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GABISOM E O CARNAVAL 2023

A volta das atividades carnavalescas do desfile já havia acontecido ano passado, mas o carnaval em abril tirou a festa de sua atmosfera plena.

Em 2023, tudo voltou a acontecer como era antes: os blocos pela cidade e o agito da maioropera itinerante do mundo trazendo os olhos – e os ouvidos –de todos para o sambódromo. É a magia acontecendo mais um ano. E, no carnaval, magia, conhecimento e técnica são quase a mesma coisa.

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Dia A Dia E Experi Ncia

Valtinho, responsável pelos delays na Avenida, lembra bem da sensação na primeira vez operou o delay das 36 torres de som do sambódromo: “Medo. O que lembro do primeiro ano é medo... Os testes que eu fazia não davam certo. Quando eu cheguei, recebi um papel e me falaram:

‘isso aqui é a distância de uma torre para a outra e você vai fazer o delay’. Então você vai procurar velocidade do som, fazer tabela de excel, trabalhar em três computadores... Era o dia inteiro para entender aquilo. Fiz os testes no depósito, mas quando cheguei na Avenida minha opinião mudou. Por quê? A formação do Sambódromo era bem diferente”, relembra. O fato é que um projeto é importante, mas a lida do dia a dia e a experiência é que dão o “molho” certo que faz um trabalho funcionar. “No depósito os testes funcionavam, mas na avenida davam errado, porque no galpão eu escutava o delay direto das caixas, sem uma fonte sonora jogando som contra elas (como acontecia no Sambódromo). E tinha também a temperatura do rio de janeiro. Além disso, os caminhões tinham uma corneta que, quando entrava na torre 1, na 36 já se escutava, e como resolvia essa equação? Hoje não tem essa corneta forte, mas o som acústico da bateria vai 80, 100 metros adiante. Na primeira vez que fiz o delay já era um sistema digital, com a Yamaha PM1D”. Mas a experiência proporciona o acerto e o profissional começa, então, a perceber as pequenas diferenças do dia a dia. “Depois do terceiro ano já começamos a observar o comportamento das escolas na avenida. Tem umas que são um reloginho, outras que correm... E uma coisa que a Liesa (liga Independente das Escolas de Samba, responsável pela realização do desfile do Grupo

Especial) sempre pediu é que não houvesse um som alto na Avenida porque, quando a bateria da escola de samba escola de samba passa por você, já é um absurdo de SPL, aquilo arrepia. Aí dá o impacto e, depois que a escola passa, volta ao normal para não ficar um SPL irritante. Depois que você trabalha todo ano, vai ouvindo a impressão das pessoas que trabalham no carnaval. O Framklim Garrido (responsável pela interface com a Liesa nos primeiros anos), no começo, deu muitas dicas, o Luiz Carlos T. Reis (hoje em dia um dos que faz a mixagem do som do carnaval com Marcelo Saboia), quando foi jurado, deu várias dicas também. Aí você vai procurando acertar”. Em quase todos os mais de 20 anos de Sambódromo, Valtinho operou alguns modelos de mesas digitais da Yamaha. “No 16º ano foi a Rivage que estava acabando de sair, eu fui a quinta pessoa a usar no mundo. Depois foram dois anos com SSL e voltamos à Rivage”.

Trabalho Complexo Em Equipe

Valtinho é parte de uma equipe de aproximadamente 150 pessoas. Destes, 40 são técnicos, além dos microfonistas e assistentes gerais. “Os trabalhos iniciam no meio de Janeiro, quando começa a instalação da infra-estrutura de cabos para as torres. O pessoal da Gabisom é polivalente e, durante a montagem, todos estão aptos a fazer tudo. Temos equipes que cuidam da passagem de cabos de caixas, cabos de sinal, fibras e cabos de antena. Temos equipes dedicadas a montar e alinhar os três carros de som. Temos equipes dedicadas a montar e configurar as centrais, equipes dedicadas a montar e configurar o RF e outras dedicadas a montar a distribuição de sinal e as centrais de racks de amplificação. Temos também equipes dedicadas a montar e angular as caixas nas torres. Na hora do desfile, cada um desses profissionais está apto a exercer funções diversas de acordo com a necessidade”, detalha Peter Racy, da Gabisom. Ainda que os sistemas operem de forma totalmente digital, com conversões apenas após os microfones e na saída da amplificação para as caixas, há sistemas analógicos em stand by. “Mantemos instaladoum sistema analógico de tráfego de sinal. Os amplifi- comutados manualmente pelos operadores (quando precisam ser usados)”, indica Racy.

Por Onde Anda O Sinal

Junto aos caminhões de som, caminham a voz e as harmonias, além das baterias. São mandados para os contêineres grupos de voz - com oitoinérpretes, entre cadores são programados para comutarem automaticamente para a entrada analógica quando o sinal digital não for detectado. Já os demais sistemastem que ser principais e auxiliares - harmonia e bateria recebidas em uma Yamaha Rivage por Marcos Possato, e mandados para a mesa de mixagem e para a TV. Quatro canais são separados para cavaquinho, violão e mais o que a escola trouxer, e 12 canais para bateria, totalizando 24 canais por carro. O sinal sai tanto por meio de RF como pelos cabos de backup, que são fibra ótica e multicabo analógico. Na captação, são usados 24 microfones dos modelos Sennheiser E-904 e MD 421, kits dos Audix D6, D4 e D2 e os Shure VP88 e SM57 para captar os cerca de 300 ritmistas da bateria. Além dos over, são usados alguns individuais nos melhores músicos. Osover são colocados em varas distribuidos em pares, carregados por técnicos, por cada naipe de instrumentos como surdo, caixa, repique e cuíca, acompanhando o movimento da bateria. Nos três carros de som e na Ave- obra” coloca Peter Racy.Os modelos de equipamentos usados na sonorização foram L-Acous- nida são usadas cerca de 300 caixas nos 700 metros da Marquês de Sapucaí desde a Avenida presidente Vargas até a praça da Apoteose. “Cada caixa tem seu cabo, processador e amplificador e sinal. Por aí, é possível se ter uma noção da dimensão da tics K1 para arquibancadas, K2 para a pista, Kara para as frisas e Norton LS8 na Praça da Apoteose, Presidente Vargas e recuos.

Nos três carros de som e na Avenida são usadas cerca de 300 caixas nos 700 metros da Marquês de Sapucaí desde a Avenida presidente Vargas até a praça da Apoteose.

O RF

Uma parte fundamental dos desfiles atuais é o RF, supervi- sionado por Giovane Celico Paes. “Como durante os desfiles, o espectro de RF fica cada vez mais congestionado, (polícias, bombeiros, e todos os demais serviços) é passível de ocorrer alguma interferência de RF ou algum problema de transmissão. Quando isso acontece, até que o problema seja sanado, continuamos com a fibra que roda sempre em stand-by. A comutação de um sistema para o outro é imperceptível”, conta Peter Racy. Sobre o trabalho no decorrer dos mais de 20 anos em que atua na Avenida, Peter afirma que as mudanças aconteceram bem aos poucos. ‘Não creio ter havido um único ano em que tenha havido uma mudança fundamental, radical. Efetivamente, o que temos hoje, é uma somatória de todas as melhorias que acumulamos ao longo das 22 edições. O que ocorre são que as mudanças são acumulativas. A cada ano implementamos alguns upgrades ao sistema. Algumas mudanças afetam diretamente a sonoridade final, enquanto outras afetam a robustez e segurança dos sistemas, enquanto outras permitem maior praticidade, controle e eficiência do trabalho”, finaliza. Os desfiles aconteceram no domingo, dia 19 de fevereiro, e segunda, dia 20. A Imperatriz Leopoldinense foi a campeã. As outras escolas que participaram do Desfile das Campeãs, dia 25 de fevereiro, foram Viradouro, Vila Isabel, Beija Flor, Mangueira e Grande Rio.

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