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FH | pensadores

Verena souza | vsouza@itmidia.com.br

Tempo de

aprender Professor e Palestrante do saúde Business forum 2013, Mario Sergio Cortella, analisa os temas liderança, sustentaBilidade econômica e cultura em um PaÍs de democracia recente e constantes mudanças

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ma mudança cultural está acontecendo e pode ser observada pelo início de uma consciência mais sustentável, pela possibilidade de utilizar o fazer à serviço do ser, pelas resistências na berlinda sendo forçadas à transformação, e pela democracia que começa a se assentar. em entrevista à fH, o professor e palestrante do saúde Business forum 2013 mario sergio cortella retrata as urgências para afastar o colapso de um período de intensa movimentação e aproveitar as oportunidades. cortella falou à fH durante o evento, que ocorreu na ilha de comandatuba (Ba).

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FH: O que é ser sustentável para você? Mario Sergio Cortella: Sustentabilidade é aquilo que afasta o colapso em qualquer tempo possível. O colapso é uma possibilidade e não uma obrigação. O colapso na totalidade da vida humana é algo possível, mas não obrigatoriamente necessário. E todas as vezes que a gente trabalha a ideia de sustentar significa manter em pé nosso negócio, nossa vida, nosso afeto, relacionamentos. Portanto manter em pé, sustentar, é impedir a derrocada, o esboroamento, o desabamento. FH: Com base no tema do Saúde Business Forum de crescimento sustentado e sustentável, as empresas estão realmente empenhadas nessa questão ou tudo ainda não passa de um discurso? Cortella: As empresas mais inteligentes, com maior capacidade e inteligência estratégica estão, sim, organizando seu negócio para que ele não seja autofágico, isto é, autodestrutivo, que leve à capacidade de um biocídio, não permitindo a existência de um lucro tóxico, uma convivência degradada e um futuro desertificado. Desse ponto de vista, nós estamos ainda no fim do começo ao invés de no começo do fim. Mas já temos uma consciência maior a exemplo de algumas empresas que mostram que não pode haver outro caminho e que, portanto, ele é um ponto de partida. Isso não nos acalma, mas nos anima.

PERFIL

QUEM

Formado em filosofia, com mestrado e doutorado em educação, é professor titular de graduação e pós-graduação em Educação, Teologia e Ciências da Religião na PUCSP e professor convidado da Fundação Dom Cabral. Consultor e conferencista nas área de Educação e Filosofia e autor de diversos livros, entre os quais: “Não Espere Pelo Epitáfio”, “Qual é a tua Obra?”, “Inquietações Propositivas sobre Gestão, Liderança e Ética”, “Não Nascemos Prontos!” e “Não se desespere! – Provocações filosóficas”.

Foto: Roger Soares

FH: Falar em crescimento sustentado e sustentável engloba uma série de práticas como governança corporativa, planejamento de longo prazo, gestão de pessoas, entre outros. Na sua visão qual prática ou valor é fundamental para atingir a sustentabilidade? Cortella: É uma percepção de natureza erótica, que vem do eros, ou seja, aquilo que desejamos. O desejo de ter uma vida que seja vivida com intensidade, sem sofrimento inútil,

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FH: Diferentemente, muitas vezes, de como é encarada, a sustentabilidade estaria mais próxima do ser do que do fazer? Cortella: Esse pragmatismo, esse utilitarismo sempre serve para algo ao invés de possuir um valor essencial. O essencial é aquilo que não pode não ser, como a amizade, lealdade, afetividade, religiosidade, sexualidade, fraternidade. O fundamental é o que ajuda a chegar ao essencial, os meios materiais como finanças, carreira. Por exemplo, o dinheiro não é essencial, mas fundamental. Sem ele, você tem problema, mas ele em si não gera a vitalidade necessária para existir. Assim, ser está ligado à essencialidade, enquanto o fazer à fundamentalidade. Os nossos negócios são fundamentais enquanto amizades, afetividades (...) são essenciais. Do contrário, a nossa mortalidade, que em nós é essencial, se torna não um horizonte, mas uma vivência cotidiana com as pequenas mortes que vamos tendo, que são as nossas decepções, infelicidades, mortes do dia a dia. Daí a necessidade de usar o fazer à serviço do ser. FH: É possível conciliar sustentabilidade com crescimento da economia? Cortella: Não há o que não seja possível quando a gente decide que poderá ser possível naquilo que a gente já fez. O mundo que estamos é obra nossa. Nenhuma divindade demoníaca ou divina veio à tona e organizou esse mundo. Ele é fruto da nossa obra. E, se

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sem destruição tola e ao mesmo tempo sem sacrifício desnecessário. Temos hoje o pragmático, o que é utilitário, e eu estou falando de um desejo mais fundo de vida coletiva, uma erotização da questão da sustentabilidade. Nós conseguimos erotizar uma calça jeans, torná-la um desejo, assim como um carro. Temos que erotizar, tornar um desejo, uma vida sustentável para todos.

nós assim fizemos, podemos fazer de outro jeito. Aí está colocada a possibilidade - mais do que um desejo hoje, é uma urgência. Se nós não fizermos isso, estamos sendo tolos. Qualquer pessoa que tiver estudado a história da humanidade terá visto o quanto as sociedades altamente poderosas entraram em colapso como um buraco negro que arrasta tudo a volta quando entraram em crise de valor. Embora a frase que eu vá dizer seja do século I, carpe diem, que significa aproveite o dia, do latim, ela só vai ter validade mesmo no século V, quando o fazer e o possuir eram o que importava. Por isso o lema era aproveite o dia porque não haverá amanhã. Estamos de novo com essa sociedade consumista e

O MUNDO QUE ESTAMOS É OBRA NOSSA. NENHUMA DIVINDADE DEMONÍACA OU DIVINA VEIO À TONA E ORGANIZOU ESSE MUNDO. E, SE NÓS ASSIM FIZEMOS, PODEMOS FAZER DE OUTRO JEITO

hedonista. Portanto essa densa questão de afastar esse risco é uma urgência, e não apenas um desejo. FH: Qual a importância do líder nesse caminho e quais características ele possui? Cortella: Temos a necessidade de uma liderança que não seja personificada, isto é, que não esteja pessoalizada em alguém. O conceito de liderança, como sendo aquilo que inspira, anima e motiva, precisa ser disseminado no conjunto da vida coletiva. Nenhum de nós é capaz de liderar qualquer coisa, mas nenhum de nós também é incapaz de liderar alguma coisa. E aquilo que eu posso liderar, eu devo fazê-lo. É uma liderança muito mais diluída e portanto com uma força de penetração no con-

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junto da vida. O mundo globalizado, as democracias que se constroem, as interconectividades das plataformas digitais nos levam a ter uma outra visão de liderança, que não é mais a do passado clássico, nem do século XX, concentrada em figuras como Mahatma Gandhi, Martin Luther King e Nelson Mandela. Todos necessários para aquele momento, mas umasociedade interconectada precisa ter uma liderança partilhada. FH: O médico pode ser esse líder, pois embora ele seja um ator fundamental na assistência, também costumam ser resistente às inovações? Cortella: A medicina está, cada vez mais, com maior capacidade de cuidar. Cuidar passa pela integralidade, não sendo fragmentada, estilhaçada. Portanto, a medicina especialmente é capaz de ajudar a saúde planetária e humanitária. Aqueles do campo da medicina mais resistentes precisam ter uma disposição, uma inclinação

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Foto: Roger Soares

VENHO PROPONDO QUE A GENTE COMECE A FAZER UMA PASSEATA NA RUA CONTRA AQUELES QUE VOTARAM NOS QUE ESTÃO NO PODER E QUE SÃO FOCO DE PASSEATAS. EU ESTOU REVOLTADO COM GENTE QUE ESCOLHE MAL

para romper esse tipo de barreira, afinal de contas, aquilo que é urgente hoje não pode sofrer adiamentos por conta de idiossincrasias, ou seja, porque eu não quero perder o meu modo de fazer, eu deixo de fazer o que tem que ser feito. Sendo que muitas vezes o que tem que ser feito é contrário ao modo que eu estou habituado a fazer. Para citar um dos grandes cientistas da história, Albert Einstein, ‘tolice é fazer as coisas sempre do mesmo jeito e esperar resultados diferentes’. FH: Qual a sua opinião sobre o programa Mais Médicos? Cortella: Decisivo para uma nação como a nossa. Ele tardou em vários momentos. Não deve ser apenas um programa de governo, tem de ser um programa de nação, que envolva o conjunto das instituições de formação como universidades, faculdades, hospitais, redes de apoio, tudo aquilo que nos conecta para impedir o inacreditável - o homicídio cotidiano por omissão. Há uma frase antiga que diz que os ausentes nunca tem razão. Pode haver necessidade de ajustes, mas é preciso olhar para o sucesso que outras nações obtiveram na área de saúde coletiva, especialmente em saúde sanitária. Não pode de maneira alguma ser postergado. É preciso neste momento fazer a implantação, promover os ajustes, ouvir as entidades, seja na

área de formação, de prestação de serviço, mas não se pode adiar. Como dizia o Betinho [sociólogo Herbert de Souza] quando criou a campanha contra a fome: ‘quem tem fome, tem pressa’, e isso vale para a saúde. FH: Como você julga a reação do governo brasileiro às recentes manifestações populares? Acha que elas são um meio de melhoria efetiva? Cortella: Toda manifestação em uma democracia que se constrói leva de fato a um crescimento. Nossa democracia não tem 30 anos. O Brasil é um País que tem 513 anos e a democracia não está presente nem em 10% do nosso tempo histórico. Estamos aprendendo, e não é só o governo que está aprendendo, mas o conjunto da sociedade. Em um primeiro momento, ir para as ruas como aconteceu em junho foi, de fato, um símbolo bom e forte. Em um segundo momento, o desajuste entre o modo de manutenção da ordem das autoridades, unido a alguns movimentos mal intencionados, levaram a quebra não só de janelas como do próprio movimento, que arrefeceu forças. É necessário o entendimento de que estamos no início. Venho propondo que a gente comece a fazer uma passeata na rua contra aqueles que votaram nos que estão no poder e que são foco de passeatas. Eu estou revoltado com gente que escolhe mal.

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Cesar Abicalaffe, da 2iM e consultor

Luciano Regus, da MV

Ana Luiza, da Philips

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Kaio Bin, do Icesp

Marcelo Vieira | marcelo.vieira@itmidia.com.br

DIÁLOGO NA UTI? EXECUTIVOS DEBATEM AS DIFICULDADES DA RELAÇÃO ENTRE HOSPITAIS E FORNECEDORES DE TI

Fotos: Ricardo Benichio

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Experiências e visões foram trocadas para responder a pergunta: o que o hospital espera exatamente do fornecedor de TI?

e

ntendimento exige muito diálogo. Isto é particularmente verdade no setor da Saúde, no qual muitos atores se inter-relacionam, cada qual com interesses bastante distintos, mas com o objetivo comum de crescer. Há, no entanto, um sério agravante: o que está em jogo vai muito além do bem estar financeiro dos hospitais, operadoras, indústrias e outros players, pois neste setor, o que mais importa é a saúde dos pacientes. Com isso em vista, a revista FH reuniu para o It Mídia debate dois elos do setor cujo diálogo deve se intensificar ainda mais nos próximos anos. Hospitais e instituições assistenciais de um lado e desenvolvedores de soluções de tecnologia da informação (tI) do outro. No centro da mesa, a ciência de que o “hospital digital” trará muitos ganhos para profissionais e pacientes, mas também de que há muitos desafios a serem superados. Perguntas não faltam. Que soluções podem realmente atender demandas tão particulares como as dos gestores hospitalares? Como integrar ferramentas de diferentes fabricantes? e como estendê-las de departamentos operacionais para o corpo clínico? É possível incentivar médicos, enfermeiros e outros profissionais a adotarem a tecnologia? Como capacitá-los para isso? de que forma traduzir suas necessidades em conceitos compreensíveis não só para os fabricantes, mas também para os

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próprios departamentos internos de tI? Como atender ambas as partes? Para o consultor na área de planos de saúde e hospitais e sócio diretor da 2iM, Cesar abicalaffe, muitas vezes o que está sendo produzido pelos desenvolvedores de tI não atende aos gestores, o que gera grande ansiedade. o “gap” está justamente no levantamento e compilação de informações, geradas em diversas ferramentas, e não apenas no sistema de gestão corporativo (erP). “Quando os gestores vão buscar as informações no sistema o esforço é muito grande. São relatórios extensos que exigem muito para se trabalhar.” Com as organizações hospitalares crescendo a passos largos, e cada vez mais auditorias exigindo controles internos, a importância de consolidar dados cresce para atender iniciativas de compliance. a necessidade das organizações profissionalizarem o processo de gestão é maior que nunca, ponderou o diretor geral da MV, Luciano regus, que aponta para a tecnologia como um grande aliado. “uma organização que busca crescimento sustentável e estável deve ter uma tI muito alinhada com essa questão. os diretores estão se especializando muito em gestão, e nós de tI temos que chegar mais junto para conseguir suportar temas estratégicos: geração de receita, gestão de custos, qualidade estratégica”, delineou o executivo, que também re-

conheceu que há um “paradigma de que muitas vezes a tI fica muito presa à infraestrutura e falta sensibilidade, formando um vazio que só vai ser preenchido ao longo dos anos”. e será inevitável: a tI vai passar a ter um papel cada vez mais importante nas organizações de saúde, assim como o compliance, concordou a diretora de marketing e vendas da Philips Healthcare para a américa Latina, ana Luiza oliveira. “a pressão de mercado vai acontecer e a gestão vai ser mais necessária”, disse, mas há uma diferença fundamental. “esses aspectos são muito vivos dentro da indústria, mas a questão da vida é diferente. Fazer um saco de biscoito na Nestlé é diferente. o aspecto clínico traz à gestão uma outra dimensão.” o diretor médico de informática do Instituto do Câncer do estado de São Paulo (Icesp), Kaio bin, concorda com os pares da indústria, mas prefere ver a questão de um ponto de vista mais prático. Para ele, o principal ponto na relação entre fornecedores e consumidores de tI na Saúde é a transparência. “Não tem coisa pior ao negociar com um fornecedor do que quando me sinto tapeado, enganado, e fica alguma coisa no ar”, ponderou. Segundo ele, não são raros os casos de fornecedores que simplesmente evitam o diálogo, mesmo durante negociações comerciais. “É muito importante essa transparência, porque sem isso não tem con-

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fiança, nem parceria. o fornecedor tem que entender que quem contrata não é burro, sabe dos problemas do mercado. Queremos ajudar. Se nosso parceiro cair, caímos junto. Não queremos que ele caia, mas sem saber o que ele tem, como posso ajudar?” Água fRia Mobilidade e automação operacional são as tecnologias que causarão maior impacto no segmento de saúde nos próximos anos, ou pelo menos assim pensam a maioria dos 167 CIos respondentes da pesquisa antes da tI, a estratégia na Saúde, realizada pela It Mídia em parceria com consultores de mercado. Mas será que esses realmente são temas prioritários, e em que ordem eles aparecem nos planos de investimento dos gestores? antes de falar em gastos é preciso voltar a alguns conceitos preliminares, acredita regus, da MV. os projetos, por exemplo, precisam amadurecer, privilegiando as etapas iniciais de definição dos processos. Isso porque os hospitais possuem estruturas muito distintas, ainda mais se consideradas diferenças regionais entre São Paulo e o resto do brasil. traduzindo: nem todos estão prontos para falar de automação ou mobilidade, quanto mais escolher em qual investir primeiro. “Infraestrutura em um hospital é uma questão muito crítica”, concordou ana Luiza. “Para pensar em mobilidade, por exemplo, o hospital precisa ter WiFi de altíssima qualidade. Somos fornecedores de software, mas às vezes, quando vamos dar palpite, o hospital precisa ouvir.” ana conta que a Philips Healthcare lançou, durante a última Feira Hospitalar, um portfólio de mobilidade cujo objetivo é quebrar a resistência contra as tecnologias móveis. Considerando que atualmente 60% dos celulares vendidos no brasil são smartphones, o próximo passo é tornar os aplicativos mais simpáticos para os usuários. “Se tivermos infraestrutura, não há porque não

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abicalaffe: informações geradas em diversas ferramentas dificultam tanto para o gestor quanto para o fornecedor

O que determina a escOlha de um fOrnecedOr de ti ?

46,5% Suporte técnico e pós vendas

45,2% Resposta rápida a solicitações e demandas

35,5% Menores preços

34,8% Boas referências do produto ou serviço

29% deixar a tecnologia mais palatável e aumentar a adoção.” abicalaffe prefere abordar outro aspecto. Se a automação e a mobilidade são inevitáveis em um futuro de médio e longo prazo, o que exatamente será automatizado? Sem esta consciência clara, os erros serão inevitáveis. “o que efetivamente deve ser feito, que tipo de dados e processos serão automatizados para trazer alguma resposta efetiva para quem precisa tomar decisão, seja médico ou gestor?”, disse. um dos caminhos para a resposta desta pergunta vem do Icesp. “Quando cheguei ao hospital, a antiga diretoria era muito inovadora, queriam tablets na enfermaria, mas não havia nenhum processo. o primeiro passo que o Icesp tinha que dar era consolidá-los, fazer que todo mundo visse a importância da tI.” antes disto, explica Kaio bin, o departamento de tI era uma espécie de bode expiatório. Somente no momento em que a consciência da importância estratégica da tI nos processos de assistência ganhou corpo é que

Bom relacionamento com a instituição

25,2% Conhecimento do setor em que a empresa atua * Fonte: estudo Antes da TI, a Estratégia na Saúde 2013, que ouviu 167 CIOs de instituições hospitalares brasileiras

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quais tecnologias causaRão MaioR iMpacto nas oRganizações de saúde?

69,5% mobilidade

Regus, da MV: não há um processo de mudança sem dificuldades, por isso o prestador precisa estar preparado

50,1% automação operacional

“as coisas começaram a andar com mais velocidade”. Quando foram disponibilizados eletronicamente, os dados surtiram efeito para a gestão do hospital e, depois, migraram naturalmente para a mobilidade e automação. atualmente, o Icesp sustenta um processo de mobilidade que triangula equipes de emergência do hospital. Qualquer membro da equipe de assistência pode “convocar” a equipe médica por telefone, que responde ao chamado em até três minutos. apesar disso, e por mais óbvia que pareça, nem toda tendência tecnológica está fadada ao sucesso. “o tablet não virou moda e não foi bem avaliado pela equipe de enfermagem porque elas não gostaram de não sentir o teclado e o mouse. Mas um dia a gente pode caminhar para isso”, disse bin. Formação os executivos que participaram do It Mídia debate concordaram em um ponto a respeito das dificuldades no diálogo entre fornecedores e instituições: a falta de uma formação híbrida dos profissionais que contra-

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tam e também dos que desenvolvem sistemas para essa área. de um lado, médicos sem noção exata dos limites e recursos dos sistemas de tI; de outro, desenvolvedores com pouca ou nenhum conhecimento das necessidades práticas de um processo hospitalar. “ter colaboradores que entendam do negócio saúde é fundamental”, ponderou abicalaffe. regus traça um perfil médio ideal para o profissional de tI hospitalar: bom conhecimento de gestão de tI, um pouco de medicina e também gestão empresarial, de modo a traduzir a linguagem de resultado. afinal, também deve ser considerado o lado da eficiência operacional da organização que precisa alcançar lucro e controlar custos. Kaio bin chega a traçar um paralelo entre a formação dos profissionais brasileiros e de outros países. Na Inglaterra, disse, é muito comum, durante o período de formação do médico, haver aulas de administração e gestão empresarial, enquanto no brasil costumam se tratar de “disciplinas optativas e quase sempre vazias”. “tI é uma área operacional”, defendeu bin. “o gestor tem de reconhecer que não entende nada de tecnologia. tenho uma gerente especialista em tI, e nosso fator em comum é a linguagem processual.” regus concorda. Para ele, é preciso reconhecer falhas e criar processos que tornem o relacionamento mais fácil. o caminho seria contar com médicos na equipe de desenvolvimento. No caso da MV, o chefe médico de produtos desenvolveu softwares por dez anos. ana Luiza, da Philips Healthcare, segue pelo mesmo caminho. a companhia conta com 400 médicos globalmente, focados principalmente em inovação, esforço necessário para uma divisão que produz atualmente cerca de 40% da receita global da companhia. “a pesquisa na Philips é pesada e está impulsionando nossa inovação”, disse. apesar das dificuldades, há luz no fim do túnel. abicalaffe observa novos cursos surgindo. “Informática em biomedicina, por exemplo. Há um movimento dentro das universidades de unir conhecimento em medicina e tI.” Mudança também percebida no próprio mercado pelo diretor geral da MV.

41,3% Cloud Computing

28,1% Big Data

16,8% Social Business

* Fonte: estudo Antes da TI, a Estratégia na Saúde 2013, que ouviu 167 CIOs de instituições hospitalares brasileiras

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Classicamente os gestores de tI dos hospitais fazem o relacionamento com os fornecedores, mas tem despontado uma safra de médicos responsáveis, tendência “particularmente muito boa. Vamos entrar em um viés mais aprofundado da área assistencial, e isto ajuda muito”, complementa regus. Ponta a Ponta talvez essa renovação profissional seja o impulso que falta para que os sistemas hospitalares, hoje em sua maioria focados em processos de gestão e faturamento, migrem também para as áreas assistenciais. o cerne da questão, para abicalaffe, é que com os hospitais e o número de convênios médicos crescendo, ou seja, com a complexidade do mercado cada vez maior, o foco na operação adquira caráter de urgência. “existe um desalinhamento do que precisa ser feito pela preocupação com as receitas do negócio, e algumas instituições esquecem que o verdadeiro negócio é a saúde do paciente”, opinou o consultor. e não seria um investimento sem retorno, ponderou ana Luiza. Quanto maior o percentual de uso clínico de um sistema, maior a satisfação. Segundo ela, apenas 30% da carteira de clientes da Philips Healthcare utilizam recursos assistenciais do portfólio, mas são justamente eles os mais satisfeitos. regus confirma a tendência na MV: um “bom volume” de hospitais no brasil, principalmente acreditados com oNa 3 e com ciclos de qualidade para análise de corpo clínico, estariam puxando a curva de adoção para cima. Claro que esse avanço não vem sem problemas, principalmente de ordem cultural. “deixar claro o valor que essas soluções agregam é essencial para quebrar barreiras, que só é conseguida através da entrega de resultados. No meu ponto de vista não tem muito chabu: tem que entregar. Não só para não perder a conta, mas para honrar a confiança. Por mais difícil que seja migrar um sistema hoje, o cliente sempre tem essa opção”, ponderou ana. Para qualquer empresa, adotar uma nova solução implica treinamento, disse Luciano regus. Para isso o prestador precisa estar preparado, pois não há um processo de mudança sem dificuldades.

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na Prática “todos somos humanos com uma característica em comum: medo daquilo que não conhecemos”, ponderou Kaio bin. Para ele, é natural haver resistências, mais ainda quando se trata do corpo clínico, que julga ser sua primordial responsabilidade cuidar do paciente, e não alimentar um sistema. “Se for cirurgião ele precisa chegar ao centro cirúrgico, operar, medicar etc, e depois vai pra casa. em algum momento ele usou um computador? Não precisou. Na graduação aprendemos a lidar com a vida humana nas condições mais escassas, e em nenhuma delas é preciso usar um teclado. Como convencê-lo de que ele precisa registrar?” outro fator: algumas instituições usam sistemas de tI para colher dados dos procedimentos médicos e se resguardar de eventuais erros. Para o gestor do Icesp, os “sistemas dedo-duro” desestimulam e são capazes de afugentar equipes inteiras. Mas nem tudo são problemas. bin aponta como pontos positivos do processo de implantação a distância entre fornecedores e usuários finais – com a instituição intermediando qualquer tipo de relação. além disso, corpos clínicos fechados costumam ser menos resistentes pelo compromisso que assumem com a instituição. “No Icesp os residentes são os mais desinteressados”, citou o gestor. além disso, é necessário oferecer estímulos. No Instituto do Câncer, por exemplo, o uso de prontuário eletrônico deslanchou quando os médicos começaram a pedir dados para apresentar em um congresso. “em 5 minutos as pesquisas estavam prontas. Foi quando a gente ganhou a força para implantar de vez”, contou. Por último há os fundamentais benefícios para os pacientes. eles sentem diferença quando veem um sistema bem implantado, com informações disponíveis para todos os níveis do hospital. “No começo eu achava que não fazia diferença, até que uma [paciente] disse que se sentiu mais segura”, disse. “acredito que os benefícios são infinitos, só falta fazer propaganda.”

Ana Luiza, da Philips: é preciso entregar o prometido, pois o cliente tem sempre a opção de trocar

Bin, do Icesp: o principal ponto na relação é a transparência. “não tem coisa pior do que quando me sinto enganado”

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FH | ESPECIAL SAÚDE BUSINESS FORUM

A PARADISÍACA ILHA DE COMANDATUBA, NO SUL DA BAHIA, FOI O CENÁRIO DE MUITO RELACIONAMENTO, CONTEÚDO, NEGÓCIOS E DIVERSÃO PARA MAIS DE 300 PARTICIPANTES DO SETOR DE SAÚDE. ACOMPANHE NAS PRÓXIMAS PÁGINAS A INTENSIDADE DOS QUATRO DIAS (19 A 22 DE SETEMBRO) DO SAÚDE BUSINESS FORUM 2013!

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Foto: Nadson Carvalho

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FH | ESPECIAL SAÚDE BUSINESS FORUM Keynote – Eduardo Giannetti

Marcelo Vieira | marcelo.v ieira@itmidia.com.br

ACELERAR PARA

EVOLUIR

Eduardo Giannetti da Fonseca abriu o Saúde Business Forum 2013 com reflexão sobre a importância do investimento em capital humano; palestra também discutiu impostos e sucessão presidencial

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“O GRANDE RISCO QUE O BRASIL CORRE É O DE ENVELHECER ANTES DE ENRIQUECER. QUERO VER COMO O PAÍS VAI LIDAR COM ESSA TRANSFERÊNCIA DE RENDA ENTRE AS GERAÇÕES”

Fotos: Nadson Carvalho

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FH | ESPECIAL SAÚDE BUSINESS FORUM Keynote – Eduardo Giannetti

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ouve um movimento de mudança intenso na forma como as famílias alocam seus orçamentos nos últimos cem anos. Um estudo do prêmio Nobel de economia Robert Fogel mostrou que as famílias de classe média dos países desenvolvidos gastavam, no início do século 20, 80% de sua renda com alimentação, vestuário e moradia. Cem anos depois, os mesmos itens absorvem menos de um terço do total de recursos da mesma família hipotética, dando lugar a gastos com entretenimento, educação e saúde. “No Brasil atual uma família mediana gasta 62% de sua renda com alimentação, vestuário e moradia. Esse movimento das famílias representativas de países desenvolvidas ainda está acontecendo no Brasil, e nossa classe média vai ser a narrativa do que foi a americana do século passado”, refletiu o economista e sociólogo Eduardo Giannetti da Fonseca. Diferente dos EUA no entanto, disse Giannetti, as “escolhas da nação brasileira” podem prejudicar esse processo, principalmente devido aos baixos investimentos do estado brasileiro em capital físico e intelectual. “O dreno de recursos que o estado intermedia e transforma em gasto corrente vai ter que mudar se o Brasil quiser construir um futuro. Ele arrecada 36% do PIB, a chamada carga tributária bruta, mas gasta 39% e investe apenas 2,5%”, ponderou Giannetti. A situação é ainda mais grave em dois pontos fundamentais: educação e saúde. “Cerca de 36% dos egressos no ensino superior brasileiro são analfabetos funcionais”, lamentou o economista, que vê neste capital intelectual um possível princípio de uma base de desenvolvimento sustentável e sustentado. “Porque um trabalhador de um país de alta renda gera de 4 a 5 vezes mais riqueza que em um país de renda média? A diferença está fundamentalmente no estoque de capital físico e humano. É a diferença entre trabalhar com uma enxada e um trator”, analisou. Para o economista, o Brasil está indo mal nesse processo pois investe pou-

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co. O País, diz ele, está passando pelo melhor momento demográfico possível – em que a maior parte da população é economicamente ativa frente a uma minoria de idosos e crianças – sem acelerar a produção de riqueza, ou seja, sem aproveitar o “momento mágico na vida de um País para criar as bases do desenvolvimento”. “O problema é que essa demografia favorável vai se virar contra nós. O que é hoje uma pirâmide etária vai começar a virar um cogumelo. O grande risco que o Brasil corre é o de envelhecer antes de enriquecer. Quero ver como o País vai lidar com essa transferência da renda entre as gerações”. POLÍTICA E SUCESSÃO Quando perguntado pela plateia, Giannetti declarou estar envolvido na candidatura da ex-senadora Marina Silva, que atualmente se concentra em fundar um novo partido a tempo de concorrer às eleições presidenciais de 2014*. O economista participa da formulação de um futuro programa de governo cujas bases, disse ele, se concentram na formação de capital humano – a partir do investimento maior em saúde e educação – e nos princípios de sustentabilidade. “Ela [Marina Silva] não aceita o presidencialismo de coalizão, lotear o governo de porteira fechada para facilitar apoio no congresso, que não se confirma efetivamente no dia a dia”, disse Gianetti, criticando indiretamente o atual governo de coalizão da presidente Dilma Rousseff. “Democracia existe para que formas diferentes de visão de futuro se confrontem, e o projeto vencedor deve ter capacidade de atrair os partidos para que seja implementado.” O economista elogiou o segundo governo de Fernando Henrique Cardoso (de 1999 a 2002) e o primeiro mandato de Luís Inácio Lula da Silva (de 2003 a 2006) com relação a gestão macroeconômica. Segundo ele, o projeto econômico de um futuro governo da Rede Sustentabilidade não seria “reinventar nada, mas voltar ao que estava dando certo”.

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FH | ESPECIAL SAÚDE BUSINESS FORUM Keynote – Paulo Vicente Alves

Paulo Vicente Alves, da Fundação Dom Cabral, elenca tecnologias que podem no futuro alterar drasticamente a própria espécie humana, mas que ao mesmo tempo trarão grandes dilemas morais

Marcelo Vieira | marcelo.v ieira@itmidia.com.br

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“A OPORTUNIDADE FAVORECE A MENTE PREPARADA: O MUNDO VAI QUEBRAR, ENTRAR EM CRISE. QUEM NÃO SE PREPARAR PARA AS NOVAS TECNOLOGIAS TAMBÉM QUEBRARÁ”

Fotos: Nadson Carvalho

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FH | ESPECIAL SAÚDE BUSINESS FORUM Keynote – Paulo Vicente Alves

“TRIPLICAR EXPECTATIVA DE VIDA VAI EXIGIR UM NOVO SISTEMA DE SAÚDE; A MEDICINA DO FUTURO É DRASTICAMENTE DIFERENTE DA ATUAL.”

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ão é ficção científica: entre as tecnologias que deverão mudar o mundo nos próximos anos estão verdadeiras rupturas na área médica, alcançadas por meio da nanotecnologia, da biotecnologia, da neuroergonomia e da medicina avançada. Surgirá o “ser humano 2.0”, aprimorado por meio de terapia genética e implantes robóticos, entre outros recursos. A previsão é do professor Paulo Vicente Alves, da Fundação Dom Cabral, keynote speaker do Saúde Business Forum 2013. Na palestra “O futuro em quatro atos”, Alves tentou prever, utilizando um modelo matemático da história humana a partir de 1500, como será o século XXI. Este modelo combina duas formas de ver a história: ciclos hegemônicos ou de globalização, que determinam a potência (ou potências) político-econômica vigente, e tecnológicas, ou ciclos de Kondratieff, que determinam as crises cíclicas do sistema capitalista e como as tecnologias as determinam e as encerram. Para Alves, através da análise dos números, haverá um crise na década de 2020 sucedida por uma nova onda de tecnologia, ou um

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novo ciclo de Kondratieff. Essas tecnologias podem ser relativas a biorobótica. “Por volta de 2060 os computadores serão mais capazes que os seres humanos. Não fará mais sentido sermos humanos puros. Seremos híbridos para adquirir mais capacidade de memória. Lentamente a humanidade vai se tornando 2.0 e alcançando a fronteira da ‘transumanidade’”, disse. Isso levará a humanidade a encarar grandes dilemas éticos e morais: quando homens e máquinas começam a ficar tão próximos que inteligências artificiais passam a ter direito de voto, por exemplo? Outra questão fundamental é o aumento da expectativa de vida média. Se em laboratório já é possível triplicar a expectativa de vida de um rato, o que faremos quando os seres humanos passarem a viver mais de 200 anos? “Tem gente que acredita que o envelhecimento é uma doença prestes a ser vencida. Os pessimistas falam em 200 anos, os otimistas em imortalidade”, ponderou o professor. “Triplicar expectativa de vida vai exigir um novo sistema de saúde; a medicina do futuro é drasticamente diferente da atual.”

Sistemas de previdência também entrarão em crise, e Alves acredita que uma solução que aumente o tempo de contribuição é politicamente impossível, levando os governos a imprimir mais dinheiro para cobrir as despesas. “Isso vai gerar inflação? Sim. Pode não ser a melhor solução econômica, mas é a política”, disse. Apesar de utilizar um modelo baseado em dados matemáticos e históricos concretos, o professor é categórico ao dizer que suas previsões podem não se concretizar. “E me reservo ao direito de mudar de opinião a qualquer momento”, disse. Elas são inclusive francamente pessimistas para o Brasil. O País investe pouco em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias (P&D), inclusive na área médica, o que o coloca em posição de desvantagem frente a potências como EUA e Alemanha, por exemplo, que devem liderar a inovação tecnológica no século XXI. “A oportunidade favorece a mente preparada: o mundo vai quebrar, entrar em crise. Quem não se preparar para as novas tecnologias também quebrará”, disse.

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FH | ESPECIAL SAÚDE BUSINESS FORUM Keynote – Marina Silva

Maria Carolina Buriti | mburiti@itmidia.com.br

Ex-senadora e ex-ministra do meio ambiente Marina Silva evoca a mudança do “fazer” para o “ser” rumo à saída de uma “crise civilizatória”

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SUSTENTABILIDADE: UMA MANEIRA DE SER

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Fotos: Nadson Carvalho

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FH | ESPECIAL SAÚDE BUSINESS FORUM Keynote – Marina Silva

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emonstrando tranquilidade a cada gesto, a ex-senadora Marina Silva arruma o xale e os óculos antes de começar sua palestra durante o Saúde Business Forum. Marina aborda de forma firme, coerente e serena um tema grave e complexo e que, como ela mesmo pontuou, tem um quê de dramático: a saída de uma crise civilizatória - definição dada por ela para o momento atual da sociedade. Mais que crise é essa? Muito mais que um colapso econômico, ambiental e social, a ex-ministra do meio ambiente falou sobre a urgência de combater a perda de valores e de ética, que resulta em grandes impactos à sustentabilidade, mas, sobretudo, questiona o que queremos ser como humanidade, criando a urgência de envolver a todos nas possibilidades surgidas a partir de um colapso. Segundo ela, o que se fala está cada vez mais incoerente e distante do que se faz, e a incapacidade ética é muitas vezes apontada como incapacidade técnica. Ela ilustra a frase com dois exemplos bem claros: o colapso econômico que eclodiu no mundo de 2008 “não foi resultado de falta de técnica, de economistas ou operadores de sistemas, mas, com certeza, avaliar ‘títulos podres’ como se fossem títulos bons agravou a crise”. O segundo exemplo são os milhões de analfabetos; no Brasil, o grupo chega a 10 milhões e “não é por falta de pedagogia. Temos capacidade de alfabetizar a humanidade inteira. Não é um problema técnico, é um problema ético”. Marina foi parte deste problema ético até os 16 anos e conheceu na pele o impacto do desequilíbrio entre os componentes do tripé sustentável. Ela cita exemplos de sua história para pontuar o que hoje, infelizmente, ainda

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acontece: a grave falta de acesso ao básico da saúde e educação. Segundo ela, são dois bilhões de pessoas que vivem com menos de dois dólares por dia. “É sobre essas pessoas que recaem a maior parte das dificuldades em termos de saúde, educação, saneamento básico, moradia, entretenimento e acesso a serviços fundamentais para que se possa ter uma vida digna”, afirma. Dentro da emergência social e econômica, a ambiental reflete uma humanidade que deixou de “ser” e começou a “fazer” desenfreadamente. Marina avaliou o ideal do fazer como um momento recente em termos históricos. “As pessoas queriam ‘ser’ [no passado, analisando as eras da civilização] e foi isso que nos trouxe para onde a sociedade está agora. Acordamos um belo dia e o ser filósofo virou fazer filosofia, o ser cientista virou fazer ciência e até mesmo a relação amorosa entre duas pessoas que se amam virou fazer amor.” E completou: “e onde se faz, faz e faz, indefinidamente, há de se ter um lugar para colocar tanta coisa e nós criamos este lugar, e o nome dele é consumo. Assim, o planeta está no vermelho em 50%”. A ex-ministra pondera dizendo que a crítica se resume ao consumo tóxico, aquele onde se é feliz por aquilo que se tem e não pelo que se é, uma vez que ainda há aqueles que nada consomem, pois não têm acesso ao básico como alimentação e etc. PROPOSTAS E EXEMPLOS Para sobreviver a essa crise civilizatória composta pelo conflito nas áreas social, econômica, ambiental, política e ética, é preciso, segundo ela, colocar o desafio de um novo caminho com a participação de todos. “Para

uma crise ser resolvida é preciso o envolvimento das pessoas, mas para esse tipo, não é suficiente a ação de um partido, grupo ou pessoa. A natureza da crise que estamos vivendo exige esforço de ‘todos ao mesmo tempo agora’”, evoca. E esse esforço para uma mudança coletiva passa por uma nova forma de pensar a sustentabilidade, buscar novos paradigmas, repostas e até novos significados. “Acho que a sustentabilidade, seja do ponto de vista do planeta, da sociedade, é uma maneira de ser, uma visão de mundo e um ideal. Se a sustentabilidade for pensada apenas como uma maneira de fazer, nós vamos fracassar”, alerta. Para concluir, a ex-senadora relembrou uma história. Aos 19 anos, ela e uma colega eram voluntárias da Pastoral da Terra e iam, a cada 15 dias, em uma pequena canoa levar alimentos para os amotinados de um conflito de seringueiros, nos Rincões do Acre. Anos depois, durante uma reunião de pastorais, Marina conta que ansiava por um elogio e, para recebê-lo, perguntou ao bispo o motivo pelo qual ele enviou duas meninas tão frágeis para uma situação tão arriscada. “Eu queria que ele dissesse que éramos inteligentes, corajosas e espertas, mas ele sem dar muita confiança respondeu: porque quando não tem quem mandar, manda qualquer um”. Neste dia, relembra Marina, “aprendi uma lição pra vida: qualquer um pode fazer muita coisa. E o planeta sustentável e a saúde sustentável são o trabalho de qualquer um de nós que se dispõe às ideias cujo tempo chegou, orientados não por uma ética circunstancial (aquele que é bom para um em detrimento do todo), mas uma ética de valores”.

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FH | ESPECIAL SAÚDE BUSINESS FORUM Keynote – Mario Sergio Cortella

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“O CARDEAL QUE ASSUMIU É ADMIRÁVEL E TEM ALGO QUE ASSIS TAMBÉM TEVE, CORAGEM PARA ROMPER, PARA NÃO SE HABITUAR À PUTREFAÇÃO, À DESERTIFICAÇÃO DO FUTURO E À ESTERILIZAÇÃO DA NOSSA VIDA COLETIVA”

LÍDERES SECULARES Verena Souza | vsouza@itmidia.com.br

Desde Francisco de Assis até o Papa Francisco, coragem, humildade e esperança são valores preservados pelo tempo e que ainda se mostram efetivos para o verdadeiro líder

Fotos: Nadson Carvalho

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FH | ESPECIAL SAÚDE BUSINESS FORUM Keynote – Mario Sergio Cortella

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espiu-se de suas vestes e valiosa herança quando ainda era jovem, e inspirou milhares de seguidores a ter uma vida pobre de bens materiais, mas rica em devoção ao próximo. Oito séculos mais tarde, também conhecido por seus hábitos frugais, paralisou milhões de pessoas no Rio de Janeiro durante uma semana em prol do amor e da simplicidade. O tempo não foi capaz de distanciar dois líderes históricos, unidos por suas convicções que, até hoje, se fazem presentes. De Francisco à Francisco, ou mais precisamente, de São Francisco de Assis ao Papa Francisco, foi a reflexão proposta pelo filósofo e professor Mario Sergio Cortella no encerramento do Saúde Business Forum 2013. Salvo as diferenças das épocas, o recém-eleito Papa Jorge Mario Bergoglio fez questão de escolher o nome Francisco como referência à simplicidade e dedicação aos pobres de São Francisco de Assis. Em discurso, em maio, o Papa afirmou que a solidariedade é o verdadeiro tesouro do homem e que o culto ao dinheiro produz desigualdades e injustiças contra corações e povos. “O dinheiro deve servir e não governar”, disse citando o teólogo do século VI São João Crisóstomo. Submetidos os seres humanos a uma mentalidade consumista e predadora, segundo Cortella, ambos os Franciscos são exemplos do não comodismo, do não conformismo, do ser não pusilânime, ou seja, acovardado. “O cardeal que assumiu é admirável e tem algo que Assis também teve, coragem para romper, para não se habituar à putrefação, à desertificação do futuro e à esterilização da nossa vida coletiva”, profere Cortella, que consegue arrancar com frequência risos da plateia, mesmo em meio a frases contundentes. O filósofo faz inúmeras digressões na história da humanidade para evidenciar o “espírito” degradante das civilizações, passando pelas invasões do império romano até a morte rápida dos importantes rios Tietê e Pinheiros em São Paulo. “Matamos uma fonte de vida milenar. Aquilo fede e a gente se acostuma”, diz o professor, provocando a plateia ao lembrar o quanto todos usufruíram as “maravilhas” de Comandatuba nos dias anteriores. Ter fé, ser inspirado e agir são características comuns aos Franciscos. Assis, em pleno século XIII, não se fechou em conventos e monastérios como de costume, abdicou de todo o conforto familiar para viver no meio do povo e “resolver o que era preciso, construir igrejas etc”. “Ele mostrou três grandes virtudes para não apodrecermos nossa vida: coragem, humildade e esperança. Mostrou que há uma sã loucura, ou uma loucura sadia”, afirma Cortella, ressaltando que é preciso coragem para não ser pusilânime. No século XXI, a ruptura de paradigma pode ser simbolizada pela renúncia do Papa Bento XVI em fevereiro deste ano, antes mesmo do conclave, seguida pela eleição de Francisco, o primeiro Papa não europeu em mais de 1200 anos e o único jesuíta. Além de seus costumes, que dispensam pompa e protocolos. Como cardeal em Buenos Aires, Francisco vivia num pequeno quarto atrás de uma catedral e costumava se locomover com metrô e ônibus. Eleito Papa, suas vestimentas são mais simples do que de seus antecessores e atividades como pagar contas, fazer telefonemas, entre outras, ele mesmo prefere fazer. “A primeira declaração dele foi sobre afeto e fraternidade. Sem usar a palavra católica, ele se dirigia a todos como irmãos, falava em fraternidade de fé”, diz Cortella, lembrando, mais uma vez, que é preciso coragem para não ser pusilânime – lição deixada pelos Franciscos àqueles que querem fazer a diferença como cidadãos ou como representantes de instituições que prezam pela vida do próximo, como é o caso da Saúde.

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FH | ESPECIAL SAÚDE BUSINESS FORUM It Mídia Debate – Planejamento Estratégico

REVERTENDO

O DÉFICIT

Cylene Souza | editorialsaude@itmidia.com.br

Com a ajuda da Fundação Dom Cabral, o Hospital da Baleia (MG) renegocia dívida e aposta no efeito “McDonald´s” para colaboradores mais competitivos om uma dívida de R$ 29 milhões, Ebitda negativo de 10,5% e déficit de R$ 700 mil ao mês em junho de 2012, o Hospital da Baleia, de Minas Gerais, apostou no planejamento estratégico para operar no azul. Desenhado com apoio da Fundação Dom Cabral e baseado no Balance Scorecard (BSC), o plano definiu 16 objetivos estratégicos, 37 ações e 104 projetos e já conseguiu reverter o Ebitda: hoje, o índice é de 3,3%. A dívida foi equacionada e começa a ser paga em maio de 2014. Também foram estabelecidos contratos de gestão e, assim, a cultura começou a mudar, deixando de ser personalista no trato com os stakeholders e tornando-se mais pessoal. “As pessoas tinham medo de mudar e, numa instituição de 70 anos, mexer com a cultura é difícil, mas estamos conseguindo mostrar que o líder é aquele que veste a camisa, tem foco e sabe que há ônus e bônus nesta posição. É preciso trabalhar independente das relações pessoais”, avalia a superintendente geral da Fundação Benjamim Guimarães, mantenedora do hospital, Elis Regina Guimarães. Nas palavras da executiva, o objetivo é conseguir um efeito “Mc Donald’s” nos processos básicos, para que os líderes possam se dedicar mais à estratégia e tornar a instituição mais competitiva, visão corroborada pelo professor da Fundação Dom Cabral, Heráclito Miranda, especialista em Planejamento e Estratégia Empresarial. “O mundo está mais complexo e a tendência é que essa complexidade só aumente: hoje há mais especialização, variedade e competitividade, por isso, é preciso pensar na reestruturação do custo para o valor.” No Hospital da Baleia os principais processos estão sendo automatizados, o orçamento foi definido e desenhou-se um roadmap com marcos de acompanhamento para os prazos do projeto, tendo como áreas foco: recursos financeiros, processos e padrões, informações e operação e custo. São feitos estudos de viabilidade para garantir que o crescimento das despesas será menor que o crescimento das receitas, e os primeiros resultados começam a ser percebidos na UTI pediátrica, que, após um acordo de metas e contrato de gestão com a nova equipe da área, passou de um déficit de R$ 174 mil para um pequeno saldo positivo, de cerca de R$ 2 mil. Para 2015, o planejamento prevê a abertura de uma unidade conhecida como hospital verde, por causa de suas características de cuidado com o meio ambiente. Com este novo prédio, a instituição passará de 210 para 458 leitos e os atendimentos devem crescer 72%.

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Foto: Nadson Carvalho

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QUEM

HERÁCLITO MIRANDA Professor e Coordenador Técnico da Fundação Dom Cabral, especialista em Planejamento e Estratégia Empresarial

QUEM

ELIS REGINA GUIMARÃES Superintendente geral na Fundação Benjamim Guimarães, mantenedora do Hospital da Baleia (MG)

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FH | ESPECIAL SAÚDE BUSINESS FORUM It Mídia Debate - Governança Corporativa - Compliance

RISCO INERENTE

Maria Carolina Buriti | mburiti@itmidia.com.br

Em um setor com relações tão delicadas e interdependentes, as práticas de corrupção e a má conduta ética nos negócios preocupam gestores da Saúde

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aúde é o quarto setor onde os crimes de corrupção e suborno são mais praticados. O setor fica na frente de gigantes como o financeiro e o de tecnologia. Os dados são do “Trace Global Enforcement Report (GER) 2010”, apresentado pelo professor e coordenador do núcleo de Governança Corporativa da Fundação Dom Cabral (FDC), Dalton Sardenberg, durante o Saúde Business Forum. Segundo ele, o tema é mais sensível quando ocorre no setor de saúde devido aos conflitos de interesses entre médicos e a indústria, seja hospitalar ou farmacêutica. Por essa razão, é preciso que as instituições do setor invistam a cada dia em transparência e boas práticas de governança corporativa. O professor mostrou a evolução do tema desde sua origem até o amadurecimento da gestão e o advento de ferramentas de compliance – termo que se tornou corriqueiro no vocabulário dos gestores após escândalos financeiros e a aprovação da lei Sarbanes-Oxley, nos Estados Unidos. Sardenberg apontou algumas práticas ilegais tanto de fabricantes de equipamentos e OPMEs até de gigantes farmacêuticas, entre outras empresas globais, que colocam em risco a reputação de prestadores de serviço e profissionais de saúde, além da vida de pacientes. Mas por que líderes competentes e com uma carreira, muitas vezes, estruturada acabam envolvidos nestes escândalos? Sardenberg apresentou algumas possíveis razões:

ÉTICA DO EINSTEIN Sardenberg conhece bem o case de um dos maiores hospitais da América Latina, o Albert Einstein. No debate, a instituição estava representada por seu CFO (Chief Financial Officer), Fernando Leão, que explicou o funcionamento das práticas do hospital. “A estrutura de governança tem um papel fundamental em termos de controle. Institucionalmente a área de compliance responde diretamente para a superintendência geral do hospital”, disse, acrescentando que tal ação ajuda a manter a independência e o funcionamento adequado do órgão. A estrutura de compliance começou a ser implantada em 2008 no hospital paulistano e hoje conta com diversas ações entre elas: o comitê de ética, o manual de conduta ética e até uma declaração anual de conflito de interesse, onde os colaboradores são obrigados a detalhar a relação detalhados qualquer outro vínculo, mesmo eventuais, que mantenham com terceiros. O código de conduta ética é o elemento considerado mais eficaz para as políticas compliance, segundo uma pesquisa de benchmark apresentada por Sardenberg durante o debate.

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Foto: Nadson Carvalho

1) Acreditam que tal atividade não é “realmente” ilegal; 2) Acreditam que estão agindo em benefício da própria empresa e se não fizerem, outro fará; 3) Acreditam que isso nunca será descoberto; 4) Acreditam que a empresa irá ser condescendente com ações que foram tomadas em benefício dela própria e que irá até mesmo defendê-los de qualquer responsabilidade.

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QUEM

DALTON SARDENBERG Professor e coordenador do núcleo de Governança Corporativa da Fundação Dom Cabral

QUEM

FERNANDO LEÃO CFO (Chief Financial Officer) do Hospital Israelita Albert Einstein

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FH | ESPECIAL SAÚDE BUSINESS FORUM Acreditação

OBSTÁCULOS BRASIL AFORA Maria Carolina Buriti | mburiti@itmidia.com.br

Apesar das instituições ainda terem dúvidas sobre a metodologia mais adequada, a importância do processo já é reconhecida. A Rede D´Or São Luiz, por exemplo, estabeleceu meta de chegar em 2014 com 80% do grupo acreditado

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REDE D´OR Composta por 24 hospitais, a Rede D´Or São Luiz ilustra parte do restrito universo das instituições acreditadas brasileiras. Com hospitais localizados sobretudo na região sudeste, tem 50% da rede com selo e pretende chegar em 2014 com 80% do grupo nesta condição. Segundo Helidea, o foco da acreditação e o que ela tem implantado no grupo deve estar, sobretudo, ligado à segurança do paciente. “Ainda estamos atendendo muito a prioridade do médico”, diz, explicando que na Rede D´Or o médico precisa se envolver cada vez mais. Outra dica dada pela especialista é o tempo entre o diagnóstico e a implementação da acreditação, que não deve ultrapassar dois anos. “Em dois anos as pessoas cansam, muda a liderança e ele [o processo] não se mantém. Já vi unidades que em dois meses foram acreditadas”, conta. Mas a realidade do grupo está muito mais em manter o processo e os selos de qualidade e assim disseminar para outros da rede.

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Foto: Nadson Carvalho

e alguns hospitais já atuam na manutenção dos processos de excelência e dos selos de qualidade, outros, que representam a grande maioria das instituições brasileiras, “engatinham” quando o assunto é acreditação. Essa é uma das conclusões do encontro realizado durante o Saúde Business Forum 2013, que reuniu hospitais de diferentes regiões brasileiras durante a apresentação “Acreditação: como monitorar, sensibilizar e comunicar equipes para obter resultados duradouros”, realizada pela diretora de qualidade assistencial da Rede D´Or, Helidea Lima, em parceria com a revista Melhores Práticas. Na sala, hospitais do interior de São Paulo e da região Nordeste aproveitaram o momento para tirar dúvidas sobre os diferentes tipos de selo e como iniciar o processo para a conquista do certificado. Este grupo reflete o que os números já atestam: poucas são as instituições acreditadas brasileiras. Para se ter uma ideia, dos cerca de 6.800 hospitais cadastrados na base do CNES (Ministério da Saúde), apenas 250, o que corresponde a 3%, são acreditados pela ONA, Joint Comission International (JCI) ou pela Acreditação Canadense. Nos Estados Unidos, 82% dos hospitais possuem a JCI. Entretanto, de acordo com a Helidea, a RDC 36, lançada pelo Ministério da Saúde em julho, deve colocar o gestor frente à necessidade de investir em qualidade. A medida obriga as instituições a terem um Núcleo de Segurança do Paciente (NSP) responsável por desenvolver um Plano de Segurança do Paciente (PSP). “Toda instituição de saúde deverá ter uma política de segurança na instituição. Ela [a norma] nos coloca a obrigação de definir um núcleo gestor de segurança”, pontua. O comitê, segundo a executiva, deve ser representado por profissionais da farmácia, engenharia clínica, educação continuada e incluir áreas críticas como terapia intensiva, centro cirúrgico, emergência e OPME. “É necessário que eles se reúnam para identificar as possíveis notificações que ocorrerem, pois é papel do comitê fortalecer a notificação de evento”, conta. Helidea ainda acrescenta que um estudo brasileiro recente apontou que 5,7% dos pacientes internados sofrem um evento adverso, o que expõe ainda mais a necessidade fundamental dos processos de qualidade.

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NA REDE D´OR, AS FERRAMENTAS UTILIZADAS SÃO:

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HELIDEA LIMA

Termômetro de sensibilização: mede como as equipes que atuam no hospital desde a parte de staff até os grupos médicos e diretoria estão engajados e motivados no processo de qualidade. Foi possível medir, por exemplo, quais grupos se engajam melhor aos processos de qualidade. A pesquisa demonstrou, por exemplo, uma ideia já disseminada por várias instituições hospitalares: o médico do corpo-clínico fechado é mais engajado do que aqueles que atuam em outras instituições. Gestão de performance: o software Epimed é utilizado com foco na gestão clínica. Seis hospitais acreditados e localizados na região sudeste da rede obtiveram resultados semelhantes na taxa de letalidade padronizada com pacientes internados em UTI (foco no tercil superior do SAPS 3) ao serem comparados com amostra do grupo Epimed. A Epimed apresentou taxa de 0, 68 % e a Rede D´Or apresentou 0, 59%. A taxa deve ser menor que 1. Pesquisa de clima: pois como ela explica: “o processo é mudança de cultura, então se a qualidade é a alavanca, o ponto de apoio da alavanca é a gestão de pessoas feita pelo RH”. Pesquisa de percepção de segurança: se aplica um questionário para avaliar o que os funcionários pensam sobre a segurança da instituição. “Usamos uma ferramenta validada pelo modelo canadense”. Check-list: para o acompanhamento periódico dos processos principais e de apoio.

Diretora de qualidade assistencial da Rede D’Or e ex-subsecretária de Politicas e Ações de Saúde de Minas Gerais

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