Edição 284 - Julho 2018 - Revista Backstage

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Sumário Ano. 25 - julho / 2018 - Nº 284

Produção Brasil - EUA

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Vencedor de cinco Grammys, o produtor Lampadinha decidiu se enveredar pelas terras do Tio Sam e vem se destacando na produção musical no mercado norte-americano.

NESTA EDIÇÃO

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Capital Inicial começa nova turnê buscando trazer a era das superproduções para o Rock Nacional. Com sua primeira etapa realizada no dia 16 de junho, em São Paulo, a turnê tem como objetivo equiparar os shows às grandes turnês de rock de bandas internacionais.

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Vitrine A Solid State Logic anuncia melhorias importantes em sua linha de console ao vivo com o lançamento do novo software Remote Tilehardware e V4.7. A atualização de software é gratuita para todos os usuários do SSL Live.

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Rápidas e Rasteiras A CAIXA abriu seleção pública para patrocínio de projetos culturais e formação da pauta de 2019/2020. Serão analisados projetos nos segmentos de artes visuais, cinema, música.

18 Play Rec Retomando uma parceria com a Biscoito Fino, o Casuarina lançou +100, onde o grupo apresenta um repertório tão diversificado quanto rico, bem costurado e amarrado, dando voz a craques veteranos.

22 Gustavo Victorino Confira as notícias mais quentes dos bastidores do mercado.

24 Mics atualizados A Audio-Technica atualizou toda a sua linha de microfones e dispositivos de linha, oferecendo novas versões terminadas em “a” compatíveis com AES67 para todos os seus modelos anteriores.

26 Sónar = som + tecnologia Com o maior público já registrado na história do festival, que já brindou o Brasil em 1998, o Sónar completou 25 edições unindo tecnologia e música eletrônica e experimental para mais de 120 mil pessoas em Barcelona.

64 Eu e a música Caminhando contra o vento... ou contra a própria vocação musical, Sá fala sobre sua incursão no meio jornalístico, que acabaou unindo duas paixões: música e escrita.


Expediente

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Conhecimento técnico

Realizada entre os dias 21 e 24, no Centro de Convenções Rebouças (SP), a 21ª edição da Convenção da Sociedade de Engenharia de Áudio (AES) foi realizada em novo formato e priorizou a troca de conhecimento.

TECNOLOGIA 42

Pro Tools Nesta edição, vamos confirmar se realmente estamos realizando todas as etapas de preparação de uma sessão para música.

38 Ableton

46 Áudio Fundamental Nesta edição vamos conhecer um pouco mais sobre acústica por meio de uma entrevista com Tairo Arrabal, Produtor Fonográfico e Mestre em Acústica Arquitetônica e Ambiental.

O conceito de “Surround Sound” não é uma coisa nova. As primeiras ideias de se circundar uma audiência com a sonoridade remontam ao ano de 1940, criadas para os estúdios Disney.

CADERNO ILUMINAÇÃO 56 Vitrine iluminação Os modelos da Elation Seven PAR 7IP e o SEVEN PAR 19IP com 7 e 19 LEDs, respectivamente, ambos espalham uma luminosidade a 25 graus e produzem perto de 80% de lumens comparados a outros equipamentos semelhantes.

58 Iluminação cênica Divisoras de águas na história da Iluminação Cênica, as luminárias móveis permitiram a produção de conceitos e cenários dinâmicos, revolucionários. Um novo uso para os moving lights foi apresentado durante show do Bon Jovi em NY.

Diretor Nelson Cardoso nelson@backstage.com.br Gerente administrativa Stella Walliter stella@backstage.com.br Financeiro adm@backstage.com.br Coordenadora de conteúdo Danielli Marinho redacao@backstage.com.br Revisão Danielli Marinho Colunistas: Cezar Galhart, Cristiano Moura, Gustavo Victorino, Lika Meinberg, Luiz Carlos Sá, Pedro Duboc, Tiago Borges e Vera Medina Reportagem Capital Inicial Flavio Bonanome e Gustavo Zuccherato; Ed. Arte / Diagramação / Redes Sociais Leonardo C. Costa arte@backstage.com.br Capa Arte: Leonardo C. Costa Foto: Divulgação Publicidade / Anúncios PABX: (21) 3627-7945 arte@backstage.com.br Webdesigner / Multimídia Leonardo C. Costa multimidia@backstage.com.br Assinaturas Maristella Alves PABX: (21) 3627-7945 assinaturas@backstage.com.br Coordenador de Circulação Ernani Matos ernani@backstage.com.br Assistente de Circulação Adilson Santiago Crítica broncalivre@backstage.com.br Backstage é uma publicação da editora H.Sheldon Serviços de Marketing Ltda. Rua Iriquitiá, 392 - Taquara - Jacarepaguá Rio de Janeiro -RJ - CEP: 22730-150 Tel./fax:(21) 3627-7945 / 2440-4549 CNPJ. 29.418.852/0001-85 Os artigos e matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. É permitida a reprodução desde que seja citada a fonte e que nos seja enviada cópia do material. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios veiculados.


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CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br

CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br

A evolução tecnológica

e a revolução no show business

H

á 20 anos se disséssemos que dentro de pouco tempo poderíamos ler um livro sem necessariamente ter que tocar em páginas de papel, ou que teríamos como controlar o som ou as luzes de um show com o simples toque de um botão, muitos duvidariam que tal tecnologia estaria ao alcance do homem antes da metade do século seguinte, que já despontava. Pois a evolução chegou previamente já no princípio da primeira década do século 21 e trouxe com ela a aceleração do processo de trabalho nos setores de áudio e iluminação. Quem viu o apogeu do CD, logo viu também (em pouco tempo, comparado com o vinil) a sua decadência e substituição pelos arquivos digitais, e com eles toda uma mudança na forma de gravar e produzir música. Fora dos estúdios, os profissionais “da estrada” também testemunharam essas mudanças na estrutura do trabalho. Com equipamentos cada vez menores, compactos, com tecnologia embarcada, dispensando o imenso aparato levado antigamente para as turnês, a logística também passou a ficar mais fácil, permitindo que as bandas tivessem estruturas e set ups mais enxutos, sem perda de qualidade. No entanto, um desafio era lançado: como reproduzir o que a tecnologia permitia desenvolver em termos de som, cenário e iluminação para uma versão mais compacta? A exemplo dos arquivos de áudio, em que a sonoridade é comprimida com a missão de ter a menor perda possível do áudio, os projetos desenvolvidos para o som, a iluminação e comunicação visual de uma turnê devem caber também “na verba” que vai para a estrada (leia-se ai quantidade de pessoas, número de caminhões, gastos com deslocamento). A boa notícia é que, da mesma forma que a tecnologia permite evoluir, ela também permite compactar. Com os recursos tecnológicos de hoje em dia, é possível reproduzir quase na sua totalidade uma superprodução de um especial televisivo para a estrada sem perda considerável de qualidade. Essa versatilidade vem proporcionando um novo formato a algumas bandas brasileiras, que partem em busca de mais variedade às suas apresentações. Com o objetivo que atingir um grau de profissionalismo comparados a turnês de artistas internacionais, artistas e produções brasileiras vêm adotando justamente a facilidade trazida por essa tecnologia, aliada ao know how de profissionais brasileiros, para escrever novo capítulo na história da produção musical no Brasil. Inovar em soluções e buscar qualidade é uma forma de respeito ao público, que geralmente retribui a reverência em forma de admiração e simpatia. Pense nisso! Boa leitura

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VITRINE ÁUDIO| www.backstage.com.br 10

NA2-IO-DLINE DANTE™ www.neutrik.com Este novo dispositivo de fim de rede oferece uma solução fácil para a integração de dispositivos de sinais analógicos em redes AoIP baseadas em Dante. Com duas entradas analógicas de nível de linha e duas saídas de nível de linha, ele pode integrar simultaneamente dois canais de áudio analógicos em uma rede Dante e gerar um fluxo Dante, como dois canais analógicos, em apenas algumas etapas. O NA2-IO-DLINE é otimizado para uso em ambientes e aplicações extremas, oferecendo todos os padrões habituais NEUTRIK de construção e proteção robusta. A unidade é equipada com conexões etherCON trancáveis para E/S de áudio e rede, e vem "envolvida" em uma caixa de borracha altamente protetora. Essa pode ser removida, para permitir que seja usado com suportes de montagem opcionais ou um painel de rack, permitindo que ele seja montado embaixo de mesas, em caixas de piso ou em racks de equipamentos para aplicações de instalação fixa. A nova interface de E/S inteligente NEUTRIK NA2-IO-DLINE está disponível a partir de 12 de junho para distribuidores e revendedores oficiais da NEUTRIK em todo o mundo.

ATND931AH https://www.audio-technica.com O microfone possui a tecnologia de blindagem de RFI UniGuard® com excelente rejeição de interferência de radiofrequência (RFI) e conecta-se ao módulo de alimentação de baixo perfil para parede/teto habilitado para Dante ATND8734a por meio de um conector especial tipo TA3F projetado para otimizar a imunidade a RFI. O módulo de alimentação está equipado com um filtro corta baixa de 80 Hz UniSteep®, seletor do nível de ganho de entrada de três posições (+30 dB, +40 dB e +50 dB) e um LED vermelho/ verde indicador de status (tudo controlado remotamente por software de terceiros*). Montado em uma caixa elétrica conjugada metálica dupla, seu jack de saída RJ45 permite conectar com facilidade por meio de cabo de rede CAT5e (ou melhor). Este modelo proporciona padrão polar hipercardioide uniforme com ângulo de aceitação de 100°, é fornecido com espuma de dois estágios e está disponível em acabamento preto de baixa refletância (ATND931aH) ou branco (ATND931aWH). Elementos intercambiáveis adicionais – omnidirecional (360°), hipercardioide (100°) e MicroLine® (90°) – estão disponíveis em separado.


V4.7 SOFTWARE www.solidstatelogic.com A Solid State Logic anuncia melhorias importantes em sua linha de console ao vivo com o lançamento do novo software Remote Tilehardware e V4.7. A atualização de software - gratuita para todos os usuários do SSL Live - inclui uma atualização para o aclamado fluxo de trabalho Super Query do SSL, recursos aprimorados TaCo (controle remoto do tablet), uma nova ferramenta “Analisador de Função de Transferência e efeito Auto Pan” e suporte para controle externo touch screen. O novo Tile Remoto SSL de 12 faders fornece uma maneira simples de adicionar faders a qualquer console SSL Live ou a um PC que executa o aplicativo de configuração e controle SSL SOLSA. O Remote Tile é idêntico ao console embutido Live, incorporando faders motorizados de 100mm sensíveis ao toque, solo / mute, Query e Select, controles rápidos, displays individuais de LCD e um conjunto completo de botões de navegação. Até dois Remote Tiles (24 faders no total) podem ser conectados a qualquer console SSL Live ou ao SOLSA PC via USB. Além do Remote Tile, o software V4.7 para SSL Live estende ainda mais o controle primário com suporte a tela de toque externo (fornecido por SSL). Os engenheiros agora podem ter o controle direto por tela sensível ao toque das telas Visão Geral e Automação sem precisar alternar o foco no touch screen interno do console.

SQ-7 www.allen-heath.com https://www.allen-heath.com/key-series/sq/ Após o sucesso do lançamento de SQ-5 e SQ-6, a Allen & Heath lançou o SQ-7, o novo console de 33 faders em sua série SQ de 96kHz. Este novo modelo usa o mesmo poderoso FPGA XCVI 96kHz e adiciona controle estendido e E / S em um formato maior, com 33 faders, 32 onboard pré-amplificadores, 16 soft keys personalizadas e 8 controles rotativos suaves, definidos pelo usuário. O SQ-7 é um console de 48 canais, totalmente compatível com uma variedade de expansores de E / S remotos, incluindo as caixas portáteis DX168 de 96kHz. As entradas e mixagens podem ser atribuídas individualmente a 192 faixas de faders em 6 camadas, enquanto 16 softkeys e 8 controles rotativos suaves permitem que o fluxo de trabalho do mixer seja customizado para as necessidades de cada show e operador. Os cartões de rede de áudio Dante, Waves e SLink ampliam ainda mais o escopo para expansão, integração de sistemas, divisões de FoH / monitor e gravação. Os plug-ins de processamento DEEP opcionais fornecem aos usuários do SQ-7 acesso a emulações de compressores e pré-amplificadores que podem ser incorporados diretamente em todos os canais de entrada e mixagem, sem adicionar latência do sistema ou dificuldades de configuração.

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Foto: Divulgação

Copa do Mundo da Rússia

REGGAE E ASTROLOGIA A banda de reggae Natiruts divulgou no dia 13 de junho o clipe da música Dois Planetas, presente no mais recente álbum do grupo brasiliense, Índigo Cristal, lançado no meio do ano de 2017. Com nuances astrológicas, também presentes na letra da música, o clipe é uma ilustração que explora o universo feminino. A Astrologia também foi fundamental para a escolha da data de lançamento do clipe, que foi lançando no dia que acontecia a conjunção entre o sol e a lua em gêmeos. O curta foi produzido pela Embolex, com direção assinada por Fernão Ciampa, arte, por Flavio Reis, e fotografia de Jorge Lepesteur. Assista ao clipe: https://www.youtube.com/ watch?v=cDLH2GSAhZc. Produzido por Alexandre Carlo, o álbum Índigo Cristal foi lançado em 4 de agosto de 2017 e traz 11 faixas inéditas que carregam mensagens de positividade e esperança.

DO SAMBA AO PUNK Foto: Divulgação

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Música sul-brasileira na

O grupo caxiense de música instrumental Yangos embarcou à Rússia e consolidar sua fase mais internacional em 12 anos de carreira. Dia 3 de julho, chegaram à sede da Copa do Mundo 2018 para uma série de shows por meio do Brasil Music Exchange (BME). César Casara (piano), Cristiano Klein (cajón e bombo leguero), Rafael Scopel (acordeon) e Tomás Savaris (violão), únicos representantes do Sul do Brasil, vão dividir a atenção do público ao lado de no-mes como Emicida, Hermeto Pascoal, Liniker e Mart’nália. O convite para tocar durante a Copa do Mundo 2018 é mais uma conquista internacional entre as vividas nos últimos meses pelo Yangos, incluindo a indicação ao Grammy Latino, nos Es-

tados Unidos, no final do ano passado, a participação em “La Feria Internacional de la Música” (FIMPRO) no México, em meados de maio, além de shows na Colômbia, Argentina, Uruguai. Antes de desembarcar na capital Russa, o grupo ainda fez shows em Portugal. Com a formação original inalterada, o quarteto da Serra Gaúcha tornou-se uma referência da música instrumental sul-brasileira, com a qual está rodando o mundo, literalmente. A fusão de milongas, chamamés e chacareras com o jazz e a música regional brasileira resulta em encontro potente e criativo de boa música. A carreira registra cinco discos, entre eles Pampa: Pátria de Todos, lançado em 2016, em parceria com o cantor argentino Dante Ramon Ledesma.

O Armada divulgou seu mais recente videoclipe da faixa Cobra Criada, que conta com a participação do cantor e compositor Kiko Zambianchi. A música faz parte do álbum de estreia do grupo, Bandeira Negra, lançado em fevereiro de 2018 pela Hearts Bleed Blue (HBB) em parceria com a gravadora americana Pirates Press Records. Disponível em CD, LP e K7, Bandeira Negra foi produzido e mixado por Átila Ardanuy e masterizado por Ade Emsley, responsável pelos últimos trabalhos do Iron Maiden. Parceria de Dicró com José Paulo, Cobra Criada foi originalmente gravada pelo sambista Bezerra da Silva em 1977 e lançada no álbum Partido Alto Nota 10. Em Bandeira Negra, a música ganha uma versão punk-rock assinada por Kiko Zambianchi, que divide os vocais com Henrike Baliú, vocalista da Armada. O videoclipe de Cobra Criada, dirigido por Mauro Tracco e Rogério Borges também teve a intenção de unir o samba e o punk.


Foto: Ernani Matos / Divulgação

SHOWROOM DECOMAC

A Decomac Brasil, representante de vários produtos de pro áudio e iluminação profissional, montou um showroom dedicado a demonstração de seus produtos. Nesse espaço, os profissionais poderão testar e operar todos os equipamentos de áudio e luz disponíveis, além de ter uma palestra técnica sobre

cada produto. Os interessados deverão marcar uma visita pelo telefone (11) 3333-3174. A visitação está aberta a todos os profissionais residentes em São Paulo ou aqueles que estão em visita à capital paulista. Rua Tenente Pena, 338 - Bom Retiro - São Paulo - SP.

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RODRIGO PITTA CRIA E DIRIGE A TURNÊ EUROPEIA DE ANITTA Foto: Reprodução Instagram Rock in Rio

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Serão abertas, de 20 de junho a 15 de julho, as inscrições para o Prêmio MIMO Instrumental 2018, um incentivo à inovação musical. A premiação contempla anualmente novos talentos da música instrumental, valorizando artistas nos campos da composição, técnica e estética musicais. Os vencedores se apresentam com destaque na programação oficial do MIMO Festival, dividindo o palco com grandes atrações programadas para 2018. Acesse: www.mimofestival.com

O 1º show da cantora pela Europa aconteceu no domingo, 24/ 06, durante o Rock in Rio Lisboa e levou a plateia ao delírio. O show segue para o Le Trianon em Paris (26/ 6) e Londres (28/06) no histórico Royal Albert Hall. Acompanhada de vinte e sete bailarinos e acrobatas do Brasil e Portugal, a popstar abriu o espetáculo criado por Pitta, saindo de um gigante container amarelo, em um porto imaginário dos anos 60. Anitta homenageou Carmem Miranda, em um traje original desenhado por Dolce & Gabanna. Pitta também é compositor e parceiro de Ana Carolina, Cazuza, Frejat, já teve músicas em mais de cinco novelas da TV Globo. O hit escolhido foi Tico Tico no Fubá, que foi transformado em um funk pop, com ares de favela carioca e coreografia ousada. As surpresas no show não paravam de acontecer, levando a plateia e os fãs ao delírio. Do alto de um outdoor móvel luminoso, Anitta desfilou pelo palco mixando seu hit Bang com a lendária música Fantasy, de Mariah Carey, cantou a emblemática Garota de Ipanema, de Tom Jobim, e homenageou a arte de rua e o graffiti, convidando um dos maiores nomes de street Art de Portugal, Luís Baldini, para fazer um “Live Paint” durante o show. Um enorme abajour entrou em cena para iluminar a performance da pole dancer Maria Rita, uma das estrelas noturnas mais quentes de Portugal. Pitta que criou o roteiro de cenas, os cenários e clips para o conteúdo de LED, que apresentou Anitta inserida em diversos contextos da arte pop mundial, como Andy Warhol e Frida Khalo. Made in Brazil Tour envolve quase setenta profissionais vindos do Brasil, além de elenco português, selecionados por Pitta em disputados testes durante o mês de junho em Lisboa.

ENCONTRO DE REPRESENTANTES DA AMÉRICA LATINA Foto: Divulgação

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PREMIAÇÃO

A Powersoft realizou mais uma Reunião Anual de Distribuidores Latino-americanos, em Las Vegas, antes da feira InfoComm. No encontro, os distribuidores latino-americanos da Powersoft se reuniram para trocar experiências e analisar o comportamento do mercado latino. Uma das novidades apresentadas aos distribuidores latino-americanos foi a versão 3.0 do software de controle Armonía, cujo lançamento oficial está programa do para setembro. Tanto a empresa quanto os distribuidores no mundo todo realizaram no último ano um trabalho exaustivo de apresentação e treinamento sobre a utilização deste software. Os usuários na América Latina, um mercado no momento mais focado em touring, serão beneficiados com a nova versão, pois ela aportará características especiais pensadas para esse tipo de aplicação.

PATROCÍNIO DE PROJETOS CULTURAIS A CAIXA abriu, no dia 18 de junho, seleção pública para patrocínio de projetos culturais e formação da pauta de 2019/2020. Serão analisados projetos apresentados nos segmentos de artes visuais, cinema, dança, música, teatro e vivências. Os interessados têm até as 17h (horário de Brasília) do dia 03 de agosto para inscrever seus projetos no Programa de Ocupação dos Espaços Culturais do banco. O diretor de marketing e comunicação da CAIXA, Gerson Bordignon, lembra que "o banco é um dos principais incentivadores da Cultura no Brasil e está destinando, em 2019, R$ 39 milhões para aplicação nos Projetos Selecionados pelo programa". As inscrições serão realizadas exclusivamente via internet por meio do preenchimento de formulário disponível no endereço eletrônico: www.programasculturaiscaixa.com.br. Serão consideradas somente as inscrições com preenchimento completo, finalizadas e enviadas dentro do período e horário acima indicados. Os projetos deverão ser inscritos exclusivamente por pessoa jurídica ou micro empreendedor individual cuja natureza/objeto social seja de finalidade cultural. Será admitida a inscrição de até 10 projetos por proponente, independentemente do segmento a que pertençam ou de haver itinerância para cada um deles. A relação dos projetos selecionados será divulgada até o mês de dezembro de 2018, pela internet, no mesmo endereço eletrônico da inscrição.


Fotos: Divulgação

EXPOCATÓLICA

Demian Tiguez (Banda Anjos de Resgate)

Fernando Gabriel, Marcelo Bigatelo, Alessandro dos Reis e Padre Omar

De 1 a 4 de junho a Oneal Áudio participou da 13º ExpoCatólica, no Expo Center Norte, em São Paulo. No evento, a empresa mostrou as principais novidades em áudio profissional e todos lançamentos da marca. “Este é o segundo ano em que participamos da maior feira católica da América Latina, sempre uma ótima oportunidade para nos atualizarmos e revermos cli-

entes e grandes parceiros”, comentou padre Omar, Reitor do Cristo Redentor do Corcovado-RJ. O evento teve ainda a presença do endorser Oneal Demian Tiguez, guitarrista da Banda Anjos de Resgate. A feira recebeu inúmeras visitas de padres de todo o Brasil. “Certamente, a Expo Católica admitindo essa lógica empreendedora e, ao mesmo tempo, fomentando o merca-

No mês de agosto, veteranos e novatos que atuam na área de áudio terão a oportunidade de participar do ciclo de palestras promovido pelo site Fonesdeouvido.com.br. Serão quatro encontros cujo objetivo é nivelar o conhecimento técnico de novatos e audiófilos mais veteranos, apresentando os fenômenos físicos e especificações técnicas mais importantes. “Tudo com uma linguagem acessível e divertida, além de sessões práticas com áudio analógico e áudio digital”, explica Alexandre Algranti, chief headphone officer do site e palestrante. O primeiro ciclo compreende as palestras “Som & Audição” (no dia 02/08), “Áudio Analógico & Vinil” (no dia 09/08), “Áudio Digital e High Resolution Audio” (no dia 16/ 08) e, finalmente, “Ajustando Tocadiscos & Instalando o J River” (no dia 23/08). As palestras acontecerão em São Paulo, em local ainda a ser definido, e cada uma terá duração de três horas, sempre às quintas-feiras, entre 19 e 20 horas. Mais informações podem ser obtidas via email sac@fonesdeouvido.com.br , ou pelo WhatsApp + 55 11 99942 6446. Este ciclo de palestras conta com o apoio da revista Backstage, do site de ecommerce de arquivos de áudio HDTracks.com, do fabricante J River do software Media Center 24 e da Dealer Recursos Audiovisuais.

RAP E ELETRÔNICA Foto: Divulgação

CICLO DE PALESTRAS DE ÁUDIO

do criativo católico, passa a ser um instrumento importante para a Igreja do Brasil em que temos sempre a necessidade de utilizar novas ferramentas de trabalho para a evangelização, entre elas o Marketing, a Comunicação e as Novas Tecnologias”, avalia padre Omar. “O destaque, nesse ano, foi a presença em um magnífico estande da Oneal, que considero hoje nosso melhor fabricante de equipamentos de sonorização que, a partir da sua visão interdisciplinar, tem trazido importantes soluções para os nossos templos”, completou o religioso.

O Rapper Wiz Khalifa e o duo de produtores de música eletrônica Dimitri Vegas & Like Mike se juntaram para uma animada colaboração, When I Grow Up, que acendeu a multidão da EDC Las Vegas em junho, em sua estreia mundial.

SOFTWARE GRATUITO A Spitfire Audio lança o LABS, uma série infinita de software de instrumentos com Soft Piano e Strings. O software é grátis e fácil de usar e entregue diretamente na caixa de entrada do usuário, a partir de cadastro no site da empresa (https:// www.spitfireaudio.com/labs/). O Spitfire é indicado para gravações que vão desde orquestras inteiras a sintetizadores, pianos e percussão.

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INTERCÂMBIO CULTURAL O Nenhum de Nós tem novo EP no mercado. Intitulado Doble Chapa, é uma referência às pessoas que vivem na fronteira próxima ao Uruguai. Motivo de documentários, ensaios literários e canções, inspirou o grupo gaúcho a batizar o EP. “Com Doble Chapa reforçamos nossa identidade latino americana” fala Thedy Corrêa. E prossegue: “somos apaixonados pelo nosso continente e temos especial orgulho de nossa condição de sulistas e gáuchos (com o acento castelhano). Nossa cultura é o resultado desta mistura que não conhece fronteiras e que faz com que haja sintonia mesmo falando línguas diferentes”. Thedy fecha uma reflexão sobre os percalços da integração musical latina: “falta um

fortalecimento do mercado latino no Brasil, que o ignora solenemente. Somos mais suscetíveis às influências europeias e americanas do que aquela que nos proporciona a proximidade com os vizinhos de continente. É uma visão colonialista que atrapalha o intercâmbio cultural. Bandas como Nenhum de Nós e Paralamas do Sucesso fazem esta aproximação há décadas. Falta que outros artistas resolvam aderir à causa.” E Carlos completa: “embora exista muita admiração de parte a parte entre nossos países, o lado cultural ainda se ressente do tamanho do mercado. Acho que trabalhos como esse e investir nestes intercâmbios através de shows, podem ser o caminho para se construir algo mais concreto”.

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SEGUNDO SOL I O cantor Nando Reis lançou em junho em todas as plataformas digitais, uma versão ao vivo da música O Segundo Sol. Gravada no show do dia 24 de junho do ano passado, durante a passagem da turnê “Jardim Pomar” por Porto Alegre, O Segundo Sol é a música de Nando Reis de maior sucesso na voz de Cássia Eller.

SEGUNDO SOL II A música de abertura da novela das nove da Globo, foi composta por Nando Reis e cadastrada no Ecad em 1999. A canção, além de ter ficado marcada na voz de Cássia Eller, foi regravada pela banda BaianaSystem especialmente para o folhetim. De acordo com dados do Ecad, a obra composta por Nando Reis já possui 37 versões cadastradas no seu banco de dados, sendo interpretadas por artistas como Elymar Santos, Moska e Detonautas. Conforme estudo do Ecad, O segundo sol é a segunda obra que mais rendeu direitos autorais ao compositor nos últimos cinco anos, ficando atrás apenas da canção Do seu lado. Além das plataformas de streaming, a música foi mais tocada nos segmentos de “Rádios”, “Música ao Vivo” e “Shows”.

WEBINÁRIOS GRATUITOS NA ÁREA DE ÁUDIO E TECNOLOGIA A partir de julho, semanalmente, a Shure dispõe de webinários gratuitos sobre diferentes e relevantes temas para os segmentos de música, broadcast e soluções de áudio para instalações corporativas. A plataforma que agora oferece maior interatividade e contato entre os palestrantes e a audiência, disponibiliza conteúdos apresentados simultaneamente a vídeos e comentários, com direito a entrevistas com convidados externos que são especialistas no assunto. Ministrados todas as sextas-feiras, às 10h (horário de Brasília), os webinários da Shure são voltados a profissionais de TI, músicos, técnicos de áudio, integradores de áudio e vídeo, estudantes, consultores, engenheiros de áudio, coordenadores de RF e consumidores finais. Os próximos cursos abordarão os temas "Características do ULXD", "Estrutura de ganho em sistemas de In-Ear" e "Melhorando o Áudio em Salas de Reuniões". Para participar das aulas, os interessados podem se inscrever diretamente pelo site shurebrasil.com na seção "Cursos Online" ou então enviar um e-mail para relacoespublicas@shure.com .


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PLAY REC | www.backstage.com.br

DANIELLI MARINHO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR

AZUL ANIL Nila Branco

Retomando uma parceria com a Biscoito Fino (gravadora pela qual o Casuarina lançou seus dois primeiros álbuns), nas 12 faixas de +100, o grupo apresenta um repertório tão diversificado quanto rico, bem costurado e amarrado, dando voz a craques veteranos, como Ivor Lancellotti e Roque Ferreira, e, principalmente, a uma safra de novos e talentosos compositores. Com isso, ao criar um amplo painel com boas variações de estilo dentro do próprio samba, consegue soar emotivo e dançante, complexo e panorâmico, direto e comunicativo, mas sem cair no piegas. Nesse mosaico, há espaço para a dolência de Tempo Bom na Maré (Ivor Lancellotti e Roque Ferreira) - ao bom estilo dos sambas de Wilson das Neves-, Um Samba de Saudade (Chico Alves e Toninho Geraes) e Marejando (Claudemir, Mario, Rafael, Marcio e Samuel). Há espaço também para o balanço e a batucada de Trago no Meu Pandeiro (Rogê, Marcelinho Moreira e Fadico), remetendo à influência inescapável do Fundo de Quintal, com destaque para o banjo e para o violão tenor. Cabe também a levada amaxixada/forrozeada de Recordação (André da Mata e Raul DiCaprio), a ancestralidade de Falangeiro de Ogum (Leandro Fregonesi e Raul DiCaprio) e de Vovó Desata Esse Nó (Pedrinho da Porteira e Mafram do Maracanã) e as divisões rítmicas interessantes de Olhos da Lembrança (Alaan Monteiro e Wanderley Monteiro). Como se o caldeirão do Casuarina já não estivesse extremamente bem temperado, convidados especiais ainda adicionam sua opinião, seu molho, sua personalidade. Além de sambistas de primeira linhagem como Martinho da Vila, em Tempo Bom, e Leci Brandão, em Herança de Partideiro (de Hamilton Fofão e Ivani Ramos, na linha de expoentes como Aniceto e Candeia, autor do antológico Testamento de Partideiro), o disco também conta com nomes que não são essencialmente ligados ao universo do samba, como Criolo, em Quero Mais Um Samba (Raul Sampaio e Rogério Bicudo), e Geraldo Azevedo, em Embira (Cadé e Raul DiCaprio), com sua singular combinação de lirismo e expressividade. (por Lucas Nobile)

Nila Branco está lançando seu novo CD Azul Anil, marcado por parcerias com compositores de diferentes locais do Brasil como Bahia, Tocantins, São Paulo, Goiás e sua Minas Gerais. Por sinal, o grande desafio – e trunfo - deste álbum é a sua diversidade: alinhavar as canções, de compositores de regiões distintas, com temperos diferentes e suas referências com as de Nila. Um facilitador é que a artista, sem se esforçar muito, tem o dom de se apropriar de qualquer música que a ela se apresente. A cantora iniciou sua carreira no final dos anos 90, quando lançou seu primeiro CD homônimo, e, desde então, foram mais cinco CDs e três DVDs. Após uma parada na carreira, na qual dedicou seu tempo a novos projetos culturais, criando trilhas sonoras para curta-metragens, Nila resolveu se reinventar musicalmente, se redescobrir e fazer, enfim, sua incursão nos estúdios como produtora. Assim, nasceu o CD Sete Mil Vezes (2015), que promoveu mudanças em sua trajetória: substituiu as guitarras pelos violões, usou e abusou do baixo acústico, bandolim, trombone e outros instrumentos que nunca havia utilizado, deixando o som mais orgânico, mais vivo. Se foi preciso em Sete Mil Vezes para haver uma guinada, agora a busca é pelo caminho do centro, do equilíbrio. As novas canções retratam o cotidiano em provocações sobre as diferentes formas de amar. Azul Anil é um desfile de tendências e uma gama de cores, misturadas, culminando no azul anil,que é Nila em sânscrito e significa ‘o céu pós-tempestade”, o Azul da calmaria. Assista ao teaser: https:// youtu.be/EK4bBw19veQ . Ou ouça: https://goo.gl/6cFHfB

Foto: Divulgação

+ 100 Casuarina


DANIELLI MARINHO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR

AO VIVO NO REPÚBLICA DO REGGAE Ponto de Equilíbrio

NESSE TREM Som D’Luna

Um dos principais grupos de reggae do Brasil lançou DVD com produção independente. Ponto de Equilíbrio AO VIVO no República do Reggae traz uma apresentação memorável gravada no maior festival de reggae da América Latina. O registro do show, que aconteceu na Bahia em novembro de 2017, faz parte do projeto do grupo em adaptar-se ao formato das plataformas digitais que estão em crescimento - produzindo e proporcionando mais conteúdo para estas redes. De acordo com Pedro Pedrada, baixista do grupo, o República do Reggae teve um custo bem abaixo comparado ao último trabalho lançado em DVD. Buscando sempre se reinventar, o Ponto de Equilíbrio mantém-se firme na cena musical nacional, atualizando o repertório e arranjos, porém preservando sua identidade musical. A obra independente teve a direção artística dos integrantes da banda, e direção das vídeo-projeções de Guigga Tomaz, VJ que já atuou em obras com Roberto Carlos, Caetano Veloso, Ivete Sangalo, Alcione, entre outros artistas. Com realização da Kilimanjaro Records, o DVD tem direção Artística: Ponto de Equilíbrio; Direção-Geral: Ponto de Equilíbrio e Renan Yudi; Direção Executiva: Pedro Pedrada; Produção Executiva: Miguel Leal; Direção: Fundo de Quintal Video (Equipe Bahia) Pepito Gonzales e Igor Miranda; Roteiro: Pedro Pedrada, Renan Yudi e Miguel Leal; Video Projeções: Guigga Tomaz; Arte Capa: Rafael Antunes.

A nova MPB ganha frescor paraibano em dobro com o lançamento de Nesse Trem, que reúne composições e arranjos dos gêmeos Vitor e Diogo Luna. São onze faixas que passeiam pelo baião, samba, soul, funk e balada. De João Pessoa, os irmãos, que decidiram caminhar juntos pela música, lançam seu primeiro CD gravado em estúdio, totalmente autoral, renovando o cenário nacional da música popular brasileira. Produzido no estúdio Gota Sonora, em João Pessoa, Nesse Trem carrega uma variedade de estilos diferentes, conectados por timbres, históricas, texturas e arranjos. Um disco que guarda os olhares dos dois irmãos sobre a vida, amores e paixões que os fazem vibrar. Sob direção geral do paulista Jader Finamore (os Fulano), mixagem de Renato Oliveira e arranjos de Vitor Luna e Diogo Luna, Jader Finamore e Ítalo Viana (baixista), o disco foi finalizado junto a uma campanha bem-sucedida de financiamento coletivo. Fazem parte ainda do disco, os bateristas Thiago Jorge, Herbet José e Gilson Machado, os tecladistas Uaná Barreto e Renato Oliveira, o percussionista paulista Luccas Martins (Serelepe), além do saxofonista Joab Andrade, o trompetista Emanoel Barros, o trombonista Sabiano Araújo, o violoncelista Tom Drummond, o flautista Renan Rezende e o clarinetista Thompson Moura. Violões e guitarras por conta dos irmãos gêmeos.

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PLAY REC | www.backstage.com.br

DANIELLI MARINHO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR


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MULHERES

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Duas viagens a Brasília este ano foram suficientes para confirmar a suspeita que me assola desde abril. O governo acabou! Um clima de fim de festa ou mero cumprimento de

TRUMP A guerra comercial que o presidente Donald Trump declarou ao mundo tem consequências imprevisíveis para a economia planetária. Pensando mais friamente, as barreiras tarifárias que começaram a ser impostas pelos EUA podem trazer interessantes benefícios ao Brasil. Chineses e europeus são os alvos iniciais e, aparentemente, com exceção do México, a América Latina passa incólume pela encrenca. Já vi fabricante brasileiro esfregando as mãos.

mandato, distribuindo a amigos e a militantes centenas de cargos federais, marcam o fim de um governo que naufragou na recuperação econômica, e o que parecia difícil conseguiu: agravou a situação da economia brasileira. O dólar que o diga...

INCANSÁVEL O velhinho não para. Paul McCartney anunciou para esse mês o lançamento do seu novo álbum chamado Egypt Station. Destaque para I Don’t Know e Come On to Me, ambas de sua autoria. Anunciou também uma nova turnê para divulgar as canções do trabalho.

CASO DE POLÍCIA Muambeiro vendendo falsificação já é crime, mas lojista fazendo o mesmo é bem mais do que isso. A sacanagem envolve dois estabelecimentos que já são investigados através de denúncias anônimas. Um no Sudeste e outro no Nordeste.

Segundo a badalada revista californiana Los Angeles Magazine desse mês (http:/ /www.lamag.com/culturefiles/electricguitar-women/) uma pesquisa de mercado nos EUA trouxe uma revelação surpreendente. As mulheres estão salvando as vendas de guitarras e já representam quase a metade das novas compradoras do instrumento. Encomendada pela Fender, a pesquisa provocou uma mudança radical no marketing da empresa que deixou Eric Clapton e Pete Townshend em segundo plano e apostou em novos nomes como a guitarrista Melanie Faye, uma menina-prodígio de 19 anos de Nashville, e Clementine Creevy, outra jovem instrumentista de 21 anos da banda Cherry Glazerr. Segundo Evan Jones, diretor de marketing da Fender, essas serão as novas caras da histórica Stratocaster, que passou a ser a guitarra predileta das jovens responsáveis pela recuperação nas vendas de guitarras nos EUA.

REENCONTRO O mundo virtual tem suas recompensas quando a sua história vale a pena. Depois de décadas, e graças ao Facebook, reencontrei o professor Isidoro Kutno, da icônica e inesquecível Musiarte, do Rio de Janeiro. Oriundo da Berklee College of Music, o mestre canhoto foi o responsável pela formação de dezenas de alguns dos melhores guitarristas do país. Ter aulas com Isidoro foi um desejo que realizei e guardei para sempre por conta da competência de um professor de métodos inovadores que fazem o guitarrista enxergar de maneira diferente o braço do seu instrumento. Gratidão eterna, mestre.

PREÇOS A sofisticação dos novos earphones vem avançando na mesma proporção que os seus preços. Equipados com microam-


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plificadores e falantes cada vez mais avançados, os pequenos brinquedinhos são apaixonantes até o consumidor descobrir o seu custo. Já está mais do que na hora da economia de escala surtir seus efeitos.

BOBAGEM Ouvido de um “profissional” numa palestra do último encontro da AES, em São Paulo: “Na prática, essas caixas amplificadas de plástico injetado são quase todas iguais...”. Não bastasse dizer a bobagem, o rapaz repetiu a asneira num artigo publicado na internet. Não sei se é falta de informação ou burrice, mas o sujeito continua solto.

CRESCENDO A marca Audio-Technica lentamente conquista ainda mais espaço no Brasil. Distribuída pela Pride e com um foco na qualidade histórica da marca, a linha de produtos avança sobre nomes peso pesados do mercado adotando uma política de preços e distribuição verticalizada. Mais uma boa briga em que o principal beneficiado será o consumidor.

MODA Falar mal da Gibson e da sua complicada situação financeira parece ter virado moda nos EUA. Semanalmente o tema é abordado pela mídia especializada norte-americana com um certo tom de ironia que confesso não entender. A um passo de ser comprada e sanada pelos japoneses, a marca está entre as mais valorizadas do segmento musical planetário e, apesar da dívida milionária, não tem a mínima possibilidade de desaparecer. Pelas leis americanas, a falência por lá é bem diferente do que no Brasil. Isso por si só já faz da marca Gibson um ícone imortal.

DE VOLTA O frio e a umidade do inverno no sul do país trouxeram de volta os choques elétricos dos amplificadores de “rabo quente” denunciados nesta coluna. Um dos casos aconteceu em Santa Maria, no RS, onde o técnico foi parar no hospital. Acho que os nossos legisladores esperam alguém morrer para discutir o assunto e tomar providências.

NO TETO O crescimento do mercado gospel no país parece ter batido no teto. Sem aumento de vendas e com a escassez de shows provocando queda nos cachês, a música religiosa parece ter atingido o seu ápice. Novos artistas se acotovelam com velhos nomes do segmento disputando um mercado que já mostra sinais de saturação. A rota de buscar espaço no gospel para mostrar o seu trabalho parece que está sendo revertida por alguns artistas que já gravam trabalhos voltados ao mercado fora do mundo cristão.

CUIDADOS Limpar cordas de guitarra com álcool não dá sobrevida ao produto, mas apenas as higieniza. Ao contrário, o mesmo procedimento com microfones é uma necessidade a cada show, mesmo que o equipamento seja de uso exclusivo.

NOVOS TEMPOS A inclusão de DSPs nas novas mesas de áudio de qualquer tamanho está condenando à morte os processadores de sinal voltados ao mercado de áudio. Com exceção dos equipamentos de ponta e focados em estúdios e sonorização de alta performance, os tradicionais

racks de efeitos devem morrer em breve. Os mixers lançados de alguns anos para cá já trazem embutidos alguns efeitos que atendem satisfatoriamente o consumidor dos produtos de entrada e voltados a pequenas sonorizações.

DURA REALIDADE Enquanto a maioria dos profissionais, inclusive eu, achava que o fim da Expomusic deixaria o mercado zonzo, constato que o efeito parece ter sido inverso. Ainda não ouvi queixas ou manifestações mais contundentes contra o fim do evento que marcou a história do segmento de áudio e instrumentos no Brasil. Parece que o mercado tá nem aí...

IMORTAL Contra tudo e contra todos, o Rio das Ostras Jazz & Blues mais uma vez movimentou um público de dezenas de milhares de pessoas na paradisíaca cidade no norte do estado do Rio de Janeiro. Enfrentando as adversidades de um dólar irreal e a falta de apoio do poder público paralisado pela falta de recursos, o incansável Stenio Mattos, da Azul Produções, transformou mais uma vez o pequeno balneário na capital latina do jazz e do blues. E ainda dizem que nosso mercado não tem heróis.

CONFIRMADA A Sonotec respondeu a principal pergunta dos artistas que participam da Festa Nacional da Música, no RS. “Vai ter Takamine nos palcos?” Essa é sempre uma das curiosidades de quem participa do evento que esse ano acontece em outubro no coração do Vale dos Vinhedos, na histórica cidade de Bento Gonçalves, na serra gaúcha.

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LANÇAMENTO| www.backstage.com.br

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NOVA LINHA COMPLETA DE

DE MICROFONES E A AudioTechnica atualizou toda a sua linha de microfones e dispositivos de linha, oferecendo novas versões terminadas em “a” compatíveis com AES67 para todos os seus modelos anteriores.

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redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

DISPOSITIVOS DE REDE E

sses modelos atualizados incluem o microfone de baixo perfil ATND971a, o microfone com pedestal de mesa ATND8677a, o módulo de alimentação ATND8734a, o microfone pescoço de ganso ATND931a e o microfone de fixação no teto ATND933a. Esses novos microfones e dispositivos de rede são projetados para interoperabilidade de áudio sobre IP, conectandose diretamente a qualquer rede compatível com AES67, incluindo as que utilizam tecnologias Livewire, RAVENNA e Q-LAN AoIP. Na ausência dessas redes, esses microfones e dispositivos operam fornecendo os mesmos controles de falar/silenciar, ganho, filtro passa-baixa e LED, como os seus antecessores, e mantêm capacidade de transmitir dados em redes Dante™.

Além disso, o firmware mais recente amplia os recursos do Dante Domain Manager, acrescentando segurança baseada em funções, roteamento entre sub-redes, alertas SNMP e muito mais. Com uma maior conectividade para fluxos de áudio e mais recursos Dante, esses novos microfones e dispositivos de rede concedem aos usuários acesso plug and play para praticamente qualquer sistema AoIP. Nesta edição, conheça um pouco mais das características de dois modelos: o ATND971a e o ATND8677a.

ATND971A Microfone condensador cardioide de baixo perfil com saída de rede Dante™ A Audio-Technica fez a ponte entre áudio e TI com os primeiros microfones


com fio que transmitem áudio e dados de controle em conjunto pelo protocolo de rede Dante. Uma simples conexão Ethernet o habilita à rede. O microfone foi projetado para se comunicar em uma rede existente de dispositivos habilitados para Dante e, com a chave programável pelo usuário integrada ao microfone, controlar qualquer desses dispositivos com o pressionar de um botão. A tecnologia de rede Dante tornou-se padrão no setor de áudio profissional, como uma verdadeira solução plug and play, tendo em vista que o Dante usa protocolos padrão da Internet para distribuir áudio digital e controlar dados com latência muito baixa. Microfones de rede exploram as vantagens do Dante para fornecer uma poderosa solução de áudio que é fácil de implementar, usar e expandir. Uma combinação perfeita para salas de reuniões e outros espaços de reunião, esses microfones de rede apresentam conectividade Ethernet simples e barata, excepcional qualidade de som, indicador de status de LED vermelho/verde e uma chave de usuário integrada para controlar tudo, do acionamento de panorâmica/inclinação de uma câmera de vídeo a uma iluminação predefinida da sala. E como o Dante pode suportar até 512 canais de áudio bidirecionais, os microfones de rede oferecem uma solução facilmente escalável. Uma legítima convergência de áudio/TI, o microfone de baixo perfil ATND971a não somente oferece um áudio top que já se espera da Audio-Technica, com notável inteligibilidade da fala e qualidade de som transparente, como também transmite dados de controle para comunicar-se em uma rede de dispositivos habilitados para Dante. A chave integrada programável pelo usuário possibi-

lita acionar uma panorâmica/inclinação de câmera de vídeo, recuperar predefinições de iluminação ou controlar qualquer outro dispositivo na rede pressionando um botão. E com um LED vermelho/ verde o microfone pode transmitir visualmente o status mudo, chamadas telefônicas ou outros efeitos visuais criativos utilizando um sistema de controle. O microfone também é equipado com filtro UniSteep® e tecnologia de blindagem de RFI UniGuard®. Alimentado por rede Poe, o microfone é fácil de instalar e operar. A versão “a” mais recente também oferece compatibilidade plug and play com redes AES67, incluindo as que utilizam tecnologias Livewire, RAVENNA e Q-LAN AoIP e que ampliam os recursos do Dante Domain Manager, acrescentando segurança baseada em funções, roteamento entre sub-redes, alertas SNMP e muito mais.

ATND8677A Pedestal de mesa para microfone com saída de rede DANTE™ O pedestal de mesa ATND8677a, equipado com a mesma capacidade da chave de usuário para Dante que o microfone de baixo perfil ATND971a, permite o uso da tecnologia Dante com qualquer microfone pescoço de ganso condensador de alimentação fantasma com saída tipo XLRM de 3 pinos. O pedestal de mesa é projetado para aplicações de montagem em superfícies tais como reforço de som de alta qualidade, conferências, ensino a distância e outras aplicações exigentes em termos de captação de som. A base metálica robusta possui um conector de entrada tipo XLRF de três pinos e saída de rede Dante, permitindo conexão direta à rede por meio de cabo Ethernet. A chave de usuário tipo capacitiva sensí-

vel ao toque com indicador de status de LED vermelho/verde integrado do pedestal de mesa permite controles local e remoto avançados. No modo local, a chave alterna o microfone entre mudo ligado e mudo desligado: ela pode ser ajustada para alternar entre áudio ao vivo e mudo ligado (botão liga/ desliga), para permitir áudio ao vivo somente enquanto a chave for pressionada (pressionar para falar) ou para desativar o áudio enquanto a chave for pressionada (pressionar para silenciar). No modo remoto, a chave pode ser usada para acionar funções em dispositivos habilitados para Dante que sejam compatíveis, como panorâmica/inclinação de câmera de vídeo ou iluminação predefinida da sala. Um filtro UniSteep® passa-alta de 80 Hz integrado permite fácil chaveamento de uma resposta de frequência plana para passa-alta, enquanto um seletor do nível de ganho de entrada de três posições (+30 dB, +40 dB, +50 dB) permite o ajuste de compensação para acomodar vozes mais altas e mais suaves. O pedestal de mesa também possui alimentação fantasma de 12 V DC, que pode ser ligada e desligada. A versão “a” mais recente também oferece compatibilidade plug and play com redes AES67, incluindo as que utilizam tecnologias Livewire, RAVENNA e Q-LAN AoIP e que ampliam os recursos do Dante Domain Manager, acrescentando segurança baseada em funções, roteamento entre sub-redes, alertas SNMP e muito mais. N.R.: Dante™ é uma marca registrada da Audinate Pty Ltd.

Para saber mais: Acesse www.audio-technica.com

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 26 Com o maior público já registrado na história do festival, que já brindou o Brasil em 1998, o Sónar completou 25 edições unindo tecnologia e música eletrônica e experimental para mais de 120 mil pessoas em Barcelona.

redacao@backstage.com.br Fotos: Sónar/Divulgação

SÓNAR 2018 EXPLORA REALIDADE VIRTUAL, SOM E TECNOLOGIA EM UM SÓ ESPAÇO

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ecnologia unida à música; no caso do Sónar, muita música experimental. Com um público de 126 mil pessoas, de diferentes nacionalidades, ou mais precisamente 119 países, a 25a

edição do festival anual Sónar levou para a cidade de Barcelona mais de cinco mil profissionais, colaboradores de cerca de 3 mil empresas e entidades, para mostrar a evolução na rela-


ção da música com a tecnologia. O Sónar+D, o congresso para criatividade e tecnologia, foi o ponto de encontro desses profissionais, que puderam escolher entre assistir ou participar de uma das 27 conferências ou 21 workshops, todos com 100% de lotação.

Internet e Big Data. Um dos destaques deste ano entre as palestras e workshops foram temas sobre softwares relacionados à educação e ao aprendizado com a ajuda da Inteligência Artifical ou aplicativos que permitem usuários a curtir música ou criá-la por

O Sónar+D dá voz a criadores, artistas, investidores, cientistas, designers e empreendedores e demais inovadores O Sónar+D dá voz a criadores, artistas, investidores, cientistas, designers e empreendedores e outros demais inovadores que estejam a fim de decodificar os desafios e as maiores questões que encaram a cultura, sociedade e economia: inteligência artificial, realidade virtual e aumentada, blockchain, a nova

meio de visualização e toque. Ferramentas para desenvolvimento de narrativas para realidades virtuais e áudio e vídeo em 360, além da criação de fones que se adptam à forma como o usuário percebe a música também estiveram entre as demonstrações. A edição 2018, reuniu 64 mil pes-

soas durante o Sónar by Day e outras 62 mil pessoas no Sónar by Night, e um público de 46% de estrangeiros. Além disso, entre 16 e 17 de junho, mais de 10 mil pessoas passaram pela Maker Faire, um evento de tecnologia aberto ao público localizado no Pavelló Italià de Fira Montjuïc e no CaixaForum que faz parte das demais atividades do Sónar.

CELEBRAÇÃO O festival celebrou seus 25 anos em grande estilo, levando para os palcos numerosos shows de artistas consagrados, alguns pisando pela primeira vez Sónar. Os nomes conhecidos ficaram por conta de Gorillaz, Rosalía, Thom Yorke, Diplo, Richie Hawtin CLOSE, Laurent Garnier, LCD Soundsystem, entre outros conhecidos do gênero eletrônico e experimental.

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 28

UMA GIG SONORA Capital Inicial começa nova turnê buscando trazer a era das superproduções para o Rock Nacional. Por Flávio Bonanome e Gustavo Zuccherato Fotos: Gustavo Zuccherato/ Divulgação

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ais de 35 anos de história, 18 álbuns gravados, 5 DVDs ao vivo. Poucas bandas brasileiras têm uma carreira tão prolífica quanto o Capital Inicial. Formada em 1982 na borbulhante cena do rock de Brasília, a banda continua produzindo em alto nível e buscando inovação quando o assunto é pegar a estrada. Por isso, em 2018, Dinho Ouro Preto e companhia entraram em estúdio para gravar o novo trabalho, intitulado Sonora, com a ambição de levá-lo à turnê com uma produção de proporções inéditas para a banda e o cenário do rock no Brasil. Com sua primeira etapa realizada no dia 16 de junho, em São Paulo, a turnê tem como objetivo equiparar os shows às grandes turnês de rock de bandas inter-

nacionais. “Quando a gente pensou nessa turnê nova, queríamos um projeto que mudasse o conceito do mercado brasileiro sobre o que é um show”, explica Binho Modolo, Tour Manager do Capital. E, de acordo com Modolo, esta busca veio de uma demanda da própria banda. “O Dinho viu alguns shows de bandas gringas e reparou que tem sido recorrente o uso de estruturas com movimento no palco, então ele veio conversar com a gente sobre trazer isso para o Sonora”, explicou. Para alcançar este primor técnico, a banda contou com um velho parceiro, o Lighting Designer Césio Lima, da LPL, que trabalha com a banda “desde os primórdios dos anos 1980”, como ele mesmo brinca. De acordo com Lima,


havia uma série de desafios para trazer este conceito à vida, sendo o primeiro deles o desafio financeiro. “Queríamos fazer um negócio gringo. A LPL atende a maioria dos shows internacionais no Brasil, então temos essas influências, mas como levar isso para uma banda brasileira de rock? O Universo financeiro do rock é muito aquém do universo financeiro do sertanejo, por exemplo, onde vejo trabalhos que são superproduções e que não perdem para os gringos. Mas no rock, a gente não tem dinheiro para fazer isso, para viajar com quatro carretas, por exemplo”, explica Lima. Para solucionar este dilema a banda contou, além da parceria da LPL, com um grande apoio da Harman, proprietária da marca de sistemas de iluminação Martin, para fornecer os equipamentos da turnê. “É uma luz grande, precisávamos fazer uma parceria, caso contrário sairia muito caro para o Capital Inicial viajar com uma superprodução dessa”, explica Césio. Com a parceria firmada, veio outro

No detalhe, Fabiano Carelli na guitarra, Flávio Lemos no contra-baixo e Dinho Ouro Preto

desafio: o tamanho. Apesar de buscar um impacto visual grandioso, o setup de equipamentos precisava ser compacto o bastante para que a banda pudesse viajar com somente um caminhão transportando backline, áudio e iluminação. “Viajamos com o setup de luz todo montado, de forma que na hora de

Para a monitoração, Walter Silva utiliza um Avid Mix Rack

carregar o caminhão as coisas vão se encaixando como se fosse um ‘lego’. Dessa maneira conseguimos colocar tudo na mesma carreta”, conta Césio Lima. Apesar de o show inaugural da turnê ter sido realizado no Espaço das Américas, uma casa de grande porte na zona oeste de São Paulo, muitas datas acontecerão em cidades do interior do Brasil em locais muito menos espaçosos. “Foi um pedido do Dinho que o show tenha ‘a mesma cara’ seja aqui em São Paulo ou no interiorzão do Brasil”, conta Modolo. Parte da solução para este problema está no fato de a banda ser proprietária de quase todos os equipamentos de som, luz e estrutura que usa nos shows, garantindo uniformidade. A outra solução ficou por conta de um projeto de iluminação já levando este desafio em conta. “Como sabemos que há lugares em que o setup completo não caberá, criamos um segundo projeto de luz reduzido que chamamos de ‘Parcial Show’, com uma programação de presets dedicada à esta aplicação de forma que possamos utilizar menos material e ainda as-

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 30 O Lighting Designer Serginho Almeida programou toda a iluminação com uma mesa Grand MA2 da MA Lighting

sim ter o melhor resultado possível”, explica Césio Lima.

DESENHO DE LUZ Para atingir o objetivo de ter uma turnê que integrasse estruturas móveis no palco, a equipe da LPL trabalhou em um projeto que utilizasse 5 ‘pods’, estruturas quadradas montadas paralelas umas às outras com capacidade de mover-se para cima e para baixo, como se dividisse o palco em colunas (imagem), movimentados por 15 motores Lodestar. Cada pod foi equipado com 20 Wash RUSH MH 2 da Martin, que são moving heads de LED, um sistema com ampla capacidade de coloração e automação com gatilhos musicais. Somado aos 100 movings dos pods ainda há 23 Spots e Wash da linha Mac Viper da Martin Spots modelo Mac Viper, e 12 LEDs Mini Bruts como fundo de palco entre as “colunas” criadas pelos pods e al-

guns Strobos em LED, também da Martin. Todo o rig de iluminação é controlado por uma mesa Grand MA2 da MA Lighting versão completa, com uma versão Light ou Wing para backup. O caráter artístico buscado pela banda no desenho de luz acabou

da turnê. “Optamos por uma onda mais full colors, com mudanças temporizadas de cor; os Beams acabam fragmentando muito o palco com filetes. Queríamos trabalhar com momentos de cor total, de acordo com o clima das músicas”, explica.

Queríamos fazer um negócio de gringo. (...) mas como levar isso para o universo financeiro do Rock no Brasil? (Césio Lima) refletindo diretamente na escolha dos equipamentos. “Nesse projeto, optamos por não usar moving Beams. Apesar de ser muito popular no Brasil e ter uma pegada Rock’n’Roll, por conta dos movimentos rápidos, nessa turnê optamos pelos Spots, Wash e moving LEDs”, conta Serginho Almeida, Lighting Designer e Programador

Almeida é exatamente o responsável por trazer estes momentos artísticos da luz para dentro dos shows. “É como se eu fosse um intérprete. A música me fala a cor que ela precisa ter, quando ela conta de um cenário, de um estado de humor, e isso dita os movimentos, velocidades; é isso que conecta o público ao que está vendo e ouvin-


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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 32

Equipe da LPL (da esq. para dir.): Serginho Almeida, Nilson Barros (Xuxa), Mari Pita e Césio Lima

do”, explica o iluminador. “Eu falo para a galera da banda que eu sou um músico ali tocando a luz. Estou sempre muito focado nas viradas, nos momentos, tentando achar o ‘beat’ ideal”, conta Almeida. Com toda essa inovação entrando em cena, Dinho Ouro Preto fez questão de acompanhar todo o processo bem de perto. “A banda toda se preocupa com o show, mas o Dinho especialmente vai lá na programação das luzes e dá palpites pertinentes”, explica Césio Lima. “O Dinho, pessoalmente, aprova todo o projeto. Claro que ele não vê detalhes da programação efetivamente, mas se preocupa se o conceito macro está sendo seguido”, explica Modolo, acrescentando: “a gente costuma brincar que o Dinho sonha e a gente faz o sonho dele caber no bolso e no papel”. “Fiquei muito feliz de contar com a parceria da LPL e da Harman na nova tour! A presença da pessoa do Césio Lima é sempre certeza de sucesso”, conta o vocalista da banda Dinho Ouro Preto. “O Césio é meu amigo pessoal há 30 anos, percorremos uma longa es-

trada juntos e espero continuar assim. O que ele e a LPL colocaram de pé para essa turnê ‘não existe’, me deixou impressionado e emocionado”, conclui.

SONORIZAÇÃO Não foi só em termos de iluminação que a turnê Sonora trouxe inovações para o Capital Inicial, o esquema de som de palco também sofreu algumas transformações em busca de uma redução de vazamentos.

Inicial, que usava um setup acústico e inclui uma gravação de DVD em Nova York, sempre sem nenhum amplificador de instrumentos. “Isto causou uma grande diferença na sonoridade, na clareza dos arranjos, delicadeza dos violões. A facilidade de encaixar a música foi muito maior para mim, daí quando começamos a planejar a Sonora pensei: vai voltar aquele inferno do elétrico de novo! Então comecei a conversar com a banda para encontrarmos alternativas”, revela. A primeira coisa a ser feita foi remover os amplificadores de baixo do palco e usar um monitor de frente somado aos fones in-ear como uma maneira de impedir as frequências graves de vazar nos demais microfones. “Claro que o baixista Flávio Lemos quis testar antes, mas ele gostou e, graças a Deus, funcionou. Primeira barreira vencida”, brinca Mazzei. O segundo ponto foram os amplificadores dos dois guitarristas. “O Fábio Carelli, que é um músico contratado pela banda, foi mais simples de convencer, ele já gostou de usar o in-ear direto no primeiro teste”, comenta o técnico. Como argumento final, Mazzei

A primeira coisa ser feita foi remover os amplificadores de baixo do palco e usar um monitor de frente “Quando cheguei na banda, há 6 anos, nós tínhamos um som de palco muito alto por conta dos amplificadores de baixo e guitarra, mas como eu tinha acabado de entrar, eu não achei certo chegar mudando as coisas”, explica Luizinho Mazzei, engenheiro de PA da banda. O ponto de virada, porém, veio com a turnê anterior do Capital

optou por não remover os amplificadores diretamente, mas retirálos do palco e deixá-los em uma área de backstage, ainda microfonados para não haver perda de qualidade no timbre. “Desta forma não uso simulador, são os ‘amplis’ microfonados por microfones Audio-Technica AE300. Não tenho sujeira no palco e o som


Bateria utilizou uma combinação de microfones Audix, Neumann, Sennheiser e AKG

chega ‘na mesa’ de uma forma que parece ligado em linha, mas é um som incrível de amplificador mesmo”, explica. Falando em microfonação, Luizinho Mazzei revela que, levando em conta a pegada Rock’n’Roll, preferiu um posicionamento bastante próximo na bateria. “No bumbo,

para as vozes, um clássico: Shure SM 58. Ao todo, são 38 canais de entrada divididos ainda no palco para o console de monitor, uma Avid Mix Rack, e o de PA, uma DiGiCo SD8, tudo enviado por MADI. “O motivo de eu ter escolhido esta console é pelas grandes possibilidades que

Com as dificuldades que a gente encontra na estrada, achei muito importante ter o equipamento para fazer a corrreção dos sistemas... usamos um Audix D6, na caixa os Audix D5, no chimbal Neumann KM105, nos tambores Sennheiser 904 e nos overheads AKG C3000”, explica. Já o baixo está ligado em um Sansamp que entrega dois canais, um limpo e um com pouco de drive. Em linha também são enviados 6 canais dos teclados. Por fim,

ela oferece de customização. Na hora do show eu não quero ficar preocupado em lembrar onde está um canal específico, ou qual o comando para chamar uma página, quero me preocupar só com a música, e esta console me deixa tudo à mão”, conta Mazzei. Além da console, a banda viaja

com dois periféricos específicos. O primeiro é o processador MaxxBCL da Waves, que é uma peça de hardware com precisão de 48 bit capaz de trabalhar com 96 kHz e 125 dB de range dinâmico e que agrega três processadores clássicos da Waves, o limiter L2, o compressor R-Comp e o expander R-Bass. “Uso este processador no meu máster. Eu faço o matriciamento para todo o PA e os sistemas periféricos, então tudo que eu faço nesse processador vai, literalmente, para todo mundo, para todas as caixas”, conta Mazzei. A outra peça de equipamento essencial é o sistema Galileo Galaxy, da Meyer Sound, usado para fazer correções e processamento digital para os sistemas de PA. “Com as dificuldades que a gente encontra na estrada, achei muito importante ter o equipamento para fazer a correção dos sistemas e adaptá-los às ‘venues’ que encontramos”,

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 34 Show abusa das cores e dos movimentos para preencher o palco por completo

conta o técnico. Esta capacidade de correção só é possível graças à parceria da Banda com a empresa de sonorização Loudness, garantindo que seja possível à banda viajar com seu próprio sistema de sonorização. A escolha é por um set completo de sistemas da Meyer Sound composto por unidades M3D para o PA, sistemas MILO para o downfill, MSL-4 e 650 P para side fill, UM1C no front fill, unidades de MINA no center fill e, por fim, MSL-4 nos in fill e out fill. Com esta configuração, Mazzei costuma trabalhar com até 100 dB SPL, e critica algumas bandas que trabalham com som excessivamente alto. “O Capital Inicial é uma banda cinquentona, com 35 anos de estrada. A idade do público varia de 15 anos a 70 anos. As pessoas não vêm aqui para bater cabeça, vêm para tomar um drink, conversar, namorar, bater um pa-

po, curtir a música, ouvir um riff de guitarra; não é só ouvir uma boa música”, conclui.

MONITORAÇÃO Trabalhando com uma Avid Mix Rack que recebe um split dos 38 canais que saem do palco, o técnico de monitoração Walter Silva chegou à banda recentemente e começa a primeira grande tour com o Capital Inicial. “Para me preparar, como sempre gosto de fazer, escutei bastante os CDs do Capital, as músicas atuais, pedi um setlist com antecedência, pedi o rider técnico para eu já poder ir me ambientando com a banda, escutei as músicas para poder chegar com uma concepção musical e conseguir monitorar bem”, explica. Em termos de equipamentos, a banda trabalha com uma mistura de sistemas in-ear da Shure modelo PSM 900 com monitores de chão. “Estamos trabalhando com

sistemas da Turbosound para o baterista, o baixista e o tecladista”, explica Silva. Para trabalhar com esta mesclagem, o técnico usa bastante dos sistemas de equalização. “Eu uso um Q10 da Waves para alinhar as caixas, dependendo da configuração do palco e também no in- ear do Dinho para tirar um pouco de médio - graves e ‘desentupir’ a mixagem dele. Já para o baixista, uso o equalizador gráfico da própria console para dar um ganho nas frequências mais graves e amenizar as altas”, explica. Além destas correções, Silva também faz uso de plug-ins de forma criativa para adequar à sonoridade ao que os músicos estão buscando. “Equalizo o bumbo usando um Q10, insiro os compressores RVox e C6 na voz do Dinho, C6 no violão, além de reverbs, delays e processadores de transientes, sobretudo nas cordas”, conta.


Vencedor de cinco Grammys, o produtor Lampadinha decidiu se enveredar pelas terras do Tio Sam e vem se destacando na produção musical no mercado norteamericano. redacao@backstage.com.br Fotos: divulgação

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om cinco Grammys ao longo de sua carreira, Lampadinha, que já trabalhou com nomes como Charlie Brown Jr, CPM 22, Titãs e NX Zero, decidiu se mudar em 2017 por terras ainda desconhecidas, e fixou residência na California. Desde o começo do ano, o produtor está em Los Angeles, conhecendo um pouco mais do mercado de música tipo exportação e trabalhando com diversos artistas brasileiros e americanos. Lampadinha tem entre seus clientes a cantora Clio Wilde, que está produzindo seu novo trabalho, o cantor mexicano Hector Guerra, além dos americanos da banda Urban Escape, que procuraram o produtor para lançar suas primeiras músicas.

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PRODUTOR BRASILEIRO LAMPADINHA FAZ SUCESSO NOS ESTADOS UNIDOS “Aqui o trabalho não para, tenho me envolvido com pessoas do mundo todo, produzindo materiais de alcance global, aprendido e ensinado muito. Tenho diversos artistas brasileiros também, e isso gera um sentimento ainda mais intenso, pois vemos a evolução musical do país” aponta. Dos artistas brasileiros que também fazem parte do time de Lampadinha, se destaca a banda paulista Garotas Suecas, que teve o álbum masterizado pelo produtor, e o artista pop Lord F, finalizando seu mais recente trabalho. Devido ao reconhecimento de artistas e profissionais da música de Los Angeles, Lampadinha foi convidado para ministrar um workshop sobre gravação e mixagem no Fuel Music Studio em dezembro e uma palestra com os alunos do curso de Commercial Music and Recording Arts, da American River College, de Sacramento. Ali o produtor teve a oportunidade de contar sobre seus 30 anos de experiência no setor, desde o trabalho braçal em uma empresa de som e iluminação até os Latin Grammy conquistados. A mudança, que vinha sendo planejada há algum tempo, tem rendido bons fru-

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tos e contatos para o brasileiro. “Faz uma enorme diferença eu estar por aqui; eu já estava planejando vir para cá já fazia algum tempo. Por outro lado, montar um networking novo leva tempo, dá trabalho, tem que ser determinado, digo é que esse lance do social leva tempo, e eu tinha total consciência disso, mas o mais legal é que a receptividade da galera é muito boa”, fala. Ainda de acordo com ele, uma das facilidades que essa mudança trouxe foi até mesmo uma aproximação maior de trabalhos com brasileiros. “Acaba se tornando mais fácil e ele ficam felizes de eu estar por aqui”, avalia. Outra diferença que Lampadinha destaca no mercado americano é o respeito pela trajetória do profissional. “A primeira coisa que senti de cara foi o respeito que eles têm pela minha história. E quando começam a pesquisar a meu respeito, veem que eu tenho prêmios e etc. Aqui os caras dão muito valor à pessoa que tem um Grammy, por exemplo”, pontua.

extremamente legal de trabalhar. Alto astral, divertida”. Outro grupo brasileiro que está no currículo do produtor é Titãs, a qual Lampadinha classifica como uma das melhores bandas da história do Brasil. “É inacreditável trabalhar com os caras, são muito profissionais e humildes. Nosso relacionamento foi tão bom que depois desses trabalhos, fiz tam-

Por outro lado, montar um networking novo leva tempo, dá trabalho, tem que ser determinado... Falando em prêmios, Lampadinha detêm 4 Grammys Latinos; o primeiro em 2005, com o Charlie Brown. “Gravei inúmeros álbuns com eles, gravei, masterizei, mixei, produzi, estava de certa forma sempre envolvido, alguns de uma forma mais intensa e outras menos”. Outra banda que Lampadinha também tem uma aproximação pessoal e profissional muito forte é com a banda CPM 22. “Todos são meus amigos e ir num show do CPM é um festival de ritmos, é uma banda super querida e

bém com o Sergio Brito, e coisas pro Branco, com trabalhos na área de teatro”, enumera. Seu mais recente trabalho premiado foi com a banda brasiliense Scalene. “Quando os conheci vi que eram muitos bons, daí me mostraram o repertório, as músicas, e disseram que queriam fazer um álbum duplo, o primeiro da banda, e me perguntaram o que achava daquilo. Eu disse que achava sensacional. Foi uma sequência muito feliz de a gente ter feito esse álbum, depois o segundo”, comemora.

MÚSICA TIPO EXPORTAÇÃO Com relação à música que sai do Brasil e vai para o mundo, Lampadinha acredita que isso só mostra que o potencial dos artistas brasileiros sempre foi muito bom. “Desde a época de Tom Jobim, que foi um marco na história da música brasileira e mundial, até mais recentemente Anitta, artista que está entrando no mercado do mundo para se consolidar. Para um artista cantando em português e entrar no mercado americano a dificuldade aumenta absurdamente. Se você canta inglês, existe a possibilidade de entrar no mercado do mundo inteiro. Se você cantar em espanhol, consegue entrar na AL e EUA, mas com certeza você não vai para Europa”, compara. “Acho que também o fato de eu estar aqui aumenta ainda mais as possibilidades de eu trabalhar com artistas do Brasil. Onde moro tem a maior concentração de estúdio, tanto de cinema quanto de música, dos EUA. Então isso flexibiliza, e um artista com orçamento mais em conta consegue fazer um trabalho em um local que vai dar mais condição para ele fazer um bom trabalho”, revela.


DIFERENÇA ENTRE BRASIL E EUA “Trabalhar no mercado americano, a maior diferença é com relação à forma de trabalho mesmo, não é nem a questão do talento do artista brasileiro”, compara Lampadinha. De acordo com ele, a metodologia de trabalho, a cabeça, muda bastante de um país para outro, desde o artista novo até o artista mais bem consolidado. “É de uma visão bem diferente, não que não seja profissional no Brasil, a gente trabalha muito bem no Brasil, mas aqui eles vão mais além, tipo horário, eles preservam muito essa relação quanto a horário, isso com relação aos profissionais envolvidos é levado muito a sério. Não que não exista no Brasil, mas a abordagem é diferente,

co”, questiona. “Vou dar um exemplo, fui à Sacramento no início do ano fazer uma palestra em uma faculdade e a estrutura de música da instituição é surreal. Eles têm um estúdio gigantesco que cabe orquestra, instrumentos de orquestra, e não é uma faculdade privada que custam cinco mil dólares por mês. É uma faculdade quase pública, que se paga bem pouco, já no ensino médio é gratuito. Então, o professor que dá aula de música tem tanta importância quanto o que dá aula de matemática ou biologia”, acrescenta. “No Brasil, se a gente não começar a ensinar música na escola para valer, começar a valorizar os professores e os músicos

Outra coisa que é crucial para o desenvolvimento musical profissional é a escola. então isso é uma das coisas que mais me surpreendem e chamam atenção”, fala. Outro ponto é com relação à questão cultural e a criação das músicas. “Quando você cresce em um lugar ouvindo determinadas músicas, aquilo está dentro de você. E isso acontece no Brasil, com relação à musicalidade, suingue, essa parte percussiva; isso está dentro do brasileiro. Já o americano cresce ouvindo outras coisas e desenvolve a musicalidade para outro lado”, observa. “Outra coisa que é crucial para o desenvolvimento musical profissional é a escola. A música aqui é levada extremamente a sério na escola. No Brasil ainda não temos aula de música na nossa grade curricular, o que é um absurdo. Então, como vamos querer criar bons músicos e uma geração que saiba e goste de música, que respeita a música, se não se ensina música? No Brasil, se você quer fazer música, ou tem que ser muito rico ou muito lou-

que se tem, vai ser muito difícil de acontecer um cenário parecido, até mesmo a médio prazo”, completa. O investimento em música se reflete até mesmo na vida profissional do futuro músico. “O que mais percebo de verdade é o quanto isso (educação musical) é importante na vida das pessoas. E isso se reflete na hora que o músico vai para o estúdio. Então, quando a gente fala cultural, não é que no Brasil não tenha cultura. É um lance educacional na verdade. Então essa é a maior diferença e tudo isso reflete socialmente”, compara.

Mais informações:

www.mynameislamps.com

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Surround 5

“SURROUND PANNER” Lika Meinberg é produtor, orquestrador, arranjador, compositor, sound designer, pianista/tecladista. Estudou direção de Orquestra, música para cinema e sound design na Berklee College of Music, em Boston.

O conceito de “Surround Sound” não é uma coisa nova. Na verdade, as primeiras ideias de se circundar uma audiência com a sonoridade remontam ao ano de 1940 (pasmem), criadas para os estúdios Disney no desenho animado “Fantasy”.

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ideia que inspirou Walt Disney foi a composição de Nikolai RismskyKorsakov, o Voo da Abelha. Korsakov era um mestre da sonoridade e a variação na coloração musical da sua orquestração fazia com que os sons refletissem em todos os lugares do teatro, encantando a audiência. O Voo da Abelha é, na verdade, um interlúdio da obra The Tale of Tsar Saltan, de Nikolai Rismsky-Korsakov, escrita entre 1899 e 1900. Os primeiros sistemas de múltiplos alto-falantes discretos chamava-se Fantasound. Esse sistema usava três canais de áudio que eram difundidos por um array de (até)

54 alto-falantes espelhados pelo teatro e pilotados por um engenheiro de som, que alternava fases, aumentando ou atenuando o som, para conseguir um efeito similar ao surround. Desde então, muitos eventos experimentaram diferentes formas de distribuição de som, mas o modelo concebido por Max Bell para os laboratórios Dolby só passaram a ser utilizados a partir de 1978 no filme Superman e depois em Apocalypse Now. Mas chega de história, em produção musical hoje em dia utilizamos vários sistemas: ,5.0,5.1,7.1. Na verdade, tudo é uma


Figura 01 - Delete tracks

variante de: Frente Esquerda / Frente Direita / Centro /Atrás Esquerda / Atrás direita e o subwoofer (gravão) no chão! (e, óbvio, que existem muitas variantes).

Stereo outputs; é só uma meia verdade. O Live só não tinha um “Surround Panner” dedicado, muito embora você pudesse produzir um (ou baixar) com Max for

Figura 02 - Insert 4fxtks

TENHO DITO! Sobre o Ableton Live, muito se comentou que a deficiência do programa era sua limitação em

Figura 03 - Rename fxstks

Figura 04 - Audio Source

ver como se usa essa novidade! Para esse tutorial gostaria que vocês deletassem todos tracks e deixassem somente um track de “áudio”! Apague inclusive os canais de FXs/Sends, pois vamos criar outros canais auxiliares depois (clique no nome de cada track para selecionar e aperte a tecla Del). Agora aperte Ctrl + Alt + B no PC (Comm + Alt +B no Mac) para revelar o Browser, se não estiver

Figura 05 - Adressing outputs

Live. Recentemente, com o lançamento do Ableton Live 10, o Panner já vem incluído para baixar nas livraria adicionais; e vamos

aparente, e em Max for Live / Surround Panner.amxd e arraste o Panner para o 1 Audio (um duplo clique também funciona). Na sequência, aperte Ctrl + Alt + T (Comm + Alt no Mac) 4 vezes

Figura 06 - Sends only

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ABLETON LIVE| www.backstage.com.br

Figura 10 - 8 Speakers

dos outputs do “Surround Panner” para os canais auxiliares recentemente criado. Com o mouse selecione as opções disponíveis clicando em cada sub menu de cada par de stereo e habilite os Speaker (canais Aux no caso): A-Front, B-Back, C-Left, DRight (exatamente como havíamos

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Figura 07 - Moving axis

para criar quatro canais auxiliares. Apertando o botão direito com o cursor do mouse em cima do nome de cada canal criado, mude o nome

Do seu diretório de loops, arraste um para o 1 Audio Track e use esse Agogo Bells. Esse loop será nossa fonte sonora Figura 11 - Focus-Smooth

renomeado cada canal auxiliar). Podemos aqui endereçar para saídas externas (Exit Out). Com o propósito de simulação, caso você não tenha uma placa com múltiplas saídas, adotamos esse modelo de tutorial só para você sentir o funcionamento do Figura 08 - Speaker setup

de cada track para esses sugeridos na imagem (Ctrl + R no PC ou Comm + R no Mac – rename).

para testar o “Surround Panner”, nosso input. Então faremos os endereçamentos Figura 12 - Rotation

Figura 09 - 6 speakers

“Surround Panner”. Como estamos endereçando para os canais auxiliares, eu enderecei o “Audio To” do canal com o plugin “Surround Panner” como Sends Only, e monitoraremos as mandadas do som puro dos canais Aux e não para o Master! (seta verde imagem anterior). Na sequência, experimentaremos esses botões embaixo à esquerda que movimentam os axis X e Y simulando a aproximação desses pontos.


Figura 13 - Automatizável

Você pode mudar as configurações dos Speakers selecionando diferentes posicionamentos nesse outro Sub Menu (seta azul). E pode também habilitar um número maior de Speakers: 6 outputs, por exemplo. Ou 8 Speakers (digamos 4 pares de stereos outputs). No botão Focus você aumenta ou diminui a área de percepção em re-

lação a cada Speaker e no botão Smooth você suaviza a transição entre um Speaker e outro (setas verde e vermelha). Nesse botão Rotation você promove uma rotação controlada de Surround por todos os Speakers, dando um efeito que poderíamos chamar aqui também de Rotoscope (um efeito de animação da

câmara girando em volta do ator). Evidentemente que, em se tratando de Ableton Live tudo aqui pode ser mapeado e automatizado via MIDI. Digite Ctrl + M no PC, ou Comm + M no Mac para entrar em Map Mode (já abordado em edição anterior). Todos os parâmetros do Surround Panner plugin podem ser controlados pelos Botões ou Faders do seu controlador MIDI preferido, ou pelos MIDI Splines nos Tracks do Ableton Live, tudo muito simples e eficiente! É isso amigos, usem e abusem do novo “Surround Panner” do Ableton Live 10. https:// w w w. a b l e t o n . c o m / e n / p a c k s / surround-panner/ Caso você não tenha baixado ainda, precisa estar logado! Boa sorte a todos!

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PREPARAÇÃO DE UMA SESSÃO PARA MÚSICA Organize-se e evite imprevistos Cristiano Moura é produtor, engenheiro de som e ministra cursos na ProClass-RJ

Nas edições de setembro de 2016 e dezembro de 2017, aprendemos sobre os fundamentos de uma produção de vídeo e como preparar um projeto de pósprodução de som para vídeo no Pro Tools. Lembrando que estas edições estão disponíveis gratuitamente através do site da Backstage.

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esta vez, vamos confirmar se realmente estamos realizando todas as etapas de preparação de uma sessão para música. Muito mais do que dar nome à sessão e escolher configurações de digitalização do áudio, muito mais informação pode constar na sua sessão.

CONFIGURAÇÕES AO CRIAR UMA SESSÃO Ao criar uma sessão, precisamos definir detalhes sobre a geração de arquivos de áudio (Figura 1). A taxa de amostragem (sample rate) mais convencional usada em projetos musicais é de 44.1kHz, que é o mesmo de um CD. Porém se você tem um bom computador, espaço de disco de sobra e vontade de registrar sua gravação numa taxa de amostragem maior em busca de uma conversão mais precisa, fique à vontade para escolher taxas de amostragem maiores, mas é recomendado usar valores que sejam múltiplos de 44.1kHz. Ou seja, 88.2 kHz ou 176.4kHz. Com relação à quantização (Bit Depth), a recomendação geral é usar 24 bits, mesmo sabendo que um CD registra apenas 16 bits. Isto porque, durante a produção, normalmente vamos acres-

centar outros processamentos como equalização, compressão e muito mais, então considere os 8 bits a mais como uma “margem de gordura”. Mas cuidado com o desperdício! Além de 16 e 24 bits, o Pro Tools possui a opção de 32 Bit Float, que é útil ao fazer processamentos internos, por exemplo, gravar de uma pista para outra. Mas é desperdício usar para gravar instrumentos externos como guitarra, voz, baixo etc, pois os conversores das interfaces de áudio são de 24 bits. Então você pode configurar inicialmente sua sessão para 24 bits e, eventualmente, se em alguma hora você for gravar ou renderizar qualquer sinal internamente, você pode, se quiser, mudar a sessão para 32 Bit Float através do menu Setup > Session (Figura 2). Também precisamos configurar o Playback Engine (Figura 3), que está no menu Setup. Para gravar sem latência, ou seja, sem ouvir o seu instrumento com atraso, vamos alterar o H/W Buffer Size para 128 samples ou menor. Também não vamos usar vídeo, então é essencial desligar a opção “Video Engine”, que consome uma enormidade de memória RAM do seu sistema.


Figura 1 - Configurações iniciais da Sessão

CONFIGURANDO SUA GRADE - ANDAMENTO E COMPASSO Além de servir de referência de tempo para um baterista ou qualquer outro músico, existem outras centenas de utilidades em produzir sua música atrelada ao click, seja de navegação, edição ou até mixagem. Primeiro vamos criar o track de click, que é fácil; basta acessar o menu track > create Click Track. Porém, há um pequeno problema, o Pro Tools vem configurado com um som de click péssimo, com notas bem definidas e que vão atrapalhar muito. Então vamos alterar para o timbre “Marimba 2” nos dois campos (Figura 4). Agora para descobrir qual o andamento da música que pretende registrar, podemos usar um recurso chamado de “tap tempo”. Primeiro, pelo menu Window vamos abrir a janela “Transport”. Em segundo, se

a função “Conductor” estiver habilitada, vamos desativá-la tempora-

riamente (Figura 5). Agora, em terceiro, click no valor 120 BPM e pressione a letra “t” repetidamente, na velocidade do andamento que você imagina para a música, e repare que o valor vai sendo atualizado. Agora que você tem uma boa ideia de qual tempo usar, vamos habilitar a função “Conductor” novamente. Repare que a sessão vai voltar a mostrar o valor de 120 BPM, mas vamos alterar isso já. Voltando ao Edit Window, encontre um triângulo vermelho no início da régua de tempo (Figura 6) e, com um duplo click, digite o BPM correto na janela que se abre. Se houver mudança de andamento ou de compasso durante a música, você também pode alterar pelo menu Event > Tempo Operations > Tempo Operations Window para ajustes de andamento, ou Event > Time Operations > Change Meter para modificar o tipo de compasso. Outro detalhe que passa despercebido muitas vezes é a contagem de compassos. É normal deixar os dois

Figura 2 - Session Setup - para alterar o Bit Depth

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PREPARE HOJE, TUDO QUE VOCÊ PRETENDE USAR AMANHÃ

Figura 3 - Playback Engine

primeiros compassos em branco para usar de pré-contagem, antes

do na realidade no compasso 3, o que gera conflito e desentendi-

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gravando acompanhados de uma partitura, pois no papel provavelmente a música começa no compasso 1, e não no 3. Vamos corrigir isso através do menu Event > Renumber Bars. Na caixa de diálogo que se abre, basta configurar para que fique da seguinte forma: bar 3 becomes bar 1. Com isso, os primeiros dois compassos terão números negativos, e o compasso 3 vai ficar corretamente organizado como compasso 1.

Figura 4 - Configurações Click

da música de fato iniciar. Com isso, a música acaba inician-

Figura 5 - Transport Window - Função Conductor

mento entre o operador de Pro Tools e os músicos que estiverem

Mesmo antes do processo de produção, você já sabe mais ou menos que tipo de sonoridade você vai procurar, que instrumentos vai usar, efeitos e muito mais. Se você já deixar o cenário preparado, seu fluxo criativo sai ganhando. Por exemplo, se a música foi pensada para uma voz principal e três canais de backing vocals, já crie as quatro pistas para adiantar. Certamente, no meio do processo de gravação você vai querer ouvir seu material com reverb ou delay pelo menos. Então já se adiante e crie alguns canais de auxiliares de efeito. Por exemplo, 2 tipos de reverb, um delay longo e um curto, e um canal de phaser ou flanger, só por diversão. Além disso, já deixe os sends endereçados, com ganho zerado. Na hora que precisar, é só subir um fader e não toda a rotina burocráti-


Figura 6 - Song Start - Reconfiguração do tempo inicial

ca de criação de tracks, nomes, endereçados, escolha de efeitos etc. Você pode estender este conceito

todo esse trabalho que tivemos, pois será útil ao criar as próximas sessões. Através do Menu File > você vai en-

Figura 7 - Uso do template recém criado

para os instrumentos virtuais também. Crie com antecedência tracks com cordas, pads, percussão e todos aqueles outros elementos que a gente costuma sentir falta assim que a música vai tomando forma. Neste caso, só recomendo mantê-los inativos, pois eles consomem muita CPU e memória RAM, mesmo quando não estão sendo usados ainda. Então, para encerrar, vamos guardar

contrar a opção “Save as Template”. Salve com um nome fácil de lembrar. Assim, na hora de criar sua próxima sessão, você pode na janela inicial usar a opção “Create From Template” (Figura 7) e usar as mesmas configurações que estarão lá armazenadas. Abraços e até a próxima!

Para saber online cmoura@proclass.com.br

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ACÚSTICA OTIMIZAÇÃO DO MEIO DA COMUNICAÇÃO

Pedro Duboc é Técnico de Áudio e membro da Sobrac (Sociedade Brasileira de Acústica), ABPAudio (Associação Brasileira de Profissionais de Áudio), ASA (Acoustical Society of America) e AES (American Engineering Society).

Nesta edição vamos conhecer um pouco mais sobre acústica por meio de uma entrevista que fiz com Tairo Arrabal, Produtor Fonográfico e Mestre em Acústica Arquitetônica e Ambiental pela Universidade Ramon Llull, Barcelona, Espanha. redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

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esde 2010, Tairo Arrabal ministra treinamentos regulares em áudio profissional e, mais recentemente, após concluir o mestrado em acústica arquitetônica e ambiental, tem promovido a educação em acústica (através de sua empresa de consultoria Enginear Audio Solutions). Ele também já palestrou em diversos congressos como AES Brasil, CONTEPI, SemanAudio, ENTER e outros. A Acústica é 50% do nosso som. Quando se pensa em sonorização de ambientes fechados, a acústica assume uma grande parcela no resultado de qualquer projeto de sonorização. Nem mesmo o melhor sistema de PA do mundo vai oferecer a melhor das suas possibilidades em um ambiente acusticamente de-

plorável. E ainda mais: se tivermos um ambiente acusticamente decente, com tempo de reverberação apropriado, equilíbrio tonal adequado e reflexões controladas, por exemplo, quase sempre um sistema de sonorização relativamente simples é mais que necessário para atender tal ambiente. Uma boa acústica acaba por se traduzir também em economia na hora de adquirir o sistema de sonorização. Resumindo, entre quatro paredes, o resultado é sempre a combinação entre PA e acústica, exceto se você colocar fones de ouvido em todo mundo.

COMO SURGIU A PAIXÃO “Assim que me graduei em Produção Fonográfica pela Universidade Estácio


de Sá (RJ), em 2005, tive a felicidade de iniciar minha carreira profissional no Reuel Studios, um complexo de estúdios de propriedade dos cantores e produtores de música gospel, Cassiane e Jairinho Manhães. O Reuel é composto por três estúdios sensacionais onde uma das salas possui pé-direito de 7 metros de altura, acústica variável, piso de madeira de demolição, muitas janelas que proporcionam bastante luz natural. Enfim, é um projeto deslumbrante, diferente da solução convencional de salas iluminadas apenas artificialmente, espuma acústica e sensação de clausura. O estúdio foi desenhado pelos arquitetos John Storyk e Renato Cipriano, duas grandes referências profissionais para mim. A experiência de trabalhar, respirar e viver dois anos ali me fez apaixonar pela acústica. Outra grande vantagem de trabalhar no Reuel foi poder gerar, em um estágio tão inicial da carreira, uma boa referência sonora. Saber como instrumentos acústicos devem soar através de uma boa cadeia de sinal (Boa acústica > microfone > preamp > mesa > monitores > boa acústica novamente), poder ouvir um sistema 5.1 Genelec com caixas grandes (modelos 1038 e 1037) ou em sistemas 2.0 pequenos padrão como Yamaha NS-10 e Genelec 1031. Ao sair do Reuel, mergulhei no mundo do áudio ao vivo, um mundo do qual eu não tinha experiência à época. Ao me deparar com esse mundo, onde não existe CTRL + Z, enfrentei uma grande frustração com o resultado sonoro de sistemas de PA em ambientes com acústica precária. Alguns anos depois, passei a oferecer capacitação a outros técnicos, entusiastas e estudantes de sonorização já que muitos se queixavam da falta de cursos de sonorização em Manaus. No entan-

to, certo dia, um episódio deixoume diante de um enigma: na igreja onde trabalho, tivemos a oportunidade de substituir o já antiquado sistema de som da igreja, temporariamente, durante um período de três meses.

ACÚSTICA DESAFIADORA O sistema substituto era um LCR Meyer Sound Milo, com 26 elementos acompanhados de seu processador Galileu, que haviam sido alugados para um grande evento e havia uma proposta feita pelo dono do sistema Meyer Sound para que o adquiríssemos dele de uma forma acessível. A igreja havia encomendado um projeto acústico há alguns anos, porém não o havia executado ainda devido a outras prioridades “construtivas”, portanto a acústica do templo era desafiadora. Esses três meses foram os mais felizes no comando do PA (risos). A cobertura horizontal era, enfim, perfeita, tínhamos o sistema dividido em três zonas (tiro curto, médio e longo) e cada uma dessas zonas possuía sua própria correção de equalização nas altas frequências, de forma a compensar os diferentes níveis de absorção atmosférica que as altas frequências sofriam ao percorrer diferentes distâncias de tiro, e a prova de que tudo estava maravilhoso era o fato de que nestes três meses ninguém veio reclamar do som, e muito menos elogiálo! E isso é sinal de absoluto sucesso, pois, embora eu não me lembre o autor da história, não conheço analogia melhor: diz-se que o som é como o sal na comida. Quando está no ponto certo ninguém se lembra dele e todo sucesso daquela comida vai para os ingredientes ou para o cozinheiro ou para o restaurante e etc. Mas quando falta sal ou quando ele está em excesso, toda a atenção vai para o sal e, neste caso,

em forma de críticas. Para não ser injusto, preciso pontuar que, no meu caso, umas cinco ou seis pessoas, dentre uma comunidade de 40 mil indivíduos, ao longo desses três meses, vieram me perguntar o que havia sido feito de diferente no sistema de som, pois haviam notado uma grande diferença. Ao cabo de três meses, o pastor-presidente da igreja me chamou e disse que não ia prosseguir com a negociação do sistema Meyer Sound, pois, segundo ele, quando pregava, notava que o som havia piorado consideravelmente. Ao ouvir aquilo, me senti tão frustrado que pensei em desistir da profissão e voltar à universidade, mas cursando medicina desta vez (risos). Tal pastor é um homem muito inteligente, dono de um ministério internacionalmente reconhecido, frequentador das mais altas cortes, igrejas e parlamentos mundo afora, e ele sabia o que era som bom. Ele não estava equivocado, mas por que o som havia piorado? O templo em questão tem o formato de uma fatia de pizza gigante - sem colunas - e tal formato parabólico ou côncavo, se preferir, tende a devolver todo o som que é projetado em suas paredes côncavas, à posição focal da parábola, posição que é ocupada exatamente pelo pregador e, neste caso, o pastor-presidente, com um microfone cardióide sem fio na mão e muito longe da distância ideal da sua boca. Segundo ele, agora, ao pregar com o novo sistema de PA, ele ouvia mais reflexões discretas (ecos) produzidas pela parede côncava do fundo da igreja. Demorei a entender, mas este episódio afirmou ainda mais minha busca por uma especialização no exterior e a escolha seria um mestrado em acústica. Ao longo dos estudos concluí que a queixa do pastor era fundamentada, pois

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ÁUDIO FUNDAMENTAL| www.backstage.com.br 48

Tairo Arrabal, Produtor Fonográfico e Mestre em Acústica Arquitetônica e Ambiental

com o novo sistema de som havia mais som, comparado ao antigo, porém havia mais eco também. Para resumir: por conta da acústica deficiente do templo, a maioria não pode notar a diferença entre um sistema deficiente e um sistema top de linha! Após este incidente, eu jurei a mim mesmo que jamais me faltaria resposta para problemas tão simples de acústica. Se observarmos as civilizações antigas como os gregos e romanos, que tinham avançado conhecimento em acústica, e, aqui nas Américas, com os Maias não era diferente. Estes, através da acústica, recriavam o canto do quetzal, um pássaro adorado como divindade por eles. Hoje, mais de um milênio após os Maias, a maioria dos líderes eclesiásticos possui total ignorância acerca da importância da acústica, que, quando desprezada, causa desconforto, irritação e initeligibilidade da palavra aos frequentadores de um templo. Tal constatação me ocorreu após quase 15 anos de trabalho sonorizando templos, aplicando treinamentos e operando sistemas em

igrejas, semanalmente.

ECONOMIA DE RECURSOS A igreja não se importa em gastar R$ 250 mil em ar-condicionado, ou R$ 400 mil em porcelanato, mas torce o nariz com a ideia de contratar um especialista em acústica que irá orientar todo o projeto construtivo ainda na fase de planejamento. E quando deixam para depois de pronto, aí que fica caro mesmo, pois o gasto é ainda maior, afinal serão dois serviços: desfazer o que está errado e refazer corretamente. De outra forma, quando se contrata um especialista nos estágios iniciais do projeto, para orientar a construção do templo, grande soma de recursos é economizada, pois o profissional orientará o design do templo e fará com que ideias absurdas e erros de projeto sejam abandonados de imediato. Isso tudo a um custo de mais ou menos 1% ou 2% da obra! A acústica otimiza o meio de comunicação pelo qual a mensagem será entregue aos ouvintes em uma igreja. A própria ‘palavra’ nos ensina que “...a fé vem pelo ouvir...”, então garantir aos ouvintes que a ‘palavra’ seja ouvida

e bem compreendida é condição primordial em qualquer templo. Mas a ‘palavra’ nos ensina também que “...meu povo perece por falta de conhecimento...”. Então decidi voltarme à acústica e à educação sobre acústica, que é ainda mais importante, na tentativa de resgatar muitos da “ignorância acústica”. Hoje vemos muitos técnicos investindo em técnicas de alinhamento e otimização de sistemas e desprezando o componente da acústica que pode levar a reflexões indesejadas, combfilters e um tempo de reverberação excessivo que alinhamento algum possa corrigir. Por isso, afirmo que a acústica é 50% do som, pois até mesmo ao ar livre precisamos entender a propagação do som e as variáveis atmosféricas que podem alterar o comportamento do som. Creio que um bom profissional é aquele que seja perito. Se um técnico ou engenheiro de som despreza o componente acústico, ele pode errar no dimensionamento do sistema e também no resultado final do projeto. Muitos clientes me procuram e querem sugestões de sistemas de sonorização, pois já tentaram duas ou três opções de sistemas de PA em seus espaços e os resultados prometidos pelos vendedores não foi alcançado. A culpa do fracasso, que quase sempre é da acústica, recai sobre o vendedor do sistema ou sobre o técnico-operador dele, que acaba rotulado como incompetente, de forma injusta. Se este técnico tivesse conhecimento sobre acústica, teria orientado melhor seu superior na ocasião em que buscaram melhorar o sistema de som, e teriam, assim, economizado grande soma de dinheiro.

FUTURO Apesar da crise financeira que atravessamos, o momento é muito


promissor e só não está ainda melhor porque para muitos a acústica ainda é uma ciência oculta. Recentemente, em um artigo publicado em um dos maiores jornais do país, o Sindicato dos Síndicos afirmou que “barulho” é a queixa mais comum em condomínios em São Paulo, por exemplo. Já ouvi relatos que esta também é uma das maiores reclamações à polícia em chamadas para o 190. Enfim, a contaminação acústica é uma das mazelas urbanas que assolam nosso país, mas perde importância diante de tantas outras ainda mais graves como segurança pública, saúde, saneamento básico,

mentos. Esta norma prevê ainda que um apartamento pode ser construído de forma a atender um dos três níveis de isolamento previstos na norma, que podem ser classificados como de desempenho mínimo, intermediário ou superior. Isso já é um bom começo, mas também é um caso típico no Brasil, onde as coisas só funcionam onde há fiscalização. Por que os novos apartamentos estão sendo construídos segundo a norma? Porque a Caixa Econômica Federal só libera financiamento para unidades que atendam os requisitos mínimos da norma ABNT NBR 15575:2013. Se

Se um técnico ou engenheiro de som despreza o componente acústico, ele pode erra no dimensionamento do sistema...

etc. Porém, isso não faz dela inócua, mas a muitos ela ainda é invisível. Embora seja uma questão subjetiva (alguns indivíduos sofrem mais incômodo que outros), o “barulho” gera conflitos, deprecia imóveis e afeta a saúde da população. Desde 2013, por força de lei, desde que a norma ABNT NBR 15575:2013 (Norma de Desempenho Acústico de Edifícios Residenciais) passou a ser aplicada na construção de novos apartamentos, essa situação melhorou. A norma estabeleceu critérios mínimos para a construção de pisos de habitações conjugadas (apartamentos) e áreas comuns em edifícios, de forma a minimizar o incômodo que um vizinho possa causar a outro. Hoje, já percebo que, em edifícios mais jovens construídos segundo os critérios da norma, há um maior isolamento acústico entre aparta-

houvesse mais fiscalização quanto às queixas de barulho e som excessivamente alto, aliado a uma legislação que impõe duras penalidades a seus infratores, teríamos uma situação ainda melhor quanto à contaminação acústica em nossas cidades. Os níveis de pressão sonora que testemunhamos em nossos shows musicais é absurdamente elevado, mas já que não há fiscalização, cada um faz o que quer. Recentemente uma fonoaudióloga me relatou que, semanalmente, recebe pacientes que passaram a sofrer certa perda auditiva, zumbidos ou labirintite após irem a algum show onde foram expostos a níveis elevados de pressão sonora. Isto é muito danoso para a indústria do entretenimento, já que seu propósito é entreter e não causar um problema de saúde pública. Em face disso, tenho levado palestras, cursos e treinamentos sobre áudio

profissional e acústica a várias cidades do país e algumas no exterior, conscientizando os profissionais de áudio e o público em geral sobre a contaminação acústica e o que fazer para minimizá-la. As reações têm sido surpreendentes, pois muitos percebem que seus problemas não estão no PA, mas no ambiente que o abriga, ou que é mais barato investir na melhoria do isolamento de sua fachada, do que ir ‘para briga’ com um vizinho que o perturba. Em um país mais bem estruturado, o vizinho seria obrigado a se adequar ao conforto alheio, mas aqui no Brasil ainda falta fiscalização e fiscais devidamente treinados para uma aferição precisa e crível. Ainda há muita desinformação quanto ao assunto, por isso tenho me dedicado tanto à educação sobre este assunto”.

TRAJETÓRIA Tairo Arrabal iniciou sua carreira profissional em 2005, no estúdio onde trabalhou em álbuns de artistas gospel como Bruna Karla, Jozyanne, Jairo Bonfim, Toque no Altar, Lauriete e Cassiane, que ao lado do produtor Jairinho Manhães, é dona do Reuel Studios. Como assistente de estúdio e técnico de gravação, trabalhou sob o comando de engenheiros renomados como Gere Fontes Jr., Anderson Trindade, Pepe Menezes, Willian Jr., Flávio Senna e outros. Em 2007, mudou-se para Manaus (AM), a convite do Ap. Rene Terra Nova, a fim de assumir o departamento de áudio do Ministério Internacional da Restauração (MIR Manaus) uma igreja com mais de 40 mil membros que inaugurava seu templo de 5 mil lugares. À serviço do MIR, Tairo atuou como técnico de PA, engenheiro de sistemas e engenheiro de gravação em eventos nacionais e internacionais.

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br

Foto: Ernani Matos/divulgação

PARCERIA APRESENTA NOVOS PRODUTOS DE ÁUDIO Profissionais do setor de áudio participaram de evento de demonstração de equipamentos de áudio de empresa belga. redacao@backstage.com.br Foto: Ernani Matos/ divulgação

E

ntre os dias 18 e 20 de junho, a Gobos do Brasil, em parceria com a Apart Audio, fabricante belga de áudio profissional para instalações fixas, promoveu no Rio de Janeiro e São Paulo um evento para divulgação de produtos e soluções em áudio. O encontro foi voltado para pessoas que trabalham com revendas, instaladores e integradores. Simon Talloen, representante de vendas para a América Latina da Apart Audio, iniciou o evento apresentando a empresa, seus valores, além de explanar sobre os mercados verticais em que a companhia atua. Esteban Risso, diretor comercial da

Gobos do Brasil, levou um pouco de conhecimento técnico aos participantes, explicando sobre as diferenças entre instalações de baixa impedância e alta impedância. Também abordou tecnicamente os temas “inteligibilidade da fala” e “componentes de um sistema de áudio”. As demonstrações de produtos e audições ficaram a cargo de Fabio Lopes, consultor técnico da Gobos do Brasil e de Esteban Risso, que puderam demonstrar a ampla e completa linha de produtos da Apart Audio, como caixas de som, arandelas, amplificadores, matrizes, pré-amplificadores, players e acessórios. “Foi muito bacana poder estabelecer


Brasil atua nesse mercado em parceria com os profissionais do setor, ajudando desde a concepção do projeto e fornecimento dos produtos, até o pós-venda, por meio de nossa eficiente e ágil assistência técnica”, comenta Esteban Risso. Simon Talloen comentou que ficou bastante impressionado com a organização dos eventos, desde a escolha dos locais, dos materiais apresentados e, principalmente, dos participantes. “Eles demonstraram estar muito receptivos e contentes em conhecer nossas soluções e parceria”, completou. A Gobos do Brasil é distribuidora exclusiva da Apart Audio no Brasil.

Mais informações: www.gobos.com.br/audio/apart

novas parcerias comerciais para a Apart Audio no Brasil. Percebemos que o mercado de instalações

fixas de áudio profissional está carente de bons produtos, entrega imediata e pós-venda. A Gobos do

audio@gobos.com.br Tel: +55 11 4368.8291

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 52 Debates sobre mixagens, um dos temas do encontro da edição AES 2018

21ª CONVENÇÃO DA AES BRASIL ATRAI PÚBLICO QUALIFICADO EM SÃO PAULO Evento da Sociedade de Engenharia de Áudio (AES) foi realizado em novo formato e priorizou a troca de conhecimento.

redacao@backstage.com.br Fotos: Ernani Matos Flávio Bonanome

R

ealizada entre os dias 21 e 23 de maio de 2018 no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo, a 21ª edição da Convenção da Sociedade de Engenharia de Áudio reuniu mais de 2.500 profissionais para palestras, trei-

ao vivo, gravação, mixagem, instalação, áudio para produção audiovisual e outras verticais do segmento. Foram mais de 60 horas de programação com palestras, treinamentos e mesas redondas abordando temas de alto valor

Foram mais de 60 horas de programação com palestras, treinamentos e mesas redondas abordando temas de alto valor namentos, visitas técnicas e exibição de tecnologia. Estreando um novo formato, mais dedicado à troca de experiências entre os visitantes, o evento reuniu o melhor da tecnologia para sonorização

para os profissionais dos diferentes segmentos do áudio. Enquanto que sessões como “Efeito Doppler em Alto-falantes” ou “A Importância de Filtros com Singularidades Reais com Aplicações


em Áudio” traziam as atuais discussões do áudio acadêmico, palestras como “Criando um espaço 3D na mixagem” e “Gravação orquestral e film scoring” abordaram o aspecto mais prático do dia a dia de muitas das aplicações dos profissionais do setor. A realidade virtual esteve presente no terceiro dia, com diversos painéis discutindo a implementação deste novo campo de atuação em diversos meios de distribuição de conteúdo. Outro destaque ficou por conta do “Seminário Meyer Sound” realizado nos dois primeiros dias do evento com um caráter mais focado no treinamento dos profissionais. Ministrado pelos renomados engenheiros Mauricio “Magu” Ramirez e Oscar Barrientos, o workshop deu aos inscritos a possibilidade de aprender mais sobre a teoria e a prática

O estande da Harman foi um dos mais visitados durante a AES

de Arranjos Curvilíneos de Sistemas de Sonorização. Na Arena Livre, espaço aberto ao público visitante para assistir palestras, houve a presença da nova diretoria do SATED, esclarecen-

do dúvidas dos profissionais de áudio e oferecendo oportunidades de avanço profissional. O Presidente da AES Brasil, José Anselmo “Paulista” apresentou o resultado de uma pesquisa realiza-

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 54

Estande da Audio-Technica levou novidades e demonstrações para o público

da para AES Brasil cujo objetivo foi detectar o perfil do profissional de áudio brasileiro.

de shows Bar Brahma. Outras duas atividades foram as visitas guiadas até a sede do Facebook

Mãe de Deus, para ver de perto como funciona uma operação de grande escala para o segmento religioso, incluindo sonorização para mais de 100 mil pessoas e transmissão ao vivo para TV e internet, tudo girando em torno da tecnologia Midas de mesas e processamento. Os participantes também foram até o Teatro Renault para conhecer os bastidores do espetáculo “A Noviça Rebelde” como conteúdo complementar à palestra ministrada por Marcelo Claret, responsável pelo projeto de áudio da peça. Recebendo amplo apoio do mercado, a AES Brasil Expo 2018 contou com 13 empresas patrocinadoras que tiveram um lounge dedicado para a exposição de suas soluções e

VISITAS TÉCNICAS Uma novidade para os participantes da Convenção da AES Brasil 2018 foi a programação de visitas técnicas que trouxe o aprendizado na prática para a pauta do evento. Foram realizadas quatro atividades, a primeira delas a demonstração do novo sistema line array da Electro-Voice, que ocorreu na casa

Recebendo amplo apoio do mercado, AES Brasil Expo 2018 contou com 13 empresas patrocinadoras... no Brasil, para entender melhor os desafios do áudio instalado no mundo corporativo, e ao Santuário

tecnologias. Foram elas, as Distribuidoras Proshows, Pride Music, Quick Easy e Quanta Pro e as fabricantes Harman, Sennheiser, MGA, AED, Next Pro, Yamaha, Oversound, Auratec e Taigar exibindo produtos como microfones, alto-falantes, sistemas de sonorização, consoles de mixagem, interfaces, softwares e até estruturas metálicas para montagem de palco.

EXAMES DE AUDIÇÃO

Homero Sette recebeu homenagem durante a AES pelos mais de 50 anos prestados ao áudio no Brasil

A fim de contribuir com o bemestar do profissional de áudio, a Audicare fez uma ação de saúde ocupacional, com o apoio da AES Brasil. Durante o evento, profissionais da área de Audiologia realizaram exames gratuitos de audição para os participantes. A Sennheiser encampou o conceito de mostrar a tecnologia aplicada


Joel Brito, Anselmo ‘Paulista’, Luiz Fernando Cysne e José Carlos Guiner na homenagem ao autor (Cysne) do primeiro livro sobre Engenharia de Áudio publicado na língua portuguesa

ao atendimento de seus clientes e trouxe para o evento uma câmara anecóica, utilizada para aferição de

seus microfones e da linha de monitores de estúdio Neumann. Os participantes tiveram oportunida-

de de examinar de perto, verificando a sofisticação e profissionalismo da empresa e de sua equipe. Para José Anselmo, presidente da AES Brasil, a edição 2018 da Convenção teve sucesso. “Pesquisas de satisfação ainda estão sendo tabuladas, mas as preliminares indicam um alto grau de satisfação. As publicações em redes sociais também têm sido bastante favoráveis”, comemora. “Claro que há um momento de transição ainda acontecendo, mas tanto visitantes como empresas e palestrantes nos procuraram para passar um diagnóstico positivo, e para nós esse é o real objetivo: criar um evento que dê ao segmento as oportunidades que estão buscando”, complementa.

Saiba mais www.aesbrasilexpo.com.br

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VITRINE ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br

CADERNO ILUMINAÇÃO

SEVEN PAR IP™ SERIES www.elationlighting.com Os modelos Seven PAR 7IP e o SEVEN PAR 19IP com 7 e 19 LEDs, respectivamente, ambos espalham uma luminosidade a 25 graus e produzem perto de 80% de lumens comparados a outros equipamentos semelhantes. Perfeito para ser aplicado tanto em produções ou instalações como efeito wash, luz superior, iluminação de parede, coloração de truss e muito mais, o SEVEN PAR IP possui um novo design de IP65 que permite uso interior e exterior. O aperfeiçoamento do case de alumínio proporciona uma melhora no controle térmico e gerenciamento do calor, garantindo estabilidade, melhor performance e longevidade do equipamento. Usando LEDs de longa duração de 25W 7 em 1, RGBAW + Lime + UV LEDs, o espectro de cores nunca foi mais amplo. A paleta de cores expandida, incluindo âmbares dinâmicos, brancos reais e até mesmo efeito ultravioleta. O Lime LED produz uma saída melhor de branco mesclado e melhora no CRI em todas as temperaturas de brancos. O Amber LED estende a variedade de cores e proporciona um efetivo recurso de controle de temperatura e maior renderização de cor. Além de tudo isso, um design ótico superior produz melhora na mesclagem de cores e suavidade de campo, e a capacidade do SEVEN PAR IP cria projeções poderosas de cores uniformes em qualquer superfície. A zona de controles de LED permite ainda possibilidades de outros tipos de design e aparências eye candy.

POLARIS www.pr-lighting.com Com o verão bombando no hemisfério norte, também pipocam os festivais de música ao vivo ao ar livre. Apostando na estação de calor e nos shows de verão, a PR Lighting anuncia o lançamento do mais novo equipamento perfeito para encarar qualquer tipo de intempérie, a luminária de LED e efeito wash Polaris (PR-6805). Com seu IP67 rating, o Polaris tem como fonte 7 lâmpadas SMT LED de 15W 4 em 1, com uma temperatura de cor de 3200K-10000K. Cada pixel é controlável independentemente. Outras características incluem: estrobo eletrônico (0-25 fps, com preset de efeito strobo pulse); Dimmer (0-100% de ajuste linear); efeitos: Rainbow, Wash, Beam modos Spot (swirl, caleidoscópio), com muitos macros e mesclas de cores ilimitadas; ângulo de luz de 4°-40°; rotação bi-direcional e contínua do módulo de lentes frontais. 14 canais de controle (modo padrão), 39 canais (modo extendido); função controle sem fio DMX, proteção conta superaquecimento, e peso de apenas 8,4kg.


ARC LED 1360 STROBE T/DIS www.pr-lighting.com O modelo produz um poderoso strobo gráfico que pode produzir um punch impressionante em uma grande área de cobertura. O fato é que o IP67 faz do ARC LED um equipamento para ser utilizado em áreas externas e descobertas. Está disponível em branco frio (6500K) e branco quente (3000K), display LED com quatro botões. O equipamento possui 120° de ângulo de campo, opera sem flick, permitindo seu uso em TV e filmagens. Sua fonte de luz deriva de 360 LEDs x 1W Osram, por isso o flash rate fica entre 0-25 fps (com macros). Outras características incluem ajuste linear do dimmer de 0100%, quadro de temperatura do LED e tempo de uso do equipamento, proteção contra super aquecimento, além de que todos são embalados sem uma caixa especial de alumínio IP67. Seu peso é de apenas 9kg.

MOVING HEAD KF-6190 www.star.ind.br Este equipamento da Star Lighting possui 14 canais DMX, lâmpada EMH 575/ 75, disco de cor de 7 cores + branco, efeito Rainbow, disco de gobo com 7 gobos + Aberto, gobo rotativo, sendo o diâmetro do gobo externo de 34,5mm, área de luz de 30mm, prisma rotativo de 3 faces, além de PAN/TILT de 540°/280° (silencioso), respectivamente, dimmer 0-100%, Shutter/strobo, foco via mesa, correção automática de posição. O KF6190 tem dimensões de 55 x 45 x 40 cm, peso de 29 kg e alimentação de 220V.

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CADERNO ILUMINAÇÃO

Abertura do show da banda americana Bon Jovi no Madison Square Garden (NYC) –turnê This House is Not For Sale Tour 2018, no dia 10/05/2018. Fonte: Madison Square Garden (Facebook)

ILUMINAÇÃO CÊNICA Divisoras de águas na história da Iluminação Cênica, as luminárias móveis (moving lights) permitiram a produção de conceitos e cenários dinâmicos, empolgantes e revolucionários. Estruturas móveis começaram a ser inseridas ainda na década de 1970, entretanto, na maneira como têm se apresentado ultimamente, começam a ser comparáveis com a revolução anterior. Seria essa uma nova tendência para a Iluminação Cênica?

ABALANDO AS ESTRUTURAS BON JOVI NO MADISON SQUARE GARDEN (NYC) Cezar Galhart é técnico em eletrônica, produtor de eventos, baixista e professor dos Cursos de Eventos, Design de Interiores e Design Gráfico do Unicuritiba e pesquisador em Iluminação Cênica.

N

esta conversa, a produção da turnê This House Is Not For Sale, da banda americana Bon Jovi, será analisada com base na proposta conceitual e de estruturas, com mecanismos móveis e dinâmicos, atrativos e extremamente instigantes, proporcionando constantes modifica-

ções nos recursos estruturais, contextualizados com uma produção perspicaz e fascinante. A indústria do entretenimento e dos espetáculos teve sua mais expressiva evolução a partir da segunda metade da década de 1950, com o desenvolvimen-


Cena do show da banda americana Bon Jovi no Madison Square Garden (NYC) –turnê This House is Not For Sale Tour 2018, no dia 10/05/2018. Fonte: Cezar Galhart

to das primeiras luminárias móveis – utilizadas em produções mais modestas, mas que também começariam a integrar shows e ‘excursões’ de artistas e bandas. Na década seguinte, teria ainda um salto mais expressivo com a criação dos refletores do tipo PAR, que permitiram a diversificação dos métodos e efeitos de iluminação cênica, em condições inimagináveis nas décadas anteriores. Na década de 1970, repleta de inovações, outros recursos cênicos surgiram, conferindo aos palcos dimensões e configurações ímpares, que servem de referência até a atualidade, sob diversos aspectos. Turnês de artistas e bandas tais como David Bowie, Pink Floyd, Queen, Genesis e Yes, entre outros, tiveram intervenções

visionárias de Lighting Designers tais como Mark Ravitz, Patrick Woodroffe, Arthur Max, Joe Travato e Michael Tait, que desenvolveram concepções cênicas espetaculares com estruturas impressio-

produções dos shows à condição de megalomania. As turnês atingiram patamares de públicos nas casas dos milhares de espectadores, e o faturamento no setor também elevou essa categoria a níveis

A indústria do entretenimento e dos espetáculos teve sua mais expressiva evolução a partir da segunda metade da década de 1950... nantes, imponentes e dinâmicas. Na década seguinte, com o surgimento dos moving lights (da maneira pela qual são utilizados atualmente) e do conceito de IMAG, os espetáculos no estilo AOR (Album-oriented Rock ou espetáculos de arena) conduziram as

inimagináveis até então. Foi neste período que surgiu a banda americana Bon Jovi. Formada em 1983 pelo vocalista (homônimo) Jon Bon Jovi (pseudônimo de John Francis Bongiovi Jr), o tecladista e guitarrista David Bryan, o baixista Alec John Such, Tico Torres na ba-

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Cena do show da banda americana Bon Jovi no Madison Square Garden (NYC) – turnê This House is Not For Sale Tour 2018, no dia 10/05/2018. Fonte: Cezar Galhart

teria e o guitarrista, compositor e backing vocals Richie Sambora. Esta banda, originada em Sayreville (New Jersey) destacou-se ainda no início dos anos de 1980 pelo estilo AOR e pelo carisma, principalmente do vocalista que, além de batizar o nome da banda, criou uma referência para o Hard Rock que viria a influenciar diversas bandas. Com treze álbuns de estúdio gravados, lançaram This House is Not For

Torres, David Bryan, marca a oficialização de Hugh McDonald no baixo e backing vocals e do exímio músico Philip Eric Xenidis, conhecido como Phil X nas guitarras base e solo, além de talking box e backing vocals. Somamse à banda os músicos John Shanks (guitarra e backing vocals) e Everett Bradley (percussão e backing vocals). A This House is Not For Sale Tour foi dimensionada para ginásios e arenas

O local da apresentação analisada dispensa mais argumentos. O Madison Square Garden... é a ‘arena mais famosa do mundo’ Sale em novembro de 2016, e iniciaram a turnê com o mesmo nome do último álbum no dia 08 de fevereiro de 2017. No fim daquele mesmo ano foram indicados ao Rock and Roll Hall of Fame 2018. Como parte da celebração dessa conquista, estenderam a turnê para mais uma sequência de vinte e oito apresentações na América do Norte. Esta conversa será centrada na apresentação da banda no Madison Square Garden, na cidade de Nova Iorque (EUA), no dia 10 de maio de 2018. Esta turnê, além de Jon Bon Jovi, Tico

poliesportivas, uma vez que as estruturas de iluminação foram idealizadas de maneira a utilizar todo o espaço cênico, inclusive no plano horizontal superior e com elementos suspensos. O local da apresentação analisada dispensa mais argumentos. O Madison Square Garden (MSG ou também conhecido como “The Garden”) é a “arena mais famosa do mundo”, tendo sido ‘palco’ de apresentações históricas, registradas nesse local para a posteridade, como o emblemático Concerto para Bangladesh, organizado


Destaque do show da banda americana Bon Jovi no Madison Square Garden (NYC) –turnê This House is Not For Sale Tour 2018, no dia 10/05/2018. Fonte: Madison Square Garden (Facebook)

por George Harrison e realizado naquele local em 1971. Estrutura ímpar, com acessos seguros e bem iluminados, além dos serviços (triagem, orientação e alimentação) prestados com competência e profissionalismo. O principal conceito da turnê - “a casa” – esteve presente desde a primeira cena - uma casa estilizada em construção, com o apoio de treliças e torres de iluminação. Dinamis-

tos estéticos simétricos. Todo o projeto da turnê foi concebido pelo Designer de Produção e Iluminação Doug “Spike” Brant, que já trabalhou com Beastie Boys, Beck, Mary J. Blige, Beyoncé, Dr. Dre, Ice Cube, Lil Wayne, Soundgarden e Pearl Jam, entre outros. Também para a turnê, o diretor de iluminação e programador de automação, Joe Bay, em sua primeira turnê.

O principal conceito da turnê (...) esteve presente desde a primeira cena - uma casa estilizada em construção... mo, design e uma homenagem ao Rock’n’Roll estiveram presentes como recursos e instrumentos que ajudaram a contar uma história, roteirizada e programada com um console full-size grandMA2 – responsável pela automação, iluminação e vídeo -, sendo este equipamento também integrado com o sistema TAIT Navigator para controle de movimento. O rig de iluminação foi estruturado com peças móveis e torres hexagonais contornando todo o palco, propiciando também um fechamento cênico e elemen-

Ainda sobre o conceito, diversos elementos visuais identificados no show remetem à capa do último disco - uma casa dilapidada com raízes. Com enfoque mais minimalista, o projeto gráfico e visual claramente esteve centrado na valorização das canções, em detrimento da produção visual, sendo os elementos cênicos centrados nas mensagens musicais, mesmo que introspectivas em alguns momentos; em outros edificantes, contextualizados com a ideia de casa, sugerindo uma construção contínua com evolução sutil e atemporal, em um show

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CADERNO ILUMINAÇÃO

Cena do show da banda americana Bon Jovi no Madison Square Garden (NYC) –turnê This House is Not For Sale Tour 2018, no dia 10/05/2018. Fonte: Cezar Galhart

envolvente e dinâmico. No repertório, canções de onze álbuns, em um total de vinte e três, cada qual com uma estrutura cênica única, e múltiplas dinâmicas inseridas em cada número do espetáculo. Na abertura, a faixa título do último álbum, e a visualização da ‘casa’, propriedade esta que fechava a banda em um cenário intrigante e mágico. O mais importante álbum da banda (Slippery When Wet, de 1986) abriria a sequência de hits, com Raise Your Hands e You Give Love a Bad Name (que no bis ainda teria Wanted Dead or Alive e Livin’ on a Prayer - marca registrada da banda). Como destaques complementares, canções que dominaram as programações das rádios em três décadas de sucessos seriam conduzidas com maestria e carisma. Álbuns como New Jersey (1988) (com as canções Born to Be My Baby, Lay Your Hands

on Me, Bad Medicine) e Keep The Faith (1992) (com I’ll Sleep When I’m Dead, Keep the Faith, Bed of Roses e In These Arms) formaram uma coletânia de sonoridades que marcaram gerações, ilustradas por imagens construídas a partir das referências anteriormente citadas, com nítida homenagem à própria história e à maturidade da banda percebida pela evolução musical. Referências à arquitetura também estiveram presentes nos fachos de luzes, volumétricos e definidos, e nas formas, pela ‘reconstrução’ da casa em planos que se alternavam nos elementos geométricos básicos e reconhecíveis, ou em formas abstratas transitórias e mensagens metafóricas. Neste sentido, o palco se reduzia a uma casa itinerante, cercada de componentes visuais e alinhados à própria história da banda e do Rock’n’Roll, além dos ‘vizinhos’ – fãs, espectadores e local de realização – que viabilizam as su-

gestões de ‘lar’ e ‘conforto’ como elementos sugeridos e visualmente percebidos, pelas cores, pela interação da banda com o público, pelo envolvimento coletivo e emocional. Se essa for uma das tendências na produção de shows, essa turnê da banda americana Bon Jovi já se destaca como uma referência prodigiosa e surpreendente. Finalmente, evidencia-se com louvor o comprometimento da banda em oferecer um espetáculo musical memorável, com uma performance formidável, além de uma proposta visual fascinante e repleta de criatividade, tornando o show ainda mais significativo, desconstruindo padrões e abalando qualquer ceticismo sobre o futuro da banda e da iluminação cênica! Abraços e até a próxima conversa!

Para saber mais redacao@backstage.com.br


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LUIZ CARLOS SÁ | www.backstage.com.br 64

Foto: George's Studio

EU E A MÚSICA

CAMINHANDO CONTRA O VENTO

M

inha vida musical nos anos 60 girou basicamente em torno da garagem da Luli. Explicando melhor: Luli (depois “Luhli”, com Luhli & Lucina) morava a meio quarteirão da minha casa. Em sua espaçosa garagem, naquela confortável e linda casa da rua Clóvis Beviláqua - Tijuca, Rio de Janeiro, Brasil - a música tomou o lugar dos carros. Por ironia do destino, nos conhecemos num ônibus (o 26, Usina-Mourisco), eu voltando do Andrews e ela do São Fernando, nossos colégios. Fiquei pasmo ao descobrir semanas depois que aquela minha amiga do buzum - uma ruivinha magrela, espevitada e falante - tocava um ótimo violão e compunha músicas que estavam anos-luz adiante do meu estágio de compositor principiante. Além disso, Luli dava aulas e por anos a fio iniciou dezenas de alunos nos mistérios da estruturação de uma música. Com o tempo, sua garagem acabou por reunir tipos diversos – e, não raro, exóticos – de artistas das mais diferentes tendências: gente de cinema, teatro, jornalistas, produtores de arte... Numa dessas noites de tertúlias lítero-musicais em que eu me lamentava sobre as

limitações que a censura ditatorial impunha às minhas músicas (estamos falando de 1967) a querida amiga Tetê Moraes me falou sobre a formação de um jornal-escola que seria encartado no “Jornal dos Sports”: um staff de jornalistas profissionais de alto nível chefiado por Reynaldo Jardim – o homem por trás da histórica e revolucionária transformação do “Jornal do Brasil” no começo dos 60 - selecionava candidatos que quisessem fazer parte da equipe. Não pensei duas vezes, visto que jornalismo sempre havia sido meu plano B. Assim foi que na manhã seguinte eu já estava com Tetê no velho prédio do Centro que sediava o jornal. Entrando na redação dei logo de cara com Nelson Rodrigues, que eu idolatrava desde os tempos de A Vida Como Ela É, coluna proibida para meus olhos então infantis e por eles devidamente devorada logo que meu pai saía e largava o diário em algum canto da casa. Além disso, eu e Nelson dividíamos uma ardorosa paixão pelas cores do tricolor carioca, nosso Fluminense. Eu não perdia nenhuma de suas colunas esportivas.


LUIZCARLOSSA@UOL.COM.BR | LUIZCARLOSSA.BLOGSPOT.COM Fiquei então ali, extático e estático, admirando a figura de um branco esmaecido (mais tarde ele definiu-me sua cor como “branco-redação”) barriga proeminente, olhos empapuçados, calças seguras por largos suspensórios, lábio inferior caído e – claro! - um azulado olhar rútilo e penetrante, que logo cedeu ao tédio de ver-me ali tolhido por uma - para ele - inexplicável perplexidade. Presenteou-me então com um bufo irônico que guardo até hoje na memória como uma espécie de troféu e ato contínuo virou-me as costas. Tetê tirou-me desse transe com uma vigorosa sacudida: - Vamos falar com o Reynaldo. Reynaldo Jardim tinha também os arregalados olhos azuis de Nelson, só que por trás de grossas lentes de míope. Acolheu-me paternalmente e me surpreendeu ao dizer que conhecia e gostava das minhas músicas, “principalmente aquela que a Nara gravou”. Minha autoestima melhorou bastante e a partir dali tive firmeza suficiente para levar adiante a entrevista e convencê-lo de que meu lugar era naquela redação. Em menos de uma semana já tinha uma mesa, escrevendo colunas de variedades, ora como repórter, ora como crítico de música internacional, chefiado pela doce – e firme – Martha Alencar. Me virava também como fotógrafo e estava adorando aquilo tudo: o barulho das laudas sendo freneticamente datilografadas (o cheiro mesmo da papelada!), a urgência vibrante dos teletipos, a correria vivaz daquela redação carregada de juventude e vontade, topando tudo e o que mais rolasse. Ao mesmo tempo, tínhamos inesquecíveis aulas de mestres da redação e do jornalismo, como a própria Martha, Otto Maria Carpeaux, Ana Arruda Callado, Carlos Heitor Cony, Galeno de Freitas, Zuenir Ventura e outros nomes hoje firmados como referências no escrever em jornais ou livros. No entusiasmo da hora, a música já me parecia ser o plano B e o jornalismo a vocação principal. Mas um acontecimento me fez cair de novo no caldeirão dos sons. Eu trabalhava ao lado de Dedé Gadelha, à época mulher de Caetano Veloso. Dedé me parecia ser uma menina tímida, de beleza suave, que costumava falar baixinho com um delicioso sotaque baiano. Caetano volta e meia aparecia por lá. Nós nos conhecíamos do tempo em que éramos ambos contratados de Guilherme Araújo. Numa tarde, começamos a conversar

sobre o Festival da Record e ele me falou sobre o que seria sua apresentação com a música Alegria, Alegria: - É assim, uma marchinha simples, mas quero dar um toque mais pop. Vou entrar com um grupo de rock, uns argentinos, guitarras elétricas, um som mais pesado... - Rapaz – respondi – você vai segurar uma barra. Mas é uma ideia interessante. Falei isso porque o Brasil passava então uma fase semelhante à que existe hoje, em termos de divisão ideológica: a esquerda ultranacionalista, num contraditório exercício reacionário, renegava qualquer menção ao som anglo-americano que chegava com mais força a partir do megassucesso dos Beatles. Tinha havido até um tal “movimento anti-guitarra-elétrica” com a participação de alguns dos nomes mais conhecidos da MPB. Para um músico como Caetano, até então – visto seu LP Domingo, com Gal – visceralmente ligado à MPB de João Gilberto, Donato, Edu Lobo e outros autores e artistas mais tradicionais, figura a princípio atuante no antagonismo ao sucesso do “iê-iê-iê” de Roberto Carlos, Erasmo, Wanderléia e outros, era uma guinada e tanto. Mas para mim aparecia jornalisticamente como um verdadeiro “furo”. Enfim, o festival da Record de 1967 acabou por alavancar a carreira de Caetano e definir seu posicionamento sempre polêmico dentro da história musical brasileira. Mas perceber o foco de Caetano em sua carreira, mesmo que isso lhe custasse uma redefinição de propósitos, fez com que eu repensasse os meus próprios e decidisse continuar a compor. Pouco tempo depois “O Sol” caiu premido pelas dificuldades financeiras do “pai”, Jornal dos Sports. Mas caiu de pé, deixando um forte rastro de inovação, que teve sequência quando Reynaldo Jardim foi chamado para redesenhar gráfica e jornalisticamente o veterano “Correio da Manhã”. Junto com ele fomos nós, a “Turma do Sol”. Promovido a editor, ganhei a responsabilidade de criar um encarte de música e cinema alternativo, o “Plug”, e pude formar uma equipe de preciosos colaboradores, como Torquato Neto, Wally Salomão, Mariozinho Rocha, Monica Hirsch, Leila Barbosa, Graça Motta e Vera Sastre. Aprender a escrever e pensar com mestres como Reynaldo, Nelson, Zuenir, Martha, Ana Arruda, Cony, Galeno e Carpeaux é uma herança preciosa da minha juventude, da qual me orgulho e não abro mão.

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C.Ibañez ............................. (51) 3364-5422 ....... www.cibanez.com.br .......................................................... 53

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CSR .................................... (11) 2711-3244 ....... www.csr.com.br .......................................................... 20 e 21 Decomac ............................ (11) 3333-3174 ....... www.decomac.com.br ................................................ 4ª capa Gabisom ............................................................... gabisom@uol.com.br .......................................................... 63 Gobos do Brasil .................. (11) 4368-8291 ....... www.gobos.com.br ............................................................. 45 Harman ................................................................ www.harmandobrasil.com.br ...................................... 3ª capa João Américo Sonorização . (71) 3394-1510 ....... www.joao-americo.com.br .................................................... 8 LPL ....................................................................... www.lpl.com.br ..................... ........................................31 Oneal Audio ....................... (43) 3420-7800 ....... www.oneal.com.br ................................................................ 9 Power Click ....................... (21) 2722-7908 ....... www.powerclick.com.br ..................................................... 13 Star Lighting ....................... (19) 3838-8320 ....... www.star.ind.br ................................................................... 61 TSI ........................................................................ www.tsi.ind.br ................................................................ 2 e 3


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