Edição 288 - Novembro 2018 - Revista Backstage

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Sumário Ano. 25 - novembro / 2018 - Nº 288

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Geoff Emerick: o pintor de sons

A disposição para seguir as loucuras de George Martin e os Beatles o ajudaram a levar a gravação e a mixagem muito além do simples registro da performance musical e fazer parte da concepção artistica do album.

NESTA EDIÇÃO

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Adair Daufembach, um catarinense de 38 anos, encontrou na produção musical sua grande contribuição para o mundo da música. É o tipo de produtor metódico e extremamente atento aos mínimos detalhes, mas que não perde a sensibilidade quando está trabalhando com as bandas. Agora, morando nos Estados Unidos, ele vive um novo momento, expandindo sua influência entre músicos estrangeiros de elite.

08 Vitrine O pacote ATM-DRUM7, da AudioTechnica, é constituído por uma seleção de cinco microfones especialmente projetados para bateria. Veja também: software ArrayCalc, e sistema GSL, da D&B, e os arrays da Next Pro Audio.

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20 Gustavo Victorino Saiba as notícias mais quentes do mercado.

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Ao projetar a interface ArmoníaPlus, o objetivo foi conseguir acesso direto às funções, ícones simples e o mínimo de submenus. A ideia é reproduzir o processo físico de design de áudio com um fluxo de trabalho que permita navegação rápida.

Rápidas e Rasteiras Entre os destaques da RR, o enontro de produção musical promovido pela AES, na Cia dos Técnicos, Rock in Rio, MIMO em Paraty, novo musical com Marisa Orth e Daniel Boaventura, conferência da B&K, workshop da Allen & Heath e muito mais.

18 Play Rec Neste mês, Marcos Amorim com seu Sea of Tranquility, Monstros do Ula Ula, com a Balada do Tikirisipolvo, o guitarrista Fábio Santini em E Assim... e o Acrílico, de Nina Becker.

Preview Powersoft ArmoníaPlus

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Voo solo de Daniela Spielmann A saxofonista e flautista lança Afinidades, o primeiro disco autoral em20 anos de carreira.

64 Eu e a música Fazer arte ou ganhar dinheiro? O dilema do artista. Luiz Carlos Sá conta sobre como foi convidado por Nelson Motta para fazer jingles.


Edição 288 - Novembro 2018

Expediente

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LAC: o encontro da seção latinoamericana da AES

Este ano, o mais importante congresso da AES da América Latina aconteceu em Montevideo, no Uruguai. O tema foi o controle de loudness, mas sem descuidar das várias areas do áudio.

TECNOLOGIA 38 Ableton A forma mais usual de se coletar clips , ou Samples de um segmento de audio pronto é atravéz da janela “Arrangement View”. Basta seletar o segmento que você quer coletar como um Clip, digitar Ctrl + Shift +I(ou Comm+ Shift + I no mac) e o seu Clip estará pronto para usar no Session View!

44 Logic Pro X Independentemente do estilo de música ou projeto que está sendo gravado, a linha de baixo geralmente é a base que define o groove da música, juntamente com elementos rítmicos da bateria ou percussão.

42 Áudio Fundamental Nesta edição se inicia uma série sobre psicoacústica, a ciência que explica como ouvimos: uma viagem pelos caminhos e descaminhos da audição humana e sua influência em como se trabalha o áudio.

CADERNO ILUMINAÇÃO 56 Vitrine iluminação Na vitrine dese mês, o Solar 17R apresenta fluxo luminoso de 192.600 Lux a 10 metros de distânciautilizando a lâmpada 17R HRI 50W. Veja também o Elation Artiste Picasso, o GLP E-350 e o Robe Mega Pointe.

58 Iluminação cênica A grande maioria dos espetáculos e apresentações ocorre em espaços multifuncionais ou adaptados, com capacidade reduzida. Por consequência, acontece a necessária otimização dos recursos disponíveis. Isso em quaisquer que sejam as formas de manifestações artísticas e culturais.

Diretor Nelson Cardoso nelson@backstage.com.br Gerente administrativa Stella Walliter stella@backstage.com.br Financeiro adm@backstage.com.br Coordenadora de conteúdo Danielli Marinho redacao@backstage.com.br Revisão Danielli Marinho Colunistas: Cezar Galhart, Cristiano Moura, Gustavo Victorino, Lika Meinberg, Luiz Carlos Sá, Pedro Duboc e Ricardo Mendes. Colaboraram nesta edição: Flavio Bonanome e Gustavo Zuccherato Ed. Arte / Diagramação / Redes Sociais Leonardo C. Costa arte@backstage.com.br Capa Arte: Leonardo C. Costa Foto: Julio Mendonza / Divulgação Publicidade / Anúncios PABX: (21) 3627-7945 arte@backstage.com.br Webdesigner / Multimídia Leonardo C. Costa multimidia@backstage.com.br Assinaturas Maristella Alves PABX: (21) 3627-7945 assinaturas@backstage.com.br Coordenador de Circulação Ernani Matos ernani@backstage.com.br Assistente de Circulação Adilson Santiago Crítica broncalivre@backstage.com.br Backstage é uma publicação da editora H.Sheldon Serviços de Marketing Ltda. Rua Iriquitiá, 392 - Taquara - Jacarepaguá Rio de Janeiro -RJ - CEP: 22730-150 Tel./fax:(21) 3627-7945 / 2440-4549 CNPJ. 29.418.852/0001-85 Os artigos e matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. É permitida a reprodução desde que seja citada a fonte e que nos seja enviada cópia do material. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios veiculados.


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CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br

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Avançar, recuar, adaptar, investir e sobreviver A difícil tarefa de gerir uma empresa em tempos de profundas e rápidas mudanças estruturais.

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esmo após a eleição dos novos deputados estaduais, federais, governadores e presidente, vamos precisar de tempo (e trabalho bem feito) para que a economia comece a dar bons resultados. Todos nós, independente do viés ideológico, esperamos e torcemos para que os novos governantes e o Congresso pacifiquem o país e mantenham uma agenda voltada para o desenvolvimento cultural e econômico que possa levar o Brasil ao futuro que ansiamos. Nesta crise econômica, a maior na história do Brasil, que tanto ceifou empresas produtivas e atuantes, nós sempre estudamos a melhor forma de entregar a Backstage ao leitor e com o menor custo possível, sem alterar a qualidade do conteúdo e tiragem. A partir desta edição, a Backstage teve uma pequena mudança no seu formato. Esta mudança foi adiada durante alguns meses, porém tornou-se necessária para continuar com o padrão Backstage que foi construído durante as 287 edições mensais (26 anos de circulação). Até a edição passada, a publicação tinha lombada quadrada, mas agora passa a ter lombada canoa (grampeada) como as revistas Veja, Época, Caras e Rolling Stone americana etc. Esta pequena diferença vai gerar uma maior agilidade na produção gráfica, tornando o processo de impressão e acabamento todo automático na mesma rotativa. Como fazem as indústrias, para agilizar o processo reduzindo o custo, mudam somente a embalagem do produto. O leitor pode atestar que a qualidade editorial e gráfica continuam as mesmas. Vamos cobrar dos novos governantes um Brasil mais justo e com uma economia pujante que represente a grandeza desta nação. Boa leitura! Nelson Cardoso

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PACOTE DE MICROFONES PARA BATERIA ATM-DRUM-7

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https://www.audio-technica.com/cms/wired_mics/518973802f164f12/ index.html O pacote para bateria ATM-DRUM7 é constituído por uma seleção de cinco microfones especialmente projetados para aplicações de bumbo, caixa e surdo, juntamente com dois microfones ideais para a microfonaçãoover da bateria. O pacote ATMDRUM7 serve tanto para apresentações ao vivo como para gravações caseiras. Todos os microfones no pacote — um microfone hipercardioide ATM250 para bumbo, um microfone hipercardioide ATM650 para caixa, três microfones hipercardioide ATM230 para surdos e tom-tom e dois microfones suspensos cardioide ATM450 — possuem um projeto discreto, que aparece pouco e dá opções de posicionamento versáteis ao redor do instrumento. Eles são projetados para lidar com transientes rápidos e SPLs altos. O pacote também inclui as garras especificas para cada microfone, quatro adaptadores de rosca de 5/8 pol.-27 para 3/8 pol.-16 e um estojo de transporte rígido com um interior de espuma estampada para armazenar todos os microfones e acessórios.

SOFTWARE ARRAYCALC, DA D&B https://www.dbaudio.com/global/en/ O software de simulação ArrayCalc da d&b, prevê o desempenho dos Linearrays e colunas da d&b. Ele modela o desempenho do sistema em um determinado espaço definido pelo usuário, levando em consideração os níveis de entrada e também as opções de filtragem específicas da d&b. Todas as informações de distribuição de nível são exibidas com o uso de uma plotagem 3D do local, que também mapeia detalhes de cobertura para várias bandas de frequência, bem como ruído rosa de banda larga. Isso garante que o sistema fique dentro dos limites mecânicos e de segurança. O programa está disponível como um aplicativo independente nativo para os sistemas operacionais Microsoft Windows e Mac OS X. Dessa forma, se reduz o tempo de configuração e ajuste em aplicações móveis e são possibilitadas simulações iniciais mais precisas durante o planejamento de instalações. Todas as fontes podem ser alinhadas por tempo, e a resposta de fase de um sistema e um conjunto de subs no chão pode ser calculada em um ponto de referência definível. A distribuição de nível resultante da interação de todas as fontes ativas pode ser mapeada para as áreas da plateia previamente definidas em uma exibição tridimensional, que também pode ser ampliada, girada e exportada como um arquivo gráfico. O ID remoto para todos os dispositivos pode ser gerenciado no guia do amplificador. Os recursos de exportação de dados EASE e DXF também estão disponíveis. O software de controle remoto R1 usa os dados definidos no ArrayCalc para gerar uma interface gráfica de usuário intuitiva, incluindo detalhes completos do sistema simulado, que incluem gabinetes, amplificadores, IDs remotos, grupos, dados do ArrayProcessing e todas as informações de configuração. Esse fluxo de trabalho elimina a necessidade de transferência manual de dados de um programa de software para outro.


SISTEMA GSL, DA D&B https://www.sl-series.com/global/en/ O GSL8 e o GSL12 trabalham com diretividade constante usando uma combinação de tecnologias que incluem graves cardióides. O GSL8 e o GSL12 mantêm o controle de padrão horizontal preciso até 45 Hz. Isto é conseguido usando dois drivers LF de 14 polegadas acoplados a dois drivers LF de 10 polegadas que, voltados para o lado, desenvolvem uma resposta estendida e uma saída de freqüência extremamente baixa. Três drivers de alta frequência com 1,4 polegadas, personalizados com bobinas de 3,4 polegadas, oferecem alta resolução nas frequêcias mais agudas. As médias são geradas a partir de uma corneta de alta sensibilidade carregada com um driver de 10 polegadas. O sistema GSL é complementado pelos subwoofers cardióides SL-SUB e SL-GSUB. Com um sistema em duas vias, os alto-falantes são acionados no modo ativo a partir de dois canais de um amplificador D80. O SL-SUB e o SL-GSUB produzem um comportamento de subwoofer cardióide com desempenho excepcional em relação ao tamanho. Dois drivers de 21 polegadassão virados para a frente, enquanto outros dois também de 21 se irradiam para a traseira. Estes são acionados no modo ativo de 2 vias a partir de dois canais do amplificador D80. Os dois subwoofers diferem apenas no hardware: o SL-SUB pode ser suspenso enquanto o SL-GSUB é projetado para aplicação no solo

ARRAYS MATRIX M3 E M8, DA NEXT PRO AUDIO http://www.next-proaudio.com/series/matrix Os arrays passivos Matrix são compostos por transdutores de neodímio de três polegadas, posicionados bem próximos em um gabinete de madeira e alumínio. Esse array foi desenvolvido para oferecer alta inteligibilidade e uma resposta de frequência ampla, com uma boa abertura na cobertura horizontal e cobertura vertical regulável pelo usuário. A resposta pode chegar, nas altas, a 10kHz. Para o melhor controle das frequências baixas, a tecnologia Tuned Dipolar foi desenvolvida pelos engenheiros da Next-Proaudio para fornecer um controle consistente dessa faixa de frequências. O sistema pretende ser versátil. Para isto, há uma chave para selecionar entre os modos music/vocal, respectivamente para o uso com instrumento musical ou voz. A posição music fornece uma resposta de frequência flat, enquanto a posição vocal realça as frequências médias de forma a favorecer a inteligibilidade das palavras. Ainda visando a versatilidade, o padrão de dispersão vertical pode ser alternado para cobertura ampla ou estreita. Matrizes de alto-falantes de colunas convencionais pequenas não fornecem controle de diretividade vertical significativo em freqüências mais baixas devido ao seu tamanho físico. O equipamento está disponível na versão mais compacta, o M3, e na maior, M8.

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Acústica e Vibração da B&K Foto: Divulgação

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Conferência Anual de

MUSICAL SUNSET BOULEVARD ESTREIA NO BRASIL COM MARISA ORTH E DANIEL BOAVENTURA

Marisa Orth e Daniel Boaventura foram confirmados como protagonistas do espetáculo Sunset Boulevard, com músicas de Andrew Lloyd Weber e direção de Fred Hanson. A montagem, que acontecerá no Teatro Santander, em São Paulo, é uma coprodução da empresária e produtora Stephanie Mayorkis, da EGG Entretenimento (na foto com os atores) e da IMM Esporte e Entretenimento. Marisa Orth terá o desafio de viver Norma Desmond, uma estrela da era do cinema mudo que vive em sua mansão na Sunset Boulevard em um mundo de fantasia. Já Daniel Boaventura será Max von Mayerling, mordomo de Norma. A superprodução brasileira contará ainda com 26 atores/ cantores, além de uma orquestra de 16 músicos. A apresentação de “Sunset Boulevard” no Brasil é feita através de um acordo especial com a The ReallyUsefulGroup, com realização do Ministério da Cultura, IMM, EGG Entretenimento e Brasil Governo Federal.

HENRIQUE PORTUGAL E LELO ZANETTI SE JUNTAM AO DJ ANDERSON NOISE EM PROJETO QUE LEVA O NOME DE NIEMYER Uma amizade de longa data, vontade de misturar estilos diferentes e um respeito mútuo são os ingredientes para a criação do trio NieMyer, formado pelo DJ Anderson Noise e pelos integrantes do Skank, Henrique Portugal e Lelo Zanetti. No dia 26 de outubro, o trio lançou, Vikings, a primeira música de trabalho, que conta com a participação de Milton Nascimento. Composta por Henrique, Lelo, Anderson e com letra de Cesar Mauricio, a faixa já está disponível em todas as plataformas digitais. A canção ganhou também um clipe, gravado parte em Juiz de Fora e parte na Casa Cor, em Belo Horizonte. O curta tem edição de Rui Samuel e direção de Diego Ruahn, da produtora Ruahn Filmes. Assista ao clipe: https://youtu.be/vlftsUmDqD8

A Brüel&Kjær, gigante dinamarquesa do segmento de medição de ruído e vibração, realizou a 5a. edição da sua Conferência Anual de Acústica e Vibração entre 25 e 27 de Setembro em Jundiaí, SP. Temas importantes para os profissionais de áudio, como "Princípios de Acústica", "Acústica Arquitetônica", "Ruído Ambiental" e "Ruído Ocupacional" foram expostos pelos profissionais da empresa. Dentre os equipamentos demonstrados durante a conferência foram destacados o medidor 2270, um dispositivo handheld com tela sensível e câmera fotográfica, que permite medir dB SPL, RT 60 e inteligibilidade dentre uma míriade de outros parâmetros; a fonte sonora pontual Omnipower 4292-L, um array com 12 falantes no formato de um dodecaedro para ensaios de acústica em ambientes; a caixa acústica ativa e compacta

Echo Speech Source 4720, que gera sinais puros e um sinal de voz com energia otimizada para testes de inteligibilidade; a câmera acústica 9712, um arranjo com microfones que permite identificar uma fonte de ruído quanto sua origem, frequência e amplitude e que, com uma câmera integrada, gera um diagrama de intensidade que pode ser sobreposto a fonte em uma verdadeira ferramenta de realidade aumentada e o software de análise acústica DIRAC 7841. Segundo Denison Oliveira, engenheiro de vendas da B&K, os equipamentos da empresa podem ser alugados no Brasil para uso por consultores de acústica e empresas de sonorização.Para maiores informações sobre os eventos educacionais, webinars e locação de equipamentos da B&K, entrar em contato com bkbrasil@bksv.com. Tel.: (11) 5188-8161


Foto: Leo Costa

Rock in Rio 2019

Depois de uma edição sem os tradicionais metaleiros na Cidade do Rock, em 2017, a organização do Rock in Rio anuncia, para 2019, um dia inteiro dedicado a esse gênero musical. Será um revival da primeira edição do evento, em 1985, quando as noites com essas bandas de heavy metal levaram até 300 mil pessoas ao evento. Trinta e três anos depois, com o IRON MAIDEN como headliner, os alemães do Scorpions, os americanos do Megadeth e os brasileiros do Sepultura, o Rock in Rio promete mais uma noite memorável, no dia 4 de outubro. Além do Palco Mundo, o Rock in Rio anuncia seu primeiro nome do Espaço Favela, uma nova área do festival, a banda Canto Cego, formada na Favela da Maré. Estes anúncios marcam o início da contagem regressiva de um ano para o Rock in Rio 2019, que acontecerá nos dias 27, 28 e 29 de setembro e 3, 4, 5 e 6 de outubro de 2019, na Cidade do Rock, na Barra da Tijuca (Parque Olímpico — Av. Salvador Allende, s/n). Para Roberto Medina, presidente do Rock in Rio, anunciar toda a programação para o Palco Mundo na noite de metal é uma maneira de homenagear essa comunidade

que, em 2017, não foi representada. “Para a edição de 2019, começamos nosso booking com o foco neste público, porque eles fazem parte da alma do Rock in Rio quando invadem a Cidade do Rock de preto. Anunciar todas as atrações como este anúncio é como dar um presente para eles”, afirma Medina lembrando que “a reunião destes ícones da música em uma única noite será outro momento histórico que o Rock in Rio proporcionará para quem vai nos visitar. É como assistir a um filme e relembrar uma história que começou com eles há 33 anos”, comenta. No Espaço Favela, a Banda Canto Cego fecha a noite nesta nova área do evento. O grupo começou há oito anos na favela da Maré e já ganhou palcos do Brasil e de outros países, como a Suíça, quando se apresentou no Montreux Jazz Festival, realizando ainda uma turnê pelo país. A inspiração do nome Canto Cego, que nasceu em 2010, veio de dentro da Maré, onde o grupo formado por Roberta Dittz, Rodrigo Solidade, MagrãoKovok e Ruth Rosa ensaiou sem parar por mais de dois anos até ganhar corpo para encarar os desafios sombrios que a música propõe.

EMICIDA EM 10 ANOS DE TRIUNFO

Com mais de 10 anos de carreira, Emicida fez sucesso em todo o Brasil, misturou gêneros musicais, trabalhou com diversos artistas, criou projetos em homenagem a outros músicos e montou uma empresa, a Laboratório Fantasma, que é gravadora, estúdio, produtora de shows e uma marca de roupas; tudo isso tendo a arte urbana como princípio. Com a intenção de celebrar esse momento, registrar suas músicas ao vivo à sua maneira, agradecer os fãs e comemorar os 10 anos do single que o apresentou para o mundo, Triunfo, ele organizou um show histórico, com um setlist de 27 músicas e 13 convidados com quem dividiu o palco no emblemático 20 de novembro de 2017, dia da Consciência Negra, na Audio Club, em SP. O resultado foi o DVD 10 Anos de Triunfo, que será lançado dia 14 de maio, em sua versão física, em todo o Brasil. O repertório passeia por toda sua discografia, desde a primeira mixtape, Pra Quem Já Mordeu um Cachorro por Comida até que Eu Cheguei Longe, até sucessos mais recentes como Bang, A Chapa é Quente (indicada ao Grammy Latino 2017), Hoje Cedo, Passarinhos e Mandume. Emicida ainda apresenta a inédita Todos os Olhos em Noiz, na qual divide os vocais com KarolConka. Além da cantora curitibana, ele recebeu Rael, Caetano Veloso, Pitty, Vanessa da Mata, Drik Barbosa, Guimê, Coruja BC1, Rashid, Prettos, Muzzike, Amiri e RaphãoAlaafin.

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Aconteceu no dia 5 de setembro, na Cia dos Tecnicos, no Rio de Janeiro,a edição de setembro de 2018 dos Encontro da AES Brasil de Produção Musical. Entre 13:30 e 18 horas, os espectadores puderam ver palestras de Carlos Ronconi sobre produção musical na TV, Eduardo Andrade sobre Dolby Atmos, Eduardo Salgueiro e os microfones Audiotechnica da série 50; Enrico de Paoli, que, a convite da AES e da Novation/Focusrite falou sobre produção criativa, e Flávio Senna com Flávio Senna Neto passando os segredos do processamento de voz na mixagem. Ronconi expôs diversas situações que acontecem durante a gravação de obras audiovisuais, mostrando a importância de juntar uma audição aten-

WORKSHOP ALLEN HEATH

ta às situações do dia a dia com o objetivo específico do som em cada programa de TV ou filme. “Esse tipo de evento ajuda a esclarecer o público que está começando agora. Estamos em uma fase legal no mercado profissional. Está ficando mais acessível. As pessoas podem comprar equipamentos e mexer com áudio mais facilmente. É importante ter esses eventos”, ressalta o profissional de áudio da TV Globo. Para Enrico de Paoli, é importante saber como acontecia o trabalho de produção musical para poder compreender o que se faz hoje. “Meu ponto foi como a gente gravava o áudio sem processamento nenhum e como é hoje: cada vez mais vamos trabalhando com áudios prontos, como um track com efeito ou uma guitar-

ra com reverb. Isso era inaceitável”, expõe. Luis Salgueiro, engenheiro de aplicações da Audio-Technica na América Latina, expôs a solução da empresa para aproveitar o melhor dos mundos das capsulas pequena e grande na série 50 a partir do diafragma retangular. “O microfone tem dois lados: um pequeno, em linha com o diafragma de capsula pequena, e um lado maior que fica em linha com o diafragma grande. Com o diafragma retangular, conseguimos o melhor das características do diafragma pequeno e do grande. O gerente de contas da Avid Brasil no setor de áudio, Eduardo Andrade, destaca a importância do áudio imersivo ao falar sobre o Dolby Atmos. “É comum hoje fones de qualidade. Isso permite usar o binaural, o que temos no Atmos”. Flávio Senna, que além de ter dado uma das palestras é um dos sócios da Cia dos Técnicos, ficou feliz por receber o evento. “Trabalhamos com música. Então, o que tem musica estamos disposto a participar e abrir espaço”. Joel Brito, que é tesoureiro da AES e apresentou o evento, chamou atenção para outras atividades da AES: “Esse é o terceiro ou quarto encontro que fazemos este ano. Fizemos um focado em sonorização em São Paulo e estamos aguardando a confrmação de outro em Porto Alegre. Fora do Brasil também temos eventos como a convenção latino americana,no Uruguai, e o encontro em Nova York”, enumera Joel.

PR DIVU MARCOS ARIEL NA EUROPA A Allen Heath fez um workshop dia 25 de setembro no Estúdio Century, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Claudinei Monteiro e Anderson Pereira fizeram demonstrações das consoles SQ-5 e D-Live. Esta última foi montada na unidade móvel do estúdio para que os espectadores pudessem aprender mais sobre os recursos do equipamento.

Foto: Divulgação

Foto: Ernani Matos

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AES BRASIL PROMOVE ENCONTRO DE PRODUÇÃO MUSICAL NA CIA DOS TÉCNICOS

Marcos Ariel embarcou no dia 24 de Outubro para uma temporada de shows na Europa em formato piano e voz. O pianista, cantor e compositor cumpre uma agenda de showspor França, Portugal e Holanda, onde também ministrou workshop sobre os ritmos brasileiros.


Foto: Divulgação

MUSIKMESSE E PROLIGHT + SOUND EM 2019

Duas feiras ao mesmo tempo e lugar: aMusikmesse e Prolight + Sound do ano que vem serão realizadas ao mesmo tempo em todos os dias, de 2 a 5 de abril. Com uma nova sequência de dias - de terça a sexta-feira - a Musikmesse reforçará seu perfil como plataforma para a troca profissional de idéias e informações entre profissionais da indústria musical. Durante quatro dias, os visitantes poderão descobrir todo o espectro de produtos para o setor de música e entretenimento ao vivo. O sábado como parte da feira não está sendo cortado, mas está mudando para um novo formato com foco B2C, que será comercializado separadamente. Para ser chamado de Musikmesse Plaza, o novo evento terá a forma de um mercado pop-up com

inúmeros eventos musicais e vendas diretas de expositores no dia 6 de abril. Para este fim, a Messe Frankfurt está cooperando com vários parceiros da indústria criativa para garantir um alto poder de atração para músicos e amantes da música. O Musikmesse Festival, que acompanha a feira de negócios da indústria fonográfica, está sendo ampliado por um dia e apresentará destaques musicais em toda a Frankfurt a partir da terça-feira. Também pela primeira vez, todo o espectro de produtos de áudio será concentrado em uma única sala de exposições. Em uma área de quase 30.000 metros quadrados no Hall 8.0, os visitantes encontrarão soluções em torno de sistemas de P.A. instalações permanentes, estúdio e gravação. Já o Hall 12, inaugurado em setembro de 2018 é o cenário ideal para a apresentação de iluminação, equipamentos de palco, tecnologia de entretenimento e segurança de eventos e sistemas de segurança. O Hall 4 reúne associações do setor de música e eventos e abriga uma área de negócios e networking conjunta para ambas as feiras. Lá, os expositores da Prolight + Sound também têm a oportunidade de fazer apresentações no coração do Centro de Exposições. Os salões 3.0 e 3.1 destacam o mundo dos instrumentos de teclado, percussão, instrumentos de corda e sopro, bem como partituras e equipamentos. Completando o layout do hall é Forum.0 para empresas de gama completa e do Centro de Congressos com o programa de instrução musical.

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Foto: Divulgação

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MIMO 15 anos

AUDIO-TECHNICA NOS JOGOS OLÍMPICOS DA JUVENTUDE

O MIMO, que completa 15 anos, deu largada em sua edição brasileira, reunindo 17 mil pessoas durante três dias na cidade histórica de Paraty, de 28 a 30 de setembro. A programação deste ano foi mais compacta, com dois concertos em igreja, quatro shows, nove filmes, duas palestras e um workshop, que ocuparam o palco da Praça da Matriz, a Igreja Matriz de Nª Sª dos Remédios e o recém-inaugurado Cinema da Praça. Desde a sua primeira edição, em Olinda, o MIMO Festival tem como proposta apresentar novos artistas, além de homenagear nomes consagrados em um festival que tem como principal marca a diversidade artística. Outro aspecto fundamental do MIMO, é a sua realização em cidades históricas brasileiras, gerando empregos, renda e o incremento do fluxo turístico. A primeira noite teve show dos brasileiros do Cordel do Fogo Encantado e dos colombianos do Systema Solar, com sua música

caribenha mesclada com ferramentas da música eletrônica. No segundo dia, foi a vez das vozes femininas da baiana Virgínia Rodrigues e da carioca Letrux. Os malineses do Songhoy Blues trouxeram sua mensagem de resistência, tolerância e respeito à diversidade. No domingo, a programação de concertos foi encerrada com a apresentação de Carol Panesi, uma das vencedoras do Prêmio MIMO Instrumental 2018. Houve também exibição de filmes, palestras e workshops, O tom político foi a marca do festival neste ano. Realizado por Lu Araújo Produções, o MIMO Festival é apresentado pelo Bradesco e Ministério da Cultura, conta com a parceria da Prefeitura de Paraty através da Secretaria de Turismo, apoio da Estácio, e tem como companhia aérea oficial a Azul Linhas Aéreas. O festival ainda terá shows no Rio de Janeiro (15 a 17 de novembro), São Paulo (19 e 20 de novembro) e Olinda (23 a 25 de novembro).

Microfones da Audio-Technica foram escolhidos para captar áudio ao vivo e para transmissão nos próximos Jogos Olímpicos da Juventude, que serão realizados de 6 a 18 de outubro de 2018, em Buenos Aires, Argentina. O anúncio foi feito por Michael Edwards, vice-presidente de Mercados profissionais da Audio-Technica, que tem participação na antiga tradição da AudioTechnica de fornecer soluções para eventos esportivos importantes. Os Jogos Olímpicos da Juventude, realizados a cada dois anos (sendo que os jogos de verão e de inverno são realizados em anos opostos aos Jogos Olímpicos), são um evento multiesportivo internacional organizado pelo Comitê Olímpico Internacional. Em 2018, Buenos Aires será o cenário de 32 esportes e 36 modalidades. Karatê, escalada, patinação de velocidade, futsal, kitesurf, handebol de praia e BMX freestyle farão parte dos Jogos pela primeira vez. Uma grande seleção de microfones da Audio-Technica será utilizada, incluindo microfones condensadores Linha +Gradiente (shotgun) BP4071, microfones condensadores Linha + Gradiente (shotgun) BP4073, microfones de lapela condensadores omnicanalsubminiatura AT899 e microfones dinâmicos cardioides (de mão para entrevistas) BP4001.


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MIGUEL SÁ | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR

SEA OF TRANQUILITY Marcos Amorim

A BALADA DO TIKISIRIPOLVO Monstros do UlaUla

Sea of tranquility é o sétimo álbum do guitarrista Marcos Amorim. Os 58 minutos do são ocupados por nove músicas, sendo três delas – Cinzas de janeiro, Quanto mais longe mais perto eu fico e Tempo de mar - canções frutos de parcerias do guitarrista com a compositora e pianista Délia Fischer. As outras, instrumentais, são todas do guitarrista, com exceção da versão instrumental de Pedras rolando, composta por Beto Guedes e Ronaldo Bastos. O nome em inglês, que traduzido significa Mar da tranquilidade, transmite bem o espírito do trabalho. O disco é bom tanto para quem quer uma audição mais distraída como para quem gosta de apreciar a música prestando atenção na composição, desempenho dos músicos, arranjos e som. Gravado por Daniel Vasques e Carlos Fuchs, no estúdio Tenda da Raposa, e mixado por este último, a sonoridade do álbum ajuda muito a entrar no clima das músicas, mostrando, com clareza, o desempenho de Rafael Barata na bateria, Augusto Mattoso no baixo e Itamar Assiere no piano acústico e no Rodhes, assim como Délia Fischer. A masterização foi feita por Ken Lee em seu estúdio nos EUA. O álbum foi produzido por Marcos Amorim

A banda é praticamente um super grupo com ex integrantes de bandas famosas no underground dos anos 1990/2000, como Planet Hemp, Matanza, Autoramas, Black Future, Coquetel Molotov e XRated. O grupo já esteve em atividade entre 2003 e 2009, mas agora voltou lançando A Balada do TikiSiriPolvo, pela gravadora Monstro Discos, de Goiania. Na formação atual, a banda tem Lucky Leminski (vocais), Diba Delgado (guitarras e vocais), Gringo Musiello(guitarras e vocais), Olmar Lopes (baixo) e Bacalhau (bateria e vocais). Nas oito faixas do disco, produzido pela banda e por Yago Franco, Montros do Ula Ula toca um roquenrol porrada onde se reconhece as influências da surf music e do punk rock. As letras são divertidas e o disco parece mesmo feito para chamar o público para o show. No estilo da banda, chama atenção o uso intenso dos vocais bem ensaiados e a levada firme, que não deve deixar a plateia parada do início ao fim do show, seja nas músicas mais rápidas ou nas mais lentas. O álbum é bem montado, com momentos mais intensos e mais “calmos” bem distribuídos pelas faixas. O destaque vai para Não Posso Ficar, com seu refrão forte e ótima letra, a lenta Prenúncio do Mal e Sem Sentido, que é a música de trabalho. O disco foi mixado e masterizado por Seu Cris.

Onde ouvir: https://open.spotify.com/album/ 6T5u0W2sLGOKuQXiqz8lT9

E ASSIM... Fábio Santini

Onde ouvir: Deezer http://bit.ly/2r5THMX, Spotify http://spoti.fi/2sfRRxL Youtube http://bit.ly/2s3IiC7

Um álbum com a melhor marca do fusion brasileiro: assim pode ser definido o disco E Assim..., do guitarrista Fábio Santini. Músico profissional há 30 anos, de São Paulo, Fábio Santini é também professor, produtor musical e arranjador. Tocar com Sá &Guarabyra, Elba Ramalho, Oswaldinho do Acordeon, Fernanda Porto, Mozart Mello e Celso Pixinga não impediu que ele investisse nas sete composições próprias que integram este álbum digital. A banda entrosada é composta por Christiano Rocha na bateria, Claudio Machado no baixo e Wagner Barbosa no sax. O álbum é uma ótima fotografia das habilidades do guitarrista tanto como compositor como no improviso, usando timbres que vão do usual no fusion, com algum chorus e Overdrive no samba funk Até Aqui, até o som mais limpo no sambajazz Samba Torto. As ótimas captação e mixagem feitas por Cassio Martin, no Pro Studio, tem como resultado um álbum agradável para os ouvidos mais exigentes. Onde ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=NjxMv2ARV78


MIGUEL SÁ | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR

ACRÍLICO Nina Becker Acrílico é o terceiro trabalho solo de Nina Becker, que o produziu em parceria com Duda Mello. Para grava-lo, foi reunida uma banda base com o baterista Tutty Moreno, o baixista Alberto Continentino, o pianista Rafael Vernet e o guitarrista Pedro Sá. Outros músicos convidados deram a sua contribuição em diversas faixas. Os arranjos sugerem as várias influências da cantora - desde a bossa nova, passando pela tropicália até o samba tradicional - sem, no entanto, cair em formulas batidas. Isto fica claro em músicas como Despertador (Kassin/Pedro Sá/Nina Becker), que tem uma levada de sambajazz, mas é todo o tempo atravessada por um piano, com um quê de música dodecafônica, muito bem colocado por Rafael Vernet, dialogando perfeitamente com a voz e todo o arranjo. Vale ressaltar, além da qualidade dos músicos, o apuro da gravação e mixagem do disco feitas por Duda Mello (com gravações adicionais de Cacá Lima, Diego Techera e Sarah Abdalah). O engenheiro de som e produtor tem em seu currículo discos de Gal Costa (Recanto), Bebel Gilberto, Ed Motta(Dwitza e Poptical) e Ronaldo Bastos (LiebeParadiso). Todo o potencial do timbre de voz de Nina Becker é aproveitado, mantendo ainda um efeito de proximidade presente em outros discos, o que fica como uma assinatura da cantora. O uso de efeitos e a construção dos planos de mixagem potencializam a ótima interpretação da cantora e participam de forma decisiva da concepção estética do trabalho. As canções são parcerias com Kassin, Romulo Fróes, Negro Leo, Thalma de Freitas, Laura Erber, Natércia Pontes, Jonas Sá e os companheiro de Orquestra Imperial Rubinho Jacobina e Moreno Veloso. Onde ouvir: https://open.spotify.com/album/5Toc0KiEuEohfd7cR3dqid

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GUSTAVO VICTORINO | www.backstage.com.br

rando votos de quem atacaram. Fiquei imaginando o que o Nei Matogrosso e o Paulo Miklos estavam fazendo no meio daquele lixo musical. Pobre música “popular” brasileira, nunca esteve tão no fundo do poço.

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QUALIDADE

A amarelada que alguns comerciantes deram na hora das compras de final de ano já provoca correria. Temerosos ou cautelosos, lojistas podem perder venda por anteciparem uma maré ruim que não está se configurando. Deixar de vender por falta de produto é mancada imperdoável e salvo raríssimas exceções, isso só se justifica para itens de baixo giro ou alto preço.

SAIA JUSTA A emparedada que vários artistas sofreram por não se manifestarem nas eleições vai deixar cicatrizes. O mundo artístico tentou combater o radicalismo sendo radical e exigiu que artistas famosos e, portanto, formadores de opinião, manifestassem seus votos na última eleição. A conta dessa postura vai chegar para muita gente. Cobradores e cobrados...

PRÊMIO MULTISHOW Bem que eu tentei assistir até o final, mas dessa vez não deu para aguentar o show de horrores do evento. Ruindade explicita, músicas de péssima qualidade, apresentação sofrível com tentativas de piadas engraçadinhas. Não bastasse isso, alguns artistas ainda resolveram se manifestar politicamente e por sua insignificância e ruindade acabaram muito mais dando do que ti-

Os fabricantes brasileiros de amplificadores de instrumentos aproximaram de vez a qualidade dos seus produtos aos importados transistorizados tops de linha. Com exceção dos equipamentos valvulados, que no Brasil se mantém na dependência de fabricantes artesanais ou projetos de baixa potência, os aparelhos desenvolvidos e montados por aqui a um bom tempo já mostram qualidade e preços competitivos para enfrentar os amplificadores transistorizados vindos de fora do país. Tem para todos os gostos e bolsos e com qualidade que nada deve aos importados.

KRISIUN Uma banda gaúcha de death metal formada na cidade de Ijuí, no norte do estado, parece não ter mais limites para o sucesso entre os metaleiros. O power trio Krisiun tem 28 anos de história e sempre é citado como uma das melhores bandas do mundo de rock ultra pesado. Sucesso no exterior, a banda se fez a legítima sucessora do Sepultura inclusive no cenário nacional onde só a alguns anos surgiu como destaque. Com shows lotados ao redor do mundo, o Krisiun raramente se apresenta no Brasil que parece só agora ter descoberto o grupo como novidade. Não bastasse o sucesso mundial, os caras ainda tocam muito. Mesmo para quem não é aficionado do heavy metal, vale conferir.


GUSTAVO VICTORINO | VICTORINO@BACKSTAGE.COM.BR

REALIDADE Gostem ou não, as caixas amplificadas de plástico injetado (leia-se poliéster de alta densidade) se tornaram uma realidade inarredável nas lojas. Mais leves e baratas, e com diferença de qualidade insignificante em relação as caixas de madeira, o produto ganhou tantas versões e modelos que o mercado se tornou pequeno para a exuberante oferta.

BOCA FECHADA Sabe aquelas oportunidades na vida em que perdemos por não ficar de boca fechada? O Roger Watters perdeu a dele... Sobraram lugares nos seus shows no Brasil depois que ele se meteu onde não devia. E deu para entender porque o David Gilmour não quer mais olhar para a cara do falastrão e pseudo ativista de esquerda que Nick Cave excursionando no mês passado no Brasil classificou de “babaca”.

POR LÁ Os projetos de reflorestamento no sudeste asiático parecem ser a nova menina dos olhos dos investidores de longo prazo. A indústria moveleira e de instrumentos musicais estão puxando a proposta que é recebida inclusive com incentivos fiscais por alguns países da região. Ainda incipientes, mas já focados no futuro, os projetos recriam áreas de floresta com algumas espécies geneticamente modificadas e voltadas ao corte industrial.

SUCESSÃO A passagem do bastão da gestão de uma geração para a outra nem

sempre é marcada pela continuidade ou sucesso. No Brasil, isso parece não afetar algumas das maiores empresas nacionais que fazem da sucessão familiar uma nova etapa de bons negócios e relacionamentos no mercado. Izzo e Santo Ângelo são dois exemplos de empresas que mostraram que os bons frutos sempre caem perto do pé. O Aldo e o Rogério têm bons motivos de sobra para se orgulhar...

VERDADEIROS? Você acredita na fidelidade das especificações técnicas dos produtos de áudio vendidos no Brasil? Eu não ...

TALENTO A refilmagem do clássico “Nasce uma Estrela” em cartaz nos cinemas brasileiros é um festival de boas surpresas. A começar pelo surpreendente Bradley Cooper que reconhecido como bom ator, mostra ainda um talento musical bem acima da média. O complemento vem com a cantora Lady Gaga que atua como uma atriz pronta e emociona. Amarrando tudo isso, a trilha sonora é linda como a muito não se via no cinema e colocou nada menos do que 5 músicas entre as mais tocadas nos EUA desde a estreia do filme. Vale conferir...

racterística só devem ser manuseados por técnicos autorizados. Fazer atualização pelas mãos de amigos ou curiosos pode custar mais caro do que imagina.

PREÇOS Sempre fui crítico de margens de lucro abusivas ou preventivas por parte de importadores, portanto fico à vontade para alertar. Cuidado ao reclamar de preços praticados no Brasil. Veja quanto custa o mesmo produto nos EUA, transforme isso no dólar do dia e aplique pelo menos 60% de custo de importação, entre frete e impostos. As margens abusivas acabaram faz tempo e salvo um ou outro que ainda vive no mundo da lua, a acomodação do mercado se deu também por conta do esclarecimento do consumidor.

FESTA NACIONAL DA MÚSICA O maior encontro da música brasileira aconteceu no mês passado na serra gaúcha. A histórica cidade de Bento Gonçalves, no coração do Vale dos Vinhedos, foi o local onde centenas de artistas e profissionais voltaram a se reunir e discutir os rumos da música brasileira. Sonotec, Casio e Harman estiveram lá e, claro, música não faltou. No mês que vem conto aqui tudo o que aconteceu nos bastidores do evento.

CUIDADO Atualização de software de produtos com alta tecnologia embarcada exige mão de obra especializada. Mesas digitais, processadores, sintetizadores e demais produtos com essa ca-

DURA REALIDADE Se todos os boletos vencidos fossem hoje protestados por fornecedores, metade dos lojistas brasileiros teriam problemas.

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ARMONÍAPLUS, DA POWERSOFT A ideia da Powersoft é investir na eficiência e na simplificação. Intuitividade é a ordem na nova interface de design de áudio ArmoníaPlus.

redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

A

o projetar a interface ArmoníaPlus, o objetivo foi conseguir acesso direto às funções, ícones simples e o mínimo de submenus. A ideia é reproduzir o processo físico de design de áudio com um fluxo de trabalho que permita navegação rápida. Para conseguir isto, a interface ArmoníaPlus procurou tornar mais acessíveis os recursos que já estavam presentes no Armonía v2: “A interface foi otimizada. As tabulações que estavam disponíveis no v2 agora estão condensadas em quatro opções: Workspace, System List, OperatorView e Events”, detalha Luigi Chelli, gerente de Engenharia de Sistema da Powersoft. Workspace (espaço de trabalho) é onde se realiza toda a ação principal — um ambiente natural em que os engenheiros de sistema podem planejar e trabalhar. O espaço de trabalho está dividi-

do em duas partes, nas quais os amplificadores ocupam o lado esquerdo e os alto-falantes, o lado direito. “A opção Workspace foi enriquecida com funções que estão agrupadas nos passos Design, Config, Tune(afinação) e Show(exibir)”, completa o gerente da engenharia de sistemas da Powersoft. “Se você for proprietário de uma tela tátil, a barra de navegação sempre estará na ponta dos seus dedos. E se for mais tradicional, você pode navegar igualmente rápido ao pressionar acessos diretos específicos, fáceis de lembrar. Tudo no software fica a três cliques de distância, no máximo”, garante Luigi Chelli. Outra característica do ArmoníaPlus exaltada por Luigi Chelli são os LEDs baseados nos limitadores dos alto-falantes. A página Tune:EQ permite aos usuários monitorar a curva geral aplicada a cada


Agora se tornam alto-falantes verdadeiros que você pode vincular fisicamente com os amplificadores. Diferentes aplicações do mesmo modelo agora se encontram agrupadas e podem ser testadas rapidamente com a função ‘Config|Preset’ no Workspace”, detalha o Chelli.

FACILIDADES

Racking amps and grouping speakers

alto-falante. Um medidor especial de Headroom adapta seus LEDs com base nos limitadores do próprio alto-falante, mostrando como as caixas estão sendo operadas. Luigi Chelli destaca ainda as modificações na função interactive tuning, que permite o alinhamento virtual do sistema em integração com o Smaart. “Os amplificadores já não são o foco principal, mas o sistema. Ter uma ferramenta que mostre a presença de sinal, a medição do pico e a redução de ganho préprogramada em cada alto-falante é simplesmente maravilhoso. De repente fica tudo claro: que parte do sistema precisa de atenção e onde podemos exigir mais, o que não está funcionando como planejado e o que está indo bem”, explica o engenheiro.

Add Speaker

Dentro de uma ideia de simplificação, foi feito um incremento nos presets. “No passado, você tinha de

Com as otimizações promovidas a partir do ArmoníaPlus, Luigi Chelli espera que a Powersoft colabore com quem está há pouco tempo no áudio, mas não deixe de levar em conta as demandas mais sofisticadas de profissionais experientes. “A curva de aprendizagem

Add Amplifier

ir até os amplificadores para fazer um recall, aparelho por aparelho.

é mais rápida que nunca e a possibilidade de cometer erros foi reduzida radicalmente…Então, de algum modo, sim, é muito mais amigável para as pessoas que acabam de entrar neste mundo. Mas como alguém disse uma vez: ‘Com uma grande potência vem uma grande responsabilidade’. Nãogostamos de tratar todos como principiantes, fechando as portas a tudo e deixandosó o básico. Achamos que os nossos usuários são profissionais e, como tais, devem ter uma caixa de ferramentas extensa que os ajude a lidar com as situações mais exi-

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PREVIEW| www.backstage.com.br 24

Mains Limiter

Shading

TestSys

Características • Design e controle visualmente intuitivos.

ços disponíveis progressivamente,

• Os amplificadores podem ser agre-

começando da desejada posição 1.

gados diretamente ao rack, enquan-

• Cada parte de umprojeto de sistema

to os alto-falantes podem ser agrupa-

de som pode ser exportado como

dos vertical e horizontalmente, como

um“template” — um bloco para for-

acontece no campo físico.

mar um sistema maior —,que pode

• A criação de grupos avançados de

ser replicado no Espaço de Trabalho.

alto-falantes oferece a possibilidade

• Com a função Shading (Sombrea-

de ajustar Gain (Ganho), Delay (Atra-

mento), o ArmoníaPlus pode reduzir

so), Polarity (Polaridade) e EQ

o limiar do ganho e do limitador do

(Equalizador).

alto-falante coerentemente, manten-

• A interface foi criada para evitar os

do o balanço entre os elementos, in-

submenus, com cada função dispo-

clusive se o sistema é limitante. Isso

nível via um clique direito ou acesso

significa o final dos padrões de dis-

direto. Para colocar os amplificado-

persão frustrados, causados pela

res em modo IP estático, por exem-

perda de ajuste de ganho relativo

plo, basta selecionar o aparelho e o

quando o sistema de som é levado

ArmoníaPlus designará os endere-

ao limite.

gentes. Se alguém, por outro lado, ingressou recentemente no mundo do áudio, encontrará no ArmoníaPlus um amigo e um professor, criado claramente para ajudá-lo a melhorar suas habilidades dia após dia”, ressalta.

Para saber mais

https://armonia.powersoft.it/


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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 26

VOO SOLO Há 15 anos sem lançar álbum solo, desde o bem sucedido ‘Brazilian Breath’ (2003), a saxofonista lança ‘Afinidades’, inspirado na amizade e nos afetos, com participações especiais de Aurea Martins, Sheila Zagury, Silvério Pontes, Alexandre Romanazzi, Beto Cazes, entre outros. redacao@backstage.com.br Fotos: Clau Pomp

D

DANIELA SPIELMANN LANÇA SEU PRIMEIRO CD AUTORAL

epois de dois anos de ensaios, arranjos e gravações, a saxofonista e flautista Daniela Spielmann lança Afinidades, o primeiro disco autoral em 20 anos de carreira. Instrumentista virtuose, reconhecida por onde passa, nesse CD, Spielmann também se mostra neste trabalho como exímia arranjadora e compositora. Gravado com o seu Quarteto (Xande Figueiredo na bateria, Domingos Teixeira no violão e Rodrigo Villa no contrabaixo), amigos e parceiros de projetos musicais – o novo disco ganhou ainda diversas participações especiais, como Sheila Zagury (piano), Anat Cohen (clarinete), Silvério Pontes (trompete e flugel), Alexandre Romanazzi (flauta), Dudu Maia (bandolim), Idriss Boudrioua (sax alto),

Beto Cazes (percussão), Nando Duarte (violão de 7; Cordas), viola (DhyanToffolo), violoncello (Matheus Ceccato) e nos violinos Oswaldo Carvalho, Rogério Rosa, Glauco Fernandes, William Doyle. Sintonia, amizade e afeto permeia todo o trabalho e se reflete no próprio nome do CD. “Eu toco com este quarteto (que gravou o CD) há quinze anos, Domingos Teixeira no violão, Xande Figueiredo na bateria e Rodrigo Villa no contrabaixo, foi com eles que lancei o primeiro CD Solo (que não era autoral) então estamos muito sintonizados. As outras participações também são parceiros bem antigos e amigos pessoais, como a Sheila Zagury no piano, Anat Cohen no clarinete, Silvério Pontes no flugel e trumpete, Alexandre Romanazzi na flauta, Beto


Depois de dois anos de ensaio, Daniela Spielmann lança primeiro CD autoral gravado com seu Quarteto, amigos e parceiros em projetos musicais

Cazes percussão, Idris meu querido professor, no sax e o naipe de cordas capitaneado pelo meu querido amigo Osvaldo Carvalho”, explica Daniela. O CD contém faixas para estudo musical, sem os

maracatu, samba-choro de gafieira, afoxé, baião, samba-latino e bossa-nova, um reflexo também da pluralidade musical do quarteto. Lançar um trabalho autoral para Spielmann foi, de certa forma,

No caso de um CD inteiramente autoral é necessário pensar no ouvinte, nos timbres, nos contrastes... solos, e partituras em PDF para vários instrumentos. A saxofonista compôs, arranjou e produziu um repertório com composições inspiradas em situações e afetos que vivenciou. Estudiosa da música brasileira, musicalmente, o CD abraça diversos gêneros brasileiros e hibridações como:

também uma forma de consolidar a carreira e indicação de maturidade musical. “Pode-se pensar em experiências acumuladas na vida, estudo, aprendizagem sempre, ansiedade controlada pela maturidade e escolha de parceiros musicais pela Afinidade. É muito prazeroso e trabalhoso este processo todo, de

elaboração e lançamento de um CD porque de certa maneira há centralização das funções executivas: produção, arranjo, contato com as pessoas e um acúmulo de fazeres, mas é a sua concepção, a maneira como você lidou com as escolhas e quando dá certo, é muito gostoso. No caso de um CD inteiramente autoral é necessário pensar no ouvinte, nos timbres, nos contrastes e na maneira como este ouvinte vai se relacionar com estas composições”, revela. Além de atuar como compositora e arranjadora neste CD, Daniela ainda toca sax soprano, sax tenor e flauta. “O sax soprano apesar de controverso (tem gente que não gosta) é o meu principal instrumento e é através dele que consigo expressar melhor o que eu sinto.

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Toquei duas faixas de flauta e três de sax tenor, o meu sax alto que eu gosto tanto não participou deste CD”, ressalta. “Geralmente componho minhas músicas no piano, mas eu sempre dou uma testada no sax pra ver se a música está soando bem, é ele que manda, se o tom não tá legal eu mudo, se a amplitude melódica não tá legal, eu mudo, ele é o chefe”, completa.

REPERTÓRIO Cada música teve uma inspiração e Daniela procurou dar forma com o processo de tentativa e erro, pois acredita que a construção da composição acontece na busca dos sons e pela estrutura. “Sou muito influenciada pelo choro, pelos sons da gafieira, do samba, do jazz e da bossa-nova, é o que eu mais toco, então acaba que eu

gerir, por exemplo, pro Domingos que eu acharia legal um voicing no agudo, mas quem vai fazer é ele, então ele resolve como fazer. Eu adoro esse trocatroca de informações, é rico”, entusiasma-se.

PRODUÇÃO E GRAVAÇÃO As gravações começaram em 2013, sempre no Estúdio Tenda da Raposa, onde Carlos Fuchs gravou, mixou e masterizou. Segundo Fuchs, a captação dos instrumentos foi feita com uma boa gama de microfones distintos, ora com Ribbon, como os Royer R122, AEA R84 ou Coles 4038, ora com microfones como o Neumann Tlm170 ou os valvulados Lucas CS-1 ou ainda o Wunder Audio CM7 e o Manley Reference Cardioid. “Creio que os Ribbon foram mais usados e

Sou muito influenciada pelo choro, pelos sons da gafieira, do samba, do jazz e da bossa-nova. componho o que eu sei tocar”, sublinha. Durante o processo, Daniela primeiro formata o que quer e depois vai “tecendo” até chegar onde acredita que seja a perfeição. “Esse processo é bem obstinado, porque fico horas a fio até me dar por satisfeita, aí no dia seguinte eu volto e desfaço, e começo tudo de novo, depois volto e vejo o que tinha antes, comparo e assim vai até decidir botar um ponto final”, relata. Já no processo de elaboração dos arranjos, Daniela também contou com a participação dos músicos. “Eu sempre levo uma ideia pré-concebida nos ensaios e cada uma vai dando uma pitada, muda um baixo, uma harmonia, uma levada e as formas estão em constante transformação. Eu peço determinados sons, mas quem vai executar é o músico que tem mais habilidade em seu instrumento, eu posso até su-

com isso deram uma coloração bem suave e natural aos timbres dos instrumentos. Já para a mixagem, contei com a sensacional mesa Rupert Neve 5088, utilizando no mix bus um Shadow Hills Mastering Compressor e um Kush Audio Clariphonic. Usei ainda eventualmente o Inwards Connections Vac Rac Tsl-3, equalizadores Portico 5033 e contei com o Bricasti M7 como principal efeito”, assegura. “O mais interessante e trabalhoso pra mim foi a edição, porque eu peguei todo o material bruto do estúdio e fiquei trabalhando em casa pelo menos três meses e isso foi um aprendizado e tanto! “Aprendi que gravar cinco solos e escolher o melhor é uma roubada para quem vai editar; tem sempre um pedacinho que você adora e quer manter. Fiquei muito feliz com o som do CD”, completa Spielmann.


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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 30

ADAIR DAUFEMBACH: APÓS SACUDIR O METAL BRASILEIRO,

PRODUTOR MUSICAL DESPONTA NOS EUA O produtor Adair Daufembach consegue destaque no cenário internacional e se muda para os EUA

redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

P

or trás de um grande disco, na maioria das vezes estão as mãos de um produtor conduzindo os artistas para que eles atinjam o máximo de seu potencial. Adair Daufembach, um catarinense de 38 anos, encontrou na produção musical sua grande contribuição para o mundo da música. Se o começo, ainda jovem, foi na raça, com condições humildes em termos de equipamentos e instalações, seu trabalho cresceu de forma a mudar a cena do heavy metal brasileiro, sendo o grande responsável por um renascimento do estilo junto ao público jovem, com bandas como Project46 e Ponto Nulo no Céu. Agora, morando nos Estados Unidos, ele vive um novo momento, expandindo sua influência entre músicos estrangeiros de elite.

Adair é daquele tipo de produtor metódico e extremamente atento aos mínimos detalhes, mas que não perde a sensibilidade quando está trabalhando com as bandas. Com o Project46, por exemplo, foi certeiro ao indicar um direcionamento que mudaria o cenário do metal nacional e o colocaria como o principal produtor do Brasil no gênero. A dica era simples: “cantem em português”. Em uma cena metal em que o inglês sempre reinou, mandar a mensagem na língua local, na lata, fez com que o Project46 falasse diretamente a um público sedento por receber esta mensagem, envelopada no som pesado e moderno que o grupo traz. Deu certo, a ponto de todo um movimento de bandas se criar em torno deles, muitas delas sob a batuta de Adair em estúdio.


Hoje, o catarinense colhe os frutos desse sucesso. A boa fase das bandas com quem trabalhou permitiu que ele alçasse voos bem mais altos. Adair se mudou para os Estados Unidos, montou seu próprio estúdio - em um momento em que nem os norte-americanos constroem estúdios nos moldes tradicionais - e segue trabalhando com grandes nomes da cena, com o guitarrista Tony MacAlpine e o baterista Dirk Verbeuren, que vem lhe garantindo “jobs” para o lendário Megadeth.

EM ASCENSÃO Adair começou trabalhando em um home estúdio improvisado, com equipamento muito modesto. O primeiro álbum foi gravado com a banda Agony, usando apenas a placa on board de um computador Duron 800 Mhz e um microfone Dinâmico. Ainda assim, o grupo de hardcore obteve reconhecimento na cena local, pelo fato do disco ter uma qualidade superior às produções feitas pelos grandes estúdios da região. Adair compensou a falta de es-

Tom Morello, Adair Daufembach e Tony MacAlpine

trutura com trabalho – já que o equipamento era pra lá de “vagabundo”, como ele mesmo brinca. Um diferencial do brasileiro era a mentalidade: “eu pensava que aquele trabalho que eu estava fazendo tinha que ser o melhor da minha vida. Até pelo fato de que, se eu não fosse bem, aquele poderia ser também o meu último trabalho. Sigo essa filosofia até hoje.”,

Adair com Dirk Verbeuren e Rafael Pensado no estudio Machina Factory após finalizar sessão para vídeo dos 35 anos do Megadeth

enfatiza o produtor. Dois momentos foram importantes na jornada: produzir o Ponto Nulo no Céu, importante para seu nome brilhar na cena do metalcore, e começar a trabalhar com os paulistanos do Project46, conquistando, também, a confiança do baterista Aquiles Priester, um dos maiores nomes da bateria mundial. Com o Project46, Adair inverteu a lógica do mercado. Se as bandas do interior buscavam as capitais e, principalmente, São Paulo para gravarem seus discos, ele conseguiu atraí-los para o interior de Santa Catarina para gravar seu primeiro album, mostrando potencial e qualidade. “Ser um profissional de áudio, já é um grande desafio, e pagar minhas contas só trabalhando com metal também é uma conquista enorme”, destaca o produtor. Nessa época, Adair começou a influenciar a geração de novos produtores através de workshops, mostrando sua veia como educador e exemplo a ser seguido. “Todo workshop era uma surpresa, vinha gente de todos os estados, de grandes estúdios,

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 32 Adair Daufembach trabalhando com o plugin da Waves Abbey Road TG Mastering Chain, que foi lançado mundialmente com presets feitos pelo produtor

produtores e músicos conhecidos. Hoje muitos deles estão se destacando na cena e vem me agradecer. Eu fico lisonjeado demais com isso. Faz tudo valer a pena”, diz o catarinense. Seus eventos atraíam gente de todo o Brasil, do Rio Grande do Sul ao Acre, pessoas que viajavam horas

MORANDO NOS EUA O trabalho de Adair com Aquiles o levou a trabalhar com o guitarrista Tony MacAlpine e abriu portas no exterior. Com Tony, figurou entre os líderes na lista dos melhores álbuns da tradicional loja japonesa Tower Records e teve disco eleito o melhor do ano de 2017 pela

Todo workshop era uma surpresa, vinha gente de todos os estados, de grandes estúdios, produtores e músicos conhecidos.

de avião para conhecer seu método, além de figuras de renome, como o grande produtor Paulo Anhaia e presença de técnicos de som dos estúdios Gravodisc, NaCena, Aeon entre muitos outros.

revista All That Shreds - dedicada justamente aos reis da fritação nas seis cordas. MacAlpine é um guitarrista que surgiu na mesma geração de Yngwie Malsmteen e Paul Gilbert e que nunca é esquecido na

lista de melhores de todos os tempos. Adair já está há três anos nos Estados Unidos e escolheu Los Angeles para montar seu estúdio, que já contou com a visita de brasileiros por lá, como a banda carioca Maieuttica, os gaúchos do Scelerata e os paulistas do Project46, que gravaram o aclamado TR3S lá. O álbum deu a eles o título de melhor lançamento de 2017 pela revista Roadie Crew - e em um ano em que havia concorrência com o Sepultura, com o elogiado “Machine Messiah”, produzido por Jens Bogren, um dos caras mais renomados da atualidade. Também em Los Angeles, começou a parceria com o lendário baterista Dirk Verbeuren, ex-Soilwork. Dirk vive hoje seu ápice, no Megadeth, e também é famoso por ter criado um novo tipo de blast beat que leva seu nome. Adair se tornou o engenheiro de som preferido


do baterista em projetos especiais e, juntos, eles estão fazendo uma série de regravações de clássicos do Megadeth. Dirk e o grupo de thrash metal estão com uma campanha de comemoração de 35 anos da banda e a cada mês eles fazem uma nova versão de músicas de um disco em específico. Entre os

fazem a diferença na visão do produtor. Nos workshops, os participantes sempre demonstram curiosidade sobre suas técnicas de timbragem por conta da qualidade de som no mesmo nível das produções gringas.“Timbres de guitarras são complexos no metal, o público não aceita menos do que o exce-

Acho que o futuro do metal, com as ferramentas disponíveis hoje, é usar o som acústico da bateria, mas com o mesmo punch que samples proporcionam. projetos que Adair tem participado com Dirk, está o álbum solo do guitarrista do Napalm Death, Mitch Harris, ainda em produção.

DIFERENCIAIS Falar do trabalho com Dirk reforça uma marca registrada de Adair, que é justamente seu método de gravação de bateria, que já foi premiado pela revista Modern Drummer como a terceira melhor vídeo-aula do mundo, em 2011. “Acho que o futuro do metal, com as ferramentas disponíveis hoje, é usar o som acústico da bateria, mas com o mesmo punch que samples proporcionam. Por isso a minha preocupação com a sala em que gravo”. Adair procura dar o polimento necessário ao som acústico da bateria para que ela soe moderna, mas não ultraprocessada, unindo o melhor dos dois mundos. Uma nova produção com Aquiles Priester foi gravada no Harman Exposition Center, em agosto, e promete elevar o nível das vídeo-aulas a um novo patamar Adair é também conhecido pelos seus timbres de guitarra. Ainda que os plugins tenham evoluído, amplificadores reais e outboard gear analógico ainda

lente. E som de guitarra não é nem a guitarra, nem o amplificador, nem o preamp ou a performance… É tudo isso junto”, explica ele. Os elogios ao seu trabalho chegam ao ponto de MacAlpine ter dito que Adair extraiu o melhor som que ele já teve em estúdio. Opinião comprovada pelo fato de que o guitarrista nunca tinha mixado dois discos com um mesmo produtor até trabalhar com Adair.

ENTRE OS GRANDES Outra conquista, talvez a maior da carreira de Adair, aconteceu já com ele nos EUA, com o convite para ser parte do time Waves. A empresa pioneira de plugins se-

gue como a maior do ramo, e figurar como endorser da marca é um grande reconhecimento da influência do trabalho de Adair Daufembach no mercado do Audio nacional e internacional.“Ser artista da Waves, ter um profile no site deles e ver meus vídeos ao lado de caras como JoeBarresi, Chris Lord-Alge e Tony Maserati é surreal”, comemora Adair. Atualmente o brasileiro está testando os plugins antes de serem lançados e criando presets. O primeiro projeto em que ele trabalhou foi o “Abbey Road Chambers Reverb Plugin”, lançamento especial por recriar os chambers do estúdio Abbey Road. Adair também foi o primeiro brasileiro a ter um tutorial em português no site da marca, explicando como mixou as vozes do novo Album do Project46. Com a carreira se consolidando, a missão de Adair agora é expandir sua influência, mantendo a parceria com os grandes artistas com quem ele já trabalha e ir além. Um dos sonhos é ver a cena que trabalhou, com o metal e o metalcore brasileiros, se expandir a ponto de chegar aos Estados Unidos. Dos fundos da sua casa da sua mãe a Los Angeles, Adair já mostrou que nada é impossível.

ALGUNS DOS PRÊMIOS DE ADAIR DAUFEMBACH EM VEÍCULOS ESPECIALIZADOS

• “The Infallible Reason of my Freak Drumming” Aquiles Priester: 3º Melhor Vídeo-Aula do mundo (Modern Drummer americana) • "TR3S" Project 46: Melhor Album de Metal Nacional de 2017 (Roadie Crew) • “Stronger Than Ever” Hangar 2º Melhor CD de Metal Nacional (Roadie Crew) • “Death of Roses” Tony MacAlpine: Best Album of 2018 (Website All that Shreds) • “DVD Live in Brusque, SC, Brazil” Hangar - 2º melhor DVD de 2016 (Roadie Crew)

• “Precession” Symbolica: - 4º Melhor Disco de Metal Nacional 2012 (Roadie Crew) • “Lunar Manifesto” Semblant: - 10 Melhores Albuns Metal do Ano de 2014 (Melhores Whiplash) • “Que Seja Feita a Nossa Vontade” Project46 - Melhor Album de Mtal Nacional 2014 (Wikimetal) • “Black Flag” - Command6: um dos 11 Melhores Albuns de Metal Nacionail de todos os tempos (Wikimetal) • Melhor Album Nacional 2012 Black Flag • “Samba de Preto” Huaska - Melhor Album de Rock de 2012 (omelete.com)

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 34

GEOFF EMERICK: O PINTOR DE SONS De Revolver a Sergeant Pepers, e depois muitos outros discos de Jeff Beck, Paul McCartney, Elvis Costello e muitos mais, Geoff Emerick nos ensinou a ouvir as cores que o som nos traz Miguel Sá redacao@backstage.com.br Fotos: Ernani Matos / Divulgação

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m uma das salas de conferência da Rio2C, no mês de abril, o sistema de som tocava The End: a última música gravada pelos Beatles no estúdio Abbey Road. Na cadeira ao centro, entre outros dois engenheiros de áudio, Ed Cherney e Moogie Canázio, estava o homem que imprimiu aquele som nas fitas: Geoff Emerick. O pé batia discretamente ao ritmo da bateria. A carga emocional na sala aumentava sensivelmente enquanto a música avançava. O olhar, perdido, emocionado, indicava que passava um filme em sua cabeça enquanto tocava a música. Quando começou a trabalhar como engenheiro assistente na EMI, com a idade de 15 anos, Emerick não imaginava que ia fazer parte da história da música do século XX. O garoto começou a tra-

balhar no estúdio quando os “técnicos” ainda usavam jaleco branco, tal qual médicos ou cientistas, para manejar os equipamentos. A burocracia era grande para qualquer mudança nos usos e costumes. Mas as coisas mudariam em breve, e Emerick testemunhou, como assistente, o início disso, durante a primeira sessão de gravação dos Beatles na EMI, em 1962, conduzida por Norman Smith. Depois de trabalhar como assistente, ele se tornou o engenheiro de som dos Beatles, a pedido de George Martin, a partir do álbum Revolver. No álbum Sergeant Pepers, de 1967, as experimentações atingiram seu auge. A disposição para seguir as loucuras de George Martin e os Beatles o ajudaram a levar a gravação e a mixagem muito além do simples registro da performance musi-


cal, tornando a engenharia de som parte integrante da concepção artística do álbum. Entre as experimentações produzidas com Emerick como engenheiro de som estão o uso de uma caixa Leslie para a voz de John Lennon parecer que estava soando “do alto de uma montanha do Tibet”. Emerick também começou a captar a bateria também com microfones próximos das peças, sem usar apenas os over. Ele foi o primeiro a usar um microfone em cima e outro embaixo da caixa, assim como os microfones nos tons, por exemplo. Após o fim da banda, Geoff Emerick trabalhou com Paul McCartney em vários de seus discos solo (incluindo Band On The Run), além de Elvis Costello, Art Garfunkel, Jeff Beck, John McLaughlin, America, e Supertramp entre outros. Emerick também participou das mixagens do Beatles Anthology, de 1996, uma compilação de takes alternativos das músicas dos Beatles, e da inédita Free as a Bird, na qual os três componentes da banda ainda vivos na época interagiram com uma gra-

Emerick com Ed Cherney (à esquerda) e Moogie Canazio (à direita) na Rio2C

vação inédita de John Lennon. Entre os Grammys ganhos por Geoff Emerick, estão o de melhor engenheiro de som pelos álbuns Sergeant Peppers (1967) e Abbey Road (1969), além de um prêmio especial por mérito técnico em 2003. Emerick lançou também um livro de memórias, HereThere e Everywhere: Minha vida gravando

Geoff Emerick e Moogie Canazio se encontraram várias vezes pelos estúdios de Los Angeles

a música dos Beatles, em co-autoria com o jornalista Howard Massey.

GENEROSIDADE Uma das pessoas a ser capturada pelo trabalho de Emerick foi o engenheiro de som Moogie Canazio. “Eu conheci o trabalho do Emerick depois de ter passado uma noite na porta da loja de disco esperando acontecer, no dia seguinte de manhã, o lançamento do Revolver. Eu nunca me esqueço. Foi um disco que teve um impacto gigante na minha pretensão musical já naquela época. Não obstante esse primeiro choque que tive, veio o Sergeant Peppers, que é um marco de sonoridade na história da música contemporânea. Existem outros trabalhos geniais e brilhantes, mas acho que nada se compara a este”, acentua Moogie, que já gravou Caetano Veloso, o baixista norte americano Nathan East e João Gilberto entre muitos outros. Trabalhando em Los Angeles, não foram poucas as vezes que Moogie e Emerick se cruzaram pelos corredores dos estúdios. As conversas se desenvolviam e Moogie sempre

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 36 Geoff e Ringo brincam com o troféu do Grammy

ouvia e aprendia muito com as histórias de Geoff Emerick. “Conheci ele há uns 15 anos atrás, talvez mais. Eu estava fazendo algo na Capitol Studios e ele também estava lá. Aí nos esbarramos e conver-

Paul era o beatle mais próximo de Emerick.

Geoff Emerick foi o primeiro homenageado. “Foi uma noite memorável.. A casa estava cheia e ele fez questão de ficar até aúltima pessoa que estava lá. Ele era o tipo de cara que fazia isso”, aponta Moogie

Ele sempre era muito generoso em passar informação, uma conversa espetacular

samos um pouquinho. Ele sempre era muito generoso em passar informação, uma conversa espetacular”, comenta Moogie. Quando, há dois anos, foi criado o Conselho de Produtores e Engenheiros do Grammy Latino, do qual Moogie Canazio é chairman,

Canazio, que também intermediou, para Zé Ricardo, curador da Rio 2C, a vinda de Geoff Emerick.

ESTILO Moogie afirma que o fato de pintar com sons, como o próprio Geoff Emerick definia o seu esti-

lo, era a grande marca do engenheiro de som. “A primeira coisa foi a novidade que ele criou no aspecto sônico. Não escutavamos aquilo naquela época. Mesmo hoje, quando ouvimos o que ele fez, ainda tem o mesmo impacto. Pra mim ele é um Michelangelo de som. Quando eu e todos os outros escutamos, vemos, que ele era um pintor de sons. Não existe uma coisa só especifica para destacar. Existe a percepção. A simbiose entre uma coisa e outra é muito grande. Ele era realmente um artista plástico. Sinto que não aprendemos o suficiente com ele. Não é só ir em uma loja e comprar o equipamento. É muito mais que isso”, completa Canazio. Geoff Emerick nasceu em 5 de dezembro de 1945, em Londres, e faleceu em 2 de outubro de 2018, em Los Angeles.


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TECNOLOGIA|ABLETON LIVE| www.backstage.com.br 38

Figura 01 - Common Method

“MOVER CLIPS DO SESSION PARA ARRANGEMENT VIEW” Lika Meinberg é produtor, orquestrador, arranjador, compositor, sound designer, pianista/tecladista. Estudou direção de Orquestra, música para cinema e sound design na Berklee College of Music, em Boston.

Eu posso dizer pela minha experiência de vários anos usando Ableton Live que a forma mais usual de se coletar clips , ou Samples de um segmento de audio pronto é atravéz da janela “Arrangement View”.

E

stá tudo ai, basta seletar o segmento que você quer coletar como um Clip, digitar Ctrl + Shift +I(ou Comm + Shift + I no mac) e o seu Clip estará pronto para usar no Session View! (Tecla TAB) É simples assim , pronto para usar , basta renomear, mudar a cor, criar novos Track etc! Mas as vezes quando trocamos figurinhas com alguém , pode vir algum projeto criado com loops e você quer aproveitar só algumas partes sem ter que gra-

var o Session todo(como seria usual) no Arrangement View!!? Algo mais ou menos assim , .... Não é raro! Aquele groovy,uma pequena idéia musical que voce quer desenvolver usando apenasparte desses Clips, mudando a cara do projeto e fazendo o seu próprio Mix/ReMix! Ok!!! Sacou né!!? Repare que nesse caso não tem nada gravado no Arrangemet View (Importante), vamos transferir os Clips para cá!


Figura 01 - Common Method

Aperte a tecla TAB para alternar para Session View. Agora clique com o mouse (Botão esquerdo) selete o Clip (ou

Detalhe Importante: “Mantenha o botão apertado!! Então use a tecla TAB para alternar de novo ao Arrangement View”. (vazio até então)

gite a tecla TAB , direcionando o cursor do mouse ao local que voce deseja transferir o segmento de audio e solte o botão!!

O processo é esse mesmo: Mantenha o botão apertadoe di-

Traquilo né , simples assim (Há!!, use a tecla Shift para selecionar e transferir mais de um Clip) No Arrengement View voce pode editar a localização e o tamanho dos Clips. Aproximando o cursor da borda do clip (o cursor se transforma em colchete!!).Aperte o botão esquerdo, mantenha apertado e arraste>>> Com esse método você pode editar seus clips até o comprimento desejado. Selete varios clips se precisar alinhar o tamanho do Track (ou

Figura 02 - Repeat

Clips) que deseja mover para Arrangement View!!

Figura 03 - to Produce

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Tracks) de acordo com suas nescessidades. Use a régua de loop para limitar o tamanho certo e auxíliar nas edições(evita confusão) E extenda todos os Clips até o tamanho certo.....

Tambem você pode seletar um grupo já homogenizado,com as bordas definidas e usar Ctrl + D (Comm + D no Mac)...para duplicar um grupo todo!! Selete o grupo e use esse comando de teclas!!

Pode óbvio que você pode tambem usar os dois processos de arrastar eduplicar, sem cerimônias. Depende só da sua nescessidades no momento. Alguem pode argumentar se não seria mais rápido gravar do Session

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ABLETON LIVE| www.backstage.com.br

Figura 05 - Click hit TAB

Figura 06 - Moving

View e recortar ou editar depois no próprio Arrengement View!!?? Depende muito do tipo de Remix ou Rearranjo que voce quer fazer. Eu uso os dois métodos , só estou dando mais uma opção para voce e Figura 07 - extended loop


Figura 08 - Adjust all loop tracks

Figura 11 - D to duplicar

Figura 09 - Adjustsize loop

Figura 12 - ou arrastar

acho que serå util em muitos casos! É isso amigos, tirem bom proveito! Boa sorte a todos!

Para saber online Facebook - Lika Meinberg Figura 10 - Expanda os loops

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ÁUDIO FUNDAMENTAL| www.backstage.com.br 42

Olá amigos do áudio, nesta edição estaremos iniciando uma série sobre Psicoacústica, a ciência que explica como ouvimos. Precisamos entender que não é suficiente o conhecimento sobre equipamentos, técnicas de mixagem, Masterização, rádio frequência, microfones e etc... afinal todas essas são ferramentas que nos ajudam a fazer com que o nosso som seja percebido pelo ouvinte de forma satisfatória, e nossos ouvintes utilizam o sistema auditivo para receber toda essa informação. redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

PSICOACÚSTICA E QUANTIDADES SUBJETIVAS Pedro Duboc é Técnico de Áudio e membro da Sobrac (Sociedade Brasileira de Acústica), ABPAudio (Associação Brasileira de Profissionais de Áudio), ASA (Acoustical Society of America) e AES (American Engineering Society).

O

problema é: como ouvimos?

Ao contrário dos outros sentidos, é surpreendente como nosso vocabulário é limitado quando falamos da audição. Especialmente na indústria de áudio, nós nem sempre discernimos entre quantidades subjetivas e quantidades objetivas. Por enquanto, a quantidade de frequência, nível, espectro etc... são todas objetivas, pois podem ser medidas

através de um equipamento eletrônico; enquanto o conceito de pitch, loudness, timbre e etc... são subjetivos e são percepções auditivas em nossa cabeça. A Psicoacústica investiga essas quantidades subjetivas (nossa percepção auditiva), e sua relação com as quantidades objetivas em acústica. O nome Psicoacústica vem do campo da psicologia, ou seja, a ciência do reconhecimento, que lida com toda forma


de percepção humana, e é um campo interdisciplinar de muitas áreas, incluindo psicologia, acústica, engenharia elétrica, física, biologia, fisiologia, ciência da computação, etc... Mesmo que haja uma relação clara e forte entre certas quantidades

des diferenças em cada indivíduo, que podem ser críticas em áreas como a de localização sonora. Comparado com outros campos na acústica, a psicoacústica é relativamente nova e tem sido amplamente estudado nos nossos dias atuais. Mesmo que alguns efeitos já são

Comparado com outros campos na acústica, a psicoacústica é relativamente nova e tem sido amplamente estudado nos nossos dias atuais.

subjetivas e objetivas, (ex. pitch e frequência), outras quantidades objetivas também tem influência. Por exemplo, mudanças de nível sonoro podem afetar a percepção de pitch. Indo além entendemos que não existem duas pessoas idênticas, quando estamos lidando com percepções na Psicoacústica. Há gran-

conhecidos a algum tempo (Efeito Hass), hoje, novas descobertas têm surgido continuamente. A Não linearidade dos nossos ouvidos. Quando inserimos algumas frequencias em um sistema linear, a saída será exatamente as mesmas frequencias, embora as amplitudes e fases relativas possam ser ajusta-

das devido à filtragem. Contudo, para um sistema não linear, a saída incluirá novas frequencias que não estavam presentes na entrada. Porque nosso sistema auditivo desenvolveu mecanismos como reflexo acústico no ouvido médio e os processos ativos no ouvido interno, ele não é linear. Existem dois tipos de não - linearidade chamados de distorção harmônica e tons combinados. Distorção harmônica pode ser facilmente alcançada simplesmente distorcendo um tom puro. Os novos componentes adicionados são harmônicos do tom original. Tons combinados acontecem quando temos pelo menos duas frequencias na entrada, logo na saída teremos os tons combinados. Porque a distorção harmônica não muda a perceção de pitch, não é surpresa se formos menos tolerantes com os tons combinados, além disso, porque o sistema auditivo é ativo, mesmo em um ambiente completamente silencioso, o ouvido interno irá gerar tons. Essas emissões otacústicas são o sinal de um ouvido interno saudável e em perfeito funcionamento. Na próxima edição estaremos nos aprofundando um pouco mais na percepção de fase, audição relativa ao tempo assim como loudness. Até a próxima.

Para saber online

Matérias das edições anteriores https://goo.gl/FyJkHq

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TECNOLOGIA| LOGIC | www.backstage.com.br

GRAVANDO E PROCESSANDO

LINHAS DE BAIXO COM O

LOGIC PRO X Vera Medina é produtora, cantora,

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compositora e professora de canto e produção de áudio

Independentemente do estilo de música ou projeto que está sendo gravado, a linha de baixo geralmente é a base que define o groove da música, juntamente com elementos rítmicos da bateria ou percussão.

O

bviamente, são muitas tonalidades e combinações de efeitos que podem ser exploradas, considerando estilos que vão do pop até o samba. Um dos pontos mais importantes antes de gravar, é garantir que o seu baixo esteja bem configurado e com a sonoridade ideal. É vital que um baixo esteja bem configurado antes de começar a gravação para evitar desperdiçar horas de pós-produção tentando corrigir problemas. No Logic Pro, verifique a afinação do seu baixo usando o plug-in Tuner (Figura 1). Usar o afinador serve também para verificar se há flutuação na tonalidade do seu instrumento, observando desde o toque da nota até seu decay. Cordas mais finas apresentam maior flutuação de tonalidade que podem gerar problemas ao tentar integrar a parte do baixo no projeto. Existem muitas formas de gravar uma linha de baixo. Uma das mais populares é amplificando o sinal do baixo

Figura 1

através de um amplificador e combinando uma entrada de DI e sinais de microfone. Ainda tem que se pensar se o baixo vai ser gravado com outros elementos da música ou isoladamente, pois quando gravamos outros elementos num estúdio simultaneamente, geralmente há um certo vazamento de som. Nesses casos, é necessário garantir que o vazamento não vai afetar a fase posterior de mixa-


Figura-3 Figura 2

gem, onde processamos os materiais gravados. Afinal, o baixo é um dos principais responsáveis pelo groove do projeto, como já falamos. Novamente, a opção de

soar bem seco e claro, mas também pode apresentar uma falta de corpo que vem de um gabinete de baixo. Quando se grava uma banda ao vivo em show ou em estúdio, usar o DI permite salvar um bom take de bateria,

Figura 4

aplicar a abordagem DI pode ajudar com os vazamentos e trazer mais opções nas fases de processamento. Temos que pensar na sonoridade necessária para o estilo, posicionamento, questões estéticas, dinâmica, entre outros. Vamos abordar alguns poucos assuntos aqui. A maioria dos baixos possui pickups passivos, necessitando do uso de uma caixa DI para aumentar o sinal de baixo nível. Os baixos que têm pick-ups ativos possuem saída alta o suficiente para ser conectada diretamente à mesa de som ou interface de áudio. O baixo gravado com uso de um DI pode

caso o baixista cometa algum erro. Se o baixo for tocado de acordo com o esperado, mas houver algo errado com o som gravado, o sinal limpo do DI pode ser alimentado posteriormente em um amplificador. Esta técnica é conhecida como re amping. Atualmente, existem muitos canais de gravação externo que apresentam excelentes entradas DI. Algumas delas são baseadas em designs de consoles vintage e a maioria possui EQ e controle de dinâmica, permitindo que excelentes resultados sejam produzidos sem a necessidade de amplificação.

Muitas vezes, para alcançar os melhores sons graves, apenas o som de um gabinete de baixo com microfone funciona. É difícil imitar o som de um bom amplificador de baixo somente com técnicas de DI, particularmente se for um modelo de válvula. A maioria dos engenheiros prefere microfones dinâmicos com uma resposta maior dos graves ou um condensador de diafragma grande. Os microfones de fita podem soar bem nos graves, mas são mais delicados do que outros tipos e não devem ser colocados perto de fontes que produzem níveis de pressão de som, também conhecido como SPL (Sound Pressure Level) – Figura 2. Microfones projetados para bumbos geralmente funcionam para gravação de linhas de baixo, já que geralmente têm um aumento pronunciado de graves, e podem lidar com SPLs muito altos. Um microfone mais genérico, tal como o Shure SM57, se posicionado corretamente, também pode produzir uma boa gravação. Mover o microfone entre 5 e 18 polegadas do alto-falante do amplificador é uma maneira de aproveitar os tons gerados, considerando um espaço de gravação pequeno. Tente pesquisar sobre técnicas de posicionamento de microfone para aproveitar ao máximo das tonalidades a serem obtidas.

Figura 5

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mais básicas para criar um tom baixo é misturar o som de um baixo através de um amplificador com o som direto. Vamos então ao Logic. Escolha a faixa da linha do baixo e abra o Plug-in Bass Amp Designer (Figura 3). Clique em Direct Box, umas das opções loca-

A sonoridade mais forte virá do posicionamento central. Mas veja também o resultado de outros posicionamentos, alterando diretamente no desenho que aparece com o alto-falante

Figura 6

DI 46

xo. O botão HF Cut remove possíveis ruídos. De acordo com o projeto, estilo, sonoridade desejada, experimente as várias opções até encontrar o que mais se ajusta. Tente também equilibrar o Boost. Outro controle disponível é o posicionamento do microfone.

Utilizando o conceito da Wikipedia, “uma unidade DI, caixa DI, Direct box, Direct Input, Direct Injection ou simplesmente DI é um dispositivo normalmente utilizado em estúdios de gravação para conectar um sinal de saída não equilibrado de alta impedância e de nível de linha a uma entrada balanceada de microfone de baixa impedância, normalmente através de um conector XLR. DIs são frequentemente usados para conectar uma guitarra elétrica ou baixo elétrico a uma entrada de microfone de uma mesa de som. O DI realiza a adaptação de nível, balanceamento e até mesmo a adaptação/ponte de impedância para minimizar o ruído, a distorção e loops de aterramento. O termo DI é variavelmente utilizado para designar direct input (entrada direta), direct injection (injeção direta) ou interface direta (direct interface). Eles são amplamente utilizados com sistemas de PA profissionais e semi-profissionais e em estúdios de gravação.” Como falamos, uma das técnicas

lizadas na parte de baixo da janela (Figura 4). O layout é bastante direto, temos um botão on/off, um botão corta HF Cut, Boost e Tone. O controle de Tone apresenta 6 diferentes opções de curva de equalização pré-definidas que podem ser aplicadas ao sinal de bai-

Figura 7

Como explicado anteriormente, a sonoridade mais forte virá do posicionamento central. Mas veja também o resultado de outros posicionamentos, alterando diretamente no desenho que aparece com o alto-falante. Verifique que entre os botões


Amp e DI existe um botão deslizante que permite que você defina o equilíbrio desejado entre Amp e DI. É importante pensar no que você pretende atingir em termos de sonoridade, o que possibilitará fazer a combinação correta entre DI e Amplificador. O tipo de amplificador também poderá ser escolhido pensando na equalização final. Para um uso mais avançado deste recurso, pode ser interessante abrir dois canais separados, um para o DI e outro para o Amplificador. Desta forma, é possível trabalhar melhor a equalização do baixo, assim também como utilizar outros plug-ins como inserção. Para isto, duplique as faixas com a gravação do baixo para os dois canais. No primeiro canal, insira o Bass Amp Designer e mova o botão totalmente em direção à palavra Amp. No segundo canal, mova o botão totalmente para a palavra Direct Box. No início do texto, falamos sobre vários formatos de gravação. Simular a gravação de vários gabinetes de baixo é um outro recurso interessante a ser explorado no Logic. Basta criar a quantidade de trilhas com o Bass Amp Designer ativo. Geralmente,

Figura 8

de um Track Stack para dar controle sobre o nível e o timbre em geral.

EFEITOS Durante a mixagem é comum querer melhorar a percepção dos graves da gravação do baixo. Podemos pensar além do uso de equalização com o Channel EQ do Logic. Temos alguns recursos como o plug-

Durante a mixagem é comum querer melhorar a percepção dos graves da gravação do baixo. Podemos pensar além do uso de equalização com o Channel EQ do Logic utilizam-se até três, sendo duas para diferentes tipos de gabinetes e uma para o DI. Um dos Amps pode ser mais direcionado a médios e agudos e outro para graves. As três pistas podem então ser equalizadas separadamente e somadas através

in nativo SubBass, uso do Pedalboard para inserção de efeitos e uso do Flex Pitch para duplicar linhas de baixo com sintetizadores. Vamos explorá-los a seguir. O plug-in chamando SubBass no Logic atua para incluirmos sub-

harmônicos, tais como plug-ins Waves Renaissance Bass, Max Bass ou LoAir. O sinal de entrada é dividido em dois processadores paralelos iguais, para agudos (High) e graves (Low). O plug-in SubBass pode ser usado para adicionar graves a uma gravação de baixo. Outro uso para o plug-in SubBass é adicionar graves abaixo da frequência fundamental da nota atual. Uma configuração com Ratio de 2 faz com que o plug-in SubBass se comporte como um pedal de oitava sintetizando uma nota em uma oitava abaixo da nota tocada. Isto é mais útil para efeitos especiais ou onde uma linha de baixo foi tocada uma oitava acima de seu registro tradicional. Esse tipo de ajuste deve ser realizado com a bateria gravada, uma vez que pode haver um excesso de ajustes nas frequências graves, principalmente na frequência do bumbo. O Chorus é outro efeito utilizado no processamento de linhas de baixo. O chorus em um baixo pode adicionar

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largura e movimento estéreo, o que pode ajudar a destacá-lo mais em uma mixagem. Ao aplicar chorus a

roteamento. A linha superior representa a banda de frequência mais alta e a linha inferior a banda de

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Figura 9

Figura-10

um baixo, é mais interessante não processar as frequências graves para evitar cancelamento destas. Utilizase o recurso de divisão de frequência no plug-in Pedalboard do Logic para aplicar o efeito de chorus apenas às frequências médias e altas. No menu de inserção, adicione uma instância de Pedalboard e arraste o pedal Retro Chorus da barra lateral para a área Pedalboard. Em seguida, arraste o objeto Splitter para que ele fique antes do efeito de chorus e defina o modo de Splitter como Freq em vez de Split. Passe o mouse sobre os pedais e o Pedalboard agora mostra a área de

frequência mais grave. Como queremos aplicar um efeito de chours à banda de frequência mais alta, você

outro efeito. Vá para o pedal Mixer que foi criado automaticamente quando você arrastou o Splitter e arraste o controle deslizante até o topo, letra B. Agora você está ouvindo apenas o sinal acima da frequência definida no objeto Splitter. Ajuste o botão Frequency no pedal Splitter para definir a quantidade de frequências médias e altas que você deseja passar pelo efeito Chorus. Finalmente, traga a banda grave de volta levando o controle deslizante Mixer de volta para o seu ponto médio. Às vezes, você pode desejar obter variações entre as seções de uma música, por exemplo, entre o verso e o refrão. Uma maneira de obter esse contraste é enfatizar a linha de bai-

Às vezes, você pode desejar obter variações entre as seções de uma música, por exemplo, entre o verso e o refrão. Uma maneira de obter esse contraste é enfatizar a linha de baixo com um baixo de sintetizador

precisa arrastar o objeto de chorus para a linha superior (Figura xXX). Vale a pena ressaltar que no lugar do Chorus pode ser utilizado qualquer

xo com um baixo de sintetizador. Um baixista ao vivo pode conseguir isso usando pedais como Mark Bass Super Synth. Como não precisamos


fazer isso em tempo real, podemos aproveitar a análise offline de tom do Logic para extrair as informações MIDI de notas da linha de baixo. Essas informações podem depois ser utilizadas para tocar um som sinteti-

forma como o processo do Flex Pitch interpretou o seu áudio vá para Edit / Create faixa MIDI a partir de dados de tom do Flex. Isso criará uma nova faixa de instrumento de software com uma região

A linha de baixo é um dos componentes mais importantes na maioria dos estilos, gerando o ritmo junto com a bateria

zado de baixo em uma faixa de instrumento de software. Para fazer isso, clique duas vezes na região gravada do baixo para abrir o Sample Editor. Em seguida, clique no botão Show Flex na parte superior do Sample Editor e defina o menu pop-up Flex para Flex Pitch. O Logic analisa o conteúdo da nota da região. Se estiver satisfeito com a

MIDI contendo as notas da parte do baixo. Experimente por camadas diferentes sintetizadores com sua parte de baixo. Como sugestão, o Retro Synth é o mais bem-sucedido em soar como um clássico pedal de baixo. Experimente o preset Classic Analogue Bass como ponto de partida. Como você está fazendo audições em presets, você

pode precisar alterar a oitava das notas MIDI para tocar no registro correto. No Inspector, vá para a área Parâmetro da Região e clique no parâmetro Transpor. Na lista suspensa, escolha a transposição de oitava apropriada. Como dissemos no início, a linha de baixo é um dos componentes mais importantes na maioria dos estilos, gerando o ritmo junto com a bateria. Cobrimos algumas opções de processamento que podem ser utilizadas com uma certa frequência em seus projetos. Tente utilizar Smart Controls para situações que possam ser recorrentes em seu fluxo de produção.

Para saber online vera.medina1@gmail.com www.veramedina.com.br

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 50

AES seção Uruguai promoveu o congresso latino-americano. Durante quatro dias, profissionais de áudio de todo o continente puderam trocar conhecimento e experiências.

redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

CONGRESSO LATINO AMERICANO DA AES DEBATE A REGULARIZAÇÃO DO LOUDNESS

E

ste ano o mais importante congresso da AES da América Latina aconteceu em Montevideo, no Uruguai. A programação foi extensa e, ainda que tenha tido como tema aglutinador a questão do Loudness, teve palestrantes de várias vertentes, como explica o vice-presidente da AES para a América Latina e chairman do evento Cesar

Lamschtein. “Sempre tentamos não focar em um único setor do áudio nessas conferências anuais. Audio ao vivo, estúdio, broadcast, áudio para vídeo e filme, tecnologia, acústica e a academia são representadas”, reforça Cesar. Na Europa, com as normas da União Européia de Radiodifusão (European Broadcast Union – EBU), ou nos


César Lamshtein - Presidente AES Uruguai

Estados Unidos, com a atuação da Advanced Television Systems Comitte (ATSC), são regulados os níveis de sonoridade tanto dos canais

abertos como dos canais a cabo. Na America Latina, a mesma preocupação com a normatização dos níveis de áudio se desenvolve nas rádios e

até mesmo no som ao vivo, sem excluir os serviços de streaming. A ideia é, a partir de eventos como este encontro da AES, promover este tipo de normatização na America Latina, sempre com o foco na saúde auditiva.

O EVENTO

Encontro de engenheiros de áudio

A programação foi extensa, com palestras, workshops e a competição estudantil de áudio. Para os quatro dias de evento, foram convidados 26 profisionais, levando também em conta o criterio de representação regional. Esses profissionais de diversas áreas compartilharam seus conhecimentos em técnicas de produção musical, sonorização e pós-produção de áudio para audiovisual. Foram mais de 50 eventos, entre palestras, masterclassess e oficinas, além das

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transientes com plugins e muitos outros assuntos. Também teve o seminário da MeyerSound sobre configuração de sistemas para som ao vivo. As visitas técnicas são sempre uma atração a parte, como a feita no Teatro Solis, que é, para Montevideo, o que o Theatro Municipal é para o Rio de Janeiro. Com a programação ampla, a con-

ferência pretendeu dar continuidade ao desenvolvimento de estratégias que encorajassem os profissionais de áudio, educadores, a trocarem informações e se aprimorarem.“Nesse ano tambem inovamos com o path generalista com nove palestras de formato TED de 12 minutos, e foi otimo!”, aponta Cesar.

Brasileiros no Congresso Latino Americano

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br

tradicionais visitas técnicas, tudo somando cerca de 90 horas de aprimoramento do conhecimento. Houve palestras sobre masterização, educação de áudio na América Latina, acústica, áudio imersivo, medidores de som, protocolos de transmissão de áudio digital por ethernet, fisiologia auditiva, microfones, tratamento de

Fernando Gabriel

Mauricio Gargel

Joel Brito

José Carlos Giner

Rodrigo Meirelles

Vários profissionais brasileiros estiveram presentes no evento, visitando ou ministrando palestras. Mauricio Gargel, por exemplo, falou sobre produção de áudio imersivo e ministrou um master class sobre masterização in the box. Rodrigo Meirelles mostrou o artigo sobre áudio imersivo e produção de conteúdo para TV no Brasil. “O Brasil é um parceiro muito importante. É a seção mais numerosa da America Latina, e sempre muito bons amigos”, exalta Cesar.

Incentivo

Apresentação do trabalho gravado

Para promover o conhecimento, o intercambio entre estudantes e incentivar o áudio de qualidade, também foi feita, como é tradicional em encontros da AES, uma competição estudantil de gravação. A competição foi disputada em quatro categorias: gravação acústica tradicional; gravação tradicional em estúdio; gravação moderna em estúdio e som para meios audiovisuais. Foram premiados três estudantes em cada uma das categorias. Na primeira, Daniel Cortéz, Daniela Pardo Quintana e Frederico Lorenzo Martinz. Na segunda, Carlos Tejada, Juan Esteban Delgado e Nicolás Arcila. Na terceira Edmundo Perez, Esteban Salazar Rueda e Rafael Fuentez. Na categoria som para meios audiovisuais os vencedores foram Franco Fondevila; Martin Vazquez e Silva Cusido.


Patrocinadores

GCM Pro Line

UNTREF - Universidad Nacional de Três de Fevereiro

Minoret

WSDG

Dolby Digital

Detec

KV2 Audio

Pro Música

Audio-Technica

Palacio de La Música

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br

Flash - AES LAC 2018


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VITRINE ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br

CADERNO ILUMINAÇÃO

SOLAR 17R

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http://www.gobos.com.br/iluminacao/moving-head/1025-solar-17r Este moving apresenta fluxo luminoso de 192.600 Lux a 10 metros de distânciautilizando a lâmpada 17R HRI 350W,.Ideal para shows, estúdios de televisão e eventos onde muita potência e recursos são necessários, O equipamento tem ballast eletrônico, lentes e sistema ótico de alta precisão, disco com 14 cores e rotação bi-direcional. Apresenta ainda dois discos de gobos; um rotativo com 12 gobos indexáveis e intercambiáveis e um fixo com 17 imagens gravadas. A combinação simultânea desses dois discos pode gerar efeitos de grande impacto visual. Com funções Beam, Spot e Wash, prisma linear rotativo de 12 faces, Zoom linear com ângulo variável entre 2,5º e 35º, ajuste de foco preciso, dimmer, strobo, controle on/off da lâmpada e reset pela mesa, o Solar mede 375x250x350mm, pesa 16 Kg. Acompanha o equipamento umflight case para dois movings. O display de tela sensível ao toque premite o acesso a 24 ou 16 canais DMX, funções master/slave e auto run. A Gobos do Brasil oferece 12 meses de garantia para o Solar 17R.

ELATION ARTISTE PICASSO https://www.elationlighting.com/artiste-picasso O Artiste Picasso é um equipamento indicado para iluminação teatral. Ele oferece o LED Cool White com ótica que entrega mais de 23,000de saída lumen, com um zoom ultra rápido que vai de 7º a 55º. O sistema de mistura de cores CMY produz um espectro que vai desde os tons pastéis até as cores mais saturadas. O equipamento também tem correção de cor linear CTO, seis cores dicroicas que incluem um filtro CRI 87, sete dispositivos rotativos e indexaveis de vidro e sete godos intercambiáveis de estampa fixa. Outros recursos disponíveis são o controle de anmação rotativo bi direcional de 360º, foco motorizado e autofoco, pan de 16 bits e muitas outras facilidades para quem vai usar o equipamento. O equipamento é controlável via DMX, RDM, tem compatibilidade com Art-NET e tem suporte ao protocolo sACN e um transceptor DMX interno sem fio E-FLY da Elation, além de conexões XLR, RJ45, etherCON e powerCON. O profissional que usar o Artiste Picasso ainda tem a disposição um painel de controle LCD reversível de 180 ° a cores, backup de bateria para alimentação de tela e uma fonte de alimentação de comutação automática universal multivoltagem (100-240v).


GLP E-350 https://www.glp.de/en/products/moving-lights-led/ impression-e350 Com um motor de LED avançado, o equipamento é indicadopara qualquer tipo de evento ou instalação de vitrine com iluminação dinâmica e articulada. Ele oferece operação sem cintilação, com escurecimento eletrônico suave de 0-100%, múltiplas curvas de escurecimento sem deslocamento de cor enquanto fornece efeitos estroboscópicos eletrônicos aleatórios e de pulso. Também é indicado no segmento de transmissão / TV. A alta temperatura de cor de 7500K fornece projeções brilhantes de gobo. Também tem uma íris precisa e a faixa de zoom motorizada de 7: 1 do GLP (7 ° - 48 °). A saída de luz vai até um máximo de 9500lm. A E350 também abriga um sistema de mistura de cores CMY com Canal CTC separado, juntamente com um prisma de 8 faces, uma geada leve e pesada, uma roda de animação inclinável, duas rodas de gobo, uma íris superapertada de 14 lâminas e 10- roda de cor do entalhe. Todas as funções são totalmente capazes de trabalhar em combinação umas com as outras, o que faz o GLP E350 um equipamento versátil

ROBE MEGA POINTE https://www.robe.cz/megapointe/ Com feixes paralelos brilhantes, projeções de gobo, movimento preciso, mistura e escurecimento de cores CMY suaves, além de uma infinidade de efeitos de divisão de feixe, lavagem e modelagem, o equipamento utiliza uma lâmpada de 470 W que se alinha com o sistema óptico de ponta da MegaPointe. O design fornece um feixe brilhante, cristalino e com arestas cortantes, ajustável através do zoom desde um feixe fino de 1,8 graus até uma abertura de 42 graus. Os gobos estáticos e rotativos (de vidro) podem ser usados para produzir efeitos de precisão no ar ou imagens projetadascom um campo plano de alto contraste. O mecanismo de efeitos dinâmicos oferece 12 feixes variados e efeitos de "flor", e o feixe também pode ser moldado usando emulação de obturador.

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A Iluminação Cênica tem um papel fundamental na produção de espetáculos e shows. Seja como protagonista das emoções e sensações percebidas e transformadas em memórias singulares ou como agente complementar em produções cujos resultados eternizados nas recordações envolvem outros aspectos valorizados pela iluminação. Nas produções otimizadas e mais limitadas, destacam-se a criatividade e a busca de alternativas funcionais e sensoriais para incrementar as soluções estéticas proporcionadas pelas luzes. Nesta conversa, centrada na apresentação do guitarrista alemão Uli Jon Roth com sua banda em Curitiba, diversos aspectos da apresentação serão abordados, relacionados à produção e aos resultados, minimalistas e hipnóticos.

Figura 1: Apresentação de Uli Jon Roth e Banda em Curitiba (Jokers Pub, 29/09/2018). Fonte: Cezar Galhart.

EM TRANSE ULI JON ROTH EM CURITIBA Cezar Galhart é técnico em eletrônica, produtor de eventos, baixista e professor dos Cursos de Eventos, Design de Interiores e Design Gráfico do Unicuritiba e pesquisador em Iluminação Cênica.

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egaproduções são realizações isoladas e circunstanciais, inserindo-se em turnês únicas e muito concorridas, conduzidas com grandes estruturas, tanto organizacionais quanto estruturais, em locais de amplas dimensões.

Naturalmente, estas produções são destinadas a serem dirigidas por profissionais exclusivos. Neste seleto grupo, no qual se incluem iluminadores e Lighting Designers(entre dezenas de outros cargos e funções), repetem-se re-


Figura 2: Apresentação de Uli Jon Roth e Banda em Curitiba (Jokers Pub, 29/09/2018). Fonte: Cezar Galhart.

nomados profissionais, marcas famosas e referências históricas cujo dimensionamento de recursos, equipamentos e instrumentos de iluminação transportam esses eventos a patamares únicos para a maioria das produções da indústria da iluminação. No entanto, de fato, a grande maioria dos espetáculos e apresentações ocorre em espaços multifuncionais ou adaptados, com capacidade reduzida em relação aos eventos citados acima. Por consequência, acontece a necessária otimização dos recursos disponíveis. Isso em quaisquer que sejam as formas de manifestações artísticas e culturais. Se multiplicadas as possibilidades para outras formas de celebração– religiosas, educacionais, técnicas, científi-

cas – o mercado de iluminação, de maneira mais específica, será dimensionado com opções e estruturas ainda mais reduzidas, sendo essa a realidade da grande maioria de profissionais. Em quaisquer que sejam as realidades, dois dos principais requisitos de projeto farão parte de qualquer produção cênica: criatividade e versatilidade. À primeira, se deve a capacidade de criar e recriar a partir de estímulos ou insumos disponíveis, seja em circunstâncias favoráveis ou sob pressão, na busca dos melhores resultados e das mais viáveis alternativas. E, possivelmente, é nas condições menos cômodas que ocorrem as mais significativas oportunidades para o exercício de investigação para soluções criativas.

É nesse contexto inicial que se insere a apresentação de Uli Jon Roth em Curitiba. Guitarrista alemão virtuoso, ele eternizou seu nome ao integrar a segunda formação da banda também alemã Scorpions, em 1973, em substituição ao guitarrista Michael Schenker. Com essa banda, gravou cinco álbuns antológicos (“Fly to the Rainbow”, em 1974;“In Trance”, em 1975; “Virgin Killer”, em 1976; “Taken By Force”, em 1977; e o aclamado álbum ao vivo “Tokyo Tapes”, em 1978). Em 1979, após a sua saída da banda, formou outra, Electric Sun, com a qual gravou três álbuns e seguiu uma mais introspectiva carreira solo. Para celebrar seus 50 anos de carreira, e 40 anos do álbum “Tokyo Tapes”, Uli Jon Roth embarcou em

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Figura 3: Apresentação de Uli Jon Roth e Banda em Curitiba (Jokers Pub, 29/09/2018). Fonte: Cezar Galhart.

uma mini turnê pela América do Sul, iniciada em Lima (Peru), continuada no Brasil no Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba, sendo, na terceira vez que vem ao Brasil, a primeira vez na capital paranaense. Para essa turnê, o guitarrista formou uma banda extremamente competente, formada por NiklasTurmann (guitarra e vozes), CorvinBahn (teclados

espetáculos e restaurante que tem se consolidado como espaço destacado na realização de shows nacionais e internacionais realizados na cidade. Como resultado da iluminação cênica, houve intervenções criativas e eficazmente funcionais produzidas com poucas luminárias, mas que proporcionaram interações dinâmicas e contextualizadas com as temáticas do

Houve intervenções criativas e eficazmente funcionais produzidas com poucas luminárias, mas que proporcionaram interações dinâmicas e contextualizadas com as temáticas do show. e backing vocals), Nico Deppish (baixo) e Richard Kirk (bateria). No repertório, dezessete canções, sendo doze da banda Scorpions (e cinco incluídas no aclamado “Tokyo Tapes”), da banda Electric Sun, além de duas ‘covers’ de Jimi Hendrix (‘AllAlong The Watchtower’ e ‘Little Wing’). Em Curitiba, o show ocorreu no dia 29 de setembro no Jokers Pub, casa de

show.De fato, a estrutura do show como um todo se resumiu na utilização de dezesseis instrumentos de iluminação cênica, adequadamente instalados de maneira a formarem uma estrutura funcional e otimizada. Como frontlighting, foram usados refletores LEDs com maior abertura focal de iluminação também difusa para o preenchimento cênico neces-


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Figura 4: Apresentação de Uli Jon Roth e Banda em Curitiba (Jokers Pub, 29/09/2018). Fonte: Cezar Galhart.

sário à visualização e intervenções dramáticas presentes no espetáculo. Barramentos de LEDs também integravam sidelightings, utilizados com alternância de intensidade e cores. Nestas, quase que uniformemente, a predominância de azuis, com cores análogas, e vermelho, com análogas saturadas, enfatizando força e sobriedade, além de fachos marcantes com

complementada com refletores e barramentos de LEDs que também propiciassem dinâmicas instigantes e ‘hipnóticas’. E talvez tenha sido esse o principal conceito aplicado em toda a apresentação. Em todas as canções, executadas com competência e intensidade, evidenciou-se o virtuosismo de Uli Jon Roth. Seja nos riffs mais ritmica-

O principal recurso utilizado em todas as canções resumiu-se na projeção de imagens (animações) em uma tela de fundo (do palco), o que permitia também a utilização do backlighting. variações para o amarelo, e branco, proporcionando contraste e intenções complementares. Importante destacar que o principal recurso utilizado em todas as canções resumiu-se na projeção de imagens (animações) em uma tela de fundo (do palco), o que permitia também a utilização do backlighting, de maneira mais difusa e intensa,

mente pontuados ou nas mais singelas melodias, o repertório privilegiou a qualidade técnica dos músicos, evidenciando principalmente a acuracidade de um guitarrista que é referência e influência para diversos músicos em todo o mundo. Bastaram os acordes iniciais de ‘All Night Long’ (canção que abre o álbum “Tokyo Tapes”, 1978), para que o público – em


Figura 5:Apresentação de Uli Jon Roth e Banda em Curitiba (Jokers Pub, 29/09/2018). Fonte: Cezar Galhart.

transe – tivesse a certificação do que viria em aproximadamente duas horas de show. Nas circunstâncias temáticas e simbólicas que envolveram a apresentação, a iluminação cênica atuou como um agente destacado e complementar ao pro tagonismo que Uli Jon Roth representa, como líder e centralizador de todas as atenções no decorrer do show. Interações dinâmicas ocorriam nas partes mais rápidas e intensas, com destaques para a utilização de princípios como continuidade e ritmo que tornaram o show muito interessante e enérgico. Em uma abordagem geral, soluções minimalistas conduziram os momentos mais introspectivos e

serenos, permitindo interações mais pontuais e estáticas, enfatizando formas e uma mais contundente percepção para a amplitude cênica. A recorrência das mesmas cores – predominantemente azul e vermelho – também se consolidaram como elementos de unidade conceitual. Em relação a esses elementos, a produção de sensações confortáveis e ao mesmo tempo atrativas proporcionou cenas agradáveis e instigantes. Com tudo isso, estruturas aparentemente muito simples podem surpreender e produzir resultados muito interessantes a partir de escolhas corretas e eficácia na utilização plena dos recursos disponíveis. Muitas vezes, podem ser essas as condições e estímulos

para a produção de soluções criativas, muito mais por necessidade do que necessariamente como um requisito. Finalmente, a simplicidade, que já conduziu propostas e resultados iconográficos na história da Iluminação Cênica, pode ser um caminho mais sólido, mesmo que simbolicamente austero, na condução de espetáculos interessantes, sem perder a atratividade, agilidade e emoção. Abraços e até a próxima conversa!

Para saber mais redacao@backstage.com.br

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Foto: George's Studio

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inha vida na publicidade começou quase por acaso. Eu estava fazendo alguns trabalhos em faixas de novelas, produzido por Nelsinho Motta. Essas faixas solo, como as que compus e cantei em “Irmãos Coragem” (“Jerônimo”, personagem de – se não me engano Claudio Cavalcanti), “Instantâneo” - em “Minha Doce Namorada” e “O Dia do Grilo” (em “A Próxima Atração”) começavam a servir como ponto de partida para muitos da nossa turma de jovens compositores, cantores e arranjadores – Joyce, Zé Rodrix, Maurício Maestro, Paulo Machado, Raymundo Bittencourt, Nelson Ângelo (estes últimos quatro fazendo seus primeiros arranjos em começo de carreira), Arthur Verocai, Tavito, Paulinho Tapajós, Cesar Costa Filho, Aldir Blanc, Ivan Lins, Guarabyra... Éramos uma turma ansiosa e cheia de gás, que Nelsinho pinçava aqui e ali, proporcionando oportunidades a cada um . Faça-se justiça ao Nelsinho, que - sem medo de ser feliz – atrevia-se a deixar-nos estrear em projetos de ponta. E foi ele mesmo quem, do nada, veio me convidar: - Sá, o que você acha de trabalhar com publicidade? -? - Jingle... A princípio fiquei meio sem graça. Para mim, ainda cheio dos preconceitos deixados pelos patrulhantes anos 60, as palavras “propaganda”, “anúncio” e “jingle”ainda incomodavam bastante. Mas Nelsinho sabia como conversar e me falou alguma coisa no sentido de que - visto que minhas músicas não me supriam o dia a dia - a publicidade poderia evitar que eu precisasse de

OU NÃO? ceder terreno ao temido “comercial”, música de entretenimento, voltada apenas ao faturamento, à grana. O que eu ganhasse no jingle, que começava a ser uma atividade rentável, evitaria que eu me visse forçado a baixar a cabeça ao voraz mercado musical, etc., etc. . Mas o que realmente me convenceu foi saber que um dos seus sóciosna produtora Aquarius – ela se chamaria assim – era meu ídolo dos tempos de Bossa Nova, Marcos Valle. Assim foi que meu primeiro jingle foi o “Cartão Nacional”:“ah, ah, ah, na boate/ ah, ah, ah, no mercado, você tem que trazer Cartão Nacional” ... Na época, foi um hit. O arranjo de Marcos, de um suingue irresistível, aliado à veiculação maciça da poderosa conta do Banco Nacional de Minas Gerais, fizeram o jingle ser cantado em todo o Brasil. Ele trazia embutido o conceito de que a música publicitária teria que ser também um paralelo da música popular cotidiana mais criativa, ao contrário do que então se fazia: com raras e muito honrosas exceções, o jingle era uma cançoneta chata, que entrava à força na cabeça das pessoas à custa da execução paga. Mesmo assim eu me sentia meio deslocado naquele universo de produtos, slogans e que tais. Pouco tempo depois, com a formação do trio Sá, Rodrix & Guarabyra, achei que nunca mais precisaria recorrer à publicidade. Ledo engano... Logo após o lançamento do segundo disco do trio, o “Terra”, Rodrix me ligou: - Olha só: semana que vem temos uma reunião em São Paulo com o Rogério Duprat. E foi logo dizendo: -É na tua praia. Ele abriu uma produtora de jingles e quer


LUIZCARLOSSA@UOL.COM.BR | LUIZCARLOSSA.BLOGSPOT.COM a gente na equipe da criação. Vai levar a gente pra morar em São Paulo. Vamos ganhar um bom dinheiro que podemos investir na carreira, a gente não pode perder essa... Minha cabeça partiu-se imediatamente em quatro pedaços, a saber: - Um não queria mais fazer jingle. Mas achava uma pena não ter um desafio criativo a resolver a cada duas horas. - Outro precisava de grana. Era muito difícil ter dinheiro suficiente com música não-comercial naquele tempo. E o que a gente tinha de prestígio não correspondia ao ganho. Além disso, eu queria casar: mais grana necessitada num horizonte próximo... - O terceiro pedaço não queria morar em Sampa. Sair do Rio? como? eu achava que o Brasil ia do Leme ao Leblon, com um pequeno desvio por Vila Isabel! - O quarto debatia-se com o fato de que – resolvidos Rodrix e Guarabyra a partir para São Paulo, o projeto do trio ficava inexequível, num tempo sem internet, WhatsApp, Facebook, Skype, WinZip, etc. . Resumindo: depois de muita conversa com os parceiros, Rogério, seus sócios e a namorada, resolvi que me casaria e mudaria para São Paulo. Consolava-me também a ideia de que eu poderia morar numa casa com quintal e tudo, o que era impossível em Ipanema, onde as poucas casas que ainda restavam custavam seu peso em ouro,mais ou menos como é hoje... A princípio fiquei hospedado na casa dos Lencioni, uma querida família amiga da minha, com a qual eu me sentia inteiramente à vontade. Depois de uns três meses, aluguei um bangalô perto de onde Guarabyra alugara sua casa, num final do Brooklyn Novo chamado Vila Cordeiro. Rodrix preferira ficar num local mais movimentado e – recém-casado com a ainda não, porém futura,Frenética Rockette Edyr de Castro foi para o outro lado da cidade, na Brigadeiro Luiz Antônio. Todas as manhãs, eu, ele e Guarabyra nos encontrávamosno estúdio da Pauta, num prédio no cruzamento das ruas Major Quedinho e Santo Antônio, na Bela Vista. Como éramos estreantes no ofício e – para o bem ou para o mal – não tínhamos nem as manhas nem os vícios dos outros criadores, cometíamos sem dó jingles atrás de jingles com ideias ora geniais, ora estapafúrdias. Nos divertíamos muito, sempre estimulados e amparados pela batuta hiperativa e hipercriativa de Rogério. Havíamos trazido conosco nossa poderosa banda de apoio: Luiz Moreno na bateria, Sergio Magrão no baixo, Cezinha de Mercês nos vocais e na percussão, Flavio Venturini nos teclados e Sérgio Hinds na guitarra. Com essa turma que a princípio acomodou-se lá em casa e depois partiu para alugar casas próximas a nós, formando o que eu chamei de República Carioca do Brooklyn, passávamos os dias não só pensando em propaganda, mas também compondo e ensaiando as

músicas que no futuro formariam o repertório do “Nunca”, primeiro LP de Sá & Guarabyra. O tempo foi passando e minha até então idílica segunda experiênciapublicitária foi aos poucos se transformando numa mesmice tediosa, ao mesmo tempo em que minha vida parecia virar de cabeça para baixo: depois do lançamento do “Terra”, segundo disco do Sá, Rodrix & Guarabyra, Zé pediu o boné e foi cuidar de uma carreira solo; meu primeiro filho, aos três meses de idade, foi acometido de uma bronquite que os médicos atribuíram aos miasmas fétidos do rio Pinheiros, perto do qual eu havia inadvertidamente alugado meu bangalô. Ainda assim, poderia ter continuado em São Paulo e mudado para outro bairro, mas eu e minha então mulher morríamos de saudades do Rio, para onde íamos pelo menos de quinze em quinze dias, em folgas que foram se prolongando cada vez mais. E ao final da gravação do “Nunca”, realizada integralmente nos estúdios da Odeon, no Centro do Rio, eu já havia alugado um apê no final da Farme de Amoedo, encostado na pedra do Cantagalo. Lançado o disco, perdemos ainda nossa banda de apoio, mas nos consolamos ao vê-la pouco mais tarde transformar-se na nova formação d’O Terço efazer um estrondoso sucesso, lotando teatros Brasil afora e consagrando-se como a melhor sucedida do rock progressivo brasileiro. Mesmo sentindo falta dos muitos amigos que fizera em São Paulo, senti-me aliviado com a desobrigação de ter que ir ao mesmo lugar todos os dias, encarando o dilúvio de produtos que tínhamos que elogiar mesmo sabendo que a maioria deles era um engodo vazio de qualidades. Isso fui uma coisa que sempre me deixou encafifado com jingles: venha o que vier, você tem não só que achar bom, mas também vestir a camisa do time... E afinal, numa daquelas tardes de fim de festa na Pauta, eu e Guarabyra chegamos ao que depois considerei um sinal de Divina Decadência: sem ideias para uma peça do Biotônico, compramos alguns vidros do produto na farmácia, tomamos todos e ficamos completamente bêbados... fizemos o jingle, mas a ressaca foi animal. Meses depois, numa tórrida tarde de verão carioca já no apê da Farme, de sunga, tomando aquela cerveja coberta por uma névoa branca, fiquei pensando nos prós e nos contras que milhões de paulistanos e cariocas já pensaram, perdidos no meio das probabilidades de morar fora do seu habitat natural. Olhei a cerveja e pensei: “Rio!”. Senti o insuportável calor de mais de 40º que irradiava da Pedra do Cantagalo direto para minha sala e imediatamente me contradisse: “Sampa!” Mal sabia eu que a Propaganda e São Paulo ainda marcariam – e muito – minha vida.

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