Edição 271 - Junho 2017 - Revista Backstage

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Sumário Ano. 23 - junho / 2017 - Nº 271

Sonorização a partir do app

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Harman lança o sistema integrado a partir de um PA que simplifica a configuração desde um único aplicativo para dispositivos móveis. Com ele, é possível que o músico obtenha um som excelente em pouco tempo e ainda se concentre em seu desempenho.

NESTA EDIÇÃO

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Tenha você 8 ou 80 anos, a nova turnê 24K Magic do cantor Bruno Mars tem algo familiar e, ao mesmo tempo, inovador. O visual nostálgico de lâmpadas PAR ou painéis luminosos trazem uma certa sensação de viagem de volta ao tempo, mas só até percebermos que as fontes de luz são, na verdade, LEDs e moving lights de última geração em sistemas móveis, integrados a uma cenografia totalmente automatizada.

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Vitrine A B&C apresentou o novo subwoofer 18DS115 de última geração, que utiliza uma bobina, de alumínio, mais comprida e de quatro camadas. O resultado é mais energia, maior sensibilidade, menor distorção e melhor rendimento geral.

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Rápidas e Rasteiras A Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI) divulgou, no final de abril, uma queda no consumo do formato físico e download pago. A novidade é o crescimento de streaming.

20 Gustavo Victorino Confira as notícias mais quentes dos bastidores do mercado.

22 Gigplace Nesta edição, vamos abordar uma profissão que veio do futuro, mas que já está presente nos shows e eventos atuais. A profissão deste mês é a de Production Designer, e o entrevistado é Victor “Kapinha” Freitas.

40 Play Rec O conceito de simplicidade marcou este álbum. Dos Navegantes reúne Mauro Senise, Romero Lubambo e Edu Lobo, que montaram uma tessitura instrumental neste trabalho.

64 Vida de Artista A praia não é o lugar mais indicado para violões. Entra areia. É muito quente de dia. É úmida demais à noite. No entanto, todos já tiveram seus momentos de rodinha e viola em volta de uma fogueira. Foi num desses encontros que surgiu Rubi Terça Feira.


Expediente

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Qualidade sonora brasileira

Perto de seu centenário, a Igreja Evangélica Assembleia de Deus de Pernambuco (IEADPE) adotou o sistema EVO Line, da Oneal. Os desafios de levar qualidade sonora para dentro dos templos vêm exigindo cada vez mais a profissionalização, capacitação técnica e ampliação dos departamentos de engenharia em instituições religiosas.

TECNOLOGIA 32 Logic

36 Ableton

A versão do Logic Pro X 10.3.1 trouxe praticamente refinamentos das novas funcionalidades e também alguns recursos que haviam sido “excluídos” temporariamente.

Até que a era dos CPUs quânticos chegue, sempre vai haver algum delay (atraso) no processamento. Antevendo esse problema, a Ableton proporcionou ao Live a capacidade de ser otimizado para compensar essa deficiência das máquinas.

CADERNO ILUMINAÇÃO

Diretor Nelson Cardoso nelson@backstage.com.br Gerente administrativa Stella Walliter stella@backstage.com.br Financeiro adm@backstage.com.br Coordenadora de redação Danielli Marinho redacao@backstage.com.br Revisão Danielli Marinho Reportagem: Claudia Cavallo, Danielli Marinho, Cezar Galhart, Cristiano Moura, Gustavo Victorino, Jorge Pescara, Lika Meinberg, Luiz Carlos Sá, Marcello Dalla, Ricardo Mendes e Vera Medina Ed. Arte / Diagramação / Redes Sociais Leandro J. Nazário arte@backstage.com.br Projeto Gráfico / Capa Leandro J. Nazário Foto: Florent Déchard / Divulgação Publicidade / Anúncios PABX: (21) 3627-7945 arte@backstage.com.br Webdesigner / Multimídia Leonardo C. Costa multimidia@backstage.com.br Assinaturas Maristella Alves PABX: (21) 3627-7945 assinaturas@backstage.com.br Coordenador de Circulação Ernani Matos ernani@backstage.com.br Assistente de Circulação Adilson Santiago Crítica broncalivre@backstage.com.br Backstage é uma publicação da editora H.Sheldon Serviços de Marketing Ltda. Rua Iriquitiá, 392 - Taquara - Jacarepaguá Rio de Janeiro -RJ - CEP: 22730-150 Tel./fax:(21) 3627-7945 / 2440-4549 CNPJ. 29.418.852/0001-85 Os artigos e matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. É permitida a reprodução desde que seja citada a fonte e que nos seja enviada cópia do material. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios veiculados.

46 Vitrine iluminação Utilizando a poderosa lâmpada 17R Yodn HRI 350W, o Solar 17R apresenta o fantástico fluxo luminoso de 192.600 Lux a 10 metros de distância. Ideal para shows, estúdios de televisão e eventos onde muita potência e recursos são necessários.

58 Iluminação cênica Uma etapa fundamental que antecede qualquer apresentação ou espetáculo está relacionada ao refinamento da iluminação cênica. Mesmo com todos os instrumentos corretamente instalados, testados e posicionados, são necessárias outras formas de análise e avaliação para se manter o foco.


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CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br

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A mudança que

acontece nas nuvens

O

anúncio, no final de abril, da Fraunhofer Institute for Integrated Circuits, fundação alemã que inventou o MP3, sobre o fim do licenciamento do formato, determina outro caminho no cenário de distribuição de música. Essa decisão, no entanto, não significa que os arquivos existentes em MP3 deixem de funcionar absolutamente, mas permitem, a partir de agora, o surgimento de novos serviços e ferramentas, tendo em vista que não é preciso mais pagar pelas licenças. Essa determinação da Fraunhofer sinaliza também o que o mercado já vem observando já há algum tempo: um movimento pendular favorecendo o crescimento de dados compartilhados por streaming. Nos EUA, essa fonte já representa a principal fonte de receita naquele país: cerca de sete bilhões de dólares em 2016. O fenômeno representa mais de 50% na participação em transmissão digital no ano passado. Para confirmar esta tendência, a Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI) divulgou, também no final de abril, uma queda no consumo do formato físico e download pago, apontando para o crescimento do streaming. Em 2016, o mercado cresceu, somando todos os formatos, com total arrecadado pela indústria global de US$ 15,7 bilhões. Estima-se que mais da metade destas receitas venham do streaming e das assinaturas de serviços digitais, como Spotify, Deezer, Apple Music e Tidal. No Brasil, o podcast (formato distribuído em plataforma de streaming), por exemplo, desponta como formato prático tanto em termos de facilidade de acesso, quanto de produção. Programas, shows e até mesmo programações ao vivo vêm na esteira desta nova tecnologia, que esbarra apenas em questões de infraestrutura, como a precariedade no acesso à internet. No entanto, a substituição das tecnologias é um caminho sem volta e deverá impulsionar também novas formas de produção musical e talvez de remuneração de músicos. É esperar para ver a que velocidade deverão ocorrer tais mudanças no mercado brasileiro e mundial, com todos os complexos desdobramentos, intrínsecos a qualquer mudança, como a distribuição de dividendos entre gravadoras, editoras e músicos. Boa leitura! Danielli Marinho

facebook.com/backstage.revista


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www.harman.com.br O HP6E é um amplificador profissional de headphones com cinco canais de entrada estéreo e um design de matriz ultraflexível. Além do canal master, você pode atribuir cada saída para um dos quatro canais de entrada selecionáveis, fornecendo a versatilidade que você precisa para todos os tipos de monitoramento e sessões de gravação. Para mais canais, basta conectar várias unidades HP6E. Entre os recursos, podemos destacar 5 entradas TRS, estéreo, controle de volume para cada saída do amplificador, 6 amplificadores classe A e saída nominais @32 ohms 600mW por canal.

KEYLAB ESSENTIAL

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HP6E

www.arturia.com Criado pensando nas necessidades do músico, o Keylab Essential proporciona tudo que eles precisam para criar e gravar música fora da caixa. Os controladores de 49 e 61 notas são armazenados com controles de performances intuitivos, permitindo integração.

SF-158 www.dasaudio.com As três vias do SF-158 foram desenvolvidas para proporcionar uma alta potência, um sistem full-range que pode ser usado como sistema principal em ambientes pequenos, ou como side fill em locais maiores. Um dispositivo de 8” mid-range combinado com o driver M-75N de neodymium para altas frequências foi construído em uma corneta de fibra de vidro. Esta corneta oferece dispersão de 40° x 30°e pode ser rotacionada para que a SF-158 seja usada horizontalmente. A reprodução do baixo é proporcionada pelo woofer de 15” D.A.S. em uma configuração de passa-banda. Outas características são impedância nominal de 8 ohms, range de frequência (-10dB) de 70 Hz a 20kHz e pico máximo de SPL de 140 dB.


VANTEC SERIES http://www.dasaudio.com/ pt-br/cp/vantec-series/ É um sistema de alta tecnologia para eventos ao vivo, artistas, músicos e DJs. Os sistemas Vantec incorporam filtros digitais (FIR), DSP integrado, display LCD, transmissão de áudio sem fio, sistema de amplificação classe D, 5 presets, além de delay, controles de ganhos e 3 vias de EQs. A linha é composta com alto-falantes de 12", 15" e subs.

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18DS115 www.bcspeakers.com A B&C apresentou o novo subwoofer 18DS115 de última geração, que utiliza uma bobina de alumínio nova, mais comprida e de quatro camadas. O resultado é mais energia, maior sensibilidade, menor distorção e melhor rendimento geral. O 18DS115 conta com uma bobina de 40 mm de comprimento, 4,5 polegadas de diâmetro (116 mm) e uma bobina de voz de arame de alumínio revestido em cobre. Com uma potência AES de 1.700 W, sensibilidade de 98 dB e mais de 16,5 mm de Xmax, este subwoofer significa um passo à frente nos modelos similares da linha da B&C. As primeiras amostras estarão disponíveis na Itália no começo de maio.

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PA28 www.allen-heath.com O PA20 é um mixer robusto, compacto de 20 entradas (16 mono, 2 dual estéreo) com um layout descomplicado e funcionalidade extensiva. Com um design e construção de qualidade típicos das mesas da marca, o PA20 é uma aquisição quase essencial para bandas, teatros ou empresas de locação. Os pre-faders e pos-faders são claramente destacados e com códigos coloridos, além de um fader master de 100mm com um botão de Mute de LED, idênticos aos controles de canais. Há uma seleção de 16 FX digital para completar o design profissional. Dois canais dual stereo com RCA e conectores TRS e controle de ganhos independentes estão incluídos para o retorno FX e fontes estério, como CD players e trilhas de fundo. Além disso, um equalizador de 4 bandas com frequências de varredura proporcionam uma otimização mais precisa do sistema de falantes e controle do feedback do que os típicos EQ de gráficos de frequências encontrados em consoles similares.

AT2020USB+ http://www.pridemusic.com.br/audiotechnica O AT2020USB+ é um microfone USB que foi projetado para captar digitalmente música ou qualquer fonte acústica de áudio utilizando o seu software de gravação preferido. O microfone possui a mesmo som do premiado AT2020, com qualidade e inteligibilidade perfeita para cantores/compositores, podcasters e gravações em home studio. Ele possui uma saída para fone de ouvido com controle de volume que permite monitorar diretamente o sinal do microfone sem delay e também um botão de mix, onde você escolhe o sinal direto ou pré-gravado. Seu conversor AD (analógico / digital) com uma taxa de amostragem de 16bits, 44,1 / 48kHz, garante uma reprodução de som extremamente articulada. Especificações técnicas: condensador cardioide, resposta de frequência de 20 a 20kHz, necessita de alimentação 5V DC (USB), saída de fone P2 com 130mW, conexão USB, acompanha suporte e tripé de mesa, cabo USB com 3,10m e bolsa para transporte. Para saber mais sobre os produtos da Audio-Technica Brasil: Acesse o site da Pride Music: www.pridemusic.com.br


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completamente sonorizado

PODCAST CRESCE EM MERCADO DE STREAMING A Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI) divulgou, no final de abril, uma queda no consumo do formato físico e download pago. A novidade é o crescimento de streaming. Em 2016, o mercado cresceu, somando todos os formatos, com total arrecadado pela indústria global de US$ 15,7 bilhões. Mídia ainda recente no Brasil, mas em crescimento constante e conquistando cada vez mais adeptos, o podcast desponta como formato prático tanto em termos de facilidade de acesso, quanto de produção.

CÉU E BOOGARINS E ROCK IN RIO

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“Nosferatu” é

Um dos maiores clássicos do cinema mudo, Nosferatu (1922) acaba de ganhar uma versão exclusivamente feita com os arquivos de músicas e efeitos sonoros da Getty Images. A campanha integrada, criada pela AlmapBBDO, apresenta a versatilidade das coleções de áudio da líder mundial em vendas de imagens e vídeos. Em Nosferatu - The Non Silent Film, o icônico vampiro e todos os personagens ganham voz própria, os efeitos sonoros dão vida ao filme, e a nova trilha sonora traz emoção para cada cena. Tudo usando milhares de arquivos diferentes da Getty Images. Para isso, foi utilizado o filme original, já em domínio público, com uma hora e meia

de duração. Uma curiosidade é a criação de uma língua própria para os personagens, concebida a partir da inversão de arquivos de falas da Getty Images. Produzida pela Punch Audio em três meses de trabalho, o processo exigiu uma equipe dedicada exclusivamente ao projeto, pesquisando e testando as infinitas possibilidades com a colaboração dos times da Getty Images e da AlmapBBDO. O público pode assistir Nosferatu - The Non Silent Film no site www.nonsilentfilm.com, e ainda descobrir cada som original utilizado no filme. Confira o trailer do projeto em https://youtu.be/dFUbKJ64BKo (em inglês) ou https://youtu.be/HUcl_cbbAsE (em português).

O público terá novidades nesta edição no Palco Sunset. É que alguns artistas estão gravando faixas exclusivas para serem apresentadas em primeira mão no evento. Abril foi de muito trabalho para a Céu e os Boogarins no Red Bull Studio, em São Paulo. Com produção do Rock in Rio, os artistas gravaram uma faixa inédita chamada Foi mal, de autoria dos Boogarins. O encontro será oficializado no primeiro dia de evento, 15 de setembro.

CONCURSO PARA MPB Estão abertas as inscrições para o 2° Concurso MPBrasil, em São José do Rio Preto (SP). Os artistas interessados terão acesso ao regulamento e ficha de inscrição no site www.festivalmpbrasil.com.br. Todos os inscritos se apresentarão durante os dois dias de festival. Os melhores colocados receberão prêmios em dinheiro: R$ 6 mil para o 1° lugar, R$ 3 mil para o 2º lugar, R$ 2 mil para o 3º colocado, R$ 1 mil para 4° e 5° colocados. O festival é realizado pela preponente Renova Projetos e Produções, com apoio da Secretaria do Estado da Cultura, junto ao Proac-ICMS, com patrocínio do Grupo Tereos.


Fórmula para prever o sucesso A volta de grupos como TLC e Planet Hemp inspirou a Deezer, plataforma global de streaming de música, a criar uma fórmula que ajuda a prever quando artistas que estão em hiatos devem voltar à ativa. A “Calculadora do Retorno” é o primeiro cálculo do mundo que sugere quando o artista poderá voltar aos palcos com base nos sucessos de sua trajetória musical. Em parceria com o matemático Dr. Colin D Wright, professor da Universidade Keele, a fórmula desenvolvida leva em conta fatores co-

mo tempo de ausência e número de hits de sucesso (Tempo de ausência) / (2 + min (3, hits número 1)). Divida o tempo que o artista ficou fora dos holofotes por dois e some com a quantidade de hits que este artista conquistou (no entanto o número de hits deve ser limitado a 3 se for superior a isso). De acordo com o Dr. Wright, há muitos fatores para determinar o que faz a banda ter um retorno bem-sucedido, mas o que está claro é que fazer uma pausa e depois voltar pode ser de fato uma coisa muito boa.

Tecnologia musical Uma startup francesa uniu um engenheiro, um empreendedor e um designer para desenvolver novas soluções em áudio. Fundada há 10 anos por Pierre-Emmanuel Calmel, Quentin Sannié e Emmanuel Nardim, a Devialet hoje é líder mundial em equipamentos de som de alta fidelidade e possui três tecnologias principais: ADH Intelligence (junção do analógico com o digital), Evo Plat-

form (plataforma exclusiva que garante as atualizações dos sistemas gratuitamente) e HBI Implosion (único sistema no mundo que permite a emissão de frequências extremamente baixas a partir de um espaço compacto). Além disso, tem 11 fábricas dedicadas a produção de seus produtos: Phantom e Expert, que podem ser encontrados no Brasil.

Biblioteca Carlos Correia Com mais de mil novos títulos para pesquisas e consultas, com abordagens em acústica, eletrônica, áudio, produção, gravação, sonorização e muitos outros assuntos relacionados à área técnica, cedidos pela família de Carlos Correia - engenheiro que revolucionou os projetos de trios elétricos na Bahia - o acervo pode ser consultado no IATEC Centro.

ÁUDIO, ACÚSTICA E ILUMINAÇÃO EM SALVADOR Salvador receberá uma série de cursos nas áreas de áudio, acústica e iluminação. A ação Audium Propaga é um projeto que visa compartilhar conhecimento nessas áreas por meiro de uma série de cursos que, incialmente, serão ministrados em Salvador. A ideia dos organizadores é levar os cursos em formato pocket para outras cidades do Brasil.

SAN ISLAND WEEKEND Entre os dias 2 e 4 de junho acontece a San Island Weekend, em Morro de São Paulo. O palco receberá grandes nomes da música eletrônica nacional e internacional e será um espetáculo de som, luz e vídeo. A estrutura terá mais de 10 metros de altura, 20 metros de comprimentos e comportará 70 toneladas de equipamentos de som e luz. A criação do projeto é da Show Design, a mesma que projetou os palcos da gravação do DVD de Claudia Leitte em Copacabana, e do DVD da banda Aviões do Forró, no Beach Park, em Fortaleza. Além de Ivete Sangalo, o lineup da San Island Weekend contará com nomes consagrados da cena eletrônica internacional como Aron, Phill Romano, Dani Toro e GSP, e mais 14 Dj´s nacionais.

A MÚSICA DA MARCA Com a ideia de que tudo pode virar música, a Muzak, quer mostrar que tudo pode virar música, a começar

pela própria marca da empresa que foi recriada com linhas que remetem à fluidez das ondas sonoras – e que se reposiciona como estúdio de criação e produção de conteúdo para diversos segmentos. O maestro Mateus Alves foi convidado para um desafio inédito: criar uma música a partir do movimento sugerido pelas linhas do novo logotipo. A empresa agora se estrutura internamente para desenvolver produtos digitais e audiovisuais em parceria com produtoras e profissionais do mercado nacional. Com sede no Recife e escritório em Brasília, a Muzak celebra 25 anos de mercado. O minidocumentário sobre a Muzak pode ser conferido em https://www.youtube.com/watch?v=v-4Sf5pHTH8

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NA TRILHA

Respeita. Esse é o nome do novo single escrito por Ana Cañas, que já está disponível em todas as plataformas digitais. A música aborda diretamente a questão da violência contra a mulher e ganhou um clipe, dirigido por Isadora Brant e João Wainer, que pode ser visto em seu canal no Youtube (https:// www.youtube.com/watch?v=Hnan1HTbozQ). O vídeo reúne mulheres que estão na linha de frente da militância e resistência de movimentos sociais, culturais e feministas. Filmado em São Paulo e no Rio, durante quatro dias, o clipe, feito em retratos, mostra as histórias dessas mulheres e a relação de cada uma com a violência, abuso ou assédio que já sofreram. A música, que flerta com a linguagem do rap, teve produção do duo Instituto, de Rica Amabis e Tejo Damasceno, que já trabalhou com Sabotage e Criolo, entre outros artistas. A capa do single também ganhou um toque artístico ao ser produzida por Mag Magrela.

SLEEP WELL BEAST - THE NATIONAL O grupo The National anuncia seu sétimo álbum - Sleep Well Beast - que será lançado em 8 de setembro na 4AD. Sleep Well Beast foi produzido pelo membro Aaron Dessner com co-produção de Bryce Dessner e Matt Berninger. O álbum foi mixado por Peter Katis e no estúdio Long Pond de Aaron Dessner, em Hudson Valley, New York. Sleep Well Beast está disponível para pré-venda hoje em americanmary.com e estará disponível em CD, digital e LP duplo. O clipe do single ‘The System Only Dreams in Total Darkness’ foi dirigido por Casey Reas e pode ser ouvido em https://youtu.be/2O6duDDkhis A banda também divulga uma nova turnê mundial do álbum, começando em Cork, na Irlanda, em 16 de Setembro. The National também estará nos festivais Glastonbury e Haven em Copenhagen nesse verão. Para mais informações, acesse www.americanmary.com

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ANA CAÑAS LANÇA NOVO CLIPE

SHAKIRA EM ESPANHOL O novo álbum de inéditas traz Shakira cantando novamente em espanhol, um hiato desde “Sale El Sol”, lançado em 2010. El Dorado possui 13 faixas e traz quatro grandes hits. La Bicicleta, uma mistura de urban music com o vallenato colombiano em parceria com Carlos Vives, seguida pela sensual Chantaje, com participação de Maluma, Deja Vu, com Prince Royce, e seu mais recente single, Me Enamoré. Completam o repertório de El Dorado as faixas Nada, Amarillo, Perro Fiel com Nicky Jam, Trap com Maluma, Comme Moi com a francesa Black M e Toneladas. El Dorado também tem três músicas em inglês: When a Woman, Coconut Tree e What We Said, com a banda canadense Magic!. A capa do álbum foi criada por Jaume Laiguana, diretor dos videoclipes de La Bicicleta e Chantaje.

BACKSTAGE

CARREIRA SOLO O paulistano Alexandre Grooves lança o CD Multi, segundo trabalho de sua carreira solo, que chega com influências do rock, folk e blues, mas sem perder a identidade pop e as referências da MPB. O disco (independente, com distribuição da Tratore) traz 10 faixas das quais nove são autorais e uma regravação: “Ska” (do Paralamas do Sucesso). Multiinstrumentista, Grooves gravou a maioria dos instrumentos e fez os arranjos, além de produzir o álbum.

JOÃO ROCK TERÁ MAIS UM PALCO O João Rock, evento que em 2017 chega à sua 16a edição, terá mais um palco, o Palco Brasil, dedicado à região Nordeste, trazendo Zé Ramalho, Lenine, Nação Zumbi e Alceu Valença. O evento, que acontece no dia 10 de junho, no Parque Permanente de Exposições de Ribeirão Preto, tem 19 bandas confirmadas em três palcos. O Palco João Rock - dividido em duas estruturas para apresentação non-stop – receberá Humberto Gessinger, CPM22, O Rappa, Emicida e convidados, Nando Reis, Capital Inicial, Armandinho e Pitty. Neste espaço também se apresenta a banda vencedora do concurso promovido pela organização do evento. No Palco Fortalecendo a Cena os shows são com as bandas Medulla, Selvagens à Procura de Lei, 3030, Haikaiss e Cidade Verde Sounds. Além das atrações musicais o evento também conta com área de esportes radicais e espaço de arte e interatividade com painéis para grafiteiros. A estrutura completa conta com mais de 100 mil metros quadrados. Mais informações no site : www.joaorock.com.br


NA TRILHA

TRIO TEM NOVO CLIPE A música Eternidade, do grupo Trio, formado por Egon Donova (guitarra), Fabrício Tenório (piano), Luiz de Urjaiss (bateria/percussão), teve seu clipe lançado no final de maio. O grupo de jazz/música instrumental contemporânea, nascido no Rio de Janeiro, há um ano, tem o objetivo de fazer música de qualidade e popularizar o gênero no Brasil. O vídeo, com composição de Ronaldo Cysne, imagens de Daniel Avannay e Egon Donovan, tem produção exclusiva do Reverb Studio Production. O video pode ser visto em: www.facebook.com/Trio.Music.Jazz/

NIKKA COSTA CANTA VERSÃO DE “COME RAIN OR COME SHINE” A cantora Nikka Costa acaba de lançar uma versão do clássico Come Rain or Come Shine, composta nos anos 40 e que ficou conhecida na voz de Billie Holiday. A gravação foi baseada nos arranjos que seu pai, o arranjador e produtor Don Costa, criou para Frank Sinatra. A canção faz parte do novo trabalho da cantora – Nikka & Strings, Underneath and In Between- que será lançado em 2 de junho. “Esta é a música mais especial do álbum para mim, de longe”, diz Nikka. https://formusic.lnk.to/_zfrIFP

BACKSTAGE

CATÁLOGO DIGITAL DA UNIVERSAL MUSIC Considerada a grande musa da Bossa Nova, Nara Leão tem seu álbum mais pop, Nasci Para Bailar, entre os destaques do catálogo da Universa. Outra grande diva também está no pacote: Maria Bethânia com o álbum Imitação da Vida, registro de um de seus belos shows, em que mescla poemas de Fernando Pessoa e clássicos da MPB. Já Fetiche, do soulman Cláudio Zoli, traz hits como À Francesa e Felicidade Urgente, que ficaram conhecidas nas vozes de Marina Lima e Elba Ramalho. Já Celso Blues Boy figura dentre os lançamentos com um de seus mais importantes discos, Marginal, com seu rock com levada blues. A dupla Cartier & Burnier também marca presença com o álbum lançado em 1976, com repertório próprio e arranjos vocais de primeira. Também de 1976 é o disco de José Augusto, com sua própria versão de Fascinação. Sem esquecer do maestro César Camargo Mariano, que tem dois títulos relançados.

Harman apresenta nova linha de line

A Harman apresenta a sua nova linha de line arrays ativos VertLine da JBL, além de soluções de acústica, sonorização, iluminação e automação durante a principal feira e congresso sobre infraestrutura e soluções de tecnologia para templos e igrejas da América Latina, a Church Tech Expo 2017, em São Paulo. A linha VertLine oferece solução em áudio que combina anos de experiência em construção de caixas e design característico da marca, com duas vias que podem ser combinadas com os subwoofers VL3200SUB. Estão disponíveis nesta linha os modelos VL6 e VL8, ambos com indicadores LED para alimentação, sinal, além de pico de potência de 700W. O modelo VL6 possui SPL máximo de graves e agudos de 120 dB e resposta em frequência de 94 Hz a 18 kHz. Já o VL8, mais robusto, possui 122 dB e 80 Hz a 20 kHz, respectivamente. Os novos modelos foram projetados especialmente para instalações em igrejas, casas de cultos, templos e demais locais em que seja necessária a entrega de áudio com qualidade e clareza.

Jazz em Santos Acontece entre os dias 27 e 31 de julho na maior cidade do litoral paulista, a 6ª edição do Santos Jazz Festival. A produção do festival desenvolveu a curadoria em cima do tema diversidade sexual, e dá ênfase à participação das mulheres. Já estão confirmados os shows de Liniker e os Caramelows, Ellen Oléria e Banda, Thiago Do Espiríto Santo e Sílvia Goés convidam Alba Santos e o lançamento do CD de Igor Willcox Quarteto. O show de abertura será da banda Divazz e um repertório criado especialmente para o festival, Ella Fitzgerald, Nina Simone, Billie Holiday, Aretha Franklin, Esperanza Spalding, Madeleine Peyroux e outras. Entre as atrações extras, está o lançamento do livro Blues – The Backseat Music, do jornalista Eugênio Martins Júnior. No primeiro volume, o livro traz 30 entrevistas de artistas brasileiros e estrangeiros e uma introdução de como o blues surgiu no Brasil no eixo Rio-São Paulo e como se encontra hoje, após 30 anos. O Santos Jazz Festival tem o apoio do Governo Federal, Prefeitura Municipal de Santos, Porto de Santos.

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GUSTAVO VICTORINO | www.backstage.com.br

ANITTA A aparição da brasileira junto da cantora americana Iggy Azalea, num dos mais importantes talk shows da televisão americana deu o que falar. The Tonight Show do irrequieto Jimmy Fallon é assistido diariamente por milhões de pessoas e a Anitta não fez feio. Investindo numa carreira internacional, a brasileira chamou a atenção e mereceu elogios. Ao contrário da gringa, ela cantou e sensualizou como a música pedida. Se tivesse um mínimo de vibrato na voz eu até tentaria elogiar.

GUERRA SILENCIOSA

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REALISMO

Com a economia brasileira ainda de pernas para o ar, por conta da corrupção generalizada que tomou conta do país, a oscilação da moeda americana virou um prato cheio para os especuladores que transformaram as operações com dólares num verdadeiro jogo de cassino onde o ganha e perde passou a ser mais importante do que a moeda como um fim em si mesma.

A desinformação e a má fé de alguns vendedores andam fazendo vítimas por aqui. A marca de guitarras mais famosa do mundo tem preços bem definidos nos EUA. Uma Fender Squier custa em média U$S 299, os modelos mexicanos ficam em torno de US$ 599, e as Made in USA a partir de US$ 999 nas lojas de lá. Considerando a carga tributária e o constrangedor custo Brasil, é praticamente impossível alguém comprar uma Fender americana nova numa loja brasileira por menos de 4 mil reais. Fique esperto...

MODISMO DESAGRADÁVEL Assim como no vestuário, nos carros e nos instrumentos musicais, parece que os modismos chegaram também aos perfis sonoros em shows musicais ao vivo. A saturação das frequências graves, ao redor dos 120Hz, anda tirando a graça de alguns espetáculos e tornando insuportável assistir apresentações perto do palco. Salvo raríssimas exceções, a sensação que tenho é que os operadores e técnicos se escondem atrás desse modismo que tornou linear a massa sonora e tirou as nuances e definições sempre vindas das ricas frequências médias entre 1 e 2 kHz. No caso dos subgraves, ou seja, frequências perto do 60Hz, o abuso torna impraticável assistir um show a menos de 50 metros. Se é moda, espero que acabe logo...

O confronto (quase) silencioso entre o Netflix e os estúdios de Hollywood chegou na música. De forma sectária e sutil, os estúdios começam a disputar os grandes compositores e criadores de trilhas incidentais para as suas produções mais caras. A disputa por espaço e as novas tecnologias provocaram a guerra silenciosa onde o Netflix acusa os estúdios de imperiais. Eles devolvem taxando a produtora de irresponsável por desvalorizar a veiculação de suas produções atingindo de forma comprometedora o mercado.

ESPAÇO DE MERCADO A indústria brasileira de amplificadores profissionais para instrumentos de corda tem um interessante nicho para crescer. O valor agregado aliado à imoral carga tributária brasileira está tornando os preços dos amplificadores importados de alto desempenho inacessíveis à grande maioria dos músicos. Meteoro e Borne já descobriram isso e desenvolveram produtos que em pouco ou nada ficam a dever a maioria dos importados. Enquanto esses importados com perfil para grandes palcos nunca ficam abaixo de 10 mil reais, os nacionais com a mesma característica e boa qualidade são encontrados pela metade desse preço.

VERDADE CRUA Os técnicos e recuperadores que me perdoem, mas nenhum alto-falante recondicionado ou rebobinado fica igual ao


GUSTAVO VICTORINO | VICTORINO@BACKSTAGE.COM.BR original. Por melhor que seja o trabalho de restauração, a textura do reparo e o alinhamento da bobina nunca terá a perfeição do produto original. Ele voltará a funcionar, mas o desempenho será outro e, invariavelmente, pior.

AVISO Apagar a inscrição “Made in China” por preconceito ou má fé é burrice. Tem gente colocando até adesivo sobre essa inscrição obrigatória. E alguns são importadores.

NOVA DIREÇÃO A marca ícone das guitarras americanas pode virar totalmente japonesa a qualquer momento. A Gibson vem sendo alvo de pesadas propostas de compra que começam a se tornar irresistíveis. Os principais proponentes vêm do Japão que já é o segundo mercado consumidor da marca no mundo. Enquanto a Roland já virou americana, a Gibson pode virar japonesa. Coisas do mundo globalizado.

TECNOLOGIA A discussão envolvendo a polêmica gravação do presidente Temer e suas possíveis edições, me fez pesquisar o tema na internet e acabei encontrando algo muito curioso que vai embolar ainda mais as futuras escutas telefônicas e gravações de áudio em geral. O MIT, de Massachusetts, está desenvolvendo uma tecnologia inovadora onde uma voz humana pode ser literalmente transformada na voz de outra pessoa. Por meio de logaritmos, o sistema lê as frequências, as diferentes velocidades de projeção sonora, os intervalos de entonação e até a frequência de respiração da voz a ser copiada. Com outra voz devidamente preparada para a “colagem” usando as expressões e o linguajar do copiado, o programa faz a readequação por intervalos de

microssegundos usando a voz original sobreposta e mixada na proporção de 80% do som a ser criado. O resultado é assustador.

NO AR

O funk pode virar crime por apologia contra vários dispositivos do Código Penal. Uma polêmica ideia legislativa com o objetivo de criminalizar o funk já recolheu mais de 20 mil assinaturas no site do Senado e virou proposta que foi encaminhada para a relatoria do senador Cidinho Santos, do PR. O abuso nas letras com a consequente radiodifusão irritou milhares de pais que pedem providências ao Congresso.

A mudança definitiva do sinal televisivo analógico para o digital criou um novo mercado que se abre para investidores no segmento musical. As emissoras de rádio musicais aos poucos migram para as plataformas digitais e as novas mídias começam a surgir nesse universo. As distribuidoras de conteúdo a cabo recebem ofertas diárias de emissoras que também querem partilhar o seu sinal. Enquanto crescem as rádios on line (ou rádio web), as emissoras já existentes buscam novos horizontes nas grades das TVs pagas. É o futuro ali do outro lado da porta.

MEDO

PERGUNTINHA

Não são poucos os artistas que pensam em cancelar seus shows pela Europa por conta do temor de ataques terroristas. Países como Alemanha, França, Inglaterra, Espanha e Bélgica parecem estar no centro das ameaças do terror ao velho continente. Um desses artistas é o irrequieto Justin Biber que até apelo das fãs vem recebendo para ficar em casa. Já penso o contrário e adoraria ver um show do moço no Afeganistão ou na Síria.

Antes os artistas pagavam para as rádios tocarem as suas músicas. Depois o ECAD apertou o cerco e as rádio passaram a pagar para tocar as músicas dos artistas. Como está agora? Quem paga quem?

CRIME

FESTA NACIONAL DA MÚSICA 2017 Com a presença do governador do RS e prefeitos da região metropolitana de Porto Alegre, será lançada nesse mês, na capital gaúcha, a Festa Nacional da Música 2017. Apesar das propostas de outras cidades, a produção do evento decidiu manter a Festa em Porto Alegre atendendo ao pedido dos artistas. O evento vai de 12 a 25 de outubro em duas etapas – regional e nacional – e terá o formato tradicional mantido há décadas no sentido de sempre preservar a informalidade e a interação dos artistas.

PARADINHO E o projeto de isenção de impostos para instrumentos musicais continua parado em uma gaveta em Brasília. Não tem alguém que represente a categoria para mexer nisso? Cadê os músicos que viraram parlamentares? Será que arrumaram dinheiro para comprar instrumentos bons e esqueceram a categoria?

LENTAMENTE O ensino musical começa a mostrar os seus primeiros frutos desde a sua volta aos bancos escolares. Cresce vertiginosamente o número de corais e pequenas orquestras em escolas públicas pelo país. Logo teremos o surgimento de pequenos virtuosos nos encantando. Difícil acreditar que no passado ainda teve idiota votando contra a volta do ensino musical nas escolas.

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Profissões do

‘backstage’ V I C T O R “ K A P I N H A ” F R E I TA S PRODUCTION DESIGNER Nesta série de entrevistas mostrando histórias de empreendedores do Backstage, que, por meio de um trabalho sério e comprometimento, chegaram ao sucesso, vamos abordar uma profissão que veio do futuro, mas já se faz presente nos shows e eventos atuais. A profissão deste mês é a de Production Designer, e o entrevistado é Victor “Kapinha” Freitas. redacao@backstage.com.br Fotos: Arquivo Pessoal / Divulgação

G

igplace - Victor “Kapinha”, como foi a sua entrada para o mercado do entretenimento? Victor Kapinha - Minha entrada no ramo de eventos foi meio sem querer. Um amigo me ligou um dia, meio de última hora, dizendo que precisava de um designer gráfico para montar um powerpoint num evento corporativo. Esse foi o meu primeiro evento. Após alguns freelancer, fui contrata-

do por essa empresa de locação de equipamentos como técnico de informática e vídeo. Foi uma grande escola pra mim, pois a empresa tinha equipamentos de áudio, luz e vídeo, e comecei a aprender um pouco de cada segmento, e trocar conhecimento que tinha como designer com os técnicos de lá. Gigplace - Qual foi a empresa e qual foi o amigo e, aproveitando o gancho, quais as pessoas que fizeram a diferença nesse seu começo? Victor Kapinha - Foi na LBR Equipamentos, no Rio. E o amigo que ligou foi o Bruno Godoy, que depois foi meu coordenador lá durante três anos. Foi o marco zero. Lá eu também conheci o Digão, que hoje trabalha na Play Projeções, e me ensinou muito sobre vídeo, projeção e processadores. Na parte de Design, aprendi muito com meu irmão mais velho que fazia mecânica na época e usava o Maya e o AutoCAD para desenhar. Foi meu primeiro contato com 3D. Achava os desenhos fascinantes e comecei a desenhar também. Gigplace - Uma pergunta para descontrair, por que o apelido Kapinha? Victor Kapinha - Esse apelido me segue há muitos anos. Kapinha é porque eu


era “na capa do batman”, muito magrinho (risos). Agora até que tô gordinho, mas o apelido permanece! Gigplace - Sua especialização é relativamente “nova” no mercado brasileiro, e o que faz e quais as atribuições de um production designer? Victor Kapinha - As atribuições como production designer em cinema é um pouco diferente de como acontece em eventos e shows. O production designer em eventos cuida dos detalhes técnicos da montagem de um palco e o posicionamento de todas as peças e equipamentos de fornecedores, como rigging points, aplicação da iluminação, painéis de LED, cenografia e etc. Gigplace - Quais as escolas e cursos que você frequentou para exercer essa função? Victor Kapinha - Antes de entrar no mundo dos eventos, eu cursei Design Gráfico, que foi minha base pra modelar em softwares 3D. Enquanto técnico, fiz cursos de Media Servers, consoles de Luz, processadores de vídeo e me adentrei aos softwares 3D paramétricos.

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Já no 3D paramétrico, todos os elementos estão relacionados hierarquicamente e matematicamente no espaço. Medidas viram parâmetros que podem ser alterados sempre que preciso.

Gigplace - Mas o que seriam softwares 3Ds paramétricos? Victor Kapinha - O desenvolvimento em 3D paramétrico é bem diferente do 3D direto, como AutoCAD e Maya. No 3D direto, os elementos de um palco, por exemplo, são modelados, agrupados e posicionados manualmente na cena. Já no 3D paramétrico, todos os elementos estão relacionados hierarquicamente e matematicamente no espaço. Medidas viram parâmetros que podem ser alterados sempre que preciso. Se, por exemplo, preciso avançar um piso de palco em 2 metros, basta mudar esse parâmetro, para que a linha de subs, decks e barricadas avancem junto com o piso e todo o resto se ajusta automaticamente, devido as suas interrelações, enquanto no 3D direto, me custaria algumas horas para reposicionar todos esses elementos e gerar um set de arquivos atualizados. Isso torna as alterações em campo muito mais tranquilas e rápidas. Gigplace - Qual a rotina de um production designer num evento, do projeto à entrega?

Victor Kapinha - Começamos com informações soltas, vindas de cada fornecedor como: estrutura de palco, projeto de luz, projeto de vídeo, projeto de áudio, os riders de artistas no caso de festivais e definimos o local a ser implantado de acordo com a topografia do local. Verificando a viabilidade de todos os projetos funcionando em conjunto. Então começamos a modelar e juntar todos esses elementos numa única cena 3D. Analisamos cargas, posições, içamento, acessos, a forma e em que momento cada elemento será montado e o maquinário necessário para montagem. Dessa maneira conseguimos prever qualquer problema de montagem antes mesmo que o material chegue ao local do evento. Após essa fase, geramos plantas e planos de montagem para os fornecedores e produtores. Outra modalidade bem recorrente é a vinda de riders internacionais para o Brasil que precisam ser “nacionalizados” e redesenhados para nossos equipamentos e estrutura de palco, principalmente em grandes festivais.


Gigplace - Os shows dos artistas brasileiros também estão usando as novas tecnologias de LEDs e conteúdo interativo como parte do espetáculo, ou ainda estamos muito aquém do que está atualmente disponível no mercado internacional? Victor Kapinha - Eu acho que o Brasil está muito bem em termos de tecnologia e qualidade nos shows. Podemos usar como exemplo o Vintage Culture e o Alok, nossos maiores artistas desse segmento. Ambos estão rodando Brasil afora com grandes light designers, VJs e equipe técnica com shows repletos de visuais impactantes e muita sincronia entre luz, vídeo e FX. O Alok inclusive usa a mesma solução que o Armin para sincronia dos cdjs com timecode. Ambos produzem conteúdo de vídeo próprios, assim

como toda a iluminação é pré-programada em estúdio, música por música. Em termos de equipamentos, nós temos praticamente tudo que é pedido dos riders. Gigplace - Alguns eventos corporativos exploram muito mais esse tipo de conteúdo que muitos shows que rodam

Victor Kapinha - Acredito que seja porque nos eventos corporativos seja mais tranquilo, pois procuramos um lugar que atenda as necessidades desse determinado evento e desenvolvemos a partir disso. Já na área de shows, o desenvolvimento é pensado nas inúmeras restrições de diversas casas de shows pela estrada. Essa

Gigplace - O mercado dos DJ está crescendo como espetáculos visuais, quais os artistas desse segmento que mais se destacam no uso de tecnologia para incrementar os seus espetáculos e como eles usam essas tecnologias? Victor Kapinha - Eu diria que o Armin Van Buuren, com seu show Armin Only/ Intense tem estado um passo à frente em tecnologias a cada edição. Eles implementaram uma solução de timecode via cdj’s, onde o artista pode se expressar com total liberdade, sem perda de sincronia entre luz, áudio, FX e vídeo.

Outra modalidade bem recorrente é a vinda de riders internacionais para o Brasil que precisam ser “nacionalizados” e redesenhados... pelo Brasil. Como explicar esse apuro técnico para um evento único, quando shows são simplesmente grandiosos na gravação do DVD e vão para estrada numa versão simplista?

situação é um desafio e tanto. Não é uma tarefa simples replicar um palco grandioso de gravação em festivais e casas de show, onde cada local tem suas particularidades e restrições. O que tem sido feito é

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um aproveitamento do conteúdo visual e programação usados na gravação para os shows de estrada, criando uma experiência parecida com o DVD.

Meu primeiro grande trabalho como production designer foi a tour do DJ Hardwell, em 2014, que tinha um stage design com 36 metros de frente, num palco de 20 metros. Foi um desafio e tanto.

Gigplace - Consta no seu portfólio grandes eventos, você poderia citar cronologicamente os mais importantes da sua carreira e nos dizer por que eles foram importantes? Victor Kapinha - Todos os palcos que criei para os eventos da The Week em 2013, foram muito importantes, pois foram meus primeiros passos como stage designer, criando meus próprios designs. Meu primeiro grande trabalho como production

designer foi a tour do DJ Hardwell, em 2014, que tinha um stage design com 36 metros de frente, num palco de 20 metros. Foi um desafio e tanto. Logo após, fiquei responsável pelos palcos da tour do David Guetta, em 2015, em 12 palcos ao redor do Brasil, foi muito interessante desenhar 12 variações de um mesmo rider. Meu design do Palco Perry em 2015 no Lollapalooza foi muito importante pra mim, pois abriu muitas portas além da música eletrônica. Já o Tomorrowland e o Ultra Music Festival foram uma aula de produção e workflow que mudou meu jeito de trabalhar e preparar planos de montagem.


Gigplace – Para você, qual seria a nova tendência em conteúdo visual para os palcos e o que tem sido usado de novo? Victor Kapinha - Acredito que toda a parte de automação e movimento de palco, controle de talhas e motores estão mais acessíveis e serão as novas estrelas nos shows do futuro. Assim como o Projection Tracking, tecnologia de projeção que segue e interage com o artista, também está em alta. Os artistas visuais também estão atacan-

Victor Kapinha - Eu acredito que já exerço uma profissão meio futurista, e que no Brasil as pessoas já estão enxergando a necessidade e a segurança de ter um production designer nos eventos. Em 5 anos, gostaria de ter uma empresa especializada em stages, production design e show control.

do uma área de vídeo pouca explorada que é a transmissão simultânea, inserindo o sinal da transmissão dentro dos media servers e criando diversos efeitos numa área que durante muito tempo era apenas uma televisão gigante. Vários artistas estão trazendo seu próprio setup de câmeras para incrementar ainda mais os shows.

Victor Kapinha - Eu diria para esse jovem se dedicar mais ao production do que ao design. Entre no mercado como produtor ou técnico de montagem em alguma área, estude as etapas de produção além da sua área e absorva toda a informação que puder. Estude algum software 3D e comece a brincar com os elementos. Um truque que usei bastante enquanto técnico de vídeo, era anotar alguns problemas no palco que estava trabalhando e, em casa, desenhava uma solução. E somente como técnico eu poderia saber da necessidade de um recuo técnico coberto no palco para os racks, de uma doca atrás do palco para descarregar, vias de cabeamento, espaço para as cases, etc.

Gigplace - Você poderia nos contar um pouco sobre futuros projetos e o que está por vir? Victor Kapinha - Bem, dos que posso divulgar, estou trabalhando em um projeto grandioso na Espanha com a Sagaz Corp, estou com alguns projetos em andamento com a Entourage, e alguns festivais internacionais que chegam ao Brasil, que não posso dizer ainda, mas é coisa bem grande. Gigplace - Ainda falando no futuro, quais são os planos para daqui a 5 anos, o que você enxerga como o seu futuro?

Gigplace - Qual o conselho que você daria a um jovem que por ventura queira se tornar um production designer?

Este espaço é de responsabilidade da Comunidade Gigplace. Envie críticas ou sugestões para contato@gigplace.com.br ou redacao@backstage.com.br. E visite o site: http://gigplace.com.br.

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PREVIEW DE EQUIPAMENTOS| www.backstage.com.br 28 O sistema integrado de PA simplifica a configuração a partir de um único aplicativo para dispositivos móveis. Com ele, é possível que o músico obtenha um som excelente em pouco tempo e ainda se concentre em seu desempenho. redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

SOM DE QUALIDADE A PARTIR DE UM

ÚNICO APP A

Harman lançou na NAMM Califórnia um sistema completo e integrado de produtos de som ao vivo que permite que músicos e artistas com qualquer nível de habilidade possam alcançar rapidamente e facilmente resultados profissionais. No centro do sistema está o inovador aplicativo HARMAN Connected PA, que fornece uma solução centralizada para configuração e controle intuitivos. O HARMAN Connected PA reúne mixers da Soundcraft, microfo-

nes AKG, stage boxes dbx e alto-falantes JBL, que integram a tecnologia HARMAN ioSYS para oferecer uma solução flexível, que facilita aos usuários obter um excelente som ao vivo. “Os músicos precisam de uma maneira rápida e fácil de montar seu sistema de PA para que eles possam se concentrar em ‘realizar’, em vez de se preocupar com seus equipamentos”, disse Noel Larson, Senior Global Manager, HARMAN Professional Solutions. “O sis-


tema HARMAN Connected PA oferece aos músicos uma maneira simples e eficaz de configurar e operar todo o sistema de PA a partir de um aplicativo central, com habilidades de áudio profissional mínimas ou experiência de som ao vivo anterior”, completa. “O Connected PA simplifica a configuração de sistemas de PA e facilita a obtenção de uma excelente qualidade de som ao vivo, independentemente da experiência anterior com sistemas de som tradicionais”, disse Larson. “O Connected PA é o primeiro sistema de som ao vivo totalmente integrado que facilita a configuração e obtenção de som profissional em minutos, e o inovador aplicativo para celular HARMAN Connected PA fornece controles essenciais para todo o sistema. Com o aplicativo e um dispositivo iOS ou Android, os músicos podem agilizar a configuração do alto-falante e do mixer, obter sons de voz

e de instrumento incríveis com predefinições específicas de gênero, recuperar instantaneamente as

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PREVIEW DE EQUIPAMENTOS| www.backstage.com.br 30

O HARMAN Connected PA simplifica o processo de configuração com um aplicativo central

configurações simplesmente a partir de uma conexão, entre outros. Agora, os músicos podem se concentrar no que mais importa: tocar música”, explica. O HARMAN Connected PA simplifica o processo de configuração com um aplicativo central de última geração para todo o sistema de componentes, removendo a necessidade de vários aplicativos e GUIs. O aplicativo identifica e configura automaticamente o equipamento conectado, fornece assistentes de configuração para a configuração rápida e fácil do sistema e oferece acesso a partir de uma variedade de dispositivos, incluindo tablets iOS e Android, Mac OS e Windows. Como o Connected PA é ativado através da tecnologia ioSYS , os quipamentos HARMAN adicionais podem ser adicionados para aumentar a flexibilidade de desempenho e atender às demandas de crescimento futuro. No lançamento, os produtos compatíveis incluem: •Soundcraft Ui24R multi-track digital mixing e recording system •JBL PRX800W loudspeakers •dbx Di1 active direct boxes •AKG P5i microfones

LANÇAMENTO O aplicativo HARMAN Connected PA deverá ser disponibilizado no segundo trimestre de 2017 na App Store da Apple, Google Play, Soundcraft.com e JBL.com. O Soundcraft Ui24R tem previsão para o primeiro trimestre de 2017. O microfone AKG P5i, em fevereiro de 2017. Os alto-falantes JBL PRX800W e o dbx Di1 estão atualmente disponíveis, mas podem requerer atualizações de firmware para habilitar a funcionalidade HARMAN Connected PA. Para obter informações adicionais sobre o aplicativo HARMAN Connected PA, visite : http://pro.harman.com/lp/ harman-connected-pa. A Harman planeja ainda adicionar novos produtos à família Connected PA para proporcionar aos músicos maior versatilidade e desempenho.


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TECNOLOGIA| LOGIC | www.backstage.com.br 32

X

LOGIC PRO

Vera Medina é produtora, cantora, compositora e professora de canto e produção de áudio

Vamos abordar mais novidades da versão do Logic Pro X 10.3.1. Tivemos duas atualizações este ano: 10.3 e um mês depois 10.3.1. A versão 10.3.1 trouxe praticamente refinamentos das novas funcionalidades e também alguns recursos que haviam sido “excluídos” temporariamente.

REFINANDO OS SEUS RECURSOS

D

e forma geral, há muitos aspectos que abordamos em uma das edições anteriores, mas vale ressaltar outras mudanças aqui.

1)TOUCH BAR Os novos Mac Book Pro possuem uma touchbar que permite acessar recursos do programa em uso. Desde a versão 10.3, o Logic passou a suportar o uso da touch bar. Eu não possuo um destes novos MBP, porém, acho extremamente relevante para ajudar no fluxo no caso

em que não haja um controlador disponível. Basicamente, os recursos disponíveis na touch bar podem ser configurados ao seu gosto, além dos 6 modos disponíveis (figura 1).

2) CONTROLES DE PAN Vamos falar um pouco mais sobre pan no Logic Pro X. A questão é que o bo-

tão de controle de Pan sempre pareceu tão simples que ninguém pensa muito sobre o que realmente significa e como usá-lo. Parece que é só girar o botão para um lado ou outro (direita e esquerda) e o som se posiciona no lado escolhido. É necessário entender um pouco mais a fundo este conceito, pois tem um resultado direto na forma que fazemos as mixagens. Historicamente, o Logic nunca teve um controle de pan nos canais estéreo. O que havia era um controle de balanço

entre os canais direito e esquerdo, sendo que, ao optar por girar todo o controle para direita ou esquerda, o outro canal teria seu sinal completamente mudo. Um controle de balanço entre canais funciona assim mesmo, mas não é o que se define por pan. Antes da versão 10.3, tínhamos que utilizar o Direction Mixer, um plug-in nativo


Como utilizamos na prática cada uma destas opções e o que significam? Apesar de muito simples, é um conceito bastante incompreendido. Vamos listar as possibilidades de entrada e saída de sinal e relacionar na Figura 3 com as possibilidades de pan:

•Mono para Mono – sem controle de Pan Control: Se o Input for mono e o Output também (veja o quarto canal da direita para a esquerda), então não haverá controle de Pan disponível. O sinal vai diretamente para a saída mono escolhida.

•Mono para Stereo – Balance: A configuração padrão quando o sinal entra mono e sai como estéreo é o controle de pan chamado de balance, como se fosse um potenciômetro panorâmico apenas. É o que acontece no quinto canal de nossa Figura 3. Vamos entender este fluxo de sinal. •O sinal que entra mono será separado em dois canais, •O sinal da esquerda passa por um controle de volume antes que seja adicionado ao canal esquerdo da saída estéreo. •O sinal da direita passa pelo seu próprio controle de volume e é adicionado ao canal direito da saída estéreo. •O controle de pan padrão é o Balance e, estando na posição central, implica que os dois sinais são distribuídos de forma igual para as saídas esquerda e direita do canal estéreo. •Se você posicionar o pan mais para a esquerda, o volume do canal direito diminui e o sinal parece estar se movendo na imagem estéreo para a esquerda. •Se posicionar o pan totalmente para a esquerda, ou seja, emudecer o canal ( -?dB), você ouvirá o sinal saindo totalmente do lado esquerdo. O contrário acontece posicionando o pan para a direita. •Stereo para Stereo – Balance: Esta configuração apresenta entrada e saída estéreo. Este é o aspecto que sem-

do Logic, para definir opções de panning que agora podem ser feitas diretamente no canal. A partir da versão 10.3, temos 3 opções disponíveis (Figura 2): a. Stereo Pan b. Balance c. Binaural Pan

Se você posicionar o pan mais para a esquerda, o volume do canal direito diminui e o sinal parece estar se movendo na imagem estéreo para a esquerda.

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TECNOLOGIA| LOGIC | www.backstage.com.br 34

Quando chegamos a girar completamente para um lado ou outro, perdemos um dos sinais. Portanto, não estamos posicionando o campo estéreo e, sim, controlando o volume simplesmente de cada um dos lados. Este é o ponto chave deste artigo.

pre foi confuso para os usuários. A impressão que todos tinham é que havia um pan verdadeiro. Qual a diferença para a configuração anterior? O sinal aqui entra em estéreo, portanto, cada controle de volume recebe um sinal diferente na entrada. Mas o controle de Pan estando na posição Balance, atua da mesma forma. Quando chegamos a girar completamente para um lado ou outro, perdemos um dos sinais. Portanto, não estamos posicionando o campo estéreo e, sim, controlando o volume simplesmente de cada um dos lados. Este é o ponto chave deste artigo. Um controle de Pan real faria a distribuição dos sinais, mas não isolaria totalmente um ou outro. Antes da versão 10.3, o Logic atuava desta forma em canais estéreo para estéreo. Vejamos a situação do canal seis. •Stereo para Stereo – Stereo Pan: O sinal combinado dos outros canais entra em estéreo e sai em estéreo também. Só que nesse caso, o tipo de controle de pan escolhido é o Stereo Pan. Neste caso, agora vamos configurar o controle de forma a ampliar ou reduzir o espectro estéreo, assim como posicioná-lo, como um todo mais para a esquerda ou direita. Se pensarmos em canais estéreo-estéreo, vamos posicionando os sons no campo estéreo em posições bem definidas, sem anular sinais de entrada. Este é um verdadeiro controle de pan, antes somente atingido utilizando o plugin Direction Mixer. Se você não utilizava este plugin para este fim, não usava o pan corretamente. •Stereo para Stereo – Binaural: Ainda temos esta configuração que está representada no canal 1. Vamos entender o que significa o Binaural pan. Este é um método efetivo para emular o ouvido humano, permitindo posicionar a direção da fonte do sinal de forma que seu ouvido o perceba na frente, atrás, embaixo, acima ou em um dos lados quando utilizando uma saída estéreo. É uma técnica de mixagem utilizada para posicionar as fontes de som individuais

em diferentes posições espaciais. Isto adiciona profundidade e um senso de espaço. Se lembramos que as pessoas possuem percepções sonoras diferentes, resultantes da anatomia de cada um, este é um recurso que possibilita “ajustar” a audição final e possibilitar uma experiência acústica tridimensional.

3) INTEGRAÇÃO COM IOS E GARAGE BAND Nos casos em que você queira atuar como um podcaster, mais do que produtor, o Logic 10.3 permite compartilhar o projeto em iCloud e acessá-lo através do Garage Band iOS (versões 2.2 em diante). O Logic consolida o projeto em uma única faixa de áudio e permite adicionar mais camadas no GarageBand. Se o projeto for aberto novamente no Logic Pro X, as faixas aparecem separadamente

como no original. Para compartilhar o projeto vá no menu File>Share>Project to GarageBand for iOS (Figura 4), nomeie seu projeto e salve. Da mesma forma que um Bounce, você pode escolher quais as faixas quer incluir na consolidação e também criar diferentes versões (exemplo: com ou sem vocal ou um instrumento específico). Ao salvar pela primeira vez, você verá que uma pasta chamada GarageBand for iOS será


adicionada em seu iCloud onde todos os projetos neste formato serão mantidos. Ao abrir o projeto no GarageBand do iPad ou iPhone, você notará o projeto com um símbolo para download. Ao voltar ao computador, você verá a opção de importar as mudanças feitas no projeto original (Figura 5). Ao clicar “Sim”, tudo que for feito no GarageBand (incluindo edições, efeitos, configurações, etc) serão importadas para o Logic Pro X de forma que você possa continuar a edição. Como há total compatibilidade entre os programas, dificilmente ocorrerão problemas.

opção de 32-bit é agora chamada de Standard Precision. O que isto significa? Uma melhor precisão nas mixagens, o que será muito bem aproveitado e notado em situações que a produção exija formatos de alta resolução de áudio. As opções podem ser acessadas em Logic > Preferences > Audio, conforme Figura 6. Até a próxima!!

Para saber online

4) 64-BIT HIGH PRECISION AUDIO Uma das grandes evoluções a partir da versão 10.3 é que temos agora uma interface e programa mais leves. Mais rápido para abrir e fechar o programa e uma resposta mais rápida das interfaces relacionadas ao usuário, tais como teclado e controladores. A função de summing foi alterada de 32-bit para 64-bit, e nomeada High Precision Audio. A

vera.medina1@gmail.com www.veramedina.com.br

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TECNOLOGIA|ABLETON LIVE| www.backstage.com.br 36

OTIMIZANDO O O Ableton Live tem uma interface muito leve e, em virtude disso, muitos usuários com computadores ou laptops apenas regulares migraram para essa plataforma. Até que a era dos CPUs quânticos chegue, sempre vai haver algum delay (atraso) no processamento das CPUs. É uma questão física da matéria; os elétrons têm que percorrer os circuitos, cabos, etc, e esse caminho demora alguns milésimos de segundo, que em termos acústicos é bem perceptível, e audível!

ABLETON LIVE Lika Meinberg é produtor, orquestrador, arranjador, compositor, sound designer, pianista/tecladista. Estudou direção de Orquestra, música para cinema e sound design na Berklee College of Music, em Boston.

A

ntevendo esse problema, a Ableton proporcionou ao Live a capacidade de ser otimizado para compensar essa deficiência das máquinas. É evidente que aqueles com uma máquina de ponta, em tese, não precisariam se preocupar muito com esse assunto, mas a verdade é que sempre há algum delay, algum atraso a ser compensado ainda hoje, mesmo que sejam milésimos de segundos (aquele efeito Fase). Então vamos consertar isso! Com o Ableton Live aberto, acione as teclas Ctrl +, (no PC) ou Comm +, (no

Mac) para abrir a janela Preferences > Audio. Em In/Out Samples Rates (essas setas em azul e vermelho mostrando esse campo): Veja que você pode mudar a configuração do seu computador conforme as nescessidades da interface de áudio que você está usando. No meu Macbook Pro eu uso Focusrite Pro24 para tocar multiaudio files com Sample Rate de até 96000 Hz, mas eu acho que deixa a CPU um pouco carregada. Normalmente eu uso 48000 Hz 24 bits para trabalhos com vídeo, que é uma configuração ideal para essa máquina e minhas nescessidades do dia a dia, mas, se você usa só áudio, um computador com uma ou duas cores, 41100 Hz 24 bits (ou *16 bits) pode ser o ideal para você. *Bits você muda na mesma janela Preferences > Record - Warp – Launch > Bit Depth Após mudar de Sample Rate você pode ajustar o Buffer Size, e isso refletirá diretamente no Delay (atraso) que a CPU leva para reproduzir o Sample (em milésimos de segundo).

SE VOCÊ USAR UM PC: Audio configuração

Você pode precisar (como mostra a seta amarela) ajustar o Sample Rate e o Buffer Size no programa que acompanha


Audio configuração no PC

sua interface de áudio (exemplificada aqui com uma M-Audio Audiophile 24/96 com ASIO drive). Repare que existe uma diferença significativa no Input, Output e Overral Latency das dual configurações! (São CPUs e Intertefaces bem distintas!) No Mac: Input latency 5.10 ms/Output latency 3.73 ms/ Overall latency 8.83 ms. No Pc: Input latency 6.78 ms/Output latency 6.44 ms/ Overall latency 13.2 m. Há de se considerar diversos fatores como Sample rate usado, Buffer Size, número de Core da CPU, tipo de interface, qualidade de conversão,

equipamento, como mostra a imagem: Para você identificar o “Otimum” da sua máquina, o Ableton Live permite executar um teste simulador. Na mesma janela de Preferences, acione com o cursor do mouse o campo CPU Simulator arrastando o cursor até o máximo ou digitando no campo (80% como mostra a seta vermelha):

CPU test

Adjustments

Diminua um pouco o Tone Volume (seta azul - só por precaução) e acione o Teste Tone! Isso vai gerar uma frequência de teste! Veja no CPU Load Meter (lado direito em cima, na janela do Live), que o teste está usando quase toda a capacidade de processamento da CPU. Se você estiver com uma configuração em que o seu Buffer Size tenha um valor muito baixo, digamos 64, com certeza o som gerado pelo Test Tone (uma onda senoidal que se aproxima ao som de uma flauta) estará cheio de

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NOTAÇÃO MUSICAL| www.backstage.com.br 38

CPU load meter

drop-outs, todo cortado, e isso é sinal que a CPU está overloaded, sobrecarregada. Então é hora de ajustar as coisas aumentando o Buffer Size, sempre preferivelmente em múltiplos de 2 (dois): 64,128,256,512... Aumentando o Buffer Size gradativamente, o som ficará sem Drops e soará límpido como deveria. Essa será a configuração desejada para sua máquina. Desabilite o Test Tone! (só para lembrar!) Uma última regulagem deve ser considerada, que afinal é o objeto principal desse ajustamento (Offset).

DRIVER ERROR COMPENSATION É aqui que realmente “offsetamos”, ajustamos, o tempo físico da entrada do áudio (Input) com o tempo de saída do áudio (Output) em milésimos de segundos. No Campo Driver Error Compensation (seta verde), ao

In Out

Slow Machine fix

diminuirmos seus valores (números negativos no caso), estamos dizendo para a máquina esperar um pouquinho até o som do input entrar para poder tocar ajustadamente, sincronizadamente com outros Samples já gravados!! Veja a diferença subtraída entre a configuração original e o resultado, após ajustarmos o Driver Error Compensation (setas amarelas – os dois campos - o original mais apagado). Praticamente 13 milésimos de ajuste no Overall Latency. Em se tratando de resposta acústica, áudio, é muita coisa!!


que sabe o que está fazendo! O resultado vai mostrar em quantos milésimos sua máquina atrasa. A meta é eliminar esse atraso ajustando o Driver Error Compensation. É isso amigos! Com esses ajustes, sua máquina, mesmo que mais velhinha, terá uma resposta mais decente. Boa sorte a todos!

Para saber online

Offset

Você pode gravar a saída física (output) da sua Interface na entrada (input) para se certificar visualmente do tamanho do ajuste que você deve

fazer no Driver Error Compensation. * Cuidado para não fazer conexão errada - isso poderia danificando sua interface – Certifique-se de

Facebook - Lika Meinberg www.myspace.com/lmeinberg

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DANIELLI MARINHO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR

DOS NAVEGANTES Edu Lobo, Romero Lubambo e Mauro Senise O conceito de simplicidade marcou este álbum. Mauro e Romero montaram uma tessitura instrumental que é uma verdadeira cama de plumas para o canto de Edu. Nos raros solos – por isso mesmo mais valorizados – o dedilhado de Lubambo revela a imaginação de sempre e a destreza a serviço da beleza; e os sopros de Senise evocam de certa forma os vocais de Edu (na Valsa dos Clowns ele clona um clown com sua flauta). Aliás, este talvez seja o primeiro CD de Mauro em que a participação das flautas supera a dos saxofones, com destaque para a flauta baixo em dez das onze faixas, marcando o pulso com seu contrabaixo sonoro e seguro; e, embora só tenha tocado em uma faixa, Gingado Dobrado, Mingo Araújo aproveitou para mostrar tudo o que sabe sobre percussão. Foram 7 dias de gravação, 7 dias de alegria, 7 dias que passaram voando, mas que ficarão sempre na memória dos músicos, e que culminaram neste trabalho que reúne voz, violão, sopros, contrabaixo e uma eventual percussão.

MULTI Alexandre Grooves O paulistano Alexandre Grooves lança o CD Multi, segundo trabalho de sua carreira solo, que chega com influências do rock, folk e blues, mas sem perder a identidade pop e as referências da MPB. O disco (independente com distribuição da Tratore) traz 10 faixas das quais nove são autorais e uma regravação: “Ska” (do Paralamas do Sucesso), numa versão vibrante e surpreendente. Multi-instrumentista, Grooves gravou a maioria dos instrumentos e fez os arranjos, além de produzir o álbum. O álbum Multi chega 10 anos depois do primeiro lançamento, Amanhã Eu Não Vou Trabalhar, que foi pré-selecionado para o Grammy Latino em cinco categorias e escolhido pelo iTunes como um dos 10 melhores discos brasileiros de 2007. Após um hiato de seis anos afastado da música, devido a uma lesão nas cordas vocais, Alexandre Grooves retoma a carreia como um compositor mais maduro, tanto nas letras quanto no instrumental. O repertório de Multi é formado por: É Tudo Gente, Sou Louco por Ela, Cancela, Respeite-me, Ska, Pra Viver Só com Você, Na Parede, O que Seria das Flores, Garota da Capa e Quando o Mar Quebra.

THE AUTHORIZED BANG COLLECTION Van Morrison Dando continuidade à série de lançamentos de Van Morrison, iniciada com The Complete Them, chega às lojas o CD triplo Van Morrison – The Authorized Bang Collection. O produto celebra o 50º aniversário de lançamento do primeiro disco solo do artista e traz, pela primeira vez em CD, as mixagens originais da fita master, incluindo o hit Brown Eyed Girl. Entre o material bônus há takes alternativos da sessão de gravação e o primeiro lançamento oficial das famigeradas “sessões de obrigação contratual”. O álbum conta ainda com fotos raras e novo texto de encarte retirado de uma recente entrevista com Morrison. Todas as faixas do Disco 1, The Original Masters, e do Disco 2, Bang Sessions & Rarities, foram produzidas e dirigidas por Bert Berns. O Disco 3, Contractual Obligation Session, apresenta, pela primeira vez em um lançamento oficial - e com a melhor qualidade sonora de todos os tempos uma das performances de estúdio mais cruas, honestas e verdadeiras da extensa carreira de Van Morrison.


DANIELLI MARINHO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR

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SOM NAS IGREJAS |REPORTAGEM| www.backstage.com.br 42

IGREJA DE Perto de seu centenário, a Igreja Evangélica Assembleia de Deus de Pernambuco (IEADPE) adotou o sistema EVO Line, da Oneal. redacao@backstage.com.br Fotos: Oneal Audio / Divulgação

PERNAMBUCO ESCOLHE SISTEMA

B R A S I L E I R O

O

s desafios de levar qualidade sonora para dentro dos templos vêm exigindo cada vez mais a profissionalização, capacitação técnica e ampliação dos departamentos de engenharia em instituições religiosas. No IEADPE isto já é uma realidade, com a contratação de engenheiros, arquitetos, designers, além da padronização dos templos, que vai da es-

trutura ao sistema de som. Como esse nível de exigência aumentou muito e o acesso a templos em regiões remotas do estado de Pernambuco é difícil, o departamento de sonorização fez um levantamento técnico de fornecedores e diversas marcas de equipamentos de áudio, assim como de vários modelos, tipos, configurações. No entanto, também foi


Junior, que queria falar com alguém da indústria que respondesse tecnicamente pelos produtos, suporte técnico e por assistência técnica. O compromisso do DPD (Departamento de

respeitando as questões de infraestrutura, arquitetônicas, ajudando em algumas questões de acústica, fornecendo informações técnicas (desenhos de produtos em dwg) para uso de ferramentas em

identificado outro fato curioso: parte destes produtos entre amplificadores, equalizadores, réguas de energia, caixas multiuso, cubo para contrabaixo e de guitarra, caixas acústicas amplificadas, mesas, altofalantes e drivers eram da marca Oneal Áudio, que apresentaram índices muito baixos quanto a defeito. Nesse mesmo levantamento foram considerados fatores como custo, eficiência, durabilidade, comportamento e qualidade, já que grande parte destes equipamentos funciona em condições precárias de fornecimento de energia, excesso de calor, poeira e, principalmente, a falta de mão de obra qualificada para operar. No segundo semestre de 2015 o Gestor de Projetos da Oneal Áudio, Fernando Gabriel foi até Recife para uma reunião de engenharia com o pastor Ailton José Alves

Nesse mesmo levantamento foram considerados fatores como custo, eficiência, durabilidade, comportamento e qualidade... Projetos e Desenvolvimento) da Oneal foi oferecer condições para que a engenharia da IEADPE pudesse desenvolver projetos de sonorização ainda na planta,

ambiente virtual que permitem visualizar antecipadamente o comportamento de um sistema de sonorização antes da construção do templo. Dentro deste contex-

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SOM NAS IGREJAS |REPORTAGEM| www.backstage.com.br 44

A proposta da Oneal vai além de produzir equipamentos de qualidade e confiabilidade, como consta no relatório da equipe de sonorização da IEADPE. Além do produto, nós oferecemos um serviço exclusivo de suporte em projetos que inclui a capacitação da equipe de instalação e manutenção, um curso teóricoprático que treina os operadores

to, oferecer mais de uma opção de sistema de sonorização para adequar custos, mas sob uma condição, não perder a qualidade e inteligibilidade.

SISTEMA PADRONIZADO “A proposta da Oneal vai além de produzir equipamentos de qualidade e confiabilidade, como consta no relatório da equipe de sonorização da IEADPE. Além do produto, nós oferecemos um serviço exclusivo de suporte em projetos que inclui a capacitação da equipe de instalação e manutenção, um curso teórico-prático que treina os operadores, e também o credenciamento de um funcionário da igreja que é técnico em eletrônica; tornamos a igreja um posto autorizado exclusivo, fornecemos peças e informações dos nossos produtos como procedimento a um posto autorizado”, explica Fernando. No final de 2015 foi instalado o primeiro sistema EVO LINE da Oneal na IEADPE, que fica em Camaragibe setor 17 Timbi. Na sequência, foi o templo de Sirinhaém Setor 6 que recebeu o sis-

tema, ambos fora da capital. As instalações foram realizadas pela equipe de sonorização da IEADPE com orienta-


COMUNICAÇÃO E ATUAÇÃO SOCIAL

cal, da equipe técnica da IEADPE que passou por treinamento, do representante local e do DPD da Oneal, além de contar com um posto de assistência técnica na cidade sede da IEADPE. A ideia é que ao adquirir um produto, o cliente ganha no serviço e na solução que envolve o projeto.

ções do especialista Jasiael Alves e acompanhadas por Andrezinho Alves que faz suporte técnico da Oneal na região. Já a venda dos produtos foi feita pelos consultores da loja Veneza Som. O diagrama de atendimento a IEADPE foi do consultor de vendas da loja, do suporte técnico lo-

O diagrama de atendimento a IEADPE foi do consultor de vendas da loja, do suporte técnico local, da equipe técnica da IEADPE...

A estrutura organizacional do templo, sob a liderança do pastor Ailton José Alves, conta com um modelo de gestão sincronizado com várias frentes de atuação como departamento social, coordenado pela “irmã” Judite Alves. Ali são desenvolvidas ações nas áreas assistencial, educacional e profissionalizante, e os nove centros de desenvolvimento Integral Vida assistem mais de três mil crianças em diversas áreas de risco e exclusão social na capital pernambucana, com alimentação diária, reforço escolar, aulas de música, computação, artes e artesanato. O centro de recuperação Lar Feliz – CERELF, na cidade de Petrolina, atua na recuperação de dependentes químicos, e o departamento de educação e cultura atende três escolas com alunos desde o ensino fundamental até o ensino médio. A RBC (Rede Brasil de Comunicação) é o meio de divulgação da mensagem evangelística pregada pela IEADPE. Esta rede de comunicação é composta de 18 rádios no estado, 1 canal de TV geradora com 3 repetidoras, além da transmissão via satélite para todo continente americano (Américas do Sul, Central e Norte) e parte do continente africano, além da transmissão via web.

Para saber online A política comercial da Oneal não permite venda direta ao consumidor final, os projetos desenvolvidos pelo DPD e executados na íntegra passam a ter garantia estendida para até 3 anos, desde que supervisionado pelo suporte técnico local em parceria com a loja que fez a venda dos produtos. Mais informações: www.oneal.com.br

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VITRINE ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br

CADERNO ILUMINAÇÃO

MAVERICK MK3 www.chauvetlighting.com A Chauvet Professional está levando sua popular serie Maverick para um patamar mais elevado com a introdução do modelo MK3 Wash, um moving wash poderoso e com luz intensa RGBW LED. Potecializado com 27 OSRAM OSTAR LEDs de 40W, o novo equipamento de pixel mappel tem uma saída e performance que atende até mesmo as maiores aplicações e locais de eventos. Como é bem característico dos modelos Maverick, o MK3 Wash tem um movimento de pan e tilt bem leve e incrível, mas sua saída e brilho foram melhoradas para aplicações de longa distância. Dependendo do ângulo do zoom, o equipamento pode produzir uma luminância de 98,200 lux quando medido a cinco metros. O MK3 Wash tem mais de 200 efeitos acessíveis via uma roda de gobo virtual com controle de cor de fundo. Em conjunto com o recurso de mix de cores CTO abre uma grande possibilidade de criação. Um ângulo de zoom de 7° a 45° e um ângulo beam que vai de 5° a 29° conferem flexibilidade ao produto.

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GRANDMA2 SOFTWARE VERSÃO 3.3 https://fixtureshare.malighting.com A MA Lighting anuncia outro lançamento de software significante para a plataforma de controle grand MA Lighting. Com a versão 3.3 é possível não apenas ter acesso a novos perfis, mas também o sistema tem sido reconfigurado. Com base no feedback de diversos usuários, foram implementadas uma série de melhorias para dar um fluxo de trabalho mais suave para os operadores e programadores reservando mais tempo para criatividade. Com o novo software, a livraria da MA Lighting está disponível online via o serviço Fixture Share. Depois de fazer o login, os usuários podem adicionar seus próprios arquivos de equipamentos ou fazer o download das últimas versões dos arquivos que não estavam disponíveis antes.

SOUNDSWITCH www.chauvetdj.eu A Chauvet & Sons LLC entrou em acordo com a New Zealand-based Oesixone Ltd para que seja distribuído o pacote de hardware e software SoundSwitch na América do Norte e demais locais do mundo (no Brasil ainda está indisponível). O produto se trata de uma revolucionária solução de controle, que permite que Djs disparem e mantenham a iluminação em sync enquanto estão tocando uma música, em qualquer ordem. O SoundSwitch permite que os Djs criem seus próprios lightshows, já que os disc joquéis podem ter total controle do show através de uma integração perfeita da iluminação DMX com live audio. Os Djs podem usar o SoundSwithc para anexar cues de luz para trilhas de audio e arquivos de video e automaticamente fazê-los tocar novamente em sync enquanto estão fazendo uma performance ao vivo. O produto trabalha com qualquer mixer ou controladora com o Serato DJ.


SOLAR 17R http://www.gobos.com.br/iluminacao/moving-head/1025-solar-17r Utilizando a poderosa lâmpada 17R Yodn HRI 350W, este moving apresenta o fantástico fluxo luminoso de 192.600 Lux a 10 metros de distância. Ideal para shows, estúdios de televisão e eventos onde muita potência e recursos são necessários, o Solar 17R é a solução de excelente custo-benefício. Equipado com ballast eletrônico, lentes e sistema ótico de alta precisão, disco com 14 cores e rotação bidirecional, dois discos de gobos; um rotativo com 12 gobos indexáveis e intercambiáveis, e um fixo com 17 imagens gravadas. A combinação simultânea desses dois discos cria efeitos de grande impacto visual. Com funções Beam, Spot e Wash, prisma linear rotativo de 12 faces, Zoom linear com ângulo variável entre 2,5º e 35º, preciso ajuste de foco, dimmer, strobo, controle on/off da lâmpada e reset pela mesa, o Solar mede 375x250x350mm, pesa 16 kg e tem um robusto flight case para dois movings. Além de 24 ou 16 canais DMX, funções master/slave e auto run, podem ser acessadas pelo display touch screen. A Gobos do Brasil oferece 12 meses de garantia para o Solar 17R.

PLATINUM FLX www.elationlighting.com / www.decomacbrasil.com/ O premiado Platinum FLX™ é um inovador moving da Elation 3em-1 (Beam, Spot e Wash), com lâmpada Philips™ MSD Platinum 20R 470W 80CRI, 7,800K, 23.000 lúmens, entregando uma saída comparável a um moving com lâmpada de 1,200W, com um zoom de 1,8°a 18° no modo Beam, de 2,9° a 25° no modo Spot, e de 6°- 42° no modo Wash/Frost. Com CMY mais CTO, 10 cores dicróicas incluindo UV, CTB, mais branco (aberta), 8 gobos rotativos-intercambiáveis e 6 gobos estáticos, e 8 facetas de prisma rotativos, efeitos de animação bi-direccional de wash e frost, DMX, RDM (gerenciamento remoto de dispositivos), Art-Net e apoio SACN, 5pin DMX, RJ45 Ethernet e conector PowerCon, tela de menu reversível 180°. O consumo de energia máximo é de 740W, e uma fonte de alimentação de auto-comutação universal multi-voltagem (100-240V).

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BRUNO


24K MARS M A G I C MODERNIZANDO O CLÁSSICO

Claudia Cavallo redacao@backstage.com.br Fotos: Florent Déchard / Peter Aquinde Seven Design Works / Divulgação

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projeto de iluminação é assinado pelo Lighting Designer Cory FitzGerald, que trabalhou em conjunto com LeRoy Bennet e Joel Forman, Production Designer and Production Manager, respectivamente, além de uma equipe de profissionais. Das conversas iniciais sobre a turnê até a primeira apresentação em março deste ano foram cerca de seis a sete meses, includindo três semanas de ensaios com a cenografia em avançado estágio de montagem no gigantesco estúdio da companhia Rock Lititiz, na Pensilvânia (USA), e três dias na Antuérpia (Bélgica), cidade de estréia. A estrutura foi concebida para montagem em grandes arenas, o que, já de começo, gera o desafio de se encontrar soluções para esconder elementos de

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Crédito foto: Florent Déchard / Divulgação | Crédito ilustração: Clara Porfirio / Divulgação

Tenha você 8 ou 80 anos, a nova turnê 24K Magic do cantor Bruno Mars tem algo familiar e, ao mesmo tempo, inovador. O visual nostálgico de lâmpadas PAR ou painéis luminosos trazem uma certa sensação de viagem de volta ao tempo, mas só até percebermos que as fontes de luz são, na verdade, LEDs e moving lights de última geração em sistemas móveis, integrados a uma cenografia totalmente automatizada, que incorpora uma série de elementos projetados para causarem impacto tanto ao vivo quando nas câmeras de telefones celulares.


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Crédito foto: Florent Déchard / Divulgação

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O show é uma versão ousada do estilo dos anos 80, 90 e R&B

Do começo ao fim do show, os pés dessa nova geração de artistas multi-task não param, e eles parecem ter nascido sabendo dançar, cantar e tocar, sempre juntos, tudo ao mesmo tempo, com perfeição.

grandes proporções até o exato momento em que eles precisam ser revelados para causar o devido impacto. Entretanto, embora uma banda de abertura apresente-se no mesmo palco, a cenografia permanece um segredo bem guardado até o primeiro acorde do show de Bruno Mars. Mesmo os últimos ajustes são feitos em total sigilo, por detrás de uma cortina que baixa, cobrindo não só a frente, mas também as laterais do palco, assim que a banda de abertura termina sua performance. Uma sequência de músicas atuais, upbeat e bem conhecidas pelo público ‘esquenta’ a platéia durante os preparativos, até os telões mostrarem mensagens provocativas indicando que o show vai começar. De repente, a cortina sobe e o público fixa o olhar em Bruno e nos vocalistas, posicionados individualmente em cinco painéis luminosos de diferentes cores, uma referência aos anos ‘disco’. Este o único momento em que Bruno Mars e seus músicos, os Hooligans, não estão se mexendo. Do começo ao fim do show, os pés dessa nova geração de artistas multi-task não param, e eles pare-

cem ter nascido sabendo dançar, cantar e tocar, sempre juntos, tudo ao mesmo tempo, com perfeição.

PLANEJAMENTO Os primeiros conceitos para a nova turnê começaram a ser discutidos em julho do ano passado, entre Bruno, Cory FitzGerald e Joel Forman. Em dezembro, LeRoy Bennett juntou-se à equipe para criar a cenografia geral, dando unidade e um visual conciso a um apanhado de idéias, além de desenvolver o projeto de produção. Tanto Roy quanto Cory afirmam que seu cliente é o tipo de artista que sabe o que quer e participa ativamente de todo o processo criativo de suas turnês. Inicialmente Bruno pretendia cuidar da produção pessoalmente, mas preferiu reconsiderar. ‘Fui chamado para uma reunião em dezembro, pouco antes do Natal, quando ele me apresentou algumas referências do que tinha em mente para a turnê. Nesta etapa do processo, é importante ouvir o artista, entender o que ele está buscando, descartar o que não é necessário, focar no que ele está realmente tentando dizer e não se comprometer a fazer exatamente o que ele


Crédito foto: Florent Déchard / Divulgação

pede, porque muitos fatores precisam ser levados em consideração. Ouvi o Bruno, entendi o que ele queria e propus fazermos algo dentro do mesmo estilo, mas mais limpo e mais ousado, revela Roy. ‘Bruno é super envolvido na concepção de seus shows do começo ao fim. Ele tem uma visão incrível sobre o que quer ver e está sempre muito atento a como o visual vai ficar na perspectiva do público. Tomamos por base várias referências de shows que o influenciaram, o que incluía uma série de aspectos característicos dos anos 80, 90 e do estilo R&B. A partir de então, atualizamos a estética original de forma que o resultado final representasse o ele tinha em mente’, explica Cory. Roy e Cory tem trabalhado juntos em apresentações e turnês de Bruno Mars desde 2011, o que contribuiu para o excelente resultado do projeto cenográfico.

PROJETO SOB MEDIDA O palco foi desenvolvido sob encomenda, pela empresa TAIT Towers. Caixas de luz de LED iluminam o

Crédito foto: Peter Aquinde / Divulgação

O projeto levou em consideração o campo de visão do público nos diferentes pontos de um estádio

Light PODs no teto remetem às montagens dos grupos Queen, AC/DC e Michael Jackson

chão em sincronia com o ritmo das músicas. As partes superior e inferior do palco recebem um longo contorno que serve também como luz de platéia. Cinco colunas verticais, no fundo, funcionam ora como painéis luminosos, ora como grid vertical com fontes de remetem às lâmpadas PAR. Há ainda um telão de LED que aparece e some como que

por encanto, caixas de luz em formato de L que entram em cena ao longo do espetáculo e plataformas que sobrem e descem. Vinte caixas de luz no teto do palco remetem originalmente às montagens do grupo Queen, nos anos 90. Considerando-se que a 24K Magic é uma turnê do seculo XXI, as antigas PAR, neste caso, foram

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Crédito foto: Peter Aquinde / Divulgação

‘ Lampadas PAR sao substituidas por moving lights Robe Spikie e Vari-Lite VL4000 e VL 6000’

hard Crédito foto: Florent Déc

/ Divulgação

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Os light PODs têm movimento automatizado

O contorno do palco é usado também como luz de plateia

substituídas por 420 Robe Spikies, sendo 21 luminárias por caixa, distribuídas numa configuração uniforme 3x7. ’Além de serem eficientes e rápidas, essas luminárias são compactas, o que nos possibilitou co-

locar um grande número delas dentro de cada caixa’, justifica Roy. Outra facilidade proporcionada pelo avanço da tecnologia é a automação do sistema, o que possibilita a movimentação dessas caixas de luz, formando diferentes cenas, em harmonia com a dinâmica do show. Um recurso originalmente simples mas versátil e eficiente são as cinco colunas verticais no fundo do palco, cobertas com material de alto contraste que reflete uniformemente a luz de fitas de LED, dando a aparência de painéis luminosos. Essas colunas são giratórias e, do lado oposto, 375 luminárias Robe Spikies posicionadas verticalmente (5 fileiras de 15 unidades por coluna) lembram antigos grids de lâmpadas PAR. Ao longo do espetáculo, os dois lados das colunas são explorados cenograficamente de variadas maneiras. Entre as colunas, 48 Philips Vari-Lite VL6000 são distribuídas em seis grids verticais, juntamente com 53 VL4000 posicionadas de forma a reforçar as luzes de fundo, laterais e efeitos. ‘Assim como para vários jovens artistas, é realmente importante para o Bruno como fica o visual do show quando reproduzido na midia social. A luz brilhante e as cores vibrantes da VL6000 aparecem muito bem em câmeras de telefones celulares.’, comenta Roy Bennett. ‘O Vari-Lite VL4000 BeamWash faz tudo aquilo que você precisa fazer, é rápido, brilhante e permite criar todo tipo de texturas’, acrescenta Cory FitzGerald. Um telão de LED desce em frente às colunas, sem que ninguém perceba e, em determinadas musicas, imagens do cantor e da banda são projetadas em tempo real para alegria do público localizado nas áreas mais distantes do palco. Em


Crédito foto: Florent Déchard / Divulgação

Bruno está sempre atento ao visual, na perspectiva do público

Fogos de artifício, que não podiam faltar, são sequenciados no fundo do palco. Ha canhões de luz focados no artista todo o tempo e 7 Spots Robe BMFL são usados como luz chave para todos os músicos. O controle do

mostra que este multi-vencedor de prêmios Grammy tem carisma passos de dança e arranjos musicais em comum com seus ídolos, mas há algo mais: liderança e o envolvimento em cada detalhe da produção

alguns momentos, Spikies iluminam através do telão, dando uma nova perspectiva ao espaço cênico. As surpresas não param por aí . Quinze colunas em forma de L, sustentadas por 72 motores entram em cena flutuando, dando um aspecto ainda mais tridimensional à cenografia. O movimento dessas peças é controlado por um sistema TAIT Navigator, que centraliza a automação de todas as partes móveis do cenário. Falando em automação, oito motores (quatro eletromecânicos e quatro hidráulicos) fazem subir plataformas, em diferentes alturas, acrescentando níveis ao palco e revelando painéis de LED para projeção de imagens. O projeto cenográfico levou em consideração o campo de visão do público em todos os diferentes pontos de um estádio ou arena e usou os elevadores para melhorar a visibilidade.

Quinze colunas em forma de L, sustentadas por 72 motores entram em cena flutuando, dando um aspecto ainda mais tridimensional à cenografia. sistema de iluminação é feito através de duas consoles MA2 Full Size e uma MA2 Light. A turnê 24K Magic é uma das mais comentadas no cenário internacional, reforçando o talento e competência de Bruno Mars, e

de seu trabalho. O show chega ao Brasil em novembro e é diversão é garantida, seja você um fã à moda antiga que grita e dança o show inteiro, ou da nova geração, que traz a midia social como companhia.

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Crédito foto: Florent Déchard / Divulgação

Imagens em tempo real são projetadas em um telão que desce no palco sem que ninguém perceba

Entrevista Cory FitzGerald Cory FitzGerald tinha apenas 12 anos quando iniciou as suas aventuras no mundo da iluminação, ajudando um amigo a pendurar lâmpadas num acampamento de verão. ‘Estou nisso desde então’, reflete, com o entusiasmo de quem fez a escolha certa na vida. Atuando primeiramente como programador e, mais tarde, como lighting designer, começou a ter os seus próprios clientes há cerca de 8 anos. O trabalho com Bruno Mars entra em seu currículo a partir de 2011, quando passou a acompanhar o artista em quase todas as suas apresentações. A sua página na Internet apresenta uma longa lista de nomes e eventos que incluem Beyoncé, Justin Bieber e Jennifer Lopez, entre outros.

você conquistar os seus próprios clientes e chegar aos grandes nomes? Eu tenho tido a sorte de trabalhar com alguns artistas que, particularmente, gostam de se envolver na concepção de seus shows e têm interesse especial em criar algo novo e um visual dinâmico para suas apresentações. Eu diria que foi sorte, acima de tudo.

Qual foi o principal desafio em modernizar, sem distorcer, o estilo dos anos 80 ou 90 na cenografia da turnê 24K Magic? Tentar atualizar um visual clássico não foi complicado com o que a tecnologia moderna oferece. Interessante foi tentar criar um visual consistente e grandioso, mas imitando a tecnologia antiga de forma simples e concisa e, ao mesmo tempo, criando um show cheio de dinâmica. A tendência é complicar demais, porque hoje podemos fazer muito mais, mas nós queríamos realmente dar ao show um visual e um feeling do clássico R&B. Como o trabalho com o Bruno Mars tem evoluído a longo dos anos? Eu percebo que o trabalho foi ficando cada mais vez mais complexo. Paralelamente ao desenvolvimento musical, os shows foram se tornando mais dinâmicos e hoje usamos mais efeitos especiais, assim como mecanismos de palco automatizados e mais sofisticados. O que contribuiu para o sucesso da sua carreira desde as primeiras pequenas oportunidades aos 12 anos até

Quais são as principais habilidades que um lighting designer da nova geração precisa para crescer nessa profissão? Acho que é muito uma questão de estar no lugar certo, na hora certa. Dedicação também ajuda, alem da capacidade de visualizar o resultado do projeto tanto pelo ponto de vista do público ao vivo quanto de quem assiste o show pela TV ou em midias eletrônicas. Este é um detalhe importante para essa geração Internet.

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Crédito foto: Seven Design Works / Divulgação

Entrevista LeRoy Bennett Stress? Stress? (risos). Estou nesta atividade há mais da metade da minha vida. Aprendi cedo a não me estressar, apenas manter o foco e seguir em frente. O que fazemos é entretenimento, é para ser divertido!

Lembro de você no Rock in Rio 2, em 1991, nos shows do Prince, George Michael e INXS. Seus cabelos eram longos, você usava meias em vez de sapatos e deslizava de um lado para o outro enquanto operava a mesa de luz. O que permanece igual e o que mudou em sua carreira ao longo desses anos? (Risos) Aquilo era porque eu usava pedais sob a mesa e eu conseguia controlá-los melhor sem sapatos. Com relação ao que permanece igual: a minha paixão pelo que faço. Isso é, provavelmente, a coisa mais importante. Quanto ao que mudou: a tecnologia que, cada vez mais, permite-me realizar mais fielmente o que crio dentro da minha cabeça. Numa entrevista para a revista TPi você comentou que trabalhar com o Prince foi seu grande desafio. Por quê? O que o Prince ensinou a mim foi algo que ele ensinou a si mesmo: como estender limites, se superar. Constantemente ele me colocava em situações nas quais eu tinha que encontrar uma solução por vezes imediata... Tive muita sorte de trabalhar com ele. Eu tinha a liberdade de experimentar. Produção de eventos, é um trabalho sob tensão. O tempo é mais curto que o necessário e, conforme os prazos vão apertando, é comum todo mundo ficar com os nervos a flor da pele. Como você lida com o stress de ensaios e períodos pre-estreia, por exemplo?

Crédito foto: Florent Déchard / Divulgação

Roy Bennett, como é conhecido, é uma das grandes referências mundiais em design de produção e iluminação de espetáculos. Além de ter iniciado sua carreira com o inesquecível Prince, ele vem trabalhando com Paul McCartney há mais de doze anos. No final de 2015, recebeu dois dos mais prestigiosos premios da indústria: o ‘Knight of Illumination Award’, na categoria ‘Concert Touring Arena’, pela turnê ‘Artrave: The Art Pop Ball’, de 2014, de Lady Gaga; e o ‘Parnelli Awards’, na categoria ‘Set/Scenic Designer of the Year’, pela turnê de 2015, do grupo Maroon 5. Sua capacidade de combinar eficiência com criatividade o levou a conquistar uma posição de destaque no mercado internacional, mas conversando com Roy, percebe-se que a sua habilidade em manter a calma sob pressão é o segredo por trás do sucesso deste carismático profissional.

Você vem atuando na China e esta agora iniciando um projeto para ensinar, desenvolver e orientar jovens profissionais e empresas a usarem tecnologia de uma forma eficiente e criativa naquele país. Como você pretende fazer isso? Eu sempre achei que não existe certo ou errado, você simplesmente vai encontrando novos caminhos. Não posso ensinar ninguém a ser criativo, mas posso explicar a razão por que escolhemos fazer algo de uma determinada maneira, como se organiza uma produção, a orquestração das diversas partes de um espetáculo. Posso ensinar práticas eficientes. Quando estudantes vão para a universidade aprender a trabalhar com iluminação, teatro etc, eles saem com um ótimo nível técnico, mas com relação a liberdade para criar e experimentar, isso não acontece de fato. Acho que como um designer a coisa mais importante é entender onde estão os parâmetros e pensar em como você

pode estender, ampliar esses parâmetros, sem deixar a teoria ou preconceitos técnicos se transformarem em amarras. Não posso ensinar ninguém a ser criativo, mas posso mostrar criatividade para as pessoas e dar a elas a oportunidade de absorverem o que puderem. Que conselho daria para jovens profissionais que não tem a sorte de fazer parte deste grupo que você ensina diretamente? É importante ter a mente aberta, entender que, por vezes, a melhor opção é ‘desapegar’. Ao desapegar de uma idéia inicial você acaba encontrando soluções que são ainda mais interessantes. Ao longo dos anos tenho visto pessoas que não desapegam porque são muito preciosistas. Desapegar não significa ser desleixado, mas sim conseguir criar algo a partir de qualquer coisa.

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ILUMINAÇÃO Uma etapa fundamental que antecede qualquer apresentação ou espetáculo está relacionada ao refinamento da iluminação cênica. Realizada para as confirmações e correções necessárias, tem como principal enfoque a focalização das luzes, proporcionando os ajustes dos efeitos de luz e sombras, determinantes na execução de um projeto.

CÊNICA SEM PERDER O FOCO Cezar Galhart é técnico em eletrônica, produtor de eventos, baixista e professor dos Cursos de Eventos, Design de Interiores e Design Gráfico do Unicuritiba e pesquisador em Iluminação Cênica.

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esta conversa, centrada no foco, esses e outros elementos serão destacados, sem perder a essência desse tema. Etapa de montagem concluída. Mesmo com todos os instrumentos corretamente instalados, testados e posicionados – de acordo com as especificações do Mapa de Luz (Lighting Plot), são necessárias outras formas de análise e avaliação dos resultados com os ajustes que determinarão o efeito final. Para eventos únicos e isolados, isso pode ocorrer com muita antecedência e tranquilidade. Para outros, integrantes de eventos seriados ou festivais, representam intervalos ínfimos, e que podem demandar pressão e estresse. Para qualquer circunstância, o ajuste do foco na iluminação cênica representa o conjunto de ‘pinceladas finais’ para a conclusão de uma obra, de arte. Nas de-

vidas proporções e comparações artísticas, é o momento de encontro entre uma análise mais apurada sobre o resultado estético esperado para a iluminação do cenário e do palco, ou ênfase em um determinado momento – roteirizado e mapeado com uma ou mais cenas – e alinhado e justificado com os princípios da Física. Em outras palavras: unese a arte com a técnica, com qualificação e mensuração. Neste momento da verdade, ajustes de intensidade, angulação e principalmente foco são percebidos de duas formas. Pelos espectadores, por meio dos profissionais (assistentes) que ‘posam’ em cena, normalmente com uma referência destacada (um braço estendido, uma superfície, acenos, ou mesmo uma coreografia quase estática). Por esses mesmos profissionais, pela projeção da luz iden-


Iluminação Cênica - Focalização e ênfase. Fonte: Any World Architecture Designs / Divulgação

Teste de focalização - James Taylor & His All-Star Band em Curitiba (Pedreira Paulo Leminski), 31/03/2017. Fonte: Cezar Galhart / Divulgação

tificada pelos especialistas que analisam o palco da house mix – ou outro local onde ficará instalada a mesa de controle, ou console – e por aqueles (assistentes) que estão no palco e percebem o resultado no piso. Em locais menores, mesmo aqueles preparados para todo tipo de espetáculo e apresentação – normalmente fechados -, esses ‘retoques’ também são recorrentes e necessários. Com estruturas e equipe reduzidas, o próprio Lighting Designer poderá realizar todos os ajustes, identificando as correções e alterações necessárias no Plano de Cena para a melhor interação dos artistas com a iluminação

cênica. E, se for necessário o apoio com o auxílio de outros profissionais, a comunicação poderá ser mais efetiva, pois com a redução do espaço total, se houver necessidade de deslocamento, o acesso será minimizado pelo caminho ser mais reduzido. Em se tratando de comunicação, várias são as formas e possibilidades – limitadas muitas vezes pelos recursos disponíveis, financeiros e humanos. Mesmo com equipamentos de comunicação via rádio, há necessidade de uma padronização na nomenclatura adotada – para os mais diversos profissionais envolvidos – e maneiras de confirmação ou negação para o progresso nesse

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Sombra Chinesa – Banda Garbage na “20 Years Queer Tour” - Revention Music Center (Houston, Texas, EUA). Fonte: Coog Radio / Divulgação

Na percepção artística, esse foco pode tanto representar todo o conjunto de elementos de uma cena como algum elemento destacado. No todo, os instrumentos de iluminação cênica servem como suporte para esse resultado.

processo de regulação e ajuste. Em muitos casos – ou, na maioria, de fato – gestos poderão traduzir melhor a comunicação. E isso não se restringe apenas às turnês mundiais; falhas de comunicação e entendimento poderão ocorrer, como dito, pelo reduzido tempo e consequente pressão para a obtenção de resultados satisfatórios. Nesse contexto, poderia surgir uma primeira questão: o que é o foco? Circunstancialmente, o termo foco pode receber duas interpretações que podem confundir – se não houver esse alinhamento terminológico. Muitas vezes, confunde-se o objeto em foco (protagonista) a ser iluminado com o ponto cen-

tral, ou ponto de convergência. Na prática, o objeto pode ter dimensões desproporcionais ao centro onde se direciona o facho luminoso. Na percepção artística, esse foco pode tanto representar todo o conjunto de elementos de uma cena como algum elemento destacado. No todo, os instrumentos de iluminação cênica servem como suporte para esse resultado. Assim, a insuficiência ou excesso de recursos podem provocar sensações opostas, como um esforço injustificável ou mesmo um ofuscamento incômodo. Para a atratividade requerida em cena poderá ter duas formas distintas e mes-

” Iluminação Cênica e sombras: intenção e conceito. Fonte: Rat Pack Dimmers / Divulgação


mo complementares. Para o plano mais amplo, uma mais constante uniformidade de iluminação, com menor intensidade, permitirá que a relação de contraste, proporcionada por uma iluminação mais intensa e brilhante crie as condições estéticas, complementadas por outros princípios – ritmo, cores, aproximação/afastamento, entre outros. Ainda sob uma análise artística, as sombras têm um papel fundamental tanto na elaboração de um projeto quanto e, principalmente, nos ajustes de focalização. Elas proporcionam sensações dramáticas, profundidade, texturas, mas também podem proporcionar desconforto e representar falhas consideráveis.

Com efeito, pode-se afirmar que as sombras representam intenções de projeto, para as áreas ou superfícies que não serão diretamente iluminadas, propositalmente. Assim, a presença de sombras pode induzir a volumetria dos objetos, por contraste, e a existência de obstáculos sólidos ou parcialmente translúcidos pode permitir a criação de sombras ou penumbras, pela interferência da luz com o objeto iluminado. Michael Baxandall (na sua obra Sombras e Luzes) destaca três tipos de sombras, principalmente: sombra projetada, auto sombra e sombreamento. A primeira resulta pela existência de um obstáculo sólido entre uma superfície e uma fonte de luz. Como exemplo, a sim-

Luz e sombras– U2 na “iNNOCENCE + eXPERIENCE Tour” – Rogers Arena (Vancouver, Canadá). Fonte: U2 Station / Divulgação

Como destaque conceitual, a “Sombra Chinesa” (ou teatro de sombras), identificado pela luz recortada por objetos ou pessoas, percebidas apenas pelas formas, projetadas como sombras em um anteparo. Nesse contexto, a intensidade da(s) luz(es) de projeção, a direção e ângulo de iluminação serão determinantes para a(s) sombra(s) projetadas. Também, a amplitude da sombra resultante será inversamente proporcional à distância entre a(s) fonte(s) de luz e o anteparo, assim como dos elementos de projeção utilizados.

ples projeção de uma luminária em um objeto terá como consequência a projeção de sua sombra no piso. Para o segundo tipo, identificam-se todas as projeções de sombras posteriores àquelas das superfícies iluminadas. Isso se contextualiza nas partes não iluminadas, identificadas pelas projeções de backlighting e sidelighting, por exemplo, nas quais as sombras resultantes são mais suaves, em relação às sombras projetadas. Finalmente, o sombreamento, caracterizado pela projeção de sombras resultantes pela composição final, formadas pelos ân-

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Além do posicionamento das luminárias – considerados os eixos horizontal e vertical, em relação ao elemento a ser iluminado, o método mais comum e amplamente utilizado é aquele que foi desenvolvido e denominado com o sobrenome do arquiteto e Lighting Designer Stanley McCandless.

Luz e correção - princípios e métodos. Fonte: Wikiwand / Divulgação

gulos que as luzes formam com as superfícies iluminadas. Tecnicamente, a análise desses três tipos de sombras conduz o Lighting Designer a combinar os resultados e, com a associações às técnicas de iluminação e princípios do Design, proporciona as dinâmicas necessárias à criação das cenas, desenvolvendo assim um mapeamento com cenas distintas, únicas, transmitindo sensações e ênfase aos mais diversos aspectos e momentos de um espetáculo ou mesmo uma canção, isoladamente. Mas além dessas sensações e percepções, técnicas e artísticas, outros métodos e técnicas conduzem o Lighting Designer na busca de soluções para o enaltecimento ou minimização de sombras. Além do posicionamento das luminárias – considerados os eixos horizontal e vertical, em relação ao elemento a ser iluminado, o método mais comum e amplamente utilizado é aquele que foi desenvolvido e denominado com o sobrenome do arquiteto e Lighting Designer Stanley McCandless. Inicialmente desenvolvido com apenas três instalações de luminárias (e que podem ser ampliadas para diversos grupos de luminárias), duas frontais – em posições opostas - e uma em contraluz, esse método tem como objetivo principal esculpir o

objeto/elemento iluminado, revelando a volumetria com naturalidade. As luminárias em frontlighting formam um ângulo de 45 graus com o elemento principal, nos dois eixos (horizontal e vertical). Variação nas características como temperatura de cor e intensidade ainda proporcionarão mais definição e redução das sombras. Para a contraluz, ocorrerá ênfase no princípio do afastamento, proporcionado ainda mais definição dos contornos do elemento iluminado. Para esta iluminação, em backlighting, a temperatura de cor poderá ser propositalmente modificada, de acordo com a intenção da cena desenvolvida com essa luz. A combinação entre técnica e arte promove com efetividade as intenções, interações e dinâmicas, e proposições da iluminação cênica, a partir de percepções e métodos que desenvolvem cenas e ambientações, configuradas e mapeadas em projetos, elaborados e planejados de maneira a envolver, provocar, emocionar e surpreender, iluminando elementos ou projetando sombras, sutilmente, ou em foco. Um abraço e até a próxima conversa!

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la que todo mundo adorava, mas não lembrava mais, etc, etc... A rodinha de violão na praia era – e continua sendo – uma tradição da juventude do planeta Terra. Mesmo os mais velhos já fizeram a sua, só que com cadeiras de armar, geladeiras de cerveja e todo aquele aparato confortável que faz da praia dos mais experientes e menos ousados uma verdadeira sala de estar. Esta noite em particular, talvez por causa da ausência de uma praia próxima onde eu possa banhar o que sobrou das minhas origens cariocas, bateu-me a nostalgia da rodinha praiana, com a brisa marinha esfriando a pele dos namorados (e o consequente “chega mais”), a garrafa de vinho, cana ou conhaque rodando junto com o violão e aquelas praias desertas e estreladas do litoral fluminense onde esse tipo de coisa costumava acontecer comigo. Perdoem-me a nostalgia fora de hora, mas era fácil encontrar esse tipo de praia nos anos 70. Os desertos salinos começavam, acreditem-me, na hoje superpovoada Barra da Tijuca e iam por ali adiante: Recreio, Macumba, Prainha,

EU E MINHAS PRAIAS

RUBI TERÇA FEIRA P raia não é o lugar mais indicado para violões. Entra areia. É muito quente de dia. É úmida demais à noite. Se você for um usuário frequente de violão na praia e gostar de cordas de aço trate de colocar um encordoamento à altura, porque em pouquíssimo tempo o sal vai querer tocar melodias diferentes das suas. Mas é claro que ninguém pensa nisso quando se forma aquela rodinha em volta de uma fogueira e o instrumento vai passando de mão em mão, enquanto fulano arrisca um vocalzinho ali, sicrana puxa de repente aque-

Osa, Sepetiba, Perigoso, Restinga, Grumari... Do outro lado da Baía nos esperavam Itacoatiara, Ponta Negra, Barra de Maricá, Saquarema, Farol, Peró, Ferradurinha... Areias infinitas, espaços então ainda quase inacessíveis para quem não conhecesse as trilhas e picadas, o caminho das pedras. A noite passava, os casais mais afoitos iam se afastando e acabávamos acordados pelo brilho do sol, dormindo enrolados em cangas e aquecidos apenas pelo calor de nossos corpos. Azar de quem não encontrava sua cara metade, porque mesmo no verão – se batia um sudeste noturno – seu destino era transformar-se num sorvete. E de ressaca. Foi numa dessas noites que conheci Rubi Terça-Feira. Morena, de olhos negros e longos cabelos da mesma cor dos olhos, ela passeava vez em quando seu marcante sotaque gaúcho por essa ou aquela música. Não era lá muito afinada, mas sabia todas as letras que perpassavam nossa biografia musical sustentada por Beatles, Stones, Beach Boys, Doors, Dylan, Crosby, Stills & Nash e aquela coisa

Azar de quem não encontrava sua cara metade, porque mesmo no verão – se batia um sudeste noturno – seu destino era transformar-se num sorvete.


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Quando comecei a achar que a noite ia explodir em estrelas cadentes, virou-se de frente para mim e abateu meu pássaro em pleno vôo... toda (estamos no começo dos 70, lembra?). Quando o violão chegou às minhas mãos, não resisti a atacar a “Ruby Tuesday” de Jagger e Richards, visto que era uma terça-feira – Tuesday - e eu poderia cantá-la de olhos fixos na morena presumivelmente gaúcha. Todos aplaudiram minha lembrança, menos Rubi, que parecia pensar em outra coisa e me destinou apenas um leve e ralo sorriso condescendente. Era um conhaque ou um vinho, não lembro, só sei que ele me subiu à cabeça e lá fui me enrolar no supercobertor de casal que prudentemente levava no exíguo porta-malas do meu jipinho Gurgel. Eu o comprara num brechó de Copacabana que vendia excedentes da guerra do Vietnã. Era deitar-se sobre uma metade e cobrirse com a outra. A noite fria de não me lembro onde trazia com ela o tal vento sudeste (corrijam-me os navegadores se errei sua origem) chegando com vontade. Encolhi-me ali no meu útero particular e estava já no primeiro e inquieto sono quando fui gentilmente sacudido. Tirei o cobertor da cara, tentando enxergar na total escuridão. Um isqueiro se acendeu, revelando o rosto de Rubi, parcialmente escondido pela negra cabeleira. - Oi - ela disse – posso entrar aí? - Claro! – respondi, com mais entusiasmo que o necessário, achando que o Universo conspirava a meu favor. Ela esgueirou-se cobertor adentro, rindo. - Você roubou isso da sua mãe? Contei rapidamente a história do brechó pós-vietnamita e ela ficou séria:

-Nossa, odeio essa guerra. Será que isso era de algum soldado que morreu? - Nada – menti, lembrando da japona com alguns buracos de bala que eu tinha comprado no mesmo lugar – deve ter sido de algum general que dormia fundo enquanto as bombas queimavam. Ela não achou muita graça na piada napalm e chegou-se mais. Quando comecei a achar que a noite ia explodir em estrelas cadentes, virou-se de frente para mim e abateu meu pássaro em pleno vôo: - Escuta: só um beijo – e esclareceu de vez – Homem não é meu barato. Mas estou com muito frio. Sem que eu sequer tivesse a chance de uma resposta, ela beijou-me de uma maneira estranha, como que partida entre o fraternal e o sensual, um beijo ao mesmo tempo exato e sem rumo, era uma dúvida antes de ser um beijo. Depois, virou-se de costas e fez-me abraçá-la, braço direito por baixo de sua axila e braço esquerdo abaixo de seus seios. Logo adormeceu, num suspiro de alívio, paz e intimidade conseguida. A bebida acabou por derrotar o espanto e eu adormeci também. Acordei com o calor da manhã, mas Rubi Terça Feira já tinha ido embora. Nunca aquele cobertor imenso me pareceu mais vazio. Sacudi a areia e dobrei-o cuidadosamente, evitando reconhecer que estava procurando por algum perfume deixado ali. Olhei e escutei as ondas vagarosas da manhã, minha cabeça cantando a bela e simples melodia dos Stones: goodbye, Ruby Tuesday, who could hang a name on you..

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