Edição 267 - Fevereiro 2017

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Sumário Ano. 23 - fevereiro / 2017 - Nº 267

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Áudio sob medida

Um novo sistema de som foi instalado em definitivo no Santuário São José e se tornou referência para outras igrejas na região. A solução veio após ser detectado um grave problema de reverberação dentro da igreja, tornando necessário mudar o sistema para atender o crescimento do número de fiéis.

NESTA EDIÇÃO

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Um passeio pelo melhor da carreira de um dos maiores músicos do Brasil: assim pode ser definido o especial para o Canal Brasil (e também DVD ao vivo) gravado por Arthur Maia e banda. Para o som ser captado nas melhores condições, a equipe trabalhou com volumes baixos dentro do palco, aproveitando os vazamentos e a espontaneidade de músicos de excelente nível acostumados a trabalhar juntos.

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Vitrine A série Vantec é um sistema de alta tecnologia para eventos ao vivo, artistas, músicos e Djs. Os Vantec incorporam filtros digitais (FIR), DSP integrado, display LCD, transmissão de áudio sem fio, sistema de amplificação classe D.

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22 Acessível e fácil de usar

Rápidas e Rasteiras Para iniciar o ano com boas vendas, a Musical Plus realizará a 11ª Expo Musical Plus nos dias 17 a 19 de março no Bourbon Cataratas em Foz do Iguaçu (Paraná).

16 Gustavo Victorino

Uma combinação dos mais altos padrões de confiabilidade e desempenho para uma ampla gama de aplicações no ar, com design e operação inteligentemente simplificados, o console C10 HD PLUS traz uma combinação única de tamanho, preço e desempenho para o mercado mid-scale broadcast.

64 Vida de Artista

Confira as notícias mais quentes dos bastidores do mercado.

18 Audio para earphones O cabo Lightning acessório com controle remoto e microfone (RMCELTG), e o cabo acessório com controle remoto e microfone (RMCE) foram as novidades da CES 2017, nos Estados Unidos.

O restaurante-hotel parecia mesmo estrategicamente colocado naquela meia curva, acostumado decerto a receber hóspedes e visitantes em busca daquele remanso. A passagem por aquela cidade do rio de Ondas, me revelou mais um rio que se escondera de mim por tanto tempo.


Expediente

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Na levada do Jazz e do Blues

O capítulo de superação das adversidades marcou mais uma etapa da histórica trajetória do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival. O encontro que acontece anualmente na bucólica cidade do norte do estado do Rio de Janeiro consolida a sua posição como um dos maiores festivais do gênero no mundo.

CADERNO TECNOLOGIA 40 Ableton

46 Logic

Essa matéria está mais focada em pessoas criativas que ainda não tenham uma bagagem musical desenvolvida, mas gostariam de fazer música com Ableton Live e, muito provavelmente, farão. No Ableton é muito rápido fazer um “Base” com certa sofisticação!

Com os recursos do Logic Pro X, é possível criar uma série de harmonias baseadas num vocal lead. Temos o Flex Pitch que, aliado a outras ferramentas, pode trazer um resultado rápido onde tenhamos que inserir pequenas partes de harmonias em vocais ou até mesmo frases longas.

CADERNO ILUMINAÇÃO

Diretor Nelson Cardoso nelson@backstage.com.br Gerente administrativa Stella Walliter stella@backstage.com.br Financeiro adm@backstage.com.br Coordenadora de redação Danielli Marinho redacao@backstage.com.br Revisão Danielli Marinho Reportagem: Danielli Marinho, Miguel Sá e Gustavo Victorino Colunistas Cezar Galhart, Cristiano Moura, Gustavo Victorino, Jorge Pescara, Lika Meinberg, Luiz Carlos Sá, Marcello Dalla, Ricardo Mendes e Vera Medina Edição de Arte / Diagramação Leandro J. Nazário arte@backstage.com.br Projeto Gráfico / Capa Leandro J. Nazário Foto: Ernani Matos / Divulgação Publicidade / Anúncios PABX: (21) 3627-7945 arte@backstage.com.br Webdesigner / Multimídia Leonardo C. Costa multimidia@backstage.com.br Assinaturas Maristella Alves PABX: (21) 3627-7945 assinaturas@backstage.com.br Coordenador de Circulação Ernani Matos ernani@backstage.com.br Assistente de Circulação Adilson Santiago Crítica broncalivre@backstage.com.br Backstage é uma publicação da editora H.Sheldon Serviços de Marketing Ltda. Rua Iriquitiá, 392 - Taquara - Jacarepaguá Rio de Janeiro -RJ - CEP: 22730-150 Tel./fax:(21) 3627-7945 / 2440-4549 CNPJ. 29.418.852/0001-85 Os artigos e matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. É permitida a reprodução desde que seja citada a fonte e que nos seja enviada cópia do material. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios veiculados.

56 Vitrine iluminação

58 Iluminação cênica

O Platinum 1200 Wash é um moving head de cores LED brilhantes com LEDs RGBW multi-chips de 65W, dele um dos wash light mais brilhantes do mercado. Produz ainda cores lavadas com 1500W e abriga características profissionais, como ângulo de 5° a 50° com zoom motorizado.

Na sua última passagem na América do Sul, com a turnê The End, a banda inglesa Black Sabbath convocou um time de gênios na iluminação cênica. O escritório Woodroffe-Bassett foi contratado para a direção de criação, que ficou a cargo de Patrick Woodroffe.


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CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br

CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br

Ninguém sabe

o que pode acontecer,

até que aconteça

“H

ouve muitas crises na história da humanidade, muitos períodos de interregno, nos quais as pessoas não sabiam o que fazer, mas elas sempre acharam um caminho. A minha única preocupação é o tempo que levarão para achar o caminho agora. Quantas pessoas se tornarão vítimas até que a solução seja encontrada?” Zygmunt Bauman Neste mês, ainda escrevo em janeiro de 2017, morreu aos 91 anos o sociólogo e filósofo Zygmunt Bauman. Foi ele foi o criador do conceito da ‘modernidade líquida’; um ensaio, e porque não um prenúncio, sobre como estamos percebendo e vivendo este início do século, com as mudanças estruturais em todas as relações humanas, aceleradas pelos novos meios de comunicação digital. Trago o pensamento de Bauman para esta edição em razão da crise que todo o nosso mercado está vivenciando e devido à necessidade de voltarmos o pensamento e ações para a sobrevivência da nossa atividade profissional. Não podemos acreditar que o mercado esteja tão mudado que possa excluir alguns elos da cadeira produtiva sem que resulte em danos num futuro próximo. A história recente mostrou que a procura por redução e custos baixos de produção; venda e investimentos causou danos que, talvez, não mais conseguiremos reverter. Talvez seja hora de aprender que alguns conceitos da Biologia podem ajudar, e muito, os empresários a entender a dinâmica das adaptações dos seres para se manterem vivos, principalmente em épocas de grandes crises no planeta. Nenhuma empresa poderá sobreviver sem as parcerias fundamentais que vão criar sistemas colaborativos e até simbióticos necessários para a travessia deste período. Todo biólogo sabe que quando um ecossistema é ameaçado, todos os seres se reagrupam para sobreviver e manter o sistema em condições de suportar a vida. A interdependência de cada ser no sistema é que mantém o próprio sistema. As mudanças que estão em curso no nosso mercado e no Brasil são inevitáveis. Elas são o reflexo das escolhas que fizemos no passado, somado ao modelo de negócio que está se tornando incompatível com as plataformas digitais. Não temos como fugir desse processo, mas podemos diminuir e amenizar as vítimas que surgirão, por meio de parcerias e com foco num futuro que poderá ser grandioso; desde que o mercado seja grande o suficiente para acomodar a todos. Boa leitura e pense em qual mercado você quer estar quando o sol voltar a brilhar. Nelson Cardoso

facebook.com/backstage.revista


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VITRINE ÁUDIO| www.backstage.com.br 12

SISTEMAS ULX-D E QLX-D www.shurebrasil.com A Shure anuncia que seus sistemas digitais sem fio ULX-D e QLX-D já estão sendo oferecidos também na faixa de frequência VHF. Com essas novas opções, os usuários passam a ter 42 MHz de largura de banda para sintonização, uma alternativa tão segura e utilizável como a atual faixa UHF de TV. Com a evolução do panorama de espectro, a Shure proporciona aos usuários novas alternativas que ofereçam a máxima confiabilidade e qualidade de som. Os sistemas ULX-D e QLXD na faixa VHF foram desenvolvidos a partir de um portfólio já existente de produtos sem fio da Shure e projetados para oferecer alternativas a cada vez mais congestionada banda UHF de TV. Estão entre as novas ofertas os sistemas capazes de operar nas faixas de 900 MHz (ULX-D, QLX-D e PGX-D), DECT (Microflex Wireless) e 2,4 GHz (sistema digital sem fio GLXD). Os sistemas e acessórios ULX-D e QLX-D em VHF oferecem os mesmos recursos e benefícios de suas respectivas versões em UHF, como eficiência de espectro, acessórios de recarga, opções de conectividade em rede e construção reforçada para uso diário.

CABOS PARA PEDAIS 2524 www.mogami.com.br Os cabos Mogami 2524 são produzidos com altíssima qualidade e tecnologia, trazendo para os profissionais da área uma melhor performance e eficiência no som. Para cabos de pedais, contam com Patch Cord P10 nas duas extremidades em 90° mono Gold 30cm, que economizam espaço em seu palco ou estúdio. Os cabos são livres de oxigênio e possuem melhor eficácia na reprodução do som deixando-o mais puro e sem muitos ruídos. Os tamanhos disponíveis são sob consulta.

REVOLUTION SERIES bedellguitars.com A Bedell Guitars apresenta a Serie Revolution, desenhada e desenvolvida artesanalmente em Bend, Oregon, nos EUA. Foram dois anos para chegar a essa nova série, que oferece uma resposta acentuada nos tons graves, produzindo também tom claro, equilibrado e detalhes elegantes. A Bedell Guitars procurou criar uma série na Folk Rock Collection com o objetivo de entregar uma resposta de graves alto e profundo. Outro diferencial é o cocobolo, uma espécie de madeira de seiva, garantindo uma bela aparência tonewood exótica. Entre as características do equipamento se destaca a escala longa 25.5”.


VANTEC SERIES http://www.dasaudio.com/ pt-br/cp/vantec-series/ É um sistema de alta tecnologa para eventos ao vivo, artistas, músicos e Djs. Os sistemas Vantec incorporam filtros digitais (FIR), DSP integrado, display LCD, transmissão de áudio sem fio, sistema de amplificação classe D, 5 presets, além de delay, controles de ganhos e 3 vias de Eqs. A linha é composta com alto-falantes de 12", 15" e subs.

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RÁPIDAS & RASTEIRAS | www.backstage.com.br 14

Yamaha Musical School de cara nova A Yamaha Musical School que, até então, estava localizada na Rua Santa Justina, em São Paulo, se unirá ao escritório da Yamaha Musical do Brasil, formando um único complexo, o qual concentrará todos os braços da Yamaha Musical no país. Com a mudança, os alunos terão mais opções de horários para aulas, que poderão ser estendidos até as 22

horas. Outro diferencial do novo endereço é o estacionamento que passará a ser custeado pela escola. A inauguração do novo endereço será no dia 10 de fevereiro de 2017, a partir das 18 horas. A apresentação musical contará com a participação de André Matos, vocalista da banda Viper e ex-membro das bandas de heavy metal Angra e Shaman.

Expo Musical Plus iniciando o ano com bons negócios Para iniciar o ano com boas vendas, a Musical Plus realizará a 11a Expo Musical Plus nos dias 17 a 19 de março no Bourbon Cataratas em Foz do Iguaçu (Paraná). Serão 3 dias de lazer, diversão e muitos bons negócios na mais tradicional feira direcionada

aos lojistas. Por ser um evento fechado, os interessados só poderão participar como convidados da empresas expositoras (ASK, CASIO, EDON, FSA CAJONS, ISO ACUSTIC, IZZO MUSICAL, NAGANO, ONEAL, ORION, SANTO ANGEL O, TAGIMA e WMS/TAYLOR).

Robe Lighting para TV Azteca A TV Azteca, segunda empresa de comunicação social mais importante do México, investiu nos movings Pointe da Robe devido, a pedido do chefe de iluminação, Miguel Osorno, e do Gerente de iluminação, Manolo Toledo. As luminárias ficam no principal complexo de transmissões da TV Azteca, no Ajusco, no sul da Cidade do México. A TV Azteca transmite em duas redes: Azteca 7 e Azteca Trece, e mais 10 canais a cabo que oferecem um amplo leque de programas, incluindo notícias, novelas, concursos, música, realities, etc. A iluminação para todos os programas transmitidos pelos estúdios é desenvolvida e coordenada pela dupla Manolo e Miguel.

VANESSA DA MATA E FELGUK LANÇAM PARCERIA Vanessa da Mata e o duo Felguk surpreendem seus respectivos públicos com uma parceria inédita que resultou numa canção que une o melhor da batida eletrônica dos DJs cariocas ao lirismo das letras, vocais e melodia da cantora mato-grossense. Já disponível em todas as plataformas digitais, a faixa batizada de É Tudo O Que Eu Quero Ter promete ser mais um sucesso e, ainda, a agradar os fãs da música popular brasileira. A música, que tem letra e melodia de Vanessa da Mata e produção e arranjo de Felguk, deve ganhar videoclipe em breve. Famosos por sucessos como This Life e remixes de artistas como Madonna, Flo Rida e The Black Eyed Peas, o duo Felguk já procurava há tempos por uma parceria com uma cantora de MPB e Vanessa foi a primeira opção.

JOELMA LANÇA SINGLE E CLIPE COM IVETE SANGALO Joelma segue carreira solo com o lançamento do clipe e single de Amor Novo, que teve a participação da cantora Ivete Sangalo. O vídeo foi extraído do novo trabalho da cantora, o DVD gravado em novembro de 2016, na casa de shows Coração Sertanejo, em São Paulo, que teve ingressos esgotados dois meses antes da gravação. O primeiro DVD de Joelma contou com a participação de Solange Almeida, na canção Avante, e de Ivete Sangalo em Amor Novo. Na faixa, O Amor de Deus, Joelma também teve a participação dos três filhos, Yago, Yasmim e Natália. A produção musical ficou por conta de Antônio Mariano, o Tovinho. Assista ao vídeo aqui: https:// goo.gl/VZAQmJ . Disponível para streaming e download: https:// umusicbrazil.lnk.to/AmorNovoPR


Pride é distribuidor da Audio-Technica no Brasil

A Audio-Technica, conhecida por ser uma empresa inovadora e líder na tecnologia de transdutores por mais de 50 anos, nomeou a empresa Pride Music, situada em São Paulo, como nova distribuidora de seus produtos profissionais no Brasil, desde 1º de janeiro de 2017. O anúncio foi feito por Philip Cajka, presidente e CEO da Audio-Technica U.S., demonstrando ênfase contínua da companhia na expansão de seus negócios na América Latina por meio de parcerias regionais. “Devido à estrutura de importações e às condições econômicas em geral, o Brasil tem sido um mercado especialmente desafiador para o nosso pleno desenvolvimento,” disse Cajka. “Estamos animados em dar início a esta parceria de distribuição com a Pride Music, que tem uma equipe de vendas forte, experiente e de grande liderança. Estou confiante que juntos podemos aumentar as vendas e consolidar a marca A-T”, falou. Fundada em 1992, a Pride Music é especializada no fornecimento de mar-

cas premium de equipamentos de áudio profissional e instrumentos musicais para o mercado brasileiro, ao manter um compromisso com atendimento, marketing, logística e suporte técnico. Segundo Lucio Grossmann, CEO da Pride Music, a nomeação é um privilégio. “Estamos honrados pela nomeação da distribuição dos produtos Audio-Technica para o segmento de Music Instruments e Pro Audio para o mercado brasileiro. Acreditamos que a expertise da Pride Music somada à tradição, reputação e tecnologia oferecida pela Audio -Technica, construirão uma aliança estratégica de sucesso, oferecendo excelência no atendimento e suporte aos entusiastas, fãs e usuários finais brasileiros”, ressalta.

www.audio-technica.com

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GUSTAVO VICTORINO | www.backstage.com.br 16

ador de uma obra musical tenha novamente poderes absolutos sobre ela. A Sony Music é o alvo inicial da investida. Todas as músicas do disco Love Me Do estão nesse primeiro pedido, que deve se repetir judicialmente muitas vezes ao longo do tempo.

ENCRENCA

Até o fechamento desta edição a moeda americana indicava tendência de queda e provoca entusiasmo no setor. Sonho no mercado seria ter o dólar a menos de 3 reais ainda neste primeiro semestre. A queda de preços impulsionada também pela concorrência seria uma oxigenada consistente no segmento e faria da retomada de investimentos uma necessidade inadiável para conquista de espaço no mercado.

BARÃO A saída de Frejat do Barão Vermelho não surpreendeu ninguém que conhece os bastidores da música no Brasil. Veladamente, o guitarrista se mostrava cada vez mais disposto em investir na sua já vitoriosa carreira solo. A saída aparentemente pacífica redireciona o grupo para uma nova formação com Rodrigo Suricato assumindo os vocais. Confesso que não entendi porque o baixista Rodrigo Santos e o Guto Goffi não ficaram com essa tarefa. Com a continuidade de Maurício Barros nos teclados e Fernando Magalhães na guitarra, o grupo desfalcado do Peninha, que morreu no ano passado, teria a intensidade suficiente para manter a histórica trajetória da banda que lançou Cazuza. Os fãs do supervalorizado grupo Suricato adoraram, mas os fãs do Barão torceram o nariz.

As críticas contundentes da cantora Madonna ao novo presidente americano, Donald Trump, começam a custar caro à moça. A mais popular rádio do Texas, a Hits 105, anunciou o banimento de todas as músicas da artista da sua programação. Assim como a Hits, outras emissoras estudam a mesma medida como forma de “acalmar” as críticas da cantora. Hitler teria inveja disso...

CURIOSIDADE Salvo raras exceções, porque bons escritores não conseguem ser bons letristas e bons letristas não conseguem escrever bons livros?

MUDANÇA A ida da executiva Priscila Berquió para a Shure é mais um movimento da empresa sediada em Illinois para ampliar o seu poder de mercado no país. Com uma história de sucesso na Roland do Brasil, a profissional assume a gerência nacional de vendas da marca líder em microfones no mundo. Priscila tem amplo conhecimento do segmento e a mudança parece consolidar ainda mais o investimento pessoal da Shure em terras brasileiras.

DE VOLTA PARA CASA

NOVA CASA

Paul McCartney deverá recuperar os direitos sobre parte de sua obra musical que andou por muitas mãos nas últimas décadas. O ex Beatle encaminhou à justiça americana um pedido para que todos esses direitos sobre as canções compostas por ele em parceria com John Lennon sejam devolvidos conforme determina a lei americana que estabelece em 35 anos o prazo para que o cri-

Outro de casa nova é o irrequieto Eber Policarte. Agora na Izzo e respondendo diretamente à família Storino, ele fica vinculado ao marketing e ao desenvolvimento de novos produtos no segmento de instrumentos de cordas. Há décadas no mercado, Éber passou por empresas como Sonotec, Tagima e Earth, sempre focando a inovação e os novos lançamentos.


GUSTAVO VICTORINO | VICTORINO@BACKSTAGE.COM.BR

SENTIMENTO DO MERCADO Se Donald Trump cumprir a promessa de “fechar” o mercado dos EUA, será o melhor presidente americano que os chineses poderiam sonhar. A primeira previsão é de que as marcas americanas serão pulverizadas pelo desrespeito à propriedade intelectual e aos direitos de “trade mark”. A OMC será entupida de ações contra os americanos que perderiam mercados por retaliação e pressão comercial dos chineses. Num mundo globalizado e de mercado selvagem, o topetudo vai comprar uma briga que ele ainda não sabe, mas nunca poderá ganhar.

PERSONALIZADA A moda das caixas acústicas amplificadas em chassi de plástico injetado criou um curioso mercado paralelo de peças. Em SP as lojas vendem apenas a carcaça para que o consumidor monte sua própria caixa com o falante, drivers e amplificação que quiser. Como esse tipo de produto tem um padrão e bitolas bem definidas, a personalização é possível inclusive com espaço para colar logomarca. De forma pioneira, a NextPró fabrica amplificadores adequados a esse uso e em várias potências. Quem tem tempo e paciência já monta a caixa do seu jeito e com as características que quiser. Mas por enquanto ela ainda será mais cara...

SEM DESAFINAR A cantora Adele vai se apresentar novamente no Grammy de 2017. Depois da desafinada do ano passado onde ela colocou a culpa no ar condicionado, no piano, na ONU e na OTAN, a inglesinha quer recuperar a barbeiragem com alguma piada que certamente está bem ensaiada. Ela adora isso...

BRONCA Os fabricantes brasileiros que me perdoem, mas está difícil achar pedestal de microfone nacional decente. Só eu quebro uns 3 por ano ...

INOCÊNCIA Você não é daqueles que acreditam que a guitarra usada e assinada pelo seu ídolo é a mesma vendida na loja, né ?!? Fala sério ...

RÁDIO As emissoras de rádio exclusivamente musicais começam a perder fôlego. Sem audiência, perdem também patrocínios fortes e com isso precisam se reinventar. A rádio de entretenimento parece o caminho inevitável na busca de audiência. Mesclar bons comunicadores com música não é fórmula nova, mas se mostra a alternativa mais indicada para evitar a derrocada. Rádio exclusivamente musical se tornou simples demais para o nível de exigência de um mundo atropelado pela tecnologia e pela busca da informação rápida.

PARCERIA Desde o ano passado o mestre Tagima e o craque Leandro Walkzac estão dando um “tranco” no mercado de guitarras tops. A parceria criou a SGT que foi motivo de babação explícita na última Expomusic. No próximo mês a Backstage mostra a nova fábrica e os seus segredos.

SUCESSO Entre os muitos novos equipamentos que atraíram a atenção dos artistas na última Festa Nacional da Música, em Porto Alegre, um em especial foi motivo de cu-

riosidade e aplauso. A bateria DOne criada e desenvolvida pela Sonotec virou vedete no palco principal do evento. Elogiada na sonoridade e tocabilidade, o novo produto surpreendeu pela qualidade e uma relação custo benefício impensável em instrumentos profissionais de ponta. Tudo indica ser mais um golaço da equipe da Sonotec, leia-se Alexandre Seabra e Northon Vanalli.

NAMM SHOW Mesmo não sendo a melhor e nem a maior, a feira realizada anualmente em Anaheim, na Califórnia, representa o mais confiável termômetro do mercado consumidor americano. Sem o gigantismo da Musikmesse de Frankfurt ou o bundalelê de Shangai, o NAMM Show mostra tendências e interessantes rumos para o futuro do segmento de instrumentos musicais. Como previsto, 2017 foi um ano marcado pela pouca ousadia e pelos lançamentos obrigatórios para renovação de catálogo. Os boatos e as badalações de sempre não mudaram o cenário para quem esperava grandes novidades ou o fim do mundo. Quem foi com um olhar revolucionário ou catastrófico se decepcionou.

DICA Quando ler ou ouvir algum crítico pseudomuderninho afirmar que a música de consumo popular sempre foi de qualidade duvidosa, conclua... Ele não entende nada de música ou da sua história ... e ignore... sua inteligência vai lhe exigir isso.

CHARADA O que é pior? Comprar e não pagar ou pedir emprestado e não devolver? O mundo gospel tem a resposta...

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LEITURA DINÂMICA| www.backstage.com.br 18

RMCE-LTG E RMCE SHURE LANÇA ACESSÓRIOS DE ÁUDIO O cabo Lightning acessório com controle remoto e microfone (RMCELTG), e o cabo acessório com controle remoto e microfone (RMCE) foram as novidades da CES 2017, nos Estados Unidos. redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

PARA EARPHONES A

Shure Incorporated anunciou em janeiro durante a CES o lançamento de dois novos acessórios para sua linha SE de earphones. O novo cabo Lightning com controle remoto e microfone (RMCE-LTG) possui um conversor digital-analógico em linha e um amplificador premium para fones de ouvido, podendo ser utilizado com qualquer dispositivo iOS (iPhone, iPad ou iPod) que possua conexão Lightning®. Empregando o módulo de áudio Lightning certificado pela Apple, controle remoto de três botões e microfone, essa versão Lightning de cabo acessório proporci-

ona os benefícios do áudio digital com grande simplicidade e em uma única solução de alta qualidade. O RMCE-LTG é o primeiro e único com conectores MMCX, oferecendo compatibilidade iOS digital para todos os earphones SE destacáveis com a tecnologia de isolamento de som Sound Isolating™. Desenvolvidos sob medida pelos engenheiros da Shure, o produto oferece incomparável clareza e faixa dinâmica para escutar áudio digital com total mobilidade. “Com a permanente evolução da tecnologia portátil, a Shure se esforça con-


Shure aproveitem ao máximo sua música”, conta. A Shure anunciou também um novo cabo acessório com controle remoto e microfone (RMCE), projetado para earphones SE destacáveis e dispositi-

tinuamente para fornecer aos clientes as soluções e ferramentas de alta qualidade necessárias para que seus equipamentos de áudio apresentem o melhor desempenho”, comentou Sean Sullivan, gerente de produto da

O RMCE-LTG é o primeiro e único com conectores MMCX, oferecendo compatibilidade iOS digital para todos os earphones SE destacáveis...

Shure. “A geração atual e as próximas gerações de dispositivos iOS estão eliminando a saída de fones de 3,5mm. Portanto, o novo cabo acessório Lightning oferece uma solução superior de áudio digital para iOS e permite que usuários de earphones da

vos Apple com conectores TRRS de 3,5mm. Ele possui um elegante conjunto com controle remoto de três botões e microfone incorporado, permitindo ao usuário comandar de forma conveniente a reprodução, o volume de áudio, a realização e o recebi-

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Ambos os cabos funcionam com os modelos SE215, SE315, SE425, SE535 e SE846 da Shure, e atendem à demanda de entusiastas de áudio por mobilidade, oferecendo uma perfeita experiência de audição em dispositivos móveis

mento de chamadas do dispositivo. “O áudio portátil se propõe a unir desempenho e conveniência. Usuários de smartphones alternam o tempo todo

entre música, mensagens de texto, chamadas telefônicas e redes sociais, e nossos novos cabos com controle remoto e microfone ajudam aqueles que usam nossos earphones SE a navegarem facilmente por todos esses recursos oferecidos pelos dispositivos iOS. Trata-se de um acessório extremamente útil”, acrescentou Sullivan. Ambos os cabos funcionam com os modelos SE215, SE315, SE425, SE535 e SE846 da Shure, e atendem à demanda de entusiastas de áudio por mobilidade, oferecendo uma perfeita experiência de audição em dispositivos móveis. O cabo acessório com controle remoto e microfone (RMCE) começará a ser distribuído em fevereiro de 2017. Já o cabo Lightning acessório com controle remoto e microfone (RMCE-LTG) começará a ser distribuído aproximadamente no segundo trimestre de 2017. Para consultar a lista completa de locais onde os produtos da Shure são vendidos, visite www.shurebrasil.com


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COMPACTO, O console C10 HD PLUS traz uma combinação única de tamanho, preço e desempenho para o mercado mid-scale broadcast.

redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

ACESSÍVEL, PODEROSO E FÁCIL DE USAR

U

ma combinação dos mais altos padrões de confiabilidade e desempenho para uma ampla gama de aplicações no ar, com design e operação inteligentemente simplificados. Tudo em um pacote excepcionalmente econômico e compacto. O C10 oferece comprovada robustez juntamente com o processamento de sinal de renome da SSL, em uma interface de usuário intuitiva, projetada para o mercado de transmissão com o melhor custo-benefício possível.

PRINCIPAIS BENEFÍCIOS Qualidade, recursos, potência e confiabilidade robusta em um sistema com-

pacto e altamente acessível. Essas podem ser as principais características deste equipamento. Ele vem para resolver muitos desafios de transmissão e produção, com recursos operacionais que simplificam e automatizam os principais recursos. O console foi desenvolvido para ajudar os usuários de todos os níveis de habilidade a entregar resultados profissionais com uma interface simples e em uma lógica que é fácil de operar, além de ser simples e rentável para instalar, com processamento DSP incorporado na superfície de controle. Uma escolha de configurações de fader e uma gama de opções de E/S atende a um


teamento, monitoramento e processamento ambiente rapidamente para acompanhar as demandas de

amplo espectro de aplicações e orçamentos. A interface de Automação de Produção também serve para ma-

O C10 possui um sistema de ajuda contextual multilíngüe na tela que fornece uma ampla orientação do operador a partir da interface do usuário.

ximizar a produtividade com a integração total. Como o C10 foi projetado para ambientes de transmissão em escala média, onde uma gama de operadores de engenheiros de áudio especializados pode operar o console, o equipamento tem o poder de capacitar os engenheiros de áudio experientes para lidar com produções complexas, incluindo aquelas horas em que é necessário simplicidade para a câmera / iluminação / operadores de áudio quando têm que lidar com produções diárias.

PARA USUÁRIOS AVANÇADOS Sob a sua superfície elegante, o C10 oferece todo o poder, sofisticação e desempenho de referência do aclamado console C100 HD. Operadores experientes encontrarão esta nova e refinada superfície de controle simplificada, tornando a configuração e a execução uma experiência verdadeiramente gratificante e confortável. As principais características operacionais permanecem disponíveis para mãos imediatas em operação no mais alto nível da interface de controle, e informações de sistema extensas estão disponíveis em todos os momentos. Os operadores experientes também descobrirão que, quando necessário, eles podem explorar ro-

projetos mais sofisticados. Em resumo, aqueles que já estão familiarizados com o C100 serão capazes de fazer uma transição suave para o C10.

PARA TODOS OS USUÁRIOS O C10 garante que todos os usuários sejam apresentados a um sistema que oferece um grau de controle e funcionalidade que se adapte às necessidades de cada um, e também garante que todos os usuários que não “danifiquem” a configuração do sistema acidentalmente. Isto é possível através do sistema exclusivo de ‘Feature Match’, onde um conjunto de ‘User Passwords’ e ‘Presets’ definidos pelo administrador determina a funcionalidade que é apresentada ao utilizador. O C10 possui um sistema de ajuda contextual multilíngüe na tela que fornece uma ampla orientação do operador a partir da interface do usuário.

SISTEMA DE CORRESPONDÊNCIA E PRESET Existem dois tipos de Preset; ‘Mostrar predefinições’ - incluem um conjunto de canais com suas configurações de roteamento e processamento para recuperação imediata de uma configuração de show específica. ‘Channel Presets’ - permite que as configurações de canal para um apre-

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As opções de roteamento e I/O para consoles de difusão SSL podem ser combinadas e dimensionadas para fornecer exatamente a conectividade e distribuição de áudio de que você precisa. Uma vasta gama de produtos está disponível, garantindo que o sistema corresponda às suas necessidades técnicas e de orçamento.

sentador individual ou qualquer outra fonte de áudio sejam salvas e recuperadas da Biblioteca de Preset. Existem quatro modos operacionais: Admin No nível mais alto, o administrador do sistema tem acesso a todas as configurações de configuração e operacionais do sistema. Os administradores fazem as configurações profundas do sistema para instalação e manutenção e podem criar ‘Presets’ para que outros usuários acessem todos os dias. Padrão - O modo padrão fornece operadores altamente qualificados com tudo o que precisam para executar shows complexos; Eles são capazes de recuperar e editar Presets criados pelo Administrador do Sistema, alterar o processamento do canal, ajustar o roteamento básico e criar canais adicionais conforme necessário. Preset - O modo de predefinição permite que os usuários possam chamar a função “Mostrar Presets” e manipular níveis de fader para executar manualmente a mostra. Os canais adicionais podem ser adicionados e pré-ajustes de canais individuais são chamados para selecionar uma configuração de processamento de canal típica para atender a fonte de áudio. Bloqueado – No modo de Bloqueio, quase todas as funções da superfície de controle estão completamente bloqueadas, deixando o consola em estado inviolável.

BENCHMARK SOUND, FERRAMENTAS DE PROCESSAMENTO DE PRECISÃO C10 oferece um kit de ferramentas de processamento de áudio abrangente. Com qualquer console SSL o operador começa cada sessão com a confiança de que seu console irá capturar todos os detalhes e características dinâmicas de fontes de áudio sem qualquer compro-

misso. As ferramentas de processamento de áudio da SSL (EQ, Dynamics, 5.1 Pan, etc.) são conhecidas por estabelecer padrões para simplicidade de operação, desempenho preciso em sculpting de som e caráter tonal refinado. O kit de ferramentas de processamento do SSL usa algoritmos modelados a partir dos lendários consoles analógicos do SSL com uma arquitetura de processamento de ponto flutuante de 40 bits subjacente, que garante resultados de resolução muito altos. O C10 fornece todas as ferramentas de processamento de áudio necessárias para a produção de áudio no ar; Um EQ paramétrico de quatro bandas, Compressor / Limiter, Expander / Gate, Filtros, Stereo / 5.1 Touch Pan e programa opcional Delay estão disponíveis para cada canal. O processamento é aplicado através de controles de hardware dentro de um ‘Painel Master’, que é automaticamente atribuído ao canal atualmente selecionado.

VERSÁTIL, ESCALÁVEL E ABRANGENTE As opções de roteamento e I/O para consoles de difusão SSL podem ser combinadas e dimensionadas para fornecer exatamente a conectividade e distribuição de áudio de que você precisa. Uma vasta gama de produtos está disponível, garantindo que o sistema corresponda às suas necessidades técnicas e de orçamento. O SSL I / O se conecta usando MADI através de cabo de fibra ótica, protegendo o áudio contra interferências e degradação para que ele atinja o console em perfeitas condições, mesmo nos ambientes de condições mais severas. Os dados de controle incorporados no cabeamento de fibra ótica permitem o controle remoto de parâmetros IO (como pré-amplificadores analógicos) a partir do console, bem como o diagnóstico SNMP. O roteamento e o compartilhamento de recursos multi-console são realizados com o roteamento do console integrado e o poderoso sistema MORSE da SSL.


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Fotos (abertura matéria) - crédito: Lara Velho / Divulgação

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No decorrer do show, o baixista usou três baixos da Tagima

Um passeio pelo melhor da carreira de um dos maiores músicos do Brasil: assim pode ser definido o especial para o Canal Brasil (e também DVD ao vivo) gravado por Arthur Maia e banda.

Miguel Sá redacao@backstage.com.br Fotos: Ernani Matos (estúdio) / Lara Velho (show) / Divulgação

ARTHUR MAIA UMA AÇÃO MUSICAL

M

arço de 2015. Durante os vários dias de um trabalho no estúdio de Arthur, Vinícius Sá fica sabendo da gravação de um especial de TV e DVD ao vivo do baixista. Foi inevitável especular quem seria o produtor do projeto: “Acabei perguntando pro Arthur quem iria produzir. “E a resposta foi imediata: Você, disse ele”, lembra. A ideia surgiu a partir de um convite de João Franco, diretor geral do teatro da Universidade Federal Fluminense (UFF) para Arthur Maia fazer um show. “Eles têm um teatro maravilhoso, com um

equipamento e um pessoal de primeira. Mas não é só o som. Para fazer esse tipo de trabalho era preciso mais gente”, diz o músico. Foi aí que começou a montar a equipe do DVD com Meire Oliveira na produção-executiva e Vinícius Sá na direção artística e produção. “O Vinícius faz parte de uma turma de irmãos de longa data e é baixista também”, acrescenta Arthur. O produtor recém-convidado sentiu-se lisonjeado, mas isso não diminuía o tamanho do desafio que teria pela frente. O prazo para montar toda a estrutura era


AO VIVO ENTRE AMIGOS de três semanas. Em primeiro lugar, Vinicius chamou Lourival Franco para fazer a co-produção. “Nesse tipo de projeto tem que fazer um pouco de tudo. Minha base é musical, minha função era passar as necessidades do Arthur e da banda para a área técnica. Uma ligação com a parte técnica do projeto e mais um pouco de tudo”, especifica Lourival. Com base musical de tecladista, era só fazer essa ligação. Em seguida, requisitou os serviços da Xef Sound, de Leo Garrido, para mon-

tar a estrutura de gravação. “Já fiz vários discos com o Leo e sabia que ia ficar bom. Com ele dentro, sabia que teria o console, microfones e cabos que precisava para o trabalho”, enumera o produtor. Agora só faltava conseguir as melhores condições para gravar. A questão era conseguir um sistema estável e bem operado. A resposta foi Cyro Neto, com a Rec Gravações. O conceito do projeto já estava

pronto. Arthur já tinha o repertório e os músicos e, para o som ser captado nas melhores condições, a equipe trabalhou com volumes baixos dentro do palco, com o objetivo de usar bem a ambiência, aproveitando os vazamentos e a espontaneidade de músicos de excelente nível acostumados a trabalhar juntos. “A sonoridade tinha que ser a mais próxima do que eles estavam fazendo no palco. Se fosse tentar inventar, só atrapalharia. Quando a gente trabalha com o Arthur, já sabe o resultado. O som do contrabaixo está na mão dele”, reforça Vinícius.

ARTHUR MAIA Na época da gravação, Arthur Maia estava em plena atividade na secretaria de cultura de Niteroi, e nem por isso deixou a música de lado. “Moro em cima do meu estúdio. Mesmo enquanto estava na

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Usei o Tagima fusion fretless de quatro cordas ativo, com dois captadores single Seymour Duncan e pré Aguilar, um outro Tagima do Vinicius Sá, com captadores Seymour Duncan também e pré Sadowsky, e mais um protótipo de cinco cordas que a Tagima me deu de presente. (Arthur Maia)

O protótipo da Tagima usado no show é em madeira ash, com 5 cordas, acabamento em radica e pré Zaganin

secretaria gravei um disco e o DVD. Tinha 22 anos no primeiro show solo que fiz no JazzMania, em 1984. Toquei músicas desse show, do Cama de Gato e também novas composições e parcerias. O show é um conjunto das coisas que compuseram minha vida musicalmente”, conta o músico. Os colegas que participaram são um capítulo à parte. Durante os três dias de gravação houve a alternância de vários “irmãos musicais” de Arthur, como ele define, por conta dos compromissos de cada músico, com ligeiras mudanças na banda de um dia para o outro. “Toquei nesses anos com várias bandas maravilhosas, como essa que está no DVD. É uma banda caseira, só que de uma casa altamente musical. Já tocamos esse repertório há uns cinco anos, mesmo assim passamos uns 20 dias no estúdio, ensaiando, revendo. Foi tudo voltando naturalmente”, detalha o baixista. “Fizemos a gravação um dia com dois teclados, outros com um só. Eu poderia ter feito outras bandas, porque minha vida foi fazer amigos musicais, e muito bons. O que aconteceu neste show foi um coletivo se movendo, tendo o contrabaixo como instrumento principal. Eu, quando toco, proponho vários timbres. Tenho uma assinatura, e

acho que muita gente a reconhece”, expõe o músico. Arthur Maia, que é endorser da Tagima, usou os instrumentos da fábrica brasileira durante o show. “Tenho uma parceria longa com eles que me orgulha muito, não só de trabalho, mas de desenvolvimento mesmo. Já estou há mais de dez anos com eles. Usei o Tagima fusion fretless de quatro cordas ativo, com dois captadores single Seymour Duncan e pré Aguilar, um outro Tagima do Vinicius Sá, com captadores Seymour Duncan também e pré Sadowsky, e mais um protótipo de cinco cordas que a Tagima me deu de presente”, detalha o músico. O som dos baixos passava sempre pelo pedal da Boss GT10B e cabeçotes da Ampeg, de onde iam direto para a mesa por DI. “Quando uso o de cinco cordas é pela extensão maior. Já o de quatro cordas é aquela escala tradicional do jazz bass e que tem uma sonoridade mais profunda, que eu gosto de tirar. O fretless é ativo, mas consigo tirar um timbre de captação passiva, e às vezes gosto de tocar slap nele, o que não é comum. Gosto mesmo é de instrumentos versáteis, que eu possa tirar sons diferentes com a equalização e com a mão. A força com que se toca, a técnica – se é slap ou com


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Flávio Senna ressaltou a importância dos ambientes na mixagem de um show ao vivo

vários dedos, tudo isso muda o som”, diz o baixista. O show ainda teve as participações de Jamil Joanes, uma das

grandes influências de Arthur; Ivan Lins, com quem o baixista tocou quando tinha 17 anos, Seu Jorge e do pupilo Michael Pipo-

quinha. Arthur ressalta o fato de terem tomado a decisão de tocar sem click. “Essa espontaneidade fez acontecer coisas no palco que

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Leo Garrido não tem meias palavras para falar sobre gravação ao vivo. “O que não adianta é gravar o show, refazer tudo no estúdio e acrescentar o ambiente. Aí ficam aquelas palmas equalizadas, com aquele agudinho irritante parecendo que a plateia está com uma luva de alumínio”, se diverte. “No show não tem isso. O que tem é a reverberação do ambiente, a volta do P.A. batendo no fundo da sala”, complementa. Além dos microfones, a Xef Sound, empresa de Garrido, levou uma mesa de 56 canais analógica Azetec, da Audient inglesa, prés da API, microfones, DIs, pedestais, cabos e multicabos.

Sérgio Chiavazzoli foi um dos convidados para a “canja”

Fernando Caneca também faz parte da família musical

CAPTAÇÃO DO ÁUDIO

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Na hora de mixar e pós-produzir, isso gera um ambiente tridimensional muito real. São três pares de microfones em distâncias e posições específicas que dão os tempos de reflexão da sala, podendo, se for o caso, utilizá-las como reverb na mixagem (Leo Garrido)

Há alguns anos que Leo Garrido costuma trabalhar com Vinicius Sá. “Desde que captávamos áudio para o canal Multishow, na década de 90. Depois disso surgiu o primeiro trabalho que produzi e o chamei para gravar. Vinícius foi o responsável por eu ter assumido a produção e o conceito do trabalho. Foi o Acústico MTV dos Paralamas do Sucesso, gravado no Parque Lage, no Rio. Nesse trabalho, lembro que o Vinícius, com muita tranquilidade, me falou para fazer o que já fazia todos os dias e isso nos rendeu um Grammy Latino”, avalia. Durante os anos de trabalho, Garrido desenvolveu uma microfonação de ambiente que consegue reproduzir bem o ponto de vista do técnico que está na

não tínhamos ensaiado, e foi tudo gravado”, completa.

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Arthur Maia reuniu sua família musical para gravar um show ao vivo


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Antes da gravação, foi feita uma passagem no próprio teatro Foto crédito: Lara Velho / Divulgação

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Ivan Lins e Arthur Maia

Luis Otávio e Claudio Andrade

Ficha técnica Foto crédito: Lara Velho / Divulgação

housemix. “Na hora de mixar e pós-produzir, isso gera um ambiente tridimensional muito real. São três pares de microfones em distâncias e posições específicas que dão os tempos de reflexão da sala, podendo, se for o caso, utilizá-las como reverb na mixagem”, explica. Na frente, ele usa dois shotgun KMR 81 da Neumann “para pegar a galera mais animada, o pessoal que grita”, o PCC 160 colado nas laterais da sala e o último microfone é o Crown SASS-P MKII PZM estéreo, que ficou no centro, “embaixo do mezanino”, especifica Garrido. Para obter a melhor ambiência, Léo, em colaboração com o técnico de P.A. Álvaro Neiva, procurou trabalhar com um volume bem baixo. “O pessoal de trás do teatro é que ouvia a mixagem. Na frente, se ouvia mesmo o som dos músicos. Como eles são muito bons e tocam bem equilibrados, não tinha nenhum problema”, coloca. Todos os instrumentos foram microfonados, com exceção do baixo de Arthur, do bandolim de Sérgio Chiavazzoli e dos teclados de Luis Otávio e Cláudio Andrade. Entre os microfones utilizados estavam os Sennheiser MD-441 e MD-421, por exemplo. O MD-441 foi o escolhido para a flauta, enquanto o trompete, o trombone e o Flugel usaram o 421. No sax, o próprio músico Marcelo Martins trouxe seu AMT wireless. Na bateria, foram usados Sennheiser 504, com os Neumann KM 184 no over. No amplificador de guitarra estava o Sennheiser 509. O Neumann KMS 105 foi usado para as vozes de Arthur Maia, Ivan Lins e Seu Jorge. O registro do áudio foi feito no Pro Tools da Rec Audio, de Cyro, que trabalhou em estreita colaboração com Léo Garrido. “O sistema estava redondo e os prés eram muito bons. Tínhamos duas máquinas gravando a 48K, com as interfaces Digidesign

Direção: Vinícius Sá e Arthur Maia Produzido por: Vinícius Sá, Lourival Franco, Cyro Neto, Léo Garrido, Flavio Senna e Carlos Freitas Produção executiva: Meire Oliveira Baixo, voz e concepção musical: Arthur Maia Músicos Bateria: Felipe Martins e Di Stéffano Teclados: Luiz Otávio e Claudio Andrade Guitarra: Ticão Freitas Saxofone e flauta: Marcelo Martins Trompete e flugelhorn: Jessé Sadoc Trombone: Aldivas Ayres

Percussão: Enio Taquari e Gustavo Carvalho Músicos convidados Guitarra: Fernando Caneca Bandolim: Sérgio Chiavazzoli Artistas convidados: Ivan Lins e Seu Jorge Imagem Direção de fotografia: André Pamplona Direção de captação e produção de imagens: Daniel Saturnino Braga e Flavio Saturnino Braga Edição de vídeo: Maitê Lopes

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Carlos Freitas masterizou o áudio final em vários formatos

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888”, comenta Cyro, que, no processo de mixagem, participou da edição e filtragem de ruído.

MIXAGEM

Foto crédito: Ernani Matos / Divulgação

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Ao ouvir a cópia de monitor trazida por Vinícius, Flávio Senna não hesitou em mergulhar no projeto. “Antes de começar, passei 20 dias ouvindo as músicas para ter intimidade com a proposta. A mix tem início quando já se sabe o que há em todos os tracks”, detalha. O processo de mixagem aconteceu no decorrer de um ano, fazendo um total

de aproximadamente 40 dias. Além da filtragem de ruídos de AC, também foi retirada uma sobra de 160Hz que permeava a gravação. “Tem que ter muito cuidado quando vai filtrar para não ir embora o que não deve. Mas os ambientes estavam todos muito bem gravados e, assim, quando perdia alguma coisa na filtragem, podíamos recompor bem os harmônicos (com a ambiência). Como não era um disco de cantor, os vazamentos não foram um problema. Só uns vazamentos bons nos over da bateria”, aponta Senna.

Cyro Neto captou o áudio no Pro Tools durante o show e filtrou ruídos durante a mixagem

Maitê Lopes fez a edição de vídeo


A ideis de Senna era deixar Arthur Maia em evidência, bem no conceito indicado pelo músico, de uma coletividade tendo o baixo como o instrumento principal. “Usei tudo o que tinha direito: delays, chorus, principalmente no baixo do Arthur. Nesse caso, o baixo dele é o ‘cantor’”. Foi usado, principalmente, equipamentos outboard, como as Lexicon 224, 300 e 480, TC3000 e também um Eventide H3000. Neles, definiu os reverbs, tamanho da sala e automações de efeitos. Também na parte dos delays foi dado um tratamento especial para o baixo: foram usados tempos mais curtos nos dedilhados mais rápidos e tem os mais longos nas notas que permaneciam mais tempo. O H3000 foi usado para fazer um tamanho de sala, uma espécie de espacialização virtual para todos os instrumentos com um tempo de reverb curto. Isto de uma forma coerente com o que soava no palco. “Usei para todos os instrumentos. Depois, com as outras máquinas, trabalhava reverbs específicos para cada instrumento”. As filtragens de ruído foram feitas por meio de plug-ins,

mas a equalização de timbres foi feita nos equalizadores da console Euphonix CS3000/80. A compressão usada foi a dos Urei LA3 e LA4. “Usei no baixo e na bateria”, especifica Flávio Senna, que se diverte ao falar sobre as diferenças na mixagem de uma gravação ao vivo hoje e há trinta anos, quando o som que chegava da gravação era praticamente o que entrava na edição final. “Hoje as coisas estão muito mais fáceis e muito mais demoradas”, diz, sem conter o riso. “As mixagens antigamente acabavam. Hoje você é quem determina a hora que ela acaba”, completa.

Vinicius Sá

Lourival Franco

MASTERIZAÇÃO

Foto crédito: Ernani Matos / Divulgação

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Foi-se o tempo em que masterização era fazer um CD máster para a fábrica replicar. As demandas se multiplicaram e, além de fazer um acabamento na mixagem, o processo também envolve o máximo de preservação da sonoridade do trabalho em qualquer contexto de reprodução. Esse estágio ficou na mão de Carlos Freitas, que foi apresentado ao trabalho por Flávio Senna durante uma visita ao Rio, e convidado por Vinícius para finalizá-lo.

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Vinicius Sá, Flávio Senna, Lourival Franco, Cyro Neto e Arthur Maia

Fiz a masterização sem acompanhamento e enviei ao Vinícius Sá para aprovação. A única coisa que o Vinícius e o Flávio Senna me pediram foi que não me preocupasse com volume, e sim com música. Algo raro nas masterizações atuais. (Carlos Freitas)

Carlos Freitas fez cinco tipos de masterização. Cada uma de acordo com as especificações técnicas de cada mídia e formato: para CD, foi feito um DDP em 44kHz e 16 bits; para digital HD, o arquivo é exportado em wav, 96kHz e 24 bits; as versões 2.0 e 5.1 do DVD são feitas em PCM 48k/24 bits e 5.1 Dolby digital. São feitas ainda versões para iTunes, transmissão de TV padrão e MP3 de divulgação. Para enviar as mixagens 2.0 e 5.1 da Cia dos Técnicos, no Rio de Janeiro, para a Classic Master, em São Paulo, foi usado sistema eMaster, normalmente usado por Freitas. “Fiz a masterização sem acompanhamento e enviei ao Vinícius Sá para aprovação. A única coisa que o Vinícius e o Flávio Senna me pediram foi que não me preocupasse com volume, e sim com música. Algo raro nas masterizações atuais”, afirma. Para Carlos, o digital tem a vantagem do recall, mas o que importa é o bom resultado. “Eu penso que equalizar é equalizar, comprimir é comprimir, tanto faz se é analógico ou digital, desde que você saiba o que está fazendo e o resultado que deseja atingir. Usei os dois formatos e gostei muito do resultado. O digital tem uma vantagem que é a facilidade do recall, mas o resultado dos dois formatos é muito bom. Testei os equipamentos da Maselec e da Manley e, pelo estilo do som do Arthur, eu resolvi usar para o 2.0 os equipamentos analógicos da Manley Massive Passive e Vari Mu. Para o 5.1 eu usei os mesmos equipamentos, porém na versão plugin da Universal áudio”, detalha Carlos Freitas.

ENTRE AMIGOS O clima entre os profissionais que participaram do disco é de bate-bola. Arthur

Maia passou para Vinícius, que chamou Leo Garrido, que trocou passes com Cyro Neto lançando para Flavio Senna passar para Carlos Freitas fazer o gol. Uma oportunidade para poder trabalhar se preocupando mais com a qualidade do som e da música que qualquer outra coisa. “Quando aparece um trabalho desses eu não penso duas vezes para pegar!”, comenta Leo Garrido. “Todos conversamos muito para conseguir o melhor”, aponta Vinícius. “O que me chamou atenção nesse disco, além do Arthur, Vinícius, Cyro, Garrido e essa galera que anda junto é a forma como o Arthur fez. Tem obras-primas que só podem ser coisas dele mesmo”, se entusiasma Flávio Senna. “Fiquei encantado com o que ouvi. Achei fantástica a estética sonora e a qualidade artística. A mixagem estava muito equilibrada, com os graves perfeitos” destaca Carlos Freitas. Vinícius Sá não deixa de destacar a ajuda preciosa da equipe do Teatro da UFF: “Sheyla de Lucas e a equipe dela de palco foram fundamentais”, diz, também destacando o profissionalismo da equipe de áudio, com Hilneti Vargas (Neti) no monitor e Álvaro Neiva no P.A. “Fomos muito ajudados pela equipe do teatro”, reforça Lourival. “Motamos uma ótima equipe e todo mundo contribuiu”, indica Arthur Maia. “É gratificante e deixa a gente orgulhoso. Foi um trabalho com doações que não teve preço. Foi tudo fruto de algo natural. Não é um show com cena. É fruto da vida de um músico que, por acaso, é baixista”, fala. A exibição do programa no Canal Brasil acontece às 18 horas do dia 11 de fevereiro, com reprise no dia 17, às 10 horas.


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Parceiros na música e no instrumento

Arthur Maia

me chama pra dar canja. Aquilo pra mim foi maravilhoso, foi um sonho realizado. Depois disso nunca mais deixamos de se falar e veio uma grande amizade que será pra sempre. A coisa que mais admiro, sem sombra de dúvidas, é a humildade e a forma natural dele de viver a vida, e isso reflete na música dele”, expõe Michael. O músico conheceu o pessoal da Tagima levado por Arthur, na Expomusic de 2009. “Ficamos ‘namorando’ esse tempo todo e só no ano passado fechamos essa parceria maravilhosa. A relação do músico com a fábrica do seu instrumento é primordial, por que o instrumento é uma coisa muito séria. Devemos ser amigos dos ‘médicos’ do nosso instrumento”, diz Pipoquinha. “. Atualmente o baixista acompanha o nascimento de um Tagima seis cordas “feito pelo mestre Marcio Zaganni, e já estou muito satisfeito”, comemora o jovem instrumentista. Foto crédito: Lara Velho / Divulgação

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Há dez anos como um dos endorses da Tagima, Arthur Maia faz questão de ressaltar a proximidade de sua relação com a fábrica, e também com os companheiros de instrumento, como o guitarrista Márcio Eiras e o baixista Michael Pipoquinha. “Sempre admirei o Arthur no Cama de Gato e também como sideman, com o Lulu Santos ou o Gilberto Gil. Quando ele entrou na Tagima nos encontramos mais, nos conhecemos de perto e estreitamos a amizade. Não imaginava ser amigo dele. Hoje já tocamos juntos, temos uma história aí”, aponta Eiras, comemorando o fato de ter virado amigo do ídolo musical. O guitarrista toca usando a técnica “two handded taping”, a partir da qual toca a melodia e a harmonia pressionando as

Marcinho Eiras

cordas da guitarra contra o traste. A técnica é facilitada a partir de pequenas mudanças no instrumento. “A história com a Tagima começou com uma guitarra que eu gostava muito. Levei-a pra Tagima e fizemos um modelo com as mudanças que eu queria. Mudamos cor, que eu queria um azul royal bem diferente, colocamos a ponte wilkinson, que me dá uma regulagem independente das cordas e um traste jumbo bem largo. Ela permite uma regulagem bem baixa para fazer menos esforço e tocar na minha técnica. Não é uma guitarra cara, mesmo sendo com a minha assinatura. O headstock é para favorecer a marca”, detalha o instrumentista, que ajudou a construir o modelo Tagima Blue Storm. Sobre Arthur Maia, Eiras ainda elogia a forma como o baixista leva a carreira, a música e as relações com os músicos. “Por tudo o que ele fez podia ficar acomodado como músico acompanhante, mas é também artista. Lançou os discos dele como baixista e, como sideman, sempre fez o que devia ser feito: acompanha deixando a sua assinatura. Ele é um cara agregador: faz tudo virar uma festa, faz tudo ficar acessível, é um músico feliz. Traz alegria pro som. Às vezes ele está no palco e vê um músico mais novo, ele bota pra tocar, toca junto, dá conselhos...”, comenta. Isso foi justamente o que aconteceu com Michael Pipoquinha. Ele foi apresentado primeiro ao som de Arthur pelo pai Elisvan, também baixista. “Fui curtindo todos os sons dele, até que um dia ele fez um show na minha cidade, em Fortaleza. Eu tinha 12 anos. O show já tava bom, mas aí no final Arthur

Michael Pipoquinha

Marco Vignoli, gerente comercial da Tagima, também comemora a parceria com Arthur Maia. “O Arthur sabe que tenho uma amizade e um respeito muito grande por ele. Sempre falei para fazer um trabalho da forma que foi feito neste DVD. Para nós, tem o benefício da uma marca agregada a um grande músico. Sou fanzaço do trabalho dele como músico, e quando o conheci fiquei fã dele também. É muito bom trabalhar com o Arthur porque ele não se preocupa só com o baixo de assinatura dele. Está sempre dando ideia para outros instrumentos, e isso, para nós que temos a fábrica no Brasil, é ótimo”, comemora. Entre os diversos intrumentos com a assinatura de Arthur Maia, Marco ressalta o baixo AM3. “Vimos a necessidade de lançar um produto com as características que o Arthur Maia gosta, mas com um preço acessível”, comenta Vignoli. “Fora isso, a partir do DVD, queremos fazer um evento em Niterói e em São Paulo. Temos muitos planos para este ano”, indica.

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SISTEMA DE Devido ao grave problema de reverberação dentro da igreja, foi necessário mudar o sistema de som para atender o crescimento do número de fiéis que passaram a frequentar o santuário. Um novo sistema de som foi instalado em definitivo no Santuário São José e se tornou referência para outras igrejas na região. redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

SONORIZAÇÃO

AUMENTA INTELIGIBILIDADE EM

SANTUÁRIO O uvir uma homília pronunciada de forma natural, clara e inteligível não é uma situação comum de se encontrar nas igrejas, principalmente nas construídas nos séculos passados. O alto índice de reverberação causado pelas extensas paredes em concreto, vitrais (janelas com características arquitetônicas seculares) onde a arte e estética dominam o pensamento arquitetônico causam graves problemas de inteligibilidade. De olho neste mercado, Gilmar Gildo, diretor da loja Filadélfia, em Apucarana (PR), crio um departamento interno de consultoria, manutenção e instalações

em igrejas, templos e ginásios, tendo como principal estratégia não esperar o cliente procurar a loja, mas, pelo contrário, procurar locais com problemas de sonorização e oferecer os serviços e produtos para suprir as necessidades de cada local. A equipe faz visitas constantes em todo o Paraná, e até mesmo a clientes em outros estados. Segundo Gilmar, “às vezes é preciso acompanhar a obra na planta, sugerir mudanças, ou até mesmo acompanhar o projeto desde a fundação para realizar uma possível venda. A consultoria responsável começa no planejamento”, avisa.


Visitas técnicas são realizadas para verificar condições do local, como espaço e reverberação

Foi o que aconteceu no Santuário São José, em Apucarana, roteiro de peregrinação de devotos vindos de vários estados e de países do Mercosul. Fundado no século passado, a repercussão positiva do santuário nos últimos anos fez com que aumentassem as visitações, e a igreja passou a ter sua capacidade esgotada na maior parte das celebrações. Percebendo uma oportunidade de melhorar o som, a equipe da loja Filadélfia identificou em visita técnica que o sistema de

sonorização estava inadequado para as necessidades. Diante da situação procurou o operador de som e os membros da comissão interna do Santuário e posteriormente o padre. A loja se propôs a fazer uma demonstração gratuita durante a Semana Santa. Nesse período, o aumento significativo de fiéis permitiria avaliar o sistema de sonorização em situações reais, permitindo a comissão da igreja uma avaliação precisa, tanto no aumento significativo de pessoas neste período quanto

Equipamentos são escolhidos de acordo com as características do local

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Foram utilizados no projeto, caixas Vertical Array passivas modelo OLB1202 e OLB602, para a nave foram colocadas caixas OLB1202, que têm estrutura em alumínio, com 12 alto-falantes de 2” de neodímio, potência de 300WRMS, resposta de frequência entre 150Hz a 18kHz.

Sistema de sonorização levam em conta a quantidade de público que o templo recebe

a dos grupos de música. Aceita a proposta, o grande desafio, imposto pela comissão, era cumprir a exigência de não violar a arquitetura interna da igreja, assim como passagem de canaletas externas, ou desfiguração do que estava construído. Cada detalhe interno deveria ser preservado. Além disso, havia outro fator preponderante: “o tamanho das caixas”. O sistema deveria ser discreto, praticamente invisível, mas extremamente eficiente. Diante desse desafio, Gilmar entrou em contato com o DPD (Departamento de Projetos e Desenvolvimento) da Oneal Áudio, que realizou visitas técnicas em conjunto com uma equipe da Filadélfia para estudar como resolver o caso com as limitações impostas. O acesso às plantas e informações sobre a construção da igreja ajudou no desenvolvimento de um projeto com o auxílio do software de simulação desenvolvido pela empresa, o AMS (Acoustic Modeling Software). Foram utilizados no projeto, caixas Vertical Array passivas modelo OLB1202 e OLB602, para a nave foram colocadas caixas OLB1202, que têm estrutura em alumínio, com 12 alto-falantes de 2” de neodímio, potência de 300WRMS, res-

posta de frequência entre 150Hz a 18kHz. A mesma caixa foi usada no retorno dos músicos. No side fill do altar foram usadas as caixas OLB602, que possuem estrutura em alumínio, com 6 alto-falantes de 2,5” de neodímio, potência de 180WRMS, resposta de frequência entre 150Hz a

Amplificadores desenvolvidos para as caixas do sistema


Caixas vertical array

18Khz. Os amplificadores foram desenvolvidos especificamente

para estas caixas, tanto o OLP 4.1202 que liga 4 caixas OLB1202 quanto o OLP 4.602, construídos com o dobro de potência admissível pelas caixas, e com limiter otimizado na potência admissível. Ou seja, não permite distorção e tem dinâmica no comportamento. Eles também saem de fábrica com filtro Hi Pass de 150Hz. Para baixa frequência foram usadas duas caixas de subwoofer Bass Reflex modelo OPSB2112. O gerenciamento do sistema ficou a cargo do processador ODP260 Versão 3.0.8. Segundo Fernando Gabriel, gestor de projetos da Oneal, o segredo do sucesso no desempenho do sistema é o processamento. “O cliente não está preocupado com a marca ou modelo, isso é coisa de técnico, o cliente quer ouvir bem o som, de forma agradável, e entender cada

palavra, cada nota. Em se tratando de igrejas, há ainda um desafio maior, pessoas com deficiência auditiva”, fala. O software AMS Oneal permite a simulação precisa do comportamento do sistema e é possível ajustar a configuração do processamento na elaboração do projeto. É possível ainda calcular ângulos, ganho, delay, rotação Pan e Tilt, altura; todas estas informações vão minuciosamente descritas no projeto enviado ao cliente ou lojista. O sucesso deste projeto se deu com a soma de esforços e conhecimentos numa parceria entre o fabricante com o vendedor e executante, treinado na indústria durante seminários, permitindo que a garantia seja estendida para até 3 anos. “É uma proposta de trabalho séria que vem fortalecendo o posicionamento da Oneal no mercado”, observa.

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TECNOLOGIA|ABLETON LIVE| www.backstage.com.br

ABLETON LIVE BASE Lika Meinberg é produtor, orquestrador, arranjador, compositor, sound designer, pianista/tecladista. Estudou direção de Orquestra, música para cinema e sound design na Berklee College of Music, em Boston.

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E Base é, sem duvida, um termo genérico. Expessa uma “estrutura” e, em termos musicais, um conjunto de acordes e ritmos por onde se começa um processo criativo. Isso pode ser um loop de 8, 16 ou 32 compassos em que desenvolvemos uma ideia musical.

ssa matéria está mais focada em pessoas criativas que ainda não tenham uma bagagem musical desenvolvida, mas gostariam de fazer música com Ableton Live e, muito provavelmente, farão. Talvez, quem sabe, venham a se tornar performances ou produtores algum dia. Refiro-me, principalmente, a jovens que estão agora experimentado suas primeiras baladas, raves e se encantaram com algum DJ ou banda, e gostari-

am de tentar essa arte de fazer música! Mesmo adultos, porque não!?? No Ableton Live é muito rápido fazer um “Base” com certa sofisticação! Abra o programa “Session Window” e abra o Browser. Caso não esteja aberto, aperte o comando de teclado Ctrl / Alt + B PC (Opt/Comm + B Mac). Seguindo as cores em verde, selecione em Categories > Clips (retângulo verde), ao lado, no submenu à direita, encontre o loop “Hip-Hop Congos- 100bpm” e, seguindo a orientação da seta verde, arraste (ou dê duplo clique) o loop para o Track Audio 1.

Drum Loop Base

Base Instrument


Nossa Base já tem um motivo rítmico. Aperte a barra de espaço no teclado para tocar ou parar o Loop. Um Loop com 16 compassos indica o Track Status Display destacado na imagem pelo retângulo em rosa. Continuando, vamos montar alguns acordes em cima desse beat, desse ritmo! No Browser, agora selecione Instruments > Simpler (aperte aba/triângulo para abrir Submenu) > Piano & Keys (aperte aba/triângulo para abrir Submenu) > Simplest Piano.adv e arraste para um Track Midi como indica a seta azul (você pode usar o método de duplo clique também). Repare que um preset do plugin Simpler (um Sampler Player) se abre com um Sample (Som) de Piano. A essa altura você tem um Loop de 16 compassos e um som básico de piano que você já pode experimentar alguma coisa. Mas isso ainda é muito elementar. Vamos incrementar nossas possibilidades acrescentando a esse mesmo Track Midi (Simplest Piano) um

Arpegiator

Plugin de Midi efeitos Nativo do Ableton Live: Chord Plugin Browser > Midi Effects > Chord. Arraste o plugin (clicando com o cursor e mantendo o botão do mouse esquerdo apertado) como indica a seta amarela exatamente antes do Simpler plugin (Simplest Piano). Essa barra em azul aparece quando o plugin estiver no lugar certo, então solte o botão do mouse. Bacana, esse plugin permite você programar acordes apertando uma nota só! Uma mão na roda para quem não tem intimidade com teclados! Vamos programar aqui alguma coisa simples: No Shift 1 e Shift 2 deixe como está, para o Shift 3 insira um “5” (intervalo de Quinta - power chord) e dê Enter no teclado do computador. Toque simplesmente uma nota e sinta o resultado no seu teclado! Bom, mas não o bastante para darmos dinâmica e movimento e também

Chord Plugin

Triad Basw

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TECNOLOGIA|ABLETON LIVE| www.backstage.com.br 42

Setting Arp

Para inserir as notas Midi manualmente, basta clicar com o cursor do mouse no local exato que começa a nota e arrastar até o comprimento desejado (sempre mantendo o botão direito do mouse apertado) e então soltar o botão do mouse.

Adding Midi

para facilitar nossas vidas. Vamos adicionar mais um Midi Plugin Effects: um Harpejado. Browser > Midi Effects > Apeggiator seguindo a seta em azul pelo mesmo processo usado anteriormente (mantendo o botão do Mouse apertado) arraste o plugin Arpeggiator a frente do plugin Chord e solte o botão do mouse quando a barra azul de seleção aparecer. Vamos então testar essa belezura. Toque o seu teclado e veja que agora temos algum movimento, algo bem simples ainda. Clicando nesse Submenu à esquerda, temos várias opções. Recomendo que, com calma, vocês explorem bem esses presets. Eu acho o Chord Trigger (Mark em vermelho) bem interessante; vamos usá-lo!

Midi Chords

Você deve explorar o “Rate e o Groove” que definem Subdivisão e Swing do Harpejamento (selecionados pelos retângulos azuis). Vamos melhorar as coisas adicionando manualmente algumas notas Midi no Track (quem sentir vontade para gravar em real time... Rec and Play). Como mostra o cursor do mouse na imagem seguinte, dê um duplo clique no “Clip Slot” (retângulo amarelo) do Midi Track (Simplest Piano) e o Midi Editor aparece embaixo do “Session View”. Primeiro vamos deixar os loopings com o mesmo tamanho, antes de inserir notas ou gravar. Não é necessário, é só para facilitar as coisas nesse tutorial. Repare no Track Status Display de cada Track (retângulos vermelho e amarelo); cada loop tem tamanhos diferentes (16 e 4 compassos). No Clip View é que acertamos o tamanho dos Loops (retângulo laranja). No retângulo lilás (End), insira “5,1,1” (que significam 4 compassos), e no retângulo Azul, “Loop” o comprimento do Loop (4x4 = 16 tempos). Para inserir as notas Midi manualmente, basta clicar com o cursor do mouse no local exato que começa a nota e arrastar até o comprimento desejado (sempre mantendo o botão direito do mouse apertado) e então soltar o botão do mouse. No nosso caso, dois compassos de comprimento para cada grupo de acordes (1~3 e 3~5”). Clicando naquele ícone “Fold” (laranja), você pode dobrar ou desdobrar o Midi Note Editor facilitando a visualização das notas midi. Na verdade, o “Fold” é um redutor que só mostra as nota que estão sendo usadas, as outras notas da es-


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NOTAÇÃO MUSICAL| www.backstage.com.br 44

Adding Bass

Midi Bass

cala ele esconde. Se você não estiver visualizando a nota que deseja colocar, desabilite o “Fold” (cinza). Essas letras (E3,G3 e A3 para o primeiro acorde e C#3,E3 e F#3 para o segundo acorde) são as notas Midi que sugiro para nossa Base de acordes com essa programação dos plugins. Mas você pode usar o que quiser, lógico! Estamos indo bem. Espero que tenha seguido as instruções sem maiores deslizes. Mas iremos um pouco mais a frente. Vamos adicionar uma linha baixo sons bem graves (Analog Saw Bass) com harpejador! Browser > Instrument Rack (aperte aba/triângulo para abrir submenu) > Bass (aperte aba/triângulo para abrir submenu) > Analog Saw Bass. Repita o processo anterior e arraste o Plugin Arpeggiator antes, à esqueda, do Analog Saw Bass. Agora resta inserir algumas notas para essa linha de baixo. Vamos deixar o Loop com 16 beats como fizemos anteriormente. Coloque no campo “End” 5,1,1 e no “Loop” 4,0,0. As notas Midi que usei foram C0 e

C1 (em oitavas - setas em rosa – 2 compassos) e A0 e A-1 (em oitavas – 2 compassos). Aperte o ícone de phones (retângulo verde) para ouvir suas notas Midi quando adiciona ou clica nelas! Muito bem, não dá para saber se todos chegam no mesmo resultado, mas ficou bem interessante, eu diria um “Cyber Baiâo”. Você pode tocar em cima dessa base como quiser e recomendo muitas modificações, sem medo. É isso pessoal, sorte a todos!

Para saber online

Facebook - Lika Meinberg www.myspace.com/lmeinberg


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TECNOLOGIA| LOGIC | www.backstage.com.br 46

X

LOGIC PRO

Vera Medina é produtora, cantora, compositora e professora de canto e produção de áudio

Com os recursos do Logic Pro X, é possível criar uma série de harmonias baseadas num vocal lead. Temos o Flex Pitch que, aliado a outras ferramentas, pode trazer um resultado rápido onde tenhamos que inserir pequenas partes de harmonias em vocais ou até mesmo frases longas. Independentemente do estilo musical, técnicas simples podem ser utilizadas.

Criando harmonias baseadas em vocais lead

C

om base em um arquivo de vocal solo, é possível criar uma harmonia com o uso do Flex Time. Vamos praticar passo a passo. Em uma track, importe o seu arquivo de vocal solo. Para isto, você pode arrastar o arquivo para a área de trabalho ou abrir o local onde está o arquivo, através do ícone Browsers > All Files (Figura 1). Em seguida, dupli-

Figura 1

que a track em que se encontra o vocal, utilizando o menu Track > Other > New Track with Duplicate Settings, ou o atalho Command + D (Figura 2). Depois clique sobre a track do vocal original pressionando a tecla Alt Option e arraste uma cópia do arquivo para a track duplicada. Agora você tem uma cópia da original. Nomeie esta nova track como “Backing Track 1”. Para que a região tenha o mes-

Figura 2

mo nome dado à track, utilize o menu Functions > Name Regions by Track Name (Figura 3). Habilite o modo Flex na barra de ferramentas e na track e escolha Flex Pitch (Figura 4). Clique duas vezes sobre a track para abrir o editor de áudio e em View escolha Show Local Inspector. Assim temos a visão dos controles de Pitch Correction (correção de altura), Gain (ganho) e Scale Quantize (quantização

Figura 3


Figura 4

Figura 5

da escala) (Figura 5). Uma dica é também abrir o Flex Pitch na trilha original e, com o Show Local Inspector ativado no editor de áudio, definir a escala em que se encontra a melodia no Scale Quantize e aplicar o Q. É importante verificar o resultado final para ver se não afetou muito o vocal original, pois é preciso manter a naturalidade, assim como a linha melódica correta. Em seguida, na Backing Track 1, é possível selecionar todas as notas e, com o mouse, descer uma terça. Mas para isso mantenha a Scale Quantize em off. Depois de descer a

terça, altere a Scale Quantize para a escala definida. Veja o resultado das duas tracks tocando simultaneamente e faça ajustes manuais. Neste momento, é importante utilizar o Pitch Correction para verificar ajustes pequenos na frequência e, portanto, obter um resultado mais consistente. Vamos agora criar uma 5a abaixo da nota original. Crie uma nova Backing Track começando da original, utilizando os mesmos passos que já fizemos. Duplique a track, renomeie-a, habilite o modo Flex Pitch e desça agora uma 5a. Coloque em Scale Quantize off e depois de descer a 5a, novamente volte para a escala definida. Você pode utilizar outra combinação de intervalos que faça sentido, de acordo com o tom da música e escala. Neste exemplo, eu desci a terça e quinta, mas poderia ter subido uma e descido a outra. Ou seja, teste de acordo com o que de-

Figura 6

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Para cada backing vocal utilizei o pan de aproximadamente + e – 30 em cada uma das tracks. Para um mix equilibrado, é interessante diminuir o volume de cada uma das trilhas de backing vocal, deixando o vocal solo em evidência.

Figura 7

Figura 8

seja ouvir no final. No exemplo da figura, coloquei todos os Pitch Corrections em 100% (Figura 6). Além de ajustar as notas, é possível ajustar o Formant Shift. Isso produz um resultado mais natural nas tracks de backing vocal. Você

” Figura 9

pode ajustar algumas notas somente, clicando no lado inferior direito de cada nota e alterar diretamente. Ou é possível alterar de uma vez só todas as notas da track. No caso do exemplo, utilizei 0,5 como ajuste do Formant Shift para as duas trilhas de backing vocal (Figura 7). Para cada backing vocal utilizei o pan de aproximadamente + e – 30 em cada uma das tracks. Para um mix equilibrado, é interessante diminuir o volume de cada uma das trilhas de backing vocal, deixando o vocal solo em evidência. O próximo passo consiste em utilizar um equalizador em cada uma das trilhas de backing para tirar o excesso de agudos ou graves. Utilizei o Channel Strip cortando agudos, pois no meu caso é um vocal feminino bem agudo. Isso fez com


Figura 10

Figura 12

Figura 11

que as formantes ficassem mais naturais. Em seguida, inseri um reverb no vocal solo de forma a criar uma ambiência para o conjunto. Durante todo esse processo, é necessário revisar o volume do mix das trilhas, ajustando quando necessário. Para o efeito que eu desejava, inseri também um Stereo Delay no vocal original, de forma bastante sutil, mas visando dar um maior corpo ao resultado final (Figura 8). Geralmente, neste estágio onde já tenho um resultado consistente com meu projeto, crio um Track Stack, ou seja, agrupo as trilhas para melhor controle e aplicação de efeitos finais. Isso pode ser feito escolhendo as trilhas que se deseja agrupar e depois selecionando no menu a opção Track > Create Track Stack (Figura 9). Neste caso, a escolha é de uma Summing Stack, visando mais a organização, criar um submix destas trilhas e inserir efeitos necessários (Figura 10). Neste grupo, apliquei um compres-

sor, utilizando o preset Studio Vocal (Figura 11). Ainda neste submix, apliquei também um Imaging > Spread (Figura 12). Anexo a esta matéria há um arquivo de projeto Harmonia Vocal onde utilizo um sample de pacote de loops royalty free para ilustrar na prática o que pode ser feito. Espero que você possa utilizar estas dicas de forma criativa e criar harmonias fantásticas. Até a próxima matéria!!!

Para saber online

vera.medina1@gmail.com www.veramedina.com.br

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RIO DAS OSTRAS O capítulo de superação das adversidades marcou mais uma etapa da histórica trajetória do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival. O encontro que acontece anualmente na bucólica cidade do norte do estado do Rio de Janeiro consolida a sua posição como um dos maiores festivais do gênero no mundo. Gustavo Victorino victorino@backstage.com.br Fotos: Divulgação

JAZZ & BLUES O

maior festival de jazz e blues da América Latina parece buscar forças onde ninguém mais acredita existir. Suntuoso, amado, diversificado, rico musical e culturalmente, o evento tem seu suporte nas dezenas de milhares de pessoas que acorrem à pequena cidade, cujo passado recente era uma modesta vila de pescadores. A edição de 2016 tinha tudo para apresentar um novo perfil face à crise que atinge a economia brasileira e a produção cultural do país. Novo calendário, recursos minguados, esforços redobra-

dos da produção e dos gestores do projeto, tudo isso antevia perdas inevitáveis. Mas o Rio das ostras jazz & Blues outra vez surpreendeu e se mostrou forte, emocional, vibrante, participativo, intenso e completo, como sempre. Músicos, técnicos, jornalistas, produtores e convidados estavam embalados por um sentimento de resgate e luta por um ideal: manter o Rio das Ostras Jazz & Blues no topo dos festivais mundiais do gênero. E conseguiram. Com uma programação enxuta e classuda, a edição 2016 manteve a pluralidade mu-


A FORÇA DO MAIOR

ENTRE OS MAIORES sical que caracteriza o evento e, como sempre, provocou explosões de alegria e contentamento intercalados por reverência respeitosa ao talento demonstrado nos palcos. E antes que alguém pergunte, tivemos lágrimas também. Quando o produtor Stênio Mattos, o pai do evento, subiu ao palco na última noite para agradecer a presença de dezenas de milhares de pessoas que fizeram mais uma vez o sucesso daquele encontro, vi olhos lacrimejando e até soluços

quando ele emocionado gritou: “Por causa de vocês, esse evento nunca vai acabar...”. Presente a todas as edições do festival e vendo o seu crescimento e a sua importância ganhando exponencial destaque inclusive na mídia internacional, confesso que nessa hora também balancei. Nos três palcos de Rio das Ostras, um time de artistas de primeira linha fez o público vibrar na praia da Costa Azul, na Lagoa do Iriry e na Praça de São Pedro, com apresen-

tações marcadas pelo virtuosismo e interatividade. Música de alta qualidade com o mais refinado componente do entretenimento. Como destaque, o show apoteótico da americana Deanna Bogart, acompanhada por uma superbanda liderada pelo nosso bluesman número 1, o guitarrista Big Joe Manfra. O time tinha ainda Cláudio Infante (que dispensa apresentações) e o sempre competente lefthand bass César Lago. Na canja, a maravilhosa Tarin Spilzman que

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Orquestra Kuarup

já merece um lugar entre as melhores no mundo do blues. Fazer Deanna voltar 3 vezes ao palco sob aplausos foi consequência natural para quem conhece o público de Rio das Ostras. Até a gringa se assustou, mas não foi a primeira e nem será a última a passar por isso no festival.

PROGRAMAÇÃO PALCO PRINCIPAL Praia da Costa Azul: 18 de novembro - Sexta •Onda de Sopro Big Band •Gilson Peranzzetta & Brass de Pina •Bocato Jazz Acid •Danny Vincent e Flávio Guimarães •Jamz com a cantora Izzy Gordon e o gaitista Jefferson Gonçalves 19 de novembro - Sábado •Orquestra Kuarup

Bob Stroger

Bocato Acid Jazz

•Wagner Tiso e Dudu Lima Trio com um tributo a Milton Nascimento •Bob Stroger & The Headcutters •Afro Jazz com Jesuton •Deanna Bogart & Big Joe Manfra Blues Band Além desses, mais de duas dezenas de espetáculos foram espalhados nos muitos espaços culturais do evento incluindo a bucólica Lagoa do Iriry e a praça de São Pedro, no coração da cidade. Novos talentos ou artistas com carrei-


Passada a correria do evento, Stenio Mattos publicou no Facebook do festival a nota abaixo, que diz tudo:

“OBRIGADO, OBRIGADO E OBRIGADOOOO!” “Muita alegria, emoção e paz!! Assim foi mais uma edição do Festival. Quero agradecer a todos vocês que atenderam aos nossos pedidos e nos ajudaram a não deixar cair este evento. Foi preciso adiar por duas vezes e por pouco quase foi cancelado, mesmo faltando apenas uma semana para data prevista para a realização, tamanha foi a dificuldade enfrentada pela Prefeitura e pela Produção. Montamos toda aquela estrutura em dois dias com todos ajudando, mas resistimos. Festival menor? Estrutura menor? Menos atrações? SIM! Mas fizemos, vencemos e levamos alegria para vocês e para a cidade de Rio das Ostras, tão abalada, como tantas outras no País, com esta crise que pegou em cheio a todos. Foi

Jamz e Izzy Gordon

Afrojazz

Jamz

Jesuton

Wagner Tiso e Dudu Lima

ras sólidas, todos estavam imbuídos de um único ideal, ou seja, fazer da crise e da falta de recursos um mero contratempo, que foi vencido pelo talento e pelo amor à música. Obrigado Rio das Ostras Jazz & Blues, nós amantes da música é que agradecemos por você existir. E como em todos os seus anos de vida, em 2017 a Backstage estará mais uma vez ao seu lado.

O realizador do festival: Stenio Mattos

emocionante ver todos felizes - público, comerciantes e moradores da cidade. Saibam que todos nós envolvidos no Festival vimos e sentimos que vocês não estavam ali com o olhar crítico, questionando falhas, atrações, mas sim colaborando, participando com alegria e entusiasmo. Vocês nos deram a certeza que apesar de todas as dificuldades, stress, falta de patrocínio, valeu a pena não ter desistido. Também tenho de parabenizar a equipe técnica que tenho o prazer de dirigir, Jerubal Matuzalem Liasch, Willian Da Costa (Bill), Beto Salles (Betinho), Carlos Ribeiro (Carlão), Mario Jorge Telles, meu amigo e irmão Cláudio, Claudinha, Teresa, Juliana, Andréa e Andréa Loureiro e meus irmãos Mafra e Jefferson. Todos os músicos que nos ajudaram e atenderam aos nossos pedidos de ajuda, vindo sem pestanejar, vocês foram fantásticos! Brilharam nos shows da Costa Azul e do Iriry. Inesquecível para mim! Quem duvidou e53 não foi, perdeu!!! Até ao próximo ano.”


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O agradecimento emocionado de Stenio Mattos ao final do evento

Tanto quanto o talento, a emoção foi a marca registrada da edição 2016 do Rio das Ostras Jazz & Blues... Cada artista deu mais do que a sua música, deu parte do seu coração para o evento

Taryn, Deanna Bogart e a Big Joe Manfra Blues Band

O super baterista Cláudio Infante

Lista de equipamentos Palco Costazul Iluminação: 1 – Avolites Pearl 2010 10 – Spot SGM Giott 400 8 – SGM Beam 300 24 – PAR Led 10W 10 – Elipsoidal Custon 25/50 com Iris e Faca 8- Mini brutt TP 3606 com 6 lâmpadas 2 – Máquinas de fumaça Antari Z3000 24 – lâmpadas PAR 4 – Rack Dimmer HPL com filtro de linha 2 – Rack Mail Power Estrutura: 1 – Grid de 10X9.50 em Q50 com 5 linhas no Sleeve e 6 metros de pé direito.

Sonorização: Line Array 32 – Caixas FZ J08A 12 - Caixas FZ J212A 24 - Caixas FZ 218ª Side Fill: 4 - FZ 112 / 4 - FZ 218 Monitores: 8 - MON. FZ 102 4 - MON. SM 400 1 – Sub de bateria de 18” FZ 218 Amps: 4 - LAB GRUPPEN 10000 2 - LAB GRUPPEN 6000 Console: 2 DIGI Profile


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EVE F-50Z E EVE TF-20 https://www.chauvetdj.com A Chauvet DJ também vem contribuindo para os novos equipamentos da serie EVE. O novíssimo EVE F-50Z é um Fresnel LED que brilha com bordas suaves, produz branco quente e tem características USB D-Fi compatíveis com controles DMX ou master/slave sem fio. O zoom manual permite flexibilidade para projetar de qualquer distância. Já o modelo EVE TF-20 é uma luminária LED compacta, com energia eficiente que pode funcionar como uma PAR, enquanto seu estilo clássico Fresnel simula iluminação de palco e de teatro. O TF-20 trabalha com dimmers convencionais, e é livre de flicker (flicker-free) em produções.

PLATINUM 1200 WASH www.elationlighting.com O equipamento é um moving head de cores LED brilhantes com LEDs RGBW multi-chips de 65W, fazendo do Platinum um dos wash light mais brilhantes do mercado. O Platinum 1200Wash produz cores lavadas com 1500W e abriga uma série de características profissionais como ângulo de 5° a 50° com zoom motorizado para controle de ângulo beam, variando de estreito para largo. O equipamento também vem com um preset de cores com temperaturas que variam de 2700 – 8000 que, combinado com a possibilidade de mituras de cores RGBW e a potente máquina de 19 LED de 65W, se torna uma luminária de extrema capacidade de projeções suaves a sombreamentos sobre qualquer superfície. Uma variedade de efeitos únicos também é possível conseguir usando o anel de controle, além de dimming linear com curvas selecionáveis de dimming e strobe de alta velocidade.

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VITRINE ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br

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Q5 E Q3 https://www.chauvetdj.com Outro recém-chegado ao mercado é o FX Array Q5, uma versátil e interessante quad-color LED wash que tem como característica um arranjo de LEDs RGB+UV que espalham a luz com efeito de eye candy bem brilhante. Os usuários que estiverem procurando uma opção diferente de bola de espelhos vão amar o novo Rotosphere Q3, um smulador de bola de espelhos com alta potência e quad-color LEDs. Três zonas de LED emitem e diferentes cores simultaneamente, e a rotação lenta cria uma atmosfera romântica.


DL7S www.robe.cz O DL7S Profile é o primeiro dispositivo DL a receber uma nova versão potente de 800W com sete cores LED para uma mistura de cores suaves sem precedentes, além de estáveis, e um CRI bastante elevado. Das cores mais profundas às mais claras, o DL7S oferece uma experiência rica dentro do espectro de cores e apresenta uma mistura de cores personalizada, escurecimento e uma operação perfeita, especialmente nos níveis mínimos de brilho. Quatro obturadores de enquadramento rápido dentro do caminho óptico são controláveis, individualmente, para posição e ângulo, e todo o módulo de enquadramento pode ser girado. Os frames podem ser usados em projeções, e é possível obter uma nova série de efeitos usando uma seleção pré-programada do obturador e sequências de movimento. Uma roda giratória de gobo, com seis posições, mais uma roda de gobo estática, com 8 gobos estáticos, podem ser combinadas com a roda da animação. Outros efeitos e características incluem frost variável, prisma rotativo e íris super rápido. Como em toda a gama de luminárias DL, a fonte de luz LED múltipla é completamente homogênea.

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A N M I F E S O I PRINCÍP

ILUMINAÇÃO

CÊNICA Cezar Galhart é técnico em eletrônica, produtor de eventos, baixista e professor dos Cursos de Eventos, Design de Interiores e Design Gráfico do Unicuritiba e pesquisador em Iluminação Cênica.

A história da Iluminação Cênica se confunde, em muitos capítulos, com a história do rock’n’roll. Algumas turnês se tornam referências e modelos, símbolos e paradigmas. O encerramento de alguns capítulos pode também representar a celebração da própria história, o que, em alguns casos, ocorre nas turnês de despedida de artistas e bandas consagradas.

N

a sua última passagem na América do Sul, com a turnê The End, a banda inglesa Black Sabbath proporcionou a realização de sonhos de milhares de fãs, e última oportunidade de reverência a essa banda. Quando se encerrar a última apresentação da atual turnê da banda inglesa Black Sabbath, programada para fevereiro de 2017, no Genting Arena, localizado na cidade onde tudo começou, em Birminghan, na Inglaterra, será finalizado também um importante e contundente capítulo da história do rock’n’roll. Fundada em 1968, foi originalmente formada por Tony Iommi nas guitarras, Geezer Butler no baixo (e principal letrista da banda), Ozzy Osbourne nos vocais e Bill Ward na bateria, com fortes influências do British Blues – principalmente da banda inglesa Cream – além de inspirações na Psicodelia, movimento efervescente naquele período.

Para esta derradeira turnê mundial, foi convocado um time de gênios na iluminação cênica e experts em suas funções, especificamente. O escritório Woodroffe-Bassett foi contratado para a direção de criação, que ficou a cargo de ninguém menos que Patrick Woodroffe, um dos mais brilhantes Lighting Designers de todos os tempos, com as contribuições do também Lighting Designer Terry Cook. A direção de iluminação ficou sob a responsabilidade de Michael Keller, LD que já havia trabalhado nas turnês solo de Ozzy Osbourne. A programação, irretocável, foi cuidadosamente desenvolvida por Eric Marchwinsk (que já programou turnês para Barbra Streisand, Pearl Jam, Bon Jovi, Beyonce, Soundgarden, Katy Perry, Taylor Swift, entre outros). No Brasil, a The End Tour passou por quatro capitais: Porto Alegre (no Esta-


Figura 1: Apresentação da banda inglesa Black Sabbath em Curitiba, na Pedreira Paulo Leminski - turnê “The End”, 30/11/2016. Fonte: Cezar Galhart / Divulgação

cionamento da FIERGS, no dia 28/11); Curitiba (na Pedreira Paulo Leminski, no dia 30/11); Rio de Janeiro (na Praça da Apoteose, no dia 4/12); e São Paulo (Estádio Cícero Pompeu de Toledo, no dia 04/12). Na capital gaúcha, a abertura teve a apresentação da banda Krisium, e em São Paulo, Doctor Pheabes. Nessas e nas outras duas cidades, a banda americana Rival Sons, que integra a turnê mundial fez a abertura oficial. Para esta conversa, uma análise para as percepções do show realizado em Curitiba-PR.

Significativamente, para tão relevante realização, princípios da iluminação cênica se distinguem expressivamente, em quatro principais aspectos: adaptabilidade, funções e regras, roteiro e mapeamento de palco. A adaptabilidade se torna um dos mais fascinantes princípios da iluminação cênica por ser o mais amplo e diversificado conceito, aplicado às dinâmicas que ocorrem, vinculadas ao espaço cênico, aos aspectos culturais dos locais visitados (e neles, pelas interações com todos os públicos – fãs, profissionais, cadeia produtiva e turística) e mesmo à performance dos músicos e elementos cênicos. Patrick Woodroffe é mestre nesse quesito (e em todos os demais). Para uma turnê com mais de oitenta shows programados, todas essas variáveis se somam, na obtenção dos melhores resultados. Para uma banda com mais de 45 anos de história, e com

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Projetar na iluminação cênica requer amplo conhecimento sobre as luminárias, com suas principais funções, e regras – aqui, também no sentido mais amplo, relacionado às características técnicas como questões de segurança.

Figura 3: Apresentação da banda inglesa Black Sabbath em Curitiba, na Pedreira Paulo Leminski - turnê “The End”, 30/11/2016. Fonte: Cezar Galhart / Divulgação

fãs espalhados em todos os continentes, o dimensionamento da turnê envolve particularidades de todos os aspectos citados, respeitadas as diferenças e necessidades de cada cultura. Projetar na iluminação cênica requer amplo conhecimento sobre as luminárias, com suas principais funções, e regras – aqui, também no sentido mais amplo, relacionado às características técnicas como questões de segurança. Como exemplo, shows com elementos pirotécnicos, por exemplo, devem observar não somente as condições locais de utilização como as normas/legislação pertinente para esses recursos. Para um roteiro conhecido, nada mais emblemático que as surpresas proporcionadas pela iluminação cênica. Mesmo que todo o projeto tenha a sua configuração de instrumentos programada de maneira absoluta, a operação sincronizada ainda permitirá variações e sutilezas, tornando cada apresentação única. Terry Cook faz isso com maestria, proporcionando variações com sensibilidade e criatividade. Como último princípio destacado, o mapeamento do palco para uma banda tão representativa. Especificamente

para o Black Sabbath, momentos inusitados são esperados de Ozzy Osbourne – como realmente ocorreram em Curitiba. Mas, de maneira mais categórica, o delineamento geométrico nas delimitações do palco permite a previsibilidade para as improvisações, e as alternativas para os imprevistos. Precisamente às 21 horas iniciava-se aquela que seria a primeira e última apresentação da banda Black Sabbath em Curitiba. Uma animação apocalíptica projetada nas telas antecederia a entrada dos músicos - nessa turnê, também fazem parte da banda, além de Tony Iommi, Geezer Butler e Ozzy Osbourne, os músicos Tommy Clufetos (Alice Cooper, Rob Zombie e John 5) na bateria e Adam Wakeman (headspace, Wakeman & Wakeman, Ozzy Osbourne, Annie Lennox, Travis), nos teclados e guitarra base. Com essa formação, a banda tem executado em cada show dessa turnê de treze a quatorze canções, de fato, hinos que consagraram essa como uma das mais impactantes no estilo. Como exemplo clássico disso, a abertura do show, ‘Black Sabbath’ (canção que abre o álbum homônimo, de 1970), e referência essenci-


Figura 4: Apresentação da banda inglesa Black Sabbath em Curitiba, na Pedreira Paulo Leminski turnê “The End”, 30/11/2016. Fonte: Cezar Galhart / Divulgação

al para a compreensão do heavy metal. Na iluminação, cores análogas, do âmbar para o vermelho, e deste para o violeta, eram projetadas pelos moving lights, e alternavam-se com os blinders, até o interlude/solo com predominância de fachos perpendiculares em tons azuis e ciano. Na segunda canção, Fairies Wear Boots (Paranoid, 1970), intervenções psicodélicas na iluminação e nos efeitos de vídeo que intercalavam as imagens dos músicos - captadas em IMAG e projetadas no palco e nas telas laterais -, em detalhes. Novamente, combinações análogas, mas em tons mais ‘frios’. Na sequência, em After Forever (Master Of Reality, 1971), enquanto a projeção de explosões (vídeo) causava euforia, sutis combinações de cores complementares proporcionavam o equilíbrio adequado pela predominância de azuis, inclusive no solo de guitarra. Em Into The Void (Master Of Reality, 1971), padrões simétricos e inicialmente estáticos, do branco para o âmbar, e dessa cor para o

azul cobalto, forneciam as texturas e formas para um andamento envolvente e dinâmico. Na quinta canção, Snowblind (“Vol. 4”, 1972), predominância de fachos intensos e definidos, em uplighting e downlighting, formando colunas e camadas densas e marcantes. Na sequência, War Pigs (Paranoid,

1970), cenas estáticas e acentuadas, monocromáticas e profundas, proporcionavam o ‘clima’ propício para o desenvolvimento dessa canção, pautada em uma filosofia de distanciamento e questionamento sobre as guerras (também com simulações sonoras e visuais, na evolução da canção). Para N.I.B. (Black Sabbath, 1970), sétima canção, spotlights direcionados ao discreto e magistral Geezer Butler, com um solo inicial (intitulado Bassically), culminando na introdução de uma das mais memoráveis canções da banda. Fachos simétricos e dinâmicos nos versos; azuis estáticos e intensos no refrão. Em Iron Man (Paranoid, 1970), spotlights enfatizavam as notas iniciais de Tony Iommi e os acordes iniciais, com destaque para os quatro músicos que se posicionavam no palco. Cores dominantes se alternavam, do azul para o vermelho, com efeitos de explosões nos vídeos, principalmente no riff principal que antecedia cada verso. Importante destacar também a presença de tríades (cores, formas, agrupamentos de fachos) e ele-

Figura 5: Apresentação da banda inglesa Black Sabbath em Curitiba, na Pedreira Paulo Leminski turnê “The End”, 30/11/2016. Fonte: Cezar Galhart / Diagramação

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Fig.6: Apresentação da banda inglesa Black Sabbath em Curitiba, na Pedreira Paulo Leminski - turnê “The End”, 30/11/2016. Fonte: Cezar Galhart / Divulgação

mentos cruciformes, presentes e recorrentes em todo o show. Para Dirty Women (Technical Ecstasy, 1976), fachos condensados em downlighting preenchiam o palco, emoldurando e amplificando as dimensões e proporções. Para en-

Na projeção, efeitos transformavam as imagens captadas em representações impressionistas, em pontilhismo, (...) em animações monocromáticas.

cerrar o primeiro ato, Children Of The Grave (Master of Reality, 1971), com marcações e dinâmicas diversificadas, tanto nas formas como nas cores, e blinders tonificando as divisões rítmicas como se executassem staccatos duplos. Na projeção, efeitos transformavam as imagens captadas em representações

impressionistas, em pontilhismo, também complementadas com imagens fúnebres, em animações monocromáticas. No bis, e como tem sido em praticamente todos os shows da turnê, Paranoid (segunda canção do álbum homônimo, 1970), clássico da banda, com sequências frenéticas, e utilização de todos os instrumentos de iluminação, em uma maior diversificação de cenas, efeitos e recursos, para um encerramento apoteótico, em celebração a uma trajetória ímpar. Nessa despedida, evidencia-se a precisão e profissionalismo de uma banda edificante e essencial para a compreensão da história do rock’n’roll. Mais que isso, momentos memoráveis e inesquecíveis, compartilhados por todos os expectadores, testemunhas de uma história que se encerra em um capítulo ainda aberto, repleto de gratidão e aplausos, iluminado solenemente com alegria e muitas emoções. Abraços a todos!!!

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receber hóspedes e visitantes em busca daquele remanso. Saído subitamente de sua letargia profissional, ele aprumou-se, sorriu e respondeu, carregando no sotaque e no orgulho regional: - Mas é o rio de Ondas, moço! Ah, o rio de Ondas. Nunca tinha eu ouvido falar dele, apesar das muitas lições fluviais que tomara do Guarabyra, meu barranqueiríssimo e baianésimo parceiro. Onde se escondera de mim por tanto tempo esse riozinho caprichoso, com sua tranquila formosura? Certamente estava ali há milhares de anos, doce e impávido. Mas apesar de já ter batido muita perna e pneu pelo oeste baiano, eu nunca passara por aquelas paragens, saído de Luiz Eduardo Magalhães, onde nos apresentáramos na véspera, e quase chegando a Barreiras, onde pegaria mais tarde meu voo de volta a casa.

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QUE RIO É ESSE?

É O RIO

DE ONDAS...

EU E MEUS RIOS

Q

ue rio é esse? – perguntei, chegando à varanda da sala de refeições daquele hotel na beira da BR-020, de onde descortinei aquela paisagem de cartão-postal: um rio preguiçoso e límpido, transparente, meio que encachoeirado, de largura suficiente para seu encanto, sussurrante, que conseguia estar cercado ainda de suas preciosas matas ciliares em pleno Anel da Soja baiano. Um oásis naquele pedaço de cerrado, rasgando a monótona paisagem tomada pelas plantações sem fim. - Como se chama esse rio? – insisti, virando-me de frente para o garçom. Ele me olhava meio aéreo, esperando – por força do hábito – que eu fizesse um pedido e não uma pergunta tão óbvia, já que todos os que chegavam àquele lugar já deveriam saber onde estavam. O restaurante-hotel parecia mesmo estrategicamente colocado naquela meia curva, acostumado decerto a

- É limpo? – questionei, paranoico de defensivos agrícolas e esgotos que sou. O garçom pareceu atingido por um míssil e defendeu o rio, o estabelecimento e seu emprego com uma só incisiva e poderosa frase: - Cumé que não, moço! Pode até beber dele... Fui lá afinal sentar na cabeceira da nossa longa mesa, presidindo involuntariamente aquele momento de descanso e prazer que nós, músicos, costumamos curtir quando conseguimos parar sem pressa em algum lugar ao lado dos companheiros de banda e técnica. Assim reunidos, podemos jogar conversa dentro e fora, falar sobre o show da véspera, zoar quem errou algum detalhe, elogiar o desempenho de um e outro. Somos uma turma bem unida e nos divertimos muito juntos. Mas meu coração não estava mais ali, eu perdia assuntos e respostas olhando, hipnotizado, o correr majestoso do rio de On-


LUIZCARLOSSA@UOL.COM.BR | LUIZCARLOSSA.BLOGSPOT.COM sacaram dois ou três tímidos celulares, aos gritos de estímulo: - Aê, Sá! - Tá bom aí? - Olha pra cá! Mas eu apenas imaginava ouvir isso, porque já estava imerso em líquidos, no bom sentido. Saído daqueles trinta e dois ou trinta e três graus do cerrado baiano, entreguei-me feliz à mãe-d’água de plantão que se dispusesse a me levar embora, corrente abaixo. Nadei, espadanei e quando me levantei era um ser diferente daquele que tinha deixado seu destino ao sabor do rio de Ondas, antes mesmo do almoço, antes mesmo de pensar

das. Seu som se sobrepunha à zoeira alegre da mesa. De chofre, tomei a decisão e cutuquei o motorista do nosso ônibus, sentado à minha esquerda: - Abre lá pra mim. Preciso pegar uma coisa. Ele esperou pacientemente na escadinha enquanto eu escarafunchava minha mala, achava minha sunga (como bom carioca, jamais me separo dela, seja pelo doce ou pelo salgado) e saía já vestido a caráter rumo ao rio. Nada deteria minha marcha batida e decidida! Passei pelo pequeno cais e me atirei à água, seguido pelos olhos dos meus companheiros, que depois de um momento de surpresa e dúvida,

em outra coisa senão virar um peixe. Quase meia hora depois resignei-me a sair da água e só então enxuguei-me, vesti-me e sentei para comer. Pude ver nos sorrisos de meus amigos pontas de boa inveja ou sincera admiração, esta última sem entender porque, já que qualquer um deles poderia ter feito o mesmo que eu. Talvez falta de sunga. Por isso jamais deixo a minha em casa. Lá pras onze da noite, já no lar, doce lar, abracei e beijei minha mulher e meu filho, deixando que eles sentissem em mim a textura das pedras, a maciez da espuma e o suave carinho da corrente do rio de Ondas.

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