Edição 278 - Janeiro 2018 - Revista Backstage

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Sumário Ano. 25 - janeiro / 2018 - Nº 278

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Bose Panaray 620M

O monitor de chão Bose®Panaray 620M é uma solução compacta de alta performance que entrega múltiplas opções de cobertura para uma gama extensa de aplicações profissionais em ambiente interno. Com uma opção flexível de acomodação e estilo discreto, permite que seja aplicado em diversos tipos de projetos profissionais.

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O engenheiro Beto Neves fala nesta edição sobre o mais recente desafio na profissão de engenheiro de áudio nos dias de hoje: a mixagem para streaming. Ele conta sua experiência desde que iniciou na área musical como engenheiro de estúdio, em 1993, e faz um comparativo entre aquele tempo, quando a produção musical estava nas mãos das grandes gravadoras, e o presente, em que a maioria das produções musicais é feita em home studios e distribuição pelos serviços de streaming.

NESTA EDIÇÃO 10

Vitrine A companhia alemã Nero AG anuncia a edição 2018 do Nero Platinum, nova versão do mais famoso pacote multimídia para gravação, cópia, criação, edição, ripagem, conversão, reprodução e transmissão de conteúdos de mídia.

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Rápidas e Rasteiras A obra do artista e VJ brasileiro Eletroiman, do Estúdio Darklight foi escolhida para ser apresentada durante o Prêmio Mapping Challenge América Latina.

18 Play Rec Instrumentista e sanfoneiro, um dos mais representativos da sua geração no Brasil, Marcelo Caldi lança novo álbum, A sanfona é meu dom.

20 Gustavo Victorino Confira as notícias mais quentes dos bastidores do mercado.

22 Gigplace A profissão deste mês é a de instrutor e educador na área de áudio, e o entrevistado é Tiago Borges.

54 Áudio Fundamental Se o som está estressante e não está agradável, é muito provável que o problema seja inteligibilidade. Mas o que é a inteligibilidade?

Nota da Redação Por encontrar-se em turnê pelo país, o colunista Luiz Carlos Sá ficará ausente nesta edição, mas os artigos da sessão Vida de Artista voltarão a ser publicados no próximo mês.


Expediente

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Audio Technica Serie AE2300

Ao escolher o microfone mais adequado em aplicações de instrumentos ao vivo, o posicionamento deve ser tão importante quanto a qualidade do som. A resposta da Audio-Technica a esta questão veio com a série Artist Elite Series AE2300, um microfone cardioide dinâmico de 3.7 polegadas.

TECNOLOGIA 46 Ableton

40 Logic Pro Um dos pontos mais importantes no uso de qualquer DAW é poder utilizar as funcionalidades existentes para realizar atividades práticas e que sejam produtivas para a criação de seus projetos. O Logic Pro X é uma ferramenta extremamente versátil para fases que vão da pré-concepção até a masterização.

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Rewire é o termo usado no passado, em jargão de estúdio, para um rearranjo de cabos no patchbay físico (uma engenhoca, cheia de entradas e mandadas ins/outs). Essa divisão, para quem ainda não viu, é configurável via pequenos cabos, quase um painel de telefonista do século passado.

Pro Tools Quanto menos perdido na sessão, mais tempo para mixar. Existem inúmeras táticas para manter sua sessão sob controle e conseguir navegar por ela com facilidade. Além de economizar tempo, é algo que deixa o ambiente mais profissional.

CADERNO ILUMINAÇÃO 58 Vitrine iluminação

60 Iluminação cênica

A Elation Professional introduz no mercado a série KL Fresnel, uma nova linha de brancos mornos de luzes de LED Fresnel que proporcionam aquele atrativo caloroso das hológenas Tungsten com os benefícios do LED.

Nesta edição, a iluminação cênica será abordada sob todos esses aspectos vinculados ao conceito e às escolhas de um fascinante projeto, executado na turnê One On One, de Paul McCartney, recentemente realizada no Brasil.

Diretor Nelson Cardoso nelson@backstage.com.br Gerente administrativa Stella Walliter stella@backstage.com.br Financeiro adm@backstage.com.br Coordenadora de conteúdo Danielli Marinho redacao@backstage.com.br Revisão Danielli Marinho Colaborou nesta edição: Beto Neves Colunistas: Cezar Galhart, Cristiano Moura, Gustavo Victorino, Lika Meinberg, Luiz Carlos Sá, Pedro Duboc, Tiago Borges e Vera Medina Ed. Arte / Diagramação / Redes Sociais Leonardo C. Costa arte@backstage.com.br Capa Arte: Leonardo C. Costa Foto: Diego Moreno Publicidade / Anúncios PABX: (21) 3627-7945 arte@backstage.com.br Webdesigner / Multimídia Leonardo C. Costa multimidia@backstage.com.br Assinaturas Maristella Alves PABX: (21) 3627-7945 assinaturas@backstage.com.br Coordenador de Circulação Ernani Matos ernani@backstage.com.br Assistente de Circulação Adilson Santiago Crítica broncalivre@backstage.com.br Backstage é uma publicação da editora H.Sheldon Serviços de Marketing Ltda. Rua Iriquitiá, 392 - Taquara - Jacarepaguá Rio de Janeiro -RJ - CEP: 22730-150 Tel./fax:(21) 3627-7945 / 2440-4549 CNPJ. 29.418.852/0001-85 Os artigos e matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. É permitida a reprodução desde que seja citada a fonte e que nos seja enviada cópia do material. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios veiculados.


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CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br

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O meio de

comunicação e a extensão do

conhecimento C

hegar à Era da Informação e da Internet trouxe muitos benefícios na aquisição e na construção do conhecimento, sem dúvida, principalmente no que diz respeito ao acesso a conteúdos que antes apenas eram encontrados em livros, muitas vezes caros ou raros. Adquirir conhecimento nunca foi tão fácil nos dias atuais, quando mais de 3,2 bilhões de pessoas estão conectadas à rede mundial, podendo contribuir umas com as outras. Por outro lado, é indiscutível que nessa nova Era Eletrônica a velocidade do pensamento e o acúmulo de dados vêm provocando também um sentimento de frustração, tendo em vista a sensação de que tudo está ao alcance, mas nem sempre é possível dar conta da totalidade. Esse paradoxo é uma das fontes de discussão da comunicação nos dias de hoje. O desafio é situar o leitor e o consumidor no meio dessa enxurrada de dados, direcionando-o ao que realmente é válido para a construção do seu conhecimento, ou simplesmente o acesso à informação correta – vide o advento das fake news, atualmente um dos maiores desserviços à sociedade. E é aí que entra o papel dos meios de comunicação, tendo como uma de suas novas missões resguardar o direito do seu leitor à veracidade. Esse meios, ou mass medias ressurgem como coordenadores que, por uma questão de perícia, são mais aptos para nortear e depurar essa grande rede. Talvez por ter esse novo papel, a comunicação on-line precisou também ser reinventada e adaptada às novas necessidades, vislumbrando outros destinos para a comunicação de massa, como o direito à boa, real e verídica informação a todos. Dentro dessa premissa, as empresas, sem exceção, tiveram que contornar seus anseios mercadológicos também e entender que essa nova sociedade conectada terá seu desenvolvimento e evolução, sim, a partir da busca conjunta do conhecimento, e que instrução e educação devem ser livres a todas as pessoas. Ainda assim os mass media continuam com o papel principal, o de ser um meio, um depurador, pelo qual a sociedade obtém conhecimento e conteúdo de qualidade. Dessa forma, é preciso um entendimento geral sobre o destino da sociedade que cada empresa e meios de comunicação estão envolvidos e inseridos. Boa leitura. Danielli Marinho

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PROFACTORY www.allen-heath.com A Allen & Heath anunciou que já está disponível o mais recente canal de livrarias ProFactory para a série Qu de mixers digitais. Seguindo o sucesso de colaboradores como Shure, Sennheiser e Audio Tecnhica, os novos presets cobrem uma variedade dos populares microfones SE Eletronics, incluindo o V3, V7, VR, 4400 e RNR1. O ProFactory Mic Presets oferece aos engenheiros todas as habilidade e um ideal ponto de partida para conseguir o melhor som possível, de forma rápida e fácil. O time da Allen & Heath trabalhou próximo aos engenheiros de som Frederick Brandt Jakobsen na SE Eletronics, que desenvolveu a configuração para cada microfone e combinação de instrumento. O preset está disponível para download gratuito na página de produtos da série Qu da Allen & Heath http://www.allen-heath.com/key-series/qu-series/

INTERCOM PRO SIX 10

www.powerclick.com.br O Power Click modelo INTERCOM PRO SIX é um intercomunicador para conversação simultânea entre uma central e até 6 pontos remotos: Central para um ponto ou Central para 2 pontos, ou Central para 3 pontos, etc. É fornecido com uma central (em padrão rack 19, 1U) e 6 remotos (compactos, com alça para cintura). Com áudio de alta qualidade, o sistema PRO SIX trabalha com microfone de eletreto e headphones comuns, sendo compatível com headsets de computador e é 100% portátil. A central funciona com bateria de 9V ou rede 110/220V. Os remotos funcionam com bateria 9V ou fonte opcional. O INTERCOM PRO SIX utiliza, para conexão Central/Remoto, cabos comuns de microfone (3 vias) com conectores XLR, permitindo longo alcance entre central e remotos. Outra característica é que a central possui volume de recepção e 6 chaves seletoras (com LED) de conexão para remotos. Os remotos possuem volume de recepção e chave MUTE (desliga o microfone). Projetado para uso profissional, o PRO SIX é fornecido com componentes de alta qualidade. Ideal para utilização por emissoras de rádio e TV, igrejas, equipes de gravações e filmagens (áudio e vídeo), shows musicais (coordenação entre técnicos de áudio e iluminação), hotéis e muitas outras aplicações. O Power Click INTERCOM PRO SIX é resistente e fácil de operar e possui comandos práticos e confortáveis.

VIRTUALLY INVISIBLE® 891 www.bose.com Este falante retangular para paredes Virtually Invisible foi construído com um woofer de 7” e dois tweeters de 1” colocados estrategicamente. A performance do exclusivo speaker Bose Stereo Everywhere™ proporciona um som estéreo balanceado cobrindo uma grande área, sem caída do som. Vendido em par, cada speaker tem alta qualidade e performance full-range que outros falantes não possuem. A construção elegante deste equipamento também confere elegância no local em que é colocado. Braçadeiras padrão e grelhas magneticamente fixadas tornam a instalação rápida e fácil. Como o painel ultra-fino está ligado diretamente à grade do alto-falante, é possível que sejam facilmente pintados em um simples passo e se compõem elegantemente na sala. Além disso, os ímãs permitem que eles encaixem e desliguem rapidamente. As dimensões são 3.9"x 9.4"x 13.1" e peso de apenas 2,5 quilos.


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http://www.nero.com/ptb A companhia alemã Nero AG anuncia a edição 2018 do Nero Platinum, nova versão do mais famoso pacote multimídia para gravação, cópia, criação, edição, ripagem, conversão, reprodução e transmissão de conteúdos de mídia. O Nero Platinum 2018 tem a proposta de por fim à bagunça digital, ‘otimizando’ novas formas para organização de imagens em um único local centralizado, para criação e reprodução fácil e rápida de conteúdos. Mas o que há de novo realmente? Vamos lá: Black Bars - remove o recorrente problema das barras pretas em aparelhos de TVs de tela plana. Filmes & Programas de TV - gerencia, organiza e reproduz filmes e minisséries direto do PC para a TV plugada à rede doméstica, com incorporação de cartazes e informações de cada mídia. Temas de Filmes – o Nero vem com uma grande variedade de novos modelos de design e temas, como ‘família’, ‘eventos’, ‘viagens’, ‘animais de estimação’, ‘ação’ e outros. Nero BackItUp - realiza backups regulares e recupera dados facilmente, incluindo restauração de backups criados com versões anteriores do Nero BackItUp - e o aplicativo gratuito Nero BackItUp também faz backup de dados e mensagens do telefone celular, mesmo sem fio. Valores do pacote full e de upgrade estão disponíveis no site da Nero Brasil, em http://www.nero.com/ptb Saiba mais sobre as novidades do Nero Platinum 2018 no vídeo em português https://www.youtube.com/watch?v=IcLuvtITfqA

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NERO PLATINUM

FLAT MIDI CABLES AND FLAT POWER CABLES www.rockboard.de/de/Home.html O time da RockBoard® desenvolveu o RockBoard® Flat MIDI Cables como uma extensão do crescente e popular RockBoard® Flat Cables. Esses cabos engenhosos são tão planos e super compactos como os outros cabos RockBoard® Flat Cables e o plugue desaparece completamente dentro do soquete do dispositivo conectado. Isso economiza um valioso espaço na tábua de pedais, em estações de hardware ou qualquer outro lugar onde esteja envolvida música MIDI-based. A alta qualidade e o custo baixo do RockBoard® Flat MIDI Cables estão agora disponíveis em preto nas seguintes extensões: 30cm, 60cm, 100cm, 200cm, 300cm, 500cm e 1metro. O RockBoard® Flat MIDI Cables de 30cm em breve também estará disponível em azul, verde, vermelho e amarelo. Algumas especificações do produto são: perfil retangular do cabo Flat MIDI, conectores compactos e super angulados, condutor flexíveis de 5 x 7 x 0,12mm, cambiável para uso com funcionalidades clock/ SYNC e phantom powering, nível máximo de corrente 1A, conector Angled DIN 5, temperatura de operação -20°C a 60°C, dimensão externa 6,5 x 3,5mm (retangular), dimensão externa 33 x 15 x 10 mm (1 5/16" x 9/16" x 3/8").

ARTIST ELITE AE2500 www.audio-technica.com O mais recente microfone para kick-drum da Audio Techinca, o Artist Elite AE2500 é um microfone para instrumento categoria dual-element que tem como característica condensador cardióide e cápsulas dinâmicas combinadas em um mesmo lugar. O elemento dinâmico entrega um ataque agressivo do batedor; o condensador captura as tonalidades redondas da concha. As camadas de formas de malhas resistentes forma múltiplas densidades sobre as portas de entradas lateral dos elementos dinâmicos, exercendo controle preciso sobre o tempo em que os sinais fora do eixo chegam ao diafragma. O diafragma condensador é tensionado e envelhecido para uma consistência e estabilidade a longo prazo. O design revolucionário de dois elementos representa uma conquista igualmente revolucionária do transdutor. De acordo com alguns usuários, o equipamento é perfeito para quem procura por mais definição tonal nas média-alta frequências, mas continua com aquele punch mais baixo no final.


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Fotos: Divulgação

lança 1º álbum

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Bloco do Sargento Pimenta

Eram garotos que amavam os Beatles. Da paixão nasceu o bloco, que reuniu meio milhão de pessoas no carnaval 2017. E, do bloco, veio o álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (Sony Music), releitura do clássico disco do quarteto de Liverpool, que marca a estreia do Bloco do Sargento Pimenta nas plataformas digitais. O lançamento acontece no ano em que a gravação original completa meio século. A releitura de Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band feita pelo Bloco do Sargento Pimenta segue a ordem original das faixas e tem participação especial do Jongo da Serrinha na música She's Leaving Home. Além dos integrantes originais do grupo, também gravaram no trabalho os músicos Ayran Nicodemo (violino em Within You Without You), Carlos Chaves (violão de 7 cordas em Fixing a Hole), Nelson Freitas (sanfona em When I'm 64) e Sidon Silva

(congas em Lucy In The Sky With Diamonds). Produzido por Leandro Donner e Mateus Xavier, que também cuidaram dos arranjos junto com outros membros do bloco, o álbum foi gravado no Estúdio Boca do Mato (RJ) por Daniel Sili entre setembro e outubro de 2017. A mixagem foi feita por Gustavo Krebs nos estúdios Realejo Digital e ARPX Áudio (RJ) em novembro de 2017 e a masterização por Carlos Freitas no Classic Master (SP). O bloco é composto por duas grandes partes: a banda – que ataca com duas guitarras, baixo, saxofone, trombone e dois trompetes – e a bateria, com os tradicionais instrumentos de uma escola de samba, como surdo, caixa, repique, tamborim, agogô e pandeirola. No carnaval, o número de participantes é de cerca de 120, incluindo os alunos da oficina semanal de percussão.

ABEMÚSICA EM EVENTOS REGIONAIS Em 2018, com o objetivo de aquecer e fomentar o mercado B2B de instrumentos musicais, áudio, iluminação e acessórios deste segmento fora da capital São Paulo, a Abemúsica realiza pela primeira vez as EXPOMUSIC Regionais, que vão reunir empresas e compradores em um ambiente mais propício e convidativo a negócios e networking. Os eventos regionais acontecem dentro do novo conceito de reposicionamento mercadológico da Feira Internacional da Música. Em 2018, a Expomusic regional acontece em Recife, de 18 a 20 de maio, e no Rio de Janeiro, de 21 a 23 de setembro. A data oficial da 35ª Expomusic, em São Paulo, no formato B2B e B2C que envolve toda a cadeia produtiva do setor musical e traz conteúdo, inovação e entretenimento para profissionais e para o público acontecerá de 15 a 19 de maio de 2019, no Anhembi, na capital paulista.

BRIEFING EXPANDE SUA PLATAFORMA DE NEGÓCIOS A Briefing Agency - agência de DJs que tem a missão de identificar as necessidades dos diferentes tipos de clientes para oferecer o artista mais adequado - acaba de ampliar seus negócios e anuncia nova plataforma: a Briefing Band. A partir de agora, artistas e bandas nacionais passam a integrar o portfólio da agência, que busca oferecer soluções mais amplas para os seus clientes. Criada em 2014 pelo produtor e DJ Marcelo Botelho ao lado do DJ Guga Guizelini, a Briefing Agency nasceu a fim de oferecer soluções ainda mais completas para seus clientes. Um dos nomes que agora fazem parte do portfólio é a Banda Eva, considerada um dos principais grupos de axé do país.


TÚNEL DO TEMPO Em outubro de 2017, durante o 3º Forum Profissão Entretenimento, realizado no Espaço Cultural Escola Sesc em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, os participantes tiveram uma surpresa, principalmente aqueles mais jovens que praticamente já nasceram no mundo digital. É que os presentes puderam conferir de perto uma console de mixagem usado nos anos 1970. A mesa foi criada por Acacio Rodrigues e utilizada em diversos shows da banda Famks, a primeira formação do Roupa Nova. Além de conhecerem a superfície, também foi possível se familiarizar com o interior do equipamento e verificar o tipo de componentes que eram utilizados naquela época. Para quem nunca viu, uma grande novidade, para o pessoal das antigas, um momento de recordação de como eram feitas as mixagens naquela época.

BRASILEIRO NO PRÊMIO MAPPING CHALLENGE

A obra do artista e VJ brasileiro Eletroiman, do Estúdio Darklight foi escolhida para ser apresentada durante o Prêmio Mapping Challenge América Latina, que aconteceu em dezembro na Costa Rica. O show Video Mapping de Eletroiman foi inspirado na relação do homem com a natureza. Diversas metáforas foram utilizadas para recriar este conceito, que transforma o homem em planta e traz, em sua narrativa, elementos da cultura local e sobre a história da Costa Rica. A projeção foi executada ao lado de outras que serão apresentadas na América Latina, nos meses de junho e julho, e escolhidas por um júri composto por Lars Sandlund, CEO da Dataton, Yasunori Ogawa, Diretor da Divisão de Operações de Produtos Visuais da Epson, e três grandes representantes das artes audiovisuais, Bart Kresa, Refik Anadol e VJ Spetto. O Prêmio Mapping Challenge América Latina busca transmitir por meio das projeções artísticas em espaços públicos a riqueza cultural de oito lugares na América Latina. Chile, México, Peru, Equador, Colômbia, Costa Rica, Brasil e Argentina foram os países escolhidos para se juntar à tecnologia de ponta em projetores de vídeo laser Epson.

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NA TRILHA

Foto: Divulgação

no Rock in Rio Lisboa

Tu vida mi vida é o novo single de Fito Páez. A canção tem uma pitada Charly García, como uma inspiração constante, mas 100% do DNA de Páez. Segundo Fito “tem algo que não pertence ao gênero da canção de amor, não é uma clássica canção que se canta à sua amada. Ela fala sobre a fragilidade de mulheres e homens”. Foto: Divulgação

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Muse confirmado

NOVO SINGLE

BATERIAS YAMAHA E 50 ANOS DE HISTÓRIA A Yamaha Musical do Brasil celebrou o 50º aniversário com muita música em um evento aberto ao público, em São Paulo, no dia 6 de dezembro. Na ocasião, houve apresentação dos principais nomes da batera nacional e internacional como Gorden Campebell, Cleverson Gravado ao vivo na Casa de Francisca, e Silva e Christiano Galvão. Os artistas tocaram em um modelo especial da Yamaha, a PHX Series, produzida à mão e sob encomenda.

BADEN TEM MODELO EXCLUSIVO DE VIOLÃO Os fãs do violista Baden Powell, um dos maiores nomes da música brasileira, e que completaria 80 anos em 2017, podem contar com um modelo exclusivo de violão, o Yamaha Grand Concert GC82S Baden Powell 80th Anniversary Edition. O artista marcou época nas décadas de 60, 70 e 80 com performances e obras lembradas e utilizadas por estudantes de violão instrumental até hoje. O violão foi construído à mão

pelo luthier da Yamaha Akio Naniki. O profissional, que trabalha com a construção e manutenção de instrumentos musicais, é amigo da família Powell e acompanhou a trajetória do artista. O modelo produzido possui as especificações do violão que Baden Powell utilizou nos últimos 15 anos de carreira, além de especificações sugeridas por Marcel Powell, filho do artista.

Já está disponível nas principais lojas e todas as plataformas digitais o novo disco de estúdio da banda irlandesa U2. Songs of Experience é o 14º álbum de estúdio do grupo e contém 13 faixas inéditas. O disco chega nas versões Standard e Deluxe (este com 17 músicas), além do vinil.

EP ACÚSTICO Pois é, A Chance Da Sua Vida e Casa Mobiliada são as três faixas escolhidas do novo DVD de Israel & Rodolffo para apresentar o EP acústico. Um lançamento ÁudioMix Records e Som Livre, o álbum chegou às plataformas digitais (Spotify, Deezer, iTunes, Apple Music e Google Play) no dia 01 de dezembro. Os videoclipes já podem ser conferidos no canal oficial da dupla no YouTube (YouTube.com/canalisraelerodolffo). Segue… Gravado no Caseratto, em Goiânia (GO), o projeto é marcado por um clima intimista e descontraído. Com produção e arranjo de Bigair dy Jaime e Israel e Rodolffo, direção de Anselmo Troncoso, produção geral de Marlus Marcelus e executiva de Juarez Dias, o álbum resgata grandes músicas da dupla.

BACKSTAGE

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SONGS OF EXPERIENCE A organização do Rock in Rio-Lisboa anunciou mais um headliner para a 8ª edição do festival, que acontece nos dias 23, 24, 29 e 30 de junho de 2018: a banda britânica Muse, que promete um espetáculo com sucessos do seu último álbum Drones, vencedor do Grammy de Melhor Álbum de Rock 2016. Muse, que já esteve no Rock in Rio Lisboa em 2008 e 2010 e no Rock in Rio Brasil em 2013, encerra a primeira noite do festival, dia 23 de junho. Estão confirmados para o evento Bruno Mars (24 de junho) e The Killers (29 de junho). O Rock in Rio-Lisboa acontece no Parque Bela Vista, em Lisboa.


Foto: Divulgação

Turnê IDEA-Elation no Nordeste

Dando mais um passo à frente com as marcas IDEA e Elation, a Decomac organizou uma turnê para demonstração de equipamentos nas cidades de Salvador, Recife e Fortaleza, no mês de novembro. O evento contou com a presença de

Santiago Alcalá um dos donos da fábrica IDEA que veio da Espanha para conhecer a forma de trabalho das empresas no Brasil. Foram dias muito intensos, com pouco tempo para montagem, mas os assistentes tiveram a oportunidade de ouvir

todos os sistemas em condições de trabalho ideais, ou seja, ao ar livre e à distância adequada de cada um. Um grupo de técnicos e donos de empresas se reuniu em cada cidade, e gostaram muito dos equipamentos, sobretudo sobre o que é possível fazer com cada PA. As empresas Arena Audio e People, em Salvador, Luminário, em Recife, Somatechnica e Reluz, em Fortaleza, foram responsáveis por tornarem possível esse encontro. Nos primeiros dias de 2018, os profissionais interessados em conhecer e ouvir os sistemas IDEA e manusear os equipamentos da Elation, podem visitar o novo showroom da Decomac, na Rua Tenente Pena 338, bairro de Bom Retiro, São Paulo.

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DANIELLI MARINHO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR

“A SANFONA É MEU DOM” Marcelo Caldi

“CIRCULAR MOVIMENTO” Marsa

Instrumentista e sanfoneiro, um dos mais representativos da sua geração no Brasil, Marcelo Caldi lança novo álbum, A sanfona é meu dom. As onze faixas inéditas do CD contam com parceiros e participações especiais de músicos como Hamilton de Holanda, Maurício Carrilho, PC Castilho, Sérgio Ricardo e Silvério Pontes. Em quase duas décadas de carreira, Marcelo Caldi faz seu caminho com bastante reconhecimento entre a música popular e a música clássica, a partir da criação de arranjos originais de autores populares, entre eles Luiz Gonzaga e Geraldo Azevedo, para orquestras sinfônicas. Onde também podemos destacar suas apresentações como solista de acordeom na Orquestra Petrobras Sinfônica, Orquestra Sinfônica Nacional da UFF, Orquestra Sinfônica do Recife e Orquestra Sinfônica Cesgranrio. Fundador e maestro da primeira Orquestra Sanfônica do Rio de Janeiro, desenvolveu método contemporâneo pioneiro para aprendizagem do fole. Em 2012, Caldi ganhou o Prêmio Funarte Centenário de Luiz Gonzaga, pela publicação de Tem sanfona no choro, livro editado pelo Instituto Moreira Salles (IMS), que inclui transcrições de partituras de choros inéditas do compositor Luiz Gonzaga. Em 2015, compôs Alma carioca, canção interpretada pela Orquestra Petrobras Sinfônica, em homenagem aos 450 anos da cidade do Rio de Janeiro. A sanfona é meu dom é o terceiro da carreira do músico, que chega após o lançamento de Maré cheia, maré baixa, EP de 2014, também com faixas autorais.

Formado pelo quinteto Thiago Martins (voz e guitarra), Rogério Samico (voz, baixo e sintetizador), Rodrigo Samico (guitarra), Carlos Amarelo (bateria e percussão) e Rodrigo Félix (percussão), o grupo Marsa apresenta o recentíssimo trabalho Circular Movimento. O disco, com produção assinada pelos irmãos Samico, foi resultado do prêmio no Festival Pré-Amp, que garantia ao vencedor recursos para gravação, mixagem e prensagem de mil cópias. Apesar de apontado por alguns sites como um dos melhores lançamentos do ano passado, o álbum só agora teve a chance, depois de outro concurso vitorioso, realizado pelo selo Mills Records, surge uma nova chance de o mercado conhecer o trabalho desse talentosíssimo grupo. A faixa-título do disco, Circular Movimento, afrobeat reconstruído pela bateria de Amarelo e a percussão de Rodrigo Félix. Em participação especial, o trombonista Moab Nascimento dá brilho extra à canção. Mas a porta de entrada ideal para o trabalho é mesmo a faixa de abertura, Sobre a paixão, que se torna pura poesia nos vocais de Thiago. Já Vermelhos, a faixa mais tocada do grupo em serviços de streaming, traz um frescor naïf de samba, com saborosa batucada e novas intervenções bem colocadas do trombone de Moab. O disco está disponível através das plataformas digitais ou do formato físico, que ganhou nova tiragem, e está à venda nas lojas ou através da loja virtual: https:// goo.gl/ps9TDA

“NORTE AO VIVO” NX Zero

O show, gravado em São Paulo em junho desse ano, fez parte da turnê do último álbum Norte (Deck/2015). Juntos há uma década e meia, Di Ferrero (vocal), Gee Rocha (guitarra), Fi Ricardo (guitarra), Caco Grandino (baixo) e Daniel Weksler (bateria) apresentam 24 músicas em Norte Ao Vivo. Entre elas, Meu Bem, Fração de Segundo, Modo Avião, Razões e Emoções, Cedo ou Tarde, além das novas Nessa Cidade e Sintonia, apresentadas ao vivo pela primeira vez nesse DVD. As faixas já estão disponíveis em todas as plataformas digitais. DVD e CD (duplo) chegam às lojas em novembro. Gravado ao vivo na Audio, São Paulo, no dia 14 de junho de 2017, o novo trabalho foi produzido por Ricardo Moreira, Giuliano Miziara, Ricardo Amaro, técnico de PA Cotô Guarino, técnico de monitor Samuel Homrich, técnico de luz e lighting designer Carlos Renato (Renatinho). Produzido e Mixado por Rafael Ramos, Direção Artística de João Augusto. Gravado na Unidade Móvel Gabisom UM3, foi mixado por Rafael Ramos no Estúdio Tambor – Rio de Janeiro, tendo como assistente de mixagem Matheus Gomes, assistente de Produção Bruno Pegos, e masterizado por Fábio Roberto no Estúdio Tambor – Rio de Janeiro, entre outros profissionais.


DANIELLI MARINHO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR

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GUSTAVO VICTORINO | www.backstage.com.br 20

dominante hoje no Brasil não avança muito quando confrontada com números. Com a morte do axé e as dificuldades do forró e da sofrência para entrar no Sul e Sudeste, o samba e o funk bem que tentaram, mas tirar o domínio absoluto do sertanejo ainda será difícil por muitos anos. O gênero que nasceu da fusão da música caipira do interior paulista e goiano sofreu influências da guarânia paraguaia e mais tarde do country e do folk americano. Essa miscelânea gerou alguns filhotes e vem se reinventando com pitadas de romantismo, feminismo e cultura pop. Seu predomínio no mercado é devastador quando se coteja números de qualquer ordem. E antes que perguntem, o bom e velho rock and roll verde amarelo cada vez mais vive de dinossauros e atitudes, porque novidades com talento andam escassas.

ENSINO MUSICAL

E o mundo não acabou... As vendas de dezembro fecharam estáveis e em alguns casos até apresentaram melhora em relação ao ano passado. Sem falsas ilusões ou crença nos fantasiosos números do governo, o mercado tratou com realismo e objetividade as vendas de final de ano. Teve gente até comemorando.

POPULARIDADE A proliferação dos chamados youtubers, ou seja, músicos que vivem dos seus canais virtuais, parece trazer à tona uma discussão interessante sobre os reais números divulgados por esses cybers artistas que buscam popularidade através da rede. São muitos talentos que mostram a riqueza cultural e artística do nosso país, mas daí a acreditar em seus números mirabolantes vai uma longa distância. A real dimensão dessa popularidade só será realmente avaliada em shows ao vivo e isso ainda está longe de acontecer para a maioria esmagadora dos chamados tops da rede. Números que atingem marcas acima de uma dezena de milhões de seguidores ou clicks são verdadeiras fantasias delirantes e tem um cunho muito mais comercial do que real. No entanto, menosprezar a força da rede é algo hoje impossível de ignorar.

REALISMO A discussão sobre o gênero musical pre-

A luta de educadores, instituições privadas e empresas parece não encontrar eco em Brasília. A regulamentação e implantação de um sistema consistente para o desenvolvimento do ensino musical no Brasil parece estar sempre travado na decolagem. O Ministério da Educação parece mais preocupado em conceder cartas patentes de autorização de funcionamento para cursos de enganação que enriquecem empresários inescrupulosos do que levar à formação escolar o mais importante segmento cultural do planeta. E de discursos e promessas, o inferno está cheio.

NOVOS TEMPOS Uma surpreendente apresentação da banda Schiller, em Teerã, deixou em polvorosa o mundo pop. O grupo alemão de música eletrônica fez a primeira apresentação de música pop ocidental desde a revolução islâmica de 1979. A antiga Pérsia, sob a presidência do reformista Rohani, vem lentamente abrindo a sociedade iraniana para a globalização cultural e social. E o que poucos poderiam imaginar há alguns anos, pode logo virar realidade e o Irã, quem diria,


GUSTAVO VICTORINO | VICTORINO@BACKSTAGE.COM.BR entrar na rota de grandes shows internacionais.

POLÍTICA Quando a ideologia entra na arte a coisa fica nebulosa e mancha currículos invejáveis. No passado, artistas identificados com o regime militar foram trucidados pela crítica e pela opinião pública, embora esbanjassem talento e popularidade. O caso mais emblemático foi o de Wilson Simonal. Com a polarização política no Brasil, artistas assumidamente de esquerda são taxados de oportunistas e começam a enfrentar problemas com a opinião pública sob o pretexto de que são ativistas e têm o direito de se manifestar. Chico Buarque, Wagner Moura e especialmente Caetano Veloso são exemplos de como irritar a crítica e a classe média. Esse último apoiando invasores e arruaceiros urbanos travestidos do coitadismo populista mostra uma constrangedora cegueira para a indústria da invasão que virou um negócio milionário no Brasil. Ativismo sim, burrice não...

MÚSICA ON-LINE Ainda nesse primeiro semestre o YouTube lança o seu serviço de música por streaming. A ideia é brigar com o Spotify e a Apple, gigantes do segmento que mostram números cada vez melhores e praticamente arrasaram com a venda de CDs e DVDs. O projeto do YouTube também contempla um desejo antigo das maiores gravadoras do mundo que vinham exigindo algum tipo de compensação do site pela exploração de conteúdo musical que disponibiliza.

PERGUNTINHA Qual é a do Naldo, hein?!? Em mulher não, cara...

VIGARICE Sob o disfarce de remixagem,

subcortina ou até homenagem, alguns produtores continuam na maior cara de pau utilizando trechos de músicas consagradas para temperar trabalhos invariavelmente medíocres. Se autorizados pelos autores e pagando os direitos, nada contra, afinal apelação nunca foi novidade nesse meio. O problema é que raramente isso acontece e o uso indiscriminado desse artifício está fazendo movimentar advogados ao redor do mundo. Aqui no Brasil pelo menos dois grandes escritórios foram contratados para monitorar essa vigarice.

BOLA FORA O genial João Bosco perdeu a oportunidade de ficar de boca fechada ao criticar a Polícia Federal por intitular de “Esperança Equilibrista” uma operação que apura o desvio de milhões de reais na Universidade Federal de Minas Gerais. O nome foi dado em homenagem ao artista que, sem conhecer o processo e os seus desdobramentos, divulgou uma nota de repúdio recheada de chavões de esquerda e completamente desfocada da realidade corrupta que atinge as universidades públicas pelo Brasil.

políticos a candidatos simpáticos aos irmãos caipiras que compraram metade do Brasil.

INFERNO Os sites Mercado Livre e OLX se transformaram num verdadeiro inferno para lojistas e compradores. Os lojistas não conseguem explicar a diferença dos preços ali praticados com os preços do balcão. Já o consumidor enfrenta o risco real de comprar gato por lebre, ou seja, enfrenta desde falsificações a produtos eivados de problemas técnicos e até de origem legal. Aqui ainda prevalece a máxima de que o barato pode sair mais caro...

AUDIÇÃO

E o Pablo Vittar, hein?!? Artista do ano... larguei!

O que leva alguém a acreditar e até propagar que as músicas digitais têm sonoridade inferior aos velhos discos de vinil? Respeito os saudosos e os aficionados, mas ouvir isso de um técnico ou profissional de áudio dói o ouvido. Ninguém está proibido de gostar de dirigir um velho Opala, mas compará-lo a um moderno Kia Cerato é quase um crime contra o bom senso. As tecnologias são tão distantes que só é possível aceitar esse conceito como amor pela “falta” de qualidade provocada pela ausência de algumas frequências intermediárias. De resto, o discurso é risível.

PATROCINADOR

OBRIGADO

Corre a informação nos bastidores de que à medida que avançam as negociações e as delações dos donos da JBS, vai sobrar para alguns artistas que usaram sua popularidade para apoiar candidatos pelo Brasil. A empresa teria patrocinado mais de uma centena de shows nos últimos anos, mas nem todos aconteceram. Nessa esteira, alguns famosos teriam assumido apoios

Um novo ano se inicia e depois de décadas assinando essa coluna, quero aqui renovar meu agradecimento a todos que de uma forma ou outra sempre me prestigiaram com a sua leitura. Que Deus nos abençoe nesse novo ano e que nele tenhamos boas e divertidas notícias para continuar fazendo desse espaço um ponto de encontro de amigos. De coração, obrigado!

O(A) MELHOR

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ESPAÇO GIGPLACE | www.backstage.com.br 22

Profissões do

‘backstage’ TIAGO BORGES Instrutor de áudio Nesta série de entrevistas traremos histórias de profissionais do Backstage que, por meio de um trabalho sério e comprometido, conseguiram o seu devido lugar no mercado. A profissão deste mês é a de instrutor e educador na área de áudio, e o entrevistado é Tiago Borges. redacao@backstage.com.br Fotos: Arquivo Pessoal / Divulgação

G

igplace - Primeira pergunta, por que você não gosta que escrevam seu nome com TH? Tiago Borges - Eu gosto que meu nome seja escrito certo, sem H, sem Y, ou qualquer outro adicional não necessário, já tem outras pessoas que preferem defender uma cor, uma raça, um sexo, uma religião, um partido político, um estilo musical, um software de gravação, uma mesa de som, um tipo de celular, um tipo de computador… Desde a infância, nas escola, eu já reclamava com professores, ou outros alunos, que escreviam meu nome com H

gerando confusões entre eu e outros alunos na sala. Tente, por exemplo, digitar meu site tiagoborges.net com H e ao invés de encontrar meu site com diversos conteúdos sobre áudio de forma gratuita, vai encontrar a página abandonada de um deputado. Já me posicionei interessando em comprar estes domínios com variação no Tiago com H e Y, tanto em .net, .com e .com.br, mas ainda não está po$$ível comprá-los. Conheço mais 5 pessoas com mesmo nome e sobrenome (Thiago Borges) trabalhando com áudio, e espero que nenhuma delas faça besteiras para não acharem que fui eu. Acho que o mais conhecido, entre eles, é o Thiago Borges que trabalha na Gabisom e que manda muito bem (ufaaa). Mas já está havendo algumas dificuldades do público confundir, enviando mensagens para mim, achando ser ele e ao contrário também. Agora que ele está envolvido com treinamentos, ao criar a Audio Seminars, tem sido mais frequente. São duas pessoas usando o mesmo nome e sobrenome, trabalhando com áudio e voltado a educação. O que sugiro para diferenciar, além do H que não uso, é que sou mais bonito que ele e isto se torna evidente. E quem duvidar, pode falar com minha mãe (risos).


Gigplace - Explicado esse dilema, vamos falar um pouco do começo da sua história. É verdade que você entrou no áudio por causa de um choque elétrico? Tiago Borges - Meu pai carrega o título de ter a banda mais velha e ainda na ativa em Brasília, ele sempre sonhou em ter filhos músicos e tentou que eu e meu irmão desde muito pequeno seguíssemos ao lado dele. Ele nos colocava por horas estudando partitura, tempo, notas. Lembro que, quando chegava em casa perguntava para minha mãe se eu havia estudado e ela dizia que sim. Coitada, eu enganava ela, fingia que estava estudando e não estava fazendo, pois não era o que eu queria. Eu não me via como uma pessoa pública, em cima de palco ou qualquer coisa parecida, eu queria jogar bola na rua valendo refrigerante. Meu pai tentou muitos instrumentos comigo e não conseguiu que nenhum realmente despertasse a minha vontade. Com 12 anos, acompanhando ele e meu irmão em um show, a mesa de som não ligava. Eu, curioso, fui ver e tomei um choque, pois o cabo estava mastigado pela case e, cortado, não conduzia energia. Arrumei uma forma de emendar e deu certo, me senti bem em ajudar sem ter que estar no palco tocando. Dali em diante, comecei auxiliar nas montagens, mas como estava estudando, não podia ficar nos shows. Em pouco tempo, larguei os estudos e me joguei no mundo do som. Com 12 anos iniciei e com 16 anos já estava casado, pagando minhas próprias contas e vivendo de áudio. Gigplace - Qual a sua formação, é acadêmica, e quais trabalhos formais você teve na vida? Tiago Borges - Com 19 anos percebi que precisava entender mais de informática para aplicar no áudio, já que muitos aparelhos estavam deixando de ser analógico. Voltei aos estudos, concluí primeiro e segundo grau chegando a entrar num curso superior de análise de sistemas, mas abandonei no meio do caminho, já que depois de um tempo de aula, não sentia somar na minha carreira. Hoje, estou finalizando o curso de direito, que iniciei depois de me inspirar no operador de PA da banda Roupa Nova (Maurício Pinto) e perceber que direito coletivo e representatividade da minha classe tem mais a ver comigo. Uma das coisas que mais detesto é ouvir profissionais dizerem que não somos regulamentados, ou que não temos representatividade, sendo que não é bem assim. Temos leis que criaram nossa profissão, defasadas e antigas, que realmente deveria existir mais atenção, porém, isto só vai ocorrer com a participação de todos profissionais. Porém, o povo prefere falar de qualquer coisa ao invés de falar de futuro profissional. Não se fala de planejamento de carreira na nossa profissão e chegamos ao

ponto de falar mal de algo que nem participamos. Por exemplo, os técnicos reclamam de cachê, mas quantos foram participar de alguma assembleia de votação de piso salarial? Os poucos que votam em um presidente sindical, abandonam a entidade querendo os benefícios, mas não participam cobrando que façam o que elas acham coerente. Acaba que preferem falar de qualquer outro assunto, menos do que importa, que é sua carreira. Meu irmão de criação (Leandro Paiva) me chamou para trabalhar na dupla Chico Rey e Paraná, onde fiquei como funcionário do falecido Chico Rey. Que patrão sensacional, que me motivou muito neste sentido de representatividade. Mesmo eu preferindo ficar como “freelance” na banda, ao fim do ano ele acertava as contas com todos funcionários, pagando todos encargos e gerando todos os benefícios de um trabalhador de carteira assinada. Depois deles, prestei serviço para várias locadoras de renome. A Tukasom, por exemplo, foi um caso muito legal, pois fui indicado por Kadu Melo, sem ao menos ele me conhecer presencialmente. Ele sentiu confiança nos compartilhamentos dos meus artigos e tutorias, na redes sociais, me sugerindo para realizar uma operação monitorada (acompanhar técnicos em sistemas e orientá-los casos sentissem dificuldades no operacional de algum equipamento). Já a igreja Sara Nossa Terra teve uma visão incrível de transformar colaboradores e voluntários de iniciantes em profissionais. Lá eu faço gestão para o bispo Lucas Cunha. No ano seguinte ao que assumi, em 2016, já fizemos um evento para mais de 17 mil pessoas, sem contratar profissionais externos. Alguns destes voluntários tiveram tanto destaque que foram contrata-

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dos. Algumas igrejas que eu monitorava, nem preciso mais visitar diretamente. Em uma reunião periódica semanal, o bispo Lucas discute as demandas de áudio comigo, eu oriento e ele repassa à equipe local o que fazer. Gigplace - Em que momento você se descobriu um educador, mesmo no sentido de partilhar o seu conhecimento para os outros colegas de profissão? Tiago Borges - Eu não queria ser uma figura pública (out/17 foram mais de 187314 visualizações nos conteúdos gratuito no meu site), porém, eu nunca gostei de ser ou ver alguém maltrado na estrada. Existem muitas estrelas no nosso meio, técnicos que se colocam superiores aos outros por neste momento saberem mais de algo. Conhecimento é uma questão de tempo, qualquer um pode saber muito de alguma coisa. Por exemplo, você pode ter duas pessoas, uma com facilidade em aprender e que não estuda e outra que pratica todos os dias, e esta segunda poderá ter resultados melhores. Eu gosto de dizer que dom é menor que disciplina, já que talvez eu nem acredite em dom. Poucos sabem que Oscar, do basquete,

estudava arremessando a bola na cesta por mais de mil vezes por dia e pensam que foi a altura, o dom ou qualquer outra coisa, diferentes da disciplina que o levaram ao reconhecimento. Eu acredito em pessoas que não sabem nada e que realmente querem aprender. É por estas que comecei a compartilhar minhas experiências na internet, na intenção de despertar o desejo no estudo e aprendizado. Eu fui chamado de garoto chato e no backstage muitas pessoas fecharam a porta para mim. Eu acho que toda pergunta deve ter resposta, pois ninguém nasce sabendo e todos tiveram um início. Vejo nas redes sociais pessoas negando informações e querendo que seja expulso quem faz pergunta de iniciante. Acho um absurdo não se colocar naquele início. Minha última briga foi com um cidadão que chamava os técnicos brasileiros de analfabetos funcionais. Tá achando ruim, vaza do Brasil. Esta é minha resposta. Gigplace - Na sua carreira, quais as pessoas que fizeram a diferença, e teve algum momento em que você pensou em desistir do áudio? Tiago Borges - Meu irmão (Patrick) foi meu primeiro instrutor no áudio,

ele me colocava numa sala, com um retorno, um microfone e um equalizador gráfico, ele subia frequências e eu tinha que saber qual estava dando microfonia. Uma outra pessoa que impactou demais minha carreira foi o Lola, que fazia Magníficos, e que deixou de ir para o hotel, após a passagem de som, para sentar comigo e me explicar o que era cada parâmetro da mesa e periféricos analógicos que a banda usava. Um verdadeiro curso na prática. Logo que saí da banda do meu pai, a primeira locadora que entrei foi a Majestic. Lá havia dois grandes instrutores. Ildo Chaves, sempre muito rígido, me ensinou o valor da manutenção, onde toda semana tínhamos que desmontar todos os falantes das caixas, abrir todos equipamentos para soprar ou aspirar e não podia sair um cabo sujo. Testávamos cabos com phantom power ligado e usando condensador, um a um, balançando e não podia ter estalos, folgas ou qualquer outra falha. Lá também tinha o Zé Luiz, que sempre sabia muito e optava aplicar o conceito do “menos é mais”. Foi vendo o Zé fazer monitor só com a mesa analógica, sem equalizadores ou inserts externos, com muitas caixas, que me apaixonei por fazer palco. Como ele conseguia fazer tantas vias, tantas mixagens lindas e com menos recursos! Ele sempre me aconselhou: “aprenda o máximo que puder das tecnologias mas, sempre que puder, decida pelo básico para não virar refém de moda”. Vou parar por aqui, são tantas pessoas que fizeram a diferença na minha carreira, que eu teria que escrever um livro muito grande para caber todos, inclusive Lazzaro teria várias páginas do tanto que já me ajudou. Agora, não posso deixar de falar que nem sempre foi assim, que tive mais portas fechadas do que pessoas com von-


tade de me ajudar. Já era normal ser chamado de chato que pergunta demais, porém, o mais difícil em todos os tempos foi na entrada do digital, alguém quis e recebeu 3 vezes meu cachê para fazer a banda, ao invés de me ensinar os caminhos do áudio. Isto mesmo, eu perdi três cachês que poderia levar por comida em casa pra alguém, de uma locadora, que não quis me demonstrar quais eram os caminhos ali na DM2000. Hoje, eu estou bem com esta pessoa, entendi que naquele momento ela viu uma oportunidade de ganhar e, no fim, eu não saí perdendo, pois aquilo, mesmo no momento e me dando vontade de desistir, logo depois me motivou a estudar todas os consoles digitais que entraram no Brasil e que eu visualizasse alguma possibilidade de usá-lo. Isto me motivou demais a compartilhar mais ainda qualquer experiência de conhecimento e me trouxe até aqui. Gigplace - Quem acompanha sua carreira nota claramente que você traçou um plano de carreira. Explique como você traçou suas metas e por que a maioria não tem este mesmo planejamento? Tiago Borges - Se olharmos 10 anos pra trás, não existia isto claro, eu estava como a maioria está, levando

e deixando seguir. Nos últimos cinco anos foquei em ter algo pra depois que meu corpo não aguentasse a estrada e tenho seguido neste foco. Muita gente tem dito ter reparado nisto e que influenciou elas a fazerem o mesmo, de traçar uma rota, pois não querem ter que aprender outra profissão quando o corpo não aguentar esta.

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Gigplace - Invariavelmente iríamos entrar nesse assunto, como você enxerga o mercado do entretenimento neste momento, muitas mudanças ocorreram, e qual sua visão do momento atual e como você faria uma previsão para o futuro do mercado e seus profissionais? Tiago Borges - Este momento é consequência de erros do passado, veja o exemplo de Brasília, que lotou de empresas por conta da participação do governo em eventos, com o corte, por conta de escândalos políticos, vários quebraram, tiveram que se desfazer de equipamentos e os profissionais ficaram na briga por valores, por conta da falta da procura. Além da falta de participação de governo, as casas de shows também fecharam portas por conta da crise, já que os clientes reduziram o comparecimento. Em outros estados, era comum a liberação de valores para cultura, o que já não é mais a mesma coisa. Muitas, mas muitas empresas estão se desfazendo de patrimônio por não pensar na maré baixa, fazendo várias compras a prazo e não se importando para economia do país. Nenhum ciclo dura pra sempre em mesmo estágio, já passamos por isto no tempo de showmícios, nos tempos de carnavais e festas juninas, não foi fácil superar, mas foi superado. Hoje, é o tempo da fase negativa, e o grande pensamento é: como eu quero ser enxergado na fase positiva? Quero ser visto como a pessoa que vai dar descontos ou como a pessoa que resolve? Penso muito nisto, pois dar desconto neste momento, pode até ser feito, sendo claro que é um momento de acompanhar a crise, pois quem procura por preço, dispensa por preço, por isto a importância de gerar valor.

Gigplace - Um fato preocupante é a falta de organização entre os profissionais, muitas iniciativas não vingaram como futuras entidades reguladoras. O que será que falta para a organização como classe e não somente como indivíduos? Tiago Borges - Nesta geração, não acredito que vai vingar, porém, frutos já são colhidos, a cada tentativa de movimento, mais pessoas começa a participar. Em Brasília, já encabecei quatro, contudo, a maior dificuldade é que nossa classe só quer benefícios de momento, sem planejamento para futuro. Quando tem brindes, fica cheio, quando não tem, o quorum cai. Para ter ideia como isto é tão normal, se faz tanto barulho por aí, no backstage, mas quase ninguém comparece ao sindicato na assembléia para se decidir o valor de piso salarial. Muitos falam não existir regulamentação, mesmo existindo lei, ainda que arcaica, mas existe. E como ela poderia ser mudada? Muito fácil, com a participação dos técnicos, já que diversos políticos, dentre eles senadores, federais, municipais e distritais se posicionando a favor, dependendo somente da participação pública

dos técnicos. Veja, não sabemos quantos somos no país, pois sem colocar brindes, eles não respondem um questionário, mesmo que este seja no sentido de ajudá-los no futuro. Eu acredito que a próxima geração vai colher os melhores frutos destas investidas. Gigplace - Nesta coluna sempre falamos sobre especialização e ou entrevistamos pessoas que se especializaram em determinada função ou nicho de mercado. Você acha que se especializar seria uma saída para se destacar da multidão? Tiago Borges - Sem dúvidas, como estava falando, sobre enxergar o mercado, quem procura preço, troca por preço, porém quem procura valor, paga mais. Quando nos especializamos em algo, nos expomos muito mais do que alguém que faz tudo, pois temos mais tempo para dedicar para aquela função. Já está sendo natural muitos contratantes enxergarem isto, de contratar pessoas exclusivas para cuidar de funções delicadas. Em um festival, o erro no patch (ligar o cabeamento) pode gerar atrasos que custariam caro, neste caso, o especialista dedicado a isto acaba conseguindo gerar


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melhor resultado que alguém que esteja fazendo tudo. Um operador de monitor faz muita coisa, ele tem que resolver captações com fio, sem fio, mixar várias vias, conferir posicionamento, muitas e muitas atribuições, deixando de fazer tudo com completa atenção e indo na sorte. Ao ter um especialista em Radio Frequência, ele teria mais tempo para outros afazeres, pois imagina largar a mesa para ir atrás de resolver frequências, ou largar os microfones cortando por causa que está mixando. E receber pra fazer uma função é muito melhor que receber pra várias, mesmo que seja o mesmo valor de pagamento. Gigplace - Continuando no tema especialização, quais delas você enxerga como as mais necessárias e promissoras para aqueles que querem investir em conhecimento específico? Tiago Borges - Por muito tempo houve a tendência dos equipamentos ficarem sem fio e ainda é muito raro o especialista coordenador de Rádio Frequência e com a tecnologia do mundo digital, tem sido mais difícil ainda, pois entrou um novo personagem, o coordenador de redes de informática, que trabalha gerenciando os equipamentos que são interligados através de redes baseadas no protocolo TCP/IP. Se hoje eu tivesse que escolher uma especialização, eu seguiria pra este lado, do domínio de redes de computadores, com ênfase no acesso sem fio. Gigplace - Para deixar a entrevista mais leve, qual foi aquela roubada que você se meteu e que agora rende boas risadas? Tiago Borges - Um cantor surdo me pediu retorno e eu já tinha colocado o que dava. Depois me pediu novamente e não tinha mais o que colocar. Ele me xingou no microfone uma, duas e na terceira vez me chamou de fdp, como era PA e monitor na mesma

mesa, analógica, eu abaixei o volume dos amplificadores, passei o braço nos equalizadores gráficos abaixando todas as frequências e depois passei a mão na raia de todos os canais, mudando todos os valores de lugar e falei para ele ir fazer o som. Hoje, eu não faria mais isto. Posterior, fiquei sabendo que ele falou para o técnico que foi socorrer que um operador ligou o computador, soltou ruído, ficou um tempo mexendo no som e na hora não conseguiu colocar volume pra ele. Descobri depois que os técnicos que ele gostava abaixavam o PA pro retorno parecer alto. Hoje, eu estudo quem vai ser o artista antes, nunca mais dou resposta no primeiro contato, pois já percebi que sempre que vou cobrir alguém, tem sido uma bomba. Gigplace - Quais são seu planos futuros, como você planeja estar em 2030, por exemplo? Tiago Borges - Atualizar a lei arcaica, melhorando a representatividade dos órgãos existentes, com a participação dos profissionais, de forma mais presente. Gigplace - Qual o conselho você daria para quem está começando ou está interessado em ingressar no mercado do entretenimento? Eu acredito que conhecimento é só uma questão de tempo. Ninguém nasce sabendo, pois todos tiveram que ter um início. Quero ajudar quem está iniciando a conseguir alcançar resultados incríveis, já que seu conhecimento só será limitado se este alguém quiser.

Para saber mais tiagoborges.net contato@tiagoborges.net

Este espaço é de responsabilidade da Comunidade Gigplace. Envie críticas ou sugestões para contato@gigplace.com.br ou redacao@backstage.com.br. E visite o site: http://gigplace.com.br.


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PREVIEW DE EQUIPAMENTOS| www.backstage.com.br 30

BOSE

PANARAY 620M

O monitor de chão Bose® Panaray 620M é uma solução compacta de alta performance que entrega múltiplas opções de cobertura para uma gama extensa de aplicações profissionais em ambiente interno. redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

O

falante articulado possui configuração que proporciona uma cobertura de 120° x 40°. Com uma opção flexível de acomodação e estilo discreto permite que seja aplicado em diversos tipos de projetos profissionais. Nas especificações de arquitetos e engenheiros o alto-falante deve ser de drive múltiplo, alto -falante de gama completa. Os transdutores complementares devem consistir de dois drivers de baixa frequência de 5.25"(133 mm) de diâmetro, montado simetricamente em pares, com seis drivers de 2.25" (57 mm) em um altofalante de design Articulated Array®. O alto-falante deve ter um formato de gabinete que possa permitir um arranjo de chão e que possa ser usado em três tipo de posições distintas no chão. O alto-falante também deve ter uma

impedância nominal de 8 ohms. A sensibilidade do sistema deve ficar em 90dB SPL a 70 Hz – 16kHz de variação de frequência, com medidas referentes a 1 watt (2,85V) de entrada de ruído rosa a 1 metro. A dispersão deve ser de 40°H por 120V na posição individual, 120° por 40°V no grupo próximo ao posicionamento e 120°H por 40°V em um grupo longe do posicionamento. A capacidade de potência manipulável deve ser de 200 watts IEC de limite de banda, de 70Hz a 16 kHz. A entrada de conectores do alto-falante deve consistir de 2 conectores paralelos NL4 Neutrik® Speakon®. O interior do alto-falante deve ser composto de polietileno linear, de baixa densidade. A dimensão exterior de 12.5" x 20.6" x 10.5" (318 mm x 523 mm x 266 mm), e peso de 22 lb (10kg). O alto-falante é


embalado por cartão, e o monitor de chão deve ser de multiposição Bose® Panaray® 620M.

CARACTERÍSTICAS CHAVES: O design de gabinete três-em-um oferece resposta suave e até cobertura para aplicações de vários monitores de chão: 45° na posição horizontal (mix individual). Configuração de alto -falante

Articulated Array® exclusiva com seis drivers de média-alta frequência de 2,25 "(57 mm) combinados com dois (2) woofers de 5,25" (133 mm). O crossover passivo interno não requer a equalização ativa. Os conectores NL4 embutidos permitem uma fácil ocultação do cabo, o que reduz a desordem no palco. O pára-choque traseiro impede movimentos indesejados.

Especificações técnicas • Performance do sistema Frequência de resposta: (+/-3 dB)1 70 Hz - 16 kHz Frequência do range: (-10 dB)1 55 Hz - 18 kHz Dispersão nominal: 40° H x 120° Recomendação filtro passa-alta: 60 Hz high-pass filter Loudspeaker EQ: recomendado Frequência do crossover interno: 250 Hz

SUMÁRIO TÉCNICO: Sensibilidade (SPL / 1 W @ 1 m) 90 dB SPL SPL máximo @ 1 m 113 dB SPL (119 dB SPL peak) Impedância nominal de 8 ohms Manipulação de potência a longo prazo 200 W (800 Wpeak)

APLICAÇÕES: • Templos • Auditórios • Locais de performance de arte • Espaços multiusos • Palcos médios e pequenos

Para saber mais https://assets.bose.com/content/dam/ Bose_DAM/Web/pro/global/products/ loudspeakers/Panaray_620M/ Downloads/Technical_data_sheet/ tds_panaray_620m_multi_position_floor_array.pdf

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 32

Beto Neves

Iniciei meus trabalhos como engenheiro de estúdio em 1993, após voltar da Alemanha recémformado pela SAE Institut. Naquele tempo a produção musical estava nas mãos das grandes gravadoras, multinacionais que ditavam as paradas de sucesso da música popular.

DA PRODUÇÃO AO CONSUMIDOR:

Beto Neves redacao@backstage.com.br Fotos: Diego Moreno / Divulgação

tudo por streaming

T

odas essas produções eram feitas nos grandes estúdios das próprias gravadoras ou empresas com um grande investimento em estrutura e equipamentos. Os orçamentos das produções musicais seguiam os sucessos de vendas, que, com a chegada do CD, trouxe grande lucro para as gravadoras. Discos eram produzidos com orçamentos milionários, em estúdios também milionários, envolvendo grandes equipes e muito tempo disponível para a produção. No final dos anos 1990, com o início da pirataria dos CDs e a chegada dos arquivos comprimidos MP3, que possibilitavam a cópia e compartilhamento de músicas pela internet, esse cenário começou a mudar. Gravadoras não tinham mais seus grandes estúdios, a arrecadação com a venda física do CD já não davam o mesmo retorno financeiro

e, como consequência, as produções diminuíam os orçamentos. Outro fator decisivo para a mudança do cenário foi o fato de os equipamentos para a produção musical começaram a ficar mais acessíveis. Com isso, artistas, produtores musicais e até músicos começaram a montar seus próprios estúdios, encerrando assim o ciclo dos grandes estúdios. Atualmente, a grande maioria das produções musicais são feitas em home studios com alta qualidade, aumentando absurdamente a quantidade de produções em comparação às décadas anteriores e dando ao produtor e artista o controle completo de todo o ciclo, desde a produção de uma música até sua execução e distribuição pelos serviços de streaming. Em 2009 tive o meu primeiro “ensaio”com os serviços on-line para mixagem. Naquela época isso já era uma realidade para


Carlos Freitas

os serviços de masterização, pois os arquivos eram muitos menores para serem enviados pela internet. Nesse ano, coloquei pela primeira vez esse serviço disponível no meu site “E-MIX, mixagem pela internet”. Confesso que não tive nenhuma solicitação no primeiro ano e no segundo ano talvez tenha feito 1 ou 2 faixas, no máximo, totalmente on-

gicas, recall analógico, etc. Porém, como não temos o cliente acompanhando o trabalho, percebi que esse sistema não traria o melhor resultado nem artístico, nem econômico, nem prático. Foi aí que comecei a buscar formas híbridas e alternativas entre o mundo do áudio analógico e digital para isso. Em 2016 esse formato de trabalho

O serviço de mixagem on-line ja é uma realidade para a maioria dos grandes engenheiros em todo o mundo

line, mas sempre acreditei que esse seria o futuro da produção musical, futuro que hoje é presente. Em 2014 foi que a coisa engrenou, começaram a surgir muitos pedidos de mixagem pela internet, serviço que eu ainda fazia da mesma forma, setups analógicos, mesas analó-

já representava mais de 50% da minha renda e foi aí que resolvi montar um estúdio e sistema totalmente dedicado a isso. Aliado a meu sócio Daniel Reis, construimos 2 salas de mixagem num prédio no bairro da Vila Madalena, em SP, com projeto da WSDG. Desen-

volvemos um site para contratação e produção musical on-line, o www.mix2go.com.br e agregamos outros profissionais e serviços ao site. Através do site você pode encolher, agendar, contratar, enviar e receber os arquivos. O serviço de mixagem on-line ja é uma realidade para a maioria dos grandes engenheiros em todo o mundo, cada um com seu próprio estúdio e setup, oferece seu conhecimento e experiência para clientes em qualquer parte do mundo com um custo muito menor do que em décadas anteriores. Com o início das plataformas de distribuição de músicas por streaming e o final da era CD acompanhamos também uma mudança estética e técnica nas finalizações das produções, pois cada serviço implantou seu próprio padrão de normalização de Loundness, acabando, assim, com a conhecida “Guerra dos

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 34 Walter Costa

volumes”. Isso não significa que teremos músicas menos comprimidas, mas sim que a compressão passa a ser um instrumento artístico e não uma ferramenta de competição, pois todos os áudios são normalizados pelo seu RMS e TruePeak, tendo assim

convidei dois deles para falar um pouco de como trabalham hoje, o engenheiro de master Carlos Freitas e o engenheiro de mixagem Walter Costa. Começamos com um resumo sobre a carreira de cada um deles e, em seguida, cada um fa-

Isso não significa que teremos músicas menos comprimidas, mas sim que a compressão passa a ser um instrumento artístico

uma faixa dinâmica em média de 12dbfs, ignorando, assim, o “volume máximo a qualquer preço” que algumas produções insistiam em manter. No Brasil já existem muitos profissionais oferecendo esse serviço,

lou sobre sua forma de trabalho atualmente. Vamos à entrevista: Beto Neves – Faça um resumo sobre suas carreiras: Carlos Freitas - Eu comecei mi-

nha carreira como assistente de gravação nos estúdios Transamérica SP, em 1983, sendo promovido a engenheiro de gravação e mixagem em 1985 e me tornei engenheiro de masterização em 1993 na Cia de Áudio e em 2001 na Classic Master. Walter Costa – Sou formado pelo conceituado Full Sail, na Florida, tenho mais de três décadas de experiência no mercado. E também mais de 500 álbuns gravados e mixados e múltiplos Grammy como engenheiro e produtor. Beto Neves - Quando você inicializou o serviço on-line? Carlos Freitas - Começamos em 2006, com o sistema da Digidesign digidelivey, um servidor de 100GB controlado por um software cha-


mado client, onde o usuário tinha uma conta criada pela Classic Master e enviava as mixes e recebia as masters criptografadas. Walter Costa - No final de 2015 havia um projeto de me mudar para os EUA, juntamente com um dos sócios desse estúdio que eu mantinha uma parceria fazia cinco anos (Pedra da Gávea). Acontecimentos pessoais me fizeram adiar esse projeto e, com minha mudança para fora do Rio, iniciei essa ideia já antiga de serviços de Mixagem Online. Fazia bastante tempo que queria poder fechar projetos que me interessassem pessoalmente, mas os custos de um estúdio muitas vezes inviabilizavam. Isso estava me incomodando muito e agora com esse sistema, tudo ficou bem mais fácil. Beto Neves - Como funciona seu sistema de pagamento e envio de arquivos? Carlos Freitas - No nosso site temos um campo que se chama Painel, que é a área do cliente, onde ele escolhe o tipo de serviço, a forma de pagamento, envio e recebimento de arquivos e um chat comigo. Walter Costa - Eu disponibilizo um folder no DropBox para o cli-

ente, mas, muitas vezes, recebo via outros serviços, como WeTranfer. No primeiro contato, procuro saber detalhes do projeto como, número de faixas, mídia final, referências, etc. Com essas informações, dou um prazo médio para finalização e um orçamento. O arranjo para pagamento é algo como 50% no começo e 50% no final. Durante o projeto eu vou enviando arquivos MP3 para avaliação pelo cliente. Também disponibilizo a possibilidade de acompanhamento em tempo real via streaming, ficando sujeito apenas a coincidência de agendas. Geralmente isso funciona mais pro final, ou quando estou na dúvida do que o cliente quer. Então disponibilizo um link seguro e vamos mixando juntos à distância. Eu não coloco limites para recalls, ou qualquer tipo de ajustes. Único custo extra são produções de stems. Beto Neves - Qual é o seu setup e por que o utiliza assim? Carlos Freitas - Eu utilizo em todas as masterizações um híbrido analógico e digital, tendo o melhor dos dois universos disponíveis para as masterizações.

Walter Costa - Eu trabalho num Pro Tools HD Native, com uma interface HD i/o. Mac Pro 12 core. Monitoração NS10 com um amp Yamaha Class A, e uma Mackie HR824 customizada. Uso uma controladora Euphonix MC Control e o sistema Console 1 da Softubes. Uma quantidade quase pornográfica de plugins e ainda tenho um sistema UAD-2 da Universal Audio. Eu gosto muito desse setup. Faz tempo que prefiro mixar mais ITB do que analógico. No Pedra da Gávea tínhamos uma SSL AWS 924, racks de periféricos analógicos e tal, e no final eu acabava era usando a mesa somente como summing. Analógico é de onde eu vim. Sou dessa geração de mesa grande, fita 2”, coisa e tal. Então botar a mão em botões, sentir a coisa assim mais orgânica faz muito sentido pra mim, mas na real, no dia a dia, não vale a pena. Hoje em dia as DAW são muito poderosas, a qualidade sonora chegou num nível muito bom. Não tenho nenhuma vontade de sair do ITB, por mais que toda minha memória profissional passe por aí. Eu faço vários projetos diferentes por dia. Gosto de abrir e fechar traba-

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 36 lhos em diferentes momentos do processo. Isso é impossível no analógico. Meu workflow hoje não cabe em uma mesa analógica. Beto Neves - Como é sua relação com cliente/artista nesse formato de trabalho? Carlos Freitas – A melhor possível, pois ofereço uma gama de opções de ferramentas tanto no digital quanto no analógico. Walter Costa - Eu sinto que ainda rola um certo estranhamento do processo. Aqui no Brasil somos muito apegados a certos conceitos, mas aos poucos isso está mudando e quando o cliente percebe que ele se liberou de uma obrigação sem perder qualidade, tudo fica mais fácil. Na realidade, eu sinto que minha relação com o cliente é melhor assim. Muitas vezes o cliente tem uma ideias pré- concebida sobre o processo, sobre como certas coisas devem ocorrer na mix, mas nem sempre essas ideias são as melhores ou sequer viáveis. Isso, muitas vezes é desgastante. Principalmente quando você está, dia após

dia, num espaço confinado, discutindo abstrações. Dessa forma, a distância, o cliente só se atenta ao resultado, então a relação fica muito mais tranquila, tudo fica mais objetivo. Como eu posso abrir e fechar diferentes projetos sem prejuízo nenhum a ninguém, essa agilidade passa uma sensação de segurança muito grande, quase que como estivesse ali disponível 24 horas por dia, para cada cliente. Sem as restrições de horários e períodos que um estúdio impõe. Beto Neves - Cite alguns exemplos que você realizou de forma totalmente on-line. Carlos Freitas - Aqui no Brasil, os útimos DVDs do Jota Quest Acústico, Vanessa da Matta, Caixinha de Música e Silva Canta Marisa e vários projetos para o exterior. Walter Costa – Recentemente, fiz todas as mixes para nova identidade sonora da GloboNews; DVD da Dulce Quental; filme - Cris Braun, Dan and the Underdogs Live in Nashville; Só Hoje - Zeca Baleiro; trilha original da novela Novo Mundo -

TV Globo e por aí vai. Beto Neves - Como você imagina seu trabalho nos próximos 10 anos? Carlos Freitas - Eu acredito que estarei trabalhando totalmente on-line e com a maior parte do processo em digital. Walter Costa - Nossa, 10 anos é muita coisa para quem lida com tecnologia (risos). Acho que vamos ver um crescimento forte de AI (inteligência artificial) no nosso campo. Já temos alguns plugins que começam a sugerir soluções e vejo isso como um caminho sem volta. Acho que em 10 anos talvez mixagem seja algo menos técnica e mais artística.

Para saber online

www.mix2go.com.br


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LANÇAMENTO| www.backstage.com.br 38 Ao escolher o microfone mais adequado em aplicações de instrumentos ao vivo, o posicionamento deve ser tão importante quanto a qualidade do som. A resposta da Audio-Technica a esta questão veio com a série Artist Elite Series AE2300, um microfone cardioide dinâmico de tamanho 3.7 polegadas, com uma resposta de frequência de 60 Hz a 20 kHz (com um pico de presença agradável em torno de 5 kHz). redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

AUDIO TECHNICA

SERIE AE2300 O

microfone dinâmico cardioide para instrumentos Artist Elite AE2300 conta com um exclusivo diafragma de dupla membrana da Audio Technica, que proporciona uma resposta extraordinária nas frequências altas e transitorias, que superam folgadamente os típicos microfones dinâmicos. Graças a uma fabricação robusta de latão e a seu tamanho reduzido, assim como a sua capacidade para suportar níveis de pressão sonora elevados, o modelo AE2300 é um microfone versátil, que pode capturar o som dos amplificadores para guitarra, instrumentos de sopro de metal, instrumentos de sopro de madeira e instrumentos de percussão com claridade e precisão. O diafragma de dupla membrana permi-

te ao AE2300 manter a direcionalidade em toda a gama de frequências, com a mínima colocação fora do eixo (a resposta de frequência é praticamente idêntica a 0, 90 e 180°) para oferecer uma excelente coesão de fase em configurações com vários microfones. O microfone também vem equipado com um filtro passa baixa comutável que corta o ruído discordante e de frequência alta, sem afetar de maneira negativa o tom geral de um instrumento, uma ferramente especialmente útil nas configurações diretas para conseguir um som claro e focado. Além disso, o AE2300 se comporta quase como dois microfones em um, uma vez que oferece exclusivamente o filtro passa-baixa comutável, atenuando mais de 6


kHz a 6 dB por oitava. Isso vem a ser extremamente útil em algumas aplicações do kit de bateria, especialmente na tentativa de reduzir o vazamento do hi-hat. AT também sugere que esta característica é útil para reduzir o silvo de amplificadores de guitarra, especialmente em aplicações ao vivo. De acordo com algumas resenhas, em uso, o AE2300 manipula as altas SPLs incrivelmente bem, sempre soando limpo e aberto. Também é notavelmente bem construído; uma vez que é muito leve, e deixá-lo em qualquer superfície não deve ser um problema e os impactos, como as batidas de baquetas, não acabarão. Também é muito fácil de posicionar, graças ao seu tamanho diminuto e à braçadeira de suporte de isolamento AT8471 bem projetada; com um botão moleado no suporte de micro-

fone, é fácil de regular, enquanto o ângulo é adaptável através de um ajuste tradicional com alças. Pelo seu tamanho pequeno, o som que compensa o condensador, a excelente qualidade de construção e a flexibilidade multi-instrumento podemos considerar um investimento muito bem feito, principalmente também pela dinâmica moderna que faz cada centavo valer a pena.

DESTAQUES:

mente idêntica a 0, 90 e 180°) para oferecer uma excelente coesão de fase em configurações com vários microfones. • Filtro passa baixa comutável que corta o ruído discordante e de frequência alta sem afetar de maneira negativa o tom geral de um instrumento.

Para saber online

• Fabricado com um diafragma próprio de dupla membranaque melhora a resposta a frequências altas e transitórias. • Mantém a direcionalidade em toda a gama de frequências. • Mínima coloração fora do eixo (a resposta de frequência é pratica-

http://www.audio-technica.com/cms/ wired_mics/30ead1c6c93ad00d/

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MIXAGEM “ I N T H E B OX ” CONCEITOS E FATORES IMPORTANTES PARA REALIZAR UMA BOA MIXAGEM NO LOGIC PRO X Vera Medina é produtora, cantora, compositora e professora de canto e

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produção de áudio

O Um dos pontos mais importantes no uso de qualquer DAW (Digital Audio Workstation) é poder utilizar as funcionalidades existentes para realizar atividades práticas e que sejam produtivas para a produção de seus projetos. O Logic Pro X é uma ferramenta extremamente versátil para fases que vão da préconcepção até a masterização.

Para se ter como resultado um projeto musical finalizado e distribuído, podemos pensar em algumas etapas envolvidas no processo, como segue (Figura 1):

Normalmente, esse formato é um arquivo de áudio estéreo, mas pode ser som surround ou mesmo mono. Grande parte das músicas nasce da “combinação” de várias faixas de for-

Figura 1

Nesta matéria, vou me concentrar na fase de mixagem, abstraindo o que acontece anteriormente, como a composição da música, arranjo, etc, ou, posteriormente, as etapas de pós-produção, como reprodução em massa ou distribuição. A mixagem refere-se ao estágio final na produção de um único artefato de áudio. Nesta fase final, todos os elementos de áudio são combinados para criar a versão final do áudio no formato pretendido.

ma analógica ou utilizando uma DAW, tal como o Logic Pro X, em um computador, processo conhecido como in the box. Os elementos que compõe uma música precisam ser definidos em vários aspectos, tais como nível de volume, panning, efeitos, entre outros. Com a mixagem, os elementos são consolidados, tendo como resultado um único arquivo final. Fazer grandes mixagens requer criatividade em combinação com


Figura 2

uma compreensão prática do processo de construção de uma mix. Não se sabe ao certo quando a arte da mixagem nasceu. Conforme citado em um curso do Paulo Anhaia, no processo inicial de gravação a mixagem consistia em posicionar os músicos em relação ao cone que captava o som direto para o cilindro de cera, depois, o cilindro de cera foi substituído pelo acetato. Mesmo com o surgimento do microfone, a mixagem ainda era feita ao vivo, com o posicionamento dos músicos. Aí surgiram as primeiras mesas de mixagem, também chamadas “mesas de balanço”, porque era onde se balanceava o volume dos microfones que iriam ser gravados; o engenheiro de som era chamado também de engenheiro de balanço. Ainda assim, a mixagem era feita durante a gravação. Com o surgimento da fita magnética, alguns engenheiros de som passaram a gravar a parte instrumental da música e depois, tocando essa fita com o instrumental, gravar a voz mixando-a com o instrumental para outra fita. A tecnologia evoluiu de gravação em cilindro para gravação em um disco, em seguida, para fita, de mono para estéreo, então multipista, com uma

quantidade cada vez maior de canais. Uma gravação multipista significa que nem todos os músicos precisam tocar ao mesmo tempo. Este processo permite a adição de mais linhas, como mais takes de guitarras, ou mais vozes em um coro, mais violões na seção de strings e corrigir erros individuais de artistas em vez de toda a banda. Nos primeiros dias de volta aos anos 60, os engenheiros de mixagem lidavam com poucas trilhas e grandes consoles. Hoje em dia, mixamos várias faixas, limitadas ao poder de processamento da aplicação DAW e computador. São sons diferentes em uma performance musical, combinados para criar uma nova realidade sonora, tentando recriar o equilíbrio musical original ou pretendido, ou criando algo novo. A gravação em uma DAW moderna conterá o equivalente a uma ou mais máquinas de fita multipista, uma série de equipamentos de processamento externo, uma variedade de sintetizadores e outros instrumentos virtuais e um console de mixagem grande e poderoso, capaz de desempenhar vários trabalhos de processamento de som, além de automatizar quase todas as tarefas, assim como recuperar instan-

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de habilidades, truques, ferramentas, conhecimento profundo de equipamentos de processamento, informações visuais de níveis e todas as maneiras práticas de realizar um resultado artístico. Você pode e deve ser capacitado para dominar seu equipamento, conhecendo profundamente as capacidades de sua DAW, aprendendo diferentes maneiras e atalhos para certas tarefas, mas saber o que se encontra além disto irá ajudá-lo a alcançar o objetivo artístico. A intenção do que vamos falar aqui vai ajudá-lo a construir seu próprio objetivo artístico ao mixar. Figura 3

taneamente todas as configurações de uma mixagem. Não é de se admirar que as DAWs se tornem a nova plataforma de mixagem, embora a discussão continue quanto à comparação de qualidade de som entre ambos os ambientes.

de sonora. Uma boa mixagem não é suficientemente boa se apenas aspectos técnicos forem levados em consideração. Estamos ajudando a transmitir uma mensagem, e gostaríamos de produzir emoções com ela. O aspecto musical é o papel principal. O aspecto técnico é feito

MIXAR É IGUAL A EQUILIBRAR Se precisarmos definir a mixagem através de uma única palavra, essa palavra seria o equilíbrio. Em uma mixagem, combinamos todos os sons recebidos da gravação multipista, equilibrando-os em níveis, tornando-os mais altos do que outros, mas, ao mesmo tempo, os equilibramos em termos de posicionamento (panning), colocando-os no campo estéreo: à esquerda, centro, à direita ou em qualquer lugar intermediário. Também equilibramos as frequências, trazendo para atenção alguns sons, escurecendo outros, tirando algumas frequências, e usando a profundidade como outra ferramenta de equilíbrio, para nos dar a sensação de proximidade ou distância do som em um espaço. A mixagem é uma combinação de arte e tecnologia. Trabalhamos com música, criando uma nova realida-

Figura 4

Exercício 1: • 0 - Selecione algumas músicas de sua preferência. • 1 - Se possível, abra essas músicas num mesmo projeto no Logic Pro X em tracks separadas. • 2 - Avalie cada música com base nos seguintes critérios: • 3 - nível de equilíbrio


• 4 - equilíbrio vocal versus música • 5 - equilíbrio estéreo • 6 - atenção aos detalhes Há vários tipos de equilíbrio em mixagem. Primeiramente, vou abordar equilíbrio de nível e panning, incluindo muting. Os dois primeiros são provavelmente os tipos de equilíbrio mais importantes ou, pelo menos, os mais óbvios. Usamos técnicas de muting não como um equilíbrio por si, mas como uma solução para uma necessidade: descartar sons indesejados. Poderia haver razões musicais ou técnicas para fazer isso e o processo de fazê-lo é chamado de muting, que geralmente é feito como parte do trabalho da mixagem, embora possa ser feito antes dela, durante o processo de edição. O equilíbrio de nível é a primeira coisa que vem a nossa mente ao mixar. Estamos falando sobre a in-

tensidade (loudness) relativa. • Que instrumento, ou instrumentos devem ser apresentados e em que momento? • Um determinado evento musical, como uma guitarra ou um sample, cria um resultado musical interessante que deve ser apresentado ou minimizado? Há muitos aspectos que precisamos ter em conta ao mixar um projeto. O uso dos reverbs, compressores, limitadores, equalizadores, entre outros efeitos é algo normal num processo de mixagem. Lembrando do conselho de alguns produtores, há casos em que apenas o equilíbrio no volume das faixas permite atingir uma masterização ideal. Ou seja, é necessário treinar seu ouvido o máximo possível para não recorrer a recursos desnecessários. Esse artigo tem como objetivo fazer você pensar no modo que faz a

mixagem atualmente e entender que as DAWs têm recursos infinitamente maiores para atuar neste processo específico. Leia mais sobre como as gravações eram realizadas no passado, veja os shows ao vivo, ou gravações ao vivo, e comece a identificar o posicionamento dos músicos.

Para saber online

vera.medina1@gmail.com www.veramedina.com.br

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DO ABLETON LIVE VIA ETHERNET Lika Meinberg é produtor, orquestrador, arranjador, compositor, sound designer, pianista/tecladista. Estudou direção de Orquestra, música para cinema e sound design na Berklee College of Music, em Boston.

A

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“MIDI REWIRE” Rewire é o termo usado no passado, em jargão de estúdio, para um rearranjo de cabos no patchbay físico (uma engenhoca, cheia de entradas e mandadas ins/outs). Essa divisão, para quem ainda não viu, é configurável via pequenos cabos, quase um painel de telefonista do século passado!

udio Rewire foi uma invenção da “ProppelerAhead” introduzida no Reason (uma workstation software muito competente) que tem a habilidade de receber saídas de áudio (outputs) de outro software em Sync (slave), e gravar nos Inputs Software Master. Uma operação multitarefa no mesmo computador. Ideia brilhante! Logo o Rewire virou um standard em todas as Daws de ponta! Midi Rewire, por outro lado, sempre foi mais complicado de ser realizado. Midi envolve muita transferência de dados e tudo deve ser feito através de Midi interfaces Midi in/ Midi out (cara até a algum tempo atrás) e também dependia da capacidade de processamento da CPU do computador. Em suma, uma verdadeira operação tecnológica sempre! Mas era possível fazer. Em anos mais recentes, com o aprimoramento da comunicabilidade via Ethernet/Internet (giga Lan) e mesmo

Figura 2 - RTP Midi

Figura 1 - Rewire

Wifi, tudo se tornou mais simples para o mundo “Midi”! Graças a um programa gratuito, o rptMIDI, que é multiplataforma, Os X, Linux, Window e outros, toda comunicabilidade entre plataformas ficou “a peace of cake” (um docinho).


Figura 3 - rtpMIDI -PC

Executaremos nosso tutorial de um Ableton Live em um PC para um Ableton Live em um outro

preciso dizer aquele bla,bla,bla todo: Você faz isso ao seu próprio risco… espero que saiba o que está

fazendo ao instalar softwares da net... backup, anti-virus, rezabrava, etc. Sua responsabilidade hein?!! Comigo e muitos outros foi tudo bem! O rtpMIDI ultilizase do protocolo Apple Bonjour de comunicabilidade, se você não tiver o seu PC, o instalador sugere que você o faça (mais uma vez, isso é com voce!). Aqui é tudo muito simples para configurar: À esquerda (na marca verde) o “Nome do seu computador”, o Apple Bonjour já captura e dá nome aos bois. Clique o enebled (marca verde ao centro) e habilite o utilitário e seu PC já está pron-

Figura 4 - Port a RJ45

computador Macbook Pro. Baixe daqui o rtpMIDI : ht t p : / / w w w. t o b i a s - e r i c h s e n . d e / w p - c ontent/uploads/2016/11/ rtpMIDISetup_1_1_8_240.zip Instale o programa (acho que não

Figura 5 - Mac Audio Midi

Figura 7 - Back rtp Midi Pc

Figura 6 - Mac Network

to!! A última marca verde da direita mostra a porta de comunicação 5004 (mas pode ser outra se a sua já estiver ocupada). Você encontra um tutorial de instalação detalhado no site do programa. Logicamente você terá de ligar um cabo Ethernet (*cruzado – de

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computador para computador) do seu computador PC ao Mac para fazer a comunicação via porta de Ethernet: Porta RJ 45 Após espetar o cabo nas portas RJ45 das duas plataformas, lance o Audio

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ABLETON LIVE| www.backstage.com.br

Figura 8 - PC configuração

não estiver conectado ainda, simplesmente aperte o botão Connect de novo! Então vamos, abra o Ableton Live do “PC”, em Perferences/Midi (Ctrl + ,). Habilite Input: APOLLO > On track e Output APOLLO > On Track, On Sync, On Remote Agora no In/Out Section do 1 Midi Track, habilite o nome do Bonjour cliente: APOLLO no meu caso. Agora alterne apertando a tecla TAB para “Arrangement View” e grave algo MIDI!!

Figura 10 - Midi recording PC

Figura 9 - PC midi Apollo

Tudo muito bem feito até agora! Já temos um material Midi para transmitir ao outro computador, o Macbook Pro. Agora abra o Ableton Live no Mac no “Arrangement View”.., nas configurações do Ableton Live no

Midi Setup no Mac (que é a versão rtpMidi do Mac), e dê um duplo clique nesse ícone “Network”. Isso vai abrir uma janela com uma interface idêntica ao do rtpMIDI. Olha o Apollo ai, gente! (Meu PC). Já foi reconhecido pelo Bonjour, é só clicar para conectar os dois computadores. Aperte Connect e volte ao rtpMiDi no PC (Apollo). Nesse momento, o meu Macbook Pro (lkmusic), já está conectado com o PC via Bonjour interface (repare no retângulo verde). Se por alguma razão o outro computador

Figura 11 - Mac Preferences


Figura 12 - Slave Rec

Mac (Comm + ,), Preferences/ Midi Sync. Habilite em Nerwork Session 1, (marca vermelha) que é por onde o

é só isso, o Mac só vai receber). Prepare no “Arrengement View” um Track MIDI onde vamos gravar Midi do PC. Habilite Sync Exter-

Figura 13 - Midi no Mac

Mac está recebendo Midi via Bonjour: Sync ON e Remote ON (aqui

no (retângulo verde à esquerda EXT) para o Ableton Live no Mac

ficar em modo slave, em Sync. Habilite o Track para gravar (quadrado verde à direita) e selecione o REC Botton para gravar e.... Play! (retângulo verde no centro em cima). Ele está travado, não movimenta esperando o Clock do Master que é o PC nessa configuração! Mas claro. Aperte a barra de espaço no Ableton Live do PC para dar Start. Tudo deverá funcionar em Sync!! Gravando .... Assim é que se faz Midi Rewire entre duas plataformas. Tudo que foi reproduzido no PC foi transmitido via Ethernet “Bonjour Protocol” sem nenhum glitch ao Macbook Pro, apenas com algum “laboro” inicial para configurar na primeira vez. Na próxima vez o sistema vai reconhecer a configuração e será só começar outra sessão de gravação. Uma verdadeira mão na roda!!! Lembrem-se folks, esse processo pode ser realizado e configurado com qualquer programa (Daw) de ponta e entre diversas plataformas. É de fato uma solução pra muitos produtores de áudio, games, clips, etc que não desejam investir mundos e fundos em mainframes caríssimos fora de moda, né!! É isso amigos, tirem bom proveito desse tutorial, e boa sorte a todos!

Para saber online

Facebook - Lika Meinberg www.myspace.com/lmeinberg Figura 14 - Midi Rewire

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ORGANIZAÇÃO

PARA MIXAGEM PARTE 1* Cristiano Moura é produtor, en-

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genheiro de som e ministra cursos na ProClass-RJ Figura 1 - Superfície de Controle C_24

Quanto menos perdido na sessão, mais tempo para mixar. Existem inúmeras táticas para manter sua sessão sob controle e conseguir navegar por ela com facilidade. Além de economizar tempo, é algo que deixa o ambiente mais profissional. Se você está sendo observado por um cliente, produtor ou um empregador, estes são procedimentos que contam muito a favor.

M

ais que isso, lembre-se de que tempo é dinheiro. Quanto menos tempo você gasta procurando o track, plug-in ou preset em que se quer trabalhar, mais tempo sobra para você cuidar do que realmente importa, que é a qualidade sonora da sua produção.

ORGANIZAÇÃO VISUAL Há um limite de caracteres ao dar nome nas pistas do Pro Tools. Pior que isso, em muitas superfícies de controle (figura 1), o limite ainda é menor. Ou seja, isso cria uma discrepância que atrapalha sua organização, pois você pode ter um nome completo aparecendo na tela, mas reduzido numa superfície de controle. Ainda que você não tenha uma superfície de controle, é bom se acostumar desde já, pois certamente você almeja um dia trabalhar em um estúdio de médio/ grande porte, ou mesmo ser dono de um. Se você não estiver acostumado, vai ter que repensar seus processos, e o que eu vejo na prática é que ninguém tem tempo ou paciência para isso, e o resultado é

Figura 2 - Nomes com caracteres

uma superfície de controle quase inútil, que ninguém usa. Então, recomendamos criar e se acostumar às siglas. Evite “Guitarra”, prefira simplesmente “gt”. Outra sugestão é colocar no início do nome um caractere como um hífen ou asterisco no início do nome para ajudar


Figura 3 - Organização por cores

na identificação. Um dos meus grandes mestres, usava uma barra invertida (/) no início dos auxiliares de efeito e um asterisco (*) nos subgrupos e me acostumei a fazer o mesmo por for-

de ajudar na identificação das pistas. Mas temos também que colocar as pistas numa ordem que faça sentido. Normalmente, ficam organizados na ordem da gravação, ou seja, os instrumentos que foram

Figura 4 - Color Palette

ça do hábito. Esta simples organização fez toda a diferença para não me perder numa superfície de controle, principalmente quando bate o cansaço depois de horas de trabalho (figura 2). Cores também são essenciais, inclusive as novas superfícies de controle identificam essas cores (figura 3). A partir do Pro Tools 8, a Avid permitiu ao usuário colorir tracks, clips, markers e Clips na Clip list. Este processo é feito através do menu Window > Color Palette (figura 4). Com a janela ativa, basta selecionar a pista (clicando no nome da mesma) ou apenas em um clip e selecionar a cor desejada. Vale ressaltar que as superfícies de controle mais modernas já vêm preparadas para identificar e reproduzir com um LED acima do canal, o código de cores correspondente (figura 5).

ORDENAÇÃO LÓGICA Acima falamos de duas maneiras

gravados primeiro ficam em cima, e os gravados por último, vão fi-

produção) e estabelecer quais são os principais instrumentos. Uma mesma banda pode ter uma música em que o instrumento principal, que “leva” a música, seja o teclado, e uma outra música que o instrumento principal seja a guitarra. Outra premissa é a quantidade de atenção que o instrumento necessita e quantas vezes eu vou precisar acessá-lo durante a mixagem para fazer ajustes. Voz é um exemplo. Se eu preciso ficar indo e voltando no canal da voz durante a mix, eu a coloco logo no início da sessão. É sempre mais fácil rolar a tela direto para o início do que ficar procurando no meio de outras pistas (figura 3A). Novamente, lembre-se da superfície de controle. Navegar direto para o início é fácil, mas ter que ficar passando de banco em banco e procurando a pista é dureza. Pensando no lado inverso, auxiliares de efeito são acessados pouquíssimas vezes durante a mix. Então todos eles fi-

Figura 5 - Avid S3 identificando e representando as cores dos canais

cando no final. Não se prenda a isso. Gravação é gravação, mixagem é mixagem. Eu costumo reorganizar tudo, considerando algumas premissas. A ordem que eu vou mixar é uma delas. E nem se limite a achar que toda música precisa ser mixada na mesma ordem. É essencial conhecer bem a música primeiro (caso você não tenha participado da

cam organizados no final da minha sessão (figura 3B).

ORGANIZAÇÃO DE PLUG-INS Aos poucos, sua maneira de trabalhar vai tomando forma e um padrão começa a se repetir. Então é hora de começar a criar e organizar plugins. Normalmente eles vêm organizados por categoria, que já é

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CTRL (Win) pressionado e pronto. Na figura 8, veja que foi colocado o plugin “Space” destacado. Esta dica vale tanto para os plugins acessados pelos inserts quanto pelos plugins acessados pelo menu AudioSuite.

ORGANIZANDO SEUS PRESETS

Figura 6 - Organização de plugins por empresa e categoria

muito bom, mas pelo menu Setup > Preferences podemos melhorar. Na aba “Display” é possível organizar seus plugins por categoria e por empresa (figura 6). Isso facilita bastante, pois, para muita gente é muito mais lógico procurar um “plugin de compressão da Waves” na categoria “Waves” do que na categoria “Dynamics”. O Pro Tools também permite que você adote um equalizador e um

Figura 7 - Definindo Eq e Compressão padrão

compressor padrão, que fica destacado da lista. Esta configuração também fica no Menu Setup > Preferences, mas na Aba Mixing (figura 7). Uma última dica valiosa: você pode na verdade destacar (ou “favoritar”, como muitos chamam informalmente) qualquer plugin da lista. Basta ir na lista de plugins e clicar no seu plugin de preferência com o botão Command (Mac)/

Acredite, a organização de presets é um assunto mais longo que se imagina, e vale a pena um artigo exclusivo só para tratar deste assunto. É o que vamos falar no próximo artigo. Mas, desde já, quero que estejam cientes de como se cria um preset e como eles podem ser gerenciados. Salvar um preset é simples. Basta clicar no campo “factory default” e depois escolher a opção Save Settings (figura 9). Agora, caso você esteja partindo de um preset já existente, precisa usar a opção Save Settings As, para não apagar o preset que já existe. Repare que no mesmo menu, existe a opção de deletar um preset, mas tem o inconveniente de ter que deletar um a um. Por isso, vamos mais longe, e aprenderemos a

Figura 8 - Plugin Space como favorito


arraste todos os presets para lá. Com isso, vamos ficando por aqui, mas não se esqueça que na próxima edição vamos continuar este assunto. Abraços e até a próxima! *Este artigo é uma sugestão do leitor Vitor Machado. Quer sugerir um tema? Basta enviar um e-mail para cmoura@proclass.com.br com sua sugestão.

Para saber online Figura 9 - Manipulação de presets

organizá-los por dentro do sistema operacional. Você encontra sua biblioteca de presets no Home Folder do usuário (command + Shift + H) /Documents/ Pro Tools/Plug-in Settings. Já no Windows, fica em C:/Meus Documentos/ Pro Tools/Plug-in Settings. Por lá, é possível não apenas deletar, como também criar subpastas para facilitar. Criar

subpastas para instrumentos ou estilos musicais é muito útil, por exemplo. Eu uso este mecanismo para deletar todos os presets de fábrica, pois, na maioria das vezes, não me interessam. Isso ajuda a limpar minha lista. Se você não quiser ser tão radical quanto eu, pelo menos crie uma subpasta com o nome de “presets de fábrica”, ou similar e

cmoura@proclass.com.br

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ÁUDIO FUNDAMENTAL| ww.backstage.com.br 54

Desde a Antiguidade a acústica desempenhava papel importante na arquitetura de templos e locais de apresentação

INTELIGIBILIDADE

NAS IGREJAS COMUNICANDO A MENSAGEM

Olá amigos do áudio, hoje vamos dar continuidade à matéria sobre inteligibilidade, um assunto de grande importância no ambiente das igrejas. Pedro Duboc redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

N

o ano de 2017 estive em um número muito grande de igrejas, realizando projetos, dando treinamento etc. Igrejas grandes, pequenas e de muitas denominações diferentes. Algumas realmente me impressionaram pela excelente acústica como é o caso da Bola de Neve, em São Paulo, ou a Primeira Batista do Recreio, no Rio de Janeiro, porém a grande maioria das igrejas, infelizmente, peca no tratamento acústico e, consequentemente, na inteligibilidade. Se o som está estressante e não agradável, é muito provável que o problema seja inteligibilidade. Mas o que é a inteligibilidade? Em locais fechados como são as igrejas, o som que chega aos

nossos ouvidos é o resultado do som que vem direto das caixas, somado ao som de milhares de reflexões por todos os lados. Então o que ouvimos é, na verdade, o som direto, somado às early refletions, às reverberações e às late refletions. E todos os sons que chegam em tempos diferentes acabam deteriorando a inteligibilidade do som direto. Até agora estamos falando de problemas acústicos, que na verdade devem ser os primeiros problemas a serem equacionados antes mesmo de qualquer investimento em equipamentos de som. Problemas acústicos, soluções acústicas, problemas elétricos, soluções elétricas já dizia o saudoso Solon do Vale. Infeliz-


mente as igrejas vêm sofrendo um golpe duro sobre o que é mais importante, que é a comunicação da mensagem, afinal toda igreja está baseada em uma mensagem e se esta mensagem não chega aos ouvintes de forma clara e confortável, o propósito fica comprometido, pois não há uma compreensão plena do que está sendo falado. Se estamos falando de igreja, sem sombra de dúvidas um projeto acústico deve ser o primeiro investimento a ser pensado, porém, infelizmente, não é uma realidade, há sempre um enorme investimento em estética, conforto etc, mas a comunicação da mensagem fica em segundo plano. Há algo errado e precisamos mudar isso! Se observarmos ao longo da história, desde a Antiguidade, nas culturas gregas e romanas, a acústica de-

Enorme investimento em estética e conforto, e a comunicação da mensagem fica em segundo plano

sempenhava um papel importante na arquitetura de templos e locais de apresentação. Vejam os anfiteatros gregos e romanos que, por não disporem de um sistema de sonorização, eram meticulosamente planejados acusticamente e, mesmo sem amplifi-

cação, tudo o que era apresentado no palco era perfeitamente ouvido e entendido por um enorme número de espectadores nas arquibancadas. O que acontece com um ambiente acusticamente ruim é que, quanto mais excitamos o som neste ambiente, maior será o problema.

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Em um ambiente acusticamente bom, é importante que o sistema de sonorizarão também seja bom e consiga transmitir a mensagem com boa inteligibilidade

Em outras palavras, se tentarmos compensar a falta de inteligibilidade com intensidade de som maior, aumentaremos as reflexões e consequentemente o problema. Agora imagine um ambiente com acústica ruim somado a um sistema de som com pobre resposta de frequência. Em outras palavras, ruim também. Seria apenas uma suposição se não fosse uma realidade, infelizmente esse é o retrato de mais de 90% das igrejas que visitei ao longo dos anos. Agora que entendemos o papel da acústica na inteligibilidade, vamos ver o outro lado: o sistema de sonorização. Partindo do princípio que estamos em um ambiente acusticamente bom, é importante que o sistema de sonorizarão também seja bom, ou, pelo menos, consiga transmitir a mensagem com boa inteligibilidade. Um dos problemas que mais presencio é a utilização de microfones de baixíssima qualidade que distorcem facilmente na cápsula, ou no caso dos sem fio, com modulação e demodulação péssimas, colocando mais uma vez a “fala”, que é a mensagem, em sérios problemas de inteligibilidade. Outro problema muito comum é a utilização de caixas de som de pés-

sima qualidade que por si só já não têm a menor condição de transmitir a mensagem com inteligibilidade alguma. Em terceiro lugar, na lista das prioridades para alcançar uma boa inteligibilidade, está o treinamento operacional. Hoje venho trabalhando firme para formar técnicos de igrejas capazes de desempenhar um excelente trabalho na operação de áudio. Não adianta um ótimo equipamento, e uma acústica legal se não sabemos operá-lo, e essa é uma condição sine qua non, ou seja, fundamental, indispensável. É preciso investir em treinamento para os voluntários e operadores de igrejas, principalmente porque novas tecnologias estão surgindo a cada dia para nos ajudar na missão de conseguir uma boa sonoridade. Precisamos estar atualizados e preparados! Enfim, o que quero dizer com tudo isso é que precisamos dar a devida importância à mensagem transmitida, a mensagem é Cristo, e isso deve ser levado em consideração. A comunicação da mensagem deve ser prioridade, acima de qualquer outro investimento. Existem hoje no Brasil um enorme número de profissionais que como eu trabalham com projetos e treina-

mento para igrejas, posso citar aqui alguns como Douglas Barba, Denio Costa, Pepe Menezes, Marcelo Barcelar, Tairo Arraibal, entre muitos outros, todos altamente qualificados para a função que exercem, e prontos para ajudar na tarefa de alcançar a excelência na comunicação do evangelho. Precisamos de uma mudança de mentalidade, precisamos profissionalizar o áudio nas igrejas, levar as coisas mais a sério, investir corretamente em projetos, em treinamento, parar com o hábito de deixar os vendedores de loja decidirem o que vamos colocar nas igrejas, vendedores são vendedores, técnicos e engenheiros são técnicos e engenheiros, são funções diferentes, o técnico ou engenheiro de áudio e acústica é que deve decidir no que investir, e o vendedor apenas vender o que foi decidido por um profissional qualificado. Está tudo muito errado, e precisamos colocar as coisas em ordem! Na próxima edição entraremos finalmente na parte técnica da inteligibilidade, estaremos vendo a fundo todos os fatores que devemos levar em consideração para obter uma boa inteligibilidade. Forte abraço a todos!


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SPOT 7X8W RGBW www.gobos.com.br Atendendo pedidos, o Spot 7x8W RGBW, um dos maiores sucessos junto aos profissionais brasileiros, está de volta. Pequeno, leve e elegante, o refletor pode ser utilizado para iluminação cenográfica, instalações fixas ou em estúdios. Funciona em sete canais DMX, direto no refletor e dá para escolher dimmer, cores fixas, color changer, velocidade, strobo e pré-programas instalados na memória. Tem funções master / slave e som ativo. Pode ser colocado dentro de torres do sistema Box Truss. A versatilidade, o tamanho e o preço do Spot 7x8W já conquistaram o mercado. Aproveite e complete seu Set. Assista ao vídeo: https://youtu.be/pUeGeq4p7gc

SÉRIE D https://www.christiedigital.com/en-us A Christie® está expandindo sua linha Série D com três novos modelos de lâmpada única de valor econômico, que estão disponíveis com até 8100 ISO lúmens e com ambas as resoluções WUXGA e HD. Com uma combinação de brilho, qualidade de imagem, lente e escolha de resolução, e um fator de forma compacto, a Série D Christie lidera o mercado ao equilibrar o excelente valor geral com o melhor preço desta classe de projetor. Esses novos projetores oferecem uma taxa de contraste de 65.000: 1, 3.000 horas de vida útil da lâmpada e uma integração fácil, tornando-os ideais para locais de educação superior, negócios, museus, casas de culto, instalações governamentais entre outros locais, pois eles se integram perfeitamente a qualquer ambiente. Para os usuários com orçamento mais limitado, os novos projetores LWU720i-D, LWU620i-D e o LHD720i-D são a alternativa mais viável de projetores laser fósforo, dado ao alto brilho e ao design rico em recursos em cerca da metade do custo das unidades laser fósforo. Os novos modelos da Série D Christie vêm com uma garantia de peças e mão de obra de três anos e começaram a ser enviados em dezembro de 2017.

SERIE KL FRESNEL www.elationlighting.com A Elation Professional introduz no mercado a série KL Fresnel, uma nova linha de brancos mornos de luzes de LED Fresnel que proporcionam aquele atrativo caloroso das hológenas Tungsten com os benefícios do LED. Disponível nos modelos de 50W, 150W e 350W, uma temperatura de cor fixa de 3000K e alta capacidade de renderização de cor imitando a saída brilhante e quente das tradicionais lâmpadas halógenas Tungsten, mas ultrapassando essas em saída e eficiência. O propósito dessa série é proporcionar o calor luminoso e tão natural que os designers desejam. A qualidade superior projetada de luz são excelentes escolhas para a grande variedade de luz branca requisitada em broadcast, teatro ou palco. Os modelos KL Fresnel 4 e 6 têm um zoom manual enquanto o modelo KL Fresnel 8 possui um sistema motorizado e luz branco morno de LED de 350W, com calibração a 3.000K. Todos os modelos incluem moldura de filtro e barn doors removíveis.


ONEPATT TM www.robe.cz O mais recente membro Robe da crescente família PATT de luminárias cenográficas em retro-style é um equipamento altamente potente, com multichip RGBW multicolorido montado em uma armação superleve em metal escovado. O onePATT pode ser mapeado, por isso os equipamentos podem ser usados como matrizes de estilos e outros tipos geométricos, bem como fonte única de iluminação. Um sistema de controle eletrônico integrado e inteligente garante operação dos flicker e proteção extra. Juntos com um endereçamento remoto, calibração, envio de status e suprimento de potência dedicados, uma fácil manutenção remota e confiabilidade a longo prazo estão garantidas.

AH 1024 http://www.ahlights.com.br/mesa-dmx- 1024/ A controladora AH1024 é perfeita para eventos e shows, de pequeno e médio portes, pois possui entre suas características mudança de cena e chase e controle de 96 aparelhos. Com o número de canais DMX – 1024, e número de acoplamentos das luminárias em movimento alcançando 96, a mesa possui ainda código de endereço de reacoplamento das luminárias em movimento, Comutação horizontal e vertical das luminárias, Número de cenários que podem ser salvaguardados: 60, e número de cenários que podem funcionar simultaneamente: 10. O console ainda tem cenário de controle de pontos e Gerador de gráficos que pode formar imagens de Dimmer, P/T, RGB, CMY, Color, Gobo, Iris e Focus, além de ler a bibiblioteca R20 para aparelhos. Pesando apenas 12 quilos, possui sinal e modo de controle DMX-512.

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ILUMINAÇÃO Sendo um dos principais recursos de um espetáculo, a iluminação cênica ora se destaca em uma produção como um artifício diferenciado e protagonista, ora como um elemento sutil e secundário, complementar ao processo de composição de um cenário. Para determinados shows, ela se evidencia de maneiras diferentes, adequando-se como meio revelador e minimalista, ou ainda como mecanismo arrojado, dinâmico e inovador.

CÊNICA PAUL MCCARTNEY NA TURNÊ ‘ONE ON ONE’

EM SÃO PAULO Cezar Galhart é técnico em eletrônica, produtor de eventos, baixista e professor dos Cursos de Eventos, Design de Interiores e Design Gráfico do Unicuritiba e pesquisador em Iluminação Cênica.

N

esta conversa, a iluminação cênica será abordada sob todos esses aspectos vinculados ao conceito e às escolhas de um fascinante projeto, executado na turnê One On One, de Paul McCartney, recentemente realizada no Brasil. Como resultados, princípios e propostas com repertórios espetaculares, de canções e instrumentos de iluminação, assim como versatilidade, também musical e luminosa. Poucos são os artistas ainda vivos que passaram pelas transformações culturais dos últimos cinquenta anos, continuam produzindo e ainda se mantêm

relevantes. Nesse seleto grupo, reduz-se ainda o número de ícones que são responsáveis pela evolução do Rock’n’Roll, e da música pop, e ainda conseguem lotar estádios para concertos memoráveis. Paul McCartney se destaca nesse contexto como um dos mais importantes artistas de todos os tempos, e, com turnês cada vez mais fascinantes, a entrega de cada espetáculo se reveste de referências históricas e culturais, além da carga emocional incomparável com produções visuais tão atuais quanto visionárias. Sir James Paul McCartney dispensa


Apresentação de Paul McCartney em São Paulo, no Allianz Parque - turnê “One On One”, 15/10/2017. Fonte: Cezar Galhart

qualquer prefácio. Sua trajetória na história da música lhe confere um capítulo à parte, senão dois: sendo o primeiro, como um ‘Beatle’; e o outro, sua carreira pós ‘The Beatles’. Mas, nessa história com um enredo conhecido e ricamente ilustrado nas últimas cinco décadas, destacam-se as turnês realizadas nos últimos vinte e oito anos, repletas de momentos magistrais e sublimes que são vivenciados a cada apresentação, cada show. Após três anos desde a última apresentação no Brasil, totalizando vinte shows realizados em solos brasileiros, para shows integrantes de quatro turnês (The New World Tour, em 1993; Up and Coming Tour, 2010 e 2011; On The Run Tour, 2012; Out There, 2013), Paul McCartney retornou para mais

quatro apresentações da turnê One On One, em outubro deste ano, realizadas em Porto Alegre, São Paulo, Belo Horizonte e Salvador, nesta sequência. Com a mesma banda que o acompanha desde 2002, formada pelos excelentes e versáteis músicos (Rusty Anderson, nas guitarras, violão e backing vocals; Brian Ray, guitarra, violão, baixo e backing vocals; Abe Laboriel Jr. na bateria e backing vocals; e Paul “Wix” Wickens, nos teclados, acordeon e backing vocals), nas aproximadamente três horas de show, Paul McCartney reveza-se entre o icônico baixo Höfner 500/1, violão, guitarra, piano, todos com maestria e precisão. Se o repertório musical escolhido para a turnê compreende algumas

das mais significativas e emblemáticas canções de todos os tempos, a produção visual dessa turnê foi desenvolvida com extrema qualidade, sendo que a iluminação tem sido conduzida com virtuosismo pelo excelente Lighting Designer LeRoy Bennett. Bennett tem no currículo projetos e direção de iluminação realizados nas turnês de bandas e artistas tais como Boston, Prince, Madonna, Sade, Jay-Z, Beyoncé, Nine Inch Nails, Bruno Mars, e, desde 2001, trabalha como Lighting & Set Designer para Paul McCartney nas suas últimas onze turnês. Mas o que realmente torna esse show tão especial? Impossível dissociar o caráter emocional e historicamente significativo que evoca nas vidas de todas as pessoas

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Apresentação de Paul McCartney em São Paulo, no Allianz Parque - turnê “One On One”, 15/10/ 2017. Fonte: Cezar Galhart

que assistem a um espetáculo de Paul McCartney. Independente da faixa etária e em qual momento da história de cada espectador as músicas de ‘Macca’ (como é carinhosamente chamado por muitos) ou The Beatles, ou Wings, edificaram alguma marca, as canções se sucedem como trilhas sonoras de diversos momentos, alegres e tristes, rememorados e redescobertos nos primeiros acordes de cada canção. Tal comoção se torna contagiante e mobiliza toda a plateia, que se surpreende e se exalta com cada peça de um roteiro esperado e celebrado. Com essas referências, Bennett conscientemente compreende sua responsabilidade e, de maneira sutil ou mesmo exorbitante e enfática, utiliza todos os recursos à sua disposição, com um repertório diversificado e versátil, salientando particularidades e referências de todas as canções. Além dos instrumentos ‘convencionais’, Bennett inseriu na turnê diversas animações – com contextualizações históricas e culturais – projetadas no palco e mescladas com amplificação de imagens (IMAG ou Image Magnification), nas telas laterais, predominantemente.

No palco, telas de LED semitransparentes, conhecidas como V-Thru, e módulos formados por spots, moving heads e blinders, tais como Bennet já havia utilizado na Tension Tour, da banda americana Nine Inch Nails (e abordada na coluna intitulada ‘Alta Tensão na Iluminação Cênica’, na edição n.º 235, de junho de 2014, da Revista Backstage) criam cenários fantásticos e dinâmicos. Deve-se destacar que, além de LeRoy Bennet, Wally Lees integra a equipe e assinatura de iluminação como Lighting Director. Outro princípio que norteia a produção cênica do palco está relacionado ao uso de planos verticais como camadas (‘layers’) de sobreposição e disposição de imagens projetadas, ou mesmo para a distribuição da iluminação. Se no plano horizontal os músicos se posicionam de maneira a garantirem as ‘marcas’ e a visibilidade (mesmo que em diversos momentos, tais como em Maybe I’m Amazed, as silhuetas são destacadas com sombras chinesas), esses ‘layers’ tornam o show ainda mais incrível e notável. Na abertura do show, com A Hard Day’s Night, e em outras canções


Apresentação de Paul McCartney em São Paulo, no Allianz Parque - turnê “One On One”, 15/10/ 2017. Fonte: Cezar Galhart

(Can’t Buy Me Love, Drive My Car, I’ve Got A Feeling) referências explícitas à própria história, com imagens da década de 1960, ou elementos da Pop Art, lapidados ou evidentes, por meio de pixels frenéticos, proporcionando ritmo e empolgação. Nas canções da banda Wings (Jet, Let Me Roll It, Band On The Run), e mesmo na clássica Let It Be (com destaque para a participação luminosa da plateia), animações contextualizavam as canções, com elementos de referência ao próprio tema ou capa do disco original. Sidelightings forneciam outras camadas e texturas, emoldurando e revelando os elementos cênicos, a partir das cores primárias, ou branco. Em Hey Jude, um dos hinos da década de 1960 (assim como em Junior’s Farm, Nineteen Hundred and Eighty-Five), Bennett decidiu pelo uso dos módulos – estruturas iguais e repetidas, criando referências geométricas, mesmo que assimétricas e imprevisíveis – proporcionando texturas e formas aleatórias e interessantes. Propostas minimalistas, ou insinuações à Old School, puderam ser percebidas em We Can Work It Out e In

Wanna Be Your Man (homenagens a Ringo Starr e The Rolling Stones), respectivamente. Para essas canções, fachos simples e bem definidos, com alterações nas cores (variações básicas de azul e verde) e na intensidade – quase um Crescendo, em alusão à própria dinâmica musical. Mas Bennet havia preparado algumas surpresas. Para um set acústico, com as canções In Spite of All the Danger (gravada por The Quarrymen, em 1958), Love Me Do e And I Love Her, um cenário rústico de uma casa antiga era projetado nas telas de LED semitransparentes (VThru), e com o decorrer das canções, variações de iluminação natural na superfície da casa causavam uma intrigante impressão de passagem do tempo (da noite para a manhã). Outro set acústico – e solo – faria com que Paul McCartney fosse impulsionado ‘às alturas’, com um mecanismo de elevação de uma parte do palco para, ainda em movimento, executar a introdução de Blackbird. No topo, iluminado apenas com um facho suave e neutro, ainda tocou e cantou Here Today, em homenagem a John Lennon. Se o show teve momentos mais deli-

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Apresentação de Paul McCartney em São Paulo, no Allianz Parque - turnê “One On One”, 15/10/2017. Fonte: Cezar Galhart

cados e sensíveis, essa não seria a tônica de um espetáculo tão versátil e diversificado. Para Live and Let Die, a previsibilidade de efeitos pirotécnicos que já integra todas as turnês de Paul McCartney só não se

traduz em obviedade. Mesmo que os fogos e explosões sejam esperados para o pós-refrão, é sempre surpreendente como os outros instrumentos de iluminação se integram a esse clímax e eufórico momento.

Apresentação de Paul McCartney em São Paulo, no Allianz Parque - turnê “One On One”, 15/10/ 2017. Fonte: Cezar Galhart

Referências à Psicodelia e ao Surrealismo trouxeram à tona a exuberância de cores que predominaram na metade da década de 1960, e visualizadas em canções como Being for the Benefit of Mr. Kite!, Back in the U.S.S.R., Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (Reprise), Helter Skelter, com animações e imagens em celebração ao 50º aniversário do lançamento do álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (1967), além de elementos do Construtivismo Russo e Neoplasticismo, contextualizados com as canções do White Album’(1968). Homenagens ainda seriam reservadas em Something, para George Harrison, e novamente para John Lennon em A Day In The Life. Animações com imagens dos Fab Four, além de ícones e símbolos (como o Nuclear Disarmament, símbolo Hippie) também se mesclavam com cores e referências à Psicodelia e ao Flower Power. Para finalizar em grande estilo, três canções do Medley que encer-


Apresentação de Paul McCartney em São Paulo, no Allianz Parque - turnê “One On One”, 15/10/ 2017. Fonte: Cezar Galhart

ra o Lado B de Abbey Road (1969), obra-prima e último disco gravado por The Beatles: Golden Slumbers, Carry That Weight, The End. Imagens fantasiosas eram comple-

mentadas por fachos no melhor estilo Old School, para um final apoteótico, de um show emocionante e inesquecível. Seria impossível descrever as sensa-

ções percebidas e sentidas em uma apresentação que compreende tantos elementos emocionais e sentimentais. Se o repertório musical, excelentemente executado por uma banda fantástica, liderada por um ícone, detentor de talento e carisma incomparáveis, trouxe nostalgia e esplendor, coube à iluminação cênica, também conduzida por um mestre, ressaltar e valorizar cada momento, cujas dinâmicas induziam e eram complementadas por uma plateia positivamente ensandecida, que respondia e participava como mais um protagonista, em apresentação histórica, versátil e resplandecente. Desejo a todos que 2018 seja repleto de muita luz e muitas realizações! Abraços e até a próxima conversa!

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