Edição 269 - Abril 2017

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Sumário Ano. 23 - abril / 2017 - Nº 269

Novos ventos sopram na AES Brasil

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A Colaboração da AES com a Sociedade de Engenharia e Televisão aumentará o número de estandes e eventos disponíveis para os profissionais de áudio, iluminação e vídeo para eventos ao vivo. Em 2017 o encontro da AES Brasil e SET acontece em agosto, entre os dias 21 e 24.

NESTA EDIÇÃO

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O novo sistema de som, da L-Acoustics, não foi a única novidade no Sambódromo do Rio de Janeiro. O carnaval entrou de vez na era tecnológica e digital e antigos cabos que percorriam a avenida junto com as escolas de samba estão com seus dias contados. O sistema de transmissão por RF utilizado nos desfiles de 2017 mostra que é possível ter soluções em áudio para antigos problemas.

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Vitrine A Serie JBL PRX800W é a mais avançada linha de PA da sua classe. A tecnologia Wi-Fi e o sofisticado DSP proporcionam um completo controle sobre o sistema de sintonização e performance.

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Rápidas e Rasteiras A Chauvet & Sons LLC anunciou a aquisição da ChamSys Ltd., empresa especializada em manufatura de produtos e controle de iluminação, e Yamaha é distribuidora exclusiva da König & Meyer no Brasil.

16 Gustavo Victorino Confira as notícias mais quentes dos bastidores do mercado.

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Gigplace Ainda mostrando os bastidores do mercado do entretenimento iniciamos este novo ano com a entrevista de Victor Vaughan.

46 Projeto Sinergy O Synergy System é o sistema integrado de teclados do artista, músico e aficionado por teclas Marcio Buzelin, do Jota Quest. A banda sempre inovou quando o assunto é tecnologia e não seria diferente no item sistemas integrados de teclado.

54 Play Rec O pianista, cantora, compositora e arranjadora Eliane Elias lança CD e álbum digital, Dance Of Time. A cantora, radicada nos Estados Unidos e vencedora do Grammy de “Melhor Álbum Latino de Jazz”, retorna ao seu país neste novo projeto, que é um tributo ao samba.

64 Vida de Artista Para um garoto-zona-norte como eu, no Rio de 1968, mudar para a Zona Sul equivalia a um choque cultural completo. Ali, a duas quadras do meu apê, desabrocharam as dunas da Gal, consagradas à sua escultural Musa Maior. Como não podíamos protestar na devida medida, resistíamos mais ou menos à la Gandhi.


Expediente

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Vencendo a crise

Mesmo com a crise econômica paralisando o Brasil, o evento foi um sucesso e garantiu bons negócios. Cerca de 120 lojistas de todo o Brasil uniram lazer e negociações em um único encontro num espaço confortável e descontraído com grandes marcas do setor de instrumentos musicais.

CADERNO ILUMINAÇÃO 56 Vitrine iluminação A Elation apresenta a Fuze™ Series™, modelos de luminárias coloridas LED efeito wash e zoom. Com um campo de luz extremamente homogenizador e uma única fonte de luz fazendo parecer que tudo é apenas uma cor, em vez de LED individuais.

Diretor Nelson Cardoso nelson@backstage.com.br Gerente administrativa Stella Walliter stella@backstage.com.br Financeiro adm@backstage.com.br Coordenadora de redação Danielli Marinho redacao@backstage.com.br Revisão Danielli Marinho Reportagem: Danielli Marinho, Miguel Sá Cezar Galhart, Cristiano Moura, Gustavo Victorino, Jorge Pescara, Lika Meinberg, Luiz Carlos Sá, Marcello Dalla, Ricardo Mendes e Vera Medina Edição de Arte / Diagramação Leandro J. Nazário arte@backstage.com.br Projeto Gráfico / Capa Leandro J. Nazário Foto: Tata Barreto / Riotur / Divulgação Publicidade / Anúncios PABX: (21) 3627-7945 arte@backstage.com.br Webdesigner / Multimídia Leonardo C. Costa multimidia@backstage.com.br Assinaturas Maristella Alves PABX: (21) 3627-7945 assinaturas@backstage.com.br Coordenador de Circulação Ernani Matos ernani@backstage.com.br Assistente de Circulação Adilson Santiago Crítica broncalivre@backstage.com.br Backstage é uma publicação da editora H.Sheldon Serviços de Marketing Ltda. Rua Iriquitiá, 392 - Taquara - Jacarepaguá Rio de Janeiro -RJ - CEP: 22730-150 Tel./fax:(21) 3627-7945 / 2440-4549 CNPJ. 29.418.852/0001-85 Os artigos e matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. É permitida a reprodução desde que seja citada a fonte e que nos seja enviada cópia do material. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios veiculados.

58 Iluminação cênica A evolução tecnológica dos equipamentos, instrumentos e dispositivos proporcionou uma condição de protagonismo à iluminação cênica, de modo a evidenciar as contribuições da luz aos shows e espetáculos.


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CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br

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A água sempre contorna a pedra

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s recentes grandes shows e festivais que aconteceram ou que estão prestes a acontecer no Brasil são indicativos de que o mercado de entretenimento continua aquecido. Alheios à crise que se instalou no país, os fãs andam dando um jeito de pagar por valores de ingressos que chegam a quase 4 dígitos para terem uma noite de diversão com seus ídolos. O sucesso do Lollapalooza, que ficou mais caro este ano, e a corrida para a compra de ingressos para o Rock in Rio, são exemplos emblemáticos. Na contramão dessa pujança, o outro mercado, que abastece o de entretenimento, responsável por fazer chegar ao mercado os equipamentos, ainda amarga resultados negativos e enfrenta o encolhimento. Lojas ainda vêm sendo fechadas, marcas compradas por outras, e perspectiva de crescimento postergada. Nesse cenário que parece desequilibrado, devemos observar o que nos ensina a história econômica do país. Se não há bons tempos que durem para sempre, também não há crise que nunca passe. É bom lembrar que grandes companhias estrangeiras continuam de olho no movimento do nosso setor, algumas até mesmo já se instalando por aqui. De onde surge o interesse de grandes companhias pelo Brasil? O paradoxo “crise versus investimento” parece se concretizar por aqui. A resposta que poderia explicar esse fenômeno talvez se enquadre naquele ensinamento do marketing, de que é preciso aparecer para ser visto e lembrado. E ser lembrado por milhões de pessoas, onde a maioria constitui um mercado com demandas reprimidas, é uma boa estratégia para quem acredita em investimento a longo prazo. Outro fator que se observa quanto a essa necessidade de sobrevivência é o movimento próprio do mercado em encontrar soluções onde não há. Como a água que contorna a pedra, a criatividade se faz presente e acaba inovando ideias engessadas, e instalando novas soluções para suprir os desejos do mercado e consumidores. Dessa forma, ficar parado enquanto a crise perdura por aqui pode não ser uma boa estratégia. O ideal é mudar de ângulo e perspectiva, a fim de encontrar um novo horizonte, que sabe mais próspero. Boa leitura! Danielli Marinho

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www.harman.com.br A Serie JBL PRX800W é a mais avançada linha de PA da sua classe e chega ao Brasil para manter o sucesso da linha PRX700. A tecnologia Wi-Fi e o sofisticado DSP proporcionam um completo controle sobre o sistema de sintonização e performance, via o aplicativo PRX Connect. Um eficiente amplificador de 1500W, classe D e tecnologia JBL Differential Drive fornecem a melhor potência e peso reduzido. As caixas robustas de madeira oferecem um painel de entrada redesenhado e uma fonte de energia universal, para fácil uso e operação segura em todo o mundo. Projetada para entregar o lendário som JBL para bandas, DJs e outras aplicações ao vivo, a Serie PRX800W representa a próxima geração em um reforço de som ao vivo inteligente.

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PRX 800W SERIES

CONTROL PANEL DESKTOP www.antelopeaudio.com O fabricante de equipamentos de áudio profissional Antelope Audio anuncia a disponibilidade de atualizações gratuitas do software de desktop do Painel de Controle para seu Zen Studio +, Orion32 HD, Orion Studio, Goliath, Zen Tour, e Orion 32 + interfaces de áudio pro - incluindo um allnew Session Presets para a funcionalidade de gravação de sessão completa, permitindo que qualquer pessoa. O seu incrivelmente versátil roteamento, mixagem e hardware de efeitos de processamento com capacidades para salvar, carregar e compartilhar qualquer roteamento, mixar, obter níveis de préganho de microfone, ajustes de entrada e saída, e até pan ou redimensionamento das configurações.

MB3 & BB6 www.pmc-speakers.com/products/professional/active Desenvolvido em resposta às necessidades dos profissionais da indústria, produtores e engenheiros, os novos alto-falantes ativos da linha de transmissão avançada MB3 e BB6 da PMC são projetados especificamente para criação e produção de música. Estes monitores de alta resolução estão disponíveis nas versões single ou twin-cabinet (XBD). Eles têm entradas digitais e analógicas e indicados para uso independente ou em aplicações de gravação, mixagem, masterização e transmissão externa. Ambos atendem resposta de baixa frequência sem esforço, ampla faixa dinâmica, som não-fatigante e extrema precisão tonal e consistência. As MB3 e BB6 combinam esses atributos com a última geração de drivers da PMC, além de DSP de ponta inteligentemente aplicado em projetos de gabinete reestruturados para melhorar a imagem e dispersão.


PSM300 https://br.shure.com/ O PSM300, sistema de Monitor Pessoal Estéreo, é a solução perfeita para quem busca um sistema de monitor in-ear com qualidade profissional e toda a confiabilidade da transmissão sem fio que a Shure oferece. Com áudio digital de 24 bits, o PSM300 oferece clareza e definição na mesma qualidade que sistemas de in-ear top de linha como PSM900 e PSM1000.Recursos como escaneamento de frequências, sincronismo via infravermelho e bateria recarregável facilitam e agilizam a montagem e configuração nos mais variados palcos. A transmissão de RF estável e robusta em 30mW opera em 24MHz do espectro de frequência, o que permite o uso de até 13 unidades simultâneas do PSM300, cobrindo as necessidades de uma banda pequena ou média. Disponível em duas versões – uma com receptor em ABS e fones Shure SE112 e outra com receptor em metal e fones Shure SE215, o PSM300 é a solução ideal para quem busca qualidade de áudio, transmissão robusta e uma série de outros recursos a preço competitivo.

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LEE SKLAR

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www.warwick.de “Lee Sklar” (Leland Sklar) tem sido endorser da Warwick por algum tempo e tem tocado com um Warbuilt StarBass Custom Shop Masterbuilt Modelo. Ano passado, trabalhou com Marcus Spangler (R&D / Research & Design em Warwick) em seu próprio modelo de baixo e a versão final foi apresentada em Los Angeles. O Warwick Masterbuilt Sklar Bass I é baseado no Starbass II Doublecut, e apresenta alguns detalhes especiais que Lee Sklar escolheu para seu modelo de assinatura. O corpo é, por exemplo, feito inteiramente de madeira sólida em vez de madeira laminada. A parte traseira do corpo é feita de mogno, com um AAA Flamed Maple Top com ergonomia especial para o braço. O pescoço é também feito de Maple Flambado, com AAA Flamed Maple Top Matching Headstock. Os coletores MEC Vintage monocomando ativos são controlados por uma eletrônica MEC ativa. Um switch produtor completa, de acordo com desejo de Lee Sklar, as possibilidades deste fantástico instrumento. https://www.youtube.com/watch?v=QpCEPQwt9Xk

SG 18 1200 http://www.taigar.com.br Em busca de um alto desempenho e timbres incomparáveis, a TAIGAR SYSTEM investiu anos de pesquisa em campo sempre com o objetivo de obter um subwoofer de caraterísticas perfeitas em relação à pressão sonora, nitidez e durabilidade. Assim surgiu o componente de melhor performance da família de transdutores “SG”. Com 18”, 1200 Watts RMS em 8 ohms, o SG 18 1200 vem criando repercussão no cenário dos grandes shows nacionais, devido a sua extrema confiabilidade e qualidade comprovada por diversas empresas e técnicos de sonorização.


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RÁPIDAS & RASTEIRAS | www.backstage.com.br 14

Yamaha Musical do Brasil apresenta novo site

A Yamaha Musical apresentou no dia 14 de março o novo site da empresa no país. A plataforma http:/ /www.yamaha.com.br possui um design mais moderno, dinâmico e responsivo a qualquer dispositivo e foi reformulada para facilitar a

navegação em todos os dispositivos. O site brasileiro segue o modelo das páginas internacionais da empresa, com os produtos e os projetos da marca em destaque na página, facilitando a navegação e o acesso às informações.

Robe no Oriente Médio

AL ISTEKLAL IAC-QATAR é uma empresa de locação e produção técnica baseada no Qatar, no Oriente Médio que adquiriu para seu estoque nada menos que 148 moving lights da Robe. Fundada em 2004 para atender ao mercado premium de iluminação, som e so-

luções AV, além de palco, treliças e rigging, a companhia atende uma variada cartela de clientes do mercado Qatari, incluindo shows, festivais, eventos ao vivo, espetáculos, trabalho para TV e produções teatrais, bem como também eventos corporativos.

Prolight+Sound Guangzhou A 15a edição da Prolight + Sound Guangzhou superou as expectativas do setor com um público de mais de 73 mil visitantes, um aumento de 8,1% em relação a 2016. Os 1.250 expositores apresenta-

ram uma enorme variedade de novos produtos nas áreas de pro audio e iluminação, em uma área total de 130 mil metros quadrados, 13 espaços temáticos e uma área expandida chamada Y Channel.

PLANET HEMP NAS PLATAFORMAS DIGITAIS A Sony Music lançou nas plataformas digitais os três álbuns de estúdio da carreira do grupo de raprock Planet Hemp. Disponíveis pela primeira vez para streaming e download, Usuário, Os Cães Ladram Mas A Caravana Não Pára e A Invasão do Sagaz Homem Fumaça foram lançados originalmente entre 1995 e 2000 e incluíram hits como Legalize Já, Queimando Tudo e Ex-Quadrilha da Fumaça. Os trabalhos de estúdio da banda se juntam ao álbum MTV Ao Vivo: Planet Hemp, de 2001, que chegou ao digital em novembro.

CHAUVET ADQUIRE A CHAMSYS A Chauvet & Sons LLC anunciou a aquisição da ChamSys Ltd., empresa especializada em manufatura de produtos e controle de iluminação. A ChamSys proporciona à Chauvet uma forte presença no mercado de controladoras, complementando a produção de equipamentos e paineis de vídeo da Chauvet Professional.

YAMAHA É DISTRIBUIDORA EXCLUSIVA DA KÖNIG & MEYER NO BRASIL A marca alemã reconhecida mundialmente agora tem seus produtos distribuídos no país pela Yamaha. Entre os itens que serão comercializados com exclusividade estão estantes para teclados, guitarras ou violão, microfone, entre outros itens. De acordo com André Barone, subgerente de marketing da Yamaha, esta será uma excelente parceria com acessórios que complementam e agregam ao portfólio que já é comercializado pela marca japonesa. Mais informações sobre os revendedores autorizados Yamaha podem ser encontradas no novo site da empresa: www.yamaha.com.br


Shure terá cursos online online e gratuitos

A Shure acabou de anunciar seus cursos online de áudio e tecnologia para o mês de abril, que acontecem todas as sextas feiras, às 10 horas, horário

de Brasília, e são ministrados por Fernando Fortes e Didiê Cunha. As aulas são uma oportunidade para aprender, ensinar e trocar experiên-

cias sobre os assuntos abordados com pessoas de todo mundo. Os participantes poderão ver, ouvir e interagir com o palestrante durante o encontro, sendo possível visualizar os slides de uma apresentação e a demonstração de um programa. O objetivo é facilitar o contato com distribuidores, revendedores, consumidores finais e interessados do setor de música e áudio. Para participar, basta se cadastrar no site da www.shurebrasil.com no campo Curso Online. Os interessados podem escolher entre as áreas de Música, Pro Áudio ou Som instalado, ou as três categorias. Para o mês de abril os temas são: •Wireless Workbench: Nivel 1 – dia 7/ abril; •Wireless Workbench: Nivel 2 – dia 21/ abril •Fundamentos de Microfones: Dia 28/ abril

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GUSTAVO VICTORINO | www.backstage.com.br 16

tranhas ou desconhecidas. Imagino o que devem achar do nosso país...

ESPAÇO

Aos poucos a internet aumenta o estrago nas vendas físicas das lojas. A diferença acentuada de preços faz com que o mundo virtual passe a concentrar o fechamento da operação final de compra. Cada vez mais, as lojas se transformam em showroom ou mostruário onde o consumidor conhece o produto e corre para casa para adquirir um igual pela internet, com preços de podem chegar a quase 30% mais em conta.

REFLEXÃO Ouvi de um alto executivo de multinacional instalada no Brasil... “As grandes empresas de abrangência mundial não tomam conhecimento das crises locais, isso não é problema delas... Se forem se preocupar com os problemas de cada país, ficaria inviável adotar qualquer estratégia de gestão global. Eles querem resultados e se eles não aparecem, mudam... ou se mudam”. Não revelo o nome a pedido do próprio executivo, mas isso explica porque muita gente anda perdendo o sono.

O fechamento de dezenas de lojas de equipamentos pelo país trouxe um novo componente que ainda precisa ser melhor avaliado por importadores e fabricantes. Lojistas tradicionais e com gordura suficiente para resistir aos maus ventos reduziram suas operações, mas em sua grande maioria mantiveram suas portas abertas. Os pequenos lojistas que sobreviveram estão trabalhando com estoque muito baixo e na prática usando os estoques dos próprios fornecedores. Com essa realidade, a margem de negociação entre as partes se estreitou pelo achatamento da concorrência no varejo. Produto que quiser espaço, agora terá que conquistá-lo, e os lojistas sabem disso.

SEM LIMITE Depois da falsificação de instrumentos e equipamentos de marca famosas, surge agora uma nova modalidade nessa sacanagem: a falsificação de cordas. Algumas grifes de cordas consagradas já identificaram a malandragem e alertam seus consumidores. Tem corda vagabunda dentro de embalagem famosa sendo vendida a 3 dólares.

TENDÊNCIA EXIGÊNCIA Artista internacional quando vem ao Brasil abusa de exigências também como uma forma de “valorizar” o seu status. O grupo de heavy metal Metallica, no entanto, dessa vez se superou. Os rapazes exigiram a compra de uma máquina de lavar e secar roupas nova, lacrada e exclusiva que foi instalada no quarto de um deles para que pudessem lavar pessoalmente as suas roupas sem o risco de misturar com as de pessoas es-

Se não é falta de talento ou atipicidade, confesso que estranho as vozes masculinas de sucesso estarem cada vez mais finas e tonicamente altas. Estrelas da música pop como Bruno Mars, Ed Sheeran e Jason Mraz, são apenas alguns exemplos que dominam atualmente as paradas de sucessos e têm vozes bem diferentes no tocante a frequência média de seus registros. Vozes graves e imponentes parecem ter perdido mercado para gritinhos e vozes quase afeminadas


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de cantores que hoje lideram a preferência dos jovens.

FIM INEVITÁVEL Está decidido, a marca Selenium vai desaparecer. A ideia de associar a histórica marca gaúcha de altofalantes a produtos voltados ao mercado automotivo não vingou. A Harman, detentora da marca, e o Grupo Samsung vão lentamente fazer desaparecer os produtos da logo laranja. Com a palavra os especialistas em marketing e trade mark.

PERGUNTINHA Esses sindicatos que infernizam as empresas e os contratantes prestam contas a alguém sobre os milhões que arrecadam baseados e amparados na legislação jurássica e corporativista do Brasil? Com a palavra o Ministério Público Federal.

DE VOLTA PARA O PASSADO Os muambeiros estão de volta e o sul e sudeste parecem ser a porta de entrada. De forma cada vez mais escancarada, equipamentos e instrumentos novos já são oferecidos em sites de vendas e trocas pelo mesmo preço das lojas nos EUA.

maior encontro da música brasileira acontece novamente em Porto Alegre entre os dias 15 e 18 de outubro nos salões do Hotel Plaza São Rafael, na capital gaúcha. O evento terá ainda nos 10 dias que antecedem o encontro nacional, uma extensa programação com dezenas de shows gratuitos espalhados pela cidade e recepcionando todos os estilos musicais.

ENSINO MUSICAL A retomada do ensino musical nas escolas depois de décadas de ausência ainda não mostra sinais significativos no processo de cognição artística dos nossos jovens. É cedo e ainda insipiente a participação desse conteúdo nos currículos de base. Segundo o ranking da OEA, o Brasil ocupa o último lugar em educação nas Américas, ao lado do Suriname. Isso explica em parte os nossos eleitos e isso certamente não será alterado apenas pela introdução da música em nossas escolas.

MUDANÇA? A Lei Rouanet mudou, o oportunismo e a politicagem com ela não...

CONFIRMADA A Festa Nacional da Música 2017 já tem data e local confirmados. O

HIPOCRISIA A luta pela abertura de cassinos no Brasil tem a torcida de milhares de profissionais ligados a música e ao áudio em geral. Como único país das Américas onde o jogo é proibido, o Brasil negligencia a geração de milhares de empregos diretos e indiretos, além da geração de impostos que aliviariam a grave situação de estados e municípios. Tudo isso em nome de uma tutela totalitarista e idiota apoiada pelas igrejas pentecostais que enxergam nisso uma brutal concorrência na arte de tirar dinheiro de incautos.

NOVIDADE MUSICAL Ronaldinho Gaúcho,, apoiado e orientado pelo amigo Wesley Safadão, deu a largada na sua carreira como cantor. E ninguém chamou a polícia...

PERGUNTINHA Para transmitir eventos musicais os apresentadores precisam ser infantilóides ou bobocas?

ORIGENS Depois da constatação de que o sertanojo brasileiro nasceu das inacreditáveis guarânias paraguaias, vem essa tal de sofrência para nos trazer o resgate dos velhos boleros para cornos deprimidos. Tá difícil...

que inserem linhas de baixo a partir da harmonia de qualquer instrumento de base”. O músico reclama da crescente desvalorização do instrumento e da falta de novidades no segmento. Respeitosamente, me permito discordar...

EM EXTINÇÃO O baixista do lendário grupo Duran Duran, John Taylor, foi duro quando perguntado sobre o futuro do seu instrumento na música pop. Segundo ele, a tecnologia está acabando com os baixistas. “Eles aparecem cada vez menos nos palcos e nas gravações por conta dos modernos programas de computador

CUSTO BRASIL Entreouvido em SP: “Alô, por favor, gostaria de cancelar o pedido que fiz ontem aí na loja... encontrei mais barato na internet...” E vem a reposta fulminante: “Não tem problema, eu cubro o preço, mas sem nota”. Parabéns senhores governantes e amebas políticas dominantes, a ganância de vocês ignorou a “Curva de Laffer” e hoje faz com que a sonegação seja uma necessidade extrema na busca pela sobrevivência.

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ESPAÇO GIGPLACE | www.backstage.com.br 18

Profissões do

‘backstage’ V I C T O R

V A U G H A N

T É C N I C O D E PA E P R O D U T O R Estamos de volta e nada melhor do que uma matéria especial. Ainda mostrando os bastidores do mercado do entretenimento brasileiro, esta coluna pretende alargar o foco das matérias e fazer entrevistas com um direcionamento maior para as equipes técnicas de bandas, locadoras e eventos. Para iniciarmos este novo ano de entrevistas, elegemos Victor Vaughan, que atualmente é técnico de PA e produtor técnico da banda Baiana System. redacao@backstage.com.br Fotos: Filipe Cartaxo / Jardel Souza / Arquivo Pessoal / Divulgação

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igplace - Victor Vaughan, fale um pouco da sua formação, formação conte um pouco da sua história no mundo do áudio? Victor Vaughan - Minha história no mundo do backstage começou bem cedo, através do meu pai, José Roberto Think, que é profissional da área. Sempre que possível, o acompanhava em

seus trabalhos, como em shows e na TV Globo São Paulo, onde atuou por 10 anos. Ali pude ter contato também com o universo do broadcasting. Devo muito a ele as experiências e os conhecimentos adquiridos. Basicamente sou um profissional autodidata, não fiz cursos de fundamentos ou introdução ao áudio. Aos 16 anos,


Gigplace - O Vaughan do seu nome é um apelido. Como ele surgiu? Vaughan - O Vaughan surgiu na infância, quando eu estava aprendendo a tocar guitarra e conheci o trabalho do guitarrista Stevie Ray Vaughan. Passei alguns anos tentando reproduzir fielmente cada nota de cada músi-

Stevie Ray ficou lá na adolescência, pois estou no processo de construção da minha história e o apelido já faz parte disso. Meus amigos e colegas de profissão me chamam de Vaughan e inclusive já chegaram a chamar o meu pai de Sr. Vaughan (risos). Gigplace - Como surgiu o convite para assumir o PA da banda Bayana System, banda com a qual você vem trabalhando atualmente? Vaughan - Na verdade, iniciei como sub do técnico anterior a convite de Seco, baixista da banda. Pouco antes do lançamento do disco Duas Cidades, vínhamos de uma maratona de shows desde o início do verão 2015/ 16, e após o carnaval, onde fui pela primeira vez responsável técnico do Navio Pirata, conversamos a respeito do disco que seria lançado em abril e sua respectiva tour. A partir daí, assumi minhas funções dentro do grupo oficialmente. Gigplace - O BaianaSystem é um grupo inovador em muitos aspectos,

mudei de São Paulo com a família para Salvador e comecei a trabalhar como técnico operador de som em uma casa de shows local. Nessa época, contei com um acervo muito rico cedido por Martin Buffer, técnico de gravação e masterização do WR Studios. Esse upgrade foi um grande divisor de águas minha profissionalização no mercado de shows ao vivo. A partir daí, iniciei uma incansável rotina de estudos e pesquisas, dessas que duram a vida inteira. Nessa busca por conhecimento, comecei a participar de diversos cursos específicos e workshops em São Paulo e Salvador, e não menos importante, muito pelo contrário (risos), conto também com a experiência adquirida na estrada.

O Vaughan surgiu na infância, quando eu estava aprendendo a tocar guitarra e conheci o trabalho do guitarrista Stevie Ray Vaughan.

ca dele (fiquei na tentativa mesmo) (risos). Quando cheguei a Salvador, ainda utilizava esse apelido em redes sociais e vi nele algum diferencial para não ser “mais um” dentre tantos, afinal não conhecia absolutamente ninguém na cidade e, da mesma forma, ninguém conhecia o meu trabalho, então o mantive. O Vaughan acabou virando uma marca pessoal e hoje vejo que a ligação do nome com

quais os diferenciais em se trabalhar com uma banda assim? Vaughan - Me considero um profissional de sorte. Tirando algumas poucas experiências desagradáveis, sempre fiz parte de projetos onde a música e a arte eram mais importantes, acima de tudo, principalmente do dinheiro. Sou totalmente contra a cultura do “matar cachê”; isso faz com que sejamos profissionalmente desvaloriza-

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Todos nós que somos prestadores de serviço, deveríamos iniciar um trabalho buscando sempre evoluir e somar o nosso serviço ao trabalho em questão. O cachê seria, digamos assim, a consequência do resultado do seu empenho no trabalho...

dos. Todos nós que somos prestadores de serviço, deveríamos iniciar um trabalho buscando sempre evoluir e somar o nosso serviço ao trabalho em questão. O cachê seria, digamos assim, a consequência do resultado do seu empenho no trabalho, somado ao quanto você investiu para chegar onde está, em dedicação e capacitação, etc. Dessa forma, agregamos reconhecimento à remuneração e à liberdade para desenvolver o nosso trabalho com extrema confiança por parte de quem nos contrata. Se há condições favoráveis para desenvolver o nosso trabalho, isso reflete de forma positiva no resultado obtido. Cada um na equipe é peça fundamental para girar a engrenagem como um todo, e isso é muito claro dentro do grupo. Esse seria um dos grandes diferenciais em se trabalhar no Baiana System. Gigplace - Nos últimos carnavais de Salvador, houve algumas mudanças, uma delas no tamanho dos trio, que diminuíram de tamanho, porém mantendo a qualidade e potência. Explique esse fenômeno. Vaughan - Para explicar o que está acontecendo no carnaval baiano, vou citar um trecho da reportagem do site

www.bahianoticias.com.br na terça-feira (28/02/17), onde o presidente da Saltur menciona o Navio Pirata como “exemplo a ser seguido”. (Navio Pirata foi o trio elétrico utilizado pela banda Baiana System nos últimos quatro carnavais). “O presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur), Isaac Edington, criticou o estado dos trios elétricos que circulam no carnaval de Salvador nesta terça-feira (28), último dia de festa de 2017. Segundo o gestor, os trios elétricos estão muito antigos e é preciso discutir isso para 2018 por conta do tamanho desnecessários dos aparelhos. Um exemplo a ser seguido seria o “Navio Pirata” que a banda BaianaSystem utiliza, por ser ”Pequeno e de Alta Performance”. (Nota do editor: Na contramão dos grandes trios, a prefeitura de Salvador vem incentivando a montagem de micro e minitrios, e criou um dia e percurso especial para eles se apresentarem, a essa iniciativa foi dado o nome de FURDUNÇO, o que seria o equivalente aos bloquinhos do Rio/SP). Gigplace - O Navio Pirata , como é denominado o Trio Elétrico do Baiana é um resultado dessa mudança ? Conte nos sobre esse novo conceito.


vencionais. Tínhamos um carro de pequeno porte com potência e qualidade suficiente para uma cobertura compatível com os circuitos do carnaval delimitado a certa distân-

ao trio e atinge com clareza quem está mais distante, especialmente na frente e no fundo. No entanto, sem interagir com os outros trios durante o circuito.

Vaughan - O BaianaSystem já utiliza esse trio há quatro carnavais. Ele originalmente possuía um sistema de som básico, que foi utilizado integralmente no primeiro e no segundo ano (2014 e 2015). No carnaval de 2016, fizemos a instalação dos subwoofers da frente e fundo, pois o projeto inicial não dispunha desse recurso e também alteramos todo o material utilizado no palco, desde microfones, console, backline, sistema de monitoração, etc. No carnaval deste ano, tivemos a oportunidade de alterar todo o sistema de som do carro, incluindo reformas estruturais para que pudéssemos adaptar esse novo sistema à arquitetura do trio. Junto a essa mudança, começamos a pôr em prática o desenvolvimento de um novo conceito em relação aos padrões dos trios elétricos con-

No carnaval deste ano, tivemos a oportunidade de alterar todo o sistema de som do carro, incluindo reformas estruturais... cia, levando em consideração a variação constante do ambiente (reflexões), e a variação da temperatura do público, minimizando efeitos destrutivos, como a refração. O sistema não agride quem está próximo

Para isso, utilizamos apenas line arrays para a distribuição das altas frequências, onde pudemos fazer algumas predições e tirar o máximo de proveito do equipamento, mesmo com baixa altura do ponto

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Utilizamos um sistema RCF, sendo TTL55-A em conjunto com Subwoofers TTS56A em cardioide na frente e fundo e as TTL33-A em conjunto com subwoofers da ATTACK modelo VERTCON S218D nas laterais.

de talha e poucas células por arranjo, ou seja, um desafio (risos). Utilizamos um sistema RCF, sendo TTL55-A em conjunto com Subwoofers TTS56-A em cardioide na frente e fundo e as TTL33-A em conjunto com subwoofers da ATTACK modelo VERTCON S218D nas laterais. Utilizamos também um processador DBX DriveRack 4800 para fazer o gerenciamento dos lines e processamos os subs direto no console, sendo uma DiGiCo SD8 para o P.A. e monitor. Tivemos que utilizar um único console por conta do espaço físico reduzido.

” Alex Pinto, Victor Vaughan, Regivan e Jefferson Rasta

Gigplace - Em plena euforia do digital, você usa em sua mix delays analógicos externos, nos explique por quê? Vaughan - Utilizando as máquinas de delays nativos disponibilizados na maioria dos consoles; não há controle em tempo real da resultante do efeito. Entretanto, com delays analógicos (hardwares), é possível manipular diversos parâmetros de tempo e feedback, por exemplo, que facilitam na hora de “aDUBar” a mix em determinados momentos. Além das características específicas de algumas máquinas relacionadas a sua arquitetura de circuito, recur-


sos como saturação de sinal na entrada e realimentação do efeito. Gigplace - Quais foram os seus companheiros de trabalho no Navio Pirata, quais os seus nomes e funções? Vaughan - A equipe técnica que trabalhou nesse projeto durante o carnaval foi composta pelos seguintes profissionais: Regivan Santa Bárbara - técnico de monitor; Geronildo Jefferson “Rasta” – roadie, Saulo Maia – roadie; Edilson “Latinha” – iluminador,

Erica Telles - produtora executiva (Banda), Renata Brasil - produtora executiva (técnica); Alex Pinto - produtor comercial e Fillipe Cartaxo - diretor criativo. Gigplace - Como é o perfil da equipe técnica e como ela é vista pelos demais profissionais da estrada por onde já passaram (contratantes, produtores, equipes de fornecedores em geral)? Vaughan - A nossa equipe é muito comprometida em alcançar o

melhor resultado. Independente das condições, buscamos desenvolver o nosso trabalho da melhor forma possível, sempre atuando em conjunto com as produções locais e as equipes de fornecedores como se fossem uma extensão da nossa equipe. É recorrente recebermos dos colegas de estrada um retorno positivo em relação ao nosso trabalho e profissionalismo, e também sermos parabenizados por nossa

atuação pelas produtoras. Esse reconhecimento é realmente muito gratificante! Gigplace - Acumular a função de produtor técnico e técnico responsável pela mixagem do P.A. ajuda ou atrapalha? Vaughan - Minha função como produtor técnico se resume à pré-produção, onde dialogo com as produções que representam os contratantes e também com os fornecedores responsáveis pela

sonorização, garantindo que todas as necessidades técnicas do nosso rider sejam atendidas na íntegra, tendo em vista tratar-se de um projeto com diversas necessidades específicas, desde a captação, monitoração, backline e até mesmo demandas de cuidado com o sistema de som (P.A.) como um todo, para garantir a eficiência e sonorização coerente a cada ambiente e também às características da mixagem do projeto. Então, a equipe consegue

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ESPAÇO GIGPLACE | www.backstage.com.br 24

O dinamismo do mercado do áudio exige que o profissional se mantenha sempre atualizado. Dentro dessa realidade, o estudo e a capacitação devem estar sempre associados a sua constante evolução como profissional.

desenvolver o trabalho da melhor forma possível e eu consigo me dedicar à mixagem. Gigplace – O que sonha para seu futuro profissional e sobre o futuro do mercado de entretenimento brasileiro? Vaughan - Ainda tenho muito o que estudar e evoluir ao longo da minha jornada. Espero que nessa caminhada eu possa atuar em projetos que me desafiem e me proporcionem oportunidade de novos aprendizados. Tenho muitos sonhos para a minha carreira profissional e gostaria de continuar realizando todos eles. Quanto ao mercado do entretenimento, acredito em uma maior união, organização e valorização da classe dos profissionais do backstage, a começar pela regularização profissional (DRT) junto aos órgãos competentes. Gigplace – Qual a sua mensagem para aqueles que estão começando no mercado do áudio.

Vaughan - O dinamismo do mercado do áudio exige que o profissional se mantenha sempre atualizado. Dentro dessa realidade, o estudo e a capacitação devem estar sempre associados a sua constante evolução como profissional. Uma carreira é construída com muito esforço, dedicação e renúncia. E é muito importante se planejar para conquistar reconhecimento profissional, estipulando diversos objetivos a curto, médio e longo prazos e, principalmente, trabalhando para viabilizar a realização desses objetivos. Ética.

Para saber online https://facebook.com/victor.vaughan.foh https://pt.wikipedia.org/wiki/BaianaSystem

Este espaço é de responsabilidade da Comunidade Gigplace. Envie críticas ou sugestões para contato@gigplace.com.br ou redacao@backstage.com.br. E visite o site: http://gigplace.com.br.


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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 26 Joel Brito, tesoureiro da AES Brasil

ENCONTRO DA A colaboração da AES com a Sociedade de Engenharia e Televisão (SET) aumentará o número de estandes e eventos disponíveis para os profissionais de áudio. Em 2017 o encontro da AES Brasil e SET acontece em agosto. Miguel Sá redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

AES BRASIL TRIPLICA DE TAMANHO

N

este ano de 2017, o encontro da AES Brasil muda de data e de local: passa de maio para agosto e migra do pavilhão amarelo, com cerca de 5 mil metros quadrados, para o vermelho, com aproximadamente 14 mil metros quadrados. Outra mudança é a colaboração com a SET, responsável pelo aumento da área de exposição e de eventos, que serão direcionados tanto a profissionais de áudio da área de show e estúdio como de broadcast. Para explicar as alterações e dar uma prévia do evento,

a Revista Backstage falou com José Anselmo, o Paulista, presidente da AES, e Joel Brito, tesoureiro. Mudanças no evento, no mercado, parcerias para o ensino e o levantamento do perfil dos profissionais de áudio brasileiros promovido pela AES Brasil fizeram parte da conversa. Backstage – O que motivou as mudanças de local e data este ano? Joel Brito – Isso foi consequência da associação com a SET – Sociedade de engenharia de Televisão. A AES e a SET


José Anselmo, o Paulista, presidente da AES Brasil

são duas sociedades que já se conhecem há bastante tempo, com atividades em comum. Fizemos alguns eventos juntos, principalmente na época do lançamento da televisão digital. Antes eles tinham uma terceirização da organização do encontro deles, mas há uns três anos eles passaram a cuidar de tudo, e este ano nos procuraram. Achamos que tinha uma sinergia e então resolvemos fazer o evento juntos. Só que o local anterior onde realizamos as convenções não comportaria a junção do nosso evento e o da SET. Como não havia datas disponíveis em maio, passamos o evento para agosto. José Anselmo - As emissoras de TV tem cada vez menos equipamentos de áudio próprio e as empresas é que fornecem mão de obra e equipamento. Essa integração com a SET é boa por causa disso também. O pessoal de áudio vai ter acesso aos equipamentos de broadcast e os de broadcast vão ficar sabendo sobre os equipamentos de áudio.

Backstage – Quais serão as novidades para este ano? Haverá algum assunto mais abordado nas palestras? José Anselmo - Hoje em dia temos a convergência. Muitas empresas tem áudio e iluminação. E várias também tem áudio, vídeo e iluminação, porque o grande mercado hoje não é mais show. São os eventos corporativos. O mercado corporativo pede uma integração maior, com profissionais que se resolvem na hora e rápido. Todo ano temos um painel de profissionais de áudio, cada ano falando sobre um tema. Seis ou sete profissionais conceituados que fazem um bate papo bem informal de uma hora, uma hora e meia. Este ano queremos fazer também uma com profissionais de iluminação também. Joel Brito - A programação abrange iluminação, vídeo e áudio. Mas, falando especificamente de som, o assunto do momento é o áudio 3D. Já tem aplicações no mercado e o áudio já vivencia isso. Para aqueles que

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 28

Então todo novo evento que acontece na sociedade são novas ideias que nos chegam, novas oportunidades e palestrantes que trazemos. Teremos também de novo este ano as visitas técnicas e as salas de demonstração. (Paulista)

Joel Brito

gostariam de sugerir ou fazer uma apresentação no evento, temos ainda um formulário no site no qual os membros da AES podem fazer suas propostas. E também nos beneficiamos bastante da nossa rede de contatos, porque a AES é uma sociedade de abrangência mundial. Então todo novo evento que acontece na sociedade são novas ideias que nos chegam, novas oportunidades e palestrantes que trazemos. Teremos também de novo este ano as visitas técnicas e as salas de demonstração. José Anselmo – Outra coisa bem bacana, que já teve ano passado e vai ter de novo este ano, é o auditório, que foi uma ideia do Joel também, com palestras mais livres e menores e que as pessoas usam sistema de fone. Assim não há interferência do auditório na exposição e vice-versa. Joel Brito – Foi pensado nos visitantes da exposição, as pessoas que não se inscreveram na palestras, e vamos ter isso de novo. O pessoal dos encontros regionais usam bastante essa sala, que terá uma localização bem central no pavilhão. Backstage – E como está sendo o levantamento da AES a respeito do profissional brasileiro? Isso vai ter reflexos no evento? José Anselmo – Teremos uma palestra sobre este levantamento no evento em

agosto. A pesquisa foi uma ideia do Joel, para traçar o perfil do nosso profissional de áudio, que eu desenvolvi e apliquei. Conseguimos uma divulgação durante os encontros técnicos regionais – as antigas terças técnicas - para atingir mais a região norte. Tem gente até do Acre que respondeu. Tivemos mais ou menos 800 respondentes e estamos traçando um perfil tanto educacional regular como técnico, inclusive com dados financeiros. Tem profissionais de empresas de som, profissionais de estúdio, e agora, nesse início de ano, estou procurando profissionais de rádio, televisão, teatro e feminino. Outro grupo que estamos procurando é o pessoal que trabalha em igreja, que hoje é muito grande. Uma das perguntas que a gente tem, quando a pessoa coloca que a área dela é igreja, é se é voluntário ou funcionário. Buscamos essas informações e procuramos saber o interesse que as pessoas tem em participar de eventos como a AES, os workshops e coisas assim. Isso vai ter consequências nas próximas AES e também nos workshops que vão acontecer por aí. Backstage – Como está sendo esse momento de crise para o mercado de áudio brasileiro? Joel Brito – Tudo foi afetado pela recessão. O Brasil inteiro foi afetado. Feiras, shows... Projetos foram adiados. Mas, aos poucos, vemos que as pessoas come-


Backstage – Nos últimos 20 anos surgiram diversos cursos de áudio. Já dá para perceber uma mudança no perfil do profissional por conta disso? Joel Brito - Quem está entrando no mercado hoje já tem que vir com uma educação. O que acontecia antigamente é que a empresa é que fazia essa parte da instrução e treinamento dos profissionais. Temos várias gerações profissionais que foram formados por mentores como o Luis Botelho, no

çam a pensar em retomar alguma coisa. É uma tempestade na qual tivemos que fechar as portas de casa para não sermos inundados. A partir do segundo semestre deve haver um ligeiro reaquecimento, de congelado passa para gelado. Os últimos anos foram complicados, mas o pais não consegue ficar parado tanto tempo.

Tudo foi afetado pela recessão. O Brasil inteiro foi afetado. Feiras, shows... Projetos foram adiados. Mas, aos poucos, vemos que as pessoas começam a pensar em retomar alguma coisa. (Joel)

estúdio Vice-Versa em São Paulo durante as décadas de 70 e 80. As empresas de PA e iluminação, no Rio e em São Paulo, assim como as gravadoras (EMI, RCA, Polygram, Transamerica), também formaram profissionais em seus estúdios. Já hoje você tem vários profissionais em cargo de relevo que entraram no mercado através da educação no áudio. A educação no áudio faz parte da nossa missão na AES. Entre outras iniciativas,

há quatro anos que implementamos um projeto pelo qual pagamos as despesas de viagem para técnicos que moram fora do eixo das capitais do sudeste e nunca tiveram oportunidade de participar virem ver o evento. Pessoas que vem de lugares afastados, que quando voltam com uma bagagem de conhecimentos e novos contatos e amizades, mostram aos colegas locais a importância e benefício de participar de um evento desses .

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Hoje em dia muitos vêm com pouca prática mas com alguma base teórica. Tem várias pessoas que vieram de cursos e estagiaram comigo e são excelentes profissionais. Temos um convênio com o Senac no qual indicamos o conteúdo dos cursos de áudio deles e o Senac colabora nos eventos

José Anselmo – Hoje em dia muitos vêm com pouca prática mas com alguma base teórica. Tem várias pessoas que vieram de cursos e estagiaram comigo e são excelentes profissionais. Temos um convênio com o Senac no qual indicamos o conteúdo dos cursos de áudio deles e o Senac colabora nos eventos, cedendo espaço para os encontros regionais. O que temos feito é incentivar os encontros regionais, esse levantamento sobre o perfil dos profissionais de áudio e da qual pretendemos ainda fazer a segunda parte: o que quem contrata espera de quem contrata? E também é muito importante essa questão de educação. Estamos trabalhando para um convênio com entidades, como o Senac e o Senai, no qual indicaremos o conteúdo e pedagogia para dos cursos de áudiovisual de-

les e em troca essas entidades colaboram nos eventos, por exemplo, cedendo espaço para os encontros regionais. Cada vez mais queremos mostrar para os profissionais de áudio a importância de participar da AES e os benefícios que advém desta participação.

Para saber online

www.aesbrasil.org.br

Perfil: José Anselmo Paulista, presidente da AES

O atual presidente da AES – desde junho de 2016 e pelos próximos um ano e meio - começou trabalhando em casas noturnas como discotecário. Depois, já como técnico de som, seguiu viagem em turnês com Amelinha, Joanna, Sandra de Sá, Emilio Santiago, Flavio Venturini e muitos outros. Daí migrou para a direção técnica de eventos. No início dos anos 1990 participou do início do mercado evangélico, gravando alguns grandes no-

mes da época. Entre 1995 e 2013 trabalhou como gerente técnico da banda Celebrare e há quatro anos é gerente da filial carioca da Tukasom, na Fundição Progresso, onde a empresa tem equipamento instalado, e em eventos corporativos. Participa na AES, desde 2002, primeiro como voluntário, depois passou a fazer parte da diretoria, primeiro como conselheiro, secretário, vice presidente e, finalmente, como presidente eleito.


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CARNAVAL RJ|CAPA|REPORTAGEM| www.backstage.com.br 32

O novo sistema de som, da L-Acoustics, não foi a única novidade no Sambódromo do Rio de Janeiro. O carnaval entrou de vez na era tecnológica e digital. Antigos cabos que percorriam a avenida estão com seus dias contados. O sistema de transmissão por RF utilizado nos desfiles de 2017 mostra que as soluções em áudio para antigos problemas definitivamente chegaram com a evolução dos sistemas e da engenharia.

SAMBÓDROMO TEM NOVO SISTEMA

DE TRANSMISSÃO E SONORIZAÇÃO redacao@backstage.com.br Fotos: Ernani Matos / Fernando Grilli / Tata Barreto / Riotur / Divulgação

A

tecnologia hoje em dia já permite soluções que há alguns anos seriam inimagináveis. Palco de um dos maiores espetáculos do mundo, a Marquês de Sapucaí ganhou novo sistema de sonorização e de transmissão RF (rádio frequência), cujo objetivo é substituir e eliminar de vez os cabos que seguem o carro de som. “A demanda surgiu da própria tecnologia que evoluiu permitindo soluções antes inviáveis, e neste ano veio como parte de uma solução para eliminar es-

ses cabos do carro de som. Ainda em regime de experiência, foi montado um verdadeiro multi-cabo de RF via fibra ótica”, ressalta Peter Racy, engenheiro de som da Gabisom, empresa responsável por todo o sistema de sonorização do carnaval do Rio de Janeiro. Para alcançar um resultado satisfatório, foi instalada uma rede de captação estrategicamente posicionada ao longo da Sapucaí, que captou o sinal dos transmissores sem-fio. “Este sinal de RF era imediatamente convertido para fibra


ótica enviando diretamente para a central de mixagem. Aliando a captação de RF estendida, ao sistema de transmissão e recepção de RF Digital, obtivemos um excelente resultado, livre de fugas ou interferências. O sistema mostrou ser bastante robusto e confiável, não apresentando um problema sequer, mesmo no denso ambiente de RF do carnaval”, afirma Racy. Para ele, o funcionamento do sistema foi excepcional, lembrando que houve a presença de dois engenheiros da Sennheiser para coordenar as frequências e administrar o sistema de RF. De acordo com Peter, este tipo de sistema onde o RF é modulado sobre fibra ótica, já havia sido usado em grandes eventos na Europa e foi adaptado para “uso no contexto do carnaval, mas o princípio de funcionamento mantevese o mesmo”. Além da novidade na transmissão, o sistema de caixas de som passou a ser L-Acoustics para

via rsão: odômetro Torres na dispe

wireless

toda a passarela do samba. A escolha dessa nova marca, segundo Peter, obedeceu a ideia de se chegar em alguns objetivos e quesitos técnicos, visando a melhora no resultado final. As características de excelente sonoridade, alta potência, dispersão horizontal de 120º (que melhorou a cobertura entre torres adjacentes), além das características físicas, de peso

leve e tamanho reduzido, foram outros motivos que justificaram a troca. “Com o sistema de amplificação controlado e monitorado via rede, temos controle total do sistema a partir da central”. “Devido às dificuldades particulares para sonorização de um evento como o carnaval, sempre haverá margem para melhora no desempenho, praticidade e confiabilidade do sistema”, afirma Peter.

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CARNAVAL RJ|CAPA|REPORTAGEM| www.backstage.com.br 34

Além de um sistema de transmissão ao longo da avenida, com antenas colocadas em cima das torres e das caixas, configurando uma cobertura ao longo de 800 metros mais o Setor 1 (mais afastado).

Antenas montadas em cima das torres no Sambódromo

Para eliminar o cabeamento que acompanha o caminhão de som da Sapucaí, foi desenvolvido um sistema de transmissão em conjunto com o fabricante. De acordo com Jeferson Bergamini (Pro Audio Sales Manager Brazil - Sennheiser & Neumann) neste ano foi elaborada uma ampliação do sistema, sendo utilizados 96 canais, 24 em cada caminhão e 24 na house. “Além de um sistema de transmissão ao longo da avenida, com antenas colocadas em cima das torres e das caixas, configurando uma cobertura ao longo de

800 metros mais o Setor 1 (mais afastado). Não dá para fazer esse trabalho com um cabo coaxial normal, então foi feito via fi-

Sinal das torres chega na SD7, na house

Carros de som com transmissão via wireless: eliminação de cabos na Avenida


Valter Pereira da Silva, o Valtinho: primeiro carnaval trabalhando com a SSL

SISTEMA NOVO Sistema 9000 da Sennheiser

bra, em um projeto usando conversores de fibra ótica, chegando tudo em fibra na house, onde tinha o restante do sistema”, explica Jeferson. Considerado um projeto de total sucesso, Jeferson conta que a ideia desse ano era usar a fibra como backup, no entanto, o sistema que era para funcionar como teste se comportou muito bem, e foi decidido usá-lo como sistema principal. “Temos uma parceria com a Gabisom desde o ano passado, e este ano aumentamos a nossa participação, com um sistema muito bacana para o carnaval, desenvolvido em um projeto conjunto. Fora isso, também proporcionamos para

Outra novidade este ano para o carnaval do Rio foi a troca das JBLs para a L-Acoustics, e as mesas para CL, da Yamaha. “A frente também mudou, o que era Vertec, agora virou um módulo de K-Array. A qualidade sonora melhorou bastante e o grave também, porque o

Eder: RF e sistem a wireless melho rou a qualidade do

áudio

acoplamento da L-Acoustics faz com que o grave soe melhor para o carnaval. Temos 140 torres, com cerca de 190 caixas, mais 71 K1 e 72 K2”, enumera. Ainda não eliminamos totalmente os cabos, continuamos usando a fibra e o analógico. “Usamos no desfile os cabos juntos, que anda com a frequência. Então era uma espécie de backup do backup. A fibra era a segunda colocada e o analógico o terceiro colocado. Até o odômetro do caminhão que o Vatinho usa para controlar o sistema dele está descendo no wireless. Foi muito boa essa mudança, porque qualquer ruído derrubava, já que o computador não entende o ruído”. “Aqui no Sambódromo é muito complicado. Se pegar na prática da

a Gabisom um serviço de coordenação de frequência, em todas as frequências da avenida, incluindo as emissoras de televisão e rádio, ou seja, um trabalho em conjunto para todos”. “Esta foi a melhora principal, sem falar na qualidade sonora sem ter problemas de RF. Para configurar este sistema, tivemos a presença de dois engenheiros; um da fábrica e outro de uma empresa Belga especializada em transmissão de RF. Eles estiveram todo o carnaval com a gente coordenando o sistema de RF”, fala Eder Moura.

Outra novidade este ano para o carnaval do Rio foi a troca das JBLs para a L-Acoustics, e as mesas para CL, da Yamaha

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CARNAVAL RJ|CAPA|REPORTAGEM| www.backstage.com.br

Jonas Naesby, Bernard Scyeur e Jeferson Bergamini (Equipe Sennheiser)

teoria do som, ninguém entende o que fazemos aqui, porque você transforma uma caixa de line array em uma caixa normal, e para este local funciona muito bem”, compara Eder. Outra melhoria usando L-Acoutics foi o controle dos amplificadores que se mostrou muito mais

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Projeto piloto: mixagem remota para o carnaval com uso de tecnologia dedicada parece um sonho ainda distante, principalmente em virtude da infraestrutura precária do país.

Santiago prevê nova forma de transmissão e mixagem

A ideia de transportar o áudio via fibra vem tomando escopo de acordo com a evolução tecnológica. Embora o Brasil ainda caminhe a passos lentos e demore a entrar definitivamente na Era Digital, tendo em vista os altos investimentos em cabeamento ótico, algumas tentativas já vêm sendo ensaiadas em grandes eventos. O sonho de enviar esse áudio para um lugar qualquer do planeta para ser mixado

De acordo com Santiago, que ficou responsável pela UM instalada no Sambódromo durante o Carnaval, seria necessário, por exemplo, uma fibra dedicada e pelo menos uma latência de 15 milissegundos para que essa ideia comece a se tornar viável. “Acredito que assim poderíamos ter mais controle de mixagem. Mas o Brasil ainda está muito lento em termos de fibra ótica. Precisaria de uma fibra apagada, dedicada, para acender lá na outra ponta, e isso é muito caro. Aí, sim, poderia estar em casa ou em Nova Iorque e fazer a mixagem do carnaval”, comenta.


Ajustes são realizados em cada torre individualmente via rede

Rack do sistema de transmissão da Sennheiser

Rack de equipamentos para amplificação das torres de som na avenida

sólido e estável. “Com essa estabilidade, podemos controlar a Avenida quanto ao volume e à equalização. O setor 11 tem uma equalização diferente do que fica aqui,

então não temos que mexer lá, por exemplo. Hoje temos tudo nas mãos graças ao controle dos amplificadores, que é uma rede bem estável, muito bem feita. Aqui, temos

que mexer torre por torre no sistema inteiro”, completa Eder Moura, responsável técnico da Gabisom. “Todas as mesas estão digitais agora, o Valtinho manda os sinais das torres via MADI, cada uma tem um sinal diferente, que vai para a SD7, que é só uma mesa para rotear áudio, eu não processo nada nela. É só um copy audio do que entra, por isso temos todo o sistema em AES, distribuição de sinal da DiGiCo, que já foi usada ano passado e funcionou muito bem. Antigamente chegamos a fazer 13 conversões e

Criar é experimentar novas formas Mixar remotamente já não é uma grande novidade; mas experimentar novas formas de mixagem usando e misturando tecnologias no processamento do áudio para melhorar o som de um evento complexo como é o carnaval e ter resultados muito bons é, sim, uma novidade. O que ouvi na UM da Gabisom no carnaval me impressionou muito. A diferença principalmente nos timbres dos instrumentos de percussão, do som processado com uma latência impercebível, era enorme. Este áudio processado foi somente para teste e acertos. Ele não foi para a avenida nem para as TVs. E nas palavras do Gabi “ Este é um laboratório, um projeto piloto. Gravamos, em São Paulo, todo o áudio do carnaval para analisarmos e estudarmos a validade e a possibilidade de implantar (ou não) no futuro”. Nelson Cardoso

Monitoramento de cada caixa acústica na Avenida

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 38

Interior do carro de som

Rack de controladores das caixas na avenida

Torre de som na avenida

Antenas de RF no caminhão de som

hoje estamos com duas conversões, então tudo melhora, o sinal melhora”, comenta Eder. “O sinal que o Valter recebe na mesa são interligados no looping do Octopore, as duas SD7 e os 3 racks são interligados via loop, não tem patch físico, é só no loop ótico da própria mesa, do próprio sistema da mesa, e aí ficamos com tudo digital. É mais seguro, a qualidade é muito melhor”, completa.

de 120 para 75 minutos, Valtinho oberva que só é possível fazer tudo dar certo por meio de um trabalho de equipe. “As pessoas que mixam o som, por exemplo, são pessoas que conhecem samba”, fala. Na parte tecnológica, houve uma diminuição da latência, diminuição do número de conversões e aumento da qualidade do áudio. “Meu trabalho é garantir a distribuição do som para a avenida. Esse ano, recebemos o odômetro via wireless, tínhamos a fibra ótica no analógico e via wireless e funcionou muito bem. O sistema é mais

DELAYS E ODÔMETRO Outra novidade foi a aquisição da L500 Plus SSL, para o controle dos delays e pilotada por Valtinho. Com o tempo da Avenida mais curto este ano,


Marcos Saboia mixando o som para avenida

Torre de som na avenida com antena de RF

estável, não caiu nem uma vez, então tem mais estabilidade. Também temos um backup analógico, que entra automaticamente se uma das outras duas cair, isto é, o amplificador primeiro lê o sinal digital, e se esse sinal cair, ele lê o analógico, uma redundância muito grande”, comenta. “Estamos com uma SSL 500 L Plus e a dificuldade maior foi conhecer a mesa pouco tempo antes do carnaval, mas tive um bom professor e rapidamente tive uma base para operar a mesa. O Max, da SSL, me ajudou na programação, e no dia do desfile

tive ajuda do Kadu Melo “SSL, completa Valtinho. “As maiores novidades foram o sistema Sennheiser, as mesas digitais nos caminhões, que eram analógicas até o ano passado e também a utilização do protocolo AES entre os equipamentos” finaliza Eder.

Nota da redação Na pesquisa de satisfação do público realizada pela Riotur no Sambódromo, o ítem sonorização obteve a primeira colocação na pontuação entre todos os serviços questionados.

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 40

Afonso Tonelli. Organizador do evento

Mesmo com a crise econômica paralisando o Brasil, o evento foi um sucesso e garantiu bons negócios

Nelson Cardoso nelson@backstage.com.br Fotos: Nelson Cardoso / Divulgação

EXPO MUSICAL PLUS N

os dias 17 a 19 de março, o Hotel Bourbon Cataratas SPA e Resort, em Foz do Iguaçu, sediou a décima primeira Expo Musical Plus. O evento recebeu cerca de 120 lojistas de todo o Brasil que, com seus familiares uniram lazer e negociações em um único encontro num espaço confortável e descontraído com grandes marcas do setor de instrumentos musicais. Segundo Afonso Tonelli, pioneiro em feiras de negócios regionais, a décima primeira edição da exposição é um

modelo de sucesso constante de vendas. “Em nosso evento, trazemos pessoas de todas as regiões do País. Não focamos somente em uma região, mas sim nas principais lojas de revenda de instrumentos musicais e equipamentos de áudio. O apoio, a confiança e o foco dos nossos expositores e parceiros nos permite organizar este evento com a qualidade que gera bons resultados e satisfação de todos os convidados. Já estamos preparando a 12ª Expo Musical Plus”, destaca Tonelli.


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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 42

Equipe da Oneal Áudio - Apucarana - PR

Felizardos ganhadores de uma moto e um carro 0 km

Vlademir (à esq) Loja “Mensageiro Musical” Florianópolis - Ganhador da moto

Cristiane Barbisane, (à dir) Loja “Mil Sons” - Porto Alegre - Ganhadora do carro


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alphalazz@yahoo.com.br redacao@backstage.com.br Fotos: Arquivo Pessoal / Divulgação

Crédito Foto: Arquivo Daniel Baaran / Divulgação

REPORTAGEM ESPECIAL|LAZZARO JESUS| www.backstage.com.br 44

Pesquisando matérias para a coluna Gigplace nas redes sociais, me deparei com um teaser (mecanismo publicitário para chamar atenção de uma campanha) intrigante sobre o Synergy que, logo de cara, me pareceu interessante, principalmente por ser do Jota Quest, uma banda que sempre foi pioneira quanto à tecnologia. Nas minhas pesquisas acabei reencontrando o Diego Soares, que estava participando do projeto. Num longo papo via Skype, ele me contou, junto com o Marcio Buzelin, tudo sobre o projeto, que está nesta entrevista a seguir. Esse bate papo mostra que com foco e seriedade podemos executar projetos que “fazem a diferença” em seu resultado.

SYNERGY M E T S Y S G

igplace - O que é, quando, por que e para onde vai o sistema Synergy de teclados da nova turnê do Jota Quest? Diego Soares – O Synergy System é o sistema integrado de teclados do artista, músico e aficionado por teclas Marcio Buzelin, do Jota Quest. A banda sempre inovou quando o assunto é tecnologia e não seria diferente no item sistemas integrados de teclado. Marcio sempre ousou e buscou o que há de mais interessante no mercado e nas tecnologias disponíveis para poder expressar nas suas músicas a fidelidade dos arranjos criados pela banda. Isso o levou a ser reconhecido não apenas como artista famoso em todo o país e fora dele, mas como

um formador de opinião quando o assunto é teclados, synths e afins. Marcio Buzelin- Para traduzir as ideias que eu tinha em mente sobre o que seria o Synergy, o nome que me veio a cabeça logo no primeiro momento foi o de Diego Soares, que já tinha sido meu técnico de teclados. Ele optou por seguir nos seus projetos pessoais, mas assim que entrei em contato com ele e passei o escopo da ideia ele topou na hora. Sabia que ele não ia querer ficar fora desse projeto já que ele fazia customizações nas suas oficinas aqui no Brasil com a Rufus Custom e a Synt Lead (Acesse a entrevista sobre a SyntLead no blog Gigplace).


a dificuldade em acesso aos equipamentos dificultou, e acabamos por customizar muito mais no quesito estético. A indisponibilidade de equipamento High End no mercado brasileiro dificultou bastante, além

Crédito Foto: Arquivo Synergy Sistem / Divulgação

Diego Soares - Marcio me procurou porque fui seu técnico de teclados (Key Tech) por vários anos - o que rendeu um grande respeito mútuo e, mais que isso, uma grande amizade - para por a sua ideia/con-

Sistema Marcio Buzelin 2010

ceito no papel na forma de um projeto, e depois torná-lo realidade. Eu já tinha experiência na realização de projetos como esse devido a minha experiencia com customização de equipamentos em minhas antigas oficinas com a Rufus Custom ou Synth Lead. Desde a primeira vez que Márcio me chamou pra trabalhar com ele em 2008 começamos a pensar em algo diferente sobre o controle de Teclados e sytetizadores. Entre idas e vindas dos shows, eu em minha oficina, o Marcio ia me passando suas ideias e pesquisas o que, com o passar do tempo, foi se tornando uma ideia sólida do que queríamos como ideia e resultado. Mas foi só em 2010 que começaram a customizar e projetar os sets de teclados da turnê. Naquela época fizemos um sistema hibrido todo controlado por interfaces, softwares e automação, porém

da falta de acesso aos fabricantes. Márcio Buzelin - A parceria com o Diego sempre foi focada num olhar questionador do que se tinha, sempre pensando no próximo passo, em algo na frente, sempre com possibilidades de atualizações e expansões, seguindo o que a tecnologia oferecia de mais interessante no momento, para, assim, obtermos mais qualidade em todos os aspectos. Gigplace - Tudo isso já era o embrião do conceito/produto Synergy como ele é hoje? Marcio – Exato. O Synergy é uma evolução de tudo que fizemos até hoje, tanto na emulação dos synths originais usados nas gravações, quanto conceito visual, automação, integração do sistema. Um detalhe: o sistema do Paulinho Fonseca, baterista da banda, sempre foi interligado via MIDI, padronização, áudio etc.

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Logo por Rodolpho Soares para sistema Synergy System

Diego - Em novembro de 2015, o Marcio me chamou para uma conversa informal em São Paulo para falarmos sobre um sistema de teclado que coubesse no bolso, mas que fosse mais audacioso que os anteriores. Marcio já tinha grande abertura conquistada com a Roland Brasil. Mas faltavam ainda muitos elos para a ideia decolar. Essa etapa, a prospecção dos contatos foi a mais difícil de todo o projeto. Após uma semi decupagem no papel e caneta, conversas por vários dias, noites e madrugadas, o Crédito Foto: Arquivo Synergy Sistem / Divulgação

REPORTAGEM ESPECIAL|LAZZARO JESUS| www.backstage.com.br 46

Juntamos várias pontas para chegar ao que poderia ser chamado de “case” completo de um sistema integrado para synths ao vivo, levando em consideração vários aspectos: hardwares, softwares, integração dos equipamentos, qualidade de áudio, segurança, ergonomia, praticidade e velocidade de montagem, de fácil locomoção e otimização de espaço, um conceito visual.

Gigplace - O Synergy é exclusivo para o Marcio/Jota Quest ou um produto de mercado? Marcio - Entenda que a nossa ideia era algo que, embora voltado em primeira mão para o Marcio e para o Jota Quest, acabasse por atingir algo de caráter muito maior e especial, que é abrir um novo caminho no quesito artistas + sistemas + parceiros, ou patrocinadores. Acabou por se tornar um projeto educador, e mostra que, com planejamento e conhecimento aliados e com mais parceiros, conquistamos qualquer objetivo. Isso é o Synergy. Juntamos várias pontas para chegar ao que poderia ser chamado de “case” completo de um sistema integrado para synths ao vivo, levando em consideração vários aspectos: hardwares, softwares, integração dos equipamentos, qualidade de áudio, segurança, ergonomia, praticidade e velocidade de montagem, de fácil locomoção e otimização de espaço, um conceito visual. Enfim, vários vetores envolvidos, às vezes até conflitantes, para chegar a um ponto ótimo onde teríamos um sistema com qualidade máxima.

Esquema a caneta


Gigplace - Como foram os contatos com os fornecedores e a recepção deles ao projeto? Diego - Foram feitos contatos com fabricantes de cabos, interfaces de cabeamento, cases, estantes para bateria.

mos os equipamentos, quem forneceria os multicabos, mains powers, cases entre outros produtos e soluções. Além dos cases ainda foram feitos cases malões para todos os teclados viajarem juntos, em um mesmo tamanho de um case de Cabinet Ampeg 8 X 10. Marcio - A proximidade no acesso aos fabricantes possibilitou que um sistema de quase 250 mil reais em teclados, cabos, cases, interfaces não custasse nem metade disso e caísse na estrada. Geralmente pensamos que se já temos o instrumento top do mercado já esta ótimo, mas é aí que nos enganamos, não adianta comprar carro de alta performance se utilizar gasoli-

Marcio me ligou e disse: “Diego, precisamos usar o nome Synergy, isso não me sai da cabeça”. Não precisa nem dizer que estava não só dado o nome ao projeto como dada também a diretriz master do sistema. Sinergia. Varias engrenagens em prol de um só resultado. A escolha do nome e da engrenagem interplanetária foram as pedras fundamentais para definir os objetivos primordiais do projeto.

Um sistema de teclados é igual, tem que ter interfaces de comunicação, excelentes cabos, cases bem projetados para armazenamento, transporte...

Gigplace - Opa, estante de bateria? Diego - Sim, o Synergy utiliza estantes. Na verdade um rack spider, além de peças extras, porém com algumas aplicações não usuais. Após várias semanas de “quebra cabeça” e desenhos, nos decidimos que a ida para a NAMM 2016 em janeiro era inevitável, precisava-se encurtar as distâncias e o tempo entre os fabricantes tendo em vista que ao fim de fevereiro de 2016 o sistema tinha que estar pronto e testado. Desembarquei em Los Angeles para a NAMM Show de 2016 em janeiro com os esquemas feitos à mão para tentar achar as melhores soluções após dois meses de planejamento junto ao Marcio. Durante as três semanas que passei nos USA eu falava com o Marcio quase que de meia em meia hora para definir-

na de baixa octanagem, estrada ruim e pneu comum. Um sistema de teclados é igual, tem que ter interfaces de comunicação, excelentes cabos, cases bem projetados para armazenamento, transporte e longevidade. Os cases têm que ter medidas práticas para se fazer um lastro em carreta ou viajar via aérea, ainda mais no Brasil. Os softwares usados têm que ser atualizados, “backupeados”. Se você pagar teclado por teclado do sistema A ou B, cabos, interfaces custom direto da fábrica, suportes customizados, cases custom etc, pode ter certeza que custará uma fortuna, mas como tudo foi bem planejado, não passamos nem 10% da estimativa inicial, que foi feita com uma lista menor. Após começarmos o sistema inseri mais ideias ao projeto, e ainda assim

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não fugimos do planejamento. Essa gordura de 10% é mais que aceitável em um projeto flutuante como esse, inicialmente. Mas até a água que o Diego tomou na viagem ele acabou por contabiliar em planilhas.

Sem dúvida, as marcas envolvidas estão sendo divulgadas em plena ação, em plana atividade final. Ou seja, em um show ao vivo de uma banda que faz em média 140 shows em um ano, além dos programas de TV, mídia impressa e internet...

Gigplace - Vocês acham que as marcas viram no projeto uma forma de divulgar o bom uso dos seus pordutos de uma forma otimizada, demonstrando a forma certa de se integrar um sistema? Marcio - Sem dúvida, as marcas envolvidas estão sendo divulgadas em plena ação, em plana atividade final. Ou seja, em um show ao vivo de uma banda que faz em média 140 shows em um ano, além dos programas de TV, mídia impressa e internet, onde a ventilação das marcas envolvidas sofrem uma expansão de imagem, diferente de uma tradicional propaganda que apresenta simplesmente os produtos para o públicoalvo e muitas vezes até com equipamento parado em revendedores. Aqui se vê e escuta o resultado “in loco” nestes vários braços de mídia e ao vivo. Em termos mercadológicos e de marketing, o público alcançado é significativamente maior e mais variado, a propaganda não é direcionada ao target especifico consumidor, pois abrange fãs da banda, da música, público indireto e claro o público envolvido naquele nicho

” Syntsecodelia Setup

de mercado. O custo para esta abrangência é extremamente mais baixo para estas marcas até mesmo que uma simples propaganda tradicional. Por isso acredito ser de enorme importância a sinceridade e espontaneidade das escolhas das marcas envolvidas pelo artista, pois isso não tem o propósito principal de uma simples propaganda ou divulgação, e sim de alcançar a qualidade máxima almejada para os resultados além claro de um envolvimento passional do artista (músico) com a arte e o resultado final.

PRIMEIRO ESQUEMA DIGITAL DO SISTEMA Diego - Após terminarmos essa versão digital, o Márcio ou eu já mudávamos algo. Havia horas que a cabeça até fritava, pela quantidade de informação, desenhos, medidas e por ai vai. Apos definição do projeto e montagem executada Diego e Márcio então digitalizaram layout o sistema: Diego - O mais interessante na execução do projeto foi o dia que todos os fornecedores entregaram o material no estúdio do Marcio, em Belo Horizonte. Marcio - Ao mesmo tempo o Diego chegando com os racks, interfaces, cases e as ferragens, além de várias ferragens.


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Nada havia sido montado, testado e visto pronto ainda, apenas medidas no papel, desenhos em escala e informações colhidas por mim e pelo Diego juntos aos fabricantes, além dos vários consultores da dupla de plantão que vos fala (risos). Diego - Vejo isso como uma grande responsabilidade, pois um erro de projeto nos custaria o dobro do investido. Podemos dizer que foi “igual a estudar para tirar nota 10 na escola”. Muito estudo mesmo.

Gigplace - Vocês conseguiram conceber e esquematizar todo o sistema, mas como foi juntar as pecinhas e fazer do projeto uma realidade? Diego - Montei tudo junto com o Marcio de duas da tarde até 11 da noite. Pela primeira vez após abrir todas as caixas, menos de 12 horas depois estava tudo pronto. O Marcio me olhou e perguntou se não teríamos nenhuma surpresa. É isso aí, não tem porque dar nada errado, foi planejado, desenhado, estudado, filosofia do Navy Seals (grupo de elite do exército americano) mesmo.


Ainda assim, foram semanas de programação interna, agora nos teclados. Essa etapa foi feita por mim, Marcio e Daniel Baraam (técnico escolhido por Marcio e Diego) para viajar na turnê como fiel escudeiro dos teclados do Marcio. Para estas tarefas os consultores Marcão AS (produtor musical), Rodrigo Aires “Grilo” (engenheiro de gravação e do estúdio do Jota Quest) e Luiz Clemente (técnico de monitor do Jota Quest e guru de áudio) foram constantemente utilizados. Fiz algumas pesquisas não só na internet, mas também com pessoas que considero chaves para me ajudar a entender e escolher o melhor equipamento para ter no set up no que diz respeito aos hardwares. Além de ver o que artistas que tenho apreço e admiração estavam usando de diferente, principalmente nos USA e Europa, conversei com o Marcos AS, produtor de música eletrônica e também fã de synths como eu, e

falamos sobre o JDXA e seu sistema híbrido análogo/ digital, como também o System 1, que “clona” as sínteses dos analógicos que possuo da Linha SH. Foi quando eu quis ouvir o Daniel Baraan e ouvir opiniões de quem estava dentro do fabricante da marca dando suporte e demonstrando os equipamentos. Ele quem me mostrou sobre o RD800, um dos poucos pianos incríveis do mercado e também um controlador satisfatório. Marcio - Mantivemos conversas mais periódicas e percebi nele um possível grande aliado para me auxiliar no dia a dia do sistema, já que possui conhecimento técnico e é um entusiasta dos synths também. A partir daí trouxemos o Daniel para Belo Horizonte e o Diego foi mostrando a ele não só detalhes do sistema como as dificuldades da “estrada”, situação em que Diego tem bastante expertise. Hoje estou convicto que

Audio Connections * 2 X XLR BALANCED TO XLR = INTEGRA7 * 1 X 1/8” BALANCED TO XLR = JU-06 BOUTIQUE * 1 X ¼” BALANCED TO XLR = VT-3 (L) CHANNEL * 1 X ¼” BALANCED TO XLR = SYSTEM 1 (L) CHANNEL * 2 X ¼” BALANCED TO XLR = JDXA 1 (L&R) * 2 X ¼” BALANCED TO XLR = RD800 (L&R) * 2 X ¼” BALANCED TO XLR = JDXA 2 (L&R) * 2 X ¼” BALANCED TO XLR = AT350 (L&R) * 2 X RCA L & R TO RCA = SP-404SX (L&R) MIDI CONNECTIONS: * DIGITAL CENTRAL MIDI OUT TO RD800 MIDI IN. * DIGITAL CENTRAL MIDI OUT TO JDXA 1 MIDI IN. * DIGITAL CENTRAL MIDI OUT TO JDXA 2 MIDI IN. * RD800 MIDI OUT 1 TO INTEGRA 7 MIDI IN. * RD800 MIDI OUT 2 TO SP-404SX MIDI IN. * INTEGRA MIDI THRU TO JU-06 BOUTIQUE. M200 I CONSOLE INPUTS: CHAN. EQUIPMENT CON 1 INTEGRA 7 L 2 INTEGRA 7 R 3 JU-06 L 4 JU-06 R 5 A. LIVE L 6 A. LIVE R 7 VT-3 L 8 SYSTEM 1 L 9 JDXA 1 L 10 JDXA 1 R 11 RD-800 L 12 RD-800 R 13 JDXA 2 L 14 JDXA 2 R 15 AT-350 L 16 AT-350 R 23 SP-404SX L 24 SP-404SX R

OUTPUT: L & R: CUSTOM W1 TO XLR SYNERGY MULTI-PIN FROM CONSOLE TO STAGE PATCH. POWER FED FROM MAIN DISTRO RACK ON STAGE TO APC ONLINE NO BREAKS. SYSTEMS RUNS 100% FROM ONLINE POWER FULL TIME. ALL POWER FLOW THRU PENTACUSTICA SYSTEMS. HARDWARES: 1- ROLAND INTEGRA 7 2- ROLAND JU-06 BOUTIQUE 3- ROLAND VT-3 4- ROLAND SYSTEM 1 5- ROLAND JDXA 1 6- ROLAND RD-800 7- ROLAND JDXA 2 8- ROLAND AT-350 ATELIER COMBO 9- ROLAND SP-404SX 10- ROLAND M48 11 -ROLAND M200 I CONSOLE 12 - WHIRLWIND SYNERGY SYSTEM CUSTOM PATCH RACK REAR PEDALS: * DP-10 SUSTAIN FOR RD-800 * EV-5 VOLUME FOR AT-350 COMBO * DUAL FS-6 AS ROTARY SWITCH FOR AT350 ALL AUDIO CABLES BALANCED. ALL CHANNELS FROM KEYS AND RACKS TO WHIRLWIND CUSTOM MADE ROUTING PATCH THEN TO ROLAND MIXER M-200 CAT 5 FROM STAGE MN CENTRAL THROUGH WHIRLWIND ROUTING TO M-48 MIXER

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Diego Soares e Marcio Buzelin

fizemos a escolha acertada. Acima, Diego Soares e Marcio Buzelin após a montagem e testes com o Synergy no estúdio do Jota Quest em Belo Horizonte. Gigplace - Como vocês enxergam o projeto e quais desdobramentos futuros para o projeto/ conceito Synergy?

Marcio - Quando se fala em sinergia, para que tudo funcione bem neste formato criado, além da comunicação entre os equipamentos que estão envolvido no projeto, é necessário, no meu ponto de vista diria até fundamental, que exista a dedicação do material humano. Ou seja, de nada adianta todo equipamento material e instrumentos sem o trabalho humano para fazer tudo funcionar em seu potencial máximo. Diego - Acredito que devemos rumar para esse lado. O mundo de hoje em dia não mais permite todo aquele tempo longo em um processo. Não dá para se ausentar de tudo, parar uma tour, disco ou shows e gastar um ano para se montar um novo sistema, projeto, turnê e etc. Precisase ser mais dinâmico atualmente, tem que se trabalhar paralelamente. Os fabri-

cantes junto aos artistas e técnicos tem que interagir, crescer juntos, ouvir uns aos outros e entender que tudo que for otimizar diminuirá custo, aumentará em qualidade, e o resultado final será mais acertado. Planejamento, estratégia e unificação, sem hegemonia de individualismo, só assim todos conseguem crescer sempre e juntos hoje em dia.

Para saber online O site da Synergy ainda entrará no ar. Contato do Diego Soares para mais informações e detalhes sobre o projeto: Diego Soares diegosoars@gmail.com +55 11 98208-8254 (Brasil) +1 646 830 8299 (USA Mobile) Acesse os Links do facebook “Marcio Buzelin” com as infos do sistema. https://www.facebook.com/ marcio.buzelin?fref=ts

Este espaço é de responsabilidade da Comunidade Gigplace. Envie críticas ou sugestões para contato@gigplace.com.br ou redacao@backstage.com.br. E visite o site: http://gigplace.com.br.


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PLAY REC | www.backstage.com.br

DANIELLI MARINHO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR

DANCE OF TIME Eliane Elias A pianista, cantora, compositora e arranjadora Eliane Elias lança hoje o CD e álbum digital, Dance Of Time, pela Universal Music. A cantora, radicada nos Estados Unidos e vencedora do Grammy de “Melhor Álbum Latino de Jazz”, com seu “Made in Brazil”, retorna ao seu país neste novo projeto que é um tributo ao samba. Em Dance Of Time, Eliane conta com a presença de convidados como os cantores, compositores e violonistas João Bosco e Toquinho, o pianista Amilton Godoy, do popular Zimbo Trio, além de três importantes americanos: o trompetista Randy Brecker, o vibrafonista Mike Mainieri e o cantor Mark Kibble. O novo trabalho celebra as pessoas que foram essenciais no início artístico de Eliane Elias no Brasil e nos Estados Unidos. No repertório do álbum, Eliane contempla vários compositores, em canções como O Pato (João Gilberto), Coisa Feita (João Bosco), Samba de Orly (Toquinho, Vinicius de Moraes e Chico Buarque), Sambou Sambou (João Donato), Na Batucada da Vida (Ary Barroso), entre outros. Para saber mais, acesse: http://elianeelias.com/ .

SER MAIS SIMPLES CPM 22 A banda CPM 22 lança hoje o clipe de “Ser Mais Simples”, primeiro single do novo disco de inéditas, “Suor e Sacrifício”, que será lançado em breve pela Universal Music. Esta é a primeira composição de Phil Fargnoli (guitarrista) para o CPM 22 e não poderia ser melhor. A música tem uma forte influência do No Use For A Name (banda de hardcore da Califórnia, EUA) e uma letra verdadeira, com a cara da banda. A produção é do CPM 22 é de Paul Ralphes. Com mais de 20 anos de carreira, o CPM 22 se prepara para o lançamento do seu sétimo disco de estúdio, “Suor e Sacrifício”. A banda paulistana de rock, que possui ainda três trabalhos ao vivo, incluindo um acústico, não divulga material de inéditas desde 2011. Para saber mais, acesse: http://cpm22.com.br/

A LEI DO AMOR Ricardo Leão O pianista, compositor, arranjador, produtor e diretor musical Ricardo Leão acaba de lançar o CD A Lei do Amor Música Original de Ricardo Leão (Som Livre). Com participações de instrumentistas renomados como o violoncelista Jaques Morelenbaum, o violinista Daniel Guedes, os violonistas Ricardo Silveira, Jairo Reis e Pedro Braga, o baixista Bororó, além de outros músicos, esse trabalho foi desenvolvido sob medida para narrativa da novela da TV Globo. Das 21 músicas instrumentais que compõem o CD, 20 faixas são inéditas e autorais, e traz uma releitura: a clássica Asa Branca de Luiz Gonzaga (Bônus Track). Durante as gravações nos estúdios Jaula do Leão e Fibra, Ricardo se dividiu também entre execução, arranjos e orquestrações (exceto nas faixas “Romance” e “Idas e Vindas”, que teve orquestração, transcrição e regência do maestro Vittor Santos). Para criar as composições, Leão foi para o interior das cidades de Goiás e de São Paulo e gravou violas caipiras com músicos locais. Ao lado dos músicos, o maestro Jaques Morelenbaum arranjou seu violoncelo ao contexto musical proporcionando um encontro inusitado e original, colocando a música de raiz lado a lado com a música erudita, que pode ser ouvida nas faixas São Dimas, O Dom, Triste Helo e Os Reveses. O CD traz também uma orquestra de cordas e madeiras com 16 instrumentos – a cargo dos violinistas Ricardo Amado, Daniel Guedes, Antonella Pareschi e do clarinetista Dirceu Leite. Os pianos foram gravados em três locais diferentes, o que proporcionou sonoridades diferentes para situações diversas na confecção da trilha. Para gravar o tema “As Águas de São Dimas”, Ricardo convidou o percussionista Alex Fonseca que gravou as percussões tocando em bacias, gamelas e baldes cheios de água para fazer um contraponto com os Cellos sincopados e os violinos intensos e cheios de lirismo.


DANIELLI MARINHO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR

AO VIVO EM SÃO PAULO Maneva O Maneva lança o CD, DVD e álbum digital Ao Vivo em São Paulo, segundo trabalho ao vivo da carreira da banda paulistana. Neste novo trabalho, gravado no Espaço das Américas, o quinteto teve o reforço de backing vocals e de um poderoso naipe de metais. No palco, a banda recebe convidados mais que especiais, como Armandinho, Zeider Pires (Planta & Raiz), Tati Portella (Chimarruts), Haikaiss, Oriente e Deko. Prestes a completar 12 anos de carreira, o Maneva já lançou seis discos e um DVD. A banda é formada por Tales de Polli (voz), Felipe Sousa (guitarra), Fernando Gato (baixo), Diego Andrade (percussão) e Fabinho Araújo (baterista). Para saber mais detalhes, acesse: http://www.maneva.com.br/

AO VIVO NO PÉ DE AMORA João Fernando & Gabriel Os goianos João Fernando & Gabriel, lançam o álbum Ao Vivo No Pé de Amora, com participações de Lucas Lucco, Loubet e Thiago Brava. O disco com as músicas do primeiro DVD da carreira vem para consolidar o nome da dupla no mercado musical nacional. Com direcionamento e produção artística de Willibaldo, o DVD foi gravado em Goiânia e conta com 12 faixas, 9 delas autorais. A música escolhida para ser o carro chefe do projeto foi Pulseira VIP, com a participação de Lucas Lucco. A dupla está oficialmente na estrada desde 2014 e garante que não é só mais uma, e sim que vieram para ficar e marcar o nome na música sertaneja.

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CADERNO ILUMINAÇÃO

KB-BEAM350 http://www.kb-lights.net/Product/EnShowProduct138.html O modelo possui 350W de potência e lâmpada 17R beam, fonte OSRAM SIRIUS HRI 330, temperatura de cor 8000K, zoom variável de 0° a 35°, foco eletrônico, 13 cores mais branco, efeito arco-íris com duas formas de transmissão e velocidade ajustável. Um prisma de 16 consegue fazer o efeito de velocidade de rotação bidirecional. O usuário também pode fazer o controle por DMX512, que pode ser opcional, e interface de 3 pinos. Um IP20 embutido oferece proteção contra alta voltagem e os canais opcionais de 22/16 mais o display tela em LCD são outras características do equipamento.

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FUZE SERIES www.elationlighting.com A Elation apresenta a Fuze™ Series™, modelos de luminárias coloridas LED efeito wash e zoom. Com um campo de luz extremamente homogenizador e uma única fonte de luz fazendo parecer que tudo é apenas uma cor, em vez de LED individuais, tem feito desses equipamentos um sucesso desde o pré-lançamento no final do ano passado. O Z120 é uma luminária com fonte silenciosa com potência de 120W e Quad Color RGBW COB LED. Possui um zoom motorizado com ângulo de 7° a 55° e mix de cores RGBW, strobo eletrônico e dimming de curva de efeitos selecionável, protocolo de suporte DMX e RDM (remote device management), IP rated 5pin XLR, entre outras características, como ausência de flicker. Já o Fuze Z350 é um moving light com uma única fonte de luz com potência de 350W Quad Color RGBW COB LED, com zoom motorizado de abertura variável de 12° a 53°, pan e tilt, mix de cores RGBW.

KB-LED-COB200 http://www.kb-lights.net/Product/EnShowProduct138.html Esse equipamento possui LED Color: 6in1(200w), 4in1(200w), cool white (200w), warm white(200w) e COB LED. Entrada e saída DMX de 3Pin XLR, display LCD, dimming eletrônico, corpo em alumínio, sistema de controle DMX 512 (masterslave, auto mode), cooling com um ventilador por ar forçado. Os canais DMX são 5CH (branco simples), 8 CH (4 em 1) e 10 CH (6 em 1).


PROTEUS BEAM™ IP65 www.elationlighting.com Esse moving head tem a promessa de aguçar ainda mais a criatividade dos lighting designers. Esse é o primeiro da série Porteus IP-rated, com alta performance oferecendo níveis avançados de solução em design e projetado para trabalhar sob condições climáticas adversas, sem deixar de limitar a criatividade do profissional. Contando com a nova lâmpada Philips ™ 14R 280W e alojando um sistema ótico avançado de foco, esse equipamento produz um feixe brilhante e extremamente preciso de 2°. As características de design incluem mistura de cores CMY completa, uma roda de cores dicróicas de 13 slots (incluindo Quad Color, CTO, CTB e UV), 8 gobos substituíveis rotativos, mais 13 gobos fixos estáticos. O feixe pode ser manipulado através de recursos como prismas rotativos de 5 e 32 facetas e um filtro de frost que os designers podem usar quando um efeito de lavagem mais suave é necessário. O Proteus Beam também inclui um inovador sistema de arrefecimento térmico interno que mantém o dispositivo fresco mesmo sob condições extremas. O Proteus Beam possui uma interface superior com suporte de controle de protocolos DMX, Art-Net, sACN e RDM e macros de programa interno incluídos, para programação rápida.

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CADERNO ILUMINAÇÃO

ILUMINAÇÃO A evolução tecnológica dos equipamentos, instrumentos e dispositivos proporcionou uma condição de protagonismo à iluminação cênica, pela intervenção estética e funcional dos elementos inseridos e dispostos nos palcos de modo a evidenciar as contribuições da luz aos shows e espetáculos, de maneira destacada e inigualável.

CÊNICA PIXEL MAPPING: versatilidade e complementaridade na iluminação cênica Cezar Galhart é técnico em eletrônica, produtor de eventos, baixista e professor dos Cursos de Eventos, Design de Interiores e Design Gráfico do Unicuritiba e pesquisador em Iluminação Cênica.

A

lém dos recursos convencionais, outros ainda mais dinâmicos trouxeram outras linguagens plásticas e visuais, criando cenários interativos e comunicacionais. Nesta conversa, será realizada uma abordagem inicial ao mapeamento de pixels na contextualização do Pixel Mapping, como recurso cênico produzido para entreter e impressionar.

VIDEOCLIPES As interações dinâmicas propiciadas pela iluminação cênica têm sido exploradas nas diversas formas e manifestações artísticas e culturais em decorrência das condições funcionais, estrutu-

rais e tecnológicas, disponíveis nos espaços e acessíveis de acordo com a própria evolução desses recursos, no decorrer da história. A oferta de artifícios interessantes e atrativos sempre se demonstrou também uma maneira de comunicar, entreter e transmitir mensagens. No contexto musical, a transmissão de apresentações (inicialmente, “ao vivo”) em determinados programas pela televisão, com mais ênfase a partir do fim da década de 1950, potencializou substancialmente a imagem de artistas e bandas, que aproveitavam a expansão desse meio para a divulgação e expansão das vendas dos seus produtos no mercado fonográfico.


Pode-se considerar que uma revolução ocorreria definitivamente no início da década de 1980 com o desenvolvimento dos conceitos dos videoclipes como meios de divulgação, mas principalmente propagação de ideias, marcas, estilos, modas, estereótipos e opiniões. A “indústria do entretenimento” se expandiu e os espetáculos de arenas surgiram para a aproximação dos artistas com milhares de fãs que se identificavam com todos esses elementos, visuais e comportamentais. Sobressaíram-se desde então aqueles que desenvolveram maneiras de contextualizar a linguagem dos videoclipes às linguagens dos espetáculos, incrementando nos palcos distintos recursos cênicos que proporcionassem outras interações, diferentes dinâmicas, inclusive técnicas de Storytelling (narrativas historicamente contextualizadas à turnê) como diferencial e exclusividade. Se na iluminação cênica surgiam os moving heads para criarem texturas e efeitos enérgicos, os cenários passaram a ser substituídos por telas, e atualmente, video screens.

Entretanto, a captação de imagens e consequente reprodução nos meios de visualização – seja por Image Magnification (IMAG), amplificação de imagens; ou pela reprodução de animações – não seria suficiente para o propósito de entreter e agregar algum diferencial. Se a evolução do “hardware” já se consolidava em condições favoráveis, deveria surgir alguma maneira de compatibilização das mídias em resultados plausíveis e adaptáveis. Surge então o Pixel Mapping (nota: não confundir com Video Mapping). De fato, trata-se não somente de linguagem, mas um sistema centrado em um software para o mapeamento e reprodução de mídias diversas, como simples imagens em formatos bitmaps ou vídeos desenvolvidos em configurações matriciais a partir de luminárias. Nesse contexto, poderiam ser utilizados quaisquer instrumentos de iluminação cênica, desde que constituídos de LEDs para a correta mistura de cores, além de outras possibilidades.

U2 360º Tour (2009-2011) – Estrutura da tela LED com 411.000 pixels, projetada por Mark Fisher, Chuck Hoberman e Frederic Opsomer e fabricada pela empresa belga Opsomer Innovative Designs. Fonte: Flickr/DodogoeSLR / Divulgação

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Pixel Mapping e aplicação simplificada com instrumentos convencionais. Fonte: Avolites / Divulgação

...a essência do Pixel Mapping reside justamente no fato de que cada instrumento de iluminação pode ser interpretado como um pixel, isoladamente.

Dos sistemas mais simples – como mencionado, pela singular reprodução de imagens estáticas – aos mais complexos arranjos (pela configuração de servidores conectados aos instrumentos e controlados por softwares específicos em consoles com mais elevada performance, desempenho e resposta), o Pixel Mapping permite a decodificação de cenários idealizados e produzidos a partir de conteúdo de mídia televisiva (ou mesmo internet) em iluminação, por meio de sistemas que integram essa convergência de recursos, controlados por dispositivos e periféricos já integrados às estruturas existentes. Dessa maneira, o processamento das imagens projetadas em uma tela de LEDs, ou mesmo uma sequência de efeitos produzidos por uma estrutura de PAR LEDs podem ser controlados por um Pixel Mapping. Assim, a essência do Pixel Mapping reside justamente no fato de que cada instrumento de iluminação pode ser in-

terpretado como um pixel, isoladamente. Esse pixel é de fato um ponto luminoso utilizado para a geração de imagens digitais. Essas imagens não precisam ser, necessariamente, uma fotografia ou uma gravura. A simples reprodução de sequências de luzes formando representações geométricas (linhas e pontos) já

Sistema matricial do Pixel Mapping com LEDs. Fonte: Adafruit / Divulgação


lo, além de outras combinações, com cores e composições, formando ícones, marcas, e com transições temporais, movimentos.

realizado pela plataforma DMX 512 com o uso de três canais, pelo menos. Em alguns casos, o número de canais será ainda maior, de acor-

pode caracterizar uma imagem digital. Nesse método, o mapeamento ocorre a partir da correspondência matricial das informações codificadas, e que ocorre bit a bit (como endereços isolados para cada ponto), chamada raster (em tradução livre, rastreamento) ou bitmap (mapa de bits, também em tradução livre). Para a melhor compreensão do Pixel Mapping, pode-se imaginar um arranjo de luminárias formando uma matriz bidimensional de cinco linhas com cinco luminárias em cada série (cinco colunas no eixo X e cinco linhas no eixo Y). Cada instrumento terá um endereçamento (sendo a primeira, no canto superior esquerdo, com o endereço #001 e a última, no canto inferior direito, #025). O acionamento de vários endereços simultaneamente poderá formar uma letra, um número, um símbo-

Alguns sistemas de controle e servidores de mídia têm um protocolo de rede proprietário específico para a comunicação entre os dispositivos e instrumentos

Nesse processo de informações, cada pixel terá um conjunto de características, tais como cor e intensidade, que estarão presentes no mapeamento a ser direcionado para cada instrumento de iluminação. Normalmente, o controle é

Sistema matricial do Pixel Mapping com luminárias. Fonte: Gearooz / Divulgação

do com a complexidade de dados e informações necessárias à geração de um determinado pixel. Alguns sistemas de controle e servidores de mídia têm um protocolo de rede proprietário específico para a comunicação entre os dispositivos e instrumentos, sendo necessária uma padronização no sistema de controle/endereçamento. Tecnicamente, o uso do protocolo de código aberto ARTNet resulta em solução compatível para a compatibilização de sistemas que também utilizam o DMX 512. Dessa maneira, o Pixel Mapping permite a melhor integração entre sistemas, fornecendo um conjunto de soluções e resultados facilmente organizados em uma estrutura de iluminação de maneira a aglutinar esforços e minimizar conflitos. Deve-se destacar, entretanto, a complexidade do sistema, pelas diversas demandas que naturalmente ocorrerão para a fiel reprodução das imagens, a partir dos dispositivos e recursos disponíveis. Ao profissional capacitado à codificação das imagens digitais a serem decodificadas em luz denomina-se Pixel Mapper (mesmo que essa também seja a denominação empregada para alguns softwares que possibilitam a decodificação).

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CADERNO ILUMINAÇÃO

Integração do Pixel Mapping com outras soluções. Fonte: Computer Bag / Divulgação

Esse se torna um especialista em programação específica para a produção de vídeo, ou mesmo a exploração de linguagens orientadas a objetos para outra aplicabilidade destinada à geração de imagens, assim como, para a integração de soluções de vídeos e outras mídias às estruturas disponíveis ou adaptadas.

Soluções em 3D Pixel Mapping – mapeamento que além da matriz bidimensional convencional (com os eixos X e Y) possui um outro plano de projeção, chamado Z...

A inevitável e cada vez mais atuante aproximação de soluções de vídeo e iluminação cênica em um conjunto de recursos estéticos e com comprometimento visual também conferem aos

lighting designers a adoção de técnicas e métodos orientados aos melhores resultados, com base nos princípios do Design, e nas diversas possibilidades proporcionadas pelas interações desses sistemas de Pixel Mapping. ritmos e contrastes, entre outros princípios, têm sido explorados significativamente, remetendo a padrões estéticos, ora previsíveis, ora necessários. Soluções em 3D Pixel Mapping – mapeamento que além da matriz bidimensional convencional (com os eixos X e Y) possui um outro plano de projeção, chamado Z – permitirão ainda nossas possibilidades, além daquelas atualmente exploradas, podendo dar oportunidade para a criação de cenários e imagens digitais em relevo virtual, proporcionado ainda novas fronteiras para a iluminação cênica, com inovação e criatividade. Abraços e até a próxima conversa!

Para saber mais redacao@backstage.com.br


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LUIZ CARLOS SÁ | www.backstage.com.br

cresceu em cachos, minhas roupas se coloriram, minha cozinha encheu-se de arroz integral, minha sunga praiana reduziu-se a uma quase invisível fita, assim como o maiô da minha então mulher virou um minibiquini, que às vezes esquecia o estéreo e virava mono... Quadros psicodélicos surgiram como por encanto nas paredes do nosso quarto-e-sala, gatos siameses ronronavam por nossas pernas e o som berrava Beatles e Tropicália a todo o volume... Demiti-me do estável cargo de Oficial de Chancelaria do Ministério das Relações Exteriores, desisti de um futuro diplomático que parecia dominado por todo o sempre pela onipresente ditadura militar e fui ser programador musical da rádio JB, colunista do Correio da Manhã e, finalmente, músico. Enfim, fui completa, irresistível, total e irrevogavelmente Ipanemizado em tempo re-

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EU E MINHAS PRAIAS

IPANEMA P

ara um garoto-zona-norte como eu, no Rio de 1968, mudar para a Zona Sul equivalia a um choque cultural completo. O túnel Santa Bárbara, aberto em 1963, tinha aproximado um pouco mais os extremos dessa – como disse muito apropriadamente o mestre Zuenir Ventura - cidade partida. Mas ainda éramos mundos muito diferentes: à zona norte, familiar e quase interiorana, opunha-se a sofisticada e mundana zona sul. Minha primeira escala foi em Botafogo, dividindo com meu amigo e futuro Boca Livre David Tygel, um quarto no icônico Solar da Fossa, solar bicentenário este impiedosamente atropelado mais tarde pelo shopping Rio Sul. Lá namorávamos nossas amadas, recém-libertas pela pílula anticoncepcional. Mas pouco depois casei e mudeime para o que eu considerava o Umbigo do Mundo: a libertária, ousada, louca e transmutacional Ipanema. Fui morar em plena Barão da Torre, entre a Farme de Amoedo e a então Montenegro, hoje Vinícius de Morais. Imediatamente após a entrada do último caixote de mudança atingiu-me aquilo que hoje chamo “O Raio de Ipanema”. Em menos de uma semana meu cabelo

corde. Ou – como se dizia na época – desbundei. Ali, a duas quadras do meu apê, desabrocharam as dunas da Gal, consagradas à sua escultural Musa Maior,


LUIZCARLOSSA@UOL.COM.BR | LUIZCARLOSSA.BLOGSPOT.COM esgueirando-se sob e sobre o emissário submarino que se propunha a manter o cocô longe da praia, mas que hoje, vistos os últimos acontecimentos, me parece ter sido uma espécie de canal por onde jorraram dólares, lavados em água salgada, para dentro dos bolsos dos políticos da época. Como não podíamos protestar na devida medida, resistíamos mais ou menos à la Gandhi. As botas da ditadura pareciam não conseguir penetrar por completo naquele território dominado por baseados, peitos de fora, frescobóis, rodas de músicos com seus violões invadidos pela areia, figuras exóticas, viajantes de ácido, falsos profetas e – claro! malas de toda espécie. Batidas policiais eram recebidas por vaias ululantes, com o eventual aprisionado e seus algozes seguidos de perto por uma turba revoltada e vigilante, que anotava a placa da viatura e tentava obter dos próprios policiais o número da delegacia de destino. Fomos o pântano circunscrito da ditadura. Entre mortos – de verdade – e feridos – de verdade também – salvamonos muitos. As drogas e a repressão ditatorial levaram centenas desta para pior, mas muitíssimos de nós puderam sobreviver e testemunhar um fato curioso: foram-se as dunas,

submergiu o píer, mas aquele território permanece até hoje contestatário. Ali se concentra a comunidade GLBT e sua recém-descoberta força e liberdade, ali ainda rolam os baseados, os libertários, os músicos, o biscoito Globo, a esquerda festiva ou aflita, os derradeiros hippies e rastafáris, os craques do futevôlei fazendo milagres na areia, as meninas sem sutiã e sem medo de assédio e, ahn... Os inevitáveis e eternos malas! Mas, pensando bem, o que seria de qualquer comunidade sem eles? E embora me pareça que os biquínis e as sungas tenham crescido um pouco, não é justo comparar uma época de descobertas com outra de assertivas. Para mim em particular, Ipanema foi professora de vida. Lá eu aprendi a transitar livremente entre as fronteiras e túneis que separam os hemisférios da Cidade Partida do Zuenir, entender as diferenças entre o Salgueiro e o Pavãozinho, comparar repressões verdadeiras e falsas liberdades, conhecer outras raças, semelhantes ou diferentes, aceitar outras tendências, passar por outras situações... Mas o que está presente para sempre na minha memória é aquele sol sendo aplaudido enquanto morre entre os Dois Irmãos. De vez em quando eu ainda vou lá ver isso.

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