Edição 292 - Março 2019 - Revista Backstage

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Sumário Ano. 26 - Março / 2019 - Nº 292

Foto: Divulgação

Namm Show e os próximos passos da indústria

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O light designer do Rock in Rio, dos Rolling Stones e da cerimônia de abertura das olimpíadas de 2012 conta para a Revista Backstage, com exclusividade, como se tornou um dos profissionais mais influentes da atualidade.

Daniel Figueiredo mostra, com exclusividade para a Revista Backstage, o que aconteceu na Namm Show de 2019.

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NESTA EDIÇÃO 08 Vitrine O distribuidor MGA US-4 é um distribuidor ativo que permite que até quatro receptores compartilhem um par de antenas, sem perda de sinal. Veja também, a caixa de monitor AED 112 MA, o violão Takamine EF 450 CTT e a bateria Gretsch GB E603.

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Rápidas e Rasteiras Entre os destaques, MusikMesse/Pro Light and Sound, entrevista de Eduardo Lott, da Power Click, e artigo de Joel Brito sobre avaliação da inteligibilidade da fala.

16 Gustavo Victorino Gustavo Victorino traz as notícias mais quentes do mercado.

18 Microfones Audio-Technica ES954 O novo arranjo de microfones para fixação no teto é uma solução direcionada, principalmente, para situações de videoconferência.

48 Vida de artista Luiz Carlos Sá propõe uma reflexão sobre a relação entre a música e a tecnologia. Como manter-se a par das novas técnicas e possibilidades artísticas trazidas por elas?


Edição 292 - Março 2019 Foto: Divulgação

Grooves in the Eden A nova aventura musical de Jorge Pescara: veja como foi a gravação, a mixagem e a masterização.

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CADERNO ILUMINAÇÃO

Expediente Diretor Nelson Cardoso nelson@backstage.com.br Gerente administrativa Stella Walliter stella@backstage.com.br Financeiro adm@backstage.com.br Coordenador de conteúdo Miguel Sá redacao@backstage.com.br Revisão Miguel Sá Colunistas: Cezar Galhart, Gustavo Victorino e Luiz Carlos Sá Ed. Arte / Diagramação / Redes Sociais Leonardo C. Costa arte@backstage.com.br Capa Arte: Leonardo C. Costa Foto: Ricardo Ferreira Publicidade / Anúncios PABX: (21) 3627-7945 arte@backstage.com.br Webdesigner / Multimídia Leonardo C. Costa multimidia@backstage.com.br Assinaturas Maristella Alves PABX: (21) 3627-7945 assinaturas@backstage.com.br Coordenador de Circulação Ernani Matos ernani@backstage.com.br Assistente de Circulação Adilson Santiago Crítica broncalivre@backstage.com.br

40 Vitrine iluminação A ideia do Fox Spot 50 Plus é oferecer alto desempenho sendo leve, bonito e forte. Veja também, o moving head Genius 15W.

Backstage é uma publicação da editora H.Sheldon Serviços de Marketing Ltda. Rua Iriquitiá, 392 Taquara - Jacarepaguá Rio de Janeiro -RJ - CEP: 22730-150 Tel./fax: (21) 3627-7945 / 2440-4549 CNPJ. 29.418.852/0001-85 Os artigos e matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. É permitida a reprodução desde que seja citada a fonte e que nos seja enviada cópia do material. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios veiculados.

42 Iluminação cênica Cezar Galhart escreve sobre os desafios e as conexões da sustentabilidade na iluminação cênica. Estaria a iluminação caminhando no sentido da sustentabilidade?


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CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br

CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br

Da Califórnia a Frankfurt, via Rio de Janeiro O

s anos passam, os equipamentos mudam, mas sempre é fascinante ver as novidades ao vivo: guitarras, amplificadores, baixos, interfaces, shows... Daniel Figueiredo nos conta tudo o que descobriu em sua estreia na Namm Show. Aliás, em abril tem Pro Light and Sound em Frankfurt, na Alemanha. Os detalhes estão na seção Rápidas e Rasteiras, logo no início da Revista. Fascinante também é conhecer um pouco da carreira vitoriosa de Patrick Woodroffe. Convidado pela LPL para uma palestra comemorativa pelos 40 anos da empresa, o light designer não economizou ao contar, com exclusividade, a sua experiência com grandes artistas, como os Rolling Stones, ou megaeventos, como o Rock in Rio e as Olimpíadas de Londres de 2012. Além da experiência como light designer, Woodroffe também falou sobre sua amizade com Cesio Lima que, em uma entrevista complementar, reforça a fala do inglês sobre a evolução da iluminação no Brasil. Ainda falando sobre iluminação, Cezar Galhart expõe o desafio de aplicar o conceito de sustentabilidade à iluminação cênica. Será que estamos trilhando este caminho? No mais, Gustavo Victorino continua nos presenteando com seus comentários ferinos, mas sempre informativos, enquanto Luiz Carlos Sá nos propõe uma reflexão sobre o uso da tecnologia na criação musical. Caros amigos, essa é a Revista Backstage do mês de março. Boa leitura Miguel Sá

facebook.com/backstage.revista


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VITRINE ÁUDIO| www.backstage.com.br

DISTRIBUIDOR DE SINAL US-4 www.mgaproaudio.com.br

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O distribuidor MGA US-4 é um distribuidor ativo padrão rack que permite que até quatro receptores compartilhem um par de antenas, sem perda de sinal. Ele Permite a conexão de qualquer microfone com função de diversidade que opere na faixa do UHF de 470 ~ 952 MHz. Painel frontal é em aço carbono 1020 com chapa 11. Ele é preto zincado e com pintura em microtextura preta. As dimensões são de 482 mm X 44,5 mm x 182 mm e o peso é de 2,300kg. O equipamento tem garantia de um ano.

CAIXA DE MONITOR AED 112 MA https://www.audioetdesign.com.br/ A empresa Audio Et Design trabalha em suas caixas acústicas com o objetvo de obter alta fidelidade e um design bonito e funcional para áudio profissional. Um dos equipamentos colocados no mercado pela empresa é o monitor ativo AED 112 MA. Compacto, bi-angular (30º e 40º) e com design inovador e versátil, seu amplificador é leve e potente, com DSP interno para melhor sonoridade, inclusive nas baixas frequências.Ele tem potência de 1600W RMS com alto falante de 12 polegadas e um driver de neodímio com membrana de 3 polegadas e uma garganta de 2 polegadas. O equipamento é indicado para profissionais que necessitam de grande pressão sonora.


TAKAMINE EF 450-CTT http://www.sonotec.com.br/ Durante a contrução, o violão Takamine EF 450-CTT passa por um processo de superaquecimento das madeiras de tampo (Spruce) em um ambiente de baixo nível oxigênio que permite conseguir uma sonoridade forte e equilibrada. Desta forma, mesmo sendo um instrumento novo, soa com a riqueza de harmônicos de um instrumento antigo. O tampo do instrumento é em solid termal spruce. O corpo em solid flame maple, o braço em maple e a escala em ébano. As tarraxas são de prata e o pre-amplificador é o TLD-2.

BATERIA GRETSCH GB E603 http://www.sonotec.com.br/ Esta bateria da Gretsch é feita à mão em Ridgeland, na Caronina do Sul, nos Estados Unidos, por uma equipe de construtores veteranos. A configuração do instrumento é com bumbo 20x18 polegadas, tons de 10x7 e 12x8 polgadas, surdos com 14x12 e 16x14 e caixa com 14x5,5 polegadas. As ferragens são Gibraltar da linha 9600 com uma máquina de chimbal, uma estante de caixa, uma estante de prato reta e duas estantes de prato girafa.

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Entre 14 e 17 de fevereiro músicos, produtores, designers e cientistas de dados se encontraram em Fortaleza para debater música e cultura digital. O evento teve o que os organizadores chamam de as três dimensões da Feira: a zona de propulsão, campos de força e interfaces de conversação. A chamada Zona de Propulsão são os encontros para dar o primeiro impulso para ideias e negócios entre startups, músicos e parceiros da indústria das tecnologias digitais de informação e comunicação. Mas nem só de negócios pode viver um evento de música. Aí entram os Campos de Força, onde acontecem a DisruptvFest, com a Game Party e a Cripto Festa. Os shows do evento acontecem nos dois Anfiteatros do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura e no Porto Dragão. A Interface de Conversação tem diálogos, oficinas, bate-papos e encontros. A programação da Feira da Música é gratuita. A Feira é realizada desde 2002 pela Associação dos Produtores de Cultura do Ceará (PRODISC). Ela é feita com o objetivo de ampliar conexões e desenvolver ações estratégicas para o setor. O evento acontece com o apoio do Governo do Estado do Ceará, do Instituto Dragão do Mar, do Instituto Brasileiro de Políticas Digitais-Mutirão e da Mídia Ninja, com realização da Associação Cearense de Produtores Culturais (Prodisc). Para saber mais, acesse https://feiradamusica.com.br/

21 ANOS COM MISSÃO CUMPRIDA Após 21 anos comandando a administração do Ecad, a superintendente executiva da entidade, Glória Braga, anunciou a sua saída no fim de 2019. A transição acontece no decorrer deste ano, com a colaboração entre as associações de compositores que compõe o Ecad e a superintendente. Neste período será definido o novo gestor da entidade. Tanto a superintendente quanto os dirigentes das associações expressaram a satisfação pela forma como os desafios dos últimos 21 anos foram enfrentados e os resultados que foram conseguidos.

Festival de Música de Santa Catarina agita

Jaraguá do Sul Foto: Divulgação

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FEIRA DA MÚSICA NO CEARÁ PROMOVE O ENCONTRO ENTRE CULTURA DIGITAL E MÚSICA

Depois de dez dias – entre 24 e 2 de fevereiro - o Femusc (Festival de Música de Santa Catarina), que acontece em Jaraguá do Sul, chegou ao fim. Com a despedida dos instrumentistas, a cidade já aguarda pela 15ª edição do evento, que será maior, com duas semanas de duração, como era nos anos anteriores. Em 2019, por conta da crise política e econômica, aconteceram cortes no orçamento do evento. Na 14ª edição, Jaraguá do Sul, no Norte Catarinense, recebeu cerca de 300 músicos, entre alunos de mais de 20 países e alguns dos mais renomados professores do mundo. Nos concertos diários, sempre acompanhados por plateias lotadas, o público pode assistir a apresenta-

ções que desafiaram os instrumentistas e, mais uma vez, colocaram a cidade no radar dos grandes espetáculos de música erudita. Em 2020, voltando a ter 14 dias de duração, o Femusc está previsto para começar em 19 de janeiro, seguindo até 1 de fevereiro. As inscrições para alunos de todo o mundo serão abertas no segundo semestre de 2019. Considerado o maior festival-escola da América Latina, o evento reúne alunos de todo o mundo que, em aulas e concertos, podem dividir o palco com alguns dos professores mais virtuoses da atualidade. Saiba mais acessand o w w w. f e m u s c . c o m . b r, www.facebook.com/femusc ou instagram/femusc.


Foto: Divulgação

ROCK IN RIO

Faltando menos de quatro meses para a venda oficial dos ingressos no dia 11 de abril, o Rock in Rio anuncia mais nomes para três áreas do festival. Bon Jovi, um dos maiores nomes da história do rock, está confirmado como headliner do Palco Mundo e encerra a noite do dia 29. Esta será a 5ª vez que a banda americana vem ao Rock in Rio, considerando sua presença nas edições de Madrid e

Lisboa do festival. A última etapa da turnê This House Is Not For Sale, que está na estrada há três anos, trará o Bon Jovi de volta ao Palco Mundo. Jon Bon Jovi (vocal / guitarra), Tico Torres (bateria / percussão), David Bryan (teclados / vocal), Hugh McDonald (baixo / vocal), Phil X (guitarra / vocal), John Shanks (guitarra / vocal) e Everett Bradley (percussão / vocal) estão prontos para se apresen-

tarem no Rio de Janeiro. No Palco Sunset, a novidade fica pelo anúncio do convidado de Seal: a baiana Xenia França, que vai participar de algumas canções no show especial que o artista americano está preparando para o evento. Este encontro promete repetir o sucesso de 2017, quando o americano Cee Lo Green e a artista brasileira Iza fizeram a festa da black music no Sunset. Os artistas Dughettu, Lucas Hawkin e P-tróleo são as novas atrações confirmadas no Espaço Favela, área do festival que vai amplificar os talentos descobertos nas comunidades do Rio de Janeiro. Estes nomes são do selo musical Duto, criado pelo próprio Dughettu – músico, empreendedor e morador de Madureira –, dedicado para o desenvolvimento de novos nomes da música urbana. Com estilos musicais distintos que permeiam entre o hip-hop, samba e pop, eles levarão toda a diversidade da cultura urbana para a Cidade do Rock.

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Musikmesse e Prolight +Sound acontecem ao mesmo tempo em abril Foto: Mathias_Kutt / Divulgação

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Contagem regressiva:

Duas feiras no mesmo tempo e lugar: a Musikmesse e a Prolight + Sound deste ano serão realizadas ao mesmo tempo em todos os dias, de 2 a 5 de abril. Entre terça e sexta-feira - a Musikmesse reforçará seu perfil como plataforma para a troca profissional de idéias e informações entre profissionais da indústria musical. Durante estes quatro dias, os visitantes vão poder explorar todo o espectro de produtos para o setor de música e entretenimento ao vivo. De acordo com Michael Biwer, diretor de exibição do grupo da unidade de negócios Entretenimento, mídia e indústrias criativas, o conceito da feira para 2019 enfatiza os pontos fortes dos dois eventos: profissionalismo, internacionalidade e os efeitos sinérgicos entre as indústrias representadas. O sábado, ainda que permaneça como parte da feira, teve o seu conceito mudado. Agora acontece no formato B2C, comercializado separadamente, com eventos musicais e vendas diretas de expositores no dia 6 de abril.

CIRCULAÇÃO O layout da Musikmesse e Prolight + Sound foi projetado para alcançar a melhor concentração possível de grupos de produtos e temas.

Todo o espectro de produtos de áudio será concentrado em uma única sala de exposições. Em uma área de quase 30.000 metros quadrados, no Hall 8.0, os visitantes encontrarão sistemas de P.A, instalações permanentes e soluções para estúdio e gravação. Inaugurado em setembro de 2018, o Hall 12 é o cenário ideal para a apresentação de iluminação, equipamentos de palco, tecnologia de entretenimento e segurança de eventos e sistemas de segurança. O Hall 4 reúne associações do setor de música e eventos e abriga uma área de negócios e de networking para ambas as feiras. Lá, os expositores da Prolight + Sound também têm a oportunidade de fazer apresentações no coração do Centro de Exposições. Os salões 3.0 e 3.1 destacam o mundo dos instrumentos de teclado, percussão, instrumentos de corda e sopro, bem como partituras e equipamentos. Completando o layout do hall, no fim do corredor fica o Forum .0, direcionados para empresas e também é o centro de congressos no âmbito do programa de instrução musical.

PARA AS EMPRESAS Na Musikmesse e a Prolight + Sound, as empresas podem não só reservar espaço para exposições nos corredores e na área externa, mas também fazer parte do programa complementar de eventos. No novo “Círculo Estágios”, os expositores apresentam destaques do evento no coração dos salões. As etapas são o cenário ideal para demonstrações de produtos, workshops, palestras, recepções ou

apresentações de endossantes. À noite, a Messe Frankfurt une forças com expositores para realizar demonstrações. A Live Sound Arena foi transferida para a área externa F10 nas imediações do Audio Hall 8.0. Lá, os expositores da Prolight + Sound vão poder demonstrar sistemas de PA em condições realistas, além de poderem usar uma sala de demonstração para sistemas de áudio internos. Além disso, as empresas terão áreas especiais nas quais as empresas podem apresentar seus produtos a grupos de interesse específicos. Na Prolight + Sound também terão apresentações separadas com foco em segurança de eventos.

O FUTURO Após a estreia bem-sucedida em 2018, os seminários sobre o futuro da música e da tecnologia do áudio serão ampliados e abordarão, entre outros assuntos, o impacto da inteligência artificial, da integração de aplicativos e wearables para músicos. O programa está sendo organizado pelo Advanced Audio + Applications Exchange (A3E). O Fórum de Tecnologia Imersiva também está sendo continuado. As empresas do setor de eventos e tecnologia de mídia fornecerão insights sobre as melhores práticas relacionadas a áudio 3D e espacial, realidade virtual e aumentada, projeção em 360º e holografia. Novos em 2019 são os seminários CAVIS - Congresso para Sistemas Audiovisuais Integrados. Eles se concentrarão no mercado de instalações permanentes e darão aos expositores da Prolight + Sound a oportunidade de apresentar produtos e projetos relevantes.

Para saber mais, acesse https://pls.messefrankfurt.com/ frankfurt/en.html


POWER CLICK SEGUE TRAZENDO NOVOS PRODUTOS E MOSTRANDO A FORÇA DA INDÚSTRIA BRASILEIRA

Músico e interessado por eletrônica aplicada em áudio, desde 1998 que Eduardo Lott (de camisa azul, com a equipe de montagem dos produtos na foto)já ajudava os amigos a ter uma monitoração melhor. Tudo começou ao ajudar o então baterista da dupla Pepê e Nenem, Eduardo “Mexicano”. A dupla fazia shows com orquestração programada em teclados. A monitoração era em estéreo, com orquestra em um lado e metrônomo do outro, o que era uma novidade na época. “Somente o batera ouvia o metrônomo (o click) com uma pequena mesa de som. O volume dos headphones de mesas de som é suficiente para um estúdio, mas, em shows, com cinco mil pessoas gritando, era insuficiente e o Mexicano não ouvia o click. Então construí para ele um amplificador de som especial para headphone com muita potência e áudio de alta qualidade. Deu muito certo. Um outro batera, também um amigo, o Claudio Infante, se interessou e fiz um monitor com 2 canais: um para o click e outro para o retorno, com volumes separados. Foi o primeiro Power Click (Este nome? Um power para o click), batizado de STANDARD. Logo outros músicos se interessaram, porque

estava iniciando a era de audição por headphones em shows, ensaios e estudos. Percebendo a oportunidade, nasceu a Power Click Eletrônica” conta Eduardo, que continua a contar essa história para os leitores da Revista Backstage. RB - Como é ter uma fábrica de equipamento de áudio no Brasil? Consegue manter a linha de produção aqui? Ou são só os projetos? EL - É sabido que o Brasil é hostil para empresas. Leis trabalhistas (injustas para os empregados e patrões), leis tributárias incoerentes (por exemplo: paga-se imposto sobre circulação de mercadorias por suposição, antes do fato gerador, qual seja: antes da mercadoria circular), logística, etc. etc. A Power Click terceiriza boa parte dos componentes de produção, com importações e fornecedores brasileiros, mantendo somente a montagem final na sede da empresa. Todos os projetos são feitos pela Power Click. RB - Em que momento sentiu que era a hora de diversificar os produtos? EL - Imediatamente. Hoje temos produtos diferentes para inúmeras aplicações: músicos (em shows, ensaios, estudos), televisão (programas ao vivo, transmissões de formula 1, futebol), Igrejas, tea-

tros. Este ano temos três lançamentos projetados e fabricados no Brasil pela Power Click: o Modelo RK8, de padrão rack, estéreo, para 8 headphones, com diferencial de preço extremamente popular; o Modelo MX 4x1 XL. Individual, profissional, estéreo, 4 inputs XLR balanceados, equalização completa por input e audição panorâmica (PAN) e o Modelo GT TURBO: Individual, com 3 níveis de input: normal, booster e microfone. Além de monitores de áudio, a Power Click fabrica intercomunicadores profissionais, utilizados em Igrejas e empresas diversas. RB - Como é o processo de construção dos projetos? Como verificam as necessidades dos clientes e definem os produtos que serão produzidos? EL - A Power Click é muito exigente com a qualidade dos produtos. Todos passam por vários estágios: identificação de mercado, projeto teórico, protótipo, testes em laboratório e teste prático antes do lançamento, com meses em uso com profissionais de música e técnicos em áudio. A Power Click verifica as necessidades do mercado ouvindo músicos e técnicos de áudio e através de experiência própria. Assim são definidas as características que devem ter os produtos. RB - Vocês trabalham com os endorses na construção dos projetos? qual a participação deles? EL - Total. É muito importante e necessária a participação de endorsees na criação e desenvolvimento de produtos. As principais sugestões vêm dos endorsees. RB - Existe um produto principal hoje? Algum ou alguns sobre o qual gostaria de falar em especial? EL - O produto principal é o modelo DB 05, lançado na ExpoMusic em 2004 e atual até hoje. Este modelo, DB 05, é considerado um “tanque de guerra”, extremamente resistente e com som de alta qualidade. Para saber mais acesse www.powerclick.com.br

HENRIQUE E DIEGO LANÇAM TRABALHO AO VIVO COM SETE INÉDITAS

Dando sequência ao projeto ao vivo, a

dupla lançou, em fevereiro, o álbum Henrique & Diego Ao Vivo In Rio, com 15 músicas, incluindo sete inéditas. O clipe da faixa Condição também está disponível no YouTube. Os demais vídeos serão divulgados durante todo o mês. Gravado em setembro de 2018 na capital carioca, o DVD “Ao Vivo in Rio” tem

produção musical de Fernando Zor, da dupla com Sorocaba, e direção de Fernando Trevisan “Catatau”. O projeto conta com diferentes fases de lançamento, incluindo 4 bundles já liberados, o lançamento do álbum, culminando no lançamento do DVD.

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lançam Terremoto Foto: Divulgação

Kevinho como Sean Paul. A cantora fez questão de reproduzir quadro a quadro do original, deixando o clipe o mais fiel possível. Apesar da aparente simplicidade para a gravação em um estúdio com fundo laranja, a equipe de produção e direção precisou fazer muitas pesquisas para chegar a um resultado final fidedigno. Ouça Terremoto em https://lnk.to/ terremoto e assista ao clipes em https://www.youtube.com/ watch?v=O65FBF9RamQ

Na terça, 12 de fevereiro, às 21h30, na Casa Natura Musical, um grupo de artistas prestou homenagem a Dominguinhos, no dia em que ele faria 78 anos de idade. O cantor e sanfoneiro Mestrinho recebeu Chico César, Mariana Aydar, Tato (vocalista do Falamansa) e a cantora, filha de Dominguinhos, Liv Moraes. Todos foram acompanhados por Alex Buck (bateria), Cainã Cavalcante (guitarra), Michael Pipoquinha(baixo), Léo Rodrigues (percussão), Vinicinho Magalhães (zabumba) e Elton Moraes (triângulo). Foram tocados alguns dos maiores sucessos na voz e na sanfona de Dominguinhos, como Sete Meninas, Te faço um Cafuné, Gostoso Demais e Pedras Que Cantam. Liv Moraes cantou algumas das músicas mais marcantes na voz do pai, como De Volta pro Aconchego e Eu Só Quero um Xodó.

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Anitta e Kevinho

HOMENAGEM A DOMINGUINHOS NA CASA NATURA MUSICAL

Anitta e Kevinho lançam a primeira música juntos: Terremoto. A parceria resultou em um funk inédito. O clipe teve a direção de João Papa e produção da Barry Company. O vídeo é um remake do I’m Still in Love With You, de Sean Paul ft. Sasha, de 2002. O vídeo foi feito com a permissão de Sean Paul. Terremoto foi o primeiro remake feito por João Papa e sua equipe. No vídeo, Anitta e Kevinho interagem, dançando e revivendo o clipe de 2002 com Anitta como Sasha e

ROUGE VOLTA COM NOVO ALBUM Line Wirley, Fantine Thó, Karin Hils, Li Martins e Lu Andrade, o Rouge, lançam o álbum Les 5inq, que chegou às plataformas digitais dia 01 de fevereiro. O disco traz cinco músicas inéditas, além das cinco canções presentes no EP 5. O álbum segue o pop que marcou o grupo, mas traz influências novas, como reggaeton,

funk e até rap. Além do lançamento de “Les 5inq”, Aline, Fantine, Karin, Li e Lu, liberaram nas redes, no dia 04, o Rouge Sessions - um acústico gravado na casa de Aline com músicas e o vídeo completo, incluindo depoimentos. Escute o trabaho em https://smb.lnk.to/Les5inq

Desde


ABNT publica Norma 60286-16: Avaliação objetiva da inteligibilidade da fala pelo índice de transmissão da fala Artigo: Joel Brito Joel Vieira de Brito é Engenheiro, Consultor Eletroacústico com 30 anos de experiência no mercado de áudio profissional. Membro e Diretor no Brasil da Audio Engineering Society, Secretário da C. E. 003 100 001 Áudio, vídeo sistemas de multimídia e equipamentos da ABNT e Coordenador do Grupo de Trabalho sobre a Norma de Avaliação Objetiva da Inteligibilidade

Em agosto de 2018, a Associação Brasileira de Normas Técnicas publicou a norma NBR IEC 60268-16. Com ela o tema da inteligibilidade de sistemas de comunicação ganhou relevância especial para todos aqueles que lidam com sistemas de sonorização com o propósito de comunicação, sejam eles projetistas, operadores ou gestores. Isso porque NBR IEC 60268-16 é uma adoção da norma internacional publicada pela IEC e tem o propósito de especificar os métodos objetivos para a classificação da qualidade da transmissão da fala em relação à inteligibilidade nos sistemas de sonorização. A fala é o nosso principal método de comunicação. Portanto, é importante que a fala transmitida seja recebida de forma inteligível pelos ouvintes. Este aspecto é mais importante do que a qualidade sonora por si, já que não há sentido projetar um sistema se ele não for compreendido ou incapaz de “levar a mensagem”. Um erro comum quando se fala sobre inteligibilidade é confundir audibilidade com clareza. Só porque ouvimos um som não quer dizer que ele é inteligível. A audibilidade é ligada à capacidade do ouvinte de ouvir o som fisicamente, enquanto que a clareza descreve a habilidade de detectar a estrutura do som. No caso da fala, isso significa ouvir as consonantes e vogais corretamente para identificar as estruturas das palavras e frases e assim dar significado inteligível aos sons da fala. Apesar da qualidade sonora e inteligibilidade da fala serem intrinsecamente ligadas, não são a mesma coisa. É possível ter um sistema de sonorização que seja altamente inteligível mas com pouca qualidade (uma ligação telefônica, por exemplo, cuja banda passante é de 300 a 3kHz) e um sistema de alta qualidade que seja virtualmente incompreensível (um siste-

ma de sonorização ‘estado da arte’ em uma igreja ou sala de concertos sem tratamento acústico e com uma reverberação alta). Método e medição O estudo da metodologia de medição da inteligibilidade tem mais de cinquenta anos. Inicialmente a inteligibilidade era medida através da reprodução de um conjunto de palavras préestabelecidas para um grupo de ouvintes na sala ou espaço de interesse que, ao ouvir as palavras, as escreviam em um papel. O percentual de número de acertos das palavras indicava a qualidade da inteligibilidade. Sendo um método trabalhoso, demorado e custoso, pesquisadores desenvolveram um sinal analítico, que contém características espectrais e temporais da fala e que podem ser medidos com instrumentos adequados, substituindo assim os ouvintes, reduzindo consideravelmente o tempo e complexidade necessários para a realização da medição. Uma vez obtido o método de medição, foi criado um índice de transmissão de fala (STI) que varia de 0 a 1 e criadas bandas de qualificação flexíveis para aplicações diferentes com uma tolerância embutida de medição e/ou predição. Outro recurso possível com a introdução de métodos analíticos de medição da inteligibilidade é que os projetos também podem fazer uso desta técnica, implementada nos programas de CAD especializados em simulações eletroacústicas. Antes mesmo da construção do local e/ou da instalação de um sistema de amplificação de voz, tornase possível estimar a inteligibilidade do mesmo no local e orientar alterações e ajustes necessários. Bastante detalhada na explicação dos diversos aspectos de que consiste o teste, a norma fornece um manual completo para efetuar as medições, com diversos anexos

informativos de grande utilidade para aqueles encarregadas de aplica-la. Inteligibilidade e Sistemas de Alarme Mensagens transmitidas através de um Sistema de Comunicação de Emergência fornecem informações que ajudam o público a decidir quais ações a tomar para diferentes cenários, tais como incêndios, intempéries ou, mesmo, ataques terroristas. É imperativo, assim, que as pessoas recebam um conteúdo que consigam compreender. Tal compreensão pode ser a diferença entre as pessoas conseguirem chegar a um local seguro e permanecer em um local de perigo iminente. Um alarme ou uma sirene logram atrair a atenção do público e informam que há uma situação de perigo iminente. Mas é só. Ele não diz nem onde nem qual é este perigo. Muito menos orienta o público sobre o que deve fazer (e existem até situações em que a orientação é não fazer nada, ficar onde estão). Para isso é necessário um sistema de comunicação de voz que seja audível e inteligível. A Norma de Inteligibilidade é assim uma poderosa ferramenta na aferição da eficácia dos Sistemas de Comunicação e sua adoção como parte das melhores práticas dos projetos e instalações deve ser vista como uma prioridade por gestores e empresas prestadoras de obras e serviços. Uma norma que ajudará a salvar vidas uma vez que seja incorporada aos códigos de emergência e evacuação. A norma NBR IEC 60268-16 pode ser adquirida no site da ABNT(https:// www.abntcatalogo.com.br/). Em sua Convenção Nacional que será realizada em São Paulo de 2-4/7 a Sociedade de Engenharia de Áudio (AES Brasil) terá palestras sobre inteligibilidade de sistemas de sonorização para quem quiser inteirar-se no assunto.

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GUSTAVO VICTORINO | www.backstage.com.br

leta seja “I´ll Never Love Again” que me fez até chorar vergonhosamente no final do filme.

OSCAR Nunca a música e as histórias ligadas a ela foram tão importantes na maior premiação cinematográfica do planeta. A safra de bons filmes foi conduzida por trilhas e canções de um nível que a muito não era alcançado no evento. Do Queen a Lady Gaga, as histórias e roteiros se vincularam à música como a muito não se via no Oscar. Sem os rappers chatos de sempre, até a música caipira americana brilhou na festa de 2019.

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VINTAGE

Com os primeiros sinais de retomada da economia, o lento e constante processo deve ser encarado também com um recomeço para muita gente. As mudanças no perfil do consumidor e do próprio hábito de comprar, vão aos poucos exigindo uma mudança de atitude também de quem vende. Entender isso é o primeiro caminho para a estabilização e o sucesso de qualquer negócio.

PERDA Glória Braga, presidente do ECAD, vai se retirar da gestão do órgão. Depois de décadas de serviços prestados e por vezes conduzindo a instituição por mares revoltos, a dublê de executiva e advogada deve passar o bastão no ECAD. Com competência e mão forte, Glória conquistou a admiração da classe artística e o respeito dos opositores. Deixa um legado de gestão impecável marcada pela sensibilidade de ouvir quando preciso e agir quando necessário. Fará falta...

RENDIÇÃO Vocês venceram, aceito a rendição... Lady Gaga é mesmo uma diva. A participação musical dela no filme “Nasce Uma Estrela” é de babar. Mesmo com limitações como atriz, ela dá um banho no conjunto da obra. A música “Shallow” ganhou o Oscar e todos os prêmios possíveis e imagináveis com absoluta justiça, embora a minha predi-

No ano passado publiquei que os processadores de sinal no padrão rack desapareceriam do segmento de usuário semiprofissional e amador, sobrando apenas os equipamentos de ponta para uso profissional em grandes shows e estúdios. O desdobramento disso foi uma onda vintage até então inexistente para esse tipo de produto. Velhos processadores com engenharia analógica ou digital mista ganharam um valor de mercado surpreendente. Dos velhos SPX da Yamaha aos icônicos semi racks da Boss, leia-se SE50 e SE70, incluindo a série RV da Roland e muitas outras, tudo ganhou uma procura só explicada pela busca de um som que se perdeu no tempo e no avanço das novas tecnologias.

ENDOIDOU É impressão minha ou o Roger Waters enlouqueceu de vez? O cara anda saindo com cada uma...

RUIM Apesar do espaço e das oportunidades para novos talentos, os programas de calouros começam a perder folego. Os números da audiência são contundentes nisso e apesar das tentativas, os produtores encontram muita dificuldade


GUSTAVO VICTORINO | VICTORINO@BACKSTAGE.COM.BR em colocar novidades a cada edição. Mesmo com bons candidatos e produção impecável, os programas produzidos majoritariamente pela Globo não encontram mais a receptividade de anos anteriores. É pena, sempre elogiei esses programas exatamente por dar espaço às novidades.

CRESCENDO Ainda no segmento televisivo, o canal Music Box Brasil cresce a olhos vistos depois que lançou o seu canal em HD. O aumento da audiência se deve exatamente ao espaço dado as novidades. Enquanto os canais convencionais insistem com programas pretensamente midiáticos e cansativos, o MBB virou plataforma de lançamentos para muita gente boa. Vale conferir essa boa proposta...

MAIS UM A medicina precisa explicar isso... Depois de Keith Richards e Eric Clapton, agora é a vez de Peter Frampton anunciar ser portador de uma doença muscular degenerativa que lentamente compromete seus tendões e a capacidade de tocar guitarra. Richards teve doença semelhante, mas atualmente estacionada e que apenas deformou os seus dedos, mas manteve a sua condição para tocar. Já Clapton anda precisando até de cadeira de rodas e Frampton anuncia uma turnê de fim de carreira aos 68 anos por conta dessa doença.

NOVOS PRODUTOS Todo ano era a mesma coisa... fim de verão e dezenas de reclamações de instrumentos com a pintura rachada ou descascada pela ação do sol e do calor. De alguns anos para cá isso foi reduzindo e hoje praticamente

acabou. O motivo é o uso de novos produtos de acabamento mais resistentes e economicamente viáveis. Novas bases, tintas e vernizes mudaram a realidade do músico que toca no verão exposto às intempéries do nosso sol e calor. A mudança foi no uso de mais poliéster e menos poliuretano sem mudar o preço final do produto, matéria prima importante da indústria de instrumentos musicais de corda.

IMPRÓPRIO A mania de alguns artistas usarem palavrões nos seus shows e nas letras das músicas pode trazer uma novidade odiada no meio artístico: a censura. Os espetáculos estarão sujeitos a classificação de impropriedade para 14 e até 16 anos, dependendo do “conteúdo” do show. As casas noturnas já têm as suas restrições, mas os espetáculos abertos e festivais podem sentir essa limitação no bolso. Como conselho, cantem mais (os que souberem...) e calem a boca nos intervalos.

nomes (posso cometer injustiças), nossos profissionais crescem lentamente no gosto dos profissionais e só encontram restrições no mercado mais popular pelo preço e desvalorização do instrumento. Isso porque no segmento de usados ainda tem gente que compra apenas a marca...

PEDIDO Senhores artistas brasileiros, consagrados ou não, por favor não tentem cantar “Bohemian Rhapsody” sem a mais absoluta convicção de que tem condições vocais e técnicas para isso. Cantar a obra prima do Queen tem um nível de exigência que vai muito além da boa vontade e do ensaio. Não aguento mais ouvir gente famosa pagando micos por aí...

REPERCUTIU A nota dessa coluna sobre o perigo dos amplificadores de rabo quente publicada no ano passado chegou a Brasília. Anotem, vem novidades legislativas e normativas por aí.

MISTURA

CAINDO 1

Um cantor baiano chamado Baco Exu do Blues decidiu misturar o lendário ritmo do Mississipi ao rap. Sem ver oportunismo na iniciativa, decidi ouvir, e ouvi, ouvi... mas vou esperar para mais. A coisa ainda está muito insipiente e embora veja como uma boa ideia essa mistura, meu sentimento de amor pelo blues e insignificância para o rap precisam ser melhor sublimados para uma opinião mais isenta. Aguardemos os próximos capítulos...

O mercado cristão está encolhendo. Embora lentamente, a mudança é perceptível nos números das vendas e dos espetáculos. Como fé não diminui e a qualidade musical continua boa, a explicação lógica é a crise econômica que atingiu o país nos últimos anos.

ÚLTIMO PASSO Alguns luthiers brasileiros já produzem guitarras do mesmo nível das melhores do mundo. Sem citar

CAINDO 2 Pablo Vittar parece estar aos poucos perdendo mercado. Com exceção dos sites de fofocas, o artista vem sumindo da mídia musical e consequentemente caindo na dura realidade mostrada na qualidade do seu trabalho. Ou dá uma reviravolta, ou logo, some...

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PREVIEW| www.backstage.com.br 18

ARRANJO DE MICROFONES para fixação no teto ES954 Seja em salas de reunião ou locais de conferências, o novo arranjo de microfones para fixação no teto é uma solução direcionada, principalmente, para situações de videoconferência

redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

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Audio-Technica, empresa de tecnologia de transdutores com mais de 50 anos de atividade, lança o novo arranjo de microfones para fixação no teto ES954. A solução é direcionada para o uso em salas de reuniões virtuais, salas de conferência e nos mais diversos espaços de reunião. O equipamento pode ter o rendimento otimizado com o uso do mixer digital inteligente ATDM-0604, também da Audio-Technica. O arranjo de microfone de quatro cápsulas fornece cobertura 360° por meio de saídas hipercardioide ou cardioide virtuais que podem ser direcionadas de forma horizontal e vertical quando controlados pelo mixer da Audio-Technica.

O ES954 pode ser utilizado sozinho ou em conjunto para capturar a voz das pessoas no ambiente de reunião. O número total de canais é delimitado pela capacidade do mixer ou do dispositivo DSP que controlar o sistema. O equipamento oferece flexibilidade para as situações de reunião. A interface gráfica intuitiva do ATDM-0604 Digital SmartMixer promove o controle da largura e orientação de cada padrão polar virtual, que pode ser direcionado em incrementos de 30 graus, com a função de inclinação para se adequar a diferentes alturas de teto ou para usuários que estejam sentados ou em pé. A configuração simples do equipamen-


Suporte de teto AT8554 para o arranjo de microfones para fixação no teto ES954 da Audio-Technica

to inclui um único ES954 no centro da mesa de conferências configurado a partir do mixer para promover cobertura em quatro quadrantes idênticos. Usado em conjunto com uma porta em cada canal de microfone, o sistema pode ser configurado para seguir automaticamente quem estiver falando e se movimentando pelo espaço. Esquemas de assentos alternativos podem ser acomodados com a reorientação dos quatro padrões do microfone no software do mixer. Esquemas de assentos distintos e os padrões de cobertura relacionados podem ser salvos como predefinições para acesso rápido no mixer. Em salas maiores, vários ar-

ranjos de microfones ES954 podem ser instalados — por exemplo, um em cada extremidade de uma mesa de conferências longa — e os padrões polares de vários arranjos de microfones podem ser direcionados, ampliados ou reduzidos conforme necessário. O arranjo de microfones possui um cabo fixo de 1,2 m e um passafios com trava acompanha o equipamento, permitindo o ajuste da altura do microfone. A tecnologia de blindagem de RFI UniGuard permite proteção de interferência de radiofrequência (RFI). O pacote inclui ainda um suporte de teto AT8554 plenum com conectores RJ45 e terminais tipo push, per-

mitindo instalação simples e segura. O ES954 é conectado ao mixer por um par de cabos revestidos Cat 5 padrão. Os cabos breakout RJ45 são fornecidos para inserir os quatro canais e um condutor LED no mixer. Um anel LED vermelho/verde integral de 360° oferece uma indicação clara do status mudo do arranjo.

Mais informação:

www.audio-technica.com

Especificações do ES954 • Elementos: Placa traseira de carga fixa, condensador polarizado permanentemente • Padrão polar: Omnidirecional (O)/ Figura em oito (L/R/Z) • Resposta em frequência de 20 a 16 000 Hz • Sensibilidade de circuito aberto O/L/ R: -36 dB (15,85 mV) (0 dB = 1 V/ Pa,1 kHz); Z: -38,5 dB (119 mV) (0 dB = 1 V/Pa,1 kHz)

• Impedância de 100 ohms • Nível máximo de som de entrada O/L/ R: SPL de 132,5 dB (1 kHz a 1% de THD); Z: SPL de 135 dB (1 kHz a 1% de THD) • Relação sinal-ruído O/L/R: 66,5 dB (1 kHz a 1 Pa, ponderado A), Z: 64 dB (1 kHz a 1 Pa, ponderado A) • Requisitos de alimentação fantasma: 11-52 VCC, 23,2 mA

• Peso do microfone: 160 g; Suporte de teto (AT8554): 420 g • Dimensões do microfone: Diâmetro máximo do corpo: 61,6 mm; Altura: 111,8 mm • Suporte de teto (AT8554): 36,6 mm A x 106,0 mm L x 106,0 mm P • Conector de saída: Conector Euroblock

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PATRICK WOODROFFE E A LUZ DO ROCK (MAS NÃO SÓ DO ROCK) O light designer do Rock in Rio, dos Rolling Stones e da cerimônia de abertura das olimpíadas de 2012 conta para a Revista Backstage, com exclusividade, como se tornou um dos profissionais mais influentes da atualidade. Miguel Sá redacao@backstage.com.br Fotos: Ricardo Ferreira / Ralph Larmann / I hate Flash / Divulgação

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oodroffe lembra bem da primeira vez no Brasil, no show de Tina Turner no Maracanã. Aquele mesmo que entrou para o Livro dos Recordes, com um público de mais de 180 mil pessoas, em 1988. “Fiquei uma semana. Me apaixonei pelo país, as pessoas, a comida… Era bem caótico naquela época, mas, ao mesmo tempo era incrível o que estavam criando com iluminação”. O light designer comenta que, para fazer uma tomada aérea do estádio, chegaram a pintar a marquise do antigo estádio de branco para a imagem não ficar escura. “Nunca fariam isso na Inglaterra, EUA ou Europa, mas o pessoal era novo no jogo, tinha energia e criati-

vidade”, relembra Woodroffe. A partir daí, ele voltou várias vezes, seja trabalhando em festivais como Hollywood Rock e os Rock in Rio dos anos 1990, ou com artistas como os Rolling Stones. Nessas idas e vindas foi que a amizade com Cesio Lima, da LPL, se estreitou cada vez mais. “O Cesio me falou, ‘você gostaria de trabalhar mais por aqui?’ Eu disse: ‘claro!’. E fiz shows como Roberto Carlos, Marisa Monte e os 500 anos do Brasil, com a TV Globo. Venho aqui uma vez por ano pelos últimos 25 anos”, aponta. Desta vez, Woodroffe esteve no Brasil para fazer uma palestra sobre luz em shows de rock. O evento foi feito por


The Rolling Stones | 50th Anniversary Concerts

conta da comemoração dos 40 anos da LPL, e aconteceu no dia 4 de fevereiro, em São Paulo, no Teatro NET. Antes, ele deu uma passada no Rio de janeiro, onde deu esta entrevista exclusiva para a Revisa Backstage. Revista Backstage – Todos estes anos que tem vindo ao Brasil, você acha que as coisas mudaram? Patrick Woodroffe - Imensamente. O país mudou, o mundo mudou com a internet, novas técnicas e o advento dos moving lights. Lembro que ajudei algumas empresas de iluminação aqui a se desenvolverem. Nós vínhamos com o Hollywood Rock e trazíamos algumas treliças, refletores, movings, spots colori-

dos e Cesio dizia: “Hum, vocês podem deixar uns cem refletores por aqui. Eu pago por eles.”. A gente deixava alguns equipamentos e todo ano ele pedia um pouco mais.

RB – No Hollywood Rock, você chegou a trabalhar para algum artista? PW - Para o festival. Sempre para o festival. Nós desenhávamos o sistema e depois ajudávamos a cada

Nós vínhamos com o Hollywood Rock e trazíamos algumas treliças, refletores, movings, spots coloridos e Cesio dizia: “Hum, vocês podem deixar uns cem refletores por aqui. Eu pago por eles.

Então eu apresentei alguns fornecedores e fabricantes e hoje a LPL é uma das maiores empresas com a qual trabalhamos.

um dos iluminadores, lembrando que naquele tempo os artistas grandes, mesmo os maiores artistas, nunca traziam equipamento

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 22 AC/DC

nenhum. Era sempre de uso comum, fosse qual fosse o equipamento que tivéssemos escolhido para o sistema. Agora é muito mais difícil, os grandes trazem o próprio sistema de iluminação. Eles querem mudar tudo! Lembro que no Rock in Rio 3 o Guns n’

dem a fazer isso. Bem, quando projetamos o Rock in Rio às vezes mudamos uma coisinha ali e outra ali para contornar algumas situações. Quando eu fiz os Rolling Stones no Rock in Rio Lisboa - acho que os Stones nunca fizeram um Rock in Rio no Rio de Janeiro, mas fize-

Os grandes trazem o próprio sistema de iluminação. Eles querem mudar tudo! Lembro que no Rock in Rio 3 o Guns n’ Roses insistiu em trazer todo um sistema novo, o que eu achei uma loucura. O melhor seria ver qual sistema tem e aí trabalhar com ele. Roses insistiu em trazer todo um sistema novo, o que eu achei uma loucura. O melhor seria ver qual sistema tem e aí trabalhar com ele, talvez trazer alguns itens extras, mas... Em situações como a de um festival é típico para os grandes trazerem tudo eles mesmos. RB – No Rock in Rio ainda hoje isso acontece? PW - Sim, no Rock in Rio eles ten-

mos em Lisboa - era o meu sistema de iluminação, mas mesmo assim não mudei nada. (quando é assim) Eu uso o que temos, mudo a programação e talvez faça uma projeção de vídeo um pouco maior, mas fico feliz com o que tenho. RB – É difícil falar sobre isso com os light designers? Você pode fazer isso, melhor não fazer aquilo… PW - Não tentamos fazer isso.

Agora dizemos que “você pode fazer o que quiser e nós vamos te ajudar mas você precisa pagar por isso, não é parte do festival”. Terry Cook é meu parceiro nos projetos no Rio de Janeiro. Ele trabalha para a Woodroffe Basset e vem todo ano com John Coman (também da equipe da Woodroffe Bassett Design). Eles trabalham muito com os artistas nos meses anteriores. Você sabe: as reuniões, os telefonemas... RB – Nós falávamos sobre equipamentos e sobre como eles mudaram no decorrer desses anos. Em que medida as ideias ajudam a desenvolver os equipamentos? Ou os equipamentos ajudam a desenvolver os light designers? PW - Sim, é uma ótima pergunta. É sempre uma coisa atrás da outra, mas como designer de iluminação você sempre quer o que inova. Queremos luzes que se movam e mudem de cor, luzes mais baratas... Os equipamentos custam milhares e milhares de dólares e são muito caros de se alugar. Quero mais luzes, não menos. Queremos que


Michael Jackson | turnê “This is it”

seja mais fácil de transportar, queremos que seja confiável para trabalhar na chuva... Acho que um dos desafios para designers de iluminação é trabalhar com sentimento. Se você tem 200 moving lights, é muito fácil fazer 100 coisas rapidamente. É muito interessante assistir o Rock in Rio, porque a maioria das pessoas tem o mesmo sistema de iluminação e o que conta é como ele é usado, como eles fazem aquilo. Normalmente eles são bons, porque os iluminadores mais jovens são ótimos, mas é sempre diferente o jeito que cada um usa o sistema. RB – Eles tem o próprio… PW - … Estilo. Mas para mim a única coisa que acho errado e imperdoável é não iluminar o artista. Não adianta ter um show de luz fantástico se você não consegue se concentrar em ver o artista, sentir o artista, sentir o que ele está cantando ou dizendo, e aí fazer a luz em volta disso. Isso é algo que tra-

balho duro para fazer. RB – Você vai fazer uma palestra sobre iluminação de rock. Pode nos antecipar o que vai dizer? PW - Sim, vou falar sobre isso, sobre a história da iluminação do Rock n’ Roll, como começou e os antigos shows de luz em São Francisco, nos anos sessenta, com os efeitos psicodélicos, a primeira vez que usaram treliças, movings e seus controladores, mesas de luz digitais, vídeo, mapa de palco... Vou falar de todo meu trabalho

cas com o Michael Jackson e os Rolling Stones, com todos os artistas diferentes com os quais trabalhei, os Jogos Olímpicos de Londres e sobre minha relação de amizade com o Brasil. RB – Aliás, você trabalha com os Stones desde os anos 1980 PW – Desde 1982. Sou o funcionário dos Rolling Stones há mais tempo na ativa. Estou para fazer 37 anos com eles. RB – Você mantém algumas características do trabalho durante esse tempo?

Acho que um dos desafios para designers de iluminação é trabalhar com sentimento. Se você tem 200 moving lights, é muito fácil fazer 100 coisas rapidamente. no Brasil nos últimos vinte e cinco anos, minha relação com a LPL, vou contar histórias e explicar algumas escolhas de mar-

PW - Sim. Creio que meu estilo tenha desenvolvido ao longo dos anos, mas sim, ilumino algumas canções do mesmo jeito. Digo...

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 24

Rock in Rio 2017

Em Sympathy for The Devil uso sempre vermelho... Tento dar uma sensação diferente a cada vez, mas meu estilo sempre foi de colocar as luzes brancas em primeiro lugar para que os Rolling Stones possam ser vistos durante todo o tempo, e aí faço a luz em volta disso. RB – Eles te dão algum tipo de orientação? Ou simplesmente te deixam trabalhar? PW - Com a luz eles me deixam trabalhar por minha conta. O set de palco e o vídeo nós conversamos mais a respeito. Particularmente com Mick Jagger e Charlie Watts, que são mais interessados no assunto. RB – O que você pode dizer que é um ponto de mudança na história da iluminação? PW - Bem, duas coisas: os moving lights e os controladores. Talvez também o vídeo, que se tornou uma parte disso. Nós começamos as primeiras projeções com os Stones em 1982. Era uma telinha do lado do palco, e aí vieram as grandes projeções, o videowall, o LD, e de repente tudo mudou. RB – Quando começou a trabalhar no Rock in Rio? PW - Eu tinha trabalhado no Hollywood Rock. Nesse momento eu já

havia conhecido muitos brasileiros e eles tinham visto o meu trabalho no Hollywood Rock, então o Roberto Medina me perguntou se eu poderia fazer a luz do Rock in Rio e nos reunimos. RB - Você faz vários tipos de trabalhos diferentes. Como faz isso? PW - Sim, faço ópera, balé, televisão, que são coisas diferentes mas na verdade são a mesma. Você está fazendo um show. Na ópera você tem um programa a seguir, tem que interpretar a luz na arquitetura, o cenário... Tem que trabalhar junto aos arquitetos. Nos

universos e países diferentes, e aí é claro que fazer um show do Ozzy Osbourne nos Estados Unidos é completamente diferente do que fazer uma ópera no festival de Salzburg com um diretor famoso, mas a relação com as pessoas que você trabalha não muda. Tem que montar um time, fazer as pessoas se sentirem bem com o próprio trabalho, tratá-las bem e servir ao evento, e é isso que fazemos na verdade. RB – Você chegou a ter algum estudo formal na área de lighting design? PW – Não. Quando saí da escola eu tinha 19 anos e fiz alguns trabalhinhos sem importância. Meu irmão era roadie numa banda de rock e estava precisando de ajuda. Havia uma ou duas empresas de iluminação na Inglaterra, que eram pequenas. Comecei com o Queen, mas apenas como técnico número 2 e, aos poucos, enquanto eu seguia com a carreira, o ramo foi ficando maior. Bandas de rock tocavam em teatros, depois em arenas e depois em estádios. Eu cresci, continuei casado com a mesma mulher, não fiquei maluco com drogas e guardei meu dinheiro. Trabalhei duro e junto com um grupo pequeno de outras pessoas

Meu estilo sempre foi de colocar as luzes brancas em primeiro lugar para que os Rolling Stones possam ser vistos durante todo o tempo, e aí faço a luz em volta disso. eventos de esporte, você trabalha em campo, com os idealizadores. Nas cerimônias de abertura você segue um script: uma entrada ali, um discurso aqui, às vezes você precisa que a luz esteja em primeiro plano num grande espetáculo e outras vezes ela precisa ser menor, mas eu amo, amo trabalhar nesses

construímos esse negócio. RB – Teve algum trabalho ou pessoa que você considera que te ajudou a chegar onde chegou? PW – Sim. Brian Croft. Brian liderava a primeira empresa na qual trabalhei, a ESP Lighting, e aí ele foi administrar a Vari Lite e todas as outras grandes empresas. Ele era sempre


inspirador, a pessoa que fez esse trabalho ser divertido. Me fez entender que você tem que ser sério no trabalho, mas que não era apenas um trabalho, e sim uma ótima maneira de viver a vida. Ele foi importante para mim. Os Rolling Stones, com os quais trabalhei metade da minha vida, são uma parte muito importante da carreira. Um pedaço do meu sucesso veio

de os Stones serem como uma espécie de cartão de visitas para trabalhos em áreas diferentes da iluminação. RB – Algo que eu não tenha perguntado que gostaria de comentar? PW - Penso sobre o futuro desse negócio. No momento tenho uma pequena empresa, a Woodroffe Basset, com meu sócio Adam Basset, e com esse pessoal mais jovem que trabalha

conosco e tem a energia para continuar o trabalho que comecei quando tinha a idade deles. Continuo curtindo o trabalho, curtindo as viagens, continuo curtindo o momento em que as luzes iluminam a plateia, seja num estádio ou numa pequena casa de shows, e saber que sou parte daquilo. Hoje me sinto sortudo e privilegiado por ter vivido esta vida.

A amizade entre Césio Lima e Patrick Woodroffe e a história da luz cênica no Brasil A comemoração dos 40 anos da LPL foi o motivo pelo qual Patrick Woodroffe foi convidado para a palestra sobre a luz do rock, mas a vinda dele é consequência também de uma longa amizade com Cesio Lima, um dos sócios da LPL. Amizade que acabou, de certa forma, influenciando os caminhos da iluminação de shows no Brasil Revista Backstage - Como se construiu essa amizade entre vocês? Césio Lima - Começamos a ficar amigos mesmo no Rock in Rio de 91, e depois ele começou a vir nos Hollywood rock, que aconteciam em SP e depois no Rio. Depois do primeiro, convidei ele para ir a uma praia, lá em SP, onde eu alugava um chalé. Ele achou muito legal e virou meio que uma tradição. Fomos ficando amigos. Daí ele conheceu a empresa, viu ela crescer, aí eu chamei ele pra fazer Roberto Carlos, depois ele fez Marisa Monte, Criança Esperança... Depois me convidou para fazer a luz de plateia dos Rolling Stones de Copacabana e o “Flag Hand Over”, que é a passagem da bandeira para o país da próxima olimpíada, nas Olimpíadas de Londres. Ele vinha com os shows e voltou a desenhar o Rock in Rio. O de 2001, que era o 3, foi o primeiro que fizemos com equipamento brasileiro. Não teve que vir uma empresa de fora. RB – Como surgiu a ideia de convidálo para a palestra? CL - A LPL vai fazer alguns eventos comemorativos, Então, no primeiro evento, tinha tudo a ver trazer o Patrick para fazer a palestra dele aqui. Foi um sucesso. O teatro ficou cheio, e consegui reunir um monte de amigos, clientes, clientes amigos, pessoal da luz e gente

do Brasil inteiro. Meus sócios (Luis Auricchio, Caio Bertti, Bruno Lima e Rafael Auricchio) ficaram muito felizes. Também, tivemos o apoio da Robe, que foi muito bacana, e a gente curte muito. RB – E que mudanças aconteceram no Brasil nesses anos todos? CL - Quando ele (Woodroffe) começou a vir, o que fazíamos? Fornecíamos os operadores de canhão e ajudávamos. O equipamento vinha de lá. A gente sonhava em ter um equipamento igual àquele, mas era muito longe da nossa imaginação. O Rock in Rio 1 foi o divisor de águas, porque trouxe pra cabeça do empresário e do artista brasileiro uma coisa de “luz é importante”. Com a vinda dos Hollywood Rock e dos shows internacionais essa tendência se consolidou. Tinha uma turma dessa época, o Auro, da Aurolight, que se aposentou há pouco tempo, o Juarez Farinon, e mesmo o Samuel Bertti, que era uma turma que queria atender direito, então procuravámos investir para ter um padrão que pudesse atender os gringos. Essa evolução ele (Patrick) acompanhou muito bem, porque no começo a gente não punha nada, depois a gente colocava as treliças, os trusses e as talhas, até que

uma hora a gente colocava tudo, mas ainda era meio mambembe. Hoje evoluímos de um jeito que, chega no Rock in Rio, ele e os outros gringos... Não é que o cara fale “nossa que demais”, ele não sente diferença nenhuma. Temos essa meta. Corremos atrás e estamos sempre investindo para atender com qualidade e padrão alto. Não tem mais gambiarra. Sempre foi sério, mas fomos aprendendo a fazer no padrão internacional. Isso até a Globo ajudou, porque eles sempre se importaram com os padrões de segurança, de como trabalhar... O Patrick acompanhou essa evolução de como era mambembe antes e de como é profissional hoje em dia. Não só a LPL, mas as firmas top do mercado brasileiro hoje em dia não deixam nada a dever em relação às americanas e europeias, fora que - isso eu ouço dos caras – é bom trabalhar no Brasil. Nessa parte somos imbatíveis mesmo, de ser educado, não dar piti, não ser grosso...Temos essa vantagem, de atender bem. E isso faz diferença. E tendo um padrão igual ao que tem lá fora fica muito mais fácil.

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SOM NAS IGREJAS

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SOM NAS IGREJAS

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NAMM SHOW MOSTRA OS PRÓXIMOS PASSOS DA INDÚSTRIA DE INSTRUMENTOS MUSICAIS E EQUIPAMENTOS Entre os dias 24 e 28 de janeiro aconteceu em Anaheim, na California, um dos maiores eventos da indústria da música. O produtor musical Daniel Figueiredo estava lá e conta as novidades para os leitores da Revista Backstage

por Daniel Figueiredo e Marcio Chagas redacao@backstage.com.br Fotos: Ana Figueiredo / Divulgação

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undada em 1901, a NAMM Show, feira anual realizada pela “The National Association of Music Merchants” é uma das maiores feiras de produtos musicais do mundo. Ela acontece anualmente, no mês de janeiro, em Anaheim, Califórnia. Pode se dizer que é uma parada obrigatória para qualquer músico, produtor, técnico de som, jornalista, performer ou para quem exerce direta ou indiretamente uma atividade ligada à música. Para a edição de 2019, o Anaheim Convention Center passou por uma remodelação importante, oferecendo mais espaço, palcos mais amplos para as apresentações, mais espaço para interconexão e mais opções de gastronomia. A feira reúne toda a indústria musical

em um só lugar, servindo como plataforma de negócios e dando aos visitantes uma oportunidade anual de criar vínculos com grupos diversos de profissionais para descobrir, aprender e testar os mais recentes produtos, tendências e ideias, facilitando assim o trabalho dos fabricantes. Além dos stands tradicionais, a feira possui áreas especiais para quem curte instrumentos diferentes ou extravagantes. Dentre estes vários stands específicos vale a pena destacar o “Lounge 88”, que possui uma enorme galeria somente de pianos e órgãos de todos os tipos e modelos, e o “The Boutique Guitar Showcase”, que mostrou uma coleção conservada de alguns dos instrumentos mais clássicos e famosos já construídos


pelas melhores marcas; Além dos lançamentos, a feira ainda tem o objetivo de apresentar ideias inovadoras de muitos instrumentos apresentados que ainda não entraram na linha de produção. Também é possível participar de seminários, conferências e sessões que são realizadas diariamente durante os quatro dias da feira.

uma pequena bateria, utilizando apenas caixa, bumbo e prato. Interessante pensarmos que a NAMM não se limita apenas a pessoas ligadas ao meio musical, pois no local um simples fã pode conhecer e interagir mais intimamente com vários de seus ídolos, que na maioria das vezes estão plenamente disponíveis para fotos e autógrafos.

ATRAÇÕES

EQUIPAMENTOS

A cada ano os expositores disponibilizam seus endorsers famosos para pequenas apresentações e encontros inusitados. Este ano o stand da Mark Bass/DV Mark reuniu o guitarrista Kiko Loureiro (Angra, Megadeth) com Lari Basilio (outra guitarrista brasileira radicada em Los Angeles) para uma pequena apresentação. Neste mesmo dia se apresentaram o baixista Jeff Berlin e o guitarrista Frank Gambale. Neste mesmo palco aconteceu o encontro dos míticos Marcus Miller, Richard Bona e Hadrien Feraud (Chick Corea). Em um clima bastante despretensioso, os três baixistas mostraram uma integração quase telepática durante sua jam session, para a imensa alegria do público presente. A Yamaha apresentou um de seus principais endorsers, o baterista Dave Weckl, considerado um dos melhores bateristas do mundo, que por um bom tempo ganhou aplausos efusivos. Em outro stand, Neal Preston assinava pôsteres de seu material fotográfico em que registrou as grandes bandas ao longo de sua carreira, como as turnês com o Led Zeppelin nos anos 70, o Queen nos anos 80 e ainda relembrou suas experiências como fotógrafo oficial do Live Aid em 1985. O mais interessante na NAMM nem sempre são os músicos famosos e conhecidos. No stand da Tama havia um baixista japonês tocando como um ensandecido, sendo acompanhado por outro nipônico em

Destacar os instrumentos mais importantes apresentados na NAMM é um grande desafio. Na feira podese encontrar todos os tipos de lançamentos, do mais moderno e tecnológico ao mais simples e rústico. Como por exemplo, uma pequena empresa que produz uma linha de

belo e surtuoso stand. A PRS, sempre superlotada, apresentou 3 novos modelos “SE signature”: SE Santana Singlecut Trem, a SE Schizoid e a SE Paul’s Guitar. A marca, que não para de crescer, contou com a presença de seu fundador Paul Reed Smith, que não conseguia dar conta de atender tantas pessoas. No mundo dos graves, vale mencionar o novo modelo clássico Stingray da Ernie Ball Music Man, completamente renovado com uma escala mais curta. A Gibson também apresentou seu baixo EB-0 Style (similar a guitarra SG), com captadores Thunderbird. O modelo antigo foi muito popularizado pelo mítico Jack Bruce nos anos 70. No Stand da lendária marca de cordas La

Na feira pode-se encontrar todos os tipos de lançamentos, do mais moderno e tecnológico ao mais simples e rústico.

baquetas dos mais diversos tipos, tamanhos e modelos e uma outra empresa inglesa que se apresenta como a melhor fornecedora mundial de resina para arcos de violino desde o século XVIII. A Fender, com seu stand localizado no último andar do Anaheim Convention Center, lançou seu modelo “Acoustasonic Telecaster”. O modelo impressiona por sua combinação de recursos de guitarra acústica e elétrica, bem como pelo fato de ser a primeira acústica de nível profissional que a empresa produziu na Califórnia em quase 50 anos. Sua principal rival, a Gibson, esteve ausente no ano anterior, mas retornou apresentando, entre as novidades, seu modelo “Gibson Hummingbird Cherry Starburst”. A marca está recuperando a sua força no mercado apresentando um

Bella, pude experimentar os novos modelos dos excelentes contra-baixo Olinto “hand-maded” em NY.

TECLADOS, INTERFACES E MONITORES A Korg por sua vez lançou seu sintetizador “Volca Micro Modular”, inspirado no visual e som clássico dos anos 60, principalmente no trabalho de Donald Buchla, um dos pais do instrumento e principal rival de Robert Moog. O instrumento oferece uma possibilidade de se explorar sonoridades vintage, uma ótima opção para músicos entusiastas deste tipo de som. A francesa Arturia revelou uma nova adição à sua gama de interfaces AudioFuse., denominado “AudioFuse 8Pre”. O equipamento é basicamente um expansor

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 30 ADAT de modo dual de 8 canais, em um formato de rack para ser utilizado em estúdio. A IK Multimedia anunciou na feira seus novos monitores de estúdio compactos iLoud MTM. Segundo a IK, eles foram projetados para oferecer um som cristalino e um nível de precisão sem precedentes que redefine o

Os guitarristas foram agraciados também com uma outra interface projetada para eles. A marca inglesa Audient lançou a Sono interface que contém uma válvula 12AX7, 2 entradas de microfone com phantom power e entrada ADAT, e usa o protocolo USB-C para a conexão com o computador. Um nicho que vem

Um nicho que vem crescendo e ganhando cada vez mais adeptos são os equipamentos para home-studios e estúdios portáteis. Muito embora não tenha sido apresentado nada revolucionário este ano, é inegável o crescente interesse neste tipo de tecnologia. monitoramento nearfield para o estúdio profissional. I/O Axe é a nova aposta da IK, uma interface de áudio pensada para guitarristas. A versão 4 do SampleTank pode ser conferida na feira.

crescendo e ganhando cada vez mais adeptos são os equipamentos para home-studios e estúdios portáteis. Muito embora não tenha sido apresentado nada revolucionário este ano, é inegável o crescente

interesse neste tipo de tecno logia. Merece destaque o controlador Komplete Kontrol M32, a interface Komplete Audio 1, infelizmente o novo Massive X não ficou pronto a tempo e teve seu lançamento adiado para junho. A Ableton lançou o Live 10 Lite, com dois meses de acesso gratuito a bibliotecas de samples do Sounds.com. na compra de qualquer interface. No belo e amplo stand da PreSonus, podíamos conferir, entre outros lançamentos a série de interfaces com conexão USB-C (Studio 26c, 68c, 1810c e 1824c), a Quantum 4848 com conexão Thunderbolt 2 e na área de software foi lançada a versão 6.5 do Notion, agora com maior integração com a minha DAW favorita: StudioOne.

AUDIO Na parte de áudio foi incrível conhecer modelos de fones como o


“Sensaphonics”, moldado especialmente para áudio 3D personalizado, e “Hooke”, um dos primeiros fones de gravação de áudio binaural sem fios. No stand da Universal Audio, você conseguia ouvir a diferença entre um instrumento analógico e sua versão digital, e decidir que tipo de som lhe agrada mais, além de tirar uma foto vintage, como se estivesse anos atrás. A NAMM tem uma grande parte destinada a área de educação musical, além de tudo o que já foi dito e além das dezenas de grandes shows, pocket shows, demonstrações e palestras simultâneas sobre todo e qualquer assunto relacionado ao mercado da música. Uma das palestras que infelizmente perdi, mas que eu gostaria muito de ter ido, era: “Como manter a sanidade trabalhando no ramo musical”. É realmente difícil expor em ape-

nas uma matéria tudo que ocorreu de importante na NAMM 2019, porém, durante os quatro dias de evento foi facilmente perceptível a magnitude e grandiosidade da feira, bem como seu impacto no ramo da música. O Evento tornouse obrigatório para qualquer pessoa ligada ao universo musical.

A PRIMEIRA NAMM A GENTE NUNCA ESQUECE: AS DICAS Depois de dezenas de anos recebendo conselhos de amigos para eu conhecer a feira, assistindo as centenas de vídeos, ouvindo pessoas falando sobres as maravilhas da NAMM … enfim, este ano resolvi abrir um buraco na minha agenda “na marreta” para viver alguns dos melhores dias da minha vida. Pode parecer exagero, mas, para quem ama música, equipamentos, ins-

trumentos e networking … eu acredito que não exista um lugar melhor no mundo. É muito fácil se perder ou demorar mais de meia hora para localizar um “Booth”, mas no terceiro dia eu já andava com facilidade. O que mais confunde é que há andares e prédios separados que não são muito paralelos. É fácil se perder, mas é mais fácil se reencontrar. Consegui fazer tudo o que eu tinha planejado. Só não me lembrei de voltar para tirar uma foto na cadeira de guitarras inspirada no Game of Thrones. Visitei uns 70% da feira (acho que é impossível visitar 100%) consegui encontrar com amigos que eu trabalhava há anos, pela internet, e nunca tinha encontrado pessoalmente, fechei contratos, assisti e filmei performances de músicos incríveis de todas as partes do mundo (na

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 32 Ney Nakamura e Daniel Figueiredo

Namm só se apresenta quem é nota 10), foi tudo bem melhor do que as minhas melhores expectativas.

AGRADECIMENTOS Para quem não sabe a Backstage foi a primeira revista para qual eu escrevi uma coluna mensal, ainda quando eu morava na minha pequena cidade de Cataguases - MG. Por isso esta matéria da Namm tem um sabor especial pra mim. Aproveito para agradecer ao grande mestre Nelson Cardoso pela confiança e parceria de sempre e para parabenizá-lo pelos tantos anos de luta para manter viva esta belíssima e tão útil revista. “Long Live to Backstage !” Gostaria de agradecer imensamente também a grande ajuda da minha esposa Ana Figueiredo que resistiu bravamente aos quatro

dias, (ela tirou a maioria das fotos e filmou a maioria dos vídeos) e ao grande amigo, escritor, colunista, advogado, músico e colecionador de discos Marcio

impressionado com o discurso do vice-consul Daniel Ponte, que conseguiu resumir em poucas palavras todo o poder, força e valor da música e dos músicos brasileiros.

Uma das palestras que infelizmente perdi mas que eu gostaria muito de ter ido: ‘Como manter a sanidade trabalhando no ramo musical’ Chagas que me “salvou” quando percebi que, pela minha falta de tempo e prática eu não conseguiria fazer a matéria no prazo necessário. Agradeço ao Daniel Neves, diretor da ANAFIMA e ao consulado Brasileiro pelo convite para o cocktail, que conseguiu reunir grandes representantes da indústria e lojistas brasileiros. Fiquei

OBS: Para quem não quer esperar Janeiro de 2020 para ter contato com a NAMM, pode participar da “Summer Namm”, de 18 a 20 de Julho ema Nashville, Tennessee. Porém esta versão menor da “Namm” é focada mais em reuniões entre empresas e desenvolvimento profissional do que em produtos.


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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 34 Arn ald od eS ou tei ro, Jo rge Pe sca ra e

Ez io Fil ho

GROOVES IN THE EDEN: A NOVA AVENTURA MUSICAL DE JORGE PESCARA O multi-instrumentista Jorge Pescara volta ao baixo elétrico para fazer o terceiro disco como artista solo. O novo álbum, Grooves in the Eden, demorou cerca de oito anos para ser concluído redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

B

aixista, professor, autor de livros e métodos e músico touchstyle, Jorge Pescara não cabe apenas em uma definição. Mas, como artista solo, o grande salto se deu em 2008, quando lançou Grooves in the Temple. Depois, lançou Knight Without Armour, no qual usa apenas o touchstyle, técnica na qual se toca instrumentos de corda percurtindo-as contra os trastes com as duas mãos. Grooves in the Eden é o terceiro álbum de Pescara. Um trabalho que, entre idas e vindas de Portugal para o Brasil, demorou cerca de oito ano para ser concluído.

PARCERIA Pescara credita ao amigo e produtor do álbum, Arnaldo de Souteiro, o início de sua carreira solo. “Antes do primeiro disco não me via como artista solo. Fazia muitos trabalhos nos quais o Arnaldo era produtor, como a Ithamara Koorax, com quem voltei agora a tocar, o Dom Um Romão e alguns outros. Ele sempre chegava e falava que eu precisava gravar um disco e que ele produziria. Dizia que eu tinha uma linguagem diferente e eu fui acreditando nisso, o que me fez gravar o primeiro álbum. As afinidades são


muitas porque já eramos amigos antes de trabalharmos juntos”, conta o instrumentista. Arnaldo, por sua vez, exalta a personalidade de Jorge Pescara. “Ele tem um espírito de liderança muito forte. É algo natural dele. Um cara que sempre tem boas idéias, boas sugestões, ótima presença de palco, é carismático e domina muito não apenas o instrumento dele, mas também conhece tudo de áudio. Todas essas qualidades o colocam numa posição de líder nato. Com o Pescara rola sempre uma troca de ideias extremamente salutar. Ele é um baixista com estilo próprio, uma assinatura facilmente identificável não apenas em termos de performance, mas também de sonoridade. Um cara sempre aberto a experimentações, que gosta de testar diferentes timbres. Ele tem uma concepção orquestral do baixo elétrico.”, elogia.

PROCESSO DE TRABALHO A proposta inicial do trabalho era que fosse uma sequência de Grooves in the Temple. Desde 2008 já era para Grooves in the Eden ter sido lançado, mas Pescara foi morar em Portugal, onde ficou

desde que se renovasse o repertório e regravasse algumas coisas que eu não estava tão satisfeito assim. Como o disco não estava mixado, regravei alguns baixos, algumas outras coisas, e aí sim ficou um disco novo”, determina o baixista. A escolha do repertório foi feita a

Com o Pescara rola sempre uma troca de ideias extremamente salutar. Ele é um baixista com estilo próprio, uma assinatura facilmente identificável não apenas em termos de performance, mas também de sonoridade.

até 2012. Nesse período, o baixista investiu mais no trabalho de touchstyle. “De volta ao brasil, lá pra 2013, me encontrei com o Arnaldo de novo e eventualmente renasceu a ideia de lançar aquele disco. Então eu topei

partir das conversas entre De Souteiro e Pescara. “O repertorio é sempre em comum acordo, porque o Arnaldo é o produtor do disco. Ele não recebe um disco pronto e assina. Ele trabalha no repertório, indica os músicos que

vão tocar, o estúdio... O jeito de trabalhar do Arnaldo, que eu gosto, é que o artista tem a voz mas ele arregimenta a coisa”. O critério na escolha do repertório, de acordo com De Souteiro, foram músicas que Pescara gostava de ouvir e passou a gostar de tocar. “Algumas eu sugeri, como Povo (do Freddie Hubbard), Song For Barry (dos Brecker Brothers) e Smoke On The Water (do Deep Purple). Outras foram idéias dele. Brazilian Rhyme ele já tocava há vários anos nos shows da Ithamara Koorax. Algumas nasceram no estúdio, na hora da gravação, então há uma sensação de espontaneidade muito boa, somada a uma organicidade natural”, detalha o produtor. Já a escolha dos músicos que tocaram ficou mais por conta de Jorge Pescara. “Aí conta tudo: amizade, saber como trabalha, o profissionalismo, como é em termos de ética e se vai deixar uma

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 36 Ezio Filho

energia boa. Tocar bem já é uma obrigação. A escolha do músico parte desses adjetivos e também passa por conhecer a pessoa. Depois tem os aspectos com o Arnaldo. Então tem essa parte toda”, relata Jorge Pescara. Um aspecto importante deste trabalho é o fato de ter sido gravado em estúdios diferentes no decorrer de um tempo longo. “Quando se grava em vários estúdios, o essencial é mixar em apenas um ou no máximo dois. Ter um engenheiro de masterização de alto nível também ajuda muito, e nesse disco tivemos o Ezio Filho, que deu um arremate sensacional à mixagem feita pelo André Sachs”, aponta Souteiro.

algumas vozes. “Povo e Cruisin são um belo exemplo disso. O arranjo que eu fiz para Cruisin fez com que o Paulo Moura pedisse para que eu escrevesse o que virou a música Coquetel (Sachs/ Moura /Michahelles) do disco

MIXAGEM André Sachs gravou boa parte do disco e fez as mixagens, além de também ter escrito arranjo, tocado teclados, guitarras e feito

André Sach

Fruto Maduro. O setup favorito do engenheiro de som inclui o Cakewalk para mixar e trabalhar os arranjos. “Como o trabalho do Pescara vinha de varios estúdios, com diversos musicos, logo que entrei no projeto passei a centralizar as coisas no meu estúdio mixando todas as faixas no Cakewalk. Pra mim ele oferece muito mais recursos do que o ProTools, especialmente quando você lida com arquivos grandes e complexos. A possibilidade de criar pastas de tracks e o sistema de comping dos takes pra mim é o melhor dos mundos. O CD do Pescara tinha vários canais de baixo simultaneamente em cada faixa, o que certamente aumentou a complexidade da mix e me fez adotar métodos não muito ortodoxos pra fazer caber isso tudo”, conta. Durante a gravação ele usou uma interface MOTU Ultralite que foi substituida por uma mesa digital compacta X32 na mixagem. Além da interface a principal mudanca de equipamento durante a gravação e mixagem do CD foram os monitores, que antes


eram os Monitor One e passaram a ser os NS1000, além de duas torres Infinity Kappa 9 de 5 vias. “Elas ajudaram a detalhar as as baixas frequências com detalhe e propiciaram ajustes muito mais precisos de equalização e reverb/ambiência”, detalha Sachs, que ficou muito feliz com o resultado da masterização de Ezio Filho.

MASTERIZAÇÃO Ezio costuma fazer as masterizações em domínio digital com plug-ins rodando via Hardware (DSP externo ao computador). “Na minha experiência, desta forma entrego a mesma consistência de qualidade esperada de um sistema analógico, inclusive podendo simular com muita precisão, tais características de timbre, distorção e comportamento específico de cada equipamento

simulado. Para este disco, fui por esse caminho mais ‘analógico’”, aponta o engenheiro de masterização. No método de trabalho que utiliza, Ezio primeiro avalia a música. Depois, caso haja necessidade, faz um ajuste da imagem

estéreo e da parte mono da mix. “Isto para que fique o mais equilibrado possível. Depois faço ajustes no equilíbrio de frequências e aplico filtros. Eventualmente faço algum Stereo Enhancer para ampliar imagem”, comenta. Depois, o técnico parte para a

Homenagem O álbum não se chamaria Grooves in the Eden originalmente. Mas o falecimento de quarto dos músicos que tocaram no trabalho motivou a homenagem. “Não era pra ser esse o nome, mas foi uma contingência. Com o o falecimento de quatro pessoas que participaram desse disco ao longo desse tempo todo, o Cesar Conti, o Gaudencio Thiago de Mello, o Lauudir de Oliveria e o Glauton Campelo, o Arnaldo propôs essa homenagem”, aponta Pescara. De Souteiro completa dizendo que “quando se grava

com músicos desse nível, há sempre uma homenagem no sentido de reverência à obra deles. Mesmo que todos estejam vivos. No caso deste álbum, alguns infelizmente faleceram antes do disco ser lançado, e não foi porque eram pessoas de idade avançada. Então eu penso: que bom que tínhamos gravado esse material com eles! Ah, e o design, feito pela Renata Puntel, é um tributo ao estilo do genial fotógrafo Pete Turner, responsável pela capa do primeiro disco do Pescara”.

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br 38

compressão, onde procura diminuir a faixa dinâmica sem mexer em transientes e no ataque. “Tem alguns modelos como o Manley VariMu, Shadow Hills, que foi minha escolha para esse trabalho do Pescara, e LA2a entre outros dependendo do resultado que se espera”, enumera. Ezio ainda faz um segundo estágio usando compressão multibanda dos plugins da série Precision Mastering. “Eventualmente, dependendo de estilo, necessidade ou questões estéticas, utilizo equipamentos para adicionar distorção Harmônica ou mudar a característica sono-

ra, como simuladores de fita ou distorcedores valvulados por exemplo. No CD do Pescara eu usei um plugin que simula o Ampex ART201 para ajudar a dar unidade de coloração nas mixagens”, acrescenta. Como último estágio, vem a montagem das faixas, entrefaixas, da curva de volume entre as músicas e a colocação dos dados como nomes das músicas e ISRCs. “Também faço as conversões finais dos áudios e DDP para fábrica entre outros, usando programa de finalização para Master. O IO que uso é o Apogee Rosetta 800”, indica Ezio.

CD OU NÃO CD Quando Arnaldo de Souteiro sugeriu a conclusão do disco, colocou que seria interessante ele ser finalizado na forma física do CD. Pescara concordou. No entanto, ele tem dúvidas se, daqui para frente, o formato físico ainda compensa. “Todo músico quer trabalhar um material novo, mas sabemos as dificuldades. Trabalhamos com os apoios, que são muitos, mas a produção é complexa, e como a vendagem caiu muito, as pessoas não sabem como é importante comprar um disco. Vende pouco, não retorna o dinheiro. Depende do que acontecer daqui para frente”, questiona o músico.

Jorge Pescara teve uma convivência intensa, tanto profissional, como pessoal, com Arthur Maia.

O baixista homenageia Arthur e conta, para a Revista Backstage, um pouco dessa história “Falar de Arthur Maia tem o lado difícil e o lado fácil. O lado difícil é porque o Arthur nos deixou de uma forma tão súbita e inesperada, era uma pessoa tão querida, tão amiga, tão boa gente, que tenho muita dificuldade de falar. Indo para o lado fácil, eu sou paulista, sou de Santo André. Então eu morava ainda lá no ABC e conheci ele quando fui em um show, não lembro se do Cama de Gato, ou do Djavan. No pósshow procurei o Arthur, comecei a conversar e falei que tinha feito uma transcrição de uma música dele. Ele ficou entusiasmado e falou, ‘poxa, uma transcrição. Que legal! A próxima vez que a gente se ver quero ver’. Eu não esqueci disso. Mais tarde, teve um workshop que aconteceu algum tempo depois novamente em são Paulo. Então me encontrei com ele e levei as transcrições. Mostrei e ele ficou bastante animado. ‘Quando for ao Rio passa na minha casa, vamos conversar, vamos tocar isso...’, ele disse. A amizade começou assim, fácil. Eu ia muito ao Rio, porque tenho parentes aqui. depois mudei pra lá por insistência do Arthur, mas nessa época que morava no ABC, estava em formação,

estudando. Eu fui na casa dele em uma dessas vezes que viajei pra lá. Cheguei, mostrei o material, ele puxou um baixo, começamos a tocar, e ele começou a me dar dica, e falou, ‘passa aí amanhã. Volta outra hora’. Eu ainda ia passar uns dias no Rio. Aí voltei lá e fiquei nessa. Ele começou a me dar aulas de um modo informal, mas ele me dava aula, dando todas as dicas, ensinava tudo. E daí teve a ideia de fazer o (livro) Arthur Maia transcriptions, e estreitamos essa convivência. Conheci a família dele, entrevistei o Luizão Maia, tio dele, para a Revista Backstage, vi gravações e shows... Ele me chamava de Pesca. ‘Vou tocar com o Djavan, vamos!’. Com mais convivência, ele fez o que mais sabia fazer: ser uma pessoa esplendida. Foi através dele que fiz um sub pro Ney Matogrosso, subi no palco com Gilberto Gil, fiz uma gravina com Zé Ramalho, fui tocar com o Celso Fonseca, e ele sempre dando as dicas. Posteriormente comecei a dar workshop com ele. Fiz alguns com ele na rede Sesc como professor assistente. O Arthur insistia que eu fosse por causa do conhecimento teórico. Fizemos um duo de baixo, arranjos.... Ele tinha muito isso, esse carinho.

O lado da amizade. Ele prezava a amizade como uma coisa muito importante. Ele fez por mim o que fez com várias pessoas. Fiz muita gig com a Arthur Maia Project Band, e eu ajudei ele a entra nesse mundo do marketing pessoal. Arrumei muito patrocínio pra ele, por ser de SP e escrever em revistas, e o Arthur curtia muito isso, dizia que eu era o produtor, mas eu fazia isso em retribuição ao que ele fazia pela minha carreira. E ele me ensinou muita coisa. Me ensinou mais do que escala, arpegio e improvisação. O Arthur me mostrou a música como ela é, o dia a dia no estúdio, trabalhar com gente de nome, como é show, viagem... Obviamente tem aquela época que fomos nos separando porque fui buscando meu caminho. Estávamos nos reaproximando quando tomei esse baque. Claro que tem o lado musical, mas esse lado humano é o que mais fica. Ele é padrinho da minha filha. O que tenho a agradecer ao Arthur é tudo. São as coisas que levamos para o resto da vida: a marca de amor à vida, amor à musica, amor à amizade. Devo muito a ele, e é isso.”


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FOX SPOT 50 PLUS http://www.gobos.com.br A ideia deste equipamento é oferecer alto desempenho sendo leve, bonito e forte. Ele brilha como um moving com lâmpada de descarga de 575W, graças à nova lâmpada de LED PLUS 50W CW. O equipamento aceita gobos personalizados fabricados em metal ou cristal. O reduzido peso da cabeça, aliado ao mecanismo de reposicionamento automático de pan e tilt, permite movimentos rápidos e precisos. Um único flight case fornecido transporta com segurança quatro movings, mais todos os cabos e acessórios. O equipamento tem 13 canais DMX; pan com auto reposicionamento; pan fino; tilt com auto reposicionamento; tilt fino velocidade de pan / tilt; disco de cores (7+branco); efeitos rainbow; disco de gobos (6+aberto intercambiáveis) / efeito shake; rotação do gobo bidirecional variável; shutter / pulse / random; dimmer linear; 7 programas em memória / som ativo; abertura12°; gobos diâmetro externo 21,8mm e muito mais.

GENIUS 15W http://www.gobos.com.br Este é um moving head pequeno, leve, econômico e prático. Ideal para DJs. A combinação dos gobos com os LEDs RGB cria cores e texturas incríveis, que se tornam tridimensionais com o uso de neblina. Ele tem lâmpada LED RGB de 15W; 5/ 13 canais DMX5; Mix de cores RGB; pan de 540°; tilt de 270°; nove gobos fixos + aberto; funções gobo shake, color Strobo, dimmer, master/slave, modo som ativo e inversão de Pan/Tilt; display inteligente com auto on/off e inversão; equipamento bivolt chaveado em 110 ou 220V / 5060Hz e peso de 3,8 kg.


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A Iluminação Cênica compreende diversas soluções – técnicas, estéticas e conceituais – desenvolvidas para o enaltecimento e valorização de elementos em um conjunto de cenas elaboradas para revelar, impressionar e sensibilizar. Novas tecnologias surgem constantemente, proporcionando equipamentos e dispositivos mais precisos, versáteis e energeticamente eficientes. E nesse contexto, a sustentabilidade cada vez mais aparece como uma questão central: estaria a Iluminação Cênica caminhando nesse sentido? Nessa conversa, as soluções sustentáveis serão confrontadas com os resultados presentes nos palcos, sem buscar respostas definitivas, mas elencando as principais dúvidas e indagações sobre essa intrigante temática.

Figura 1: Iluminação Cênica e interações – técnicas, visuais, comportamentais. Fonte: Smart City Amsterdam (Twitter).

SUSTENTABILIDADE NA

ILUMINAÇÃO CÊNICA:

CONEXÕES E DESAFIOS Cezar Galhart é técnico em eletrônica, produtor de eventos, baixista e professor dos Cursos de Eventos, Design de Interiores e Design Gráfico do Unicuritiba e pesquisador em Iluminação Cênica.

O

desenvolvimento de novas tecnologias e o aprimoramento daquelas atuais acompanham a evolução humana desde sempre. Isso ocorre em todas as áreas de conhecimento e produção, no dia a dia das fábricas e indústrias, nas

relações diárias – pessoais e profissionais. Isso ocorreu com mais intensidade no último século, com acentuada evolução dos equipamentos e ferramentas utilizados na oferta de facilidades e conforto. Mas, ao mesmo tempo, ocorreu


Figura 2: Iluminação Cênica e possibilidades com luminárias/painéis LEDs. Fonte: Fagerhult (website).

uma excessiva exploração dos recursos naturais existentes. No setor de entretenimento, a Iluminação Cênica, na condição de um componente essencial integrante do “produto” espetáculo, tem sido significativamente impactada por diversas tecnologias relacionadas aos equipamentos, dispositivos e periféricos (incluindo todos os elementos de estrutura e infraestrutura) e mesmo interações e comportamento dos públicos participantes. Diversos são os benefícios percebidos por essas evoluções. Materiais mais resistentes, e consequentemente mais duradouros, permitem que os investimentos nesses equipamentos tenham retorno em prazos mais atrativos. Os dispositivos de iluminação passaram de lâmpa-

das de filamento (ou mesmo lâmpadas de descarga) para os LEDs, que dispensam mais apresentações e ainda estão em estágio de aperfeiçoamento e transformação. Outras vantagens ainda estão significativamente associadas ao consumo de energia elétrica necessária à obtenção dos resultados esperados. De fato, a eficiência energética atribuída às soluções com LEDs permite a redução de aproximadamente noventa por cento do consumo de energia elétrica se comparados com outras fontes de iluminação artificial. Entretanto, surge uma constatação inicial também associada ao uso dos LEDs na iluminação artificial (em geral). Ao mesmo tempo em que essas novas tecnologias permitiram ganhos significativos

– tanto na estética da luz quanto, e principalmente, às questões energéticas – a substituição das lâmpadas convencionais pelas similares com LEDs também representava mais versatilidade e mais complexas e completas possibilidades com a utilização de automação e dimerização, além de substancial redução da emissão do infravermelho – e consequentemente, no aquecimento resultante - o que, para os espetáculos, foi revolucionário. Ao mesmo tempo em que essas possibilidades também conferem ao uso do LED uma otimização sem similares na História da Iluminação Cênica, esse mesmo upgrade não representou uma simplificação ou redução quantitativa, esperada e projetada a partir dessa revolução tecnológica.

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Figura 3: Iluminação Cênica e multiplicidade. Fonte: Solar Feeds (Twitter).

Entra em cena (literalmente) o intitulado efeito bumerangue, responsável por descrever as consequências decorrentes das evoluções tecnológicas. Se esse aperfeiçoamento tecnológico confere um incremento perceptível na eficiência obtida a partir da utilização de um determinado recurso mais desenvolvido em relação a uma tecnologia anterior, nessa condição torna-se maior a probabilidade de incremento da demanda desse recur-

– comparativamente analisada pela substituição de lâmpadas incandescentes por LEDs – apresenta uma redução imponente no consumo de energia elétrica, a multiplicação na demanda desses instrumentos mais contemporâneos não representou um passo tão representativo e espaçado na busca de soluções completamente sustentáveis. Para analisar a sustentabilidade – aqui definida como um conjunto de

Na prática, os palcos nunca estiveram tão iluminados com LEDs na atualidade quanto em relação ao período histórico marcado pela utilização quase que exclusiva de lâmpadas halógenas. so ou produto específico. Na prática, os palcos nunca estiveram tão iluminados com LEDs na atualidade quanto em relação ao período histórico marcado pela utilização quase que exclusiva de lâmpadas halógenas para os mesmos (ou similares) instrumentos de Iluminação Cênica. Se isoladamente cada luminária

ideias, estratégias e ações dimensionadas para a busca de soluções e alternativas no uso dos recursos naturais, a partir de práticas alinhadas aos mais efetivos resultados ecológicos, econômicos, sociais e culturais – deveriam ser levados em conta diversos aspectos que envolvem os eventos – shows ou festivais –, e que compreendem os ma-


Figura 4: Iluminação Cênica e sustentabilidade (Sidney Opera House). Fonte: Eco Business/Anna Kucera

teriais e formas de divulgação; alimentos, bebidas e objetos consumidos nos eventos; estrutura e infraestrutura; entre outros elementos que geram resíduos, minimizando os impactos ambientais. Especificamente em relação à Iluminação Cênica, dois aspectos deverão ser considerados: consumo energético e transporte. A eficiência luminosa (que é a relação entre o fluxo luminoso ou ‘energia lu-

há conclusões definitivas sobre o tema, mesmo que os estudos avancem em prognósticos cada vez mais naturais e efetivos. Outro tema relevante quanto ao uso das lâmpadas LEDs está associada à logística reversa – ou seja, destinação final dos produtos descartados, pela articulação entre fabricantes, importadores, distribuidores, varejistas e consumidores. As tecnologias de ma-

A eficiência luminosa demonstra a melhor condição de iluminação com mais baixo consumo. Nesse aspecto, os LEDs são de fato os dispositivos que apresentam os melhores desempenhos. minosa’ resultante das fontes luminosas, medido em Lumens, e a potência consumida por esta fonte, em Watts) demonstra a melhor condição de iluminação com mais baixo consumo. Nesse aspecto, os LEDs são de fato os dispositivos que apresentam os melhores desempenhos no mercado, considerados os resultados físicos. Para a estética da luz, no entanto, não

teriais empregados na produção desses dispositivos (e lâmpadas) LEDs permitem a reciclagem quase que total dos elementos empregados na confecção – entretanto, cabe ressalva pela presença de componentes tóxicos e contaminantes. A própria Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010) cita no artigo 31 os sistemas de

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Figura 5: Iluminação Cênica e sustentabilidade (turnê ‘In Rainbows’ – 2008-2009 - da banda britânica Radiohead). Fonte: Eco Business/Anna Kucera (website).

logística reversa para lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista (incisivo V). Não há menção às lâmpadas LEDs, especificamente; no entanto, a vinculação desses dispositivos a “produtos eletroeletrônicos e seus componentes” (inciso VI) ganha respaldo também em consonância pelas recomendações da Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux). Se a iluminação com LEDs apresenta vantagens e pontos positivos do mais amplos e diversificados, além das observações acima destacadas, uma das principais preocupações não está totalmente relacionada apenas aos instrumentos de Iluminação Cênica. As emissões de dióxido de carbono (CO2) se tornam relevantes e tema central e recorrente na lista dos mais impactantes agentes de degradação e impactos ambientais, quando associado à ‘indústria’ de

shows e entretenimento. Uma vez que esse setor produtivo envolve diversas conexões comerciais e vinculadas à prestação de serviços, a mobilidade de pessoas e insumos se torna significativa no resultado final. Assim, o dimensionamento do dióxido de carbono emitido pode ser mensurado em projeções, considerando desde o deslocamento de artistas e públicos, transporte de equipamentos e outros elementos integrantes das estruturas e infraestruturas, serviços complementares e outros consumos diretos – tais como geradores de energia elétrica. Tais medidas tendem a oferecer diagnósticos que possibilitem a busca de modos operacionais de redução nas emissões de dióxido de carbono, e até mesmo “créditos de compensação”, por meio de ações preventivas ou posteriores implementadas por organizações ou empresas especializadas, de maneira a suprir a natureza com planos de

manejo para planejar ações em uma determinada área potencialmente impactada, em contrapartida aos danos dimensionados. Em um momento histórico nos quais os impactos ambientais têm sido constantemente abordados por diversos motivos, cabe também à Iluminação Cênica o seu papel de protagonista na busca de equilíbrio, mediante desafios a serem analisados, avaliados e superados, como também a eficiência, técnica, econômica e conceitual, proporcionando bem-estar e atratividade – além de sensações e emoções únicas. Poderia ser isso também realizado a partir de inciativas sustentáveis? Abraços e até a próxima conversa!

Para saber mais redacao@backstage.com.br


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PENSANDO

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ALEATORIAMENTE EM MÚSICA...

Foto: George's Studio

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xistem várias espécies de compositores. Há, por exemplo, aqueles que teoricamente são os mais “completos”, os “cantautores” - termo originariamente hispânico que define com clareza quem canta e compõe, faz letra ou música, ou ambos, e as interpreta. Alguns desses não são propriamente cantores no sentido técnico da palavra, mas sim intérpretes, que sem o estudo ou a garganta dos verdadeiramente cantores, trocam a técnica pelo carisma, ou pelo charme, ou ainda por uma emissão particularmente agradável aos ouvidos. Como a poesia ou a melodia, ou ambas, saem de

de um parceiro, de uma letra, de uma poesia. Desses, uns preferem ir ao encontro da letra e outros escolhem serem encontrados por ela, ou seja, o letrista chega com o trabalho pronto e o melodista viaja no assunto. E eles, letristas, são poetas. No mais das vezes não se preocupam com métrica musical e essas coisas, exceto aqueles que trilham o caminho mais difícil, encaixando poesia em divisões aleatórias apresentadas pela melodia proposta. Enfim, se pensarmos em combinações matemáticas de parcerias de todos os tipos e gêneros – o letrista, o melodista, o que joga nas onze, canta e compõe, mal chegaremos a compreender de longe essa deliciosa balbúrdia que é a arte de compor, cantar e tocar. E todo esse preâmbulo me serviu para dissecar essa profissão que é resumida em documentos legais como “das artes”, ou mais levianamente “autônomo”. Sou das artes. E “em artes” posso chamar-me simplesmente “Sá” ou “Luiz Carlos Sá”. Não é de admirar que o moleque “peralta” fosse também o “arteiro”: mesmo o artista melhor sucedido, a bordo de seus carrões ou aviões particulares, continua até hoje sendo olhado com uma desconfiança toda particular, diversa daquela admiração povoada de ohs! e ahs! reservada para os executivos em patamar semelhante. Vou então falar aqui dos efeitos e defeitos da profissão.

Se pensarmos em combinações matemáticas de parcerias de todos os tipos e gêneros – o letrista, o melodista, o que joga nas onze, canta e compõe, mal chegaremos a compreender de longe essa deliciosa balbúrdia que é a arte de compor, cantar e tocar. sua cabeça e do seu coração, alguns desses – digamos assim – menestréis, conquistam sem maiores problemas um grande número de fãs, que se apaixonam pelas características do seu eleito. Já os melodistas precisam

Começando pelas origens musicais da minha geração, dos anos 70. A grande maioria de nós vinha do violão, dos acordes finais da bossa nova, do começo da influência de Beatles & cia, das guitarras e dos instrumen-


LUIZCARLOSSA@UOL.COM.BR | LUIZCARLOSSA.BLOGSPOT.COM tos eletrônicos não mais vistos como “inimigos da brasilidade”, mas sim como aliados para uma renovação de nossas raízes. Éramos autodidatas a princípio e só alguns de nós estudaram música a fundo, ficando íntimos de claves, mínimas, semínimas, compassos compostos, dissonâncias, etc.. Muitos deles – como Zé Rodrix, Maurício Maestro, Nelson Ângelo, Wagner Tiso, David Tygel e outros que – como dizemos – “metem a caneta” - tornaram-se brilhantes arranjadores, bebendo na fonte dos talentos que os antecederam, como Gaya, Luiz Eça, Carlos Monteiro de Souza, Radamés Gnatalli, Guerra Peixe, Oscar Castro Neves, Rogério Duprat e dezenas de maestros de estúdio que comandavam as orquestras em nossos discos. Num tempo em que as gravadoras prosperavam e a utilização de grandes orquestras era comum não só nos estúdios como também nos programas de TV, a vida de arranjadores e músicos competentes era um mar de rosas. Atenção: isso não implica em nenhuma nostalgia barata de minha parte, é só uma constatação, até porque a fascinação pelas orquestras de verdade é facilmente detectável no público jovem, que – acredito eu – torna-se mais exigente à medida em que a mídia insiste em jogar lixo barato em seus ouvidos. A compre-

ensão de que estamos sendo manipulados cresce dia a dia. Ninguém mais é ingênuo. Todos podemos escolher nossa própria mediocridade. Ou desprezá-la e partir para novas aventuras. A impressionante escalada geométrica da tecnologia aplicada às artes atirou-nos a todos a uma terra ainda pouco explorada. Manter-se a par das novas técnicas, das miríades de novas possibilidades artísticas já é por si só um trabalho gigantesco, que antecede a criação propriamente dita: antes de fazer, você já tem que saber onde aquilo vai terminar e de que maneira você vai chegar lá. E o cuidado para não deixar que a elaboração minuciosa desmanche a autenticidade do seu trabalho é coisa de louco. No sentido literal da palavra. Mas é esse tipo de desafio que nos mantém vivos. A cada dia ficamos mais livres e desamarrados daquele monte de cabos e fios, mais capazes de fazer da tecnologia a bordo de zapps e bluetooths uma preciosa aliada, singrando com destreza as perigosas águas dos Melodynes e Protools, fazendo com que uma certeza seja indelével: a competência criativa ainda reina soberana. A mediocridade pode enriquecer, mas o sonho empurra a Humanidade a outros planetas e paragens. E a agora amiga tecnologia abre para nós novas fronteiras da Criação.

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