Edição 253 - Dezembro 2015

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Sumário Ano. 22 - dezembro / 2015 - Nº 253

Ana Carolina e o novo show na Barra

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Sistema Norton, da Som & Cia, foi o escolhido para sonorizar a casa de shows na Barra da Tijuca. A empresa também forneceu toda a estrutura de luz e vídeo, além de geradores.

NESTA EDIÇÃO

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A quarta edição do Maringá Jazz Festival levou para a cidade do norte do Paraná uma diversidade de bandas e estilos instrumentais durante quatro noites. Orquestra Spok Frevo, Duo Taufic, Mazin Silva trio e Celso Pixinga trio foram alguns dos nomes que subiram ao palco do Teatro Marista, durante três noites. O festival, que é parte de um circuito de jazz que acontece em mais quatro cidades do Paraná, resume uma oportunidade ímpar de acesso gratuito à música de qualidade.

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Vitrine

22 Gigplace

Um novo modelo de cabo de guitarra, o Instrument Cable 75, possui plugs conectores mono com baixíssima resistência elétrica modelo tipo P10 (1/4 “) reto ou tipo P10(1/4”) 90° niquelados.

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Rápidas e Rasteiras A Prolight+Sound Guangzhou vai sediar uma das maiores feiras no Complexo China Import & Export Fair, em Guangzhou, entre os dias 29 de fevereiro e 3 de março de 2016. E a AES Internacional tem novo presidente.

20 Gustavo Victorino Confira as notícias mais quentes dos bastidores do mercado.

Nesta série de entrevistas, saimos dos bastidores dos shows para trilhar os bastidores das produções de forma geral. A profissão desta edição é a de empresário artístico e o entrevistado é Alexandre Rosa.

64 Vida de artista Fale sinceramente: mesmo com sono, você recusaria tomar um vinho com o Almir Sater? Duvido. O vinho vai ser bom e a conversa melhor ainda. Nesta edição, Luiz Carlos Sá divide uma noite de muita prosa e melodia durante uma visita à casa da família Sater.


Expediente

Adicione e equalize canais em mono

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Existem algumas variáveis que fazem uma mixagem soar bem, como estrutura de ganhos, equalização, compressão, distribuição no panorama estéreo, construção de ambiências etc. No entanto, a mais decisiva é a equalização. Não erre mais nesse processo.

CADERNO TECNOLOGIA 42 Logic Pro

46 Ableton

Neste mês, seguimos explorando os recursos do Logic Pro X de forma prática duas funcionalidades: Overlapping Recording (também conhecido como Gravação sobreposta) e variações no Drum Machine Designer.

O Ableton Live possui o “Groove Pool”, uma ferramenta que ajusta o “timing”, o Swing do segmento de áudio (loop), com informações que o “Live” coleta ao analisar cada peça de áudio no seu computador.

CADERNO ILUMINAÇÃO

Diretor Nelson Cardoso nelson@backstage.com.br Gerente administrativa Stella Walliter stella@backstage.com.br Financeiro adm@backstage.com.br Coordenadora de redação Danielli Marinho redacao@backstage.com.br Revisão Danielli Marinho Reportagem: Miguel Sá Colunistas Cezar Galhart, Cristiano Moura, Gustavo Victorino, Jorge Pescara, Lika Meinberg, Luiz Carlos Sá, Marcello Dalla, Ricardo Mendes e Vera Medina Edição de Arte / Diagramação Leandro J. Nazário arte@backstage.com.br Projeto Gráfico / Capa Leandro J. Nazário Foto: Divulgação Publicidade / Anúncios PABX: (21) 3627-7945 arte@backstage.com.br Webdesigner / Multimídia Leonardo C. Costa multimidia@backstage.com.br Assinaturas Maristella Alves PABX: (21) 3627-7945 assinaturas@backstage.com.br Coordenador de Circulação Ernani Matos ernani@backstage.com.br Assistente de Circulação Adilson Santiago Crítica broncalivre@backstage.com.br Backstage é uma publicação da editora H.Sheldon Serviços de Marketing Ltda. Rua Iriquitiá, 392 - Taquara - Jacarepaguá Rio de Janeiro -RJ - CEP: 22730-150 Tel./fax:(21) 3627-7945 / 2440-4549 CNPJ. 29.418.852/0001-85 Distribuída pela DINAP Ltda. Distribuidora Nacional de Publicações, Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1678 Cep. 06045-390 - São Paulo - SP Tel.: (11) 3789-1628 CNPJ. 03.555.225/0001-00

54 Vitrine iluminação O Patt 2013 é o primeiro de uma série de modelos no estilo retro, desenhados especificamente para alcançar o efeito de eye-candy nos palcos e sets de filmagens de TVs e filmes. O conceito é desse aparelho é: equipamentos de iluminação podem ser mais do que apenas objetos práticos de necessidade.

58 Iluminação Cênica Na conversa deste mês, sobre a apresentação da banda Muse na cidade de São Paulo, princípios da Física aplicados aos projetos de iluminação são o destaque de forma intensa e (super)massiva.

Os artigos e matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. É permitida a reprodução desde que seja citada a fonte e que nos seja enviada cópia do material. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios veiculados.


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CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br

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De um limão

fazemos duas limonadas

A

lgumas pessoas são dotadas de um poder de transformar matéria-prima em algo produtivo, deixando e produzindo um legado para o médio e longo prazo. Esse dom, embora muitos discordem, é algo nato, que passados alguns anos são aperfeiçoados, algumas vezes com a aplicação de alguma técnica. Apesar de 2015 ter sido um ano difícil, empreendimentos e projetos foram mantidos graças aos dotados desse espírito empreendedor, que, de uma forma ou de outra não deixam a “peteca cair” quando os rumos do mercado e da economia parecem confusos ou nebulosos. Nesse ano de 2015, mesmo com a forte retração que se abateu sobre o nosso mercado em geral, projetos já consolidados não deixaram de ser executados frente a retirada de alguns apoios ou verbas. O compromisso firmado entre seus realizadores e público não deixou de ser cumprido. São essas ações, de que mesmo na dificuldade é encontrada uma solução, que injetam ânimo para a realização de outros projetos que ainda virão. Antes que alguém questione sobre o lucro sobre a bilheteria, a referência aqui é, sobretudo, acerca dos projetos que promovem música de qualidade e gratuita para a população. Festivais que necessitam de apoio de entidades que “comprem” a ideia e que também concordem em oferecer música boa de qualidade e de graça para todos. Esses apoiadores também são dignos de receber elogios. O que se pode levar como lição dessas iniciativas é que não é por causa da crise que o público deixará de gostar do que é bom. Oferecer eventos de qualidade, mesmo que isso demande muito mais esforço do que antes, é a chave para merecer e manter o respeito e credibilidade junto à sociedade, público-alvo, patrocinadores e apoiadores. Boa leitura. Danielli Marinho

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VITRINE ÁUDIO| www.backstage.com.br 12

SISTEMA WIRELESS HANDHELD SAMSON SYNTH 7 www.equipo.com.br O sistema Samson Synth 7 define o padrão de desempenho wireless UHF premium. Apresentando construção robusta, tanto o receptor quanto o transmissor são feitos em metal resistente. Com recursos avançados e operação a prova de falhas, o Synth 7 é o futuro do wireless profissional para cantores, apresentadores, educadores e outros. O Synth 7 permite operação segura com até 20 sistemas simultâneos (dependendo da região) com distância de até 100 metros entre o receptor e transmissor. O receptor UR7 combina ótima construção com estabilidade e segurança oferecendo uma incrível experiência para o usuário. O display de LCD multifuncional “fullcolor” apresenta uma variedade de características surpreendentes, incluindo um analisador de espectro de frequência automática, que procura a frequência de operação que esteja mais livre garantindo a operação segura.

VS184A - VIDEO SPLITTER www.ezaki.com.br O Vídeo Splitter HDMI da ATEN é a solução perfeita para quem deseja exibir o conteúdo de uma fonte de vídeo de altíssima definição, 3D e 4K, e áudio digital em até quatro exibidores simultaneamente. Presente no mercado há 34 anos a ATEN é especializada em conectividade e em tecnologias de compartilhamento e gerenciamento de acesso.

INSTRUMENT CABLE 75 (CABO DE GUITARRA) www.tiaflex.com.br Esse modelo possui plugs conectores mono com baixíssima resistência elétrica modelo tipo P10 (1/4 “) reto ou tipo P10(1/4”) 90° niquelados. A bitola é formada por condutores em cobre OFHC flexível, de secção 0,75mm2 (18 AWG) mais condutor sólido reforço tipo coaxial. Além disso, a fabricação do condutor e da blindagem são em cobre eletrolítico OFHC (Oxygen Free High Conductivity), isento de oxigênio, alta condutividade, melhor transmissão de sinal, melhor condutibilidade elétrica. A dupla proteção é composta por material semi-condutor mais trança de fios de cobre OFHC, protegendo o sinal contra interferências externas (eletromagnéticas e rádio frequência). Entre as vantagens estão: mais durabilidade, mais flexibilidade, mais definição nos graves, médios e agudos (fidelidade ao timbre). Maior condução de sinal (transparência), sonoridade limpa e linear, melhor resistência mecânica e excelente relação custo-benefício.


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BAIXO CORT SIG JEFF BERLIN | RITHIMIC www.equipo.com.br

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Esse instrumento tem sua construção com braço parafusado, Duplo Cutaway, Corpo em Alder, Top em Padouk e Spalted Maple, Braço em Hard Maple, escala em Rosewood, Escala 34" (864mm), tarraxas Hipshot Ultralight Tuners, ponte Babicz FCH4 e captadores Bartolini Jeff Berlin Custom Soapbar. Possui ainda controles Eletrônicos Passivos: 1 volume, 1 Balance, 1 Tone, Ferragens Douradas e vem nas cores NAT – Natural.

MX 4X1 SM www.powerclick.com.br O MX 4X1 SM é um sistema profissional de audição por headphone para quem deseja monitorar até 4 sons diferentes com opção estereofônica. É composto de um mixer de alta qualidade com 4 canais, projetado para acoplamento no potente amplificador estéreo Power Click especial para headphones. Cada um dos 4 canais possui input e output (Direct Out), controles de volume, graves, agudos e PAN (que direciona o som para um lado ou outro do headphone). O DIRECT OUT de cada canal transfere o áudio para outro equipamento sem interferência dos controles do MX 4x1 SM. O equipamento possui opção para conectores de headphones P2 ou P10 estéreo com controle de volume MASTER e acompanha fonte de alimentação, além de um prático suporte para fixação em pedestal de microfone (SPP).

MA5.0Q AMPLIFIER www.martin-audio.com Igualmente versátil tanto em versões de sistema portátil ou instalado, e com seus 4 canais entregando mais de 5.000W, o novo MA5.0Q da Martin Audio e um sistema de som flexível e de real solução para custo-benefício em termos de pequenas e médias instalações. Beneficiado pela tecnologia encontrada em todos os produtos da marca Martin Audio, o MA5.0Q entrega eficiência, baixo consumo de energia elétrica e ainda possui dissipação de calor que permite que o equipamento também seja usado em ambientes de temperatura inconstante ou muito quentes. Entre as características podemos citar quatro canais em 1 RU e, 358mm /14.1”, mais potência, menos peso (5.000W em 7,3 kg), chave interna comutadora 230/115V, entre outros.


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2016 reforça marca na Asia A Prolight+Sound Guangzhou vai sediar uma das maiores feiras no Complexo China Import & Export Fair, em Guangzhou, entre os dias 29 de fevereiro e 3 de março de 2016. O evento acontece durante o pico sazonal de matéria-prima para a indústria. Na edição 2015, a feira foi visitada por 1.186 expositores e 63.785 visitantes. A edição de 2016 terá cerca de 130 mil metros quadrados de área de negócios, tomando todo o complexo Area A, bem

como um espaço exterior. O espaço estendido servirá como plataforma para os expositores apresentarem novos produtos, fazer network com representantes da indústria e aumentar o alcance da imagem de suas marcas. Entre algumas novas empresas que foram atraídas pela feira estão: Adam Hall, ALESIS, ArphoniA, BOSE, clearvoice systems, DiGiCo, GTD, K-array, Kling & Freitag, HK Audio, L-Acoustics, Maquinas Iberica, NEXT Audio e SHURE.

SHURE NOVO PRESIDENTE A Shure Incorporated anunciou no dia 12 de novembro que a presidência da companhia será assumida por Christine Schyvinck, a partir de 1º de julho de 2016. Christine Schyvinck substituirá Sandy LaMantia presidente e diretor-executivo (CEO), que durante 20 anos contribuiu de forma significativa para o crescimento estratégico da companhia, solidificando sua liderança global como uma das empresas de áudio mais respeitadas e reconhecidas de todo o mundo.

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Prolight+Sound Guangzhou

MACKIE TEM NOVO GERENTE DE PRODUTOS A Loud Technologies Inc. anunciou recentemente Jon Rundle como o novo gerente de produtos da Mackie. Rundle foi promovido a essa posição após quase uma década na área de vendas e treinamento dentro da Mackie. Seu profundo conhecimento com os usuários de base da empresa, nos setores de áudio profissional e MI dá ao novo gerente uma perspectiva única em ambos relaciona-

mentos com clientes e desenvolvimento de produtos. Nesse novo desafio, Rundle ficará envolvido diretamente em todos os aspectos de desenvolvimento de produtos, pesquisa e análise de mercado, ajudando a empresa a continuar a entregar produtos que darão continuidade ao objetivo da Mackie: continuar a ser reconhecida como uma indústria líder em áudio profissional.

AES INTERNACIONAL TEM NOVO PRESIDENTE Foi durante o encerramento da 139a Convenção da AES, em Nova Iorque, que foi apresentado o novo presidente da associação. O norteamericano John Krivit substituirá Andrés Mayo na direção da entidade. A Convenção aconteceu entre os dias 29 de outubro e 1 de novembro, no Javits Center, e reuniu público recorde de mais de 18 mil participantes e mais de 350 empresas.

HARMAN PARTICIPA DA EXPOCINE 2015 A HARMAN do Brasil estará presente, através da sua divisão Professional Solutions, na EXPOCINE 2015. O evento é considerado o maior da América Latina, voltado à indústria cinematográfica de exibição, e acontece nos dias 17, 18 e 19 de novembro, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo. Na ocasião, a empresa vai apresentar ao mercado produtos das renomadas marcas do seu portfólio e soluções completas em projetos de áudio e automação para salas de cinema. Entre os diferenciais da Harman do Brasil que serão destacados no evento, estão os projetos customizados de áudio, que são desenvolvidos pela equipe da empresa para a perfeita aplicação da linha de caixas acústicas JBL e amplificadores Crown. Além disso, as soluções de automação que integram o portfólio da HARMAN são ideais para a gestão de recursos das salas, como projetores e lâmpadas, energia elétrica e moderno controle de sistemas AV, que levam a assinatura da AMX.


MIDAS NA TERÇA TÉCNICA No dia 17 de novembro, a reunião dos profissionais de áudio da terça técnica do Rio de Janeiro foi brindado com o workshop sobre os consoles Midas. Na ocasião, o Consultor e especialista em Midas Emerson Duarte explicou todo o funcionamento e as principais características dos consoles. Depois de mais de 3 horas, o evento terminou com perguntas do público. O workshop foi realizado pela equipe da Terça Técnica e contou com o apoio da Laredo Audio. O Grupo se reúne as terças feiras no Jacarepaguá Tênis Clube, Travessa Cap. Meneses, s/n Praça Seca - Jacarepaguá

OFICINA DE BATERIA NO RJ No dia 8 de novembro, a Oficina de bateria Rui Motta realizou, no teatro da Pequena Cruzada, na Lagoa, zona sul do Rio de Janeiro, a apresentação de fim de ano dos seus alunos com idade entre 5 e 17 anos. Na ocasião, os aspirantes a bateristas apresentaram canções ensaiadas ao longo de 2015 e colocaram à prova suas experiências de aulas. Para mais informações, acesse www.oficinadebateria.com.br

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MÚSICA CAIPIRA GANHA LIVRO A editora Realejo Livros lança o livro Música Caipira: as 270 maiores modas, do jornalista José Hamilton Ribeiro. Trata-se da segunda edição ampliada - a primeira, batizada de A Bíblia da Música Caipira, publicada pela Editora Globo em 2006, está esgotada há quase três anos -, com cerca de 500 páginas e mais de 60 fotografias. A publicação acompanha dois DVDs exclusivos, originados a partir do conteúdo da obra, com participações de Sérgio Reis, Chitãozinho e Xororó, Irmãs Galvão, Zé Mulato e Cassiano, Ivan Vilela, Tinoco e Inezita Barroso. O conteúdo teve como base a seleção das 270 maiores canções caipiras de todos os tempos, com a história de cada música e seus autores, bem como o contexto em que foram criadas. A curadoria foi feita pelo autor, com orientação e voto de dois violeiros de Minas Gerais: Júnior Borges, de Uberaba, e o médico e catireiro José Maria Campos, de Bom Despacho. Só entraram no livro as composições que tiverem três votos, ou no mínimo dois. Além das canções, o livro ainda apresenta as definições e as características tão marcantes da música caipira, e indica como diferenciar o estilo da música sertaneja e do sertanejo universitário, por exemplo. Dos dois DVDs exclusivos, o primeiro é um documento sobre autores importantes da música rural – com a última entrevista de Tinoco e um sugestivo encontro com Inezita Barrozo em sua casa. Já o segundo, é um musical que mostra na íntegra algumas das “270 maiores modas”, interpretadas por seus autores ou por artistas de peso.

ORQUESTRA EM LIVRO A Orquestra Sinfônica Nacional (ONS), ligada à UFF, ganhou recentemente sua primeira biografia oficial que conta histórias e curiosidades do meio século de existência da ONS. No dia 22 de novembro, quando se comemora o aniversário de Niterói, haverá um lançamento, logo após o concerto da orquestra, que será às 10h30, no Cine Arte UFF. Fruto de um cuidadoso trabalho de pesquisa de Robson Leitão, a obra elucida dúvidas quanto a datas, fatos e personagens marcantes e conecta o leitor ao universo dos músicos, composições e repertórios. Para a primeira biografia oficial da orquestra, o autor se baseou em documentos governamentais, entrevistas com compositores e regentes, relatos pessoais de músicos e ex-integrantes, programas de concertos e notícias jornalísticas. A narrativa busca um encadeamento cronológico dos fatos que

marcaram sua trajetória, tendo como ponto de partida sua criação junto ao Serviço de Radiodifusão Educativa do MEC, em 1961, com a missão de difundir a música erudita composta por brasileiros. A partir da publicação, é possível entender a real importância da orquestra, não somente para aqueles que a integraram ou que ainda fazem parte dela, mas para o país.

AUDINATE ANUNCIA O LANÇAMENTO DO DANTE VIA A Audinate, criadora do Dante, uma tecnologia de conexão acaba de lançar no mercado mundial seu mais novo software Dante Via™. Tendo revolucionado com o sistema de rede de áudio sobre IP, agora a empresa decidiu que é hora de tanto o usuário final como os consultores e engenheiros de som do mercado de todo o mundo devem ter mais fácil ao acesso às vantagens proporcionadas pela conexão em

rede com o Dante. Esse novo software conecta qualquer aplicação de áudio ou dispositivo de seu computador a uma rede Dante. Com o Dante Via é possível incorporar dispositivos USB, FireWire® ou Thunderbolt™, incluindo microfones, consoles de diversas origens ou caixas E/S a uma rede de audio Dante. Também permite criar uma rede Dante sem necessidade de contar com um hardware da marca.


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sediavam por uma foto ou algumas palavras em contato pessoal. Não bastasse isso, ela se apresentou com uma banda montada duas horas antes da noite de premiação e esbanjou segurança e generosidade com os músicos. Ganharia fácil o troféu simpatia 2015.

A BANDA

A prudência marcou os pedidos para formação de estoques de final de ano. Grande parte dos comerciantes preferiu o risco de perder venda a comprometer sua liquidez ou capacidade de adimplemento durante o verão que sabidamente tem queda de movimento. De outro lado, alguns apostaram nas promoções de fabricantes e importadores comprando itens de fácil comercialização a curto e médio prazo. Alguma coisa me diz que esses vão se dar melhor.

DESAFIO A exemplo de outros eventos, a Festa Nacional da Música também foi atingida pela crise que assola o país. Despercebida, a escassez de recursos não representou qualquer tipo de redução no tamanho da Festa ou limitação de qualquer espécie. A engenharia financeira do “pai” do evento, o jornalista Fernando Vieira, foi mais uma vez motivo de reconhecimento e aplauso da classe artística.

Com Mike Maeda na bateria, Regis Pessoa no baixo, Thais Andrade e Alexandre Pio nos teclados, Dney Bitencourt na guitarra e George Israel e Leo Gandelman formando a dupla de saxofones, a banda montada para acompanhar Marina na clássica Fullgás foi um capítulo à parte em Canela. Músicos consagrados e experientes não se furtaram a improvisar uma formação que fez bonito e mereceu elogios da cantora e autora da música. Marina se mostrou surpresa quando descobriu que a banda tinha apenas duas horas de vida.

CASIO O piano Celviano mais uma vez foi destaque no palco principal do evento. Num móvel branco e classudo, o instrumento chamou a atenção pela qualidade sonora e beleza. Tinha pianista rindo sozinho ao sentar no xodó da Casio. Na Festa 2015 a empresa mostrou também novos equipamentos voltados aos DJs.

CONSELHO Fafá de Belém não economizou simpatia e objetividade com os jovens que participavam de sua palestra na Festa Nacional da Música. A cantora falou sobre a carreira artística: “O sucesso exige trabalho, dedicação e personalidade. Essa conquista cobra um preço e, para alcançar isso, vocês precisam estar dispostos a pagar com sacrifício e profissionalismo”. Palmas para a diva.

ROLAND No outro extremo do palco principal, o espetacular RD800 da Roland foi também motivo de suspiros dos pianistas que subiam para se apresentar. Como disse o versátil e irrequieto Alexandre Pio: “É difícil saber para que lado do palco a gente deve ir. De um lado o melhor da Roland, e do outro o melhor da Casio”. Coisas da Festa Nacional da Música.

SIMPATIA Marina Lima debutou em alto estilo na Festa 2015. Além de distribuir simpatia e bom humor, a cantora foi receptiva aos artistas assumidamente fãs que a as-

NOVATA A Earth surpreendeu positivamente aqueles que testaram seus instrumentos. Debutando no evento, a nova mar-


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ca de instrumentos fechou parcerias e teve seus violões elogiados por quem os usou nos muitos palcos do encontro.

EQUIPO A empresa da família Waldman foi a responsável pela maior parte dos equipamentos dos cinco palcos que compuseram a Festa 2015. Destaque para as espetaculares baterias Tama e os devastadores amplificadores da Hartke e da Laney. Já a babação pelos instrumentos da Ibanez não causaram surpresa, afinal quem não sonha empunhar a marca. Não bastasse isso, o estande da Equipo na Mostra de Instrumentos, mais uma vez foi um show à parte.

MAIS UM O novo palco patrocinado pelo Sebrae foi uma novidade que aprovou no encontro de Canela. Sem bateria e voltado a um som mais acústico, o palco Sebrae recebeu dezenas de artistas que buscavam algo mais introspectivo e sutil. Novidade que veio para ficar.

para se apresentar ao lado dos Fevers, Jerry Adriani e Sérgio Reis.

preciosas da nossa MPB. Produtores e executivos há muito tempo já descobriram isso.

O INSÓLITO... DE NOVO Quem vai pela primeira vez ao evento ainda se choca com o inacreditável intervalo do Grenal dos artistas realizado no Estádio Municipal com capacidade para cinco mil pessoas. Esse ano, o churrasco regado a cerveja no meio do campo foi aditivado por uma paleta de cordeiro que fez com que jogadores, árbitros, jornalistas e artistas presentes imaginassem tudo, menos o intervalo de um jogo de futebol.

ECAD Parece que o bom senso começa a se impor e os artistas descobrem que mesmo com críticas, o ECAD precisa ser preservado como única alternativa de evitar que a política e a corrupta máquina pública brasileira tomem conta da arrecadação dos direitos autorais no Brasil. Transparência nas contas e participação na gestão se obtém com debates, propostas e novas ideias. Já entregar o segmento para os políticos seria um retrocesso devastador.

PERSONAGENS Alguns artistas se destacam pela participação e forma como encarnam o espírito da Festa. Confraternizam com todos, atendem fãs, sobem em todos os palcos de todos os estilos e ainda encontram fôlego para cantar e tocar improvisadamente com amigos. Em 2015, Sandra de Sá e Ivo Meirelles foram insuperáveis nesse quesito.

EMOÇÃO O cantor e líder do Grupo Pixote, Dodô Monteiro, não escondeu as lágrimas ao subir ao palco e, junto com a banda, receber a homenagem da Festa. Lembrou os momentos difíceis vividos pelo grupo que, ao longo de mais de 20 anos de carreira, conquistou o respeito e o sucesso no mundo do samba. Emoção sincera e muito aplaudida por todos.

PREFERIDO SAMBA E como sempre, o palco voltado ao samba foi equipado pela Timbra, marca de percussão da Izzo, que aos poucos começa a dominar o mercado nacional do segmento. A qualidade dos instrumentos aliada ao capricho no acabamento faz da marca Timbra uma das atrações do palco do samba.

Leo Gandelman vai lembrar por muito tempo de Canela. Foi disparado o artista mais convidado para tocar e participar nos muitos palcos do evento. O mega saxofonista é admirado por todos e não bastasse isso é um boa praça que esbanja simpatia e boa vontade. Fez estreia de ouro na Festa desse ano.

A NOITE DAS NOVIDADES IDENTIFICAÇÃO A Festa 2015 revelou uma surpreendente identificação do dublê de ator e músico Sergio Loroza com a Jovem Guarda. Conhecido também como produtor e soul man, Serjão assumiu seu lado jovemguardista e subiu ao palco principal

Ao longo do tempo, a última noite da Festa Nacional da Música tem se caracterizado pela apresentação das novidades que farão a música brasileira de amanhã. Muita gente nova e boas surpresas transformam a terceira noite da Festa numa verdadeira caça a pedras

TALENTO Alguns instrumentistas brasileiros chegam ao longo de sua carreira a patamares dignos dos grandes nomes mundiais do jazz e da música instrumental. O baterista Alfredo Dias Gomes é um dos mais perfeitos exemplos disso. Músico experiente e dotado do mais absoluto domínio do seu instrumento, o artista lança seu sexto trabalho cercado por um time de músicos dar inveja. Esbanjando sensibilidade e furor nas baquetas, Alfredo dá uma aula de bateria e mostra que a música instrumental continua universal e sem fronteiras. E nos dá orgulho, como brasileiro...

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ESPAÇO GIGPLACE | www.backstage.com.br 22

Profissões do

‘backstage’ A L E X A N D R E EMPRESÁRIO Nesta série de entrevistas em que procuramos dar mais extensão ao conceito de backstage, algumas vezes, sairemos dos bastidores dos shows para trilhar os bastidores de todas as produções que tiverem profissionais trabalhando em áreas que sequer sonhamos que existam. A profissão desta edição é a de empresário artístico e o entrevistado é Alexandre Rosa.

R O S A

ARTÍSTICO

redacao@backstage.com.br Fotos: Arquivo Pessoal / Divulgação

G

igplace- Alexandre, conte um pouco sobre a sua história, sua formação acadêmica e sobre como você foi parar no mercado de entretenimento. Alexandre - Sai de casa aos 17 anos, sou de Jacareí cidade do interior de SP, terminei o que se chamava na época de colegial e fui para São Paulo buscando um caminho, mas sem ter ideia do que gostaria de fazer. Trabalhei em lojas e fui garçom para me manter e por conta dos amigos comecei a trabalhar como segundo assistente de produção de objetos para filmes e campanhas publicitárias. Por conta de contatos e amizades feitas neste primeiro trabalho fui passando por vários estágios dentro da produção de TV, Teatro, Cinema e Moda. Até que um dia uma grande amiga produtora de shows, que trabalhava com Lulu Santos me ligou e me propôs iniciar um trabalho com ele. Entrei no meio musical, “oficialmente” como camareiro do Lulu, porém estava mais para um produtor pessoal pelo tamanho da demanda de trabalho. Como sempre fui dedicado, fui acumulando funções dentro da produção do Lulu, fazendo a pré-produção, produção-executiva de Estrada, nunca deixando de

exercer nenhuma das funções, assim passaram-se sete anos, o que considero minha faculdade no mundo da música. Fazendo algumas apresentações com o Lulu na casa de show da Ivete Sangalo, o Pier Bahia, conheci a Valéria Sangalo, que me convidou para assumir a pré-produção do Turnê Maracanã, e assim me mudei para Salvador. Com certeza essa experiência foi minha pósgraduação e mestrado, pois fui o único rodar mais de uma vez o Brasil com a maior cantora do Brasil. Ivete é a maior em todos os sentidos: estrutura de produção e seu coração e profissionalismo são únicos. Passei quatro anos na produção da Ivete, até o início da Turnê Madison; após a tour na Europa, decidi que era hora de seguir minha intuição e ir para o Rio de Janeiro. Foi difícil sair, pois


Alexandre Rosa na Produtora Roda dos Ventos

na produção da Ivete eu tinha estabilidade e amigos (que se tornaram família), mas estava decidido a dar início a uma nova etapa na minha vida. No Rio de Janeiro, fui chamado pela cantora Vanessa da Mata para cuidar do seu comercial, vendas de show e captação de projetos e patrocínios. Durante o ano de 2012 eu captei o Projeto Nívea - Viva Tom Jobim que foi executado em 2013. Após esta captação, Vanessa da Mata me convidou para ser empresário artístico dela, na qual assumi a gerência de sua carreira pelo ano que seguiu ao projeto. Após esse período decidi que era hora de expandir a minha produtora. Observei que o mercado da música estava precisando de novas estratégias para lançamentos e planejamentos de

carreiras, e me uni a Cláudia Linhares, minha sócia. Começamos a buscar novos artistas no mercado e depois de uma longa pesquisa, hoje temos dois novos nomes que cuidamos de toda carreira: a cantora Alice Caymmi, que lançamos a turnê Rainha dos Raios, em maio de 2015 com o DVD já gravado a ser lançado pela Universal Music, e o cantor, compositor e poeta Sylvio Fraga, que lançaremos seu CD Cigarra no Trovão agora em dezembro de 2015, no Rio de Janeiro e em São Paulo, com turnê já em processo de pré-produção para maio de 2016. Gigplace - Quais as atribuições de um empresário e como seria o dia a dia de trabalho deste profissional? Alexandre - Além de um conhecimento amplo de produção e vendas, formar uma boa equipe é crucial para o andamento de um escritório, bons profissionais ao seu lado faz toda a diferença, pois acredito que para se formatar o planejamento de uma carreira é preciso saber como levar o trabalho do artista ao alcance máximo do público-alvo, unindo logística com contatos certos com o contratantes/parceiros nacionais e internacionais e uma equipe que te dê supor-

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No sentido de planejamento de carreira utilizamos todos as plataformas digitais para nos comunicar com o público-alvo dos nossos artistas, no intuito de potencializar a aproximação entre artista e público. Mas ainda sim, esses recursos não substituem (para meu gosto) a “boa” ligação, seja por telefone fixo, Skype ou FaceTime.

Alexandre Rosa, Marcela Oliva e Lucio Avila - Madison, em Portugal

te a todos assuntos relacionados ao seu artista. O meu dia a dia segue entre muitas reuniões de estratégias de redes sociais e plataformas de web, vendas, projetos de turnê, projetos de captação de apoios e patrocínios, sempre focados no perfil de cada artista do escritório. Gigplace - A tecnologia tem nos ajudado a desenvolver melhor o nosso dia a dia, quais os aparatos tecnológicos (equipamentos, softwares) que são vitais para o desenvolvimento do seu trabalho? Alexandre - Sou muito conectado, tenho 35 grupos de trabalho no Whatsapp, talvez hoje seja a maneira mais rápida e barata de se comunicar em grupo. No sentido de planejamento de carreira utilizamos todos as plataformas digitais para nos comunicar com o público-alvo dos nossos artistas, no intuito de potencializar a aproximação entre artista e público. Mas ainda sim, esses recursos não substituem (para meu gosto) a “boa” ligação, seja por telefone fixo, Skype ou FaceTime. Gigplace - Na sua visão empresarial qual a importância da equipe técnica para o(s) artistas que você empresaria? Alexandre - A equipe técnica, juntamente com a produção executiva, são as molas propulsoras na engrenagem de fazer shows. É de fundamental importância o reconhecimento positivo destes profissionais, que são nossos parceiros; dando a eles sempre a melhor condição de trabalho possível.

Gigplace - Ainda falando sobre equipe técnica, você participa ativamente na seleção da equipe de apoio dos seus artistas, e quais os critérios para a escolha dos profissionais? Alexandre - Sim, sempre monto a equipe que acredito se encaixar com o perfil do artista, avalio sempre o temperamento e a experiência do profissional. Para mim, profissionalismo e bom humor são elementos imprescindíveis. Gigplace - Com a atual situação do país como o empresário concilia a retração do mercado de entretenimento e a turnê dos seus artistas? Alexandre - Sou da política que negócio bom é para os dois lados. Hoje não temos só contratantes, temos acima de tudo parceiros, que devem ser privilegiados com uma produção coesa, sem desperdícios, a fim de diminuir os custos. Uma alternativa para viabilizar é nos fidelizarmos com bons fornecedores, que nos atenda com qualidade e preço em todas as necessidades da produção. Como tenho um trabalho direcionado a novos talentos, busco também parcerias com marcas que se identifiquem com os artistas, que possam apoiar ou patrocinar a turnê ou projeto. Gigplace - Uma pergunta provocativa, no mercado brasileiro, grava-se o DVD antes do artista levar o show pra estrada e muitas vezes o que é criado para o DVD é inviável de levar para a estrada. O que você acha desse mode-


Equipe Alice Caymmi, Rock in Rio 2015

lo, ele é o inverso do que se faz nos EUA, por exemplo? Alexandre - Acho que temos hoje uma necessidade grande de gerar conteúdo para o artista, por conta das redes sociais, etc. O formato DVD é um recurso que gera naturalmente bastante conteúdo, e de uma única vez, já que de um DVD pode-se extrair clips e mesmo um CD ao vivo. Mas atualmente acredito que, com planejamento, podemos diminuir a diferença do que acontece no show de gravação do

Equipe Lulu Santos (2005)

produto, para o show de turnê, em termos cênicos e, principalmente, em termos musicais. Inclusive, (apesar de ainda ser uma exceção) alguns artistas nacionais já usam como expediente, deixar para gravar o DVD depois da estreia de uma turnê. Gigplace - Na sua visão qual formato de show é mais rentável para períodos de retração como o atual? Alexandre - O que traga novidade, para que possa ser atrativo

para o público e justifique o valor dos ingressos. Gigplace - Mesmo nos períodos difíceis se abrem novas oportunidades de negócios, com a alta do dólar vender artistas brasileiros no exterior se torna uma modalidade de negocio atrativa, ou não? Alexandre - Sim, desde que você tenha um formato de produção que não inviabilize a viagem internacional. Trabalhar com equipe reduzida e formatos menores, são

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ESPAÇO GIGPLACE | www.backstage.com.br 26

Sobre a Lei Rouanet, é um ótimo incentivo, mas o fato de ter um projeto aprovado na Lei não significa que ele conseguirá ser realizado. Pois após aprovação, o projeto está apto para ser captado e “despertar” um possível interesse nas empresas.

mais fáceis de “Fazer Rodar” uma turnê internacional. E concentrar o maior número possível de apresentações, evitando espaços longos entre os shows, pois numa turnê no exterior, muitas vezes temos que contemplar dentro do orçamento do artista o custo de day off da equipe (ou seja, hospedagem, diária de alimentação, transportes internos, etc).

Alexandre - Ivete Sangalo com certeza foi a maior das minhas inspirações, ela é força e inteligência a frente de sua carreira, o convívio com ela e sua equipe me fez entender como profissionalismo, educação e carisma fazem toda a diferença dentro do seu trabalho. Com certeza, estas são as maiores referências que coloco para minha equipe hoje.

Gigplace - Os incentivos do governo para a área de entretenimento como a lei Rouanet e a de meia entrada ajudam ou atrapalham o artista? Alexandre - Sobre a Lei Rouanet, é um ótimo incentivo, mas o fato de ter um projeto aprovado na Lei não significa que ele conseguirá ser realizado. Pois após aprovação, o projeto está apto para ser captado e “despertar” um possível interesse nas empresas. Atualmente tenho obtido melhores resultados trabalhando com verba de marketing das empresas. Quanto à meia entrada, acabou que nos adaptamos a ela. A ideia nasceu de forma a facilitar o acesso à cultura a população mais carente, o que é maravilhoso, porém nossos custos para realização de um espetáculo, não diminuíram. Logo, é uma equação difícil de administrar, já que os custos permaneceram e a renda diminuiu.

Gigplace - Sempre perguntamos aos nossos entrevistados sobre casos e ausos que já aconteceram com eles. Qual fato ou situação você riu muito depois dele acontecer, ou seja seu mico preferido? Alexandre - No meu trabalho com a Ivete eu viajava sempre um dia antes sozinho, chegando na cidade e vendo se o combinado tinha sido cumprido, estava naquela logística maluca sem dormir há 3 dias, e quando entrei no avião que ia para Porto Alegre, cidade que eu tinha que descer, dei aquela dormida errada e quando acordei o avião estava taxiando para seguir para Buenos Aires. Conclusão: tive que armar uma certa confusão para fazer o avião voltar para o finger para eu descer.

Gigplace - Com as atuais mudanças econômicas, como você acha que o mercado de entretenimento vai se portar diante do quadro atual e num futuro a curto prazo? Alexandre - Acho que quem não se adaptar a ter eventos, shows ou espetáculos que contemplem novidade, qualidade e preço terá dificuldade em se manter. O público está escolhendo cada vez mais o que quer assistir tendo sua diversão e conforto garantidos. Gigplace - Na nossa jornada sempre cruzamos com pessoas que fazem a diferença, que nos incentivam a dar mais um passo em nossa vida profissional. Quem ou quais foram essas pessoas em sua carreira e em qual a situação elas foram importantes?

Gigplace - O que falta ainda pra que se torne um profissional ainda melhor? Alexandre - Acredito que temos que estar sempre nos reciclando e trocando o máximo possível com os profissionais da nossa área, por isso me mantenho sempre aberto a tudo. Gigplace - Quais são os seus planos para o futuro, onde pretende estar daqui a 10 anos, nos planos profissional e pessoal? Alexandre - Meu plano é apostar em novas plataformas de lançamento, direcionado para novos talentos. Unindo forças com grandes marcas e possibilitando expandir o alcance da música brasileira. Este espaço é de responsabilidade da Comunidade Gigplace. Envie críticas ou sugestões para contato@gigplace.com.br ou redacao@backstage.com.br. E visite o site: http://gigplace.com.br.


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A quarta edição do Maringá Jazz Festival levou para a cidade do norte do Paraná uma diversidade de bandas e estilos instrumentais durante quatro noites. Orquestra Spok Frevo, Duo Taufic e Celso Pixinga trio foram alguns dos nomes que subiram ao palco do Teatro Marista, além de dois grupos locais, mais workshops gratuitos de música instrumental. O objetivo maior é dar oportunidade para músicos locais e público de ter contato com grandes músicos e música de qualidade. redacao@backstage.com.br Fotos: Bulla Jr. / Divulgação

MARINGÁ

L A V I T S E F Z Z JA

A

cidade paranaense de Maringá se transformou na capital do Jazz entre os dias 6 e 11 de outubro, com uma programação de shows e workshops de música instrumental gratuitos. Os shows aconteceram no teatro Marista e o encerramento previsto para acontecer na praça da Catedral (cartão postal da cidade). Como a chuva não deu trégua, as apresentações do domingo também aconteceram no mesmo teatro. A ideia do encerramento do festival ser ao ar livre é prova de que o festival vem tomando fôlego a cada ano e que a música instrumental vem encontrando

público cativo, principalmente entre a nova geração. Para William Fischer, idealizador do projeto, esse é um dos objetivos maiores do Festival de Maringá, dar oportunidade para o público assistir de graça shows de música instrumental e de qualidade. “Uma das propostas é também procurar trazer, a exemplo dessa edição do Maringá Jazz, uma programação eclética, temos nesses sete shows dessa edição, uma variedade de estilos grande, de experiências, de carreiras e isso é muito bom para o público, além de artistas locais e regionais que estão fazendo parte dessa edição no-


das essas etapas nessas cidades, divididas entre o primeiro e o segundo semestre”, completa.

PRODUÇÃO

Duo Taufic na primeira noite no Teatro Marista

Mazin Silva trio se apresentou no sábado

vamente”, explica. O Maringá Jazz é parte da etapa de um projeto, o Cascavel Jazz, que já existe há 20 anos. Segundo Fischer, há quatro anos surgiu a ideia de ampliar aqui na

região norte do estado paranaense também, onde habitualmente não existem eventos desse porte. “Tradicionalmente, a etapa mais conhecida é a etapa de Cascavel, o Cascavel Jazz Festival, e aí a etapa de Maringá vem somar às etapas de Campo Mourão, Toledo e Foz do Iguaçu, chamado de Cataratas Jazz. A ideia é fazer um circuito instrumental para músicos brasileiros; é um festival que tem essa característica de valorizar os músicos brasileiros, talentos locais e regionais. O projeto é realizado anualmente e nos últimos quatro anos temos to-

Planejamento é a palavra-chave. Um dos desafios da produção, como conta William, é por ser uma produção com grupo reduzido de pessoas. Longe de ser uma superprodução, o Maringá Jazz tem custo bastante razoável e enxuto, tendo como fonte de recursos predominantemente a Lei de Incentivo à Cultura Federal. “Diante dessas características, procuramos montar uma programação adequada a esses custos para que possamos atender à expectativa do público e dos músicos que vêm. Então é um festival que procura também, dentro de sua gestão, adequar essa receita com as despesas sem extrapolá-las e poder cumprir tudo o que festival propõe a oferecer para o seu público, que já é cativo, pelo menos nas cidades que vêm sendo realizadas”, pondera.

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Não acredito que a cobrança de ingresso vá reduzir o público. No entanto, é fato que ele vai inibir a possibilidade de muita gente que gosta e não tem condições de acesso a um evento dessa qualidade, porque são eventos que se for cobrar um preço de venda de ingresso de mercado não seria barato e a maioria do público que gosta são músicos que estão começando a carreira (William)

Além da Lei de Incentivo, William conta que existem os parceiros, que são as empresas apoiadoras de serviços. “É fundamental, porque temos que juntar as peças como num quebra-cabeça. Então existem as peças grandes, que são as despesas maiores, e que temos que buscar na Lei do Incentivo, e existem os valores menores que são os serviços menores, de custos menores, é aí que temos que buscar parceiros que tenham condições de apoiar nesse sentido”, fala. O objetivo é que o Festival seja sempre acessível para o público. Por isso, a ideia de cobrar ingresso é descartada. “Não acredito que a cobrança de ingresso vá reduzir o público. No entanto, é fato que ele vai inibir a possibilidade de muita gente que gosta e não tem condições de acesso a um evento dessa qualidade, porque são eventos que se for cobrar um preço de venda de ingresso de mercado não seria barato e a maioria do público que gosta são músicos que estão começando a carreira. São estudantes de música, pessoas que não tem uma condição financeira consolidada. E como a própria legislação vem com esse intuito, de democratizar o acesso à cultura, nós unimos o útil ao agradável, é um evento de qualidade, com patrocínios, que cobrem os custos da equipe, de produção, de artistas, e um acesso gratuito controlado”.

Spok Frevo durante a passagem de som

tística que fosse condizente com esse momento. Por isso foi importante a Spok Frevo Orquestra estar conosco aqui esse ano”, comenta. Embora não tenha acontecido em 2105, a ideia de ter apresentação ao ar livre já está consolidada. “Estamos pensando nas próximas edições de ampliar as apresentações ao ar livre, colocar em locais específicos na cidade que possam receber grupos em palcos alternativos, em casas de cultura, escolas de música. Mais os workshops, como fizemos esse ano, com aulas, cursos com os músicos que se apresentaram. Isso é uma forma de também você devolver para a comunidade aquilo que o patrocíncio, a Lei de Incentivo à Cultura preconiza, que é esse desenvolvimento técnico, esse intercâmbio, uma cultura de outras regiões com uma cultura local”, planeja.

SONORIZAÇÃO EXPANSÃO Para as próximas edições está previsto a apresentação ao ar livre, que este ano não aconteceu por conta das fortes chuvas que atingiram a região no período em que foi realizado o Festival. “Junto com a nossa patrocinadora maior aqui na etapa de Maringá, que é a ViaPAR, que é uma concessionária de rodovias, que também quer que o público tenha esse acesso à cultura, por isso investem em cultura, surgiu a ideia de dar esse upgrade e colocar de uma forma mais aberta ainda para a comunidade. E a possibilidade de fazer o encerramento do Festival ao ar livre encantou a produção. Montamos uma programação ar-

As três noites de música instrumental no teatro Marista exigiram da equipe técnica uma forte planejamento para que tudo saísse de forma mais entrosada possível. De acordo com os técnicos Fábio e Felipe Brandalize, técnicos da equipe de produção da BR Instrumental, a ideia é dar um contorno e atendimento de padrão internacional aos músicos que vão se apresentar. “Minha função no monitor é proporcionar conforto para os músicos enquanto estão tocando, para que lá na frente, saia a energia correta dos instrumentos no PA”, explica Felipe. “O rider técnico chega e nossa função é fazer o meio de campo entre os técnicos e a locadora para que esse rider seja atendido”, completa.


Sistema JBL do teatro Marista atendeu as expectativas dos músicos e técnicos

Não faltam exigências. Em uma orquestra complexa, como a Spok Frevo, é preciso dar conta de instrumentos como sopro e percussão, bateria, guitarra, baixo, acordeon, montado de maneira certa. “Em uma música instrumental trabalham- se dinâmicas diferentes, você vai do pianíssimo ao fortíssimo e isso exige tanto do equipamento quanto do técnico uma certa sensibilidade. Por isso achamos interessante, quando o técnico de som é músico, ou toque algum instrumento, não é uma regra, claro”, comenta Fábio. No PA do teatro Marista, um sistema JBL, modelo, que atendeu de forma satisfatória. No monitor, os técnicos contaram com uma Yamaha LS9 e na house mix uma X-32, da Berhinger, ambas da locadora de som local.

ACÚSTICA Para os dois técnicos, uma das dificuldades no Brasil é encontrar um local que seja “pensado acusti-

camente”. Então o técnico tem que estar ciente disso e ter as ferramentas para contornar a imperfeição do ambiente. Em todas as edições do jazz acontecem problemas do local e temos que afinar tudo da melhor maneira possível e dentro da nossa capacidade para proporcionar um som agradável. E quando falo agradável, é importante citar que muito pouca gente no Brasil aprecia música de qualidade. Geralmente é acostumado com muita intensidade sonora, barulho, e quando a gente trabalha no festival, além de proporcionar para essas pessoas essa experiência nova, a gente tem que deixar mais ou menos perto, próximo do som ouvido lá fora. Então a gente tem esse compromisso de oferecer o mesmo som que essas equipes técnicas lá de fora”, fala Felipe, que

cita o pai, Gilberto, como seu principal mentor. Segundo o técnico de PA da banda Spok Frevo, Délbert Lins, o PA JBL atendeu muito bem ao show da orquestra. “Percebi o cuidado

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Determinadas músicas que o baterista vai solar eu acrescento o reverb nos microfones de overall, para a sala ficar um pouco maior e dar amplitude, sem precisar aumentar o volume. E aí tem a percussão, que a gente usa 4 canais, aí vem o baixo e a guitarra. (técnico de PA Spok Frevo)

Fabio (à esquerda) e técnico de PA da Spok Frevo

com os equipamentos, o cuidado com os cabos. Então a gente já percebe que teve um carinho especial para a coisa não ter defeito, para funcionar direitinho. Achei que ficou interessante, mas por estar aberto ali no meio, ficou com uma falta. Acredito que podia ter um front fill ou um no centro, jogando para as cinco primeiras filas. Mas com um front fill seria bem interesante. Só precisei de tirar um pouco do grave. De 80 tirei 5dB, de 100 e 125, tirei 3dB e de 160 tirei mais 4dBs. Precisei tirar, pois não sei se foi a sala, estou vendo muita madeira, por conta da acústica do teatro ter muita madeira, então a tendência é ter uma reverberação de grave maior. E o JBL tem uma abertura de 180 graus”, ressaltou. De acordo com Délbert, durante a turnê instrumental, o rider da banda é o para show instrumental, diferente do shows de carnaval, que acontecem em fevereiro. Para o show apresentado em Maringá, foram solicitados, além do rider, mapa de palco, backline e número de vias usadas no palco. “Tanto nacional quanto internacional é o mesmo mapa, só muda para inglês ou francês. E o outro show de car-

naval, que é um pouco maior porque entra mais um músico e tem percussão, eu peço mais uma via para monitoração”, explica. No Marista, o técnico cita que foram usados 30 canais, para 17 músicos no palco. A bateria usa até o canal 9, a caixa sempre microfonada com um mic em cima e em baixo, para pegar a esteira, a pele, a caixa e os dois over pegando a bateria toda, mais um pouco de reverb. “Determinadas músicas que o baterista vai solar eu acrescento o reverb nos microfones de overall, para a sala ficar um pouco maior e dar amplitude, sem precisar aumentar o volume. E aí tem a percussão, que a gente usa 4 canais, aí vem o baixo e a guitarra. E esse disco que a gente está trazendo de lançamento, Frevo Sanfonado, tem sempre um músico convidado, que é o acordeonista. E aí tem também o acordeon, que não faz parte da orquestra, mas está viajando com a gente por conta desse disco. E aí entram 4 trompetes, 4 trombones e 4 saxes”, acrescenta. Quanto aos consoles, o técnico afirma que trabalha com o que tiver. “Solicito desde a M7, da Yamaha, ou mesmo a


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Yamaha LS9 usada no monitor

LS9, que é o mesmo pré, à Soundcraft, a Vi6, a Midas. Quando estou fora do país, pego muito a Midas e a Soundcraft. Não fico fazendo tanta exigência e acho que o mais importante é fazer tudo funcionar. Você chega no local e vê o equipamento tudo certo, o cabeamento correto, a tendência é acontecer tudo em ordem”, comenta.

DIREÇÃO E DESAFIOS Mas para acontecer tudo de acordo com o planejado, é preciso sincronismo entre as equipes. Tal como um maestro, que não deixa nenhum instrumento entrar fora de hora, o diretor de palco tem a missão de organizar de forma minuciosa toda a movimentação dentro e fora do palco. Segundo Ricardo Leandro, fazer essa 4a edição teve mais uma complexidade, por conta de colocar no palco uma orquestra com 17 músicos. “Nos anos anteriores era mais trio, quarteto, e esse ano tiveram 23 pessoas só na equipe da orquestra. Então essa logística demandou mais tempo, mais cuidado, mais preparação, nos planejamos para casar os shows para ficar mais fácil. A troca de palco durou mais ou menos uns 10 minutos, senão a plateia dispersa, então temos que trocar rapidinho”, fala.

LINE UP Para Ricardo, em um festival como o Maringá, o rider e a logística são os principais ponto a serem observados, porque dá uma confiança ao músico para tocar. “O músico sempre vem um dia antes, por exemplo, porque pode acontecer de perder o voo. Então estamos sempre com antecedência de um dia antes, o músico nunca chega no dia do show. Já o desafio é justamente coordenar as trocas, quando um músico entrar deixar tudo funcionando e quando começar a tocar deixar tudo funcionando”, revela.

A forte característica de atender bem e dar espaço para o músico brasileiro é que talvez tenha sido a maior fonte de banco de dados de músicos querendo se apresentar no Festival. “Como prezamos muito a questão da qualidade no atendimento e damos muita atenção ao conforto do músico, por exemplo, acho que acabamos recebendo uma certa confiança do mercado, dos músicos, dos produtores, que passam a indicar o projeto para outros grupos. Assim recebemos vários CDs e acabamos

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antecedência é fundamental. “Pegamos o rider e já vamos discutindo do que precisa, se tem que sublocar algum tipo de equipamento de som que a locadora não tenha, para atender o que a banda pediu no rider. Acho que isso é muito importante, a banda chegar e ter o que foi pedido no rider e não apenas o similar. Por exemplo, a Spok Frevo pediu um Jazz Chorus, e sublocamos para atendê-lo. E como o rider sempre vem dois ou três meses antes temos esse tempo de planejar”, afirma.

A troca de palco durou mais ou menos uns 10 minutos, senão a plateia dispersa, então temos que trocar rapidinho. (Ricardo) Trabalhando com William Fischer há mais de 20 anos, e sempre fazendo a direção de palco, Ricardo comenta que acaba até ficando mais fácil, embora dê trabalho planejar. No entanto, fazer troca de informação com as bandas com

tendo um banco de dados grande de grandes músicos brasileiros, de novos talentos. Com base nisso é que montamos nossa programação artística”, revela William. Outro segredo é dar foco no detalhe, por isso, essa grade é montada


Celso Pixinga trio durante apresentação no Marista. Os três músicos ministraram aulas durante oficina de música como parte da programação do Festival

com bastante antecedência. “É importante que o avião seja confortável, que o nome esteja no camarim, que o camarim esteja limpo, que o mapa de palco esteja adequado com a necessidade do músico. Prezo para que o mapa de palco seja revisto, que seja confirmado. Converso sobre o atendimento. Sobre essa forma de tratamento, estamos sempre nos colocando no lugar do músico. E toda a minha equipe nesse sentido é sensacional e é isso que está fazendo o nome do festival ao longo desses. Como eu priorizo detalhe, quanto mais tempo a gente tem para se organizar menores erros ocorrerão durante a execução. Impossível é não errar, mas a gente procura minimizar isso”, afirma o diretor executivo. De acordo com Luciano Veronese, diretor artístico e musical do Festival, no começo a situação era inversa e a produção tinha que ir atrás daqueles que queriam participar. “Hoje já chega bastante material, e o critério é um mix de estilos musical para que a gente possa dividir e fique um certo equilíbrio entre tipos de instrumentos. Por exemplo, não vamos fazer 3 noites com trio de baixo, bateria e guitarra, então tem uma variação de estilos e instrumentos e também uma certa indicação, uma certa afinidade com o evento. Dos que vieram agora, geralmente eles já indicam para outras pessoas e essas pessoas mandam o material e já facilitou muito”, conta.

“Uma vez estávamos na Expomusic e o Pepeu Gomes estava tomando café lá no bar onde a gente estava e ele falou: “Oh Cascavel Jazz Festival, quero tocar lá”. Ele se ofereceu. Não foi no ano seguinte, mas depois ele foi. Pepeu tem um trabalho de música instrumental, e foi super legal o show que ele fez lá. Então já tivemos Hermeto Pascoal, Yamandú Costa, Paulo Moura, Cama de Gato. É um festival que já tem um certo nome no Brasil e pela seriedade do William, e do Ricardo de fazerem um evento sempre com uma organização

Maurício Leite na bateria

Uma vez estávamos na Expomusic e o Pepeu Gomes estava tomando café lá no bar onde a gente estava e ele falou: “Oh Cascavel Jazz Festival, quero tocar lá”. Ele se ofereceu. Não foi no ano seguinte, mas depois ele foi. (Luciano)

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impecável e obsessão de que saia tudo certo”, comenta. Esse cuidado, Luciano acredita que acaba facilitando a escolha, além da questão da viabilidade técnica. “Se tem um trio com piano, aproveitamos e trazemos mais um com piano, então vai fazendo a composição, mas basicamente a escolha é baseada nos estilos e na variação de instrumentos dentro da música instrumental brasileira, para que não seja uma coisa americanizada, não tenha aquele estereótipo de jazz tradicional. Priorizamos música instrumental brasileira, então geralmente é o que mantém a escolha”, fala.

MÚSICA INSTRUMENTAL Para Eduardo Taufic, do Duo Taufic, a importância desses festivais é fundamental para promover um tipo de música que não é de fácil acesso. “Nos deixa muito felizes, porque não é um tipo de música de fácil acesso para a população, então é uma forma de educar as pessoas de ouvirem música boa, uma forma sempre de mostrar diversidade cultura no Brasil, que é muito forte”, comenta. O Duo Taufic, que se apresentou no dia 09, levou o repertório do primeiro disco gravado, com 80% do repertório autoral. “O Todas as Cores, são nossas músicas, com alguma releituras de Tom Jobim, Edu Lobo, Ernesto Nazareth”, comentou. Celso Pixinga, também apresentou ao público seu novo disco, acompanhado de Mello Jr. e Maurício Leite. “Tudo autoral e novíssimo e estamos lançando aqui”, comentou. Primeira vez se apresentando no Maringá Jazz, Pixinga, acredita que é importante eventos como o Festival sairem dos tradicionais eixos, como Rio e São Paulo, e surgirem em cidade do interior. O músico aponta, no entanto, que embora tenha espaço para a música instrumental crescer e conquistar mais públicos no Brasil, carece de

Equipe do Maringá Jazz Festival

divulgação nas grandes mídias. “Não temos uma rádio instrumental, por exemplo. O que temos são pessoas idealistas que têm a coragem de fazer um trabalho que o William faz”, coloca. Para Luiz Barbosa, produtor da Orquestra Spok Frevo desde 2012, a maior dificuldade no gerenciamento de carreira da banda é fazer com que os festivais de jazz do Brasil, pequenos e médios, enxerguem a Spok Frevo como jazz. “É um frevo, mas é jazz. Esse é nosso desafio, mostrar que o frevo é uma música instrumental, brasileira, talvez a única para orquestra e que as pessoas e os programadores entendam que a gente é uma big band de jazz que toca frevo”, fala. “Tentamos planejar dois anos pra frente. E show aqui de Maringá está planejado desde 2013. Então trabalhamos dessa forma, planejando a carreira da Orquestra, a médio prazo, procurando captar recursos através de editais procurando viabilizar com 25 pessoas viajando” completa.

WORKSHOPS Do dia 06 a 08 de outubro, o Instituto da Música, em Maringá, foi sede de uma série de workshops, que fizeram parte da programação do Festival. Dirigido por Márcia Couto, o local abrigou oficinas

gratuitas de Desenvolvimento Musical, com Sidney Linhares e Sérgio Benevenuto, contrabaixo, com Celso Pixinga, bateria, com Maurício Leite, e guitarra, com Mello Junior. Foram 60 alunos participantes, em uma média de 15 workshops durante três dias. De acordo com Márcia Couto, a ideia surgiu na segunda edição do Festival de Maringá. “Aproveitando a vinda dos músicos para Maringá, o produtor executivo Willian Fischer propôs que os workshops acontecessem no Instituto da Música. Maringá é uma cidade localizada longe dos grandes centros, mas a população tem uma grande intimidade com a música. A música é fonte de renda para muitas pessoas que atuam em escolas, bares, shows, eventos, conservatórios. São estes músicos que nutrem a cultura musical de Maringá e poucos conseguem buscar informações fora da cidade. A vinda de músicos renomados para nossa cidade ministrando workshops dá a oportunidade para que estes músicos possam receber informações diferentes, transformando conceitos, buscando novas formas de se relacionar com a música e ensinar. Assim toda a sociedade ganha”, afirma Couto, acrescentando que já está em estudo a abertura de novos cursos e workshops.


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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 38

Sistema Norton, da Som & Cia, foi o escolhido para sonorizar a casa de shows na Barra da Tijuca. A empresa também forneceu toda a estrutura de luz e vídeo, além de geradores. Miguel Sá redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

NORTON O NOVO SISTEMA DE SONORIZAÇÃO DO BARRA MUSIC

F

im de tarde do dia 23 de outubro na Barra da Tijuca. Dentro da casa de shows, os funcionários terminavam a limpeza das amplas instalações, com capacidade para 6 mil e seiscentas pessoas. Dentro, os profissionais do backstage – técnicos, produtores, roadies e músicos – preparavam a cena para a entrada de Ana Carolina, seu trio e as composições

que estão na boca do povo. A Banda Celebrare também aprontava seus equipamentos para o grande baile com os hits de ontem e hoje.

EQUIPAMENTOS No meio das preparações, os técnicos comemoravam o novo equipamento instalado pela Som & Cia em agosto deste


ano, como explica Daniel Melo, diretor da empresa. “Colocamos um sistema LS6 da Norton. São 24 caixas de alta e 24 caixas de sub com doze em cada lado”, especifica. O sistema, que tem dois falantes de 12 polegadas, quatro de 6,5 e dois drivers com tecnologia dual voice core tem a abertura de 150º na horizontal, ideal para cobrir uma boca de cena com 30 metros de comprimento. Os dois falantes de 21 polegadas em cada uma das 24 caixas SB-221 garantiram o peso nos graves. “Esta quantidade é suficiente para que se produza o mesmo volume do primeiro ao último ouvinte, sem perda em nenhum ponto da casa”, reforça Daniel. Além das 12 LS6 de cada lado, também foram colocados os modelos LS2 na beira do palco para cobrir alguns metros no gargarejo da boca de cena. A Som & Cia começou a reparar nos equipamentos da Norton há cerca de dez anos, quando Leo Garrido apresentou a Daniel os equipamentos. “Gostei, me informei na fábrica da Norton e trouxe os LS3. Depois, o P1 e, finalmente, o LS6, que é o melhor sistema, na minha opinião”. A empresa ainda trouxe equipamento da Clair Brothers. “Atendemos Ana Carolina, Zezé di Camargo e Luciano, Jorge e Matheus e Claudia Leitte, entre outros”, enumera Daniel Melo.

HOUSEMIX, PALCO E LUZ Para pilotar seus artistas, os técnicos das bandas tinham à disposição as consoles Mix Rack Profile, da DigiDesign no P.A. e Yamaha PM5DRH no monitor. “Temos também os pré-amplificadores Avalon 737 e 747 para dar uma ‘esquentada’ no som, se os técnicos quiserem”, conta Daniel. Mas a empresa de som tem flexibilidade para oferecer outros equipamentos também. “Hoje a Ana Carolina quis

Sistema LS6 da Norton: 24 caixa s de

alta e 24 caixa s de sub, com doze elemento s de cada lado

usar uma Mix Rack no monitor também e trouxemos esta mesa extra. Se alguém quiser, ainda temos também a Digico SD8. Vários artistas pedem esta”, detalha. Os equipamentos de luz também são fornecidos pela Som & Cia. São 120 aparelhos para a pista da casa, sendo 80 Beam e 40 Wash. No palco são 24 Elation Platinum Spots 15R mais 48 beam Sharpy da

V-Shine e 36 wash. A empresa também é responsável pelas estruturas de sustentação da iluminação. “Nós seguimos o rider do artista e em cima disso disponibilizamos o equipamento, mas tem um kit básico que fica na casa. Sempre que há necessidade, mandamos equipamentos a mais”. As mesas de som são uma Avolite 2010 para a luz de

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 40

Jobson Oliveira, monitor da Ana Carolina

O que uso nas mixagens, uso ao vivo também. Claro que obedecendo às condições de cada show, de cada lugar, mas sempre tento começar de onde terminei a mixagem (Flavio Senna

palco, uma Tiger Touch para a pista e uma Grand MA Full Size. A casa de shows também funciona como boate aos sábados. “Temos que atender também a esse tipo de demanda. Aos sábados temos um cenário próprio e fazemos um piso sobre o palco para destacar a banda da casa, que toca os sucessos da noite. E tudo funciona com os três geradores de 250 KVA ligados em paralelo”, lembra Daniel Melo.

ARTISTAS & BANDAS Um dos profissionais que comemorava o novo equipamento da casa era Flávio Senna. Além de mixar os discos de Ana Carolina ele também faz os shows da cantora. “O que uso nas mixagens, uso ao

” Flavio Senna (à esquerda) e Daniel Melo

Além de som, empresa forneceu os geradores

Digidesign foi a escolhida para comandar o PA

vivo também. Claro que obedecendo às condições de cada show, de cada lugar, mas sempre tento começar de onde terminei a mixagem”, explica o técnico de som. Entre os desafios apontados por Flávio Senna no Barra Music, está a diferença entre o som que se propaga no mezanino e no andar de baixo, além das grandes di-


Alberto Ramos operou a luz da Ana Carolina

mensões da boca de cena. “Na hora da passagem de som minha referência é mesmo embaixo. De qualquer forma, é sempre um conforto ter um bom equipamento”, aponta Senna. O input list da cantora não era grande. Ela tocou no Barra Music com bateria pequena, baixo, teclados e percussões eletrônicas, além de uma guitarra dela mesma, que usa microfones Shure KSM9 ou SM58, dependendo das condições do local do show. “Quando é muito

reverberante, por exemplo, vai logo pro 58, porque, apesar de o KSM ter um timbre mais bonito, ele pega mais ambiente”, diz o técnico de P.A., que ficou satisfeito com o resultado final do áudio durante o show. E no palco, o produtor de Ana Carolina, Jerry Burgos, já determinava ao técnico de monitor Jobson Oliveira que preparasse o SM58 pronto para uso, mas deixando o KSM também pronto, caso a cantora decidisse usar este. Além de operar o monitor, o técnico também ajuda os roadies a deixar tudo em cima para o show. Ele comenta os gostos de Ana Carolina para o seu monitor. “Ela gosta de ouvir bem a voz, timbrada e com efeito. Ouve bastante click também. Gosta de ter o ritmo e harmonia em cima e a percussão mais abaixo. Ela se preocupa com a

afinação, por isso a voz fica na frente com a harmonia”, detalha Jobson. A luz, projetada por Bia Lessa e Binho Schaefeer foi operada por Alberto Ramos. “Nesse show, a luz tem pouco movimento, é bem teatral, com predomínio de vermelho, branco e azul com algumas nuances de amarelo e verde”, completou Bruno. O balanço da Celebrare e seus sucessos de todas as épocas fica nas mãos de Saulo Souza, que pilota nove pessoas no palco, sendo quatro vocalistas e os outros bateria, baixo, guitarra, sax e flauta, chegando a um total de 32 canais com algumas percussões e coros que vem do Pro Tools. “A questão é chegar o mais próximo possível aos arranjos originais das músicas”, explica Saulo, que também gostou do novo equipamento.

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X

LOGIC PRO

EXPLORANDO OS RECURSOS DO PRO X Vamos seguir explorando os recursos do Logic Pro X de forma prática. Neste texto, vamos explorar duas funcionalidades: Overlapping Recording (também conhecido como Gravação sobreposta) e variações no Drum Machine Designer. Vamos lá!

Vera Medina é produtora, cantora, compositora e professora de canto e produção de áudio

v

ariações de sobreposições de gravação (overlapping recording) Temos tantas opções de configuração no Logic Pro X úteis para trazer agilidade para nosso trabalho de produção que nem sempre aproveitamos toda sua capacidade. Uma destas opções que foi aprimorada recentemente é a possibilidade de configurar como o Logic Pro X se comportará quando quisermos sobrepor gravações de MIDI ou áudio já existentes na sessão ou clip. No menu File > Project Settings > Recording (Figura 1) é possível visualizer as novas opções para Overlapping Recordings (Figura 2) considerando se o modo Cycle está ou não ativo. O modo Cycle significa fazer uma passagem em loop e pode ser ativado com a tecla C. Overlapping Recordings significa exatamente sobrepor gravações, o que sempre acontece quando queremos testar novas nuances na gravação ou corrigir partes indesejadas. As opções para Overlapping gravações de MIDI ou áudio também podem ser acessadas no menu Record > Overlapping MIDI Recordings ou Record > Overlapping Audio Recordings (Figura 3). Para MIDI temos as seguintes opções: No Cycle: com a opção Cycle Mode desativada

•Create Take Folder •Merge •Overlap •Overlap / Merge Selected Regions •Create Track •Replace Cycle: com a opção Cycle Mode ativa •Create Take Folder •Merge •Merge current recording only •Create Takes •Create Takes and Mute •Replace Para áudio, temos as seguintes opções: No Cycle: com a opção Cycle Mode desativada •Create Take Folder •Replace Cycle: com a opção Cycle Mode ativa •Create Take Folder •Create Takes and Mute •Replace Vamos explicar cada uma destas opções abaixo. Embora algumas sejam específicas para MIDI ou áudio e ainda para os modos ativado e desativado do Cycle, as opções em comum têm o mesmo significado. •Create Take Folder (com ou sem


Figura 1

Cycle Mode): é uma opção existente nos modos Cycle ativados e desativados. Cria uma pasta com todas as gravações que foram sobrepostas, sendo que você pode escolher qual deverá tocar. •Merge (MIDI com ou sem Cycle Mode): cada tomada gravada é combinada com a anterior.

•Overlap: (MIDI sem Cycle Mode): ao gravar uma nova tomada, uma nova região é criada em cima da já existente e é possível ouvir ambas as gravações ao mesmo tempo. •Overlap / Merge Selected Regions (MIDI sem Cycle Mode): nesta opção, caso a região esteja selecionada, o Logic Pro X faz uma combinação da

Figura 2

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Figura 3

Figura 4

Abra o Mixer com Command + 2. Você verá o canal com o nome Trap Door e um triângulo logo acima do nome. Ao clicar no triângulo, todos os canais individuais que compõem esse padrão poderão ser vistos.

região existente com a nova gravação e mescla em uma única região. Caso a região não esteja selecionada, será gravada uma tomada como uma nova região, conforme já mencionado. •Create Tracks: (MIDI em Cycle Mode): cada vez que é gravado um novo ciclo, é criada uma track em sequência. Como usar o Drum Machine Designer com seus próprios sons.

Figura 5

Vamos aprender aqui como alterar alguns padrões do Drum Machine Designer utilizando sua biblioteca de sons. Primeiro vamos criar um projeto novo em File > New. Escolha Drummer e no Genre pode começar, por exemplo, com Hip Hop e pressione Create (Figura 4). Automaticamente o drummer Dez aparecerá com o preset Trap Door (Figura 5). Abra o Mixer com Command + 2. Você verá o canal com o nome Trap Door e um triângulo logo acima do nome. Ao clicar no triângulo, todos os canais individuais que compõem esse padrão poderão ser vistos. Veja os instrumentos que estão sendo usados e, particularmente, no kick (bumbo) você identificará o Ultrabeat no canal de instrumento virtual. Todos os sons que geram este padrão Trap Door foram construídos no Ultrabeat. Abra o Ultrabeat (Figura 6), clicando sobre o nome dele no primeiro canal (kick). Vamos neste exemplo alterar o Kick. O Ultrabeat possui todos as peças sampleadas colocadas próximas ao teclado que aparece do lado esquerdo da tela. A


Figura 6

primeira peça inferior é o Kick. Abra a área de Media do Logic Pro X e escolha em sua biblioteca de sons particular um bumbo em Format wave preferencialmente que você queira usar no novo padrão. Arraste o bumbo para a região do Ultrabeat onde aparece a forma de onda, região denominada Sample.

Pronto, você alterou o bumbo ao seu gosto, ouça agora o resultado. Vamos agora salvar esta alteração num novo preset do Drum Designer para que você possa utilizar outras vezes. Abra Library e ainda com o Trap Door escolhido, clique em Save no lado inferior direito da janela Library (Figura 7). Dê um nome novo para este padrão que será gravado na biblioteca de User (usuário). Vá em Library > User Patches e seu novo padrão estará lá. Explore os padrões da biblioteca do Drum Machine Designer e crie novos padrões com seus próprios samples. Você logo terá uma vasta biblioteca nos estilos desejados. Divirta-se! Até a próxima edição!

Para saber online

Figura 7

vera.medina@uol.com.br www.veramedina.com.br

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ABLETON LIVE O Ableton Live é um Loop Base interface! Mas apesar da complexidade desse software, o que define essa notável peça de software é sua capacidade de operar sincronizadamente várias fontes de loop (áudio ou Midi) ao mesmo tempo, não importando o tamanho desses segmentos.

“GROOVE POOL” Lika Meinberg é produtor, orquestrador, arranjador, compositor, sound designer, pianista/tecladista. Estudou direção de Orquestra, música para cinema e sound design na Berklee College of Music em Boston.

O

“Live” vem integrado com sua já consagrada tecnologia de análise e manipulação de áudio “WARP”, que possibilita que áudio e Midi loops toquem “juntinhos”. Apesar dessa habilidade de colocar os tempos, timing do áudio, no “Beat” em sync, é bom lembrar que “groove é personalidade, é fator humano, é swing”, e às vezes isso tudo não bate, não soa bem e tem que ser ajustado para evitar efeitos musicais indesejáveis. O Ableton Live faz isso com o “Goove Pool”, que é uma ferramenta que ajusta

o “timing”, o Swing do segmento de áudio (loop), com informações que o “Live” coleta ao analisar cada peça de áudio no seu computador. O Ableton Live já traz em sua versão de fábrica uma verdadeira biblioteca com mais de uma centena de presets templates dos mais consagrados métodos de quantização de vários programas ou hardwares usados no mercado ao longo dessas últimas décadas. Com isso, o Ableton Live abre uma janela para que você encontre o ajuste certo

Groove Pool

MPC preset groove


para as mais esdrúxulas combinações de Grooves ou Swings, facilitando muito nossa vida!!! Abra o Ableton Live no “Session View”, (siga a seta vermelha - imagem a seguir) e depois abra o Browser (clique no triângulo cinza caso o Browser esteja escondido). CATEGORIES > (seta verde) PACKS > e sub-menu à direita > Core Library (clique no pequeno triangulo cinza) > e no último diretório/pasta Swing and Groove (marca amarela). Nesse diretório vamos encon- Preset list trar várias pastas com Preset templates com Info Quantizer/Timing de programas ou Drum Machines tais como: Notator, Logic, MPC, SP1200 e outros. Essas programações foram consagradas ao longo de décadas por fazerem verdadeiros milagres em nossas produções, ajustando o swings e quantizando nossos trabalhos, poupando horas e horas de edições ou re-gravações. Quem se recorda que o diga! Repare esse ícone em realce pela marca verde. Ele corresponde ao Groove Pool e deve estar na cor laranja quando habilitado. Se ele estiver “cinza”, dê um clique com o mouse para ativar o Groove Pool Editor (na parte inferior da imagem). Muito bem, vamos em frente com o nosso Tutorial. Ache a pasta MPC nesse diretório Swing and Groove (esse indicado pela marca rosa). Abra o diretório(triângulo cinza) e verá algumas dezenas de Preset

Break Boot loop

templates. Clique em um qualquer e você poderá ouvir o “Timing” do groove (um clique como um metrônomo com “swing”). O “Timing do groove” está representado visualmente nesse display horizontal abaixo do diretório que mostram o “Beat” do groove (seta verde indicando). *Se você não estiver ouvindo nada após selecionar algum template do Groove Pool, é provável que você precise habilitar esse pequeno ícone de audição do lado esquerdo (uma representação de Fone – oposto ao ícone “Raw”). Tudo explicado, agora vamos então trabalhar algum Loop (clip audio)!! De novo...> Browser > Clips > Break Booty-90bpm.alc (o terceiro de cima para baixo). Todos que tiverem librarys com pacote original têm esse Clip Audio-loop! Qualquer loop na verdade serve para esse demonstrativo! Arraste o clip escolhido para um Track (pista) ao lado como mostra a seta azul (acione barra de espaço do teclado para ouvir) e então vamos procurar um Groove Template para aplicar nesse Clip- Audio loop e ver como ele se comporta. Mais uma vez: BROWSER: CATEGORIES > PACKS > Core Library > Swing and Groove > MPC > e vamos experimentar esse Groove, MPC 16 Double Down – 60.agr. *Outra opção de atalho para quem tem versões mais recentes do Ableton Live é clicar com o botão direito do mouse na área do Groove Pool (marca em azul abaixo). Por esse ícone “Browse Groove Library” você fica a um clique dos Template Presets. Clique no ícone abaixo à esquerda (onde mostra a marca amarela) para habilitar a audição (ícone fone – o ícone tem que estar azul). Agora arraste o preset Template “sobre” o Clip- Audio Loop (já no Track ou Pista) como indica a seta em vermelho. Aperte a barra de espaço para ouvir o efeito do Groove Pool sobre o Clip Audio loop. Reparem que no Groove Pool Editor (destacado por essa faixa verde-claro à esquerda) aparece o MPC 16 Double Down – 60.agr - template escolhido e seu parâmetros. Aperte a tecla Shift –TAB para entrar em Clip/Devise View (como mostra a marca verde).

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Groove Libs

Quantize podemos aqui alterar a percentagem da quantização aplicada em relação à Grade. Timing - controla a quantidade de Groove a ser aplicado no Clip – Audio Loop original.

Explorando e aplicando o Groove

Já temos nosso Groove Template habilitado e também o Clip-Audio Loop com algumas pré-definições. Falaremos mais sobre esses parâmetros a seguir. De qualquer forma, voltaremos aqui sempre que necessário para edições e finalizações.

” Groove aplicado

Agora vamos dar um zoom nesses parâmetros do Groove Pool Editor e entender isso a fundo. Sublinhado pela faixa em verde-claro temos o Groove Pool Editor. Da esquerda > para direita o Groove Name (Nome do Groove): aqui você pode salvar alterações e nominar. No campo Base, você pode modificar a Grade de Quantização por vários valores e suas subdivisões musicais. Quantize - podemos aqui alterar a percentagem da quantização aplicada em relação à Grade. Timing - controla a quantidade de Groove a ser aplicado no Clip – Audio Loop original. Random - aplicamos aqui uma certa flutuação aleatória nos parâmetros dando um aspecto de humanização quando necessário. Velocity - ajusta a quantidade de força/ velocidade a ser aplicada nos eventos do Clip-Audio Loop em relação às informações armazenadas no template ou edição. Global Amount - refere-se à quantidade de efeito global a ser aplicado.


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Pre Ancora

Observe que você tem outro controle de Global Amount na “Barra de Tarefas Principal” do LIVE (na janela, em cima) entre o Time Signature e Metronome, destacado por esse retângulo verde.

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ABLETON LIVE| www.backstage.com.br

Groove pool Closer look

ja) exatamente nos locais dos Picos de Transientes do áudio (marcas azuis). Agora a informação ficará armazenada nesse Clip-Audio loop (dentro do projeto), mas poderá ser reajustada a qualquer momento necessário como uma verdadeira ancora “Warp”. Você na verdade pode usar o mesmo Groove Preset Templates para mais de um Loop ao mesmo tempo e esse é o propósito principal! No entanto, é possível que você precise fazer algum ajuste individual aqui ou ali. Via de regra, o resultado é sempre muito satisfatório. Eu uso sempre o Groove Pool para misturar loops de fontes diversas que foram gravadas por pessoas diferentes com swing diferente. Usualmente extraio o Groove de algum seg-

Commit preset groove

No Clip View, nessa área destacada em rosa concentram-se os parâmetros para edição do Groove e Swing, como mencionado anteriormente. Do lado direito onde mostra a forma de onda, se você passar o cursor do mouse por aquela área indicada pelas setas verde, o Ableton Live vai mostrar essas Pseudo Ancoras (ainda em cinza), enquanto o cursor está sobre esses pontos cinzas mais claro, que são na verdade picos de transientes criados pelo analisador do programa e que só serão habilitados definitivamente depois de confirmado com o botão “Commit”, do lado esquerdo no Clip View. Antes disso, podemos fazer qualquer alteração temporária com os parâmetros do template. Após a efetivação com o botão “Commit” (cinza e desabilitado agora), âncoras definitivas aparecem (em laran-

mento de áudio ou mesmo toco e gravo algo em Midi e posteriormente extraio o Groove (salvo) e aplico da mesma forma que fizemos com os Groove Presets Templates do pacote original do ABLETON LIVE SUITE. Farei um tutorial dedicado com Extracts Groove(s) mostrando esse processo, acho que vale a pena. Ficamos por aqui amigos, boa sorte a todos.

Para saber online

Facebook - Lika Meinberg www.myspace.com/lmeinberg


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PRODUÇÃO MUSICAL| www.backstage.com.br 52

O equalizador é a ferramenta mais básica, e também a mais difícil de ser usada. Eu posso me arriscar a dizer que ninguém é capaz de fazer uma grande mixagem na primeira vez que mixa uma música. E, provavelmente, também não o fará nem na décima vez que estiver mixando uma música. A arte de mixar é um processo que requer um bom tempo para se dominar.

ADICIONANDO E EQUALIZANDO

CANAIS EM MONO Ricardo Mendes é produtor, professor e autor de ‘Guitarra: harmonia, técnica e improvisação’

E

xistem algumas variáveis que fazem uma mixagem soar bem, como estrutura de ganhos, equalização, compressão, distribuição no panorama estéreo, construção de ambiências etc. No entanto, a mais decisiva é a equalização. Porém, é na equalização (e também na compressão) que costumamos cometer os nossos maiores erros. E onde está a principal causa dos nossos erros com a equalização? Está no hábito de solar um canal para equalizá-lo. Na verdade, solar um canal para fazer a equalização é a coisa mais estúpida que a gente pode fazer. E eu já fiz muito! Esse canal não irá ser ouvido isoladamente quando a música estiver pronta. Então qual é o sentido de procurar um som perfeito para um canal isolado se ele nunca será escutado desta forma? E quase nunca o melhor som para um canal isolado é o melhor som para esse no contexto da música. Por outro lado, abrir todos os canais da música, as vezes mais de 40, 50 canais em uma só sessão, e tentar equalizar também é um pouco difícil. É muita informação junta e pode ficar um pouco difícil discernir as mudanças de equa-

lização que você está fazendo naquele determinado canal. Se equalizar separadamente não faz sentido, e tentar equalizar um canal ouvindo 50 ao mesmo tempo seria complicado, então qual a solução? Bem, eu não sei se é uma solução padrão, e na verdade escrevo aqui não para tentar estabelecer um método “definitivo” de mixagem. Apenas descrevo o meu método. A solução deste dilema, para mim, passa pelo seguinte caminho: definir uma hierarquia de importância na música. Eu, frequentemente, mudo minha filosofia de mixagem. Seja porque estou buscando um resultado melhor ou simplesmente por me cansar de fazer do mesmo jeito por muito tempo. Já fiz mixagem começando pela voz, pela bateria etc. Conversando recentemente com um grande produtor amigo, Paulo Jeveaux, ele me disse que a sua hierarquia começava pelos graves e ia arrumando as frequências mais altas no final. Para ele os graves vêm primeiro e depois os agudos. Achei um ponto de vista muito interessante e resolvi experimentar. Obtive ótimos resultados. Recomendo.


de prioridade das frequências graves para as altas), o que proponho aqui é que você inicie uma mixagem escolhendo um elemento (um canal) e o equalize. Depois, adicione o próximo canal, sem tirar o primeiro, deixando também os dois em mono, e faça a equalização. Além da equalização, você pode ajustar o volume. Na verdade, pode também já tomar as decisões de compressão. Só não tome ainda as decisões de distribuição no panorâmico. Deixe também para depois as decisões de ambiências, como reverbs e delays. Iniciar uma mixagem desta maneira pode não ser a maneira mais excitante de começar, mas com certeza é uma maneira diferente que pode trazer grandes benefícios. A verdade é que fazendo desta maneira, a mixagem fica um pouco “chata” de se fazer durante quase todo o seu processo, e só fica divertida no final quando abrimos os panorâmicos e começamos a colocar as ambiências.

Somei a esse método dele um outro procedimento que eu já usava, apenas com uma hierarquia diferente. Eu decidi de antemão quem seria o principal canal da música e o equalizei solado. Depois, adicionei o próximo canal, mantendo o anterior. Então fiz a equalização do segundo canal ouvindo o primeiro e o segundo. Depois abri o terceiro canal e o equalizei ouvindo-o agora somado ao primeiro e ao segundo canal. Desta forma ainda é fácil discernir as decisões de equalização que estamos tomando, pois ainda não há muitos canais para nos confundir, mas, ao mesmo tempo, já estamos tomando as decisões de equalização de cada canal em contexto com os canais anteriores. A outra dica é fazer esse processo sem abrir em estéreo. O estéreo facilita muito ouvir a separação dos canais por conta do posicionamento nas caixas de som. Ao colocar em mono todo o material, fica muito mais difícil perceber a separação entre os canais, o que

A outra dica é fazer esse processo sem abrir em estéreo. O estéreo facilita muito ouvir a separação dos canais por conta do posicionamento nas caixas de som. nos forçará a tomar decisões de equalização diferentes do que tomaríamos se estivéssemos monitorando em estéreo. Uma equalização feita em estéreo, quando colocada em mono, pode não soar bem, mas uma equalização feita em mono, quando colocada em estéreo, soa melhor ainda. Independente do seu critério de hierarquia (como o meu, onde dou prioridade ao elemento que julgo carregar a maior força emocional da música, ou o do Paulo Jeveaux, que dá a ordem

Bem, a pergunta que você tem que se fazer é: você quer uma mixagem divertida ou uma mixagem que soe bem? Experimente fazer desta maneira e depois compare com outras mixagens que você já fez. Ou melhor ainda: mixe da maneira que você costuma fazer e depois tente desta maneira e compare a diferença. Até a próxima.

Para saber mais redacao@backstage.com.br

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CADERNO ILUMINAÇÃO

LONG BAR IP65 www.gobos.com.br Esse novos equipamento é o que podemos chamar de ecologicamente correto. O Long Bar é integrante da série IP65 e possui grau de proteção IP65 - à prova d’água, 18 Hexa LEDs x 15W, Mix de cores: RGBWA+UV, ângulo de abertura de 25°, Protocolo DMX 512 - 6 ou 10 canais, funções editáveis pelo display, Display de LED com menu e funções, Color Changer, Color Fader, Color Strobo, dimmer eletrônico 0-100%, sincronismo Master/Slave, modo Som ativo, temperatura de cor de 2700K a 8000K, e consumo de energia: 300W. Além disso, trabalha com tensão de alimentação de 100V / 240V, e possui medidas: 1020 x 190 x 100 mm (LxAxP). O peso é de 10 kg.

PATT 2013 www.robe.cz O Patt 2013 é o primeiro de uma série de modelos no estilo retro, desenhados especificamente para alcançar o efeito de eye-candy nos palcos e sets de filmagens de TVs e filmes. O conceito desse aparelho é de que equipamentos de iluminação podem ser mais do que apenas objetos práticos de necessidade. Essas luminárias podem ser também peças de arte para compor ambiente. Concebido pelo lighting designer Tim Routledge, esse modelo vem sendo usado em shows de TV e apresentações por todo o mundo, incluindo artistas como Gary Barlow, The Prodigy, Robbie Williams, Paul McCartney, X-Fator, entre outros. O spot de 750W de potência é formado em torno de um corpo suave de alumínio, conferindo ao equipamento um toque de modernidade.

MEGA SPOT IP65 www.gobos.com.br Esse é mais um equipamento da série IP65. Esse refletor possui grau de proteção à prova d’água, 18 Penta LEDs x 15W, mix de cores: RGBWA, Ângulo de abertura de 25°, protocolo DMX 512 para 6 ou 9 canais, funções editáveis pelo display, Display de LED com menu e funções, Color Changer, Color Fader, ColorStrobo, além de dimmer eletrônico de 0 a 100%, sincronismo Master/Slave, temperatura de cor 2700K a 8000K, consumo de energia de apenas 300W e tensão de alimentação de 100V / 240V.


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CADERNO ILUMINAÇÃO

SATURA PROFILE

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www.elationlighting.com A Elation apresenta o Satura Profile, um moving head que produz mudanças de cores e possui eficiência de energia CMY. O equipamento faz parte da série popular de equipamentos com base de LED, a Satura Series, e entrega uma saída de 440W cool-white LED, além de possuir ferramentas com design criativo, incluindo zoom e framing interno. O aparelho entrega um total de 20,000 lumens, um nível de potência comparado com uma lâmpada de 1200W. Um sistema de obturador 4-blade com enquadramento rotativo flexível permite que o beam seja desenhado e angulado como desejado para dar destaque a cenários ou artistas. Os LDs também podem usar o sistema de enquadramento flexível para criar projeções pendentes ou efeitos mid-air. Além disso, um sistema de mistura de cores CMY full-range com variável CTO oferece uma ampla paleta de tons de cor, enquanto um extra de 7 cores dicróicas proporciona maior personalização da cor. A variedade de texturas e gráficos estão disponíveis a partir de 6 gobos de vidro intercambiáveis com 7 gobos de metal estáticos. O feixe de ângulo também pode ser redimensionado via um zoom motorizado de 11° a 38°, permitindo uma cobertura mais precisa. Outra característica é o Modo Hibernação, que economiza energia quando o equipamento não está em uso.

REGIA 2015 www.star.ind.br A Star Lighting Division apresenta a Regia 2015, um Lighting Controller com 2048 canais DMX (4 saídas de 512 canais), que controla até 240 aparelhos com até 80 canais cada. Dispõe de 900 playbacks armazenados em 60 páginas com 15 Faders, 2 Encorders ópticos para gerenciamento de atributos e valores, 200 Grupos e 210 Presets controlados por 7 páginas com 30 teclas. Possui um display de LCD, opção de nomear playbacks/cues/preset, área de atalhos que proporciona acesso fácil para seleção de equipamentos/grupos/presets ou shape effects. O equipamento possui ainda uma biblioteca com mais de 8 mil equipamentos, Shape Generator com muitos efeitos, Importação/Exportação de Show e Patches via conexão USB, Upgrade de Software e Biblioteca gratuito, aceita Patches R20, é bivolt automático e pesa apenas 14 quilos.


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CADERNO ILUMINAÇÃO

Na Física, um dos princípios fundamentais da ótica geométrica destaca a independência dos fachos de luz que, quando se cruzam, continuam suas trajetórias, individualmente. Nos projetos de iluminação cênica, as dinâmicas de intensidade proporcionam percepções visuais únicas de maneira que os fenômenos luminosos e físicos sejam identificados, comprovados e muitos deles, admirados. Nesta conversa, sobre a apresentação da banda Muse na cidade de São Paulo, todos esses e outros elementos foram percebidos, de forma intensa e (super)massiva.

ILUMINAÇÃO

CÊNICA Cezar Galhart é técnico em eletrônica, produtor de eventos, baixista e professor dos Cursos de Eventos, Design de Interiores e Design Gráfico do Unicuritiba. Pesquisador em Iluminação Cênica, atualmente cursa Pós-Graduação em Iluminação e Design de Interiores no IPOG.

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SUPERMASSIVOS --------------------------------------------------------------------------------------------

PRINCÍPIOS LUMINOSOS

P

ela quinta vez no Brasil, a banda inglesa Muse incluiu nesta última vinda duas capitais (São Paulo e Rio de Janeiro) em um roteiro que fez parte da primeira etapa da turnê intitulada Drones World Tour, iniciada em maio deste ano. E nesta, assim como nas outras turnês, o projeto de iluminação cênica foi elaborado e conduzido pelo renomado e premiado Lighting Designer inglês Oli Metcalfe, que trabalha com a banda desde o início dos anos 2000. Metcalfe elabora seus projetos com suporte de softwares específicos, para resultados impressionantes e admiráveis. Com o mapeamento do palco e das estruturas de suporte aos instrumentos de iluminação

cênica, construídas virtualmente com o auxílio das ferramentas Vectorworks e AutoCAD, softwares de construção e representação bidimensional, todas as simulações, ajustes, agrupamentos e sistemas são realizados com o ESP Vision Pro (produto da empresa americana Vectorworks, Inc.) e integradas com o Catalyst Digital Media System (da empresa americana High End Systems, Inc/Barco Company) para o controle e parametrização das imagens sincronizadas nos painéis de LEDs – realizado com o Diretor de Vídeo da turnê, Thomas Kirk -, sendo que todos os dispositivos e equipamentos são programados com os protocolos DMX 512 e Art-Net (DMX sobre IP).


Fonte: Cezar Ga lhart

/ Divulgação

Allianz Parque (São Paulo), muitos desses elementos estéticos e científicos foram identificados e percebidos. Nesse sentido, cada princípio destacado anterior-

analisado para combinações monocromáticas ou composições dimensionadas para resultados intensos e projeções distanciadas entre si. Mas, com uma combina-

Mas não são somente os recursos tecnológicos que permitem uma ótima avaliação técnica e métrica do trabalho de Metcalfe. Fica evidenciado o meticuloso e lapidado trabalho e pesquisa conceitual, principalmente pelo resultado final, no qual alguns princípios da ótica geométrica se destacam na análise dos elementos e formas que são identificados na composição das cenas e na disposição dos instrumentos de iluminação cênica – sem destacar as propostas e realizações das outras turnês, tais como The Resistance Tour (2009-2011) e The 2nd Law Tour (2012-2014), nas quais as estruturas e formas dos palcos e dos elementos cênicos (inclusive painéis de LEDs e estruturas de iluminação) se configuravam em figuras geométricas regulares (de fato, sólidos em revolução). Na apresentação realizada no sábado, 24 de outubro, no

Os instrumentos de iluminação cênica se distribuíam simetricamente em quatro linhas superiores principais, complementadas por moving heads

mente merece um destaque à parte. O primeiro a ser analisado, Princípio da Independência dos Fachos de Luz, estabelece que quando os raios (fachos) de luz se cruzam, cada um segue a sua trajetória, independente. Isso poderia ser facilmente e até obviamente

Composição co m repetição e ritmo - Aprese (São Paulo, 24 ntação da band /10/2015) a Muse - Dron es World Tour

ção de cores e integrações dos sistemas e equipamentos, as percepções visuais podem resultar em interações visuais distorcidas e sensações diferentes daquelas originalmente dimensionadas. Mas, na realização do show, evidenciou-se o cuidado para que esse princípio fosse também preservado. Os instrumentos de iluminação cênica se distribuíam simetricamente em quatro linhas superiores principais, complementadas por moving heads (beam LEDs e spot LEDs) nas estruturas verticais e também em linhas frontais para o Uplighting. Para a criação e desenvolvimento dos projetos, as inspirações se alinham aos temas e assuntos abordados pelas letras das canções (relacionados à ficção científica, obras da literatura universal, distopias, Leis da Física), muitos deles representados em

Allianz Parque

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Fonte: Cezar Galhart / Divulgação

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CADERNO ILUMINAÇÃO

Destaque para as estruturas verticais, ao fundo - Apresentação da banda Muse – Drones World Tour – Allianz Parque (São Paulo; 24/10/2015).

retilíneas em meios transparentes e homogêneos – “solidificados” pelo Fog de maneira intensa e perceptível, em uma massiva sequência de linhas marcantes e dominantes. As linhas retas, percebidas de maneiras distintas e propositais, criavam estruturas

imagens que são projetados nos painéis de LEDs – que formam clips e recursos midiáticos complementares ao espetáculo musical – e também em transições dinâmicas e frenéticas, linhas estéticas monocromáticas e High Tech, mescladas com outras, fu-

Cenas criadas e sequenciadas a partir de referências geométricas formavam texturas oblíquas e simétricas, em contrapartida de outras...

turistas e também contrastantes. De fato, os recursos cênicos e visuais projetam a banda Muse no rol de grandes espetáculos, e proporcionou diversas nomeações prêmios a Metcalfe – que em 2012 foi escolhido como o Lighting Designer do ano na TPi Awards. Ao segundo princípio, temos a Propagação Retilínea da Luz – na qual todo o facho de luz percorre trajetórias

simbólicas e dominantes. Também, em muitos momentos, repetições e ritmo se configuravam nos elementos de composição, sempre alinhados ao tema e também à velocidade ou dinâmica das canções. Cenas criadas e sequenciadas a partir de referências geométricas formavam texturas oblíquas e simétricas, em contrapartida de outras, assimétricas


Fonte: Cezar Galhart / Divulgação

Versatilidade nas composições de cenas - Apresentação da banda Muse – Drones World Tour – Allianz Parque (São Paulo) (24/10/2015). Fonte: Cezar Galhart.

e backing vocals Christopher Wolstenholme; e o baterista e percussionista Dominic Howard. Acompanhou a banda o multi-instrumentista Morgan Nicholls, que na Drones World Tour toca teclados, sintetizadores e guitarras. Nas dezessete canções integrantes do repertório executado na capital paulista, e que compreenderam toda a obra e carreira da banda, sendo cinco

Fonte: Cezar Galhart / Divulgação

e aleatórias, muitas vezes, caóticas – com alinhamento principalmente à distopia, tema presente e determinante de algumas canções. Todos esses elementos criavam as condições mais adequadas para a recriação de cenários enérgicos e intrigantes, interações próprias para um trio – formado pelo guitarrista, pianista e vocalista Matthew Bellamy; o baixista

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Fonte: Cezar Galhart / Divulgação

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CADERNO ILUMINAÇÃO

Na abertura, com Psycho, a ênfase nas imagens nos painéis de LEDs – e iluminação puramente branca, em uma proposta minimalista; em The 2nd Law: Unsustainable, referências diretas à Termodinâmica

Apresentação da banda Muse – Drones World Tour – Allianz Parque (São Paulo) (24/10/2015)

delas integrantes do sétimo e último álbum que denomina a turnê – Drones (2015) - alguns momentos se destacaram, significativamente. Na abertura, com Psycho, a ênfase nas imagens nos painéis de LEDs – e iluminação puramente branca, em uma proposta minimalista; em The 2nd Law: Unsustainable, referências diretas à Termodinâmica; Muscle Museum, canção do primeiro álbum, marcada pelos recortes suaves de fachos com gobos em ambientes monocromáticos – com vermelho intenso; Supermassive Black Hole – predomínio de vídeo e moving heads com alternações de intensidade e simulação de astros celestes; e no encerramento, com Knights of Cydonia, com alternâncias sincopadas e frenéticas, para cenários azulados intensos e velozes transições de cenas diversificadas e mesmo aleatórias para o amarelo e vermelho. Em suma, escolhas que agradaram consideravelmente os fãs – e que demonstraram os talentos dos músicos, das equipes técnicas e da produção local – um show muito qualificado e muito profissional.

Com este show, a banda Muse consolidou suas competências técnicas e musicais em uma apresentação irretocável, marcada também pela discreta interação com o público, mas com atributos necessários para posicionálos em patamares destacados nas listas de espetáculos imperdíveis. Ótimas canções, executadas com acurácia e energia, cujas referências e significados foram contextualizados por meio de métodos e texturização muito interessantes, com criativas intervenções proporcionadas pela iluminação cênica, fundamentada em princípios físicos e conceituais. Abraços e até a próxima conversa!!! P.S.: Desejo a todos os nossos leitores, parceiros e profissionais da Revista Backstage, que este Natal seja repleto de iluminados momentos e que 2016 seja muito promissor, com muitas realizações e muita Luz!!!

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Noites

CANTAREIRAS E

m fim de primavera, São Paulo ganha uma chuva e uma frente fria para minorar o forno gerado pelo cimento da cidade. Longe dali, ali mesmo - hospedado (e devidamente mimado) na casa do meu parceiro Gabriel Sater e sua mineiríssima Paula - curto o frio dos escondidos da serra da Cantareira e me atiro mais cedo que de costume debaixo de um aconchegante cobertor,

- Ainda não. O que rola? - Meu pai tá chamando a gente pra tomar um vinho com ele. Fale sinceramente: mesmo com sono, você recusaria tomar um vinho com o Almir Sater? Duvido. O vinho vai ser bom e a conversa melhor ainda. Almir é uma dessas pessoas que têm muito o que contar e muito o que dizer. Se começar a tocar então... Já nos conhecemos há tempos, mas nossos encontros foram sempre mais eventuais e esporádicos que o desejável. Pulo da cama e visto-me rápido: - Fui. Almir e Gabriel moram praticamente em frente um do outro. Atravessar lá pelas onze os mais ou menos cinquenta metros que separam as casas em meio à mata praticamente virgem daquele pedaço da serra foi um prenúncio do tanto que aquele fim de noite seria agradável. O ar cristalino acabou de me despertar e as criaturas da floresta falavam aquelas suas línguas naturalmente misteriosas, fazendo com que eu e Gabriel abaixássemos instintivamente as vozes, em respeito àquilo que nos cercava. Portão aberto, cruzamos o gramado e fomos rece-

O vinho vai ser bom e a conversa melhor ainda. Almir é uma dessas pessoas que têm muito o que contar e muito o que dizer. Se começar a tocar então... pronto pra adormecer satisfeito com o frutífero começo de semana que nos rendeu duas músicas novas e uma terceira devidamente acertada. Mas antes mesmo que eu desse linha aos meus sonhos, Gabriel bate à porta: - Já vai dormir? Percebi pelo tom dele que a noite só não era criança pra mim. Cortei a preguiça e menti:


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sentimentos básicos expressos em três acordes ou poucos mais, introduzidos por exceções que confirmavam a regra, tipo Roy Orbison - tocados em infinitas variações que partiam e partem ainda hoje, por exemplo, da criatividade do pop de cada dia para “iludir”, no bom sentido, ouvidos cansa-

bidos com um coro de “ahhhhhhs!” que significava “ôba! bem-vindos!” Sentir-se em casa num lugar onde você nunca veio antes é o melhor sinal de que você está onde devia, precisava e queria estar. A família Sater tem esse dom. Sem-cerimoniosamente, como aliás é também do meu jeito, fui entrando, abraçando, beijando o povo e sentando. Além de pai e filho, eu compartilhava a mesa com o letrista, jornalista e poeta Paulo Simões, parceiro de Almir - que lembrou-se de terme entrevistado alguns anos antes, o que nos tornou instantaneamente velhos novos amigos - e o produtor americano Eric Silver, oriundo de Nashville e também desde há muito parte da turma. Senti logo em Eric um incomum interesse pelo folk brasileiro, aquela música que parte da raiz e passa ao largo do rock, mas moderniza-se pela procura de outras linguagens dentro de si mesma. É o território - que muito admiro - liderado por Almir, Renato Teixeira, Guilherme Rondon, pela família Espíndola e muitos outros seguidores. De repente a conversa chegou no rock Brasil e eu soltei a pergunta que não queria calar na minha cabeça desde há muito tempo. Antes de dizer qual ela era, explico: sempre senti nos roqueiros brasileiros - principalmente na sua vertente de maior criatividade, nos anos 80 - uma espécie de “ternura” que pouco ou nada tinha a ver com as raízes punk e depois grunge que tiveram influências importantes em seu trabalho. Eric clareou minhas dúvidas com uma explicação muito lúcida e simples: a quantidade de acordes. Nós, brasileiros, mesmo de gerações pós-bossa nova, carregamos o peso e o desejo da harmonização. Podemos até começar com três ou quatro acordes, mas logo que “amadurecemos” - seria esse o termo? - buscamos as passagens harmônicas que parecem estar gravadas em nossos genes. Daí, talvez, a paixão de várias gerações nossas pelos Beatles, que corromperam essa lei rock’n’roll a partir do “Revolver”, título que provocava com a ambiguidade da palavra: arma ou revolução? Ambas funcionaram, separadas e em conjunto. Mas Eric falava do básico: o rock’n’roll, desde sua origem country/blues, branca e negra, dedica-se a

Sentir-se em casa num lugar onde você nunca veio antes é o melhor sinal de que você está onde devia, precisava e queria estar. A família Sater tem esse dom. dos de uma eventual mesmice. Já o Rock Brasil passeou por muitas outras fontes. Os acordes de cordas soltas de Frejat e Dado Vilalobos, a rica boleragem da Rita Lee pós-Tutti Frutti com Roberto de Carvalho, as versões mais puxadas pro romântico dos Titãs, a passagem do juvenil para o adulto dos Paralamas, tudo isso é muito mais que quatro acordes. Sem desdouro pros gringos: nós digerimos as deles e eles digeriram as nossas. Antropofagia do bem, preconizada pelos tropicalistas. E assim passou-se a noite, do sertanejo de raiz ao folk rock de Nashville, animada por um parcial esvaziamento da variada adega do Almir, que me pediu de saideira a Primeira Canção da Estrada e o Cumpadre Meu do primeiro disco do Sá, Rodrix & Guarabyra. E foi exatamente enquanto tocava essas músicas que percebi melhor aquilo do que Eric falava: a preocupação brasileiríssima com passagens, acordes, nonas, décimas primeiras e etcetera, que nos parecem naturais, mas que - mesmo quando simples e naturalmente colocadas nas canções - brilham como faróis às orelhas mais básicas, nem por isso menos inventivas, dos nossos colegas gringos. Entenda-se aqui, reforço, que não estou generalizando ou falando de exceções, mas de regras. Três e meia da manhã. Eu e Gabriel saímos de volta pra casa pela estradinha que corta a mata. Os cinquenta e poucos metros viram duzentos, mas a gente não tá nem aí. Estamos imersos em música, com a alma tranquilizada pela certeza de que amamos o que fazemos. Sorrimos um para o outro, nos despedimos e vamos dormir em paz, embalados pela imperturbável calma da serra da Cantareira.

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