Saúde Business School 2012: 12º Módulo

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S a ú d e B u s i n e ss S c h o o l Os melhores conceitos e práticas de g e s t ã o , a p l i c a d o s a o s e u h o s p i ta l

Módulo 12

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Introdução Depois do sucesso dos primeiros saúde business school continuamos com o projeto. Este ano, falaremos sobre TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO EM SAÚDE Na busca por auxiliar as instituições hospitalares em sua gestão, trouxemos no terceiro

na organização de seus departamentos de TI e na interação da

ano do projeto Saúde Business School

área com os stakeholders.

o tema Tecnologia da Informação em

Em cada edição da revista FH, traremos um capítulo sobre o

Saúde. Ainda que exista literatura sobre

tema, escrito em parceria com médicos, professores, consultores

o tema, a nossa função aqui é construir

e instituições de ensino, no intuito de reunir o melhor conteúdo

um manual prático para a geração de um

para você.

ambiente de tecnologia hospitalar mais

Os capítulos, também estarão disponíveis para serem baixados

seguro, que auxilie e oriente as equipes

em nosso site: www.saudeweb.com.br

O projeto envolve os seguintes temas: Módulo 1 - Infraestrutura de TI nos hospitais Módulo 2 - O papel do CIO Módulo 3 - Governança de TI nos hospitais Módulo 4 - ERPs Módulo 5 - Segurança dos dados Módulo 6 - Terceirização de TI em hospitais Módulo7 - Prontuário eletrônico Módulo 8 - A integração entre engenharia clínica e TI Módulo 9 - RIS/PACS Módulo 10 - Gestão dos indicadores Módulo 11 - Mobilidade nos hospitais Módulo 12 - Cloud Computing

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Cloud Computing: conhecendo e usufruindo! Por Anderson Figueiredo Vinte e cinco anos após assistirmos a chegada dos primeiros computadores pessoais ao mercado de trabalho e acompanharmos a transformação que eles provocaram em nossos hábitos e nos processos das empresas; estamos novamente de frente com uma revolução provocada pelos avanços da TI, que apenas se inicia e já se mostra muito mais contundente e presente no dia-a-dia das pessoas e corporaçõeS

1. A Terceira Plataforma de TI e Telecom Até o início da década de 80, os grandes computadores (“mainframes”) eram a única referência quando o tema Informática entrava em discussão e sua utilização estava praticamente restrita às empresas. Como podemos ver na figura 1, nessa época todo o processamento era centralizado e realizado por um único dispositivo que ficava em um único e protegido lugar e que era acessado e utilizado em horários pré-determinados e por profissionais altamente especializados para atender diversos usuários remotos. Em resumo, um dispositivo (one device), um único lugar (one place) e um tempo delimitado (one time). Entre os anos de 1985 e 1986, os computadores pessoais (PCs) começam a migrar do ambiente doméstico, para o qual haviam sido originalmente criados, para os ambientes corporativos. Essa migração atingiu rapidamente todos os segmentos econômicos e auxiliada pela constante e rápida evolução nos produtos e soluções desenvolvidas pela indústria de TI, como as redes locais e a Internet, possibilitaram o uso de computadores, de forma distribuída, por um número maior de usuários (múltiplos devices) que podiam ser utilizados em qualquer horário (anytime) e em diversos lugares (“n” places)desde que conectados aos servidores que gerenciavam as redes locais e globais das empresas. Essas duas plataformas computacionais, os mainframes e os computadores pessoais, sobreviveram e conviveram por todo esse período (e por muito mais tempo!); no entanto a IDC vem apontando há pelo menos três anos que ingressamos em uma nova plataforma que inclui novos produtos e soluções tanto de TI quanto de Telecomunicações e que é suportada por quatro grandes pilares: Mobilidade, Redes Sociais, Big Data e Cloud Computing. Uma realidade em que os usuários querem ter acesso com qualquer dispositivo, em qualquer lugar e a qualquer hora (any device, anytime, anywhere).

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2. Conceituando Cloud Computing Nesse artigo, vamos nos ater ao tema Cloud Computing que é um novo modelo de negócio que está presente em todas as discussões dos gestores de TI no Brasil, independente de qual segmento econômico seja a empresa em que eles atuam. Ao apresentar os principais conceitos sobre Cloud Computing, mostrar o estágio atual e as tendências dessa nova oferta de TI e Telecom no mercado brasileiro e buscar alinhar essas características às necessidades e estratégias do segmento de saúde, esse documento objetiva normatizar o conhecimento e ampliar a disseminação do modelo Cloud Computing da forma mais eficiente e eficaz. Como já citado anteriormente, apesar de contar com os mais modernos recursos tecnológicos, Cloud Computing trata-se de um novo modelo de negócio que consolida diversas práticas até então utilizadas na comercialização de produtos, serviços e soluções de TI e se caracteriza pelo atendimento a quatro requisitos principais, conforme apresentado na Figura 2:

a) Elasticidade / Flexibilidade / Compartilhamento: As empresas não têm mais interesse em adquirir produtos em formatos / tamanhos / capacidades não aderentes e inadequados às suas necessidades. O modelo Cloud Computing se propõe a fornecer esses produtos de maneira flexível e elástica, ou seja, oferece ao comprador a possibilidade de efetuar ampliações ou reduções na quantidade, na forma e no momento que desejar, compartilhando os recursos com outras empresas, sem qualquer obrigatoriedade de atendimento a padrões pré-determinados. b) Rápida aquisição e provisionamento de recursos: No cenário atual, os tempos necessários para atendimento de requisições são cada vez menores e o modelo Cloud Computing possibilita a rápida aquisição de novos produtos / recursos, reduzindo o tradicional ciclo de compra e de entrega desses produtos / recursos, uma vez que a disponibilização dos mesmos é quase que imediata após a concretização online da sua aquisição.

c) Cobrança granular e pagamento por serviço: Essa é, certamente, a característica do modelo Cloud que mais tem atraído a atenção dos gestores da TI na avaliação dessa nova oferta. Reduzir a imobilização dos recursos financeiros que ocorre com a compra dos produtos (Capex) e passar a pagar apenas pelos produtos utilizados quando forme realmente utilizados em operação (Opex) é um fator extremamente positivo tanto para os gestores de TI (p.ex. CIO) como para os gestores financeiros das empresas (p.ex. CFO) que podem se planejar para aproveitar essa disponibilização de recursos financeiros e realizar novos investimentos para atender à questões estratégicas da companhia. d) Acessível via Internet: Num mundo em que a mobilidade é uma realidade cada vez mais presente e, em que o acesso às redes sociais se faz dos mais variados dispositivos, torna-se fundamental que o acesso possa ser realizado de qualquer lugar e a qualquer momento, ou seja, os recursos devem estar sempre disponíveis e acessíveis e a Internet se apresenta como a grande facilitadora para o atendimento dessas requisições.

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3. O cenário atual de Cloud Computing no Brasil Como o conceito Cloud ainda não está totalmente consolidado, ainda há dúvidas que inibem as empresas na adoção de soluções em Cloud Computing e a principal delas diz respeito ao receio de compartilhar ambientes e recursos com outras empresas. Esse é um aspecto meramente cultural sem nenhuma justificativa técnica e que será rapidamente superado à medida que aumente o número de empresas aderindo a soluções em Cloud. Outras preocupações, também decorrentes do pouco tempo da oferta de Cloud no mercado, referem-se a esse novo modelo de cobrança (haverá redução de custos?) e também à possibilidade de ocorrer indisponibilidade dos dados devido a problemas com acesso via Internet. Rapidez de aquisição e implantação aliado à possibilidade de pagamento por uso são considerados, pelos responsáveis pelas áreas de TI, os aspectos mais positivos das ofertas Cloud. Os gestores tem uma grande expectativa que essas características deverão proporcionar uma redução significativa em muitos dos gastos atuais com TI. Todos os estudos realizados pela IDC Brasil mostram que Cloud Computing veio para ficar e que as receitas provenientes de soluções Cloud apresentam uma tendência de aumento significativos nos próximos cinco anos, atingindo variações anuais superiores a 60% nas receitas de implementações na modalidade IaaS (Infraestrutura como Serviço) e crescimentos próximos a 75% nas receitas originadas em projetos orientados à modalidade SaaS (Software como Serviço).

4. Como entrar nesse mundo Cloud? Além dos aspectos de aculturamento no novo conceito, de pouca compreensão do modelo financeiro e da dúvida pertinente com relação a algo novo; os temas técnicos também representaram, até o momento, grandes inibidores para um avanço mais rápido na adoção de soluções Cloud. Temas e termos como “Cloud pública (ambiente externo e recursos compartilhados)”, “Cloud privada (ambiente interno ou externo com recursos exclusivos)” “IaaS (Infraestrutura como Serviço)”, “SaaS (Software como Serviço)” e “PaaS (Plataforma como Serviço)” ainda estão sendo mais bem compreendidos e assimilados pelos gestores de TI das empresas presentes no território brasileiro. Simplificando a equação necessidades x novas soluções, a IDC Brasil recomenda às empresas: a) Validar, em todos os níveis, se a oferta apresenta um ROI (Retorno sobre Investimento) adequado, ou seja, se realmente haverá uma redução nos custos com a implantação da nova solução. b) Que além de incorporar novos recursos de hardware através de provedores de Cloud Pública, utilizem-se dessa modalidade para a migração de aplicativos que sejam periféricos aos sistemas essenciais da companhia, como por exemplo, aplicativos de colaboração (p.ex. MS-Office), softwares de segurança (p.ex. antivírus e anti-spam). c) Avaliar quais aplicações podem ser migradas para um ambiente de Cloud Privada, levando em consideração, principalmente, a agilidade e flexibilidade que a provedor apresente quanto à aquisição de novos recursos e também quando do momento de devolução de alguns desses recursos contratados como serviço. d) Buscar no mercado casos de implantação bem-sucedidas, em especial junto a empresas com características semelhantes no que tange ao segmento de atuação, tamanho da empresa e presença no mercado brasileiro e estágio do ambiente e da área de TI.

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5. E o segmento Saúde dentro dessa nova realidade? Como todos os demais segmentos econômicos, a área de saúde está se transformando num grande usuário de soluções Cloud. Se considerarmos as constantes movimentações desse mercado em que é grande o número de aquisições e/ou fusões de hospitais, podemos afirmar que o aumento da capilaridade é significativo e nesse aspecto o conceito de ter os dados acessíveis por todos, a qualquer instante e a partir de qualquer dispositivo / lugar ganha uma importância definitiva. Se analisarmos as implicações da verticalização que ocorre no setor com a junção de hospitais, laboratórios e operadoras de saúde devem ser considerados os seguintes aspectos: A etapa de desenvolvimento de processos e procedimentos para possibilitar a integração e coexistência de diversos perfis de profissionais e sistemas de origens e características distintas; a consolidação de sistemas essenciais ou apenas periféricos; a necessidade de recursos adicionais de infraestrutura, num primeiro momento, para efetuar essa consolidação e integração e que, ao final dessas etapas não serão mais necessários (escalabilidade, flexibilidade). Considerar que, em muito pouco tempo (agilidade), todas as aplicações devem estar acessíveis por todos, preferencialmente via Internet (a mobilidade nos exige isso!) e com a maior qualidade e rapidez possíveis. Essas necessidades devem estar também na prioridade dos gestores de TI das empresas de saúde que não passaram ou não estejam passando por um momento de aquisição, fusão ou incorporação. Avaliar a migração de alguns recursos para o modelo Cloud Computing é uma das principais atividades para os gestores, em busca de melhoria operacional, econômica e financeira de suas empresas. Finalmente, há que se considerar o impacto proveniente da atuação do principal elo dessa cadeia de negócios que são os clientes das empresas de saúde, quer sejam hospitais, laboratórios ou operadoras. Todo cliente, hoje em dia, possui um dispositivo móvel e, grande parcela dessa população é usuário contumaz da Internet tanto em suas empresas como na vida privada, atuando quase que integralmente num mundo digital em que a manutenção de acompanhamento através de documentos em papel, quer sejam receitas, resultados, etc., acaba refletindo de forma negativa na avaliação das empresas prestadoras de serviços de saúde. Informações ao alcance de um toque em seu dispositivo e a possibilidade de efetuar online os agendamentos de consultas, exames e procedimentos e a obtenção dos resultados de exames, sem a necessidade de se saber onde essas informações estão sendo armazenadas e processadas é um das principais reivindicações desses usuários. Poder interagir com as empresas de saúde no mesmo nível de agilidade, eficiência, confiabilidade e qualidade que já desfrutam com companhias de outros segmentos da Economia é primordial na avaliação do cliente atual: Móvel, Social e usuário assíduo de recursos na nuvem, ainda que não o saiba. Em resumo, ir para a Nuvem é questão de tempo; quem melhor e mais rápido se integrar a essa nova realidade, certamente estará numa posição de vantagem em relação aos seus concorrentes.

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C a s o d e s u c e ss o A nuvem é segura para aplicativos de saúde? Alguns provedores de serviços de saúde continuam hesitando em enviar dados de pacientes e aplicativos clínicos paraa nuvem. Eis como lidar com tal apreensão Marianne Kolbasuk McGee | InformationWeek EUA Organizações de saúde estão, aos poucos, optando pela nuvem para rodar aplicativos. Isto é especialmente verdade entre os pequenos provedores de serviços de saúde, que não possuem equipes de TI ou os recursos necessários para implementar e suportar novos aplicativos locais, além de hardware, redes e outras infraestruturas necessárias de TI. Todavia, enquanto alguns provedores de serviços de saúde começam a adotar SaaS para os negócios – e para aplicativos relacionados a administração – eles ainda se recusam a mover softwares clínicos e dados de pacientes. É o caso da Clínica Springfield, um grupo com diversas especialidades médicas e 280 médicos atendendo dois milhões de pacientes, em 14 locais na região central do estado americano de Illinois. A Clínica Springfield tem crescido rapidamente, acrescentando entre 30 e 40 médicos por ano, por meio de esforços de recrutamento e fusões. A clínica precisava de uma maneira de trazer esses médicos para o grupo com rapidez e eficiência. Por isso, há cerca de um ano, o grupo começou a explorar serviços de aplicativos de gestão do fornecedor de serviços baseados em nuvem, NaviSite, para rodar e suportar os aplicativos de RH, folha de pagamento e financeiro. A nuvem tem tornado mais fácil e mais barato para a Clínica Springfield adicionar capacidades aos sistemas quando novos médicos se juntam ao grupo, disse o CIO da Clínica Springfield, Jim Hewitt, em uma entrevista para a InformationWeek Healthcare. Os médicos recém-chegados à clínica “ainda precisam de treinamento e conversão” dos sistemas anteriores, “mas, não precisamos nos preocupar sobre expandir infraestrutura de TI para conseguir isso, hardware ou software”, disse ele. A clínica também usa o software baseado em nuvem, FollowMyHealth, como portal de paciente, que permite que eles acessem histórico médico, se comuniquem com médicos de forma segura e agendem consultas. Porém, para acessar o portal baseado em nuvem, os pacientes devem fazer cadastro voluntário para utilizar os serviços e consentir que seus dados sejam acessados via web. “Isso evita riscos”, disse Hewitt sobre algumas das preocupações da Springfield. Por enquanto, cerca de 14.000 pacientes já utilizam o serviço. Mas, como muitas outras instituições de saúde, a Clínica Springfield não está preparada para enviar os dados de seus 2 milhões de pacientes para a nuvem, movendo EMR, disse Hewitt. “Nosso fornecedor de EMR [Allscripts] está considerando SaaS, mas há muita resistência de usuários como nós”, contou ele. Organizações de saúde temem enviar informações pessoais de saúde dos pacientes para a nuvem devido às exigências do HIPAA (Health Insurance Portability and Accountability Act), disse. “Eu sou o responsável pelo seu histórico médico, mas, você, paciente, é o proprietário”, explicou. “Se eu, como provedor de serviços de saúde, adotar um serviço em SaaS, terei criado uma relação entre negócio e sócio, e o paciente não sabe quem está com seus dados”, disse Hewitt. Por outro lado, se o paciente utiliza os serviços do portal, ele é avisado sobre seus dados estarem na web. “Se eu vou colocar os dados de 2 milhões de pacientes na nuvem, é necessário que haja um alto nível de confiança”, afirmou. Violações ao HIPAA – além de trair a confiança do paciente – podem sair extremamente caras para o provedor de serviços de saúde, conta. “Se eu tiver um incidente com os históricos médicos de 2 milhões de pacientes na nuvem, eu tenho de pagar um ano de proteção de crédito, no valor de US$ 40 por cada um desses 2 milhões de pacientes, que podem ter tido a identidade violada, e são US$ 800 milhões só para começar”, sem falar em multas federais e outras multas e custos associados com a solução do problema. Com esses riscos em mente, “seremos diligentes com SaaS” antes de levar prontuário eletrônico do paciente ou outros sistemas clínicos para a nuvem.

Sobre o Autor Autor

Anderson Figueiredo é gerente de Pesquisa & Consultoria da área de Enterprise da IDC Brasil. Lidera a equipe de Analistas e Consultores na elaboração de trackers de hardware, software e serviços e no desenvolvimento de projetos customizados de consultoria para grandes corporações de TI.

Sobra a empresa

A IDC é provedora global de inteligência de mercado, serviços de consultoria e eventos para as indústrias de tecnologia da Informação e telecomunicações. A companhia apoia profissionais de TI, executivos de negócios e investidores na tomada de decisões relativas a compras de tecnologia e estratégias empresariais.

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Saúde Business School é uma iniciativa da IT Mídia. Todos os direitos reservados.

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