Edição 261 - Agosto 2016

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Sumário Ano. 23 - agosto / 2016 - Nº 261

Harman quer proximidade com o cliente

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Na semana de 17 a 19 de maio, aconteceu no auditório da Galeria 490, na Rua Santa Ifigênia (SP), o Harman Professional Experience; um evento que reuniu todos os produtos do grupo Harman (JBL, Martin, AKG, Soundcraft, Studer). O encontro teve com a participação dos especialistas em produtos Luis Salgueiro, Adilson, Orlandio e Richard.

NESTA EDIÇÃO 12 Gustavo Victorino

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Gravado na casa de shows Vivo Rio, no Rio de Janeiro, o novo trabalho do sambista Diogo Nogueira reúne uma série de inovações na iluminação, como o uso de 25 linhas DMX, movings atuando junto com o painel de LED, e show gravado em timecode. A novidade inaugura uma nova visão sobre a iluminação nas produções de samba.

Confira as notícias mais quentes dos bastidores do mercado.

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Vitrine O sistema TOA / SR-T5 é um Line Array de 2 vias, cada caixa de som contendo 8 falantes de grave e 24 de agudo, arranjados verticalmente. Oferece excelente inteligibilidade, sendo ideal para ambientes reverberantes, como ginásios de esportes.

20 Rápidas e Rasteiras O presidente da Abemúsica – Associação Brasileira da Música, Synésio Batista da Costa, aposta na Expomusic para levar mais educação musical ao setor de entretenimento, a ampliando o leque de atrações e de eventos.

26 Play Rec Reconhecido internacionalmente por seu trabalho na música erudita contemporânea, Maury Buchala apresenta ao público o CD Portrait, produzido pelo Selo Sesc, e gravado entre abril e junho de 2015, em Paris.

28 Gigplace Em mais uma entrevista desta série sobre os bastidores das produções musicais, com profissionais que estejam direta ou indiretamente ligados ao dia a dia do entretenimento, vamos conversar com a diretora de produção Isaíra Oliveira.

64 Vida de Artista A perspectiva conjunta de tocar com Paulinho, conhecer Brasília e fazer um programa de TV deixou Luiz Carlos Sá animadíssimo. Malas feitas, e depois de uma interminável viagem de ônibus, ele chegava à recente Brasília, que juntava o moderno da arquitetura à secura do cerrado vermelho, em uma espécie de faroeste futurista.


Expediente

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Editando pelo melhor caminho

Quando falamos que uma certa pessoa “edita muito rápido”, dá a impressão de que ela conhece bem os atalhos e digita rápido. Porém, como quase em tudo na vida, o que faz a diferença não é ser rápido. É saber o melhor caminho.

CADERNO TECNOLOGIA 44 Ableton O pacote de fábrica do Ableton Live traz uma série de ferramentas (plugins) dedicadas à produção rápida, aliás como exige o mercado atual. Uma dupla que pode ajudar é a “Chord e Scale”. O conceito de plugins dessa natureza não é nenhuma novidade, mas da maneira como eles foram desenvolvidos, para serem usados em real time (tempo real) pela Ableton, é o “X” da questão.

CADERNO ILUMINAÇÃO

Diretor Nelson Cardoso nelson@backstage.com.br Gerente administrativa Stella Walliter stella@backstage.com.br Financeiro adm@backstage.com.br Coordenadora de redação Danielli Marinho redacao@backstage.com.br Revisão Danielli Marinho Reportagem: Danielli Marinho e Miguel Sá Colunistas Cezar Galhart, Cristiano Moura, Gustavo Victorino, Jorge Pescara, Lika Meinberg, Luiz Carlos Sá, Marcello Dalla, Ricardo Mendes e Vera Medina Edição de Arte / Diagramação Leandro J. Nazário arte@backstage.com.br Projeto Gráfico / Capa Leandro J. Nazário Foto: Fabiano Gomes / Divulgação Publicidade / Anúncios PABX: (21) 3627-7945 arte@backstage.com.br Webdesigner / Multimídia Leonardo C. Costa multimidia@backstage.com.br Assinaturas Maristella Alves PABX: (21) 3627-7945 assinaturas@backstage.com.br Coordenador de Circulação Ernani Matos ernani@backstage.com.br Assistente de Circulação Adilson Santiago Crítica broncalivre@backstage.com.br Backstage é uma publicação da editora H.Sheldon Serviços de Marketing Ltda. Rua Iriquitiá, 392 - Taquara - Jacarepaguá Rio de Janeiro -RJ - CEP: 22730-150 Tel./fax:(21) 3627-7945 / 2440-4549 CNPJ. 29.418.852/0001-85 Os artigos e matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. É permitida a reprodução desde que seja citada a fonte e que nos seja enviada cópia do material. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios veiculados.

58 Vitrine iluminação

60 Iluminação Cênica

O DTW PAR 300, da Elation Lighting, possui (16) multi-chip de CW / LEDs de 10W na cor âmbar para uma luz suave, que é facilmente ajustável ao tungstênio branco quente a branco frio. O ângulo de feixe é de 23° com uma produção de 23.130 LUX a 3.3’ (1m).

A iluminação sempre teve um papel fundamental nas apresentações artísticas, como recurso de interação, valorização e dinâmica, essencial para propiciar intenções e interações únicas. Nesta conversa, esses elementos são abordados, a partir de um breve resgate histórico.


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CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br

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O previsível

nem sempre é o mais previsível

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o marketing temos dois fatores que podem determinar o sucesso ou o fracasso de um planejamento ou estratégia para um produto. As variáveis incontroláveis e as variáveis controláveis. As variáveis controláveis são aquelas sobre as quais a empresa pode exercer decisão e gerenciamento, resultando em ações táticas que determinem o comportamento no mercado, sejam elas o produto, a concorrência, o preço, a distribuição, a propaganda ou a promoção. Já as variáveis incontroláveis são caracterizadas por ocorrências que independem das ações da empresa, mas provocam alterações substanciais no mercado. Como a própria nomenclatura já sugere, foge ao controle de qualquer previsão. Para que se possa decidir sobre quais estratégias poderão dar melhor cumprimento às metas da empresa, além de definir quais variáveis controláveis podem atingir o seu negócio, um planejamento também tem que deixar uma margem segura para que o imprevisível não arruíne o que foi planejado. É como ter um plano B a todo momento, equivalente àquela poupança de segurança que formamos caso algo inesperado aconteça. O que aprendemos com a Eurocopa esse ano foi justamente um típico caso de variável incontrolável. O favoritismo pela Alemanha ou mesmo pelos anfitriões do campeonato caiu por terra quando a seleção de Portugal sagrou-se campeã pela primeira vez na história do torneio, contrariando qualquer outra previsão dos especialistas em futebol. Ninguém escondeu a surpresa ao ver que a equipe de futebol portuguesa era muito mais do que o famoso artilheiro Cristiano Ronaldo. Quem viu a partida deve lembrar que o craque deixou o campo na metade do primeiro tempo, o que, teoricamente, daria vantagem ao adversário na conquista do campeonato. Como em diversas circunstâncias no mercado, lidamos com as mais diversas variáveis, algumas fogem ao controle e outras são perfeitamente contornáveis. No entanto, como em qualquer planejamento, manter o foco nas metas e a união com os parceiros são atitudes salutares para driblar os imprevistos. Boa leitura. Danielli Marinho

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Com a sinalização do governo de que o dólar terá seu patamar oscilando pouco e, com isso, evitando marolas no mercado, uma luz tímida acende no fim do túnel e pode indicar um lento processo de retomada econômica. Tensão e desconfiança sempre vieram da oscilação oportunista e manipulada e nunca da real cotação. Sabendo com o que lidam, os empresários definem seus rumos e parâmetros de operação. A dúvida que fica está no fato de que historicamente os governos brasileiros não cumprem suas promessas.

do planeta. Com o crescimento da indústria de jogos, os grandes estúdios produtores desses games inverteram a lógica inicial e hoje recebem propostas de artistas para assinarem suas trilhas. E as cifras em dólares chegam a sete dígitos antes da vírgula.

LICITAÇÕES

TAKAMINE As edições especiais e os modelos personalizados de violões Takamine abriram o espaço que ainda faltava para a marca japonesa dominar um território até então muito equilibrado do segmento musical, o samba. Reinando absoluta entre os sertanejos, a marca líder distribuída pela Sonotec começa a assumir também a ponta de lança no segundo segmento musical mais consumido do país (o primeiro é o sertanejo) e consolida ainda mais sua posição de líder no segmento de violões profissionais no Brasil.

GAMES O mundo dos jogos eletrônicos criou um interessante mercado musical nas últimas décadas e parece não encontrar mais limites para crescer. Verdadeiras fortunas em direitos foram oferecidas a artistas como Paul McCartney, Snap Dog, Guns N´ Roses e Slayer, para assinarem trilhas de games famosos que venderam milhões de unidades ao redor

A nota dessa coluna sobre a má qualidade do som oferecido para alguns artistas recebeu várias mensagens com comentários diversos sobre a origem do problema e pelo menos uma conclusão parece óbvia. Para artistas contratados pelo poder público, o som oferecido é tomado por licitação conforme determina a lei federal 8.666/93 que rege a matéria, e sempre prioriza o menor preço. E aí começa o problema. Empresas sem a necessária experiência e capacitação técnica entram nessas licitações, e vencem por conta dessa deformação da lei. E na hora do show, salvese quem puder.

BEATLES FOREVER Um interessante trabalho de resgate da BBC londrina mostra ao mundo uma faceta pouco explorada da dupla Lennon & McCartney. Sempre vistos como pilares dos Beatles, pouco foram reconhecidos como compositores para outros artistas em início de carreira. Ao longo de décadas compuseram para Cilla Black, The Fourmost, Billy J. Kramer & The Dakotas, Tommy Quickly, PJ Proby e Peter & Gordon, entre muitos. As gravações desses artistas foram resgatadas e poderão passar por remasterização e até regravações nas vozes de artistas contemporâneos. Algumas nunca foram


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gravadas e, portanto, são absolutamente inéditas. Paul McCartney e Yoko Ono já concordaram com a ideia inicial do projeto.

PELÉ E o rei do futebol voltou a gravar. O samba Esperança flerta com o pagode e em tempos de pitch corrector, não mostra grandes defeitos. Mas, no fundo, preferia mesmo é que ele voltasse a jogar futebol...

ELETRICIDADE A falta de aterramento com isolante padrão (3 pinos) no Brasil está fazendo com que alguns avanços tecnológicos não sejam aplicáveis no país. Modernos supressores de ruídos, conhecidos como Noise Gates, acabam congelando ou até mesmo amplificando os ruídos que tentam sublimar por conta da inconstância da nossa rede elétrica. A estabilização das redes, sendo elas privadas ou não, além da energia oriunda de geradores, nem sempre resolvem o problema, e técnicos já preferem excluir o uso desse recurso para não correrem riscos.

TRIBUNAIS As brigas judiciais por acusação de plágio no mundo sertanejo estão proliferando no Brasil e o foco reside muito mais na melodia do que nas letras. Para acabar com o problema, sugiro que façam músicas com mais de três acordes.

BARRADO E o tal de MC Bin Laden achou que entraria fácil no EUA com esse codinome? Fala sério... teve visto recusado para deleite dos ouvidos gringos. Bem que a gente poderia fazer o mesmo com algumas “coisinhas” que vêm de lá.

LEI ROUANET A gritaria em torno da lei que incentiva a atividade cultural no Brasil é o epicentro de uma grande discussão que se torna fundamental para o entendimento do mecanismo e das críticas, por vezes infundadas, que a proposta recebe. O poderio de alguns escritórios e produtoras, além da centralização dos recursos, há muito levanta suspeitas sobre a lisura do processo. No entanto, ignorar que a rotina é complexa e que SP e RJ concentram os maiores patrocinadores do país seria também uma cegueira desco nectada com o entendimento do real funcionamento da lei. Em tempos de crise e fuga de patrocínios, rediscutir a legislação pode gerar novas alternativas e o fim dos “cantos escuros” de sua aplicabilidade. Modestamente, sugiro a criação de cotas estaduais vinculadas a eventos regionais, limitando assim a suspeita concentração hoje existente e motivo de desconfianças gerais.

CONQUISTA Enquanto o mercado sofre com quedas e perdas de toda a ordem,

a Casio registra crescimento constante no Brasil. A gigante japonesa conquistou nos últimos anos alguns números impensáveis para um mercado complexo como o nosso. Num segmento dominado há muito tempo pela Yamaha e Roland, os teclados da Casio tiveram uma receptividade que faz jus à qualidade dos produtos há décadas reconhecidos no mundo inteiro. A fórmula desse sucesso parece simplória, mas foi infalível: competência e transpiração.

REFERÊNCIA O laboratório de pesquisa na sede da Harman, no sul do Brasil, é um dos maiores núcleos de desenvolvimento tecnológico de áudio do país. Com o embrião herdado da Selenium, o local direciona a tecnologia de produção de um dos melhores alto-falantes do mundo. A assinatura da iconoclasta JBL fez desse núcleo uma referência e colocou o Brasil no seleto grupo de fabricantes mundiais de falantes de alto desempenho com tecnologia de ponta que nos destaca no segmento. A Harman nos mostra uma faceta do Brasil que dá certo.

PERGUNTINHA Por que os compositores e músicos que tocam de verdade nos discos assinados por DJs e MCs não recebem os créditos ou citações nas “obras”? Afinal, eles são os verdadeiros artistas...

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MICROFONE ATM610 www.proshows.com.br O microfone dinâmico hipercardióide ATM610a da AudioTechnica exibe uma reprodução clara, detalhada e ampla dos vocais principais. Uma construção robusta com sistema magnético com imã de terras-raras e um globo com estágios múltiplos para proteção contra sons plosivos fazem desse equipamento a escolha perfeita para aplicações profissionais de palco. Possui 1 (um) ano de garantia. Compre agora em http://proshows.com.br/ produto/Audio_technica/ATM610.

SR-T5 www.toa.com.br O sistema TOA / SR-T5 é um Line Array de 2 vias, cada caixa de som contendo 8 falantes de grave e 24 de agudo, arranjados verticalmente. Oferece excelente inteligibilidade, sendo ideal para ambientes altamente reverberantes, como ginásios de esportes. A construção extremamente robusta é resistente a impactos, permitindo ser utilizado em quadras esportivas de pequeno ou médio porte.

SISTEMA TAIGAR www.taigar.com.br A Taigar System lançou na AES 2016 um sistema vertical revolucionário, alcançando potência até então inconcebível para as linhas slim no mercado. Com potência de 1500 W RMS e processado internamente por DSP, o conjunto biamplificado possui um line array de 8 alto falantes de 5 polegadas e drive de titânio centralizado, possibilitando uma abertura de 110°, mais um subwoofer de 18”. Suas configurações geram um timbre único e característico TGR. A proposta deste projeto é praticidade e versatilidade aliados à pressão sonora. Entre as 4 opções de processamento definidas estão “VOICE”, que apresenta extraordinária nitidez e fidelidade na voz, “ACOUSTIC”, com cortes perfeitos para bandas e conjuntos musicais, “FLAT”, que possibilita uma livre equalização, e “DJ”, especialmente desenvolvido para quem deseja um boost nas frequências baixas.


VERTUS CS1000 www.fbt.it A FBT lançou no mercado um sistema compacto de line array, o CS1000, a versão mais recente da série Vertus. Criado para atender tanto instalações fixas quanto eventos ao vivo, o CS1000 combina alta performance com modularidade e escalabilidade. Seu peso leve e corpo robusto conferem elegância dando ao sistema versatilidade na montagem; em poucos minutos pode ser instaldo no palco, ou instalado integradamente nos locais sem chamar muito a atenção, sem deixar de entregar alta qualidade sonora e controle de diretividade. Seu sistema biamplificado comporta ainda um sistema bass reflex de 12” e um sistema de satélite passivo, ligado através de um conector Neutrik SPEAKON, equipados com seis drivers de 3” de neodímio. A bordo do subwoofer, um Class-D, de dois canais amplificados, além de uma fonte de alimentação que entrega 600W RMS para o sub e 400W RMS para o satélite. Completam as características do equipamento um compartimento de armazenamento, que vem dentro da caixa subwoofer para abrigar com segurança o alto-falante e seu pólo de montagem, para armazenamento e transporte.

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BRIO COMPACT DIGITAL AUDIO www.calrec.com A nova mesa Brio, da Calrec, se apresenta como uma das mais poderosas mesas digitais compactas para broadcast, com um perfil que atende aos diferentes profissionais dessa linha. Como uma das menores da família Bluefin2 da Calrec, o controle de superfície da Brio é como nenhum outro desse nível similar. Em apenas 892 mm de largura, o dual-layer e a superfície de 36 faders dão mais fades que qualquer outra dessa categoria. Com base nos mais de 20 anos de desenvolvimento digital, a Brio oferece acesso instantâneo para um grande número de paths ao mesmo tempo que uma interface HD touchscreen de 15,6 polegadas, intuitiva, fornece acesso rápido a um maior controle em profundidade. O equipamento pode ser considerado totalmente auto-suficiente, uma vez que possui I/O analógico e digital e GPIO construído na superfície. Um expansão adicional de I/O permite integração I/O futuras, além do modulo Hydra2 permitir se conectar e compartilhar áudio através da rede Hydra2 da Calrec.

MICROFONE ATM350 www.proshows.com.br O microfone condensador cardióide ATM350 da Audio-Technica acompanha uma presilha de montagem versátil Unimount® e uma presilha especial para uso com violinos. É uma excelente opção na captação de metais, contrabaixo, sopros, piano e tambores. Sua resposta é clara e bem equilibrada mesmo em altos níveis de SPL. Seu modulo de alimentação phantom possui um filtro passa altas em 80 Hz. Compre agora em http://proshows.com.br/produto/Audio_technica/ATM350 .

RP1 REMOTE PRODUCTION UNIT www.calrec.com Produzir remotamente dá oportunidade de capturar uma ampla gama de eventos ao vivo, como esportes, notícias ou festivais de música em geral. As empresas de radiodifusão nem sempre podem justificar o tempo ou a despesa de envio de um caminhão de transmissão e uma equipe de operadores qualificados ao local desses eventos. No entanto, devem sempre garantir que os mesmos altos padrões de transmissão sejam atendidas. O novo motor RP1 Remote Production Unit da Calrec é um núcleo de 2U que contém DSP integrado baseado em FPGA, o que permite uma superfície de console em outro serviço para controlar toda a funcionalidade da mixagem. O núcleo RP1 gere todo o processamento para o encaminhamento IFB e mixer de monitor remotamente, fazendo esse proceso localmente sem latência. Este nível de integração e controle remoto torna mais simples para qualquer engenheiro de mixagem remoto configurar as mixers IFB e erradicar qualquer atraso para os ouvintes ou apresentadores.


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Novo conceito musical e de iluminação O que seria TWONK? Um novo conceito na música eletrônica que flerta com o hip hop, cunhado pelo artista Brillz? Parece que sim, mas na verdade ninguém pode definir TWONK. Os fãs de Brillz têm visto um show de iluminação nas apresentações do artista com projeto criado por Ethan Kairer,

Jim Feeney e Corey Mattonen. Os profissionais fizeram a turnê mais recente de Brillz com a ajuda de paineis 4x4 Nexus e paineis MVP Ta8 Curve, da Chauvet Professional. Os LDs usaram 10 paineis Nexus e uma parede de 12x12 de paineis MVP Ta 8 para criar um visual impressionante.

Virada Cultural Realizada nos dias 28 e 29 de maio, a virada cultural paulista na cidade Franca, interior de São Paulo, ganhou equipamentos Powersoft, D.A.S Audio, Avid e Yamaha no seu rider. O projeto contou com a apresentação de bandas e um DJ atuando para uma multidão de 10 mil pessoas aproximadamente. No palco foi usado um sistema de PA composto por um line array Aero 50 mais subwoofers

Aero 182 da espanhola D.A.S Audio com consoles Avid Venue Mix Rack no PA e Yamaha PM5D RH no monitor. Os amplificadores Powersoft X4 foram usados no PA, enquanto os Powersoft M50 estavam nos monitores e os Powersoft K2 se encarregavam dos subwoofers do side fill. A NR Audio, criada em 1992, foi quem forneceu os equipamentos para o evento.

A música em números A Eventbrite, plataforma líder global em tecnologia para evento, realizou um estudo recente que traz tendências da indústria da música para o segundo semestre de 2016. Os dados foram transformados em um infográfico bem dinâmico. Um dos principais dados é de que o uso dos smartphones para compras online é predominante entre os participantes. Um dos indicativos é o de que todos os principais festivais dos Estados Unidos vão oferecer pagamen-

tos mobile em 2016, segundo um dos organizadores do festival Governors Ball. De acordo com um levantamento trimestral da Adyen, empresa global de tecnologia para pagamentos, quase 35% das transações globais foram feitas em dispositivos móveis, em comparação a pouco mais de 30% no período anterior. Outra previsão é que o streaming vai conduzir a transformação da venda de ingressos e motivar ainda mais a participação de experiências ao vivo.

AUDIO EM 360 GRAUS Recentemente, Andres Mayo foi aceito oficialmente no programa de Beta Testers do software de produção de áudio para Realidade Virtual dos laboratórios Dolby. Juntamente com o engenhero de mixagem Martín Muscatello, os profissionais estão realizando testes para, em breve, começarem a oferecer o serviço de Audio 3D (também chamado de Audio Inmersivo) para diversas áreas do entretenimento, como música, cinema, entre outros.

IVETE LANÇA DVD ACÚSTICO Ivete Sangalo lança novo álbum, “Ivete Sangalo Acústico em Trancoso”. Nesse primeiro trabalho acústico, a cantora experimenta caminhos além do axé e aposta numa sonoridade mais suave, que já fica evidenciada na capa do trabalho, gravado no Teatro L’Occitane em abril de 2016.

PAGAMENTO DE ARTISTAS A ABRAMUS (Associação Brasileira de Música e Artes) lançou um infográfico que explica como funciona o cadastro para o pagamento aos artistas e como funciona o processo desde a filiação de um titular. O infográfico completo e em alta qualidade para reprodução pode ser baixado em: https://goo.gl/TzqgKO

ECAD FAZ LEVANTAMENTO DA OBRA DE JOÃO BOSCO O cantor e compositor João Bosco, que completou 70 anos no dia 13 de julho, ganhou um levantamento inédito sobre a sua obra. O trabalho, preparado pelo Ecad, inclui clássicos da música popular brasileira, de autoria de João, como O mestre-sala dos mares, Corsário, De frente pro crime e O bêbado e a equilibrista, eternizada na voz de Elis Regina. Ao todo, são 274 obras e 491 fonogramas cadastrados no banco de dados do Ecad. Quase 90% dos seus rendimentos em direitos autorais de execução pública musical dos últimos cinco anos vieram dos segmentos de rádio, TV aberta, música ao vivo e show. Apenas em 2015, os segmentos de show e música ao vivo foram responsáveis por 57% dos seus rendimentos.


Foto: Ernani Matos / Divulgação

Instalações elétricas

Foto: Internet / Divulgação

Foi realizado no dia 20 de julho, no Laredo Art, no Rio de Janeiro, um workshop sobre instalações elétricas. A palestra, ministrada por Henrique M. Elisei, da Pentacústica, contou com a presença de cerca de 50 profissionais do setor. Os temas abordados incluíram legislação, normas técnicas, medidas de segurança, entre outros assuntos sobre instalações.

RIO 2016 E KATY PERRY Rise, a nova música composta e gravada pela cantora americana Katy Perry, será usada pelo canal norte-americano NBC, como tema dos jogos Olímpicos 2016. O single será tocado antes e durante todo o período das Olimpíadas no Rio, incluindo a cobertura no dia 5 de agosto, a noite da cerimônia de abertura. A NBC, com a colaboração de Katy, fez um spot de cinema que será transmitido em mais de 20 mil salas.

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Tony Allysson assina com a Som Livre e lança DVD Tony Allysson está de casa nova e já anuncia novidade para os seus fãs: o cantor religioso lança o DVD “Sustenta o Fogo” pela Som Livre. O produto físico já está disponível para compra online, no www.somlivre.com, e também chega às lojas de todo país. O álbum também pode ser adquirido no iTunes e Google Play. E ainda: o cantor disponibiliza em seu canal no YouTube o clipe da canção “Eu Vou”, sua nova música de trabalho. Confira: https://youtu.be/mKHSYS00CU. Dirigido por Tiago Be-

netti, o DVD foi registrado durante uma apresentação de Tony no Arena Hall, em Brasília, em setembro do ano passado. O show, que aconteceu em cima de um palco giratório, contou com um público de 5 mil pessoas. O produto traz 21 faixas – sendo 20 delas autorais – e reúne os principais sucessos dos álbuns anteriores, Poderoso Deus e Soberano, além de canções inéditas. O clipe de Sustenta o Fogo, que dá nome ao novo trabalho, também já está disponível no link https:// youtu.be/ulqxKudr37U.

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Abemúsica quer mais educação musical no país O presidente da Abemúsica – Associação Brasileira da Música, Synésio Batista da Costa, aposta na Expomusic para levar mais educação musical ao setor de entretenimento. Para o executivo, este ano a proposta é ampliar o leque de atrações e promover uma série de eventos. Este ano a feira contará com a Arena Expomusic, onde o Auditório Elis Regina e a área externa que contempla a lâmina d´água abrigarão uma série de atrações voltadas para o entretenimento do público. Estão marcados para a Arena Expomusic o Music Hall Festival, os encontros musicais e de gastronomia,

além de festivais convidados, como o Barkley Smooth Jazz. A Expomusic, em conjunto com a Central de Apoio às Escolas de Música – CAEM, Abemúsica e o São Paulo Convention & Visitors Bureau, abrigará também o festival São Paulo é Tudo de Bom, a Expomusic Também. Dividido em duas fases, uma regional e uma finalíssima a ser realizada durante a Expomusic, o Festival tem como objetivo revelar novos talentos e criar uma nova música que represente São Paulo. Os interessados em participar devem se inscrever por meio do site www.escolasdemusica.com.br, no link ‘Festival’.

CURSOS DE ÁUDIO ONLINE A Shure transmite uma série de cursos online no setor de áudio. A agenda de cursos é realizada gratuitamente durante todo o ano e os encontros online acontecem todas as sextas-feiras às 10h (horário de Brasília), por Adinaldo Neves e Jon Lopes, e abordam temas como microfones e soluções sem fio para salas de conferência, áudio para templos e igrejas, Sistemas Sem Fio e RF, entre outros assuntos do setor.

ECAD E AS MAIS TOCADAS DO SKANK Em comemoração ao aniversário do cantor e compositor Samuel Rosa, que completou 50 anos no dia 15 de julho, o Ecad preparou um levantamento inédito sobre a obra musical do artista, que abrange 152 obras e 401 fonogramas cadastrados no banco de dados da instituição. Na lista oficial do Ecad de autores com maior rendimento no segmento de Sonorização Ambiental em 2015, Samuel Rosa ocupou a 6ª posição. Na Copa do Mundo de 2014, sua música É uma partida de futebol, feita em parceria com Nando Reis, foi uma das 15 mais tocadas (12º lugar) em eventos da competição, que incluem os shows de abertura e encerramento e a sonorização ambiental dos estádios durante todas as partidas. O próprio Samuel ficou em 11º lugar entre os autores com maior rendimento na ocasião.Nos últimos cinco anos, quase 80% dos rendimentos de Samuel em direitos autorais de execução pública musical vieram dos segmentos de Rádio, Show e TV Aberta.

Kids Music Festival tem nova formação A Kids Music Festival - evento itinerante que já está percorrendo todo o Brasil, levando o que há de melhor em termos de show para o público infantojuvenil - terá nova estrutura. O projeto chegou ao mercado de música e entretenimento infantil em 2015 e, de lá para cá, foram realizados shows nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, somando mais de 60 mil espectadores. Com uma plataforma musical que contempla apresentações em duetos e individuais, o festival traz momentos de interatividade entre os artistas e o público. Feito por crianças e para crianças, o Kids Music Festival apresenta para o segundo semestre artistas já conhecidos pela garotada, como Jean Paulo, Gabriella Saraivah, Stefany Vaz, Pedro Henrique e Gustavo Daneluz.


Workshop Yamaha CL / QL

No dia 11 de julho, a Cidade de Paulo Afonso, Bahia, recebeu o Workshop da Yamaha Musical do Brasil e seus consoles CL e QL, onde foram abordadas as utiliza-

ções e funções do Sistema de Protocolo Dante. O evento contou com a participação de Lazzaro Jesus (ex-técnico de Ivete Sangalo e hoje consultor técnico da Yamaha

Musical do Brasil). Um outro encontro também foi organizado pelo ENTER (Encontro Técnico Regional) da cidade de Paulo Afonso BA e contou com uma participação expressiva de diversos técnicos da região. Esse foi o segundo workshop e a ideia é que outros eventos desse mesmo porte aconteçam nos próximos meses.

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Amplificadores D+ PHONES

CONHEÇA AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS - Distorção harmônica < 0,002% - Diferença entre canais de 0,05dB - 8 canais com seleção de CUE - Duas unidades de rack - Entradas balanceadas estéreo XLR - Saídas com 2 canais XLR macho - Alta fidelidade

- Bivoltagem automática (fonte não chaveada) - Seleção de CUE que permite escutar os canais individualmente com os mesmos níveis de equalização - Módulo digital de seleção de canais (CUE) - Sem SMD na sua confecção

Desenvolvido e produzido pelo engenheiro eletrônico Acácio Rodrigues, um dos mais tradicionais profissional de áudio no Rio de Janeiro, o D + Phones possui o DNA de quem sempre procurou o melhor produto para usar em shows ao vivo ou em instalações fixas. Segundo Rodrigues, foram dois anos e meio para a conclusão do projeto do D+, que nasceu da experiência do engenheiro em mais de 30 anos dedicados ao áudio profissional, tanto como locador quanto como instalador de sistemas de sonorização. Para Acácio, não havia um produto que pudesse atender de uma forma eficiente os pequenos, médios e grandes problemas na amplificação dos fones de ouvido com um custo acessível. Os bons produtos acabam custando muito para a realidade brasileira. O D+ é construído artesanalmente com muito cuidado na escolha dos componentes e possui o chassi robusto, indispensável a todo produto que vai “cair” na estrada, sem dar problema durante o show. O produto foi concebido para atender as demandas dos músicos, entregando uma excelente performance em todos os estilos musicais.


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DANIELLI MARINHO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR

ERA DOMINGO Zeca Baleiro Este é o novo disco de inéditas do artista. Repetindo o esquema que usou em seu trabalho anterior O Disco do Ano, Baleiro entregou cada faixa de Era Domingo para um produtor diferente. Segundo Zeca foi um jeito mais divertido de fazer. Depois de quase 20 anos de carreira e mais de 10 discos lançados, o músico sentiu a necessidade de criar novos modos de fazer, reciclar os métodos, fugindo de trabalhos burocráticos. Nesse formato, cada música chega de uma maneira diferente. A voz de Baleiro e o tratamento final é que dão unidade ao trabalho. O álbum sai pela Som Livre.

PORTRAIT Maury Buchala

CLÁSSICOS EM VINIL Jorge Ben Jor, Robson Jorge & Lincoln Olivetti Desde a reativação da Polysom, em 2010, a coleção Clássicos em Vinil trouxe de volta às prateleiras mais de 50 títulos. Esse ano a fábrica já tem vários lançamentos programados, começando com dois álbuns de grande relevância para a música nacional. O primeiro deles é Robson Jorge & Lincoln Olivetti, de 1982, licenciado pela Som Livre. O disco firma uma parceria de sucesso entre o guitarrista e o arranjador, que compuseram juntos quase todas as 12 faixas. As exceções são Raton (Hermes Contesini) e Baila Comigo (Rita Lee). Outro título que chega às lojas esse mês é Jorge Ben (1969), lançado em parceria com a Universal Music. O disco traz 11 faixas, todas de autoria de Jorge Ben Jor, e é considerado um dos mais importantes de sua carreira. Entre os sucessos que o compõem estão Cadê Tereza, País Tropical, Bebete Vaobora, Que Pena (Ela Já Não Gosta Mais de Mim), Take It Easy My Brother Charles e Charles, Anjo 45.

A MÚSICA DE OSVALDO LACERDA... ...para Clarineta - Cristiano Alves

Reconhecido internacionalmente por seu trabalho na música erudita contemporânea, Maury Buchala apresenta ao público o CD Portrait, produzido pelo Selo Sesc. Gravado entre abril e junho de 2015, em Paris, o disco traz um retrato dos mais de dez anos de carreira do músico. É um trabalho monográfico, com peças compostas exclusivamente por Buchala e interpretadas pelo grupo parisiense Ensemble Court-Circuit. As quatro faixas do disco revelam a pesquisa e os estudos realizados pelo artista, um trabalho que começou com as cordas e se expandiu para outros instrumentos, com nuances e interpretações solos e coletivas. Destaque para o encarte do disco, que traz um texto do recémfalecido mestre Gilberto Mendes apresentando a música de Buchala como vigorosa e com organização surpreendentemente meticulosa.

Com a excelência de interpretação de Cristiano Alves, o disco reúne 10 peças do compositor paulista Osvaldo Lacerda., cada qual com suas ricas particularidades. Três Momentos Musicais, para clarineta e piano, em três movimentos (Allegro, Andante e Vivo), traz a pianista Tamara Ujakova em uma execução de extremo refinamento técnico. A obra Improviso (1995), para clarineta solo, traz o clarinetista como um intermediário indispensável entre compositor e público. Destaque para a participação do violista Gabriel Marin em Choro-Seresteiro e Fuga. Outras faixas que compõem o trabalho são Tocatina e Fuga, que traz o fagotista Elione Medeiros, Quatro Melodias, obra em quatro movimentos executada por Cristiano Alves, Quatro Peças, para clarineta e piano, parceria entre Cristiano Alves e Ricardo Ballestero, também em quatro movimentos.


DANIELLI MARINHO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR

DUAS SANFONAS E UMA ORQUESTRA Orquestra de Sopros por Arte, Kiko Horta e Marcelo Caldi Um ano após o lançamento do CD Festejo, que contou com participações especiais de Egberto Gismonti, Guinga, Gilberto Gil e João Bosco, a Orquestra de Sopros Pro Arte volta ao circuito musical com seu terceiro disco. Duas Sanfonas e uma Orquestra traz os consagrados acordeonistas cariocas Marcelo Caldi e Kiko Horta, ambos pianistas de formação, celebrando, juntos, Sivuca, Dominguinhos e Luiz Gonzaga, cujas obras são revisitadas em arranjos contemporâneos. A direção musical está a cargo de Raimundo Nicoli, Lourenço Vasconcellos e Claudia Ernest Dias. Resgatando a matriz nordestina na formação da música brasileira,

Duas Sanfonas e Uma Orquestra reúne também obras autorais dos acordeonistas e de Raimundo Nicioli, um dos diretores da Orquestra. O disco abre com Forró Transcedental, composição e arranjo de Kiko Horta. Homenagem a Velha Guarda, de Sivuca, e Baião da Garoa, de Luiz Gonzaga e Hervê Cordovil, também estão entre as faixas do álbum, que ainda conta com Homenagem a Dominguinhos, de Marcelo Caldi, e Baião pro Hermeto, de Raimundo Nicioli. A Orquestra de Sopros Pro Arte é formada por jovens estudantes de música, criada em 2004, por Tina Pereira.

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‘backstage’ I S A Í R A DIRETORA

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Profissões do

Em mais uma entrevista desta série sobre os bastidores das produções musicais, com profissionais que estejam direta ou indiretamente ligados ao dia a dia do entretenimento, vamos conversar com a diretora de produção Isaíra Oliveira. redacao@backstage.com.br Fotos: Arquivo Pessoal / Divulgação

O L I V E I R A DE

PRODUÇÃO

igplace – Isaíra, qual a sua formação, e como você parou no mercado de entretenimento? Isaíra Oliveira - Estudei em escola pública no interior de São Paulo, onde, na minha geração, tínhamos aulas de teatro e educação artística. Foi meu primeiro contato com a área. Desde então, me apaixonei. E a escola proporcionava

muitas atividades relevantes, como apresentações de música e teatro para a comunidade local. Daí por diante não parei mais. Comecei a estudar música – violão clássico, por 12 anos, e até cheguei a dar aulas de música. Também formamos um grupo de teatro, que se chamava “Penumbra e Pégaso”, que a atriz Cleide Yáconis apadrinhou, e depois disso fo-


mos nos apresentando e aprendendo como fazer teatro e música. Participei da primeira turma da Universidade Livre de Música de São Paulo, me graduei em Comunicação Social/ Publicidade e Propaganda pela Faculdade Armando Álvares Penteado de São Paulo, onde conheci muitas possibilidades de trabalho nos bastidores da produção e onde conheci muita gente que me ensinaria a fazer a diferença no futuro. Eu sempre pesquisei muito e sempre me preocupei em aprender o máximo possível, por isso, todo curso, palestra e oficina sobre a área de produção, eu me esforçava e conseguia fazer. Assim, fui conhecendo gente interessante e fui me disponibilizando para estar junto a eles como estagiária, ouvindo ou apenas como observadora. Em paralelo ao trabalho de produção, fui fazendo também a minha carreira acadêmica. Fiz pós-graduação em Docência para Ensino Superior na Fa-

culdade Senac, onde desenvolvi um projeto para a área de eventos. Depois fiz Mestrado em Hospitalidade, pela Universidade Anhembi Morumbi, também em São Paulo, onde minha pesquisa resultou no livro “Hospitalidade em shows de música – Um estudo sobre as relações entre profissionais de bastidores, artista e espectador nas casas de espetáculos”. Depois fui fazer doutorado em Artes, no Instituto de Artes da UNICAMP, em Campinas, onde pesquisei a área de dança, que também já tinha trabalhado no passado. Minha pesquisa resultou no livro “Recepção em Dança O especialista e o Espectador”. Também realizei outra pesquisa dentro da Escola de Comunicação e Artes da USP, em meu pós-doutoramento, sob o título “As relações entre artista e fã sob a ótica do consumo – a questão dos fãs clubes”. Além de fazer cursos no exterior como “Qualidade em Serviços”, no Disney Institute, nos Estados Unidos. Tudo pensando sempre em aprimorar meus conhecimentos, porque

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temos sempre muito a aprender. Agora estou finalizando o meu próximo livro “Produção Executiva - logística de shows e eventos artísticos”, que será lançado no segundo semestre de 2016. Basicamente isso. Ou seja, foi estudando muito e me propondo a aprender sempre mais que entrei para o mercado de entretenimento.

Para cada tipo de evento, festival ou show, há sempre uma necessidade técnica diferente. Se você não escrever detalhadamente seu projeto, jamais saberá do que é necessário para realizá-lo.

Gigplace - Além de produtora e educadora é escritora, como faz para conciliar o tempo para fazer tudo isso? Isaíra - Se você gosta do que faz, fica muito fácil. Conciliar tudo é uma questão de disciplina e muita dedicação. Faço tudo que amo, mas faço uma coisa de cada vez. No meu tempo, na minha organização, sem atropelar os processos. Gigplace – O que faz um diretor de produção? Isaíra - Puxa! Essa pergunta é a mais difícil e complexa de todas. Se eu responder da maneira clássica, vou dizer, que o diretor de produção faz tudo. E aí você vai me perguntar, provavelmente, o que é esse tudo (risos). Tecnicamente, a palavra “produção” vem do latim producere, que significa “fazer aparecer”, também tem sua base relacionada a outra palavra do latim, productio, que está associada a criar, originar ou fabricar produtos e serviços. Para mim, é um conjunto de atividades para tornar uma ideia viável. Quando falamos de viabilidade, temos que pensar, primeiramente, em planejamento, qual a melhor data, local, horário, tempo. Se temos os recursos financeiros e humanos, a viabilidade técnica e operacional para a execução do projeto, entre vários outros aspectos. Ou seja, temos que avaliar aspectos internos e externos à nossa produção para depois, sim, colocar em prática o que idealizamos. Acho que é isso que um diretor de produção faz. Planeja tudo, antes, durante e depois, para que o espetáculo aconteça da melhor maneira possível. Gigplace - Uma pergunta vital para esta entrevista, como você participou da

evolução do mercado do entretenimento desde os anos 80 até os tempos atuais e quais foram as mudanças mais marcantes, tanto na evolução tecnológicas como nos eventos em si, o que mudou? Isaíra - Creio que, principalmente, mais profissionalização do setor e a velocidade das informações, com o advento da internet e as novas ferramentas tecnológicas. No passado, não tínhamos muitos profissionais qualificados e nem equipamentos e nem locais para shows grandiosos. O que mudou de lá para cá, foi a profissionalização do setor, o nível de informação. Minha geração não tinha cursos para ensinar como fazer determinadas coisas e nem tantas ferramentas disponíveis para se comunicar com tanta rapidez como hoje. Aprendíamos tudo fazendo. Hoje temos cursos de vários níveis para todo tipo de qualificação. E o advento da internet e da informática otimizou muitos processos, e facilitou muito a vida do produtor, pois agora temos respostas bem mais rápidas do que no passado. Gigplace - Quais os passos para que um projeto saia do papel e se torne um show, festival ou evento? Isaíra - São muitos passos. Para cada tipo de evento, festival ou show, há sempre uma necessidade técnica diferente. Se você não escrever detalhadamente seu projeto, jamais saberá o que é necessário para realizá-lo. Na verdade, tudo vai depender do tamanho da produção ou evento, se é grande ou pequeno. Dependerá das necessidades operacionais e técnica, bem como da exigência dos artistas e do pessoal envolvido no processo. Também dependerá da época, da data, do local, do horário, em que será realizado o evento ou show, ou festival. Se o evento será realizado em um dia ou vários. Dependerá do tamanho da sua equipe, do tempo que você terá para desenvolver o evento e, principalmente, se você terá recursos financeiros suficientes para realizá-lo. A base de tudo é planejamento. No iní-


cio, meio e fim, prevendo todas as possibilidades de problemas, para ter sempre a oportunidade de resolver a situação a tempo. Gigplace - Qual o processo de seleção para uma equipe técnica, qual a visão da direção de produção levando em conta a criação de um projeto do zero, e como é determinado os valores e forma de pagamento dos vencimentos desses profissionais? Isaíra - Na minha experiência, antigamente, recrutávamos profissionais em universidades. Por meio do painel-mural de empregos e estágios nas universidades de comunicação, principalmente. Creio que hoje não seja muito diferente. O painel talvez seja eletrônico atualmente. Mas o que se busca sempre são profissionais qualificados, ou pessoas que têm interesse em aprender, principalmente. Um profissional bem qualificado custa caro. E dependendo de sua necessidade, não é ele que vai resolver o seu projeto. O importante é saber exatamente de qual profissional você precisa para a sua produção. Outra coisa é informar tecnicamente o que você espera des-

se profissional para a realização do projeto. Para depois discutir valores e formas de pagamentos. O tamanho do projeto vai justificar os valores e formas de pagamento, bem como a disponibilidade desses profissionais. Não há uma regra. Como digo sempre, tudo é negociável. Gigplace - No seu livro “Hospitalidade em Shows de Música”, você explica e traça o perfil do que seria o atendimento para o cliente dos shows, que é o público pagante, porém muitas vezes os eventos não têm o mínimo de conforto necessário, faltando desde banheiros ao som de qualidade. No entanto, o preço cobrado pelo ingresso muitas vezes se iguala a shows internacionais. Por que algumas vezes essa contrapartida é tão cruel para o público pagante? Isaíra - Na minha opinião, basicamente, é falta de planejamento adequado e falta de respeito com o público, seja ele pagante ou não. Se você não sabe quem é seu público, não conhece o espaço que será realizado seu evento, provavelmente terá todos os problemas de logística do mundo. As-

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Escrever um projeto e realizar um grande produção nacional exige muito tempo e muito dinheiro também. Mas muitos profissionais da área preferem ganhar só o dinheiro e não dedicam tempo para os outros itens fundamentais como a pesquisa, o estudo e a dedicação, no meu entender.

sim como temos notado uma profissionalização do setor, vemos também muita gente entrando para o meio de entretenimento por acreditar num certo “glamour” da área, ou simplesmente por acreditar que é o meio mais fácil para estar perto dos artistas. Muitos deles não estão dispostos a aprender e, por isso, muitas vezes cometem erros clássicos e bem básicos. Já participei de muitos shows cujo o valor do ingresso não correspondia ao mínimo de conforto nem para o público e nem para o artista. Então, ainda acho que é falta de planejamento puro. No meu próximo livro Produção Executiva - logística de shows e eventos artísticos, que será lançado no segundo semestre de 2016, dou um exemplo de um Festival de Música que tinha como seu patrocinador principal uma marca de cerveja. No entanto, faltou exatamente essa cerveja, na metade no evento. Como pode ser isso? Penso que foi pura inexperiência ou falta de planejamento. Gigplace - Ainda sobre esse tema, por que as produções nacionais são tão básicas em seus shows, não temos espetáculos que você saia com a sensação de “uau”, preciso ver tudo de

novo”, com poucas exceções é claro? Por que isso acontece, faltam fornecedores com a tecnologia necessária, ou a logística para sair com o show desse tipo no nosso país ainda é inviável? Isaíra - Creio que falta criatividade, estudo, pesquisa e dedicação. Escrever um projeto e realizar uma grande produção nacional exige muito tempo e muito dinheiro também. Mas muitos profissionais da área preferem ganhar só o dinheiro e não dedicam tempo para os outros itens fundamentais como a pesquisa, o estudo e a dedicação, no meu entender. Criatividade requer tempo, teste e erro. E só depois de muito estudo conseguimos realizar algo grandioso que independe de tecnologia ou fornecedores. No passado, por exemplo, se você estudar a época de ouro dos cassinos e dos Teatros de Revistas, tinham-se excelentes produções, com menos da metade das tecnologias e dos fornecedores que temos hoje. Então não creio que falte tecnologia ou fornecedores, mas profissionais dispostos a estudar um pouco mais as possibilidades. Gigplace - O mercado do entretenimento está sofrendo por mudanças, tentan-


do se ajustar a nova realidade econômico-social brasileira, na qual se precisa lucrar e ainda concorrer com as produções estrangeiras que já inseriram o Brasil nas suas turnês, qual sua opinião sobre este momento? Isaíra - Na minha opinião, o setor de entretenimento é o único que não tem crise. Em termos de dados econômicos, perdemos apenas para dois setores no mundo: o bélico e o automobilístico. As produções internacionais possibilitam, para mim, e para os profissionais e as produções nacionais, um maior aprendizado e não uma concorrência. Temos tipos de espetáculos para todos os tipos de público e de bolso. Do contrário, não teríamos em cartaz uma enorme quantidade de musicais com temas nacionais, contando a história de muitos personagens da nossa música. Esses

As produções internacionais possibilitam, para mim, e para os profissionais e as produções nacionais, um maior aprendizado e não uma concorrência. musicais nacionais foram inspirados nas produções estrangeiras. Da mesma forma que, no passado, os nossos cassinos e teatros de revistas também. Portanto, não vejo crise, vejo oportunidade. A crise é de criatividade, que não tem nada a ver com a realidade econômicosocial brasileira. Gigplace - Neste mesmo mercado os profissionais, em especial o

pessoal técnico, está dividido entre o que era chamado de freelancer e a formalidade, seja ela como prestadores de serviço ou a CLT em alguns casos. Na sua visão, qual o modelo ideal para ambos os lados da moeda, produtores e mão-de-obra? Isaíra - O modelo ideal é trabalhar naquilo que gosta e da melhor maneira. Seja com carteira assinada ou como freelancer. Cada um sabe o

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A dificuldade que vejo são as distâncias continentais que temos em nosso país, e em muitos casos falta as estruturas básicas dos locais. Muitas vezes não se tem estradas adequadas. Em muitos lugares não se tem aeroportos, ou pontos de apoio. Há muita burocracia.

que é melhor para si mesmo. Desde que tudo esteja em um contrato, informando exatamente no que você irá trabalhar, quanto tempo (horas/ dias) e de que forma irá receber (dinheiro/cheque/barra de ouro) por aquele trabalho, por mim, tudo bem. Além disso, nesse contrato devem constar seus deveres e obrigações, além de formas de cancelamento e multas. O resultado do seu trabalho é que, com o tempo indicará o modelo ideal para cada tipo de profissional. Em meus cursos pelo país encontro muitos técnicos e outros profissionais de produção que optaram por ser freelancer por achar que isso possibilita a eles conhecer várias maneiras de trabalhar e de conhecer outros tipos de produção. E ao mesmo tempo, encontro outros profissionais que preferem a formalidade de uma carteira assinada, por entender que há mais uma estabilidade. O modelo ideal é o modelo justo, que honre o que foi acordado, sem perdas para nenhum dos lados. Gigplace - Na área técnica e de produção é necessário sempre estar atualizado com as novidades e técnicas referentes a sua área de atuação. No áudio, por exemplo, existe uma consciência da necessidade de reciclagem de conhecimento e especialização. O pessoal de produção também tem se especializado por meio de cursos e treinamentos? Isaíra - Conhecimento nunca é demais, e estamos sempre aprendendo em qualquer área. Como disse antes, hoje há muitos cursos livres, cursos técnicos, cursos de graduação e de pós-graduação na área de produção cultural. Manterse atualizado é sempre uma obrigação. Ainda temos muitas informações em livros e na própria internet. Assim, estudar faz parte e requer muito interesse e dedicação. Muita gente sai do mercado porque não se atualizou. Por isso, creio que em qualquer profissão isso é necessário. Gigplace - Qual a real dificuldade de se fazer turnês dentro do Brasil pelo lado logístico da coisa, será que ainda

é inviável fazer 22 shows nas principais capitais no formato turnê com cenário, som e luz? Isaíra - A dificuldade que vejo são as distâncias continentais que temos em nosso país, e em muitos casos falta as estruturas básicas dos locais. Muitas vezes não se tem estradas adequadas. Em muitos lugares não se tem aeroportos, ou pontos de apoio. Há muita burocracia. E se mesmo assim você optar por realizar uma turnê com todos os equipamentos de luz, som e cenário, o investimento financeiro será muito grande, pois você também precisará de uma equipe maior para colocar em prática tudo isso, gerando mais gastos. Penso que quando montamos um projeto, desde o início temos que pensar se ele vai gerar uma turnê ou não. Pois, isso, para mim, é planejamento. E se for gerar a turnê, eu tenho que ter planejado o cenário, o som, a luz, antes de entrar na estrada. Gigplace - Um outro fato que nunca compreendi bem, porque se grava um DVD grandioso, se exibe na TV a cabo, e vai para a estrada com uma miniatura do que foi feito na TV? Só para termos um parâmetro, pelo mundo afora, primeiro se faz a turnê e por último grava-se o DVD, que as pessoas compram por ser uma recordação do show que elas já viram ao vivo. O que você acha dessa prática mais comum por aqui? Isaíra - Hoje há muitas maneiras de se conquistar o mercado. O público quer materialidade em meio a tantas coisas virtuais. Por mais que se tenha um show maravilhoso, o CD e o DVD ainda são uma forma de cartão de visita. Creio que é uma necessidade de mercado. Um DVD bem produzido serve para colecionadores, para fãs, para divulgação maior do trabalho e para mostrar toda a possibilidade do artista, o que gera uma maior possibilidade de venda em vários formatos do show. Gigplace - Com a sua experiência, qual a visão de futuro do mercado de


os patrocinadores estavam no show, e, por algum problema técnico ou inabilidade do operador (o que a gente não sabe até hoje), a projeção não aconteceu e nenhum patrocinador apareceu no telão, e o que era o tão esperado final, foi um grande caos.

entretenimento brasileiro, e qual o perfil ideal para o profissional “se dar bem” nesse futuro? Isaíra - O mercado brasileiro tem um grande potencial e está formando grandes profissionais também. O que se precisa é gostar daquilo que se faz, estudar bastante, investir em cursos e troca de experiências profissionais. Já há um grande intercâmbio entre profissionais de todos os estados brasileiros, por conta de suas especialidades locais. Precisamos valorizar mais os talentos locais. Pois o perfil do profissional no futuro vai ser igual ao de todas as épocas: se manter atualizado, aberto a novas ideias e investir em cursos de qualificação. Gigplace - Todos nós temos na carreira aquela roubada ou saia justa que, no momento em que acontece, dá vontade de sumir do mapa, mas depois de um bom tempo rende boas risadas. Qual a sua roubada ou saia justa preferida? Isaíra - Nossa! Foram tantas (risos). Rapidamente, para não comprometer ninguém e nenhuma produção. No meio de uma produção, lá do passado, estávamos testando um equipamento de última geração, onde o nome de todos os patrocinadores seriam projetados em grande estilo, num grande telão, ao final do show. Nesse dia, todos

Gigplace - Quais são os seus planos, o que pretende fazer daqui a 10 anos? Isaíra - Exatamente o que faço hoje. Trocando experiências com gente interessante e interessada, e aprendendo cada vez mais. Ministrando meus cursos, orientando meus alunos, fotografando meus shows e fazendo o que há de melhor: estar com os amigos queridos e a família brindando com meus bons vinhos (risos). Talvez faça mais um doutorado ou mais uma pós-graduação, quem sabe. Aposentadoria, jamais. Gigplace - Qual conselho daria para quem está começando hoje na área de produção e logística de eventos? Isaíra - Faça sempre o que gosta. Pesquise bastante. Nunca deixe de estudar e fazer bons cursos. Ouça sempre, observe, analise e coloque tudo no papel primeiro. O segredo do sucesso é fazer o que mais gosta. Você vai ouvir muitos “nãos” até ouvir o primeiro sim. Mas as grandes realizações vêm exatamente do que parecia impossível. Não desista do seu sonho.

Para saber mais Livros publicados Hospitalidade em Shows de Música, Editora Laços Recepção em Dança O especialista e o Espectador, Editora Prismas

Este espaço é de responsabilidade da Comunidade Gigplace. Envie críticas ou sugestões para contato@gigplace.com.br ou redacao@backstage.com.br. E visite o site: http://gigplace.com.br.

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Gravado na casa de shows Vivo Rio, no Rio de Janeiro, o novo trabalho do sambista Diogo Nogueira reúne uma série de inovações na iluminação, como o uso de 25 linhas DMX, movings atuando junto com o painel de LED, e show gravado em timecode. redacao@backstage.com.br Fotos: Fabiano Gomes / Divulgação

Z U L A V NO

A B M A S O E R B SO ura novos g u a in a ir e u g o N o g io DVD de D ão conceitos na iluminaç

O

novo DVD do cantor carioca Diogo Nogueira teve um quê de inovação na iluminação. Gravado ao vivo na casa de espetáculos Vivo Rio, na capital fluminense, o DVD contou com a direção de Raoni Carneiro e o projeto de luz ficou sob responsabilidade de Césio Lima e Thiago Bonanato com a programação de Lucas Gallardo, e a direção de fotografia de Cesio Lima. A parte mais conceitual foi o uso de moving panel no fundo do palco e algumas Ribaltas beam

no chão, que faziam diversas faixas estreitas, formando uma sequência de linhas. “O Césio trouxe como conceito para o DVD junto com os movings Quadri Led, da Hot Machine. A ideia era criar algo um pouco diferente. Lá fora estão usando este tipo de moving, e daí pensamos em criar um conceito novo, uma cara um pouco diferente para o samba”, ressalta Lucas. De acordo com Lucas, pelo fato de os Quadri Led serem mais tecnológicos, foi


DVD contou com gravação em time code

Equipamento incluiram QuadriLEDs, Viper e Quadri Led

Luz de plateia em combinação com luz do palco

preciso trazer uma cara mais soft, mais sossegada para o show. “Então tivemos que pensar sobre as músicas que nós usaríamos, e como usaríamos para que não houvesse problemas. Precisávamos entender qual a música que se encaixava naquele aparelho, porque se eu usasse sempre ia ficar saturado. Na segunda música do show não ia dar mais para usar. Outra preocupação era não usar de uma forma agressiva, ofuscando a plateia, porque mesmo sendo um DVD, o público tinha ido lá para assistir ao show do Diogo, então pensamos o seguinte: vamos usar com calma, va-

mos ter uma intensidade legal, vamos ter efeitos legais, com um visual mais chamativo do que ofuscante. Então foi essa a ideia ao usar os Quadri Led”, explica. Para o sistema, a opção ficou pelos equipamentos da Avolites. Foram duas Saphire Touch e uma Quartz

Painel de LED mais alto e mais largo

dois TNPs, que conseguiram gerar e criar mais universos. “Precisávamos de 12 linhas DMX, no total, o DVD inteiro teve 25 linhas DMX, então são vinte e cinco universos, e para isso tudo decidimos usar a Avolites Titan pela quantidade de universo que a gente precisava. E pela integração que tinha com toda a rede, porque fora os TNPs, tínhamos mais 3 ArtNet boxes”, ressalta Lucas. Outra coisa que contribuiu para “mudar” a cara do DVD foram os movings da Hot Machine. “Eles têm um QuadriLEDs que são incríveis. Nós usamos 32 aparelhos”, completa Gallardo. Foi também pensando na questão de conteúdo visual que o painel de LED da banda aumentou, mudou o tamanho, e onde eram usados 9x3, foram usados 14x6, tornando-o bem mais alto e bem mais largo. “Usamos também duas Haze da MDG, porque o Diogo não gosta de fumaça tendo em vista que é ruim por conta dos metais na banda. Então toda fumaça quando entra no instrumento de sopro como um sax por exemplo, condensa e vira líquido, e isso afeta os harmônicos, então a fumaça acaba prejudicando um pouco, e às vezes pre-

A parte mais conceitual foi o uso de movings no chão no fundo do palco e algumas Ribaltas beam, que faziam diversas faixas estreitas

como backup, que também ficou para fazer toda a parte de direção de fotografia, controlada pelo Cesio Lima, que tinha todos os masters. Foram usados também

judica a voz do cantor. Por isso, acabamos utilizando as MDGs”, detalha Lucas. Um dos principais motivos na escolha do sistema Avolites foi o co-

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Naquele momento ele era o único sistema que ia conseguir abrir mais 8 linhas DMX por qualquer outro box, porque geralmente a marca se atrela à própria marca. Você tem que ter aquele box daquela marca (Lucas)

Consoles Safire Touch e Quartz, da Avolites

Lucas Gallardo comanda uma das mesas usadas no DVD

nhecimento do sistema. “Por causa da confiança que tenho no sistema da Avolites e todo knowhow que a LPL já tem com a Avolites. A LPL foi a primeira empresa a fazer o Rock in Rio, e eles faziam com a Avolites, e lá no DVD precisávamos criar timecode e criar uma série de universos”, comenta. Além da segurança, outro fator decisivo na escolha foi quanto à versatilidade do sistema. “O sistema Titan da Avolites me dá uma liberdade para poder criar tanto aparelhos quanto mais universos DMX, sendo assim eu tinha infinitas possibilidades em mãos. Quando entrando na parte de rede e DMX a coisa ficou mais séria 25 universos amigos”, fala Lucas. “Decidimos usar 2 TNPs e 3 Artnet Box “É bom usar o TNP para não ter delay, e decidimos colocar para fazer todos os Beams. Os outros ArtNets fo-

ram usados para gerenciar a outra parte de luz, que eram os spots, entre outros equipamentos”, ressalta.

PLATEIA E PALCO Outra novidade utilizada no show foi criar uma luz de base para plateia. “Geralmente as pessoas pensam naquela multibase para a plateia, porém quando você tem um take de camera do fundo, você não tem um plano de fundo, uma cor, um contraste, alguma coisa assim. Então pensando nisso o Cesio optou por colocar alguns movings de LED atrás da plateia para que pudesse ter essas cores”, conta Gallardo. A ideia era ter esse efeito para que a grua também conseguisse capturar uma alguma cor, mas o teto sempre da mesma cor que estava na plateia, dando a impressão de tudo ser um palco só. “Isso deu um


decidimos trabalhar com cores juntas ou com uma escala próxima. Tanto que terão músicas no show que o palco estará azul e a plateia está um pouco magenta. Não está na mesma cor, porém não está contrastando tanto”, explica Lucas. Palco na mesma cor da plateia: parte de uma nova concepção de iluminação para o samba

NOVA TENDÊNCIA

efeito muito legal. Parecia ser simples, mas acabou sendo muito além do que eu imaginava. A ideia de o palco estar na mesma cor da pla-

De acordo com Lucas, existem algumas bandas usando esse conceito, não com a mesma quantidade, nem com o mesmo rider. “Fizemos

teia era para que não ficasse um contraste muito grande, porque eu não poderia ter o palco por exemplo rosa e a plateia amarela, então

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Equipe responsável pela gravação do DVD de Diogo Nogueira

uma coisa que pode ser chamada um pouco de louca. Colocamos 32 aparelhos na frente do painel de LED. Muitas banda falam que ter um painel de LED já está bom, porém ter um big painel de LED rolando o conteúdo e na frente rodando os 32 Quadri Led, e tudo funcionando em sincronia tornou o visual mais que incrível”, comenta. A ideia surgiu a partir de uma reunião sobre a turnê Porta-voz da Alegria. “Como já estávamos viajando no Porta-voz da Alegria com esses aparelhos, nessa época o Cesio já falou para usar esses aparelhos, mas precisava de algo diferente, que falasse que era samba, porém que tinha algo mais, uma identidade”, relembra Lucas. Foi assim que Cesio trouxe esses aparelhos para o fundo do palco, a fim de criar uma identidade para o show, algo que chamasse mais, e criasse uma identificação única entre iluminação e cantor. “A ideia era que com os aparelhos no fundo já se identificasse como sendo o show o Diogo Nogueira. Na verdade isso foi mais um acordo entre o Cesio, Raoni Carneiro e o empresário do Diogo, o Afonso Carvalho”, completa.


DESTAQUES

GRAVAÇÃO EM TIMECODE

Além do cantor, é possível dizer que dois equipamentos foram de extrema importância para esse trabalho: os Vipers, da Martin, além dos Quadri Led, da Hot Machine. “Tínhamos 32 Viper, mais os Quadri Led, muitos Beam, mais de 50, Spot, Giotto; porém os Viper me surpreenderam muito pela intensidade da luz, pelo foco. Ao mesmo tempo em que estava usando um Viper como um mega spot, eu conseguia fechar e parecia um Beam 5r de tanto que ele fechou, então para mim deu um destaque muito legal na gravação”, coloca Gallardo. Para Lucas, foi uma experiência inusitada descer 32 aparelhos pendurados em uma vara elétrica na frente de um painel em funcionamento. “Muitos falavam: que loucura é essa! Mas no final, quando vimos todos eles acesos, percebemos que trazia uma coisa muito diferente para o painel de LED. Dá para trabalhar com alguma coisa na frente do painel de LED se você souber usar os dois e se souber contrastar”, define.

Outra coisa muito importante, foi o cuidado com a gravação. Geralmente quando se deixa 100% no manual, eles não serão iguais nos mesmos takes. Então o quando chegar em um corte, quando corta para outra camera, pode ser que a outra cor esteja apagada. Para

Outra coisa muito importante, foi com o cuidado com a gravação. Geralmente quando se deixa 100% no manual, eles não serão iguais nos mesmos takes. evitar esse problema, a opção foi gravar o show inteiro em timecode. Foi colocada uma trilha, que era disparado junto com o clique, que era a referência dos músicos. Dessa forma, toda vez que o Diogo citava um mú-

Lista de Equipamentos 54 Beam e 6 Atomic 10 Giotto spot 32 Mac Viper 32 Quadri Led 60 Par led RGBW 3Watts 14 Ribalta tilt 12 Robin wash 600 8 DTS XR7 14 Ribalta Dicroica

16 Mini Brut 24 Par 64 foco5 18 Elipso ETC. Consoles 2 Sapphire Touch 1 Quartz Network 2 Avolites TNP 3 Artnet box

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Para não ter que ficar voltando músicas, e não tornar isso cansativo para o público, foram feitas duas filmagens. Uma sem público e outra com público. As duas em timecode, e tudo o que foi preciso acertar, foi feito na noite anterior.

Toda a parte da luz estava sincronizada com o Pro Tools , que estava sendo monitorado por duas Unidades Móveis

Magenta e âmbar num mesmo momento de palco e plateia

Ambar e azul em uns dos poucos momento de contraste

sico, por exemplo, era só dar um clique, que já estava sincado na mesa. “Se ele voltasse à primeira música, a luz já voltava junto com ele sem eu ter que tocar na mesa. Isso foi uma vantagem”, ressalta Gallardo. Para não ter que ficar voltando músicas, e não tornar isso cansativo para o público, foram feitas duas filmagens. Uma sem público e outra com público. As duas em timecode, e tudo o que foi preciso acertar, foi feito na noite anterior. No dia do show foi feito um ensaio, uma gravação valendo sem público e depois a gravação com o público. “Na gravação com o público foi mais relax, tanto que voltamos somente uma música”, comemora. Toda

a parte da luz estava sincronizada com o Pro Tools, e todas as duas Unidades Móveis (UMs), uma para vídeo e outra para áudio, estavam monitorando o Pro Tools. A gravação inteira foi dirigida por Raoni, que ficava na UM, e da lá ele conseguia se comunicar, no palco e na house. Assim, todos conseguiam se comunicar. “Eu estava viajando com a turnê, mas o show da estrada é mais sossegado do que um show de DVD, porque existem várias situações diferentes da estrada. Não pode acontecer erro, tem que ser pensado luz, som, câmeras, onde o artista aparece, onde ele sai, o blackout, é muito mais complexo e tem maior número de detalhes”, completa Lucas.


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ABLETON LIVE “CHORD & SCALE” Lika Meinberg é produtor, orquestrador, arranjador, compositor, sound designer, pianista/tecladista. Estudou direção de Orquestra, música para cinema e sound design na Berklee College of Music, em Boston.

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U O pacote de fábrica do Ableton Live traz uma série de ferramentas (plugins) dedicadas à produção rápida, aliás como exige o mercado atual.

ma dupla de minha preferência é o “Chord e Scale”. O conceito de plug-ins dessa natureza não é nenhuma novidade, mas da maneira como eles foram desenvolvidos, para serem usados em real time (tempo real) pela Ableton, é o “X” da questão!

Abra o Browser (caso não esteja à mostra) no Live: Comando de teclas Ctrl + Alt + B no PC ou Opt + Comm + B no Mac (você também pode abrir o Browser clicando

Chord e Scale

nesse triângulo cinza na parte superior esquerda da janela). Para encontrar nossos referidos plug-ins, siga esse caminho: Browser > Midi Effects > Chord (segundo da lista) e Scale (penúltimo). Arraste o plug-in sobre o Midi Track e solte. Pelo mesmo processo, vamos arrastar o outro plug-in Scale em outro Midi Track. Muito bem, até o presente momento nós temos um “plug-in” em cada Midi Track. Primeiro o Chord: o plug-in Chord é usado para gerar acordes sobre uma ou


Abrir scale

construir encadeamentos, o que pode ser muito “Time Consumer” (demorado). O Chord é muito simples de usar. O círculo verde mostra o botão de On/Off do plug-in. Cada um desses Shifts adiciona intervalos de semi-tons na nota tocada. Por exemplo, uma terça maior vai ser grafada com +4 St, uma quinta justa +7 St e esses campos com esse 1.00, como mostram as marcas vermelha e azul; são o volume (velocity na verdade) da nota adicionada. Esse círculo amarelo à direita em cima mostra o botão para salvar o seu preset (o Live traz uma série de presets também).

Chord Plug-in

Para ouvirmos o efeito do Plug-in você precisa adicionar um Instrument Plug-in: Electric, por exemplo. Arraste o Plug-in Electric na frente do Chord plug-in, como mostra a imagem anterior, e explore o Shift 1 girando o botão para direita até “+4 St” para conseguir um intervalo de terça Maior. Mude de botão Shift para adicionar mais intervalos no seu acorde e assim por diante.

mais notas. Muito útil e inspirador para Djs ou Performers que têm musicalidade, mas não dominam um instrumento convencional e, portanto, às vezes encontram alguma dificuldade para montar acordes e

No mesmo Vibes funciona o plug-in Scale, ele é uma mão na roda para tocar ou construir escalas excêntricas.

Chord com som

Scale

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Se você girar o botão Base, toda escala se desloca em intervalos de semitons. Nesse mecanismo de Note Matrix, cada tonalidade está representada por uma coluna horizontal, começando por dó (se a Base estiver em dó) e mapeada por uma tonalidade de saída, representada por uma fileira horizontal.

Scale presets

Chord presets

Aqui o Scale representa a escala Jônica (maior). Os quadrados laranja são as notas brancas de um teclado (dó, ré, mi, fá ,sol, lá, si... setas amarelas) e as notas pretas são esse quadrado com sombra em negrito (sol#, ré# etc, marcadas pelos losangos rosas). Se você girar o botão Base, toda escala se desloca em intervalos de semitons. Nesse mecanismo de Note Matrix, cada tonalidade está representada por uma coluna horizontal, começando por dó (se a Base estiver em dó) e mapeada por uma tonalidade de saída, representada por uma fileira horizontal. A linha diagonal do canto esquerdo inferior até o canto superior direito representa as notas originais da tonalidade mapeada (dó maior no caso). Se a nota não for

habilitada com o quadrado laranja na fileira, essa não toca. Esse é o processo de criação desse plug-in. Parece complicado, mas analisando graficamente outros presets (que vêm de fábrica) tudo fica mais claro. Sugiro que deem uma explorada nesses presets. Não é para usar todos juntos como mostra a imagem ao lado. Por outro lado, usar o Chord com o Scale é uma pedida bastante interessante. Aliás, o Chord traz de casa alguns presets muito úteis que, usados em parceria com os presets do Scale (e outros que você pode produzir), entortam o mundo. Experimente. Essa é minha dica de hoje para vocês. Espero que criem bons sons com esses brinquedos!! Boa sorte a todos.

Para saber online

Facebook - Lika Meinberg www.myspace.com/lmeinberg


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TÉCNICAS DE SELEÇÃO Cristiano Moura é produtor, engenheiro de som e ministra cursos na ProClass-RJ

P Sim, editar é fácil. Difícil é selecionar direito. Quando falamos que uma certa pessoa “edita muito rápido”, dá a impressão de que ela conhece bem os atalhos e digita rápido. Porém, como quase em tudo na vida, o que faz a diferença não é ser rápido. É saber o melhor caminho.

ara uma edição acontecer, primeiro, algo precisa ser selecionado. Parece simples, mas pare e pense: quantas vezes você não demorou um tempão para fazer uma seleção com precisão em múltiplos tracks? Ou quantas vezes você fez a seleção, mas clicou em algum lugar errado e perdeu o material selecionado? Mais ainda, quantas vezes você concluiu uma edição, e quando foi ouvir, percebeu que ficou horrível porque o material não foi selecionado corretamente? Então, o que quero dizer é que, na realidade, ninguém precisa aprender a “editar” mais rápido, pois editar é simplesmente a ação de deletar, mover, copiar ou colar um material. O que temos que nos concentrar é em selecionar precisamente o material a ser editado para não precisar refazer a edição depois. Então vamos lá! Vamos neste artigo estudar diversas técnicas de seleção, com casos do nosso dia a dia.

Fig. 1 - Restore last selection

Funciona como um “Undo” das seleções. 2- Se você quiser ouvir algo na timeline: por padrão, se você tem uma seleção feita e precisa ouvir outro trecho do seu projeto, ao clicar em outro local, você vai perder a seleção, correto? Para evitar que isso ocorra, desligue o botão link timeline and edit selection (fig. 2). Com ele desativado, podemos tocar qualquer local da sessão clicando nas réguas cinzas (fig. 3), seja a

NÃO PERCA SUA SELEÇÃO Uma vez que a seleção foi feita, perder a seleção é o que de pior pode acontecer. Ter que começar de novo é improdutivo e frustrante. Então vamos ver as causas e como resolvê-las. 1- Se você esbarrou com o mouse e perdeu a seleção: neste caso, temos no menu Edit a função “Restore last selection“ (fig. 1).

Fig. 2 - Link timeline and edit selection


Fig. 3 - Réguas para posicionamento do cursor de playback

de minutos e segundos, timecode ou bar|beats. Quando terminar de ouvir, não esqueça de ligar de novo a função

sim não há riscos da seleção se desfazer. Além disso, você poderá agora clicar em qualquer lugar sem riscos.

Fig. 4 - Setas de ajuste de seleção

link timeline and edit selection. 3- Se quiser alterar uma seleção já feita: um erro comum, é clicar e arrastar nas setas azuis (fig. 4) para aumentar ou diminuir as seleções. Até que funciona, mas é extremamente fácil de clicar errado e perder a seleção. Ao invés disso, se acostume a pressionar o Shift, pois as-

Pode ser nas setas azuis, nas réguas de tempo ou diretamente nos clips.

LIDANDO COM MÚLTIPLAS PISTAS Você sabe que é possível clicar e arrastar para baixo para estender sua seleção em múltiplas pistas. Se forem duas ou três

Fig. 5 - Link track and edit selection

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Fig. 6 - TAB to transients

Se o “Tab To transients” estiver desligado, o usuário pode andar com o cursor de clip em clip utilizando a tecla TAB. Como nosso assunto aqui é “seleção”, pressione a tecla TAB com o Shift pressionado, para que, conforme o cursor se desloca, os clips vão sendo selecionados precisamente

pistas até que funciona bem, porém é de longe o mais limitado e impreciso método quando lidamos com 5, 10, 30 pistas. Para simplificar e ganhar segurança, ativamos o botão “Link Track and edit selection" (fig. 5). Com este botão pressionado, basta fazer a sua seleção horizontalmente em uma única pista. Uma vez pronta, para estender sua seleção para outras pistas, clique no nome das outras pistas utilizando os modificados Shift ou CTRL (win)/Command (mac), para acrescentar mais pistas, exatamente como você faria no Windows Explorer (win) ou Finder (mac) para selecionar diversos arquivos.

DUPLA FUNÇÃO DA TECLA TAB PARA SELEÇÕES Abaixo das ferramentas de edição, temos o botão “Tab To transients” (fig. 6), que configura o funcionamento da tecla TAB.

” Fig. 7 - Teclado numérico

Se o “Tab To transients” estiver desligado, o usuário pode andar com o cursor de clip em clip utilizando a tecla TAB. Como nosso assunto aqui é “seleção”, pressione a tecla TAB com o Shift pressionado, para que, conforme o cursor se desloca, os clips vão sendo selecionados precisamente. Já com a função “tab to transients” a tecla TAB se deslocada entre os picos sonoros, também chamados de transientes. É a função ideal editar elementos percussivos, bateria, loops etc. Não esqueça de acrescentar a tecla SHIFT, para garantir que o cursor faça a seleção conforme ele se movimenta pelos transientes.

SELEÇÃO DURANTE O PLAYBACK Muitas vezes percebo que o usuário já sabe (de ouvido) o trecho que quer selecionar. O que todos nós fazemos intuitivamente é dar playback na sessão, ficar de olho na


Fig. 8 - Configuração do Nudge

tela para ver mais ou menos onde está o trecho que queremos selecionar. Uma vez identificado, paramos o playback e começamos a fazer a seleção normalmente. E qual é o problema disso? São vários. Você muitas vezes se engana, e acaba selecionando mais do que precisa. Se isso acontecer, voltamos à estaca zero. Se você ficou com dúvidas, o que você provavelmente vai fazer é dar play de novo na sessão para confirmar se selecionou a área correta. Ou seja, vai ter que ouvir duas vezes o material. Perda de tempo. Se você já sabe de ouvido o que você quer, melhor fazer logo a seleção de uma vez durante o playback. Inicie o playback e onde achar que deve ser o início da seleção, pressione a seta para baixo no seu teclado (sem interromper o playback). Você não vai perceber muita mudança, mas siga em frente. A sessão vai continuar tocando, e quando chegar o momento em que você quiser definir como final da seleção, pressione a seta para cima. Agora sim, a seleção já está feita e você pode interromper o playback. Provavelmente ela não vai ficar 100% perfeita. Depende da precisão com que você pressionou as teclas. Mas tudo bem, você já sabe que pode corrigir sua seleção de forma segura utilizando e mantendo a tecla Shift pressionada.

AJUSTES FINOS NA SUA SELEÇÃO O Nudge é um recurso muito conheci-

do para mover clips com extrema precisão, simplesmente pressionando o sinal de soma ou de subtração no teclado numérico (fig. 7). Porém, também pode ser utilizado para aumentar ou diminuir seleções. Primeiro, configure o nível de incremento no campo adequado (fig. 8). Agora, para alterar o início da seleção, pressione os modificadores Shift+Alt ao utilizar os botões de soma/subtração. Para ajustar o final da seleção, faça o mesmo procedimento, porém utilizando os modificadores Shift+CTRL (win) ou Shift+Command (mac). E com isso, vamos ficando por aqui. Lembre-se que cada caso merece um tratamento diferente. Não é questão de velocidade! É questão de conhecer as estratégias de seleção. Use este artigo para aumentar seu “arsenal” de opções e pratique. Abraços e até a próxima!

Para saber online

cmoura@proclass.com.br http://cristianomoura.com

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LEITURA DINÂMICA| www.backstage.com.br 54

FEIRA E Na semana de 17 a 19 de maio, aconteceu no auditório da Galeria 490, na Rua Santa Ifigênia (SP), o Harman Professional Experience; um evento que reuniu todos os produtos do grupo Harman (JBL, Martin, AKG, Soundcraft, Studer). O encontro teve com a participação dos especialistas em produtos Luis Salgueiro, Adilson, Orlandio e Richard.

DEMONSTRAÇÃO DE PRODUTOS Técnicos experimentam equipamentos antes da decisão de compra redacao@backstage.com.br Fotos: Ernani Matos / Divulgação

O

objetivo era fazer com que os usuários tivessem uma experiência com os produtos expostos, com o apoio dos consultores da Harman. Cerca de 500 pessoas entre lojistas e profissionais de áudio (principalmente locadores) estiveram presentes para co-

nhecer e usar os novos lançamentos, como o console Soundcraft Vi 5000; Vi 7000 e a Vi 2000. Microfones Microlite e D5LX (AKG) e as caixas VTXM da JBL, além dos produtos de linha, processadores de áudio, sistemas de sonorização e os produtos de iluminação da


Manoel Siero e Aldo Linares

Demonstração de produtos

PAzeiros e lojistas do nordeste

Martin. Durante os três dias houve várias palestras e clínicas sobre o uso e características de cada linha de produtos. Este tipo de demostração cria um ambiente exclusivo, fazendo com

que o cliente seja valorizado e tenha a atenção unicamente no produto e na relação com o fabricante. De acordo com o diretor Manoel Siero, essa é uma iniciativa para atender o público da empresa. “Entendemos que quando um cliente vem atrás de um produto ele quer ver o produto funcionando, ter uma experiência com os técnicos. E esse também é um momento para trazermos para nossos clientes as novidades de cada produtos”, fala. “Temos novidades bastante interessantes que se referem às mesas, temos

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 56

A ideia do Harman Experience vai um pouco além. É trazer para o mercado um pouco mais de mudança em como fazer esse tipo de approach com os clientes.

dois produtos que estão entrando na linha nova, que é o Vi5000 e a vi7000, e também estamos antecipando o lançamento, ou melhor trazendo concomitantemente com a feira que aconteceu em Frankfurt, a Vi 2000, que é uma mesa que fica entre a vi1000 e a vi3000 e acreditamos que vai trazer um benefício bastante importante para os nossos clientes, não apenas benefícios de videos como também de custo-benefício. Também é uma boa oportunidade para mostrarmos a questão de iluminação. Muitos não associam a marca Harman à Martin. Então é uma maneira de mostrar de forma um pouco

mais abrangente o portfólio e as novidades que temos no mercado”, explica. A ideia do Harman Experience vai um pouco além. É trazer para o mercado um pouco mais de mudança em como fazer esse tipo de approach com os clientes. Dessa forma, a Harman tem a proposta de se colocar como uma empresa próxima ao seu cliente. “Percebemos que havia uma certa distância da marca, e queremos mudar isso e mostrar o quão acessível é a Harman, a equipe de técnicos e como é possível que os clientes tenham marcas como essa”, completa o diretor.


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SIXBAR 1000 www.elationlighting.com Esse equipamento da Elation permite a mudança de cor, caracterizando um 6-LED multichip que pode ser usado para diversas finalidades. Os 900 mm de comprimento do Sixbar 1000 e suas 12 single-lens LEDs RGBWA + UV de 12 W contemplam uma paleta expandida de cores incluindo âmbar, brancos e um efeito ultravioleta. Possui controle que proporciona mais possibilidades de design e é capaz de escurecimento suave de 0-100%. Ele também inclui curvas de escurecimento variáveis para programação mais rápida e uma seleção de strobe, incluindo um escudo de brilho removível e filtro de difusão, que é ideal quando se utiliza como uma unidade de efeito Wash. O Sixbar também está disponível na versão de 450 milímetros.

ROBIN PARFECT SB1 www.robe.cz O SB1 Parfect é especificamente voltado para instalações fixas, e, sem DMX controlando, esta unidade apresenta dial facilmente acessível e um botão para um fácil ajuste de dimmer. O equipamento tem fonte LED poderosa, desenvolvida especificamente para proporcionar a melhor qualidade de luz com alto CRI. Disponível em diferentes temperaturas de cor para atender as mais diversas aplicações - 6.000 K branco para a exposição / display ou um warm 2.700 K para performance de palco. Projetado e construído inteiramente na fábrica da Robe, na República Tcheca, o equipamento é fornecido completo com moldura de gel, conjunto barndoor destacável e suporte de chão giratório e suporte para suspensão. Além do ótimo custo-benefício, o aparelho vem com um conjunto completo de opções de custo adicionais, incluindo vários difusores de feixe.

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VITRINE ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br

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DTW PAR 300 www.elationlighting.com Os DTW PAR 300 possui (16) multi-chip de CW / LEDs de 10W na cor âmbar para uma luz suave, que é facilmente ajustável ao tungstênio branco quente a branco frio. O ângulo de feixe é de 23° com uma produção de 23.130 LUX a 3.3’ (1m). O equipamento é controlável através de múltiplos modos de canal DMX, inclui suporte ao protocolo ArtNet e KlingNet e possui RDM (gerenciamento remoto de dispositivos). Equipado com RJ45 e conexões de entrada e saída, mede (CxLxA) 14.4” (365 milímetros) x 5,1” (129 milímetros) x 14.7” (373 milímetros).


DL7S PROFILE www.robe.cz O DL7S Profile é o primeiro equipamento DL que recebe uma versão potente de 800 W de LED com seis cores, garantindo um efeito suave sem precedentes, estabilidade e uma mistura de cores com um alto CRI de 90. Desde as cores mais profundas até as mais brilhantes, o equipamento é capaz de dar um amplo espectro de cores e ainda pode ter a customização personalizada na mistura, dimming e efeitos de sombras, especialmente nos níveis menos intensos de brilho. Quatro venezianas de enquadramento rápido dentro do caminho óptico são controláveis individualmente para a posição e o ângulo, e todo o módulo de enquadramento pode ser girado. Outra característica é a nova série de efeitos, que é possível obter usando uma seleção de sequências de acordo com a posição da lâmina do obturador, além de movimentos pré-programados. Uma rotação de gobos com seis “SLOT & LOCK”, além de uma roda de 8 gobos estáticos podem ser combinadas com a roda de animação. Outros efeitos e recursos incluem efeito frozen variável, prisma rotativo e íris super-rápidas. Como acontece com toda a gama DL, a fonte de luz LED múltipla é completamente homogênea.

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CADERNO ILUMINAÇÃO

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CÊNICA

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ILUMINAÇÃO IL UMIN AÇÃO , IMAGENS & COMUNICAÇÃO Cezar Galhart é técnico em eletrônica, produtor de even-

A iluminação sempre teve um papel fundamental nas apresentações artísticas como recurso de interação, valorização e dinâmica, essenciais para propiciar intenções e interações únicas.

tos, baixista e professor dos Cursos de Eventos, Design de Interiores e Design Gráfico do Unicuritiba e pesquisador em Iluminação Cênica.

P

rotagonista nesse processo de comunicação visual, a iluminação cênica atualmente trabalha com outros elementos que se somam nas interações visuais, tais como imagens projetadas, animações, cenários virtuais e hologramas. Nesta conversa, esses elementos

são abordados, a partir de um breve resgate histórico. A ideia é mostrar como itens integrantes da comunicação visual e que proporcionam impactos incomparáveis nas produções atuais com interações visuais são capazes de induzir a estímulos, percepções e motivações ímpares.

Figura 1: Teste de projeções para uma apresentação da banda The Grateful Dead – Fillmore East (1969). Fonte: Archive Net / Divulgação


As interações cênicas com imagens e outros elementos projetados remontam às mais antigas manifestações artísticas, como o milenar ‘teatro chinês’ ou ‘teatro de sombras’ (originado na Dinastia Han, que durou de 206 a.C. até 220 d.C.), como também as interpretações e leituras psicodramáticas do período vitoriano (de 1837 a 1901). Nesse desenvolvimento e evolução histórica, cultural e tecnológica, a iluminação, e de maneira mais pontual, a luz, teve um papel fundamental para a transformação do espaço cênico em um ambiente dinâmico e até adimensional, capaz de induzir as percepções, a partir de referências repletas de associações imaginativas e fascinantes. Já no fim dos anos de 1960, o Fillmore East era uma casa de espetáculos, empreendida na cidade de Nova Iorque (EUA) pelo visionário empresário

Bill Graham, sendo um espaço que se caracterizava pelas performances extravagantes de bandas e artistas, e cenários produzidos pela Joshua Light Show, companhia responsável pela intervenção artística dos espetáculos com projetores que produziam texturas psicodélicas e abstratas – técnica intitulada Liquid Light Show, na qual a luz projetada passava por recipientes onde líquidos coloridos formavam texturas, como filtros -, alinhadas à conjuntura daquele momento, mergulhado no Flower Power e na contracultura norte-americana. Na metade da década seguinte, a turnê The Lamb Lies Down On Broadway, homônima ao álbum conceitual da banda inglesa Genesis, contava a história de um (anti)herói, Rael, com seus conflitos, suas visões e impressões sobre a vida em uma Nova Iorque surreal,

configurando-se em uma história reproduzida no palco através de imagens produzidas com a projeção de 1.100 slides sincronizados com as canções do álbum, integralmente executado na referida excursão musical – sendo esse mesmo slideshow reproduzido fielmente na recriação tributo pela banda canadense The Musical Box, nos shows realizados com os mesmos dispositivos originais e que passaram pelo Brasil em 2005, com apresentações em Curitiba e São Paulo. No fim dessa mesma década de 1970, a The Wall Tour da banda inglesa Pink Floyd continha um palco multimidiático, no qual um muro com dez metros de altura e quarenta e oito metros de largura ‘servia’ de pano de fundo, sendo esse o elemento cênico central para o conceito do show, além de referência para o projeto de ilumi-

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Figuras 2-3: The Lamb Lies Down On Broadway Tour (1975), da banda inglesa Genesis – 1.100 slides sincronizados com as canções (esquerda); “The Wall Tour” (1980) da banda inglesa Pink Floyd – muro como tela para a projeção de animações (direita). Fontes: Art Performance / Pink Floyd - A Fleeting Glimpse / Divulgação

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No início da década de 1990, a banda irlandesa U2 iniciaria um processo de produção de espetáculos – e turnês – que expandiria as fronteiras das inovações tecnológicas ...

nação e pirotecnias desenvolvidos pelo Lighting Designer Mark Fisher. O muro era também utilizado para a projeção de animações produzidas pelo cartunista e ilustrador inglês Gerald Scarfe para o filme de mesmo nome (que seria lançado em 1982 sob o nome Pink Floyd The Wall, dirigido por Scarfe e Alan Parker). Em 1982, como elemento central da turnê “Escape” da banda americana Journey, a empresa também americana PRG introduziu o conceito de Image Magnification (IMAG), ou amplificação de imagens com a captação das expressões faciais dos músicos da banda, especialmente Steve Perry, o vocalista, como estratégia principal de aproximação do público com a banda. Isso somente foi possível com a evolução tecnológica da captação das imagens com lentes FUJINON que permitiam zoom para closes mais nítidos e estáveis, permitindo melhor visualização pelo

público em qualquer lugar (dentro do campo visual aceitável) do estádio ou ginásio, onde geralmente ocorriam os espetáculos. Solidificavam-se com isso as megaproduções em arenas. No início da década de 1990, a banda irlandesa U2 iniciaria um processo de produção de espetáculos – e turnês – que expandiria as fronteiras das inovações tecnológicas, sendo a primeira banda a utilizar transmissões por satélites e animações personalizadas para os locais onde se realizavam os shows (particularmente iniciada com a Zoo TV Tour, em 1992 e 1993), precursora na utilização de paineis com LEDs (de fato, estruturas compostas por nichos ou blocos formados por 8 LEDs e que reproduziam imagens, animações e gifs animados) com a Pop Mart Tour (1997 a 1998) e estruturas mecânicas para a criação de cenários e estruturas até então impensadas (como na incomparável

Figuras 4-6: Turnês da banda irlandesa U2 - Zoo TV Tour (1992-1993), com interações midiáticas incomuns no início da década de 1990 (esquerda); Pop Mart Tour (1997-1998), com painéis de LEDs, precursores e inovadores; 360º Tour (2009-2011), com estrutura futurista e telão articulado. Fontes: Cargo Collective / U2Br / ShowmeTech / Divulgação


Figuras 7-8: Madonna com a banda virtual Gorillaz – Grammy Awards 2006 (esquerda). Apresentação da girl-group sul-coereana 2NE1 (Hologram Concert no KBEE, Lonfres, 2013). Fontes: RTL / 1080 Plus. / Divulgação

permitem a reconfiguração de elementos estruturais em transformações fantasiosas, futuristas e surreais. Se para a maioria dos shows – e como princípio inerente ao conceito de muitas turnês – a iluminação cênica se configura em mais um e principal elemento dinâmico das interações e composições cênicas, mesmo para as propostas minimalistas e mesmo insólitas -, cada vez mais surgem outras intervenções, resultantes da adição

musicais. As turnês se tornam combinações extremamente qualificadas nos espectros sonoros (sendo esse um requisito necessário e previsível) e visuais (surpreendente e imprevisível). Múltiplas formas e conteúdos se inserem como propostas interessantes e atrativas, cujos objetivos se somam às mensagens verbais, sonoras e visuais, de maneira a tornar os espetáculos interações diversificadas. Neles, os meios de

360º Tour, entre 2009 e 2011, com um palco composto por estruturas móveis, onde paineis de LEDs também se movimentavam criando formatos diferentes). Outras tecnologias, criadas para outros fins, científicos e investigativos, viriam a ser incorporadas nos espetáculos de maneira surpreendente e futurista. Os chamados “concertos virtuais” (originados no fim da década de 1990), com a recriação de ambientes virtuais para a performance de avatares de artistas e bandas, tais como alguns recursos que tiveram expansão e repercussão mundial com as performances da banda virtual inglesa Gorillaz, e que têm impressionantes impactos atualmente em algumas produções de K-Pop, e que já adquiriram popularidade em outras modalidades de espetáculos. Nesse contexto, a projeção de imagens tridimensionais já não se constitui mais em novidade. A inserção de hologramas – que são representações visuais tridimensionais criadas ou recriadas por meio de computação gráfica, produzidas por projetores de maneira a transmitir as características do elemento virtual, relacionadas às formas e propriedades da luz nele incididas. Além desses recursos, outros como 3D Video Mapping (ou projeção mapeada) começam a ser utilizados de maneira mais efetiva na indústria de entretenimento. Mais efetivamente nos Estados Unidos e na Europa, e

Outras tecnologias, criadas para outros fins, científicos e investigativos, viriam a ser incorporadas nos espetáculos de maneira surpreendente e futurista.

de recursos visuais complexos e vibrantes, criados exclusivamente para a amplificação das possibilidades visuais e que complemente para a atratividade e consequente captação e venda de ingressos – e shows. Atualmente, as estimulações e motivações provocadas pelas interações visuais se incorporam na maioria das produções cênicas, onde se inserem diversas formas de mídia digital que se integram aos palcos como elementos importantes nas narrativas e nos roteiros

informação visual servem como complexos meios de comunicação dos artistas aos respectivos públicos, que recebem esses resultados de maneiras diversificadas, seja para os espetáculos teatrais, shows ou mesmo experiências digitais imersivas, realizadas antes, durante e após esses dinâmicos eventos. Temas que ainda serão abordados em outros momentos... Abraços e até a próxima conversa!

Para saber mais redacao@backstage.com.br

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LUIZ CARLOS SÁ | www.backstage.com.br 64

- Toca “Noa Noa”! “Noa Noa” era um instrumental de Sergio Mendes que requeria precisão inalcançável pelos menos hábeis. O carinha passeou pela música e arrematou com um improviso que arrancou calorosos aplausos não só da reduzida plateia como também dos garçons. Depois ele desceu do palco e sentou-se ao meu lado: - Achou que eu não ia conseguir, né? A partir dali, tornamo-nos amigos. Depois, Paulinho foi morar em Brasília, acho que para terminar lá os estudos musicais. E nas férias de 67, ele retornou com novidades:

Memória

MUSICAL Nº5

Cantando nos anos de chumbo (2)

A FUGA DE BRASÍLIA

B

rasília era criança quando a conheci, no verão de 1967. Suas largas avenidas ainda exalavam a poeira fina do cerrado, que entrava por nossos narizes e ouvidos e fazia com que a água dos meus banhos parecesse saída do corpo de um assassino serial querendo livrar-se de restos do seu crime, tão avermelhada era... Minha presença ali se devia a um chamado do meu parceiro e amigo Paulinho Machado, que eu conhecera poucos anos antes tocando no então único reduto tijucano da bossa nova, a boate Cangaceiro, comandada pelo televisivo Oswaldo Sargentelli. Eu costumava frequentar a casa para gastar em uísque a graninha que ganhava cantando nos bailes dos clubes da zona Norte. Sargentelli levava pra Tijuca nomes antes só visíveis no sul carioca, como Leny Andrade, Pery Ribeiro, Os Cariocas e outros. Nos dias de semana, a chance era dos principiantes e numa dessas noites sentou-se ao piano um jovem anunciado como “promessa niteroiense”. Ao contrário de muitos que eu já vira tentar a sorte no lugar, esse cara fez tudo certo. Sendo um dos três fregueses presentes e já motivado pelo quarto drinque da noite, resolvi pôr o rapaz à prova e pedi uma saideira musical:

- Olha só, estou tocando numa boate chamada Cave des Rois, com um trio, dois cantores, coisa boa. E faço também um programa de TV toda semana, o “Dimensão”. Não quer passar uns tempos lá? Rola um couvert legal, a casa é bem frequentada. O dono é um italiano, o Giovanni, que também tem uma galeteria no andar de baixo, paga direito, gente boa! A perspectiva conjunta de tocar com Paulinho, conhecer Brasília e fazer um programa de TV me deixou animadíssimo. Malas feitas, enfrentamos a interminável viagem de ônibus e chegamos na capital. Fiquei perplexo com a visão da jovem Brasília, que juntava o moderno da arquitetura à secura do cerrado vermelho, uma espécie de faroeste futurista. Fiquei hospedado no apartamento do Paulinho, na Asa Norte, não muito distante da Cave des Rois, que era uma casa bem montada, com um som decente e bebida honesta, sem falar no irretocável galeto que devorávamos sem dó ao final das apresentações. Giovanni, o proprietário, era um italiano prototípico, simpático, bem falante e já brasileiríssimo, cheio de contatos e amizades que faziam com que a Cave, sem muita concorrência à época,


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fosse frequentada por políticos e socialites. O programa de TV, “Dimensão” era quase que totalmente ocupado por nós, com uma concepção moderna para seu tempo e lugar. O esquema de Paulinho era absolutamente profissional, o que para mim, ainda inexperiente em cantar numa casa noturna - fora da minha zona de conforto nos bailinhos de sempre - e encarar uma TV ao vivo, foi uma valiosa escola. Na boate, nos apresentávamos em três entradas: primeiro, o trio instrumental, com Paulinho, Beco (bateria) e um baixista de nome meio afrancesado, que infelizmente me escapou da memória. Depois juntava-se a eles a cantora Glória, uma simpaticíssima e suingadíssima morena que arrasava com um repertório daqueles sambas afro de Baden e Vinícius. No terceiro set, sempre acompanhados pelo trio, entrávamos eu cantando minhas músicas e o Ney, um cantor magrinho, de timbre diferenciado, que me chamou a atenção pela afinação com que interpretava algumas das melodias mais difíceis de Edu Lobo. Ele trabalhava durante o dia num laboratório de análises clínicas, o que provocava muitas brincadeiras de nossa parte. Logo acabamos todos por formar uma turma alegre e unida. Eles me levavam turísticamente por Brasília afora... acabei caindo de amores pela cidade, mesmo sendo um dos milhões de cariocas ainda ressentidos pelo “roubo” da nossa condição de capital federal. Mas estávamos em plena ditadura. As canções que cantávamos – as minhas inclusive – eram bastante agressivas e cutucavam de perto o regime militar. Nossa paz musical começou a terminar num fim de semana em que notamos na audiência três rapazes de terno escuro. Eles nos chamaram a atenção porque pareciam irmãos, com seus grossos bigodes e óculos ray-ban usados mesmo na escuridão da boate. Depois da folga de segunda-feira, estávamos prestes a seguir para a Cave na noite de terça quando chegou à nossa casa um mensageiro do Giovanni: - O patrão falou pra vocês não irem pra lá não. A polícia tá fechando a casa. Ele disse pra vocês ficarem aqui que quando a coisa esfriar, ele avisa. Passou-se a terça, foi-se a quarta, amanheceu a quinta. Não lembro se por telefonema ou pessoalmente, o Giovanni comunicou-se conosco: a boate reabriria com a condição de que não voltássemos lá. E a polícia queria saber onde estávamos. Claro que ninguém da Cave abriria o bico, mas Brasília tornara-se um divertimento perigoso para mim. Falei com Paulinho e resolvemos que eu deveria voltar para o Rio. Mas nesse entretempo o caos caíra sobre minha cidade:

Na boate, nos apresentávamos em três entradas: primeiro, o trio instrumental, com Paulinho, Beco (bateria) e um baixista de nome meio afrancesado... o Rio de Janeiro afogava-se em dilúvios. Prédios inteiros desabavam em Santa Teresa e Laranjeiras, matando dezenas de pessoas. Estradas eram fechadas, meios de comunicação interrompiam-se por tempo indeterminado. Eu não conseguia mais falar por telefone, nem com minha família nem com mais ninguém no Rio. Por dois dias seguidos esperei no aeroporto a liberação de pouso no Galeão, sem sucesso. No terceiro dia, dois caras na fila atrás de mim manifestaram a decisão: - Vamos de carro! Não pensei duas vezes e fui atrás deles. Ofereci-me para ajudar na direção e contribuir pra gasolina. Partimos no dia seguinte de manhã, num Aero Wyllis do ano, um carro relativamente confortável. Dos quatro passageiros, só eu e outro dirigíamos. Como a estrada de BH ao Rio estava fechada, tivemos que dar uma imensa volta via Goiânia e São Paulo. E quarenta e oito horas depois, rodadas dia e noite sem parar, cheguei em casa – eu estava morando com meus pais – e fui recebido por uma mãe em prantos, sem notícias do meu paradeiro há vários dias. Com o dramatismo próprio das mães, ela supunha que eu tivesse decidido virar uma espécie de easy rider Brasil afora. Mas diga-se que a situação da cidade fazia supor que o resto do Brasil não estaria melhor. Não existia internet, e-mail, whatsapp, nada disso. Para o cidadão comum, os sistemas de comunicação eram precários. Eu mesmo, chegando pela avenida Brasil, fiquei perplexo com o lamaçal inimaginável que tomara conta do Rio. Quando Paulinho deixou Brasília e voltou para Niterói, retomamos a amizade e a parceria. Produzidos por Nelsinho Motta, formamos um quinteto chamado A Charanga – nome infeliz, mal inventado por mim – com nossos amigos Chiquinho Aguiar, Nelsinho e Malu Vianna. Participamos de trilhas de novelas, do V Festival Internacional da Canção e depois seguimos nossos próprios caminhos. Nosso amigo vocalista de timbre diferenciado também veio para o Rio. Participou de um grupo de sucesso chamado Secos & Molhados e depois seguiu uma vitoriosa carreira solo. Vocês certamente o conhecem pelo nome de Ney Matogrosso.

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