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S a ú d e B u s i n e ss S c h o o l Os melhores conceitos e práticas de g e s t ã o , a p l i c a d o s a o s e u h o s p i ta l
Módulo 11
Mobilidade nos hospitais 35
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saúde business school
Introdução Depois do sucesso dos primeiros saúde business school continuamos com o projeto. Este ano, falaremos sobre TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO EM SAÚDE Na busca por auxiliar as instituições hospitalares em sua gestão, trouxemos no terceiro
na organização de seus departamentos de TI e na interação da
ano do projeto Saúde Business School
área com os stakeholders.
o tema Tecnologia da Informação em
Em cada edição da revista FH, traremos um capítulo sobre o
Saúde. Ainda que exista literatura sobre
tema, escrito em parceria com médicos, professores, consultores
o tema, a nossa função aqui é construir
e instituições de ensino, no intuito de reunir o melhor conteúdo
um manual prático para a geração de um
para você.
ambiente de tecnologia hospitalar mais
Os capítulos, também estarão disponíveis para serem baixados
seguro, que auxilie e oriente as equipes
em nosso site: www.saudeweb.com.br
O projeto envolve os seguintes temas: Módulo 1 - Infraestrutura de TI nos hospitais Módulo 2 - O papel do CIO Módulo 3 - Governança de TI nos hospitais Módulo 4 - ERPs Módulo 5 - Segurança dos dados Módulo 6 - Terceirização de TI em hospitais Módulo7 - Prontuário eletrônico Módulo 8 - A integração entre engenharia clínica e TI Módulo 9 - RIS/PACS Módulo 10 - Gestão dos indicadores Módulo 11 - Mobilidade nos hospitais Módulo 12 - Cloud Computing
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Mobilidade: a outra parte da relação médico-paciente Por Gustavo de Martini
Introdução 1.1. Visão Geral Esta é uma introdução à mobilidade em Saúde. Por ser um assunto amplo, serão destacadas as principais aplicações, benefícios e riscos na adoção deste tipo de tecnologia. A mobilidade em Saúde ou M-Health, como é chamado em inglês, é a prática da Medicina ou da Saúde Pública com a utilização das telecomunicações, da utilização de dispositivos móveis tais como smartphones (celulares inteligentes), PDA (Assistente Digital Pessoal), tablets, notebooks ou netbooks ou, mais especificamente, coletores de dados e monitores. Desta forma, a mobilidade implica em uma plataforma tecnológica rápida, robusta e confiável para transmissão de dados, imagens e voz, com o objetivo de dar resposta aos desafios da saúde, tais como acessibilidade, qualidade, velocidade e otimização de custos. Quando começou a ser discutida de forma mais estruturada no início da década passada, o conceito de mobilidade na Saúde estava focado na telemedicina, que buscava aproveitar o avanço nas telecomunicações com o objetivo de comunicar médicos e pacientes separados fisicamente. Esta plataforma poderia apoiar desde o diagnóstico até uma intervenção cirúrgica, passando pelo tratamento e acompanhamento do paciente, porém, com o rápido avanço das diversas tecnologias, este conceito se expandiu para o uso de qualquer recurso tecnologia móvel que possa apoiar a Saúde. Nunca é demais lembrar que o objetivo principal de qualquer iniciativa no setor da Saúde é a melhoria do acesso e da qualidade dos serviços e, no caso de mobilidade não é diferente. Graças à enorme dimensão dos serviços de Saúde, desde a prevenção até o tratamento de pacientes crônicos, diversas soluções tecnológicas para mobilidade vêm surgindo como resposta.
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Por exemplo, o uso de smartphones (celulares inteligentes) por equipes de Atenção Primária para oferecer serviços a comunidades, leva a atenção continuada à Saúde diretamente aonde as pessoas vivem e facilita o acesso ao sistema de Saúde, além de possibilitar a manutenção das informações dos cidadãos. A mobilidade complementa a relação médico-paciente, otimizando-a em diversos casos, mas jamais em detrimento da qualidade do atendimento. Além disso, possibilita uma maior proximidade do sistema de saúde com os cidadãos. Este é um dos casos que evidencia como, com telefones celulares, a saúde móvel encontra uma plataforma viável. No caso do Brasil, o enorme crescimento do número de linhas de celulares vendidas representa uma boa oportunidade, conforme podemos ver ao lado:
Evolução Anual do Número de Terminais Celulares
300.000.000 250.000.000 200.000.000 150.000.000 100.000.000 50.000.000
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Além disso, a evolução dos celulares, enquanto dispositivos inteligentes significa um potencial significativo de desenvolvimento de soluções mais rápidas, seguras e amigáveis o que se traduz em curvas mais aceleradas também na entrega e efetiva utilização de novas aplicações móveis na Saúde. Por outro lado, é justamente graças à ampla oferta de plataformas de desenvolvimento e comunicação que a padronização se torna um grande desafio, principalmente, se levando em consideração a necessidade de integração dos sistemas de informação “legados”. 1.2. Elementos impulsionadores Como falado anteriormente, um dos elementos impulsionadores da mHealth ou Mobilidade na Saúde é a disponibilidade da tecnologia, condição esta necessária, mas não suficiente. Outro fator é a própria factibilidade de uso, ou seja, a real aplicação da tecnologia, desde a dimensão funcional até a cultural, passando pelo custo da implantação da solução. Esta é uma questão também fundamental pois, se a tecnologia envolvida representar um custo superior às soluções atuais ou alternativas, o investimento se torna inviável. Em outras palavras, a conhecida relação custo-benefício é linha de corte na adoção de novas tecnologias, além de outros aspectos, como um baixo resultado funcional que diminui o impacto e consequente relevância desta iniciativa. E vale lembrar que, enquanto o setor privado busca mais eficiência, o setor público tem o desafio de melhorar a acessibilidade e a qualidade dos serviços. Portanto, o mais importante elemento impulsionador da mobilidade é a necessidade, ou seja, a real possibilidade da aplicação da tecnologia na viabilização ou melhoria nos diversos campos da Saúde. Tendo em vista esta perspectiva, podemos destacar três grandes áreas da Saúde que apresentam grandes benefícios tangíveis e intangíveis na utilização da mHealth no Brasil: • Telemedicina • Monitoramento de pacientes crônicos • Cuidado dos pacientes em ambiente extra-hospitalar ( ou Home Care)
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1.3. Ecossistema O ecossistema da mobilidade da Saúde ou mHealth sobrepõe três distintas dimensões; tecnologia, saúde e finanças, conforme a figura 1: Englobando estas dimensões, está a influência governamental que, através das leis, políticas, estratégias e regulação afetam e interferem diretamente na adoção e utilização da mobilidade. Por se tratar de um assunto relativamente novo, é fundamental uma visão ampla e que ao mesmo tempo contemple os diferentes envolvidos e seus papéis pois qualquer que seja a iniciativa de implantação de soluções de mobilidade, é fundamental que sejam avaliadas todas as dimensões, suas influências e impactos. Ao mesmo tempo, este ecossistema evidencia a necessidade da avaliação da mobilidade sempre contextualizada no Brasil, para que as experiências existentes em outros países possam ser corretamente compreendidas e inteligentemente aproveitadas. Por exemplo, na dimensão “Tecnologia”, podemos destacar que apesar da disponibilidade de tecnologias de transmissão de dados mais rápidas e baratas, o fator confiabilidade é ainda uma grande preocupação pois a estabilidade e qualidade dos serviços varia muito entre os serviços oferecidos no mercado. Na dimensão “Saúde”, a necessidade de adequar as soluções e treinar as equipes assistenciais são chave para o sucesso da implantação de aplicações mHealth. Nesta mesma dimensão, a mobilidade pode oferecer soluções de alto impacto para a cadeia de suprimentos de materiais e medicamentos. Já a dimensão financeira contempla os atores responsáveis pelo funding (financiamento) dos projetos de mobilidade. Por esta razão, a viabilidade econômico-financeira mencionada anteriormente e os modelos de financiamento destes investimentos são determinantes no processo de amadurecimento da mHealth no Brasil. Portanto, as fontes de investimento podem ser um desafio, já que as tecnologias novas ainda têm preços altos, o que dificulta os estudos de viabilidade em termos de prazo de retorno dos investimentos e outros indicadores, tais como taxa interna de retorno e valor presente líquido. No âmbito governamental, o Sistema de Saúde no Brasil tem particularidades muito importantes, o que também se torna fator condicionante da mHealth. Neste quesito, vale lembrar dos mecanismos de compras
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públicas que podem ser um grande desafio em investimentos em novas tecnologias e, principalmente, frente às exigências de uma boa prestação de serviços de saúde, versus sistemas de compra que privilegiam o preço em detrimento dos requerimentos técnicos.
2. principaiS aplicaçÕeS são inúmeras as áreas da saúde que podem ser beneficiadas pela mobilidade, porém focaremos neste trabalho a telemedicina, o monitoramento de pacientes crônicos e o cuidado dos pacientes em ambiente extra-hospitalar. 2.1. telemedicina telemedicina consiste na prestação de cuidados de saúde à distância por meio da troca de dados, voz e imagem pela infraestrutura de telecomunicações desde consultas e diagnósticos até o tratamento dos pacientes. a telemedicina tem muitas variantes e tem sido chave enquanto resposta à necessidade de prestação de melhor serviço de saúde, principalmente em países em desenvolvimento, que tem uma baixa razão médicos/população, por vezes agravada pelas distâncias e dificuldades de transporte. este quadro é ainda mais delicado quando associamos o envelhecimento da população, que demanda um atendimento de maior qualidade e com menor custo, além de ter maior dificuldade de locomoção. além disso, a telemedicina ainda pode promover a descentralização dos serviços de saúde, permitindo que determinados procedimentos de média complexidade possam ser realizados em unidades básicas de saúde que estão mais próximas da população, além de expandir a atuação dos profissionais de saúde, com custo mais baixo e sem prejuízo do tempo de deslocamento das equipes ou pacientes.
FIGURA 1
Governamental legisladores reguladores sistema Jurídico ministérios
Saúde sistema de saúde profissionais da saúde cadeias de suprimentos pacientes
aplicaçÕeS de mhealth
financiamento da Saúde preStação de ServiçoS mhealth
tecnoloGia desenvolvedores de softwares Operadoras de telefonia móvel Fabricantes de dispositivos móveis
financeira Bancos companhias de seguros investidores privados Filantropos doadores usúarios individuais e titulares
Fonte: Qiang et al. 2012 (adaptado para o português)
podemos citar alguns exemplos de aplicação de telemedicina: • Centrais de diagnóstico, onde especialistas analisam exames provenientes de diversas localidades diferentes e envia os laudos eletronicamente via internet; • Médicos podem avaliar seus pacientes, mesmo estando fora do país, analisando resultados de exames, observando sinais vitais e até em contato com o paciente e a equipe local 2.2. mOnitOramentO de pacientes crônicOs a mobilidade permite que doenças crônicas tais como cardíacas, pulmonares e diabetes possam ser monitoradas na casa do paciente com dispositivos que transmitem e recebem dados via rede celular. informações como pressão, batimentos cardíacos e oxigenação do sangue podem ser medidas em horários específicos e alertar imediatamente a equipe médica em caso de alterações. Outro exemplo é a utilização do serviço de mensagens (sms), que lembra o paciente de tomar o medicamento em determinados horários. além do evidente ganho na qualidade de vida do paciente, esta aplicação diminuir sensivelmente a taxa de internação dos portadores de doenças crônicas. este tipo de aplicação de mobilidade na saúde se viabiliza, inclusive, em termos de custo de transporte, principalmente em área rurais ou de difícil acesso, como a telemedicina, muito comum em países em desenvolvimento. 2.3. cuidadO dOs pacientes em amBiente extra-hOspitalar as soluções de mobilidade, na forma de comunicação, telemedicina e monitoramento, facilitam o tratamento dos pacientes sem a necessidade de que se desloquem até os hospitais ou mesmo tenham que ser tratados em leitos hospitalares. Quando observamos a disponibilidade e custo dos leitos e a dificuldade de escala para atender à crescente demanda da população, soluções como o cuidado domiciliar ou home-care têm evidente benefício e viabilidade econômico-financeira. sistemas inteligentes podem ajudar os pacientes a entender e acompanhar seus tratamentos, além de trazer informações relevantes e forma simples e amigável, aproximando-os do sistema de saúde e favorecendo a prevenção de doenças por meio da conscientização e educação da população. algumas aplicações podem, ainda, instruir as equipes de saúde quanto à prescrição de determinados medicamentos, bem como sua administração e dispensa, além de alertas de reações adversas. alguns casos de sucesso já são registrados na áfrica, por exemplo.
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Além disso, em casos de visitas, os médicos podem acessar os dados dos pacientes através de smartphones ou tablets. Novamente, o fator de envelhecimento da população se torna um forte impulsionador destas aplicações, pois a crescente demanda pode não encontrar resposta no sistema atual.
3. Desafios e riscos
3.1. Integração dos sistemas Nenhuma solução tecnológica pode ser avaliada isoladamente. Isso significa que as aplicações de mobilidade em saúde devem ser planejadas sempre de maneira integrada com os diversos sistemas de informação em uso ou a serem implantados. Por exemplo, o coração de um sistema de informações de saúde é o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) que consiste em todas as informações sejam cadastrais ou administrativas, até dados clínicos que serão essenciais no cuidado deste paciente. E para que esta integração ocorra é condição necessária que esta informação seja padronizada, ou seja, tanto o formato como o conteúdo dos dados a serem compartilhados devem obedecer um modelo comum. Neste sentido, este já é um grande desafio, pois o mercado apresenta diversos modelos de PEP, o que representa um entrave para o processo de integração e os casos de desenvolvimento de soluções isoladas se mostram caros, pouco efetivos ou até inviáveis a longo prazo. Os protocolos de intercâmbio de informação (Webservices, por exemplo) também devem ser cuidadosamente escolhidos, tendo em vista as aplicações atuais utilizadas e as novas tendências de plataforma tais como Cloud Computing. 3.2. Cultura dos profissionais Em todos os casos de implantação de novas tecnologias, o maior desafio é o fato humano. A natural resistência à mudança, o conservadorismo de alguns profissionais, a falta de conhecimento e até o medo da tecnologia são obstáculos que podem por a perder até o mais importante projeto. Portanto, é fundamental informar, treinar e, principalmente, envolver os profissionais da saúde nos projetos de mobilidade. Além do conhecimento prático, estes profissionais conhecem os riscos e são os detentores da relação com o paciente, portanto, seu valor agregado é inegável. Um dos caminhos mais eficazes é a criação de equipes multidisciplinares que se responsabilizam pelo projeto, desde sua concepção até sua efetiva implantação, inclusive entre os prestadores de serviço público e privado para que se consolide uma base sólida para a mobilidade. 3.3. Infraestrutura e tecnologia Conforme mencionado anteriormente, apesar da oferta de serviços de comunicação de dados e acesso à Internet, a qualidade deste serviço pode ser um grande fator de risco em qualquer projeto na Saúde. Basta imaginar um monitor que não consiga enviar um alerta à equipe médica remota ou a indisponibilidade do prontuário de um paciente durante uma emergência e já temos uma ideia da dimensão deste risco. Portanto, desde a escolha do software, sistemas de informação, equipamentos até o serviço de comunicação, todo o cuidado e rigor técnico é pouco. Uma ferramenta muito útil são os SLA (Service Level Agreement ou Contrato de Nível de Serviço) que define a qualidade esperada dos serviços em termos de disponibilidade e funcionamento. Da mesma maneira que o cuidado com a integração é tomado no nível dos sistemas de informação, este fator é chave na infraestrutura lembrando que a fragmentação do projeto pode levar à duplicação dos investimentos e a grandes problemas de interoperabilidade.
Outro fator de risco que deve ser cuidadosamente gerenciado é a segurança da informação, tanto na transmissão como no gerenciamento e armazenamento do dado, passando pelos sistemas de informação. 3.4. Viabilidade econômico-financeira Conforme citado anteriormente, os investimentos em qualquer nova tecnologia implicam na sua viabilidade financeira. Este fato se contrapõe diretamente à maturidade das soluções e o ganho de escala em sua adoção, que se desdobram na redução do custo da tecnologia, o que impacta diretamente em algo novo como as soluções de mHealth. Por outro lado, existem ganhos que transcendem a dimensão financeira, e a mobilidade traz esta oportunidade ao se configurar como uma solução capaz de salvar ou melhorar a qualidade de vida das pessoas. E a boa notícia é que já existem diversas implantações com sucesso em todo mundo, mais notoriamente em países em desenvolvimento, com ganhos evidentes e mensuráveis. O Brasil não é exceção e, além de projetos já implantados, existem várias soluções desenvolvidas no país em fase bastante avançada. 3.5. Legislação É indiscutível a necessidade de uma legislação que oriente a incorporação de soluções de mobilidade com muita rapidez, principalmente no que tange à integração com o sistemas públicos. O grande risco é que fornecedores desenvolvam soluções e sejam feitos investimentos em tecnologias que possam não estar aderentes à futura legislação, o que se traduz em perdas financeiras e operacionais. E, se este cenário se confirmar, o próprio paciente será o maior prejudicado.
4. Conclusão Novas aplicações vêm surgindo,também no Brasil, incluindo a localização de médicos especialistas por GPS, portais de educação para os médicos e profissionais da saúde e software de prescrição eletrônica para apresentação de medicamentos. Também no Brasil, já existem soluções em Cloud Computing que têm como conceito a descentralização da saúde, em que o paciente é um sujeito ativo nos cuidados e gestão de sua própria saúde. Dispositivos como monitores de gestação e sistemas de imagem portáteis baseados em ultrassom se conectando a smartphones e enviando os dados para o médico já existem e auxiliam nos caso de gravidez de alto risco. Soluções que trazem o Prontuário Eletrônico do Paciente em smartphones e PDAs reduzirão erros de diagnóstico, tratamento e prescrição e estes mesmos dispositivos poderão trazer imagens e exames em tempo real. As possibilidades são enormes mas, talvez, um dos benefícios mais particulares da mobilidade seja justamente a possibilidade de que os pacientes se tornem agentes no cuidado preventivo, com o uso dos celulares que podem ser uma plataforma simples e eficiente de conscientização. E, se desenvolvido de maneira correta, ao invés de levar o paciente a se tornar independente do médico sem ter conhecimento para isso, este tipo de solução poderá conscientizar o paciente dos riscos do autodiagnóstico e da automedicação, além de facilitar o acesso ao sistema de saúde. De qualquer perspectiva, a mobilidade tem um enorme benefício para o paciente, para o sistema público em seus vários níveis e para o sistema privado de Saúde. Com tantas possibilidades, o grande desafio é saber escolher, priorizar, planejar... E implementar!
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C a s o d e s u c e ss o Mobilidade à beira leito Hospital Paulistano investe em tablets para o controle da administração de medicamentos. Próximo passo é usar o dispositivo para evoluir os pacientes Thaia Duó - thaia.duo@itmidia.com.br Há cerca de um ano o Hospital Paulistano, na capital de São Paulo, focado nos padrões da Joint Commission International em garantir a administração correta dos medicamentos dentro da instituição, optou por adquirir tablets para gerir o uso e preparação de remédios à beira leito. Mesmo com um controle de rastreamento já adotado, a instituição ainda não confiava 100% no sistema, fato que a levou para o caminho da mobilidade. “Garantir o medicamento certo, para o paciente certo e na hora certa não é fácil. Devemos fazer o máximo para evitar erros, que são bem possíveis de acontecer e a mobilidade propicia uma garantia, pois o medicamento é preparado dentro do quarto, com a prescrição já inserida no tablet”, explica a gerente administrativa-financeira, Roneide Cursino. De acordo com a executiva, o código de barras, tanto da pulseira do paciente quanto do remédio, também é conferido no próprio dispositivo móvel. E somente após conferência o uso da medicação é liberado. O grande objetivo aqui é garantir maior segurança e qualidade ao paciente, que normalmente tem o medicamento preparado longe de seus olhos, no posto de enfermagem. “A diferença é que tudo é feito na frente do paciente e com a verificação eletrônica do processo”, avalia. Antes de decidir pelo uso de tablets, o Hospital Paulistano testou outras soluções possíveis para evitar erros. Foram avaliadas ferramentas como um desktop em cada leito e notebooks, com experimento na mão de enfermeiros e em carrinhos de corredor. Destas, Roneide destaca o motivo da escolha: “Chegamos ao tablet pela facilidade e praticidade, por ser menor, ocupar menos espaço, ser leve de carregar e, principalmente, pela aprovação dos próprios colaboradores.” O dispositivo É claro que os tablets adquiridos não são comuns se comparados aos de uso pessoal. O aparelho tem resistência considerável. Não sofrerá danos com uma simples queda, nem apresentará problemas na parte eletro-eletrônica se a sua tela entrar em contato com líquidos. “Tudo foi testado e aprovado. Além disso, passamos por um período de adaptação não só do hardware, mas também da infraestrutura do hospital”, diz a executiva, referindo-se à rede Wi-Fi com velocidade necessária para trafegar todos os dados necessários. Hoje, o projeto está na etapa final, com previsão de conclusão para novembro deste ano. O último setor a contar com a mobilidade é o pronto-socorro. “Por ser em Box (a área do PS) e considerado um espaço bastante cheio, com maior concentração de pessoas, especificamente aqui adotamos o All in One, que acaba fazendo o mesmo trabalho do tablet. A diferença é que fica fixo dentro de cada um dos Boxes”, conta. Próximo passo Assim que o projeto seja finalizado no Paulistano, a ideia é entrar, ainda este ano, com o mesmo conceito no Hospital Vitória e, em 2013, no Alvorada Moema e Total Care. “Vamos trabalhar para que os médicos, no futuro, utilizem tablets não apenas para administração de medicamentos, mas também para fazer uma prescrição, evolução de um paciente, entre outras atividades que facilitem seu dia a dia.” Passado um ano da experiência, a executiva acredita que o uso do dispositivo ainda pode evoluir bastante. “Tecnologia sempre vai, no início de tudo, esbarrar em uma coisa normal do ser humano, que é a resistência. Toda novidade envolve mudança cultural, por isso a resistência é natural e comum. Para superar estes obstáculos, investimos bastante em treinamento e procuramos mostrar os ganhos que os usuários teriam”, diz Roneide. Hoje, nas auditorias, o Paulistano tem adesão de mais de 90%, sem opção de papel.
Sobre o Autor Autor
Gustavo De Martini cursou administração de empresas, com extensão em Gestão Empresarial pela BSP e em Sistemas de Saúde pela FGV, possuindo diversos cursos internacionais de liderança, gestão de projetos, técnicas de vendas consultivas, entre outros. Com experiência de 29 anos em TI, foi principal executivo de empresas no Brasil e América Latina e consultor, tendo atuado no setor da Saúde desde 2005.
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Saúde Business School é uma iniciativa da IT Mídia. Todos os direitos reservados.
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