, um breve ‘raio-X’ de como foi o trabalho de sonorização na ocasião.
TÉCNICOS De acordo com Michel Kuaker, técnico de som do Brothers of Brazil, o novo sistema da Martin atendeu bem às necessidades, apesar do posicionamento da house mix. “O maior problema da maioria dos grandes eventos é o lugar onde fica a house. O PA ficou bem distante, e na última vez que fiz o Rock in Rio, a house mix estava de lado, o que
Ian (Digico), Éder e Peter (ambos da Gabisom)
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Sistema da Martin Audio, com as caixas MLA no palco Sunset
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Foi uma grande surpresa, pois cada artista queria fazer o show da vida! Compreensível, devido à dimensão do festival e o alcance empresarial e midiático que ele propõe.
elementos, posso deixar tudo notável, o violão bem presente, os tambores da bateria grandes, o bumbo grandioso, para suprir a falta de baixo”, explica ele que justifica o encorpado som do instrumento, para cobrir o espectro do grave nas caixas. Desde 2008 com o Brothers of Brazil, o técnico, que já atuou em outras edições do festival, inclusive em Lisboa, Portugal, aponta algumas das dificuldades de trabalhar com diversos elementos em palco, dentre elas, a monitoração de tudo. “Em show solo, se pode ser mais minucioso. Em festival é complicado, devido ao tempo de entrega de tudo. Não há espaço para passagem de som! Descarreguei minha cena – usei o virtual soundcheck – e em cerca de 5 minutos, já tinha sido feito o line check. Passei duas músicas com PA aberto para verificar, e foi... É complexo ser detalhista”. Para Flavio Decaroli e Jorge Dias, técnicos de som responsáveis pelo show Erasmo Carlos e Ultraje à Rigor, a co-
bertura do PA foi impressionante e fatores como timbre e ajuste do processamento das caixas foram destaques do sistema de som, apesar, segundo eles, da falta de subs que acompanhassem a pressão e cobertura flay PA.
Técnicos estrangeiros no palco Sunset
“Infelizmente, nunca havia trabalhado com o sistema da Martin Audio, mas o achei versátil e com enorme rendimento. Estou há 10 anos com o Ultraje, e esta é minha primeira vez no Rock in Rio. Na abertura desta edição, atuei com o Titãs no Palco Mundo. Estar no festival é uma oportunidade de ver e ouvir o que estão usando de última geração no mundo. A maioria das bandas estrangeiras traz seu próprio backline”, diz Decaroli, responsável pelo som da banda no palco. “A notícia de que o show seria Ultraje e Erasmo foi confirmada apenas um dia antes da apresentação no festival, quando os dois foram para estúdio de ensaio. De
Consoles Venue também na house mix do palco Mundo
um lado o Ultraje, com monitores, side e amplificadores, atingindo 127 decibéis. Do outro, Erasmo e sua banda, que só utilizaram earphones. No PA, cada técnico com seu console somando-os no processador, ou seja, um não tinha contro-
le sobre o console do outro. Daí pode-se imaginar as dificuldades! Não tivemos tempo de passagem de som, devido ao atraso das bandas anteriores, passei o som sem o baixo, pois trocaram a via do canal do multicabo só para o palco. No ou-
Esquema de iluminação
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DiGiCo recebendo sinal digital dos processadores
tro dia, ao assistir a gravação da transmissão do show, percebi nitidamente as dificuldades que tiveram na mixagem, mesmo tendo o controle das duas bandas na mão”. Complementando a opinião de seu companheiro de palco, Jorge Dias, que há 10 anos sonoriza Erasmo Carlos, aponta a ventania como um dos desafios para a realização de seu trabalho na ocasião. Ele afirma que as altas frequências rodaram pra cima do palco, não favorecendo sua propagação. “Não sei se é o alinhamento dos parâmetros de range, ou o processamento dele, pode ser normal por conta da umidade do ar, está ventando. Existe um tempo hábil de propagação das altas frequências, daí o grave encorpa mais... Apesar disso, o sistema me satisfez. O tempo de passagem de som é pequeno pro que queremos fazer, tive que criar uma nova cena, e isso me atrapalhou. Contudo, da segunda músi-
ca do show em diante, ficou arrumado e tudo andou”. Pela primeira vez no Rock in Rio, o técnico de som de Angelique Kidjo, Patrick Murray, se disse surpreendido com o sistema de som, pois mesmo com a ventania que assolou o espaço, o PA se mostrou com bastante punch e poderoso. “Ainda não tinha trabalhado com este sistema novo da Martin. Não precisei fazer muitas mudanças nas cenas. A clareza das frequências também me surpreendeu. Não fiz virtual soundcheck, usei arquivos de outros shows, bem ao
modo ‘plug and go’”. Com impressões semelhantes à Murray, a japonesa Keiko Takeda, técnica de som do show que reuniu Sergio Mendes e Carlinhos Brown, ressalta que tudo
House mix do Sunset
Pedro Cluney (à esq.), responsável pelo Sunset
Subs no Palco Sunset
Palco Mundo e todo o sistema de lines e torres de delay
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A MLA é uma tecnologia totalmente diferente. Primeira vez que trabalho com este modelo. Pareceume bem elástico, não se mostrando específico para um estilo. A fase do sistema é impressionante, no meio da audiência, às vezes dá confusão de tão exato”
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Nesta edição, a LPL ficou responsável por toda a iluminação do RiR, incluindo as atrações roda-gigante e tirolesa
lhe pareceu claro, apesar de alguns problemas com as altas frequências, que iam e voltavam, segundo ela. “Não tenho certeza de onde era o problema, talvez devido à ventania, ou de todo o sistema”, pondera Takeda, que já havia trabalhado anteriormente com este PA da Martin. Tendo trabalhado com o sistema da Martin Audio apenas no monitor, o técnico de som da banda Suricato, Léo Almeida, destacou como pontos positivos a cobertura pro público e o timbre do PA, no total da mix inteira. Léo explana que para o estilo apresentado, folk-rock, se mostrou versátil, atendendo bem às necessidades. “Fiquei apreensivo com a participação de Raul Midón. Como seria a questão de sua mix , etc. Todavia, houve uma preocupação da banda com ensaios na semana do festival para entender a relação de volumes que ele usa, bem como a parte percussiva no violão, sua forma de cantar, tocar bongô. Acontece que nós temos aqui um público variado e o desafio é fazer um trabalho que agrade a todos. Esse é um ponto chave no PA que, às vezes, as pessoas não entendem. Você tem que ouvir aqui ‘fora’ tudo que está vendo no palco”, pondera. Segundo o técnico de som de Aurea e Boss AC, Sassá Nascimento, a cober-
tura da área foi uniforme, muito estável e bem coerente, apesar de estar a cerca de 60 metros do palco. Ele diz que diante da house mix até sua frente, talvez tenha faltado um pouco de sub que lhe pareceu curto e não saberia explicar o que pode ter acontecido. “A MLA é uma tecnologia totalmente diferente. Primeira vez que trabalho com este modelo. Pareceu-me bem elástico, não se mostrando específico para um estilo. A fase do sistema é impressionante, no meio da audiência, às vezes dá confusão de tão exato”. Com experiência no festival, Sassá que em Portugal realiza os shows de Aurea no Palco Mundo, e o último com o sistema da JBL VTX, salienta que a informação vinda das caixas da MLA fogem da linguagem típica da Martin Audio. “É um sistema descontrolado, com muito médio e grave, muita energia, mas energia descontrolada, que é incrível. Nós mixamos um disco, praticamente”, ressalta. Á frente do PA de Al Jarreu e Marcos Valle, o técnico de som Mark Deadman, mais conciso em suas opiniões, e pela primeira vez no festival, se mostrou satisfeito com o som do PA e seu bom nível de equalização.
No último dia de festival, o Palco Sunset foi local para uma homenagem aos 450 anos do Rio de Janeiro, recebendo diversos artistas, dentre eles Maria Rita, Buchecha, Léo Jaime e Alcione, que cantaram sucessos da MPB em show montado exclusivamente para o Rock in Rio. À frente do sistema de som, o técnico de áudio Leco Possolo também fez algumas considerações acerca do PA da Martin Audio. “Apesar da distância da house mix, a cobertura é muito boa. Tivemos muito vento durante o show, então as altas frequências variaram muito. A derivação do ângulo das altas é muito grande, mas chegou bem aqui. A cobertura central é bastante focada, não abre muito para as laterais, o que é bacana para diversos estilos. O tiro dele (PA) é bem longo e preciso, com uma unidade bem legal no centro”.
Equipamentos de iluminação Martin no Palco Mundo
Possolo, que trabalha no festival desde 1985, explica que num show como esse as dificuldades são inú-
meras, uma vez que trata-se de uma demanda exclusiva e têm-se a insegurança de toda equipe técnica –
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Sistema GrandMA no comando da iluminação do palco Mundo
Em show solo, se pode ser mais minucioso. Em festival é complicado, devido ao tempo de entrega de tudo. Não há espaço para passagem de som! Descarreguei minha cena – usei o virtual soundcheck – e em cerca de 5 minutos, já tinha sido feito o line check
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Iluminação no Palco Mundo
Movings da Martin usados pela primeira vez
músicos e artistas –, 52 canais ao todo e muitos microfones abertos. “Já tinha trabalhado com a Martin. Neste modelo, é a primeira vez. Me atendeu bem. Apesar da quantidade de canais abertos, houve pouca volta para o palco”.
da LPL Professional Lighting Rafael Auricchio e Caio Bertti sabiam disso desde o início, quando aceitaram o convite do Rock in Rio, para a edição de 2015, substituindo a PRG, responsável pela luz do evento em 2013. Para
ILUMINAÇÃO Assumir a iluminação de um dos maiores festivais de música do mundo não é uma tarefa fácil, e os sócio-diretores
Movings da Martin no mapa de iluminação do Palco Mundo
tanto, a LPL se preparou muito, e com bastante antecedência. O Lighting Designer escolhido pelo Rock in Rio foi Patrick Woodroffe,
Movings na iluminação para o público
mente dos headlines. Segundo ele, todos querem muita coisa, e isso foi até mais complicado do que atender o projeto incial de Terry, mesmo este com centenas de moving lights espalhados pela Cidade do Rock. “Foi uma grande surpresa, pois cada artista que-
alterando muito o que já estava programado. “Enfim, cada artista traz seu show para dentro do festival e o desafio é tornar isso possível”, enfatiza.
MAPA DE LUZ De acordo com Caio, o mapa de luz do festival veio pronto dentro da concepção de Terry e Patrick, que focaram em equipamentos usados
da empresa Woodroffe Bassett Design, e Terry Cook, um de seus associados e responsável por acompanhar de perto cada detalhe do festival. De acordo com Caio, diferentemente dos últimos anos em que a ênfase era praticamente apenas no Palco Mundo, esse ano foram 13 projetos distintos, uma para cada área do festival. Desde o Palco Mundo propriamente dito até a área VIP, tirolesa/montanha russa, merchandising etc, cada um desses espaços teve um projeto específico, seguindo o conceito de “estar vivo”, resaltando o clima pulsante do festival. Nada se apagava antes do festival terminar. O Palco Sunset, por exemplo, ficou aceso mesmo sem atrações. “Convidamos neste projeto a Nova Light e a Companhia da Luz, empresas locais, que assumiram responsabilidades em seus palcos, com curadoria nossa”, explica. Ao falar dos desafios enfrentados, Caio destaca, de longe, as exigências dos Lighting Designers das principais bandas e principal-
Projeto de luz com concepção de Patrick Woodroffe
ria fazer o show da vida! Compreensível, devido à dimensão do festival e o alcance empresarial e midiático que ele propõe. A maior parte das produções investiu pesado em extras. E para a LPL não existia a palavra ‘não’”, conta. Para citar alguns exemplos, no Queen, foram pendurados duas paredes de luz, cada uma com aproximadamente 3.600 quilos, em 4 metros quadrados lineares. Oitenta moving lights só nessas estruturas. O Metallica entrou com quase 120 moving lights a mais; para o System of a Down foi feito um grid enorme, com 2.800 quilos de luz, mudando de posição linhas já montadas do festival. A Rihanna entrou com um grande cenário de projeção,
pelas bandas nas turnês, e práticos o suficiente para os Lighting Designers clonarem, com facilidade o show, qualquer que ele fosse. “Trata-se de uma mistura de spots, washes, beams e LEDs super bem aceitos por todos os profissionais que por aqui passaram”, explica o sócio - diretor, reforçando duas parcerias que foram fundamentais. “Através da Harman, a Martin, fabricante de moving lights, aceitou o desafio de fazer uma grande demanda de importação de equipamentos novos. Praticamente tudo o que está no Palco Mundo é da Martin, e é zero. Pouco mais de 70% dessa leva ficará internalizado no patrimônio da LPL, o restante deve voltar para o show-
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Todo o sistema de visualização, chamado Light Converse, o qual o profissional gasta tempo programando no virtual, ou 3D, gera uma economia de energia e hora lâmpada, impressionante
room da Martin. A outra parceria é a GrandMA, provedora e gestora de todo o sistema de network de última geração. “Poucos festivais têm o que temos. Tratase de um sistema integrado, entre a house mix, os dimmers e o estúdio 3D, numa mesma seção, facilitando a vida dos designers, que já têm o show carregado na mesa que vão usar, assim que deixam o estúdio, sem nem precisar levar o pendriver”, ressalta. O sistema de visualização usado foi o Light Converse, que ajudou muito para que todos tivessem condições de programar seus shows com tempo, além de economia de energia em alguns momentos. Caio conta que logo após aceitar o convite em trabalhar no Rock in Rio, para obter a parceria da GrandMa, precisou se reunir com o dono da empresa, Ralph- Jörg Wezorke, junto à Daniel Ridano, em Frankfurt, na Alemanha. “Para nós, o Rock in Rio se destaca pelo tamanho e headlines exigentes. Não existe um festival com
Áreas de entretenimento também ficaram iluminadas
essa amplitude que tenha se consolidado no país e consiga sustentar apresentações em duas semanas fixas de trabalhos. Esse período de evento, de fato, só acontece no Brasil de dois em dois anos. Para a LPL, o RiR foi um grande desafio, e todo o dinheiro ganho foi reinvestido na compra de equipamentos e na melhoria da prestação de serviços. “Acreditamos que o segredo não é o equipamento em si, mas o atendimento, a forma como receber os maiores LDs do mundo e fazer acontecer bem em sete dias de festival. Esse é o grande desafio”, completa.
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De volta à casa do rock
Cesio Lima, o “homem” da LPL, conversou com a Backstage sobre como é voltar a fazer o Rock in Rio, das parcerias com o mega lighting designer Patrick Woodroffe e com a Martin, e ainda sobre como dribla as dificuldades de atuar em um festival tão complexo. Backstage - Quais foram as principais mudanças nessa edição do Rock in Rio? Césio Lima - As principais mudanças foi que tivemos um Ligthing Designer de renome, o Patrick Woodroffe, e o Terry, e isso organizou melhor. Mas para a LPL a principal mudança foi que a empresa passou a fazer o Rock in Rio de novo no lugar da PRG. Na luz do festival, a principal mudança foi a contratação do Patrick como LD que dá uma moral maior e organiza mais. Põe ordem na casa ter um nome grande assinando e uma empresa organizada, como a WED. Backstage - Além do Palco Mundo, a LPL ficou responsável por toda a iluminação do Rock in Rio? Césio - A gente iluminou todas as atrações do Rock in Rio. Palco Mundo, Palco Sunset, Palco Eletrônico, rodagigante, tirolesa, montanha-russa, área VIP e ainda tivemos uma parceria com a Novalight e com a Cia da Luz para dividir as responsabilidades. Backtage - Como surgiu a vinda do Patrick como Lighting Designer? Césio - Quem contratou o Patrick foi o Rock in Rio. A Roberta Medina sempre gostou de trabalhar com o Patrick; ela trabalhou com ele em 2001 e queria chamar ele de novo. Coincidiu de ser na mesma época que voltamos a fazer o Rock in Rio. O Roberto Medina me chamou para fazermos um estudo de como seria dessa vez. Lembramos dos velhos tempos, e conseguimos fechar um contrato que era bom tanto para a LPL quanto para o Rock in Rio. Backstage - Você já havia trabalhado em conjunto com o Patrick. Como foi essa interação entre vocês? Césio - A minha parceria com o Patrick tem quase 30 anos. Desde que ele veio com a Tina Turner aqui. Começamos a trabalhar juntos mesmo no Rock in Rio do Maracanã, em 1991, e
depois disso já fizemos muitas coisas juntos. Ele fez Roberto Carlos, Marisa Monte, inauguração do Beira-Rio, Criança Esperança. Ou seja, fizemos muito trabalho aqui, e eu também fiz as Olimpíadas de Londres com ele. Nos Rolling Stones em Copacabana eu que fui o Lighting Designer da luz de plateia dele. Então temos uma parceria de muito tempo, além dessa parceria comercial, somos amigos. Quanto ao Terry, eu já o conhecia das Olimpíadas de Londres. Ele é um “chato” (risos), mas vale cada centavo pago para ele, porque ele fica focado em dar para o cliente dele o melhor. Então acaba sendo um chato adorável (risos). Backstage - Então com essa parceria de longa data, um já conhece o método de trabalho do outro? Césio - O Patrick é daqueles que sempre está acompanhando a evolução, desde a época em que colocávamos apenas os operadores de canhão no Rock in Rio e a tradução, depois começamos a fornecer os trusts, as lâmpadas PAR e começamos a ter autonomia para fazer os grandes shows. Então ele acompanha tudo. O Rock in Rio funcionou como um relógio, com todos os extras enormes que tivemos montar de um show para o outro. A produção do Rock in Rio é muito profissional. Antigamente a gente sabia que ia levar mais ou menos duas horas de um artista para outro, mas hoje em dia é tudo calculado. A produção nos dá os instrumentos para que possamos forçar uma barra com os gringos e falar o que dá pra fazer nesse tempo. Nos shows que eram enormes, como Queen ou Metallica, nos programamos para dar certo. Durante a madrugada, tínhamos a equipe da troca, então tudo deu tempo e foi certinho. Eu que acompanho a evolução dos shows
estrangeiros no Brasil dos anos 1980 até agora, com aquele Rock in Rio de 1985, que foi um divisor de águas, pela ousadia do Roberto, e abriu as portas para esses shows no Brasil, sei que a gente estava muito aquém das necessidades daquela época. Então os caras vinham aqui e sofriam mesmo. A estrutura de shows melhorou muito aqui no Brasil, então o pessoal de som, luz, LED, palco, não “devem” nada a ninguém. Às vezes achamos que ficamos aquém quando vemos uma produção com a do U2, mas os caras produzem um show enorme para fazer 170 shows. É diferente de atender um gringo que está passando pelo Brasil, então acho que estamos superbem. Backstage - Quais foram as novidades de equipamentos em relação à edição anterior?
Césio - Bem, equipamento é equipamento. Se você precisa de 100 moving lights de alta performance de um tipo e 100 de outro, hoje em dia existem várias marcas que podem atender. Mas não dá para por um xingling no lugar de um Varilite. Decidimos fazer com Martin porque ela está sendo parceira da LPL, tem os moving lights de alta performance que podem atender a qualquer LD do mundo e tudo que foi pedido tivemos como atender. Então escolhemos a Martin e investimos uma grana para comprar tudo novinho, no Palco Mundo. Foi muito gostoso trabalhar com equipamento zerado, sem dar problema. De tempos em tempos, temos alguém que dá suporte para nossa empresa, como já tivemos outras fábricas. Tem muito essa coisa de momento. A empresa lança uma linha de moving lights que é revolucionária, então ele fica na moda, daí outra fábrica lança outra que fica melhor, e isso é cíclico. Nesse momento, nosso parceiro está sendo a Martin e estamos sendo muito bem atendidos, com a representante no Brasil, a Harman, que nos dá suporte. Temos também um suporte da GrandMA, com o Daniel Ridano, e esse ano veio o Phillip, um alemão muito bom. Então, estávamos com um house mix muito f., que era o Phillip, o Paulinho Lebrão, o
Serginho Almeida, o Eric Berti, então só tinha fera. Ainda tinha a Lis Lawrence, minha assistente que conhece todo mundo do showbizz e já está nisso a um tempo. Então os LDs chegavam e já se sentiam em casa. Backstage – E com foi a interação com os LDs dos artistas? Césio - Foi muito tranquilo, porque a maioria dos que vieram já tinham vindo antes e já conheciam a LPL, porque fazemos muitas turnês estrangeiras. Então o LD às vezes já tinha vindo com outro artista. Até porque não é tão grande assim o mercado para os tops, e às vezes pelo fato de o artista vir para o Rock in Rio, ele pega um bigman para fazer a luz dele no RiR. Backstage - E qual a diferença do Rock in Rio para os outros grandes festivais?
Césio - Eu faço Lollapalooza, Tomorrowland, mas Rock in Rio o buraco é mais embaixo. No Tomorrowland, por exemplo, não tem esse tanto de extra. Antes no RiR a gente dizia que não podia trazer extra, e tinha que fazer com o equipamento que estava ali e pronto. Mas não é assim. No próprio Rock in Rio é legal ter esse diferencial do Queen para o Metallica. Primeiro porque quem paga são os gringos, e segundo porque dá uma crescida no show e dá uma personalidade. O desenho do Patrick é suficiente para qualquer show, e a gente queria bater o pé dizendo que não podiam os extras. Mas hoje acho que se der, pode ter. Primeiro porque eu ganho dinheiro, segundo porque é bom para o público, que vai assistir o festival e ter essa diferença. Backstage – O Rock in Rio é um festival muito mais complexos do que os demais? Césio - Sim, eu acho. Na nossa empresa, principalmente. Durante todo o RiR, também estamos fazendo turnê de outros artistas, e os outros clientes também querem que a gente atenda, e o ano inteiro. O RiR é mais esporádico. Mas os meus outros clientes fazem shows o ano inteiro, então não posso “dar perdido”. Então temos que atender direitinho, mesmo acontecendo o RiR. Então tem essa complexidade de ao mesmo tempo acontecerem as turnês e os shows extras, em SP, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte. Temos que atender sem deixar o padrão mudar, porque estamos fazendo Rock in Rio.
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Eu fui, a todos
Visão histórica da sonorização por um profissional de áudio. Quero começar citando a frase de um grande amigo, Nelson Cardoso, “Quem não se lembra do seu passado, com certeza não terá um bom futuro”. E falar do Rock in Rio é um prazer, pois a primeira edição do festival foi um divisor de águas com relação a tudo que envolve os grandes festivais. Em janeiro de 1985, eu estava lá, fui em seis dos dez dias de Rock in Rio, para ter o prazer de assistir ao vivo, Queen, AC/DC, George Benson, James Taylor, Rod Stewart, The B52’s, Nina Hagen, entre outros. Na minha memória foi o festival que mais me marcou, já trabalhava com equipamentos de sonorização, era também discotecário (o DJ de hoje), e ter o prazer de escutar uma verdadeira parede com mais de 100 falantes JBL de 18 polegadas, com uma baixa frequência que nós, brasileiros, não estávamos acostumados a ouvir. Sempre vou parabenizar a Clair Brothers com seu consagrado sistema S4 (nos delays era outro sistema) por proporcionar esta alegria. Apesar da lama e do cansaço valeu muito a pena. Em janeiro de 1991, desta vez no Maracanã, eu novamente prestigiei o festival e curti Prince, Guns n’ Roses,
George Michael, A-HA, INXS, Information Society, Dee Lite, Lisa Stansfield e outros. A sonorização ficou a cargo da Showco (empresa americana que depois foi adquirida pela Clair) que trouxe ao Brasil o Prism System de cinco vias. Nesta época era normal as grandes locadoras terem o próprio sistema e alguns processadores e consoles dedicados. Achei muito bom o resultado final por ser em um local difícil de ser sonorizado, como um estádio de futebol, mas hoje com sistema Line Array não é tão complicado. Seguimos para 2001, que apesar do local maravilhoso (a Cidade do Rock In Rio) foi o festival que menos gostei, porque esperava mais, lembro do Show do Guns n’ Roses, Sting entre outros. Foram sete dias de festival, mas fui em três, e o que mais me marcou foi o momento destinado aos três minutos de silêncio “por um mundo melhor”. Em 2011, na sua quarta edição no Brasil, na nova Cidade do Rock, já tive o prazer de ir ao Festival com a minha filha Valentina, gostei muito do som. Parabéns à Gabisom e sua equipe que, ao longo de dez anos, sendo a empresa responsável pela sonorização, conseguiu desenvolver um sistema capaz de atender desde o show suave do Stevie Wonder ao metal pesado do Metallica. Em 2013, temos o Festival já instalado
em sua casa definitiva, e evoluindo em logística, atendimento e tecnologia. Na sonorização tivemos a estreia do sistema novo da JBL, neste ano também Valentina me acompanhou. Chegamos em 2015, meu sexto Rock in Rio e o terceiro de Valentina, ou seja, fui a todos. Novamente, reparei a evolução do sistema de sonorização, achei que a altura das caixas no Palco Mundo ficou melhor que na edição anterior e senti uma melhor eficiência com os subgraves. No palco Sunset, o sistema da Martin Audio superou minhas expectativas, gostei do timbre, só achei que a house mix estava muito longe dificultando a mixagem dos técnicos. A Pista Eletrônica bem agradável e com um sistema eficiente da Norton e com subs da JBL. Também achei incrível um palco da Pepsi montado na passagem (início da Rock Street), apenas 2 JBL VTX por lado e uma qualidade e eficiência de dar inveja. O palco principal da Rock Street, eu não gostei, acho que o sistema de som ficou prejudicado atrás da tela ortofônica. Resumindo, sou fã do Rock in Rio e, apesar deste ano ter tido o meu iPhone furtado dentro do evento, em 2017 estarei lá, com a minha filha. Roberto Rego robertor@audiovoice.com.br
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X
LOGIC PRO
RETRO SYNTH
UM OU QUATRO SINTETIZADORES?
O Retro Synth é um sintetizador virtual de 16 vozes incorporado ao Logic Pro X, bastante flexível, relembrando alguns sintetizadores clássicos dos anos 80 e 90. A ideia aqui é dar uma visão geral e apresentar algumas formas de usar o Retro Synth em suas produções.
Vera Medina é produtora, cantora, compositora e professora de canto e produção de áudio
P
ara abrir o Retro Synth, inicie um novo projeto e escolha Software Synth e no campo opções procure Retro Synth. Primeiramente, ele possui 4 tipos de síntese, como segue: Analog, Sync, Wavetable e FM. Para você ir se familiarizando, veja na figura 1 que as 4
Figura 1
diferentes sínteses podem ser acessadas na área dos osciladores do lado esquerdo superior da tela do plug-in. Cada uma das opções possuem uma janela própria. O que facilita muito a curva de aprendizado é que, apesar de cada uma das janelas apresentar as características especí-
•Table: é uma abreviação de Wavetable. Esta síntese pode gerar uma gama bem variada de sons que vão de instrumentos acústicos até
“
to conhecidos, tais como o DX7 da Yamaha. Pode também gerar uma gama extensa de sons tais como bells, pianos elétricos (quem se
“
ficas de cada síntese, elas compartilham da mesma representação visual de seu fluxo de sinal e de alguns controles similares. Cada tipo de síntese pode produzir uma certa gama de sonoridades e isto é o que deve guiá-lo quando for construir algum novo som ou mesmo entender os presets já existentes. Abaixo, vamos enumerar rapidamente os principais sons esperados de cada síntese: •Analog: capaz de gerar sons de sintetizadores clássicos bem pesados, leads, cordas, pads, baixos. Acesse o preset Bright Cicle na categoria de presets chamada Synth Leads. Esse é um bom exemplo de um som clássico análogo. •Sync: é uma síntese utilizada para obter sons mais agressivos, principalmente baixos e leads. Na categoria Synth Bass, escolha Pretty Dark Bass como exemplo.
Cada tipo de síntese pode produzir uma certa gama de sonoridades e isto é o que deve guiá-lo quando for construir algum novo som...
sintetizados, texturas, pads e efeitos sonoros. Neste caso, vá na categoria Synth Pads e escolha Ethereal Rhythm para testar. •FM: é uma síntese digital clássica encontrada em sintetizadores mui-
lembra do famoso piano elétrico do DX7?) e baixos bem interessantes. Teste na categoria Synth Keyboards o preset Calming Bells. Conforme mencionado, muitos comandos e o layout são compartilha-
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dos, o que facilita o uso do sintetizador. Temos as seguintes seções fixas da esquerda para direita na linha superior: Oscillator, Filter, Amp e Efeitos. Na fileira inferior temos Glide/Autoben, LFO, Filter Envelope e Amp Envelope. Além dos presets listados no plug-in,
vá em Library >Soundscape e experimente o som Stratosphere. Temos os seguintes controles na seção Oscillator do Analog, conforme figura 2: •Botões Shape 1 e 2: É possível escolher o tipo de forma de onda que cada
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Com o Mix Slider é possível misturar o quanto se quer de cada oscilador no preset. Para ouvir um som complexo produzido com esta síntese, vá em Library >Soundscape e experimente o som Stratosphere.
”
Figura 2
existem vários presets na biblioteca de sons do Logic Pro X baseados no Retro Synth. Alguns bastante complexos, vale a pena pesquisá-los. Vamos falar agora sobre as especificidades de cada uma das sínteses disponíveis. Parece que estamos falando de quatro sintetizadores diferentes, mas é por aí mesmo que devemos pensar.
ANALOG (SÍNTESE ANÁLOGA) Nesta síntese, na seção osciladores temos dois deles para gerar o som. Com os dois botões de Shape (Forma) é possível escolher as diferentes formas de onda disponíveis. Com o Mix Slider é possível misturar o quanto se quer de cada oscilador no preset. Para ouvir um som complexo produzido com esta síntese,
oscilador vai gerar para compor o timbre. Temos as seguintes opções de formas de onda: noise, retangular, sawtooth e triangular. •Botão Shape Modulação (modulação da forma): escolha a origem da modulação da forma de onda e defina a intensidade de modulação. A posição central (off) desativa toda a modulação com o LFO ou envelope de filtro. •Botão de Vibrato: Define a quantidade de vibrato (modulação do tom). •Botão de semitons: Define o tom do Oscilador 2 numa faixa de +/- 2 oitavas. •Botão de centésimos: Ajusta a frequência do Oscilador 2 em centésimos (1 centésimo = 1/100th semitom). •Controle deslizante de Mix: Ajusta o nível de relacionamento entre os Osciladores (forma 1 e 2).
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Figura 3
SÍNTESE SYNC Temos novamente dois osciladores que possuem uma relação específica: o segundo é ressincronizado com o primeiro cada vez que uma nota é ativada ou que um ciclo de forma de onda do primeiro oscilador reinicia. Os sons gerados por esta síntese têm mais peso e agressividade. No lugar dos botões an-
Figura 4
teriores de semitons e centésimos, temos agora um botão de Sync, o qual permite tornar o som menos ou mais agressivo. No lugar da Shape Modulation, temos a Sync Modulation para escolher se o LFO ou o envelope de filtro é a fonte da modulação. Veja a figura 3 para entender as diferenças de layout entre as duas sínteses.
Figura 5
SÍNTESE WAVETABLE Através de um layout com fundo azul (Figura 4), os Osciladores, neste caso, são utilizados para gerar um ou mais formas de onda. Há cerca de 100 formas de onda disponíveis. Elas são chamadas de Digiwaves e são acessadas ao girar os botões dos osciladores 1 ou 2 ou quando você atribui um valor numérico a eles. Esse conceito de Digiwaves não é muito desconhecido para quem utiliza o sintetizador ES2 do Logic. Você define o timbre básico através das formas de onda disponíveis, ajusta a altura e define o relacionamento entre os osciladores. O sinal de um ou dos dois osciladores é enviado a outras partes do sintetizador para processamento. Além do menu de formas de onda (waveshapes) que fica entre os osciladores, temos agora alguns comandos diferentes das outras sínteses, sendo importante neste caso ler mais sobre síntese Wavetable para utilizá-los corretamente. O importante é entender que com essa síntese é possível obter sons bastante expressivos, pads profundos, texturas e ambiências. Eu particularmente utilizo muito para meus trabalhos.
jam específicos para cada situação, e tem uma aparência mais distante, mas nem por isso é difícil de entender. O que acontece com o relacionamento dos Osciladores na síntese FM é que um é o Modulator e o outro é o que conduz, combinados definem a timbragem. O Oscilador Modulador modula as frequências do Oscilador Condutor. Os demais parâmetros podem ser acessados independentemente e dependem de um conhecimento prévio deste tipo de síntese, ou ainda, podem ser abordados através de experimentação. Esta foi apenas uma introdução ao Retro Synth para que você possa começar a estudar os tipos de síntese e entender como utilizá-las, o que será útil não somente para este sintetizador, mas para outros virtuais ou não. Até a próxima.
Para saber online
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Há cerca de 100 formas de onda disponíveis. Elas são chamadas de Digiwaves e são acessadas ao girar os botões dos osciladores 1 ou 2 ou quando você atribui um valor numérico a eles.
”
SÍNTESE FM E, por fim, temos a síntese FM (Figura 5) num layout que lembra muito os DXs da Yamaha. Esse layout é o mais diferente dos demais, embora os comandos de todos se-
vera.medina@uol.com.br www.veramedina.com.br
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MANIPULANDO TEMPO DO ÁUDIO
NO PRO TOOLS FUNDAMENTOS DO ELASTIC AUDIO O trabalho no Pro Tools se resume a três grandes fases: gravação, edição e mixagem. Destas, talvez a edição seja a que passamos a maior parte do tempo, então vale conhecer todos os tipos de recursos para ganhar tempo e chegar no melhor trabalho possível. Desta vez, vamos ver um dos recursos do Elastic Audio, muito utilizado para correção em execuções, mas que também serve para alterar de forma artística uma performance.
Cristiano Moura é produtor, engenheiro de som e ministra cursos na ProClass-RJ
A
UMENTANDO OU DIMINUINDO A DURAÇÃO DE UM CLIP
A primeira coisa a fazer é habilitar o recurso Elastic Audio na pista de áudio em questão. Basta clicar no espaço logo abaixo dos botões “DYN” e “READ” (fig. 1) e escolher um dos plug-ins de Elastic Audio. Existem 5 tipos de plug-ins e vamos falar sobre cada um deles mais abaixo, então neste primeiro momento vamos apenas utilizar o plug-in “polyphonic”. Uma ver que o Elastic Audio foi habilitado, o sistema vai analisar o áudio em
Fig. 1 - Habilitando Elastic Audio
busca dos transientes (ou transitórios). Este processo vai deixar a pista (e clips na cor cinza) offline temporariamente, e pode demorar mais ou menos dependendo da quantidade de áudio. Uma vez que os clips voltaram com a cor normal, também precisamos separar o trecho de áudio que pretendemos alterar. Basta selecionar com o Selector e acessar o menu Edit > Separate (atalho Command/CTRL + E). Uma vez separado, vamos finalmente fazer nosso ajuste. Para isso, clique e mantenha pressionado o mouse na fer-
Fig. 2 - Acesso das ferramentas avançadas de Trim
ramenta Trim Tool (fig. 2) e para ter acesso as ferramentas avançadas e escolha o TCE Trim Tool. Com a ferramenta na mão, basta ir com o mouse na extremidade do clip e arrastar a borda para a esquerda ou direito ao seu gosto (fig. 3).
APLICANDO “QUANTIZE” EM ÁUDIO Como dito anteriormente, ao aplicar o Elastic Audio, o material é analisado e o sistema busca pelos picos mais destacados, pois normalmente representam o início de uma nova nota ou evento sonoro. E é baseado nessa análise que o quantize é aplicado. O recurso “Quantize” é algo usado com muita frequência em execuções
de MIDI, e em poucas palavras, é o processo de pegar todas as notas executadas e aproximá-las do contexto rítmico mais próximo. Ou seja, toda nota executada mais adiantada ou atrasada é automaticamente corrigida de acordo com uma série de parâmetros. É importante ressaltar que este recurso só tem utilidade se o andamento da música estiver condizente com o andamento da sessão. O processo é bem simples e direto. Selecione o trecho de áudio em questão e pelo menu Event > Event Operations temos a opção Quantize. Os parâmetros são diversos e merecem um artigo à parte apenas para eles. Vamos simplificar apenas ajustando o parâmetro “Quantize Grid”. Ele deve ser ajustado de acordo com a figura de menor duração da execução em questão. Se você tem dúvidas com estes termos musicais, minha sugestão é começar com valores de colcheias (1/8th note) ou semicolcheias (1/16th note) em execuções de velocidade média e (1/32th) se estiver-
Fig. 3 - Alterando velocidade com TCE Trim Tool
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Se o Quantize é um recurso prático e rápido, ele não é sempre a melhor escolha, pois tem sempre a chance da nota ser ajustada para o lado errado. Mais que isso, existem casos em que não estamos interessados em uma execução 100% matemática.
”
Fig. 4 - Antes e depois do Quantize com Elastic Audio
mos falando de um solo de guitarra muito rápido, por exemplo. Instantaneamente, perceba que o áudio foi levemente aproximado do Grid do Pro Tools (fig. 4).
REFINANDO EXECUÇÃO RÍTMICA MANUALMENTE Se o Quantize é um recurso prático e rápido, ele não é sempre a melhor escolha, pois tem sempre a chance da nota ser ajustada para o lado errado. Mais que isso, existem casos em que não estamos interessados em uma execução 100% matemática. Ao invés disso, queremos
Neste modo, repare que o Pro Tools apresenta o que chamamos de marcas de análise, ou seja, onde ele identificou que provavelmente é o início de uma nova nota. Para alterar o início ou final de uma nota, podemos clicar em uma destas marcas para convertê-las no que chamamos de “Warp Markers”. Faça sempre três marcas (fig. 6): uma no início da nota que você quer alterar, outra na marca anterior e mais uma na marca posterior. Desta forma, podemos arrastar agora a marca central (da nota que você quer alterar) e
Fig. 5 - Preparando a visualização para Warp Markers
apenas suavizar os trechos que ficaram demasiadamente fora do ritmo. Se você tem um trecho musical bem executado e quer apenas refinar alguns trechos, podemos utilizar outro recurso do Elastic Audio, chamados de Warp Markers. Para habilitar este recurso, vamos alterar a visualização do track clicando no botão que está escrito “Waveform” e alterar para “Warp” (fig. 5).
Fig. 6 - Três marcas em Warp Markers
esticar o áudio, com o mesmo princípio de um elástico. As marcas anterior e posterior à nota em questão são importantes, pois delimitam a área de atuação do movimento. Sem elas, você alteraria a posição de toda a execução e não apenas da nota em questão.
LIMITES DO ELASTIC AUDIO Nessa altura, talvez o leitor esteja pensando que nunca mais vai precisar utilizar as ferramentas e o método tradicional de cortar trechos do áudio e reposicionar manualmente. Mas tudo na vida tem um preço. O Elastic Audio é muito interessante e útil, mas
para amenizar os efeitos colaterais do recurso. Utilize o modo Polyphonic em elementos sonoros complexos e Rythmic para elementos com ataques muito definidos. Para a voz humana, foi desenvolvido o Monophonic e se quiser a melhor qualidade possível, utilize o X-Form, que é bem mais pesado e funciona renderizando o material a cada alteração. O modo Varispeed altera a velocidade e a afinação ao mesmo tempo, emulando o efeito da alteração de velocidade em uma fita ou toca-discos de vinil. Portanto, uma função não vai anular a outra. O processo tradicional de cortar trechos de áudio e mudar
Fig. 7 - Exageros com Elastic Audio - Clip com fundo avermelhado
vale conhecer suas limitações. Quando alteramos a velocidade (principalmente quando deixamos o áudio mais lento), o material precisa ser reprocessado, o que gera uma alteração e perda de qualidade sonora. Repare que se você esticar absurdamente um áudio o Pro Tools vai apresentar a cor vermelha (fig. 7), que indica que você está exagerando e que haverá uma redução drástica no som. Ou seja, é um recurso para ser executado com critério. Alguns elementos sonoros podem ter a velocidade alterada sem muitos prejuízos quanto à qualidade sonora, mas de forma geral, instrumentos com estrutura harmônica complexa (piano e violão, por exemplo) rapidamente podem ter o timbre comprometido se utilizado em excesso. Para flexibilizar esta questão é que aparecem os outros plug-ins de Elastic Audio. São algoritmos desenvolvidos
a posição do Clip manualmente pode ser trabalhoso, pois você vai precisar cuidar dos cortes, aplicar fades etc, mas garante que a qualidade sonora seja preservada em 100%. Já o Elastic Audio, tem como forte a praticidade, mas há de se prestar muita atenção no prejuízo “timbrístico” envolvido. Um abraço e até a próxima!
Para saber online
cmoura@proclass.com.br http://cristianomoura.com
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ABLETON LIVE “REMIX TRICKS II” Na primeira parte desse tutorial, desconstruímos a música A banda do Zé Pretinho, do Jorge Benjor, e remontamos com partes do áudio que nos interessavam para estruturar nosso “Remix”. Se você está chegando agora, eu, sinceramente, recomendo que você leia a matéria “Remix Tricks parte I” desse tutorial, publicada na edição anterior.
Lika Meinberg é produtor, orquestrador, arranjador, compositor, sound designer, pianista/tecladista. Estudou direção de Orquestra, música para cinema e sound design na Berklee College of Music em Boston.
C
om o “ boneco” da nossa “obra” agora montado (vide imagem) vamos fazer algumas inserções para “animar a festa” (com o perdão do trocadilho). Esse track em verde “Brass Riff” (track METAIS) vou transformar em outro “Midi” track. Click no Fades/ Device Chooser como mostra a seta em cor laranja abaixo e mude para “None”
Rascunho
(nenhum). Isso vai esconder as hastes dos fades. Agora com o cursor do mouse em cima do Audio Clip (mark Rosa), aperte o botão direito e esse menu aparece! Selecione “Convert Harmony to New MIDI Track”. Aguarde. Prontinho, aí está! Uma nova pista MIDI, extraída do áudio
Hide Fades
Trans har to midi
(retângulo azul). Dê duplo clique na pista (track) para mostrar o MIDI Note Editor, e no círculo amarelo para resumir a janela do Midi Editor (Fold torna-se laranja). Facil hein?! Agora vamos solar (círculo verde - ícone “S” fica azul) nossa MIDI track para ouvir o resultado? Nossa, mas que bagunça! O Converting que acontece? Uma mistura rítmica com algumas notas da melodia jogadas ao léu, um bolôlô geral!
Midi Brass Riff
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Reforçar ou dobrar linhas melódicas, metaleiras ou Riffs rítmicos é sempre uma boa pedida para mudar a cara da música em um “Remix”. Outra medida “básica” é Reforçar (dobrar mesmo) o “Kick” (bumbo) principalmente em se tratando de “Remix” para Dance Music
”
Resultado
Riff Notes
Midi Kick
Kick loop Drums rack
Loop Consolidado
Kick909
Remix é coisa séria e nem sempre tudo é tão fácil como parece nos manuais dos programas. Usar essa tecnologia se exi-
gem alguns cuidados. Melhor que você tenha um track com um só tipo de instrumento fazendo as vozes que você deseja transformar em MIDI! Exemplo: Piano, Violão, Metais, e até Vocais funcionam bem.
Mas nesse áudio com a banda toda tocando não funcionou bem. Foi uma péssima escolha, diga-se de passagem. Claro que pessoalmente eu escolheria a opção de tocar o Riff no teclado, mas se você não toca realmente, e mesmo assim tem um bom ouvido musical, pode garimpar as notas no MIDI Editor e deletar as que não lhe interessam. Se tivéssemos uma linha melódica em uníssono, poderíamos usar a opção “Convert Melody to New MIDI Track”, mss aqui não vem ao caso. Pegadinhas à parte, depois de alguma edição, me sobraram poucas nota do Riff dos metais que vou usar com um timbre forte. Um Euro Synth Lead, por exemplo! (Ah, você pode, sim, claro, e sempre que quiser, adicionar notas ao seu gosto no MIDI Editor). Reforçar ou dobrar linhas melódicas, metaleiras ou Riffs rítmicos é sempre uma boa pedida para mudar a cara da música em um “Remix”. Outra medida “básica” é Reforçar (dobrar mesmo) o “Kick” (bumbo), principalmente em se tratando de
“Remix” para Dance Music (claro que você pode fazer remix com outras estéticas como teatro, cinema, arte performance, etc, mas esse tutorial está mais focado no usual: dance music). Vamos adicionar um plug-in Browser (Ctrl+Alt+B) CATEGORIES DRUMS/Drum Rack. Arraste ou dê duplo clique para criar novo MIDI Track. Resolvi caprichar abrindo o “Kick -909” no “Midi Pad C1” do Drum Rack (retângulo amarelo). Sempre mortal!! Gravei um clássico bate-estaca: um Kick a cada beat! Literalmente, qualquer música com um bumbo desses vira “Dance Music”. Engraçado recordar que nos anos 80 o HiHat (chimbau) é que era o responsável por essa característica “Disco Music”, a Dance Music daquela época. Mas a “Dance Music” atual não tem pratos (Cymbals), já notou!!? É raro. Para a outra parte da música, no Refrão “...Sambá, Sambé... usei um Kick Hit poderoso de uma coletâ-
LingOlug CrX4
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É isso, tudo depende mesmo da sua inspiração, um pouco de bom gosto e conhecimento do equipamento (Software) para fazer as alterações sem excessos, evitando criar um mostrengo sem pés nem cabeça.
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Final
nea de samples que tinha aqui. Arrastei para uma nova pista de áudio e transformei em loop. Dupliquei o Hit Sample 4 vezes e consolidei (seta amarela). Então gravei um Sequence com o Linplug CrX4, embalando esse Groove do refrão. Sabe como é, depois de escutar mais uma vez a peça toda, eu achei que faltava uma “Cama” de teclado na parte “A” da música (coisa de tecladista, mas muito cuidado com os excessos, menos é mais). Então gravei mais um “Baixo” e ainda mais um negocinho para fechar o arranjo, e por aí vai. É isso, tudo depende mesmo da sua inspiração, um pouco de bom gosto e conhecimento do equipamento (Software) para fazer as alterações sem excessos, evitando criar um mostrengo sem pés nem cabeça. Sempre digo: a peça (o arranjo) deve obedecer uma estética, afinal a obra original existe e é isso que estamos trabalhando.
Fxs
Fazendo um “Remix”, digo, “um resumo” do nosso tutorial, eu acredito que deu para ter uma noção básica do “work process”, do processo do trabalho, suas fases e dicas sobre uma produção para “Remixar” ou mesmo rearranjar uma peça com o auxílio dessa brilhante peça de software: o Ableton Live. Boa sorte a todos e trabalho!
Para saber online
ESSA É A CARA DO NOSSO “REMIX” AGORA. Você ainda deve finalizar com uma série de Audio Plug-ins que o ABLETON LIVE oferece, dando assim uma pincelada de efeitos aqui e uma ou outra comprimida acolá, explorando os vários ensinamentos dos tutoriais passados.
Facebook - Lika Meinberg www.myspace.com/lmeinberg
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DICAS E TRUQUES PARA MELHORAR SUA GRAVAÇÃO Nesta edição é hora de ver algumas dicas que podem gerar melhorias na mixagem dos tracks gravados. Estas dicas são bem conhecidas dos engenheiros de áudio nos estúdios, pois estão disponíveis em grupos de discussão de internet, por exemplo. Porém torna-se assunto pertinente a nossa proposta de informar melhor ao baixista que mantém suas produções em home studio.
Jorge Pescara é baixista, artista da Jazz Station e autor do ‘Dicionário brasileiro de contrabaixo elétrico’
S
e real é o que você pode sentir, cheirar, provar e ver, então real são simplesmente os sinais elétricos interpretados pelo seu cérebro... (personagem Morpheus, no filme Matrix). Ao falar sobre a melhoria da qualidade percebida de nossas produções e mixagens, é fácil de se concentrar principalmente sobre a tecnologia que usamos, ou o layout e tratamento acústico do nosso ambiente de audição. Mais fácil ainda é esquecer que tão importante quanto os nossos softwares, equipamentos e a própria sala do estúdio, é o que acontece com o sinal de áudio de-
Audio Mask Graph
pois de tudo isso, uma vez que a frequência torna-se som ao entrar em nosso sistema auditivo interno - os nossos ouvidos e cérebro - e como esse som é realmente experimentado. Isto cai basicamente sob o título de psicoacústica, e com o conhecimento de alguns destes princípios, existem maneiras que se pode essencialmente ‘enganar’ o aparelho auditivo de seus ouvintes para proporcionar-lhes uma forma de experiência mais poderosa, clara, emocionante e ‘com mais vida’, em sua música. Sabendo como o sistema auditivo interpreta os sons que fazemos, podemos criativamente sequestrar esse sistema por
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EarAnatomy
artificialmente recriar certas respostas para determinados fenômenos de áudio. Temos aqui também alguns insights adicionais sobre como e porque certos tipos de processamento de áudio e efeitos são tão úteis, especialmente EQ, compressão e reverb, na elaboração da experiência musical mais gratificante para você e seus ouvintes. Por exemplo, ao se incorporar o reflexo natural da orelha para uma batida, ou som, muito alto (que é desligar um pouco para se proteger) projetados do som original em si, o cérebro vai ainda perceber o som tão alto mesmo que a reprodução seja realmente relativamente baixa. O ato é enganar o cérebro fazendo-o pensar que o ouvido fechou-se ligeiramente em resposta ao loudness. Resultado: a experiência deste loudness, muito distinta do volume físico real. Magia!
espaço, e chegou à conclusão de que, enquanto as primeiras reflexões (e também para os nossos propósitos, cópias idênticas do som original) foram ouvidas com menos de 35 milissegundos de atraso, e em um nível não superior a 10dB mais alto do que o original, os dois sons foram interpretados como um som único. A diretividade do som original seria essencialmente preservada, mas por causa da diferença de fase sutil, a cópia atrasada acrescentaria presença espacial extra ao som percebido. Assim, em um contexto musical, se você quiser engrossar ou espalhar o som de uma guitarra distorcida, por exemplo, ou qualquer outra fonte de som mono, é um bom truque duplicar a parte gravada, deslocar o
O EFEITO HAAS Nomeado após Helmut Haas tê-lo descrito pela primeira vez em 1949, o princípio por trás do efeito Haas pode ser usado para criar uma ilusão de largura espacial do estéreo começando com apenas uma única fonte mono. Haas estudou como os nossos ouvidos interpretam a relação entre o som originário e as suas reflexões dentro de um
EQ
track original à extrema direita ou esquerda e deslocar a cópia para o extremo oposto. Então, em seguida, atrasar a cópia por entre cerca de 10 a 35 milissegundos (cada aplicação vai requerer um montante ligeiramente diferente dentro deste intervalo), quer deslocando a parte de trás na linha do tempo DAW ou inserindo um plug-in delay básico no canal de cópia com o tempo de atraso apropriado. Isso engana o cérebro em perceber largura e espaço, ao mesmo tempo, claro, também deixando o centro completamente claro para outros instrumentos. Pode-se também usar esta técnica quando tudo o que você realmente deseja alcançar está em um sinal mono longe do movimentado centro para evitar mascarar outros instrumentos, mas, ao mesmo tempo não quer desequilibrar a mixagem. A resposta: aplica-se o efeito Haas e ajusta-se o pan em ambos os sentidos. Claro que não há nada que se impeça atrasar um pouco um lado de um som estéreo real, por exemplo, se quiser espalhar o teclado synth com sons mais ‘lúdicos’ para sonoridades mais épicas. Apenas têm-se de estar consciente de que isto pode, por outro lado, tornar tudo mais fora de foco, mas para pads e guitarras de fundo esta opção é muitas vezes inteiramente apropriada.
Quando se mexe com configurações de atraso de tempo pode-se notar que se o tempo for muito curto resulta em um desagradável som fora-de-fase, com tempo em demasia, e a ilusão é quebrada, como começar a ouvir dois sons distintos e separados. Em algum lugar se encontrará o espaço que se deseja. Também é preciso estar ciente de que quanto menor o tempo de atraso usado, mais suscetível o som será ao indesejado comb filtering, quando os canais são somados para mono. Algo a se considerar quando se está fazendo música, principalmente para os clubes, rádio ou outros ambientes de reprodução mono. Provavelmente também podem-se ajustar os níveis de cada lado em relação ao outro, para manter o equilíbrio certo na mixagem e o equilíbrio esquerda-direita geral desejado dentro do espectro estéreo. Não podemos esquecer que se podem aplicar efeitos adicionais a um ou ambos os lados: por exemplo, aplicar qualquer efeito de modulação ou de filtro LFO sutis para o lado atrasado. Uma última palavra de cautela: não exagerar! Usar o efeito de Haas em um ou dois instrumentos ‘no máximo’ em uma mix completa, para evitar desfocar completamente a propagação estéreo e tornar tudo fora de fase.
MASCARAMENTO DE FREQUÊNCIA Há limites para o quão bem os nossos ouvidos conseguem diferenciar os sons que ocupam frequências semelhantes. Mascaramento ocorre quando dois ou mais sons ocupam exatamente as mesmas frequências: na luta que se segue, em geral, o sinal mais alto dos dois será parcial ou totalmente obscurecido pelo outro, o que faz que um dos sinais literalmente ‘desapareça’ na mix. Obviamente este é um fenômeno muito indesejável, e é uma das principais coisas para se observar ao gravar e processar uma mixagem. Uma das principais razões para o qual o EQ foi desenvolvido, é poder ser usado para esculpir o mascaramento de frequências na mix, retirando-o, mas é preferível evitar grandes problemas, utili-
Fletcher munson curves
zando notas e instrumentos que cada um ocupe sua própria faixa de frequência. Mesmo que se tenha tomado cuidado com isto, às vezes mascarar ainda será perceptível na mixagem, e é difícil determinar porque certos elementos ainda soam diferentes quando separados no contexto da mix completa. Provavelmente a questão aqui é que, embora as notas de frequências dominantes do som tenham o espaço de que necessitam, os harmônicos deste mesmo som (que também contribuem para o timbre global) aparecem em diferentes frequências, e é isso que ainda pode ser mascarado. Mais uma vez, este é provavelmente o ponto onde EQ entra em jogo. Equalização é a solução.
REFLEXO ACÚSTICO DO OUVIDO Como mencionado na introdução, quando confrontado com estímulo de alta intensidade, os músculos do ouvido médio involuntariamente se contraem, o que diminui a quantidade de energia vibracional a ser transferida para a cóclea sensível (que converte as vibrações sonoras em impulsos elétricos para processamento pelo cérebro). Basicamente, os músculos se fecham para proteger esta parte mais sensível da audição. O cérebro é usado para interpretar a assinatura dinâmica de sons com o transiente alto inicial, seguido de redução imediata, agindo com uma contração dos músculos da orelha, em resposta, por isso ainda sente o ruído sustentado muito alto. Este princípio é frequentemente usado em design de som cinematográfico e é particularmente útil para simular o impacto fisiológico de explosões maciças e de alta intensidade, tiros, etc, sem induzir ao cinema com reais processos que causariam danos à audição. O reflexo nos ouvidos de um som muito
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Em algum lugar se encontrará o espaço que se deseja. Também é preciso estar ciente de que quanto menor o tempo de atraso usado, mais suscetível o som será ao indesejado comb filtering, quando os canais são somados para mono
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HaasEffct
alto pode ser simulado por manipular a dinâmica fina do envelope dos sons. Por exemplo, pode se fazer essa explosão aparecer super-alta por realmente desligar o som artificialmente, seguindo ao transiente inicial: o cérebro irá interpretar isso como o ouvido respondendo naturalmente a um som extremamente alto - percebê-lo como mais alto e mais intenso do que o som na verdade, é fisico. Isso também funciona bem para ‘booms’, impactos e outros efeitos épico e para pontuar as batidas em um trilha eletrônica. O fenômeno também está intimamente relacionado com a compressão porque, em geral, muitas vezes soa tão emocionante e pode ser usado em sua própria maneira de simular.
CRIAR A IMPRESSÃO de poder e loudness mesmo em níveis baixos de escuta Os ouvidos são mais sensíveis a gama de sons médios de frequências do que nas extremidades mais alta e baixa do espectro. Geralmente não se percebe isso, pois sempre se ouve o som desta forma e o cérebro toma o viés do mid-range em conta. Porém, isto não se torna mais evidente do que quando se está mixando, onde se descobre que os níveis relativos de instrumentos em diferentes frequências mudam, dependendo do volume total que você está ouvindo. Existem soluções simples para este
fenômeno. E não só isso, mas se pode também manipular a resposta não-linear dos ouvidos para diferentes frequências e volumes para, assim, criar uma impressão reforçada de loudness e punch em uma mix, mesmo quando o nível de audição real é baixo. Geralmente, levando tudo isso em conta, você deve ser capaz de fazer o melhor equilíbrio em volumes baixos (isso também poupa os ouvidos de fadiga desnecessária). Volumes altos geralmente não são bons para criar um equilíbrio preciso, porque, tudo parece mais perto. Em determinadas situações, por exemplo, na mix de som para filmes, é melhor mixar no mesmo nível e em um ambiente semelhante para onde o filme vai ser ouvido, ou seja, nos cinemas: é por isso que salas de dublagem de cinema se parecem com cinemas reais, e são projetados para ter essencialmente o mesmo som, também. É o equivalente ao grande orçamento da indústria do cinema tocar um pop destinado para o rádio no som do seu carro: as melhores mixagens resultam de se levar em conta o ouvinte final e seu ambiente, não necessariamente mixar algo que só soa bem em um estúdio de um milhão de reais. Então, como a nossa sensibilidade dos ouvidos para o mid-range realmente se manifesta em um nível prático? Experimentando-se reproduzir qualquer peça de música em um nível baixo, e gradualmen-
te aumentando o nível de volume do sinal: quando este nível aumenta, pode-se notar que o viés ‘mid-boost’ do aparelho auditivo tem menos efeito com o resultado que a alta e baixa frequência soam proporcionalmente mais altas (e mais perto do ouvinte). Dado que as frequências extremas altas e baixas se destacam mais quando se ouve música em nível de volume alto, pode-se criar a impressão de volume em níveis de audição bem mais baixos atenuando o mid-range ou impulsionando as extremidades superior e inferior do espectro. Em um equalizador gráfico isto seria parecido com um rosto sorridente. Este truque pode ser aplicado em qualquer número de formas, desde o tratamento de toda a mixagem, até apenas alguns EQs em um ou dois instrumentos como tambores ou submix de guitarras. O nivelamento do mid-range pode então atuar principalmente como um indicador de um nível de base nominal, feita artificialmente baixa como um piso falso, simplesmente para aumentar a ênfase no som maciço do contrabaixo e o cortar do high-end da percussão e distorção. O mesmo funciona bem para rock também: basta ouvir Nevermind do Nirvana, um bom exemplo de costura dinâmica da região média de frequências. Por enquanto é isto. Boa mix para todos! Paz Profunda .:.
Para saber online
jorgepescara@backstage.com.br http://jorgepescara.com.br
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RADM-23 RACLITE www.penn-elcom.com O novo Penn Elcom RADM-23 1U Raclite é projetado para ser instalado em qualquer rack de 19 polegadas. O equipamento proporciona uma solução elegante e prática para iluminação em ambientes escuros e sombrios. Vinte e cinco super brilhantes lâmpadas de LED (6500K) oferecem um efeito wash inigualável. Um ângulo variável de 130 a 150 graus sobre os LEDs oferece versatilidade adicional, e uma fonte de alimentação de 12 volts universal significa que ele pode ser ligado em qualquer parte do mundo. O Raclite tem uma classificação IP65 durável e é resistente à umidade. Esta classificação também garante que os LEDs sejam protegidos do mau uso durante a configuração. O interruptor on/off está permanentemente iluminado para que possa ser claramente visto e localizado no escuro.
ROBE SQUARE www.robe.cz O ROBE Square oferece uma gama de possibilidades ao combinar projeção de video, animação de pixels, efeitos beam e wash LED em um movimento constante de rotação do aparelho. Uma matriz de LED com poderosos multichips RGBW em arranjos de pixels mapeados podem ser controlados via canais RGB ou por um aplicativo fácil de usar. Nove efeitos individuais controláveis podem criar efeitos beam ou animações no ar. Cinco camadas de zoom independentes oferecem possibilidades únicas de zoom e combinação de cobertura wash nas bordas e efeito beam no centro ao mesmo tempo. O movimento contínuo de rotação de pan e tilt oferece criação de video bem como elementos cenográficos na cena.
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MOL3 LATCHES www.penn-elcom.com A próxima geração da Penn Elcom MOL promete ser o primeiro desse tipo automático. Quando a chave da borboleta é ligada, o equipamento é aberto automaticamente e é mantido aberto. Quando a borboleta é ligada no sentido anti-horário para o fechamento, o novo controle deslizante se envolve com uma injeção de baixo atrito moldado por Nylon que engata automaticamente com a placa de captura. Com essa invenção versátil não é necessário mais se preocupar com condições escuras ou apertadas como a parte de trás do caminhão ou para armazenamento do lado do palco. Ele também faz a abertura/ fechamento de uma operação com uma mão - infinitamente útil em uma diversidade de situações de eventos ao vivo e instalação. O perfil da MOL 3 é tão baixo que mesmo nos casos em que friccionam uns contra os outros durante o transporte, o mecanismo de bloqueio não será afetado ou danificado. A MOL 3 está disponível em versões cadeado e chaves bloqueáveis.
BMFL WASH LUMINAIRE www.robe.cz A Robe anuncia mais um produto durante a LDI em Las Vegas. Se trata do BMFL Wash e do BMFL Wash XF (Extra Features). Os dois produtos são a última palavra em lâmpadas LED de 1700W wash, sendo os mais novos adicionados à família BMFL. Os equipamentos possuem lentes fresnel de 200mm de diâmetro, o que dá um qualidade superior de saída wash variando de um ângulo mais punch de 4,5º para um super smooth de 55º. Filtros frost intercambiáveis e customizados oferecem 3 estados: light, médio e pesado, dando um extremo efeito natural soft touch. Ambos os filtros CMY e CTO produzem belas transições de cores de qualidade. O equipamento ainda possui duas rodas de cores, cada uma com 6 cores e um “SLOT & LOCK” custom substituível para versatilidade adicional. O sistema avançado DMX com “correção de borda” ajuda a criar tons mais suaves e uma cobertura sem interrupções. O módulo opcional XF pode ser comprado tanto com o dispositivo de fixação ou retro equipado de forma rápida e fácil - abrindo um mundo de possibilidades adicionais.
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ILUMINAÇÃO Na celebração de 30 anos de um dos maiores e mais importantes festivais de música do mundo, o Rock In Rio, dezenas de bandas e artistas integraram um line-up espetacular: de Katy Perry ao Queen, o evento foi realizado em sete datas na “Cidade do Rock”, para públicos, sonoridades e propostas totalmente diferentes, enaltecendo linguagens e estilos, com diversificação e versatilidade.
CÊNICA Cezar Galhart é técnico em eletrônica, produtor de eventos, baixista e professor dos Cursos de Eventos, Design de Interiores e Design Gráfico do Unicuritiba. Pesquisador em Iluminação Cênica, atualmente cursa Pós-Graduação em Iluminação e Design de Interiores no IPOG.
ROCK IN RIO
2 0 15 O CO NCEIT O DE ILU MI NAÇÃ O PA RA O (PALCO) MUND
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N
esse contexto, shows únicos, além de outros que fizeram do evento uma data estratégica para turnês em curso ou oportunidade última para uma despedida dos palcos. Nessa conversa, o Palco Mundo do Rock In Rio 2015 será o tema de análise para detalhes e imagens que perpetuarão nas mentes dos espectadores e na história desse que já é um dos mais significativos eventos de todos os tempos. Após três décadas, ainda ecoam as sonoridades de bandas e
artistas que fizeram parte de uma iniciativa arrojada para um festival internacional de música, realizado na cidade do Rio de Janeiro na metade da década de 1980. Além do saudosismo e das lembranças que aquele evento ainda repercute, ideias e inovações se transformaram em referências para a transformação que ocorreria na produção de shows desde então. Se o palco principal recebia a estrutura de iluminação projetada por
Fonte: Reduto
do Rock / Divu
lgação
tegrantes da formação clássica – Brian May na guitarra, violão de 12 cordas e vocais, e Roger Taylor, na bateria e vocais – acompanhados por uma banda extremamente competente e com os vocais do competentíssimo Adam Lambert. Nesse show “tributo”, a banda Queen trouxe uma estrutura singular: em formato de “Q”, um sistema de luzes com vídeo que projeta fachos e feixes de luz além de imagens, com intensidade e dinâmicas impressionantes. Muitos foram os momentos marcantes desta histórica apresentação, que consegue conciliar elementos das grandes produções da década de 1980 aos mais aclamados espetáculos da Broadway, mas, particularmente, em relação à iluminação cênica, uma parte do show causou um impacto insuperável. Uma explosão cósmica formada por 29 lasers que proporcionaram um cenário espetacular para o solo desacompanhado de Brian May – de fato, acompanhado pela iluminação, com linhas suaves e em movimentos cadenciados, fornecendo as texturas e camadas que envolveram todos os espectadores. Para esse efeito, Sinclair escolheu os sistemas da empresa inglesa ER Productions, formados por Beam Burst RGB.
Figura 1: Palco Mundo – Rock In Rio
2015
Jimmy Barnett para a banda inglesa Queen – e que fazia parte da turnê The Works (1984) -, caberia ao brilhante Lighting Designer Peter Gasper desenvolver toda a iluminação do evento e, mais que isso, ter a inovadora ideia de iluminar o público – e mostrar para os artistas, literalmente, a dimensão (de pessoas) que o evento teria – tendo, na estreia, aproximadamente 400 mil pessoas. Na atual edição, o público “diminuiu” em relação àquele número e também à edição anterior (foram disponibilizados 85 mil ingressos para a comercialização e patrocinadores; em 2013, foram 100 mil ingressos). Quanto ao palco principal – Palco Mundo -, as dimensões aumentaram muito desde 1985, e nas últimas edições, são invejáveis: estrutura com 25 metros de altura e 86 metros de frente, sendo 24 metros somente para a boca de cena. Nesse contexto, o projeto de iluminação contou com estruturas móveis e flexíveis para o atendimento das mais de 20 atrações que se apresentaram em sete datas, de 18 a 27 de setembro deste ano. Não
se pode omitir também a impressionante estrutura de iluminação, com aproximadamente 100 moving lights fixados na parte externa – cujo projeto, com linhas desconstrutivistas, foi assinado pelo arquiteto João Uchôa. Na primeira noite, após o término da apresentação da banda americana One Republic, todos os olhos e ouvidos se direcionavam ao Palco Mundo, para uma apresentação histórica e com um teor emocional incomparável. Caberia ao Lighting Designer Rob Sinclair a missão de superar as expectativas de milhares de fãs que esperavam pela lendária banda inglesa Queen, com dois in-
Fontes: I Hate Flash / Divulgação / Rolling Stone Brasil; Cezar Galhart / Divulgação
Figuras 2-3: Apresentação da banda inglesa Queen no Rock In Rio 2015
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Fontes: Luciano Oliveira/G1; Cezar Galhart / Divulgação
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Mas seria com Sir Elton John que a iluminação teria momentos especiais. Projeto do renomado Lighting Designer Patrick Woodroffe, no show de aproximadamente uma hora a meia, texturas suaves, acompanhadas por animações e imagens captadas do palco e do público
Figura 4-5: Apresentação da banda americana Mötley Crüe no Rock In Rio 2015
No dia seguinte, no sábado, importantes shows marcaram aquele 19 de setembro. Para a banda americana Metallica já foi realizada uma matéria sobre a turnê By Request (Ride de Light(n)ing, na edição 234, de maio de 2014). Para outra banda determinada a encerrar definitivamente as apresentações na véspera do Réveillon do próximo ano, ao grupo americano Mötley Crüe surpreendeu, com muitos efeitos e muita energia. Matt Mills é o responsável pela programação e direção de iluminação das derradeiras apresentações – sendo Sooner Routhier a Lighting Designer responsável pelo conceito da Final Tour. Uma equiFontes: UOL; Cezar Galhart / Divulgação
” Figuras 6-7: Apresentação de Sir Elton John no Rock In Rio 2015
pe técnica também assessora as estruturas para os efeitos pirotécnicos – labaredas lançadas em diversos momentos da apresentação. Em alguns momentos, apenas as luzes das chamas propiciavam a iluminação do palco, com a consequente projeção de sombras dos músicos, em condições primárias similares às primeiras experiências do homem e o contato com as mais rudimentares manifestações da iluminação artificial: a produção do fogo. Para a terceira noite, reencontros da história do festival com alguns dos mais iconográficos e representativos nomes que já fizeram parte do evento. Após três décadas, Os Paralamas do
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Sucesso fizeram um show memorável, com uma cronologia interativa que reuniu canções e referências (texturas, cores e dinâmicas) a toda a trajetória musical e de shows da banda (muitos deles, iluminados pelo Lighting Designer Marcos Olívio). Além deles, a noite ainda teria Seal e Rod Stewart, encerrando a programação. Mas seria com Sir Elton John que a iluminação teria momentos especiais. Projeto do
proporcionavam interações cênicas muito interessantes, idealizados pelo lighting designer Trevor Ahlstrand, forneciam roteiros imprevisíveis para as intervenções da iluminação. Traves posicionadas em alturas diferentes proporcionam resultados assimétricos e aleatórios, sem repetições e com intensidades variáveis. As canções – repletas de síncopes e marcações fortes e pesa-
Fonte: Roque Reverso / Divulgação
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Figura 8: Apresentação da banda americana Slipknot no Rock In Rio 2015
renomado Lighting Designer Patrick Woodroffe, no show de aproximadamente uma hora a meia, texturas suaves, acompanhadas por animações e imagens captadas do palco e do público, forneceram as condições ideais para um repertório repleto de clássicos das décadas de 1970 e 1980, algumas integrantes da trilha sonora das vidas de gerações. Para finalizar essa análise de alguns dos mais fascinantes shows do Rock in Rio 2015, seria na sexta-feira (dia 25) um dos mais aguardados momentos do evento. A banda americana Slipknot, formada por nove integrantes que utilizam recursos cenográficos inusitados e trajes macabros, ao mesmo tempo em que
das – são acompanhadas por estrobos, que oferecem os flashes necessários para as impressões hipnóticas e brutais. Em um festival tão complexo – em todos os aspectos citados no início desta conversa – outros shows se destacaram, mas que serão abordados com outros detalhes no Blog da Revista Backstage. Afinal, poucos festivais conseguem oferecer tantas opções de shows, tão sensacionais, que conseguiram divertir, sensibilizar, emocionar e causar tantas impressões – e percepções. Abraços e até a próxima conversa!
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LUIZ CARLOS SÁ | www.backstage.com.br
Pesadelo
REFRIGERADO E stava distraído no camarim quando ouvi os primeiros acordes da banda. “Caramba” - pensei - “os caras começaram sem mim!”. Saí esbaforido por um longo corredor que eu sabia que daria no palco, mas levei ainda uns cinco bons minutos até chegar lá. Entrei dando uma disfarçada, sorrindo, mas na real pensando em como conseguiria começar a cantar assim ofegante. Então percebi que o palco estava cheio de
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afinar. Então percebi que os músicos da banda estavam conversando alto enquanto tocavam. Falavam da derrota brasileira diante do Chile, do pedido de impeachment, de dólares na Suíça... busquei então meu parceiro Guarabyra, mas ele também estava engajado em algum outro assunto com aquele que parecia o chefe dos homens de terno. Gritei pra ele, que fez de volta um sinal de silêncio, indicador nos lábios. Sem saber o que mais fazer, ataquei os primeiros versos de Caçador de Mim. Os músicos me olharam com estranheza e aproveitando a deixa do solo de guitarra, meu parceiro sussurrou-me discretamente a sugestão de que eu deveria seguir o setlist. Olhei então a ordem das músicas do show, caprichosamente copiadas numa grande dália a meus pés. A música que abria o show chamavase Labrina Gerkoft. Eu jamais ouvira falar de tal música. Seguia-se uma tal Texalia 9 da Zunghia e outras mais da mesma espécie desconhecida. Vendo-me completamente perdido, meu parceiro atacou Labrina Gerkoft com perfeição e a banda toda o seguiu em harmonia. Só eu não tinha a menor ideia do que se tratava aquilo. Resolvi então não atrapalhar mais e corri para a coxia para questionar meu empresário sobre o que estava acontecendo. Sentado num banquinho, ele lia calmamente uma revistinha do Pato Donald.
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fora coberta com adesivos de mau gosto, tipo “sou seu homem”, “let me drive you crazy”, “gangbanger” e daí pra baixo. Sem tempo para reclamar, parti para o primeiro acorde, que para minha total surpresa – uma vez que Jazi, o roadie, é um afinador de capricho - soou completamente desafinado. Olhei para o chão procurando o afinador, que não estava lá. Parti desesperado então pra afinar de ouvido, mas tive que lidar com o fato de que as cordas estavam invertidas nas tarrachas e a nota baixava subindo e subia baixando. A custo consegui
Então percebi que os músicos da banda estavam conversando alto enquanto tocavam. Falavam da derrota brasileira diante do Chile... pessoas estranhas, vestidas quase uniformemente com ternos cinzentos. Elas sorriam amarelo e me aplaudiam cheias de condescendência, como se eu não merecesse os aplausos. O roadie me passou o violão. Quando ajustei a correia, percebi que em vez do meu lindo e eficientíssimo instrumento ele me havia dado uma velha e desconhecida guitarra, cuja pintura descascada
LUIZCARLOSSA@UOL.COM.BR | LUIZCARLOSSA.BLOGSPOT.COM - Chico, que droga de bagunça está acontecendo aqui? Quem são esses caras de terno? Ele levantou o olhar e respondeu: - Os patrocinadores. Quem mais poderia ser? Pôs a revista de lado com ar de tédio e falou: - Você está atrasado. Já vai chegar a hora do seu solo. Meu solo? Qual seria? Que música? Com que arranjo? Comecei a pensar que estava no show errado... Guarabyra viu de novo minha aflição. Para teoricamente salvar-me do vexame, tirou o tamborim da mão do patrocinador mais próximo e atacou um inexplicável samba de Ataulfo Alves: Ô Mulata Assanhada que passa com graça fazendo pirraça, fingindo inocente, tirando o sossego da gente... O público se divide. Uns vaiam com força, outros sambam animadamente. Tento segurar a onda, mas sou de súbito assaltado pela mãe de todas as sedes. Minha boca fica seca e eu sinto um frio animal... faço um gesto para o roadie pedindo água e em segundos ele me passa um copo, que tomo de uma golada só. É uísque! - Argh! Tá louco, Jazi?! Mas era tarde demais e tudo começou a rodar à minha volta. Agora os homens de terno pegam seus tamborins e aprimoram a levada, que se torna cada vez mais rápida. Meu empresário passa-me então a revistinha do Pato Donald: - Vai lendo isso aí que você melhora rápido - ele parecia finalmente preocupado comigo. Mas o público, ao contrário, irrita-se cada vez mais com aquela confusão: alguns começam a vaiar e ir embora. Tento falar no meu microfone, mas ele está completamente mudo... tudo começa então a rodar e rodar e rodar... Puff! Acordo ofegante, pijama encharcado de suor. O condicionador parece ter disparado e mandado o termostato pro inferno, fazendo do meu quarto de hotel uma filial da Antártida. Levanto da cama ainda tonto com aquilo tudo e abro uma fresta na janela, deixando entrar uma lufada de ar quente, tudo o que eu preciso neste momento. Aos poucos, as coisas começam a rodar nos eixos certos e um dia gloriosamente ensolarado pinta a cidade de amarelo. Do 19° andar, olho para São Paulo a meus pés: a menos de um quilômetro à frente, um avião manobra na pista de Congonhas. A vida real volta a si. De repente, o telefone toca. É meu empresário: - Você não atende nem o celular nem o telefone do quarto... O motorista já está aí embaixo faz hora. Corra que estamos atrasados! Oh, não... PS: este pesadelo me pegou de fato, quer dizer, existiu em meu sono, mas o show em Itaquera foi ótimo! Qualquer semelhança com fatos acontecidos com qualquer artista é mera, pura e para todo o sempre uma infeliz coincidência... xô!
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