Edição 289 - Dezembro 2018 - Revista Backstage

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Sumário Ano. 25 - dezembro / 2018 - Nº 289

Foto: Ernani Matos

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Expomusic regional

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Em mais de 45 anos de carreira, foram 48 registros fonográficos entre LPs, CDs, compactos, songbooks e DVDs como dupla ou trio com Zé Rodrix. A vida na estrada, a atuação nos bastidores da música, a proximidade com músicos e técnicos: toda essa história está impressa e resumida no novo trabalho da dupla, Cinamomo.

Expomusic Regional do Rio de Janeiro é o segundo evento do tipo promovido pela Francal e Abemusica. A ideia é aproximar o consumidor final e os lojistas.

NESTA EDIÇÃO 08 Vitrine O teclado Korg EK-50 tem 702 sons, incluindo pianos, violino, saxofone e bateria. Veja também o micrfone Capture KMC20, o amplificador Vox MV50 e os fones Duetto KD6T.

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Rápidas e Rasteiras Entre os destaques da RR, novas atrações do Rock in Rio, as premiações do Grammy latino, a Segunda Instrumental da Igreja Nova Vida da Freguesia, o workshop da eMotion LV1Waves Live Mixer e muito mais

16 Gustavo Victorino Saiba as notícias mais quentes do mercado.

18 Play Rec Neste mês, trabalhos de Tempo Rei, Balaio, Marcos Nimrichter e Sá & Guarabyra.

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Preview eMotion LV1 Waves Live Mixer eMotion LV1 é um console de mixagem digital para engenheiros de front-of-house, monitores, broadcast e gravação em estúdio. Ele tem ferramentas que permitem o processamento do som em tempo real. Com base em um servidor SoundGrid, da Waves, o sistema é formado pelo aplicativo eMotion LV1, e pelas entradas e saídas do SoundGrid.

48 Eu e a música Luiz Carlos Sá conta a história das orquestras e arranjadores que passaram pela sua vida musical.


Foto: Ernani Matos

Edição 289 - Dezembro 2018

Expediente

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Festa Nacional da Música

A Festa da Música não só agita o mercado da música brasileiro como ainda promove eventos com reflexões e soluções para que ele possa melhorar sempre.

CADERNO ILUMINAÇÃO 40 Vitrine iluminação O Artiste Van Gogh é um aparelho wash potente de estrutura compacta. Ele pode fornecer até 16.000 lúmens totais a partir de seu motor LED de 380 W. Veja também, a máquina de fazer bolhas Antari B-100XT, o Beam Spot Wash 280 e o Elipsoidal Alba 18/36W 5600K.

Diretor Nelson Cardoso nelson@backstage.com.br Gerente administrativa Stella Walliter stella@backstage.com.br Financeiro adm@backstage.com.br Coordenador de conteúdo Miguel Sá redacao@backstage.com.br Revisão Miguel Sá Colunistas: Cezar Galhart, Gustavo Victorino, e Luiz Carlos Sá, Ed. Arte / Diagramação / Redes Sociais Leonardo C. Costa arte@backstage.com.br Capa Arte: Leonardo C. Costa Foto: George's Estúdio Publicidade / Anúncios PABX: (21) 3627-7945 arte@backstage.com.br Webdesigner / Multimídia Leonardo C. Costa multimidia@backstage.com.br Assinaturas Maristella Alves PABX: (21) 3627-7945 assinaturas@backstage.com.br Coordenador de Circulação Ernani Matos ernani@backstage.com.br Assistente de Circulação Adilson Santiago Crítica broncalivre@backstage.com.br Backstage é uma publicação da editora H.Sheldon Serviços de Marketing Ltda. Rua Iriquitiá, 392 Taquara - Jacarepaguá Rio de Janeiro -RJ - CEP: 22730-150 Tel./fax:(21) 3627-7945 / 2440-4549 CNPJ. 29.418.852/0001-85

42 Iluminação cênica Na conjuntura atual, determinadas turnês têm atraído fãs, admiradores e apreciadores pelo conjunto do ineditismo, singularidade e exuberância. Por esses aspectos, um show isolado dessa excursão já se torna marcante e memorável, ainda mais quando vinculado a um integrante de uma das mais conceituadas bandas de todos os tempos, como é Roger Waters.

Os artigos e matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. É permitida a reprodução desde que seja citada a fonte e que nos seja enviada cópia do material. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios veiculados.


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CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br

CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br

Fim de uma era, início de outra. O que fica e o que muda...

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ano está terminando e desponta, no horizonte, um novo pensamento e olhar sobre o nosso País. Mudamos radicalmente a ideologia política nos governos estadual e federal. Ainda não sabemos ao certo quais impactos que esta guinada na forma de pensar, perceber e agir dos nossos novos governantes provocarão no cotidiano do Brasil e de sua população. A história nos ensina que a única forma para que uma mudança realmente aconteça é radicalizar no início e prosseguir aparando e corrigindo os erros e excessos que foram necessários para mudar, não só o que está aparente, mas, principalmente, as estrutura e raízes subterrâneas que geralmente são invisíveis. Também não podemos esquecer de que, apesar de sermos uma democracia muito jovem (129 anos), tivemos uma aceleração dos ciclos democráticos, passamos muito rapidamente (em termos de tempo e evolução) pelas diversas vertentes dos pensamentos ideológicos (republicanos, socialistas, direitistas, esquerdistas, centristas, populistas etc.). Somos obrigados, pela rapidez evolutiva da nossa democracia, ao aprendizado necessário e derradeiro sobre a vocação do Brasil. Que papel o País desempenhará neste futuro de mudanças estruturais? O mundo continua com polos de pensamentos e interesses divergentes e conflitantes. Neste contexto, o Brasil já deu a guinada no rumo. Como brasileiros, independente da posição ideológica, é nosso dever torcer e trabalhar para alcançar um País mais justo e rico. Viés político todos temos, porém meu avô era pescador e ele comentava que quando “o mar não estava para peixe”, ele procurava um lugar melhor; gostando ou não. O instinto de sobrevivência sempre esteve latente no nosso DNA e quando necessário ele se manifesta. Boa leitura, feliz Natal e um muita prosperidade nos próximos anos. Nelson Cardoso

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VITRINE ÁUDIO| www.backstage.com.br 8

KORG EK-50

http://www.korg.com.br/produto/10270501-teclado-arranjador-korg-ek50 Ainda que seja um teclado que interesse a músicos amadores, este equipamento tem disponível recursos similares aos dos equipamentos mais direcionados aos profissionais. Ele possui mais de 702 sons, incluindo pianos, violino, saxofone e bateria. A função Split permite que o teclado seja dividido e toque sons diferentes simultaneamente – como, por exemplo, piano com a mão direita e baixo com a mão esquerda -criando possibilidades adicionais com diferentes combinações de sons. O EK-50 possui uma estrutura aberta que permite adicionar até 96 Styles através de um flash drive USB. É possível selecionar o som esteja o músico tocando sozinho ou em uma banda. O design promete acesso intuitivo às funções. Entre as funções deste equipamento está o modo Song. Nele, é possível gravara própria performance no EK-50 e armazenar estes dados. O modo Song permite, além de reproduzir criações originais, tocar músicas de demonstração internas, dados de áudio em formato WAV e MP3 e sequências MIDI em formato SMF (Standard MIDI File) armazenados em flash drives USB disponíveis comercialmente. Os falantes de 10W x 10W estão integrados ao instrumento e podem reproduzir o som do próprio instrumento e também o som de um dispositivo externo conectado à entrada. O instrumento já vem com um suporte para partituras e um adaptador de energia AC incluídos.

CAPTURE KMC20 http://www.gobos.com.br/audio/k-array/instalacoes/1184-capture-kmc20 O Capture-KMC20 é o menor microfone com tecnologia line array do mundo. A tecnologia PAT - PureArray Technology - é composta por oito cápsulas cardióides de 4mm alinhadas em uma configuração line array. Com estas características, o Capture mostra uma variação mínima de ganho com a distância. Como resultado, a distância entre o orador e o microfone não é crucial, e ele pode de se mover na direção do microfone ou se afastar dele livremente, sem afetar significativamente o volume ou a qualidade do áudio. A resposta polar é cardióide no plano horizontal e muito estreita no plano vertical. Portanto, quando montado na vertical, o microfone não capta o som por trás, mas também é insensível aos sons que vêm de cima e de baixo, reduzindo fortemente a quantidade de som ambiente capturado. Sendo muito largo no plano horizontal, um único microfone pode captar mais pessoas e dá a máxima liberdade de movimento para a direita e para a esquerda, sem flutuações de volume. Quando montado na horizontal, a captação é muito ampla no plano vertical e muito estreita no plano horizontal, resultando na captação apenas da pessoa em frente ao microfone, em pé ou sentado. Estes microfones são discretos e fabricados com materiais premium duráveis para serem utilizados em uma variedade de aplicações em salas de conferência, salas de reuniões, igrejas e estúdios de TV.


VOX MV 50

http://www.voxamps.com.br/ A série de amplificadores ultracompactos VOX MV50 tem como objetivo juntar portabilidade, bom preço e timbre. Para isto, o circuito de preamplificação foi construido totalmente analógico, com o uso da válvula Nutube. O Vox MV50 promete entregar 50 Watts de potência com volume e timbres que podem se equiparar aos mais tradicionais cabeçotes valvulados de guitarra. Além das inovações tecnológicas da série, os cabeçotes MV50 possuem saída de linha (line/headphone) que permite que o sinal seja enviado para um sistema de PA, mesa de som, interface de áudio ou para fones de ouvido. Para isto, a VOX consultou engenheiros de gravação para projetar um circuito de simulação de gabinete que torna possível ao músico amplificar, gravar ou praticar com sonoridade de estúdio profissional. A série é composta pelos modelos MV50-AC, MV50-Clean e MV50-ROCK. O Vox MV50-AC oferece a sonoridade dos maiores amplificadores Vox. Com o uso de três botões, é possível ir de uma sonoridade totalmente "clean" até a agressividade de um AC-30 em alto volume. Já o Vox MV50-Clean oferece a sonoridade dos amplificadores americanos dos anos 60. Esse amplificador é direcionado aos guitarristas de jazz ou guitarristas que buscam uma sonoridade limpa para utilizar seu set-up de pedais. O MV50-ROCK oferece sonoridade similar à dos amplificadores britânicos. É possível ir de uma sonoridade "classic rock" dos anos 70 até a sonoridade das bandas de Metal da atualidade. A Vox desenvolveu ainda as caixas ideais para uso com o MV50: são a BC108 e a BC112. Elas possuem gabinete com traseira semiaberta, projetados para aprimorar a faixa de baixas frequências. Os alto-falantes (Celestion VType no BC112) foram especialmente projetados e montados a partir da frente, permitindo um timbre mais claro com maior dispersão do som.

DUETTO - KD6T http://www.gobos.com.br/audio/k-array/instalacoes/1184-capture-kmc20 A K-array desenvolveu o Duetto, fones de ouvido in-ear ultra-miniatura, fabricados em liga de alumínio, com qualidade sonora incomparável. Mesmo sendo extremamente compacto, está equipado com falantes full-range capazes de reproduzir toda a faixa de frequências entre 5 Hz e 23 kHz, garantindo a mais alta qualidade e fidelidade na reprodução de áudio. Além da qualidade sonora, materiais de luxo - como o cabo de Kevlar fácil de enrolar, conector banhado a ouro 24k e auriculares duráveis em liga de alumínio oferecem muito conforto e refinamento para os amantes da música. Ao contrário dos clássicos fones de ouvido que acompanham a maioria dos smartphones e mp3, que não entram corretamente no canal auditivo, Duetto é confortavelmente alojado no canal auditivo externo e transfere a pressão sonora para os tímpanos. O falante de neodímio de 6mm fornece uma compressão acústica ideal, com um som alto, limpo e encorpado, sem distorções, isolando o tímpano e eliminando os ruídos externos. Semelhante às caixas de som que possuem duto de ressonância, Duetto dispõe de um micro-orifício que aumenta a eficiência do falante nas baixas frequências, contradizendo os audiófilos que sugerem que fones de ouvido são pequenos demais para fornecer a profundidade e a qualidade de som que permita desfrutar da música.

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com a Camerata Sesi na Sala Cecilia Meireles

Foto: Humberto Capai

Foto: Divulgação

Em 1988 um grupo paulista entrou em estúdio para gravar a demo do segundo álbum para a CBS. O trabalho foi concluído, mas não chegou ao público. Foi rescindido o contrato com a gravadora e a banda acabou em 1989. Desde então, não se soube mais onde estava o registro. Essa é a história do novo disco do NAU, reencontrado 30 anos depois por Cilmara Bedaque, lançado agora em todas as plataformas digitais pela Deck. A banda ganhou rápido reconhecimento tendo à sua frente a cantora e ativista Vange Leonel e ainda é tida como influência. O sucesso de crítica e de público veio com seu primeiro álbum, homônimo, de 1986. Em 1988, Vange, Zique (guitarra), Beto Birger (baixo) e Kuki Stolarski (bateria) registraram o segundo disco, que não foi lançado. A banda acabou no ano seguinte e Vange seguiu sua exitosa carreira solo, incluindo o lançamento do hit “Noite Preta” (1991) que ela assina com Cilmara. Somente no ano passado, Cilmara, principal letrista do disco e viúva da cantora, encontrou dentro de uma caixa em sua casa o registro perdido de 1988. “O Álbum Perdido do NAU” foi gravado por Marcos Mattoli em seu Big Bang Studio (SP) com produção do NAU e Cilmara. Todas as faixas são inéditas, entre elas Viagem ao Fundo do Mar, Me Pega, Nas Dobras do Universo, Blues da Felicidade e Séculos & Séculos. A capa é uma montagem com fotos, credenciais e ingressos para shows do NAU de trinta anos atrás assinada pelo baixista Beto Birger. O disco não só é uma nova forma de se lembrar do grupo, como também um jeito de ‘conhecê-lo’ novamente.

Há 60 anos, João Gilberto entrava na gravadora Odeon, no centro do Rio de Janeiro, e inaugurava um movimento que ia mudar o cenário musical brasileiro. Agora, a Orquestra Camerata Sesi se uniu a Danilo Caymmi, também em solo carioca, para homenagear esse que foi um dos maiores movimentos estéticos da música popular: a Bossa Nova. O evento aconteceu em 25 de novembro, na Sala Cecília Meireles, no centro do Rio de Janeiro, e marca a gravação do primeiro DVD da Camerata Sesi com o ilustre

convidado. O repertório, que passeia por clássicos como Ela é carioca, Água de beber ,Bonita e Por causa de você, promete recriar a sinergia com o público que presenciou mais um marco, além do aniversário da Bossa Nova. Uma prévia desse encontro dos instrumentistas da Camerata Sesi com o filho de Dorival aconteceu em agosto deste ano em Vitória, no Espírito Santo, e levou centenas de fãs do estilo a se deleitar com obras de seu mais recente álbum, em que Danilo interpreta canções de Tom Jobim.

CAPITAL INICIAL LANÇA NOVO SINGLE Foto: Divulgação

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Danilo Caymmi grava DVD

LANÇADO DISCO INÉDITO DA BANDA NAU

O single Só Eu Sei, que faz parte do projeto de inéditas Sonora, do Capital Inicial, acaba de ganhar um clipe.O curta, que foi gravado em Alto Paraíso, na Chapada dos Veadeiros, contou com a participação do ator

Rainer Cadete e tem direção de Bruno Fioravanti. A produção remete às grandes paisagens de céu e mar, exatamente como conta a letra da música. Para isso, a direção montou um grande painel de LED, de 12m x 16m, no algo de uma colina e usou drones para captar a imensidão do lugar. A balada Só Eu Sei é uma composição do vocalista Dinho Ouro Preto em parceria com Alvin L. e Thiago Castanho, com produção de Lucas Silveira.


Elza Soares escreve o release

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

do novo trabalho de Karol Conka

GRAMMY LATINO: BRASIL LEVA MELHOR ÁLBUM DE JAZZ LATINO, COM HERMETO PASCOAL

A cantora Elza Soares escreveu o release do novo trabalho de Karol Conka, intitulado Ambulante. “Fiquei ali, parada por alguns minutos quando o disco terminou de tocar. Original, sem cópia. Era esse o eco dentro do meu peito, na minha cabeça. Eu não escutava os sons a volta, nem mesmo minha barulhenta Copacabana que eu via pela janela, nem o mar revolto. Original, sem cópia. Sem cópia. Minha esperança se encheu futuro nos segundos seguintes, depois do fim. Era um começo. “ ‘Ambulante’. Não existirá melhor nome para um álbum autêntico, coerente e de uma artista corajosa como a Karol Conka. “O ambulante é aquele que se joga ao mundo sem medo, sem pudor, levando suas andanças a todos, sem distinção, suprindo necessidades que até mesmo quem as tem desconhece. Essa obra é isso, cara. Um refresco pra quem tem sede e nem sabe que tem. É a bica do conteúdo que não faz distinção de quem vai beber. Está aí pronta pra servir ouvidos famintos em tempos de escassez de palavras. Boss in Drama é gênio e a mistura impensada é matadora. É manjericão com suco de uva, adoçado com batida marcante que cai como luva

no potente discurso da Karol. “No clipe eu vi Iansã vestida de Conka vestida de Oxum. Vi uma das irmãs Virgílio (adoro as duas), sufocando fora d’água, num balé agonizante, universal. Vi o oco abafado da voz de quem grita até pra surdo ouvir. Vi preta protagonizando, vi preto protagonista, vi meu povo preto contando um viés do cotidiano. “Karol é com K, mas pode ser também com “O” de orgulho, com “R” de resistência, “F” de forte, de fama, de fome de mudar essa realidade dura que desenharam pra nós, no silêncio sorrateiro de quem vence, de quem contou nossa história por um prisma sujo durante décadas. A Carne mais barata do mercado encareceu, minha gente. Esse disco da Karol ajuda a melhorar essa cotação, sem depender de cota pra isso. Mulher, preta, mãe, artista, brasileira, produzindo em alto nível um disco na sala de casa, no íntimo do seu mundo. Sonhei tanto com isso, lutei tanto por isso. Que orgulho. Motiva meu grito. “Eu fui convidada para escrever o release desse trabalho. Decidi escrever sobre o quanto ele me emocionou. Vida longa à arte de Conka” . O disco está disponível em SMB.lnk.to/AmbulanteKarolConka

No dia 15 de novembro aconteceu, em Las Vegas, a 19ª edição do Grammy dedicada ao mercado fonográfico latino-americano. Foram 49 categorias premiadas, entre as dedicadas ao mercado das Américas em geral e as que são direcionadas ao mercado brasileiro. Nestas últimas, o melhor álbum de MPB foi para Chico Buarque, com Caravanas. Outros dos premiados foram Maria Rita, com Amor e Música (melhor álbum de samba/), Chitãozinho e Xororó, com Elas em Evidência (melhor álbum de música sertaneja), Fernanda Brum, com Som da Minha Vida(melhor álbum cristão), Anaadi, com Noturno (Melhor Álbum de Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa), Lenine, com Lenine em Trânsito (Melhor Álbum de Rock ou Música Alternativa em Língua Portuguesa) e Almir Sater & Renato Teixeira, com +AR (Melhor Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa). Nos prêmios gerais, concorreram Hermeto Pascoal (melhor álbum de jazz latino), Anitta (melhor canção urbana e melhor fusão/interpretação urbana) e Chico Buarque (melhor álbum). Quem ganhou uma das categorias gerais foi mesmo o bruxo Hermeto Pascoal, com Natureza Universal. Erasmo Carlos também recebeu um prêmio especial à excelência musical Além das premiações, o Brasil também esteve presente na apresentação de Iza junto aos colombianos do Piso 21 em uma homenagem à banda mexicana Maná. Eles interpretaram a música Hechicera.

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Fotos: Divulgação

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ROCK IN RIO

SEAL Seal é dono de um timbre de voz inconfundível e tem um repertório muito conhecido do público, que mistura o soul e o R&B. O astro pop mundial vai trazer, além dos sucessos que eternizaram seu trabalho ao redor do mundo, as músicas do seu novo álbum em estúdio, Standards, lançado em novembro de 2017. Nele, o britânico interpreta grandes clássicos da música popular americana, como I’ve Got You Under My Skin, I put a spell on you, e They can’t take that away from me entre outros hits. Dono de uma longa carreira de 30 anos, Seal, que tem avós paternos brasileiros, é um artista premiado. Conhecido pelos hits Crazy e Kiss From a Rose, pelo qual recebeu três prêmios Grammy em 1995, o cantor já conquistou três prêmios Brit Awards, na categoria de melhor cantor masculino, quatro Grammy e um MTV Video Music Awards. O músico coleciona a marca de 30 milhões de discos vendidos ao redor do mundo todo até hoje.

ESPAÇO FAVELA Em meio aos anúncios de headliners e bandas dos Palcos Mundo e Sunset, o Rock in Rio promoveu uma prévia, no fim da tarde do dia seis de novembro, para apresentar a estrutura cenográfica e de iluminação do Espaço Favela, que é umas das grandes novidades no Rock in Rio 2019. Participaram

a cantora Tuany Zanini e o pianista Jonathan Ferr, ambos revelações selecionados pela curadoria do evento, e a dupla de funkeiros Cidinho e Doca. Para Roberto Medina, “o Rock in Rio é mais do que um festival, é uma plataforma de comunicação que vai dar voz, luz e mais espaço para os talentos das co-

holofote que está colocando nas comunidades. Roberta Medina, vice-presidente do Rock in Rio, disse que “o Espaço Favela é como um amplificador do potencial da economia criativa que está dentro das comunidades por meio das danças, música e de todas as manifestações culturais presente nestes locais”. Tuany Zanini, que vai encerrar uma das noites do Espaço Favela, representa uma destas carreiras que o Rock in Rio pretende transformar. Moradora da Pavuna, Tuany é cantora, atriz, produtora, compositora, mãe e, com apenas 23 anos, já tem muita história. Começou a cantar ainda criança na igreja e no final de 2015 se firmou como artista, com atuação em peças e shows em bares da cidade ao lado do parceiro Chico Brum, 31 anos, músico e pai de sua filha, Morena. Com inspirações musicais como Elis Regina, Vanessa Moreno e Solange Knowles (irmã da Beyoncé), Tuany está trabalhando na produção do seu primeiro EP autoral, que terá oito músicas, e de um videoclipe da canção

Espaço Favela

munidades. Estatísticas mostram que 45% da população das comunidades é formada por empreendedores autônomos. Estamos fazendo uma curadoria de peso nas favelas, conteúdos genuínos de muita qualidade, e evidenciando o potencial incrível das comunidades para estarem conosco na Cidade do Rock.”, conta o presidente do Rock in Rio. Para ele, levantar o tema do debate sobre o processo fundiário nessas áreas também deve ser o objetivo do

Te Vejo que trata da pluralidade do corpo da mulher negra de diferentes idades e tamanhos. O Espaço Favela terá muitas atrações. No total serão cerca de 260 artistas, de mais de 10 comunidades diferentes, envolvidos na programação dos sete dias de festival. São 28 bandas de diversos ritmos musicais (quatro shows por dia) além de muita dança com as apresentações do grupo Nós do Morro e poesia, com as batalhas de slam.


Segunda instrumental

na Igreja Nova Vida da Freguesia

mentos e equipe competente. RB -Conte um pouco sobre a estrutura da igreja para áudio. GA - A estrutura da igreja é profissional e possui amplo espaço para músicos e público. Cada profissional tem seu amplificador individual. Utilizamos um mixer digital de 24 canais e gravamos todos os eventos em multipista para disponibilizar aos músicos convidados. O som é distribuído pelos dois andares do auditório, que tem capacidade para quase 500 pessoas sentadas. RB -O evento acontece apenas na Freguesia ou em outras igrejas também? GA - Acontece apenas na Freguesia, na Avenida Geremário Dantas, 1141, e não fazemos planos de expandir o evento para outros locais, mas ele cresce à medida que as pessoas vão conhecendo, gostando e convidando outras. Propostas de parceiros como lojas de instrumentos, estúdios e escolas de música também vão surgindo. RB -Já tem agenda para o ano que vem? GA - Sim. O evento tem datas fixas, nas segundas segundas-feiras dos meses ímpares. Portanto já temos as seis datas de 2019: 14/01, 11/03, 13/05, 08/07, 09/09 e 11/11. Para saber quem são os artistas convidados é preciso acessar o Facebook.com/segundaInstrumental ou Instagram @segundainstrumental. A Segunda Instrumental também sempre permite que um músico de bom nível, mas ainda desconhecido, se apresente com uma música de abertura. Ou seja: é um espaço também para novos talentos também.

Ao som do melhor da música brasileira, com influência do rock nacional e do forró, Zé Ramalho se apresentou em Goiânia no dia 8 de dezembro, no Atlanta Music Hall. O show faz parte da turnê que comemora os 40 anos de carreira do cantor. O nome dele se consolidou em 1979, quando lançou seu maior clássico, “Admirável gado novo”, e o grande sucesso Frevo mulher. Em 1980, Zé participou do Festival de Música Popular da TV Globo, ficando entre os 20 primeiros colocados, mudou-se para Fortaleza (CE) e ganhou seu primeiro disco de ouro.

NATIRUTS LANÇA MÚSICA Foto: Divulgação

No dia 12 de novembro, o guitarrista Eduardo Castilhol tocou na Segunda Instrumental da Igreja Nova Vida da Freguesia com a banda formada por Rafael Castilhol nos teclados, Lucas Mattos no contrabaixo, Mateus Falcão na bateria e Natan Gomes também nos teclados. Mas não é de hoje que esse evento traz o melhor da música para a Igreja. Desde o ano 2000, idealizado por Idelbrando Vianna, guitarrista, produtor Musical e líder de música na época, que o encontro musical acontece. Quem nos conta um pouco dessa história é Gilvan André. Ele ressalta a autorização pastoral que Idelbrando recebeu, na época, para “expor aos músicos cristãos à música de alto nível técnico, encorajando-os a estudar seriamente e levar músicos não cristãos para a igreja, fazendo a integração cultural e apresentando pra eles a história de música e fé”, conta. Hoje a igreja tem como líder musical Thiago Mora. Gilvan é o apresentador e diretor das Segundas Musicais na Igreja Nova Vida da Freguesia. A Revista Backstage fez algumas perguntas para ele sobre o evento. Revista Backstage - Quais os objetivos da Segunda Instrumental? Gilvan André - Um deles é alcançar as pessoas que não frequentam normalmente a igreja, para que elas tenham a oportunidade deste contato através de uma programação diferente da usual. O outro é levar gratuitamente ao público um show de alto nível técnico, com músicos de grande reconhecimento nacional, divulgando seus trabalhos com conforto, bons equipa-

ZÉ RAMALHO COMEMORA 40 ANOS DE CARREIRA COM SHOW

No dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, o Natiruts lançou mais um conteúdo de seu oitavo disco, I Love, que sai em dezembro. A novidade é o lyric vídeo para a faixa “O Silêncio Virou Som”, uma balada encapada de R&B com ares de bossa nova. No vídeo, a letra ilustra uma história de amor que ruiu, mas que logo ficou para trás. A mensagem de que “viver pode ser bom” resume o final do enredo. Assista: youtube.com/ watch?v=hNSuqoBduVI

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WORKSHOP EMOTION LV1 WAVES LIVE MIXER Foto: Divulgação

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R&B, trap, reggae, pop, rap, ritmos latinos e africanos são conectados pela sonoridade brasileira no novo disco. O álbum conta com as participações de Seu Jorge, Rael da Rima, Gaab e Cynthia Luz. O disco tem a assinatura de um coletivo de produtores com as participações de Pedro Lotto, Caio Paiva, o DJ Gustah e Duani, que a acompanhou no início da carreira e volta

agora para essa nova fase. O álbum Raízes, lançado nas plataformas digitais em 23 de novembro, tem 11 faixas. A primeira música, Malandro chora, teve clipe lançado em setembro.Raízes, com a participação de Rael, aborda a temática dos direitos dos negros desde a época da escravidão e é acompanhado de um videoclipe inédito, que conta a história de escravos que fugiram e conquistaram a liberdade. Foi filmado em uma fazenda , em Ibiúna, e faz referência à época da escravidão. A música é uma poesia pelos direitos dos negros e traz “beats” fortes e sons africanos para falar sobre as raízes da raça negra e o orgulho de ser negro. O tema mulher também é tratado na faixa Mina, que fala sobre empoderamento feminino e incentiva a mulher a gostar de si e apreciar sua própria beleza.

Aconteceu, no dia 7 de novembro, o workshop da eMotion LV1 Waves Live Mixer. O evento aconteceu na Maxi Audio, em São Paulo, e foi ministrado pelo engenheiro de áudio da Waves PRADIVU Fabricio Parizzani. plateia era composta por técnicos de som de todo o Brasil.O eMotion LV1 é um console de mixagem digital para engenheiros de front-ofhouse, monitores e broadcast. Baseado na tecnologia Waves SoundGrid, ele promete fluxo de trabalho rápido em situações de trabalho complexas. A realização do evento foi de Luis Melo, da GSB Pro Audioe Maxi Audio. A coordenação foi de Luis Melo, Fabrizio Parizani, Manoel Rodrigues e Vladimir Ganzerla.

WORKSHOP SOBRE GRAVAÇÃO NO CURSO DE MIDIALOGIA DA UNICAMP Foto: Divulgação

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Novo disco de Negra Li

No dia 26 de outubro, Clement Zular foi à Unicamp ministrar palestra sobre Tomada de Som em Estúdio – Edição e Finalização. A gama de assuntos abordados foi ampla. Entre as 14 e as 18 horas, os estudantes do curso de Midialogia da universidade paulista puderam aprender, com Zular, sobre atitude profissional, situações adversas em gravações externas e soluções, som direto para gravação externa de música em campo, preparação antecipada das gravações e estudo prévio das partituras, microfonação e microfones, monitoração hi-end e fones de ouvido, monitoração calibrada, quesitos acústicos, gravação de orquestras e scoring, equipamento, infra estrutura e comunicação, mixagem e masterização, pós produção em vários formatos simultâneos pensada para o meio em que vai ser reproduzido, gravação e finalização em Atmos. A palestra aconteceu a partir da iniciativa do professor da Unicamp no curso de Midialogia e músico José Augusto Mannis. O curso de comunicação socialmidialogia forma o aluno no estudo das mídias em geral, como o cinema, o rádio, o vídeo e as novas mídias. O estudo dos meios aborda as questões técnicas, características específicas, linguagem, uso, funcionamento, etc.


NOVO SHOW DE IVETE SANGALO COMEMORA 25 ANOS DE CARREIRA Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

BANDA SILIBRINA

Depois de um giro pelo exterior em 2018, com uma temporada norte-americana nas cidades de Austin e Nova York e uma turnê europeia com passagem por Portugal e Espanha, a banda de música instrumental brasileira Silibrina lança o single Frevo Maligno, a primeira faixa do novo disco, intitulado Estandarte. A faixa estará disponível em todas as plataformas de streaming digital a partir de 9 de novembro. Dando continuidade ao álbum de estréia O Raio, Estandarte, que será lançado no início de 2019, mostra uma banda com influências de jazz, pop e de ritmos da cultura popular brasileira, como frevo, maracatu e baião. Piano, baixo, guitarra e metais se juntam a instrumentos de percussão, como o caracaxá, ganzá, timbal, alfaia, gonguê e o pandeiro. Além de tocar piano, Gabriel Nóbrega assina as composições e arranjos do septeto e é acompanhado por Ricardinho Paraíso (baixo), Jabes Felipe (bateria), Matheus Prado (percussão), Wagner Barbosa (saxofone), Reynaldo Izeppi (trompete) e GilenoFoinquinos (guitarra).

No dia 21 de novembro, quarta-feira, a cantora Ivete Sangalo realizou, pela primeira vez, um pocket show pelo Youtube. A transmissão ao vivo foi feita a partir das 20h em seu canal. O repertório da apresentação foi com as músicas inéditas que farão parte do projeto Ivete Live Experience, marcado para dia 8 de dezembro, no Allianz Parque. A ideia do evento, que comemora 25 anos de carreira da cantora, é que o público e os fãs já estivessem preparados para conhecerem as canções novas. Entre elas estão O Amor Venceu, Teleguiado e Meu Peito Dispara.

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SIMPLICIDADE E SIMPATIA O compositor Peninha estreou na Festa Nacional da Música com o pé direito. Com uma postura simpática e acessível, o criador de “Sozinho” e dezenas e outros sucessos subiu ao palco para receber o troféu 2018 e praticamente não cantou... O público cantou por ele.

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ÍCONE

Com um fim de ano marcado pela definição política e as expectativas quanto ao novo governo, o mercado prepara o seu período de vendas de final de ano e a posterior letargia de quase dois meses. Comerciantes e importadores experientes já aprenderam a lidar com isso e adotam a estratégia da prudência na alta e na baixa. Já os amadores passam janeiro e fevereiro resmungando.

FESTA NACIONAL DA MÚSICA O maior encontro da música brasileira que aconteceu esse ano na cidade de Bento Gonçalves, na serra gaúcha, teve índice absoluto de aprovação dos artistas e participantes. A população da região serrana apoiou e participou do evento de forma entusiasmada e por vezes, surpreendente. A nova casa foi aprovada por unanimidade e já confirmada para 2019.

MINISTRO A presença do ministro Sergio Sá Leitão na Festa 2018 foi mais uma vez motivo de entusiasmo da classe musical. Com uma fala pragmática e visão técnica, o ministro da cultura fez um resumo do seu trabalho à frente do governo e conclamou a classe musical a se unir ainda mais em torno das propostas de interesse da categoria. No congresso de abertura, falou para mais de uma centena de profissionais e reafirmou a sua postura técnica e entusiasmada com a cultura brasileira em todas as suas manifestações.

Sergio Reis definitivamente se consagrou com um dos “donos” da Festa. Tietado por todos, tanto pelos artistas quanto pelo público, Serjão virou o paizão do evento com um sorriso sempre largo e uma paciência que explica porque do sucesso de um artista que atravessa o tempo e segue crescendo na admiração e no imaginário popular. A explicação é simples para quem o conhece. O ser humano por trás do artista consegue ser ainda maior do que a seu admirado legado musical.

TECNOLOGIA Harman, Casio e Sonotec mais uma vez deram um show de tecnologia e atendimento na festa desse ano. Ocupando os palcos e corredores do evento, as empresas levaram parte dos seus catálogos e esbanjaram interação e suporte às centenas de artistas que participaram do encontro. Marcas como Casio, AKG, Souncraft, Digitech, JBL, Strinberg e Takamine, fizeram a festa pelos muitos palcos e locais da edição 2018 da Festa Nacional da Música.

INTERAÇÃO DO SAMBA Na noite de entrega dos troféus, a presença do grupo Fundo de Quintal foi motivo de uma verdadeira celebração do samba. Previsto para tocarem duas músicas como regra do evento, os veteranos do samba empolgaram tanto que dezenas de sambistas de todas as idades e vertentes acabaram subindo no palco para cantar com o


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grupo embrião do samba de raiz brasileiro. Depois de 6 ou 7 músicas com o palco tomado pelos sambistas e o público de pé, os veteranos conseguiram agradecer e descer para os cumprimentos. A ovação foi geral...

INTERAÇÃO DO ROCK Programados para entrar imediatamente depois do Fundo de Quintal e participar da homenagem ao Capital Inicial, os roqueiros não deixaram por menos e na segunda música (A Sua Maneira) a cena se repetiu com o mundo do rock. Dezenas de membros de outras bandas também subiram ao palco e cantaram com Dinho Ouro Preto os clássicos da banda brasiliense. Depois de meia dúzia de músicas, a celebração se consumou com a ovação geral do público que permaneceu em pé até o final do espetáculo. E mais uma vez a interação foi geral.

LOGÍSTICA A edição 2018 da Festa teve uma novidade que agradou em cheio a todos que participaram dos muitos shows previstos para a cidade de Bento Gonçalves. O fato do Hotel Dall’Onder, sede do evento, ficar localizado entre a Casa das Artes, o principal teatro da cidade, e a Rua Coberta, o ponto de encontro dos shows ao ar livre, facilitou muito a logística e a interatividade com o público, além de proporcionar a alguns artistas a participação em 2 e até 3 eventos no mesmo dia, sem deslocamentos de qualquer espécie. Tudo acontecia num raio de 150 metros.

JOVEM GUARDA Como novidade, a produção do

evento criou uma tarde especial para os jovens de idade mais avançada. Liderados pelos Fevers, alguns artistas participaram do show com músicas da Jovem Guarda e mais uma vez a participação do público foi completa. Teatro lotado e muita interatividade foram a tônica da tarde voltada aos jovens com mais tempo de calendário.

ção e outra dos Detonautas, o cantor fez um apelo à união e a amizade e disse que a política não pode separar as pessoas. Pediu que todos abraçassem quem estivesse ao seu lado em nome da solidariedade e do sonho de um país melhor. Emocionou e foi aplaudido de pé...

INTERMINÁVEIS COMPOSITORES O assédio a alguns dos maiores compositores brasileiros foi inevitável. Jovens artistas queriam conversar e quem sabe ganhar alguma música dos criadores de centenas de sucessos da música brasileira. Michael Sullivan, Paulo Massadas, Carlos Cola, Nando Cordel, Sá, Peninha e Totonho Villeroy foram alguns dos compositores que receberam pedidos de todo o tipo vindo de cantores e cantoras de todos os estilos. Afinal, quem não gostaria de ter em seus discos uma música assinada por algum desses craques da composição?

A exemplo da Paula Toller e da Bruna Lombardi, a cantora Rosemary parece que está se lixando para o tempo. Elas parecem dotadas de beleza interminável e absolutamente a prova dos anos.

GOSPEL A força do gospel parece crescer a cada edição. O encontro Promessas realizado na abertura da Festa Nacional da Música voltou a reunir milhares de pessoas na Rua Coberta em Bento Gonçalves e por mais de 4 horas fez ecoar pela cidade as músicas de cunho religioso que conquistaram os corações cristãos espalhados pelo país. Foi emocionante.

ALEGRIA A carreira solo de Flávio Venturini é um sucesso, mas é inegável e contagiante a alegria do músico mineiro ao tocar com o icônico grupo 14 Bis. Juntos, eles criaram pelo menos uma dúzia de sucessos que todos sabem de cor. Mesmo com o passado ligado ao embrionário grupo O Terço, a alegria de Flávio em tocar com o grupo, hoje liderado pelo seu irmão Cláudio, é perceptível.

COMOVENTE Pego de surpresa ainda no quarto, o inquieto Tico Santa Cruz não se furtou em subir ao palco e comover a plateia. Entre uma can-

ESTUDANTES No show para os estudantes da região realizado na Casa das Artes, o rapper Rappin Hood se destacou ao chamar a atenção dos jovens para a importância do respeito aos pais e professores. Citou exemplos de vida, contou a sua história e foi ouvido em silêncio por centenas de meninas e meninas entre 12 e 16 anos que participavam do encontro. E ao final vaticinou... “Não acreditem em tudo o que ouvem, só o estudo e a dedicação fará vocês crescerem como seres humanos”. Ao final foi ovacionado por todos, alunos e professores.

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ETERNIDADE É TEMPO ALGUM Tempo rei

BALAIO(CENDI MUSIC) Balaio

O nome da banda pode sugerir um dos muitos tributos que são lançados hoje em dia. Mas qual não é a surpresa ao se constatar que o álbum é inteiramente autoral? A maioria das músicas é de Ronaldo Pestana: baterista, percussionista e figura fácil nos melhores circuitos musicais do Rio de Janeiro. Das 12 músicas, sete são só dele. As outras são parcerias com os componentes da banda Renato Catharino (teclados), Aprígio Bertholdo (voz) e Maurício Figueiredo (baixo). A banda tem ainda André Barros na guitarra.

O time do Balaio é formado por músicos experimentados nas melhores rodas do mundo. O baterista Leonardo Susi, que vive em Shanghai, na China, além do trabalho próprio já tocou com Gilberto Gil, Charles Aznavour e Will I Am (Black EyePeas); Marco Bosco tem um trabalho solo de world music reconhecido desde os anos 1980, quando morou no Japão, e já tocou com alguns mitos da música, como Nina Simone, Oscar Castro Neves e Egberto Gismonti, além de ter feito parte das bandas de Sá &Guarabyra e Raul Seixas. Rubem Farias, o baixista, vive na Suécia, onde tem trabalho próprio e trabalha com diversos artistas do pop e do jazz. Tocou com gente como Flávio Venturini, Leny Andrade, Arismar do Espírito Santo, Bocato e muitos outros. O tecladista Adriano Magoo Oliveira tem trabalhos com Zeca Baleiro e faz trilhas em São Paulo. Está com o Balaio desde 2017. A banda, que tem sua origem em uma turnê na China em 2009, quando fez shows com o trompetista Randy Brecker, com repertório baseado no disco Randy in Brasil. Balaio foi gravado em 2017. Ainda que tenha as influências do jazz fusion de convidados como Randy Brecker e o guitarrista Mike Stern, é um disco que trabalha a linguagem da música instrumental brasileira com um sabor bem próprio da banda. O disco foi lançado no Brasil em uma turnê com Mike Stern, durante o mês de junho de 2018. A turnê ainda se estendeu pela Ásia nos meses seguintes. Balaio teve suas bases gravadas no One Music Dream Studios, por Damien Bazigou, com gravações adicionais em estúdios da Suécia, Brasil e EUA. A mixagem ficou por conta de Wilson Roberto Gonçalves e Emil Shayeb, no Valetes Records, em Bauru(SP). A masterização foi feita no Classic Master, por Carlos Freitas.

Foto: Divulgação

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MIGUEL SÁ | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR

Tempo Rei investe no ecletismo de gêneros musicais, mas isto não impede que Eternidade é tempo algum soe como um álbum coeso. O Solstício(Ronaldo Pestana) é a abertura que chama para que o ouvinte aproveite desde frevos, como Futuras alegrias?(Ronaldo Pestana) até o groovede Certeza do mundo(Ronaldo Pestana), passando pelo quase afrobeat, em alguns momentos sambarock, Contexto casual(Ronaldo Pestana). O espaço para improviso dos músicos é amplo e as misturas se encaixam no conceito do trabalho, que fecha com Naninha (Ronaldo Pestana). Eternidade é tempo algum foi gravado e mixado no estúdio Artista70. A gravação e mixagem de Marcelo Oiticica ressaltam os bons arranjos. A masterização, feita por Carlos Freitas, um dos mais conhecidos engenheiros de masterização do país, assegura um som de qualidade mesmo em plataformas digitais Onde ouvir: https://www.youtube.com/ watch?v=bfHBYl8GBaw

Onde ouvir: https://open.spotify.com/album/ 2p3tG6MgX3xf9FR1WBaDXD


MIGUEL SÁ | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR

CINAMOMO (DISCOBERTAS) Sá & Guarabyra

Este trabalho ao vivo do compositor, professor, pianista e acordeonista é fruto do álbum Trio$, lançado pela Mills Records em 2016. Os shows pelo Brasil fizeram amadurecer a execução e o repertório que foram gravados em 2018, no Teatro Municipal de Niterói. O trabalho tem músicas do Trio$, como Amalgamation(Moacir Santos) - que, além do trio formado por Renato Massa Calmon e Jefferson Lescowich teve a participação de Marcelo Martns no sax - e releituras que podem parecer inusitadas para quem não sabe que música é sempre música, como Garçon(Reginaldo Rossi). Essa não foi a única releitura. O pianista encontra novos caminhos para a clássica Rain drops keep falling on my head(Burt Bacharach/Hal David), que se torna quase uma bossa nova, mas com a marca de Nimrichter. Aliás, o entrosamento dos músicos faz a perfeita costura de todas as

A canção que dá nome ao disco foi gravada em Pirão de peixe com pimenta. Não é das mais conhecidas da dupla, criadora do chamado rock rural quando ainda formava um trio com Zé Rodrix, mas é uma das mais esperadas dos shows. É o momento onde os dois contam historias divertidas sobre as andanças pelo Rio São Francisco, interagindo com o público e apresentando os músicos. E o clima do ao vivo está todo lá, com as dinâmicas que eles costumam fazer durante as apresentações, tudo nos 8 min e 53 segundos de música gravada, com muito instrumental, o que é fato raro hoje em dia. Cinamomo é um disco com lados B e músicas não tão conhecidas da dupla, como Nuvens D’água, Tabuleiro e Viajante, gravada apenas em um compacto do trio, mas também estão presentes lá sucessos como Espanhola, Dona e Caçador de Mim. O trabalho ainda incorpora, por meio do meddley de Jesus numa moto e Mestre Jonas, músicas que eram a marca do trio Sá, Rodrix & Guarabyra, tanto na versão dos anos 1970 como na reunião dos anos 2000, até a morte de Rodrix, em 2009. Um bom disco para passar a limpo a obra da dupla e preparar para o prometido álbum só de inéditas em 2019. A banda é formada por Pedro Baldanza, no baixo e vocais de apoio; Constant Papineanu, teclados; Christiano Rocha, bateria, e Fábio Santini na guitarra. O disco foi gravado e mixado no Estudio Mosh por Sidão Garcia, com a produção artística de Guarabyra, assistido por Constant Papineanu. As gravações adicionais da voz de Sá foram feitas em Belo Horizonte com Ricardo Gomes, no Estúdio Ricardo Gomes. A masterização foi feita por Ricardo Carvalheira, que já trabalhou em diversas das caixas de CD da gravadora Discobertas e trabalhou com a dupla durante muitos anos, tanto em shows como no estúdio.

Foto: Divulgação

AO VIVO NO MUNICIPAL Marcos Nimrichter

viagens por diferentes gêneros musicais. Seja no Castelo blues de Paulinho Guitarra, com a participação do próprio, ou em Meu amigo marreco, de Nimrichter. Ao vivo no Municipal foi gravado em 2017 por Heber Ribeiro, que mixou e masterizou o trabalho junto com Marcos Nimrichter, também produtor do trabalho. O disco está disponível nas plataformas digiais.

Onde ouvir: https://open.spotify.com/album/ 4qXPJriH8LIEUUMI7WrUel

Onde ouvir: https://www.youtube.com/channel/ UCRS0DirhNhj-WkzCIcBxBFg

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EMOTION LV1 WAVES

desenvolve novas formas de se trabalhar no digital Qualidade no som com fluxo de trabalho intuitivo e rápido: esta é a proposta do eMotion LV1, da Waves.

redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

O

eMotion LV1 é um console de mixagem digital para engenheiros de front-of-house, monitores, broadcast e gravação em estúdio. Ele tem ferramentas que permitem o processamento do som em tempo real. Com base em um servidor SoundGrid, da Waves, o sistema é formado pelo aplicativo eMotion LV1, e pelas entradas e saídas do SoundGrid. Existem três configurações de mixer: com 64, 32 ou 16 canais. Elas tem até oito grupos estéreo, 16 auxiliares estéreos, bus principais L / R / C / M e uma matriz de oito canais estéreo. O eMotion LV1 tem, em cada um dos canais do mixer, um rack de plug-in capaz de executar até oito deles, tanto da Waves como de outras marcas.

O mixer é compatível com sistemas operacionais Windows e Mac. Ele atende às superfícies de controle e dispositivos multitoque padrão do setor, podendo ser executado em várias telas em redes com e sem fio. Alimentado por servidores DSP Waves SoundGrid de baixa latência, baseados em processadores Intel, o eMotion LV1 utiliza a rede SoundGrid para conectar vários mixers, caixas de palco, interfaces de I/O, hosts de reprodução e gravação e todos os outros dispositivos compatíveis. Isso fornece configurações flexíveis entre os componentes de rede padrão. Uma das vantagens do equipamento é a portabilidade. O eMotion LV1 usa a infraestrutura do SoundGrid para redes


tradas SoundGrid Mini-YGDAI para Yamaha, DMI SoundGrid para Digico e SoundGrid para Allen-Heath. A operação do equipamento é feita tanto usando controladores de hardware padrão da indústria como telas sensíveis ao toque e diversos dispositivos portáteis, desde quatro telas de toque até um único laptop ou tablet. A faixa de canais do mixer - com equalizador padrão, filtros e processamento dinâmico - é fornecida pelos plugins Waves eMoD5 Dynamics, eMo F2 Filter e eMo Q4 Equalizer. Todos os três estão incluídos no misturador eMotion LV1. É possível mixar ao vivo com centenas de Bruno Campregher

de áudio. Ele pode ser configurado como uma configuração móvel ou fixa, se conectando a qualquer entrada, saída ou servidor compatível com SoundGrid. Isso significa que é possível levar o mixer e executá-lo a qualquer hora, por exemplo, em casa, no quarto de hotel, no ônibus da turnê ou no local ao vivo. Dessa forma, se ganha tempo para trabalhar nas sessões, seja offline ou com áudio full-on. O eMotion LV1 economiza uso de equipamento externo para processamento de áudio em alto nível. Ele permite compartilhar presets de plugins e cadeias de processamento de rack entre o estúdio e quaisquer outras plataformas ou consoles que executam o MultiRack. A integração do LV1 acontece com os sistemas disponíveis. Interfaces analógicas DigiGrid IOX, IOC, IOS (com ou sem o servidor integrado) e outras interfaces Digilink da DigiGrid DLI e DLS com integração com sistemas Pro Tools HD/HDX e AvidVenue (com ou sem servidor integrado) ou MADI-SoundGrid DigiGrid MGB/MGO, por exemplo. Ou as en-

do separadamente, que é acessível a partir de cada canal LV1.

QUEM USA Bruno Campregher, que durante muitos anos foi técnico de P.A. do J.Quest e hoje atua como especialista de produtos da GBS, conheceu a LV1 ainda quando trabalhava com a banda mineira. Por volta de 2016, ele pediu à representação da Waves na época para experimentar o equipamento em um show. “Eu já era endorser da Waves. Nós tocávamos muito no Tom Brasil e montaram o equipamento lá pra mim. Eu estava bem familiarizado com o PA D&B de lá

É possível mixar ao vivo com centenas de plugins, tudo funcionando dentro do próprio mixer. plugins, tudo funcionando dentro do próprio mixer. Todas as predefinições de plugins e cadeias salvas no eMotion LV1 podem ser compartilhadas com os hosts de plug-in Waves MultiRack e StudioRack, permitindo que seja simples se mover entre ambientes ao vivo e de estúdio. O LV1 também se integra com o plug-in automixer Dugan Speech, adquiri-

e achei o som da LV1 maravilhoso. Foi um dos melhores que tive no Tom Brasil”. Uma das principais diferenças que Bruno percebe deste sistema com relação a outros também digitais é o formato da interface. “Nas outras mesas tem o fader físico e nesse tem touch. Já estou acostmando com as telas touch há muito tempo. Outra grande diferença é que ela é

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completamente modular. Normalmente o equipamento tem todas as peças na carcaça. Aqui você pode escolher o pré, qual o tamanho da tela e quantas

agrada nela além do som é a possibilidade do uso de plugins. São as ferramentas que a gente tá acostumado a usar no estúdio e também no ao vivo,

telas, que podem ser de um a quatro. Também pode escolher entre Mac e Windows que o software responde da mesma maneira. A única diferença seria mesmo o multitouch, que só tem pra Windows e não tem pra Mac”, aponta Campregher. O profissional também elogia a interface intuitiva. “Só de olhar pra tela o cara já consegue operar o sistema. São poucas abas, não tem janelas escondidas, e o áudio é maravilhoso porque a LV1 tem um número de conversões menor que qualquer outra console do mercado. E o que mais me

e as novidades, como o TRACT, que trabalha em conjunto com o Smaart e faz uma auto equalização em instantes. Isso é maravilhoso”, completa.

Mais informação:

www.gsbproaudio.com.br


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SÁ & GUARABYRA ABERTOS PARA BALANÇO

Cinamomo é um trabalho no espírito de Sá & Guarabyra. O disco amadureceu no terreno mais conhecido da dupla: a estrada Repórter – Miguel Sá redacao@backstage.com.br Fotos: George's Estúdio

A

história da dupla vai muito além da estrada que eles tanto conhecem e apreciam. Por trás das composições falando de paisagens achadas e perdidas, principalmente na área do Rio São Francisco, aconteceu também muita atuação na linha de frente ou nos bastidores do mercado da música. Em mais de 45 anos de carreira, foram 48 registros fonográficos entre LPs, CDs, compactos, songbooks e DVDs como dupla ou trio com Zé Rodrix. Antes de participar do trio Sá, Rodrix e Guarabyra,

Luiz Carlos Sá chegou a atuar como jornalista em alguns dos melhores cadernos culturais do Rio de Janeiro. Já Gutemberg Guarabyra era diretor do Festival da Canção e produtor musical em programas de TV. Após formarem o trio e, posteriormente, a dupla, tiveram parcerias com a nata da música brasileira: vários músicos e arranjadores hoje consagrados tiveram algumas das primeiras oportunidades no “mainstream” com a dupla. Mas não só músicos: parte expressiva do melhor do áudio paulistano formado


nos anos 1970/80, forjou-se no estúdio e produtora de publicidade Vice-Versa, do qual a dupla foi sócia com o maestro da tropicália Rogerio Duprat e o engenheiro Luiz Botelho. A relação dos dois com a equipe de técnicos e músicos sempre foi estreita, e influenciou, por exemplo, na segunda formação da banda O Terço, com os músicos Luis Moreno, Sérgio Magrão e Flávio Venturini. Antes de alçarem vôo próprio, eles eram banda de apoio do trio e da dupla. A vida na estrada, a atuação nos bastidores da música, a proximidade com músicos e técnicos: toda essa história está impressa e resumida no novo trabalho da dupla, Cinamomo.

SÁ & GUARABYRA Além de quebrar o jejum de lançamentos e mostrar o resultado do trabalho dos últimos anos, o álbum tem a intenção de fechar um ciclo. “Na verdade ele deveria ser um disco de inéditas, mas dessa vez não houve oportunidade para fazer isso. Daí que uma outra alternativa, a de gravar o nosso show como estava acontecendo, começou a virar o tema principal para essa gravação”, expõe Guarabyra, também o produtor do trabalho. “Chegamos à conclusão de que

Capa do CD por Gorilla / Beto Marques - Bordado Matizes Dumont

que a melhor maneira de a gente se despedir do repertório antigo seria registrar o amadurecimento dessas músicas em termos de aprimoramento de arranjos instrumentais e vocais, que foi conseguido durante anos de interpretações e reinterpretações em nossas apresentações”, completa Guarabyra.

Na verdade ele deveria ser um disco de inéditas, mas dessa vez não houve oportunidade para fazer isso. Daí que uma outra alternativa, a de gravar o nosso show como estava acontecendo, começou a virar o tema principal para essa gravação nosso show estava em um ponto que pedia um registro antes que partíssemos pra outra. Mas ao mesmo tempo queríamos o rigor técnico de um estúdio de qualidade. Então optamos por gravar exatamente o que fazíamos ao vivo” diz o parceiro Sá. “Sempre achei

Na contramão do processo que costuma ser feito hoje em dia – gravação em pequenos estúdios e, eventualmente, mixagem em um de grande porte - todo o processo foi feito no Mosh, talvez o maior estúdio em atividade no Brasil hoje. “Queríamos um som impecá-

vel. Já gravamos outros discos lá e conhecíamos a qualidade técnica que o Oswaldinho Malagutti exige em pessoal e equipamento. Além disso, nossa equipe é baseada em SP. Então o Mosh foi uma escolha natural”, explica Sá. Guarabyra diz, agradecendo a Oswaldo Malagutti o apoio ao disco, que a escolha do Mosh foi até um questão de destino, a partir de uma relação que acontece desde quando o estúdio era pequeno e ficava no bairro da Pompeia, em São Paulo. “Nessa época eu possuía uma empresa de produção de jingles comerciais e gravava exclusivamente no Mosh. Anos depois, quando o estúdio já havia crescido enormemente, se transformado nessa magnífica empresa e mudado de bairro, nós, a dupla Sá e Guarabyra gravamos lá um CD, mas financiado por gravadora. Graças à nossa história de muitos anos de amizade e trabalho conjunto, acabamos conseguindo um ajuste

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que possibilitou a gravação”. A escolha do repertório foi toda feita em cima do show. A execução das músicas teve alguma mudança e aperfeiçoamento em relação ao que acontecia ao vivo, mas foram mantidas as dinâmicas e os tempos. A música título do disco e Meu Lar é Onde Estão Meus Sapatos se desenvolvem com cerca de oito minutos e muito espaço para os músicos: uma raridade em discos que não são de jazz ou algum outro estilo de música instrumental. “As músicas longas fazem parte do amadurecimento que foi cultivado pelas apresentações ao longo dos anos. Houve um crítico que se referiu ao grande espaço dado às interpretações instrumentais como exibição de virtuosismo. Acertou em cheio. Nossos músicos são virtuoses, por isso mesmo esse espaço merecido de exibição

profissional e de amizade. Fiquei mais ou menos uns seis anos tocando, nesta primeira fase, e gravei dois Lps: Quatro e 10 Anos Juntos. O retorno se deu em 2008, quando do convite para integrar a banda que acompanhava o trio. Meu momento com Sá, Rodrix & Guarabyra foi após a gravação do CD Amanhã, que tive o prazer de mixar. Daí foram alguns meses até o falecimento do Zé em 2009”, lamenta Constant. O tecladista e arranjador participou de todas as fases da gravação, desde a gravação das bases. “Os acabamentos exigiram muito complemento dos arranjos. Foram guitarras, violões e alguns teclados/ arranjos complementares feitos com a direção do Guarabyra em meu estudio, na gravação dos vocais. Isso sem falar na fase de mixagem que nos exigiu muito tem-

As músicas longas fazem parte do amadurecimento que foi cultivado pelas apresentações ao longo dos anos. de técnica e bom gosto. Mas, claro, nenhum crítico é obrigado a apreciar esse tipo de trabalho”, ressalta Guarabyra.

ARRANJOS E BANDA No trabalho como produtor do disco, Guarabyra teve ao seu lado o “eterno companheiro” e coarranjador Constant Papineanu. Desde o fim dos anos 1970 o tecladista trabalhou com a dupla e o trio em várias fases.“Meu inicio com a dupla foi no final de 1977. Eles ensaiavam em meu estudio em Santa Teresa (Rio de Janeiro) quando, em dado momento, precisaram de um tecladista. Daí veio o convite que prontamente aceitei. Foi aí o início desse longo relacionamento

po e uma dedicação enorme. Algumas vozes do Sá, assim como alguns de seus violões, foram feitos em Belo Horizonte. Foram meses nessa toada. Parávamos as vezes por questões de agenda de shows ou do estudio e do técnico também. A interação com o Guarabyrra foi tranquila, como sempre, por nos conhecermos bem e já estarmos acostumados a realizar vários trabalhos fora do ambiente ‘dupla’. Então isto virou coisa de olhar. Muitas vezes decisões eram tomadas rápidas, sem muitas palavras. Assim, a relação com o técnico foi tranquila. Ele entendendo o que queríamos e nós entendendo as suas colocações e sugestões”, complementa

Constant, falando da relação com Sidão.

MIXAGEM E MASTERIZAÇÃO Guarabyra lembra que nenhum estúdio é só o equipamento. “O Mosh não é esse monstro, no bom sentido, apenas pela excelência da tecnologia que dispõe, mas também pelo pessoal que faz isso tudo funcionar. Nesse ponto, gravar e mixar com o grande, imenso, Sidão, foi um prazer pra sempre inesquecível. Um mestre. Suas lições estarão para sempre em nossas mixagens”, elogia o produtor. Sidão Garcia também não economiza nos elogios. “Sou super fã de Sá e Guarabyra. Foi a primeira vez que trabalhamos juntos. Criamos uma confiança e adorei. Aprendi muita coisa com o Guarabyra, são muito profissionais. Agradeço muito a confiança deles comigo, criamos uma amizade e estou muito orgulhoso de ter feito um projeto com eles”. Quando junta um estúdio de qualidade, banda ensaiada, equipamentos de alto nível e equipe técnica que conhece o espaço, a função e os equipamentos, não há muito o que inventar. Os trabalhos de gravação e mixagem foram realizados nas salas A e D respectivamente. As gravações de bateria foram feitas com 421, os SM 57 na caixa e os U-87 como over. As vozes que foram gravadas no Mosh usaram os U-87. Guitarras e violões foram gravados em linha e também microfonados. “Na gravação com guitarra amplificada, ligo em linha e com um microfone mais duro, dinâmico, tipo um SM-57, e outro mais macio para pegar o ambiente, os harmônicos, como um U-87. Contrabaixo, quando gravo só em linha, uso um pré valvulado. Quando é amplificado, trabalho com amplificador Ampeg, um mi-


Bordado “Festa na beira dágua”, de Matizes Dumont, que deu origem a capa do CD

crofone dinâmico, que pode ser um 421, e um mais longe para pegar harmônicos”, detalha Sidão. Na mixagem, foi usado o equipamento da sala D, com poucos plugins. “A mesa do estúdio D é total recall. Salva 100% dos parâmetros. De plugin, só algum delay a partir do pro Tools. O que usei mais foi uma TC 6000, com quatro máquinas internas estéreo” Já a masterização foi feita por Ricardo Franja Carvalheira, da IAI Digital. Ricardo faz trabalhos com Sá &Guarabyra desde os anos 1970 e conhece profundamente o som da dupla. Mixou discos como o 4 e Dez Anos Juntos etrabalhou na produção da volta do trio, no DVD/ CD Outra Vez na Estrada, entre outros. Após passar os anos 1980 trabalhando em estúdio, P.A. e publicidade, desde os anos 1990 trabalha com masterização, remasterização e restauração. Hoje, entre os diversos trabalhos que faz, estão as caixas da gravadora Discobertas. A masterização de Cinamomo foi feita enviando as músicas masterizadas para Guarabyra, que fazia as observações. “O som chegou

praticamente em cima já. Chegaram com uma dinâmica mais solta. Procurei deixar dentro dos padrões atuais de como se ouve. Para masterizar uso o Pro Tools e poucos plugins. Uso um software da Brainworx”, especifica Ricardo. Também foi feita uma master para o vinil, que, quando for lançado, será um álbum duplo com mais músicas que o CD. Ricardo Carvalheira já trabalhou também com corte de vinil e tem uma forma de trabalho específica para o formato. “Nesse caso, procuro deixar menos dinâmica. Para quem faz o corte, é melhor que tenha menos dinâmica”, detalha.

Uma delas é a de continuar permitindo colecionar a obra do artista como um objeto palpável, com valor incluso de obra de arte plástica, além de ser um jeito prático de se ter à mão o dossiê completo daquela produção. É um hiper cartão de visita. Outra função é a de ser plataforma-fonte confiável e de muita qualidade dos arquivos musicais ali contidos para transferência a outros suportes mais fáceis de serem manejados, como pen drives ou mesmo pastas de arquivos dentro dos celulares”, aponta, lembrando que, entre as informações no encarte, está o QR Code que permite visualizar, no celular, todas as letras e cifras. Sá concorda e ressalta a importância dos apoios para realizar o projeto.“Em particular no caso deste CD, temos um encarte repleto de informações e uma capa que é uma verdadeira obra de artesanato, com bordados da Matizes Dumont, de Pirapora, fotografados em detalhes. Somos extremamente chegados a dar ao nosso ouvinte experiências técnicas e estéticas junto à musical. E temos sempre grandes amigos aliados aos nossos planos. Alguns destes planos e projetos podem a princípio parecer inatingíveis, mas acabam acontecendo... quem tem amigos tem tudo!”

Para saber mais

SUPORTE FÍSICO Por fim, o produtor Guarabyra ressalta a importância de, ainda hoje, ter um trabalho vendido em suporte físico, ainda que não se deixe as plataformas digitais de lado. “O CD continua sendo usado por artistas no mundo inteiro. Não pode ser considerado como coisa ultrapassada. Assim o fosse já teria sido esquecido. Diria que virou outra coisa, ganhou novas funções.

www.saeguarabyra.com.br

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Expomusic Regional do Rio de Janeiro é o segundo evento do tipo promovido pela Francal e Abemusica. A ideia é aproximar o consumidor final e os lojistas. redacao@backstage.com.br Fotos: Ernani Cardoso / Kika - Francal Feiras / Divulgação

EXPOMUSIC REGIONAL

NO RIO DE JANEIRO ESTREITA RELAÇÃO DAS MARCAS

COM O CONSUMIDOR FINAL

E

m um ano permeado pelo dólar alto e a incerteza política gerada por crise econômica e eleições, é necessário achar novas soluções e rever demandas. Foi o que a Francal e a Abemusica, fizeram com relação à Expomusic:

cancelaram a grande exposição feita, tradicionalmente, em São Paulo no segundo semestre e decidiram promover pequenas exposições regionais. Ato continuo, a exposição grande foi remarcada para o primeiro semestre de 2019, entre


Claudio Mendes (tecladista), Nelson Cardoso (jornalista) e Alex Martinho (guitarrista)

15 e 19 demaio, no Pavilhão de Exposições do Anhembi. “Já era uma reinvindicação antiga dos expositores que a Expomusic passasse para o primeiro semestre, mas seria impraticável participar de um evento grande no segundo semestre de um ano e logo outro no primeiro do ano seguinte”, comenta Marcos Brandão, gerente de vendas e marketing da Pride Music. De acordo com a assessoria da Expomusic, o objetivo dos eventos regionais é fomentar o mercado “bussiness to bussiness” – exclusivamente de negócios - de instrumentos musicais, áudio, iluminação e assessórios fora de São Paulo. Os eventos regionais são para permitir um ambiente convidadivo a negócios e networking. O primeiro evento regional aconteceu em Recife, no Mar Hotel Conventions, na praia de Boa Viagem. Foram cerca de 50 marcas de instrumentos musicais, equipamentos de áudio e assessórios. Antes mesmo do evento foram mais de 500 inscrições

feitas antecipadamente pelo site do evento. No Rio de Janeiro, o evento foi em 9 e 10 de novembro, entre as 13 e 20 horas, no Windsor Hotel Guanabara, no centro da cidade. Esta também foi voltada exclusivamente para visitantes profissionais. Durante o evento, estavam expostos baterias, violinos, amplificadores,

bém teve outras atrações, como o sorteio de um iPhone 8 que foi ganho por Fernando Albertoni. Aconteceram ainda apresentações musicais – como a da banda Diabo Verde, no sábado - e uma mesa de debates sobre o cenário musical brasileiro com Guto Goffi, baterista do Barão Vermelho, Jonas Caffaro, do grupo Matanza, o bate-

O evento reuniu músicos, produtores, profissionais de áudio e iluminação e lojistas. Um encontro para se trocar informações com todos os ‘players’ do mercado. guitarras, baixos, assessórios, artigos de iluminação e áudio. Foram 13 expositores que trouxeram mais de 45 marcas, algumas delas muito tradicionais, como as guitarras Fender, por exemplo, à disposição para que o público, com grande quantidade de músicos profissionais, pudessem experimenta-las. Além da exposição, o evento tam-

rista Elcio Cáfaro, o jornalista de O Globo Bernardo Araújo, André Jung (baterista do Ira) e o produtor Fábio Barreto. A Revista Backstage foi uma das parceiras do evento e esteve presente com um estande onde era possível adiquirir revistas e livros de áudio e música lançados pela editora H.Sheldon.

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Anderson Pereira (Audio Systems)

Carlos Savalla

Guto Goffi e André Jung

Estande da Pride Music

Ilmar Costa, Leo Carneiro e Hélio Marques

Dhuly Contente & Petterson Souza

Grogue (Audio Systems / Allen & Heath)

Fernando Neto, Leo Mattos e Marcos Amorim

Thiago Aquino, Sidnei Vaz e Alexandre Gomes

Paulo Arruzzo, Daniel Nascimento e André Lima

Gabriel MIguez e Gabriel Salles

Marcos Brandão demonstra fones Audio-Technica

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br

Expomusic Regional no Rio de Janeiro


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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 32

A FESTA NACIONAL DA MÚSICA MOVIMENTA A MPB NO SUL DO PAÍS J Em outubro de 2018, a Festa da Música teve duas etapas: em Porto Alegre e em Bento Gonçalves

redacao@backstage.com.br Fotos: Graça Paes / Vitor Corso Nelson Cardoso / Divulgação

á desde os anos 1970 e 80, em sua versão anterior, como Festa do Disco, e há quase quinze anos, a partir de 2005, em sua nova versão, que a Festa da Música não só agita o mercado da música brasileiro como ainda promove eventos com reflexões e soluções para que ele possa melhorar sempre. Em sua nova fase, a Festa da Música começou a ser celebrada em Canela, mas nos últimos anos foi para Porto Alegre, onde houve aumento tanto no número de palcos como na presença de plateia: mais de 200 mil pessoas, segundo os cálculos da organização do Festival, parti-

ciparam dos eventos gratuitos promovidos em Porto Alegre.

MÚSICA EM PORTO ALEGRE E EM BENTO GONÇALVES A programação foi extensa na capital gaúcha, com cinco modalidades diferentes de programação. Havia desde um Palco do Rock Atlântida - onde tocou, por exemplo, o Comunidade Ninjitsu, entre diversas outras bandas - até a Música na Rua, com vários shows de música instrumental espalhados pela cidade. Entre um e outro, ganhou destaque o carnaval gaúcho na descida da Borges de Medeiros,


The Fevers e convidados

com escolas de samba promovendo a folia fora de hora. Se à noite o carnaval tomava conta do Parque da Redenção, pela manhã e tarde era a vez das bandas marciais no 3º Festival de Bandas Marciais promovido pela Festa da Música. O evento ajuda a manter as bandas escolares e comunitárias, promovendo apresentações e competições. Claro que, em um evento musical em Porto Alegre, não poderia faltar a tradicional música gaúcha. Entre as 15 e 19 horas era a vez das nove bandas e artistas tipicos se apresentarem. Estiveram tocando a Tchê Guri, Berenice Azambuja, Gaúcho da Fronteira, Tatiele Bueno, Lincon Ramos, Neto Fagundes, Shana Müller, Wilson Paim e Thomas Machado. Em Bento Gonçalves não foi diferente, com muita música para o grande público. Lá aconteceu o Show Nacio-

nal. Cerca de 15 mil pessoas enfrentaram a chuva e o frio para ver 19 atrações de diversos estilos. Entre os que se apresentaram estavam Gabriel Pensador, Detonautas, Rappin’Hood, Ivo Meirelles, Rodrigo Santos, Fernando Magalhães, Fundo de Quintal, Adryana Ribeiro e muitos outros. Claro que, com tanta gente junto, os encontros naturalmente

HOMENAGENS Foram quinze os homenageados na festa que aconteceu no Hotel Dall’Onder, em Bento Gonçalves. O evento foi aberto com um meddley de música tradicional gaúcha, tocado por um supergrupo formado por diversos artistas do segmento. Um dos troféus foi justamente para

Cerca de 15 mil pessoas enfrentaram a chuva e o frio para ver 19 atrações de diversos estilos. Entre os que se apresentaram estavam Gabriel Pensador, Detonautas, Rappin’Hood, Ivo Meirelles, Rodrigo Santos, Fernando Magalhães, Fundo de Quintal, Adryana Ribeiro aconteceram, como o de Ivo Meirelles, Rodrigo Santos e Fernando Magalhães, e ainda o do Fundo de Quintal com os rappers Gabriel o Pensador e Rappin’ Hood.

uma banda tradicional gaúcha: o Galpão Criolo. Outro homenageado, Neto Fagundes, recebeu o prêmio de Antônio Villeroy. Frank Aguiar recebeu de Tato, vocalista

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 34 Superintendente Dra. Glória Braga (de branco) com a equipe técnica do ECAD

do Falamansa, a homenagem da Festa. Já o cantor Mumuzinho recebeu a homenagem de Liomar, exPique Novo. A homenagem a Davi Sacer foi feita pelo supercompostor Michael Sullivan e o violonista Mestre Robson Miguel recebeu a sua do

principais produtores do sertanejo atual, Neto Schaefer, recebeu o prêmio de NorthonVanalli, da Sonotec Music &Sound. Houve, durante as premiações, alguns números musicais inusitados, como o que Lucas, da banda Fresno, acompanhou o vencedor

Houve, durante as premiações, alguns números musicais inusitados, como o que Lucas, da banda Fresno, acompanhou o vencedor da mais recente edição do The Voice Léo Palin tocando Evidências. cantor e ator Sergio Lorozza. Já Sérgio Reis recebeu o troféu das mãos da esposa, Angela Bavini que, com o marido e Peninha, interpretou Alma gêmea. Um dos

da mais recente edição do The Voice Léo Palin tocando Evidências. O cantor recebeu a homenagem das mãos de Rosemary e ainda acompanhou, depois, a banda Comunida-

de Ninjitsu em duas músicas. Léo Chaves, da dupla Victor & Léo, ganhou o troféu de Nando Cordel. O grupo Fundo de Quintal subiu ao palco e, antes de ser homenageado por Gabriel o Pensador, cantou sucessos como Boca Sem Dente, A Amizade, O Show Tem que Continuar, Miudinho meu Bem, Miudinho e Nosso Grito acompanhados por Sandra de Sá, Rosemary e Mumuzinho. A finalização do evento foi com Tico Santa Cruz dando o troféu ao Capital Inicial, recebido pelas mãos de Dinho Ouro Preto. Os dois, mais integrantes do Barão Vermelho, Japinha, Vitor Kley e Carlinhos Carneiro, além de outros integrantes do Detonautas, interpretaram Primeiros Erros, A Sua Maneirae Tempo Perdido. A festa das homenagens foi encerrada em


Gustavo Victorino, Jorge “Maravilha” e “Carlinhos” Morales

grande estilo, com discurso de Tico Santa Cruz pedindo união pela democracia.

ENCERRAMENTO Na terça-feira de encerramento, persistiu o clima de emoção das homenagens com os encontros promovidos pelos próprios artistas. Eles apresentaram novas canções, homenagearam parceiros e tocaram muita, muita música. Claro que não poderia faltar uma homenagem à Ângela Maria, falecida este ano. Ela foi puxada por José Milton de Araújo, que cantou 50 Anos. Luis Carlos Sá, da dupla Sá &Guarabyra, Flávio Venturini e a banda 14 Bis fizeram uma versão menor do show Encontro Marcado, sem Guarabyra, que não estava presente, cantando sucessos como Noites com Sol, Linda Juventude, e Sobradinho, que fazem parte do repertório do show deles.

A Jovem Guarda chegou na voz de Rosemary interpretando Jóia, de Roberto e Erasmo Carlos, além de Esse Cara é Você e Bons Amigos. Rodrigo Santos e Os Lenhadores tocaram músicas do repertório do BRock dos anos 1980. Já o rock dos

do de Gabriel Sater, filho do parceiro Almir Sater. Gabriel, por sua vez, cantou seus novos sucessos e homenageou Luiz Carlos Sá, da dupla Sá & Guarabyra, com quem tem parcerias. Bavini, filho de Sergio Reis, também se apre-

Claro que não poderia faltar uma homenagem à Ângela Maria, falecida este ano. Ela foi puxada por José Milton de Araújo, que cantou 50 Anos. anos 2000 esteve presente com a banda Fresno tocando alguns de seus sucessos. Ainda se apresentaram Nando Cordel, Sandra de Sá e sua esposa Simone Floresta com artistas do seu projeto Baculêjo das Artes, Adryana Ribeiro cantando clássicos do samba e Sérgio Reis e seu repertório de sucessos, como Tocando em Frente, este acompanha-

sentou cantando Sapato Velho, música famosa na versão da banda Roupa Nova. Muitos outros nomes participaram da noite, como Eliza Marin, vocalista do Barra de Saia, o cantor Léo Pain, Banda República, Raquel Luz, Delcio Tavares, Daniel Del Sarto e Tico Santa Cruz, encerrando esta parte da festa que aconteceu entre 21 e 24 de outubro.

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 36

Palestras e eventos da Festa Nacional da Música 2018

DIREITOS AUTORAIS

anos estudantes um pouco da história de suas carreiras e vidas.

NINHO DA CRIAÇÃO

Nando Cordel

Luiz Carlos Sá

No Ninho da Criação, em Bento Gonçalves, compositores como Michael Sullivan, Paulo Massadas, Carlos Colla, Peninha, Luiz Carlos Sá, da dupla Sá &Guarabyra e Nando Cordel contaram um pouco da história de suas músicas. Lá, os espectadores puderam saber a origem de diversos sucessos que foram divulgados na voz de artistas que não eram os compositores das canções.

pla por Tim e Gal Costa. Para Massadas, a primeira foi a que abriu o momento de maior êxito da dupla. Carlos Colla enumerou as 44 composições que tem na voz do rei Roberto Carlos. Luiz Carlos Sá relembrou a invasão que a dupla Sá & Guarabyra promoveu na trilha da novela Roque Santeiro. Nando Cordel relembrou algumas das 50 composições que tem na voz de Elba Ramalho. Peninha conquistou a plateia com seu hit sozinho e Antônio Villeroy mostrou que tem músicas gravadas com artistas de A a Z.

MÚSICA GOSPEL Reprodução Facebook Anayle Sullivan

Além das programações de shows, premiações e encontros, a Festa Nacional da Musica teve eventos e palestras do interesse de quem lida com música. O Escritório Central de Arrecadação e Distribuição dos direitos autorais, por exemplo – o ECAD promoveu uma palestra sobre as transformações da música na era digital. De acordo com a assessoria da Festa, foram comparadas as formas de distribuição de direitos autorais do Brasil, Canadá e México. Também houve discussão sobre a arrecadação em plataformas de música na internet como Spotfy e Youtube. Durante a palestra foi abordado o aumento de titulares de direitos autorais contemplados, com expectativa de chegar a 300 mil.

ESTUDANTES E A MÚSICA Paulo Massadas e Michael Sullivan

Sullivam e Massadas, por exemplo, falaram sobre dois sucessos na voz de Tim Maia: Me Dê Motivo e Um Dia de Domingo, sendo que essa foi cantada em du-

Gustavo Victorino

Gustavo Victorino e a cantora Gisa Nunes apresentaram uma série de eventos com estudantes. Participaram artistas como Sérgio Reis, Tico Santa Cruz e Rappin’ Hood, que contaram aos cerca de 800 de 11 a 16

Carlos Colla

Anayle Sullivan

O festival de música gospel Promessas ocupou Bento Gonçalves. Ele foi realizado na Rua Coberta e é um dos maiores eventos do gênero musical no país. Apresentado pelo cantor Fabinho Vargas, ex-integrante do Tchê Guri, teve um público de cerca de 60 mil pessoas. Se apresentaram no evento Ton Carfi, Anayle Sullivan, Bruna Karla, Douglas Nascimento, Preto no Branco, Daniela Araújo, Willy Gregory, André e Felipe, Maurício Paes, Franciele Mello e Davi e Verônica Sacer.


Homenageados na Festa Nacional da Música 2018

Ângela Bavini

Leo Pain

Paulo Junqueiro

Leo Chaves

Capital Inicial (Dinho Ouro Preto)

Galpão Crioulo

Neto Fagundes

Frank Aguiar

Mumuzinho

Davi Sacer

Mestre Robson Miguel

Neto Schaefer

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Pedro Vitor Júnrior

Cleimar Marcelo

Claudio Mendes

Dejair Boaventura

Richard Powell

Alexandre V. Costa

Douglas Formento

Moisés “Steak”

Marciano Souza

Gabriel Marques

Everton Motta

Del Sarto

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Som e Luz da Festa Nacional da Música 2018


Festa Nacional da Música 2018

Fernando Vieira

Sonotec / Musimax

Paul Massadas (centro)

Sergio Lorozza

Prefeito Guilherme Pasin

Equipe de comunicação do ECAD

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VITRINE ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br

CADERNO ILUMINAÇÃO

ARTISTE VAN GOGH

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https://www.elationlighting.com/artiste-van-gogh O Artiste Van Gogh é um aparelho wash potente de estrutura compacta. Ele pode fornecer até 16.000 lúmens totais a partir de seu motor LED de 380 W, o que permite que o equipamento seja utilizado em muitas aplicações. Devido ao seu alto índice de reprodução de cor e sua operação silenciosa é ideal, por exemplo, para eventos de televisão, teatro, corporativos ou qualquer aplicação em que uma cobertura uniforme seja necessária, tanto para objetos como pessoas. O equipamento tem um sistema de cores CMY de 16 bits com um filtro de CTO contínuo que oferece ao projetista uma ampla gama de cores, desde pastéis sutis até primários vibrantes. Sete posições de cores são fornecidas para efeitos adicionais e inclui um filtro UV dedicado. Um sistema integrado com quatro palhetas permite o controle preciso da luz e a modelagem do feixe. Toda a montagem é indexável, permitindo que o sistema de formação de feixes de Van Gogh seja utilizável em qualquer ângulo. Com seu amplo alcance de zoom e opções de PC ou a lente Fresnel opcional, o Van Gogh é flexível para qualquer distância e campo,com feixes de luz concentrados para lavagens intensas e suaves. O filtro de frost adicional pode ser adicionado a qualquer momento para uma camada extra de suavização de saída.

ANTARI B-100XT BUBBLE MACHINE

http://www.antari.com/ O Antari B-100XT possui uma "roda dupla de bolhas" projetada para produzir um alto volume contínuo de bolhas. O bico frontal direciona as bolhas para o ar, eliminando ao mesmo tempo o líquido borbulhante usado. O motor é robustoe envolto em um invólucro resistente. A operação é simples, usando o controle remoto com fio BCT-1 com timer incluído. A recarga fácil de fluido e o suporte de suspensão incluso fazem o Antari B-100XT ser simples de usar. O controle remoto sem fio BCR-1 opcional está disponível.


BEAM SPOT WASH 280

http://www.gobos.com.br/iluminacao/ moving-head/155-beam-spot-wash-280 O equipamento tem brilho e potência suficientes para alcançar nuvens no céu ou marcar efeitos mesmo em estúdios de televisão intensamente iluminados. Ele está equipado com dois discos de Gobos, um deles com alojamentos rotativos intercambiáveis para que seja possível projetar as melhores imagens, marcas, logos e fotografias com nitidez. O ângulo de abertura entre 2 e 20 graus permite o uso como Beam ou Spot. Aplicando o filtro frost é possível obter wash para usar com 13 cores. O sistema de zoom mantém a projeção sempre nítida e precisa graças ao auto-focus.

ELIPSOIDAL ALBA 18/36W 5600K http://www.gobos.com.br/ Produzido pela fabricante italiana LDR, o refletor elipsoidal ALBA18/36 é indicado nas aplicações onde o calor, custo e consumo de energia devem ser reduzidos. O ALBA possui lâmpada de 200W LED com durabilidade de 50.000 horas e rendimento de luminosidade superior às tradicionais lâmpadas halógenas. Além de ter zoom óptico, o equipamento possui controle DMX integrado, dispensando o uso de racks dimmer. O ALBA 18/36 está disponível em duas temperaturas de cor: branco quente (3.200K) e branco frio (5.600K). Uma ampla gama de acessórios complementam o produto. As medidas são 0,27 x 0,29 x 0,78 (LxAxP) e o peso é de 15 kg

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CADERNO ILUMINAÇÃO

Na conjuntura atual, determinadas turnês têm atraído fãs, admiradores e apreciadores pelo conjunto do ineditismo, singularidade e exuberância. Por esses aspectos, um show isolado dessa excursão já se torna marcante e memorável, ainda mais quando vinculado a um integrante de uma das mais conceituadas bandas de todos os tempos. Mas qual seria o papel da prismas serão abordados sobre a passagem de Roger Waters em Curitiba, com ênfase na produção visual e cenográfica, mas também a análise dos contrastes – e conflitos – que também se fizeram presentes na capital paranaense na respectiva apresentação da turnê “Us + Them”...

Apresentação de Roger Waters e Banda em Curitiba (Estádio Major Antônio Couto Pereira, 27/10/2018). Fonte: Cezar Galhart.

CONTRASTES... E CONFLITOS ROGER WATERS EM CURITIBA! Cezar Galhart é técnico em eletrônica, produtor de eventos, baixista e professor dos Cursos de Eventos, Design de Interiores e Design Gráfico do Unicuritiba e pesquisador em Iluminação Cênica.

E

m um intervalo de praticamente três anos, Curitiba foi incluída em significativas turnês de dois integrantes daquele que é um dos mais importantes e influentes representantes do Rock Psicodélico/Progressivo: a banda ingle-

sa Pink Floyd. Em dezembro de 2015, na Pedreira Paulo Leminski, a Rattle That Lock Tour, do genial guitarrista David Gilmour (abordada na edição 255 de fevereiro de 2016 da Revista Backstage); em outubro deste ano, Us + Them Tour,


Apresentação de Roger Waters e Banda em Curitiba (Estádio Major Antônio Couto Pereira, 27/10/2018). Fonte: Cezar Galhart.

do engenhoso fundador Roger Waters. Musicalmente, tornam-se inevitáveis as comparações das duas turnês. Visualmente, são espetáculos que privilegiam os participantes em contextos e sensações completamente diferentes. A turnê Us + Them Tour teve início em maio de 2017, na cidade de Kansas City (estado do Missouri, EUA) e já foi realizada em vinte países, totalizando 134 apresentações desde então. No Brasil, foram oito apresentações, sendo duas em São Paulo e outras nas seguintes cidades: Brasília, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Curitiba. Na capital paranaense, foi realizado no estádio Major Antônio Couto Pereira, para um público de 41.480 expectadores. Esta se tornou a quarta passagem de Roger

Waters no Brasil (as anteriores foram com as turnês In The Flesh, em 2002; The Dark Side of the Moon Live, em 2007; e The Wall Live, em 2012), sendo a mais longa turnê em território nacional, e primeira vez (e talvez única) em Curitiba.

cujas faixas complementam o repertório de 24 canções dessa turnê, formados basicamente por canções da banda Pink Floyd. Com Waters – que, na turnê, além de protagonizar os vocais da maioria das canções, toca baixo, guitarra e violão – toca

A turnê Us + Them Tour teve início em maio de 2017, na cidade de Kansas City (estado do Missouri, EUA) e já foi realizada em vinte países, totalizando 134 apresentações desde então. No Brasil, foram oito apresentações. George Roger Waters, 75 anos, músico, compositor e vocalista da banda inglesa Pink Floyd, na qual é fundador e mentor, possui uma carreira solo formada por cinco álbuns de estúdio, sendo o último lançado em 2017 (IsThisthe Life WeReallyWant?)

uma competente banda formada por Dave Kilminster (guitarras, violão e backing vocals), Gus Seyffert (guitarras, baixo, violão, teclados e backing vocals), Jonathan Wilson (vocais de ‘David Gilmour’, guitarras, violão, teclados e backing vo-

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Apresentação de Roger Waters e Banda em Curitiba (Estádio Major Antônio Couto Pereira, 27/10/2018). Fonte: Cezar Galhart.

cals), Bo Koster (piano e teclados), Jon Carin (piano, teclados, guitarra lapsteel, backing vocals), Ian Ritchie (saxofone), Joey Waronker (bateria, percussão), Jess Wolfe e Holly Laessig (backing vocals). Para a iluminação cênica da turnê, foi chamado o Lighting Designer Pryderi Baskerville, com know-how no teatro e TV, além de significativas contribuições em eventos tais como os Jogos Olímpicos de Inverno em Turin (2006) e Jogos Olímpicos de Verão em Londres (2012). Repetindo a exuberância da turnê anterior, essa Us + Them Tour foi concebida para ser tão grandiosa quanto The Wall Live: um palco com setenta metros de largura e dezoito metros de profundidade, mas cujo principal atrativo foi um Video Wall em alta definição com quarenta e cinco metros de largura (com um conceito muito similar àquele da The Joshua Tree Tour 2017, da banda irlandesa U2)(abordada na edição 279 de fevereiro de 2018 da Revista Backstage. No que se refere ao design de iluminação, o conceito central do projeto esteve subordinado à projeção de imagens e animações, conduzindo a iluminação a uma abordagem teatral.

Com isso, enfatiza-se a primeira perspectiva desta conversa, relacionada aos possíveis conflitos entre o projeto de iluminação e o projeto de vídeo e a redução da estrutura do primeiro, evitando excessos e oferecendo soluções mais pontuais e objetivas, contextualizadas com a narrativa do espetáculo. Assim, a simplicidade se demonstrou mais assertiva para os resultados obtidos. Dessa maneira, os conteúdos de vídeo e projeções – exuberantes e dinâmicos – tornam-se inevitavelmente dominantes, sendo necessária uma integração entre iluminação cênica e Video Wall, além da exploração das lacunas e contrastes. Com essa premissa, pontualmente no horário de 21h30min Roger Waters apareceu no palco, sob aplausos, para a arrebatadora sequência SpeakTo Me / Breathe que abrem a Obra-Prima The Dark Side Of The Moon (1973)(Pink Floyd). Na continuação, One of These Days (canção do álbum Meddle de 1971), com sobreposição de imagens. Ainda, continuaria com Time / Breathe (Reprise), finalizando mais uma série com uma versão de The GreatGig in the Sky. Para essas canções, animações originais eram projetadas (criadas pelo artista britânico Ian Emes) – para delí-


Apresentação de Roger Waters e Banda em Curitiba (Estádio Major Antônio Couto Pereira, 27/10/2018). Fonte: Cezar Galhart.

rio dos mais aficionados fãs. Entretanto, foi com a canção Welcome To The Machine (do álbum Wish You WereHere, de 1975) que ocorreu o primeiro conflito (com o público). Por orientação da Justiça Eleitoral, para que não houvesse alguma manifestação política após 22h, na véspera do segundo turno das eleições do Brasil, houve uma interrupção da animação original que acompanhava a canção para a publicação, no horário de 21h58min, de uma mensagem com clara manifestação política, acompanhada de sirenes e faróis luminosos (LEDs), recebendo, naquele momento, uma sonora vaia e alguns poucos aplausos. Instaurava-se naquele momento uma separação visual – e audível – de reações diversas que acompanhariam diversas canções. Dando seguimento ao show, três canções do último disco solo – Déjà Vu, The Last Refugee, Picture That–com imagens em preto-e-branco eram projetadas no Video Wall, mescladas com imagens da banda – capturadas por câmeras UHD 4k. Enquanto a iluminação, mais intensa e centrada na banda – por meio de estruturas pergoladas com refletores LED (em um conjunto de sete luminárias para cada trave do pergolado), pro-

piciando um contraste entre a iluminação do palco e outra – mais suave – propiciada pelo Video Wall. Também em contraste com as melodias – suaves e melancólicas -, o público propiciava outro, sonoro: incessantes manifestações – favoráveis ou contrárias -, definidas em elevados níveis sonoros. Os ânimos se acalmariam em Wish You Were Here (canção homônima ao álbum de 1975), cantada a plenos pulmões pelo público – marcada por um ato falho de Waters que errou a entrada – sendo corrigido em tempo pela banda. Na continuidade, efeitos impressionantes com ruídos de helicópteros (proporcionado por um sistema de refletores helipsoidais) para a apresentação de três canções do álbum The Wall (1979): The Happiest Days of Our Lives e Another Brick in the Wall (Part 2 &Part 3). Como ponto negativo, um intervalo de praticamente trinta minutos, com mensagens políticas projetadas em evidente manifestação contrária a alguns regimes totalitários e empresas/ instituições (diga-se de passagem, excluindo outros com relevância significativamente contextualizada com a cultura nacional brasileira). No retorno, dois dos momentos mais significativos do show: as canções Dogs e

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Apresentação de Roger Waters e Banda em Curitiba (Estádio Major Antônio Couto Pereira, 27/10/2018). Fonte: Cezar Galhart.

Pigs do álbum Animals(de 1977). Para esse momento, o palco já havia se transformado na réplica de uma das fachadas da Usina Termelétrica de Battersea (que aparece na capa do referido disco), inclusive, com a simulação de fumaça lançada pelas chaminés, que também receberam

(Money e Us and Them e depois Brain Damage e Eclipse) seriam intercaladas com mais uma faixa do último álbum de Roger Waters, Smellthe Roses. As projeções originais em animações também acompanharam essas canções, assim como instrumentos de iluminação cênica versáteis, com-

Um espetáculo visual e cenográfico impactante e memorável, marcado também pelos contrastes e conflitos que acompanham a carreira e as turnês de Roger Waters. projeção mapeada (Video Mapping), além da participação do ‘porco inflável’, que se torna em um atrativo à parte em cada show. Mais quatro canções do álbum The Dark Side Of The Moon (1973)

postos por luminárias que atuam como Wash/Blinder Lights, assim como estrobos, enfatizando os refrãos e passagens mais intensas. No bis, após uma mais extensa explicação sobre os temas e significa-

dos das canções do último álbum, a banda executou três faixas desse registro:Wait for Her, Oceans Apart e Partof Me Died. No encerramento, a emblemática Comfortably Numb, canção que encerra um dos lados do aclamado The Wall(1979) com a projeção de um prisma gigante com lasers e final intenso e apoteótico. Um espetáculo visual e cenográfico impactante e memorável, marcado também pelos contrastes e conflitos que acompanham a carreira e as turnês de Roger Waters, intensificados em um show singular, polêmico e repleto de diversão. Afinal, tudo não deveria se resumir em entretenimento? Abraços e até a próxima conversa!

Para saber mais redacao@backstage.com.br


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LUIZ CARLOS SÁ | www.backstage.com.br

MÚSICA,

MAESTRO!

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Foto: Felipe de Jesus

AS ORQUESTRAS

Foto: George's Studio

H

oje em dia é difícil acreditar que as rádios e depois as televisões – estas desde a década de 50 até uns dez ou quinze anos atrás - tinham orquestras inteiras com músicos pagos pela tabela da Ordem ou até mesmo com carteira assinada. Lembro-me de ensaios em programas de TV com grandes orquestras sob o comando de apressados produtores que temiam uma demora que concedesse aos músicos o ganho de horas extras. Acreditem, isso aconteceu no Brasil. Melhor ainda: lembro-me de ganhar cachê para tocar na TV, essa mesma que nos tempos atuais acredita fazer um favor aos artistas que aparecem na telinha, usufruindo nosso trabalho gratuito num escambo apoiado na palavrinha mágica: “divulgação”. O que explica, mas não justifica. A favor das TVs, observo que pelo menos pequenas bandas fixas ainda sobrevivem em programas de grande audiência, como, por exemplo, no Faustão, no Serginho Groisman, na Conversa com Bial, etc. Mas enfim, não é hora de chorar sobre o leite derramado pela cultura do jabá, que acabou por levar as filiais brasileiras da maioria das grandes gravadoras a uma situação pré-falimentar, fazendo com que seus respectivos casts - agora escolhidos pelos diretores de marketing e não mais pelos diretores

Orquestra de Câmara

Opus e Sá & Gu arabyra

artísticos – fossem reduzidos a uma meia dúzia de artistas que não preenchem nem cinquenta por cento do largo espectro de preferências dos consumidores de música, que gostariam de ter em suas discotecas a arte, as informações e os detalhes que – pelo menos por enquanto – só o disco físico (daí a ressurreição do vinil) pode proporcionar. A não ser que um brilhante teórico da História da Música me convença do contrário, continuo acreditando firmemente que essa queda geral da qualidade musical brasileira começou com o fim das grandes orquestras populares, que por sua vez diluíram-se em grande número pela impossibilidade de remunerar decentemente seus músicos. Isso tudo


LUIZCARLOSSA@UOL.COM.BR | LUIZCARLOSSA.BLOGSPOT.COM faz com que a oportunidade de tocar com uma orquestra de apoio seja o desejo de consumo de dez entre dez cantores que eu conheço. Mas minha estreia com orquestras não foi muito auspiciosa: no Maracanãzinho, do alto do palco do 1º Festival Internacional da Canção, eu tremia, com olhar fixo na batuta do maestro Lindolpho Gaya, esperando sua regência e o final da introdução para entrar cantando minha Inaiá. No primeiro dia fui bem, classificado para a finalíssima. Na final, bastou um segundo de desconcentração para que eu perdesse o compasso de entrada. E orquestras não param pra te esperar: elas vão em frente, olhos fixos na partitura. Entrei meio atravessado e corri atrás, mas o vacilo inicial bastou para me desclassificar. Tive inumeráveis experiências com orquestras em festivais e estúdios, todas inesquecíveis. Não dá pra falar de todas aqui neste espaço, mas posso me

sente, Futuro. Zé reescreveu nota a nota seus excelentes arranjos. Conseguimos convocar uma orquestra completa, idêntica à que tinha sido utilizada no estúdio da Odeon em 1972. Assim, apresentamos, pela primeira vez em público, várias músicas que nunca havíamos cantado antes no palco, como Zepelim, Ama Teu Vizinho, Jurity Butterfly e várias outras. O HD original dessa apresentação, gravada pela TV Cultura, foi inexplicavelmente perdido, mas restam alguns trechos do show no YouTube da nossa querida amiga Marlene Alves, que preserva cuidadosamente muito de nossa história musical. Há uns três anos atrás, partimos numa excursão com a ótima infraestrutura e a companhia de Zezé de Camargo & Luciano. Não era uma orquestra completa, só tínhamos cordas. Mais uma vez contamos com a força de nosso arranjador de plantão, Roberto Lazzarini e fizemos ótimas apresentações

Conseguimos convocar uma orquestra completa, idêntica à que tinha sido utilizada no estúdio da Odeon em 1972. Assim, apresentamos, pela primeira vez em público, várias músicas que nunca havíamos cantado antes no palco, como Zepelim, Ama Teu Vizinho, Jurity Butterfly e várias outras.

lembrar das mais recentes, como por exemplo nosso disco Sá & Guarabyra com a Orquestra Sinfônica de Americana, regida pelo maestro Carlos Lima e gravado ao vivo pela Indie em 1999. A Sinfônica de Americana era composta em sua maioria por músicos da afamada Sinfônica de Campinas e mantida pela prefeitura de Americana. A vendagem do disco surpreendeu a própria gravadora, o que demonstra a boa aceitação de um produto feito com cuidado. Os arranjos eram do maestro, de alguns dos integrantes da orquestra e dos nossos tecladistas, Roberto Lazzarini e Paulo Calasans. Essa integração entre nós, nossos músicos de apoio e a Sinfônica ficou extremamente interessante. Em 2008 – corrijam-me se errei o ano – fomos chamados para integrar a Virada Cultural de São Paulo, no Teatro Municipal da capital. Tínhamos de volta conosco nosso parceiro Zé Rodrix e resolvemos reviver o primeiro disco do trio, Passado, Pre-

em cidades onde nunca havíamos estado antes. Mas a emoção continua e em novembro passado tivemos a alegria sideral de dividir o palco com a Orquestra de Câmera Opus, de Belo Horizonte, no teatro SESC Palladium. O maestro Léo Cunha regeu e arranjou com extremo bom gosto várias músicas do nosso novo CD Cinamomo. Acrescentamos também algumas surpresas, entre as quais nossas Canção dos Piratas e Barulhos, que nunca antes neste país ou em nenhum outro, eheh, haviam sido apresentadas em público. A casa de mais de 1200 lugares lotada e os aplausos entusiásticos da plateia nos provaram mais uma vez o que já sabíamos desde sempre: o povo quer música boa. O povo quer música bem tocada. O povo adora uma orquestra, cheia daqueles instrumentos que infelizmente são cada dia menos vistos em plena ação. Vivam as madeiras, os metais, as cordas, a percussão... Viva a grande, invencível, sonora e imortal Orquestra!

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