Edição 260 - Julho 2016

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Sumário Ano. 23 - julho / 2016 - Nº 260

Protocolo Dante

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Falar em protocolo DANTE nos dias de hoje tem sido tão comum em grandes shows que até parece que ele sempre existiu. No entanto, a tecnologia começou ser comercializada por volta de 2006 e, para chegar ao patamar que a conhecemos hoje, foram necessários anos de pesquisa e aprimoramento pela Audinate.

NESTA EDIÇÃO 12 Gustavo Victorino

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Os jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio de Janeiro ocorrem entre os dias 5 e 21 de agosto e 7 e 18 de setembro, respectivamente. Desde o início de 2013, o gerente de áudio e vídeo Rosalfonso Bortoni trabalha para aprontar o “áudio olímpico”. Uma série de situações que não se relacionam ao áudio tem de ser levadas em conta na sonorização dos locais de competição.

Confira as notícias mais quentes dos bastidores do mercado.

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Vitrine O microfone dinâmico cardioide MB1 k /c da Audio-Technica apresenta excelente custobenefício e é perfeito para apresentações com vocais e corais. O produto tem qualidade sonora equivalente a microfones mais caros da concorrência.

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Rápidas e Rasteiras A Shure do Brasil anuncia Taís Ribeiro como nova gerente de vendas da equipe comercial. A profissional trabalhará diretamente com o mercado de som instalado.

20 Gigplace Em mais uma entrevista desta série em que procuramos trilhar os bastidores e o dia a dia de trabalho de todos aqueles que atuam nas produções, vamos conversar com a roadie Cintia Caroline e sobre a rotina desse profissional na estrada.

64 Vida de Artista Depois do sucesso radiofônico de Giramundo (com Pery Ribeiro), Baleiro (com Luhli) e Capoeira de Oxalá (com Rosa Maria, hoje Colyn), Sá foi contratado, junto com Guarabyra e Sidney Miller (Los Tres Amigos!) pelo empresário Guilherme Araújo para integrar o cast de um programa musical e passou a cantar ao lado de seus ídolos.


Expediente

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Botão solo - amigo ou inimigo?

O botão de solo é responsável basicamente por duas coisas: uma ótima gravação e uma mixagem ruim. Um dos erros mais comuns cometido nos estúdios de todos os tamanhos é a utilização do botão de solo de maneira invertida. Saiba quando é hora de usar esse recurso ou deixá-lo de lado.

CADERNO TECNOLOGIA 40 Logic Pro

44 Ableton

Sound Design ou Desenho de Som pode ser traduzido como uma técnica onde há criação, manipulação e modificação do som de arquivos audiovisuais, tais como áudio de concertos, samples de áudio, filmes, etc. O Logic Pro X possui um conjunto completo de ferramentas para Sound Design. Veja quais são elas.

Já é notório e sabido que o Ableton Live Suite vem com uma vasta gama de plug-ins e efeitos, mas entre todos o “Looper” se destaca para os Performers e Djs. Conheça a fundo o que esse plug-in pode fazer por você.

CADERNO ILUMINAÇÃO

Diretor Nelson Cardoso nelson@backstage.com.br Gerente administrativa Stella Walliter stella@backstage.com.br Financeiro adm@backstage.com.br Coordenadora de redação Danielli Marinho redacao@backstage.com.br Revisão Danielli Marinho Reportagem: Danielli Marinho e Miguel Sá Colunistas Cezar Galhart, Cristiano Moura, Gustavo Victorino, Jorge Pescara, Lika Meinberg, Luiz Carlos Sá, Marcello Dalla, Ricardo Mendes e Vera Medina Edição de Arte / Diagramação Leandro J. Nazário arte@backstage.com.br Projeto Gráfico / Capa Leandro J. Nazário Foto: Divulgação Publicidade / Anúncios PABX: (21) 3627-7945 arte@backstage.com.br Webdesigner / Multimídia Leonardo C. Costa multimidia@backstage.com.br Assinaturas Maristella Alves PABX: (21) 3627-7945 assinaturas@backstage.com.br Coordenador de Circulação Ernani Matos ernani@backstage.com.br Assistente de Circulação Adilson Santiago Crítica broncalivre@backstage.com.br Backstage é uma publicação da editora H.Sheldon Serviços de Marketing Ltda. Rua Iriquitiá, 392 - Taquara - Jacarepaguá Rio de Janeiro -RJ - CEP: 22730-150 Tel./fax:(21) 3627-7945 / 2440-4549 CNPJ. 29.418.852/0001-85 Os artigos e matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. É permitida a reprodução desde que seja citada a fonte e que nos seja enviada cópia do material. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios veiculados.

54 Vitrine iluminação

58 Iluminação Cênica

A PR Lighting aumentou a família Xpar com o modelo 1012, um novo Arc LED que utiliza a tecnologia PR Lighting e combina 12 super potentes LEDs de 10W (RGBW 4 em 1) de forma compacta.

A avaliação e análise de satisfação para os resultados de um espetáculo ou show podem estar associadas a três fatores principais: expectativa, repetição e surpresa. Nesta edição, todos esses elementos serão abordados a partir da apresentação da banda americana The Winery Dogs.


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CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br

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Quem não

aparece não é lembrado

O

s Jogos Olímpicos e Paralímpicos que acontecem no mês de agosto no Rio de Janeiro sem dúvida serão uma boa oportunidade para nos mantermos conectados ao mundo, tecnicamente falando. Sem entrar no mérito dos gastos que foram empregados na tentativa de reconstruir a cidade, não podemos negar que, mais uma vez, teremos os olhos do mundo voltados para a cidade e para as nossas ações. A exemplo de outros grandes espetáculos que aconteceram na capital fluminense, não ficamos para trás em termos de tecnologia e entregamos resultados até mesmo bem acima do esperado. Não à toa, fizemos as edições do Rock in Rio em Portugal, Espanha e EUA e outros eventos internacionais de música e entretenimento em solo brasileiro.

Quem tem acompanhado de perto os preparativos na área técnica para os Jogos Olímpicos, por exemplo, tem quase certeza de que uma nova era no setor do showbusiness está para ser confirmada no país. O cuidado com cada detalhe do sistema de sonorização em cada arena e local de competição não deixa nada a desejar para as edições anteriores. Uma prova que, com uma boa gestão e supervisão de projetos e de prazos, é possível alcançar um padrão técnico internacional. A complexidade dos locais dos jogos, aliada à exigência do Comitê (COI), é uma prova de que estamos bem preparados, sim, quando o assunto é executar projetos de nível internacional. É até um pouco inocente pensar que não existirão alguns erros ou imprevistos em um projeto tão grandioso como esse, até porque as variáveis incontroláveis sempre existirão. No entanto, quem não se propõe a fazer mais do que está acostumado, quem não se permite a sair da zona de conforto e quem não se permite errar de vez em quando está fadado a permanecer para sempre onde sempre esteve. Muitas vezes, o medo de aparecer e de se mostrar impede que um negócio prospere. Capacidade se adquire também com planejamento, e dentro de um projeto os possíveis erros serão apontados. Seguir o que foi planejado já é mais da metade da possibilidade de tudo dar certo, lembrando que, errando ou não, é sempre melhor ser visto e lembrado. Boa leitura. Danielli Marinho

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do que acontece lá fora, vai também fazer sucesso no Brasil por sua inovação e tecnologia. Em breve vamos publicar uma análise completa do equipamento aqui nas páginas da Backstage. Você vai se surpreender.

JAZZ BRASIL

A complexidade do mercado e os interesses difusos são os grandes impeditivos de uma luta uníssona contra a carga tributária que atinge um dos maiores fomentadores de cultura do país... o instrumento musical. De um lado, os fabricantes que importam insumos e componentes, de outro os importadores que trazem o produto acabado. Os dois segmentos têm visões e propostas diferentes sobre o tema. E sem união a coisa não avança...

DOR E AMOR Vítima de neuropatia periférica, uma doença incurável que vai paralisando lentamente os nervos dos membros do corpo humano, o guitarrista Eric Clapton disse que tocar é cada vez mais difícil para ele. Aos 71 anos, Clapton não imagina como sobreviveu a uma juventude marcada pelo consumo desenfreado de drogas e álcool e afirma que é grato por isso, ou seja, por ter recebido uma segunda chance da vida sobrevivendo. O artista descarta novas turnês e, em função da doença, disse que os shows serão cada vez mais raros e curtos.

INOVAÇÃO Quando penso que já vi de tudo em termos de pedais de efeitos para guitarristas, a Digitech me aparece com um negócio que vai dar o que falar. O pequeno pedal Trio “lê” o que o guitarrista está tocando e adiciona baixo e bateria ao som da guitarra formando um trio que dá nome à genial invenção. Tomei um susto quando liguei o pequeno pedal e foi difícil acreditar no que ouvi. Por ser absolutamente revolucionário e sem similares, o equipamento foi premiado no NAMM Show da Califórnia e logo será descoberto pelo mercado. A exemplo

O jazz man John Pizzarelli quase caiu para trás quando recebeu na sua casa em New York uma carta de Londres assinada por Paul McCartney propondo um disco com as músicas do ex-beatle na sua fase solo em formato jazzístico. Passado o susto, Pizzarelli entrou de cabeça no trabalho, transformando a ideia também em um show imperdível. Como se não bastasse, o dublê de guitarrista e cantor assumiu sua paixão pelo Brasil e incluiu bossa nova e samba nos arranjos de algumas obras-primas de Paul. Pelas referências, são disco e show imperdíveis.

FESTA NACIONAL DA MÚSICA 2016 A Harman do Brasil é a mais nova parceira da Festa Nacional da Música. A empresa detentora de algumas das maiores marcas do mundo vai desfilar sua cobiçada linha de equipamentos pelos palcos e corredores do maior encontro da música brasileira. Junta-se a Casio e a Sonotec que também já estão confirmadas no evento que não para de crescer e acontece em outubro desse ano, agora em Porto Alegre (RS).

AMBIGUIDADE Enquanto o badalado The Voice Brasil afunda sem audiência e marcado por nebulosidades nas escolhas, o programa Superstar, da Globo, mostra um fôlego e sucesso que surpreende até os seus produtores. Embora com algumas semelhanças de formato, os programas seguem caminhos diversos na preferência popular por oferecerem resultados diferentes ao mercado musical brasileiro. Belas vozes são insuficientes


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para criar produtos num mercado cada vez mais exigente. É preciso espetáculo e nesse quesito reside a principal diferença nos programas. O resultado é o menos importante, a vitrine para os novos talentos, sim. Que venham filhotes em outros canais.

LETRAS Em pleno século 21 e enfrentando a cotidiana violência contra as mulheres e contra a própria sociedade, as letras de algumas músicas deveriam passar pelo crivo do bom senso. Embora seja radicalmente contra a censura, acho que a liberdade não se confunde com libertinagem e exige o exercício responsável da arte como cultura. Rappers americanos e até alguns brasileiros andam colocando coisas nas letras de algumas músicas que merecem um olhar mais atento do Ministério Público. Apologia ao crime é ilicitude e não arte.

PERGUNTINHA Para que serve a TV Brasil? Ela custa bilhões ao contribuinte e não consegue sair do traço de audiência. Criada pelo ex-presidente Lula, o monstrengo só serve para comprar consciências e pagar salários irreais a uma ninguenzada ideológica. Já vai tarde...

RECUO Lentamente o dólar vai se acomodando em patamares razoáveis à realidade do mercado brasileiro. Se o Senado confirmar a saída de Dilma, tende a cair um pouco mais, mas abaixo de 3 reais não fica. Com a palavra, os especialistas...

PROPINA A denúncia dessa coluna feita há mais de um ano repercute no Bra-

sil e em tempos de Operação Lava a Jato o medão pegou geral. Várias prefeituras estão sendo intimadas pelos Tribunais de Contas dos estados a explicar cachês superfaturados de shows pagos com dinheiro público. A saia justa vai sobrar também para artistas que andam recebendo o cachê e assinando recibo com valor bem mais alto. A prática está disseminada, mas a encrenca para os seus praticantes está apenas começando.

RETORNO Mesmo estando ao lado de novos artistas que buscam patrocínio ou apoio para os seus projetos, é preciso muitas vezes uma certa luz da razão quando o componente é retorno ao patrocinador. Uma coisa é você contar com recursos de amigos que pouco se importam com a compensação do investimento. Outra coisa é você buscar profissionalmente um patrocínio empresarial de qualquer porte. Oferecer “nome no disco” ou “citação na abertura e encerramento do espetáculo” são propostas que funcionaram no passado, mas hoje mal se aplicam a grandes nomes da MPB. Seja criativo e ofereça algo mais... o seu trabalho, por exemplo. Empresas realizam eventos e ter um espetáculo patrocinado é certamente uma oferta tentadora para quem quer subir. Até os grandes nomes já negociam assim. É uma troca onde todos ganham...

JAZZ & BLUES Vem aí o Rio das Ostras Jazz & Blues 2016. Agora no mês de setembro, o evento reunirá nos dias 8, 9 e 10, um pouco do melhor desses segmentos no mundo. E mais uma vez com gratuidade absoluta.

ENIGMA A dança das cadeiras de 2016 parece ser a maior dos últimos tempos no mercado de áudio e instrumentos do Brasil. Para o segundo semestre o horizonte indica mais mudanças, e apesar das muitas demissões, nem todos estão perdendo espaço ou mercado com a marola. Anotem, 2017 promete...

ESPAÇO A música brasileira perdeu muito espaço no exterior. Emissoras de rádio especializadas em world music tocam cada vez menos músicas daqui e artista tupiniquim só toca lá fora para a colônia brasileira ou em boteco. A ruindade do nosso produto popular vem fechando as portas de vários mercados antes receptivos à nossa música. Cá entre nós, exportar Wesley Safadão, MCs não sei o quê, sertanojos ou as eternas gritonas baianas demorou a encher o saco dos gringos, né ?!?

IMPORTAÇÃO LEGALMENTE ILEGAL A decisão da Justiça Federal que a Receita se recusa a cumprir vai mudar o perfil do preço de alguns produtos. Compras pela internet no valor de até US$ 100 dólares estão isentas de qualquer imposto, mas a Receita Federal disse que não vai cumprir a determinação se o comprador não ingressar em juízo. Vai entender esse país...

POLÍTICOS Vem aí mais uma campanha eleitoral e com ela dezenas de músicas utilizadas como trilhas sem que seus autores autorizem ou recebam um centavo por isso. Nem o ECAD e nem as editoras têm equipes suficientes para fiscalizar tudo isso. Ajude o seu artista e denuncie. Direito autoral é respeito à arte e à cultura.

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VITRINE ÁUDIO| www.backstage.com.br 14

SPEAKER BLAST www.newex.com.br Disposta a conquistar consumidores exigentes que desejam curtir músicas de diferentes mídias ou fazer o próprio som, a OEX lança no mercado o Speaker Blast (SK-600). Com 80W RMS de potência, a novidade permite conectar microfone e guitarra, conta com rádio FM e reproduz arquivos diretamente do cartão de memória, dispositivos USB ou dos mais diversos eletrônicos portáteis via conexão Bluetooth. O design moderno com cores vibrantes é outro diferencial do lançamento, que tem alça ajustável para facilitar o transporte, corpo preto com detalhes em laranja, e luzes em seus dois alto-falantes. Alimentado por bateria de lítio recarregável, o Speaker Blast vem com microfone, controle remoto, carregador e cabo 3.5 jack.

MICROFONE DINÂMICO MB1 K/C www.proshows.com.br O microfone dinâmico cardioide MB1 k /c da Audio-Technica apresenta excelente custo-benefício e é perfeito para apresentações com vocais e corais. Com qualidade sonora equivalente a microfones mais caros da concorrência, o MB1 k/c possui a estrutura magnética de neodímio Hi-ENERGY® especialmente desenvolvida pela Audio-Technica para atingir um alto nível de saída com resposta rápida a transientes. Sua chave liga/desliga silenciosa MagnaLock travável é especialmente conveniente em aplicações com gravações de vídeos. Acompanha um cachimbo e um cabo balanceado de 4,5 metros para uma verdadeira experiência “plug and sing” do usuário. Possui 1 (um) ano de garantia. Compre agora em http://proshows.com.br/produto/Audio_technica/MB1K

PLUG-IN PARA O Q-SYS http://www.dbaudio.com/ A d&b audiotechnik apresentou o plug-in para a plataforma Q-SYS do QSC, durante a InfoComm 2016. O produto permite que seja possível fazer o controle e o monitoramento dos amplificadores e falantes d&b a partir de qualquer Q-SYS Core. Isso significa que os designers agora podem alcançar uma alta performance ao optarem pelos produtos da empresa. Com essa integração é possível também gerenciar Power on/off, Mute, Gain, Preset Recall e outros tipos de controles a partir de qualquer interface Q-SYS baseada em qualquer número de dispositivos e vice-versa.

SPV SPEAKER http://bit.ly/softwareSPV-TOA A TOA oferece um software dedicado a projetos de sonorização de ambientes. O SPV (Speaker Placement Viewer) permite que o usuário indique as dimensões do ambiente e escolha o tipo de alto-falante que será utilizado no projeto. O software é capaz de fazer uma sugestão de disposição das caixas de som e, depois de feito o posicionamento das caixas, escolher também a impedância de cada ponto instalado. O software também sugere qual a dimensão de potência do amplificador que deve ser utilizado para alimentar determinada linha de alto-falantes. O software é gratuito e pode ser baixado através do link destacado. Aproveite e faça um treinamento online gratuito.


AL-12 www.vueaudio.com Desenhado para aplicações em larga escala, o al-12 foi desenvolvido para desempenhar alta eficiência, alta potência e compressão reduzida. A VUE Audio apostou em um único transdutor para cada elemento. Cada componente foi desenvolvido cuidadosamente a fim de otimizar os parâmetros de capacidade máxima de saída e dissipação de calor, a linearidade de resposta de freqüência, confiabilidade, ciclo de trabalho e tamanho mínimo e de peso. Uma das características distintivas do al-12 é a sua capacidade de integração com outros elementos de al-Class graças a princípios de linearidade acústica do VUE. Redefinindo o conceito de escalabilidade, a linearidade acústica no al12 é suportado pelo VUE CST ™ (Continuous Fonte Topologia ™), conforme estabelecido no guias de ondas de alta frequência. O CST™ permite ao VUE alClass elementos de linha para funcionar perfeitamente na mesma matriz de origem.

MICROFONE MB 3K www.proshows.com.br O microfone dinâmico supercardioide MB 3k da Audio-Technica é perfeito para apresentações com vocais com altos níveis de pressão sonora no palco. Com resposta de frequência estendida, o MB 3k possui a estrutura magnética de neodímio HiENERGY® especialmente desenvolvida pela Audio-Technica para atingir um alto nível de saída com resposta rápida a transientes. Possui uma chave liga/desliga silenciosa MagnaLock travável, que é ideal para aplicações com gravações de vídeos. Possui 1 (um) ano de garantia. Compre agora em http://proshows.com.br/produto/Audio_technica/MB3K.

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RÁPIDAS & RASTEIRAS | www.backstage.com.br 18

Colunista da Backstage tem novo blog O complexo e complicado mundo da crítica. Esse é o tema escolhido pelo jornalista e colunista da Backstage Gustavo Victorino para estreia em seu blog no início de junho. No texto, o Victorino faz uma análise e um contraponto sobre a verdadeira função de uma crítica, que é ajudar a crescer e a evoluir, e faz a avaliação de instrumentos, equipamentos e acessórios musicais e de áudio. Veja mais em http://blog.santoangelo.com.br/saber-criticar-e-uma-arte-que-seaprende/#sthash.2s7iL44S.dpuf

ABRAMUS arrecada mais em direitos autorais A ABRAMUS (Associação Brasileira de Música e Artes), entre janeiro e maio de 2016, aumentou em 28,83% o recebimento de repasses do Ecad em relação ao mesmo período do ano passado. Esse número representa cerca de um terço a mais que a média das demais sociedades de gestão coletiva, que cresceram em torno de 21,07%. Segundo dados do Ecad, a participação da ABRAMUS no total de repasses da instituição aos titulares também aumentou. Em comparação com o ano anterior, a Associação cresceu em 2,48%, o que significa um expressivo salto positivo em meio à crise financeira que o País enfrenta.

Estúdio Laredo Art

A ERA DO OURO A K-array anuncia sua mais recente inovação. São os novos acabamentos em aço inox banhado a ouro 24k, que passam a integrar os sistemas de som da linha de instalações, incluindo as Kobras KK52 e KK102, as Pythons KP52 e KP102 e a Kayaman KY102, bem como os subwoofers KU26, KU44 e KU201. Fabricadas em alumínio, também banhado a ouro 24K, estão as caixas Vyper KV50 e a Lyzard KZ12. O novo acabamento é um revestimento em ouro puro, aplicado sobre uma forte armação de metal, tornando os produtos de aço resistentes à corrosão, ferrugem ou manchas, e é ideal para projetos de prestígio e design em aplicações de alto padrão. A K-array ainda oferece diversos acabamentos e cores para auxiliar na integração de produtos com ambientes. Como cores padrões, as caixas são oferecidas com elegante acabamento em preto ou branco. Outro acabamento em aço escovado e polido, confere aos produtos a habilidade de refletir superfícies e misturar-se ao local.

MÚSICA DE BOB MARLEY TEM CENÁRIO CARIOCA

No dia 21 de junho foi inaugurado o Estúdio Laredo Art, no Rio de Janeiro. O novo local, que fica em Jacarepaguá, tem como proposta um novo conceito em estúdio. De acordo com Alexandre Laredo, um dos sócios do novo local, a ideia é integrar no espaço estúdio de gravação ao vivo, ensaios e pré-produções para shows. Para isso, a equipe investiu em equipamentos para iluminação e som ao vivo, como DiGiCo e Avolites.

Praia de Copacabana, Morro do Vidigal e Parque Olímpico serviram de cenário para a releitura da dupla LVNDSCAPE & BOILER para Is This Love. Dirigido por David Higgs, o videoclipe de “Bob Marley ft LVNDSCAPE & BOLIER - Is This Love” acompanha a rotina de um morador de uma favela carioca, vivido pelo ator Rafael dos Santos, que já atuou em novelas da Rede Globo e Record. As cenas gravadas nesses locais emblemáticos da capital fluminense servem como pano de fundo para um dos maiores clássicos do reggae.


CEO da Audio-Technica na AES Brasil

Philip J. Cajka, CEO da Audio-Technica (USA), esteve visitando o mercado de pro audio no Brasil e o Congresso e a Exposição da AES Brasil. Na foto, Alexandre Algranti e Philip Cajka durante a visita ao estande da Backstage.

Terça Técnica na AES Brasil

ALINE BARROS E A SHURE

No último dia da Expo Church, a cantora gospel Aline Barro lotou o corredor e o estande da Shure para abrilhantar o lançamento do microfone KSM8. A artista cantou dois dos seus maiores sucessos: Ressuscitame e Casa do Pai.

ENCONTRO MARCADO No dia 19 de maio, no auditório da AES (SP), os representantes das Terças Técnicas dos estados se reuniram para discutir os problemas, soluções e as perspectivas de cada evento no seu respectivo estado.

Os encontros inesperados são sempre surpresas nas convenções. Nos corredores da AES Brasil de 2016, Framklim Garrido, Sérgio “Gaivota” Mathias e Dagoberto Almeida.

SHURE DO BRASIL TEM NOVA GERENTE DE VENDAS A Shure do Brasil anuncia Taís Ribeiro como nova gerente de vendas da equipe comercial. A profissional trabalhará diretamente com o mercado de som instalado, atendendo os centros de distribuição, integradores de áudio, parceiros e os principais consumidores no Brasil. Com quase uma década de experiência no setor de áudio e vídeo profissional e com MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas, Taís terá ainda como objetivo reforçar os planos da companhia e intensificar a imagem da Shure no segmento.

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Profissões do

‘backstage’ C I N T I A

C A R O L I N E

R O A D I E Em mais uma entrevista desta série em que procuramos trilhar os bastidores e o dia a dia de trabalho de todos aqueles que atuam nas produções, vamos conversar com a roadie Cintia Caroline. redacao@backstage.com.br Fotos: Arquivo Pessoal / Divulgação

G

igplace - Cintia, vamos falar sobre sua história de vida, começando por sua formação e como você parou no mercado de entretenimento. Cintia Caroline - Tenho 22 anos, nasci e passei parte de minha infância em Salvador, até me mudar para Riachão do Jacuípe (interior da Bahia). Em 2009 retornei para Salvador, passando a morar com minha avó e minha irmã. No ano de 2011, através de uma amiga, conheci a Escola Pracatum*,onde fiz o curso de assistente de palco. Com a ajuda e incentivo dos meus professores, aos poucos, fui me inserindo no mercado de trabalho.

Gigplace - descreva quais as funções de um roadie e como é o seu dia a dia num show ou evento. Cintia Caroline - Somos os primeiros a chegar e os últimos a ir embora. Somos responsáveis por montar todo o equipamento que será usado durante o show, como por exemplo instrumentos, amplificadores, colar repertório, além de colaborar com outros profissionais, como o técnico de som, atender os músicos e sempre estar atento a qualquer eventualidade que possa ocorrer durante o show. Poderia descrever minha rotina em um dia de show mais ou menos assim: Pegar os


diferença, pois aqui um roadie tem que tomar conta de toda a banda enquanto lá um roadie cuida especificamente de um único músico ou artista. Gigplace - Você faz parte de uma nova geração de profissionais que tem uma base teórica passada por escolas ou outras instituições de ensino. Como este fato abriu as portas do mercado para uma iniciante como você? Cintia Caroline - O conhecimento teórico nos permite desenvolver o trabalho de modo mais seguro, com menor margem de erros, garantindo maior credibilidade. A teoria nos permite dominar e ter clareza sobre todos os processos que compõem nossa função, e nos ajuda a planejar o trabalho de modo mais estratégico e menos experimental, evitando assim os erros mais básicos.

instrumentos no estúdio, ou na casa de cada músico; fazer o carregamento do transporte e o descarregamento do mesmo no local do show, levando cada instrumento para o local onde será montado, seguindo um mapa de palco; montar os instrumentos e os equipamentos que serão utilizados; checar a afinação de cada instrumento e verificar se todos os equipamentos estão ligados corretamente; guardar todos os cases no backstage; ajudar o técnico de som a fazer a microfonação; passar o som, colar os repertórios e fazer a marcação do palco. Por água para os músicos; verificar na passagem de som se está tudo certo ou se precisará fazer alguns reparos, dar assistência aos músicos e ao artista durante o show. Fazer a desmontagem, de preferência limpando cada instrumento; carregar o transporte,

No início sofri um pouco de preconceito por desenvolver um trabalho que, até então aqui na Bahia, só era realizado por pessoas do sexo masculino

conferir se todo material coletado e usado no show evento foi recolhido e, por fim, fazer a devolução do material no estúdio ou na casa de cada músico. Gigplace - E inevitável a comparação, mas no mercado americano lá um roadie é uma função qualificada e a maioria deles é músico, luthier ou técnico especialista no seu instrumento. O quanto essa realidade está distante do nosso mercado? Cintia Caroline - Na minha opinião essa realidade não está tão distante assim, pois os roadies que eu conheço já desenvolvem esse trabalho muito bem por aqui. Claro que com uma grande

Gigplace - O backstage ainda é um ambiente machista? Quais as dificuldades, se é que ainda acontecem, por ser uma mulher no backstage? Cintia Caroline - No início sofri um pouco de preconceito por desenvolver um trabalho que, até então aqui na Bahia, só era realizado por pessoas do sexo masculino. Por conta disso, eles achavam que eu não daria conta do serviço. Aos poucos essa realidade foi mudando e hoje sou bem aceita pelos meus colegas de profissão. Gigplace - Fale um pouco sobre o projeto Escola Pracatum e como ele mudou a sua vida?

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O CTIBA é um grupo formado por roadies, onde trocarmos experiências e conhecimentos, a fim de ajudar em nosso aprimoramento profissional. O grupo ainda promove encontros entre profissionais do backstage.

Cintia Caroline - É um projeto social que proporciona formação profissional a jovens em situação de vulnerabilidade social. Graças a este projeto hoje tenho uma formação profissional e uma carreira em desenvolvimento. Gigplace - Na nossa história sempre temos certas pessoas que são decisivas em determinados momentos da nossa vida ou carreiras. Quem foram essas pessoas?

Cintia Caroline - Em primeiro lugar a minha avó Lêda Oliveira e a minha irmã Diana Santos, por me acolherem e incentivarem. Agradeço aos meus amigos que sempre me apoiaram, alguns deles sem nem conhecer direito a minha profissão, mas me ver feliz para eles era o bastante. Minha gratidão aos meus professores que contribuíram para minha formação profissional e humana, de modo especial: Sérgio Batata, Lú Barreto, Igor Pimenta, Marcos Bezerra, Gerson Silva e a Fernando Gundlach. Gigplace - Você faz parte do Grupo CTIBA em Salvador, mas o que é este grupo e qual sua finalidade? Cintia Caroline - O CTIBA é um grupo formado por roadies, onde trocarmos experiências e conhecimentos, a fim de ajudar em nosso aprimoramento profissional. O grupo ainda promove encontros entre profissionais do backstage (produtores, técnicos de áudio etc) para que esses profissionais passem dicas e parâmetros para que nós, roadies, sejamos profissionais mais eficientes. Gigplace - Em várias redes sociais existem iniciativas para organizar as


Nessas horas a qualificação profissional faz diferença, pois quanto mais experiência a pessoa tiver e mais bem relacionada ela for, mais chances de reinserção no mercado e permanência nele.

profissões do backstage. Como enxerga o futuro da sua profissão? Cinta Caroline - Essas iniciativas só aumentam o fortalecimento da categoria profissional e essa ajuda e tecnologia torna viável a união entre os profissionais, aprimorando nossas técnicas de trabalho, socializando práticas e melhorias na nossa atuação, condições de trabalho, aumentando o reconhecimento de nossa função.

A redução do número de roadies numa equipe, a primeira opção da produção tomada como forma de redução de custos, tende a sobrecarregar quem permanece...

Gigplace - O mercado brasileiro de entretenimento está passando por sérias mudanças, os eventos e bandas estão procurando formas de enxugar custos. Na sua opinião, como isso afeta os profissionais e qual a importância da capacitação e especialização? Cintia Caroline - Nos afeta e muito, pois o primeiro profissional a sofrer é o roadie, que é a base da pirâmide. A redução do número de roadies numa equipe, a primeira opção da produção tomada como forma de redução de custos, tende a sobrecarregar quem permanece na equipe, além de desempregar profissionais.

Gigplace - Ainda falando sobre especialização, a cada dia cursos, escolas despejam profissionais no mercado. Qual postura devem ter essas pessoas recém-colocadas no mercado, sabendo que o mercado não tem um filtro ou órgão regulador para dividir esses profissionais por experiência ou competência?

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Gigplace - Na sua visão, qual seria o perfil da nova geração de profissionais da qual você é parte? Cintia Caroline - Um perfil mais conectado com a tecnologia, dinâmico e propositivo, diante das possibilidades de socialização de práticas e conhecimentos que a era digital nos proporciona.

O profissional recém-introduzindo no mercado precisa saber que ele optou por uma profissão que exige muita dedicação, paciência, amplo conhecimento sobre instrumentação, noções de inglês e, principalmente e o mais importante, respeito aos profissionais mais antigos

Gigplace - O que falta ainda a você para que se torne um profissional ainda melhor? Cintia Caroline - Eu ainda sou iniciante, e tenho muito o que aprender, e estou disposta a isso. Preciso ampliar o número de instrumentos que domino, desejo fazer cursos complementares,

como áudio, iluminação e produção para que eu me integre com tudo o que acontece no palco. Gigplace - Quais os seus planos para daqui a 10 anos? Cintia Caroline – Quero aprofundar meus conhecimentos na área, aumentando minhas possibilidades de atuação no universo musical, tornando-me, quem sabe, diretora de palco.

Para saber online

Projeto Pracatum - www.pracatum.org.br CTIBA - https://www.facebook.com/groups/ 822239864515632/?fref=ts

Este espaço é de responsabilidade da Comunidade Gigplace. Envie críticas ou sugestões para contato@gigplace.com.br ou redacao@backstage.com.br. E visite o site: http://gigplace.com.br.

Homenagem a Gundalach Fonte / Foto: Facebook / Divulgação

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Cintia Caroline - O profissional recémintroduzindo no mercado precisa saber que ele optou por uma profissão que exige muita dedicação, paciência, amplo conhecimento sobre instrumentação, noções de inglês e, principalmente, e o mais importante, respeito aos profissionais mais antigos, com quem muito podemos aprender.

Há quase um ano Fernando Gundlach foi brutalmente retirado do nosso convívio, num assalto que retrata o mundo atual cheio de violência em que vivemos. Perdemos um professor daqueles da velha escola que cuidava dos seus alunos como se fossem filhos, incentivando, reclamando quando o desempenho deles caia, mas sempre procurava saber se eles tinham algum problema doméstico ou pessoal, ajudando sempre que possível (muitos dos seus alunos tinham idade para serem irmãos do mestre). Mas assim era Fernando Gundlach, que iniciou no áudio muitos dos profissionais baianos da nova geração, como Cintia, entrevistada nessa edição. Deixo aqui a minha homenagem a esse profissional, que decidiu passar todo o seu conhecimento para novos talentos do áudio baiano. Acredito que muitos lerão essa entrevista e se sentirão gratos pelos ensinamentos recebidos. Velho amigo, interceda por todos nós, velhos e novatos do áudio, aí das alturas. Obrigado por tudo – Lazzaro Jesus


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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 26 Falar em protocolo DANTE nos dias de hoje tem sido tão comum em grandes shows que até parece que ele sempre existiu. No entanto, a tecnologia começou ser comercializada por volta de 2006 e, para chegar ao patamar que a conhecemos hoje, foram necessários anos de pesquisa e aprimoramento pela Audinate. redacao@backstage.com.br Fotos: Ernani Matos / Divulgação

PROTOCOLO TE DA N

Segurança nas transmissões via rede em menos dispositivos

A

ssim como os avanços nas telecomunicações, a tecnologia na área do áudio alcançou nos últimos 10 anos um nível inimaginável. E a empresa australiana Audinate foi uma das responsáveis por esse passo importante na melhoria da transmissão de dados via

rede. Hoje presente em equipamentos de diversas empresas, entre elas Yamaha, Allen&Heath, Bosch Communications Systems, Harman, Extron, Shure, Lab.Gruppen, Peavey MediaMatrix, Allen & Heath, Midas, o protocolo DANTE (Digital Audio Network Through Ethernet) –


nais pulou para 500”, ressalta Cooper. Outra vantagem com relação a esse protocolo é a possibilidade de dividir a rede de dados com outros dispositivos que não sejam de áudio. O Dante e outras redes de dados usam os já exisitentes protocolos e IT padrão, significando que os dispositivos de áudio podem dividir os mesmos switches e cabos de rede como equipamentos de escritório e outros apretechos, reduzindo a

uma combinação de software, hardware e protocolos de rede, entregam audio digital semcompressão, de multicanais e baixa latência, sobre uma rede padrão Ethernet. Mas o que de tão revolucionário esse pacote trouxe para o dia a dia do técnico ou engenheiro de áudio? Para Andy Cooper, consultor de áudio da Yamaha Internacional, o principal ponto de diferença entre a antiga

Outra vantagem com relação a esse protocolo é a possibilidade de dividir a rede de dados com outros dispositivos que não sejam de áudio.

tecnologia e o protocolo Dante tem a ver com o número de canais e bandas. “No passado, os protocolos como CobraNet e EtherSound eram baseados na tecnologia de 100MB, o que significava que os dispositivos não poderiam usar mais do que 64 canais em 48kHz. Os protocolos mais recentes, incluindo o Dante, usam 1GB de infraestrutura, então o número de ca-

complexidade total do sistema e o custo. Um terceiro ponto positivo é que os dispositivos podem usar a mesma rede para áudio e controle. Dessa forma, apenas um cabo se faz necessário por dispositivo para levar o áudio e o controle dos dados através de apenas uma conexão. No entanto, a principal vantagem do Dante mesmo é sua facilidade de uso.

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A desvantagem é com relação à segurança, embora esteja sendo feito um upgrade do firmware a fim de resolver esse problema. O que acontece é que, pelo fato de os dispositivos Dante serem fáceis de controlar, uma rede sem segurança expõe o sistema a uma potencial sabotagem

De acordo com Cooper, essa é a única solução de áudio de rede dessa atual geração que tem um software para controlar e monitorar todos os dispositivos. “Chamamos simplesmente de “Dante Controller”. Este único app pode rotear o áudio para e desde qual-

quer dispositivo Dante, monitorar o status de cada dispositivo, e ainda ser usado como ‘solucionador de problemas’ da rede”, comenta. Além disso, todos os dispositivos Dante que estão integrados na mesma rede se comunicam automaticamente, dispen-

A História do Dante O advento do protocolo Dante esbarra com a história da Audinate, empresa australiana desenvolvedora da tecnologia. Em poucos anos, a companhia alterou o para sempre o áudio profissional, desde os sistemas de som ao vivo aos estúdios de gravação. O início da empresa começou em Sydney, Australia, onde um pequeno grupo de engenheiros desenvolviamm novas tecnologias para o laboratório de pesquisa da Motorola, que fechou o local em 2003. Alguns membros desse grupo continuaram juntos, tendo o apoio do National Information and Communications Technology of Australia (NICTA), um instituto de pesquisas do governo cujo objetivo era fomentar tecnologia inovadora em benefício do crescimentoo da indústria na Australia. Foi o co-fundador Aidan Williams e seu interessa pela música que provocou a direção da nova empresa. Constantemente conectado com seu synth a um mixer, a um cartão cabos MIDI e toda espécie de diferentes conexões, despertaram no engenheiro a ideia de integrar todas essas diferentes conexões em apenas uma simples rede. Essa visão como um profissional de TI forjaram o caminho da Audinate através de uma estrada nunca antes percorrida.

Em 2006, a NICTA enxergou um grande potencial nessa tecnologia e decidiu desligar a empresa do órgão, a fim de comercializar a novidade. David Myers, co-fundador e chefe de oferações da Audinate se jun-

tou a William para formarem um time e a Audinate. Logo, esse novo grupo achou um admirador, o lendário Bruce Jackson, vice presidente da Dolby Labs’ Live Sound Division. Com o apoio de Jackson, a Dolby Lake Processor se tornou o primeiro equipamento profissional usar o Dante, fazendo sua estreia durante um show de Barbra Streisand, em Washington DC, em 2008. Logo em seguida, a empresa abriu se escritório nos EUA, em Portland, no estado do Oregon. Três anos depois, a Audinate expande suas operações para a Europa, entrando em um período de crescimento, incluindo a participação em diversos grandes eventos, como os Jogos Olímpicos de Inverno, em Vancouver, no Canadá, Apresentação do Papa durante a Jornada Mundial da Juventude de Sydney, e o Concerto pelo Jubileu da Rainha, em Londres. O Dante passou a ser usado em diversos estádio em todo o mundo. Em 2012, a maioria das marcas de pro audio haviam adotado a tecnologia Dante nos seus produtos, incluindo a Yamaha Commercial Audio, a Bosch Communications Systems, a Harman, a Extron, a Shure, a Lab.Gruppen, a Peavey MediaMatrix, a Allen & Heath, a Symetrix, a Midas, entre outros. No final de 2014, mais de 170 fabricantes fizeram parceria com a Audinate, catapultando a empresa para a posição de líder de mercado. A lista de aplicações do protocolo Dante continua crescendo, indo de instalações de sistemas a locais onde é exigido alta performance na transmissão de dados como no Centro Aquático Olímpico de Londres e shows ao vivo de grande porte. Em 2015, alpem de abrir seu primeiro escritório na Asia, em Hong Kong, a Audinate assina acordos de licenças com mais de 200 empresas, e o número de produtos contendo o Dante ultrapassa 620. Nesse mesmo ano, a Audinate lança o Dante Via software, aumentando a oportunidade de maior números de usuários adotarem o protocolo. O Dante Via também permite que seja criada uma rede entre múltiplos computadores.


96kHz, o que aumenta a frequência de resposta e reduz a latência do sistema. Um sistema completo de áudio em um show usando Dante é como se tivesse menor latência que um sistema de conexões analógicas. Mas por que isso? Simplesmente, porque haverá menos conversões A/D e D/A, o que leva mais tempo que uma rede de transmissão Dante. “Deixar o sinal entre o stage box e o amplificador é o melhor a se fazer para conseguir baixa latência”, explica Cooper. Alguns cuidados precisam ser tomados para evitar perdas nas transmissões. Em um sistema digital, perda de sinal pode acontecer de repente e totalmente. Nesse caso, pelo menos o software Dante Controller pode ser usado para monitorar a rede e emitir um aviso quando estiver chegando

sando qualquer tipo de outro programa para que os equipamentos se comuniquem entre eles ou com o computador de controle. Outra vantagem é a variedade e quantidade de produtos que estão disponíveis que são compatíveis com o Dante. Existem hoje mais de 700 produtos diferentes no mercado usando o Dante. A desvantagem é com relação à segurança, embora esteja sendo feito um upgrade do firmware a fim de resolver esse problema. O que acontece é que, pelo fato de os dispositivos Dante serem fáceis de controlar, uma rede sem segurança expõe o sistema a uma potencial sabotagem. Entretanto, a maioria dos comutadores tem mecanismos de segurança que podem ser programados para dar proteção. A Audinate também prometeu um me-

Muitos dispositivos são compatíveis com o Dante a um sample rate de 96kHz, o que aumenta a frequência de resposta e reduz a latência do sistema.

lhoria nos dispositivos Dante, oferecendo a opção de segurança por meio de um código PIN. No entanto, se pensarmos no fluxo de trabalho dessa tecnologia, poderemos ver que as vantagens se sobrepõem às desvantagens. Por exemplo, quando falamos em qualidade de áudio, latência e menor perda nas transmissões, é fato que o Dante oferece uma qualidade superior de áudio, maior até mesmo que AES/EBU, MADI e outros formatos digitais: o áudio pode ser transmitido com 32bit de comprimento, permitindo até mesmo um range mais dinâmico. Muitos dispositivos são compatíveis com o Dante a um sample rate de

próximo ao limite. “As melhores dicas são usar cabos CAT5E ou CAT6 de cobre sólidos (ao invés daqueles trançados) para qualquer distância que seja maior que 20 metros, e nunca usar um cabo de cobre maior que 100 metros”, fala Andy. Comutadores com conexões de fibra ótica são as melhores soluções para evitar perda de transmissão a longas distâncias. Esses cabos de fibra ótica são resistentes a interferências eletromagnéticas, e também eliminam qualquer tipo de problema elétrico de aterramento. Um típico problema em sistemas de som nos shows ao vivo – distribuir o áudio para muitos lugares distantes entre eles – pode ser bem solucionado

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Outro problema que o Dante pode resolver facilmente é na hora de fazer um multicabo para gravação ao vivo com mais de 64 canais. Apenas um cartão Dante PCIe é capaz de trazer 128 canais de entrada e saída de um computador usando apenas um cabo de rede.

com o Dante. Por exemplo, digamos que seja um local grande ao ar livre, onde seriam instaladas diversas caixas de som. Uma rede Dante pode ser usada para distribuir um pouco de canais de áudio para muitos locais. Usando fibra ótica, as distâncias podem ser em muitos metros de distância com um cabo pequeno e fácil de usar. Outro problema que o Dante pode resolver facilmente é na hora de fazer um multicabo para gravação ao vivo com mais de 64 canais. Apenas um cartão Dante PCIe é capaz de trazer 128 canais de entrada e saída de um computador usando apenas um cabo de rede. E um segundo pode ser conectado para redundância. É um meio robusto, simples e de baixo custo. O Dante pode ser usado para levar muitos canais por meio de poucos dispositivos, e ao mesmo tempo pode ser usado para levar poucos canais para muitos dispositivos (centenas e mesmo milhares). As rede começaram a serem usadas em eventos ao vivo antes do Dante se tornar popular. A EtherSound começou a ser usada em sistemas de médio porte mais ou menos no ano de 2005. No entanto, durante os últimos quatro anos, a popularidade do Dante vem crescido. “Estimo que mais de 40% de todos os consoles de mixagem profissional que custem mais de 5 mil dólares vendido durante esse ano incluem o Dante. E mais de 80% incluirá a possibilidade de fazer um update para o Dante”, comenta Cooper. Onde seja necessário uma transmissão de áudio entre múltiplos dispositivos em tempo real, o Dante será bem-vindo. Para shows de música ao vivo e outros eventos ao vivo, como transmissão de esportes, o Dante é ideal para transportar muitos canais de áudio de um lugar para outro, por exemplo do palco para a house mix ou para a Unidade Móvel (UM). “E também é ideal para distribuir poucos canais de áudio para múltiplos destinos, como os racks de amplificadores posicionados ao redor de um estádio”, explica Cooper, acrescentando que

também é ideal para ser usado em instalações para conectar salas de conferência, ou para música de fundo nos shoppings, dividir áudio em estúdios de gravação, e até mesmo compartilhar áudio entre lugares de show diferentes via um link de fibra”, enumera. Nos equipamentos Yamaha, a tecnologia está disponível nos I/O boxes (stage boxes), nos consoles de mixagem de música ao vivo, sistemas de música e de pós-produção, processamento matrix, amplificadores e interfaces de áudio; todas incluem o Dante, que também está presente em outros equipamentos como microfones, sistemas de monitores, entre outros. “Uma das grandes atrações do Dante é a disponibilidade de diveros tamanhos de módulos: desde módulos pequenos de dois canais e de custo baixo até os grandes módulos com 256 canais. E todos podem usar o mesmo software para serem monitorados, controlados e roteados. Muitos fabricantes usam o mesmo módulo, garantido compatibilidade”, avalia Cooper. Um dos mais novos produtos da Yamaha, o SWP1, é de longe o switche mais robusto que os demais e tem uma série de presets que são ideais para utilizar o Dante em eventos ao vivo. Ele foi desenvolvido para fazer com que a rede de áudio seja mais confiável, rápida e simples de gerenciar. E o futuro? Será que ainda vem mais novidades por aí? Na avaliação de Cooper, deverá crescer o número de produtos usando o Dante. “Mesmo os sistemas de baixo custo estão começando a usar este protocolo, como a TFseries de mixers digitais. Virtualmente, qualquer PC tem a possibilidade de se tornar uma interface Dante, por meio do Dante Via software. Isso permite que qualquer aplicação de áudio ou cartão tenha interface com a rede Dante, permitindo múltiplos computadores compartilharem o áudio sem requerer um hardware especial”, ensina. Definitivamente, está terminando a “Era do Desconhecido”, promovendo mais confiança ao áudio profissional e provando que o Dante é confiável.


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O SOM

Os jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio de Janeiro ocorrem entre os dias 5 e 21 de agosto e 7 e 18 de setembro, respectivamente. Desde o início de 2013, o gerente de áudio e vídeo Rosalfonso Bortoni trabalha para aprontar o “áudio olímpico”. São 65 modalidades em disputa naqueles que são o maior evento esportivo da terra. Miguel Sá redacao@backstage.com.br Fotos: Ernani Matos / Internet / Divulgação

DAS OLIMPÍADAS NO RIO DE JANEIRO

O

trabalho começou a partir de um relatório sobre as Olimpíadas de Londres, recebido pelo gerente de áudio e vídeo do Comitê Olímpico Internacional Rosalfonso Bortoni. “Gastei seis meses entendendo as demandas, vendo o que se aplicava e o que não se aplicava à nossa realidade, porque as soluções foram dadas para Londres”, fala. Depois o projeto foi construído padronizando, o máximo possível, os equipamentos usados. “Por exemplo: para todas as mesas técnicas (local onde ficam operadores de áudio e vídeo nos locais de competição) eu pedi mesas digitais de 24 canais com 16 mandadas, mesmo

sabendo que talvez pudesse usar apenas 12 canais em algumas situações. Nas salas de conferência, depois que analisei todas as plantas, padronizei também os sistemas, claro que combinando com o cliente, que, nesse caso, é a imprensa”, expõe Bortoni. As caixas de som para todas as salas de conferências, zonas mistas e áreas de roletas e acesso aos locais dos logos (chamados tecnicamente PSA public screening access), mesas de som digitais para todas as salas de conferência e caixas de som para linhas de 100 volts, além de line arrays para locais de jogos ao ar livre. Demais equipamentos necessários para complementar toda a deman-


O técnico de som Luis Par dal, o gerente de áudio e

vídeo Rosalfonso Bortoni eo

assessor Eliseu Medeiro s

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Essa é a natureza do projeto. Muda a todo instante. Não é como um show onde a banda já sabe o que precisa, mas partimos de um cenário inicial. O meu papel como gestor é ficar atento e administrar isso, de acordo com os contratos que nós temos (Rosalfonso)

Na Arena do Futuro, clusters com cinco elementos em line array

da, como microfones, DJ decks, amplificadores, line arrays etc, são fornecidos por locadoras de áudio. “As empresas são contratadas assim: eu preciso dessa solução em determinada quantidade. Temos que dar o número para poder obter um valor. Por exemplo: no contrato estimamos que vamos usar 200 headsets de tipos diferentes. Se em um local estão usando um headset sem cancelamento de ruído e percebe-se que tem que ter este cancelamento, troca-se o equipamento na hora”, exemplifica Rosalfonso com uma situação comum no projeto de intercom, também sob sua responsabilidade. “Essa é a natureza do projeto. Muda a todo instante. Não é como um show onde a banda já sabe o que precisa, mas partimos de um cenário inicial. O meu papel como gestor é ficar atento e administrar isso, de acordo com os contratos que nós temos”, detalha o gerente de áudio e vídeo. Rosalfonso planejou a distribuição dos equipamentos em locais de competição espalhados no Rio de Janeiro e por outras cidades. Na Barra da Tijuca, fica o campo de golfe; Pontal, com ciclismo e marcha atlética e o parque dos atletas; no Parque Olímpico da Barra ficam as

Caixas de som para a Cerimônia de Premiação

arenas de esportes como vôlei, basquete, handebol, esgrima, judô e taekwondo, e os parques aquáticos de natação, nado sincronizado e salto ornamental. Tem ainda o Riocentro e seus pavilhões, Copacabana com as arenas de esportes de praia e os esportes aquáticos, como remo; o parque de esportes radicais, as arenas de equitação e tiro, em Deodoro; o Maracanã e os estádios das outras cidades onde haverá futebol - São Paulo, Salvador, Belo Horizonte, Brasília e Manaus. Na área do Maracanã ainda acontecem competições de tiro com arco, maratona e atletismo.

FORMATAÇÃO DO ÁUDIO Uma série de situações que não se relacionam ao áudio tem de ser levadas em conta na sonorização dos locais de


no bem-estar do atleta, depois na transmissão, depois no público. A OBS indica como podemos trabalhar”, detalha Rosalfonso.

No BOH estão as coletivas de imprensa, salas de conferência, centro de mídia, sala dos atletas e áreas de aquecimento e treinamento. O

competição. Em uma arena, os jogos são vistos por cerca de 15 mil pessoas, mas são transmitidos para bilhões de espectadores pela TV e internet. Nos tetos das arenas ficam bandeiras, câmeras, iluminação e telões; as caixas de som não podem poluir o visual da transmissão. Tudo é definido a partir das orientações da Olympic Broadcasting Services (OBS), empresa do Comitê Olímpico Internacional, responsável pela transmissão dos jogos. “Tem uma equipe só cuidando da localização dos equipamentos que vão no local do jogo, principalmente quando é pendurado. Essa equipe tem toda a demanda da OBS, tudo em uma planta só. Por fim, em conjunto, encontramos uma zona onde podemos colocar nosso equipamento e, dentro dela, trabalhamos pelo melhor resultado sonoro. Primeiro temos que pensar

Uma série de situações que não se relacionam ao áudio tem de ser levadas em conta na sonorização dos locais de competição. Ainda que exista a necessidade de configurações e equipamentos de áudio específicos, há uma formatação básica da qual se parte para montar a sonorização: em todos os locais ela é feita para o back of house (BOH) e front of house (FOH).

equipamento é padronizado: microfones goose neck, microfones sem fio, 24 mandadas de áudio para broadcast e caixas de som, entre outros. “O cliente principal aí é a imprensa. Também faz parte do BOH a zona mista, onde o atleta

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No Parque Olímpico da Barra serão disputadas algumas das modalidades mais populares

passa para ser entrevistado depois da competição. Neste caso, fazemos o broadcast do áudio da entrevista para os repórteres”, aponta Bortoni. No FOH é feita a sonorização para o público das arenas e de outros locais de competição. O zoneamento da sonorização na arena é definido da seguinte forma: tribunas de broadcast, da imprensa, da família olímpica e dos espectadores. É requisitado alta densidade na distribuição do equipamento de forma que o áudio fique bem distribuído a, Luis Na mesa técnic m parte de interco

sável pela sa com respon Pardal conver

e as especificações de nível de pressão sonora (SPL) - que fica em torno de 85dB(A)(RMS) e 20dB de headroom – sejam obedecidas. Nas arenas, a OBS determina ainda que o som que vai para as tribunas não deve ser emitido para a área de jogo e que também não vaze para a zona mista. “O trabalho de personalização do sistema acontece basicamente no FOH, que é o sistema de sonorização para o público. Nessa parte, o meu cliente é a apresentação esportiva (Sports Presentation), que é responsável por anunciar os atletas, fazer o entretenimento nos intervalos da competição e apresentar, nos telões, os conteúdos pré-produzidos ou transmitidos a partir do local de competição ao vivo”, explica o gerente.

TIPOS DE EQUIPAMENTOS E NECESSIDADES ESPECÍFICAS O objetivo da sonorização das Olimpíadas para o público é de máxima


nes que usamos para fazer essas medições subaquáticas”, aponta Rosalfonso Bortoni.

ARENA DO FUTURO A Revista Backstage foi conferir a sonorização da Arena do Futuro, onde serão disputadas as competições de handebol e golbol. São dez clusters com cinco elementos de line array pequenos que usam falantes de oito polegadas. “As caixas são menores também, porque tem que ser tudo muito discreto para

cando gradativamente mais baixo”, comenta Rosalfonso. Na Arena do Futuro o operador de som é Luis Pardal. “Aqui não preci-

inteligibilidade. Para isto, é feito um planejamento tanto do tipo de equipamento como da distribuição dele no local da competição. É desenhado então um zoneamento a partir do qual será decidido o SPL a ser emitido de acordo com a zona para o qual ele será dirigido. Por exemplo: a tribuna onde fica a “família olímpica” (dirigentes e convidados do Comitê Olímpico) recebe um SPL menor que o do público em geral. Cada arena tem uma formatação própria, dependendo do esporte que é disputado por lá. “Tem uns que demandam mais SPL, exigem uma produção maior que outros. Por exemplo: esgrima é um esporte de muito silêncio e concentração, então a sonorização é mais tranquila do que em canoe slalon e BMX, que são esportes radicais. O parque radical tem uma sonorização mais pesada, com graves mais fortes”, diz. No parque aquático, que fica no Parque Olímpico da Barra, o nado sincronizado exige soluções específicas de sonorização. “O esporte tem música debaixo e fora d’água com o mesmo nível de pressão sonora. As distâncias são curtas, não precisando fazer uso de delay. Mas tem que fazer o ajuste de pressão sonora embaixo e em cima da água além de cuidar para que o som do FOH (público, arquibancadas) não chegue às atletas (piscinas). Temos microfo-

O trabalho de personalização do sistema acontece basicamente no FOH, que é o sistema de sonorização para o público.

não obstruir a iluminação, câmeras, bandeiras, videoboards, placar etc. Para alguns setores – como broadcast e família olímpica – o SPL é uns 10 dB mais baixo que o do público. “Mas procurei fazer isso de forma gradativa. Na medida em que se está mais próximo destes locais, o SPL vai fi-

sa ficar mexendo muito na mesa. Endereço o som, faço as equalizações, cuido para que as vozes não tenham realimentação e o microfone não tenha fuga de frequência. A operação em si é simples”, aponta o técnico de som. Tudo parte da mesa técnica, onde fica toda a equipe de apresentação

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Da mesa, sai por auxiliares para todos os sistemas via fibra ótica, onde estão os amplificadores. São seis racks. Dividimos em partes de cima e de baixo. Como a parte de cima tem muita reflexão, deixo o som um pouco mais baixo. (Pardal)

O intercom é parte essencial para o bom funcionamento da equipe durante as transmissões dos Jogos Olímpicos

esportiva e o Video Producer (VP), que é quem dá toda a coordenada da transmissão, quando vai entrar música, locutor etc. Na mesa de som digital com 24 canais e 16 mandadas estão três canais de locutores – um em francês, outro em inglês e mais um em português com mais três backups, quatro canais de microfone sem fio; dois para o DJ, dois de instant replay, para efeitos específicos no decorrer dos jogos, e mais dois canais coringas para alguma coisa que o produtor de vídeo - responsável pela coordenação da transmissão do local de jogo – queira eventualmente disparar. “Da mesa, sai por auxiliares para todos os sistemas via fibra ótica, onde estão os amplificadores. São seis racks e os line arrays são alimentados em partes de cima e de baixo. Como a parte de cima tem muita reflexão, deixo o som um pouco mais baixo”, detalha Pardal. O alinhamento do sistema demorou cerca de três horas usando ruído rosa e música.

COMUNICAÇÃO O diálogo entre as equipes da mesa técnica, de cronometragem e sala de resultados, onde toda a informação sobre a competição é centralizada, é intenso durante os eventos. Por isto, os intercons são peças fundamentais.

A equipe de cronometragem da Omega é a responsável por mandar, por exemplo, as informações de resultados e tempos para a equipe de vídeo da OBS poder colocar nas imagens geradas. Há um fluxo de informação forte acontecendo em paralelo com a competição. Toda essa troca por meio dos intercons é feita via cabo balanceado, de rede ou fibra ótica para não haver surpresas. Mas há exceções: “Eventualmente, quando um ponto de intercom exige mobilidade, é colocado um rádio analógico para fazer a comunicação. Por exemplo, a câmera vai fazer a brincadeira com o público usando microfone, e manda o sinal pelo rádio da câmera, mas o cameraman ou o diretor técnico junto dele ficam o tempo todo no intercom via rádio se comunicando com a coordenação”, explica Rosalfonso. Todos os sistemas são hi-fi e, em geral, com cancelamento de ruído nos headsets. A poucos dias da Cerimônia de Abertura, os detalhes finais do áudio dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos são concluídos. Dos line arrays das arenas ao intercom dos responsáveis pelas transmissões dos jogos, tudo precisa estar tinindo para os atletas, espectadores e telespectadores.


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TECNOLOGIA| LOGIC | www.backstage.com.br 40

X

Sound Design

LOGIC PRO

Vera Medina é produtora, cantora, compositora e professora de canto e produção de áudio

Sound Design ou Desenho de Som pode ser traduzido como uma técnica onde há criação, manipulação e modificação do som de arquivos audiovisuais, tais como áudio de concertos, samples de áudio, filmes, etc.

Figura 1

O

Sound Design também inclui criar sons através de sintetizadores ou outras fontes sonoras, mas vamos abordar a manipulação de arquivos de áudio no Logic Pro X inicialmente. O Logic Pro X possui um conjunto completo de ferramentas para Sound Design. Vamos abordar um pouco destas ferramentas para utilização em música para games, música eletrônica e para trilhas sonoras e palhetas de sons diversas. Inicialmente, temos as ferramentas Flex (Flex Time e Flex Pitch), ferramentas de time stretching (alterações de velocidade), Marquee, e outras que poderão ser utilizadas para criação de efeitos especiais ou de forma criativa. Escrever para trilhas ou jogos requer uma série de conhecimentos específicos.

Pensando no Flex Pitch e Flex Time, é possível alterar a característica natural de um som em termos de sua altura ou duração. Transformar um som existente em algo totalmente diferente. Antes de começar, certifique-se de que Advanced Tools esteja escolhido no Logic através do menu Logic Pro X > Preferences > Advanced Tools > Show Advanced Tools (Figura 1) e que todas as opções estejam ativadas. Nossa ideia é tornar um arquivo inicial de vocal em algo diferente e útil para algum tipo de produção diferente. Para facilitar e possibilitar que todos experimentem, abra a janela Loops (através da barra de ferramentas do lado superior direito ou do atalho tecla Fn + O). Escolha a categoria Vocals e procure por um dos seguintes loops: “Code Lyric


Figura 2

Automaticamente, o modo Flex aplicado será o Polyphonic (Auto). Ouça o mesmo arquivo em diversos modos e, depois que terminar, dobre o tamanho do loop arrastando para a direita

11” ou “Code Lyric 2” (Figura 2). Arraste o loop para a área de trabalho; uma nova trilha será criada e aparecerá uma mensagem para importar com a informação de tempo. Clique em

Pensando no Flex Pitch e Flex Time, é possível alterar a característica natural de um som em termos de sua altura ou duração.

Import para que a informação de tempo do arquivo seja considerada. Antes o meu projeto estava baseado em 120 BPM, agora ficou alinhado ao loop escolhido em 100 BPM (Figura 3). Agora ative a Flex Tool, no menu e na track especificamente (Figura 4). Somente ativando esta opção é que teremos acesso ao menu de modos Flex.

o símbolo no canto superior direito do arquivo de áudio (Figura 5). Brinque com o tamanho do arquivo e ouça os diferentes modos de Flex sendo aplicados. No nosso caso, vamos escolher o Speed FX para continuarmos. Se você puder assistir o vídeo disponibilizado, poderá perceber com mais clareza to-

Figura 3

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Outra ferramenta que podemos utilizar com base na função Flex é o alinhamento entre as diferentes trilhas de áudio. Para isso vamos criar uma trilha com um beat do Apple Loops, no caso escolhi o Car Boot Beat 01 que já está no tempo de 100 BPM.

Figura 4

das as nuances que podem ser atingidas com essa técnica. Se você também prestar atenção, cada modo pode ser visualizado na coluna Inspector do lado esquerdo da tela. Ali você também tem vários parâmetros que podem ser modificados para obter outros efeitos desejados. É muito importante que você experimente muito com parametrização e modos. Outra ferramenta que podemos utilizar com base na função Flex é o alinhamento entre as diferentes trilhas de áudio. Para isso vamos criar uma trilha com um beat do Apple Loops, no caso esco-

Figura 5

lhi o Car Boot Beat 01 que já está no tempo de 100 BPM. Posso remeter ao meu arquivo anterior de Vocal que foi manipulado pelo Flex e escolher alguns pontos na onda e alinhar ao arquivo de áudio do loop de bateria (Figura 5). É isto que chamamos de edição de alinhamento. Vamos falar sobre outra ferramenta de edição no modo Flex, a Marquee. É mais prática do que outras ferramentas, tais como a tesourinha (Scissors). Posso marcar uma área do loop e com a Grabber (mãozinha) posso mover partes do


Figura 6

arquivo de um lado para outro (Figura 6). Como citei, utilizar a ferramenta Marquee é muito mais prático na maioria das vezes. Vamos dar um mute na trilha de bateria. Para quem trabalha com produção de trilhas para fins diversos ou jogos, geralmente passa horas a fio produzindo novos sons. Uma técnica muito utilizada é chamada de Extreme Tempo, ou seja, se baseia em alterar o BPM para um dos extremos, muito devagar ou muito rápido. Se você for isolando partes do arquivo, inclusive utilizando a edição dos pontos

Flex, poderá criar ambiências ao desacelerar o arquivo, assim como efeitos especiais. Ao acelerar o BPM, será possível criar peças percussivas e ruídos mais agudos. No nosso exemplo, isolamos uma parte do arquivo em um BPM de 900 que pode ser utilizada como ruído gerado por uma máquina ou até como uma peça de bateria. Depois que identificarmos qual parte nos será útil para criar um som da nossa coleção, utilize a função Bounce in place (no menu ou pelo atalho Control + B). Escolha a opção para criar uma trilha e pronto. Lá

está seu novo som disponível para uso e constituição de uma nova biblioteca de sons. Como podem perceber, estamos abordando técnicas muitos simples, algumas até intuitivas, mas praticando com certa frequência você perceberá que sua criatividade deve aumentar muito na criação de sons. Nos vemos numa próxima edição. Abraços!

Para saber online

vera.medina@uol.com.br www.veramedina.com.br

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TECNOLOGIA|ABLETON LIVE| www.backstage.com.br

ABLETON LIVE LOOPER Lika Meinberg é produtor, orquestrador, arranjador, compositor, sound designer, pianista/tecladista. Estudou direção de Orquestra, música para cinema e sound design na Berklee College of Music, em Boston.

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E O Ableton Live Suite vem com uma vasta gama de plug-ins e efeitos, isso já é notório e sabido. Mas entre todos o “Looper” se destaca para os Performers e Djs.

m nosso tutorial esplanarei sobre o plug-in em si, por isso abriremos um canal (Track) auxiliar de Retorno (Ctrl+Alt+T ou Ctrl+Comm+T (Mac) ou ainda clicando com o botão direito na área do Clip/Devise drop area. Nesse estágio, já podemos abrir o plug-in: Browser/Audio Effects/Looper (clique no pequeno triângulo cinza à esquerda caso o Browser não esteja aparente). Basta arrastar o plug-in para o canal criado ou dar um duplo clique para que a instância do Plugin Looper seja criada no canal selecionado.

01 - Looper

Agora vamos entender a interface do Looper. Esse check mack verde na imagem a seguir, mostra o botão de transporte (transport botton) que tem múltiplas funções! Esse botão está otimizado para ser usado com Pedal via MIDI! - Um clique e começa a gravar; - Um clique quando está gravando, alterna para modo Playback (play mode); - Durante Playback, um clique entra em modo Overdub; - Dois cliques rápidos para o Looper;


05 - Extra bottons

02 - Bus track

- Aperte e segure por dois segundos quando em Playback para Undo/Redo ou para apagar todo áudio quando parado. Obviamente, a interface do Looper pode ser mapeada e controlada por qualquer MIDI deviser.

O check mark amarelo mostra o botão Double Lenght, que dobra comprimento (lenght) do seu loop. Isso permite, por exemplo, você gravar ideias em seguimentos de “um” compasso e depois sobrepor isso em seguimentos com “dois” compassos de comprimento. Imagem anterior mostra o “Quantization” submenu e

06 - Quantizing 03 - Plug-in

O retângulo verde mostra os botões individuais de Record, Overdub, Play e Stop.

o “Record Lenght” (tamanho do loop). Clique sempre com o botão esquerdo para expandir o submenu! (botão direito para mapeamentos). Alternando esse botão com esse sinal vermelho você pode mudar entre Play/Overdub depois de gravar determinado número de canais pelo “Record Lenght” submenu. Esse botão Speed (marca amarela) permite controlar a velocidade e afinação (em intervalos de semitons) do loop. Com as setas ao lado você pode transpor oitavas.

04 - Botton Master

O check mark vermelho (acima) mostra o botão Half Lenght, que tem a função de diminuir o Buffer gravado pela metade (half). O material que está sendo tocado será dividido ao meio, sendo que a segunda metade é descartada.

07 - Speed

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“ ” Feedback – que se refere à quantidade de efeito em porcentagem a ser ouvido e depende, claro, como sua configuração (in/ out) está sendo usada

08 - Tempo Control

09 - Song Control

Mais abaixo, com o Reverse você pode aciona e tocar o loop invertido (toca em reverso).

Rec/OVR/Stop - O sinal de entrada é audível, exceto quando o Looper toca. Essa seta verde, ainda na imagem an-

08 - In Outs

11 - Recording

A seta verde na imagem seguinte mostra o submenu do Tempo Control. - None: o tempo do Looper será independente do BPM do Live; - Follow Song Tempo: o tempo do Looper segue sincronizado com o tempo BPM do Ableton live. - Set & Follow Song Tempo: o Live é que se ajusta ao tempo gravado no Looper. Esse retângulo vermelho destaca o submenu expandido do Song Control: - None: O Transport Control do Looper não tem nenhum efeito ou controle sobre o Global Transport Control do Ableton Live. - Start: O Transport Control do Live dispara quando o Looper é disparado ou gravando em Overdub. - Start & Stop Song: O Transport Control do Live dispara quando o Looper é disparado e para quando o Looper “Stop”. Muito importante entender os Inputs e Outputs do Looper. Existem quatro possibilidades para monitorar os inputs do Looper: Always - O sinal, o som de entrada é sempre ouvido; Never - O sinal nunca é escutado; Tec/OVR - O sinal de entrada somente é audível quando se está gravando ou Overdubbing (dobrando).

terior, mostra um “extrato da imagem”, com os últimos itens a serem explanados. Feedback – que se refere à quantidade de efeito em porcentagem a ser ouvido e depende, claro, como sua configuração (in/out) está sendo usada. Drag me – Imprescindível, você pode arrastar daquele ícone (Mark em vermelho) o último Loop gravado para um Track ou Clip slot. Fazer o Looper funcionar é muito simples e direto! Configure quantos compassos você quer gravar (no caso de 4 compassos – retângulo verde) e clique no Botão Rec (mark amarelo); Você verá essa mudança no display do plug-in. Aperte o segundo Botão Overdub se precisar incrementar o seu Loop... (mark verde);

12 - Overdubbing

Display em laranja.... Assim que estiver satisfeito com o re-


sultado aperte o botão Play... (mark vermelho); Display em amarelo...

13 - Play 16 - Playback

14 - Stop

Finamente o resultado da gravação nesse outro Track (mark vermelho): o Loop. Você pode reendereçar a qualquer momento esse loop ou outras fontes sonoras para o Looper pelo mesmo método de qualquer Track disponível!! Tente variar mudando os outros parâmetros apresentados e faça experimentos com quantizações, overdubs, comprimentos de gravação etc.

15 - Config

Se gostou do que ouviu, basta arrastar seu loop para algum Track (seta verde); A seguir, uma típica configuração de como você pode gravar seus loops de uma fonte de áudio externo, Plugin Instruments ou qualquer fonte sonora gravada (loop, samples, etc). Da esquerda para direita (mark verde): Usando a entrada externa pela sua interface de áudio (Ext In), mais embaixo a seta laranja mostra o endereçamento do áudio para o Looper via Sends Volume (Looper está em um canal auxiliar/Bus!!!) Mesmo conceito no Track seguinte (mark amarelo): Só que nesse caso um Plugin Instrument interno é a fonte sonora (não há Input externo). Mesmo endereçamento.

Tenho visto maneiras bem criativa de se usar o Looper via pedal MIDI ou controladores MIDI. Farei um tutorial específico sobre o assunto em breve. Boa sorte a todos!

Para saber online

Facebook: Lika Meinberg www.myspace.com/ lmeinberg

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Ah, esse botão bendito e maldito ao mesmo tempo... O botão de solo é responsável basicamente por duas coisas: uma ótima gravação e uma mixagem ruim. Um dos erros mais comuns cometido nos estúdios de todos os tamanhos é a utilização do botão de solo de maneira invertida.

O BOTÃO DE SOLO E U M A IO R ÉOS

INIMIGO Ricardo Mendes é produtor, professor e autor de ‘Guitarra: harmonia, técnica e improvisação’

U

ma prática corriqueira nos estúdios é gravar um canal, seja lá de qual instrumento for, ouvindo junto com todos os elementos da música, e na hora da mixagem ficar equalizando e comprimindo o canal ouvindo-o em solo. Uma coisa que é básica, que todos sabem mas poucos praticam: o ouvinte final não vai escutar os canais solados, então não faz sentido equalizar e comprimir um canal ouvindo-o em solo. O problema é a tentação de apertar o famigerado botão de solo e ficar duas horas, somente na caixa da bateria, equalizando, comprimindo e adicionando reverb para se atingir aquele som “perfeito e matador” de caixa. Com certeza, se despendermos duas horas só no tratamento da caixa da bateria, ouvindo-a isolada do resto da música, no final teremos um som de caixa maravilhoso. Só não teremos a mí-

nima ideia de se ele vai funcionar com a música ou não. Por outro lado, quando estamos gravando uma bateria, por exemplo, lidamos com vários microfones ao mesmo tempo. É possível que possa ocorrer algum problema em algum deles, como um mau contato em algum cabo, alguma vibração mecânica da bateria retransmitida ao microfone (acontece quando uma estante de microfone fica encostada em alguma peça da bateria), algum mau posicionamento, algum microfone que possa ter saído do lugar durante a gravação. E pode, a princípio, ser difícil identificar o canal que está dando problema, se ouvirmos todos ao mesmo tempo. Ou gravando um coro com as vozes separadas, num arranjo de três ou quatro vozes, pode ser um pouco difícil de identificar um problema técnico, ou então um problema de performance, como uma desafinação ou uma diferença na métrica da frase. Nesses casos, o botão de solo é seu amigo. O conceito que devemos ter do botão de solo é que ele tem uma função parecida com a de uma lupa. Ele serve para ampliar detalhes para que possamos identificar imperfeições. Ninguém usa uma


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lupa para admirar uma obra de arte, ou mesmo para fazê-la, pois dessa maneira seria impossível ter uma visão total do objeto final e, com certeza, haveria algumas desproporções na obra finalizada. A princípio tomar decisões de compressão, equalização, efeitos etc, ouvindo tudo ao mesmo tempo, pode parecer um pouco difícil, pois não estaríamos ouvindo precisamente (como uma lupa) os detalhes das alterações que estamos fazendo. Entretanto este é justamente o ponto da questão: não faz sentido se preocupar com detalhes que não podem ser ouvidos pelo ouvinte final. Um exemplo: ao decidir a quantidade de reverb para se colocar na voz, se a ouvirmos solada, com certeza colocaremos menos reverb do que se estivermos ouvindo-a junto com toda a música. Alguém pode dizer: “Ah, mas solado eu escuto melhor o reverb e vou colocá-lo exatamente na quantidade que eu quero”. Bem, o problema é que, quando você abrir os outros canais, eles vão competir por espaço com o reverb e, consequentemente, este ficará menos audível. Por isso, você só chegará à quantidade exata de reverberação se colocá-lo ouvindo junto com a música. E este raciocínio não vale somente para a quantidade. Vale também para escolher o tipo de reverb, o seu predelay, o seu tempo (decay) e todo e qualquer parâmetro do reverb, incluindo a sua equalização. E este mesmo raciocínio continua valendo para decisões de equalização, filtros de corte, compressão, panorâmico, praticamente tudo. Ao adotar este hábito, a primeira coisa que você perceberá é que quase nunca o melhor som isolado é o melhor som com a música tocando junto. Hoje é possível achar na internet tracks isolados de algumas gravações clássicas. É impressionante como alguns timbres soam completamente esquisitos, com excesso ou falta de alguma frequência, mas quando coloca-

dos juntos com a música eles soam absolutamente maravilhosos. Ao ouvir um track isolado de guitarra do Brian May, guitarrista do Queen, comentei com um amigo: se eu gravar uma guitarra aqui no meu estúdio com esse timbre, vão sair falando mal de mim por aí. Mas à medida que eu fui abrindo os outros canais, a “mágica” vai acontecendo e ouvimos aquele som clássico, com aquela assinatura de timbre única que nos emociona. E isso acontece com praticamente todos os tracks. Na sua próxima mixagem, experimente fazer da seguinte maneira: ouça cada canal isoladamente para identificar se há algum problema técnico, como ruídos, falhas, distorções ou algo do tipo. Não se preocupe com o equilíbrio ou timbragem. Uma vez confirmado que não existem falhas, desaperte os botões de solo e esqueça que eles existem. Coloque todos os canais em mono e vá levantando um por um rapidamente de modo que em menos de 10 minutos você tenha um equilíbrio razoável. Sem jamais acionar os botões de solo, vá agora comprimindo, equalizando, adicionando reverb (quando necessário) em cada canal, e no final de tudo posicione os pans abrindo os estéreos e escute o resultado. Depois, compare com um mixagem que você fez da outra maneira. Um ótimo exercício seria mixar a mesma música duas vezes. Uma utilizando a metodologia de tomar as decisões ouvindo os canais separados e a outra tomando as decisões ouvindo todos os canais ao mesmo tempo. Muito provavelmente a segunda opção sairá vencedora, afinal não podemos nos esquecer que o ouvinte não tem um botão de solo no sistema dele, e ainda não inventaram CD ou MP3 player multitrack. E se inventarem acho que as pessoas não estarão muito interessadas em ouvir canais separados.

Para saber mais redacao@backstage.com.br


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PATT 2013™ www.robe.cz O Patt 2013 é o primeiro de uma série de equipamentos de iluminação no estilo retrô. Desenhado especialmente para atender a tendência de efeito eye candy em tungsten para bandas, televisão, filmagens e outras aplicações. O equipamento pode ser mais do que uma necessidade prática, por exemplo, pode ser usado como uma peça para criar efeitos. O PATT 2013 concebido pelo LD Tim Routledge, tem sido utilizado por TV broadcasts e show por todo o mundo incluindo Gary Barlow, The Prodigy, Robbie Williams, Paul McCartney, X Factor, Britain’s Got Talent, The Graham Norton Show, entre outros. A fonte de luz de tungsten de 750W é formada envolta de um corpo de alumínio e usa lâmpada de 70W HPL.

PICKLEPATT™ www.robe.cz O pickle PATT é o mais novo membro da clássica família Tungsten. O equipamento é o segundo desenvolvido com a colaboração do LD Tim Routledge, que combina estética tradicional e uma construção moderna e de qualidade. O pickePATT foi especificamente criado para atender a tendência de efeito eye candy em tungsten para bandas, televisão, filmagens e outras aplicações de estúdios e palcos. Embora mantenha um estilo vintage, utiliza uma moderna lâmpada de 575W HPL. O foco de 575W de tungsten é formado em volta de um suave corpo giratório de alumínio que maximiza suas curvas.

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XPAR 1012 www.pr-lighting.com A PR Lighting aumentou a família Xpar com o modelo 1012, um novo Arc LED que utiliza a tecnologia PR Lighting e combina 12 super potentes LEDs de 10W (RGBW 4 em 1) de forma compacta. O equipamento também é extremamente versátil, oferecendo muitas opções de uso, principalmente devido ao seu peso (apenas 10 quilos) e sistema silencioso de operação. O Xpar 1012 pode ser aplicado também em eventos outdoor desde que seja adotada uma proteção IP67. Disponível com ou sem apoio, o equipamento inclui um mix de cores RGBW, temperatura de cores que variam de 2700K-10000K (correção linear), ângulo beam de 14° (com opções de 10°, 20° e 40°), dimmer de 0-100% (ajuste linear), e strobe de 0.5-33fps.


MAC VIPER WASH www.harman.com O MAC Viper Wash da Martin é um moving light fullrange Wash de alto desempenho. O equipamento possui excelente qualidade de luz com opções de cores ilimitadas e estabilidade de cor em toda a linha Viper. Ele ainda mantém plena eficiência em toda a faixa de zoom, sem oscilações de feixes, visíveis enquanto o zoom varia de estreito para aberto. O MAC Viper Wash apresenta forma compacta, alta velocidade e oferece belas cores pelas quais a família MAC Viper é conhecida. Ele também utiliza a mesma lâmpada de 1000 watts. Outras características do produto incluem 33000 lumens, 6000K de temperatura de cor, 1: 5 zoom, mistura de cores vibrante com uma paleta incluindo vermelhos, âmbar, verde primário e azuis profundos.

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LED SPOT COB WW/CW

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www.star.ind.br A Star Lighting Division apresenta o novo LED Spot COB WW/CW, um refletor de LED com 1 LED de 200W de potência, desenvolvido como uma solução para auxiliar a iluminação de captação de filmagens e fotografias. O equipamento tem como característica o LED White (branco) com a possibilidade de ajuste da temperatura de cor, entre o “branco quente” (2000K) e “branco frio” (6500K). O principal destaque do equipamento é o índice de reprodução de cor: Ra >75. Opera com 5 canais DMX, com um ângulo de abertura de 38 graus, um barndoor para ajustes/cortes do ângulo de abertura. Pesando apenas 3,0 kg, o COB WW/Cw é bivolt e tem corpo em alumínio Die-Cast. Uma ótima solução para iluminar e ajustar a temperatura de cor dos estúdios, templos, igrejas, palcos, entre outros ambientes para captação de imagens.

EVHD™ LED VIDEO DISPLAYS www.elationlighting.com A Elation Professional acaba de lança no mercado um display de video LED. O equipamento é membro da família EVHD Series, que traz alta definição em paineis de LED para produzir layouts mais criativos e artísticos. Disponível em três diferentes tamanhos de pixels (2.8, 3.9 & 5.9 mm), o EVHD é leve, praticamente sem ruídos e com moldura em alumínio garantindo durabilidade ao produto. As curvas ajustáveis também fazem do produto uma escolha certa para aplicações mais criativas com curvas, criando designs côncavos ou convexos. A construção modular significa que os painéis EVHD podem ser montados a apenas algumas polegadas de uma parede, o que significa que o equipamento é ideal para uso em espaços apertados e acessibilidade, além de garantir uma instalação mais fácil e manutenção mais conveniente. Outra característica marcante do EVHD é a escala de cinza de 14bit, o que garante alta qualidade nos detalhes onde não haja muito brilho.


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A avaliação e análise de satisfação para os resultados de um espetáculo ou show podem estar associadas a três fatores principais: expectativa, repetição e surpresa. Mas para todos eles, comprometimento, dedicação, experiência e conhecimentos técnicos são necessários para que os esforços sejam percebidos pela valorização, pelo enaltecimento e pelas reações dos públicos presentes. Nesta conversa, todos esses elementos serão abordados a partir da apresentação da banda americana The Winery Dogs, no Teatro Ópera de Arame em Curitiba, em maio de 2016.

ILUMINAÇÃO

CÊNICA TANINOS LUMINOSOS Cezar Galhart é técnico em eletrônica, produtor de eventos, baixista e professor dos Cursos de Eventos, Design de Interiores e Design Gráfico do Unicuritiba e pesquisador em Iluminação Cênica.

N

o processo de vinificação, a presença dos taninos se configura em um elemento central, uma vez que, de acordo com a maturação desse elemento químico – protetor e reagente – nas condições de guarda e reserva dos líquidos, deixa

marcas inconfundíveis para a apreciação das mais diferentes qualidades e particularidades dos vinhos. Todas as metáforas podem ser associadas à descrição anterior, quando vincula-


Figura 4: SOTO em Curitiba – abertura e show integrante da Divak South America Tour no Teatro Ópera de Arame, em Curitiba (20/05/2016). Fonte: Cezar Galhart

O espetáculo proporcionado por esse trio leva a outras análises, vinculadas ao papel de cada músico no palco e a responsabilidade de entrega do melhor resultado, sem decepções, sem frustrações. Pela segunda vez no Brasil (anteriormente, durante a The Winery Dogs World Tour em 2013, realizaram quatro apresentações em Porto Alegre, São

das a muitos artistas e bandas, mas particularmente a uma banda americana que, como o próprio nome, reveste-se de qualidade e maturação – e vinhos! The Winery Dogs – em tradução livre, Os Cães do Vinhedo – é o nome da banda que foi formada em 2012 em Nova Iorque (EUA) por três brilhantes músicos, constituindo- se em um supergrupo – ou Power Trio –

O espetáculo proporcionado por esse trio leva a outras análises, vinculadas ao papel de cada músico no palco...

de rock’n’roll, inicialmente como um simples projeto musical, mas que lançou dois discos e já possui uma referência estável no cenário mundial, com turnês em praticamente todos os continentes, em mais de vinte países ao redor do mundo.

Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte), incluíram três novas cidades na Double Down World Tour: Brasília, Londrina e Curitiba, sendo que nesta a apresentação foi realizada em uma chuvosa e gelada sexta-feira, no dia 20 de maio de 2016. A produção cênica do palco

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As dinâmicas dos músicos requerem espaço, circulação (principalmente por Billy Sheehan) e presença – a bateria de Mike Portnoy exige que o palco seja ainda maior, sem exageros.

Figura 5: The Winery Dogs em Curitiba – Double Down World Tour no Teatro Ópera de Arame, em Curitiba (20/05/ 2016). Fonte: Cezar Galhart

para a atual turnê é simples, mas funcional. As dinâmicas dos músicos requerem espaço, circulação (principalmente por Billy Sheehan) e presença – a bateria de Mike Portnoy exige que o palco seja

ainda maior, sem exageros. E para a apresentação realizada no Teatro Ópera de Arame, em Curitiba (PR), não houve substanciais mudanças na disposição e estrutura de palco em relação ao que se

” Figura 6: The Winery Dogs em Curitiba – Double Down World Tour no Teatro Ópera de Arame, em Curitiba (20/05/ 2016). Fonte: Cezar Galhart


sionalismo e dedicação, notórias e evidentes pelas próprias competências musicais, mas também associadas ao espetáculo, pelo alinhamento dos esforços na busca de condições adequadas à melhor performance e à valorização dos elementos cênicos. O sincronismo da iluminação cênica com as canções reafirma a tenacidade e constância na integração dos trabalhos dos profissionais envolvidos na produção, de maneira a demonstrar e integrar os recursos disponíveis. Nesse sentido, moving heads proporcionavam as texturas e os elementos visuais dinâmicos, enquanto blinders e refletores LEDs acentuavam e destacavam elementos estaticamente ou alternadamente.

pode encontrar como layouts identificados nos vídeos disponíveis e compartilhados nas redes sociais. Especificamente para essa apresentação, alguns destaques e cuidados devem ser mencionados. Artisticamente, isso pode ser associado também à ótima banda de abertura – SOTO – formada por músicos experientes e muito competentes, liderada pelo ótimo e carismático vocalista Jeff Scott Soto, David Z (baixo, backing vocals), Edu Cominato (bateria, backing vocals), BJ (guitarra, teclados, backing vocals) e Jorge Salan (guitarra, backing vocals). Pela ótima performance, com também ótimas, sólidas e empolgantes canções, a participação da banda SOTO demonstra o comprometi-

O sincronismo da iluminação cênica com as canções reafirma a tenacidade e constância na integração dos trabalhos dos profissionais envolvidos na produção

mento com o melhor resultado, concretizado em unidade musical – pela correlação adequada e compatível entre as bandas, em termos de sonoridade e afinidade – e elevada competência técnica e artística. No horário de 21h30min, iniciou-se a apresentação da banda The Winery Dogs, com a espetacular Oblivion, frenética canção que também abre o excelente segundo álbum Hot Streak (2015). Nos primeiros segundos, recursos diversos com o aproveitamento de uma ampla gama de notas, tap harmonics, hammer-ons/pull-offs, two handed tapping, legato technics, entre outras técnicas com intensidade e energia nos mais elevados níveis. Nisso, tornam-se evidentes as capacidades desenvolvidas com profis-

Cada uma das quinze canções que integrou o set-list da banda despertava reações calorosas do público presente, repertório esse que mesclava proporcionalmente faixas dos dois álbuns – The Winery Dogs (2013) e Hot Streak (2015). De fato, todas as canções eram destaques, como se a banda fizesse dessa uma turnê dos melhores hits da carreira. Comprova-se com isso mais um aspecto, a experiência, que se soma aos outros como um elemento central para o êxito conquistado pelo Power Trio que possui apenas quatro anos de existência – mas, decorrentes de mais de três décadas de palcos e turnês em todo o mundo. Em relação à repetição, esse termo pode ser aplicado, sem quaisquer constrangimentos, aos aspectos mu-

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Na composição de luzes, princípios do Design, associados à unidade, simetrias/ assimetrias, ritmo e contraste, entre outros, dinamizados em cenas intrigantes e intensas, contrapostas por outras, minimalistas e suavizadas por representações ora definidas, ora difusas, sutis e monocromáticas

Figura 7: The Winery Dogs em Curitiba – Double Down World Tour no Teatro Ópera de Arame, em Curitiba (20/05/ 2016). Fonte: Cezar Galhart

sicais e luminosos. Canções repletas de referências e influências que permitem paralelos na história do Rock’n’Roll – para fórmulas ou formatos – sem deixarem de ser autênticos e originais. Na composição de luzes, princípios do Design, associados à unidade, simetrias/assimetrias, ritmo e contraste, entre outros, dinamizados em cenas intrigantes e intensas, contrapostas por outras, minimalistas e suavizadas por representações ora definidas, ora difusas, sutis e monocromáticas. Impossível não destacar também os zelos demonstrados pelos músicos e equipes técnicas de palco e house mix –no que se refere à sonorização e iluminação - para o resultado final. Melhores resultados para esses dois elementos fundamentais de produção requerem, além de estruturas e equipamentos compatíveis com as necessidades e requisitos dos artistas, conhecimentos técnicos, com constante atualização e aprimorados estudos. São processos de aprendizagem que, uma vez iniciados, não têm término nem prazos de conclusão – e que como sempre tem sido abordado, também necessitam de permanente renovação para as novidades do mercado. De maneira mais efetiva, manifestavamse os conhecimentos nas transições das

canções assim como também das cenas – com texturas e matizes adequados e compatíveis com as sensações de cada música – em uma constante preocupação com todos os detalhes, cuidados que nunca são exceções ou preciosismos; para ambas as bandas, afirmavam-se a cada momento a conjugação de talentos múltiplos na produção de palco, no mínimo impressionantes, e memoráveis, como deve ser a proposta de todo show. Finalmente, The Winery Dogs fez um show repleto de energia, carisma e contagiantes canções, roteirizadas pela iluminação e organizadas de maneira a entreter e divertir, além de demonstrar as capacidades dos músicos na transformação de técnicas e aprimorados recursos musicais em excelentes canções, resultando em uma surpreendente apresentação. Execuções técnicas com acuracidade; imagens e sensações que se perpetuam, com viscosidade e momentos únicos; mesclas refinadas de cores e brilho. Tudo isso pode ser associado a um espetáculo do The Winey Dogs – assim como na degustação de um vinho de ótima procedência. E não é exatamente isso o que todo apreciador de vinhos busca? Abraços e até a próxima conversa!

Para saber mais redacao@backstage.com.br


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lar a censura ditatorial transpondo-se para a época presente a luta entre escravos - o povo oprimido - e os latifundiários - a classe dominante, fazendo-se o mesmo com a tríade coronel-sertanejo-cangaceiro. Engajei-me ali por tendência e princípios, fazendo sucesso nos shows universitários que rolavam com músicas como Menina de Hiroshima, Cantiga Cabra do Cão (ambas em parceria com Chico de Assis, a primeira tendo sido gravada por Nara Leão), Canto do Quilombo e outras, a maioria esmagadora das quais era implacavelmente barrada pela censura. Meu momento maior de glória foi dividir o palco de uma re-

Memória

MUSICAL Nº4

MÚSICA NA DITADURA

D

epois do sucesso radiofônico de Giramundo (com Pery Ribeiro), Baleiro (com Luhli) e Capoeira de Oxalá (com Rosa Maria, hoje Colyn), comecei a receber pedidos de músicas de vários artistas. Por essa mesma época fui contratado, junto com Guarabyra e Sidney Miller (Los Tres Amigos!) pelo empresário Guilherme Araújo para integrar o cast de um programa musical – que não me lembro o nome – da TV Excelsior de São Paulo que seria dedicado a promover os novos “cantautores” – como são chamados nos países de língua espanhola os nãoexatamente-cantores de suas próprias músicas – da MPB, que tomava agora, na pós bossa-nova, um rumo que valorizava as raízes brasileiras, com bordejos pelo folclore e já trazendo em seu bojo a onda das músicas “de protesto”, que detonavam, na medida do possível, e às vezes do impossível, a recém-instalada ditadura militar. Essa vertente era encabeçada por figuras como Edu Lobo, Baden Powell, Carlinhos Lyra, Vinicius, Vandré, Sérgio Ricardo, Nara Leão, Ruy Guerra, João do Valle e muitos outros. A ideia era bur-

cém-inaugurada e lotadíssima Sala Cecília Meirelles com Sérgio Ricardo e Paulinho da Viola, vendo a plateia em delírio. Eu e Sidney Miller, que também participou desse show, nos entreolhávamos no camarim sem acreditar no que estava acontecendo com a gente, dois garotos numa viagem inesquecível ao lado de seus ídolos... Quem nos abria as portas, a mim, Guarabyra e Sidney, era o poeta e letrista Nelson Lins de Barros, parceiro de Carlos Lyra e outros próceres da bossa-nova, doce pessoa de livre trânsito na intelligentsia carioca. Ele nos apresentou a Sérgio Cabral, jornalista e crítico musical, que acabara de inaugurar, com Moisés Fuchs e a dupla de empreendedores artísticos Max Haus & Moysés Ajchenblat, o já badaladíssimo Teatro Casa Grande. Sérgio fazia a direção musical e colocou-nos como atrações da terça-feira, a troco de couvert artístico. Cantávamos nossas músicas em separado, mas trocávamos ideias na coxia e aprendíamos uns com os outros. O público das terças era ralo, não ligávamos muito pra isso, nos sentíamos bem por ganhar um dinheirinho com nossa música e mostrar nosso trabalho num teatro que já nascera com prestígio.


LUIZCARLOSSA@UOL.COM.BR | LUIZCARLOSSA.BLOGSPOT.COM Nesse mesmo ano – 1966 – Nelson Lins de Barros levou a mim, Sidney, Soninha Ferreira da MPB – hoje no Quarteto em Cy – Luhli e seu parceiro Marco Antônio Menezes para participar do novo espetáculo do Grupo Opinião, que viera do estrondoso sucesso do espetáculo Opinião, que lançaria Maria Bethânia (em substituição a Nara Leão) ao lado de Zé Kéti e João do Valle. Para nossa decepção, Luhli não pôde participar do espetáculo, mas de todo jeito ficamos quase três meses em cartaz, deslumbrados e orgulhosos por estarmos com o nosso grupo Mensagem – nome dado a nós pelo Opinião – ombro a ombro com ídolos da nova e da velha guarda, como Aracy de Almeida, Ismael Silva, MPB4, Baden Powell, Marília Batista e muitos outros sambistas de raiz da melhor qualidade, dirigidos musicalmente pelo inesquecível Lindolfo Gaya e teatralmente por Armando Costa e Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha. Esse foi, na realidade, o meu batismo de fogo profissional: ali, ao lado daqueles experientes artistas, não podíamos vacilar. E a experiência de estar todas as noites durante esse tempo que passei no teatro, entre ensaios e espetáculos, exercendo o que eu queria que fosse minha profissão, foi de absoluta importância para o meu futuro artístico.

O programa da TV Excelsior teve vida curta, mas a frequência quase diária no escritório de Guilherme Araújo me valeu assistir ao nascimento do Tropicalismo. Gal e Caetano estavam lá prestes a gravar juntos o icônico Domingo, quando Gal ainda era Gracinha e queria gravar minha Sá Menina, cuja exclusividade eu já tinha prometido ao MPB4. Partiu meu coração ter que negar àquela menina de voz doce e afinadíssima uma de minhas músicas preferidas. Provavelmente meus amigos do MPB4 nem se importassem com isso, mas eu era inexperiente e em vez de conversar com eles sobre o assunto, frustrei-me de ver a música certa na voz exata. Nesse entretempo, a censura oficial nos estrangulava mais a cada dia. Qualquer palavra fora de contexto valia o lixo para uma obra musical. O ar ia ficando irrespirável, opiniões agressivamente colocadas dividiam famílias e desfaziam antigas amizades entre aqueles que apoiavam o governo militar e os que lutavam contra. Guardadas as devidas proporções, algum dejà vu rolando por aí? Mês que vem continuamos a passear – cantando – pelos anos de chumbo.

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Discabos ................................................................... www.discabos.com.br .............................................................. 35 Expomusic ................................................................. www.expomusic.com.br ........................................................... 06 Gigplace Comunidade ............................................... www.gigplace.com.br ............................................................... 27 Gobos do Brasil .................... (11) 4368-8291 ......... www.gobos.com.br .................................................................. 17

Anunciantes Backstage | julho 2016

Guitar Player ......................... (11) 3721-9554 ......... www.guitarplayer.com.br ......................................................... 33 Harman ..................................................................... www.harmandobrasil.com.br .................................................. 39 HPL ....................................... (11) 2088-9919 ......... www.hpl.com.br ...................................................................... 25 João Américo Sonorização .... (71) 3394-1510 ......... www.joao-americo.com.br ...................................................... 21 Modern Drummer ................. (11) 3721-9554 ......... www.moderndrummer.com.br ................................................. 61 Ninja Som ............................. (11) 3550-9999 ......... www.ninjasom.com.br ........................................................ 2ªcapa Ninja Som ............................. (11) 3550-9999 ......... www.ninjasom.com.br .............................................................. 03 Prisma ................................... (51) 3711-2408 ......... www.prismaproaudio.com.br .................................................. 10 Proshows / Audio-technica ....................................... www.proshows.com.br ............................................................ 11 Robe .......................................................................... www.robe.cz ............................................................................ 57 Shure Brasil ............................................................... www.shurebrasil.com ........................................................ 4ª capa Sonotec ................................. (18) 3941-2022 ......... www.sonotec.com.br ............................................................... 07 Star Lighting .......................... (19) 3838-8320 ......... www.star.ind.br ........................................................................ 63 Taigar .................................... (49) 3536-0209 ......... www.taigar.com.br ................................................................... 55 TSI ............................................................................. www.tsi.ind.br .......................................................................... 31

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